Relação Da ABA
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perspectivas na contemporaneidade
Renato Athias
Gosto deste trecho acima de Franz Boas – faz um século que foi pu-
blicado – pois nos oferece elementos para discutir objetos museológicos
em dois campos disciplinares: no da antropologia e no da museologia. Sa-
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bemos que um dos pais fundadores da antropologia nos EUA, Franz Boas
(1858-1942), iniciou sua vida profissional no Real Museu de Etnografia
de Berlim, logo em seguida migrou para os EUA e, ali, durante sessenta
anos foi responsável pela institucionalização da Antropologia no país.
Lévi-Strauss, em 1958, repete exatamente estas mesmas ideias de Boas
quando ele coloca em evidência um dos papéis dos Museus Etnográficos.
Para ele, esses museus são espaços singulares para a pesquisa, e os descreve
como um prolongamento do trabalho de campo, enfatizando serem lugar
de treinamento e de sensibilização de futuros etnólogos.
Boas e depois Lévi-Strauss configuram esses espaços como um la-
boratório voltado não somente para a coleta de material, mas sobretudo
para o estudo sistemático das sociedades. Podemos perceber as coleções
etnográficas na mesma perspectiva colocada por Belk (2003) e Pearce
(2003), que assinalavam sobre as possibilidades de interpretações. Um
estudo sistemático de uma coleção pode dar oportunidade de relacionar
os objetos com suas histórias individuais. Neste texto procuro desen-
volver um debate no sentido de que elementos da história de um povo
que produz um determinado objeto serão também parte dos estudos e
das pesquisas. Em outras palavras, não podemos dissociar os objetos e
as coisas produzidas por um povo da história e do contexto social nos
quais esse objeto teve sentido primeiro. “Esses objetos fazem parte de
nossa história”, nos disse o Tikuna Nino Fernandes no I Encontro de
Museus Indígenas em Pernambuco, Recife, em novembro de 2013.
No início do século XX, Franz Boas levanta importantes questões
para esses dois campos de saberes, a antropologia e a museologia, ques-
tões estas voltadas principalmente para as práticas em museus quanto
ao uso da classificação de objetos etnográficos desde 1887. Pois me
parece que esse debate ainda é bastante atual entre nós, antropólogos e
museólogos, nos dias de hoje.
Em texto publicado anteriormente (Athias, 2016a), eu abordei uma
questão relacionada ao espaço físico dos museus etnográficos para aco-
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Documentação
Talvez uma das primeiras situações com que o pesquisador em
coleções etnográficas se depara é a questão da documentação e das
classificações dos objetos de tais coleções. Esta é uma preocupação que
vem desde o final do século XIX, levantada por Boas, mas também era
a de um grande número de viajantes, naturalistas e investigadores que
desenvolveram um modelo próprio de documentação e de organização
de áreas temáticas para falar dos artefatos indígenas, como está muito
bem assinalado no livro organizado por Jean-Perre Chaumeil, Leoncio
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Curadorias compartilhadas
Nesses últimos anos as atividades de curadorias compartilhadas – como
está sendo denominado o trabalho colaborativo entre índios, antropólo-
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Abordagens e perspectivas
Este texto está apoiado na concepção de que o museu etnográfico
faz parte de um ato de comunicação e de construção social, cujo acervo
é composto por bens materiais e imateriais que expressam e traduzem o
modo de vida socialmente apreendido por determinados grupos humanos,
abarcando seus valores, motivações, pensamentos e comportamentos
(Chagas, 2003). Portanto, parte do pressuposto de que o conceito de
patrimônio vem sendo sistematicamente ampliado em sua dimensão
semântica e também, com ele, os princípios de seleção de objetos que
são passíveis de serem “patrimonializados” e “musealizados”.
A divulgação desses acervos através de atividades colaborativas com
os povos indígenas possibilitará apreender e valorizar os diferentes tipos
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Referências
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de uma nova ordem discursiva. In: LIMA FILHO, Manuel Ferreira;
BELTRÃO, Jane Felipe; ECKERT, Cornélia (orgs). Antropologia e
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ATHIAS, R.; LIMA FILHO, M. Dos museus etnográficos às etnografias
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SCHWADE, E. Diálogos Antropológicos Contemporâneos. Rio de Janeiro:
ABA Publicações, 2016a.
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