História Geral - Volume Único - Claudio Vicentino
História Geral - Volume Único - Claudio Vicentino
História Geral - Volume Único - Claudio Vicentino
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ENSINO MEDIO oe
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Bacharele licenciado em Ciéncias Sociais
pela Univers
Professor
de cursos pré-vestibulares e de Ensino Médio
Autorde varias obras dida a fe]rm) () GS© = 2. o.ooSsralfe?)7.) no)sa3)= fe}
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editora scip
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editora scipione
Geréncia editorial
Maria Teresa Porto
Responsabilidade editorial
Heloisa Pimentel
Edicao
Maria Teresa Porto
Assisténcia editorial
Beatriz de Almeida Francisco;
Valéria Braga Sanalios;
Maria de Fatima Rodrigues das Neves
Coordenac¢ao de revisao
Miriam de Carvalho Aboes
Preparacgao de texto
Roberto Belli
Revisao
Daniela Bessa Puccini, Viviane Teixeira Mendes
e Ivana Alves Costa
Edigao de arte
Didier D. C. Dias de Moraes
Coordena¢ao geral de arte
Sérgio Yutaka Suwaki
Coordena¢ao de arte
Edson Haruo Toyota
Assisténcia de arte
Marisa Iniesta Martin e
lvania Duduchi dos Santos
Programagao visual de capa e miolo
Ulhéa Cintra Comunicagao Visual e Arquitetura
Fotos: Escultura de Ramsés II/Paul C. Pet/
zefa/Corbis/Stock Photos;
Soldado Russo (1941)/The Dmitri Baltermants
Collection/Corbis/Stock Photos;
Escultura da Virgem Maria, de A. Duccio/
Arte & Immagini/Corbis/Stock Photos;
Pintura rupestre, Caverna de Lascaux/Gianni
Dagli Orti/Corbis/
Stock Photos
Ilustragoes
Sirio Cangado e
Cassiano Roda
Cartografia
Diarte
Pesquisa Iconografica
Vanessa Manna e Edson Rosa
Impressao e acabamento
Diviséo Grafica da Editora Abril S/A
2007
06-3682 CDD-907
ISBN 85-262-6307-2=AL
ISBN 85-262-6308-0=PR
indice para catalogo sistematico:
102 EDICAO
(2? impressao) 1. Historia: Ensino Médio 907
APRESENTACAO
Caro aluno,
Claudio Vicentino
SUMARIO
AO - PRE-HISTORIA 7
— "2 ae aie —
Lae
conomia e specie do Antigo <oine 177°0 Estado no
n Antigo Regime 178 ® O mercantilismo 179
A expansdo maritima e a Revolucao Comercial 183
_ A expansao maritima lusa 184 ® A expansdo maritima espanhola 185 ® As disputas ibéricas: os tratados
ultramarinos 186 ® A expansao maritima de outros paises europeus 187 ® A Revolucdo Comercial 188
_ ORenascimento cultural 189
__ Fatores geradores do Renascimento 190 ® Fases do Renascimento 191 ® A expansao do
Renascimento 195 ® O Renascimento e a musica 198 ® O Renascimento cientifico 199
A Reforma religiosa 200
AS pris Pe Casas da Reforma 200 ® A Reforma na Alemanha 202 ® A Reforma na Suica 204 ® A
r nce | dos ios Unidos 246 ® A primeira republica da América 250 ® Reflexos do
/ Séulo das Luzes” e da independéncia dos EUA 251
_ Questdes & testes 252
PRE-CAMBRIANO
4600-590 milhdoes de anos
PALEOZOICA
Cambriano
Ordoviciano
Siluriano
CENOL OC ingoan A)
Devoniano
eee = a ho\e Peo
65 milhées de anos Carbonifero
Permiano
Triassico
Jurassico
Cretaceo
Terciario
Quaternario
A PRE-HISTORIA
3 milhdes de anos
Australopithecus 90 000 anos
» boisei Homo
sapiens
sapiens
Quadro do provavel caminho evoluciondrio dos hominideos desde o grupo dos Australopithecus até o Homo sapiens sapiens,
ao qual pertencem todos os atuais grupos humanos. Uma recente descoberta arqueoldgica na Ilha das Flores, Indonésia,
divulgada em outubro de 2004, lancou mais discussées sobre os primordios da evolugao humana. Ela aponta 0 Homo
floresiensis, de cerca de 1 metro de altura, que teria existido entre 95 mil e 12 mil anos atras.
INTRODUGAO - PRE- HISTORIA
O bronze (liga de cobre e estanho) e, posteriormente, o ferro originaram instrumentos cada vez mais sdlidos e cortantes.
ca
a
O FIM DO COLETIVISMO
PRIMITIVO
Colheita de uvas para producdo de vinho numa pintura egipcia feita em uma tumba na cidade de Tebas. O Estado constituia o
eixo das primeiras civilizagées asiaticas, devido a necessidade de controle das grandes obras de irriga¢ao.
HO Civilizacoes escravistas
ECG Civilizacdes asiaticas
| = Hegemonia escravista
As civilizagdes asiaticas do Egito e da Mesopotamia foram sobrepujadas, ao longo da Antiguidade, pelas civilizagdes
escravistas grega e romana.
Das quase setenta piramides que sobreviveram até os nossos dias, a maior é a de Quéops, seguida de Quéfren e Miquerinos,
construidas sob o reinado dos faraés da quarta dinastia, no Antigo Império.
A CIVILIZAGAO EGIPCIA
PA2)
A CIVILIZACAO EGIPCIA
| Crescente Fértil
Mesopotamia
Observando o Egito e a Mesopotamia, nado eram tidos como deuses e sim seus
sobressaem algumas similaridades comuns as intermediarios e representantes.
duas regides, como a aridez do clima e a Empreendedores e criativos, os sumérios
fertilidade favorecida pelos rios. Por outro estabeleceram relacdes comerciais com va-
lado, 0 acesso 4 Mesopotémia por povos rios povos da costa do Mediterraneo e do vale
n6émades era mais facil que ao vale do Nilo. do Indo. Inventaram a escrita cuneiforme
De certa forma, a imensidao do deserto que (caracteres em forma de cunha) que foi uti-
envolve o Egito serviu de prote¢cdo natural lizada por todas as civilizag6es da Mesopo-
contra os invasores. Na Mesopotamia, as tamia e povos vizinhos.
invasdes foram constantes e sucessivas, im- Enquanto as cidades-estados sumerianas
primindo uma marca diferenciada do seu viviam constantemente em guerra pela su-
desenvolvimento ao longo da Antiguidade. premacia na regiao, produzindo hegemonias
Além disso, em fungado do relevo que os sucessivas, oS acadianos, povos de origem
envolve, os rios Tigre e Eufrates correm de semita, Ocupavam a regiao central da Meso-
noroeste para sudeste, num sentido oposto ao potamia. Por volta de 2300 a.C., o rei
do rio Nilo, sendo as enchentes da Mesopo- acadiano Sargao I, unificou politicamente o
tdmia muito mais violentas e sem a uniformi- centro e o sul da Mesopotamia, dominando
dade e a regularidade apresentadas por ele. os sumerianos, tornando-se conhecido como
o “‘soberano dos quatro cantos da terra’. Ao
mesmo tempo, o Império Acadiano incorpo-
rou a cultura sumeriana, com destaque para
os registros da nova lingua semitica em
Sumerianos e acadianos caracteres cuneiformes.
Devido as diversas revoltas internas e a
(antes de 2000 a.C.) continua¢ao de invasdes estrangeiras, o Im-
ese Sy dele ay UL) Ansan LAC ieee El esa pace pério Acadiano acabou se enfraquecendo e
desapareceu — isto ao redor de 2 100 a.C. -,
No final do periodo Neolitico, os povos permitindo o breve reerguimento de algumas
sumerianos, vindos do planalto do Ira, fixa- das cidades-estados sumerianas, como Ur.
ram-se na Caldéia (Média e Baixa Mesopota-
mia) e fundaram diversas cidades aut6nomas,
verdadeiros estados independentes, como Ur,
Uruk, Nipur e Lagash. Cada uma delas era
governada por um patesi, supremo-sacerdote O Primeiro Império Babil6énico
e chefe militar absoluto, Acompanhado dos (2000 a.C. - 1750 a.C.)
sacerdotes e burocratas, o patesi controlava a eIee er)
construgaéo de diques, canais de irrigacdo,
templos e celeiros, impondo e administrando Entre os invasores que destruiram o Im-
os tributos a que toda a populacdo estava pério Acadiano destacam-se os amoritas.
sujeita. Vindos do deserto da Arabia, impuseram seu
Os deuses eram considerados os proprie- dominio na Mesopotamia, partindo de sua
tarios de todas as terras, a quem os homens cidade principal chamada Babildnia. As dis-
sempre deviam servir, sendo as cidades suas putas entre ela e as demais cidades-estados
moradas terrenas. Junto aos templos das ci- mesopotamicas, além de outras ondas inva-
dades, homenageando o seu deus patrono, soras, resultaram numa luta quase ininterrup-
nao raramente eram erigidos zigurates, pira- ta até o inicio do século XVIII a.C, quando
mides de tijolos maci¢gos que serviam de Hamurabi, rei da Babil6nia, realizou a com-
santuarios e acesso dos deuses’ quando des- pleta unificagao, conseguindo dominar toda a
ciam até seu povo. Diversamente do Egito, os regido, desde a Assiria, na Alta Mesopotamia,
governantes mesopotamicos, salvo raras ex- até a Caldéia, no sul, fundando o Primeiro
cecdes e mesmo assim so depois de mortos, Império Babildnico.
A ANTIGUIDADE ORIENTAL
Hamurabi também empreendeu uma am- dos lavradores, e artesdos assirios passou a
pla reforma religiosa, transformando o deus compor 0 ex€rcito.
Marduk, da Babilénia, no principal deus da Os assirios ficaram famosos pela cruel-
Mesopotamia, mesmo mantendo as antigas dade com que tratavam os vencidos, nao
divindades. A Marduk foi levantado um tem- sendo raro o esfolamento vivo nas pedras.
plo junto ao qual foi erguido o zigurate de Cortavam orelhas, Orgdos genitais e narizes
Babel, citado pelo Livro do Génesis (Biblia) daqueles que ousassem ameacar seu domi-
como uma torre para se chegar ao céu. nio, buscando a total intimidagdo dos con-
Apos a morte de Hamurabi, 0 império quistados. Durante o reinado de Sargao Il, os
entrou em decadéncia principalmente por assirios conquistaram o reino de Israel e, no
causa das rebelides internas e novas ondas de de Tiglatfalasar, tomaram a cidade da Babi-
invasOes, como a dos hititas e a dos cassitas. l6nia. Durante o século VII a.C., sobretudo
A desorganizacgao do Império Babilénico nos reinados de Senaqueribe (705 a.C. - 681
promoveu o surgimento de varios reinos a.C.) e de Assurbanipal (668 a.C. - 631 a.C.),
menores rivais, propiciando a ascensao dos o Império Assirio atingiu seu apogeu, domi-
assirios, a partir de 1300 a.C. nando uma area que se estendia do golfo
Pérsico 4 Asia Menor e do Tigre até o Egito.
Com Senaqueribe, a capital foi transferi-
da de Assur para Ninive e, sob Assurbanipal,
O Império Assirio foram realizadas as ultimas grandes conquis-
tas assirias, incluindo a do Egito. Assurbani-
(1300 a.C. - 612 a.C.) pal, além de grande guerreiro, era um entu-
siasta da ciéncia e literatura, 0 que explica a
criagdo de uma grande biblioteca na nova
Os assirios fixaram-se no norte da Meso- capital assiria. A Biblioteca de Ninive reuniu
potamia por volta de 2500 a.C., fazendo da um amplo acervo cultural de toda a regido,
cidade de Assur — nome de sua principal formada por dezenas de milhares de tijolos de
divindade - a sua capital. Ocupavam as argila.
margens do rio Tigre e as montanhas proxi-
mas, onde era abundante a madeira e varias
riquezas minerais, como o cobre e 0 ferro, “A partirda época de Hamurabi,
sobrevivendo grac¢as as atividades agropasto- certos templos passaram a organizar
ris e A caga. Aos poucos, edificaram um forte
bibliotecas, em que as tabuinhas, cuida-
Estado militarizado, contando com cavalos,
dosamente classificadas segundo o geé-
carros de guerra e armas de ferro; armamen-
tos bem superiores aos dos vizinhos, os quais
nero e€ a obra, empilhavam-se em cestos
dotados de uma etiqueta de argila, de
foram submetidos ao seu dominio. Nesse
primeiro avanco expansionista, os assirios acordo com um processo igualmente
conquistaram varias regides vizinhas, incluin- utilizado para a classificagao e conser- —
do a Média Mesopotamia e boa parte da Siria _vagao dos arquivos. a
e da Palestina. Soberanos houve que agiram de
O predominio social entre os assirios modo semelhante em seus palacios.
cabia a uma aristocracia sacerdotal e militar Mas nenhum dedicou a esta atividade
que sujeitava toda a massa camponesa, a qual tanta energia sistematica como Assur-
era obrigada ao pagamento de tributos em banipal, que afirmava ter recebido dos
cereais, metais, gado e a prestar servicos deuses ‘toda a ciéncia da escrita’. Orde-
gratuitos ao Estado. Com a crescente expan- nava a seus funcionarios que procuras-
sao e militarizagdo da sociedade assiria, a sem e enviassem ao palacio 0S originais,
produgao e os servicos ptblicos acabaram ou pelo menos copias, de todos os textos
ficando a cargo das populagées vencidas, rituais, religiosos, magicos, astrondmi-
transformadas em escravos, e grande parte
A ANTIGUIDADE ORIENTAL
A
civilizagaéo hebraica desenvolveu-se na¢gao moderna dos descendentes de Sem,
na antiga Palestina, correspondendo mencionado no Antigo Testamento como o
a uma regido cercada pela Siria, pela filho primogénito de Noé, e tido como o re-
Fenicia e pelos desertos da Arabia. Seu moto antepassado dos hebreus (hebreu tam-
territ6rio era cortado pelo rio Jordao, cujo bém significa ‘‘povo do outro lado’’).
vale constituia a area mais fértil e favoravel a A principal fonte da histdria hebraica é a
pratica agricola e a sedentarizacdo de sua Biblia, pois em sua primeira parte, o Antigo
popula¢do. O restante da Palestina, ao con- Testamento, sdo apresentados nao apenas
trario, era formado por colinas e montanhas, elementos morais e juridicos dos hebreus,
de solo pobre e seco, e ocupado por grupos como também seus valores religiosos e nar-
ndmades dedicados ao pastoreio. rativas hist6ricas, muitas delas confirmadas
pelas pesquisas arqueoldgicas. Esta simbiose
entre seu desenvolvimento histdrico e religio-
so explica por que seus principais persona-
gens e feitos estado sempre envoltos pelo
sagrado e sobrenatural.
um deus Unico, que dita normas de imaginar o sentido das proprias socie-
comportamento e exige uma conduta dades humanas."
ética por parte de seus seguidores. PINSKY, Jaime. As primeiras civilizagdes. S40 Paulo,
Entre os hebreus, lavé evoluiu dé um Atual, 1994. p. 90-2.
deus tribal para um deus universal, de um
deus de guerra, senhor dos exércitos,
para um juiz Sereno, consciéncia social e Em compara¢ao ao enorme desenvolvi-
individual, exigente de justiga social. mento nos campos religioso e literdrio, os
Os profetas sociais, Amés eé Isaias, hebreus apresentaram um timido progresso
foram 0S grandes responsaveis por esse nas ciéncias. Na arquitetura, deve-se ressaltar
paseo. a construgao do Templo de Jerusalém, tam-
Vivendo no século VIll, og profetas bém chamado de Templo de Salomdo.
sentiam o peso da monarquia sobre o
povo, o luxo dos poderosos convivendo
com a miséria dos camponeses € cria- Os hebreus e a Verdade
dores, palacios ao lado de palhogas. “A nossa concepgdo de verdade é
Utilizando-se de antiga tradigao do tem- uma sintese de trés fontes: a grega, a
po dos cananitas, a tradigao de prever o
romana ea hebraica.
futuro em nome de uma entidade superior
Para oS gregos, a verdade
inspiradora, os protetas langam suas
(alentheia) significava aquilo que nao é
negras profecias sobre os que tratavam
tao mal o pobre, pensando apenas em ai. escondido, que é visivel pela razHo, o que
E possivel que no seu discurso é. Para os romanos, a verdade (veritas)
estivesse presente o grito de liberdade decorria do que foi e que se corporificava
dé um povo de criadores, livre por na precisao do relato, no rigor, na exati-
exceléncia, preso agora a obrigagdes de d&o de sua apresentagdo. Ja para os
pagar impostos a um governo que pouco hebreus, refletindo sua propria esséncia
lhe dava em troca. Deviam os profetas cultural-historica, a verdade era referen-
representar o inconsciente coletivo da te aquilo que sera.
nagao, inconformada com a perda de Em hebraico, verdade se diz emunah
campos de pastagens, insatisfeita com a é significa confianga. Agora $40 as
centralizagao monarquica, desconfiada pessoas e é Deus quem sao verdadeiros.
daquele templo que exigia tributos. Um Deus verdadeiro ou um amigo verda-
O povo tinha nostalgia do periodo deiro sa0 aqueles qué cumprem o que
tribal: o olhar para o passado sem prometem, sao fiéis a palavra ou a um
injustigas sociais, sem opressao, sem pacto feito; enfim, nado traem a confianga.
impostos para sustentar a nobreza e
Verdade se relaciona com a presen-
exército intiteis acabou se constituindo
Ga, com a espera de que aquilo que foi
em mensagem para o futuro.
prometido ou pactuado ira cumprir-se ou
[-.] acontecer. Emunah é uma palavra de
[..] Igaias diz que lavé nao quer
oferendas nem rezas, quer que as pes- mesma origem que amém, que significa:
soas ajam de forma correta, isto é, assim seja. A verdade é uma crenga fun-
pratiquem a justi¢ga social. dada na esperanga é na confianga, referi-
O que fica dos hebreus no é, portanto, o das ao futuro, ao que sera ou vira. Sua
som da lira de Davi ou o discutivel e forma mais elevada é a revelagao divina
limitado poder politico; nao fica também € sua expressao mais perfeita éa pro-
o deus tribal nem o Senhor dos Exércitos. fecia.”
Fica a mensagem por uma sociedade CHAUI, Marilena. Convite & Filosofia.
mais justa, utopia sem a qual fica dificil S40 Paulo, Atica, 1994. p. 99.
A CIVILIZACAO FENICIA
Rotas comerciais |
fenicias :
Os mercadores fenicios — maiores comerciantes, marinheiros e exploradores do mundo antigo - buscavam e levavam
mercadorias por toda a bacia mediterranea.
A CIVILIZACAO
MEDO-PERSA
m torno de 6000 a.C., tribos origina- com quase um tergo de seu territorio formado
rias da Asia Central, pertencentes a um por desertos ou montanhas. A agricultura s6
grupo lingtiistico comum chamado era possivel, na maior parte da regiao, com a
indo-europeu ou ariano, ocuparam a regiao do utilizagao de técnicas de irrigagao artificial.
atual planalto do Ira. Sua populacao ampliou-
se consideravelmente grac¢as a novas e segui- No século VIII a.C., esses grupos acha-
das vagas migratorias indo-européias, intensi- vam-se organizados em pequenos Estados,
ficadas principalmente por volta de 2000 a.C. destacando-se os reinos dos medos, ao sul do
Situada a leste da Mesopotamia, esta area mar Caspio, e dos persas, a leste do golfo
caracterizava-se pela baixa fertilidade do solo Pérsico.
A REGIAO DA PERSIA
DESERTO
DA ARABIA
2000 7 410
2 Segundo o diagrama, a populagdo mundial do
perfodo Neolitico era:
1975 3 890 a) superior a 410 milhdes de habitantes.
b) perto de 10 milhdes de habitantes.
c) perto de 300 milhdes de habitantes.
1970 3 500 d) de 545 milhdes de habitantes.
e) igual a da Antiguidade.
1965 3 308
4 (UFRS) Foi fator decisivo para a sobrevivéncia se (Esam) Dentre as formas de poder que predo-
dos povos do periodo Neolitico: minaram entre o final da Pré-histdria e 0 inicio
a) autilizacdo de metais como cobre e bronze. dos chamados tempos histdricos, uma foi
b) 0 nomadismo tipico dos povos ca¢adores e marcada pela formagao de grandes impérios
coletores. politicos, em geral situado as margens de rios,
c) a revolugao neolitica. lagos, ou mares, onde um governo centralizado
d) a revolugdo urbana e a formag¢ao dos impé- aglutinava populagao na construgaéo de gran-
rios teocraticos. des obras ptblicas e de prestigio, como canais,
e) a forma¢ao de religides monoteistas. diques, palacios, templos, santudrios, etc. Esta-
mos falando de:
a) cidades-estados liberais.
b) impérios teocraticos de regadio.
S (PUCSP) “...otempo éa minha matéria, o tempo c) repdblicas oligarquicas.
presente, os homens presentes, a vida presente.” d) democracias hereditarias.
Carlos Drummond de Andrade. Maos dadas, 1940. e) regimes eletivos e escravocratas.
Se o presente é o tempo do poeta, resta ao
historiador somente o tempo passado?
Justifique sua resposta, procurando discutir as 8
relagdes que a Histdria ou o historiador pode (UFPE) £m relagao a arte do Egito antigo,
estabelecer entre presente e passado. assinale a alternativa correta.
a) Visava a valorizacao individual do artista.
b)= Manifestava as idéias estéticas com repre-
sentacdes da natureza, evitando a represen-
6 (Enem) Os quatro calenddrios apresentados tagdo da figura humana.
abaixo mostram a variedade na contagem do c) Estava destinada a glorificagdo do fara6 e a
tempo em diversas sociedades. representagao da vida de além-tumulo.
d) Aproveitava os hierdéglifos como ornamen-
ta¢ao.
1° DE JANEIRO | 24DE RAMADA 24 DE TEVET 7° DIA DO 12°
DE 2000 DE 1378 DE 5760 | MES DO ANO DO e) Era uma arte abstrata de dificil interpretagdo.
P|) || El
COELHO
7 0 (PUCSP) Observe 0 mapa que compreende re- Y 4 (Fuvest) Caracterize as relacdes entre os cam-
gides onde se estabeleceram as principais so- poneses e o Estado no Egito antigo.
ciedades antigas e:
a) identifique duas destas sociedades, discutin-
do o significado do condicionamento geo- 13 (Fuvest) As civilizagées egipcia e mesopotami-
grafico em seus modos de vida; ca eram marcadas por profunda religiosidade.
b) apresente e discuta duas caracteristicas de Indique trés elementos comuns 4 vida religiosa
uma destas sociedades. destes povos.
PAS (UCS) Na Antiguidade, podemos observar ca- 2g (UM-SP) Dentre as importantes contribuicGes
racteristicas especificas a cada povo. Assinale a deixadas pelos fenicios, para a civilizacao
alternativa cuja seqiiéncia relaciona correta- ocidental, destacamos:
mente os povos desse periodo com sua princi- a) o desenvolvimento do alfabeto fonético e
pal caracteristica religiosa. técnicas de navegacao.
(1) Egipcios b) a constru¢ao de gigantescas obras hidrauli-
(2) Mesopotamios cas para a pratica da agricultura.
(3) Fenicios c) a criagao de um governo democratico.
(4) Cretenses d) apratica do monoteismo e ideais filosdficos.
(5) Hebreus e) a criacdo do primeiro sistema juridico.
( ) Acreditavam na imortalidade da alma, a
qual se separa do corpo apds a morte, mas
vinha procurd-lo no seu timulo, depois de
30 (Fatec-SP) Entre as principais caracteristicas da
civilizagao fenicia merecem destaque especial:
passar pelo julgamento de Osiris.
Os profetas desempenhavam um papel a) a economia agricola de regadio, a socieda-
importante na preservacao da pureza da de de castas e a organiza¢ao politica teocra-
religido, frente a influéncia dos deuses tica.
estrangeiros. b) a economia mercantil, a organizacao poli-
tica sob forma de cidades-estados e a cria-
— — Adoravam a Grande-Mae, deusa da terra e
da fertilidade, representada por uma pom- ¢ao do alfabeto.
ba e uma serpente. c) a religido monoteista, a escrita cuneiforme e
a sociedade némade-pastoril.
— ~— Preservavam rituais sangrentos, até com
sacrificios humanos, durante muito tempo. d) a religiao dualista, o regime politico demo-
cratico e a escrita hieroglifica.
— ~ Acreditavam na magia, na adivinhagao e
e) asociedade estamental, a economia de sub-
na astrologia, meios que usavam para
descobrir a vontade dos deuses. sisténcia e 0 expansionismo militar.
Grécia desempenhou papel de pri- estéticos de arte e beleza foram herdados dos
meiro plano na Antiguidade, consti- gregos, influenciados por sua escultura, ar-
tuindo uma civilizagdo cuja influén- quitetura e teatro.
cia foi profunda na formacgado da cultura A Grécia antiga abrangia o sul da penin-
ocidental. Da Grécia antiga herdamos nado sula Balcanica (Grécia européia ou continen-
sO uma extensa gama de conhecimentos tal), as ilhas do mar Egeu (Grécia insular) e o
cientificos, desenvolvidos por pensadores litoral da Asia Menor (Grécia asidtica). A
como Pitagoras, Eratdstenes, Euclides, Tales, partir do século VIII a.C., o territério da
Arquimedes, como também os grandes fun- Grécia européia foi ampliado com a funda-
damentos do pensamento filosdfico e politico ¢ao de diversas col6nias no Mediterraneo
presentes nas obras de Sdcrates, Platdo, ocidental, principalmente no sul da Italia, que
Aristoteles e outros. Também nossos padrées passou a chamar-se Magna Grécia.
Os dérios — 0 Ultimo povo indo-europeu Cada geno constitufa uma unidade eco-
a migrar para a Grécia — eram essencialmente ndmica, social, politica e religiosa da socie-
guerreiros. Ao que parece, foram eles os dade grega. De fato, esses pequenos agrupa-
responsaveis pela destrui¢ao da civilizacdo mentos humanos conseguiam, isoladamente,
micénica e pelo conseqiiente deslocamento assegurar sua sobrevivéncia com uma eco-
de grupos humanos da Grécia continental nomia natural e coletivista. Os meios de
para diversas ilhas do Egeu e para a costa da produ¢ao (terra, sementes), assim como os
Asia Menor. Esse processo de dispersdo é bens produzidos (alimentos, objetos), perten-
conhecido pelo nome de primeira diaspora. ciam a todos os individuos, ou seja, a
Apos o esplendor da civilizagdo micéni- propriedade nao tinha carater particular. Na
ca, seguiu-se um periodo em que as cidades organizacao hierarquica dos genos, o patri-
foram saqueadas, a escrita desapareceu e a arca, ou pater, era a autoridade maxima,
vida politica e econdmica enfraqueceu, ca- exercendo as fungées de juiz, chefe religioso
racterizando um processo de regressdo da e militar. O critério que definia a posig¢ao dos
Grécia a uma fase primitiva e rural. Desse individuos na comunidade era o seu grau de
periodo (séculos XII a.C. a VIll a.C.), que foi a parentesco com oO pater.
base da civilizagao grega, nao se tem registro, As comunidades gentilicas existiram du-
exceto os poemas IIiada e Odisséia atribuidos rante quase todo o periodo homérico. Apenas
a Homero, que, tendo vivido no século por volta do século VIII a.C., iniciou-se o
Vil a.C., teria recolhido hist6rias transmitidas processo de desintegracdo dos genos, evo-
oralmente durante os séculos anteriores. Por luindo mais rapidamente em algumas regides
essa razao, esse periodo, posterior a invasao do que em outras. Diversos fatores contribui-
d6rica, ficou conhecido como tempos homé- ram para a dissolu¢ao dos genos no final dos
ricos. Em decorréncia, 0 perfodo anterior a tempos homéricos, entre eles o crescimento
1200 a.C., caracterizado pela imigragao de populacional e o aumento do consumo.
povos indo-europeus e pela formacdo da Entretanto, a producao continuava limitada,
cultura creto-micénica, recebeu a denomina- pois havia poucas terras férteis e as técnicas
¢do de tempos pré-homéricos. de producdo eram bastante rudimentares.
Os tempos homéricos
(do século XII a.C. ao
século VIII a.C.)
Sa
inimigo comum, alguns deles se uniram, dos gregos, abrindo caminho para o
formando uma fratria. Reunidas, as fratrias dominio do Mediterraneo oriental.
As
constituiam uma tribo, a qual se submetia a novas colonias fundadas mantinham la-—
autoridade do filobasileu, o supremo coman- gos muito fortes com as cidades gregas,
dante do exército. A unido de varias tribos
constituindo postos avangados de seus
deu origem ao demos (‘povo’’, “povoado’’),
valores e cultura. A irradiagao grega com
que reconhecia como seu lider supremo o
a segunda diaspora chegou até mesmo a
baliseu.
A crise da sociedade gentilica alterou peninsula Ibérica, no limite ocidental do
profundamente a estrutura interna dos genos. Mediterraneo. Na Ibéria, a primeira colo-
Aos poucos, a terra deixou de constituir nia foi Ampurias, nome originario da
propriedade coletiva, sendo dividida, de modo pais grega Sera que significa
desigual, entre os membros dos genos. As “mercado”.
melhores parcelas de terra foram tomadas
pelos parentes mais proximos do pater, e por
esse motivo, passaram a ser chamados de Nesse periodo de instabilidade, por ques-
eupatridas (‘‘bem-nascidos’”’). O restante das toes de seguranga, varias tribos se uniram
terras foi dividido entre os georgois (‘agricul- formando comunidades independentes, que
tores’’), parentes mais distantes do patriarca. deram origem As polis ou cidades-estados. As
Nesse processo de divisdo, os mais prejudica- cidades-estados tinham como ponto central a
dos foram os thetas (‘‘marginais’’), para os acropole, parte mais alta da povoacao, go-
quais nada restou. vernada pelo conselho de aristocratas, os
Com a crise das comunidades gentilicas, eupatridas.
a Grécia continental se transformou em palco
de inumeros conflitos e tensdes sociais, que
resultaram em uma nova dispersdo do povo
grego — a segunda diaspora. Os principais Os tempos arcaicos
fatores que provocaram esse novo desloca- (do século VIII a.C.
mento foram o crescimento demogrdafico e a
escassez de terras cultivaveis na Grécia con- ao século VI a.C.)
tinental, em grande parte conseqiiéncia da SN |
concentra¢gao da propriedade nas maos de
uma pequena parcela da populacdo. A privatizagdo das terras e a dissolucao
Desse modo, boa parte da popula¢ao ex- da comunidade gentilica levaram a profundas
cedente, constituida, principalmente, pelos transformag6es no interior da sociedade gre-
menos beneficiados na partilha das terras, ga. Inicialmente, processou-se a passagem de
emigrou para regides do Mediterraneo oci- uma economia doméstica para uma econo-
dental, ali fundando diversas colénias. Assim mia de mercado local, que, mais tarde,
surgiram cidades como Tarento e Siracusa, no voltou-se para o exterior.
sul da Italia, regido que se desenvolveu muito Em sintonia, a sociedade e a politica
gracas ao cultivo de cereais e que ficou passavam por transformac¢Ges: a aristocracia
conhecida como Magna Grécia. enriquecia-se, aumentando as desigualdades
entre Os grupos sociais, levando a desconten-
tamentos, lutas, tiranias. Mais que a tradi¢ao,
seria a riqueza que determinaria o lugar do
A segunda diaspora
individuo na escala social. Como decorréncia
A segunda diaspora originou centros do aumento de importancia da aristocracia,
de colonizagao que, juntamente com as substituiu-se a monarquia pela oligarquia
cidades que surgiam, atuaram decisiva- (= ““governos de poucos’’).
mente para o desenvolvimento comercial A Grécia possuiu mais de cem cidades-
estados aut6nomas e independentes que, de
A CIVILIZACAO GREGA
A legislagao espartana baseava-se num posto por cinco membros eleitos anualmente,
cédigo de leis atribuido a Licurgo, cuja que administravam os negdcios publicos e
existéncia € posta em dtvida pelos historia- fiscalizavam a vida dos cidadaos.
dores. Essa legislacdo preservava a sociedade Havia, ainda, a Gertsia, composta por
guerreira assegurando aos cidadaos-soldados 28 membros da aristocracia, com idade
(espartanos) totais privilégios. superior a sessenta anos, que tinha fungdes
legislativas e de corte suprema e controlava a
Politicamente, Esparta organizava-se sob atividade dos diarcas. Na base das estruturas
uma diarquia, ou seja, uma monarquia com- politicas, encontrava-se a Apela ou assem-
posta por dois reis, que tinham fungdes bléia popular, formada por todos os cidadaos
religiosas e guerreiras. As fungdes executivas, maiores de trinta anos, que tinha a fun¢do de
entretanto, eram exercidas pelo Eforato com- votar leis e escolher os gerontes.
Espartanos
Alguns_ historiadores Familia dos adultos
chegaram a estimar espartanos
uma populacao superi- Hilotas e
periecos
or a quarenta mil habi-
tantes para Esparta, na
época de seu apogeu. eleicao a veto
O grupo privilegiado —
incluindo-se ai suas fa-
milias — e controlador
obrigados a prestar 7 _ periecos (habitantes da periferia)
dos poderes da polis servico militar em guerra
nao ultrapassava 20%
do total, consagrando a _ hilotas.
ordem oligarquica, mi- (sem direitos)
litar e conservadora de
Esparta.
IBERIA
Asia Menor
ileto_ <>
AFRICA
_| GBBM Grécia em 750 a.c. A
_|Costas dominadas pelos gregos ARABIA
“EGITO har
Na primeira diaspora, a expansao grega dirigiu-se principalmente para a Asia Menor, e, na segunda, para a Magna Grécia.
Os tempos classicos
(do século V a.C.
ao século IV a.C.)
i ee ae ea
Nas Guerras Médicas, gregos e persas lutavam pela hegemonia do mar Egeu.
A primeira expedi¢ao enviada por Dario | Entretanto, quando Xerxes, sucessor de Dario,
foi desbaratada em Maratona (490 a.C.), deu inicio a segunda investida contra o
numa batalha em que os gregos, apesar da territério grego, esteve muito préximo de
inferioridade numérica, acabaram vitoriosos. estender seu dominio sobre toda a Grécia.
Nos anos seguintes, Atenas reforgou sua Apos derrotar um exército espartano coman-
marinha e as cidades gregas puderam prepa- dado por Lednidas, no desfiladeiro das Ter-
rar-se para enfrentar Os novos ataques persas. mopilas, chegou a invadir e incendiar Atenas.
A ANTIGUIDADE CLASSICA
Todavia, os persas acabaram por ver malograr Finalmente, em 449 a.C., foi assinada a
seus intentos com a derrota na batalha naval Paz de Calias ou Paz de Cimon, pela qual os
de Salamina. Sem suprimentos ou refor¢os, 0 persas comprometiam-se a abandonar o mar
exército de Xerxes recuou para a Asia Menor Egeu. O Mediterraneo oriental ficava, assim,
e foi derrotado na batalha de Platéia (479 aberto a frota ateniense, que, sem rivais, pode
a.C.) por forgas atenienses e espartanas, sob o expandir 0 comércio e o poderio da cidade,
comando de Pausanias e Aristides. A luta com que se encontrava em seu periodo de maior
Os persas, porém, nao estava encerrada. prosperidade. Paralelamente a isso, as cida-
des gregas estavam militarmente fortalecidas.
Termépilas e Salamina O periodo compreendido entre os anos
461 a.C. e 429 a.C. é considerado a ‘‘idade
Em Termdpilas, o rei espartano Led- de ouro” de Atenas, quando a cidade viveu o
nidas dispos uns 5 mil homens, entre eles seu auge econdmico, militar, politico e cul-
300 espartanos, para barrar a passa- tural. Nesse periodo, Atenas foi governada
gem persa pelo desfiladeiro em diregao a por Péricles, e nesses trinta anos tornou-se a
Grécia central e do sul. Depois de dias em cidade mais importante da Grécia, gragas as
luta, aS tropas gregas acabaram cer- reformas implantadas tanto no nivel politico,
cadas por dezenas de milhares de inimi- aperfeigoando-se a democracia, quanto no
gos. Conta-se que Xerxes mandou, entdo, cultural, produzindo-se obras-primas, até ho-
um mengageiro determinando que depu- je modelos de beleza.
5e55eEM as armas e exigindo a rendigao de Embora aristocrata de nascenga, Péricles
Leonidas, que, de pronto, respondeu para deu maior amplitude a democracia ateniense,
que Xerxes viesse toma-las e vencé-lo. permitindo o ingresso e a participa¢ao politica
Depois, frente a afirmativa de que os de parcelas da populagao antes excluidas.
persas soltariam tantas flechas que o sol Atenienses de baixa renda, envolvidos no
ficaria encoberto, Leonidas retrucou com trabalho constante para garantir a sobrevivén-
a resposta: “Melhor, assim lutaremos na
cia, nao podiam dedicar-se a participagao
sombral”. Foi destruido pelos persas. politica. Entre as reformas politicas estao a
instituigao do misthoy, soldo para os integran-
Em Salamina, o ateniense Temisto-
tes do exército, assim como uma pequena
cles contando com poucas e pequenas
remunerac¢do para as fun¢des e cargos publi-
embarcagoes, frente aos grandes e nu-
cos, 0 que possibilitou maior participagao
merosos navios fenicios usados pelos
popular. Péricles retirou também diversas
persas, atraiu-0S para a bala de Sala-
outras restri¢des a cidadania, embora os cida-
mina. Quando a maré baixou o suficiente, daos ainda constituissem uma minoria.
encalhando a maioria dos navios persas,
como esperava Temistocles, 0s gregos
puseram em movimento seus barcos que Discurso de Péricles aos seus cidadaos
incendiaram a frota persa, destruindo-a.
“Nossa constituigao politica nao se-
gue ag leis de outras cidades, antes lhes
Em meio a guerra, forjou-se a unido militar serve de exemplo. Nosso governo se cha-
das polis gregas, denominada Confederacao ma Democracia, porque a administragao
de Delos. Cada cidade-estado deveria contri- Serve aos interesses da maioria e nao de
buir com navios ou dinheiro, a serem deposi- uma minoria. ?
tados na ilha de Delos. Quase todos os Estados De acordo com nossas ieeeSomos
gregos do mar Egeu aliaram-se, comandados todos iguais no que se refere aos nego-
por Atenas, que tomou definitivamente a cios privados'. Quantoa participagao na
ofensiva contra os persas, libertando algumas vida publica, porem, cada qual obtém a
provincias da Asia Menor e vencendo a de- consideragao de acordo com seus meéri-
cisiva batalha do rio Eurimedon, em 468 a.C.
A CIVILIZAGAO GREGA
Confederagao de Delos
[3] Confederacao do Peloponeso
Estados neutros
===> Campanhas atenienses
===> Campanhas espartanas
As Guerras do Peloponeso acabaram com o imperialismo ateniense, que deu lugar 4 hegemonia espartana.
Em 421 a.C. foi assinada a Paz de Nicias, dois excelentes generais, Epaminondas e
rompida por Atenas sete anos depois, reini- Pelédpidas, os tebanos venceram a batalha
ciando as lutas que s6 se encerraram com a de Leutras (371 a.C.) e iniciaram sua supre-
vitoria espartana na batalha de Egos Potamos macia, que foi também de curta duragdo.
(404 a.C.). Atenas foi obrigada a entregar seus Na pratica, essas guerras constantes en-
navios, demolir suas fortificagdes e renunciar fraqueceram os gregos, e, a partir de meados
ao império. do século IV a.C., nenhuma das cidades tinha
Iniciou-se 0 periodo da hegemonia espar- condig6es para se sobrepor as outras. En-
tana, com a ascensdo dos governos oligarqui- quanto isso ocorria, a Maced6nia — ao norte
cos e o fim da democracia ateniense. O da Grécia —- expandia-se e fortalecia-se, tor-
sistema democratico até entéo vigente em nando inevitavel seu avanco sobre a Grécia.
Atenas foi substituido por trinta atenienses
aristocraticos (governo dos Trinta Tiranos),
ocorrendo o mesmo em outras cidades gregas A cultura grega
de sistema democratico. O imperialismo e a oN
democracia atenienses, desta forma, sucum-
biram juntos, cabendo a Guerra do Pelopo- A heranga cultural deixada pelos gregos
neso o papel de desfecho final. Mas o domi- foi muito rica e influenciou toda a civilizagao
nio espartano que se iniciou, durou pouco ocidental. Suas concepc¢6es de beleza, retra-
tempo. ; tadas nas obras de escultura, pintura e
A cidade de Tebas, localizada no estreito arquitetura, foram tidas como classicas, por
de Corinto, projetava-se crescentemente co- seu equilibrio e harmonia. Também sua
mo grande poténcia militar da Grécia, quan- produ¢ao teatral, filosdfica e cientifica foi
do se iniciou a hegemonia espartana. Tebas fecunda e marcou as linhas do pensamento
opés-se a Esparta e, gracas a tatica militar de até a Idade Moderna.
A CIVILIZAGAO GREGA
Filosofia
fazer amado. Por isso, quando Eros fere guerras €, sobretudo, a morte. Explica-se,
alguém com sua flecha, esse alguém se assim, a origem dos males no mundo.”
apaixona é logo se sente faminto e se- CHAUI, Marilena. Convite 4 Filosofia. S30 Paulo,
dento de amor, inventa asticias para ser Atica, 1994. p. 29.
Religiao
Os gregos supunham que os deuses habitavam um lugar mitico - monte Olimpo — que se erguia além daquele visivel na
Tessdlia. A hierarquizacao dos deuses comecava em Zeus e terminava nos herdis ou semideuses. O que distinguia deuses e
humanos era a imortalidade dos primeiros, conseguida com a bebida chamada ambrosia.
A Macedénia, tendo conquistado a Grécia e 0 Oriente, destruiu as bases da Antiguidade grega, abrindo caminho para a
posterior expansao e hegemonia romanas.
A CIVILIZACAO GREGA
Roma foi fundada no centro da peninsula Tem-se, todavia, a versao lendaria da funda-
por povos que se fixaram na regiao do Lacio ¢ao de Roma, relatada por Tito Livio em sua
desde 0 ano 1000 a.C. Ao que tudo indica, foi Historia de Roma e reforgada na obra Eneida,
inicialmente um centro de defesa latino pelo poeta romano Virgilio, segundo a qual
contra os ataques constanies dos etruscos. Enéias, principe troiano filho de Vénus,
84 |
A CIVILIZACAO ROMANA
fugindo de sua cidade, destruida pelos gre- obrigagdes econdmicas, morais e religio-
gos, chegou ao Lacio e se casou com uma sas. O patricio era seu patrono, um “pro-
filha de um rei latino. tetor’’ econdmico, politico e juridico; em
Seus descendentes, R6mulo e Remo, troca, os clientes seguiam as decisdes
foram jogados por Amtlio, rei de Alba Longa, politicas de seus patronos, cumprindo o
no Tibre. Mas foram salvos por uma loba que obsequium (submissao politica), além de
os amamentou, tendo em seguida sido en- dedicar jornadas de trabalho para o seu
contrados por camponeses. Conta ainda a senhor. Eram, enfim, os dependentes, al-
lenda que, quando adultos, os dois irmdos guns de origem estrangeira, outros de
voltaram a Alba Longa, depuseram Amtlio e origem plebéia que, para sobreviver, bus-
em seguida fundaram Roma, em 753 a.C. cavam a protecao dos abastados e podero-
Apos desentendimentos, entretanto, ROmulo sos patricios.
matou O irmdo e se transformou no primeiro m Escravos — populagao recrutada entre os
rei de Roma. derrotados de guerra, considerados instru-
mentos de trabalho, sem nenhum direito
politico.
A monarquia Ao que parece, durante a Monarquia, o
escravismo nao possuiu grande significagao,
(da fundacao até 509 a.C.) ganhando importancia somente com a ex-
nk
——=, = ==}
pansao territorial do perfodo republicano. Na
verdade, durante a monarquia surgiram con-
A documentag¢ao desse periodo é preca-
digdes para a sua instalagdo, tendo o escra-
ria, e até mesmo os nomes dos reis sdo des-
vismo se transformado, logo a seguir, no
conhecidos, citando-se apenas os reis lenda-
modo de produ¢ao predominante, em detri-
rios, apresentados nas obras de Virgilio e Tito
mento de todas as outras formas de trabalho
Livio.
produtivo.
Durante esse perfodo, o rei acumulava as
fungdes executiva, judicial e religiosa, embo-
ra seus poderes fossem limitados na area
legislativa, j4 que o Senado, ou Conselho dos
A Republica
Anciaos, tinha o direito de veto e san¢ao das (de 509 a.C. a 27 a.C.)
leis apresentadas pelo rei. A ratificagdo dessas i =_E“>EX T=
leis era feita pela Assembléia ou Curia, com-
posta por todos os cidadaos em idade militar. Em 509 a.C., 0 rei Tarqtifnio, o Soberbo,
Na fase final da realeza, a partir do fim do de origem etrusca, foi derrubado por uma
século VII a.C., Roma conheceu um perjiodo conjuragao patricia do Senado, que queria
de dominio etrusco, que coincidiu com o por fim a interferéncia real no poder legisla-
inicio de sua expansdo comercial. tivo. Tarqiiinio governava de forma despotica,
No periodo monarquico, a sociedade ro- anulando, desse modo, os anseios patricios
mana estava dividida praticamente em trés de participagao politica. Terminou, assim, a
classes: realeza romana, e em seu lugar surgia uma
@ Patricios — cidaddos de Roma, possuidores nova estrutura administrativa, na qual o poder
de terra e gado, que constituiam a aristo- do Senado sobrepunha-se aos demais.
cracia.
@ Plebeus — parcela da popula¢ao que pas- A tradigao destaca que o rei Sérvio
sara para 0 dominio romano durante as Tulio foi quem consolidou as instituigdes
primeiras conquistas; eram livres, mas nao politicas, estabelecendo obrigagdes fis-
participavam do Senado, nem podiam cais e militares as cinco classes criadas
formar familias legalmente reconhecidas. dé acordo com a fortuna individual.
® Clientes — individuos subordinados a algu- Assim, Sérvio Tilio casou suas duas
ma familia patricia, cumpridores de diversas
A ANTIGUIDADE CLASSICA
A expansao romana
Embora tivesse conquistado a peninsula a.C.), eno Ocidente, a peninsula Ibérica (133
Italica, a hegemonia cartaginesa no Mediter- a.C.) e a Galia Transalpina (55 a.C.).
raneo impedia a expansao romana na regido.
A cidade de Cartago, fundada pelos fenicios, A destruigéo de Cartago
com cerca de 250 mil habitantes, localizava-
se ao norte da Africa, mas possufa inimeras Depois das muitas batalhas, o odio
col6nias na Cérsega, Sardenha, Sicilia e dos romanos contra os cartagineses
peninsula Ibérica. A disputa pela posse da transformou-se em sentimento naciona-
Sicilia originou guerras entre Roma e Cartago lista, deixando em segundo plano muitas
que se estenderam de 264 a 146 aC. e das divergéncias entre classes em Roma.
ficaram conhecidas como Guerras Punicas. No século Il a.C., coube a Catdo, o
censor, personiticar obsessivamente uma
Os romanos viveram momentos de gran-
campanha pela destruigao completa de
de tensao quando o general cartaginés Anibal
Cartago. Nos seus discursos, no Senado
atravessou Gibraltar, os Pireneus e os Alpes
para atacar Roma, embora nao tenha obtido romano, Catdo sempre os encerrava com
sucesso e tenha sido obrigado a regressar a a frase Delenda est Carthago (Cartago
Cartago. Anibal foi derrotado em Zama, ao seja destruida). O sucesso de suas
sul de Cartago, pelo general romano Cipiao, o pregagoes selou o destino da cidade:
Africano. Em 146 a.C., entretanto, Roma Cartago foi invadida e completamente
conseguiu arrasar definitivamente Cartago, arrasada € 0S poucos sobreviventes,
dizimando sua populacao, e continuou sua transformados em escravos.
expansao, tomando todo o mar Mediterraneo,
que passou a chamar de mare nostrum (nosso
mar). Durante o periodo de conquistas, a soci-
edade romana transformou-se profundamente
Outras conquistas romanas foram, no devido ao clima imperialista que subsistia,
Oriente, a Maced6nia (197 a.C.), a Siria favorecendo 0 modo de produc4o escravista,
(189 a.C.), a Grécia (146 a.C.) e o Egito (30 que se efetivou com a derrota de Cartago.
EUROPA
Hegemonia romana no
Mediterraneo.
A CIVILIZACAO ROMANA
César
Crasso
O Triunvirato, criado para estabilizar a politica republicana, acabou agu¢ando divergéncias, provocando a queda da Republica
romana.
dor e vigiar a capital. Ao mesmo tempo, daos e tropas auxiliares das provincias, cujos
Otdvio Augusto, distribuia trigo 4 populagao e membros s6 recebiam a cidadania apds o
organizava sistematicamente grandes espeta- servico militar. Foi, gragas ao poder e a
culos publicos de circo, a chamada politica estabilidade iniciada por Augusto, que Roma
do pao e circo (Panem et circences), amplian- pode desfrutar de um periodo de grande
do muito a sua popularidade. prosperidade, constituindo a pax romana que
Administrativamente, foi criada uma no- duraria pelo menos mais dois séculos apds o
va estrutura, que visava modificar desde a seu governo.
forma de cobran¢a de tributos, pondo fim ao Durante o governo de Otdvio, nasceu
usual arrendamento da arrecada¢do, até as Jesus Cristo, em Belém de Juda, o fundador de
divis6es sociais e a convocacgao de homens uma nova religido — o cristianismo — que,
para o exército. O funcionalismo publico pouco a pouco, foi ganhando seguidores em
também foi ampliado, sendo o conseqiiente todo o Império. Na literatura, o periodo de
aumento de despesas coberto pelos crescen- governo de Otavio Augusto foi conhecido
tes fluxos de riqueza. como século de ouro gragas a seu ministro
Para uma popula¢ao imperial de quase Mecenas, que, por seu grande interesse pelas
60 milhdes de habitantes, a sociedade roma- artes, apoiou, entre outros, escritores como
na passou a ser dividida em cidadaos, cerca Horacio e Virgilio.
de 5, 5 milhGes de pessoas, e provinciais. Os
cidadaos, por sua vez, eram hierarquizados
de acordo com suas fortunas: no topo da A instalagZo do Império, encerrando
escala social ficava a ordem senatorial, um
a fase republicana, influenciou profunda-
conjunto aproximado de duas mil pessoas, os
mente a atividade literaria. Os limites a—
possuidores de mais de 1 milhao de sestércios
liberdade publica, com o maior controle e
(moeda de prata); em seguida vinha a ordem
centralizagao, levaram a prosa ao decli-
eqiiestre, cerca de vinte mil individuos com
nio, ao mesmo tempo que a poesia as-
fortuna superior a 400 mil sestércios; e
finalmente abaixo, ficava a ordem plebéia. cendeu fortemente. Foi Mecenas, um
amigo intimo de Augusto, quem conse-
guiu reunir talentosos intelectuais, esti-
mulando e financiando seus trabalhos,
permitindo um esplendor que justifica o
titulo de século de ouro dado ao periodo.
Como exemplo, o apoioa Virgilio per-
mitiu a publicagdo de grandes obras poé-
ticas do periodo, como as Bucélicas, com
suas cenas campestres e alguns elogios
a seus protetores, e das Georgicas. A
Eneida, 6 publicada apos a morte do
grande poeta, era uma combinagao har-
“monioga de ficgao e realidade, aprovei-
50 milhées tando-se das tradigdes lendarias e da
Império
histéria. Ingpirada na lliada e na Odisséia
7 milhées
Italia de Homero, firmou-se como o grande
poema da civilizagao romana.
A atuagao de Mecenas imortalizou a
No plano militar, Otavio Augusto organi- idéia do protetor da cultura, dando o
zou um poderoso exército de mais de 300 mil significado atual as palavras derivadas
homens, divididos em 25 legides (cada uma de seu nome, como mecenas € mecenato.
com 5 620 combatentes), composto por cida-
A ANTIGUIDADE CLASSICA
Gianni
Orti/Corbis
Dagli
das decis6es do poder. Apenas os escravos e os mens vivem da ca¢a, alguns por exemplo
metecos (estrangeiros) nao participavam das vivem de pilhagem, outros vivem da pesca:
decis6es politicas, pois ndo tinham direito de sdo aqueles que vivem perto dos lagos, dos
cidadania.” pantanos, dos rios ou de um mar piscoso;
Ao texto pode-se associar: outros alimentam-se de passaros ou de animais
selvagens. Mas, de um modo geral, a raca
a) Dracon e a expansao colonial em diregao
humana vive, principalmente, da terra e do
ao Mediterraneo.
cultivo de seus produtos."
b) Sdlon e a militarizagdo da politica espar-
(Aristdteles, Politica, séc. IV a.C.)
tana.
c) Pisistrato e a helenizagao da peninsula Bal- a) Qual o conceito de economia expresso pelo
canica. texto de Aristdteles?
d) Péricles e a hegemonia cultural grega no b) Aponte uma diferenca entre 0 conceito de
Peloponeso. economia de Aristdteles e 0 conceito de
e) Clistenes e a democracia escravista ateni- economia no capitalismo.
ense.
(Oswaldo Cruz-SP) Entre muitos, trés grandes
fildsofos se notabilizaram na Grécia antiga:
(UM-SP) No processo histérico da Grécia
Aristoteles, Platéo e Sdécrates. Um deles defen-
antiga, a Confederagéo de Delos, organizada
deu a teoria de que através do conhecimento se
no século V a.C. e que chegou a reunir 400
chega a virtude. Notabilizou-se pelas expres-
cidades, esta associada:
sdes ‘SO sei que nada sei’”” e “‘Conhece a ti
a) ao fracasso grego nas Guerras Médicas. mesmo”’. Outro, nos ‘“Didlogos’’, desenvolveu
b) a extingao da democracia escravista grega. a sua “‘teoria das idéias’”, segundo a qual as
QUESTOES E TESTES
coisas do mundo fisico que se percebem pelos Sabemos, no entanto, que a condi¢ao da cida-
sentidos nada mais sdéo do que cépias das dania era assegurada aos que nao trabalhavam,
idéias, modelos perfeitos e eternos que sé pois eram liberados para praticar a politica e
podem ser percebidos pelo espirito; o outro, fazer a guerra. Mulheres, menores de 18 anos,
na sua ‘‘Politica’’, analisou qual seria a forma metecos (estrangeiros, geralmente comercian-
ideal de governo e as diversas constituig6es tes) e escravos nao participavam da vida
gregas. Considerando a ordem dos enunciados, publica. Como explicar essa exclusdo, caso
tais principios foram defendidos, respectiva- por caso, pelos principios democraticos ate-
mente, por: nienses, se eram maioria?
a) Aristételes, Plataéo e Sécrates.
b) Sdcrates, Platéo e Aristételes. (Fatec-SP) Em relagao ao sistema produtivo das
c) Aristételes, Sdcrates e Platao. cidades-estados gregas, podemos dizer que
d) Platao, Sécrates e Aristdteles. predominava:
a) o trabalho dos camponeses livres, rendeiros
(UnB) A democracia esta sempre na berlinda. dependentes e artesdos urbanos.
Do mundo classico ao contemporaneo, houve b) o trabalho comunal nas aldeias agricolas,
sempre quem nao a julgasse ser o sistema ideal sendo a-escravidao secundaria.
de governo. As tentag6es para subverté-la tém- c) aescravidao, entao convertida em um modo
10
1) O laconismo e a disciplina militar possibi-
litaram o desenvolvimento dos estudos (Fuvest) Identifique e comente as principais
filosdficos e humanistas no seio da socie- diferengas entre Esparta e Atenas quanto a
dade espartana, o que permitiu criar condi- organiza¢ao politica.
¢Oes para a emergéncia dos ideais demo-
craticos na Grécia antiga. 11 (UFSCar-SP) A passagem que se segue é de
2) Os gregos antigos, ao servirem-se do traba- Xenofonte, um grande admirador de Licurgo, o
lho escravo, contrariavam a ldgica dos seus legislador de Esparta. Leia com aten¢do e
conceitos democraticos, uma vez que atri- compare a situagdo das mulheres de Esparta
bufram a capacidade do fazer manual a com o que sabe a respeito das mulheres de
condigéo maior para se bem governar os Atenas.
homens. “Licurgo achava que a tarefa principal das
3) O modelo da democracia burguesa liberal mulheres livres deveria ser a maternidade. Para
ocidental, que nasceu das revolugées atlan- tanto, ele prescreveu exercicios fisicos e corri-
ticas e do Iluminismo, ao se implantar em das, tanto para as mulheres quanto para os
paises com fortes valores capitalistas e homens. Estava convencido de que, se os dois
industriais, acabou com todas as manifesta- sexos fossem ambos vigorosos, eles teriam
¢6es politicas que defendiam o nacionalis- filhos mais robustos.”
mo € 0 socialismo.
4) A experiéncia democratica nos paises do
Cone Sul da América Latina no século XX é
12 Leia os textos que se seguem:
|— A constituigaéo que nos rege nada tem a
de pequena relevancia, pois essa foi uma invejar aos outros povos; serve a eles de
regido que pouco vivenciou restrigGes as modelo e nado os imita. Recebe o nome de
liberdades politicas e civis. democracia, porque o seu intuito é o
interesse do maior numero e nao de uma
(Unicamp) Segundo Peéricles, o’regime politico minoria. Nos negécios privados, todos sao
de Atenas no século V a.C. era democratico iguais perante a lei; mas a consideracgdo
“porque nao funciona no interesse de uma nao se outorga sendo aqueles que se
minoria, mas em beneficio do maior ndmero”’. distinguem por algum talento. E 0 mérito
101
A ANTIGUIDADE CLASSICA
pessoal, muito mais do que as distingdes c) os textos | e Il nado podem ser confrontados,
sociais, que franqueia o caminho das pois Péricles viveu num perfodo que ante-
honras. Nenhum cidadao capaz de servir cede de muitos séculos o nascimento de
a patria é impedido de fazé-lo por indigén- Aristoteles;
cia ou por obscuridade de sua posi¢ao. d) os textos | e Il tratam de temas diferentes e
Livres em nossa vida publica, néo pesqui- nao se contradizem, pois Péricles discute as
samos com curiosidade suspeita a conduta relagdes entre leis e cidadania (e os escravos
particular de nossos cidaddos... Somos nao eram considerados cidadaos), enquanto
cheios de submissdo as autoridades consti- Aristételes justifica a existéncia da escravi-
tufdas, assim como 4s leis, principalmente dao;
as que tém por objeto a protecao dos fracos
e) 0 texto II desmente o texto |, pois nao pode
e€ as que, por nado serem escritas, nao haver democracia se observamos a existén-
deixam de atrair aqueles que as trans-
cia de escravos em Atenas.
gridem a censura geral... Ouso dizé-lo,
Atenas € a escola da Grécia.’’ (Discurso de
Péricles — fragmento)
13 (UFPR) "... Dividiu-se em trés partes o Universo,
e cada qual logrou sua dignidade. Coube-me
Il — “Alguns pretendem que o poder do senhor habitar o mar alvacento, quando se tiraram as
é contra a natureza, que se um é escravo, e sortes; a Hades couberam as brumosas trevas e
o outro livre, 6 porque a lei o quer, que coube a Zeus 0 vasto Céu, no éter, e as nuvens.
pela natureza nao ha diferenga entre eles e A Terra ainda 6 comum a todos, assim como o
que a servidao é obra nao da justi¢a, mas vasto Olimpo."
da violéncia. A familia, para ser completa, (Homero, Iliada. Sao Paulo,
deve compor-se de escravos e de indivi- Difusao Européia do Livro, 1961. p. 261-2.)
duos livres. Com efeito, a propriedade é Segundo o texto de Homero, a origem do
uma parte integrante da familia, pois sem universo € explicada pela divisdo feita por
os objetos de necessidade é impossivel Cronos entre seus trés filhos: Posséidon, Hades
viver e viver bem. Nao se saberia pois e Zeus. A viséo mitica revelada por relatos
conceber lar sem certos instrumentos. Ora, como esse permeou as sociedades gregas e
entre os instrumentos, uns sao inanimados,
romanas da Antiguidade e atribuiu um carater
outros vivos... O escravo € uma proprie- religioso ao seu legado artistico e cultural.
dade que vive, um instrumento que é Sobre a religido dessas sociedades, é correto
homem. Ha homens assim feitos por natu- afirmar:
reza? Existem homens inferiores, tanto
01) A mitologia era a base da religido, cele-
quanto a alma é superior ao corpo, e oO brada no culto aos antepassados, aos
homem ao bruto; o emprego das forcas deuses e aos herdis.
corporais € o melhor partido a esperar do 02) Para os romanos, os deuses eram seres que
seu ser: SdO Os escravos por natureza... util nao se identificavam com os vicios ou com
ao proprio escravo, a escravidao é justa.”” as virtudes dos seres humanos.
(Aristoteles; Politica — fragmento)
04) Os mitos relatavam a criagdo do mundo e
Com base nos textos | e Il e nos seus as relagdes entre deuses e homens, apre-
conhecimentos sobre a Antiguidade grega, sentando exemplos morais que deveriam
vocé pode concluir que: pautar 0 comportamento humano.
a) os textos | e Il se contradizem, pois Péricles 08) Na religiao da Grécia e Roma antigas, os
(texto |) afirma que ‘todos sao iguais perante herdis eram homens que praticavam ages
a lei’, enquanto Aristételes (texto Il), ao extraordinarias, recebendo a mesma vene-
discutir a existéncia do escravo declara que racao destinada aos deuses.
“existem homens inferiores’’; 16) Na Grécia, 0 culto a Jupiter nado permitia a
b) os textos | e Il se contradizem, pois Péricles veneragao de divindades protetoras das
afirma que as leis ‘‘tém por objeto a pro- diversas cidades.
tecao dos fracos’”, enquanto Aristételes diz 32) O conjunto de mitos criado pelos gregos
que ‘se um é escravo, e O outro livre, é permaneceu inalterado mesmo depois de
porque a lei o quer’; sua adocao pelos romanos.
QUESTOES E TESTES
Ms0 “Um dos mais convincentes mitos da Antigui- Lépido, chefe da cavalaria, possuiam uma for¢ca
dade é a histéria da Sibila, de Cumas (antiga militar que lhes era inteiramente dedicada e
cidade grega perto de Napoles). Ela ofereceu lhes permitir suprimir qualquer movimento
nove livros de profecias a Tarqiiinio, o Sober- ameacador da parte do Senado. A posicado
bo, ultimo legendario rei de Roma. Mas 0 rei os dos conspiradores tornou-se ainda mais critica
recusou, e (a profetisa) Sibila queimou trés li- quando se evidenciou que a populacdo da
vros, Oferecendo ao rei os seis restantes pelo capital estava contra eles. A ralé foi comprada
mesmo preco. O rei recusou novamente, entao pelas doagdes que César lhe fez num testa-
ela queimou mais trés e ofereceu os trés res- mento que Antdnio divulgou imediatamente.’”’
tantes, ainda pelo mesmo prego. Dessa vez, o ROSTOVTZEFF, M. Histéria de Roma.
rei OS Comprou. Rio de Janeiro, Guanabara, 1983. p. 140.
Por que Tarqiiinio rejeitou a primeira e a se- Considerando o cenario destacado no texto
gunda oferta de compra? assinale a alternativa correta:
Evidentemente porque o preco pedido era abu-
a) O segundo triunvirato assumiu 0 governo
sivo. Mas por que ele aceitou a terceira oferta,
romano em seguida, frustrando as ambigdes
que evidentemente era ainda mais exorbitante?
senatoriais. Era a aproximagao do ponto
Porque compreendeu que da préxima vez ndo
mais alto e final da crise republicana, a qual
haveria mais livros para comprar.”
desembocou na instalagao do Império.
MORTIMER, Edward. Financial Times. In: Ga-
b) Foi o sucesso de Marco Ant6nio sobre os
zeta Mercantil, 20/9/93. p. 1.
senadores, bem como as vitdrias romanas
Considerando o texto acima, assinale a alter- nas Guerras Ptnicas que eliminaram a
nativa correta. supremacia senatorial, impondo o governo
a) Tarqtifnio, o Soberbo, foi derrubado do consular, apelidado de Principado.
trono real por um levante popular plebeu c) Os “Idos de marco” foram o resultado direto
que estabeleceu o regime republicano, em do éxodo rural e da proletarizagdo da plebe,
509 a.C. quando Jilio César contava com o apoio
b) O fim da monarquia decorreu de um golpe politico dos irmaos Graco e a absoluta
aristocratico que instalou a supremacia do oposi¢ao da aristocracia senatorial.
poder senatorial.
d) Os senadores conspiradores contavam com
c) Targiiinio foi derrubado por um golpe
o apoio de Otavio, rapaz de 18 anos que
desfechado pelos patricios devido, exclusi-
herdara a fortuna e o nome de César e que
vamente, a sua origem etrusca.
comandava o exército em Iliria, destacado
d) Os patricios derrubaram o Ultimo rei “le-
opositor politico de Anténio e Lépido.
gendario” e instalaram uma ditadura de seis
e) Pompeu e Crasso eram os principais susten-
meses, quando escolheram um novo rei.
taculos da ditadura de César frente a
Wy A derrubada de Tarqiifnio sé teria sido
continuada oposi¢4o senatorial aristrocrati-
evitada se o rei tivesse adquirido os nove
ca e dos radicais reformistas liderados por
livros de profecias da Sibila.
Antdnio, Lépido e Tibério Graco.
21 Leia o texto:
“Nos ‘Idos (ou 15) de marco’ do ano 44 a.C. 22 (Unesp) “‘O vinculo entre os legionarios e o
César foi assassinado numa reunido do Senado comandante comegou progressivamente a as-
por um grupo de conspiradores, dos quais similar-se ao existente entre patrao e cliente na
Marco e Décimo Bruto e Cassio eram os lide- vida civil: a partir da época de Mario e Sila, os
res. Tinham a maioria do Senado a seu favor, soldados procuravam os seus generais para a
mas nao encontraram a simpatia que espera- reabilitagéo econdmica e os generais usavam
vam do povo romano e do exército e nem os soldados para incursdes politicas.”” (Perry
mesmo da populagao da Italia. A transferéncia Anderson, Passagem da Antiguidade ao feuda-
automatica do poder para as maos do Senado, lismo.)
que os conspiradores evidentemente espera- O texto oferece subsidios para a compreensdo:
vam que ocorresse com a morte de César, a) da crise da Reptblica romana.
jamais se consubstanciou. Ant6nio, o Cénsul, e b) da implantagao da monarquia etrusca.
105
A ANTIGUIDADE CLASSICA
106
QUESTOES E TESTES
Com base no texto e no conhecimento histd- b) a mae de familia dirigia, com toda a
rico, pode-se afirmar que: independéncia, a educagao dos filhos e os
a) as instituigdes romanas nao sofreram influ- negdécios do marido.
éncias dos gregos, uma vez que Os romanos Cc) 0 respeito dedicado 4 mulher romana ga-
mantiveram uma politica isolacionista du- rantiu a sua emancipagao da tutela mascu-
rante todo o periodo republicano. lina, a partir do regime republicano.
b) os romanos nao inovaram na formagao das d) as condigdes de liberdade, reservadas a
instituigdes politicas, ja que imitaram o mulher, tinham como limite a autoridade do
sistema politico das civilizagdes gregas e pai de familia.
das civilizagGes orientais. e) a independéncia feminina constituia uma
cy a instituigéo do equilibrio de poderes,
vitéria, acatada pela nobreza romana, apés
presente na Constituigdo da antiga Republi- a implantagdo do Império.
ca Romana, influenciou posteriormente as
instituigdes ocidentais, trazendo enorme
contribui¢ao a ciéncia do direito. 35 (Enem)
d) o equilibrio de poderes, instituido apds a "Somos servos da lei para podermos ser livres."
queda da monarquia, evitou totalmente Cicero
conflitos entre as classes sociais durante "O que apraz ao principe tem forga de lei."
toda a Reptblica, ja que permitiu a partici- Ulpiano
pacdo do povo na vida politica.
As frases acima sao de dois cidadaos da Roma
ey os plebeus nao tinham direito de participa¢gao
Classica que viveram praticamente no mesmo
nas instituigGes politicas romanas da Rept-
século, quando ocorreu a transig¢ao da Repu-
blica, j4 que eles eram estrangeiros e nao
blica (Cicero) para o Império (Ulpiano).
possuiam, portanto, a cidadania romana.
Tendo como base as senten¢as acima, consi-
dere as afirmacG6es:
34 (UFC) Analise o comentario sobre a situagao da |. A diferenga nos significados da lei 6 apenas
mulher romana. aparente, uma vez que os romanos nao leva-
"Suas qualidades domésticas, virtude, docilida- vam em considera¢do as normas juridicas.
de, gentileza, bom carater, dedica¢ao ao tricd, Il. Tanto na Republica como no Império, a lei
piedade sem supersti¢do, discrigdo nas roupas era o resultado de discuss6es entre os repre-
e€ na maquiagem, por que relembra-las? Por sentantes escolhidos pelo povo romano.
que falar do seu carinho e devo¢gao aos Ill. A lei republicana definia que os direitos de
familiares, j4 que vocé tratava tao bem meus um cidadaéo acabavam quando come¢avam
pais quanto os seus [...]" os direitos de outro cidadao.
(Elogio funebre a Turia. Apud FUNARI, Pedro IV. Existia, na €poca imperial, um poder acima
Paulo Abreu. Roma: vida publica e vida da legislagdo romana.
privada. 4 ed. Sao Paulo, Atual, 1993. p. 47.) Estao corretas, apenas:
Considerando a idéia basica do texto, é correto a) lell
afirmar que: b) le lll
a) a mulher usufruia de prerrogativas idénticas c) Ne lll.
as desfrutadas pelo homem na vida em d) lle lV.
sociedade. e) Ille IV.
2°
°
£
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2fe)
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O
Q
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0 FEUDALISMO E O PERIODO
MEDIEVAL
o estudo do periodo medieval, ana- totalidade medieval, para entao, tendo iden-
lisaremos inicialmente a sua estrutu- tificado os seus principais Componentes,
ra, ou seja, 0 feudalismo: os compo- integra-los no contexto histdrico.
nentes econdmicos e sociais, bem como sua As expressdes Idade Média e Idade Mo-
articulagdo com as concep¢ées politicas e derna foram criadas durante o Renascimento,
culturais da Idade Média. Em seguida, estu- no século XV. Demonstrando repudio ao
daremos o seu desenvolvimento histérico, ou mundo feudal, os renascentistas forjaram ten-
seja, OS acontecimentos que conduziram a denciosamente a concep¢ao de que a Idade
formagao do feudalismo, durante a Alta Idade Média fora ‘‘uma longa noite de mil anos”, a
Média, e a sua decadéncia, na Baixa Idade “Idade das Trevas’’, em que mergulhara a
Média. cultura classica apds a queda de Roma.
Na verdade, 0 desprezo dos humanistas
do Renascimento pela Idade Média apenas
refletia a adogdo de novos valores culturais,
contrarios aos do periodo medieval. Nessa
época, a Europa viveu o feudalismo — sistema
socioecondmico com instituigdes e compo-
nentes distintos do mundo antigo, classico, ou
do moderno, que veio posteriormente.
(detalhe).
crucificagao
A
Giotto,
110
O FEUDALISMO E O PERIODO MEDIEVAL
111
A IDADE MEDIA
[[cevada[-pousio
|Woo
Note que todos os campos estao divididos
em faixas, cultivadas por diferentes servos:
cada letra identifica um deles. Por exemplo,
He
0 servo A cultiva uma faixa no campo 1, uma
SS
“Mg
¥ 4 no campo 2 e outra no campo 3.
Mes Se EL, 2
a8.
Modelo de um feudo, unidade de producao tipica da Idade Média. Ao lado, esquema de rotacao de culturas, em trés campos,
que propiciava cultivos diferentes e o descanso de cada um por dois anos.
112
O FEUDALISMO E O PERIODO MEDIEVAL
e de outras formas de riqueza. Assim, estimu- de resgate caso o suserano fosse feito prisio-
lou-se a pratica de retribuir servigos prestados neiro, como também a ajuda nas despesas
com a concessao de terras. Os nobres que as das festividades para a sagragao do filho do
cediam eram os suseranos e aqueles que as suserano como cavaleiro.
recebiam tornavam-se seus vassalos. Como a terra, ou seja, o feudo era a
Um cerimonial (homenagem) acompa- unidade basica do modo de produg¢ao, possuir
nhava a concessao do feudo (beneficium), terras e servos significava ter poder. O parce-
ocasiao em que 0 vassalo jurava fidelidade ao lamento das terras para a formagao de novos
suserano, comprometendo-se a acompanha- feudos originou, portanto, a fragmentagdao
lo nas guerras, assim como 0 suserano jurava, desse poder. Assim, teoricamente, o rei era o
em reciprocidade, protegao ao vassalo. En- suserano dos suseranos, diante do qual todos
fim, suserano e vassalo assumiam compro- os vassalos deveriam se curvar. Entretanto, na
missos de ajuda e consulta mutuas (auxilium pratica, a figura real exercia pouca influéncia
e consilium). nos dominios dos senhores feudais, sendo
cada um deles, de fato, a suprema autoridade
em seus territ6rios. Assim, para reforgar o
Muitas instituigdes romanas e ger- fragmentado poder local, havia as relagdes de
manicas foram importantes na estrutu- obriga¢6es reciprocas de suserania e vassala-
ragao da ordem feudal. A clientela, que gem (relacdes horizontais), fortalecidas pelas
estabelecia as relagdes de dependéncia relagdes de exploragdo e dependéncia entre
social entre 09 individuos na sociedade senhor e servo (relac6es verticais).
romana, constituiu a base sobre a qual A estruturagdo do feudalismo se fez em
sé desenvolveram as relagdes de depen- meio a guerras continuas, decorrentes das
déncia do mundo feudal (senhor-servo). invasOes dos barbaros e de suas constantes
O colonato, outra heranga romana, disputas pelo poder. Foi nessas circunstancias
impos a fixag4o do homem (colono) a que se formou a cavalaria medieval, cujo
terra. Instituido pelo governo imperial, o ideal de honra, lealdade e heroismo configu-
colonato originalmente objetivava conter rava um mito — o do “‘protetor’’, um invejado
o éxodo rural e a crise de abastecimento herdi da época.
provocada pela falta de mao-de-obra es-
crava. Os colonos, embora juridicamente
livres, nao podiam abandonar as terras,
submetendo-se a autoridade dos gran- —
des proprietarios rurais. Juntamente
com o precarium (entrega de terras a
um grande senhor em troca de protegao),
0 colonato constituiria a base da servi-
dao medieval. 0 comitatus, instituicZo
germanica que estabelecia a relagao de
lealdade entre os guerreiros e o chefe
tribal, foi o alicerce das relagoes feudais ;
de suserania e vassalagem.
114
O FEUDALISMO E O PERIODO MEDIEVAL
ovr eaarnin
a
O teocentrismo cristao
Sea
as ee aa
2
NOL.
Be
me
:=)
eA
eo)
?
2
Ms
ae
Ds
=b:
ze
=
oe5 =
culavel riqueza, a solida organiza¢ao hierar-
quica e a heranga cultural greco-romana iS
if*
isSea
permitiram-lhe exercer a hegemonia ideold-
a
gica e cultural da época, caracterizada pelo
teocentrismo.
Atuando em todos os niveis da vida or
keof
social, a Igreja estabeleceu normas, orientou TS
16Ee)
A ALTA IDADE MEDIA
mbora ja tenhamos visto que, no cas que o distinguem dos demais modos de
feudalismo, os aspectos econdmicos produgao. Para efeito de andlise, considera-se
e sociais articularam-se aos aspectos que o feudalismo ‘‘classico” foi o francés, ja
culturais e ideolégicos, é preciso considerar que a maior parte dos componentes feudais
que o modo de produc¢4o feudal nao existiu podem ser encontrados na Franga medieval.
de maneira estanque e homogénea em todas Nos demais paises da Europa ocidental,
as regides da Europa, tendo sido, na realida- houve tanto variagdes, de acordo com o des-
de, um processo continuo, da ascensdo a de- dobramento histérico regional, como exce-
cadéncia. ¢6es — sociedades que nao se vincularam a
esse modo de produgao. Estas ultimas, entre-
Assumindo peculiaridades regionais, va- tanto, por serem exce¢Ges, em nada afetam o
riagdes particulares, o feudalismo, entretanto, conjunto predominante, de estrutura hege-
conservou sempre o conjunto de caracteristi- ménica feudal.
RRA
(do século V ao X)
m formagao do feudalismo
m decadéncia
do comércio
m ruralizacdo econémica —
w fortalecimento do poder local
exercido pelos senhores feudais
mwascensao da Igreja e da
cultura teocéntrica
@ Europa invadida por povos
barbaros; mais tarde, por arabes,
vikings, etc.
Principais caracteristicas da
Alta e Baixa Idade Média.
A ALTA IDADE MEDIA
As migracoes barbaras
=i“
i’ CLC Cr EET
7] lmpério Roman
— do Oriente
a ==> Visigodos
_| == Burgundios
==> Vandalos
m= Ostrogodos
| === Lombardos
| => Francos
mmmip- Anglos, saxdes,
jutos
Pressionados principalmente pelos hunos, as diversas tribos germanicas avancaram e partilharam o Império Romano do
Ocidente.
118
A ALTA IDADE MEDIA
] Império na abdicagao de
~ Diocleciano (305)
{ZA Reconquistas de Justiniano
Império na época da morte de
va Justiniano (565)
8 oe ail:
O Império Bizantino alcangou sua maior extensao com Justiniano, no século VI.
119
A IDADE MEDIA
N
A ALTA IDADE MEDIA
i)
A IDADE MEDIA
1 HUNGRIA ol DAY
VALAQU lA
BOSNIA — ‘Rio pani?
Em 1453, a cidade de Constantinopla foi tomada e transformada na capital otomana com o nome de Istambul.
A22
A ALTA IDADE MEDIA
O islamismo
125
A IDADE MEDIA
Maomé morreu pouco depois da con- usando a pregacdo religiosa segundo seus
quista de Meca, em 632, deixando os arabes interesses econdmicos. Assim, O governo
unidos no ideal comum de realizar a djihad passou a ser exercido pelos califas, que eram,
("empenho a causa islamica", termo que tem a um s6 tempo, chefes religiosos e politicos.
sido mais usado como sindnimo de ‘guerra A expanséo do Império, motivada pelo
santa’’), que consistia na luta pela conversao crescimento populacional e escassez de ter-
dos “‘infiéis’’ (nado-islamicos) e que, nas ras férteis e legitimada ideologicamente pela
décadas seguintes, propiciaria a expansao djihad, iniciou-se com a conquista de territo-
islamica. rios bizantinos e persas. Posteriormente, sob a
Apos a morte de Maomé, seus primeiros dinastia omiada (661-750), iniciou-se a ex-
seguidores da hégira, seus aliados de Medina pansdo para o Ocidente, a qual atingiu seu
e as principais familias de Meca decidiram Apice quando Gibral Tarik (711) atravessou 0
que o sucessor seria Abu Bakr, sogro e adepto estreito entre a Africa e a Europa, que recebeu
de Maomé. A sucessao foi dificil, iniciando seu nome — Gibraltar. Penetrando na penin-
duras disputas pelo poder arabe. sula Ibérica e subjugando grande parte dos
Desde a sucessdo do Profeta, a aristocra- visigodos, os arabes so seriam barrados em
cia mercantil de Medina e de outras cidades 732 pelo franco Carlos Martel, na batalha de
arabes iniciou uma forte politica de expansdo, Poitiers, nos Pireneus.
A expansao muculmana alcancou, no Oriente, a fronteira com a China e, no Ocidente, conquistou a peninsula Ibérica,
controlando todo o mar Mediterraneo.
124
A ALTA IDADE MEDIA
Estado eleito pelos crentes e sustentavam que Castela, Navarra e Aragaéo. Em 1492, os
o Sunna, livro dos ditos e atos de Maomé, era muculmanos foram definitivamente expulsos
uma importante fonte de verdade para o da peninsula, quando os espanhdis conquista-
islamismo. Os xiitas, por sua vez, defendiam ram Granada, 0 ultimo reduto arabe na Europa.
um ideal absolutista de Estado, tendo como
chefe religioso e politico um descendente do
Profeta, s6 admitindo o Cordo como fonte de
ensinamentos. A cultura muculmana
125
A IDADE MEDIA
iS)
A ALTA IDADE MEDIA
tes; durante esse século, a populacao mento de germanicos para integrar legides do
encolheu, devido a epidemia de peste exército romano. Inicialmente, os contatos
conhecida como Peste Negra, e levou foram pacificos: os confrontos armados e as
algum tempo para voltar as suas dimen- guerras envolvendo romanos e barbaros
50e5 anteriores. O numero as vezes dado ocorreram somente no final do Baixo Império.
para Bagda durante o periodo do maior Assim, apesar das diferencas culturais entre
poder abacida, um milhZo ou mais, é quase eles, romanos e germanicos conviveram, até
certamente demasiado grande, mas deve o século III da era crista, em relativa paz.
ter sido uma cidade de tamanho compa- Todavia, a partir do século IV, estenden-
ravel pelo menos ao do Cairo; em 1300 do-se aos séculos V e VI, os dominios do
declinara muito, devido a decadéncia no outrora poderoso Império Romano foram
sistema de irrigagao no campo circun- sendo sucessivamente invadidos por tribos
dante e a conquista e saque da cidade germanicas, as quais deram origem a diversos
pelos mongdis. Cordoba, na Espanha, reinos romano-germanicos.
também deve ter sido uma cidade dessas
dimensdes. Alepo, Damasco e Tinis podem
Principais invasoes barbaras do seculo
ter tido populagdes da ordem de cinglienta
lV ao VI
a cem mil habitantes no século XV. Na
Europa Ocidental, nessa época, nao havia 378: Os visigodos vencem a batalha de
cidade do tamanho do Cairo: Florenga, Andrinopla, onde morre Valente, o
Veneza, Milao e Paris podiam ter cem mil imperador romano.
habitantes, enquanto as cidades da |n-
glaterra, Paises Baixos, Alemanha e Euro- 403: Os visigodos tomam a Grécia e
pa Central eram menores.” dirigem-se para a Italia.
406: Os ostrogodos sao derrotados por
HOURANI, Albert Habib. Uma historia
dos povos arabes. p. 125-6. Estilicao (general vandalo a servigo
de Roma) na Italia.
A10: Os visigodos, sob 0 comando de
A civilizagao islamica, assim como a bi-
Alarico, saqueiam Roma e abrem
zantina, influenciou profundamente o pensa-
mento e, em conseqiiéncia, a vida do Oci- 0S portdes da cidade, demonstran-
dente europeu. O intenso desenvolvimento do a fragilidade do \mpério.
econémico do Império Arabe afetou substan- 449: A Gra-Bretanha é invadida pelos
cialmente a Europa feudal no final da Idade anglo-sax6es é jutos.
Média, estimulando sobremaneira o comér-
451: Tropas romanas e germanicas fa-
cio. Os arabes levaram para o Ocidente nao
zem os hunos recuarem, apos a
s6 mercadorias, mas a filosofia grega, ha
batalha dos Campos Catalinicos.
muito esquecida, novas técnicas de agricul-
tura, invencgdes chinesas como a bussola, o 455: O rei dos vandalos subjuga a Italia
papel e a pdlvora, além de inimeras outras e devasta Roma.
contribuig6es. A76: Os hérulos, sob a chefia de Odoa-
cro, depdem o Ultimo imperador
romano, ROmulo Augusto, marcan-
do o fim do |Império Romano do
Os reinos germanicos da
Ocidente.
Europa feudal 493: Teodorico, rei dos ostrogodos, con-
Fein dil ASD sey DUES Nels CSCC SS LEaN eee
quista a Italia.
A penetragao barbara no Império Roma- 568: Os lombardos conquistam toda a
no principiou ainda na fase aurea de Roma, Italia setentrional.
quando Otavio Augusto comecou o recruta-
A IDADE MEDIA
[___] Visigodos
(9 Burgundios
Ostrogodos
| Anglo-sax6es
De todos os reinos barbaros surgidos na A alianca entre Clévis e a lgreja foi fun-
Europa no século V, apenas o dos francos foi damental para a unificagdo politica da Galia,
duradouro. Assim, enquanto o reino dos na medida em que fortaleceu a autoridade do
ostrogodos e dos vandalos foram conquista- rei e contribuiu para a fusdo entre conquista-
dos pelo Império Bizantino, e o dos visigodos dores e conquistados. Por outro lado, 0 apoio
pelos muculmanos, no século VIII, o Reino do rei possibilitou a Igreja libertar-se da
Franco consolidou-se nas terras da Galia, influéncia dos imperadores bizantinos e ga-
langando as bases do que viria a ser um nhar novos adeptos entre os barbaros da Eu-
grande império. ropa ocidental.
Durante a dinastia merovingia, consoli-
dou-se o processo de feudalizagdo da Europa
ocidental, intensificando-se a ruralizacdo da
economia e fortalecendo-se o poder dos gran-
0 reino dos francos des proprietdrios de terras. Como nao havia a
nogao de Estado, de bem publico, as terras do
Desde o século Il, os francos vinham reino eram constantemente distribuidas entre
invadindo as fronteiras romanas, acabando o clero e a nobreza, como recompensa por
por ocupar uma pequena porcao da Galia. A servicos prestados. Assim, a partir de meados
primeira dinastia dos francos, a merovingia, do século VII, os reis da dinastia merovingia
deve seu nome a Meroveu, herdi franco na foram perdendo autoridade, ficando sujeitos
batalha dos Campos Cataltnicos contra os aos senhores feudais. Esses reis ficaram co-
hunos de Atila. Contudo foi Clévis, neto de nhecidos como Reis Indolentes, devido a
Meroveu, que, através de campanhas milita- incompeténcia com que governaram.
res vitoriosas, Conquistou, na Galia, regides Nessa €poca, 0 poder foi sendo trans-
ocupadas por outros povos barbaros, anexan- ferido para os prefeitos (ou mordomos) do
do-as ao seu territério. Em 496, Clévis paldcio, verdadeiros primeiros-ministros. En-
converteu-se ao cristianismo, ganhando, as- tre esses prefeitos destacou-se Carlos Martel,
sim, 0 apoio do clero e da maior parte da que barrou a expansao dos arabes na Europa,
popula¢ao da Galia, constituida por cristaos. vencendo-os em Poitiers, em 732.
128
A ALTA IDADE MEDIA
Ae)
A IDADE MEDIA
ee
1350
A ALTA IDADE MEDIA
| vee
7] Reino de Carlos — Franca
ae ocidental
| [J Reino de Lotério
] Reino de Luis — Franga
oriental ou Germania
| =mmp> Arabes
| sxx Vikings ou normandos
samp> Magiares ou hungaros
REINO DA —
HUNGRI
A IDADE MEDIA
132
A ALTA IDADE MEDIA
O arianismo
133
A IDADE MEDIA
assumindo nos novos reinos constituidos constituido por monges que se recolhiam em
diversas atribuic6es politicas, administrativas mosteiros, isolados do mundo, sob votos de
e culturais, além do controle espiritual. As- castidade, caridade e pobreza.
sim, 0 clero, que a principio se dedicava Tudo indica que foi Sao Pacénio, do
exclusivamente a religido, passou a envolver- Egito, quem fundou o primeiro mosteiro
se também com as quest6es seculares. O cristo, no século IV. Todavia, foi Sao Bento
adjetivo secular deriva do substantivo latino (480-547), criador da Ordem dos Benediti-
saeculum, que significa “mundo”; a atividade nos, o responsdvel pela consolidagao da
do clero secular estava, pois, ligada as coisas estrutura monastica, em que o abade passou
terrenas. a exercer absoluto comando sobre seus
Contudo, boa parte do clero secular, em monges. Além de sua importante atuagao no
contato com a vida profana, com os proble- trabalho de conversaéo dos camponeses pa-
mas administrativos, vinculou-se demasiada- gaos, Os monastérios constituiram os centros
mente as propriedades da Igreja, a materiali- mais avang¢ados da vida cultural e econdmica
dade, degenerando-se nos costumes, distan- da Alta Idade Média. Paralelamente ao traba-
ciando-se da pregac¢ao doutrindria. Como lho intelectual de preservacgdo e recupera¢ao
reagao a essa tendéncia, e atendendo ao forte das obras da antiga cultura greco-romana,
espiritualismo da época, nasceu o clero regu- nao raro os monges desenvolviam, junto a
lar (do latim regula, que significa “regras’’), seus servos, atividades agricolas e artesanais.
Gravura medieval retratando a morte de Sao Bento, cujas orientagées estruturaram o clero a partir do século VI.
Na Alta Idade Média, a ascensdo da Igreja Até o século VIl predominou, com a
foi vertiginosa. Durante o seu pontificado
ascenso0da lIgreja Crista, a Filosofia
(590-604), o papa Gregorio I muito contri-
Patristica, cujo nome descende daqueles
buiria para a ampliagao do poder pontificio,
por meio de agdes como a defesa da Italia escritores e clérigos que, defendendo a
contra os lombardos ou a conversado de ex- nova fé, estabeleceram os costumes,
tensas regides barbaras — inclusive a Inglaterra idéias, cerimonias eé dogmas da Igreja_
— ao cristianismo. O poder universal da Igreja nascente, considerados“pais da Igreja”. |
ganhou ainda maior forga apds sua alianga “A patristica resultou do esforgo
com os francos, inicialmente com os mero- feito pelos dois apdstolos intelectuais
vingios. Paralelamente ao seu enriquecimento (Paulo e Joao) € pelos primeiros Padres
material, a Igreja projetou-se como organiza- da \greja para conciliar a nova religido — o
dora do pensamento, da cultura medieval.
A ALTA IDADE MEDIA
0 crescimento demografico
8
7 -—_
136
A BAIXA IDADE MEDIA
O Santo Sepulcro
“Deixai 0S que outrora estavam
Jerusalém tornou-se o centro da acostumados a se baterem, impiedosa-
espiritualidade crista ocidental, pois para mente, contra os fiéis, em guerras parti-
la dirigiam-se constantemente peregrinos culares, lutarem contra os infiéis [...]
em busca do contato com as reliquias Deixai os que até aqui foram ladrdes, tor-
sagradas. O local era considerado santo, narem-se soldados. Deixai aqueles, que
pois Cristo fora enterrado ali. Jerusalém outrora se bateram contra seus irmaos e
passou a atrair individuos de todo o parentes, lutarem agora contra os bar-
mundo cristao, mesmo considerando as baros, como devem. Deixai 0s que outrora
dificuldades de acesso, as quais, em meio foram mercenarios, a baixos salarios,
ao misticismo generalizado, tornavam-se receberem agora a recompensa eterna.
uma purificagao para os peregrinos. Uma vez que a terra que vos habitais,
fechada de todos os lados pelo mar e
circundada por picos de montanhas, é
Inegavelmente, a religiosidade do homem demasiadamente pequena a vossa grande
medieval foi um fator determinante para a populagao: sua riqueza nao abunda, mal
organizacao das Cruzadas. Entretanto, outros
fornece o alimento necessario aos seus
fatores, como a marginalizac¢ado decorrente do
cultivadores [...] tomai o caminho do
crescimento demografico e a persisténcia do
Santo Sepulcro; arrebatai aquela terra a
direito de primogenitura, foram igualmente
importantes na constituigdo desse movimento. raga perversa e submetei-a a vos mesmos.
Segundo o direito de primogenitura, apenas o Essa terra em que, como diz a Escritura,
filho mais velho do senhor feudal herdava as jorra leite e mel’ foi dada por Deus aos
terras e os titulos paternos, restando aos outros filhos de Israel. Jerusalém é 0 umbigo do
filhos apenas as alternativas de se tornarem mundo; a terra é mais que todas frutifera,
vassalos de um outro senhor, ingressar nos como um novo paraiso de deleites.”
quadros eclesidsticos ou partir, como cavalei-
ros, em busca de aventuras e conquistas. Foram organizadas diversas Cruzadas
Para os setores marginalizados, nao in- entre 1096 e 1270. Vejamos as principais:
corporados ao processo de produc4o, e para m@ Cruzada dos Mendigos (1096). Movimento
os nobres sem feudos, as Cruzadas represen- extra-oficial. Comandada por Pedro, o
tavam, entao, uma oportunidade de aventura Eremita, e Gautier Sem-Vintém, constituiu
e, eventualmente, de enriquecimento. um movimento popular que bem caracte-
Também o interesse comercial, sobretudo riZa O misticismo da época. Iniciou-se antes
dos negociantes italianos, foi decisivo para a da Primeira Cruzada oficial, sendo massa-
constitui¢ao das Cruzadas. Para esses comer- crada pelos turcos.
A BAIXA IDADE MEDIA
Por quase 200 anos, o Mediterraneo oriental viveu 0 movimento das Cruzadas. Na foto, gravura de época retratando a
retomada das atividades comerciais entre Oriente e Ocidente.
139
A IDADE MEDIA
AS ROTAS COMERCIAIS
.
lovgorod
Hamburgo
»Colonia EUROPA
Frankfurt
| =m Rotas terrestres
| samme Rotas maritimas
141
A IDADE MEDIA
Cracévia
A Liga Hanseatica ou Teuténica, cujo eixo era o mar do Norte, apresentava uma vasta area de atuacao.
~-
A IDADE MEDIA
144
A BAIXA IDADE MEDIA
até entao o poder era exercido, na realidade, Ambicionando anexar territ6rios do norte
por vassalos reais: duques e condes, sobera- da Franga, entaéo sob dominio dos ingleses
nos e auténomos, sendo o principal deles Plantagenetas, empreendeu uma-série de lu-
Guilherme, duque da Normandia. Tendo tas contra o soberano inglés Jodo Sem-Terra,
ocupado a Inglaterra, em 1066, Guilherme conquistando a Normandia e outras regides.
tornou-se mais poderoso que seu préprio so-
berano, 0 rei da Franga. Entretanto, a atuacao
Os Plantagenetas
dos capetingios reverteria essa situacao.
Pela influéncia decisiva que tiveram no No século XII, os Plantagenetas
processo de centralizacdo do poder, trés constitulam uma das familias feudais
monarcas dessa dinastia merecem destaque: mais poderosas da Franga. Eram des-
Filipe Augusto, Luis IX e Filipe IV. cendentes dos normandos, que desde o
século X haviam se estabelecido no norte
da Franga. Em 1066, Guilherme, duque
da Normandia, havia conquistado a In-
glaterra, dominando os anglo-saxdes. Em
1154, tendo morrido o Ultimo herdeiro de
Guilherme, iniciou-se o reinado da dinas-
tia dos Flantagenetas, cujos primeiros
soberanos foram Henrique Il, Ricardo
Coragao de Leao e Joao Sem-Terra.
145
A IDADE MEDIA
Luis IX empreendeu, sem éxito, a Sétima Desde antes do papa Bonifacio VIII,
e a Oitava Cruzada, vindo a falecer durante a multiplicavam-se os conflitos no seio da
Ultima. Por sua profunda religiosidade, adqui- Igreja e desta com o poder dos monar-
riu a reputagdo de santo, tendo sido de fato cas. Depois de condenar o pagamento de
canonizado pela Igreja alguns anos apds sua impostos pelos clérigos € ameagar de
morte, como Sao Luis.
excomunhao seus opositores, Bonifacio
Filipe IV, o Belo (1285-1314), deu pros- formulou a Bula Unam Sanctam, que diz:
seguimento a politica de seus antecessores, “Ambas, a espada espiritual e a espada
expandindo as fronteiras do reino e centrali- material, estao em poder da Igreja. Mas a
zando o poder. Entretanto, em sua luta pelo segunda é usada para a |greja, a primeira
fortalecimento da monarquia, entrou em por ela; a primeira pelo sacerdote, a
sérios conflitos com a Igreja, que impunha Ultima pelos reis e capitdes, mas segun-
restricdes a autoridade real. do a vontade e com a permissao do
As divergéncias entre o rei e a Igreja sacerdote. Por conseqiiéncia, uma espa-
intensificaram-se quando Filipe IV, cujo go- da deve estar submetida a outra, e a
verno atravessava uma profunda crise eco- autoridade temporal sujeita a espiritual...
ndmica, decidiu forcar o clero a pagar Se, por conseguinte, o poder terrenal
impostos dos quais estava, até entao, dispen- erra, sera julgado pelo poder espiritual...
sado. Como essa medida implicasse a redu- Mas se 0 poder espiritual erra, pode ser
¢do das rendas da Igreja, Filipe IV enfrentou julgado somente por Deus, nao pelo
forte oposi¢ao do papa Bonifacio VIII, que homem.. Pois esta autoridade, ainda
ameacou excomunga-lo. que concedida a um homem e exercida
Receoso das repercussGes de uma exco- por um hormem, n&o é humana, senao
munh4o, o rei buscou apoio da sociedade, mais ainda divina... Ademais, declaramos,
constituindo pela primeira vez na historia da afirmamos, definimos € pronunciamos que
Franga uma assembléia que reunia represen- é absolutamente necessario para a sal-
tantes do clero, da nobreza e dos comer- vagao que toda a criatura humana esteja
ciantes das cidades. Assim, em 1302, a sujeita ao Pontifice romano”.
Assembléia dos Estados Gerais, como pas- Citado in JOHNSON, Paul. La Historia del
sou a ser chamada, autorizou a cobran¢a Cristianismo. Buenos Aires, Javier Vergara
dos impostos clericais. Instituigao de carater Editor, 1989. p. 221.
consultivo, os Estados Gerais foram convo-
cados varias vezes, ndo so por Filipe IV, mas
também por seus sucessores, atuando até A transferéncia do papado para Avignon
1614. nao teve aceitagdo de boa parte do clero
Os conflitos com a Igreja se acirraram, romano, culminando na eleicao de outro
culminando com a morte do papa, em 1303. papa em Roma, seguido mais tarde da esco-
Apoiado pela sociedade, Filipe IV interferiu lha de um terceiro, de pouca dura¢do, na
na escolha do substituto de Bonifacio VIII, cidade de Pisa. A crise aumentou quando
elegendo como papa o francés Clemente V. cada um dos papas buscou combater seu
Cedendo as pressdes do rei, Clemente V concorrente, determinando excomunhdées ao
transferiu a sede do papado para Avignon, rival e a seus seguidores. Esta divisdo da
cidade do sul da Franca, onde seria mais cristandade ficou conhecida como Cisma do
facil o controle real sobre a Igreja. Durante Ocidente, estimulando a oposi¢do teoldgica
um periodo de setenta anos (1307-1377), e levando ao colapso o poder universal da
conhecido como Cativeiro da Babilénia, Igreja. Somente em 1417 terminaria o Grande
varios papas se submeteram a tutela dos reis Cisma, quando foi eleito um Gnico papa —
franceses, 0 que indicava a forga da monar- Martim V — e apenas Roma passou a abrigar a
quia capetingia. sede do papado.
A BAIXA IDADE MEDIA
148
A BAIXA IDADE MEDIA
guesia de Paris, responsabilizando a aristo- Apos longos anos de luta, quando final-
cracia pelas constantes derrotas sofridas, mente foram derrotados pelos armagnacs, os
reivindicava maior participacgao nas decisées borguinhdes aliaram-se aos ingleses, permi-
do governo. No interior, as revoltas campe- tindo a Inglaterra voltar a ofensiva. Saindo-se
sinas foram a resposta de milhares de servos a novamente vitoriosa, em 1420, a Inglaterra
séculos de opressdo feudal. imp6s a Franga o Tratado de Troyes, segundo
As rebelides camponesas ficaram conhe- o qual o rei inglés Henrique V assumiria o
cidas como jacqueries, em alusdo a Jacques trono francés. Assim, em 1422 a Franca en-
Bonhomme, expressdo que os nobres france- contrava-se dividida em dois reinos: nos
ses usavam para designar o homem do campo territ6rios do norte, governava o inglés Hen-
e que poderia ser traduzida como “‘joao-nin- rique V, apoiado pelos borguinhdes; nos
guém’’. A mais importante jacquerie eclodiu poucos territérios do sul, reinava o francés
em 1358, quando milhares de camponeses re- Carlos VII, com 0 apoio dos armagnacs.
belaram-se contra seus senhores, destruindo Embora humilhado por tantas derrotas e
indmeros castelos e exterminando seus habi- privagGes, 0 povo francés empreendeu a luta
tantes. A contra-ofensiva dos nobres nao tar- pela libertagao de seu pais animado por um
dou: apoiados pelo exército real, sufocaram a profundo sentimento nacionalista. Joana
rebeliao, executando mais de vinte mil pessoas. D’Arc, filha de humildes camponeses, tor-
Em 1364, com a ascensdo de Carlos V ao nou-se 0 maior mito desse periodo. Dizia-se
trono francés, reiniciou-se a guerra contra a enviada por Deus para expulsar os ingleses
Inglaterra. Gragas a unificagado de seus exér- do reino da Franga, e seu patriotismo e fervor
citos, a Fran¢a conseguiu importantes vitdrias, religioso contagiaram os franceses. Integran-
reconquistando a maior parte dos territdrios do-se no exército real, liderou diversos com-
tomados pelos ingleses. Entretanto, a morte de bates que resultaram em vitoria para os
Carlos V marcaria o inicio de uma série de franceses. Libertando boa parte da Franc¢a
disputas pelo poder, que culminariam com a central, levou Carlos VII a Reims, no norte do
cisao da nobreza francesa em dois partidos: pais, onde o rei foi coroado segundo as
os armagnacs e os borguinhoes. antigas tradicdes.
A Guerra dos Cem Anos foi decisiva para a definicao das fronteiras da Franga, que incorporou regides ao norte, até entao sob
controle da Inglaterra. Na gravura, Joana D’Arc, que elevou o sentimento nacional do povo francés contra o dominio inglés.
149
A IDADE MEDIA
150
A BAIXA IDADE MEDIA
Qu
A IDADE MEDIA
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A BAIXA IDADE MEDIA
|Foye)
A IDADE MEDIA
0
cD!
o>
| (BBB Espana crista em 1150
(BBB) Reconquista (1150-1212)
A Guerra de Reconquista
Reconquista (1212-1276)
serviu de base para a for-
Reconquista por Castela e magcao das monarquias na-
Aragao (1492) . cionais espanhola e portu-
guesa.
154
A BAIXA IDADE MEDIA
rota comercial italiana, que inclufa Portugal, ficiavam a burguesia, ao ampliar o mercado
ligando Constantinopla ao mar do Norte para seus produtos; paralelamente, a amplia-
através do Mediterraneo e do Atlantico, que ¢do do comércio comegou a gerar maior
impulsionou 0 comércio lusitano, favorecen- arrecada¢ao de impostos, beneficiando o rei.
do o surgimento de um poderoso grupo Foi a comunhdao desses interesses que possi-
mercantil em Portugal. bilitou a expansdo ultramarina portuguesa.
No ano de 1383, morria D. Fernando, o
Ultimo rei da dinastia de Borgonha, iniciando-
se uma disputa pela sucessdo ao trono. A no- O Sacro Império Romano-Germanico
breza ambicionava entregar a coroa ao rei de
Castela, genro de D. Fernando, enquanto o As monarquias nacionais da Alemanha e
grupo mercantil sentia, nessa uniado, uma da Italia ndo se estabeleceram sendo muito
ameag¢a aos seus interesses, devido ao carater depois do fim da Idade Média. Os constantes
acentuadamente feudal da politica de Castela. conflitos entre os imperadores do Sacro
O acirramento das tensdes entre a bur- Império e os papas acabaram por compro-
guesia e a nobreza propiciou a eclosdo da meter a unidade da Alemanha e da Italia,
Revolucao de Avis: o grupo mercantil, os mantendo essas duas regides divididas em
populares, chamados de “arraia mitida’’ e os numerosos Estados, alguns deles bastante
nacionalistas em geral uniram-se a D. Jodo, o pequenos. A luta entre o papado e o Império
Mestre de Avis, irmao bastardo do finado D. manifestou-se decisivamente durante o pon-
Fernando, para enfrentar a nobreza e os tificado de Gregorio VII (1073-1085), quando
castelhanos. Em 1385, com a derrota dos teve inicio a Querela das Investiduras.
castelhanos na batalha de Aljubarrota, D. No Sacro Império, 0 clero estava submisso
Jodo foi aclamado rei de Portugal, inauguran- aos soberanos, que nomeavam — investiam —
do um forte Estado nacional. os bispos ou exefciam dura pressdo para
impor candidatos de sua escolha, muitas
vezes pessoas interessadas apenas nas vanta-
gens materiais do cargo, nao raramente
corruptas e indignas do cargo clerical que
ocupavam.
|
Foye)
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1
Fete)
A BAIXA IDADE MEDIA
Do mesmo modo, também a Italia acha- comandados por chefes chamados condottie-
va-se dividida em varios Estados, alguns ri, para assegurar sua defesa ou conquistar as
muito pequenos, como as cidades-estados cidades rivais. Alguns desses condottieri tor-
do norte, que haviam conseguido se libertar naram-se extremamente poderosos, como os
da dominag¢ao do Sacro Império. Essas cida- da familia Visconti, que acabou assumindo o
des, enriquecidas pela atividade mercantil, governo de Milao em 1310, e os da familia
contratavam grupos de soldados mercenarios, Sforza, que sucedeu a primeira em 1450.
Ludovico Sforza, governante de Milo entre 1494 e 1499. Ao lado, mapa da Italia no século XV.
A IDADE MEDIA
158
A CULTURA MEDIEVAL
EUROPEIA
Educacao
III AA
160
A CULTURA MEDIEVAL EUROPEIA
161
A IDADE MEDIA
Todavia, se por um lado a escolastica dizia € o que fazia, porém, eram duas
valorizou a razdo e substituiu a idéia agosti- coisas totalmente diferentes. Embora os
niana de predestinacao pela concep¢ao de bispos e reis combatessem e fizessem
livre arbitrio, isto 6, de capacidade de leis contra os juros, estavam entre os
escolha, por outro deixou para o clero o primeiros a violar tais leis. Eles mesmos
papel de orientador moral e espiritual da
tomavam empréstimos, ou os faziam, a
sociedade, condicionando assim a liberdade
juros — exatamente quando combatiam
de escolha as concepcées da Igreja. Desse
modo, ao mesmo tempo que buscava assimi-
outros usurarios | [...]
Entretanto, essa postura nao era
lar as transformag6es sociais, tentava preser-
var os valores do mundo feudal decadente, compativel com a expansao comercial é
assegurando a supremacia de sua mais pode- com a maior importancia adquirida pela
rosa instituigdo — a Igreja. moeda. Dessa forma, lentamente, a dou-
trina da Igreja abriu concessdes as
Sao Tomas de Aquino (1225-1274), pro-
fessor da Universidade de Paris, foi o mais imposigdes dos novos tempos: ‘A usura
influente fildsofo escoldstico. Inspirado na é um pecado — mas, sob certas circuns-
teologia cristd e no pensamento de Aristé- tancias...’ ou, entdo: ‘Embora seja pecado
teles, elaborou a Suma Teoldgica, obra em exercer a uSura, nao obstante, em casos
que discorreu sobre os mais diversos assun- especiais...’ ”
tos, como religido, economia e politica. O HUBERMAN, Leo. Histéria da riqueza do
pensamento de Sdo Tomas constituiu podero- homem. p. 48.
Key)
A CULTURA MEDIEVAL EUROPEIA
O século XII inaugurou uma nova fase da Os amores e os feitos herdicos da aristo-
poesia medieval: 0 trovadorismo. A poesia cracia constituiram ainda o tema dos primei-
trovadoresca, ou cortés, surgiu na Provenca, ros romances medievais. Sdo famosos os do
regiao sul da Franga, de onde se expandiu ciclo da Tavola redonda, que relatam as
para outros pontos da Europa. Cultivada es- aventuras do lendario rei Artur e de seus
pecialmente pela nobreza, era produzida pe- cavaleiros. Nos romances que compdem esse
los trovadores e, embora 0 poeta louvasse em ciclo acham-se reunidas as tematicas das
seus versos 0 heroismo da cavalaria, seu tema poesias épica e trovadoresca: valores como a
predileto era o amor, sobretudo o amor dos bravura e a lealdade fundem-se a atitudes
amantes, oprimido pelas convencG6es sociais. corteses e a sentimentos como o amor. Embo-
Ao contrario da velha poesia épica, que se ra a narrativa desses romances seja ambien-
limitava a exaltar as virtudes do guerreiro, a tada na Inglaterra e seus personagens sejam
poesia cortés louvava a mulher, o refinamen- ingleses, as primeiras obras desse ciclo foram
to de maneiras, a cortesia, a galanteria. escritas por franceses.
No século XIII, os burgueses ja haviam
1 Os ‘trovadores a adquirido suficiente poder e prestigio, alcan-
¢ando uma posic¢ao social de destaque, as
vezes até superior a de alguns senhores
feudais. Naturalmente, a ascensdo econdmica
e social da burguesia estimulou o surgimento
de novos padrées literdrios, que atendiam ao
gosto dessa classe emergente. Assim, a litera-
tura de exaltacdo dos ideais da nobreza foi
sendo substituida por uma “literatura das
classes urbanas’’.
Entre os exemplos mais interessantes da
literatura urbana estado os fabliaux. Em versos
| eee Peso: a servicoeecorte de espirituosos e cheios de malicia, essas pe-
ate as senhoroueee por quenas historias satirizavam os tipos sociais e
os costumes da €poca, atacando principal-
mente o clero decadente e a cavalaria, com
seu ultrapassado romantismo.
Também a literatura produzida pelos
poetas goliardos — cujo nome deriva do fato
de eles se auto-intitularem discipulos de
Golias — satirizava a sociedade da é€poca,
especialmente o clero. Os goliardos parecem
ter sido, em sua maior parte, estudantes
pobres das instituigdes eclesiaticas que, nao
podendo completar seus estudos, abandona-
vam as escolas, dedicando-se freqiientemente
a atividade de poetas e comediantes. Eram
considerados pela Igreja poetas dissolutos,
que valorizavam apenas os prazeres da
bebida, do jogo e do amor profano.
164
A CULTURA MEDIEVAL EUROPEIA
Arquitetura
3 at es xe ane
oe e Se 3 eS
wens pe
ae e* e Sew Amalia
Ursi
Cie aig Ohe :
arco
_ Fomanico
A arte romanica confere aos castelos, mosteiros e igrejas medievais uma aparéncia de solidez e estabilidade. Na foto, igreja de
Notre-Dame-la-Grande, de Poitiers.
A IDADE MEDIA
o arco”
A batente
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Aerreriirh ie
Brak
aman La
\ 4
A verticalidade, os arcos cruzados em ponta ou ogiva caracterizam 0 gotico, estilo arquitetonico predominante na Baixa Idade
Média. Na foto, igreja de Saint Madon, em Roven.
A CULTURA MEDIEVAL EUROPEIA
Ciéncia
CBE
III,
1 (Fatec-SP) Uma das caracteristicas a ser reco- 5 (UFPA) Nas relagGes de suserania e vassalagem
nhecida no feudalismo europeu é: dominantes durante o feudalismo europeu, é
a) A sociedade feudal era semelhante ao sis- possivel observar-se que:
tema de castas. a) a servidao representou, sobretudo na Franca
b) Os ideais de honra e fidelidade vieram das e na peninsula Ibérica, um verdadeiro
instituig6es dos hunos. renascimento da escravidao conforme exis-
c) Vildes e servos estavam presos a varias obri- tia na Roma imperial.
gac6es, entre elas o pagamento anual de & os suseranos leigos, formados pela grande
capitagao, talha e banalidades. nobreza fundidria, distinguiam juridicamen-
d) A economia do feudo era dindmica, estando te os servos que trabalhavam nos campos
voltada para o comércio dos feudos vizinhos. dos que produziam nas cidades.
e) As relagdes de produg¢ao eram escravocratas. c) mesmo dispondo de grandes propriedades
territoriais, OS suseranos eclesidsticos nao
(Fasp) Podemos definir o feudalismo, do ponto mantinham a servidao nos seus dominios,
de vista econdmico, como um sistema baseado mas, sim, o trabalho livre.
na produgao, tendente a auto-suficiéncia, sen- = 0 sistema de impostos incidia de forma pesa-
do a agricultura seu principal setor. Politica- da sobre os servos. O imposto da mao morta,
mente, o feudalismo caracterizava-se pela: por exemplo, era pago pelos herdeiros de um
a) existéncia de legislagdo especifica a reger a servo que morria para que continuassem nas
vida de cada feudo. terras pertencentes ao suserano.
b)a atribuigdéo do poder executivo a Igreja. e) as principais instituigdes sociais que sus-
c) pela relagao direta entre posse e soberania tentavam as relagdes entre senhores e
dos feudos, fragmentando assim o poder servos eram de origem muculmana, oriun-
central. dos da longa presenca drabe na Europa
d) absoluta descentralizagao administrativa. ocidental.
a) inseriam-se plenamente no espirito da Idade coloca-as nas maos do segundo: claro simbolo
Média ao privilegiarem a crenca em Deus de submissao, cujo sentido, por vezes, era
como o principal meio para antecipar as ainda acentuado pela genuflexao. Ao mesmo
descobertas da humanidade. tempo, a personagem que oferece as maos
b) estavam em atraso com relacdo ao seu pronuncia algumas palavras, muito breves,
tempo ao desconsiderarem os instrumentos pelas quais se reconhece ‘o homem’ de quem
intelectuais oferecidos pela Igreja para o estd na sua frente. Depois, chefe e subordinado
avanc¢o cientifico da humanidade. beijam-se na boca: simbolo de acordo e de
c) opunham-se ao desencantamento da Pri- amizade. Eram estes [...] os gestos que serviam
meira Revolucdo Industrial, ao rejeitaram a para estabelecer um dos vinculos mais fortes
aplicagéo da matematica e do método que a época feudal conheceu’’. (A sociedade
experimental nas invengées industriais. feudal)
d) eram fundamentalmente voltadas para o a) Identifique a cerim6nia descrita no texto e
passado, pois ndo apenas seguiam Aristéte- explique a sua finalidade.
les, como também baseavam-se na tradi¢ao b) Explique em que consistia esse ‘‘um dos
e na teologia. vinculos mais fortes que a €poca feudal
seh inseriam-se num movimento que convergi- conheceu” a que se refere o texto.
ria mais tarde para o Renascimento, ao
contemplarem a possibilidade de o ser
humano controlar a natureza por meio das 10 (Vunesp) O islamismo, ideologia difundida a
invengoes. partir da Alta Idade Média, em que o poder
politico confunde-se com o poder religioso, era
dotado de certa heterogeneidade, 0 que pode
(UFJF-MG) O islamismo, religido fundada por
ser constatado na existéncia de seitas rivais
Maomé e de grande importancia na Unidade
como:
arabe, tem como fundamento:
a) politeistas e monoteistas.
a) O monoteismo, influéncia do cristianismo e
b) sunitas e xiitas.
do judaismo, observado por Maomé entre
c) cristaos e muezins.
povos que seguiam essas religiGes.
d) sunitas e cristaos.
b) 0 culto dos santos e profetas através de ima-
e) xiitas e politeistas.
gens e idolos.
c) © politeismo, isto é, a cren¢a em muitos
deuses, dos quais 0 principal é Ala.
d) o principio da aceitagao dos designios de
11 (FGV-SP) A hégira, um dos eventos mais impor-
tantes do islamismo, e que marca o inicio do
Ala em vida e a negacdo de uma vida pés- calendario islamico, corresponde:
morte.
a) a entrada triunfal de Maomé em Meca em
e) a concep¢ao do islamismo vinculado ex-
630.
clusivamente aos arabes, nado podendo ser
b) ao casamento de Maomé com uma rica
professado pelos povos inferiores.
vidva, dona de camelos.
c) a fuga de Maomé e seus seguidores de Meca
(Fuvest) A estrutura bdsica da sociedade feudal para Medina.
exprimia uma distribuigdo de privilégios e d) a revelagéo de Maomé que lhe foi trans-
obrigag6es. Caracterize as trés ‘‘ordens’’, isto mitida pelo arcanjo Gabriel.
é, camadas sociais que compunham essa e) ao grande incéndio da Caaba em Meca em
sociedade. 615.
(Unicamp) Leia com atengao o seguinte texto 12 (Fasp) ‘Quando vés encontrardes infiéis, matai-
do historiador Marc Bloch e, depois, responda os a ponto de fazer uma grande carnificina e
as quest6es: apertai as correntes dos cativos.
“Eis dois homens frente a frente: um, que Quando cessar a guerra, vos os colocareis em
quer servir; 0 outro que aceita, ou deseja ser liberdade ou os entregareis mediante um
chefe. O primeiro une as maos e, assim juntas, resgate.
169
A IDADE MEDIA
Agi assim. Se Ald 0 desejar, ele mesmo triunfara 17 (Fuvest) Do Grande Cisma sofrido pelo cristia-
sobre eles. Mas ele vos manda combater para nismo no século XI, resultou:
vos por a prova.”’ a) o estabelecimento dos tribunais de Inquisi-
O texto acima, extrafdo do Corao, ilustra o ¢4o pela Igreja Catdlica.
b) a Reforma Protestante, que levou a4 quebra
pensamento que norteava:
a) as cruzadas.
da unidade da lIgreja Catdlica na Europa
b) a Guerra Santa. ocidental.
c) a peregrinagao a Meca. c) a heresia dos albigenses, condenada pelo
d) a perseguigao aos muculmanos. papa Inocéncio Il.
d) a divisdo da Igreja em Catdlica Romana e
13 (Osec-SP) Sao considerados os dois principais Ortodoxa Grega.
e) a Querela das Investiduras, que proibia a
doutores da Igreja catdlica, tendo suas obras
exercido enorme influéncia sobre 0 pensamen- investidura de clérigos por leigos.
to medieval:
a) Santo Inacio de Loyola e Sao Francisco
18 (UFPI) As cruzadas influiram decisivamente na
histéria da Europa na Baixa Idade Média. A
Xavier.
mais significativa de suas conseqiiéncias foi:
b) Santo Agostinho e Santo Anselmo.
a) a reunificagdo das igrejas Catdlica e Orto-
c) S40 Tomas de Aquino e Sao Francisco de
doxa, separadas em 1054 pelo cisma do
Assis.
Oriénte.
d) Santo Agostinho e Sao Tomas de Aquino.
b) um novo cisma no cristianismo com o inicio
e) Sao Pedro e Sao Paulo.
da Reforma Protestante no século XVI.
26 (FEI-SP) Os problemas das herangas feudais, a) a crise do modo de producao feudal provo-
que haviam confundido destinos e provincias, cada pela superexploragao da mao-de-obra,
tornaram inevitavel a Guerra dos Cem Anos através das relag6es servis de produ¢ao.
entre Franca e Inglaterra. A eclosdo desse b) a disponibilidade de mao-de-obra provoca-
conflito: da, entre outros fatores, pelo crescimento
francés sobre o qual a Inglaterra tinha fortes Igreja, com a valoriza¢ao da vida extraterre-
interesses. na, a condena¢ao a usura e sua posi¢ao em
b) teve como causa principal a disputa pela relacdo ao ‘justo prego’ das mercadorias.
regiao de Flandres que, feudataria da Fran- = a aquisigao das ‘‘cartas de franquias’’, que
¢a, atraia fortes interesses econdmicos da fortalecia e libertava a nascente burguesia
Inglaterra. das obrigagées tributdrias dos senhores
Cc) ocorreu na primeira metade do século XIV, feudais.
a partir da disputa entre os dois paises sobre e) 0 movimento cruzadista, que, retratando a
indmeros territorios flamengos e italianos. estrutura mental e religiosa do homem me-
d) foi provocada pelas disputas politicas entre dieval, se estendeu entre os séculos XI e XIII.
a Rosa Vermelha (de Lancaster) e a Rosa
Branca (de York). 31 (Fuvest) A partir do século XI, na Europa
e) aconteceu devido a interesses manufaturei- ocidental os poderes monarquicos foram lenta-
ros da Franga sobre Flandres, regiao feuda- mente se reconstituindo, e em torno deles
taria da Inglaterra. surgiram os diversos Estados nacionais. Expli-
que as razOes desse processo de centralizagao
(Fuvest) Uma caracteristica da Idade Média foi politica.
o surgimento de heresias.
a) Que sao heresias? 32 (PUCSP) “a prépria vocagao do nobre lhe
b) Quais as principais reagdes da Igreja catd- proibia qualquer atividade econdmica direta.
lica diante delas naquele periodo? Ele pertencia de corpo e alma a sua fun¢do
propria: a do guerreiro. (...) Um corpo agil e
(Vunesp) "A fome é um dos castigos do pecado musculoso nado é o bastante para fazer o
original. O homem fora criado para viver sem cavaleiro ideal. E preciso ainda acrescentar a
trabalhar se assim o quisesse. Mas, depois da coragem. E é também porque proporciona a esta
queda, nao podia resgatar-se senao pelo traba- virtude a ocasiao de se manifestar que a guerra
lho (...) Deus imp6s-lhe, assim, a fome para que poe tanta alegria no coragdo dos homens, para
ele trabalhasse sob 0 império dessa necessida- Os quais a audacia e 0 desprezo da morte sao, de
de e pudesse, por esse meio, voltar as coisas algum modo, valores profissionais.””
eternas." Bloch, Marc. A sociedade feudal. Lisboa,
(Trecho do Elucidarium. \n: A civilizagao Edicées 70, 1987.
do Ocidente medieval.) O autor nos fala da condi¢ao social dos nobres
a) Como o texto, escrito durante a Idade medievais e dos valores ligados as suas agdes
Média, justifica a fome? guerreiras. E possivel dizer que a atuagao guer-
b) Como era organizado o trabalho na pro- reira desses cavaleiros representa, respectiva-
priedade feudal? mente, para a sociedade e para eles prdoprios:
a) a garantia de seguranga, num contexto em
(Maua-SP) O século XIV é conhecido como sé- que as classes e os Estados nacionais se
culo de crise e de grande depressao, em quase encontram em conflito, e a perspectiva de
todos os setores da vida no Ocidente europeu. conquistas de terras e riquezas.
Indique as principais razGes dessa crise. b) 0 cumprimento das obrigagdes senhoriais
ligadas a produgao, e a proibi¢gao da trans-
(PUCSP) Nao pode ser considerado como fator missao hereditaria das conquistas realizadas.
gerador do Renascimento Comercial que ocor- Cc) a permissdo real para realizagao de ativida-
re na Europa, a partir do século XI: des comerciais, e a eliminacdo do tédio de
QUESTOES E TESTES
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O ANTIGO REGIME EUROPEU
176
O ANTIGO REGIME EUROPEU
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A IDADE MODERNA
178
O ANTIGO REGIME EUROPEU
179
A IDADE MODERNA
prazo, efeitos negativos sobre a economia nos dois séculos seguintes, uma posi¢ao de
espanhola ao desestimular as atividades agri- liderang¢a na economia européia, adotando
colas e manufatureiras. Tornando-se cada vez medidas mercantilistas peculiares.
mais dependente de importagdes, a Espanha Na Franca dos Bourbons, desde os minis-
nao conseguiu manter ao longo do tempo tros Sully e Laffémas, de Henrique IV (1589-
saldos positivos em sua balan¢a comercial. 1610), a Richelieu, de Luis XIII (1610-1643), o
Além disso, a abundancia de ouro e Estado incentivou a produc¢do e o comércio,
prata, aumentando o volume monetario, pro- bem como a constru¢ao naval. Entretanto, foi
vocou, no século XVI e principalmente no no reinado de Luis XIV (1661-1715), sob a
XVII, uma extraordinaria eleva¢ao nos precos, orientagao do ministro das finangas, Colbert,
que se generalizou por toda a Europa, que a intervenc4o estatal foi severa e siste-
favorecendo os Estados produtores, como matica. Estimulou-se a produgao manufatu-
Franga, Inglaterra e Holanda e respectivas reira, especialmente de artigos de luxo (jdias,
burguesias comerciais e manufatureiras, que méveis, porcelanas, rendas, sedas, etc.), mui-
ampliavam seu processo de entesouramento tos deles produzidos pelas manufaturas reais,
e capitaliza¢ao. de propriedade do Estado. Nessa €poca, a
Assim, ja no final do século XVII, quem Franga tornou-se famosa pela excelente qua-
liderava economicamente a Europa nado eram lidade de seus produtos, conquistando o mer-
mais os paises ibéricos, mas as na¢des que se cado externo.
voltaram para 0 comércio e para a produ¢gao Na Inglaterra, desde os Tudor até os
como meio de entesouramento. Stuart, o Estado adotou diversas medidas de
prote¢do ao comércio maritimo, como o
A espiral dos pregos do século XVII estimulo 4 constru¢do naval e a criacdo de
leis proibindo que navios estrangeiros reali-
eile ieéculo XVII foi um periodo ape zassem 0 transporte de produtos da metrdpole
imensa instabilidade de pregos, de altas — e das coldnias inglesas. Dessa forma, além de
e baixas gigantescas. A ampliacao do evitar os enormes gastos com os fretes pagos
mercado consumidor € o crescente au- aos estrangeiros, impedia-se a evasdo de
mento do meio monetario (ouro é prata) moeda para o exterior, permanecendo todo
impulgionaram 0s pregos. “As altas de- o lucro do comércio no pais.
masiado rapidas e acentuadas restrin- Esses Atos de Navegacao, como eram
gem oO consumo, acarretam crises nas chamados, foram decisivos para 0 desenvol-
vendas, causam embaracos e sofrimen- vimento comercial da Inglaterra, que assim
tos. Os mais sdlidos empresarios nem pdde desbancar seus concorrentes, especial-
sempre conseguem aproveita-las, com- mente os holandeses, que até entao domina-
pensando a diminuigao dos negocios com vam o transporte maritimo europeu e colonial.
o aumento dos lucros, efetuando acumu-
lagdes de capitais para prosseguir em
“Ato de Navegagao Inglés, de 1660.
- seus investimentos.”
. MOUSNIER, Roland. Histéria geral das Para o processo do armamento
civilizagdes. O século XVI e XVII. Livro 1. maritimo e da navegagao, que sob provi-
Sao Paulo, Difel, 1975. p. 180. déncia e protegao divina interessam
tanto a prosperidade, a seguranga e ao
poderio deste reino [...] nenhuma merca-
O mercantilismo dos séculos XVII doria sera importada ou exportada dos
e XVIII paises, ilhas, plantagoes ou territorios
pertencentes a Sua Majestade ou em
Ainda no século XVI, Franga e Inglaterra possessves de Sua Majestade, na Asia,
criaram medidas protecionistas e subvengdes América e Africa, noutros navios senZo
as manufaturas que lhes permitiram assumir,
181
A IDADE MODERNA
182
A EXPANSAO MARITIMA EA
REVOLUCAO COMERCIAL
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esde o inicio da Baixa Idade Média, Além disso, os mercadores eram obrigados a
as cidades italianas dominavam co- pagar pesadas tarifas aos senhores feudais
mercialmente o Mediterraneo, mo- pelo direito de atravessar suas propriedades, o
nopolizando a distribuigaéo dos produtos que elevava o preco final das mercadorias.
orientais no continente europeu. Percorrendo Assim, as antigas rotas terrestres e fluviais
rotas terrestres e fluviais, os mercadores de acabaram entrando em colapso, sendo lenta-
Veneza, Génova e outras cidades da penin- mente substituidas por rotas maritimas, que
sula Italica dirigiam-se as feiras de Champa- passaram a ligar a Italia ao mar do Norte
nhe e de Flandres, onde realizavam seus através do oceano Atlantico.
neg6cios com os comerciantes do norte da Foi nesse quadro que o litoral portugués
Europa.
assumiu importancia. Como ficasse aproxi-
madamente na metade do percurso entre a
Italia e o mar do Norte, Portugal passou a
constituir um excelente ponto de escala e de
abastecimento para os mercadores italianos e
flamengos. Com isso, as atividades econdmi-
cas do pais se desenvolveram, possibilitando
a ascensdo do grupo mercantil portugués,
que, mais tarde, fortalecido, projetaria a
expansdo maritima.
A propria monarquia lusitana, sob a di-
nastia de Avis, percebendo a importancia do
desenvolvimento do comércio para o progres-
so do pais eo fortalecimento do Estado, passou
a estimular as atividades mercantis. Uma das
medidas de incentivo adotadas pelo governo
foi a criagao da Escola de Sagres, um centro de
Pelo fervilhante porto de Génova passavam mercadorias das
sistematizac¢ado e ensino dos conhecimentos e
regides mais longinquas do Oriente. técnicas de navega¢ao, dirigida pelo infante
D. Henrique, filho do rei D. Joao I.
Entretanto, a crise iniciada no século XIV, O mundo europeu nessa época, abalado
decorrente da Guerra dos Cem Anos, da pela crise do feudalismo, procurava se rees-
propagacao da peste negra e das proprias truturar economicamente. Ao mesmo tempo,
limitag6es do sistema feudal, afetou profun- as minas de metais preciosos — tao necessa-
damente o comércio europeu. As tradicionais rios para o desenvolvimento do comércio —
rotas de comércio ja nao ofereciam seguran¢a haviam praticamente se esgotado no Velho
contra os assaltos, cada vez mais freqiientes. Continente e 0 mercado consumidor dos
1835
A IDADE MODERNA
produtos orientais era cada vez mais limitado, continuava fragmentado em uma série de
pois os pregos dessas mercadorias tornaram- reinos alemaes e em reptblicas italianas,
se excessivamente altos. O monopdlio italia- estas Ultimas interessadas na manuten¢do da
no para obté-las em Constantinopla ou Ale- supremacia do comércio do Mediterraneo.
xandria e o grande ndmero de intermediarios Fragmentadas também estavam as regides da
na distribuigao elevavam demasiadamente o Bélgica e da Holanda, as chamadas Provin-
preco final, constituindo uma séria barreira ao cias dos Paises Baixos.
crescimento econémico.
184
A EXPANSAO MARITIMA E A REVOLUCAO COMERCIAL
e de ilhas do Atlantico. A partir da segunda coberta de uma nova rota para as Indias e a
metade do século XV, os navegantes a servico possibilidade de adquirir os produtos orien-
do reino de Portugal j4 haviam adquirido os tais por pregos bem mais baixos trans-
conhecimentos nduticos necessdrios para rea- formaram-se no principal objetivo do Estado
lizar viagens mais audaciosas. Assim, a des- portugués.
185
A IDADE MODERNA
1E-To)
A EXPANSAO MARITIMA E A REVOLL
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A Revolucao Comercial
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188
O RENASCIMENTO CULTURAL
s transformagdes socioecondmicas
gem ee Aereeg a luz,na gee. nas
iniciadas na Baixa Idade Média e
artes, nao ciéncias, no -exército, na
que culminaram com a Revolucdo
plastica, a idéia de Renascimento
Comercial na Idade Moderna afetaram todos
Roland, Histéria geral das aileaeee. 7
os setores da sociedade, ocasionando inclu- NEG
yo. 0s séculos XVIe VII.ie or al
sive mudangas culturais. Intimamente ligadas
a expansdo comercial, a reforma religiosa e
ao absolutismo politico, as transformacédes O Renascimento nao foi, como o termo
culturais dos séculos XIV a XVI — movimento pode evocar a principio, uma simples reno-
denominado Renascimento cultural — esti- va¢ao da cultura classica e muito menos um
veram articuladas com o capitalismo comer- renascer cultural, como se antes nao houves-
cial. se cultura. Apenas inspirou-se na Antiguidade
Primeiro grande movimento cultural bur- Classica, sobretudo no antropocentrismo, a
gués dos tempos modernos, 0 Renascimento fim de resgatar valores que interessavam ao
enfatizava uma cultura laica (nao-eclesidasti- novo mundo urbano-comercial. Propria das
ca) e racional, sobretudo nao-feudal. Entre- mudan¢as em curso e da nega¢ao do periodo
tanto, embora tentasse sepultar os valores da anterior foi a denominagdo, dada entéo a
Igreja catdlica, apresentou-se como um en- Idade Média, de “Idade das Trevas’’.
trelagamento dos novos e antigos valores, Descartando a imensa produgao cultural
refletindo o carater de transi¢ao do perfodo. do periodo anterior, o Renascimento caracte-
Buscando subsidios na cultura greco-romana, rizou-se por ser essencialmente um movi-
o Renascimento foi a eclosdo de manifesta- mento anticlerical e antiescolastico, pois a
¢6es artisticas, filosdficas e cientificas do cultura leiga e humanista opunha-se a cultura
novo mundo urbano e burgués. eminentemente religiosa e teocéntrica do
mundo medieval.
No conjunto da produ¢ao renascentista,
a he termo Renascimento —
comegaram a sobressair valores modernos,
Pea OChiLico. de arte Giorgio Vasari foi, burgueses, como o otimismo, o individualis-
muito provavelmente, z
a primeira pessoa a mo, 0 naturalismo, o hedonismo e o neopla-
ugar a palavra Renascimento — isto em tonismo. Mas o elemento central do Renasci-
i 1550 - » para designar uma situagao mento foi o humanismo, isto é, o homem
ae jateinaniente: distinta da ldade Média. como centro do universo (antropocentrismo),
is “Vasari fazia a sintese de todo o movi- a valorizacao da vida terrena e da natureza, o
“mento
de idéias que se enriquecera e humano ocupando o lugar cultural até entao
_‘ precieara desde Petrarcae no qual ele dominado pelo divino e extraterreno.
S. “proprio crescera: idéias de despertar, de Com o humanismo abandonava-se 0 uso
ressurreigao, de je oie igs delei de conhecimentos classicos tao-somente para
provar dogmas e verdades religiosas, descar-
189
A IDADE MODERNA
190
O RENASCIMENTO CULTURAL
Fases do Renascimento
aaa eee
191
A IDADE MODERNA
em sua obra épica, De Africa, marcantes Deu aos seus trabalhos realismo, volume
tracos dos cldssicos greco-latinos. Apesar e peso, tomando da arquitetura e da escultura
disso, em algumas obras, como nos poemas alguns de seus principios basicos. Conseguiu
Odes a Laura, evidenciava-se ainda uma forte transportar para suas telas a geometria em
religiosidade crista medieval, aliada ao trova- perspectiva do arquiteto Brunelleschi e do
doresco das cancées dos cavaleiros do século escultor Donatello. Suas pinturas mais famo-
XIll. Boccaccio € o autor de Fiammetta, sas sao A expulsdo de Addo e Eva do paraiso,
Filistrato e Decameron, conjunto de contos Tributo, Distribuigéo de esmolas por Sao
que ressaltam o egoismo, 0 erotismo e 0 anti- Pedro e Hist6rias de Ananias.
clericalismo, desprezando os ideais ascéticos Sandro Botticelli (1445-1510) foi outro
do periodo medieval. destaque da pintura renascentista. Suas obras
apresentam figuras leves, teénues, quase imate-
riais. Traduz uma convic¢ao pessoal de que a
O Quattrocento - século XV
arte é antes de tudo uma expressdo espiritual,
O entusiasmo pela cultura greco-romana religiosa, simbdlica. Seus personagens buscam
fez renascer, na literatura desse perfodo, as a beleza neoplat6nica e alcangam, em Nasci-
linguas classicas e o paganismo. Em Florenga, mento de Vénus, a unido entre 0 paganismo
foi criada a Escola Filosdfica Neoplatonica, classico e o cristianismo. A nudez brilhante da
com 0 patrocinio do mecenas Louren¢go de deusa do amor nao sugere o amor fisico, mas a
Médici. Na pintura, tiveram grande importan- inocéncia, como que nascendo purificada das
cia os artistas de Florenga, que introduziram a aguas do Batismo. Além de Nascimento de
técnica a 6leo. Dentre eles, podemos destacar Vénus, suas telas mais famosas sao Alegoria da
Masaccio (1401-1429), que, embora tenha primavera e Fallade e o centauro.
tido uma breve passagem pelo cenario artis-
tico de Florenga, influenciou a pintura ao
romper com resquicios da arte medieval,
chamados de ‘‘g6tico tardio”’.
Sao
Pedro.
or
Nascimento
Botticelli,
Vénus
de
(detalhe).
Masaccio,
de
Distribuigao
esmol.
192
O RENASCIMENTO CULTURAL
193
A IDADE MODERNA
No final do século XVI, o Renascimento cial europeu. Por outro lado, os novos centros
italiano entrou em vertiginosa decadéncia, comerciais que emergiram impulsionaram os
pois a expansdo maritima e as grandes valores renascentistas surgidos na Italia.
descobertas, quebrando 0 monopélio comer- Ao mesmo tempo, emergiu na Italia a
cial italiano no Mediterraneo, transferiram Contra-Reforma, rea¢do catélica a movimen-
para o Atlantico o eixo econdmico e comer- tos protestantes que teve em Roma seu centro
194
O RENASCIMENTO CULTURAL
Paises Baixos
O progresso comercial dos Paises Baixos Erasmo de Rotterdam buscou humanizar o cristianismo.
195
A IDADE MODERNA
cordeiro, obra executada com a nova técnica _ sepultura e de retratos de importantes perso-
a 6leo. Sobressaiu também a pintura de Pieter nagens da época, como Henrique VIII, Eras-
Brueghel, que se singularizou pelo aspecto moe Thomas Morus.
social impresso em suas telas, em que apare-
cem homens do povo e festas populares,
como casamentos e feiras de aldeia. Desta-
cam-se O alquimista, Banquete nupcial,
Dan¢a campestre, Os cegos.
Outro grande pintor do perfodo foi
Bosch, cuja obra é considerada, no minimo,
como algo inquietante, um verdadeiro calei-
doscépio, por exprimir sensagdes que beiram
o fantastico, os mistérios da mente humana,
numa antevisdo do surrealismo — escola (detalhe).
Auto-retrato
Durer,
Albrecht
Inglaterra
196
O RENASCIMENTO CULTURAL
Foi com 0 teatro de William Shakespeare A Espanha viveu do século XVI ao XVII
(1564- 1616), entretanto, que a Inglaterra mais um clima antagonico: de um lado, as riquezas
se evidenciou no Renascimento. Suas tragé- das grandes navega¢g6es, que poderiam favo-
dias conseguem traduzir verdades eternas, recer o desenvolvimento cultural; de outro, o
espelhando um génio com liberdade de espi- cristianismo, que o bloqueou com o movi-
rito e descrenga nos dogmas. Nelas, o drama mento da Contra-Reforma. Mesmo_nesse
psicoldgico faz vir a tona a intensidade da alma contexto contraditério, despontaram artistas
humana com todas as suas multiplas faces. como o pintor Domenikos Theotokopoulos,
conhecido como El Greco (1541-1614), cujas
mais célebres telas sio O enterro do conde
Orgaz e Vista de Toledo sob a tempestade.
desconhecido
Artista
Greco,
El
O
conde
do
Orgaz
de
(detalhe).
enterro
As obras de Shakespeare estao ainda hoje presentes no teatro
e no cinema.
O
flautista.
Brugghen,
Ter
Portugal
198
O RENASCIMENTO CULTURAL
O Renascimento cientifico
ee 7 NG a rin an ee]
199
A REFORMA RELIGIOSA
ee
ap
século XVI foi marcado pelo surgi- e a conseqiiente forma¢ao de uma conscién-
mento de novas religides cristas, que cia nacional colocavam em antagonismo o
acabaram com a hegemonia politica poder politico dos reis e o poder da lgreja.
e espiritual da Igreja catdlica e abalaram a
autoridade do papa. Esse processo de divisdo
do cristianismo denominou-se Reforma e as
novas igrejas, protestantes. A reacao da Igreja
catélica a essas novas religiGes cristas cha-
mou-se Contra-Reforma.
A Reforma protestante foi um movimento
religioso de adequa¢ao aos novos tempos, ao
desenvolvimento capitalista; representou no
campo espiritual o que foi o Renascimento no Afresco
1355.
Firenze,
de
Andrea
plano cultural: um ajustamento de ideais e
valores as transformacdes socioecondmicas
da Europa.
Reforma
Pee Ge 7 ee | Do ponto de vista socioeconémico, o
progresso do capitalismo comercial era preju-
O desenvolvimento dos Estados nacio- dicado pelo tomismo — doutrina de Sao Tomas
nais agravou sobremaneira as relagdes entre de Aquino que preconizava o “justo preco” e
os reis, que tiveram seu poder politico au- condenava a usura, inibindo o progresso
mentado, e a lIgreja, que detivera até entao burgués e mercantil. Ao se exigir que a
grande parcela do poder temporal. mercadoria fosse vendida a “justo preco’”’, ou
Durante o feudalismo, a Igreja fora a seja, pelo valor da matéria-prima utilizada
maior detentora de propriedades em varios acrescido do valor da mao-de-obra, desarma-
paises da Europa, que eram obrigados a re- va-se a mola mestra do sistema comercial: o
meter vultosos tributos para Roma. No pro- lucro. E ao se condenar a usura — acumula¢ao
cesso de formag¢ao das monarquias nacionais, de capital com a cobranga de juros —, amea-
a Igreja passou, entao, a ser considerada em ¢ava-se a atividade bancaria, que se expandia
cada Estado um empecilho ao desenvolvi- e ganhava solidez. Assim, os ideais dos novos
mento econdémico, além de personificar a grupos que surgiam e se dedicavam as
propria estrutura feudal decadente. Dessa for- atividades produtivas capitalistas se choca-
ma, o desenvolvimento dos Estados nacionais vam com as teorias religiosas catdlicas,
Aue)
A REFORMA RELIGIOSA
abrindo espa¢go para o surgimento de uma nas heresias dos séculos XI e XII, no Cisma do
religido adequada aos novos tempos. Ocidente (1378-1417) e na desmoralizacao
No campo religioso-espiritual, era cons- da autoridade papal. No século XVI, entre-
tante o confronto de dois sistemas teoldégi- tanto, os abusos eclesidsticos ultrapassaram
cos: 0 tomismo e a teologia agostiniana. A os limites do admissivel pelos cristéos, e a
Igreja catdlica baseava-se no tomismo, teo- crise politica por que passava a Igreja preci-
logia do fim da Idade Média alicergada no pitou o movimento reformista protestante.
livre-arbitrio e nas boas obras. A teologia A causa imediata da Reforma protestante
agostiniana, por sua vez, por prezar a foi a crise moral da lIgreja, cujo poder e
predestinagdo e a fé, serviu de base para abusos contrastavam com suas pregacées.
os reformistas protestantes contrarios a he- Até seus supremos mandatdarios, os papas,
gemonia crista romana. envolveram-se em desmandos: Sisto IV en-
tregou diversos cargos e beneficios eclesiasti-
A predestinagao eo livre-arbitrio cos a seus familiares; Alexandre VI teve
amantes e filhos; Julio II foi mais ativo nas
, Foi na Baixa Idade Média, especial: conquistas militares da Igreja do que em sua
mente com Tomas de Aquino, tedlogo e atividade espiritual; e Leao X nado mediu
-filés0fo catélico do século XIll, que a \greja meios para a obtencdo de recursos para a
rompeu com a concep¢ao fatalista do constru¢ao da Basilica de Sao Pedro.
destino humano, presente na predesti- Em suma, a vida desregrada, a opuléncia
_ Nagao agostiniana. Segundo esta, o e o luxo do alto clero, a venda de cargos
Deus onipotente escolhia, de acordo eclesiasticos, os conflitos em Roma, a venda
com seus BPaaee ag ue iriam de “reliquias sagradas” (lascas da cruz de
Cristo as toneladas, dezenas de tibias do
Saatda
ae destinados ao inferno. jumento de Sao José, etc.) e de indulgéncias
Para. 0 agostinismo a féera o Unico sinal (absolvicao papal a pecados cometidos) trans-
externo que evidenciava a alguem perten- formaram a lgreja em alvo de contundentes
cer ao grupo dos escolhidos a salvagao contesta¢oes.
' eterna, formando com a predestinagao O
bindmio central desea teologia.
‘a aeheiovas concepgao tomista, a do
livre-arbitrio, considerava que o homem
poderia colaborar com Deus no empenho
de conseguir a salvagao, cabendo-\lhe es-
_colher o bem, fazer boas obras, afastan-
do-se do mal. Na teologia tomista a
classe sacerdotal adquiriu grande impor-
tancia, pois sua orientagao era funda-
mental na definigaio, do certo e do errado
em todas as atividades do homem, pos-
sibilitando a este precaver-se do pecado
eé encontrar o bom caminho da salvagao.
201
A IDADE MODERNA
Thomas Morus, que propuseram a depuragao Lutero iniciou suas pregagdes na Univer-
das praticas eclesidsticas e uma reforma sidade de Wittenberg, na Sax6nia, defenden-
interna, feita pelos proprios membros da do a doutrina da salva¢ao pela fé. Em 1517,
Igreja. Mesmo antes disso, entretanto, no final revoltado com a venda de indulgéncias pelo
do século XIV e inicio do XV, as censuras a dominicano Jodo Tetzel, fixou na porta de sua
Igreja ganharam vulto, com John Wyclif, igreja as 95 teses, rol de itens onde criticava o
professor da Universidade de Oxford, e John sistema clerical dominante e apresentava sua
Huss, da Universidade de Praga. O primeiro nova doutrina. Essas teses foram distribuidas
atacou severamente o sistema eclesiastico, a por todo o pais, recebendo apoio da popula-
opuléncia do clero e a venda de indulgéncias, ¢ao, j4 que exprimiam os anseios gerais de
insistindo em que as Sagradas Escrituras eram purifica¢ao crista.
a verdadeira fonte de fé. Wyclif pregava ainda
o confisco dos bens da Igreja na Inglaterra e a Algumas das 95 teses de Lutero
ado¢gao pelo clero dos votos de pobreza
material do cristianismo primitivo. John Huss “2\. Erram os pregadores de indul-
corroborou as afirmagdes de Wyclif, as- gencias quando dizem que pelas indul-
sociando o reformismo religioso ao anseio géncias do papa o homem fica livre de
de independéncia nacional da Boémia diante todo 0 pecado e que esta salvo.
do dominio germanico do Sacro Império. 27. Enganam os homens que dizem
Depois de os hussitas ganharem muitos que, logo que a moeda é langada na caixa,
seguidores e servirem de estimulo a chama a alma voa (do Purgatorio).
nacionalista que produziria sucessivas lutas 335. Deve-se desconfiar daqueles que
regionais, John Huss acabou sendo preso, dizem que as indulgéncias do papa sao
condenado e supliciado na fogueira por um inestimavel dom divino pelo qual o
deciséo do Concilio de Constanga (1415), homem se reconcilia com Deus.
transformando-se no herdi nacional tcheco, 36. Qualquer cristao verdadeira-
simbolo da liberdade politica e religiosa. mente arrependido tem plena remissao
do castigo e do pecado; ela é-lhe devida
sem indulgéncias.
A Reforma na Alemanha 50. E preciso ensinar aos cristaos
Oeee ee qué, S€ 0 papa conhecesse as usurpagoes
dos pregadores de indulgéncias, ele pre-
A Reforma protestante iniciou-se na Ale- feriria que a Basilica de Sao Pedro de-
manha — parte do Sacro Império Romano-Ger- saparecesse em cinzas a vé-la construl-
manico —, regido essencialmente feudal, com da com a pele, a carne € 0S 05508 das
um incipiente comércio no litoral norte. O fato suas ovelhas.
de a Igreja possuir mais de um terco do &6. Por que é que o papa [...] nao
territ6rio alemao despertou a ambicdo dos no- constréi a Basilica de S30 Pedro com seu
bres, que passaram a cobicar as terras ecle- proprio dinheiro e nao com o das suas
siasticas. Esse fato, aliado a patente imora- ovelhas?
lidade da lIgreja, despertou o desejo pela ¥
95. E preciso exortar os cristaos a
autonomia em relacdo a Roma, iniciando-se
esperar entrar no céu mais por verdadei-
assim os movimentos que levariam a Reforma. ra peniténcia do qué por uma iluséria
A lideranga do movimento na Alemanha
tranqililidade de espirito.”
coube ao frade agostiniano Martinho Lutero
(1483-1546), que defendia a teoria da pre-
destina¢do, da fatalidade da salvagdo, negan-
do os jejuns apregoados pela Igreja, as Em 1520, 0 papa Leao X, por meio de
indulgéncias e outras praticas religiosas entao uma bula, condenou Lutero e intimou-o a se
em uso. retratar, sob pena de ser considerado herege.
202
A REFORMA RELIGIOSA
Lutero, em resposta, queimou a bula papal Suas pregacoes traziam de volta o milena-
em pra¢a publica, sendo excomungado e rismo, a crenca popular cristaé baseada em
devendo se submeter a um tribunal secular. profecias e predi¢ées do inicio do cristianismo
Contudo, o imperador catdlico Carlos V, que se prolongariam até a Idade Média. Essa
recém-eleito pelos nobres, nado teve condi- cren¢a dizia que o Cristo voltaria uma segunda
¢des de punir Lutero, dada sua popularidade vez, combatendo os males e instituindo o reino
e 0 apoio dos prdprios principes. de Deus na terra, com a duragao de mil anos, e
Carlos V convocou entéo uma assem- no fim haveria a ressurreigdo dos mortos e o
bléia, a Dieta de Worms, a qual comparece- Juizo Final. Condenado como heresia pela
ram todos os governantes do Sacro Império, Igreja medieval, o milenarismo renascido dos
para julgar Lutero. Negando-se a se retratar, anabatistas acreditava também no estabeleci-
foi considerado herege, mas, por contar com mento de uma sociedade igualitaria, justa e
0 apoio da nobreza, nao foi punido. Refugia- sem hierarquia, sendo Miinzer e Florian Geyer
do no castelo de Wartburg, sob a protecao do seus principais lideres.
principe da Sax6nia, Lutero traduziu a Biblia Lutero condenou violentamente esses
latina para o alemao, tornando-a o primeiro camponeses, movendo contra eles uma guer-
documento escrito em lingua alema moderna. ra sem trégua, o que demonstrava seu com-
prometimento com a nobreza alema. Para ele,
os anabatistas foram considerados ‘‘saquea-
dores e assassinos”’, e estavam infringindo as
leis de Deus, devendo ser tratados como
“caes raivosos’’. A violenta repressao dos
principes alemaes contra os camponeses re-
sultou na morte de mais de cem mil pessoas e
na execucdo de seus lideres, impondo a li-
deran¢a religiosa de Lutero na Reforma alema.
(detalhe).
Lutero
Cranach,
Lucas
203
A IDADE MODERNA
O Consistorio
Calvino transformou Genebra na Ro-
ma dos protestantes, fundindo o politico
é 0 religioso sob o controle do Consisté-
rio. Com poderes ilimitados, esse orgZo
vigiava 0S costumes dos cidadaos, obri-
gando-os a assistir aos servigos do culto
é a participar da comunhdo. Suas deci-
Entrega do acordo de Augsburgo pelos principes germanicos
ao imperador Carlos V (observe o canto esquerdo desta
s0e5 eram implacaveis e denominavam-se
gravura da época). “ordenacgoes eclesiasticas”.
A REFORMA RELIGIOSA
Oleo
Rembrandt.
de
Para Calvino e seus seguidores, servir ao Senhor e glorifica-lo constituia a misséo primordial do homem.
Henrique
Holbein,
Hans
VIII.
Henrique VIII, fundador da Igreja protestante inglesa, e duas de suas seis esposas (Catarina de Aragao e Ana Bolena).
ZETIA Goi Ye =
Proibiu, por outro lado, a venda de
indulgéncias — causa imediata da Reforma —
oe varow
Le, a e determinou a criagao de seminarios para a
Kat)
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chamada de Tribunal do Santo Officio, foi
reativada. Em nome de Cristo e sob o pretexto
de combater os hereges, a Inquisi¢ao conde-
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ANN nou a tortura milhares de pessoas. Nessa
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época foi criado também o Index, lista de
Se ol
’» livros proibidos pela Santa Igreja, que dificul-
tou o progresso cultural e cientifico no mundo
PIRI1A zg .\ a
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moderno:
O index teve em sua relacdo, além de
Gravura do século XVI mostrando a queima das obras de
Lutero. livros religiosos, como os luteranos e calvi-
A IDADE MODERNA
nistas, obras cientificas e culturais, de Ma- Tao ou mais graves e vis foram as
quiavel, Copérnico, Galileu, Newton e mui- técnicas de tortura aplicadas pela Inqui-
tos outros. A lista era constantemente atuali- sigdo, como queimar as plantas dos pés
zada com novos titulos proibidos. do interrogado, estragalhar os musculos
e carnes de todo o seu corpo ou aplicar
Galileu: “Eppur si muove” um ferro em braga em Sua boca. A varie-
Galileu foi condenado pela Inquisi¢ao dade e sofisticagao das pegas de tortu-
e 50 no foi executado na fogueira por ra criadas para a Inquisigao demonstram
renegar suas proprias idéias. Defendendo a importancia dada ao suplicio como for-
o heliocentrismo de Copérnico, viu-se ma de redengao dos condenados. Comu-
obrigado a abjura-lo, afirmando que “foi mente um médico acompanhava os inqui-
portanto um erro meu, e o confesso, de gidores para indicar o grau de tortura
uma va ambigdo e de pura ignorancia e que o “pecador” poderia ainda suportar.
inadverténcia”, sendo condenado apenas “O Santo Oficio da Inquisigao, que
a prisdo. Diante do tribunal e da renega- queimou Giordano Bruno e perseguiu
cao de principios tao caros a sua crenga, Galileu, denomina-se hoje Sagrada Con-
Galileu, acredita-se, teria dito a si mes- gregagao para a Doutrina da Fé. Essa
mo, quanto ao movimento da terra girar Congregac&o tem acusado como hereges,
em torno do sol, “Eppur si muove” (“En- advertido e punido numerosos tedlogos
tretanto ela gira”). Somente nos anos 9O contemporaneos.”
do século XX é que Galileu foi perdoado NOVINSKY, Anita. A Inquisigao. S40 Paulo,
Brasiliense, 1982. p. 62.
oficialmente pelo papa Jodo Paulo ll.
Os métodos da Inquisigao
O Tribunal do Santo Oficio, 56 em
Portugal, processou mais de quarenta mil
pessoas, queitnou mais de 1800 nas
fogueiras, além de condenar a varios:
castigos mais de 29 mil, entre as quais
trezentos
; ; brasileiros.
: Na Espanha foram A Inquisi¢ao nao poupou violéncia e crueldade na execucao
penitenciadas mais de 540 mil pessoas. daqueles que eram considerados hereges. Na gravura de
época, execugao do monge Savonarola, em 1498.
ple};
O ESTADO MODERNO -
O ABSOLUTISMO
210
O ESTADO MODERNO - O ABSOLUTISMO
Hobbes justifica o Estado absoluto apon- francés Luis XIV, escrevendo Memorias para a
tando-o como a superacdo do “estado de educa¢éo do delfim e Politica segundo a
natureza’’. Para ele, na sociedade primitiva Sagrada Escritura, obras em que estabeleceu
ninguém estava sujeito a leis, tendo tao-so- o principio do direito divino dos reis, isto é,
mente de satisfazer sua avidez intrinseca pelo do poder real emanado de Deus. Segundo
poder, pelo interesse prdprio. Levando uma Bossuet, a autoridade do rei é sagrada, pois
‘vida solitaria, pobre, grosseira, animalizada ele age como ministro de Deus na terra, e
e breve’, todos estavam permanentemente rebelar-se contra ele é rebelar-se contra Deus.
em guerra entre si —o homem era como “um A teoria de Bossuet influenciou sobrema-
lobo para o homem” (homo homini lupus). neira os reis franceses da dinastia Bourbon,
Numa fase posterior, os homens dotados Lufs XIV, Luis XV e Luis XVI, dando-lhes
da razao, do sentimento de autoconserva¢gdo subsidios para incorporar a no¢ao de ‘‘direito
e de defesa buscam superar esse estado divino’’ a autoridade real. ‘“Aquele que deu
natural de destruigdo unindo-se para formar reis aos homens quis que eles fossem respei-
uma sociedade civil, mediante um contrato tados como Seus representantes”, afirmava
segundo o qual cada um cede seus direitos ao Luis XIV.
soberano. Dessa forma, renuncia-se a todo Outro tedrico absolutista de destaque foi
direito de liberdade, nocivo a paz, em bene- Jean Bodin (1530-1596), autor de A Republi-
ficio do Estado. ca, que defendia a idéia da “soberania nao-
partilhada’’. Para ele, a soberania real nao
pode sofrer restrigdes nem submeter-se a
ameagas, pois ela emana das leis de Deus,
sendo a primeira caracteristica do principe
soberano ter o poder de legislar sem precisar
do consentimento de quem quer que seja.
Wright
M.
de
Quadro
Hugo Grotius (1583-1645), autor de Do
direito da paz e da guerra, trata basicamente
do direito internacional, mas defende tam-
bém o governo despotico, 0 poder ilimitado
do Estado, afirmando que sem ele se estabe-
leceria o caos, a turbuléncia politica.
PAB
A IDADE MODERNA
212
O ESTADO MODERNO - O ABSOLUTISMO
213
A IDADE MODERNA
| Império de Carlos V
O apogeu da dinastia Habsburgo deu-se sob o reinado de Carlos V (1519-1556). A Franca dos Bourbons viu-se cercada por esse
poderio e entrou em choque com essa dinastia pela hegemonia européia.
XVII surgir o racionalismo em oposig&o ao que a vida era absurda. Absurda era a
barroco. sociedade que ele denunciava. Um dos
A clareza cartesiana que arma o grandes temas é a impunidade. Pois é a
homem para ver limpamente o mundo é impunidade que fabrica o impostor. Mo-
um ato de contestagao ao Estado liére recugava a moral convencional fun-
absoluto. z dada na hipocrisia — no “tartufismo”. E é
Tudo na Franga no século XVII é an- esta recusa que situa Moliére no centro
gistia: a de Pascal, siderado pelo Silencio do mundo moderno.”
dos Espagos Infinitos, a de Racine, situ- In: Folheto da pega Tartufo, 0 pecado de Moliére.
ando o homem entre um universo mudo e Diregao de Jodo Albano.
um Deus oculto, € o rio de Moliére, que
fez toda a Franga compreender a farsa
que lhe impunha o absolutismo, ao fazé-lo
Na politica externa, buscando garantir
crer que vivia uns novos tempos, quando, sua hegemonia territorial, Luis XIV envolveu a
na verdade, nao se libertara da heranca Franca em confrontos militares que abalaram
feudal. : as finangas do Estado. Para solucionar suas
O Tartufo nao é 36 um libelo contra dificuldades financeiras, mantinha a politica
08 jesuitas, o clero, 08 jansenistas e€ sua de aumento de impostos, descontentando a
rigidez calvinista. E também um libelo burguesia e atraindo criticas e oposi¢ao.
contra a hipocrisia, onde quer que com Em 1685, fiel ao seu carater despdtico e
ela nos queiram mistificar, enganar. Ja se fundamentado no principio ‘‘um rei, uma lei,
disse que Moliére escreveu com um dés- uma fé’’, Luis XIV reformulou a politica reli-
pota olhando por cima de um dos seus giosa nacional, revogando o Edito de Nantes.
ombros e€ o clero por cima do outro. De- A perseguicao religiosa desencadeada levou
frontando-se com o mundo do poder sem milhares de huguenotes, em geral burgueses,
freios, Moliére jamais renunciou a sua a emigrar, arruinando a economia mercantil e
lucidez. Em nenhum momento inginuou abrindo espago as primeiras criticas ao regi-
me absolutista.
O palacio de Versalhes
transformou-se no centro
da vida cortesa francesa, a
partir do reinado de Luis
XIV.
A IDADE MODERNA
Rigaud
anénimo.
Artista
Luis XIV, o Rei Sol, personificou o auge do absolutismo Maria Tudor passou 4 histéria como Bloody Mary (Maria, a
francés. Sanguindaria).
216
O ESTADO MODERNO - O ABSOLUTISMO
Os governantes Stuart
218
O ESTADO MODERNO - O ABSOLUTISMO
A execu¢do de Carlos | marcou um fato Oliver Cromwell liderou o nico periodo republicano da
Inglaterra.
inédito na historia européia, pois, pela pri-
meira vez, um monarca foi executado por
ordem do Parlamento e nao por intrigas Apos a morte de Cromwell (1658), ini-
palacianas. Ao tomar essa decisdo, a socie- ciou-se um periodo de instabilidade e de lutas
dade, representada pelo Parlamento, sepulta- internas, até que o Parlamento voltou a reu-
va um principio politico central do Estado nir-se, decidindo pelo restabelecimento da
moderno: a idéia da origem divina do rei e de monarquia, com o retorno da dinastia Stuart.
sua incontestavel autoridade. A guerra civil
inglesa fomentou novas idéias, que prenun- A volta dos Stuart e a Revolucao
ciavam os acontecimentos do século se- Gloriosa (1688-1689)
guinte, o ‘Século das Luzes’’, langando as
bases politicas do mundo contemporaneo. Carlos Il (1660-1685), filho de Carlos | e
Inicialmente, Cromwell governou a Ingla- educado na corte de Luis XIV, era simpati-
terra com 0 apoio do Parlamento, composto zante do catolicismo e tentou restabelecer o
em sua maioria de puritanos — os calvinistas absolutismo na Inglaterra. Diante das preten-
219
A IDADE MODERNA
No i)
O ESTADO MODERNO - 0 ABSOLUTISMO
PP.
O MUNDO COLONIAL
(detalhe).
229
mentos da América, uns advindos da incons- mente facil entre os dois continentes para o
ciéncia e outros, da ignorancia. ndmade homem paleolitico.
Contudo, vestigios humanos bem antigos
A “‘passagem’’ de Bering, tida como a
espalham-se por todo o continente, alguns
mais antiga rota da chegada do homem a anteriores a trinta mil anos, tanto na América
América, associa-se a varios fatores, es- do Norte quanto na América do Sul, manten-
pecialmente a estreita proximidade entre os do diversas incdgnitas desse primeiro periodo
dois continentes (Asia-América) naquele lo- humano da América.
cal. Acredita-se que a glaciacao (fendmeno No Brasil, existem evidéncias da presen-
climatico de longa duragao, representado ¢a humana muito antigas, algumas ainda em
pela diminuigdo intensa das temperaturas fase de estudo e reconhecimento internacio-
por varios séculos e pelo aumento das massas nal, como as da regido do municipio de
de gelo nos continentes, com rebaixamento Central, na Bahia, e nas proximidades do
do nivel do mar em mais de 100 metros) municipio de Sao Raimundo Nonato, no
tenha levado a um recuo das aguas no Parque Nacional da Serra da Capivara, Toca
estreito, permitindo uma passagem relativa- da Pedra Furada, estado do Piaui.
Boqueirao da Pedra
Furada-Piaui/BR
El Cedral-México (48 000)
(33 300)
Monte Verde-Chile
(33 000)
Nao sao poucos os especialistas que defendem a chegada do homem a América antes mesmo de 100000 a.C. Das varias rotas
possiveis (mapa acima), a que passa por Bering é quase sempre a mais enfatizada. Porém, é possivel que varios caminhos
tenham sido utilizados pelo homem pré-histérico, ficando a incerteza quanto a sua confiabilidade. Observe também a
localizacao de varios sitios arqueologicos em todo o continente americano.
O MUNDO COLONIAL
229
=== Estradas imperiais |
OCEANO
ATLANTICO
[i Area de dominacao
asteca
| Ga Area cultural maia
_| Império Asteca
A andina central e a meso-americana foram as regides amerindias mais brilhantes do periodo pré-colombiano.
226
O MUNDO COLONIAL
VIA
A IDADE MODERNA
228
O MUNDO COLONIAL
2350)
O MUNDO COLONIAL
231
A IDADE MODERNA
Hernan Cortez, no México, Francisco De 1503 a 1660, a Espanha tirou da América toneladas de
ouro e de prata e a vida de milhGes de nativos.
Pizarro e Diogo Almagro, no Peru, foram os
conquistadores espanhdis que, devido a vio-
l€ncia e extensdo de suas conquistas, marca- A encomienda, sistema mais usado, con-
ram mais fortemente o inicio do processo de sistia na exploragao dos nativos como servos
colonizagao dos territérios espanhdis na nos campos e nas minas. A Coroa encomen-
América. dava a captura de indigenas a um interme-
Efetuada a conquista, a exploracao de diario - 0 encomendero - e os distribuia aos
ouro e principalmente de prata passou a ser o colonizadores, que recebiam o fndio como
eixo da colonizagdo espanhola, durante os seu servo. A serviddo era justificada como um
séculos XVI e XVII. México, Peru e Bolivia pagamento de tributos, feito pelos indios em
respondiam pela produ¢do de metais precio- forma de servicos, por receberem prote¢do e
sos, enquanto, simultaneamente, outras re- educa¢ao crista. QO encomendero, por sua
gides se integravam ao sistema econdmico vez, transferia parte dos tributos para a Coroa.
colonial como produtoras de bens agricolas Organizada com base na explora¢ao esta-
(Chile), criadoras de animais de tragéo, como belecida pelo mercantilismo metropolitano, a
mulas, e produtoras de tecidos (Argentina), sociedade colonial apresentava no topo da
entre outras. escala hierdrquica os chapetones, espanhdis
A produ¢ao colonial foi organizada a da metrépole que ocupavam altos postos
partir da explorag¢ao da mao-de-obra indige- militares e civis (justiga e administragdo), e o
na. Uma das formas de utilizagao dos nativos clero. A aristocracia colonial era constituida de
era a mita, pela qual os indigenas eram espanhdis nascidos na América, os criollos,
tirados de suas comunidades para trabalhar grandes proprietarios e comerciantes que, por
nas minas por um prazo determinado e sob constituirem a elite colonial, participavam
252
O MUNDO COLONIAL
das camaras municipais, denominadas cabil- sistema de “porto Unico”, ou seja, toda
dos (ou ayuntamientos). Abaixo deles, vi- transagao colonial de comércio deveria, ne-
nham os mesticos, individuos nascidos de cessariamente, passar por determinado porto
espanhdis com indigenas, que eram em geral na metrdpole — inicialmente foi Sevilha e,
capatazes, artesdos e administradores; em se- depois, Cadiz. Esse porto recebia as merca-
guida, totalmente subjugados aos brancos, dorias vindas dos portos autorizados na
estavam Os escravos negros, numericamente colénia, que eram Vera Cruz (México), Porto
insignificantes, exceto nas Antilhas, e os Belo (Panama) e Cartagena (Col6mbia). Dessa
indios, 0 grupo mais populoso, submetidos a forma, a metrdpole espanhola tinha o con-
mita e a encomienda. trole quase absoluto do comércio realizado
Chamava-se Conselho Real e Supremo com suas ricas colénias americanas.
das Indias 0 6rgao controlador da coloniza-
¢ao, centralizado na Espanha e representado A estrutura administrativa das coldénias
nas coldnias pelos chapetones. Os negocios e espanholas dividia o territ6rio em quatro vice-
a arrecada¢ao de impostos cabiam as Casas reinados — de importancia econdmica — e
de Contratacao, e as ligacdes comerciais algumas capitanias gerais, que constituiam
entre metrépole e colénia se faziam pelo areas estratégicas. Veja no mapa:
CAPITANIA-GERAL
DO CHI
233
A IDADE MODERNA
A América inglesa
ae aa ae ee ea
~ bunal, pedira que todos tremessem dian- za¢ao progressiva, ao contrario do que acon-
te de Deus. O nome quaker, dado inicial- teceu no sul, onde houve uma extroversdo
mente por cagoada, foi, depois, emprega- econdémica, com a produ¢do visando somen-
. do orgulhosamente pelos adeptos. ie
te ao mercado externo e vivendo em fun¢ao
dele.
# AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral. Diciondrio de
nomes, termos e€ conceitos histéricos. Rio de
Janeiro, Nova Fronteira, 1990. p. 325.
235
A IDADE MODERNA
2356
produtos
derivados de
baleia, peixes
peles, madeiras,
peixes, suprimentos
navais
INIAS
ma” tabaco, madeiras
Territ6rios
Francés
| [J Espanhol
Portugués
| GB Holandés A América foi cobigada por varias
| [3] Russo nagées européias, que estabeleceram
seus dominios em pontos diversos do
| (239 Britanico (em 1763)
continente, gerando guerras, conflitos
de fronteiras, acordos e negociacées.
“Penso, logo existo”, frase de Descartes (a esquerda), para quem a divida seria 0 ponto de partida do racionalismo. Newton (a
direita) criou os fundamentos matematicos da lei da gravitagao universal.
240
O ILUMINISMO E O LIBERALISMO POLITICO
riormente por Locke. Em Cartas persas, Mon- portanto, todos 0s assassinos sao pu-
tesquieu satiriza severamente as estruturas
nidos, a nao ser que o fagam em larga
sociais européias e ironiza os costumes
escala e ao s0m das trombetas”. Ao de-
vigentes durante o reinado de Lufs XIV. Para
fender um governo esclarecido, um Esta-
ele, ndo cabia ao Estado realizar os planos
do burgués, Voltaire, entretanto, via a
divinos, mas garantir aos cidadaos a liberda-
de, por meio de uma divisdo equilibrada dos massa popular da seguinte forma: “O po-
poderes: ‘‘[...] tudo estaria perdido se o vo tolo e barbaro precisa de uma canga,
mesmo homem ou a mesma corporac¢ao [...] de um aguilhdo e feno”. Em relagao a
exercesse esses trés poderes: o de fazer leis, o liberdade de pensar é exprimir, afirmava:
de executar as resolugdes ptiblicas e o de “Ndo concordo com uma Unica palavra do
julgar os crimes ou as desavengas dos parti- que dizeis, mas defenderei até a morte o
culares’’. E completava que ‘’s6 se impede o vosso direito de dizé-lo”. Condenando a
abuso do poder quando pelas disposi¢des das irracionalidade das infindaveis guerras de
coisas s6 0 poder detém o poder’’. sua época, Voltaire dizia: “O maior dos
Voltaire (1694-1778), cujo nome verda- crimes, pelo menos o mais destrutivo, é
deiro era Francois Marie Arouet, defendeu conseqiientemente o mais oposto a fina-
uma monarquia esclarecida, isto é, um gover- lidade da natureza, é a guerra. E, no
no baseado nas idéias dos fildsofos. Apesar de entanto, nao ha um agressor que nao
ferrenho critico da Igreja, era deista: acreditava tinja essa malfeitoria com o pretexto de
na presenga de Deus na natureza e no homem, justica”.
bastando a razdao para encontra-lo. Em Cartas
inglesas, criticou severamente a Igreja catdlica
e resquicios feudais, como a servidao. As idéias de Jean-Jacques Rousseau
(1712-1778) faziam eco ao conjunto ilumi-
nista, pois integravam a critica da ordem
absolutista: ‘‘A tranquilidade também se en-
contra nas masmorras, mas é€ isso suficiente
para que seja agradavel o lugar em que se
vive? Renunciar a liberdade é renunciar a ser
jovem.
Voltaire
Tour,
La
homem’’.
241
A IDADE MODERNA
esta, segundo ele, que era a raiz das infelici- Rousseau, ao contrario dos demais ilumi-
dades humanas. Sua obra mais importante, nistas, achava que o sentimento ocupava o
Contrato social, assemelha-se, em alguns lugar da razao e era fonte e direg¢ao para o
momentos, a de Montesquieu, O espirito conhecimento e a felicidade humana. Acre-
das leis; em outros, difere completamente. ditava também no aperfeigoamento humano,
Rousseau nao aceita, por exemplo, a teoria de mediante a educagao, reforgando sua con-
Montesquieu segundo a qual as circunstan- cepcdo do ‘‘bom selvagem’’, a bondade
cias ambientais determinariam o cardater de natural do homem investindo contra a socie-
um povo e, em conseqiiéncia, suas estruturas dade de seu tempo.
sociais. Para Rousseau, 0 homem em estado
de natureza é sempre o mesmo, em qualquer Em ua obra Contrato social, mais
regiao do mundo. Foi sua livre vontade que uma vez Rousseau firmou--e como um
originou a sociedade humana, e as leis
fildsofo singular em meio aos iluministas
expressam essa livre vontade.
de seu tempo. “Onde se acha, pois, nessa
Assim, na sociedade ideal de Rousseau, a
obra célebre, a (sua grande) invengao? No
vontade do povo deve expressar-se sempre
— seguinte: a liberdade e a igualdade, cuja
mediante o voto e essa vontade, necessaria-
mente justa, deve prevalecer sobre qualquer existéncia no estado de on tureza foe .
outra consideragao. Afirmava que “[:..] a “tradicionalmente. afirmada kousseau
Unica esperanca de garantir os direitos de pretende reencontra- las no estado eat
cada um é entao organizar uma sociedade sociedade [...].” r]
civil e ceder todos esses direitos 4 comuni- CHEVALIER, Jean-Jacques. AS gtenced obras ‘A
dade’; sendo assim, ‘‘o que a maioria decide politicas — De Maquiavel a nossos dias. p. 161.
é sempre justo no sentido politico e torna-se
absolutamente obrigatério para cada um dos Sua teoria teve grande sucesso entre as
cidadaos”’. camadas populares e a pequena burguesia,
pois atendia as expectativas de um Estado
democratico. Mais tarde, durante a Revolu-
¢ao Francesa, ela serviria de bandeira aos
movimentos populares mais radicais.
Os economistas do Iluminismo
Rousseau
Houdon,
idoso. NE ore
242
O ILUMINISMO E O LIBERALISMO POLITICO
Lehcksy eye if
SOCIETE
resDIDEROP dV
DE GENS DE LETTRES,
NcxdfortsRoyale
desScireoes &desBo
243
A IDADE MODERNA
de
Quadro
Therbursch
A. V_
de
Quadro
Frederico Il, o rei filésofo”, instaurou regras juridicas uniformes em toda a Prussia. Ao lado, Catarina II, a “Semiramis do Norte”.
(2)
2
3
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iS
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a
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a]
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Bach (a esquerda) e Mozart (a direita), génios da musica do século XVIII: 0 primeiro do barroco e o outro, do classicismo.
245
A RUINA DO ANTIGO REGIME
No porto de Boston, a
maior manifestacao de
protesto dos colonos.
248
A RUINA DO ANTIGO REGIME
Os congressos continentais
de Filadélfia foram decisi-
vos para a independéncia
norte-americana.
200)
A RUINA DO ANTIGO REGIME
251
Jursroes & TESTES
i (Fuvest) ‘Para 0 conjunto da economia euro- ninguém sujeito, por que abrira ele mao dessa
péia, no século XVI, caracterizada pela produ- liberdade, por que abandonara o seu império e
¢do em crescimento e pelo grande aumento das sujeitar-se-4 ao dominio e controle de qualquer
transagdes mercantis, ao lado de um novo outro poder?
crescimento de sua popula¢ao, o efeito mais Ao que é Obvio responder que, embora no
importante dos grandes descobrimentos foi a estado de natureza tenha tal direito, a utiliza-
alta geral dos precos...”” ¢ao do mesmo é muito incerta e esta constan-
O efeito a que o texto se refere foi provocado: temente exposta a invasdo de terceiros porque,
a) pelo grande afluxo de metais preciosos. sendo todos senhores tanto quanto ele, todo
b) pela ampliagdo das areas de producdo homem igual a ele e, na maior parte, pouco
agricola. observadores da eqtiidade e da justica, o
c) pela reduc¢ado do consumo de produtos ma- proveito da propriedade que possui nesse
nufaturados. estado € muito inseguro e muito arriscado.
Estas circunstancias obrigam-no a abandonar
d) pela descoberta de novas rotas comerciais
uma condi¢ao que, embora livre, esta cheia de
no Oriente.
temores e perigos constantes; e nao é€ sem
e) pelo deslocamento do eixo comercial para o
razao que procura de boa vontade juntar-se em
Mediterraneo.
sociedade com outros que ja estao unidos, ou
pretendem unir-se, para a mdtua conservagao
da vida, da liberdade e dos bens a que chamo
(UFPI) Na transi¢ao do feudalismo para o capi- de propriedade."
talismo, tivemos: (Colegado Os Pensadores. Sao Paulo,
a) a transformagaéo de uma sociedade esta- Nova Cultural, 1991.)
mental, com fraca mobilidade vertical e Analisando o texto, podemos concluir que se
posi¢6es sociais pela origem de nascimento, trata de um pensamento:
para uma sociedade de classes com grande a) do liberalismo.
mobilidade vertical e posigGes sociais de- b) do socialismo utdpico.
terminadas pelo poder econémico. c) do absolutismo monarquico.
b) a transformagaéo de uma sociedade de d) do socialismo cientifico.
classes, com grande mobilidade vertical, e) do anarquismo.
para uma sociedade estamental com fraca
mobilidade vertical e posigdes sociais de-
terminadas pelo poder econémico.
(Maua-SP) A politica econdmica do mercanti-
Cc) a passagem de uma sociedade de classes
lismo caracterizou-se por trés elementos basi-
para uma sociedade de castas.
cos, a saber: balanca de comércio favoravel,
d) a desorganizacao de uma sociedade patri- protecionismo e monopdlio. Explique de que
arcal, com grande mobilidade vertical, para modo o protecionismo e 0 monopélio concor-
uma sociedade estamental com fraca mobi- riam para manter a balanca de comércio
lidade social. favoravel.
e) amudanc¢a de uma sociedade de castas para
uma sociedade estamental.
(Cesgranrio) As praticas mercantilistas nas so-
ciedades da Europa ocidental assumiram ca-
(Enem) O texto abaixo, de John Locke (1632- racteristicas diferenciadas ao longo dos séculos
1704), revela algumas caracteristicas de uma XVI, XVII e XVIII. Assinale a Gnica op¢ao que
determinada corrente de pensamento. nao associa corretamente as caracteristicas
"Se o homem no estado de natureza é tao livre, mais importantes do mercantilismo ao século
conforme dissemos, se é senhor absoluto da e a sociedade em que cada uma delas veio a
sua propria pessoa e posses, igual ao maior ea predominar.
QUESTOES E TESTES
15
eis por que o glorioso astro sol
esta em nobre eminéncia entronizado (Fuvest) Com relagéo a Contra-Reforma, indi-
e centralizado no meio dos outros, que:
e o seu olhar benfazejo corrige a) em que regides da Europa a Inquisi¢ao foi
Os maus aspectos dos planetas malfazejos, mais atuante.
e, qual rei que comanda, ordena b) o papel da Companhia de Jesus.
sem entraves aos bons e aos maus."
(Personagem Ulysses, Ato |, cena Ill). 16 (Fuvest) Em 1571 a Igreja catdlica criou a Con-
(SHAKESPEARE, W. Trdilo e Créssida. gregacao do Index.
Porto, Lello & Irmaos, 1948.) a) Que era Index?
b) Quais as implicagdes histéricas de sua
A descrig¢ao feita pelo dramaturgo renascentista
instituigao?
inglés se aproxima da teoria:
a) geocéntrica do grego Claudious Ptolomeu.
b) da reflexao da luz do arabe Alhazen.
1 (Esan-SP) Na Alemanha do século XVI, havia
grande contradi¢ao entre 0 que a Igreja catdlica
c) heliocéntrica do polonés Nicolau Copérnico. pregava e o que se praticava. Nos principados,
d) da rotagao terrestre do italiano Galileu as dificuldades eram enormes. Os camponeses
Galilei. sentiam-se sobrecarregados de impostos. As
e) da gravitagdo universal do inglés Isaac
cidades ansiavam por liberdade. O clero des-
Newton.
prezava a missdo espiritual. Muitos bispos
13
levavam uma existéncia de prazer, 0 que
(Fuvest) ‘“O Renascimento é, primeiramente, ofendia os crentes sinceros e simples. Os
esse conjunto de mutacdes que tocam os abusos apontados no enunciado geraram o
homens no seu modo de viver e sobretudo de ambiente favoravel 4 aceitagao do novo credo
pensar. A Italia foi, desde o século XIV, um dos sustentado por:
primeiros lugares dessa interrogacdo nova e a) Henrique VIII.
fecunda sobre o mundo... O Renascimento b) Joao Knox.
italiano nasceu, antes de mais nada, do desen- c) Joao Huss.
volvimento e da primazia das cidades [...]’” d) Joao Calvino.
a) A que conjunto de mutagGes esta se refe- e) Martinho Lutero.
rindo o autor?
b) Cite o nome de duas cidades italianas que 18 (FCC-SP) O Ato de Supremacia, promulgado
foram centros de irradiagdo da arte renas- por Henrique VIII, na Inglaterra, contribuiu
centista nos séculos XV e XVI. para:
d) Qual a importancia das cidades para o a) divulgar intensamente a doutrina calvinista
surgimento do Renascimento italiano? no pais, sobretudo na regiado da Escécia.
QUESTOES E TESTES
b) iniciar a expansdo externa, formando, assim, d) a abolicgao dos tributos feudais da posse da
as bases do império colonial inglés. terra e dos censos eleitorais para o preen-
Cc) promover a reforma anglicana, ao mesmo chimento das cadeiras do Parlamento.
tempo que contribuiu para a centralizacdo e) a eliminagao dos ‘Tories’, partidarios de
do governo. um poder real forte, e a devolugdo aos
= implantar o catolicismo no reino, o que foi camponeses das terras usurpadas durante os
acompanhado de repressdo aos reformistas. “cercamentos”’.
ey restaurar os antigos direitos feudais, que
foram limitados pela Magna Carta de 1215. mel (Cesgranrio-RJ) O regime monarquico absolu-
tista, forma politica predominante entre os
19 (Fuvest) ‘‘O puritanismo era uma teoria qua- Estados modernos europeus nos séculos XVI/
se tanto quanto uma doutrina religiosa. Por XVIII, caracterizava-se, do ponto de vista
isso, mal tinham desembarcado naquela politico e social, pelos seguintes aspectos:
costa indspita [...] o primeiro cuidado dos 1 — concentragdéo de todos os poderes nas
imigrantes (puritanos) foi o de se organizar maos do principe enquanto soberano
em sociedade.”” absoluto;
Esta passagem de A democracia na América, de 2 — neutralidade do principe diante dos con-
A. de Tocqueville, diz respeito a tentativa: flitos sociais, especialmente quanto aos
interesses antagOnicos de camponeses,
a) malograda dos puritanos franceses de fun-
burgueses e aristocratas;
darem no Brasil uma nova sociedade, a
3 - carater divino da autoridade real, situada
chamada Frang¢a Antartida.
acima das leis e dos individuos, conside-
b) malograda dos puritanos franceses de fun-
rados apenas stditos;
darem uma nova sociedade no Canada.
4 — inexisténcia de quaisquer limites, mesmo
c) bem-sucedida dos puritanos ingleses de
na pratica, ao exercicio da autoridade
fundarem uma nova sociedade no sul dos
despdtica do monarca.
Estados Unidos.
d) bem-sucedida dos puritanos ingleses de Assinale:
fundarem uma nova sociedade no norte a) ) se somente os itens 1 e 3 estao corretos.
dos Estados’ Unidos, na chamada Nova b) se somente os itens 2 e 4 estado corretos.
Inglaterra. ) se somente os itens 3 e 4 estao corretos.
e) bem-sucedida dos puritanos ingleses, res- )
a0se somente os itens 1 e 2 estado corretos.
ponsaveis pela criacdo de todas as colénias e) ) se somente os itens 2 e 3 estado corretos.
inglesas na América.
ae (PUCSP) Sobre as civilizagdes indigenas ame-
20 (Fatec-SP) A Revolugao Inglesa de 1688 — a ricanas no momento da conquista européia,
Revolugdo Gloriosa — assinala um momento podemos afirmar:
significativo na ado¢gado dos principios do a) Somente os maias e tupis foram escraviza-
liberalismo. Entre as medidas adotadas entdo, dos e tiveram sua cultura destruida no
e que confirmam essa afirmacao, destacam-se: processo de conquista e colonizacdo da
a) a exclusdo da nobreza do Parlamento, América.
garantindo-se assim a maioria da burguesia, b) Cheienes, cheroquis, iroqueses e dakotas
e a abolicdo das sociedades por a¢gdes na ocupavam varias regides na América do
organiza¢ao das empresas industriais. Norte, foram exterminados pela coloniza-
b) o reconhecimento da ‘Declaragao de Di- ¢do francesa, e sua marcha expansionista de
reitos’’, limitando o poder do rei em face do norte a sul e de leste a oeste teve como
Parlamento, e a promulgacdo do Ato de resultado a domina¢ao das terras do atual
Tolerancia, pondo fim a persegui¢ao reli- EVA.
giosa contra os dissidentes protestantes. c) Tupis, jés, nuaruaques e caraibas ocupavam
c) a revogacao dos Atos de Navegacao, que praticamente toda a regiao do atual territdrio
protegiam determinados grupos mercantis, e brasileiro, foram cagados para serem trans-
o reconhecimento do direito de organiza¢gao formados em escravos pelos senhores espa-
para os trabalhadores urbanos. nhdis e holandeses, cujo objetivo seria
A IDADE MODERNA
a) ao propdsito das colénias do Norte de se Luis Vaz de Camées, autor do famoso poema
separarem do Sul escravista, em fun¢4o dos Os Lusiadas (1572), imortalizou com seus
entraves que a organiza¢do social sulina versos:
criava ao desenvolvimento capitalista. a) 0 apogeu do sistema feudal.
b) ao interesse dos colonos norte-americanos b) o poder da Igreja medieval.
em se alinharem com a Franca revolucio- c) 0 dominio arabe no Mediterraneo.
naria, que lhes oferecia oportunidades mais d) a expansdo maritima lusitana.
ricas e proveitosas para as trocas comerciais. e) a tomada de Constantinopla pelos turcos.
Cc) a reacdo dos colonos, sustentada nas idéias
dos filésofos iluministas, contra o reforco
das medidas de explora¢ao colonial imposto
41 (Fund. Cultural de Belo Horizonte-MG)
“O homem é€ 0 modelo do mundo. A experién-
pela Inglaterra. cia € a mestra das coisas.”
d) ao propdsito de alcangar a autonomia Leonardo da Vinci
politica, embora preservando o monopélio Com relagdo ao Renascimento artistico, litera-
comercial, que favorecia a economia das rio e cientifico, elemento tipico do periodo de
colénias do Norte. transi¢do do feudalismo ao capitalismo, podem
wy a formalizagaéo de uma separagdo que, na ser feitas as seguintes afirmativas, exceto:
verdade, ja existia, como atesta a liberdade
a) Os humanistas tiveram um papel extrema-
comercial que gozavam tanto as colénias do
mente importante na difusdo das idéias
Norte quanto as do Sul.
renascentistas.
43
lod
“Cantando espalharei por toda parte, (UFES) Associe a localizagao da Italia com o
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.” monopolio que suas republiquetas exerceram,
(Apud SARONI, p. 47) no Mediterraneo, durante a Baixa Idade Média
A IDADE MODERNA
16) A Reforma catdlica procurou, com o 2. A critica dos humanistas era dirigida a so-
Concilio de Trento (1545), enfrentar o ciedade:
cisma luterano, adotando varias medidas, a) capitalista. d) escravista.
como 0 estimulo a agao de ordens religio- b) feudal. e) socialista.
sas no campo educacional, a confirma¢gao c) comunista.
dos dogmas catdlicos e a reativacao da
Santa Inquisi¢do. 50 (UFPA) Relativamente a historia do absolutismo
32) ‘‘Quero que o homem da Corte seja bem monarquico na Inglaterra, é possivel sustentar
instruido nas letras...’ Com essa afirmac¢ao, que:
Baltasar Castiglione expressa, no século a) a revolugdo que derrubou o governo de
XVI, 0 espirito intelectual predominante na Jaime Il, da dinastia Stuart, nado assinalou
época do humanismo. Inspirando-se na apenas o fim do regime absolutista inglés,
Antiguidade, os humanistas, portanto, for- mas, igualmente, o triunfo da burguesia e do
neceram as bases intelectuais para que se Parlamento sobre a Coroa britanica.
pudesse romper com o teocentrismo me- b) o regime absolutista instala-se na Inglaterra
dieval. em conseqiiéncia das guerras de religido, ja
que somente dispondo de um governo cen-
49 (Centec-BA) Questées 1 e 2: tralizado e autoritario 6 que Henrique vill
MG seeolasos portent anhanieda"s preccu: poderia implantar fo)protestantismo no pais.
pacae VOleternara Seclnnete pata Deus, ou c) o estabelecimento do repime absolutista na
eejan pare bitte wanscentente so anundo Inglaterra foi prejudicial 208 Aniéresses: do
natureza, a fim de terem um controle maior CON REI comandada Bon Oliver
sobre o proprio destino. Por outro lado, a a ais so hes >,ye
pregacdo do clero tradicional reforgava a foal eine kipach stills 8 ee
submissao total do homem, em primeiro lugar, car os ek eneeriamnpiGle Secor Bovernas
a onipoténcia divina, em segundo, a orientagao autonitarios dos diudog :
e) comparados a outros governos absolutistas
do clero e, em terceiro, a tutela da nobreza,
europeus, os ingleses foram mais tolerantes e
exaltando no ser humano, sobretudo, os valo-
maleaveis. Veja-se, por exemplo, que duran-
res da piedade, da mansidao e da disciplina. A
te o reinado dos Stuart a liberdade de religiao
postura dos humanistas era completamente
sempre foi respeitada na Inglaterra.
diferente, valorizava o que de divino havia
em cada homem, induzindo-o a expandir suas 5 7 (Unicamp) Vocé ja deve ter aprendido que a
forgas, a criar e a produzir, agindo sobre o historia pode ser representada pelas varias
mundo para transforma-lo de acordo com sua etapas do progresso humano. Os momentos
vontade e seu interesse.”” cruciais desse desenvolvimento histérico foram
(SEVCENKO, p.15.) denominados revolucionarios. Diante dessa
afirmacao, leia atentamente o texto abaixo:
1. No texto, a caracterfstica marcante do “A burguesia, conduzida por Oliver Cromwell,
movimento humanista-renascentista é: inspirada por um deus calvinista e motivada
a) espirito critico voltado para o estimulo as por ambi¢gao de conquista, derrotou o movi-
mudangas. mento nivelador e tudo o mais. Em conseqiién-
b Se supremacia do mundo espiritual sobre o cia, ele foi odiado por muitos pobres, o que
material. sabia e reconhecia. Em uma de suas marchas
c) valorizagao da piedade, da mansidao e pela cidade, comentou com seu acompanhante
da disciplina. a respeito da multidao:
d) defesa da Igreja e da cultura medievais. — Eles estariam mais barulhentos e também
e) reprodugao da crenga dogmatica dos mais felizes se vocé e eu estivéssemos a
tedlogos medievais. caminho da forca.
A IDADE MODERNA
O deus de Cromwell era um deus do trabalho e Veja o texto abaixo, dividido em duas partes, de
da conquista: da Jamaica, da Escécia, e 0 que Renato Janine Ribeiro (prefacio do livro O mundo de
nado serd esquecido, da Irlanda.’’ (Peter ponta-cabe¢a de Christopher Hill, Cia. das Letras,
Linebaugh. Todas as montanhas atlanticas 1987. p. 14) e responda as questdes 54 e 55.
estremeceram, 1985.)
dura na histéria inglesa, dissolvendo-se legal- O resto da América Latina observa com
mente apenas em 1660. Falando em dignidade admiragao e certo nervosismo. Nos Ultimos
da Coroa, 0 rei pede dinheiro, sem querer se anos 0 continente experimentou uma varieda-
comprometer a nada, e acena aos Comuns com de de curas para seus males econémicos, es-
sua gratidao caso eles o socorram; mas os pecialmente a persisténcia de uma inflacao
Comuns, escaldados por onze anos de vexa- elevada.’’” The Economist, in Gazeta Mercantil
¢6es, que incluiam suplicios cruéis contra de 9/8/1995. p. A.4.
alguns de seus melhores pensadores (as orelhas O texto comenta efeitos da politica econémica
cortadas do dr. Prynne, etc.), recusam e exigem em moda na atualidade, batizada por alguns de
mudang¢as na sociedade, no Estado, nas leis. neoliberalismo. Assinale a alternativa correta
Estas vao sendo aprovadas. O rei a duras penas que aponte a raiz desta politica econdmica.
acaba concordando até com a supressdo dos a) Nasceu com o mercantilismo, que impunha
bispos da Igreja oficial e [...]/” um continuo intervencionismo estatal na
a) Os bispos suprimidos eram fiéis seguidores economia.
da Igreja presbiteriana e luterana, membros b) Nasceu com o fisiocratismo francés, que
de uma lgreja oficial inglesa fundada no valorizava o metalismo como principal
século XVI. fonte de recursos nacionais.
b) As exigéncias de reformas e Corregdo das c) Nasceu com o absolutismo, que valorizava
injustigas, citadas no texto, fazem parte do 0 trabalho colonial como principal fonte de
ideario politico em ascensdo no século XVII, recursos nacionais.
melhor encarnadas pelo tedrico T. Hobbes. d) Nasceu com a obra ...Riqueza das Na¢ées,
c) A lgreja oficial citada no texto servia muito que privilegiava as leis de mercado e negava
mais ao governo dos Stuart do que as novas O intervencionismo mercantilista.
for¢as sociais emergentes, como os comer- e) Nasceu com a frase mercantilista de Gour-
ciantes e pequena nobreza puritana. nay: ‘Laissez faire, laissez passer, le monde
d) A origem do Parlamento inglés situa-se na va de lui-méme ”’.
Magna Carta assinada trés séculos antes pe-
los Stuart em meio a4 Revolu¢do Puritana.
e) A Magna Carta, o Longo Parlamento e as a7 (Unicamp) “Todo o poder vem de Deus. Os
concessGes reais exigidas pertencem a in- governantes, pois, agem como ministros de
tegragao coerente entre os seguintes prin- Deus e seus representantes na terra. Conse-
cipios: absolutismo, liberalismo e anglica- quientemente, 0 trono real nao é 0 trono de um
nismo. homem, mas 0 trono do prdprio Deus.’’
(Jacques Bossuet, Politica tirada das palavras da
desemprego (que passou de 12% nove meses a) Explique a concep¢ao de Estado em cada
atras para 19% em maio): tais planos incluem a um dos textos.
criagdo de empregos novos por meio de um b) Qual a relagao entre individuo e Estado em
programa de constru¢ao de casas e projetos de cada um dos textos?
infra-estrutura e a reducdo dos impostos sobre
os empregadores. Mas os detalhes financeiros
sO vagos, e por tras esta uma mensagem clara: 58 (Unioeste-PR) ‘‘Este senhor e cacique fugia
nao haverd abrandamento das severas politicas sempre aos espanhdis e se defendia contra eles
econémicas. Isso significa que 0 desemprego toda ‘vez que os encontrava. Por fim, foi preso
continuara elevado na Argentina durante al- com toda a sua gente e queimado vivo. E como
gum tempo. estava atado ao tronco, um religioso de Sao
A IDADE MODERNA
Francisco (homem santo) lhe disse algumas 5 9 (Unioeste-PR) Assinale as alternativas corretas.
coisas de Deus e de nossa fé, que lhe pudessem Sobre a formacao e consolidagao dos Estados
ser titeis, no pequeno espaco de tempo que os nacionais na Europa moderna, é correto afirmar
carrascos Ihe davam. Se ele quisesse crer no que:
que lhe dizia, iria para o céu onde esta a gloria 01) 0 rei continuou sendo o suserano maior
€ O repouso eterno e se nao acreditasse iria dentre todos os outros suseranos, e sua
para o inferno, a fim de ser perpetuamente funcao exclusiva era 0 comando da na¢ao
atormentado. Esse cacique, apds ter pensado nas guerras.
algum tempo, perguntou ao religioso se os 02) as monarquias absolutistas introduziram os
espanhdis iam para o céu; 0 religioso respon- exércitos regulares, uma burocracia per-
deu que sim, desde que fossem bons. O manente, um sistema tributario nacional, a
cacique disse incontinenti, sem mais pensar, codificagdo do direito e os primeiros pas-
que nao queria absolutamente ir para o céu; sos para um mercado unificado.
queria ir para o inferno a fim de nao se 04) na luta por maior poder politico, os mo-
encontrar no lugar em que tal gente se narcas modernos se defrontam com as pra-
encontrasse.’” LAS CASAS, Frei Bartolomé de. ticas mercantilistas dos mercadores e ma-
Brevissima relagao da destruigao das Indias. O nufatureiros, conseguindo suprimi-las e im-
paraiso destruido. 4. ed. Porto Alegre, L&PM, por assim seu poder absoluto.
1985. p. 41. 08) os diferentes tipos de parlamentos existen-
tes. na Europa moderna (Cortes, Dietas,
Assinale as alternativas corretas. Parlamentos, Estados-Gerais) sempre se
Sobre a conquista da América, podemos veri- submeteram ao poder monarquico, sendo
ficar que: extintos pelas revolucGes burguesas dos
01) a conquista do Novo Mundo foi feita em séculos XVII e XVIII.
nome do Deus cristao, pois pelo padroado 16) os Estados modernos se constituiram na
oO papa delegava aos Reis Catdlicos a posse estrutura politica fundamental para o pro-
legitima das novas terras. cesso de transicao do feudalismo para o
02 WH a exce¢ao de alguns casos, como o capitalismo, sendo o bindmio medieval
exemplo do cacique acima citado, a servo/vassalo substituido progressivamente
religiao crista sempre foi bem-vinda pelos pelo bindmio moderno trabalhador livre/
indios, pois até entao eram pagaos, iddla- stdito.
tras, antropdfagos, nado conheciam um
Deus verdadeiro e sequer imaginavam a
possibilidade de salvagao. (Puccamp-SP) Dentre as instituigdes politicas
04 a as redugGes jesuiticas do Prata, iniciadas do Estado moderno, aquela que mais o carac-
em 1610, caracterizaram uma experiéncia teriza é o:
que incorporou elementos da cultura tribal a) absolutismo monarquico, nova forma politi-
com os da hispano-crista. ca assumida cujos fundamentos estavam
08 = no Brasil-Colénia os fndios nao foram expressos na Suma teologica de Tomas de
usados como escravos, uma vez que os Aquino.
negros trazidos da Africa supriram total- b) mercantilismo, que servia para justificar o
mente a necessidade de mao-de-obra. enriquecimento da Igreja catdlica, mas nao
16 a nas colénias espanholas, a mao-de-obra traduzia os interesses do monarca absolu-
dos negros africanos foi a solugdo encon- tista.
trada para a exploracdo das minas. c) absolutismo monarquico, que intervinha na
32) em toda a América Latina, a escravidao foi vida econdmica.
abolida concomitantemente aos processos d) liberalismo praticado pelos principes, mas
de emancipacao politica. limitado pela tradigao e pelo equilfbrio entre
as Classes sociais.
64 aS o autor do texto acima referido, Bartolomé e) absolutismo mondarquico, que punha em
de Las Casas, tornou-se um defensor assi- pratica uma politica econdmica de caracte-
duo dos indios e, historicamente, afirmou o risticas nao-intervencionistas, quase liberais—
direito da autodeterminagao dos povos. a politica mercantilista.
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A REVOLUCAO FRANCESA
(1789-1799)
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A REVOLUCAO FRANCESA (1789-1799)
269
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
meiro Estado ficou com 291 deputados, o Nacional Constituinte. Os animos se exalta-
Segundo com 270 e o Terceiro com 578. A 5 vam e aumentavam as propostas de tomar
de maio de 1789, quando se abriu a sessao armas.
dos Estados Gerais no palacio de Versalhes, Luis XVI tentou reunir forgas para enfren-
os interesses antagOnicos dos grupos sociais tar a Assembléia, mas a demissdo de Necker,
ali representados entraram em choque. em 11 de julho, e a nomeagao do conserva-
Os representantes do Terceiro Estado dor bardo de Bretevil precipitaram os aconte-
exigiram a vota¢ao individual, pois, com o cimentos.
apoio de aproximadamente 290 deputados Criou-se a Guarda Nacional, uma milicia
do baixo clero e da nobreza togada, alcan- burguesa para resistir ao rei e liderar a
¢ariam a maioria na Assembléia dos Estados popula¢ao civil, que comegou a se armar.
Gerais. Diante da impossibilidade de conci- No dia 14 de julho, a multidéo invadiu o
liar tais interesses, Luis XVI tentou dissolver os Arsenal dos Invalidos a procura de muni¢6es
Estados Gerais, impedindo a entrada dos e, em seguida, a fortaleza da Bastilha, onde
deputados na sala de sess6es. Os represen- eram encarcerados os inimigos da realeza.
tantes do Terceiro Estado rebelaram-se e Foi o estopim da rebeliao, que se alastrou de
invadiram a sala do jogo da péla (espécie Paris para o resto da Fran¢a. No campo, onde
de ténis em quadra coberta), jurando que seus os privilégios da aristocracia eram mais
membros nao se separariam enquanto nao gritantes, os Camponeses chegaram a invadir
tivessem dado a Franga uma constitui¢ao. A 9 e incendiar castelos e a massacrar elementos
de julho, juntamente com muitos deputados da nobreza, num periodo que ficou conheci-
do baixo clero, declararam-se em Assembléia do como Grande Medo.
a |
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
A fuga dorei
Os assignats (assinados) visavam recuperar as financas do
Foi uma “desesperada e afinal sui-
Estado francés.
cida tentativa de fugir do pais. Ele foi
recapturado em Varennes (junho de 1791)
Com 0 voto censitario e as posteriores leis eé dai em diante o republicanismo tornou-
que proibiam greves e forma¢ao de associa- se uma forga de massa; pois os reis
¢6es de trabalhadores, a Franca transformou- tradicionais que abandonaram seus po-
se num Estado burgués, em que se elimina-
vos perdem o direito a lealdade. Por outro
ram os privilégios aristocraticos substituindo-
lado, a incontrolada economia da livre
os por restrigdes econdmicas a maioria da
empresa dos moderados acentuou as
populagao. Separava-se, assim, a burguesia
do Terceiro Estado. flutuagdes no nivel dos pregos dos ali-
No interior da Assembléia Nacional, im- mentos e consequentemente a militancia
plantou-se uma disputa crescente entre gru- dos pobres das cidades, especialmente
pos politicos, principalmente girondinos e em Paris. O prego do pao registrava a
jacobinos. Os girondinos, cujo nome deriva- temperatura politica de Paris com a
va do fato de a maioria de seus membros vir exatiddo de um termometro e as massas
da regiao de Gironda, sul e sudeste da Franga, de Paris eram a forc¢a revolucionaria de-
formavam uma fac¢ao que representava a cisiva: nao por mero acaso, a nova ban-
grande burguesia. Os jacobinos, cujo nome deira nacional francesa foi a combinagao
originou-se do clube onde se reuniam pari- do velho branco real com as cores ver-
sienses revolucionarios, no convento dos fra- melha e azul de Paris”.
des jacobinos (dominicanos), no inicio faziam HOBSBAWM, Eric. A era das revolugdes. p. 83.
parte da ala moderada. Mas, a partir de 1792,
transformaram-se no principal elo de ligacado
entre os membros radicais da Assembléia e o
movimento popular, que ganhava cada vez
mais for¢a nas ruas. Foi a partir de entéo que
o termo jacobino passou a representar uma
posi¢do politica radical. Outros agrupamen-
tos politicos representados na Assembléia
eram os cordeliers (camadas mais baixas) e
os feuillants (burguesia financeira).
A medida que avancavam e se consoli-
davam as medidas revolucionarias, a nobreza
tornava-se mais acuada e boa parte migrava
para o exterior (emigrados), buscando apoio
externo para restaurar o Estado absoluto. As
vizinhas poténcias absolutistas apoiavam es-
ses movimentos, pois temiam a irradiagao das A desastrada fuga do casal real.
212.
A REVOLUCAO FRANCESA (1789-1799)
273
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
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Georges Jacques Danton (esquerda), lider da fase radical da Revolucdo e que disputou com Maximilien Francois Marie Isidore
de Robespierre (centro) o destino do governo montanhés. Tudo isto depois do assassinato de Marat por uma girondina.
274
A REVOLUGAO FRANCESA (1789-1799)
275
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
INGLATERRA
ingleses
OF cuistriaccs
Paris
@
FRANCA
espanhdis
ESPANHA
A Franca enfrentou muitas batalhas contra seus vizinhos absolutistas, que desejavam anular suas conquistas apés a Revolucao.
O artista retratou a batalha de Lodi (1796), em que os franceses enfrentaram os austriacos.
276
A REVOLUGAO FRANCESA (1789-1799)
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A ERA NAPOLEONICA
(1799-1815) E O CONGRESSO
DE VIENA
Peninsula
do Sinai
[___] Deserto
Bloqueio
inglés
—_— Campanhas
de Napoleao
i) ba
A ERA NAPOLEONICA (1799-1815) E O CONGRESSO DE VIENA
N at
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
Napoleao e o Império
(1804-1815)
Xe)
A ERA NAPOLEONICA (1799-1815) E O CONGRESSO DE VIENA
Depois de conseguir estender seus dominios a grande parte da Europa continental, Napoleao continuava ameacado pela maior
poténcia econdémico-naval da época: a Inglaterra.
A hegemonia francesa sobre 0 continente mas agricolas pela Inglaterra — do que a nagao
europeu, entretanto, dependia da neutraliza- inglesa, que encontrava em outras regides
¢d4o da poderosa Inglaterra, a maior poténcia compradores para seus produtos. Entretanto,
econdémica do perfodo. Se, por um lado, a a Quinta Coligacao, formada por Inglaterra
Inglaterra dominava os mares com sua imba- e Austria, em 1809, também nao conseguiu
tivel marinha, por outro, a Franga dispunha fazer frente ao poder de Napoledo e sucum-
do maior exército em terra. Considerando tais biu.
aspectos e desejando reduzir o poderio
econdmico britanico, Napoleao decretou em Senhor do continente, Napoledo dissemi-
1806 o Bloqueio Continental (também cha- — nou pelos paises conquistados os principios
mado de Decreto de Berlim). Objetivando liberais franceses, especialmente o Codigo
isolar a Inglaterra do restante da Europa, esse Civil, e derrubou as velhas estruturas aristo-
decreto estipulava que os aliados da Franga craticas. Assim, os sucessos militares desde a.
nao mais poderiam comerciar com aquele Revolugdo deviam-se, em grande parte, aos
pais, nem comprando suas manufaturas nem principios ideoldgicos franceses contra as
lhe fornecendo matérias-primas sob o risco de tiranias do Antigo Regime. Entretanto, quan-
serem invadidos por tropas francesas. do, no periodo imperial, a invasao foi acom-
Em 1807, pelo Tratado de Tilsit, Napo- panhada da exploragao das populac¢ées lo-
ledo obteve a adesdo da Russia ao embargo cais e da submissdo a Franca, os sucessos
econémico a Inglaterra, ao vencer a Quarta militares foram substituidos pela resisténcia e
Coliga¢gao (1806-1807) nas batalhas de lena, pelo fracasso. A imposi¢aéo do dominio
Eylau e Friedland. Mais tarde, ficaria claro napolesénico na peninsula Ibérica e na Russia,
que o Bloqueio Continental era mais prejudi- por exemplo, desembocou na luta naciona-
cial 4s nagdes européias continentais — que lista dessas regides e no inicio da lenta
dependiam da compra de suas matérias-pri- decadéncia de Bonaparte.
281
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
As campanhas napoleénicas
maio.
de
3
do
fuzilamentos
Os
Goya,
Francisco
disseminaram os ideais re-
volucionarios, mas também
impuseram a dominagao
francesa. Na pintura ao la-
do, de Francisco Goya, a
resisténcia espanhola con-
tra a tirania de Napoleao.
282
A ERA NAPOLEONICA (1799-1815) E O CONGRESSO DE VIENA
mais de seiscentos mil homens, que atraves- aos russos tomarem a ofensiva. Napoledo saiu
saria toda a Europa Central e marcharia sobre da Russia com menos de cem mil soldados,
a Russia, na sua mais audaciosa, mas também desmoralizado e tendo de enfrentar 0 resto da
tragica, campanha militar. Diante do poderio Europa, que se mobilizara contra ele.
do exército francés, os russos utilizaram a
tatica da ‘terra arrasada’”, segundo a qual, na A causa da derrota na Russia
iminéncia de invasdo de alguma regido,
destruiam eles mesmos tudo o que pudesse “A Russia foi invadida e Moscou —
ter valor ou ser til ao inimigo. Dessa forma, ocupada. Se o czar tivesse feitoa paz, —
ao mesmo tempo que evitavam confrontos como a maioria dos inimigos de Napoleao —
encarnigados com o inimigo, abatiam o tinham feito s0b circunstancias seme-
animo dos franceses, impedidos de fazer inate, re)alentSons Mas ag
¢
saques e reabastecer-se.
da
Passagem
Berezina.
ra que ae
Givers retirara manuten-
¢4o da terra. Mas -Oo que.-funcionc una
Lombardia e na Renania, onde estes pro-
cessos tinham sido -desenvolvidos pela
primeira vez, € ainda erav
vidvel na ores
Central, fracassou totalmente hos am-
plos, pobres « e vazios espacos da Polonia 3
e da Russia. Napolezio foi derrotado nao -
tanto pelo inverno russo quanto por seu
fracasso em manter o Grande Exército
com suprimento adequado. A retirada de
Moscou destruiu o Exército”
HOBSBAWM, Eric. A eradae
e revolugiee,p.
105,
incéndio
O
Sminov,
F.
A.
Moscou.
de
Esgotado, Napoledo teve de enfrentar
uma sucessdo de derrotas e fracassos. Forma-
ra-se a Sexta Coligagdo, composta por Prus-
A Campanha da Rdssia contou com mais de seiscentos mil sia, Inglaterra, Russia e Austria, que o venceu
soldados. A estratégia da “terra arrasada”’, do general
Kutuzov, nao poupou sequer Moscou, incendiada pelos na batalha das Nagdes, em Leipzig, em
préprios russos antes que fosse tomada pelos franceses. outubro de 1813. Culminando a fase de
derrotas, em marco do ano seguinte os
aliados entraram vitoriosos em Paris, obrigan-
Quando conseguiu entrar em Moscou, do Napoledo a assinar o Tratado de Fontai-
depois de longas batalhas, 0 exército napo- nebleau. De acordo com esse tratado, o
le6nico encontrou a cidade abandonada e imperador abria mao de todos os direitos ao
incendiada. Sem abrigo, fustigados pelo rigo- trono francés, recebendo em troca uma
roso inverno de 1812 e enfrentando as im- pensao de dois milhdes de francos anuais e
placdveis guerrilhas russas, os homens de plena soberania sobre a ilha de Elba, situada
Bonaparte iniciaram a retirada, permitindo no mar Mediterraneo, perto da Corsega.
28 Gl
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
18 de junho de 1815, em
Waterloo, Bélgica: a sorte
de Napoleao foi selada.
A ERA NAPOLEONICA (1799-1815) E O CONGRESSO DE VIENA
O mito napolednico fundiu-se com o ras nacionais desse mesmo periodo. Nesse
individualismo burgués, especialmente com a aspecto, contudo, a restauragdo nao foi
ambi¢ao pessoal e empreendedora, como inteiramente respeitada, ja que Inglaterra,
apontam os clichés ‘‘Napoleao da industria’”’ Russia, Austria e Prussia, fortes e vitoriosos,
ou das finangas. ““Napoledo deu a ambicdo apossaram-se de territdrios de Estados mais
um nome pessoal [...] foi a figura com que fracos, como Pol6nia, Italia e Fran¢a derrota-
todo homem que partisse os lacos com a da. O principio do equilibrio europeu funda-
tradi¢ao podia se identificar em seus sonhos.’” mentava-se no restabelecimento das relacdes
(Eric Hobsbawm). de forga entre as poténcias européias, por
Os dezesseis atribulados anos em que meio da divisdo territorial do continente e
Napoledo liderou a Franga e comandou seus também das possess6es coloniais no mundo.
exércitos permitiram que grande parte das
conquistas sociais e politicas da Revolucdo irs}0—
fossem disseminadas por outros paises euro- =o
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peus. Embora com a queda de Napoledo se =>2
seguissem tentativas de restauragao do Antigo © me)
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285
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
Pre)
A ERA NAPOLEONICA (1799-1815) E O CONGRESSO DE VIENA
288
A REVOLUCAO INDUSTRIAL
289
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
Os avancos tecnolégicos
P10)
A REVOLUCAO INDUSTRIAL
291
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
maior uso da maquina. O Capital tornou- tos e técnicas para 0 maior e melhor desem-
se mais necessario do que nunca. Do penho industrial. Abriam-se também as con-
século XIX até hoje”. digdes para o imperialismo colonialista e a
luta de classes, formando o conjunto das
HUBERMAN, Leo. Histéria da riqueza do homem.
Rio de Janeiro, Zahar, 1979. p. 125-6.
bases do mundo contemporaneo.
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293
O LIBERALISMO E AS NOVAS
DOUTRINAS SOCIAIS
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294
O LIBERALISMO E AS NOVAS DOUTRINAS SOCIAIS
— pulagao’ aS suas teorias, supondo que a no trabalho nao deveria sofrer qualquer intervencao do
Estado. Malthus (embaixo) negava qualquer assistencialismo
oferta de trabalho era inexaurivel, sendo as populacées pobres e pregava a inducao a abstinéncia
limitada apenas pelo ‘fundo de salarios’. sexual, unicas formas de evitar as catastrofes de epidemias,
-Faralelamente, Malthus aplicava suas pestes e guerras.
295
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
Socialismo marxista
298
O LIBERALISMO E AS NOVAS DOUTRINAS SOCIAIS
299
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
Shapiro.
de
Quadro
oWe
Anarquismo
301
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
direitos politicos (sufragio universal). Na dé- sentido mais reformista e menos revolucio-
cada de 1850, porém, apds as revolucdes nario, adotando os ideais da Social Demo-
frustradas de 1848 (que estudaremos mais a cracia Alema, primeiro partido politico so-
frente) e a repressdo do Estado, o movimento cialista. Agora defendia-se que o socialismo
operario foi consideravelmente afetado, em seria alcangado lentamente, pelas reformas,
muitos centros até mesmo desativado quase pelo voto, pela via parlamentar. Mas a uniao
por completo. dos trabalhadores foi breve: no inicio do
século XX os marxistas revolucionarios, li-
derados por Lénin e Rosa Luxemburgo,
opuseram-se aos moderados.
Alinhadas aos seus respectivos paises,
durante a Primeira Guerra Mundial (1914-
1918), as massas trabalhadoras dividiram-se
ainda mais, sepultando a II Internacional. Em
1919, em Moscou, em meio a Revolucao
Russa bolchevique, formou-se a III Interna-
cional, que assumiu 0 nome de Internacional
Comunista (Comintern), que seria o embrido
dos partidos-comunistas.
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A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
304
O LIBERALISMO E AS NOVAS DOUTRINAS SOCIAIS
moulin
Le
Renoir,
(detalhe),
Galette
la
Auguste
de
1876.
Os impressionistas criaram
novas técnicas de pintura
para expressar-se em suas
telas.
A EUROPA NO SECULO XIX
ouve quem definisse 0 século XIX América, Africa do Sul, Nova Zelandia e
como ‘‘um longo século’”’, ja que Australia, entre outros. Além de contribuir
suas Caracteristicas marcantes tinham para aliviar a questao social européia, a grande
sido esbocadas com o inicio da era das migracgdo também favoreceu a europeiza¢ao e
revolucées do século XVIII, sendo s6 supera- globalizagdo econdmica em curso.
das por novas feicdes histéricas globais
pouco depois do inicio do século XX, com a
Primeira Guerra Mundial. A partir dai, so- A Era Vitoriana na Inglaterra
bressairam-se outros componentes tipicos, Be eee eee
distintos do longo perfodo anterior, que
redirecionaram as transformacoes histdricas. O século XIX europeu foi marcado pelo
Em meio a uma popula¢ao que saiu de predominio econdémico inglés. Nas primeiras
190 milhdes para chegar a 423 milhdes de décadas desse século, a Inglaterra firmou sua
habitantes, o século XIX europeu foi marcado posi¢ao de principal poténcia mundial, situa-
pelo desenvolvimento econdémico capitalista, ¢do que vigorou até o inicio do século XX,
pelo triunfo do liberalismo e do imperialismo, nao sem contesta¢ao e disputas.
bem como pela efervescéncia do sentimento
nacionalista e da doutrina socialista.
Acompanhando a indusirializacdo, o pro-
gresso Capitalista europeu foi, pouco a pouco,
consolidando o Estado liberal burgués durante
o século XIX. Além disso, 0 perfodo foi
destacado pelo acirramento das disputas por Winterhalter.
de
Quadro
mercados coloniais, bem como pelo desen-
volvimento das idéias socialistas ante o agra-
vamento da questdo social. Simultaneamente,
oséculo XIX europeu foi envolvido, ainda, pela
emergéncia de um outro ideal poderoso na
mobiliza¢ao politica, o nacionalismo, fruto do
anseio de alguns povos em formar Estados
soberanos livres e poderosos. Arainha Vitoria morreu trés semanas depois de ter terminado
A busca da sobrevivéncia e de novas 0 século XIX, o século britanico, deixando ao seu herdeiro
oportunidades por parte dos europeus, junto Eduardo VII um império grandioso, que, entretanto, come¢a-
va a ruir e sofria cada vez mais ameagas.
a turbuléncia politica e crises, também favore-
ceram grandes deslocamentos demograficos,
que, fora a enorme urbanizagao, levaram Durante a maior parte deste século, o
dezenas de milhGes de pessoas a dirigirem-se trono inglés foi ocupado pela rainha Vitdria
para outros territ6rios, como por exemplo a (1837-1901), que com os seus gabinetes do
306
A EUROPA NO SECULO XIX
Partido Conservador (tories) e Partido Liberal para imprimir as mudangas desejadas quando
(whigs), adotou uma politica marcadamente apresentada ao Parlamento para votacdo
burguesa e impulsionadora do liberalismo, (1848). Porém, pouco depois, os movimentos
emprestando o nome de Era Vitoriana a esta populares retomaram forga, conquistando,
fase de apogeu britanico. em 1858, o fim do censo eleitoral para a
O poderio britanico contava com o rapido Camara dos Comuns e, em 1867, o Ato da
crescimento industrial, com uma poderosa Reforma que estendeu o direito de voto a
Marinha mercante e com um Estado solida- todos que tivessem residéncia prdpria ou
mente estruturado. Desde a derrota de Napo- pagassem aluguel acima de um certo valor,
ledo Bonaparte, em 1815, a Inglaterra nao es- deixando de fora os mais pobres trabalhado-
barrava em nenhum rival suficientemente forte res industriais. Em 1872, estabeleceu-se o
que fosse capaz de ameagar de forma decisiva voto secreto e, em 1884, o mesmo direito do
sua estabilidade, lideranga e hegemonia inter- Ato da Reforma foi estendido ao campo,
nacional. Vigorava, enfim, 0 que se denomi- envolvendo boa parte dos trabalhadores ru-
nou de Pax Britannica, a era da libra esterlina. rais. Dos principais ministros ingleses que
Na politica, a completa hegemonia bur- governaram 0 pais quando ocorria a amplia-
guesa emergia com a Lei da Grande Reforma ¢do do direito de voto estavam, especialmen-
de 1832, gragas a maior representatividade te, William E. Gladstone (1809-1898) e
politica conseguida pelos centros urbanos, os Benjamin Disraeli (1804-1881).
quais eram capitaneados pela elite do dina-
mico capitalismo inglés. Triunfava o poder do
sucesso burgués frente a tradicdo de privilé-
gios dos grandes proprietdrios.
Dai em diante, foram sendo adotadas
medidas que eliminaram as restrig¢Ges comer-
ciais e agricolas, a exemplo da abolicdo da
“Lei dos Cereais’” (1846) que, com suas
elevadas taxas de importagdo, dava imensas
vantagens aos proprietarios de terras ingleses.
Tal politica serviu para a expansdo do livre
comércio e superac¢ao do protecionismo,
como preconizava 0 liberalismo econdmico.
O periodo vitoriano foi também marcado
pela atua¢gdo das organizacgées trabalhistas —
as trade unions — vencendo a resisténcia do
empresariado e conquistando sucessivas me-
lhorias nas condigG6es de trabalho (legislagao
trabalhista, redugao da jornada de trabalho,
melhores saladrios), bem como um maior
espaco na vida politica inglesa.
Enfrentaram-se as péssimas condi¢6des
das workhouses e outras evidéncias criticas
da ‘‘questéo social’ e da marginalizagao
politica, sobressaindo-se a publicacdo da
Carta do Povo, de 1838, reivindicando o
sufragio universal, o voto secreto, o fim do
censo para as eleicdes e elegibilidade, a
remuneracao dos eleitos e eleigdes anuais.
A Carta conseguiu, inicialmente, grande Gladstone (em cima) e Disraeli dominaram a cena politica
mobilizagéo popular, mas nao o suficiente inglesa colocando em duelo seus talentos parlamentares.
ey
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
No final do século XIX, junto aos partidos inglesa sobre a Irlanda. Na década de 1860,
dos tories (conservador) e dos whigs (liberal), intensificaram-se os atos terroristas, obrigan-
os lideres das trade unions buscaram a do o governo inglés de Gladstone a iniciar
formagao de um partido politico dos traba- reformas que neutralizassem os radicais.
lhadores, o Partido Trabalhista (Labour Party, Dentre elas, estava a desobriga¢do dos catd-
1893). As disputas politicas e a busca pela licos irlandeses em pagar tributos a Igreja
ampliagao dos direitos eleitorais e sociais protestante e favorecimentos aos trabalha-
estruturaram definitivamente o Partido Traba- dores arrendatarios do campo, estipulando
lhista em seguida as eleicGes de 1906 e, compensagées caso fossem despejados por
pouco depois, também levaram a aboli¢ao proprietarios.
das limitagdes eleitorais (1918), culminando
no sufragio universal. A partir de 1880, sob a lideranga de
Charles Stewart Parnell, os deputados irlan-
deses eleitos para o parlamento inglés passa-
ram a atuar na diregao da autonomia politica —
O problema da Irlanda a Home Rule -, a qual acabou apoiada por
Gladstone e repelida pela Camara dos Comuns .
Outra grande questaéo inglesa do século em 1886. Imediatamente, na Inglaterra, prin-
XIX foi a da Irlanda, regiao dominada pelos cipiou uma crescente repressdo contra os
_ ingleses desde o inicio da Idade Moderna e ativistas pela autonomia, adiando o processo
que, com popula¢gao predominantemente secessionista da Irlanda. A ascendente luta
catdlica, lutava contra a submissdo a Ingla- irlandesa s6 foi momentaneamente amorteci-
terra protestante. Dificuldades, crises, instabi- da com o inicio da Primeira Guerra Mundial,
lidade regional e busca de oportunidades em retomando fdlego e intensidade logo em
outras regides por parte dos irlandeses aju- seguida.
dam a explicar a queda populacional do pais:
de um total pouco superior a oito milhGes de
habitantes, em 1841, decaiu para 4,4 mi-
lhGes, setenta anos depois.
308
A EUROPA NO SECULO XIX
309
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
3510
A EUROPA NO SECULO XIX
3 11
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
312
A EUROPA NO SECULO XIX
313
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
aos dominios da Igreja, Napoleao Ill retirou As condicdes humilhantes desse tratado
seu apoio aos italianos e passou a defender fermentariam, na Franca, a mentalidade re-
Roma contra os unificadores. vanchista que se transformaria, no inicio do
Entre 1862 e 1867, Bonaparte interveio século XX, numa das principais causas da
no México, numa guerra que arruinou as Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
financas francesas. Com o objetivo de garantir
oO comércio francés na América, conter a
crescente hegemonia norte-americana e pOr
fim a instabilidade politica entre grupos
locais, as tropas francesas invadiram 0 Méxi-
co, derrubando seu presidente Benito Juarez.
Entretanto, os problemas financeiros e milita-
res e a instabilidade politica e militar na
Europa fizeram com que Napoleao III retiras-
se suas tropas do México em 1866.
314
A EUROPA NO SECULO XIX
O conservadorismo do Congresso de
Viena (1815) foi solapado progressivamente
em todo o mundo, tanto pelo progresso
econémico capitalista, quanto pela insusten-
* iit;nae pee Seih
at
tabilidade do Antigo Regime. A partir da
Revolucao de 1830, o liberalismo e o soci-
alismo estruturaram um novo padrao ideold-
gico dualista, compativel com o mundo
capitalista emergente. As revolugdes, os mo-
vimentos sociais, as politicas governamentais
encarnavam essas vertentes vitoriosas do
século XIX, que, muitas vezes, tiveram como
desdobramento o imperialismo, o naciona-
lismo e o reformismo sociopolitico, com a
amplia¢ao de direitos trabalhistas e de voto.
Assim, a Revolucao de 1848 — a prima-
vera dos povos — estava impregnada da
dualidade ideoldgica do capitalismo, propa-
gando-se como ele por todo o mundo. Na
Austria caiu Metternich, o maior simbolo do
Congresso de Viena; na Franga emergiu o
socialista ut6pico Louis Blanc; e na Italia e na
Alemanha o liberalismo e o nacionalismo
transformaram-se em bandeiras nacionais.
Até o Brasil viveu essa efervescéncia socio-
politica com a Revolucao Praieira (1848), em
Pernambuco.
No jornal de 1895, a gravura mostra o capitao Dreyfus na
cerim6nia em que foi destituido de seus direitos militares.
A unificacao italiana
Na presidéncia de Jules Grévy (1879-
1887), predominaram as conquistas cCivis: Imbuida de forte sentimento nacionalista,
estabeleceu-se a liberdade de imprensa e de despertado principalmente pelas divisGes im-
associac¢ao (1881), a estatizacdo do ensino postas pelo Congresso de Viena, a Italia, até
gratuito, laico e obrigatdério (1882), o casa- entao simples ‘“expressdo geografica’’, acele-
mento civil e os sindicatos operarios e raria sua politica de unificagao. No inicio do
patronais (1884). No final do século, a direita século XIX, destacaram-se nesse processo
francesa se concentrava na Action Francaise inicialmente os carbonarios, sociedade pre-
A EUROPA NO SECULO XIX
Rodrigues/Reflexo
Ricardo
319
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
Como era previsto por Bismarck, frente a sangue” pela unificagdo. Apos a vitoria
declara¢do de guerra da Franca, os Estados do
sobre a Franga, ao “regressar a Berlim,
sul da antiga Confederagaéo GermAnica junta-
Bismarck foi reconhecido como o funda-
ram-se aos do norte, batendo a Franca na
dor do novo Reich. Ninguém, a servico de
batalha de Sedan e completando a unifica-
um rei, desde Richelieu, havia tao rapida-
¢do. Em janeiro de 1871, para humilhacdo
dos franceses, era criado na Sala dos Espelhos mente elevado a importancia de seu
do Palacio de Versalhes o Segundo Reich soberano, ao mesmo tempo acrescendo,
(= império) alemao — 0 primeiro fora o Sacro com tao bons resultados, sua autoridade
Império Romano-Germanico. no governo. [...] Bismarck manteve o
titulo de ministro do exterior prussiano
até sua queda em 1890”.
PALMER, Alan. Bismarck. Brasilia, Universidade de
Brasilia, 1982. p. 167.
%
Es.
¥ 7s,
45 +f F. a
O personagem-sintese do naciona-
lismo alemao — Bismarck — nao mediu
meios para edificar o Segundo Reich
alemao. O “chanceler de ferro” empregou,
segundo suas proprias palavras, “ferro e Apos a unificacao, a industrializagao germanica ganhou
enorme impulso.
321
A AMERICA NO SECULO XIX
322
A AMERICA NO SECULO XIX
industrializados, comecou mais cedo e se O apoio inglés foi decisivo para a eman-
ampliou ainda mais acentuadamente. O cipagdo latino-americana. Com a derrota
PNB per capita (Produto Nacional Bruto napolednica, em 1815, as metrdpoles ibéri-
_ dividido pelo numero de habitantes) jaera cas, apesar de retomarem o colonialismo, nao
tiveram sucesso, ja que os ingleses respalda-
mais do dobro que o do Terceiro Mundo
ram a vitoria criolla contra os espanhdis nas
em 1830; em 1915,cerca de sete vezes
guerras de independéncia de 1817 a 1825.
maior.” ‘
Também a Doutrina Monroe, instituida pelos
HOBSBAWM, Eric J. A era vaneBED ce Rio ae Estados Unidos, ajudou a consolidar a inde-
Janeiro, Paz e Terra, 1988. p. 32.
pendéncia latino-americana, ao apoiar a
guerra de libertagdo dos criollos.
A independéncia da América
Os precursores da independéncia
espanhola
ee eee eee
No inicio do século XIX, a populacado
total da América espanhola chegava perto de
Na passagem do século XVIII para o sé- 20 milhdes de habitantes. Destes, mais de
culo XIX, com o declinio do Antigo Regime, o 12 milhdes eram indios; 6 milhdes, mesticos
liberalismo politico e econdmico forneceu a (descendentes de espanhdis e fndios); 800
base ideolégica para a superagao definitiva mil, negros escravos e 3 milhées eram
dos entraves que barravam o progresso capi- criollos.
talista. A era das revolucées, iniciada com a
independéncia dos Estados Unidos e conso-
lidada com a Revolugao Industrial e a Revo-
lugdo Francesa, deixou em desvantagem os
Estados ibéricos, ainda apegados ao mercan-
tilismo colonialista, que dificultava o livre
comércio, e, portanto, o desenvolvimento in-
dustrial. Foi nesse perfodo que, em represalia
a nao-obediéncia ao Bloqueio Continental,
Napoleao Bonaparte invadiu Portugal e ocu-
pou a Espanha, desencadeando 0 processo de
independéncia da América Latina.
Para as elites da América espanhola, re-
presentadas pelos criollos (descendentes de Carlos
Manha
Herrera,
M.
Ascencio
de
(1811).
GI GI
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
metidos pelos ¢
s umiu 0comand
justica
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324
A AMERICA NO SECULO XIX
rica Latina, com o apoio efetivo da Inglaterra, Bolivar, o Libertador, foi um exemplo
interessada na ampliagdo de mercados para tipico dos ideais da elite criolla. Nascido na
seus produtos industrializados, e dos Estados Venezuela, republicano, comandou a luta
Unidos, também interessados no potencial de pela libertagdo da América Latina, partindo
sua vizinhang¢a. da Venezuela e do Peru em direcdo ao sul,
defendendo uma América do Sul livre, unida
Os rebeldes foram favorecidos ainda pela e forte. Seu lema era: ‘‘Uni-vos, ou 0 Caos vos
distancia da metropole e pela situacao interna devorara’’. San Martin, embora com os mes-
da Espanha, envolvida numa revolucdo libe- mos ideais, defendia um governo monarquico
ral entre 1820 e 1823, o que dificultou a constitucional e iniciou seus movimentos
remessa de tropas contra-revolucionarias a partindo. de Buenos Aires em diregéo ao
América. norte, no chamado ‘movimento sulista’’.
329
entre criollos e espanhdis, a supremacia da na, transformou-se em Estado independente,
religido catdlica, o respeito a propriedade e em 1828, com o nome de Republica Oriental
um governo monarquico. A coroa foi ofere- do Uruguai.
cida a Fernando VII da Espanha, que sofria A partir da Argentina, San Martin, co-
forte oposi¢do liberal em seu pais. Em 1822, mandando cerca de 5 mil homens no cha-
entretanto, ItGrbide proclamou-se imperador, mado Exército dos Andes, marchou para o
com 0 titulo de Agustin |, sendo, entretanto, Norte, libertando o Chile em 1818, apds as
deposto logo a seguir num levante republica- batalhas de Chacabuco e Maipt. Bernardo
no. Em 1824, o México tornava-se efetiva- O'Higgins, lider do movimento de libertagdo
mente independente e elegia seu primeiro na regido, foi nomeado dirigente do Estado
presidente, o general Guadalupe Vitoria. chileno.
Dirigindo-se para o Peru, principal centro
Na América do Sul, o Paraguai constituiu de resisténcia espanhola, acompanhado pelo
uma republica, em 1813, chefiada pelo mercenario inglés Lord Cochrane, San Martin
criollo Gaspar Francia. A Argentina procla- alcangou e libertou Lima, em 1821. Simon
mou, em 1816, sua independéncia, que, Bolivar, por sua vez, apoiado pela Inglaterra e
entretanto, sd foi concretizada pelos éxitos pelos Estados Unidos, organizou um exército
militares de Manuel Belgrano e San Martin. O regular, libertando a Venezuela em 1817, a
Uruguai, que desde 1821 estava incorporado Col6mbia em 1819 e o Equador, em 1821,
ao Brasil com o nome de Provincia Cisplati- dirigindo-se ele também ao Peru.
» EQUADG
(1822)5
I~ ARIZ
OCEA! v ae
PACIFICO
(1821) Data de
independéncia
Os novos Estados indepen-
dentes da América Latina.
A AMERICA NO SECULO XIX
popular.
Apos a declaragado de independéncia, em
Tais chefes — comandantes carismaticos, 1776, os Estados Unidos, comandados por
autoritarios, paternalistas, que irradiavam um George Washington, ocuparam-se, lutando
magnetismo pessoal na condugao de seus contra a Inglaterra, em garantir sua libertagao,
comandados — foram denominados caudi- concretizada na Paz de Versalhes, em 1783.
lhos. A organizac¢ao politica do novo Estado reali-
zou-se em meio a duas tendéncias partidarias:
a republicana, defendida por Thomas Jeffer-
son, que desejava maior autonomia para os
O caudilhismo
estados e que deu origem ao atual Partido
“O caudilhismo representou em cer- Democrata, e a federalista, defendida por
tos casos a defesa das estruturas so- Alexander Hamilton, que desejava um forte
cioecondmicas tradicionais, como tam- governo central, e que foi o embrido do atual
bém o artesanato e a industria incipien- Partido Republicano.
te, contra elites burguesas que atuavam A Constituigao de 1787, elaborada por
ha exportagao de matérias-primas, deputados dos treze estados, combinou as
constituindo a tipica burguesia ‘compra- duas tendéncias, organizando uma republica
dora’. federativa presidencialista e assegurando a
cada estado da federacdo o direito de ter sua
Na América Latina, o termo caudilho
propria constituicdo. O poder executivo fica-
ainda continua a ser usado, como o de
ria com o presidente eleito por seis anos e o
cacique, para designar chefes de partido
legislativo com a Camara de Deputados e o
local ou de aldeia, com caracteristicas
Senado. A Suprema Corte de Justica caberia o
demagégicas.
poder judicidrio e a fun¢do de zelar pela
O epiteto foi expressamente rejeita-
constituigdo. Em 1789, o Congresso elegeu
do pelos ditadores militares do nosso George Washington, o primeiro presidente
século, pelas conotagdes naturais e dos Estados Unidos.
inorganicas que implica na regido, contra-
riamente ao que acontecia na Espanha,
onde 0s partidarios do franquismo cha-
mavam oficialmente o seu chefe caudillo.
Mas nao se aludia neste caso a tradicZ0
latino-americana, mas ao lema das for-
gas anti-republicanas durante a Guerra
Civil (1936-1939): ‘una fe, una patria, un
caudillo’.
Velho.
Peale,
James
de
Quadro
o
Presentemente, parte dos estudio-
08 da ciéncia politica créem que o cau-
dilhismo é particularmente significativo
para a compreensao da genese do milita-
rismo na América Latina.”
328
A AMERICA NO SECULO XIX
Em sua marcha para o Oeste, os Estados Unidos conquistaram os territorios situados entre os oceanos Atlantico e Pacifico.
Posteriormente, obtiveram também o Alasca e 0 arquipélago do Havai.
A Guerra de Secessao (1861-1865) medida que visava proteger sua producao in-
dustrial da concorréncia externa. Para o Sul,
Se, por um lado, a expansdo territorial e ao contrdrio, cuja producdo estava voltada
econémica fortalecia o desenvolvimento ca- para o atendimento do mercado externo,
pitalista dos Estados Unidos, por outro acirra- interessava o livre-cambismo com relagao as
va a rivalidade econdmica, social e politica tarifas alfandegarias, o que lhes garantiria as
entre os estados do Norte e do Sul. Suas exportacoes.
diferengas remontavam a €poca colonial: ao No plano politico, a rivalidade corporifi-
norte, estabeleceu-se uma col6nia de povoa- cou-se nas divergéncias das fac¢ées politicas,
mento, com pequenas propriedades agrico- tendo de um lado o Partido Republicano,
las, trabalho livre, comércio dindmico e uma mais representativo das ambi¢Ges burguesas e
economia que propiciava intensa capitaliza- industriais nortistas e, de outro, o Partido
¢4o0, culminando na industrializagdo do inicio Democrata, controlado pela aristocracia su-
do século XIX; ao sul, ao contrario, estabele- lista, firme defensora das autonomias dos
ceu-se uma colénia de exploragao baseada estados.
na monocultura para exporta¢ao e no latifun-
dio escravista, com a formacaéo de uma
poderosa aristocracia rural. Aecabanado Paitomas:
352
A AMERICA NO SECULO XIX
Baixas norte-americanas
Estados do Norte (Uniao) Primeira Guerra Mundial (1914-18): 125 000 mortos |
Estados do Sul (Confederados) Segunda Guerra Mundial (1939-45): 322 000 mortos
Guerra da Coréia (1950-53): 55 000 mortos
: Estados constituidos apéds a Guerra de Secessao
Guerra do Vietna: 57 000 mortos
Estados escravagistas nado-confederados Guerra civil: 618 000 mortos
As acentuadas desigualdades entre os estados do Norte e do Sul desencadearam a Guerra de Secessao norte-americana.
333
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
334
A AMERICA NO SECULO XIX
CANAL DO PANAMA
NICARAGUA
Lago da
; ees
Zona do Canal
(sob a administracao
dos Estados Unidos)
PANAMA eS
OCEAf NO ;7 € €\ ¥
PACIFICO ts _@ OF Hi Brien
.
Buscando fixar-se estrategicamente na passagem Atlantico-Pacifico, Theodore Roosevelt impés seu controle sobre o canal do
Panama. Na foto, etapa da construcao do canal.
GAMMA
335
INTRODUCAO A HISTORIA
AFRICANA
7 milhdes de anos, bem como da espécie mais Europa, em Java, na China, no Iraque etc.
evoluida do Homo habilis (desde antes de Do Homo erectus teriam evoluido 0 homem
3 milhdes de anos) e do Homo erectus (desde de Neanderthal (denominagao dos fdsseis
2 milhdes de anos). Dessa forma, ali viveram encontrados desde 1856 na gruta de Nean-
diversas linhagens paralelas de nossos ances- derthal, perto de Dusseldorf, Alemanha), o
trais, que se entrelagaram até desembocarem homem de Cro-Magnon (denominagao dos
no homem moderno. Existem fortes indicios fésseis encontrados em 1868 em Cro-Mag-
de terem sido os descendentes do Homo non, Dordogne, na Franga) e a espécie
erectus OS primeiros a povoarem outros humana atual com todas as suas varia¢gdes,
continentes, pois, até agora, ja foram encon- em um processo ocorrido ao longo dos
trados esses fésseis em varias regides da Ultimos 500 mil anos.
Adap.: FONTANA, Joseph. Introduccién al estudio de la historia. Barcelona: Critica, 1999. p. 47.
contemporanea. Sao Paulo: Selo Negro, datas — quanto a essa ultima polémica, ha os
2005. p. 58). As teorias da origem humana que defendem, com base em_pesquisas
(ver figura e quadro abaixo) suscitam muitas _genéticas, ser de aproximadamente 500 mil
divergéncias entre os estudiosos, assim como _anos a origem da “Eva africana”
a determinacgao de rotas migratérias e de
Homem moderno
‘(Homo sapiens sapiens)
40 mil anos
Homem ereto
(Homo erectus)
,»5 milhao de anos
Neanderthal
(Homo sapiens)
100 mil anos
Australopithecus
4,5 milhdes de anos
Gorila
Cryopithecus
25milhdes de anos
DESERTO DO SAARA
Adap.: ANJOS, Rafael Sanzio Araujo dos. Territorios das comunidades remanescentes de antigos quilombos no
Brasil. Primeira configura¢ao espacial. Brasilia: Editora & Consultoria, 2005. p. 22.
S41
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
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INTRODUCAO A HISTORIA AFRICANA
Além dos reinos africanos citados, que sua historia. Por isso ja se disse que
evidenciam a amplitude da diversidade his- ‘cada anciao que morre na Africa é uma
torica da Africa, houve também um enorme biblioteca que sé perde’.”. 99
OCEANO
INDICO
Trépicoa de
a meCapricémio
a ye a ey a ee
[9 Avango islamico
Adap.: PAOLUCCI, Silvio; SIGNORINI, Giusepina. II Corso della storia 2. Bologna: Zanichelli, 1997. p.56.
C51ps gi
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
A derrocada de Gana na Africa Ociden- no século XV, por causa dos constantes
tal ocorreu paralelamente a ascensdo do ataques de povos do norte africano e dos
Reino Mali, processo que se consolidou portugueses, interessados no ouro e em
quando o principe Sundiata Keita, por volta varias Outras mercadorias do comércio regi-
de 1230, transformou-se em soberano do onal. Do século XV ao século XIX foram
Mali, fixando a capital em Niani. Ampliando inGmeras as unidades politicas africanas que
progressivamente seus dominios, no inicio floresceram no continente, apesar das inves-
do século XIV esse reino ja alcangava a costa tidas do norte islamico e dos europeus. Entre
do Atlantico e interior do Saara, controlando elas, destacam-se o Reino de Benim, area de
varias cidades e as rotas comerciais saaria- captura de cativos por vizinhos rivais, que os
nas. Ficaram famosas as peregrinagdes de repassavam aos europeus para 0 comércio
seus governantes a Meca, a riqueza que atlantico; o Reino do Congo, na regido do
levavam em suas viagens e a fundacao de rio Zaire (atual rio Congo), com capital em
mesquitas e centros de estudo que contavam Mbanza, com 100 mil habitantes; e o Reino
com a atuacdo de sabios e arquitetos trazidos Ashanti, entre os séculos XVII e XIX.
do Oriente Préximo.
Africa: fornecedora de
escravos e dominio europeu
LS
O trafico de escravos, também chamado até a cobrir 05 ralos das escotilhas, com
de “comércio de almas’’, produziu enormes Oo qué a diarréia e a febre espalharam-se
fortunas para as companhias comerciais e entre 05 negros. Enquanto eles estiveram
seus mercadores. Além disso, envolveu as
nesse inteliz estado, muitas vezes eu
sociedades locais africanas, integrando-as as
descia até la, como exigia minha profis-
transagdes e aos recursos que circulavam
540; mas, por fim, o calor de seus
pelo continente, firmando diversas redes de
captura e comércio de cativos. Os africanos alojamentos tornou-se tao insuportavel
levavam os escravos até a orla e dali, nas que ja nao era possivel ficar ali por mais
embarcag6es, era iniciada a travessia atlanti- de uns poucos minutos. Aquele calor
ca. As condic6es de transporte eram subu- excessivo nao era a Unica coisa que
manas, nada diferente do tratamento dispen- tornava tao pavorosa a situagao deles.
sado na captura e na propria imposi¢ao do A ponte, isto é, 0 piso de seu alojamento,
trabalho. No filme brasileiro Quanto vale ou é estava tao coberto de odores putridos é
por quilo? (2005), direg¢ao de Sérgio Bianchi, de sangue, consegiiéncia da diarréia de
ha um didlogo muito interessante que faz que eles estavam atacados, que, ao
analogia entre os navios negreiros e as atuais entrar ali, uma pessoa poderia acredi-
prisdes brasileiras. Numa das cenas, aparece tar-se num matadouro.
uma cela superlotada de detentos, e um E impossivel a mente humana ima-
presididrio negro (representado pelo ator
ginar um quadro mais horrivel e mais
Lazaro Ramos) diz: ‘‘Esse € 0 nosso navio
repugnante do que o estado em que
negreiro. Dizem que a viagem era bem assim.
es5e5 seres miseraveis se encontravam
S6 que ela durava dois meses. E 0 principal: o
entao. Grande nimero de escravos havia
navio ia terminar em algum lugar...”
desmaiado; eles foram levados até a
“Relatorio em que o cirurgiao Fal- segunda ponte, onde varios morreram, é
foi bastante dificil fazer despertarem 0s
conbridge narra sua experiéncia a bordo
de um navio negreiro durante a tempes- outros. Fouco faltou para que eu me
tade de varios dias, que impediu a saida incluisse entre as vitimas.”
dos cativos até a ponte para arejar-se: FERRO, Marc. Sobre o trafico e a escravid&o. In:
Um vendaval, acompanhado de chu- FERRO, Marc (Org.). O livro negro do colonialismo.
va, forgara-nos a fechar os portalds e Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. p. 127.
348
INTRODUCAO A HISTORIA AFRICANA
Erick-Christian
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Ahounou/AFP/Getty
INTRODUCAO A HISTORIA AFRICANA
Essa rica e complexa histéria africana (conforme Almanaque Abril Mundo 2005.
nao admite inferiorizacdo em nome de uma Sao Paulo: Abril, 2005. p. 122), 53 paises,
inadequada histéria eurocéntrica. A Africa é mais de 2000 linguas e luta para superar
um continente que representa 20,3% da herangas negativas que contribuiram para o
superficie terrestre do planeta (30 milhdes alarmante quadro atual — de pobreza, guerras,
de km), possui 850 milhdes de habitantes epidemias e arduas dificuldades."
-
MAS
1A,
-SAARA OCIDE
GUINE-BIS
SERRA L!
OCEANO
INDICO
SEYCHELLES
COMORES
Adap.: ANTUNES, Celso. Atlas geogrdfico escolar. Sao Paulo: Atica, 2002. p. 14.
' Sobre o quadro atual, resultado da domina¢ao européia, vale a pena ver o filme Hotel Ruanda. Dir.: Terry Nolte, Can/REU/Ita/
AFS, 2004.
O IMPERIALISMO DO
SECULO XIX
352
O IMPERIALISMO DO SECULO XIX
Kye%e)
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
O ambicioso e aventureiro
Cecil Rhodes (1853-1902)
— na Caricatura ao lado —
personificou as ambicées
do dominio britanico no
continente africano.
iN aS
O IMPERIALISMO DO SECULO XIX
Possessées
(3 Francesa
[A Otomana
[___] Portuguesa
eee inglesa
ee |Espanhola
masse Fsfera de
influéncia
Colonizagao da Africa pelas poténcias européias. Note as diferencas da interven¢ao européia nos anos de 1870 e de 1917.
Keto)
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
4 «
OCEANO OCEANO
INDICO INDICO
[| Otomana GR Alema
356
O IMPERIALISMO DO SECULO XIX
io]
causando enormes desequilibrios entre pro-
du¢gao e consumo.
: 3 é x » c
Rrete)
O IMPERIALISMO DO SECULO XIX
China
560
O IMPERIALISMO DO SECULO XIX
Durante o século XIX, assinaram-se diversos tratados oficializando o controle imperialista sobre as na¢ées asiaticas. Tratado de
Tientsin (1885) entre China e Franga.
7 (Esan-SP) Na passagem entre a Idade Moderna b) Apés 0 cadafalso real de 1649, estabeleceu-
e a Contempordnea, ha uma etapa que os se um governo popular e democratico na
historiadores tam chamado genericamente de Inglaterra, que serviu de fonte inspiradora
“Era das Revolugdes’’. Nela: para a efervescéncia iluminista do periodo.
a) fica sacramentado o mercantilismo como c) A turbuléncia inglesa apontada faz parte de
forma de operagao econdmica que perdu- um amplo movimento politico social que
raria ainda pelos proximos séculos. desembocaria na Revolugao Gloriosa de
b) iniciaram-se também os grandes descobri- 1688-9, reforgando os poderes absolutistas.
mentos, que, através das grandes navega- d) A Revolugao puritana de 1649 serviu para
¢6es, tanto alargaram as fronteiras do mun- reforgar 0 poder monarquico de Carlos | e
do conhecido. da Igreja anglicana, sepultando os principios
c) foi grande a estabilidade politica, dado que liberais em gestacao.
os governos europeus ndo sofreram quais- e) A versdo francesa da radicalidade politica
quer conflitos internos. desfechada contra o rei Carlos ocorreria du-
d) ganha curso a Primeira Revolu¢gao Indus- rante a Revolugao Francesa, sob a lideran¢a
trial, ocorrem as primeiras rupturas entre dos girondinos, no periodo do Diretério.
colénias e metrdpoles e nestas, o absolutis-
mo sofre grandes abalos.
(Unaerp-Ribeirao Preto-SP) A igualdade é bran-
e) a religiosidade voltou a assumir papel de
ca, a liberdade é azul e a fraternidade é
especial destaque e a nobreza, conseqiien-
vermelha. Trilogia filmada por famoso diretor
temente, reassumiu todo o seu _prestigio
de cinema, inspirando-se no ideario revolucio-
politico e econdmico.
nario que deu ao mundo o modelo de demo-
cracia representativa:
Veja o texto abaixo de Renato Janine Ribeiro
a) Revolugdo Russa
(prefacio do livro O mundo de ponta cabe¢a de
b) Revolucao Indiana
Christopher Hill, Cia. das Letras, 1987. p. 14-5)
c) Revolugao Francesa
e assinale a alternativa correta:
d) Revolugao Chinesa
“[...] com a execugao do conde Strafford, seu
e) Revolucao Gloriosa
principal apoio militar. A cena é dramatica: o
proprio conde pede a Carlos que assine a lei
mandando mata-lo; 0 rei cercado pelo povo em (Puccamp-SP) No contexto da Revolugdo Fran-
seu palacio, temendo menos a morte (é pes- cesa, a organizacao do governo revolucionario
soalmente corajoso) do que o enfraquecimento significou uma forte centralizagao do poder: o
do poder régio, afinal cede; para salvar a Comité de Salvagdo Publica, eleito pela Con-
propria consciéncia autoriza outras pessoas a ven¢ao, passou a ser O efetivo drgdo do
assinarem em seu nome a lei de execugao. O Governo ... . Havia ainda o Comité de Segu-
suplicio € enorme festa popular, presentes ranga Geral, que dirigia a policia e a justi¢a,
dezenas de milhares de espectadores — prova- sendo que estava subordinado ao Tribunal
velmente a maior aglomeragéo humana do Revolucionario, que tinha competéncia para
século na Inglaterra. Esse episddio atormentara punir, até a morte, todos os suspeitos de
Carlos até o fim da vida — nao devemos Oposi¢ao ao regime. O conjunto de medidas
desconhecer o peso das questées de conscién- de exce¢ao adotadas pelo Governo revolucio-
cia — e ele subira o cadafalso, em 1649, certo nario deram margem a que essa fase da
de que esta pagando a divida a seu fiel Revolucdo viesse a ser conhecida como:
servidor, bem como aos bispos’’.
a) os Massacres de Setembro.
a) A cena descrita no texto encontra alguma b) o Perfodo do Terror.
similaridade na Fran¢a, mais de dois séculos c) o Grande Medo.
depois, com a radicalidade do governo d) o Perfodo do Termidor.
montanhés. e) o Golpe do 18 Brumario.
QUESTOES E TESTES
8 (PUCSP) Relativamente 4 expansao napole6ni- Assinale a op¢ao que ndo associa, de maneira
ca (1805-1815), pode-se afirmar que acarretou correta, os marcos da Revolugao Francesa
mudan¢as no quadro politico europeu, tais enumerados abaixo as fases ja citadas:
como:
a) difusdo do ideal revolucionario liberal, am-
pliagdo temporaria do raio de influéncia
francesa e fortalecimento do idedrio nacio-
nalista nos paises dominados.
ASF isolamento diplomatico da na¢ao inglesa,
radicagao definitiva do republicanismo no
continente e estabelecimento do equilibrio
geopolitico entre os paises atingidos.
Gy desestabilizagao das monarquias absolutis-
tas, estimulo para os desenvolvimento in-
dustrial nas colénias espanholas e implan-
tacdo do belicismo entre as nagGes.
d) desenvolvimento do cosmopolitismo entre
os povos do império francés, incrementa¢gao
da economia nos paises ibéricos e conten-
¢ao das lutas sociais.
a difusao do militarismo como forma de con-
trole politico, abertura definitiva do merca-
do mundial para os franceses, estimulo de-
cisivo para as lutas anticolonialistas.
14 (Sao Leopoldo-RS) Com a morte de Robespierre o da propria vida, que nao esteja pronto a fazer,
iniciou-se a fase denominada Reacao Termido- pelos interesses da Franga.’”
riana, que assinala: Apos assinar esse ato de abdica¢gao, Napoledo |:
a) a ascensdo de Napoledo pelo Golpe de 18 a) tornou-se duque da Toscana.
de brumario. b) compareceu perante o Congresso de Viena.
b) 0 inicio do Terror. c) foi desterrado em Santa Helena.
c) o fim da Convencao. d) foi confinado na ilha de Elba.
d) a formacao da primeira coligacdo contra a e) ficou prisioneiro na Inglaterra.
18
Franga.
e) a volta da alta burguesia ao poder. (UFPI) No Congresso de Viena (1815), as deci-
sdes foram tomadas pelas grandes poténcias:
15 (Oswaldo Cruz-SP) Ao analisarmos a Franca no Rdssia, Austria, Inglaterra e Prussia, tendo co-
periodo que se estende da Revolu¢ao Francesa mo um de seus principais resultados:
(1789) 4 queda definitiva de Napoledo Bona- a) a difusdo das idéias revolucionarias, reali-
parte (1815), verificamos que o pais passou por zada, principalmente, pela magonaria.
sérias transformagées politicas, econdmicas e b) a restauragdéo das fronteiras anteriores a
sociais. Seguem-se alguns acontecimentos des- Revolugao Francesa.
ta fase e deverdo ser assinalados, apenas, os c) a restauragao das antigas monarquias parla-
que se enquadram na Convengao: mentares, como, por exemplo, a de Portugal.
1 — Aboligao oficial da Monarquia e instituicado d) a intervengéo do papado em dominios
da Primeira Republica. territoriais do Sacro Império Romano-Ger-
2 — Aprovagao da Declaragao dos Direitos do manico.
Homem e da Constituicdo Civil do Clero. e) 0 auxilio prestado a movimentos revolucio-
3 - Instituigdo do Comité de Salvagao Publica narios embasados nos principios iluministas.
e adocdo de medidas extremas.
4 —Instituigdo do Tribunal Revoluciondrio e 19 (PUC-MG) O Congresso de Viena, de 1815,
alteragdo no sistema de propriedade. reuniu representantes dos paises europeus com
5 — Tomada da Bastilha e confiscagao dos bens 0 objetivo de:
doclero. a) apoiar a Doutrina Monroe para impedir a
a) 3 -4=5 c) 2-3-5 recolonizagao da América.
bate 4 Cite 3i=4 b) organizar uma alianga militar para conter a
365
A IDADE CONTEMPORANEA (SECULOS XVIII E XIX)
b) impedir a formagao de ligas entre nortistas e a) criar uma estrutura eminentemente fabril
negros, que propunham a reforma agraria que proporcione predominancia do campo
nas terras do Sul dos Estados Unidos. sobre a cidade.
c) unir os brancos para manter seus privilégios conseguir a harmonia entre todos os ho-
e evitar que os negros, com apoio dos mens organizados em comunidades.
nortistas, tivessem direitos garantidos pelo oe
RE estruturar a organiza¢ao social com base em
governo. cooperativas agricolas.
d) proteger os brancos das ameagas e massa- = eliminar a propriedade privada, assim como
cres dos negros, que criavam empecilhos oO sistema capitalista.
para o desenvolvimento econédmico dos e) gerar uma nova ordem que valorize a
estados sulistas. espiritualidade do homem.
e) evitar confrontos com os nortistas, que
protegiam os negros quando estes atacavam
propriedades rurais dos sulistas brancos. Z (Fuvest) Indique os pontos comuns aos proces-
sos de unificagao da Italia e da Alemanha.
21 (UERJ) O Império é 0 comércio.
Com esta frase, Joseph Chamberlain, estadista
inglés, definia o imperialismo no final do 25 (Unicamp) Escravidao antiga, servidao e traba-
século XIX. lho assalariado sao formas que o trabalho
Um dos fatores que contribui para a compre- humano assumiu em diferentes periodos histd-
ensao do imperialismo é: ricos. Identifique esses periodos e descreva as
a) a constituigdo de impérios coloniais em diferengas entre essas trés formas de trabalho.
bases aut6nomas.
b) a busca de mercados consumidores para as
matérias-primas européias. 26 (Mogi-SP) Observe 0 quadro a seguir, assina-
c) aprocura de terras férteis nas col6nias pelos lando depois a alternativa certa:
grandes produtores europeus.
d) a necessidade de exportagao de capitais
excedentes para regiGes extra-européias. O homem preva- O interesse social O interesse parti-
lece sobre a socie- prevalece sobre o cular colabora pa-
dade. particular. ta o bem-estar so-
22 (FEI-SP) Sobre a Revolugao Industrial: cial.
|-—Ocorreu principalmente por causa do
A solucao da A solugao da A solugado da
acumulo de enormes capitais provenientes questao social es- questao social esta questo social de-
das atividades mercantilistas. ta na liberdade na exting¢do da pende do estabe-
Il — Ocorreu principalmente na Inglaterra (Pri- econémica e poli- propriedade parti- lecimento do im-
tica. cular. pério da justiga e
meira Revolu¢do Industrial) e mais tarde da caridade.
em alguns paises da Europa Ocidental e
O trabalho é mer- O trabalho é de- O trabalho é sim-
nos EUA (Segunda Revolu¢ao Industrial).
cadoria. terminador de pre- ples atividade do
Ill — Trouxe como conseqiiéncia a abolicao da ¢o, sendo seu ob- processo da pro-
escravidao em alguns paises com objetivo jetivo e interesse dugao.
do Estado.
de ampliar os mercados consumidores
mundiais.
a) | e Il referem-se as caracteristicas do socia-
Assinale, agora, a alternativa mais adequada:
lismo marxista e do socialismo cristao,
a) | e Il estao corretas. respectivamente.
b) Ill e Il est&o incorretas. b) Il e Ill referem-se as caracteristicas do libe-
c) todas estdo incorretas. ralismo e do marxismo, respectivamente.
d) todas estado corretas. c) | e Ill referem-se, respectivamente, ao libe-
e) | e Ill estado corretas. ralismo e ao socialismo cristao.
d) |, Il e Ill nado se referem ao liberalismo e ao
Ze (Medicina Rio Preto-SP) As idéias bdsicas do socialismo.
chamado socialismo cientifico (1848-1867) e) I, Il e Ill referem-se unicamente ao socia-
definem uma reforma da sociedade a fim de: lismo cristao.
366
QUESTOES E TESTES
Liha (Pelotas-RS) Os autores registram de forma 01) A idéia de unificagao partiu das zonas de
pungente os dramas das populagées proletarias crescente desenvolvimento industrial, cor-
que se aglomeravam nas cidades, na época da respondendo basicamente aos interesses de
Revolugao Industrial, vivendo em condicdes setores da burguesia, desejosos de consti-
subumanas, entregues ao vicio, incapazes de se tuir um amplo mercado nacional para seus
enquadrarem nos preceitos morais da classe produtos.
burguesa. A vivéncia desses individuos em uma 02) O processo de unificagdo se desenvolveu
mesma vida miseravel proporciona o nasci- no sentido norte/sul, a partir do Reino do
mento de uma série de movimentos sociais, Piemonte-Sardenha.
muitos dos quais denunciam os males do 04) O movimento nacionalista de Mazzini foi
capitalismo. Nessa época, um patrao filantropo derrotado em 1830, mas recuperou for¢a
e sensivel ao problema proletario toma inicia- em 1849, com a funda¢ao da Republica
tivas que virao dar nascimento ao movimento Romana.
cooperativista. Foi ele: 08) O cardter popular e a radicalizagao dos
a) Robert Owen d) Georges Sorel movimentos de unificagéo nos anos de
b) Karl Marx e) Friedrich Engels 1848 e 1849 levaram a burguesia a retirar o
c) Mikahil Bakunin seu apoio, o que favoreceu a contra-
revolucdo.
A seqiiéncia numérica correta na segunda co- em que somente a guerra podia superar os
luna é: antagonismos politicos.” (EISENBERG, Peter
aN lin6;3 d) 5, 6, 2, 4. Louis. Guerra civil americana. Sao Paulo,
0)) 25, Sy, Bye Ac eal a4; 6, 3: Brasiliense, 1982.)
©) 137, 16,4. Dentre os conflitos geradores dos antagonismos
45
politicos referidos no texto esta a:
(Vunesp) “Com plena seguranga achamos que a) manutencdo, pela sociedade sulista, do
a liberdade de comércio, sem que seja neces- regime de escravidao, o que impediria a
sdria nenhuma aten¢do especial por parte do ampliagdo do mercado interno para o
Governo, sempre nos garantira o vinho de que escoamento da produg¢4o industrial nortista.
temos necessidade; com a mesma seguran¢a b) op¢ao do Norte pela produ¢ao agricola em
podemos estar certos de que o livre comércio larga escala voltada para o mercado ex-
sempre nos assegurara O ouro e prata que ti- terno, o que chocava com a concorréncia
vermos condi¢des de comprar ou empregar, dos sulistas que tentavam a mesma estra-
seja para fazer circular as nossas mercadorias,
tégia.
seja para outras finalidades’””’ (Adam Smith — A
c) necessidade do Sul de conter a onda de
riqueza das na¢ées).
imigragao da populag¢ao nortista para seus
No texto, os argumentos a favor da liberdade
territorios, © que ocorria em fungao da
de comércio sao, também, de criticas ao:
maior oferta de trabalho e da possibilidade
a) Laissez-faire
do exercicio da livre-iniciativa.
b) Socialismo d) Corporativismo
d) ameaga exercida pelos sulistas aos grandes
c) Colonialismo e) Mercantilismo
latifundiarios nortistas, 0 que se devia aos
constantes movimentos em defesa da refor-
46 (PUCSP) A “Primavera dos Povos’’, como ma agraria naquela regido em que havia
foram batizadas as Revolucdes de 1848 na concentra¢do da propriedade da terra.
Europa, trouxe uma novidade para 0 panorama e) adesao dos trabalhadores sulistas ao movi-
politico europeu. Pela primeira vez: mento trabalhista internacional, o que
a) a idéia de Revolugao foi conjugada com o ameagava a estabilidade das relacGes traba-
ideal liberal de uma sociedade cuja organi- lhistas praticadas na regido norte.
zac¢ao fosse fundada num pacto social.
b) o regime republicano era instaurado sob o
patrocinio exclusivo da burguesia, uma vez
48 (Mossor6-RN) O Movimento Cartista, na pri-
meira metade do século XIX, na Inglaterra,
que os trabalhadores abdicaram da partici-
tinha entre seus objetivos a:
pa¢ao na reordenac¢ao politica.
c) o proletariado fazia sua apari¢ao politica a) limitagaéo dos direitos reais por um Parla-
com reivindicagées classistas e propostas de mento livre.
mudan¢a da ordem social. b) eliminagaéo da monarquia, com a organiza-
d) 0 internacionalismo proletario foi experi- ¢ao de uma reptblica.
mentado, tendo sido 0 motivo para a simul- c) promogao da unificagao das nagdes numa
taneidade das revolugdes em toda a Europa. comunidade britanica.
e) a proposta de um centralismo democratico d) obtengéo do voto secreto e o sufrdgio
na estrutura¢ao do partido Liberal foi testa- universal masculino.
da, tendo como resultado a efetiva conquis- e) adog¢aéo de uma Constituigdo escrita que
ta do poder por esse grupo. limitasse 0 poder real.
3570
QUESTOES E TESTES
a
/
no inicio do século XX ja indicava tendéncia Pe
a confrontos.
SS =
Por outro lado, o imperialismo transfor- >
mara a Africa e a Asia em Areas de disputas A rivalidade naval e bélica entre o Reino Unido e a
coloniais. A Alemanha, por exemplo, exigia a Alemanha foi retratada nesta charge.
redivisdo colonial, a obtencdo de dominios
condizentes com seu crescimento e poder. As
polémicas imperialistas juntaram-se outros Os impasses criados pelos interesses
elementos desagregadores da paz mundial: Capitalistas, pelo imperialismo e pelo nacio-
as minorias nacionais européias, por exem- nalismo conduziram o mundo a Primeira
plo, reivindicavam seu direito de autogover- Guerra Mundial (1914-1918) e a desestrutu-
no, baseando-se nos ideais de unificagao dos ra¢do do capitalismo internacional, fatores
374
O SECULO XX
que, somados a difusdo do marxismo, desen- um lado havia paises desenvolvidos e ricos,
cadearam a Revolucao Bolchevique de 1917, de outro, regides com dificuldades crénicas,
na Russia. Ao final da Primeira Guerra endividadas e empobrecidas — o Terceiro
Mundial, emergiu um sentimento nacionalista Mundo.
mais forte, representado pelo fascismo e pelo
nazismo, gerador de impasses que culmina- Mesmo depois do colapso do socialismo
ram num outro conflito mundial: a Segunda real e do fim da Unido Soviética em 1991, a
Guerra (1939-1945). supremacia capitalista globalizada acentuou
Na segunda metade do século XX, como as desigualdades entre o mundo rico, loco-
resultado dessa gama de fatos e correntes de motiva do desenvolvimento econdmico, e o
idéias, edificou-se uma geopolitica bipolariza- mundo pobre e dependente dentro de uma
da — Estados Unidos num extremo e Unido nova ordem internacional. O fosso entre o
Soviética no outro -, concretizando o antago- progresso econdmico e a questdo social,
nismo entre capitalismo e socialismo surgido nascido com a maturidade capitalista na
no século XIX. Ao mesmo tempo evidencia- Revolu¢do Industrial, ganhou, no final do
ram-se as diferencas entre os paises centrais — século XX, forma global em continuo avan¢o,
que detinham o desenvolvimento capitalista— constituindo as divergéncias que aglutinam os
e os complementares — que Ihes estavam su- tedricos politicos e econdmicos do final dos
bordinados econémica e politicamente. De anos de 1990.
Willers/Gamma
Laruffa/Gamma
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Eventos e manchetes da ultima década do século XX. Confirmando ter sido um século bastante violento, estima-se que os conflitos do século XX
tenham resultado na morte de 109,7 milhdes de pessoas, nimero trés vezes maior que todos os séculos anteriores juntos, segundo calculos do
Programa das Nagées Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em seu relatério de 2005.
RY fe)
A PRIMEIRA GUERRA
MUNDIAL (1914-1918)
376
A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)
A Questao Balcanica
(SRR EEA
ucranianos
romenos
TES BALCAS.
yon
bulgaros
tur’cos-otémanos
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A diversidade de nacionalidades na regiao balcanica ajudou a transforma-la no estopim da Primeira Guerra Mundial.
378
A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)
O desenvolvimento do conflito
Sey ae ae ee eee
O inicio dos conflitos da Primeira Guerra Mundial foi caracterizado pela rapida ofensiva dos soldados na guerra de
movimento. O fracasso dessa estratégia resultou na guerra de posicao, também conhecida como guerra de trincheiras. Nela, as
forcas militares ficavam estacionadas numa guerra de desgaste.
380
A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)
Ainda em 1917, a Italia sofreu uma gran- Antes mesmo do fim da guerra, o presi-
de derrota frente aos austriacos, na batalha de dente Wilson havia concebido um plano para
Caporetto, sendo neutralizada. Com dois servir de base as negociagdes de paz, com-
inimigos fora de combate, as poténcias cen- posto de 14 pontos. Baseado na idéia da paz
trais passaram a se preocupar com a frente sem vencedores, foi inviabilizado por diver-
ocidental franco-inglesa, e a Alemanha inten- sos acordos paralelos e, principalmente, por
sificou o bloqueio maritimo a Inglaterra, pressdo da Fran¢a e da Inglaterra. O Tratado
objetivando deter seus movimentos e o abas- de Versalhes considerou a Alemanha culpada
tecimento da Gra-Bretanha. pela guerra, criando uma série de determina-
Os Estados Unidos, que até entdo se ¢6es que visavam enfraquecer e desmilitari-
mantinham neutros, embora ligados a4 Enten- zar esse pais.
te, abastecendo os paises europeus de ali- Estabeleceu-se, entre outros arranjos ter-
mentos e armamentos, sentiram-se ameag¢a- ritoriais, a devolugdo da Alsacia-Lorena a
dos pela agressividade maritima alema. O Franga e o acesso da Polénia ao mar por uma
afundamento do seu transatlantico Lusitania e faixa de terra dentro da Alemanha que
do navio Vigilentia serviu de pretexto para a desembocava no porto livre de Dantzig. A
declaragdo de guerra contra as poténcias Alemanha perdia todas as suas coldnias, a
centrais. A entrada dos Estados Unidos na artilharia e a aviag¢ao e passava a ter um
guerra, em 1917, com seu imenso potencial exército limitado a cem mil homens, além da
industrial e humano reforgou o bloco dos proibicdo de construir navios de guerra.
aliados. A abundante oferta de novas armas — Obrigava-se ainda a indenizar as poténcias
tanques, navios e avides de guerra — dinami- aliadas pelos danos causados, num total
zou 0 conflito, levou a retomada da ofensi- aproximado de trinta bilhdes de délares, valor
vidade aliada que imp6s sucessivas derrotas que foi sendo renegociado nos anos 20, até
aos alemaes. ser extinto em 1932, na Conferéncia Interna-
Assim, grac¢as a superioridade econdmi- cional de Lausanne.
co-militar dos aliados, paulatinamente as
poténcias centrais foram sendo derrotadas,
e, em novembro de 1918, 0 prdprio kaiser
renunciava, refugiando-se na Holanda. O
novo governo social-democrata da Alemanha
assinou o Armisticio de Compiegne, finali-
zando a Primeira Guerra Mundial.
Os tratados de paz
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A REVOLUCAO RUSSA_
383
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XX!)
384
A REVOLUGAO RUSSA
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‘alias revolucionaria,
66 contra a autocracia czarieta,endl
Seats arte.
cando reformas politicas, Era a advertén-
‘cia ao czar de que até as Forgas Armadas
; - poderiam abandona-lo. Esse levante foi
nais tarde (1925) filmado pelo cineasta Em meio a essa situagao, o czar foi
- russo Sergei Eisenstein, que, pelo trata- obrigado a assinar 0 Tratado de Portsmouth,
mento ironico, pelo posicionamento em 5 de setembro de 1905, pondo fim a Guerra
Russo-Japonesa e sujeitando-se a entregar ao
385
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
3586
A REVOLUGAO RUSSA
390
A REVOLUCAO RUSSA
Leon Trétski (esquerda), um dos lideres da Revolucao Bolchevique de 1917, acabou exilado e morto a mando de Stalin
(direita).
O “Breve Século XX”: revolugao social X mas sociais rivais (cada um, apds 1945,
economia de mercado mobilizado por tras de uma superpotén-
cia a brandir armas de destruigao global)
“Durante grande parte do Breve
se tornou cada vez mais irrealista. Na
Século XX, o comunismo soviético procla-
década de 1980, tinha tao pouca rele-
mou-se um sistema alternativo e Supe-
vancia para a politica internacional quan-
rior ao capitalismo, e destinado pela
to as Cruzadas. Mas podemos entender
historia a triunfar sobre ele. E durante
como veio a existir. Fois, mais completa e
grande parte desse periodo, até mesmo
inflexivel até mesmo que a Revolugao
muitos daqueles que rejeitavam suas
Francesa em seus dias jacobinos, a
pretensdes de superioridade estavam
Revolugao de Outubro se via menos como
longe de convencidos de que ele nao
um acontecimento nacional que ecumeéni-
pudesse triunfar. E — com a significativa
co. Foi feita nao para proporcionar
excegao dos anos de 1933 a 1945 -a
liberdade e socialismo a Russia, mas
politica internacional de todo o Breve
para trazer a revolugao do proletariado
Século XX apos a Revolug#o de Outubro
mundial. Na mente de Lénin e seus
pode ser mais bem entendida como uma
camaradas, a vitoria bolchevique na
luta secular de forgas da velha ordem
Russia era basicamente uma batalha na
contra a revolugao social, tida como
campanha para alcangar a vitoria do
encarnada nos destinos da Unido Sovié-
bolchevismo numa escala global mais
tica e do comunismo internacional, a eles
ampla, e dificilmente justificavel a nao
aliada ou deles dependente.
ser como tal.”
A medida que avanga o Breve Século
XX, es9a imagem da politica.mundial como HOBSBAWM, Eric J. Era dos extremos: o Breve
um duelo entre as forgas de dois siste- Século XX: 1914-1991. p. 63.
A CRISE DE 1929 E O PERIODO
ENTREGUERRAS
Os antecedentes da crise
392
A CRISE DE 1929 E O PERIODO ENTREGUERRAS
A explosao da crise
394
A CRISE DE 1929 E O PERIODO ENTREGUERRAS
Khel)
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XX!)
barato’), bem como criar um extenso progra- como nazi-fascismo — movimento essencial-
ma de obras publicas, que proporcionaria mente nacionalista, antidemocratico, antio-
emprego e geraria uma demanda maior de perario, antiliberal e anti-socialista.
produtos industriais.““ (BROGAN, Hugh. “ O nazismo, surgido na Alemanha, funda-
New Deal’’. In: Século XX, p. 1 607.) mentou-se teoricamente no livro Mein Kampf
Com o New Deal, 0 liberalismo de Adam (Minha luta), escrito pelo ex-cabo da Primeira
Smith cedeu lugar ao neocapitalismo, que Guerra, Adolf Hitler, em 1923, e transformou-
buscava um planejamento econdmico basea- se em seu programa efetivo de governo, em
do na intervengéo do Estado. Roosevelt 1933, quando assumiu o governo alemao. Na
determinou grandes emiss6es monetarias, Italia, o fascismo se estruturou com Benito
inflacionando deliberadamente o sistema; Mussolini que ocupou o governo a partir de
fez investimentos estatais de monta, como 1922. Em outros paises, formas peculiares de
hidrelétricas; estimulou uma politica de em- totalitarismo também foram adotadas, como o
pregos, entre outras medidas, 0 que ativou o franquismo na Espanha e o salazarismo em
consumo e possibilitou a progressiva recupe- Portugal.
rac¢do da economia. Dez anos depois, os Essas novas formas de governo represen-
Estados Unidos chegaram prdximos do pata- taram uma rea¢do nacionalista as frustragdes
mar econémico de 1929. resultantes da Primeira Guerra Mundial, uma
maneira de fortalecer o Estado intervencio-
nista, além de atender as aspiracdes de
A politica keynesiana da busca do estabilidade diante das ameacas revoluciona-
pleno emprego para estimular as econo- rias de esquerda.
mias em recessao, adotada primeiramen-
te nos Estados Unidos e depois por
_diversos outros paises industriais, foi
— seguida da instalagao de modernos sis-
temas previdenciarios (a Lei de Seguri-
dade dos EUA foi aprovada em 1935),
servindo de base as politicas de bem-
estar social desenvolvidas pelos paises
capitalistas, o welfare state, termo que
entrou em uso a partir de 1940.
Tal politica neocapitalista teve pre-
dominio internacional até o final dos anos
1970, quando voltou a ganhar prestigio a
completa liberdade de mercado, defendi-
da por tedricos como Friedrich von Hayek,
autor de Caminho da Miséria (1944), e O simbolo do fascismo era um machado amarrado a um
feixe, que, no Império Romano, indicava autoridade.
membros da escola monetarista de Chi-
cago, a exemplo de Milton Friedman e
Robert Lucas.
A origem dapalavra fascismo
0 termo. fasciemo, lan -
Mussolini, vem do italiano fascio, que
O totalitarismo nazi-fascista significa ‘feixe’. Na Roma antiga, AO
tempo dos césares, 06 magistrados — +
eram precedidos por funci narios —c ;
Durante o final da Primeira Guerra Mun- littori — que. “empunhavam ‘machados
dial e inicio da Segunda, estruturou-se na cujos cabos compridos eram reforgados |
Europa um fendmeno politico conhecido
396
A CRISE DE 1929 E O PERIODO ENTREGUERRAS
por muitas varas fortemente atadas em “Quem tem ago tem pao
le
398
A CRISE DE 1929 E O PERIODO ENTREGUERRAS
399
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
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Hitler organizou outras forgas, além das listas no assunto nao conseguem con-
SA, para dar-lhe sustentagdo: as SS — Sess6es cordar a respeito de qual dos dois —
de Seguran¢a - correspondiam a policia
Hitler ou Goebbels — foi o melhor orador.
politica do partido, mais bem treinada e
Goebbels, ao contrario de Hitler, perma-
completamente disciplinada e fiel ao Fuhrer
necia totalmente frio, mesmo nos comi-
(guia), e a Gestapo — policia secreta do
cios mais intoxicantes. Nunca foi muito
Estado. Hitler eliminou os partidos, os sindi-
catos, o direito de greve, os jornais opositores popular. Incapaz de controlar sua lingua,
e depurou o prdprio nazismo, eliminando, na quase nao tinha amigos. Mas o pequeno
chamada Noite dos Longos Punhais, varios Schrumptgermane (‘o alem&o encolhido’)
lideres das SA que divergiam de sua absoluta sabia como conquistar respeito.”
autoridade. Cerca de setenta lideres e cinco JANSSEN, K. H. Hitler € seus adeptos. In: Século XX.
A propaganda nazista
Joseph Goebbels foi o porta-voz do As manifestagdes nazistas alardeavam a disciplina e o
nazismo e utilizou-se do radio, do cinema, poderio militar alemao.
401
A SEGUNDA GUERRA
MUNDIAL (1939-1945)
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A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945)
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IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
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A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945)
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IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
As poténcias do Eixo chegaram a dominar grandes extensées territoriais na Europa, na Asia e na Africa.
406
A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945)
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408
A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945)
409
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
Gamma/Sigla
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Segunda Conferéncia Internacional
sobre Assisténcia aos Refugiados na
Africa, realizada em 1984.Numa
nova tentativa de resolver os proble-
mas internacionais, a ONU foi fun-
dada logo apés a Segunda Guerra.
A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945)
411
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XX1)
A412
A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945)
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IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
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IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XxX!)
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A GUERRA FRIA
418
A GUERRA FRIA
nova frente Gnica — Kuomintang e PCC -, 0 O exército do PCC foi ganhando terreno,
que levou a um acordo, concluido em 1937. até que, em janeiro de 1949, entrou vitorioso
Até o final da Segunda Guerra Mundial essa em Pequim, e, em 10 de outubro foi procla-
frente Unica deu ao PCC 0 controle de parte mada a Republica Popular da China. Chiang
do exército chinés, além de uma crescente Kai-shek e seus seguidores refugiaram-se na
popularidade, ao denunciar a corrup¢ao das ilha de Formosa (Taiwan), onde instalaram o
tropas de Chiang Kai-shek. governo da China Nacionalista, que recebeu
intenso apoio norte-americano durante a
Guerra da Coréia e toda a Guerra Fria. Ao
mesmo tempo, os Estados Unidos isolaram a
China, negando-lhe reconhecimento diplo-
matico e intercambio econdmico.
ys (Formosa
~ OCEANO
_ PACIFICO -
[__] 1937-1939
mam=s A Longa Marc
419
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
420
A GUERRA FRIA
coreano composto por Estados Unidos, Coréia Politicamente, a Coréia do Sul viveu
do Norte, Coréia do Sul, Japdo, Russia e China. diversos golpes militares, ditaduras e escan-
No inicio de 2006, contudo, ocorreu novo dalos ligados a corrup¢ao, sendo controlada
adiamento nos didlogos em razao, entre outros por individuos afinados com os interesses
motivos, da realizacao de testes de misseis de empresariais do pais e opostos a vizinha
curta distancia por parte da Coréia do Norte e Coréia do Norte.
de treinamento militar conjunto entre a Coréia Com o presidente Kim Dae-jung, eleito
do Sul e os Estados Unidos na regiao. em meio a crise de 1997 e empossado em
Por sua vez, a Coréia do Sul, depois da 1998, buscou-se a estabilidade econdmica e
paz Pan Munjon em 1953, recebeu mais e a normalidade politica. Além disso, em
mais investimentos e tecnologia estrangeira, junho de 2000, Kim Dae-jung visitou Pyon-
ascendendo a posicdo de tigre asiatico, gyang, a capital da Coréia do Norte, reali-
embora, de inicio, fosse um pais essencial- zando um inédito encontro de cdpula com o
mente agrario e nao muito distante da situa- “srande lider’’ Kim Jong-il, para firmar
¢do econdmica de seu parceiro do Norte. promessas de ampliacdo do didlogo e de
Nos anos 1990, a Coréia do Sul tornou-se ajuda entre as duas Coréias. Novas investidas
O maior construtor de navios do mundo, para uma maior aproximagao com a Coréia
passou a deter o sexto lugar na producdo do Norte continuaram com o novo presidente
mundial de automéveis (1993) e viu seu empossado em 2003, Roh Moo-hyun.
crescimento econOmico continuar em alta,
ganhando importancia internacional na pro-
ducao de itens de alta sofisticagao tecnoldgi-
ca, a exemplo dos chips de memoria empre-
gados em computadores pessoais. No inicio
daquela década, 0 pais gastou mais em pes-
quisa e desenvolvimento, proporcionalmente
Image
Photo
Pool
ao seu PNB, do que varios paises ocidentais.
O enorme desenvolvimento econdmico
da Coréia do Sul convivia com diversas leis
protecionistas que restringiam o acesso inter-
nacional ao seu mercado, cada vez mais
contestadas por seus parceiros capitalistas.
Em 1997, sua economia sofreu sério revés,
com varios paises vizinhos, em razao de uma
intensa fuga de dolares de investidores inter-
nacionais, que, ao deixarem de aplicar recur-
Depois de sua economia crescer 6,2% em 2002 e do
sos na regiao, criaram-lhe enormes dificulda- pagamento da divida acumulada na crise dos anos 1990, a
des econémico-financeiras. Essa crise fez Coréia do Sul teve como grande ameaca, durante os anos de
explodir manifestagdes populares crescentes, 2003 e 2004, a crise entre norte-coreanos e norte-america-
nos. A possibilidade de confrontagao entre os dois paises e
levando o governo a recorrer a ajuda do FMI, de uso de armas nucleares foi uma séria ameaca a paz
que Ihe concedeu aquele que seria o maior mundial e ao continuo desenvolvimento da economia sul-
empréstimo da historia dessa instituig¢ao até o -coreana. Mesmo assim, em 2004, a Coréia do Sul era o
momento 57 bilhdes de délares. Mesmo assim, segundo maior produtor de navios do mundo. A foto de
fevereiro de 2003 mostra os chefes das delegacées norte-
as dificuldades econémicas continuaram a se -coreana, Pak Chang-ryon, a direita, e sul-coreana, Yoon Jin-
avolumar em 1998, quando o PIB despencou -shik, 4 esquerda, chegando ao quarto encontro econdmico
de 7,4% (média de crescimento de 1990 a entre as Coréias, no qual conversaram sobre abertura
1997) para -6,8%. econdmica e suspensao do programa nuclear.
ESTADOS UNIDOS E UNIAO
SOVIETICA DURANTE A
GUERRA FRIA
A
s relagdes internacionais bipolariza- Na Europa, a recuperagao econdémica de
das apresentaram, até a década de alguns paises, como Frang¢a e Inglaterra,
90, um comportamento pendular, desencadeou manifestagdes de oposi¢do a
ora com tendéncias ao agravamento, a ten- condi¢do de simples satélites dos Estados
sao, Ora ao apaziguamento, a distensao. Ao Unidos, 0 que levou esses paises a desenvol-
armamentismo que poderia dar inicio a uma verem politicas regionais independentes.
nova confronta¢do geral, sempre se seguiram Sob o novo clima nas relagdes interna-
politicas apaziguadoras, de reaproxima¢ao cionais, incorporando o ideal de neutralidade
entre as duas superpoténcias. Viabilizavam-se num conflito leste-oeste, ocorreu, em 1955, a
acordos bilaterais de desarmamento nuclear, Conferéncia de Bandung, na Indonésia, reu-
que afastavam a temivel hipdtese de uma nindo os paises do Terceiro Mundo — inde-
guerra exterminadora. pendentes, mas economicamente subdesen-
volvidos. Essas nagdes — muitas delas recém-
independentes — posicionaram-se pelo ndo-
A Coexisténcia Pacifica alinhamento automatico e assumiram, como
BESS eae ae ee ee
meta prioritaria, 0 desenvolvimento econé-
mico para escaparem de suas velhas dificul-
O armamentismo e a tensdo crescente dades, sem se envolverem na bipolarizagao
entre os blocos capitalista e socialista que se Estados Unidos-Unido Soviética.
estenderam até 1953 e que caracterizaram a No bloco socialista, o sucessor de Stalin,
Guerra Fria sofreram uma reversdo parcial Nikita Kruschev, procedeu a um processo de
com a morte de Stalin, a politica do presi- desestalinizacao, alterando radicalmente a
dente norte-americano Eisenhower e a paz de politica interna e externa soviética.
Pan Munjon, na Coréia. Instaurou-se entao Além disso, o distanciamento entre China
um perfodo de aproxima¢ado entre a Unido e Unido Soviética, a partir de 1959, dividiu os
Soviética e os Estados Unidos, conhecido partidos comunistas mundiais, originando
como Coexisténcia Pacifica. Esse periodo divergéncias que ativaram a multipolariza-
iniciou-se com uma série de reunides de ¢d4o, pondo fim a coesdao soviética.
cUpula entre os dirigentes das duas superpo- Por outro lado, em meio a Coexisténcia
téncias, para a limitagdo de armamentos. Até Pacifica emergiram novos focos de tensdo,
os anos 60, buscou-se diminuir os atritos da colocando em risco a aproximagao entre
Guerra Fria, 0 monolitismo dos blocos, o norte-americanos e soviéticos e até mesmo a
alinhamento férreo a Unido Soviética ou aos paz mundial: a Guerra do Vietna, a descolo-
Estados Unidos, possibilitando uma multipo- nizagao africana, a Revolucéo Cubana, a
larizagao internacional. invasdo da Hungria pelos soviéticos e o
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ESTADOS UNIDOS E UNIAO SOVIETICA DURANTE A GUERRA FRIA
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IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
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ESTADOS UNIDOS E UNIAO SOVIETICA DURANTE A GUERRA FRIA
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IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
A desestalinizagao de Kruschev
Iniciada com Kruschev, a desesta-
_linizagao impulsionou amplas mudangas
na Uniao Soviética, propiciando signifi-
cativos avangos econdmicos e sociais.
Sua influéncia alcangou as artes, até
entZo subordinadas ao ideal stalinista,
que lhes impunha padroes e diretrizes. O
poeta levgeni Yevtushenko justificava as
_transformagdes, dizendo: “Nao tenham
medo! Vocés ouvem o rumor da prima-
vera que sé aproxima.. o gelo esta se
rompendo”.
428
ESTADOS UNIDOS E UNIAO SOVIETICA DURANTE A GUERRA FRIA
Nos discursos, entretanto, Kruschev man- acrescida a chinesa, passou a dar maior apoio
tinha a defesa da existéncia de diferentes vias aos norte-vietnamitas (vietminhs), na Guerra
para o socialismo, elogiando o ndo-alinha- do Vietna. Agravando ainda mais a imagem
mento, o neutralismo, e buscando, dessa da Unido Soviética, em 1961, Kruschev
forma, aproximar-se dos paises do Terceiro ordenou a constru¢do do Muro de Berlim, a
Mundo. Ja a China, sob a lideranga de Mao fim de interromper o grande fluxo de refugia-
Tsé-tung, firmou a sua autonomia opondo-se dos da Alemanha Oriental para a Ocidental.
a idéia de coexisténcia pacifica e acusando as
reformas de Kruschev de trai¢ao aos princi- As relagdes capitalismo-socialismo se
pios socialistas. As divergéncias sino-soviéti- agravaram novamente em 1962, com a crise
cas cresceram, manifestando-se em conflitos dos misseis de Cuba, que quase precipitou
de fronteiras e em acusagdes mutuas. Em uma guerra total. Buscando reverter a cres-
1959, a Unido Soviética rompeu o acordo cente tensdo internacional, Kruschev e Ken-
nuclear assinado com a China, sendo acusa- nedy assinaram em 1963 varios acordos,
da pelos lideres chineses, a partir de entao, de destacando a proibi¢ado de testes nucleares
ter-se desviado dos ideais socialistas. Afas- (“sob a agua, na atmosfera e no espaco
tando-se cada vez mais da China, a Unido extraterrestre’’). Mesmo assim os reveses
Soviética retirou a ajuda econémica e técnica sucessivos da politica de Kruschev minaram
que fornecia aos chineses, em 1960. Esse seu poder na Unido Soviética, precipitando
conflito rompia definitivamente o monolitis- sua queda. Em 1964, foi destituido e Leonid
mo socialista comandado pela Unido Sovié- Brejnev, primeiro-secretario do partido, Ale-
tica, desgastando o poder governamental de xey Kossiguin, presidente do Conselho de
Kruschev. Ministros, e Nikolai Podgorny, presidente do
Em 1961, também a Albania rompia Soviete Supremo, assumiram o poder soviéti-
relacdes diplomaticas com: os soviéticos, co, formando uma troika (triunvirato) de
aliando-se a China. De outro lado, Kruschev, governo. Retomava 0 poder a linha centralista
diante da rivalidade com os Estados Unidos da era stalinista da Unido Soviética.
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O FIM DA GUERRA FRIA
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IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XxI)
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O FIM DA GUERRA FRIA
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O FIM DA GUERRA FRIA
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IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
fun¢ao de seu envolvimento com uma ex- evidentemente, a historia toda, e entre
estagidria da Casa Branca, Monica Lewinsky. as raz0es que motivaram Bush, é preciso
Em fevereiro de 1999, o Senado absolveu o lembrar que sua muralha vai custar entre
presidente, encerrando o processo. US$ GO bilhdes e US$ 100 bilhdes, a
Nas eleigdes presidenciais de 2000, o maior parte deles gasta com as indis-
partido de Clinton indicou Al Gore para trias de defesa."
concorrer com o candidato do Partido Repu-
blicano, George Walter Bush, filho do ex- PORTER, Henry. "Falando com as paredes: ao querer
afastar os ‘barbaros’, os EUA se isolam do mundo."
presidente George Bush. Numa apuracao de
The Observer. \n: Carta Capital. Ano VII, n. 147,
votos cheia de irregularidades, com sucessi- 23/5/2001. p. 40.
vas recontagens, George W. Bush saiu vito-
rioso.
Em janeiro de 2001, George W. Bush No dia 11 de setembro de 2001, entre-
assumiu a presidéncia dos Estados Unidos, tanto, o escudo antimisseis norte-americano
proclamando, em seguida, a reativagdo mili- foi colocado em xeque: terroristas suicidas
tar, especialmente a montagem de um escudo destrufram completamente dois grandes edi-
antimisseis, o National Missile Defense. Di- ficios, as torres do World Trade Center, em
versos analistas e especialistas da politica Nova York,e parte do Pentagono, nos
internacional chamaram a aten¢ao para a arredores de Washington. Os ataques, tidos
reativagdo da corrida nuclear tao tipica do como os maiores sofridos até entao pelos
periodo da Guerra Fria e do governo Reagan, Estados Unidos em seu proprio territdrio,
mas dessa vez com uma nova agravante: a foram realizados com avides de carreira
instalagdo desse sistema, pelo menos em tese, seqiiestrados e visaram os simbolos do pode-
daria aos Estados Unidos a condi¢ao de rio econdmico e militar dos Estados Unidos,
incdlume a um ataque-surpresa ou de apto deixando milhares de mortos e uma forte
a uma resposta retaliadora deliberada, garan- sensa¢gdo de vulnerabilidade na na¢gao mais
tindo a plena superioridade nuclear interna- poderosa do mundo.
cional norte-americana. A situagdo desdobrou-se na primeira
guerra declarada do século XXI, tendo como
alvo um grupo terrorista fixado no Afeganis-
"Quando os chineses iniciaram a
tao e apoiado pelo grupo governamental
Grande Muralha, em 214 a.C., e Adriano
Taliba. Durante os meses seguintes, governo
contratou seu sistema defensivo no
e populacao dos Estados Unidos enfrentaram
norte da Inglaterra, 500 anos depois, outras investidas terroristas, dessa vez com
eles estavam reagindo precisamente ao produtos quimicos e biolégicos, como o
mesmo instinto que esta movendo a Antraz, fazendo novas vitimas, o que ampliou
politica norte-americana agora — manter o temor e a inseguran¢a. Sem vislumbrar uma
distantes os barbaros hostis. O Escudo medida realmente eficaz contra essas atua-
de Defesa Antimisseis é, em termos ¢des e com dificuldades em descobrir e
militares, uma muralha, embora excepcio- anular as origens dessas investidas, tipicas
nalmente complexa. de uma guerra bioquimica, o quadro de
Mas as muralhas tém o habito de incerteza e receio espalhou-se dos Estados
ser vencidas ou contornadas, como qual- Unidos para varios outros paises do mundo,
quer historiador da Linha Maginot pode- especialmente na Europa.
ria confirmar, e esta muralha pode ser
O periodo de guerra ao terror, iniciado
em 2001, que derrubou o governo Taliba no
evitada com bombas nucleares de baixa
Afeganistao, além de assumir indmeras me-
poténcia em maletas ou por alguém numa
didas policiais, buscando evitar novos aten-
lancha, disparando em volta da ilha de
tados terroristas, desdobrou-se em atuacdes
Manhattan. Portanto, defesa nao é,
radicais conservadoras, denominadas Doutri-
436
O FIM DA GUERRA FRIA
na Bush, que tinham por base a hostilidade e Em 2004 e no inicio de 2005, vieram a
o combate intransigente as “ameacas a publico fotos de maus-tratos e de tortura a
civilizagao’’. Com a guerra ao terror, passou prisioneiros iraquianos em bases~ militares
a prevalecer a acdo militar unilateral dos norte-americanas, inclusive na de Guantdna-
Estados Unidos, atuando muitas vezes acima mo, Cuba.
das leis e da politica internacionais.
Essas “‘ameagas a civilizagdo’’ eram uma
referéncia aos paises que formavam o “eixo
do mal’’, como Iraque, Ira e Coréia do Norte,
apontados por Bush como produtores de
armas de destruigdo em massa e patrocina-
dores do terrorismo internacional. STR/A
Image
presidente dos Estados Unidos conse-_ vitimas. Estimava-se o custo dos trés anos de
guerra em 315 bilhdes de dolares.
~ guiu demonstrar ser mais eficiente em
A violéncia continuou crescendo no
‘matar civis do que o déspota iraquiano.” :
lraque, com ataques da resisténcia iraquiana
MARTINS, Ives Gandra. O terrorismo oficial de Bush. — e investidas dos soldados norte-americanos.
In: Folha de S.Paulo. S40 ae 9 abr. 2008. PeAB. Nem mesmo as eleigdes presidenciais ira-
quianas de 2005 conseguiram refluir a vio-
léncia na regiado. Ao contrario, as eleigdes
No final de 2004, os inspetores de armas
foram envolvidas num quadro de intensa
dos Estados Unidos apresentaram ao Senado
confrontagdo entre o governo Bush — acre-
um relatério confirmando a inexisténcia de
ditando que seus resultados poderiam iniciar
armas proibidas no Iraque, aquelas tidas
a normaliza¢gao politica —- e os opositores —
como de destruigdo em massa. Depois de
que ampliaram as ac¢des militares, ficando
meses de investigagcao, nenhum vestigio foi
no meio, como vitima, grande parte da
encontrado do suposto arsenal, derrubando,
populagao iraquiana. Seguidos atentados,
assim, a principal justificativa para a guerra
com varias dezenas de mortos, continuaram
contra o Iraque.
acontecendo nos primeiros meses de 2006,
Reeleito presidente para mais quatro anos
abrindo a possibilidade de o Iraque mergu-
no final de 2004, Bush, contudo, reafirmou
lhar numa completa guerra civil entre fac-
sua inten¢do de aprofundar a ‘‘guerra contra
¢6es rivais, como a dos sunitas, xiitas e
o terror’ em seu segundo mandato e de
curdos, além dos confrontos com as for¢as
intensificar a atuagdo no Iraque, fazendo
estrangeiras de ocupa¢ao.
também ameagas a paises rivais, especial-
mente o Ira, a Coréia do Norte e posterior-
mente Cuba, tidos pelas autoridades norte-
americanas como governos favoraveis ao A Uniao Soviética de
terror e participantes do denominado ‘‘eixo
do mal’’. Em marco de 2006, 0 governo Bush 1964 a 1991
reafirmou a sua doutrina de ataques preven- SAL RO I SRE
tivos — Doutrina Bush — contra paises que
representassem, segundo autoridades norte- Com a queda de Nikita Kruschev, ascen-
americanas, amea¢ca aos Estados Unidos,
deu ao poder Leonid Brejnev (1964-1982),
citando, além dos paises acima, também a cujo governo retomou internamente o cen-
Venezuela. Nessa mesma data, trés anos
tralismo politico-administrativo, reprimindo
as dissidéncias. Externamente, fez uso da
depois da invasao, os Estados Unidos tinham
130 mil soldados servindo no Iraque, numa forg¢a para impor o monolitismo do bloco
guerra que produziu mais de 16 mil feridos e comunista.
um numero de mortes de soldados norte- A retomada do centralismo reforgou a
americanos somente inferior ao da Guerra do maquina burocratica e afetou profundamente
Vietna, ultrapassando 2 300. Do lado iraqui- a produtividade nacional, fazendo-a perder
ano nao existem dados oficiais, mas estima-se competitividade tecnoldgica com o Ocidente,
em mais de 100 mil mortos*, além da muito mais acentuada, entretanto, na produ-
destruicao do sistema de assist€ncia a satide, ¢ao civil do que na inddstria bélica. As
da rede hidraulica e de plantacées, de escolas dissidéncias respondia-se com forga, prisdes,
semidestruidas e do abandono ou desorgani- siléncio obrigatorio e trabalhos forgados, os
za¢ao nas vacinagoées infantis, que multipli- velhos métodos stalinistas.
caram os efeitos danosos e o ntimero de Brejnev enfrentou o agravamento das
relac6es com a China e sufocou a liberaliza-
? Esses dados foram publicados na revista académica especializada em ¢4o do regime socialista da Tchecoslovaquia,
artigos médicos Lancet, segundo artigo do jornal Folha de S.Paulo, de
29 de outubro de 2004, com o titulo: “Guerra matou 100 mil civis, diz
invadindo-a em 1968 com as forcas do Pacto
estudo”’. de Varsévia.
O FIM DA GUERRA FRIA
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O FIM DA GUERRA FRIA
ON AURAIT cEUrEIRE Pu
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O FIM DA GUERRA FRIA
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IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XX!)
A Albania foi o Ultimo Estado do Leste mente a fragmentacao do pais, o que dificul-
europeu a implementar mudangas liberali- tou qualquer possivel acordo para a pacifica-
zantes. O pais encontrava-se sob ditadura ¢ao da regido.
stalinista, liderada por Enver Hoxha, que A ruina do socialismo real no Leste
governou de 1946 a 1985. Nesse periodo, o europeu desmontou as tradicionais estruturas
pais se distinguiu pelo seu isolacionismo. Na socioecondémicas da regido, aumentando o
década de 1960, a Albania havia rompido desemprego, a inflagao, as desigualdades
com o governo reformista soviético e se sociais e os conflitos étnicos e politicos. A
aliado ao socialismo chinés, mas apds 1978 maior parte das novas posi¢des empresariais,
ampliou ainda mais seu isolamento por nos moldes ocidentais de um comando
discordar da aproxima¢ao da China com os burgués, caberia aos membros da tradicional
Estados Unidos. Com a morte de Hoxha, seu burocracia e seus parentes, em intima asso-
sucessor, Ramiz Alia, promoveu_ reformas ciag¢d4o com os empresarios internacionais. A
liberalizantes, embora discordasse do projeto situacdo de crise da regido acrescentou mais
da perestroika. Em marco de 1991, o Partido uma incognita quanto a solidez da ordem
Comunista, rebatizado de Socialista, venceu internacional que se estabelecia em substitui-
as primeiras eleigdes livres do pais, permitin- cao a Guerra Fria.
do que se acelerassem as ligacdes com o
Ocidente capitalista. Em fun¢gado de sérios
problemas econdémicos, a oposi¢do, repre-
sentada pelo Partido Democrata, obteve a
maioria dos votos nas eleigdes parlamentares
de marco de 1992, pondo fim ao tradicional
controle comunista.
Na lugoslavia, deu-se o quadro mais
tenso e violento do Leste europeu, mergu-
lhando o pais em uma sangrenta guerra civil.
Em 1990, com a mudanga da ex-Federacao
Comunista da lugoslavia para um sistema
multipartidario, Slobodan Milosevic tornou-
se presidente da Sérvia, a reptblica domi-
nante, com forte influéncia em Montenegro,
outra republica onde o antigo Partido Comu-
nista, ao qual ele pertencia, também havia A guerra civil na ex-lugoslavia: uma das provas cabais da
vencido. Esta situagao permitia-lhe o controle falacia do “fim da Histéria’”’, proclamada por aqueles que
viam no mundo pés-Guerra Fria um novo mundo feito de
sobre a federacdo das reptblicas. paz, progresso e sucesso da humanidade.
O firme controle dos meios de comuni-
ca¢ao, a intolerdncia com os criticos e a
preponderancia da Sérvia sob 0 governo de
Slobodan estimularam as lutas étnico-politi-
cas como também as ambicées separatistas O fim da Unido Soviética
ia
eeeno ea
das demais republicas (Eslovénia, Crodcia,
Bésnia-Herzegovina e Macedonia).
O governo Gorbatchev produziu, num
A intervengaéo da Unido Européia, que curto espago de tempo, uma verdadeira revo-
reconheceu a independéncia das repdblicas, lugao no bloco socialista, afetando e alteran-
fez com que o governo federal, controlado do por completo as relagdes politicas e eco-
pelos sérvios, se opusesse ainda mais radical- ndmicas em nivel nacional e internacional.
444
O FIM DA GUERRA FRIA
Ex-republicas soviéticas
nao integrantes da CEl
Em 8 de dezembro de 1991, Russia, Ucrania e Bielarus assinaram o Acordo de Minsk, proclamando a formacao da CEI e
declarando que ‘a Unido das Republicas Socialistas Soviéticas como sujeito da lei internacional e da realidade geopolitica nao
existe mais”. Era o verdadeiro golpe sobre Gorbatchev, liderado por Yeltsin.
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IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
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O FIM DA GUERRA FRIA
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IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XX1)
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O FIM DA GUERRA FRIA
m 1949, Mao Tsé-tung liderou uma za¢ao das industrias e a reforma agraria, para
revolu¢ao popular que sepultou a enfrentar as dificuldades econdémicas, que, no
velha condi¢ao de ‘‘quintal do mun- entanto, ressurgiram com a Guerra da Coréia,
do’’ que caracterizara a China desde o século em 1950. O primeiro plano qiinqiienal,
XIX. A forga do sentimento nacional e a atua- anunciado em 1953 por Chou En-lai, propu-
¢ao do Partido Comunista Chinés criaram nha uma nova linha geral de transi¢ao para o
uma via socialista independente, que se des- socialismo, com prioridade para a industria
garrou do bloco monolitico soviético e até se pesada. Em 1955, a coletivizagdo da agricul-
rivalizou com ele. Os fundamentos da ideo- tura acelerou-se com a organizagao de um
logia marxista indicavam que a revolucao se milhdo de cooperativas. Atingia-se, assim, 0
faria baseada no operariado urbano; na fim do capitalismo, implantando-se as trés
China, entretanto, a lideran¢a foi da popula- transformag¢ées socialistas basicas: expropria-
¢ao rural, camponesa, o que firmou sua sin- ¢do da burguesia industrial, expropriagao do
gularidade politica, em plena Guerra Fria. comércio urbano e instalagdo de um movi-
A autonomia do socialismo chinés foi mento cooperativo no campo.
conseguida gradualmente, passando por Com as reformas, apesar de a produtivi-
acordos iniciais com a Unido Soviética e dade industrial ter crescido 400% entre 1949
chegando aos atritos e rupturas do final do e 1959, os salarios s6 aumentaram 52%. Mao
anos 50 e inicio dos 60. Tsé-tung, aos primeiros sintomas de que o
Quanto a Cuba, o socialismo foi estabe- desenvolvimento socialista estava aquém das
lecido em meio a derrubada de uma ditadura exigéncias sociais e ameagando o governo do
apoiada pelos Estados Unidos, originando um Partido Comunista, proclamou uma liberali-
Estado que ativou diversas politicas alinhadas zacao interna. E de maio de 1956 sua frase:
com os soviéticos e o Leste europeu e que “Que cem flores desabrochem, que cem
mergulhou em profundas dificuldades apds o escolas de pensamento rivalizem entre si’’.
fim da Guerra Fria. As criticas contra 0 governo cresceram e O
Movimento das Cem Flores se _ intensificou,
levando o governo a reagir com uma grande
campanha antidireitista que levou milhares de
A China comunista pessoas a priséo. Mao justificou-se dizendo que
eee
ee ee ee a Campanha das Cem Flores tinha por objetivo
“fazer serpentes sairem de suas tocas”’.
Vitorioso em 1949, o PCC (Partido Co- Iniciado como um processo de democra-
munista Chinés) aproximou-se da Unido So- tizagdo, o Movimento das Cem Flores aca-
viética, assinando no ano seguinte um tratado bou, contraditoriamente, reforgando o poder
com Stalin — o Tratado de Amizade, Alian¢a e do Partido Comunista Chinés, que, em agosto
Ajuda. No plano interno, 0 novo governo de 1957, decidiu-se pelo programa de refor-
adotou medidas drdasticas, como a nacionali- mas chamado Grande Salto para a Frente.
coy)
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
A politica internacional de Kruschev tal forma que, entre os dois paises, existiam
somavam-se sua priorizagao da produgao de somente algumas modestas transacdes eco-
bens de consumo e a desestalinizacdo, as nomicas e questdes diplomaticas de rotina.
criticas ao culto da personalidade. Tal politica Somente a partir de 1986 registraram-se
distanciava a linha do PCUS da do PCC, pois progressos na reaproximac¢ao entre eles.
os chineses buscavam desenvolver a industria
de base e Mao Tsé-tung era apresentado
como 0 grande guia chinés, tornando-se alvo
da critica ao culto da personalidade. O
agravamento das relacGes sino-soviéticas A Revolucao Cultural (1966-1976)
chegou, em 1962, ao ponto de ruptura,
quando o PCC acusou Kruschev e 0 PCUS Buscando fortalecer-se pessoalmente,
de “‘revisionistas’’, ou seja, OS soviéticos Mao Tsé-tung deu inicio, em meados da
estariam modificando as teses marxistas ori- década de 60, a um movimento de expurgos
ginais, fugindo do socialismo puro. a opositores politicos dentro do governo — a
Revolucao Cultural — que envolveu toda a
popula¢ao chinesa.
Esse movimento, que comec¢ou tentando
integrar o trabalho manual ao intelectual,
ativou o fervor revolucionario, a participagao
popular, a produtividade e atacou a burocra-
tizagao partidaria e governamental. Logo
desdobrou-se em criticas ao PCC, aos oposi-
tores de Mao, apelidados de “prdé-burguesia’’,
“kruschevistas’””, atraindo a participagao de
toda a sociedade contra 0 inimigo capitalista.
Os dazibaos, jornais-murais publicos feitos
por populares se espalharam pelo pais, gene-
ralizando 0 movimento.
Cartaz chinés de 1967 criticando a politica de Kruschov.O A Revolugdo Cultural logo transformou-
conflito sino-soviético derivava de divergéncias ideoldgicas,
mas afetava pontos politicos e econdmicos entre os dois se numa luta pelo poder, empreendida pelo
paises. grupo maoista, sustentado pelo Exército Po-
pular de Libertagao, liderado por Lin Piao,
A rivalidade desdobrou-se, em seguida, contra o grupo de Liu Shaochi e Deng
em conflitos de fronteiras, com soviéticos e Xiaoping, fortes opositores de Mao dentro
chineses encarando-se com muito mais des- do Partido Comunista Chinés. Estes e seus
confianga do que ao seu inimigo comum — o seguidores acabaram sendo perseguidos e
imperialismo norte-americano. Enquanto o forgados a fazer autocritica publica. O movi-
monolitismo socialista se desestruturava, a mento cresceu, multiplicando as organiza-
China tratava pouco a pouco de aproximar-se ¢6es revolucionarias, que se inspiravam no
diplomaticamente dos Estados Unidos. Ja nos livro Pensamento de Mao Tsé-tung, que ficou
anos 70, essa politica lhe possibilitou o conhecido como ‘Livro Vermelho’’. Nele
ingresso na ONU (1971) e a visita do firmavam-se as idéias de reeduca¢ao socia-
presidente norte-americano, Richard Nixon lista, de criticas ao burocratismo, de fidelida-
(1972). Com uma politica aut6noma, os de a Mao e permanente alerta contra o
chineses tornaram-se belicamente auto-sufi- inimigo.
cientes, adquirindo também poderio nuclear: A esposa de Mao Tsé-tung, Chiang
explodiram sua primeira bomba at6mica em Ching, comandava o Grupo Central da Re-
1964 e a de hidrogénio em 1967. volugado Cultural, que reprimiu nao s6 os
Em 1969, as relagdes entre China e acusados de direitistas como também os ultra-
Unido Soviética haviam se deteriorado de esquerdistas, que pretendiam aprofundar ain-
cove)
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
da mais as criticas e o andamento da prépria Foi neste contexto que a critica ironica
Revolucado. No final de 1967 e inicio de do Ocidente a Revolugao Cultural chinesa
1968, consolidou-se a autoridade de Mao, produziu a frase: “Com a ‘RevolugZo-
que expurgou do partido seus opositores,
Cultural, a China ia de Mao a tee a
entre os quais Deng Xiaoping. Mao sobrepés-
Entretanto, contrariando ‘expectatiivas, rn
se até mesmo ao PCC, transformando-se no
logo no inicio dos anos Oe: China
lider maximo nacional, a quem chamavam de
continuou sob o controle de Mao gragas,
“Oo grande timoneiro”.
especialmente, aos rumos impostos a
propria Revolugao Cultural. 1 are OF VW dy fii 6
BRSTREE
RE|
Mao Tsé-tung, como “‘o grande timoneiro”, o lider maximo.
car que, quando MaoTsé-tung assumiu 0 po-
der, a China possuia uma popula¢ao proxima
a 540 milhdes de pessoas e que, ao morrer, o
numero de habitantes ja alcancava quase 950
milhdes, gragas a drastica redugao da morta-
Ampliando seu poder, Mao, a partir de
lidade infantil. Mais que isso, seis anos depois
1970, entrou em choque com Lin Piao, seu
da sua morte, em 1982, a expectativa de vida
sucessor nomeado e chefe do Exército Popu-
média chinesa tinha chegado aos 68 anos,
lar, organizagao mais forte que o proprio
quando em 1949 beirava os 35 anos. Mesmo
partido. Lin Piao é derrubado do comando
sem conseguir eliminar o analfabetismo, com
militar, morrendo em 1971, segundo versdo
mais de um quarto da popula¢do marginali-
oficial, vitima de um acidente aéreo quando
zada da formag4o basica, tinha, no entanto,
tentava fugir para a Unido Soviética.
multiplicado por seis as matriculas nas escolas
primarias chinesas.
A efervescéncia revolucionaria chine-
sa inspirou diversos intelectuais ociden-
tais, de artistas a cientistas, muitos
deles ja descrentes nas promessas e na A China pos-Mao
viabilidade do socialismo soviético. Da
mesma forma, o proprio movimento estu- Em fins de 1976, Hua Kuofeng assumiu o
dantil ocidental, muito ativo nos anos governo chinés imprimindo uma linha politi-
~ 60, culminando no grande movimento de ca de centro, tornando os partiddrios de
1968, bebeu muita motivago no otimis- Chiang Ching extrema esquerda e o grupo
mo radical difundido pelos chineses e na de Deng Xiaoping, direita. Em 1977, ocorre a
frustragao do desenvolvimento da Unido reabilitagao de Deng e, 4 medida que se deu
Soviética — a Primavera de Praga fora sua ascensdo no PCC, o grupo de Chiang
apenas um transbordamento exemplar. Ching foi marginalizado, culminando com
sua prisdo e julgamento em 1981.
ecole)
O SOCIALISMO NA CHINA E EM CUBA
Images
CNN/Getty
Photos
Sygma/S
Features
China
A violenta repressao a ocupacao da Praca da Paz Celestial por estudantes, em 1989, valeu ao governo de Deng Xiaoping (em
entrevista coletiva, a direita) a condenagao internacional. A esquerda, imagem de televisao de Pequim em que um estudante
tenta barrar o avanco de tanques com seu préprio corpo, em protesto contra o autoritarismo governamental.
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
7
rias ao partido. Em contrapartida, o sucesso 200 1656
econdmico chinés evidenciou-se nos Ultimos
anos com a admissdo do pais na Organiza-
2000 2001 2002 2003 2004 2005
¢ao Mundial de Comércio (OMC) em 2001,
Folha de S.Paulo, 26 jan. 2005. p. B6 e O Estado de S. Paulo, 26 jan. 2006. p. B5.
O SOCIALISMO NA CHINA E EM CUBA
459
americanos — levaram os Estados Unidos a formado por exilados cubanos e mercenarios
suspender a importagdo do a¢ucar cubano. norte-americanos desembarcou na Baia dos
Sendo a venda do acucar vital 4 economia de Porcos, recebendo apoio da forga aérea
Cuba, um novo mercado precisaria ser cria- numa tentativa de derrubar Fidel Castro.
do, e o pais voltou-se para os soviéticos. A invasdo norte-americana foi um com-
pleto fracasso, 0 que aumentou o prestigio de
Fidel, que num primeiro discurso ao pais apds
a vitéria, anunciou formalmente ao mundo
que Cuba passava a se considerar um pais
socialista. Ao entrar para o bloco socialista,
Cuba se tornaria um importante ponto estra-
Delfim
Martins/Pulsar tégico para a Unido Soviética, que promove-
ria a tentativa de instalagdo de misseis na ilha.
Esse fato desencadeou uma grave crise entre
os governos Kennedy e Kruschev, pondo em
sério risco a paz mundial. Apds rigoroso
cerco e ameaca de desembarque, os soviéti-
cos procederam a retirada das rampas para a
instalagdo dos misseis.
} FY
Chicago, }
ESTADOS UNIDOS
ok Bases militares
americanas
she Bases dos misseis
soviéticos
O Raio de agao dos
misseis soviéticos
460
O SOCIALISMO NA CHINA E EM CUBA
461
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
464
A DESCOLONIZACAO
AFRO-ASIATICA
ebuli¢ao politica e social apds a Se- mo, pelo declinio do poderio europeu apés a
gunda Guerra Mundial se estabele- guerra e pelo apoio da Organizagdo das
ceu também nas regides em processo Nag6es Unidas, que reconhecia seus direitos.
de descolonizagao, pois o fim da guerra Além disso, havia a posigao favoravel dos
demarcava, na pratica, o fim dos impérios Estados Unidos e da Unido Soviética, que
coloniais. A partir de 1945, o ideal de inde- viam em tal processo uma forma de ampliar
pendéncia dos povos colonizados transfor- suas areas de influéncia.
mou-se num fendmeno de massas, com oO No processo de descoloniza¢do firma-
surgimento de varios paises politicamente ram-se duas op¢oes: a libertagao por meio da
livres, que, entretanto, mergulharam na de- guerra, em geral, com a adogao do socia-
pendéncia econdmica, determinando o sub- lismo, ou a independéncia gradual concedida
desenvolvimento, o terceiro-mundismo. pela metrdépole, qué passaria o poder politico
Entre 1950 e 1960, mais de quarenta a elite local; esta, articulada com o mundo
paises afro-asidticos conseguiram sua inde- capitalista, manteria a dependéncia econd-
pendéncia, impulsionados pelo nacionalis- mica num regime neocolonialista.
| 1960 Data de
independéncia |
Submetidos por séculos 4 dominacao colonial européia, os continentes africano e asiatico em poucos anos passaram a abrigar
algumas dezenas de novas nacoes.
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XX1)
ecele)
A DESCOLONIZACAO AFRO-ASIATICA
469
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XX!)
liderando a produgaéo mundial de 6pio com autonomia timorense, liderada pela Frente
87% em 2005, ano do maior recrudescimento Revolucionaria do Timor Leste, a Fretelin, o
na violéncia dos combates desde a queda do que causou varias dezenas de milhares de
Taliba. No inicio de 2006, ainda era desco- mortos.
nhecido o paradeiro de Bin Laden. De outro lado, o governo de Suharto
abandonou a politica nacionalista de seu
antecessor, integrando-se a economia Capita-
lista globalizada, entregando o controle, por
exemplo, das companhias petroliferas as cor-
pora¢ées internacionais. Em meio a atra¢do de
investimentos estrangeiros e busca de cresci-
mento econdmico, Suharto continuou no co-
mando politico da Indonésia, reelegendo-se
em 1993, pela sexta vez, a presidéncia do pais.
Entretanto, quando a Indonésia foi atingi-
Bush e Bin Laden em anuncio criado por agéncia de
da pela crise financeira de 1997 — a crise dos
publicidade para uma revista de grande circulacao no Brasil. "tigres asiaticos", que envolveu todos os pai-
cedido
Os antincios mostram os rostos desses lideres desenhados
Gentilmente
Publicidade
Almapbbdo
epor
ses da regido —, Suharto teve que se submeter
com palavras significativas. Observe. as exigéncias recessivas do FMI (Fundo
feito
Ltda./Anuncio
Comunicag6es
Veja.
Revista
a
para
Monetario Internacional) para obter emprés-
timos, passando a enfrentar violentos protes-
tos populares. Em maio de 1998, Suharto
Sudeste Asiatico abdicou de seu cargo presidencial, sendo
convocadas elei¢des livres. O sucessor eleito,
A Indonésia, arquipélago formado pelas Abdurrahman Wahid, restabeleceu a demo-
ilhas de Java e Sumatra e varias outras cracia e, depois de meses no governo, sofreu
menores, foi, desde o século XVII, col6nia processo de impeachment por corrup¢ao em
dos Paises Baixos. Seu principal lider no 2001, sendo substituido por seu vice, Maga-
processo de independéncia foi Ahmed wati. Nas eleigdes presidenciais de 2004,
Sukarno, reconhecido como governante em venceu o general Susilo Bambang Yudhoyo-
1949. Durante seu governo, em 1955, a no; no final do ano, o pais foi devastado pelo
Indonésia sediou a Conferéncia de Bandung, tsunami, resultando em mais de 130 mil
contra o colonialismo. mortos e 110 mil desaparecidos.
Sukarno instalou um sistema autoritario O inicio da redemocratizacdo de 1998 e
de governo, a ‘‘democracia dirigida’’, e as presses internacionais abriram espacos de
realizou uma aproximagaéo com a China negocia¢ao para a independéncia do Timor
comunista em meio ao conflito sino-soviéti- Leste. Um acordo firmado em marco de 1999,
co. Em 1965, num golpe militar, o general entre o governo da Indonésia e o de Portugal
Suharto tomou o poder sob o pretexto de (que negociava em nome dos separatistas
evitar a “‘penetrac¢do comunista’’, mantendo timorenses), sob a mediagado dos EUA e da
Sukarno nominalmente no governo. Em 1967, ONU, acertou a realizagao de um plebiscito
afastou-o e assumiu oficialmente a chefia do popular. Neste, 78,5% optaram pela indepen-
Estado até sua morte em 1970. déncia, destacando-se a atuacdo do lider
Em 1975, tropas de Suharto invadiram o timorense Xanana Gusmao. Embora tenha
Timor Leste (a sudeste do arquipélago), sido oficialmente aceito pelo governo indoné-
aproveitando-se da retirada de Portugal, sio, milicianos armados pelo Exército indoné-
transformando a regido em uma nova provin- sio atacaram a populagao timorense, que
cia da Indonésia. Nem mesmo a condena¢ao abandonou o pais em massa. A violéncia
da ONU pela invasao removeu a ocupa¢dao, impetrada e 0 €xodo por ela gerado obrigaram
que enfrentou com violéncia a luta pela a ONU a enviar uma for¢a de paz para intervir
470)
A DESCOLONIZACAO AFRO-ASIATICA
472
A DESCOLONIZAGAO AFRO-ASIATICA
474
A DESCOLONIZAGAO AFRO-ASIATICA
O conflito arabe-israelense
| Estado judeu (1947)
Um dos grandes conflitos do Oriente Israel apds 1949
do o acesso aos portos israelenses. A vitdria | Ocupacao do Sul do Libano por Israel depois de 1982 |
israelense levou a ocupa¢ao de Gaza, Sinai, By RESTS ESE Slee pee cet oes eee se
476
A DESCOLONIZACAO AFRO-ASIATICA
[.-]
O prego ainda é o mesmo: o reconhe-
cimento de Israel, a aceitagao de seu di-
reito de viver em paz € a cessagao de
toda luta armada ou do terrorismo con-
tra os israelenses. Mas Yasser Arafat,
como Targiiinio, decidiu pagar o prego.
Muitos palestinos acham que ele é
um louco, ou mesmo um traidor, para
aceitar tao pouco, depois de ter lutado
tanto. Ele podera até sofrer o destino de
Said Hammami, assassinado em 1978
A Paz de Washington, assinada por Rabin e Arafat, nao foi o por um extremista palestino pago por
estabelecimento de uma era de paz para a regido, mas a
Saddam Huggein.
abertura de um caminho para a pacificagao.
Mas certamente ele esta com raz&o,
ao entender, embora tardiamente, que o
Em 1993 “Arafat, como Targiiinio”. Em mutuo reconhecimento e a coexisténcia
1995, Rabin como Hammami pacifica 540 um bem que vale a pena pagar,
muito embora o prego seja exorbitante.”
“Um dos mais convincentes mitos da
Antiguidade é a historia da Sibila, de MORTIMER, Edward. Arafat, como Taraiitnio —
Financial Times. In: Gazeta Mercantil, 20/9/1993.
Cumas (antiga cidade grega perto de : p.1é2.
Napoles). Ela ofereceu nove livros de
Em 1995, contudo, Yitzhak Rabin foi
profecias a Tarqiiinio, o Soberbo, ultimo
assassinado por um extremista israelense.
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XX!)
oaks)
A DESCOLONIZACAO AFRO-ASIATICA
dos pela OLP, apoiavam os muculmanos, e os apontando altos membros dos servigos de
israelenses alinhavam-se aos cristaos. inteligéncia sirio e libanés como participantes
A partir da década de 1970, os conflitos no atentado que matou Hariri e outras 22
se agravaram por press6es politico-religiosas pessoas. Em marco de 2006, o governo sirio
dos muculmanos, que exigiam maior repre- concordou em cooperar com a comissdo de
sentatividade politica, e, também, pela insta- investigagdes da ONU sobre 0 atentado.
lagao de grupos palestinos no sul do Libano.
Em 1976, a Siria interveio no norte do
pais e, em 1982, Israel ocupou o sul,
expulsando os guerrilheiros da OLP. Em
1986, os sirios ocuparam Beirute, a capital
do Libano, sem conseguir uma efetiva com-
posi¢ao politica entre cristaos e muculmanos.
Em outubro de 1989, a Assembléia
Nacional Libanesa, reunida na Arabia Saudi-
ta, aprovou um tratado de paz que determi-
nava o desarmamento das milicias e a par-
ticipagao igualitaria de cristaos, mugulmanos
sunitas e muculmanos xiitas no governo.
Apesar desse entendimento, os combates
continuaram até 1990, quando houve uma
intervengao mais efetiva da Siria, que a partir
de entéo manteve um grande contingente de
militares dentro do pais. No sul do territério, a
guerrilha do Hezbolah, com o respaldo da
Sfria, continuou a combater o Exército israe-
lense que ainda ocupava a regiao. Embora
lutasse contra a permanéncia de tropas es-
trangeiras em seu territdrio, o Libano havia
iniciado uma reconstrugao lenta e gradual
que lhe permitiu atingir, entre 1990 e 1998,
um crescimento do PIB da ordem de 7,7% ao
ano, em média — uma das maiores taxas do
mundo. Esse reflorescimento refletiu-se prin-
cipalmente em Beirute, que retomava o papel
de pdlo turistico internacional.
Em marco de 2000, incentivados pelas Conflito Ira-Iraque
negociagdes que buscavam o equilibrio em
todo o Oriente Médio, mesmo sem um acordo No Ira, a dinastia Pahlevi, no poder desde
final com a Sfria, Israel retirou-se do sul do 1925, foi derrubada em 1979 pelos partida-
Libano depois de duas décadas de ocupa¢ao. rios do aiatola Khomeini, lider muculmano da
A manutencao de milhares de seus so!dados seita radical xiita. Como o xa Reza Pahlevi
garantiu a forte ingeréncia siria na organiza¢ao tinha o apoio dos Estados Unidos, a vitdria de
do governo libanés, situagdo que durou até Khomeini agravou as relagdes com os norte-
2005. Nesse ano, 0 assassinato do ex-primeiro americanos, e, no mesmo ano, a embaixada
ministro Rafik Hariri, lider oposicionista a norte-americana em Teera, capital do pais, foi
presenca siria no Libano, desencadeou segui- invadida por militantes xiitas. Somente em
dos protestos populares que exigiram e conse- 1981, apds entendimento com intermedia¢gao
guiram a retirada das tropas sirias do pais. No da Argélia, os cinqienta reféns norte-ameri-
final de 2005, aONU divulgou um documento canos foram libertados.
479
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
quimicas e os misseis de longo alcance. Sob estrangeiros. Na foto, avides da forca aérea norte-americana
sobrevoam um campo de petréleo no Kuwait bombardeado
a acusa¢ao de nao se submeter aos inspe- por tropas iraquianas, em 1991.
A DESCOLONIZACAO AFRO-ASIATICA
vitimas. As eleigdes presidenciais em 2005 No inicio dos anos 1990, nao foram
nao serviram para diminuir esses seguidos raros os exemplos de crises, catastrofes
conflitos. Ao contrario, a espiral de violéncia sociais e politicas, a exemplo de Ruanda,
no Iraque no inicio de 2006 trouxe o temor ex-col6nia da Alemanha até a Primeira
de o pais mergulhar numa completa guerra Guerra Mundial e depois da Bélgica até
civil envolvendo suas diversas fac¢des polli- 1962. Antes da independéncia, os coloniza-
ticas e étnico-religiosas. Dessas, destacam-se dores belgas jogaram com os principais
os xiitas — cerca de 60% da populagao -, os grupos étnicos locais, primeiro juntando-se
sunitas — cerca de 20% — e os curdos, algo com os tutsis (cerca de 9% da popula¢ao) e
proximo a 15% da populagao iraquiana. A depois estimulando a forma¢do de uma elite
ampliagdo da resisténcia 4 ocupagao estran- entre os hutus (algo proéximo a 90% dos
geira e a possibilidade iminente de uma ruandenses). Esse quadro agucou as rivali-
segunda guerra civil podem atrair o envolvi- dades locais que ganharam maior impulso
mento de paises vizinhos como o Ira, Arabia ainda apds a independéncia, nas disputas
Saudita, Turquia, Siria e Kuwait, entre outros, politicas, sociais e militares. No final do
alastrando o conflito na regido. Como afir- século XX, estimava-se que mais de um
mou o embaixador dos Estados Unidos em milhdo de ruandenses tinham sido mortos e
Bagda, Zalmay Khalizad, ‘‘abrimos uma mais de 2,5 milhGes eram refugiados.
caixa de Pandora e a questdo agora é como
sair dessa’ (Folha de S.Paulo, 9 mar. 2006, As dimensdes do deslocamento popula-
p. A2). cional gerado pelo conflito, principalmente
em diregdo aos campos de refugiados mon-
tados por organizagdes de ajuda humanitaria
internacionais (como a ONU e os Médicos
Sem Fronteiras) no Zaire (atual Repdblica
Alguns destaques da Africa Democratica do Congo) e na Tanzania,
RES Rare aL bien ae OI ae espalharam multiddes de refugiados pelas
estradas e campos dos paises vizinhos. A
O dominio colonial, suas herangas e a conseqiiéncia mais tragica desse fendmeno
turbuléncia politica da descoloniza¢ao afri- foi o "efeito arrastao": a medida que essas
cana, com fronteiras politicas quase sempre multiddes chegavam em regides que ja nado
distantes das divisdes étnicas, religiosas e possuiam alimentos, alojamentos e estruturas
linguiisticas, deixaram sérios impasses socio- sanitarias (banheiros, esgotos, agua, hospi-
politicos no continente: de um lado, o quadro tais) para recebé-los, as populagdes locais
de subdesenvolvimento e, de outro, a insta- eram assoladas pela fome, pela miséria e
bilidade institucional. pelas epidemias (tifo, dengue, Aids). Obriga-
Dos 53 paises africanos, 28 ocupavam as das a fugir, tornavam-se, elas também,
piores colocagées entre os 162 paises avalia- migrantes e, posteriormente, refugiados de
dos pelo Indice de Desenvolvimento Huma- guerra. O desequilibrio social propagou-se
no da ONU (dados de 2001), e pelo menos pela Africa Central, revivendo antigos con-
20 continuavam imersos em confrontos béli- flitos e intensificando os ja existentes. Foi
cos. Cerca de metade da popula¢ao do assim no ex-Zaire e no Burundi, paises onde
continente vivia com menos de US$ 1 por as etnias tutsis e hutus também entraram em
dia e, especialmente a regido subsaariana, em conflito, tornando-se quase que uma exten-
permanente piora nos Uultimos anos desde a sao da guerra em Ruanda. Ali, como fato
década de 1970. Fome, subnutrigao, migra- bastante comum a maioria dos paises afri-
¢6es e epidemias (90% dos casos de malaria e canos, inclusive naqueles que assumiram
70% dos casos de Aids do mundo) comple- certa abertura democratica, acrescentavam-
tavam o quadro herdado dos séculos de se também os permanentes regimes fundados
coloniza¢gao e descoloniza¢ao. na forga e nao nos direitos de cidadania.
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XX!)
SARDAN, Jean-Pierre Olivier de. Nelson Mandela, principal lider da luta contra o racismo na
Decadéncia dramatica dos Estados africanos. Africa do Sul, foi ganhador do Prémio Nobel da Paz, em 1993,
In: Le Monde Diplomatique. Edigao brasileira, juntamente com o presidente sul-africano na época, Frederik
ano 1, n. 1. 12/2/2000. Disponivel em: W. de Klerk. No ano seguinte, seria eleito o primeiro
<www.diplo.com.br>. presidente negro do pais e, ao encerrar seu mandato, em
1999, transferiu o poder democraticamente a seu sucessor,
Thabo Mbeki, reeleito ao cargo de presidente em 2004.
482
A DESCOLONIZACAO AFRO-ASIATICA
No entanto, na maioria dos paises afri- Argélia livre. A ala conservadora do exército,
canos predominam epidemias, como a da contraria a independéncia da regido, tentou
Aids, subnutri¢ao, instabilidade politica, com um golpe de estado — fracassado — contra De
golpes e contragolpes e seguidos conflitos Gaulle.
étnicos. Abandonado também pelo usual Estabelecendo acordos com os naciona-
desprezo quanto a questdo vital da sobrevi- listas argelinos, a Frang¢a reconhecia, em 1962,
véncia humana, o continente africano deixa a independéncia da Argélia. Depois de dez
exposta a incapacidade da ordem econémica anos de lutas e de aproximadamente um mi-
internacional do pds-Guerra Fria de viabili- lhdo de argelinos mortos, formava-se a Rept-
zar solugoes sociais eficazes para a maioria blica Democratica Argelina, presidida por Ben
da popula¢ao. Bella, da Frente da Libertagao Nacional.
Argélia
483
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
em 1989, foi a vez da abertura politica Exército. Bouteflika foi reeleito presidente em
interna, quando, em meio ao pluralismo 2004; no ano seguinte, apresentou a Carta pela
partidario, ganhou forga o grupo fundamen- Paz e Reconciliagdo, que foi aprovada em
talista islamico (FIS — Frente Islamica de plebiscito pela maioria esmagadora dos eleito-
Salvacdo) que pregava a reorganizacao do res (97%). No inicio de 2006, ogovernolibertou
pais com base no Cordo, e que foi vitorioso prisioneiros do Grupo Islamico Armado (GIA),
nas eleicdes de 1991. favorecidos pela Carta de Paz. Entre eles estava
O fundamentalismo de linha iraniana, um de seus fundadores, Abdelhak Layada.
contraério a qualquer influéncia ocidental,
entrou em choque com o exército, culminan- Congo
do num novo golpe militar em 1992. O
governo, controlado pelo Alto Comando das Devastado pelo trafico de escravos do
Forgas Armadas, colocou os fundamentalistas século XIX, em 1885, apds a Conferéncia de
na ilegalidade, generalizando a persegui¢do e Berlim, 0 Congo passou a ser propriedade
prisao dos lideres islamicos. Em resposta, os pessoal do rei da Bélgica, Leopoldo II. De
seguidores da Frente Islamica recorreram a propriedade pessoal, em 1908, passou ofi-
violéncia com atentados terroristas, mergu- cialmente a col6énia belga, servindo a diver-
lhando o pais numa crescente guerra civil. sos interesses: pilhagem e exploracao pelas
Nas eleicGes gerais de 1995, num ensaio companhias. metropolitanas e estrangeiras, de
de normaliza¢ao politica interna, foi vitorioso diamante, ouro, cobre e estanho.
o candidato preferido dos militares, Liamine Em 1959, irromperam no pais manifesta-
Zeroual, em grande parte devido ao afasta- ¢des populares, chegando-se a incendiar
mento do pleito dos radicais islamicos do FIS Leopoldville, a capital, o que obrigou a
e do boicote eleitoral por outras forgas Bélgica a conceder a independéncia ao pais.
democraticas e socialistas. Zeroual foi ainda Em 1960, formava-se o Estado Livre do
apoiado pelo governo francés, pois este temia Congo, tendo como presidente Joseph Kasa-
o surgimento de um outro Ira a apenas vubu e como primeiro-ministro, Patrice Lu-
algumas centenas de quilémetros de sua mumba. Embora oficialmente independente,
fronteira. Tal fato levou os extremistas islami- a presen¢a européia continuava gerando
cos do autodenominado Grupo Islamico continuas manifestacées.
Armado (GIA) a optar por atentados terroristas Soldados belgas e mercenarios, financia-
em Paris. dos pela companhia belga Union Miniére e
O governo do presidente Zeroual, mesmo comandados por Moisés Tshombe, declara-
ampliando gest6des para entendimento nacio- ram independente a provincia mineradora de
nal, reforg¢ava a incdgnita para a real possi- Katanga. Lumumba e Kasavubu apelaram a
bilidade de livrar a Argélia de seu conflito ONU, que enviou emissarios de paz a regiao,
civil, que deixara dezenas de milhares de sem conseguir entretanto solucionar o impas-
vitimas fatais. Nem mesmo a formacao de se, instalando-se a guerra civil. Lumumba
uma Assembléia Nacional, em 1997, com- tentou uma ofensiva contra Katanga, contan-
posta por varias correntes, inclusive a dos do com 0 apoio da Unido Soviética, porém
muculmanos tradicionalistas, desmontou o sem sucesso.
clima de confronta¢do entre setores do Exér- O presidente Kasavubu, apoiado pelos
cito e rebeldes guerrilheiros. belgas e pelos Estados Unidos, demitiu Lu-
Em 1999, o recém-eleito presidente Abde- mumba, substituindo-o pelo coronel Joseph
laziz Bouteflika propds a anistia aos grupos Mobutu. Lumumba foi preso, mas, diante das
divergentes, obtendo em 2000 a adesdo do manifestagdes populares pela sua libertacdo,
Exército Islamico de Salvagao, que abandonou acabou sendo entregue a mercenarios de
a luta armada, com cerca de 1,5 mil guerri- Katanga, onde foi assassinado.
lheiros se rendendo as forgas do governo. Por sua atuacao a frente do Movimento
Mesmo assim, continuaram as atua¢oes guerri- Nacional Congolés contra a Bélgica, Lumumba
lheiras do GIA e de setores mais duros do transformou-se em simbolo da independéncia
484
A DESCOLONIZACAO AFRO-ASIATICA
africana, num Congo dividido em varias que mudou o nome do pais para Reptblica
facc6es rivais, em lutas crescentes, s6 contidas Democratica do Congo. No ano seguinte, um
coma intervencao da ONU e coma entrega do rompimento interno no governo leva a nova
cargo de primeiro-ministro a Tshombe, em guerra civil, em que interesses de varios
1964, 0 que assegurou a unidade do pais. paises da Africa entraram em choque. Enfra-
quecido, Kabila pediu auxilio militar para os
governos do Zimbabwe, de Angola e da
Namibia, atraidos pela produgao de diaman-
tes, petrdleo, cobre, urdnio e as terras férteis
do Congo. Com novas dissidéncias, 0 pais se
transformou em um grande campo de batalha
com o envolvimento de 9 paises africanos,
conflito descrito por alguns como a Primeira
Guerra Mundial Africana (segundo lan Fisher.
The New York Times. In: Folha de S. Paulo.
19/1/2001. p. A9). No inicio de 2001, Laurent
Kabila foi assassinado, assumindo a presidén-
cia seu filho, Joseph Kabila, num governo de
transi¢ao. No ano seguinte foi negociada a
retirada das tropas dos paises vizinhos, porém
os confrontos e a violéncia entre as faccdes
rivais nao Cessaram nem com a crescente
presenca, desde 1999, das tropas de paz da
ONU, chamadas Monuc, que chegaram em
2005 a mais de 18 mil homens, constituindo
a maior forca de paz do mundo. Em 2005 foi
Mesmo apos a independéncia formal, o Congo enfrentou aprovada, em plebiscito, uma nova Consti-
sangrentas lutas internas. Na foto, Patrice Lumumba, simbo-
lo da luta pela libertag4o africana. No detalhe, as regides da
tuigao, promulgada em fevereiro de 2006,
Argélia e do Congo. marcando para meados desse ano as elei¢des
legislativa e presidencial. Doengas e guerra
Em 1965, Mobutu assumiu o governo, civil de 1998 a 2004 resultaram em mais de 4
implantando uma ditadura pessoal. No inicio milhdes de mortos (segundo a revista médica
dos anos 1970 langou uma politica de Lancet, do Reino Unido, In: Folha de S.
“africanizagao’’, que mudou o nome do pais Paulo, 7 jan. 2006. Disponivel em:
para Zaire. Enfrentando crescentes press6es, <www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/
internas e externas, contra a ditadura e o ft0701200620.htm>. Acesso em: 5 abr. 2006).
nacionalismo, intensificadas especialmente
no final dos anos 1980 e inicio dos 1990, o As ex-colénias portuguesas da Africa
pais mergulhou em sucessivas crises politicas,
greves e agravamento do seu quadro socio- As col6énias ultramarinas portuguesas fo-
econdmico. Durante os anos 1990, agravan- ram as que mais tardiamente conquistaram sua
do ainda mais esse quadro, entraram no leste independéncia, todas apds 1970. Isso porque
do pais mais de um milhado de refugiados Portugal mantivera-se, desde a década de 30,
ruandeses, da etnia hutu, fugindo da guerra sob a ditadura de Ant6nio de Oliveira Salazar,
na vizinha Ruanda, que passou as maos da que conservara 0 pais por quarenta anos longe
etnia rival dos tutsis. Mobutu, considerado dos avangos econdmicos, politicos e sociais
excessivamente tolerante para com os refu- do periodo. Quando, em meados da década
giados que continuavam atacando Ruanda, é de 70, ocorreram os movimentos de derrubada
deposto por uma revolta de oficiais tutsis do das Uultimas ditaduras européias — Grécia,
Zaire, apoiados por Ruanda, em 1977. O Espanha e Portugal -, as lutas coloniais de
governo foi entregue a Laurent Desiré Kabila, libertagdo ganharam for¢a.
485
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XX1)
486
A DESCOLONIZACAO AFRO-ASIATICA
Somente na década de 1990, apés o pajs gerais, vencidas em 2000 pelo Partido da
ter iniciado uma abertura politica, buscou-se Renovacao Social (PRS), rival do PAIGC. O
estabelecer acordos entre 0 governo e os presidente eleito, Kumba lalla, ficou no poder
guerrilheiros para a solucdo da questao até 2003, quando foi derrubado por um novo
mogambicana. Em 1994, foram realizadas golpe militar. O novo governo provisério
eleig¢des multipartidarias, vencendo o lider da garantiu a realizacdo de novas eleicdes em
Frelimo e sucessor de Machel, Joaquim 2005, vencidas pelo ex-presidente Jodo Ber-
Chissano. O novo governo definiu como nardo Vieira. Em Cabo Verde, a longa
prioridade a reconstrugao de Mocgambique, estiagem e as limitagdes da producdo agrico-
tendo em maos um pais arrasado por 14 anos la, em razao da aridez do arquipélago, tém
de luta pela independéncia e seguida por contribuido para um forte movimento migra-
mais 16 anos de guerra civil. torio de cabo-verdianos, que abandonam o
Chissano buscou a reconstrucdo de Mo- pais em massa. Por outro lado, o governo tem
¢ambique e conseguiu um relativo éxito no promovido o desenvolvimento turistico, o
controle da inflagdo e na aplicagéo de um setor mais lucrativo da economia, inauguran-
programa de privatizagdes. Reeleito em 1999, do o aeroporto internacional da Cidade da
deu €nfase as obras de infra-estrutura (gaso- Praia em 2005.
duto, eletricidade, etc.) e ao crescimento eco-
ndmico, conseguindo a vitdria de seu candi-
dato a presidéncia da Reptblica nas eleigdes
de dezembro de 2004, Armando Guebuza,
com mais de 63% dos votos. Press
Associated
s paises da América Latina, embora ses, que, de 1861 a 1867, tentaram instalar na
politicamente independentes desde o regido o governo Habsburgo de Maximiliano,
século XIX, mantiveram lacos de um prolongamento do Segundo Império na-
dependéncia econdmica com as grandes polednico na América.
poténcias capitalistas mundiais, inicialmente
a Inglaterra e posteriormente os Estados
Unidos.
As forgas reformistas e nacionalistas e
também as de extrema esquerda — estas
almejando subverter por completo a ordem
reinante — confrontaram-se com as forgas
tradicionais, defensoras da vincula¢ao politi-
co-econdmica com os grandes centros capi-
talistas. Assim, 0 anseio das nagées latino-
americanas pela democratiza¢ao e autonomia
tem gerado press6es no sentido de reformular
as estruturas vigentes. Por isso, ditaduras
militares, governos pr6-libertagdo, movimen- Maximiliano
de
execu¢ao
A
Manet,
1868.
(detalhe),
Mexico
eee
ea a
488
A AMERICA LATINA E AS LUTAS SOCIAIS
didria e grande entrada de capital estrangeiro sul a revolugéo camponesa pela reforma
para a exploracgdo e controle dos recursos agraria. As pressOes levaram Huerta a renun-
minerais e produ¢ao de artigos de exporta- ciar, em 1914, em favor de um governo
¢ao. Dessa forma, para a populac¢ao local, em constitucional liderado por Venustiano Car-
sua grande maioria concentrada nas dreas ranza (1914-1915).
rurais, aumentaram a miséria e a dependéncia Em 1917, foi promulgada a nova consti-
aos grandes senhores. tuig¢ao do pais e Carranza foi eleito presiden-
No inicio do século XX, esse quadro Insatisfeitas com o ndao-atendimento de
levou ao crescimento da insatisfacdo entre a suas reivindicagées, especialmente a redivi-
popula¢do, 0 que provocou greves operdrias sdo fundidaria, as forg¢as populares continua-
nas cidades e revoltas na zona rural. Dessas ram em luta. Entretanto, perderam forca,
lutas surgiram lideres populares como Emi- especialmente com o assassinato de Zapata
liano Zapata e Pancho Villa, que, coman- em 1919 e o afastamento de Villa em 1920,
dando milhares de camponeses, mobiliza- seguido de seu assassinato em 1923. A
ram-se contra os latifundidrios, a Igreja e as Revoluc¢ao Liberal se institucionalizava.
elites constituidas, reivindicando uma justa Na década de 30, a reforma agraria,
distribuigao de terras, por meio da reforma motivo da Revolucao de 1910, ainda nao fora
agraria. Ao mesmo tempo, parte da elite, sob realizada: mais de 80% das terras mexicanas
o comando de Francisco Madero, se insurgia estavam em maos de pouco mais de dez mil
contra a ditadura porfirista. Unindo as forgas, mexicanos. As manifestagdes nacionalistas e
os exércitos revolucionarios depuseram Por- as reivindicag6es sociais encontraram no pre-
firio Dias, em maio de 1911. sidente Lazaro Cardenas (1934-1940) um
representante que expropriou terras e compa-
©
=
nhias estrangeiras, nacionalizou o petrdleo e
a® estimulou a formagao de sindicatos campone-
®.*)
=
oO
ses e operarios. Com tais medidas de Cardenas,
<
€ o partido do governo passou a chamar-se
©
a) Partido da Revolucao Mexicana, transformado
s[<4 em 1948 no Partido Revolucionario Institucio-
ro}
£
o nal (PRI), que controlou o pais até os anos 90.
=
489
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
aos Capitais internacionais, levando a econo- ficaram conhecidos, através de seu lider o
mia a beira do colapso. De 1980 a 1990, o “comandante Marcos’, proclamavam a exi-
produto nacional bruto per capita caiu 12,4% géncia de ‘‘pao, satide, educa¢gao, autonomia
e, entre 1982 e 1988, o salario real foi e paz’’ para os camponeses da regido, ao
reduzido em 40%, chegando em 1990 a um mesmo tempo que se sublevavam contra o
consumo per capita 7% inferior ao registrado governo e denunciavam o Nafta como perni-
em 1980. Ci0sO aO Povo mexicano.
Diante da imensa divida externa e do
grave quadro inflacionario do pais, em 1990,
o presidente Andres Salinas de Gortari bus-
cou acordos internacionais que atraissem
investimentos estrangeiros, especialmente
dos Estados Unidos. A intima vinculagao ao
bloco econémico norte-americano, possibili-
tou a integracdo ao Nafta (Acordo Norte-
Americano de Livre Comércio), oficializada a
12 de janeiro de 1994, comemorada como
uma passagem para o mundo desenvolvido.
490
A AMERICA LATINA E AS LUTAS SOCIAIS
491
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XX!)
populares no Chile, de uma elaborada poli- por motivos politicos. Na década de 80, as
tica de unido das forgas de esquerda e do pressOes populares e internacionais sobre a
debilitamento do grupo conservador chileno, ditadura chilena de Pinochet avolumaram-se
a partir da fraqueza do governo de Frei. e, de 1987 a 1988, diante da distensdo nas
A vitéria socialista desencadeou uma relagdes internacionais e do esgotamento
mobilizagao social, com invasdao de terras e politico interno, as pressdes pela redemocra-
ocupag¢ao de fabricas, pressionando o gover- tizagao tornaram-se irrefreaveis.
no a avancar além de seus propositos origi- A partir dos anos 1990, buscou-se, no
nais. O resultado foi a rearticulacgao das for¢as Chile, uma transi¢ao pacifica para a demo-
conservadoras, 0 que provocou sabotagens e cracia por meio de eleigdes presidenciais,
instabilidade. Ao mesmo tempo, os Estados vencidas por Patricio Aylwin Azocar, candi-
Unidos, governados por Richard Nixon, ja dato pela frente oposicionista Acordo pela
contrarios a um regime socialista no conti- Democracia, chamada ‘‘Concertaci6n’’
nente, viram-se desafiados com a nacionali- (CCPD: Concertacién de Partidos por la
za¢ao de diversas empresas norte-americanas Democracia). Seu sucessor foi Eduardo Frei
que atuavam no Chile. Sua resposta foi cus- (1994), seguido, em 2000, pelo também
tear as campanhas que desencadearam a de- governista Ricardo Lagos, o primeiro de
sestabilizagdo do governo Allende, fortale- orienta¢ao socialista apds Allende.
cendo o desejo golpista da cupula militar
chilena. De 1970 a 1973, Washington ajudou A comunidade chilena
na Grande a t
os adversarios de Allende com mais de oito S40 Paulo chegou a um total de100 mil
milhdes de doélares.
pessoas e, com a redemocratizacao,
Em 11 de setembro de 1973, as forcas
armadas chilenas, sob o comando de Augusto
pouco mais que a metade retornou
no —
Pinochet, bombardearam a sede do governo, inicio dos anos 90. Em sua atuagao. ouHar
o palacio presidencial de La Moneda, numa exilados politicos, ao longo dos anos 80,
acao que levou Allende a resistir até a morte. nao raras vezes conseguiram atrair a
atengao dos brasileiros para a necessa- “S |
ria condenaciio 42 ditadura de Pinochet.
"Einmt92S; um ato em e0lidariedade
ao Chile, com a presenga da vilva de :
Salvador Allende, Horténcia, reuniu O):
ent4o senador Fernando Henrique Cardo-
30”, o qual vivera trés anos no Chile como
exilado durante a ditadura militar brasi-_
leira, “o deputado Almino Affonso Lal
entdo vereadora Luiza Erundina. No ano
seguinteum ato liturgico ‘pelas vitimas
dos onze anos de ditadura’ no Chile en-
cheu a Catedral da Sé. Em 1988, 0 Sin-
dicato dos Metrovidrios de So Paulo
editou um numero especial do seu ei
Salvador Allende iniciou um processo de nacionalizacao da
sobre o plebiscito que aprovaria a reali-_
economia chilena. zagao da eleigao presidencial de 1989”.
Em julho de 1995, um dos lideres
Ao assumir o governo, Pinochet estabe- chilenos da Grande Sao Paulo, ane ae
leceu uma das ditaduras mais violentas da Enrique Aravena Parada, presidente do i"
América Latina: mais de sessenta mil pessoas Centro de Estudos Politicos ealadon>:
morreram ou desapareceram do Chile nos Allende, promoveu mais um encontro de
anos 70 e duzentas mil abandonaram o pais latino-americanos, discutindo uma carta
492
A AMERICA LATINA E AS LUTAS SOCIAIS.
493
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XX!)
publico as contas multimilionarias que o ex- Entretanto, a posi¢do de forga dos nor-
ditador possufa em bancos estrangeiros, cri- te-americanos nunca foi abandonada e,
adas com recursos obtidos de governos apoiando os “‘contras’’ nicaraglienses — ex-
aliados a sua ditadura, como o norte-ameri- soldados somozistas — contra 0 governo san-
cano, e de outras transagdes financeiras dinista, obtiveram a desorganiza¢do interna
ilegais. Em 2006 a ‘‘Concertacién’”’ elegeu o da Nicaragua. Nas eleigdes de 1990, o lider
quarto presidente chileno, a socialista Mi- sandinista Daniel Ortega foi derrotado, ca-
chelle Bachelet, e 0 governo deu inicio a bendo a vitdria a Violeta Chamorro, pro-
ampliagdo das investigagdes oficiais em de- Estados Unidos.
zenas de contas secretas internacionais vin-
culadas a Pinochet (estimadas por alguns em
100 milhdes de délares), visando recuperar os
recursos financeiros desviados.
A America Central
a Ee es RE ee oe
América
da
Memorial
Latina
494
A AMERICA LATINA E AS LUTAS SOCIAIS
496
A AMERICA LATINA E AS LUTAS SOCIAIS
anos de seu segundo mandato, gerando maior inflagdo e as baixas taxas de investimento
concentra¢do de riquezas nas maos de poucos produtivo, que deixam diividas sobre a conti-
e elevando as taxas de desemprego. nuidade do alto crescimento econdmico.
Nas eleicGes presidenciais de 1999, ven- O narcotrafico era outro elemento preo-
ceu 0 candidato de oposigdo Fernando de la cupante na América Latina nos anos 1990 e
Rda (UCR e Frepaso — Frente do Pais Solida- infcio do século XXI: uma atividade em
rio) ao candidato apoiado por Menem. Como expansdo no continente e o segundo maior
novo presidente argentino, Fernando de la no comércio mundial, movimentando varias
Rua adotou varias medidas de austeridade, centenas de bilhGes de délares por ano. Uma
afetando ainda mais o emprego e ampliando parte significativa das drogas é origindria da
as dificuldades sociais. Além disso, 0 governo Colémbia, estimada em dois tergos da pro-
de De la Rua ainda enfrentava a questao de a dugao mundial. A riqueza desse comércio
moeda ser mantida ou nao atrelada ao dolar e colombiano tem servido para os seguidos
as dificuldades e dinamizagao do Mercosul. conflitos entre guerrilheiros e a milicia dos
“paras’’, grupos paramilitares de fazendeiros
Nem mesmo a nomeacao de Domingo
e militares em enfrentamentos tipicos da
Cavallo, ex-ministro de Menem, para a pasta
época da Guerra Fria.
da economia conseguiu atrair confianga in-
ternacional, estabilizar a economia e garantir No final dos anos 1990, depois de mais
a paridade ddlar/peso. Manifestagdes de pro- de trés décadas de guerra civil e dezenas de
testo, saques e descontrole administrativo e milhares de mortos, 0 governo colombiano
financeiro aprofundaram a crise, levando De do presidente Andrés Pastrana (1998-2002)
la Rda a rendncia em dezembro de 2001. iniciou negociagdes com grupos guerrilhei-
Substituido por Eduardo Duhalde no cargo de ros, destacadamente as Forgcas Armadas Re-
presidente por um mandato de dois anos, o volucionarias da Col6émbia (Farc), buscando a
novo governo argentino adotou algumas re- pacificagdo do pais. Sem avancos definitivos
formulagdes econémicas, como o fim do nos entendimentos e sob pressdo dos Estados
cambio fixo, sem que com isso houvesse Unidos, o presidente Pastrana, em 2000, pds
apoio significativo interno e muito menos das em andamento no pais o Plano Colombia, um
finangas internacionais. Da mesma forma, programa antidrogas de treinamento militar
continuava incerta a estabilizacao financeira para destruir plantagdes de coca e cag¢ar
e, pior ainda, nao se acreditava numa reversao traficantes. Esse plano, que deveria ser fina-
a curto ou médio prazo do grave quadro lizado até 2005, foi prorrogado até 2006,
social, que alcangara fndices inéditos e alar- sendo responsavel pela injegdo de mais de 3
mantes: metade dos 37 milhdes de argentinos bilhées de ddlares na Colémbia.
estava vivendo na pobreza e a taxa de De 2001 a 2006, com Pastrana e seu
desemprego do pais chegou a 21,5% em sucessor Alvaro Uribe, a na¢cdo continuou
julho de 2002. Em maio de 2003, Duhalde foi mergulhada na guerra civil iniciada ha mais
substituido por Néstor Kirchner, que assumiu de quatro décadas, num impasse em que nem
a presidéncia e acenou, em seu discurso de a guerrilha tinha condigdes de tomar o poder
posse, em favor da recupera¢do e do apro- definitivamente nem as forgas governamen-
fundamento do Mercosul. Mesmo assim, ape- tais tinham capacidade militar para, apesar da
sar do crescimento dos negécios, o bloco bilionaria ajuda norte-americana, derrota-la.
continuou esbarrando em cotas e divergéncias As iniciativas pela pacificagao, especialmente
nacionais. A partir de 2003, depois do recuo de as de 2004 e 2005, com pris6es aos envolvi-
-10,9% do PIB em 2002, a economia do pais dos e anistia aqueles que depunham as
voltou a crescer. Nesse ano, o PIB argentino armas, nao tiveram os efeitos esperados. Além
cresceu 8,7%; em 2004, 9%; e, em 2005, disso, um outro aspecto fundamental do
alcangou a maior taxa do continente: 9,2%. Plano Colémbia, destacado por muitos criti-
Mesmo assim, continuam preocupantes os cos, era a novidade quanto a ingeréncia
sinais sociais quanto a pobreza, emprego e direta dos Estados Unidos na América do
498
A AMERICA LATINA E AS LUTAS SOCIAIS
refluxo, alguns em extingao ou, talvez, até em presidente de El Salvador, Alfredo Cristia-
laténcia. Deles, tao destacados pela imprensa ni, o fim dos confrontos (1992), sob a
internacional como representantes da turbu- intermediagaéo da ONU. Gragas a conces-
léncia ininterrupta continental, citavam-se o sdes de governo e guerrilheiros, foram
da Unidade Revoluciondria Nacional, da possiveis a democratizagdo do pais, ga-
Guatemala e Cidade do México; da For¢a rantias contra esquadrées da morte e
Popular Revolucionaria Lorenzo Zelaya e os aparelhos repressivos do Exército e aban-
Chinchoneros, de Honduras; da Frente Pa- dono de acG6es armadas terroristas. O
tridtica Manoel Rodriguez e Movimento da sucessor de Cristiani, Armando Calderon
Esquerda Revolucionaria (MIR), do Chile. Sol (1994), continuou implementando os
Porém, os mais famosos eram os seguintes: acordos de paz obtidos.
m Sendero Luminoso: fundado em 1969 no = Movimento 19 de abril (M-19): fundado
Peru, com base na guerrilha rural, buscava em 1970 na Colémbia, combatia 0 governo
a criagdo de um Estado indigena soberano. defendendo a instalagdo de um regime
Com forte inspiragdo maoista chinesa, popular nacional. No inicio dos anos 1990,
desde 0 inicio dos anos 1990 tinha sido a junto com outros grupos revolucionarios,
organiza¢ao guerrilheira mais ativa de todo buscou o fim da confrontagdo militar e a
0 continente, sofrendo um forte revés no consolidagdo democratica, conseguindo a
governo Fujimori, com a prisdo de varios legalizagao de sua atuagdo como partido
de seus principais lideres. politico.
= Movimento Revolucionario Tupac-Amaru:
m Forgas Armadas Revolucionarias da
fundado em 1984 no Peru, por estudantes
Colémbia (Farc): fundada em 1965 na
universitarios, seguia os ideais marxistas
Colémbia. Utilizou a zona desmilitarizada
sem o radicalismo dos senderistas, apre-
de 42 000 quilémetros quadrados no sul do
sentando-se até como seu rival no norte do
pais. pais desde 1998 até 2002 quando passou a
sofrer ataques das forcas governamentais.
m@ Frente Farabundo Marti de Libertacao
Nacional (FMLN): criada em 1980, em El mw Exército de Libertacao Nacional (ELN):
Salvador e Honduras, buscava a implanta- movimento guerrilheiro da Col6mbia que
¢ao de um regime comunista tradicional, também se utiliza de seqiiestros como
como o soviético. Depois de 12 anos de forma de angariar fundos para seus ob-
guerra civil, a FMLN assinou com o jetivos.
Alban/Gamma
Frederic
O radicalismo revolucio-
nario na América Latina
quase sempre representou
a acao extrema contra o
agravamento de desigual-
dades e injusticas. Na foto,
guerrilheiros peruanos do
Sendero Luminoso.
A NOVA ORDEM ECONOMICA
INTERNACIONAL
501
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
502
A NOVA ORDEM ECONOMICA INTERNACIONAL
A ordem monetaria
internacional e a instabilidade
financeira mundial
SRT eeSe
ro)Oe)
[DADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XX1)
relOle)
A NOVA ORDEM ECONOMICA INTERNACIONAL
508
A NOVA ORDEM ECONOMICA INTERNACIONAL
distanciamento dos centros mais desenvolvi- menos grave questao ambiental, j4 que o
dos, a falta de investimentos em areas de crescimento das necessidades de matérias-
infra-estrutura, a educa¢gao em crise e até a primas e de energia e uma produc¢do e um
acdo de elites viciadas em privilégios e consumo cada vez maiores comprometem os
voltadas para seus proprios interesses. limites fisicos do planeta, colocando em risco
Nao bastando tantas barreiras estrangu- O pouco que ainda resta do meio ambiente
ladoras, ganha importancia ainda a nao saudavel.
Participagaéo dos empregados que vivem com menos de US$ 2 por dia, em %
1990 2003 ~—«2015 (estimativa, caso as tendéncias atuais se mantenham)
79,1
Se
Mundo América Latina Leste da Asia Sudeste daAsia Sul da Asia Oriente Médio —_—Africa subsaariana Economias em
e Caribe e Africa do Norte transigao*
* Do socialismo para 0 capitalismo Relat6rio da OIT (Organizacao Internacional do Trabalho) In: Folha de S.Paulo, 9 dez. 2004.
Uma conclusdo plausivel para 0 quadro exigidas pela populacdo. Do outro lado, o
hist6rico do final do século XX e inicio deste capitalismo, avangando na _ globaliza¢ao,
século € que tanto o socialismo quanto o também nao conseguiu dar respostas adequa-
capitalismo foram incapazes de consolidar das a desigual distribuigdo das riquezas
diretrizes para a solugao dos graves proble- produzidas e a questao ambiental.
mas socioecondmicos e politicos que afligem A nova ordem internacional, sob a feicao
a humanidade. O socialismo nado conseguiu de um capitalismo vitorioso e globalizado,
acompanhar a dinamica econdmica capita- manteve um velho quadro de misérias, guer-
lista dos paises desenvolvidos nem superar os ras e sofrimentos em quase todos os pontos
seus crescentes entraves burocraticos, além do globo e, o que é pior, em crescente
de nao oferecer liberdades democraticas agravamento.
A CULTURA EXPLOSIVA DO
SECULO XX
Obras impressionistas: Ensaio de balé (detalhe), de Degas, e as esculturas O pensador e O beijo, de Rodin.
rap
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
1961.
Regalo,
Ray,
Man
ro WO)
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XX1)
Giacomo
Velocidade
Balla,
automével,
do
(detalhe),
barulho
luz,
(1913)
O futurista glorificava o
progresso, as maquinas e
o militarismo. Exemplo da
pintura futurista italiana
de Giacomo Balla.
514
A CULTURA EXPLOSIVA DO SECULO XX
Monroe,
Marylin
Warhol,
Andy
1962.
Dos anos 60 aos 90, surgiu uma varieda- A partir dos anos 30, o jazz fundiu-se
de de tendéncias e estilos que, chamados ge- com a industria do disco, e apds a Segunda
nericamente de pés-modernismo, desembo- Guerra Mundial apresentou uma certa eliti-
caram em muitos outros movimentos artisti- za¢do, destacando-se o trabalho requintado
cos — novo realismo, fluxus, minimal art, do trompetista Miles Davis (1926-1991) e Ray
body art, transvanguarda, neoexpressionis- Charles (1932-2004). Os ricos arranjos do jazz
mo, entre outros, além de expressGes como do periodo chegavam a incorporar composi-
arte conceitual e mesmo arte por computador. tores cldssicos, entre eles Debussy, Ravel,
No campo musical, apds a Primeira Stravinsky, Schoenberg e outros, como apre-
Guerra Mundial, vale destacar a musica sentava o Modern Jazz Quartet nos anos 50.
norte-americana, notadamente o ragtime, o
Outro movimento musical que cresceu
blues e 0 jazz, criada pelos negros que, longe
nos anos 1950 e avancou vertiginosamente
de seu pais de origem, viviam como escravos
até a atualidade foi o rock’n’roll, com origens
nos campos de plantagées de algodao e fumo
na mesclagem do jazz com folclore norte-
de Nova Orleans.
americano. Literalmente rock’n’roll quer dizer
O blues— musica de carater melancélico —
“balancar e rolar’’ e vinha da giria usada
e€ o ragtime— versao negra das polcas e valsas
pelos negros com conota¢ao sexual. Incorpo-
européias — sao a origem do jazz. Essa forma
rando novos instrumentos musicais, como a
musical data dos fins do século XIX e inicio do
guitarra elétrica, o rock arrebatou os jovens e
XX. No entanto, o primeiro disco de jazz surgiu
tornou-se um importante canal de expressdo
em 1917 - o Dixieland jazz one-step -,
de suas idéias. Entre os primeiros fdolos estao
fazendo do estilo “Nova Orleans’’ 0 sucesso
Elvis Presley (1935-1977), seguido de Bob
de entdo. E desse periodo a forma¢ao musical
Dylan (1941), Joan Baez (1941) e, nos anos
de Louis Armstrong (1900-1971), o maior
1960, as bandas inglesas Beatles (1962) e
jazzista de todos os tempos.
Rolling Stones (1964). O rock se juntava ao
comportamento questionador da juventude,
que dirigia suas contestag6es para a ordem e
instituigdes vigentes —o American way of life -,
negando valores tradicionais, a inddstria
cultural e os meios de comunicagao de
massa, enfim, impulsionando o movimento
Archive
Photos/Contexto da contracultura. Incertezas da Guerra Fria, a
bomba atémica, as propostas hippies e seus
ideais coletivizadores, o ‘Paz e Amor’, o
“Sexo, drogas e rock’n’roll’’, os grandes
festivais de musica — destacando-se Monterey
em 1967 e Woodstock em 1969 -, acabaram
desembocando na absorcdo pelo sistema do
movimento de contestagdo como parte da
industria do entretenimento.
518
A CULTURA EXPLOSIVA DO SECULO XX
8 (UFPI) A crise de 1929, iniciada nos Estados 4-a distribuigdo de seguros aos desemprega-
Unidos, deve ser entendida como: dos contribuiu para a diminuigao da tensdo
a) decorrente da dependéncia da economia social.
norte-americana em relagao 4 economia Estao corretas somente as afirmacGes:
mundial. a) 1le2
b) conseqiiéncia do mau planejamento dos b) 3e4
economistas adeptos do liberalismo. c)2e4
c) uma crise do sistema capitalista, que, pro- d) 1,2e3
duzindo para o lucro, sem que os consumi- e) 2,3e4
dores tivessem condi¢gdes de consumir,
provocou uma crise de superprodugao. 11 (Fuvest) O que foi o New Deal aplicado nos
d) uma crise advinda do fato de os produtos EUA durante a presidéncia de F. D. Roosevelt?
serem produzidos em pequena escala e do Indique dois de seus aspectos.
poder aquisitivo do consumidor ser muito
grande, em face do que as mercadorias 12 (FEI-SP) Fascismo e nazismo tém em sua origem
comeg¢gam a faltar no mercado. algumas causas comuns. Entre estas causas
e) um erro da tentativa de recuperagdo econ6- pode-se apontar:
mica idealizada por Roosevelt e seus asses-
a) 0 ideario da “raga pura’”’.
sores diretos.
b) conflitos entre burguesia e nobreza.
Cc) crises econdmico-sociais com as conse-
(Cesgranrio-RJ) Em mar¢o de 1921, Lénin afirma: quentes greves, tumultos e agitagdes que
“E necessario abandonar a constru¢4o imediata favoreceriam a tomada do poder pelas
do socialismo para se voltar, em muitos setores esquerdas.
econdmicos, na direcdo de um capitalismo de d) as conseqiiéncias do fracasso das ofensivas
Estado.” dos dois paises contra a Triplice Alianga,
Tendo em vista as etapas da Revolu¢ao Russa, po- durante a Primeira Guerra Mundial.
demos interpretar essa declaragao no sentido de: e) A luta pelo poder entre partidos fortes da
a) representar o abandono do comunismo de direita.
guerra e o inicio da Guerra Civil.
b) traduzir 0 insucesso dos planos qiiinqiienais 13 (Fuvest) Associe a situagdo interna da Italia a
e 0 retorno a uma economia capitalista. ascensao do fascismo ao poder em 1922.
c) indicar a impossibilidade do socialismo
num so pais, dai a volta ao capitalismo mo- 14 (Vunesp) A ideologia fascista é sobretudo
nopolista. sentimental, fato que podemos observar nos
d) introduzir a Nova Politica Econémica, ca- mitos dos quais se serviram certas sociedades
racterizada por algumas concessG6es ao hist6ricas:
capitalismo, a fim de possibilitar 0 avango a) do Japao, baseada no programa da ‘’Grande
do socialismo. Asia’, e da China, fundamentada na supe-
e) aceitar a introdug¢ao de métodos capitalistas rioridade da sua civilizagao.
na produgao e o retorno a iniciativa privada. b) de Portugal, baseada na lembrang¢a do papel
civilizador do europeu, e da Italia, que
10 (Cesgranrio-RJ) A adogado do New Deal nos EVA, perseguiu o mito da ‘’Grandeza Romana’,
apés a crise de 1929, permite-nos afirmar que: que seria preciso reencontrar.
1 —o sistema capitalista enfraqueceu-se, pela c) da Alemanha, alicergada na superioridade
impossibilidade de conviver com o plane- cultural do alemao, e da Espanha franquista,
jamento e o dirigismo estatal. que propugnou a uniao dos povos latinos.
2 — co intervencionismo do Estado na economia d) da Italia, com o mito do reencontro da
nado se confunde com o socialismo, nem grandeza do Império Romano, e da Alema-
conduz, necessariamente, ao autoritarismo. nha, com o mito histdrico da pureza racial.
3-alterou-se a relagdo entrea produgao agra- e) da Italia e da Alemanha, unidas emocional-
ria e a fabril, pela importancia maior con- mente em torno do ‘‘chefe’’, a personifica-
cedida 4 primeira. ¢40 viva da na¢ao.
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
b5. (Fuvest) ““Ontem, 7 de dezembro de 1942, uma e) simpatia da maioria dos norte-americanos
data que viverd marcada pela infamia, os EUA pela posigdo soviética se explicava pela
foram repentina e deliberadamente atacados ascenséo de um regime democratico e
pelas forgas navais e aéreas do Japao.” pluralista, plenamente vinculado as diretri-
(The New York Times) zes que nortearam a Revolugao de Outubro.
D235
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XX1)
(1) a eclosado dos conflitos armados de 1914-18 c) a Inglaterra e a Franca estabeleceram uma
e 1930-45 e a substituigéo do critério politica externa unica e a impuseram as
europeu de politica internacional para um demais na¢Ges européias, provocando gran-
critério mundial. des insatisfagGes.
(2)a implantagdo de regimes totalitarios na = o Tratado de Versalhes considerou a Alema-
Europa entre 1922 e 1939, associada as nha e as demais Poténcias Centrais como as
dificuldades das democracias liberais em dnicas culpadas pela Primeira Guerra Mun-
solucionar as crises do capitalismo. dial, o que gerou nos alemaes profundo
(3) 0 processo de unificagao da Italia e da espirito revanchista.
Alemanha, num quadro de crescimento e) a chamada Pequena Entente, formada pela
industrial e ideolégico nacionalista. Tchecoslovaquia, lugoslavia e Roménia,
(4) o processo de descolonizagao na Asia e na recusou-se a participar de um cinto de
Africa e a emergéncia de uma tendéncia seguran¢a para bloquear o expansionismo
terceiro-mundista defensora do principio de da Russia.
autodetermina¢ao nacional.
(5) a formagao de dois blocos ideologicamente
antagOnicos que passaram a disputar a 42 (UFAC) Leia os enunciados abaixo e a seguir
supremacia econdmica e militar mundial e assinale a alternativa correta.
em torno dos quais configura-se um foco I-As independéncias na América e a Revo-
permanente de tensdo. lugaéo Francesa fazem parte de um mesmo
(6) o surgimento de um movimento de defesa contexto revolucionario, cuja inspiragao
dos interesses americanos, justificando teo- era 0 liberalismo.
ricamente através da Doutrina Monroe. ll—-A Revolug¢ao Industrial marcou a vitdéria da
produgao capitalista, dando inicio a fase
do Capitalismo Liberal (1760-1870/80) ca-
40 (Escola Superior de Agricultura de Mossor6-RN) racterizada como a etapa de subordina¢gao
A Segunda Guerra Mundial (1939-45) termi- da economia aos principios do “laissez-
nou, efetivamente, com: faire’.
a) a rendi¢ao do Japao, depois da explosao de III-No quadro histérico geral do século XIX,
bombas at6micas em Hiroxima e Naga- na Europa, destacam-se transformag6es
saqui. profundas como a tomada de consciéncia,
b) a rendi¢gao incondicional e conjunta da por intelectuais de origem burguesa, da
Alemanha, da Italia e do Japao. miséria e injustiga geradas pelo capitalis-
c) a reunido de Sado Francisco, onde se esta- mo em expansao, com a entrada em cena
beleceram as bases para a ONU. da ‘‘questéo social’” e a producdo de
d) 0 acordo com a Italia e 0 Japao, rendicdo utopias reformistas e propostas revolucio-
incondicional da Alemanha. narias.
e) 0 acordo com a Italia e tomada de Berlim a) somente a afirmativa | é correta;
pelas tropas soviéticas. b) somente a afirmativa II é correta;
c) somente a afirmativa III é correta;
c) da perda da influéncia politica que tinha a sistema da a¢ao unilateral, das aliancas exclu-
Frentre Ampla, que reunia os partidos do sivas, das esferas de influéncia, do equilfbrio de
Centro. forcas, e de todos os outros expedientes que ha
d) da interferéncia de Hitler e Mussolini no séculos sao experimentados — e falham’’.
desenvolvimento da politica externa da a) Quais as “‘trés Nagées principais’’ a que se
Espanha. refere Roosevelt?
e) da eclosdo de greves operdrias de apoio ao b) Caracterize sucintamente as relagGes inter-
movimento separatista dos bascos. nacionais do pos-guerra que contrariaram as
previsdes otimistas de Roosevelt.
el (UCS-RS) A chamada Primavera de Pequim,
ocorrida em junho do ano de 1989, pode ser
entendida como:
4/7 (VUNESP) No processo de implantagao do so-
cialismo na URSS houve dois momentos distin-
a) revolta popular anticapitalista e antiimperia- tos, tomando-se o ano de 1928 como referén-
lista. cia. No primeiro, por iniciativa de Lénin, foram
b) movimento democratico de cunho antibu- toleradas algumas praticas capitalistas. No se-
rocratico.
gundo, a partir de 1928, tiveram inicio os pla-
c) revolta camponesa contra o Estado. nos quinqtienais e a era estalinista.
d) movimento de reforma semelhante a peres-
a) Qual a denominag¢do do programa leninista
troika.
que facultou a restauragdo de algumas pra-
e) movimento nacionalista de cunho anti-so-
ticas capitalistas?
viético.
b) Discorra sobre duas prioridades do primeiro
e) a iniciativa tcheca de romper com o regime a) aprimeira reforgou a concep¢ao de que nao
comunista e negar a influéncia da URSS, se podia deixar uma economia ao sabor do
optando pela alianga com o governo ame- mercado, e 0 segundo, a de que uma eco-
ricano e pela reorientagao da economia, no nomia nao funciona sem mercado.
sentido de sua estatiza¢ao. b) ambos levaram a descrenga sobre a capaci-
dade do Estado resolver os problemas colo-
49 (Unicamp) ‘Uma familia isolada mudava-se de cados pelo desemprego em massa.
suas terras. O pai pedira dinheiro emprestado Cc) assim como a primeira, também o segundo
ao banco e agora o banco queria as terras. A esta provocando uma polarizagao ideoldégi-
companhia das terras quer tratores em vez de ca que ameaga 0 estado de bem-estar social.
pequenas familias nas terras. Se esse trator d) ambos, provocando desemprego e frustra-
produzisse os compridos sulcos em nossa ¢ao, fizeram aparecer agitagdes fascistas e
propria terra, a gente gostaria do trator, gostaria terroristas contando com amplo respaldo
dele como gostava das terras quando ainda popular.
eram da gente. Mas esse trator faz duas coisas e) enquanto a primeira reforgou a convicc¢ao
diferentes: traga sulcos nas terras e expulsa-nos dos defensores do capitalismo, o segundo
delas. Nao ha quase diferenca entre esse trator fez desaparecer a convic¢4o dos defensores
e um tanque de guerra. Ambos expulsam os do socialismo.
homens que lhes barram o caminho, intimi-
dando-os, ferindo-os.”” ye) (Fuvest) “Mas, um socialismo, liberado do ele-
(STEINBECK, John. As vinhas da ira, 1972.) mento democratico e cosmopolita, cai como uma
a) De acordo com o texto, como pode ser luva para o nacionalismo.” Esta frase de Charles
caracterizada a situagao do camponés nor- Maurras, dirigente da Action Francaise, permite
te-americano apos a crise de 1929? aproximar 0 seu pensamento da ideologia:
b) Cite duas medidas adotadas pelo programa a) fascista. d) comunista.
de reformas de Roosevelt (New Deal) para b) liberal. e) democratica.
solucionar os problemas sociais criados pela c) socialista.
crise de 1929.
(16) Os pafses da Africa e da Asia nao passaram 5 va (Unaerp-Ribeirao Preto-SP) ““O controle é poder.
pelo processo de neocoloniza¢ao, pois A paciéncia uma virtude a ser conquistada.”
nao faziam parte da drbita do capitalismo Buscando desenvolver campanhas de desobe-
ocidental. diéncia civil e ndo-violéncia, este lider conse-
(32) Com a proclamaga4o das suas independén- guiu romper o controle britanico e ser o
cias, OS novos paises latino-americanos precursor do movimento de independéncia de
iniciaram um processo de desenvolvimento seu pais, sintetizando nestas palavras dirigidas
interno, para os quais 0 auxilio da politica a um inglés a sua doutrina: ‘Para fazer triunfar
externa norte-americana do governo Lin- a nossa causa, estamos prontos a derramar o
coln (Doutrina Monroe) foi fundamental. nosso sangue - Nao O vosso”’.
Referimo-nos a:
b) um dos momentos significativos dos conflitos africano, que provocou suas grandes desi-
na regido ocorre as vésperas da |Guerra Mun- gualdades sociais.
dial, com as chamadas Guerras Balcanicas;
c) a crise do Leste europeu favoreceu a frag- 59 (UM-SP) Recentes acontecimentos neste pais,
mentacdo da regido, levando a eclosdo das tais como a revolta dos zapatistas e o assassi-
rivalidades nacionais; nato de um candidato a presidente, provoca-
d) apés a Il Guerra Mundial, com a lideranga ram reflex6es sobre a maior revolugao de
de Tito, a lugoslavia manteve-se unida sob massas da histdria latino-americana, que teve
uma economia capitalista; entre seus lideres Pancho Villa, Emiliano Za-
e) um traco marcante do conflito é a diversi- pata e o liberal Francisco Madero.
dade religiosa que opGe, genericamente, Apoiado na legitimidade revolucionaria, o
cristéos-ortodoxos catdlicos e mugulmanos. Estado bloqueou o avango da democracia
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XX!)
politica, ndo solucionando também as desi- 62 (UE-Londrina-PR) Ao tipo de Estado criado por
gualdades sociais; um Unico partido controla o Mussolini, cuja organizagao estava fundamen-
poder ha décadas. tada no sistema de sindicatos patronais e de
O texto lembra qual revolu¢ao? trabalhadores, deu-se o nome de:
a) Revolugao Cubana a) democratico.
b) Revolugao Nicaragtiense b) republicano.
c) Revolugao Mexicana c) oligarquico.
d) Revolugao Peruana d) parlamentar.
e) Revolugao Dominicana e) corporativo.
60 (FGV-SP)
63 (PUC-SP) O Estado soviético, formado apdés a
Revolugao Russa, cuidou de expurgar da
|-Fulgéncio Batista, apesar de sair do Gover-
cultura desse pais toda e qualquer manifesta-
no em 1959, permanece em Cuba até a
¢ao artistica que estivesse, no entendimento
tentativa de invasdo norte-americana, atra-
das autoridades, associada ao chamado “‘espi-
vés da baia dos Porcos, em janeiro de 1966.
rito burgués’’. Foi criada, entéo, uma politica
II-O processo insurrecional que culminou cultural que decretava como arte oficial apenas
com a vitdria de Fidel Castro e seus compa- as expressdes que servissem de estimulo para a
nheiros, no final dos anos 50, tem inicio em ideologia do proletariado. Dessa forma, foi
julho de 1953, com a tentativa de assalto consagrado um estilo conhecido por:
ao quartel Moncada.
a) expressionismo soviético — que, através de
IIl-Em janeiro de 1962, a Conferéncia da uma orienta¢ao estética intimista, procurava
Organizagado dos Estados Americanos expor a “alma inquieta dos povos eslavos’’,
(OEA) decide o bloqueio econémico e po- que passaram a integrar a Unido das Rept-
litico a Cuba, por proposta dos Estados blicas Socialistas Soviéticas.
Unidos da América. 3 abstracionismo proletario — que, através da
IV—Cuba e Porto Rico, a exemplo da maioria decomposi¢ao geométrica do real, exprimia
dos paises latino-americanos, conseguiram a “ordenagao sincrénica da sociedade co-
suas independéncias no final do século munista’’.
passado através de lutas sangrentas coman- c) realismo socialista — que, através de com-
dadas por lideres oriundos das classes po- posi¢des didaticas, esteticamente simplifica-
pulares. das, procurava enaltecer a ‘“combatividade,
Acerca da historia politica cubana é correto a capacidade de trabalho e a consciéncia
apenas 0 afirmado em: social’’ do povo soviético.
a) le ll. d) romantismo comunista — que, através de um
b) le Ill. figurativismo apenas sugestivo, procurava
c) le lV. realizar a “‘idealizagdo do mujique”’, o cam-
d) le Ill. ponés russo tipico, como representante das
e) lle IV. rafzes culturais russas.
@ concretismo operario — que, através de uma
concep¢ao criadora aut6noma — nao resul-
61 (UE-Londrina-PR) Nos anos 80, a resisténcia tante de modelos -, utilizava elementos
sul-africana contra o apartheid ganhou cada visuais e tateis, com o objetivo de mostrar a
vez mais apoio internacional. O Governo de “‘prevaléncia do concreto sobre o abstrato”” —
Pret6ria comegou a receber diversas presses idéia basica no materialismo dialético.
para reformar o cédigo racista e libertar da
prisdo os lideres negros do CNA, como: 64 (Catanduva-SP) A respeito das transformacdes
a) Agostinho Neto. estruturais recentes, pelas quais passou o Leste
b) Sam Nujoma. europeu, assinale a alternativa correta.
c) Nelson Mandela. a) A Polénia foi o pais onde as transforma¢Ges
d) Bob Geldof. foram marcadas por uma grande instabili-
e) Desmond Tutu. dade e grandes convulsées politicas.
QUESTOES E TESTES
b) Foi no final dos anos 80, especialmente 67 (UF-Vigosa-MG) O inicio da década de 1990
pelos desdobramentos da politica de Gor- assistiu ao processo da desagregac¢éo do mun-
batchev, que as estruturas socialistas do do soviético e do “bloco socialista’’. So acon-
Leste europeu comegaram a tuir. tecimentos relacionados a esse processo, exceto:
c) Na tentativa de propiciar uma maior estabi- a) A ‘(Queda do Muro de Berlim’’.
lidade as ex-repdblicas soviéticas, em 1991, b) A “Primavera de Praga’.
foi criada uma organizac¢ao econdmica de c) Os conflitos de nacionalidades na antiga
ajuda comum, o Comecon. lugoslavia.
d) O primeiro efeito econdmico da politica d) O desmembramento da antiga Tchecoslo-
reformista de Lech Walessa foi um grande vaquia.
desenvolvimento industrial acompanhado e) A autonomizagao das republicas e a questao
de expressiva queda da inflacdo. das nacionalidades na antiga URSS.
oO A Bulgaria foi o primeiro pais da ex-Uniao
Soviética a fazer mudang¢as no sentido de
uma autonomia, e que se traduziu no
grande aumento de sua producao industrial,
68 (UF-Uberlandia-MG) Com relacao a histéria de
Cuba, no século XX, assinale a alternativa
em 1990.
verdadeira.
b) Como Reagan representava a ala mais oposi¢do ao governo ditatorial de Porfirio Dias,
conservadora do Partido Republicano, no institucionalizando-se no governo Lazaro Car-
inicio de seu mandato a guerra fria foi denas (1939-1934), com a criagao do Partido
retomada, reiniciando-se a politica de con- Revoluciondrio Mexicano (PRM), hoje chama-
fronto com a Unido Soviética. do de Partido Revolucionario Institucional
c) As relagdes conflituosas entre EUA e Libia (PRI). Sobre a Revolugao Mexicana, todas as
antecederam o governo Reagan, porém, afirmativas abaixo sao corretas, exceto:
com sua posse, as provocagées se multipli- a) Constituiu-se num processo do qual partici-
caram, de ambas as partes. param segmentos sociais que reivindicavam
d) Os recursos militares americanos foram a reforma agraria e a democracia politica de
ampliados com o objetivo de efetivar a cunho burgués.
Iniciativa de Defesa Estratégica (conhecida b) Foi apoiada pelo movimento camponés,
como projeto Guerra nas Estrelas). que reivindicava o direito a posse da terra.
e) O escandalo Ira-’‘contras” ndo s6 abalou o @ Contrap6s-se ao governo ditatorial de Porfi-
prestigio de Reagan como redundou na cas- rio Dias, apoiada pelos latifundiarios, co-
sa¢gao de seus direitos politicos, por doze merciantes, banqueiros mexicanos e inves-
anos, pelo Congresso norte-americano. tidores estrangeiros.
a Apresentou carater anticapitalista, acarre-
70 (UERJ) Esomos Severinos tando a socializa¢gdo da terra e da inddstria.
iguais em tudo na vida e) Acarretou a nacionalizagdo das companhias
morremos de morte igual de petrdleo e estradas de ferro, bem como a
mesma morte Severina: formagdo de sindicatos operarios e campo-
que é a morte de que se morre neses.
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia.
F2 (Fatec-SP) “Os sofrimentos dos combatentes e
da retaguarda levaram-nos a associar esponta-
(Joao Cabral de Melo Neto.
neamente o regime capitalista e a guerra, a
Morte e vida severina.)
considerar que esta guerra nado era a ‘sua
O canto das populagdes mais pobres, notada- guerra’; o prestigio das classes dirigentes, que
mente no campo, explica, em parte, o€xodo rural nao souberam evitar o conflito, nem abrevia-lo
e€aconcentra¢éo urbana de meados do século XX ou poupar as vidas humanas, debilitou-se tanto
na América Latina. Este processo desenvolveu mais quanto o enriquecimento rapido e espe-
mudangas em varios niveis, dando origemao que tacular de toda uma parte dessas classes con-
se convencionou denominar de populismo. A trastava com 0 luto e a afligao das massas. Por
alternativa que caracteriza o populismo é: um momento submergidos, no inicio das hosti-
a) expressou a participag¢do aut6noma das lidades, pela vaga nacionalista, os conflitos de
classes trabalhadoras, tanto rurais quanto Classe reaparecem, mais vigorosos e exacerba-
urbanas dos por quatro anos de miséria. As classes diri-
b) rompeu com a histérica tradi¢ao da interven- gentes tém consciéncia do fato, e o medo do
¢ao militar nos governos latino-americanos contagio revolucionario cria em seu meio um
yy recebeu forte apoio norte-americano, inte- intenso terror que se manifesta na vontade de
ressado na abertura que se realizou ao ca- destruir este novo Estado, onde, pela primeira
pital estrangeiro vez, 0 socialismo transporta-se do terreno da
d) contou com a lideran¢a dos setores agroex- teoria para o das realidades. A unido do mundo
portadores, como forma de se recuperar das branco esta rompida; doravante nao havera
conseqiiéncias da crise de 1929 mais neutros; conscientemente ou nao, é em
e) deu forma a um Estado administrador do con- relacdo a Revolugao Russa — objeto de receios
flito social, absorvendo e cooptando o tra- e repulsa para uns, de esperan¢a para outros —
balhador dentro de um projeto nacionalista que se classificarao governos, partidos e sim-
ples particulares.’”
71 (UF-Vigosa-MG) A Revolugao Mexicana ini- (CROUZET, M. Historia Geral das Civilizagées
ciou-se em 1910, com os movimentos de 15 — A Epoca Contempordanea)
532
QUESTOES E TESTES
A partir da descri¢ao do autor, é correto afirmar /4 (UM-SP) Ha vinte anos, terminava a Guerra do
que: Vietna, um dos mais importantes conflitos
a) 0 socialismo seria a Gnica solucao para evi- desde a Segunda Guerra Mundial.
tar uma luta de classes. Leia atentamente as alternativas abaixo.
b) o medo do socialismo levaria o empresaria- 1—O uso de tecnologia sofisticada para alterar
do a apoiar a¢des contrdrias, e isso provo- o ambiente natural, o desrespeito a vida de
cou, mais tarde, o estabelecimento do fas- civis, 0 auxflio a um governo corrupto
cismo e do nazismo. colaboraram para o desgaste e derrota
Cc) a passagem das idéias do socialismo a moral norte-americana.
pratica levou toda a Europa a se conscienti- ll—Cerca de 58 mil mortos e 300 mil feridos, o
zar do perigo comum. drama de veteranos que nao conseguiam
d) a unido do mundo branco rompeu-se, e, superar Os traumas de guerra foi o saldo
apds a Revolugdo Russa provocou reflexos deixado pela luta aos EUA.
imediatos na libertagdo dos povos coloniais. III-A opiniao publica internacional e interna,
e) a Europa saiu da guerra mais nivelada ativistas, intelectuais, pacifistas e liberais
politicamente, pois a guerra acabou com questionavam nao apenas a guerra, mas o
as grandes fortunas, dando chances para “american way of life’.
uma estabilizagdo socioecondmica. IV-Em 1976, o Vietna foi unificado sob o
dominio comunista, dando inicio a recons-
trugaéo do pais, passando Saigon a se
denominar Ho-Chi-Minh.
/3 (Enem) Em 1999, o Programa das Nacées Responda:
Unidas para o Desenvolvimento elaborou o a) se todas as alternativas forem corretas.
“Relatério do Desenvolvimento Humano”, do b) se todas as alternativas forem erradas.
qual foi extrafdo o trecho a seguir. c) se apenas |,Il e Ill forem corretas.
“Nos Ultimos anos da década de 90, 0 quinto d) se apenas IV for correta.
da populagao mundial que vive nos paises de e) se apenas | e III forem corretas.
renda mais elevada tinha:
86% do PIB mundial, enquanto o quinto de 73 (GV-SP) Relacione os presidentes dos Estados
menor renda, apenas 1%. Unidos com os fatos ocorridos durante seus
82% das exportagdes mundiais, enquanto o respectivos governos:
quinto de menor renda, apenas 1%. 1) Richard Nixon
74% das linhas telefonicas mundiais, enquanto 2) John Kennedy
0 quinto de menor renda, apenas 1,5%. 3) Franklin Roosevelt
93,3% das conexGes com a Internet, enquanto 4) Geoge Bush
0 quinto de menor renda, apenas 0,2%. 5) Harry Truman
A distancia da renda do quinto da popula¢gdo 1) Invaséo da Baia dos Porcos (Cuba)
mundial que vive nos paises mais pobres — que Il) Bomba Atémica contra 0 Japao
era de 30 para 1, em 1960 — passou de 60 para Ill) Caso ‘““Watergate’”’
1, em 1990, e chegou a 74 para 1, em 1997.” IV) “New Deal’
De acordo com esse trecho do relatério, o V) Guerra do Golfo
cenario do desenvolvimento humano mundial, O relacionamento correto é:
nas Uultimas décadas, foi caracterizado pela: a) 1-Ill; 2-V; 3-1; 4-Il; 5-IV
a) diminuigdo da disparidade entre as na¢Ges. b) 1-Ill; 2-1; 3-IV; 4-V; 5-II
b) diminuigéo da marginalizagéo de paises c) 1-Ill; 2-1; 3-V; 4-Il; 5-IV
pobres. d) 1-Ill; 2-1; 3-Il; 4-V; 5-IV
c) inclusdo progressiva de paises no sistema e) 1-V; 2-IV; 3-1; 4-H; 5-H
produtivo.
d) crescente concentra¢ao de renda, recursos e 76 (PUC-SP) Didspora € 0 termo que designa a
riquezas. dispersao dos hebreus por varias regides do
e) distribuigao eqijitativa dos resultados das mundo, apds serem expulsos de seu territério
inovagGes tecnoldgicas. no século Il. Somente depois de 1948, com a
IDADE CONTEMPORANEA (SECULO XX E INICIO DO XXI)
criagdo do Estado de Israel, esse povo pdde d) na teoria de que a guerra pode ser justa
voltar a se reunir num mesmo pais. Entretanto, quando o fim é justo.
essa reconquista vem sendo, ha quase meio e) na necessidade de por fim a guerra entre os
século, motivo de contendas entre os israelen- dois paises citados.
ses € O povo ocupante daquela regido. O ano
de 1995, talvez, seja o marco do apazigua-
mento desses conflitos, uma vez que acordos 78 (UFG)
tém sido realizados por seus lideres, sob a O langamento da bomba atémica sobre Hiro-
chancela da diplomacia internacional — 0 que, xima e Nagasaqui, em 6 de agosto de 1945,
infelizmente, nado impediu o assassinato do provocou a rendi¢ao incondicional do Japao,
primeiro ministro de Israel. na Segunda Guerra. Nesse momento, o mundo
ocidental vivia a dualidade ideoldgica, capita-
O povo que provocou a dispersao dos hebreus
lismo e socialismo. Nesse contexto, o langa-
no século Il e 0 povo que manteve o confronto
mento da bomba esta relacionado com:
com 0s israelenses desde 1948 sdo, respectiva-
a) o descompasso entre o desenvolvimento da
mente,
ciéncia, financiado pelos Estados beligeran-
a ) os egipcios e os iranianos.
tes, e os interesses da populagao civil.
b ) Os romanos e os palestinos.
b) a busca de hegemonia dos Estados Unidos,
) os palestinos e os egipcios.
que demonstraram seu poder bélico para
a0Os ) romanos € Os iranianos.
conter, no futuro, a Unido Soviética.
oO ) os egipcios e os palestinos.
c) a persisténcia da luta contra o nazi-fascis-
mo, pelos paises aliados, objetivando a
expansao da democracia.
RE (Enem) d) a difuséo de politicas de cunho racista
|. Para o filésofo inglés Thomas Hobbes associadas a pesquisas que comprovassem
(1588-1679), o estado de natureza é€ um a superioridade da civilizagdo européia.
estado de guerra universal e perpétua. e) a convergéncia de posigdes entre norte-
Contraposto ao estado de natureza, enten- americanos e soviéticos, escolhendo o Ja-
dido como estado de guerra, o estado de pao como inimigo a ser derrotado.
paz € a sociedade civilizada.
Dentre outras tendéncias que dialogam com as
idéias de Hobbes, destaca-se a definida pelo 79 (Fatec-SP)
texto a seguir. O "Anschluss", ou seja, a anexacao da Austria
aos dominios alemaes em 1938, ocorreu por
Il. Nem todas as guerras sao injustas e corre-
meio:
lativas, nem toda paz é justa, razao pela
a) de uma ofensiva militar denominada blitzk-
qual a guerra nem sempre é um desvalor, e
a paz nem sempre um valor. rieg, que arrasou as for¢as armadas austria-
cas.
BOBBIO, N. Matteucci, e PASQUINO, G.
b) do pacto Ribentrop-Molotov, que dividiu a
Dicionario de Politica, 5. ed. Brasilia,
bacia do Dantbio entre a Alemanha e a
Universidade de Brasilia/ So Paulo,
Uniao Soviética.
Imprensa Oficial do Estado, 2000.
c) da troca da regido pelos Sudetos da Tche-
Tropas da Alianca do Tratado do Atlantico coslovaquia, numa negocia¢do com a Italia
Norte (Otan) invadiram o Iraque em 1991 e de Mussolini.
atacaram a Sérvia em 1999. d) de uma série de pressdes diplomaticas,
Para responder aos criticos dessas agGes, a Otan envio de tropas e de um plebiscito realizado
usaria, possivelmente, argumentos baseados: entre a populacdo austriaca mas controlado
a) na teoria da guerra perpétua de Hobbes. pelas autoridades nazistas.
b) tanto na teoria de Hobbes como na tendén- e) da compra da regido junto ao império
cia expressa no texto Il. austro-hingaro e do compromisso da incor-
c) no fato de que as regides atacadas nao pora¢ao do oficialato austriaco ao exército
possuiam sociedades civilizadas. alemao.
QUESTOES E TESTES
89 (Fuvest) "... a morte da URSS foi a maior 91 (UF-MG) Considerando-se a fragmentagao ter-
92 (Unesp 2006) "... a ampliacao do comércio foi que provocou a queda na produgao de arma-
acompanhada de um retardamento drastico do mentos.
progresso econdmico real. Entre 1960 e 1980,
a renda per capita média mundial subiu ainda 93 (UERJ-RJ) “A General Motors classifica 0 com-
em 83%. Nas duas décadas seguintes, a taxa de plexo industrial de Gravataf (RS) como o mais
aumento desceu exatamente para 33%. Esse moderno e eficiente do grupo em todo o
freio no crescimento atingiu os paises em mundo. Com todas as inovagées tecnoldgicas,
desenvolvimento de modo particularmente du- a produtividade da nova fabrica deve ser uma
ro. Na América Latina, onde a renda per capita das mais altas. Até os lideres sindicais ameri-
cresceu 75% de 1960 a 1980, os vinte anos canos foram conferir de perto se o novo
seguintes trouxeram nada mais que 6%". conceito de produ¢gao pode provocar desem-
prego. De fato, o ndmero de postos de trabalho
(Christiane Grefe. "Attac: o que querem
é reduzido na fabrica, mas cresce na cadeia de
os criticos da globalizagao", 2005.)
fornecedores.””
O texto apresenta um quadro da situacao (Adaptado de Exame, 14/06/2000.)
econdmica mundial contemporanea. Entre os
Nas Udltimas décadas do século XX, ocorreram
fatores capazes de explicar os dados referentes
mudang¢as na estrutura produtiva, inclusive no
aos Ultimos vinte anos, destacam-se:
setor secundario. Tais transforma¢ées, conside-
a) o afluxo e a stbita retirada do capital
radas por muitos autores como a Terceira
financeiro, que determinam o ritmo do Revolugao Industrial, produziram impactos na
crescimento econdmico de paises em de- dinamica do mercado de trabalho e, conse-
senvolvimento. quentemente, do movimento sindical.
b) a retragdo das trocas econémicas e a falta de A correta associa¢gado entre as transformac6es
dinheiro liquido e de capital nos mercados na estrutura produtiva e na organizagao sindi-
dos paises capitalistas centrais. cal, no periodo referido, esta descrita em:
c) anacionalizagao de empresas estrangeiras e a) automac¢do — redugao no numero de sindi-
a ampliagao da legislagao trabalhista nos catos patronais.
paises em desenvolvimento. b) flexibilizagéo — desaparecimento dos inte-
d) a emergéncia de regimes anticapitalistas na resses por Categoria.
América Latina e a suspensdo do pagamento c) terceirizagdo — enfraquecimento da articu-
de suas dividas para com os credores. lagao entre os trabalhadores.
e) a intervencao estatal na esfera econémica e d) desindustrializagao — precariedade de legi-
a redu¢ao internacional dos conflitos, o timac¢ao das centrais sindicais.
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Unidade I
A Antiguidade Oriental
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