Getulio Vargas e Seu Tempo, Resumo Do Governo
Getulio Vargas e Seu Tempo, Resumo Do Governo
Getulio Vargas e Seu Tempo, Resumo Do Governo
Getúlio Vargas
Fabio Sá Earp
George Kornis
G
etúlio Dornelles Vargas nasceu em
1882, mas modificou seu registro ofi-
cial para 1883, o mesmo ano em que
morreu Karl Marx e nasceu John
Maynard Keynes. Simbolicamente, um
personagem da passagem de um capitalismo libe-
ral selvagem para um regime em que capital e tra-
balho conviviam sob a égide de um Estado que
administrava seus conflitos. Getúlio vinha da fron- 29
teira gaúcha e descendia de duas famílias que eram
adversárias tradicionais nas guerras civis gaúchas; na infância, assistiu o O Plano Qüinqüenal
de 1940 previa a
enfrentamento dos Vargas, fiéis aos republicanos de Julio de Castilhos, contra instalação da
os tios Dornelles, engajados com os maragatos de Gaspar Silveira Martins. Go- Companhia
vernador do Rio Grande de 1928 a 1930, uniu as duas correntes, colocando Siderúrgica
lado a lado velhos inimigos como Borges de Medeiros e Assis Brasil, assim como Nacional que foi
instalada em Volta
jovens exaltados que se tinham enfrentado nas cavalhadas de 1923, do calibre Redonda, RJ, no ano
de Osvaldo Aranha, Flores da Cunha e Batista Luzardo. A todos utilizou para seguinte. Ag. Nac.
dominar o governo federal em 1930, e alguns passaram a combatê-lo já em
1932. Suas políticas econômicas foram caudatárias desta habilidade em adiar
conflitos e conciliar opostos em seu proveito, o que por vezes atraía a oposição
dos que o haviam ajudado a implantá-la.
1
Existem dúvidas sobre a extensão da “Era Vargas”. Para não polemizar , preferimos nos
referir a este período como “Anos de Getúlio”, até porque todos no Brasil, do político ao
descamisado, o chamavam pelo prenome - a denominação “Vargas” é um anglicismo
introduzido pelos brasilianistas.
antecedeu e sucedeu. O resultado é surpreenden-
te. Entre 1905 e 1929 tivemos o apogeu da eco-
nomia cafeeira, enquanto entre 1955 e 1979 tive-
mos a industrialização pesada. Portanto, os anos
de Getúlio constituem a transição entre o mais
bem sucedido projeto de controle do mercado
mundial de uma commoditie por parte de uma eco-
nomia primário-exportadora antes da OPEP e o
mais bem sucedido programa de industrialização
implantado na América Latina.
Desenvolvimento
tações e em estreita associação com o oligopólio de torrefadores e atacadistas
que controlava o mercado mundial de café. Por mais firmes que fossem as
convicções liberais de seus ministros, o pragmatismo acabava prevalecendo e
se acumularam medidas que levaram o Estado a controlar o sistema financei-
ro, os transportes e as exportações. No entanto, o liberalismo implicava em
uma postura firmemente antiinflacionista, o que levou à freqüente adoção de
políticas deflacionárias, de forma que o nível de
preços cresceu apenas três vezes; nos períodos pos-
teriores haveria mais tolerância à inflação, vista 31
como um preço a pagar pelo crescimento. Um dos
últimos ministros da Fazenda deste período foi o
próprio Getúlio, que participou da montagem da
política de defesa permanente do café pelo governo
do estado de São Paulo, nos anos de 1926 e 1927.
2
Ianni (1977:22).
É impressionante a relação de iniciativas produzidas, incluindo órgãos,
estatutos legais e fóruns de debate, mesmo em uma listagem não exaustiva.
No primeiro governo temos: Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio,
Conselho Nacional do Café, Instituto do Cacau, Ministério da Educação e
Saúde Pública, Departamento Nacional do Café, Instituto do Açúcar e do
Álcool, Conselho Federal do Comércio Exterior, Instituto Nacional de Esta-
tística, Código de Minas, Código de Águas, Plano Geral de Viação Nacional,
Instituto de Biologia Animal, Conselho Brasileiro de Geografia, Departamen-
to Administrativo do Serviço Público, Instituto Nacional do Mate, Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, Plano de Obras Públicas e Aparelhamen-
to da Defesa, Comissão de Defesa da Economia Nacional, Instituto Nacional
do Sal, Fábrica Nacional de Motores, Companhia Siderúrgica Nacional, Com-
panhia Vale do Rio Doce, Instituto Nacional do Pinho, Missão Cooke, Servi-
ço Nacional de Aprendizagem Industrial, Coordenação da Mobilização Eco-
Desenvolvimento
Desenvolvimento
Presidente a
trial cresceu de 11 a 17% anualmente entre 1933 e 1937, mas este foi um primeira barra de
efeito colateral da política econômica, não seu objetivo principal. A priorida- alumínio fundida no
de para projetos industriais só teve sua origem no estrangulamento do merca- Brasil. Ag. Nac.
do internacional originado da Segunda Guerra Mundial, que restringiu nossas
exportações de alimentos e tornou excepcionalmente escassos combustíveis e
bens de capital importados. A consciência da fraqueza da economia brasileira
diante da redução do comércio internacional trouxe a preocupação com o
aumento expressivo da oferta interna de manufaturados. Ao mesmo tempo,
nossa precária indústria de bens de consumo mostrou-se capaz de exportar 33
para diversos países latino-americanos, suprindo a ausência de fornecedores
tradicionais enquanto durou a guerra.
Desenvolvimento
dos tenentes em destino de toda a nação.
Bibliografia
FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. 16ª ed. São Paulo: Com-
panhia Editora Nacional, 1979.
LEVINE, Robert M. Pai dos pobres? O Brasil e a era Vargas. São Paulo:
Companhia das Letras, 2001.
Fabio Sá Earp
N
o Brasil, a transição de uma sociedade organizada em torno de um
modelo agro-exportador centrado na monocultura do café para um
modelo urbano-industrial demandou um conjunto de iniciativas
orientadas para promover mudanças na estrutura e na dinâmica da
economia. Mas uma transição desta complexidade exigiu, também,
um outro conjunto complementar de iniciativas, voltadas para promover trans-
formações sociais em um país de acelerado crescimento populacional e intensa 37
migração do campo para a cidade.
Bibliografia
CATÁLOGO da exposição Anísio Teixeira: a construção da educação brasilei-
ra. Curadoria de Mônica Almeida Kornis (CPDOC/FGV). Universidade de
Brasília, julho de 2000.
LEVINE, Robert M. Pai dos pobres? O Brasil e a era Vargas. São Paulo:
Companhia das Letras, 2001.