ESQUIZOFRENIA

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 45

ESQUIZOFRENIA

PROFA. DRA. ADRIANA MACEDO


SISTEMAS CLASSIFICATÓRIOS

Os sistemas classificatórios atuais dos transtornos mentais não nos levaram a um grande
avanço quanto à validade das categorias nosológicas (parte da medicina que se dedica ao
estudo e classificação das doenças), porém trouxeram algumas vantagens no que se refere à
fidedignidade do diagnóstico e ao desenvolvimento de uma linguagem comum.
Por exemplo, quando se diz que determinado paciente sofre de esquizofrenia de acordo
com os critérios da CID-10,1 isso é compreendido pelos psiquiatras do mundo inteiro,
mesmo que se discorde desses critérios ou que se conteste a própria existência desse
transtorno mental.
Por outro lado, na CID-101 – assim como no DSM-V,
embora sejam listados os critérios diagnósticos para
cada categoria nosológica, não há uma preocupação
em se definir precisamente os sinais e sintomas nem em
se explicar como eles devem ser reconhecidos na
SISTEMAS prática.

CLASSIFICATÓRIOS Em se tratando das alterações psicopatológicas, a


utilização de uma linguagem comum constitui uma
pré-condição para que se alcance um nível satisfatório
de fidedignidade do diagnóstico psiquiátrico. A
definição de delírio no Brasil, por exemplo, não deveria
ser diferente da adotada no Japão.
F20.0 Esquizofrenia paranoide

F20.1 Esquizofrenia hebefrênica

F20.2 Esquizofrenia catatônica

F20.3 Esquizofrenia indiferenciada

A CID 10 F20.4 Depressão pós-esquizofrênica

F20.5 Esquizofrenia residual

F20.6 Esquizofrenia simples

F20.8 Outras esquizofrenias

F20.9 Esquizofrenia não especificada


A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica que se
caracteriza pela perda do contato com a realidade. A
ESQUIZOFRENIA pessoa pode ficar fechada em si mesma, com o olhar
perdido, indiferente a tudo o que se passa ao redor ou, os
exemplos mais clássicos, ter alucinações e delírios.
CRITÉRIOS PARA O DIAGNÓSTICO DA ESQUIZOFRENIA E SUA EVOLUÇÃO

Os critérios para o diagnóstico da esquizofrenia modificaram-se intensamente


desde a primeira tentativa de descrição desta patologia até a atualidade.
A esquizofrenia é considerada por Dalgalarrondo (2000) a principal forma de
psicose devido à sua frequência e importância clínica. Ou seja, há o grupo das
esquizofrenias (Bleuler, 1908) do qual faz parte a esquizofrenia.
E, desde o DSM-V, as diversas formas de manifestação são reunidas sob o título
de espectro das esquizofrenias, sendo uma delas a esquizofrenia.
CRITÉRIOS PARA O DIAGNÓSTICO DA ESQUIZOFRENIA E SUA
EVOLUÇÃO

Vejamos, então, algumas das principais mudanças nos critérios diagnósticos da


esquizofrenia.
A concepção de esquizofrenia herdou um conceito proposto por Kraepelin no ano de
1893: demência precoce. Duas grandes síndromes caracterizariam a demência precoce:
"O enfraquecimento das atividades emocionais que formam as molas propulsoras da
volição" e "A perda da unidade interna das atividades do intelecto, emoção e volição"
(Elkis, H., 2000, 23).
CRITÉRIOS PARA O DIAGNÓSTICO DA ESQUIZOFRENIA E SUA
EVOLUÇÃO

Em 1908, Bleuler propõe o conceito de esquizofrenia. Bleuler não apresentou um conceito oposto ao da
demência precoce; porém, ressaltou alguns sintomas que seriam fundamentais para o diagnóstico. Esses
sintomas seriam: "(...) distúrbio das associações do pensamento, autismo, ambivalência, embotamento
afetivo, distúrbios da atenção e avolição" (Elkis, H., 2000, 24).
Em sua descrição, Bleuler priorizava o processo
psicológico de desdobramento ou cisão ("Spaltung", em
alemão), motivo para a criação de um novo nome
para a demência precoce: esquizofrenia.
CRITÉRIOS PARA O Em 1948, Kurt Schneider propôs os "Sintomas de primeira
DIAGNÓSTICO DA ordem" (SPO) que são bastante significativos para o
ESQUIZOFRENIA E SUA diagnóstico da esquizofrenia. Os SPO são: a percepção
delirante; as alucinações auditivas características; o
EVOLUÇÃO eco do pensamento ou sonorização do pensamento; a
difusão do pensamento e roubo do pensamento e as
vivências de influência, que podem ser corporais,
afetivas ou volitivas.
CRITÉRIOS PARA O DIAGNÓSTICO DA ESQUIZOFRENIA E SUA
EVOLUÇÃO

O DSM-II, em 1968, apresentou um conceito amplo de esquizofrenia, que se tornou mais específico nos anos
posteriores. Nas últimas décadas, tem-se diferenciado a esquizofrenia em subtipos negativos e positivos, o que
foi proposto em 1974. Os sintomas negativos referem-se à perda de funções psíquicas relativas à vontade, ao
pensamento e à linguagem; e os sintomas positivos referem-se a manifestações novas que são produzidas pelo
processo esquizofrênico, dentre essas manifestações novas estão as alucinações.

As duas definições de esquizofrenia mais aceitas são as organizadas pela Organização Mundial da Saúde (a
CID-10) e pela American Psychiatric Association. Tais definições seguem, de forma sintética, abaixo:
CID-10: “Os transtornos esquizofrênicos são
caracterizados, em geral, por distorções fundamentais
e características do pensamento e da percepção e
por afeto inadequado ou embotado” (CID-10, 1993,
85).

CRITÉRIOS PARA O DSM-IV-TR: “Os sintomas característicos da Esquizofrenia


envolvem uma série de disfunções cognitivas e
DIAGNÓSTICO DA emocionais que acometem a percepção, o raciocínio
ESQUIZOFRENIA E SUA lógico, a linguagem e a comunicação, o controle
comportamental, o afeto, a fluência e produtividade
EVOLUÇÃO do pensamento e do discurso, a capacidade
hedônica, a volição, o impulso e a atenção”
(DSM-IV-TR, 2003, 304).
Os critérios primários e secundários para o diagnóstico da
esquizofrenia não estão definitivamente estabelecidos;
CRITÉRIOS PARA O eles continuam sendo avaliados e revistos. Quem sabe
como será no futuro?
DIAGNÓSTICO DA
Hacking já afirmava o fato de “(...) algumas
ESQUIZOFRENIA E SUA classificações (como as dos transtornos mentais) serem
EVOLUÇÃO intermináveis, posto que tentam capturar alvos que se
movem e se transformam ao longo do tempo” (Hacking
apud Banzato, 2004, p. 104).
OS PSICOPATÓLOGOS DO FINAL DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX
DISTINGUIRAM QUATRO SUBTIPOS DE ESQUIZOFRENIA.
Paranoide: caracterizada por alucinações e ideias delirantes, principalmente conteúdo
persecutório.
Catatônica: marcada por alterações motoras, hipertonia (dificuldade para se movimentar),
flexibilidade cerácea* e alterações da vontade, como negativismo, mutismo e impulsividade.
Hebefrênica: caracterizada por pensamento desorganizado, comportamento bizarro e afeto pueril
(infantil).
Simples: marcada por um lento e progressivo empobrecimento psíquico e comportamental, como
negligência quanto aos cuidados de si (higiene, roupas, saúde), embotamento afetivo e
distanciamento social.

*Flexibilidade cerácea: O indivíduo ,ou uma parte de seu corpo(braço, perna, cabeça), é
colocada em uma posição, mesmo muito desconfortáveis, permanecendo nessa posição
como se fosse um homem de cera.
Os sintomas são variados e o termo "indiferenciado" se refere
ao fato de que é possível diagnosticar a esquizofrenia, mas não
F20.3 ESQUIZOFRENIA o tipo dela: comportamento desorganizado, comprometimento
INDIFERENCIADA do repertório comportamental interpessoal e do desempenho
ocupacional, progressivos; ideias deliroides, achatamento da
vida emocional progressivo, algumas alucinações e atitudes
estereotipadas, ao longo de pelo menos seis meses.
Episódio depressivo eventualmente prolongado que
ocorre ao fim de uma afecção* esquizofrênica.
F20.4 DEPRESSÃO
PÓS-ESQUIZOFRÊNICA
*Condição mórbida caracterizada por alterações no
modo de perceber ou de interpretar; falta de
normalidade psíquica.
O CID-10 define a Esquizofrenia Residual como: “Estado
crônico da evolução de uma doença esquizofrênica, com uma
progressão nítida de um estado precoce para um estado tardio,
o qual se caracteriza pela presença persistente de sintomas
"negativos", tais como lentidão psicomotora; hipoatividade;
embotamento afetivo; passividade e falta de iniciativa;
F20.5 ESQUIZOFRENIA pobreza da quantidade e do conteúdo do discurso; pouca
comunicação não-verbal (expressão facial, contato ocular,
RESIDUAL modulação da voz e gestos), falta de cuidados pessoais e
desempenho social medíocre.”

Os critérios para Diagnósticos da Esquizofrenia Residual


(F20.5) são: ausência de delírios e alucinações, discurso
desorganizado e comportamento amplamente desorganizado
ou catatônico.
SINTOMAS DE PRIMEIRA ORDEM DE KURT SCHNEIDER

Percepção delirante. Uma percepção absolutamente normal recebe uma significação delirante, que
ocorre de modo simultâneo ao ato perceptivo, em geral de forma abrupta, como uma espécie de
“revelação”.

Alucinações auditivas características. São as vozes que comentam e/ou comandam a ação do
paciente.

Eco do pensamento ou sonorização do pensamento (Gedankenlautwerden). O paciente escuta seus


pensamentos ao pensá-los.

Difusão do pensamento. Neste caso, o doente tem a sensação de que seus pensamentos são ouvidos
ou percebidos claramente pelos outros, no momento em que os pensa.
SINTOMAS DE PRIMEIRA ORDEM DE KURT SCHNEIDER

Roubo do pensamento. Experiência na qual o indivíduo tem a sensação de que seu pensamento é
inexplicavelmente extraído de sua mente, como se fosse roubado.

Vivências de influência na esfera corporal ou ideativa. Aqui, dois tipos de vivências de influência são
mais significativos: • Vivências de influência corporal. São experiências nas quais o paciente sente que
uma força ou um ser externo age sobre seu corpo, sobre seus órgãos, emitindo raios, influenciando as
funções corporais, etc. • Vivências de influência sobre o pensamento. Referem-se à experiência de
que algo influencia seus pensamentos, o paciente recebe pensamentos impostos de fora,
pensamentos feitos, postos em seu cérebro, etc. Também as vivências corporais ou ideativas têm a
qualidade de serem experimentadas como feitas, como impostas de fora.

Os sintomas de primeira ordem indicam a profunda alteração da relação Eu-mundo, o dano radical
das “membranas” que delimitam o Eu em relação ao mundo, uma perda marcante da dimensão da
intimidade. Ao sentir que algo é imposto de fora, feito à sua revelia, o doente vivencia a perda do
controle sobre si mesmo, a invasão do mundo sobre seu ser íntimo.
OS SINTOMAS DE SEGUNDA ORDEM DE SCHNEIDER

São menos importantes para o diagnóstico de esquizofrenia. Apenas em certos contextos (nos quais
outros aspectos do quadro clínico e o todo da história clínica indicam esquizofrenia) eles devem ser
considerados contributivos para tal diagnóstico.

São eles: perplexidade, alterações da sensopercepção (excluindo aqueles de primeira ordem),


vivências de influência no campo dos sentimentos, impulsos ou vontade, vivência de
empobrecimento afetivo, intuição delirante e alterações do ânimo.
NAS ÚLTIMAS DÉCADAS, TEM-SE DADO MAIS IMPORTÂNCIA À DIFERENCIAÇÃO DA
ESQUIZOFRENIA EM TRÊS SUBTIPOS (ANDREASEN, 1995):

Síndrome negativa ou deficitária


Síndrome positiva ou produtiva
Síndrome desorganizada
Síndrome negativa ou deficitária (sintomas negativos)

Os sintomas negativos das psicoses esquizofrênicas caracterizam-se pela perda de certas funções
psíquicas (na esfera da vontade, do pensamento, da linguagem, etc.) e pelo empobrecimento global
da vida afetiva, cognitiva e social do indivíduo. Os principais sintomas ditos negativos ou deficitários nas
síndromes esquizofrênicas são:

Distanciamento afetivo, em graus variáveis até o completo embotamento afetivo; perda da


capacidade de sintonizar afetivamente com as pessoas, de demonstrar ressonância afetiva no contato
interpessoal.
SÍNDROME NEGATIVA OU DEFICITÁRIA (SINTOMAS NEGATIVOS)

Retração social: o paciente vai se isolando progressivamente do convívio social.

Empobrecimento da linguagem e do pensamento (alogia).

Diminuição da fluência verbal.

Diminuição da vontade (avolição) e hipopragmatismo, ou seja, dificuldade ou incapacidade de realizar


ações, tarefas, trabalhos, minimamente organizados, que exijam o mínimo de iniciativa, organização e
monitorização comportamental e persistência.

Negligência quanto a si mesmo, que se revela pelo descuido consigo mesmo, pela falta de higiene, por
desinteresse em relação à própria aparência, própria saúde e vestimentas, etc.

Lentificação e empobrecimento psicomotor com restrição do repertório da esfera gestual e motora


SÍNDROME POSITIVA OU PRODUTIVA (SINTOMAS POSITIVOS)
Ao contrário dos sintomas negativos, que se manifestam pelas ausências e pelos déficits
comportamentais, os sintomas ditos positivos são manifestações novas, floridas e produtivas do
processo esquizofrênico. Os principais sintomas positivos das síndromes esquizofrênicas são:

Alucinações, ilusões ou pseudoalucinações auditivas (mais frequentes), visuais ou de outro tipo.

Ideias delirantes, de conteúdo paranoide, auto-referente, de influência ou de outra natureza.

Comportamento bizarro, atos impulsivos.

Agitação psicomotora

Ideias bizarras, não necessariamente delirantes

Produções linguísticas novas como neologismos e parafasias*.

*As parafasias são tradicionalmente definidas como a troca de uma palavra ou de um som que se quer
enunciar por outra palavra/som.
SÍNDROME DESORGANIZADA, COM PREDOMÍNIO DE
DESORGANIZAÇÃO MENTAL E COMPORTAMENTAL

Esta síndrome corresponde, de alguma forma, ao subtipo classicamente denominado esquizofrenia


hebefrênica. Assim, nas formas desorganizadas de síndrome esquizofrênica, temos:

Pensamento progressivamente desorganizado, de um leve afrouxamento das associações até a total


desagregação e produção de um pensamento totalmente incompreensível.

Comportamentos desorganizados e incompreensíveis, particularmente comportamentos sociais e


sexuais inadequados, agitação psicomotora, vestimenta e aparência bizarras

Afeto inadequado, ambivalente; descompasso entre as esferas afetivas, ideativas e volitivas

Afeto pueril, paciente reage globalmente de forma infantil, “boboca”


• Delírios. Essas são crenças falsas que não são baseadas na
realidade. Por exemplo, você acha que está sendo
prejudicado ou assediado; certos gestos ou comentários
são dirigidos a você; você tem habilidade ou fama
excepcionais; outra pessoa está apaixonada por você; ou
uma grande catástrofe está prestes a ocorrer. Os delírios
ocorrem na maioria das pessoas com esquizofrenia.

• Alucinações. Isso geralmente envolve ver ou ouvir coisas


que não existem. No entanto, para a pessoa com
SINTOMAS esquizofrenia, eles têm toda a força e o impacto de uma
experiência normal. As alucinações podem ocorrer em
PSICOPATOLÓGICOS qualquer um dos sentidos, mas ouvir vozes é a alucinação
mais comum.

• Pensamento desorganizado (fala). O pensamento


desorganizado é inferido do discurso desorganizado. A
comunicação eficaz pode ser prejudicada e as respostas às
perguntas podem ser parcial ou totalmente não
relacionadas. Raramente, a fala pode incluir a junção de
palavras sem sentido que não podem ser compreendidas,
às vezes conhecidas como salada de palavras.
Comportamento motor extremamente desorganizado ou
anormal. Isso pode se manifestar de várias maneiras, desde a
tolice infantil até a agitação imprevisível. O comportamento
SINTOMAS FÍSICOS não está focado em um objetivo, por isso é difícil fazer as
tarefas. O comportamento pode incluir resistência às
instruções, postura inadequada ou bizarra, completa falta de
resposta ou movimentos inúteis e excessivos.
MUNDO

No mundo esquizofrênico ocorre uma desagregação existente entre a realidade e a imaginação, ou


seja, o falso e o verdadeiro, de modo que o esquizofrênico compreende que aquilo que enxerga não é
verdade, porém não pode se ver livre dessa sua falsificação. Tais observações falsárias eram tão temíveis
que lhe causavam sofrimento, de forma que o esquizofrênico percebe indubitáveis indicações de que o
mundo está para ser destruído, farejando danação por todos os lados.
TEMPO

Em relação ao futuro, Van Der Berg (1994, p. 21) afirma que "( ... ) O futuro está aberto á sua frente. Mas,
quando é perguntado a respeito, não tem plano para o futuro. Não sabe o que vai acontecer com ele e
receia o pior. Todas as esperanças, tão boas, tão corretas e tão verdadeiras, são afogadas pelas suas
lamentações ( ... )" Em relação ao tempo, Van Der Berg (1994) acrescenta que o individuo via tudo ao
seu redor com alegria e muita disposição. Entretanto, o presente se lhe apresenta como um
descontentamento sem igual. O paciente está confuso quanto ao seu passado e inseguro quanto ao
futuro, representado para o paciente como um rabugento padrasto. Seu pensamento o impede de
prosseguir. Essa forma de pensar esta intimamente relacionada ao paciente portador de esquizofrenias.
CORPO

( ... ) os sintomas, que tanto estão a perturbar o paciente, resultam inexistentes quando submetidos a
cuidadoso exame, isto é, depois de objetiva e conscienciosa pesquisa clinica. O paciente, portanto,
deve estar errado; deve estar iludindo-se a si mesmo, sem o saber: pois quem pode duvidar do resultado
de um exame médico, moderno, objetivo e cientifico. (VAN DER BERG. 1994, p. 54). Mesmo com a
confirmação dos resultados , o individuo não é convencido, pois sente totalmente o contrário, de modo
que suas ações confirmam o que sente.
PESSOAS

O contato inapropriado com as outras pessoas acarreta uma maneira diferente de observar os objetos
ao redor, assim como, uma mudança em seu corpo, consequentemente, sente que as outras pessoas
representam um obstáculo entre ele e o mundo. A perturbação nos cantatas transforma um simples
tapa em ato nocivo. Desse modo. um sorriso transforma-se em riso de escárnio, uma observação trivial
em áspera censura, tornando difícil a comunicação entre o paciente portador de esquizofrenia e as
demais pessoas.
Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas (Organização
Mundial de Saúde, 1992)

Os transtornos esquizofrênicos caracterizam-se em geral por distorções profundas e características no


pensamento e na percepção, e por afeto inapropriado ou embotado. A consciência e a capacidade intelectual
geralmente são preservadas, embora possa haver o desenvolvimento de certos déficits cognitivos com o passar
do tempo. O transtorno envolve as funções mais básicas que dão à pessoa normal uma sensação de
individualidade, singularidade e autocontrole.
Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas (Organização
Mundial de Saúde, 1992)

O indivíduo acredita que seus pensamentos, sentimentos e atitudes mais íntimos são conhecidos ou
compartilhados por outras pessoas, podendo haver delírios explanatórios, onde forças naturais ou sobrenaturais
agiriam sobre os pensamentos e atitudes atormentadas do indivíduo de formas geralmente bizarras. A pessoa
pode se ver como o pivô de tudo o que acontece.

Alucinações, principalmente auditivas, são comuns e podem comentar os pensamentos ou o comportamento da


pessoa. A percepção frequentemente está perturbada de outras formas: cores e sons podem parecer
excessivamente vívidos ou alterados em qualidade, e aspectos irrelevantes de coisas comuns podem parecer
mais importantes que o objeto ou situação em si.

A perplexidade também é comum e frequentemente leva à crença de que as situações cotidianas têm um
significado especial, geralmente sinistro, direcionado unicamente para a pessoa.
Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas (Organização
Mundial de Saúde, 1992)

No transtorno de pensamento esquizofrênico característico, aspectos periféricos e irrelevantes de um conceito total,


que são inibidos na atividade mental direta normal, são trazidos à tona e utilizados em detrimento daqueles
relevantes e apropriados à situação. Assim, o pensamento torna-se vago, elíptico, e obscuro, e sua expressão no
discurso às vezes é incompreensível. Pausas e interpolações na sequência do pensamento são frequentes, e os
pensamentos parecem ter sido removidos por alguma força externa.
Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas (Organização
Mundial de Saúde, 1992)

O humor é caracteristicamente superficial, crítico ou incongruente. Pode ocorrer ambivalência e transtorno de


volição, como inércia, negativismo¹ ou letargia². Pode haver catatonia. O início pode ser agudo, com
comportamento seriamente comprometido, ou insidioso, com o desenvolvimento gradual de ideias e atitudes
estranhas.

O curso do transtorno mostra uma variação igualmente grande tornando-se inevitavelmente crônico ou pior a cada
dia. Em alguns casos, que pode variar em diferentes culturas e populações, ocorre uma recuperação completa ou
quase completa. Os sexos são afetados aproximadamente da mesma forma, mas o início tende a ser mais tardio
nas mulheres.
¹ Existem dois tipos de negativismo: o passivo – quando se pede ao paciente para que faça algo, ele simplesmente não o faz; e, o
ativo – quando se pede algo ao paciente, e ele faz exatamente o contrário. É tudo de modo estereotipado, onde não entra quetão
da intencionalidade

² Um estado de cansaço que envolve diminuição da energia, da capacidade mental e da motivação.


O transtorno de personalidade esquizotípica é
caracterizado por um padrão generalizado de
desconforto intenso com relacionamentos íntimos e
F21 TRANSTORNO ESQUIZOTÍPICO com capacidade reduzida para tal, por pensamento e
percepções distorcidas e por comportamento
excêntrico.
TRATAMENTO PARA Após o diagnóstico feito por um médico, o tratamento pode ser
acompanhado de perto por ele, bem como por outros
ESQUIZOFRENIA especialistas de Medicina e psicólogo, a depender das medidas
a tomar e da abordagem escolhida.
Uma vez que a psicose retroceda, além de continuar com a
medicação, as intervenções psicológicas e sociais
(psicossociais) são importantes. Isso pode incluir:

Terapia individual
A psicoterapia pode ajudar a normalizar os padrões de
pensamento. Além disso, aprender a lidar com o estresse e
INTERVENÇÕES identificar os primeiros sinais de alerta de recaída pode
ajudar as pessoas com esquizofrenia a controlar a doença.
PSICOSSOCIAIS

Terapia de Grupo
Tipo de psicoterapia na qual o terapeuta trabalha com o
paciente em grupo, em vez de sessões individuais.
Treinamento de habilidades sociais
Isso se concentra em melhorar a comunicação e as
interações sociais e melhorar a capacidade de participar das
atividades diárias.

Terapia familiar
INTERVENÇÕES Isso fornece suporte e educação para famílias que lidam com
PSICOSSOCIAIS esquizofrenia.

Reabilitação profissional e emprego assistido


O objetivo é ajudar as pessoas com esquizofrenia a se
preparar, encontrar e manter empregos.
Reabilitação Neuropsicológica
O procedimento reabilita o raciocínio para melhorar o
funcionamento físico e mental após lesões ou doenças. Um
exemplo seria a concussão, ou seja, pancada na cabeça.

Terapia Cognitiva
INTERVENÇÕES Psicoterapia que se concentra na substituição de pensamentos
PSICOSSOCIAIS negativos e distorcidos, típicos de quem tem alucinações, por
pensamentos positivos e precisos.

Psicoeducação
Experiência em que se aprende sobre saúde mental, a qual
também serve para apoiar, valorizar e dar autonomia aos
pacientes.
Antipsicóticos
Reduz ou melhora os sintomas da esquizofrenia e de outros
transtornos mentais, evitando psicoses.

MEDICAMENTOS Anti-tremor
Ajuda a controlar tremores, estremecimento e
desequilíbrio.
Paroxetina, clomipramina e fluoxetina são exemplos.
1. Durante os períodos de crise ou momentos de sintomas
graves, a hospitalização pode ser necessária para garantir
segurança, nutrição adequada, sono adequado e higiene
básica.

2. A internação para pacientes com esquizofrenia é uma


decisão que não raras vezes se torna uma questão de vida
ou morte. Um quadro psicótico, afinal, pode se tornar
INTERNAÇÃO PARA QUEM bastante grave.
TEM ESQUIZOFRENIA 3. Assim, nas situações em que se constata um considerável
risco de suicídio e perigo à vida de outras pessoas, pode
ser a opção mais segura, já que a utilização de
medicamentos e a adesão a terapias tendem a exigir um
tempo mínimo para que seus efeitos positivos se
manifestem. Desse modo, pode ser necessário durante o
período um acompanhamento estreito feito por um
hospital psiquiátrico.
INTERNAÇÃO VOLUNTÁRIA - Se o paciente está ciente de sua situação e dos problemas
COM CONSENTIMENTO com os quais convive, a internação voluntária o ajuda a estar
em contato com uma equipe multidisciplinar apta a zelar por
PACIENTE seu tratamento e a reabilitá-lo de modo que possa voltar a
conviver bem consigo mesmo e com aqueles que ama.
§ Internação involuntária: de acordo com a lei (10.216/01), o
familiar pode solicitar a internação involuntária, desde que o
INTERNAÇÃO INVOLUNTÁRIA pedido seja feito por escrito e aceito pelo médico psiquiatra. A
- CONTRA A VONTADE DO lei determina que, nesses casos, os responsáveis técnicos do
PACIENTE estabelecimento de saúde têm prazo de 72 horas para
informar ao Ministério Público da comarca sobre a internação e
seus motivos. O objetivo é evitar a possibilidade de esse tipo
de internação ser utilizado para a prática de cárcere privado.
§ Internação compulsória: neste caso não é necessária a
INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA autorização familiar. O artigo 9º da lei 10.216/01 estabelece a
- CONTRA A VONTADE DO possibilidade da internação compulsória, sendo esta sempre
PACIENTE determinada pelo juiz competente, depois de pedido formal,
feito por um médico, atestando que a pessoa não tem domínio
sobre a sua condição psicológica e física.

Você também pode gostar