Brenda K Davies - 02 - Destined (Rev)

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Determinada a não viver o destino de seus pais como uma vampira

acasalada, Isabelle se isola da sociedade.


Apesar de sua decisão de evitar qualquer pessoa fora de sua família, seu
mundo fica abalado quando Stefan chega.

O poderoso e deslumbrante vampiro é tudo o que ela nunca quis.

Stefan não espera entrar em um ninho cheio de vampiros, mas ele é


imediatamente atraído pela vibrante, desafiadora e obstinada Isabelle, que faz
de tudo para evitá-lo.

Não importa o quanto ela tente lutar contra isso, Isabelle não pode negar
a atração que sente por Stefan. Assim que ela começa a baixar a guarda, o
passado letal de Stefan o alcança e ameaça destruir a vida que Isabelle
trabalhou tanto para proteger.

Irão Isabelle e Stefan superarem as suas diferenças a tempo de


enfrentar o perigo iminente, ou irão perder-se um ao outro quando o
passado colidir com o presente?
Ethan enfiou a cabeça na esquina do beco, seus olhos instantaneamente
foram para a lanchonete do outro lado da rua novamente. A luz dos postes de
luz se espalhava pela estrada e pela calçada, iluminando os carros
estacionados ao longo da estrada. A luz da lanchonete brilhava em suas
grandes janelas de vidro. A mulher que chamou sua atenção estava sentada
em uma das cabines, sua cabeça loira inclinada sobre a mesa enquanto ela lia
algo aberto na frente dela. Ela parecia estranhamente familiar. Mordendo o
lábio inferior, suas sobrancelhas se uniram enquanto ele a estudava com mais
cuidado. Ele sabia que a tinha visto em algum lugar antes, ele a conhecia de
alguma forma, só não conseguia lembrar onde ou como.

Ele puxou a cabeça para trás e se apoiou contra a fria parede de pedra.
Ele fechou os olhos, procurando em sua memória qualquer indício de quem ela
poderia ser. Ele vinha fazendo a mesma coisa nos últimos cinco minutos, e
estava provando ser um esforço inútil.

— O que você está fazendo?

Ele pulou, seus olhos se abriram quando Mike e Jack saíram das sombras
do beco. — Não faça isso! — ele perdeu a cabeça.

Eles sorriram enquanto trocavam olhares divertidos. Eles sabiam que ele
odiava quando ocultavam sua presença dele e surgiam do nada para tentar
assustá-lo. Muitas vezes funcionou. O que mais o irritava era que ele não podia
fazer isso com eles. Ele não conseguia controlar seus poderes tão bem quanto
eles, e eles sabiam disso.

— Então o que você está fazendo? — Mike perguntou novamente.

Ethan fez uma careta para eles enquanto olhava ao redor da esquina
novamente. — Eu estava olhando para aquela mulher na lanchonete.
— Ah inferno — Jack gemeu. — Não nos diga que você vai se
transformar em sua mãe e seu pai!

— Dificilmente! — Ethan bufou, só o pensamento fez seu estômago


revirar. — Ela parece familiar, mas não consigo identificar quem ela é.

Mike e Jack trocaram um olhar antes de Mike colocar a cabeça para fora
do beco para olhar. — Onde? — Mike perguntou.

Ethan se inclinou ao redor dele e apontou para a mulher pequena e


gorducha na janela da lanchonete.

Mike franziu a testa pensativamente, então seus olhos se arregalaram de


espanto e sua boca caiu. — É Kathleen!

— O que? — Jack exigiu, abrindo caminho por eles. — Uau! É! Merda,


é assim que pareceríamos agora?

— Ela parece ter envelhecido muito bem — disse Mike, pensativo. — Ela
deve ter o quê, quarenta e sete?

— Quantos anos você tem, idiota? — Jack retrucou sarcasticamente.

Mike fez uma careta para ele antes de voltar sua atenção para o
restaurante. — Quarenta e sete — ele murmurou.

Jack sorriu para ele antes de voltar sua atenção para o restaurante. —
Aí está. Bem, acho que ela não parece ruim. Estou apenas feliz por não
parecermos assim. Rugas — disse ele com um estremecimento.

— Cala a boca, Jack. Ethan, vá até lá e fale com ela — Mike ordenou.

— O que? — Ethan exigiu enquanto se voltava para ele em descrença.

Mike acenou com a cabeça em direção ao restaurante, seu cabelo loiro


curto caía sobre seu rosto. — Vá até lá.
Ethan olhou para ele incrédulo. — Você vai até lá — ele retorquiu.

Mike e Jack olharam para ele como se ele fosse um idiota.

— Nós conhecíamos Kathleen na faculdade, se ela visse como estamos


agora, ela provavelmente teria um ataque cardíaco — Jack explicou
lentamente como se Ethan fosse burro.

Ethan de repente se lembrou de quem ela era. Kathleen tinha sido a


melhor amiga de sua mãe na faculdade, mas ele não a via há mais de quinze
anos. Ele olhou para o restaurante em descrença. — O que eu vou dizer a ela?

— Apenas vá até lá e veja como ela está. Tenho certeza que sua mãe
gostaria de saber. Agora, vá em frente — Mike incentivou.

Ethan fez uma careta para ele. — Estou um pouco velho demais para
você ficar dando ordens.

— Você não é tão velho ainda, agora vá.

Ele teria ficado e discutido com eles, mas sabia que era inútil. Eles
sempre ganhavam e, além disso, ele estava mais do que curioso para ver como
ela estava. Ele saiu do beco e correu pela rua lavada pela chuva até a
lanchonete. A campainha acima da porta tocou quando ele entrou, e o cheiro
de comida humana instantaneamente assaltou seus sentidos.

Torcendo o nariz com o cheiro, ele olhou para a fila de cabines para a
loira de meia-idade sentada em uma delas. Seu cabelo loiro curto estava preso
em um rabo de cavalo, e mechas dele caíam livres para se enrolar em seu rosto
pequeno em forma de coração.

Ele foi incapaz de se mover enquanto olhava para ela. Ela não era a
mulher de que ele se lembrava. Essa mulher tinha linhas ao redor da boca e
dos olhos, sua testa estava enrugada e sua pele estava começando a cair em
volta do pescoço e do queixo. Mechas grisalhas riscavam seu cabelo. É assim
que sua mãe deveria ser, ele percebeu com um sobressalto. O pensamento
era incrivelmente triste e mais do que um pouco assustador. Pela primeira vez,
ele realmente compreendeu sua imortalidade.

— Posso ajudar?

Ethan piscou quando foi tirado de seu devaneio pela bela garçonete que
se aproximou dele. Um brilho de admiração iluminou seus olhos castanhos
enquanto ela o examinava abertamente. Ele devolveu o sorriso sem pensar.

Ela se aproximou um pouco mais, os cardápios em sua mão roçando o


peito dele. — Você gostaria de se sentar? — ela perguntou.

— Ah, não — respondeu ele, lançando um olhar para Kathleen enquanto


se lembrava do motivo de estar ali. — Eu só vim ver alguém.

Sua boca fez beicinho quando ela deu um passo para trás. Ethan passou
por ela, esquecendo-se instantaneamente de sua existência enquanto se
dirigia para Kathleen. Ele não a via desde os dez anos de idade, duvidava muito
que ela se lembrasse dele, mas poderia muito bem tentar falar com ela. Além
disso, Mike e Jack ficariam chateados se ele voltasse sem nada, e ele não
estava com vontade de lidar com os dois.

— Oi, Kathleen, certo?

Ela ergueu os olhos do jornal à sua frente. Seus grandes olhos azuis
piscaram em surpresa enquanto sua boca se abria. — Liam? — ela engasgou.

Ethan sorriu quando deslizou na cabine em frente a ela. — Não, Liam é


meu pai. Eu sou Ethan.

Um sorriso alegre se espalhou por seu rosto bonito. — Sinto muito, é


que... você se parece com seu pai!

Ethan deslizou um braço sobre a parte de trás da cabine. — Foi o que


me disseram.
Os olhos azuis de Kathleen rapidamente examinaram seu rosto e postura
enquanto ela balançava a cabeça em descrença. — Eu posso ver um pouco
da sua mãe em você. Como ela está? — ela perguntou ansiosa enquanto se
inclinava sobre a mesa.

Embora ela tivesse ganhado algum peso e seu rosto estivesse


envelhecido, ela era muito parecida com a Kathleen de que ele se lembrava.
Ela era enérgica, com um sorriso fácil e uma incrível quantidade de calor que
emanava dela.

Ele sentiu uma pontada de tristeza por seus pais e seus amigos. Eles
foram forçados a expulsar Kathleen de suas vidas para protegê-la e a si
mesmos. Ele sabia o quanto isso machucava sua mãe, e pelo olhar
assombrado nos olhos de Kathleen, ele podia dizer que a machucara também.

— Ela está indo bem.

— Eles ainda estão morando no Oregon?

Ethan assentiu. — Sim.

— Será que ela tem a grande família com que sempre sonhou? — ela
perguntou ansiosamente.

Ethan bufou enquanto sorria. Grande não era a maneira como ele
descreveria a máfia que era sua família. — Sim, somos dez.

Kathleen riu. — Seu pai deve estar ficando louco com tantos filhos.

— Não, ele gosta. Mike e David juram que vão continuar até terem mil
filhos. Felizmente, eles decidiram fazer uma pausa por um tempo.

Ele mordeu o lábio inferior, parando antes de dizer a ela que eles
planejavam comer mais tarde. Ele não estava acostumado a falar com
humanos e sabia que seu comentário só a teria confundido.
— Querida, isso não é uma pausa, é a menopausa. Confie em mim, eu
sei.

Ethan não pôde deixar de rir. Ele havia esquecido como Kathleen era
franca. — Eu acho que sim.

— Mike e David ainda estão por aí? — ela deixou escapar.

Ele assentiu enquanto pensava nos burros escondidos no beco do outro


lado da rua. — Sim, Jack e Doug também.

— Não posso acreditar. Não sei como perdi contato com todos, mas
acho que com o passar dos anos...— ela se interrompeu enquanto olhava para
o papel diante dela. — Ah, bem, a vida é assim. E quanto a você? O que você
tem feito?

Ethan mordeu o lábio inferior. Como ele poderia dizer a essa mulher que
não estava fazendo nada além de morar com Mike, Jack, Doug e David na casa
que eles construíram atrás da casa de seus pais? Ele não precisava estar
tramando nada. Ele não precisava fazer nada além de relaxar, aproveitar sua
vida e ajudar a manter sob controle sua ninhada indisciplinada de irmãos e
irmãs. Ele poderia fazer outras coisas, ele simplesmente não queria.

— Ah, não muito — ele se esquivou.

Ela sorriu enquanto apontava para ele. — Essa é a sua mãe.

— Huh? — ele perguntou confuso.

— Ela sempre mordia o lábio quando se sentia desconfortável, ou


nervosa, ou quando estava imersa em pensamentos — explicou ela com um
sorriso melancólico.

— Sim, ela ainda faz.


Os olhos de Kathleen voltaram para os dele. — Bem, você tem que estar
tramando alguma coisa. Faculdade?

— Eu me formei — ele mentiu. Ele não tinha vontade de ser incomodado


em ir para a escola. Seu pai, sua mãe e seus amigos disseram que ele iria
gostar da experiência, mesmo que não precisasse de educação, mas ele não
queria ir. — Eu faço bicos aqui e ali. — Isso pelo menos era verdade.

Kathleen assentiu e tomou um gole de água. — Tenho certeza que você


encontrará seu caminho algum dia.

— Sim.

Ethan olhou pela janela. Mike e Jack permaneceram escondidos nas


sombras do beco, mas ele podia vê-los.

— E você? — ele perguntou, voltando sua atenção para ela. — A última


vez que soube, você estava indo para a França, para ah... tirar fotos? — ele
lembrou.

Kathleen recostou-se na cabine. — Aquele era meu ex-marido, ele era o


fotógrafo. Minhas filhas e eu fomos com ele.

Ethan mal se lembrava das filhas dela e não conseguia lembrar seus
nomes. Ele sabia que uma delas era dois anos mais nova que ele e mais
próxima de sua irmã, Isabelle. A outra era muito jovem da última vez que a viu.

— Na verdade, estou entre empregos agora. — Sua voz ficou distante e


pensativa enquanto sua testa franzia.

Ethan percebeu que o jornal que ela estava lendo estava aberto na seção
de classificados. Ele franziu a testa enquanto se perguntava como seria ter que
trabalhar e se preocupar em como pagar as contas e sobreviver. Ele estava
grato por nunca ter que saber.
— E sua mãe e seu pai? — ela perguntou, puxando-o para fora de seus
pensamentos errantes. — O que estão fazendo agora?

Ele se forçou a não morder o lábio quando encontrou seu olhar firme. —
Papai é advogado — mentiu.

— Nunca pensei que veria isso — disse ela com um sorriso triste. — Eu
nunca pensei que seu pai fosse do tipo que se acomoda, pelo menos não até
ele conhecer sua mãe.

Ele encolheu os ombros enquanto seu olhar viajava ansiosamente em


direção à janela. Ele estava ficando mais desconfortável a cada segundo, ele
só queria voltar para fora, onde estava livre. E onde Jack e Mike estavam
esperando para bombardeá-lo com perguntas, ele percebeu.

— Bem, pensei em dizer oi e ver como você estava. Tenho que ir agora
— disse ele.

Ele era muito hábil em mentir. Ele deveria ser, ele tinha feito isso toda a
sua vida, e ele não pensou em deixá-las rolar de sua língua agora.

— Ah, sim — ela disse rapidamente. — Claro. Diga a todos que eu


mandei um oi, e diga a sua mãe...— sua voz sumiu quando seus olhos ficaram
distantes novamente. — Diga a sua mãe que sinto falta dela.

Mais uma vez, Ethan sentiu uma pontada de tristeza. Sua mãe havia
desistido de seus amigos, mais do que seu pai. De repente, ele entendeu o
olhar melancólico que cruzou o rosto dela quando seu pai, David, Doug, Jack
e Mike relembraram histórias de seus dias de juventude no colégio e na
faculdade. Sem pensar, Ethan pegou a mão dela e a apertou. Ela pareceu tão
surpresa com o gesto quanto ele. Ele nunca havia tocado um ser humano para
lhes oferecer conforto, mas esta mulher parecia tão triste que precisava lhe dar
algum consolo.

— Eu vou — ele prometeu.


Ela deu um tapinha na mão dele antes de soltá-la. — Eles ainda estão
morando no mesmo lugar?

— Sim.

Ela assentiu com os olhos ainda tristes e distantes. — Talvez eu ligue


para ela.

— Tenho certeza que ela gostaria disso.

Ele se virou para sair. — Ethan.

— Sim? — Ele fez uma pausa para olhar para ela.

— Eles ainda estão tão apaixonados quanto costumavam estar?

— Ainda mais — ele disse honestamente.

Ela sorriu para ele enquanto as lágrimas enchiam seus olhos grandes. —
Isso é maravilhoso.

Ethan saiu antes que ela começasse a chorar. Ele não lidava bem com
humanos em condições normais, ele com certeza não sabia como lidar com
uma emocional. Não que suas irmãs não ficassem emocionalmente erráticas
às vezes, mas elas eram mais fortes e duras do que qualquer ser humano
jamais poderia ser. Ele disparou pela rua onde Mike e Jack quase o atacaram.

— Vamos chegar ao carro primeiro — disse ele rapidamente. — Estou


pronto para ir para casa.

Eles trocaram olhares, mas o seguiram de volta ao carro. Ethan os


colocou a par da conversa enquanto eles deixavam a Califórnia para trás e se
dirigiam para o Oregon.
— Pelo amor de Deus, Ethan, levante-se! — Isabelle gritou enquanto
puxava o braço dele.

Seu irmão gemeu enquanto teimosamente se recusava a olhar para ela.


— Isabelle, estou te dizendo agora mesmo, se você não sair do meu quarto,
eu vou...

— Você vai o quê? — ela exigiu. — Nada, é isso, agora levante!

Plantando as mãos nos quadris, ela fez uma careta para ele quando ele
abriu um olho cor de esmeralda para espiá-la.

— O que você está fazendo aqui, afinal? Volte para sua própria casa. —
Ele resmungou enquanto rolava e se enterrava sob o lençol.

Ela se abaixou e arrancou o lençol.

— Ei! — ele gritou enquanto tentava puxar o lençol para trás.

Ela se recusou a ceder quando eles foram pegos em um cabo de guerra


que ela estava determinada a vencer. — Ethan Joseph, saia dessa cama
agora!

Ele fez uma careta feroz para ela. Ela não recuou quando encontrou seu
olhar com um tão feroz. — O que você quer? — ele perdeu a cabeça.

— Kyle e Cassidy subiram em uma árvore, eles se recusam a descer.

— Pegue Ian — ele resmungou quando finalmente conseguiu puxar seu


lençol de volta.
Ela instantaneamente agarrou-o novamente. — Ian está com Mike,
David, Doug, Jack, papai e Aiden, então esqueça Aiden também. Eles saíram
da cama esta manhã, ao contrário de algumas pessoas, e foram para a cidade
para conseguir mais madeira para a nova casa.

Ethan gemeu quando jogou o braço sobre os olhos. — Eles são imortais,
diga-lhes para pular.

— Ethan! — ela gritou exasperada. — Eles ainda podem quebrar ossos,


e se eles acidentalmente se estacarem no caminho para baixo?

Ela sabia que ele estava tentando abafar uma risada com a imagem que
suas palavras conjuraram. A única coisa que o impedia de fazer isso era
conhecer seu irmão e sua irmã tão bem quanto ela. A possibilidade de eles
acidentalmente se estacarem era boa. Com um gemido alto, ele jogou o lençol
de lado e balançou as pernas para fora da cama. Isabelle sorriu
presunçosamente quando recuou.

Ele não se preocupou em olhar para ela enquanto vestia a calça jeans e
a camiseta. — Como eles conseguem se meter nessas confusões? — ele
murmurou.

— Da mesma forma que nós.

Ele gemeu enquanto jogava para trás seu cabelo despenteado. — Quem
os desafiou a subir na árvore? — ele resmungou.

— Julian.

— Claro — ele gemeu.

Isabelle esperou que ele calçasse os tênis antes de sair. Ela liderou o
caminho pela floresta antes de desviar para outro caminho que levava mais
para dentro da floresta. Eles passaram muitas horas brincando nessa floresta
quando crianças, e Isabelle conhecia as trilhas como a palma da sua mão.
— A mamãe sabe? — Ethan exigiu.

— Como eu ia dizer a ela, ela tem muito em que pensar agora.

— Huh? — Ethan perguntou cansado.

Isabelle jogou o cabelo para trás enquanto lançava uma carranca por
cima do ombro para ele. — Não importa — ela murmurou.

Ethan mostrou a língua para ela. Isabelle se forçou a não rir enquanto
fazia uma careta para ele. Eles podem ser adultos agora, mas ele era a única
pessoa que sempre conseguia trazer à tona seu lado infantil, e ela adorava isso
nele. Ela virou no caminho que levava à casa da árvore.

O canto distinto de — Pula! Pula! — desviou para eles.

— Ah, inferno! — Ethan murmurou enquanto começava a correr.

Isabelle estava logo atrás dele quando irromperam em uma pequena


clareira. Willow e Julian estavam na base de um enorme sicômoro, olhando
para seus galhos altos e cheios de folhas enquanto continuavam a gritar com
seus irmãos mais novos. Cassidy desceu um galho, tentando ajustar seu apoio
enquanto começava a deslizar para o lado. Kyle, o menos ousado dos gêmeos,
tinha um aperto mortal em seu galho.

— Não se atreva a pular! — Ethan berrou, fazendo com que até Isabelle
se assustasse.

Willow e Julian se viraram para olhar com culpa para eles. Cassidy soltou
um grito ao estremecer de surpresa. Com terrível clareza, Isabelle percebeu
que Cassidy não iria se segurar no galho enquanto deslizava perigosamente.
Ethan correu para frente, pegando-a antes que ela caísse no chão. Ele grunhiu
sob o peso de seu corpo minúsculo, seus joelhos batendo no chão com a força
do impacto.
Isabelle correu até eles, um pouco ofegante enquanto seu coração
martelava de pavor. Cassidy ficou deitada por um momento, seu rostinho
franzido. Então, um deslumbrante olho azul se abriu, e ela olhou
cautelosamente para Ethan. Ela virou a cabeça, seu longo cabelo loiro cor de
areia cobrindo seu rosto enquanto ela olhava para o chão apenas alguns
centímetros abaixo dela. Ela se virou e abriu um sorriso brilhante enquanto
saltava facilmente dos braços dele.

— Obrigado! — Cassidy chorou.

— Não mencione isso — Ethan resmungou, balançando a cabeça


enquanto se levantava.

— Boa captura — disse Julian admirado.

Ethan limpou a sujeira dos joelhos da calça jeans. — Exibido — Isabelle


brincou. Ele fez uma careta para ela antes de sorrir. Ela ergueu a cabeça para
espiar Kyle através dos galhos grossos. — Como você vai conseguir o outro?

— Acha que os dois podem cair vivos? — ele perguntou esperançoso

— Você acha que uma bola de neve poderia sobreviver no Inferno? —


ela retrucou.

— É, foi o que eu pensei também — ele murmurou infeliz.

Ela deu um tapa nas costas dele. — Quando foi a última vez que você
subiu em uma árvore?

Seu rosto se contorceu pensativamente. — Dez anos, talvez.

Kyle estava agarrado ao galho, o rosto branco como um fantasma.

— Pule, Kyle, é divertido! — Cassidy insistiu com seu irmão gêmeo.


— Não se atreva a pular! — Isabelle gritou com o irmão, lançando um
olhar de silêncio para Cassidy.

Cassidy sorriu de volta enquanto pulava de um pé para o outro, nem um


pouco envergonhada. — Bem, é! — ela protestou.

— E se eu não tivesse pegado você? — Ethan exigiu.

Ela deu de ombros, recusando-se a ser intimidada por seus irmãos mais
velhos. — Iria doer, mas eu me curo rápido!

Isabelle balançou a cabeça e lutou para não rir quando encontrou o olhar
irritado de Ethan. — Como você argumenta com isso? — ela perguntou.

— Facilmente — disse ele antes de se voltar para Cassidy. — Mamãe e


papai descobririam o que você fez.

A boca de Cassidy caiu enquanto ela olhava preocupada para Willow e


Julian. — Só subimos em uma árvore! Não há nada de errado nisso! — ela
protestou.

— Depois que aqueles dois te desafiaram! — ele retrucou, lançando um


olhar de censura para Willow e Julian. Eles não pareciam remotamente
envergonhados enquanto olhavam descaradamente para ele.

— Esqueça isso, Ethan, você está lutando uma batalha perdida —


Isabelle disse a ele. — Kyle, corra para o galho abaixo de você! É uma queda
bem clara de lá.

— Eu estou assustado! — Kyle lamentou. — Eu não quero soltar.

— Que tipo de imortal tem medo de cair de uma árvore? — Julian


provocou.

— O tipo inteligente! — Ethan retrucou.


— Eu acho que você vai ter que ir buscá-lo — ela disse a Ethan.

— Estou velho demais para essa porcaria — ele murmurou enquanto


puxava com raiva seu cabelo preto desgrenhado.

Isabelle sorriu para ele, não dissuadida por sua expressão azeda. —
Você só tem vinte e cinco anos, pense como vai se sentir daqui a cem anos.

Ele se afastou dela e agarrou um dos grossos galhos mais baixos. Isabelle
protegeu os olhos do sol enquanto ele subia até o irmão. Kyle deslizou seus
bracinhos ao redor do pescoço de Ethan e subiu em suas costas, ele se
agarrou a ele para salvar sua vida. Isabelle abafou uma risada ao som do
engasgo de Ethan. Ela sabia que ele ficaria aborrecido se a ouvisse rindo dele,
mas fez de tudo para não fazê-lo. Muitos xingamentos, arranhões e ameaças
murmuradas depois, ele deslizou com segurança de volta ao chão. No minuto
em que atingiu o chão, Kyle pulou de suas costas e correu para se juntar a seus
irmãos.

— Não tão rápido! — Isabelle gritou quando eles se viraram para disparar
pelo caminho. — Não vai mais subir em árvores! E se eu descobrir que vocês
dois os desafiaram a fazer algo estúpido de novo, vou contar para mamãe e
papai, e vocês ficarão de castigo por um mês! Entendeu?

— Sim, sim — Willow e Julian murmuraram.

— Não me diga sim, sim, ou eu irei e contarei a eles agora mesmo.

— Não, não! — ambos gritaram. — Nós seremos bons.

— Bom, e vocês dois — ela continuou enquanto se virava para seus


irmãos mais novos. — Eu quero sua promessa de que se eles te desafiarem a
fazer algo, você não o fará.

— Nós prometemos! — Kyle e Cassidy juraram em uníssono.


Era uma promessa inútil, seria apenas uma questão de tempo até que
eles voltassem a se meter em alguma travessura ou outra. — Vá — disse ela,
cansada.

Eles se viraram e dispararam pelo caminho, desaparecendo facilmente


na floresta. — Quanto tempo você acha que vai demorar antes que eles
tenham problemas de novo? — Ethan perguntou enquanto puxava
distraidamente um galho de sua camisa.

— Antes que cheguem ao final do caminho — Isabelle respondeu com


um pequeno sorriso.

— Provavelmente. Então, o que está acontecendo com a mamãe?

Isabelle começou a descer o caminho. — Nada realmente, ela está quieta


desde que você contou a ela sobre encontrar sua amiga Karen no mês
passado.

— Kathleen — Ethan corrigiu.

— Tanto faz — ela respondeu distraidamente. — Além disso, com Aiden


indo para a faculdade neste outono, ela está um pouco chateada.

— Começando a ter a síndrome do ninho vazio?

Isabelle riu enquanto empurrava seu ombro. — Acho que este ninho
nunca ficará vazio.

Ethan sorriu de volta para ela. — Não com nós dois aqui. Ela estava
chateada com Kathleen?

— Sim, ela estava — Isabelle respondeu tristemente. — Ela tem falado


muito sobre ela desde então, relembrando e outras coisas.

Ethan franziu a testa pensativamente. — Eu sei que Kathleen parecia


sentir falta dela.
— Mamãe sente o mesmo. Toda vez que ela menciona seu nome, ela
fica com um olhar distante. É triste.

— Bem, não há nada que possamos fazer sobre isso.

— Eu sei — Isabelle sussurrou.

— Ei, não fique tão triste comigo agora!

Isabelle sorriu para ele enquanto empurrava seu braço. Ele sorriu
enquanto a empurrava de brincadeira. De todos os seus irmãos, Ethan era o
mais parecido com ela, e aquele de quem ela era mais próxima. Nenhum deles
tinha muito uso para a raça humana, além de comida, e Isabelle nem se
incomodou com eles para isso.

A ideia de realmente sair pelo mundo e viver entre as pessoas não


agradava a nenhum deles. Ao contrário dos dois, porém, Ian já estava
cursando a Universidade de Oregon e adorava. Aiden estava entusiasmado
por ir para a escola no outono e, embora Victoria e Abigail tivessem apenas
quinze anos, já estavam folheando os folhetos da faculdade.

No entanto, ela e Ethan estavam contentes em ficar aqui. Isabelle


raramente saía para o mundo, raramente saía de seu quintal. Ethan saía mais
do que ela, mas não tanto quanto os Stooges (como eles se referiam a Mike,
Doug, Jack e David), ou Ian, Aiden, Vicky e Abby. Isabelle não gostava
particularmente de humanos, e a ideia de realmente viver entre eles não a
atraía.

Ela gostava de sua vida aqui, da paz e segurança que oferecia. Ela supôs
que era covardia dela ficar escondida quando havia um mundo enorme que ela
poderia explorar facilmente. No entanto, ela nutria um medo secreto, e a
possibilidade de seu medo se tornar realidade era o suficiente para fazê-la
nunca mais querer ir embora.
Ela olhou para Ethan para encontrá-lo sorrindo, com as mãos nos bolsos
e a cabeça negra inclinada. — O que você pensa sobre? — ela perguntou
provocando.

Ethan imediatamente limpou o sorriso de seu rosto. — Nada.

Ela ergueu uma sobrancelha elegante enquanto sorria para ele


maliciosamente. — Garotas?

— Dificilmente — ele retrucou.

Ela riu enquanto jogava o cabelo para trás. — Não minta, Ethan, eu
conheço você.

Ele fez uma careta para ela quando eles saíram da floresta. — E você?
— Ele demandou.

Ela franziu a testa enquanto olhava para ele. — Quanto a mim? — ela
retrucou.

Ele sorriu para ela enquanto passava o braço em volta dos ombros dela.
— Rapazes? — ele provocou.

Isabelle riu enquanto se inclinava contra seu lado. — Eu não


desperdiçaria meu tempo ou minha energia.

— Falando em tempo e energia — Ethan gemeu quando uma


caminhonete, carregada com madeira, estacionou na garagem. Outro subiu a
colina e estacionou próximo a ela.

Isabelle começou a rir quando se livrou do braço dele. — É para nossa


casa — ela o lembrou.

— Isso significa que você vai ajudar? — ele perguntou.

— Sim, certo — ela respondeu.


Ela riu enquanto se afastava com Ethan resmungando atrás dela.
Isabelle distribuiu garrafas de água para Ethan, Aiden, Ian e Jack. Eles
os aceitaram ansiosamente, torcendo as tampas enquanto jogavam suas
ferramentas de lado. ela olhou em torno da grande estrutura que estavam
construindo. A casa teria dois andares, com quatro quartos, um porão pronto,
sala de jantar, sala de estar, cozinha, três banheiros e um lavabo, mas, por
enquanto, era apenas um esqueleto vazio. Quando concluído, seria
principalmente dela e de Ethan, mas quando Aiden e Ian voltassem da escola,
eles também ficariam aqui.

— Está indo bem — disse ela.

— Se você ajudasse, seria ainda mais rápido — disse Ethan.

— Ela mandou que limpássemos a serragem à medida que


avançassemos — retorquiu Jack.

Isabelle fez uma careta para ele enquanto examinava a bagunça ao seu
redor. Ferramentas elétricas, cavaletes e pedaços de madeira espalhados pelo
chão. Cabos de extensão corriam em uma centena de direções, e lonas foram
espalhadas em todos os lugares. Ela estava no que seria a sala de jantar, mas
agora estava completamente irreconhecível. O porão foi a única coisa feita,
mas ela sabia que não demorariam muito para terminar todo o resto.

Uma pequena bolha de felicidade cresceu dentro dela. Ela não podia
esperar até que estivesse pronto e eles pudessem se mudar. Pela primeira vez
em sua vida, ela teria alguma aparência de privacidade. Além disso, sua mãe
a ajudou a escolher a maioria dos balcões, pisos, tapetes, ladrilhos e tintas, e
ela mal podia esperar para começar a decorar.

— Onde estão David, Mike e Doug? — ela perguntou, segurando as três


garrafas de água não reclamadas.
— Eles ficaram espertos e saíram cedo para tomar banho — Ethan
murmurou, pegando outra garrafa dela. Ele despejou a maior parte na cabeça
antes de esguichar o resto na boca para molhar a garganta. Sacudindo o
cabelo molhado, ele enviou gotas de água em cascata sobre todos eles.

— Nojento — Isabelle protestou.

Ele sorriu para ela e jogou a garrafa na lata de lixo próxima. — Isso é o
mais próximo que vou chegar de um banho por pelo menos uma hora, então
me deixe em paz.

Ela sorriu de volta quando Ian e Jack pegaram as garrafas restantes. —


Acho que fui deixado de fora de novo — Aiden murmurou enquanto esfregava
o braço em seu rosto sujo e manchado de serragem. Ele parecia incrivelmente
com seu pai e Ethan, com seu cabelo preto e olhos verdes brilhantes, mas
Aiden era mais alto e mais magro, seu nariz um pouco maior e seu cabelo
encaracolado em vez de liso.

— Mova-se mais rápido da próxima vez — Ian retorquiu, sorrindo


alegremente. Serragem, suor e sujeira cobriam seu cabelo dourado. A sujeira
manchava seu rosto elegante , e os óculos cobrindo seus olhos azuis os faziam
parecer ainda maiores. Ele era o mais sólido e o mais alto de todos, com 1,80m.

— Onde seu pai foi? — Jack perguntou.

— Mãe — todos responderam em uníssono.

Jack balançou a cabeça, jogando água para todos os lados. — Mal


posso esperar para terminar isso — ele murmurou.

— Nem eu — Ethan concordou.

— Banheiros — disse Aiden com saudade.

— Bem, vocês vão entrar ou vão ficar aqui a noite toda? — ela perguntou
impaciente.
— Eu irei com vocês, talvez um chuveiro esteja aberto — Jack disse
esperançoso.

— Duvido — Ethan murmurou.

Eles correram pelo campo aberto e subiram os degraus dos fundos da


varanda. Willow estava na varanda, ela os observou até chegarem ao topo. —
O que você está fazendo aqui? — Isabelle perguntou.

— Vicky e Abby estão me deixando louca — ela murmurou. — E se você


está esperando por um banho, esqueça. Eles estão no banheiro há mais de
uma hora discutindo sobre quem tem o cabelo melhor.

— Eles são idênticos! — Jack murmurou.

— Não, sério? — Willow retrucou sarcasticamente.

Jack cruzou os braços sobre o peito enquanto a olhava severamente. —


Não há necessidade de ser uma espertinha.

— Aprendi com os melhores — retorquiu ela. Jack puxou seu cabelo


enquanto passava, lutando para esconder seu sorriso dela.

Ethan abriu as portas de vidro e entrou na cozinha, todos atrás dele.


Willow disparou para a sala contígua e fechou as portas de madeira atrás dela.
Quase imediatamente, Isabelle pôde ouvi-la brigando com Julian. A TV no
porão estava ligada e, acima do barulho, ela podia ouvir Kyle e Cassidy
brigando sobre o que queriam assistir. Acima de tudo, ela podia ouvir Vicky e
Abby discutindo sobre o secador de cabelo.

— Há dois secadores de cabelo!

Isabelle sorriu quando a voz de seu pai ressoou pela casa. Ela se
encostou no balcão, cruzando os braços sobre o peito enquanto Aiden, Ian e
Jack deslizavam cansadamente para as cadeiras da cozinha. Ethan encostou-
se ao balcão ao lado dela, ele cruzou as longas pernas diante dele enquanto a
mãe e o pai de Isabelle entravam na sala.

— Oi, pessoal — sua mãe cumprimentou alegremente. — Você está uma


bagunça.

— E não parece que vamos tomar banho aqui também — Jack


resmungou.

— Vou tirá-los de lá — seu pai disse a ele.

Ele se virou e voltou pelo corredor, gritando para Vicky e Abby saírem do
banheiro. Ele voltou para a cozinha ao som de passos fortes. — Pai! — eles
gritaram quando irromperam na cozinha. — Não terminamos!

— Prepare-se em seu quarto, então — ele disse a eles, não dissuadido


por seus beicinhos.

— Mas…

— Sem mas — disse ele com firmeza.

Ambos o encararam com olhos verdes suplicantes enquanto levantavam


o cabelo loiro claro e úmido e o estendiam. — A luz não está tão boa —
protestou Vicky.

— Victoria, outras pessoas precisam ir ao banheiro. Vá em frente, Jack


— disse a mãe de Isabelle.

— Ei, seus filhos não deveriam ir primeiro! — Ian protestou


instantaneamente. — Nós também somos imundos!

Jack se foi em um borrão de movimento antes que Ian pudesse terminar


sua frase.
— Eu tenho que aprender a fazer isso — disse Aiden com admiração.
Isabelle passou por ele, puxando seu cabelo enquanto se movia. — Ai! Sua
bruxa! Não é justo!

Isabelle riu enquanto voltava para seu lugar no balcão. Ela finalmente
conseguiu dominar esse poder particular no ano passado, quando atingiu a
maturidade. Irritava seus irmãos que ela pudesse fazer isso quando eles não
podiam. Ela adorava usá-lo neles.

— E nós? — Abby exigiu.

Sua mãe respirou fundo enquanto mordia o lábio e fechava os olhos. Seu
pai a envolveu em seus braços e a puxou contra seu peito.

— Use o banheiro no porão — seu pai disse a eles. Os gêmeos gemeram


em uníssono antes de se virarem e descerem as escadas. — Você realmente
quer mais?

Sua mãe riu enquanto ela balançava a cabeça. — Não por muito tempo.

— Ótimo — disse o pai.

Isabelle observou seus pais ficarem em silêncio, e então sua mãe caiu na
gargalhada e bateu em seu pai de brincadeira. Ela havia se ajustado há muito
tempo às conversas silenciosas que eles tinham um com o outro. Às vezes,
quando os observava, ela se perguntava como seria conhecer alguém que a
faria tão feliz, mas na maioria das vezes a ideia a assustava.

Ela não podia imaginar precisar tanto de alguém que morreria sem eles,
aterrorizava-a só de pensar nisso. Era a principal razão pela qual ela se
mantinha trancada. Era a última coisa que ela queria que lhe acontecesse.

Ela ficaria feliz em ficar aqui pelo resto de sua existência antes de
entregar seu coração, sua alma e sua liberdade para outra pessoa. Seus pais
não suportavam ficar separados por longos períodos de tempo e, quando
estavam separados, estavam em constante comunicação com a mente um do
outro. Ela sabia que o amor deles era raro e precioso, mas nunca se separar
de alguém era algo que ela não queria contemplar, muito menos experimentar.

— Então, como vão as coisas com a casa? — sua mãe perguntou.

— Elas estão indo — Ethan respondeu cansado.

Uma batida na porta da frente fez com que todas as cabeças se


virassem.

— Quem poderia ser? — Aiden ponderou.

— Provavelmente parte do material que encomendei para a nova casa,


era para chegar hoje — respondeu a mãe. Ela se desvencilhou dos braços de
Liam, passando rapidamente pela geladeira e descendo as escadas até a porta
da frente.

— Eu vou ajudá-la — disse Isabelle.

Ela mal podia esperar para colocar as mãos no novo material. Tinha que
ser a tinta que eles pediram, ou talvez os armários da cozinha. Ela sorriu com
antecipação quando seu pai de repente ficou rígido. Seus olhos brilharam em
um vermelho vibrante antes de ele desaparecer. Eles ficaram boquiabertos um
para o outro antes de se virarem e correrem para a porta da frente.
Quando chegaram à porta da frente, sua mãe e seu pai estavam do lado
de fora, ajoelhados sobre uma mulher. Isabelle derrapou ao parar quando
avistou a mulher de meia-idade no chão entre eles. — Kathleen! — Ethan
deixou escapar.

A boca de Isabelle caiu aberta. — O que aconteceu? — Aiden exigiu.

Sua mãe olhou para ele com lágrimas não derramadas em seus olhos
azuis violeta. — Ela desmaiou — ela sussurrou.

— Mãe! Mãe! — Foi então que Isabelle notou a jovem ajoelhada sobre
Kathleen, batendo levemente em seu rosto e tentando acordá-la.

— Que é aquele? — Aiden insistiu.

— Kathleen — Isabelle respondeu.

— Quem? — Ian perguntou confuso.

Ela revirou os olhos para eles. Se não tivesse a ver com menina ou
sangue, eles não prestavam atenção em nada. — A amiga da mamãe da
faculdade! — ela disse a eles impacientemente.

— Oh — ele disse estupidamente. — Ah Merda! — Ele exclamou em voz


alta quando a compreensão total afundou.

— Liam, levante-a, vamos levá-la para dentro — sua mãe ordenou


rapidamente.

Seu pai se curvou e pegou Kathleen.


— Ponha ela no chão! — a garota gritou enquanto puxava os braços de
seu pai. — Coloque-a no chão agora!

— O que está acontecendo? — Jack berrou do fundo da mochila ainda


amontoada na porta. — Isso é... oh, isso não pode ser bom.

— Saia do caminho, Jack! — seu pai estalou enquanto ele rapidamente


carregava Kathleen para dentro.

Sua mãe seguia ansiosamente atrás, seu belo rosto contraído de


apreensão. — Ethan, por favor, cuide de ah... filha de Kathleen.

Todos eles se viraram para olhar para a jovem enquanto ela olhava
preocupada para eles com grandes olhos azuis. Lágrimas marcaram seu lindo
rosto enquanto ela tentava passar por elas.

Ethan agarrou seus ombros e puxou-a para trás da porta. — Apenas se


acalme — disse ele.

Os olhos azuis da garota estavam cheios de angústia quando ela o


empurrou novamente. Ele agarrou seus braços esguios e os prendeu ao lado
do corpo. — Sua mãe está bem, ela só entrou para conversar com seus bons
amigos. — Os olhos da garota começaram a ficar vidrados quando o poder
dele começou a entrar em sua mente. — Você decidiu ficar aqui com a gente
enquanto eles nos alcançam. Ok?

Ela assentiu quando ele a soltou. Isabelle o empurrou para fora do


caminho e segurou as mãos flácidas da garota. — Qual o seu nome? — ela
perguntou.

— Delia — ela respondeu entorpecida.

— Delia, esse é um nome bonito. Quantos anos você tem, Delia?

A garota continuou a olhar para ela atordoada. — Dezesseis.


— O que te traz aqui? — Isabelle cutucou enquanto tentava tirar a garota
de seu transe.

Delia piscou confusa, e então seus olhos focaram em Isabelle. — Minha


mãe queria ver a sua.

Isabelle soltou um pequeno suspiro de alívio quando a garota começou


a recuperar a consciência plena. — Tenho certeza que elas vão se divertir.

— Sim, elas vão. Quem é você? — a garota perguntou.

— Eu sou Isabelle, e estes são meus irmãos Ethan, Aiden e Ian. O cara
feio com o cabelo molhado é Jack, um dos Patetas.

— Ei! — Jack protestou com raiva ao mesmo tempo em que Delia


perguntou. — Os Patetas?

Isabelle sorriu para Jack quando ele fez uma careta de desaprovação
para ela. — Sim, é assim que chamamos os amigos de nossos pais, Jack,
David, Mike e Doug.

A testa de Delia franziu enquanto ela franzia a testa. — Havia apenas três
patetas.

— Você está esquecendo Shemp — Ethan interrompeu. — Todo mundo


esquece Shemp. Confie em mim, uma vez que você conhece esses quatro,
eles são como os Patetas.

— Ei! — Jack protestou novamente enquanto franzia a testa para todos


eles. — Nós ajudamos a criar seus traseiros ingratos!

— Sim, e é por isso que somos do jeito que somos — retrucou Aiden.

Delia sorriu enquanto olhava por cima do ombro de Isabelle em direção


ao grupo reunido na varanda. Ela tinha maçãs do rosto delicadas e uma boca
carnuda. Ela era mais alta que Kathleen e mais magra, mas com a figura
curvilínea da mãe.

Outro conjunto de faróis brilhou na entrada da garagem.

— Quem é aquele? — O ar brincalhão de Jack desapareceu em um


instante enquanto todos se enrijeciam em preparação para o que estava por
vir.

— Essa é minha irmã, Jess, ela veio com o namorado. Você


provavelmente se lembra de Jess. — Ela se virou para Isabelle, seu rosto
ansioso enquanto olhava para ela esperançosamente. — Ela se lembra de
você.

Isabelle se lembrava vagamente de Jess. A última vez que a vira, ela tinha
oito anos. Jess era uma loira rechonchuda, de olhos azuis e travessura. Elas
ficaram amigas rapidamente, já que Jess era a única garota com quem Isabelle
brincava na época, Abby e Vicky sendo recém-nascidas. Para sua surpresa,
Isabelle de repente se viu ansiosa para vê-la novamente. Jess era tão divertida
quando elas eram mais novas, e seria bom ter alguém que não fosse suas irmãs
para variar.

— Oh maravilhoso — Jack murmurou. — Eu vou pegar os outros.

— Eu acho que você deveria — disse Ethan.

Todos eles se viraram quando as portas do carro se abriram e se


fecharam. A testa de Isabelle franziu quando o ar da noite de repente mudou e
se mexeu. Ela olhou preocupada para seus irmãos, suas posturas casuais
desapareceram enquanto examinavam a noite. Ethan farejou o ar em busca da
origem da súbita perturbação. Isabelle voltou sua atenção para o carro. Duas
pessoas estavam na frente dele, as sombras da noite os esconderam.

— Você sente isso? — ela sussurrou.

— Sim — os olhos de Ethan se estreitaram.


Aiden e Ian deram um passo à frente, seus corpos tensos e seus olhos
fixos nas sombras.

— O que é isso? — perguntou Ian.

Isabelle não sabia, mas irradiava dentro dela, sacudindo-a até o âmago.
Algo estava errado, algo não estava certo. Não era uma sensação assustadora,
mas mesmo assim a perturbou. Havia algo naquelas sombras que ela nunca
havia sentido antes, algo que ela não entendia.

— O que vocês estão falando? — Delia perguntou.

— Isabelle, entre — Ethan comandou.

Isabelle lançou-lhe um olhar desagradável enquanto sua mandíbula


apertava e suas mãos em punhos em seus lados. Ela não iria a lugar nenhum
se isso significasse deixá-los sozinhos com qualquer que fosse a estranha
presença. — Não.

— Vamos. — A voz de uma garota, a de Jess, cortou o ar.

Isabelle percebeu que ela estava puxando a mão do homem ao seu lado,
mas ele não estava se movendo.

— Pare.

A ordem, emitida com uma voz profunda e rouca, interrompeu os


movimentos de Jess. Isso também causou um choque de assombro e algo
mais, algo que ela não reconheceu, sacudindo Isabelle.

— Stefan — Jess disse impacientemente.

Isabelle se esforçou para ver através das sombras. Sua visão noturna era
excepcional, e ela podia ver uma garota pequena e magra com cabelos loiros
claros parada na frente do carro. Sua mão estava no braço do homem ao lado
dela. O olhar de Isabelle se fixou nele. Seus ombros eram largos, sua
constituição grande e musculosa, e seu cabelo da cor da noite que o cercava.
A perturbação no ar vinha dele.

— É ele — Ethan sussurrou.

— Sim — Aiden concordou, sua voz quase inaudível.

— Huh? — perguntou Délia.

Todos eles a ignoraram enquanto focavam sua atenção no estranho


homem escondido nas sombras. Isabelle mal conseguia distinguir os planos de
seu rosto e a firmeza de sua mandíbula. Ele parecia frio como concreto e estava
imóvel como pedra. Seus olhos eram da cor de ônix e focados neles.

—- Vamos Stefan! — Jess puxou seu braço novamente.

Ele encolheu os ombros quando as sombras o envolveram em seu


abraço. O coração de Isabelle saltou para a garganta. De repente ela sabia o
que estava acontecendo, o que ele era.

— Como sabe? Como! — ela engasgou.

— O que? — Delia perguntou confusa, enquanto dava um passo rápido


para longe de Isabelle e seus irmãos.

— Merda — a postura de Ethan tornou-se ainda mais rígida enquanto


suas mãos se fechavam ao lado do corpo. Seus irmãos se agruparam mais
perto.

— Vocês são estranhos — disse Delia enquanto seus olhos viajavam


com medo sobre eles. — Eu quero ver minha mãe.

— O que nós fazemos? — Aiden sussurrou.

Houve uma mudança entre as sombras, um pequeno eriçar quando o


homem se moveu levemente. — Eu não faria nada — ele os informou friamente.
Jess o chamou de Stefan, Isabelle lembrou enquanto ela deu um passo
instintivo para mais perto de seus irmãos. Havia algo em sua voz, algo estranho,
mas não desagradável, pois a envolvia como um manto quente. Isso fez algo
dentro dela, fez algo mexer e mudar de uma forma que ela nunca tinha
experimentado.

— Ethan — ela sussurrou com medo.

Ethan deu um passo à frente para protegê-la mais.

O homem, Stefan, riu fracamente quando finalmente começou a se


mover para frente. — Eu não vou te machucar.

Outro arrepio deslizou por Isabelle ao som de sua voz. As sombras se


separaram ao seu redor enquanto ele se movia para a luz. A respiração de
Isabelle congelou em seus pulmões, o mundo parecia balançar em seu eixo
enquanto seus olhos se fixavam nele. Os ângulos de seu rosto perfeitamente
esculpido foram destacados pela luz refletida em seu rosto forte.

Seu olhar percorreu seus irmãos antes de pousar nela. Seus olhos eram
negros como ônix e igualmente frios. Eles penetraram através dela, torturando
seus ossos enquanto pareciam roubar direto em sua alma. Ele era a única coisa
que ela podia ver e sentir.

Todo o resto desapareceu.

Então seu olhar se moveu dela, quebrando a breve conexão. Isabelle


sentiu uma incrível sensação de perda quando perdeu o fôlego e o mundo se
encaixou. Com um grito assustado, ela se virou e passou por Aiden e Ian
enquanto fugia para o santuário de sua casa.

***
Stefan não conseguia se mover quando seu olhar se fixou em um par de
olhos violeta puro. A jovem olhou para ele com um olhar de cervo nos faróis.
Seu cabelo era cor de chocolate, com mechas douradas sutis correndo por
suas profundezas brilhantes. Ele se enrolou em torno de seu lindo e delicado
rosto antes de cair pelas costas em ondas grossas. Seu nariz era pequeno e
estreito, suas narinas minúsculas se dilataram enquanto ela o olhava
boquiaberta.

Ela era alta e esbelta, com a graça elegante inata para sua espécie, mas
com ela, ele sabia que estaria presente mesmo se ela fosse humana. Ela era
linda, perfeita, diferente de qualquer pessoa que ele tinha visto antes. Quando
a delicada ponta de sua língua saiu para molhar nervosamente seus deliciosos
lábios, um raio de luxúria o percorreu.

Por um segundo, ela era tudo que ele podia ver, tudo que ele podia sentir.
Então, o homem ao lado dela se moveu. Os olhos de Stefan dispararam para
ele enquanto seus instintos disparavam em alta velocidade. Ele sabia o que
todos eles eram e sabia que iriam defender sua casa e uns aos outros.

Ele os sentiu a quilômetros de estrada, mas não sabia que estava indo
direto para o covil deles. Ele ainda não conseguia acreditar. Ele nunca tinha
visto tantos de sua espécie em um só lugar, e sabia que havia mais deles na
casa, e podia sentir ainda mais por perto.

Ele também sabia que eles não eram assassinos, mas poderiam atacá-
lo. Ele havia entrado em seu território, afinal, e sabia o quão territorial sua
espécie podia ser. Um grito estrangulado trouxe seu olhar de volta para a
mulher enquanto ela se virava e fugia. Olhares assustados surgiram nos rostos
dos dois que ela empurrou, mas eles não fizeram nenhum movimento para
detê-la. O outro deu um passo à frente, seu corpo rígido enquanto suas mãos
se fechavam em punhos ao seu lado.

— Acho que você não deveria estar aqui — disse o homem friamente.
Stefan também achava que ele não deveria estar aqui, mas ele não iria
dizer isso a ele. Ele era mais forte do que a maioria de sua espécie, mas com
tantos deles aqui, ele sabia que enfrentaria uma batalha árdua. Um do qual ele
não sairia ileso, especialmente se tivesse que proteger Jess e Delia deles.

— Vocês são as pessoas mais assustadoras que já conheci! — Delia


chorou. — Quero ver minha mãe!

— Délia, cale a boca! — Stefan ordenou.

Seu olhar disparou para a jovem na varanda, Delia estava facilmente ao


alcance deles, e se eles quisessem matá-la, eles poderiam em segundos. A
última coisa que ele precisava era que ela chamasse ainda mais atenção para
si mesma. Ele precisava de todos os seus sentidos agora, e os gritos de Delia
não estavam ajudando.

— Stefan! — Jess chorou ao mesmo tempo em que Delia começou a


gritar.

Ele propositalmente os excluiu enquanto sintonizava seus sentidos com


o ar ao seu redor. Detectando a aproximação de outros, ele se virou, então seu
corpo estava a meio caminho entre a varanda e as sombras na borda da casa.
Ele soube imediatamente que eram quatro.

Eles correram ao virar a esquina e pararam derrapando quando seus


olhos pousaram nele. Ele meio agachado preparado para lutar até a morte
quando um silvo escapou dele. Os três na varanda deram um passo em direção
a ele, a hostilidade irradiando de cada centímetro deles. Os músculos de Stefan
se contraíram em antecipação a uma luta.

Jess e Delia deram um passo para trás assustados. Delia começou a


gritar histericamente, fazendo Stefan estremecer com o som áspero de sua voz
áspera.

— Stefan Corelli!
A descrença o percorreu quando um dos recém-chegados chamou seu
nome e deu um passo à frente. A animosidade em torno do homem segundos
antes desapareceu instantaneamente. Stefan permaneceu rígido enquanto se
endireitava lentamente. Seus olhos focaram no homem alto e loiro que falou
seu nome. A princípio, ele não conseguia se lembrar de quem era, então o
reconhecimento surgiu e uma pequena risada escapou dele.

— David? — Stefan perguntou incrédulo.

— Sim, o que você está fazendo aqui? — David sorriu enquanto


avançava e estendeu a mão. Stefan aceitou e apertou-o vigorosamente.

— O que está acontecendo? — Jess plantou as mãos nos quadris


enquanto olhava para eles.

— Isso é o que gostaríamos de saber — murmurou um dos outros recém-


chegados.

David olhou por cima do ombro e finalmente notou os dois humanos


reunidos atrás de Stefan. — Quem é você? — Davi exigiu.

— Filhas de Kathleen — respondeu o homem alto na frente da varanda.

David virou-se para ele. — O que?

— Sim, não pergunte. Quem é? — ele perguntou acenando para Stefan.

David piscou surpreso enquanto olhava entre Stefan e o grupo reunido


na varanda. — Este é Stefan. Eu o conheci quando fui para a faculdade na
Pensilvânia. Foi ele quem me contou sobre o que estava acontecendo com
Liam e Sera.

— Esses são os filhos deles? — Stefan deixou escapar.


— Alguns deles. Esses são Ethan, Aiden e Ian Byrne — David acenou
para o grupo ainda reunido na varanda. — Esses são meus amigos Mike, Doug
e Jack. Já falei sobre eles antes.

— Sim, eu me lembro — Stefan respondeu. Ele tinha ouvido falar de


crianças vampiras, foi dito que elas eram de aparência normal, mas ele nunca
tinha visto uma. Foi incrível. — Quem era a garota? — ele perguntou.

— A garota era nossa irmã, Isabelle — Ethan respondeu friamente.

As sobrancelhas de Stefan se ergueram com o tom agressivo da voz do


garoto, mas ele se absteve de dizer qualquer coisa.

— O que está acontecendo? — Delia perguntou estridentemente.

— Alguém vai ter que cuidar deles — disse Stefan, acenando com a mão
com desdém para os humanos atrás dele.

— Eu não — anunciou Jack. — Eu tive o suficiente de fazer isso com


Kathleen anos atrás.

— O que você fez com a minha mãe? — Jess quase gritou.

— O que você vai fazer com a gente? — Delia gritou enquanto se


afastava da varanda.

— São todos seus. É uma sessão de treinamento perfeita para aprimorar


seus poderes de persuasão — disse David aos homens na varanda. — Por que
não vamos a algum lugar um pouco menos caótico e nos atualizamos? — ele
perguntou a Stefan.

— Boa ideia — Stefan respondeu.


Isabelle acordou com um gemido ao som das batidas intermináveis de
um martelo e o zumbido irritante de uma serra ressoando em seus ouvidos.
Gemendo miseravelmente, ela agarrou o travesseiro e o puxou sobre a cabeça.
Ela mal havia dormido na noite passada, e não era assim que ela queria ser
acordada. Por que eles estavam trabalhando na nova casa tão cedo? Ela se
perguntou com raiva.

Então ela percebeu que era ridícula. Se tivessem começado mais tarde,
ela os teria arrastado para fora da cama para fazê-los se mexer. Ela estava
apenas aborrecida porque não tinha adormecido até o sol começar a espreitar
no horizonte. Ela gemeu novamente ao se lembrar do motivo de ter tido tanta
dificuldade em adormecer.

Ele.

Gemendo de novo, ela puxou o travesseiro com mais firmeza sobre a


cabeça. O gesto foi inútil, diminuía as batidas, mas não fazia nada para apagar
a imagem dele gravada em seu cérebro.

Ela se lembrou da história que sua mãe contou sobre a primeira vez que
ela viu seu pai e como o mundo parecia desaparecer. A náusea revirou o
estômago de Isabelle. Ela não queria ser sua mãe e seu pai. Ela queria uma
vida pacífica onde só precisava de si mesma para sobreviver.

Com outro gemido alto, ela finalmente admitiu a derrota, ela não
conseguiria mais dormir. Suspirando com raiva, ela jogou o travesseiro de lado
e jogou fora o lençol. Ela estava se adiantando no que dizia respeito a ele. Só
porque o mundo pareceu desaparecer quando ela o viu, não significava que
ele era sua alma gêmea. Tudo o que isso significava era que ela finalmente
encontrou seu primeiro vampiro, fora de sua família e amigos próximos, e isso
a abalou. Isso foi tudo. Era a única razão pela qual as coisas estavam tão
estranhas ontem à noite.

No entanto, não importava o que ela dissesse a si mesma, ela não


conseguia afastar a imagem dele de sua mente, ou os estranhos sentimentos
que ele invocava nela.

Felizmente, ele iria embora hoje. Esperançosamente, ele já era. Ela


pensou que a ideia seria agradável, ela ficou enojada ao perceber que não era.

— Isabelle!

Sua porta se abriu com um estrondo ao bater contra a parede. Ela pulou
quando suas irmãs invadiram a sala como um tsunami. Ela não se preocupou
em virar e encarar Abby e Vicky enquanto balançava as pernas para fora da
cama. Ela nunca conheceu a privacidade, ela não se preocupou em tentar
comer agora. Ela rapidamente juntou suas roupas enquanto se movia em
direção ao seu pequeno lavabo.

— E aí? — ela perguntou cansada.

Tudo o que ela queria era lavar o rosto, isso a ajudaria a se sentir melhor
e a acordar. — E aí? — eles exigiram enquanto a seguiam até a porta.

— Você não sabe? — Abby cobrou.

Não, ela não sabia qual era o novo melodrama deles e não se importava
particularmente. Isabelle fechou a porta na cara de Abby e encostou-se nela.
— Se apresse! — Vicky gritou.

Afastou-se da porta, abriu a torneira de água fria e lavou o rosto com ela.
Sentindo-se muito melhor, vestiu-se rapidamente, prendeu os cabelos grossos
em um rabo de cavalo e abriu a porta. Suas irmãs estavam sentadas em sua
cama, suas mãos entrelaçadas diante deles enquanto olhavam ansiosamente
para ela.
Ela sabia que se arrependeria de perguntar, Vicky e Abby poderiam
continuar indefinidamente quando algo as excitasse. Isabelle geralmente
acabava com dor de cabeça por tentar acompanhar a conversa fútil quando
terminavam, mas ela perguntou. — Sabe o que?

— Eles vão ficar aqui! — Vicky exclamou. — Não podemos entrar no


banheiro agora, muito menos com mais duas pessoas na casa!

Isabelle piscou confusa enquanto jogava a camisola no cesto. — Quem


vai ficar aqui?

— Kathleen e seus filhos! — eles gritaram em uníssono.

Isabelle virou-se para eles enquanto sua boca se abria. Ela havia se
esquecido completamente de Kathleen, Delia e Jess em sua confusão e
autopiedade na noite anterior.

— O que? — ela quase gritou.

— Sim — disse Abby, balançando a cabeça dourada com entusiasmo.


— Kathleen começa um novo emprego em duas semanas, ela achou que seria
divertido parar e surpreender a mamãe. Eles os convidaram para ficar o tempo
todo!

Isabelle sentiu como se alguém tivesse despejado um balde de água


gelada sobre sua cabeça enquanto seu corpo inteiro ficava completamente
dormente. — E quanto ao namorado de Jess? — ela resmungou.

— Ele é tão gostoso! — Vicky piscou os olhos sonhadoramente enquanto


cruzava as mãos sob o queixo. — Você sabe que foi ele quem contou a David
o que estava acontecendo com mamãe e papai? Ele tem mais de duzentos
anos!

Isabelle não se importava com nada disso. Só havia uma coisa com a
qual ela se importava. — Ele vai ficar aqui? — ela conseguiu sufocar.
— Sim, ele está ajudando com a nova casa agora!

A garganta de Isabelle ficou seca, e seu coração pulou em sua garganta.


Não havia espaço em nenhuma das casas agora, onde todos ficariam? Um
calafrio de apreensão começou a percorrê-la enquanto ela olhava ao redor de
seu quarto. Havia mais espaço na outra casa. Havia um banheiro extra, e se
alguém dormisse...

Isabelle desligou o pensamento quando o pânico começou a apertar seu


peito.

— Ele vai ficar na outra casa com Jess. Ela não vai voltar para a faculdade
por algumas semanas. Talvez eles sejam almas gêmeas como mamãe e papai!
Isso é tão romântico! — Abby chorou.

Isabelle sentiu como se um punho a acertasse no estômago. Ela lutou


para recuperar o fôlego e absorver tudo o que eles estavam dizendo. Ele estava
hospedado aqui? Com Jess? Por duas semanas? Seus pensamentos eram
uma bagunça dispersa, nenhum dos quais era nem um pouco romântico.

— Eu não acho que eles são — Vicky contradisse Abby. — Eles com
certeza não agem como mamãe e papai. Quer dizer, ele nem viu Jess depois
que saiu com os Patetas ontem à noite.

— Isso é verdade — disse Abby enquanto mordia o lábio inferior.

— Isabelle, o que há de errado? Parece que você viu um fantasma? —


Exigiu Vicky.

Piscando para fora de seus pensamentos horríveis, ela se forçou a se


concentrar nos rostos idênticos diante dela. — Ah, nada. Como eles vão ficar
aqui? Quero dizer, Kathleen é amiga da escola da mamãe, ela desmaiou
quando a viu ontem à noite! Eles não podem ficar aqui! Como qualquer um
deles pode explicar como eles não conseguiram ter envelhecido nos últimos
vinte e cinco anos?
— Stefan cuidou disso. Seus poderes são muito fortes já que ele é tão
velho! — Abby respirou reverentemente. — Ele fez isso sempre que Kathleen,
Jess e Delia olham para mamãe, papai e The Stooges, eles veem pessoas na
casa dos quarenta.

Isabelle ficou boquiaberta para eles, consternada. Ela podia manipular as


memórias das pessoas, mas apenas um ou dois momentos delas, e isso
sempre a deixava cansada e esgotada. Ela não podia começar a imaginar a
quantidade de energia necessária para realizar tal façanha.

— Ele pode fazer isso? — ela respirou.

— Sim, isso não é incrível? Você pode imaginar o que mais ele deve ser
capaz de fazer?

Não, ela não podia, e ela não queria. Ela estremeceu involuntariamente
enquanto suas irmãs continuavam a tagarelar sobre o namorado de Jess.

— Isabelle. — Ela se virou quando a cabeça de sua mãe apareceu na


porta.

— Sim? — ela perguntou trêmula.

Sua mãe franziu a testa quando ela entrou totalmente na porta. — Você
está bem?

— Sim — ela mentiu.

O olhar de sua mãe procurou seu rosto, mas Isabelle se forçou a


permanecer externamente serena, embora ela fosse uma massa fervilhante de
turbulência. — Vejo que você ouviu a notícia.

— Sim.

— Será apenas por um tempo, e Jess voltará para a escola em duas


semanas. Além disso, a nova casa estará pronta em breve.
Isabelle assentiu entorpecida. — Está tudo bem, mãe.

— Bem, até a casa estar pronta, eu queria saber se um...

O calafrio de Isabelle tornou-se um iceberg quando seu terror de antes


voltou à vida. Se alguém dividisse um quarto, haveria mais camas disponíveis
na outra casa, e Aiden logo partiria para o treino de futebol. Por favor, não, ela
implorou silenciosamente. Por favor.

— Você se importaria de ficar na outra casa com os caras e Jess? — sua


mãe perguntou. — Sei que é pedir muito, mas Aiden parte para a faculdade na
segunda-feira e Ian sai em uma semana e meia. Em pouco tempo, você terá
mais privacidade lá. Também lhe dará a chance de alcançar Jess. Vocês duas
eram próximas quando crianças.

Os ombros de Isabelle caíram quando seus apelos inéditos ficaram sem


resposta. Em qualquer outro momento, Isabelle aproveitaria a oportunidade,
mas agora o pensamento fazia seu estômago doer.

— Você acha que eles são almas gêmeas mãe? — Abby perguntou
animadamente.

Sua mãe sorriu enquanto ela balançava a cabeça. — Eu não sei querida,
talvez.

— Isso seria tão incrível! — Abby jorrou, sempre romântica no coração.

— Então, Isabelle, o que você diz? — sua mãe perguntou, seus olhos
azul-violeta esperançosos enquanto ela estudava Isabelle.

Isabelle queria dizer não, queria gritar não, mas não conseguia fazer isso.
A mãe dela ficou tão triste depois que Ethan disse a ela que encontrou
Kathleen. A nostalgia na voz de sua mãe quando ela falou de sua velha amiga
partiu o coração de Isabelle. Esta foi a chance de sua mãe alcançar Kathleen,
passar algum tempo com sua amiga e recuperar parte do tempo que ela foi
forçada a desistir.
Sua mãe faria qualquer coisa por ela, Isabelle não podia recusar esse
simples favor, por mais infeliz que isso a deixasse. Seria apenas por algumas
semanas, ela poderia aguentar algumas semanas. Nada de ruim viria disso. Ela
esperava.

— Claro mãe, sem problemas. — Ela engasgou com as palavras após o


nó na garganta.

Sua mãe sorriu para ela. — Obrigado, Isabelle, eu te devo uma. — Mais
de uma, pensou Isabelle. — Por que vocês não levam algumas bebidas para o
canteiro de obras? — sua mãe sugeriu aos gêmeos. Eles pularam da cama
ansiosamente e fugiram pelo corredor, discutindo sobre qual deles iria servir
Stefan. — Eu acho que eles têm uma queda por ele.

— Sim — Isabelle murmurou distraidamente. Sua mente já estava focada


em como ela passaria a próxima semana.

— Tem certeza que você está bem?

— Sim, mãe, estou bem.

— Você precisa de uma mão para mover suas coisas?

***

Duas horas depois, Isabelle lamentava muito o fato de ter recusado a


oferta de ajuda de sua mãe, optando por recrutar Abby e Vicky. Elas não
fizeram nada além de falar sobre Stefan e como ele era incrível. Ela estava com
uma dor de cabeça latejante e jurou que, se ouvisse o nome dele mais uma
vez, gritaria.
Sem mencionar que elas quase não ajudaram em nada. Ela só arrumou
três malas e duas malas para levar consigo. Ela já havia empacotado a maioria
das coisas em seu quarto em preparação para a mudança para sua nova casa,
então havia pouco para levar com ela.

Ethan abriu a porta de tela para ela quando eles pisaram na varanda. Ele
pegou uma das malas dela enquanto olhava para os gêmeos com um sorriso
divertido. Cada um deles carregava uma pequena mochila, enquanto ela
carregava as duas malas e uma bolsa.

— Tirou uma folga? — ela perguntou irritada.

Ele lançou um sorriso para ela enquanto caminhava de volta para a casa.
— Com certeza. Está quente como o inferno lá fora. Eu posso ver que você
tem muita ajuda.

Isabelle olhou para o ladrilho da cozinha sob seus pés, tão coberto de
sujeira e pegadas que era difícil dizer que o ladrilho era azul claro em vez de
cinza fosco. A cozinha estava limpa, mas apenas porque eles não a usavam
com frequência.

— Sim — ela murmurou.

— Doug vai dormir com David, então você vai ter o porão só para você.
Tem um lavabo lá embaixo.

— Eu sei — ela murmurou.

Ele deu outro sorriso enquanto se dirigiam para a sala de estar, onde era
terrivelmente óbvio que um bando de solteiros morava aqui. Dois sofás verde-
floresta ficavam de frente para a TV de tela grande na parede oposta. Duas
poltronas reclináveis verdes estavam dispostas em ângulo na ponta dos sofás,
seus apoios para os pés gastos ainda estavam no ar. A mesa de centro no
centro da oval era de madeira escura, mas o verniz estava desbotado e
arranhado, e pelo menos uma dúzia de anéis de água o estragavam. Uma tela
no canto já foi branca, mas a poeira e o tempo a amarelaram, e a imagem de
um cervo em um prado colorido estava desbotada.

A sala era de uma cor creme clara, mas as paredes estavam manchadas
de sujeira e marcas de dedos e precisavam desesperadamente de uma nova
camada de tinta. A poeira cobria a TV e as cortinas verde-claras. As janelas
estavam tão manchadas quanto as paredes. A estante, entre as duas janelas
na parede do lado esquerdo, estava cheia de velhos livros de bolso jogados ao
acaso sobre ela.

Franzindo o nariz, Isabelle estudou a sala com leve desgosto, imaginando


quanto tempo levaria para limpar tudo. — Nós só vamos ficar aqui por algumas
semanas — disse Ethan.

— Eu sei.

Ele olhou para ela por cima do ombro enquanto caminhava pela sala.
Mais pegadas marcavam o velho carpete verde. Estava esfarrapado e
desgastado pelo tempo, e rasgado no chão em alguns lugares. — Portanto,
não planeje refazer tudo e não enlouqueça com a limpeza.

Às vezes era bom ter alguém que a conhecia tão bem quanto Ethan,
outras vezes, ele era um pé no saco. — Eu não estava — ela murmurou
enquanto o seguia descendo as escadas até o porão.

— Mentirosa.

— Você vai se divertir muito aqui, Issy! — Abby chorou com entusiasmo.

Isabelle revirou os olhos ao entrar no porão que era dividido por uma
simples parede de compensado. Eles estavam parados na lavanderia e na sala
de musculação, os quais raramente eram usados. Ethan liderou o caminho até
a porta na parede simplesmente montada e a abriu. Isabelle entrou e gemeu.

O quarto era grande e simples. A cama era queen size, com uma
pequena cabeceira de madeira e sem estribo. Estava completamente
despojado para revelar o colchão velho e recortado. Uma TV estava em um
suporte de metal de aparência frágil, ambos cinza com poeira. Uma pequena
janela foi colocada na parede mais à direita, uma cortina preta surrada pairava
sobre ela para bloquear o sol. A porta do lavabo estava entreaberta, Isabelle
não queria saber como era lá dentro. A sala inteira estava úmida e cheirava a
mofo.

— Estou limpando isso. — Isabelle largou a mala no carpete creme sujo.

— Eu não duvido — Ethan murmurou.

— Ugh, cheira mofo aqui. — Vicky enrugou seu nariz minúsculo.

Isabelle cruzou para o pequeno lance de escadas no lado esquerdo e


empurrou as portas abertas. Ela inalou o ar fresco do verão com gratidão. —
Você poderia abrir a janela para mim? — ela chamou por cima do ombro.

Abby rapidamente abriu a cortina e baixou a pequena janela. Ela empinou


o nariz e respirou fundo. — Só não tenha nenhuma ideia sobre o resto da casa
— Ethan disse a ela. — Você vai ter um novo para decorar e esfregar em breve.

— Sim, sim — Isabelle respondeu distraidamente. Sua mente já estava


tentando descobrir por onde começar.

Ethan gemeu enquanto se movia pela sala. — Só não deixe todo o lugar
cheirando a flores ou algum outro perfume feminino. Somos homens viris aqui.
Ah merda, estamos ferrados. Vejo você mais tarde.

Isabelle tentou não sorrir quando ele balançou a cabeça e se virou. Ele
fugiu rapidamente pelas portas, ainda resmungando para si mesmo enquanto
desaparecia.

— Você quer que a gente ajude? — Vicky perguntou.

Isabelle gemeu interiormente enquanto assentia. Ela pode não querer,


mas vai precisar de toda a ajuda que conseguir.
***

Horas depois, ela tinha as paredes limpas quase brancas novamente, o


tapete aspirado e lavado, tudo espanado, a cama bem arrumada e o quarto
cheirando maravilhosamente a ar fresco e maçã.

Seu cabelo caía em mechas molhadas ao redor de seu rosto, e suas


roupas estavam sujas e suadas enquanto grudavam nela. Vicky e Abby
pareciam tão ruins quanto. Felizmente, eles não estavam mais reclamando ou
tagarelando sobre Stefan. Agora, eles estavam sentados na cama, cansados
demais para se mexer.

— Vou tomar banho — disse Isabelle.

Eles assentiram enquanto Isabelle juntava suas roupas e saía do porão e


subia as escadas. Atravessando a sala de estar, ela subiu para o banheiro
completo, que também precisava desesperadamente de uma boa limpeza.

Ela se forçou a não gemer enquanto percebia a bagunça absoluta. Pasta


de dente e escovas de dente estavam espalhadas ao acaso pela pia, e o
amarelo da bacia era quase branco por causa da pasta de dente e do creme
de barbear. O chão estava imundo, ela nem queria olhar para o banheiro, e
mofo cobria o chuveiro.

Ela se forçou a não pensar em nada disso enquanto tomava um banho


rápido, se vestia e saía do quarto antes de começar a limpá-lo agora. Seria seu
primeiro projeto amanhã. Ela se perguntou se poderia recrutar Vicky e Abby
novamente, mas duvidava. Eles só a ajudaram hoje na esperança de ver
Stefan, mas ele ficou no canteiro de obras com todos os outros. Ela se
perguntou se Jess estaria disposta a ajudar. Ela ia precisar.

Ela entrou em seu novo quarto novamente e jogou suas roupas sujas no
cesto. Amanhã ela faria a ronda, recolheria a roupa suja de todos e se
certificaria de que estava tudo limpo até o final do dia. Enquanto ela estivesse
aqui, ela se certificaria de que todos tivessem muitas roupas limpas e uma casa
limpa. Ela voltou sua atenção para Vicky e Abby, que pareciam não ter se
movido um centímetro.

— Vocês gostariam de me ajudar amanhã?

Eles trocaram olhares rápidos. — Bem, nós estávamos indo, ah…

— Não se preocupe com isso — ela interrompeu com um sorriso.

— Talvez a gente passe mais tarde — ofereceu Vicky.

— Tudo bem — Isabelle assegurou-lhes.

— Isabelle!

Ela quase pulou fora de sua pele quando a cabeça de Willow apareceu
na porta do porão. Ela nem precisava perguntar, o olhar no rosto de Willow
dizia tudo. — O que você fez agora? — ela murmurou enquanto subia a
escada.

Willow se virou e começou a correr. Isabelle a seguiu pelos fundos da


casa e em direção à floresta. Willow correu graciosamente por uma trilha,
desviando dos galhos das árvores que batiam nos braços e pernas de Isabelle.
Xingando e resmungando com raiva, ela não estava prestando atenção para
onde eles estavam indo. Willow parou abruptamente em uma pequena clareira,
se ela não tivesse agarrado Isabelle, ela teria despencado bem na borda do
poço no meio da clareira.

Parando derrapando, seus olhos pousaram no buraco que tinha cerca


de três metros de diâmetro. Parecia grotescamente deslocado no meio da
pequena clareira. — O que…

— Isabelle!
A surpresa a percorreu quando a vozinha saiu do buraco. Ela caminhou
cuidadosamente até a borda do poço e olhou para baixo. Seu coração pulou
em sua garganta, e seu sangue gelou quando ela viu Julian a cerca de um
metro de profundidade, agarrado a uma raiz de árvore com os pés balançando
no ar. Abaixo dele havia pelo menos cem velhas estacas de madeira de
aparência mortal. Ela levou apenas um segundo para perceber que ele havia
caído em uma armadilha de urso há muito esquecida.

Isabelle caiu de joelhos e correu para a borda do buraco. Julian a encarou


com olhos azuis suplicantes. Sujeira e suor emaranhavam seu cabelo preto na
testa. — Isabelle, me ajude — ele implorou.

— Espere Julian, não se atreva a soltar essa raiz.

— Diga-me algo que eu não sei — ele respondeu desoladamente.

— Não há necessidade de ser sarcástico — ela murmurou enquanto caía


de bruços e chegava mais perto da borda. Ela se inclinou para dentro do
buraco, mas ele estava mais abaixo do que ela pensava. — Merda — ela
murmurou, balançando ainda mais sobre a borda. — Willow, segure meus
tornozelos! — ela gritou.

Quando as mãos de Willow envolveram seus tornozelos, ela se mexeu


ainda mais até que estava meio dentro e meio fora do buraco. — Julian, pegue
minhas mãos! — ela falou, mal conseguindo respirar com a pressão em seu
estômago. Ele hesitou antes de se esticar e agarrar um dos braços dela. Ela
agarrou seu pequeno antebraço. — Agora o outro.

Ele mordeu o lábio inferior enquanto seu rosto empalidecia visivelmente.


Ele soltou a raiz e agarrou o outro braço dela.

— Isabelle! — Willow engasgou. — Você é muito pesado!

O desânimo a percorreu enquanto ela lutava para respirar. — Não se


atreva a soltar! — ela gritou.
— Se você soltar, eu vou assombrá-la pelo resto da minha vida após a
morte! — Julian gritou.

Isabelle ergueu uma sobrancelha enquanto olhava para ele. — Isso não
é uma grande ameaça — ela murmurou. — Ela já tem que lidar com você por
toda a eternidade, ela pode arriscar que você não seja capaz de incomodá-la
em forma de fantasma.

Ela não pensou que fosse possível, mas ele empalideceu ainda mais. —
Isso não é engraçado!

— Willow, puxe-nos para cima! — Isabelle comandou.

— Estou tentando! — Willow chorou.

Isabelle fechou os olhos e cerrou os dentes enquanto tentava se mexer


para trás. Seus braços estavam começando a doer e estava ficando cada vez
mais difícil respirar. Willow puxou seus tornozelos, puxando-os para trás
centímetro por centímetro terrivelmente lento. Os três gritaram quando Willow
perdeu o equilíbrio e deslizou para o chão.

Isabelle escorregou para trás sobre a borda, desta vez para os quadris
antes de ser puxada para uma parada. Julian parecia prestes a chorar quando
ele, por sua vez, também foi parado. Seus braços gritaram em agonia quando
seus ombros quase foram arrancados de suas órbitas pela força de seu peso.

— Sinto muito — Willow ofegou. — Eu não posso fazer isso.

Isabelle fechou os olhos e gemeu. O que ela ia fazer? Onde estavam


Vicky e Abby? — Isabelle — Julian ofegou.

— Está tudo bem, apenas espere. Willow, você tem que fazer isso!

— Eu não posso — ela gritou, sua voz embargada pelas lágrimas.


— Então vá buscar ajuda! — ela latiu, sua paciência no fim. Ela estava
morrendo de medo, segurando seu irmão sobre a morte certa, e muito perto
de sua morte. Ela não teve tempo de lidar com as lágrimas de Willow.

— Mas…

— Vá! — ela e Julian gritaram ao mesmo tempo.

Seus tornozelos foram soltos e ela deslizou alguns centímetros para


frente. O horror levou seu coração até a garganta enquanto ela tentava
enterrar os pés no chão. O escorregar parou quando ela conseguiu plantar os
dedos dos pés na terra. A adrenalina a sacudiu enquanto ela olhava para
Julian.

— Eu juro que se sairmos dessa eu vou te matar! — ela ralou por entre
os dentes.

Julian conseguiu dar um sorriso pálido enquanto lançava um olhar


preocupado para trás. — Por favor, não solte.

— Eu nunca vou deixar ir — ela assegurou. Ela iria despencar com ele
antes mesmo de soltá-lo. As mãos de Julian cravaram em sua pele enquanto
ele levantava a cabeça para olhá-la novamente. Seus olhos se encheram de
lágrimas não derramadas enquanto seu lábio inferior tremia. — Como você
consegue se meter nessas confusões?

— Estávamos apenas caminhando — ele sussurrou melancolicamente.

Isabelle fechou os olhos e baixou a cabeça. O cheiro da sujeira encheu


suas narinas enquanto ela inalava profundamente e tentava ignorar a tortura
crescendo em seus braços e ombros. Os músculos de suas pernas estavam
sendo esticados além de sua capacidade, e seus pés estavam começando a
ter cãibras por cavar no chão. Ela não sabia quanto tempo mais poderia evitar
que ambos caíssem no poço. Ela cerrou os dentes, determinada a aguentar o
quanto fosse necessário.
— Seu cabelo está me fazendo cócegas — Julian a informou.

— Desculpe — ela murmurou enquanto levantava a cabeça.

Mãos de repente agarraram sua cintura. Ela gritou quando foi arrancada
do chão e Julian veio com ela. Tropeçando para trás, suas pernas trêmulas mal
a sustentavam quando ela foi colocada no chão. Uma mão forte em suas
costas rapidamente a endireitou.

Um choque de algo rasgou seu corpo, mas foi rapidamente esquecido


quando Julian caiu contra ela. Seus braços rodearam sua cintura enquanto ele
enterrava a cabeça em seu peito. Ela baixou a cabeça para a dele enquanto
ele se sacudia contra ela.

— Está tudo bem — ela acalmou.

Ele levantou a cabeça. Lágrimas deslizaram pela sujeira em suas


bochechas, deixando rastros limpos em seu rosto. Isabelle não via Julian
chorar desde os quatro anos de idade, e isso foi há mais de oito anos. Ele
sempre tentou imitar seus irmãos mais velhos e ser tão durão quanto pensava
que eles eram.

— Ei, está tudo bem agora. — Ela enxugou as lágrimas e a sujeira de


suas bochechas enquanto ele enterrava a cabeça contra ela novamente.

— Você ainda vai me matar? — ele murmurou.

Ela riu enquanto o abraçava. — Não, mas vou na próxima vez.

— É um acordo — ele prometeu fervorosamente.

Ele se afastou dela, enxugando as lágrimas de seu rosto enquanto seu


olhar viajava atrás dela. Seu rosto ficou treze tons de vermelho. Isabelle franziu
a testa enquanto se virava para ver qual de seus irmãos os havia tirado do
buraco. Pela expressão no rosto de Julian, tinha que ser Ethan, ele era o que
Julian mais admirava.
Sua respiração congelou em seu peito quando seus olhos se fixaram em
um par de ônix perturbados. A mandíbula de Stefan estava travada, sujeira,
serragem e suor cobriam seu belo rosto de ossos fortes. Sua camisa estava
fora, revelando seu peito largo e ombros largos. Músculos e tendões
ondulavam sob as camadas de sujeira e suor que o revestiam. Mais músculos
enrugaram seu estômago, e Isabelle instantaneamente entendeu o termo
tanquinho quando sua boca ficou seca.

Ela engoliu nervosamente enquanto seu olhar viajava sobre sua cintura
afunilada antes de se mover mais para baixo. O jeans sujo que ele usava
abraçava suas coxas bem musculosas e a protuberância perceptível entre as
pernas. Ela empurrou seu olhar para longe e de volta para o peito dele. Cabelos
pretos grossos enrolados sobre seu peito, circulando seus mamilos antes de
descer em um V que teria chamado sua atenção para baixo novamente se ela
não tivesse se recusado terminantemente a olhar. Ela não podia olhar lá
embaixo de novo, fazia coisas estranhas com seu corpo que ela não
compreendia ou apreciava.

Seu olhar voltou para o rosto dele. Foi magnífico. Sua mandíbula
quadrada tinha cerdas escuras apenas começando a formar uma sombra de
cinco horas. As maçãs do rosto eram salientes e salientes, o nariz finamente
esculpido. Seus lábios eram cheios e comprimidos em uma linha firme. Isabelle
estremeceu quando o súbito desejo de beijar aqueles lábios a rasgou. Levou
tudo o que tinha para impedir que seus joelhos tremessem.

Ele tinha uma aparência letal, e a aura de poder que ele irradiava a
sacudiu. Ela desejou que Julian ainda estivesse em seu alcance para que ela
pudesse usá-lo como uma barreira contra Stefan.

— Você está bem? — Stefan perguntou.

Sua voz profunda enviou pequenos arrepios de prazer através dela.


Isabelle assentiu, mas não confiava em si mesma para falar. Ela pensou,
esperou, rezou para que sua reação a ele ontem à noite fosse um acaso. Ficou
desconcertada ao perceber que não era. Ela queria fugir para a floresta e se
esconder até que ele tivesse ido embora.

Ela não queria estar perto dele, e desejou fervorosamente que ele
parasse de olhar para ela como se quisesse devorá-la. Parasse de olhar para
ela como se ele pudesse ver diretamente em sua alma. Era uma expressão que
ela frequentemente via no rosto de seu pai quando ele olhava para sua mãe, e
ela não queria que fosse dirigida a ela. Ressentimento e determinação
endireitaram sua espinha.

— Obrigada — ela disse friamente.

O humor cintilou em seus olhos enquanto seu olhar viajava sobre ela, e
ele parecia despi-la com os olhos. Ela fez uma careta para ele quando ele
finalmente encontrou seu olhar novamente.

— Sem problemas — disse ele.

Isabelle afastou-se dele com força e passou o braço em volta do ombro


de Julian. — Vamos te limpar.

Julian encolheu os ombros e endireitou os ombros. — Estou bem.

Quando ele precisou de sua ajuda, ela esteve lá para ele, mas agora,
quando ela precisava desesperadamente dele, ele a estava abandonando.

— Tudo bem — ela ralou.

— Obrigado — disse Julian a Stefan enquanto ele passava, sem mostrar


nenhum sinal da morte imediata que acabara de enfrentar.

Willow saiu da floresta, batendo nele e derrubando os dois no chão. —


Ei! — Julian gritou com raiva.

— Oh, desculpe! — ela gritou enquanto se levantava de um salto.


Isabelle passou a mão cansada e dolorida pelo cabelo ainda molhado. Se
algum de seus irmãos mais novos sobrevivesse até a maturidade, ela ficaria
realmente surpresa. Vicky e Abby apareceram de repente atrás deles. Isabelle
olhou com raiva para eles enquanto eles avançavam, admirando Stefan
abertamente, antes de pisar na borda do buraco. — E onde vocês dois
estavam? — ela exigiu.

— Estávamos cansados! — ambos gritaram em uníssono.

— Como poderíamos saber que eles estavam com problemas de novo?


— Abby exigiu.

— Sim! — Vicky gritou.

Isabelle respirou fundo enquanto tentava controlar sua frustração. Não


era apenas com eles que ela estava irritada, mas também com ela mesma,
Stefan e todo o maldito mundo por fazer essa piada cruel com ela.

— Pelo tom de Willow — ela retorquiu.

Ambos lançaram olhares idênticos de descrença enquanto colocavam as


mãos nos quadris. — Willow sempre enlouquece quando eles fazem algo
errado! Nós apenas pensamos que eles tinham desafiado os gêmeos a fazer
algo estúpido de novo! — Abby protestou enquanto olhava entre Isabelle e
Stefan.

— Eu não! — Willow negou veementemente.

— Uau, isso é mortal! — Vicky respirou enquanto olhava para o buraco.

— Sem brincadeiras! — Isabelle retrucou.

Vicky franziu a testa enquanto olhava para ela, ela não estava
acostumada a pegar Isabelle de mau humor ou tê-la gritando com eles. — O
que te deixou com esse humor? — Vicky perguntou.
A mandíbula de Isabelle apertou enquanto ela mordia o lábio inferior para
não explodir. — Ele poderia ter sido morto.

— Você também poderia.

Os olhos de Isabelle se voltaram para Stefan. Ele ficou no mesmo lugar,


os braços cruzados casualmente sobre o peito. O brilho divertido em seus
olhos deixou seus dentes tensos. Era como se ele soubesse que era a razão
pela qual ela estava perturbada, e ele gostou muito disso.

Ela percebeu com um sobressalto que ele gostou, assim como ela sabia
o que significava o brilho faminto em seus olhos. Ele era um homem bonito,
afinal. Claro, ele sabia o que fazia com as mulheres. Orgulho endureceu sua
espinha quando ela inclinou o queixo desafiadoramente. Não importava o que
ele sabia, ela pretendia ficar o mais longe possível dele.

Um pequeno sorriso curvou sua boca carnuda enquanto seu olhar


faminto viajava vagarosamente sobre ela. Um pequeno tremor começou a
percorrê-la enquanto seu olhar a queimava, fazendo com que sua pele
esquentasse onde quer que aterrissasse.

Quando permaneceu em seu peito arfante, Isabelle ficou horrorizada


com a sensação de formigamento que fazia seus mamilos formigarem. Ela se
forçou a afastar as novas sensações que ele despertou dentro dela enquanto
o olhava com raiva. Ela não sabia o que ele achava tão engraçado nessa
situação, mas não achava nada engraçado nisso.

— Sim, Issy! — Vicky gritou agarrando seu braço. — Você tem tanta
sorte que Stefan estava voltando para casa!

Sim, ela era a pessoa viva mais sortuda, pensou Isabelle aborrecida
enquanto Stefan sorria arrogantemente. Ela se afastou dele, respirando fundo
enquanto se obrigava a manter a calma. Ela tinha que ficar longe dele, todos
eles. Toda a sua preocupação com Julian e ela mesma se foi, mas havia uma
nova preocupação roendo a boca do estômago, e ameaçava ser sua ruína.
Ela correu de volta para o caminho, ignorando a conversa de Vicky e
Abby enquanto murmurava um rápido agradecimento a Stefan. Ela manteve a
cabeça erguida enquanto se afastava sentindo o olhar dele queimando em
suas costas a cada passo que dava.
Stefan enxugou o suor de sua testa enquanto pegava uma garrafa de
água e despejava sobre sua cabeça. Seu olhar pousou em Delia, Jess, Vicky e
Abby. Eles colocaram espreguiçadeiras e vestiram seus trajes de banho para
absorver o sol. Protetor solar, revistas e um rádio foram colocados ao redor
deles, e uma música melodiosa pairava no ar.

Eles pareciam extremamente relaxados enquanto folheavam as páginas


das revistas. Ele não conseguia ouvir o que eles estavam dizendo, nem se
importava particularmente. Ele sabia que a capacidade de Jess de se
comunicar sobre qualquer coisa que não fosse moda ou cabelo era
severamente limitada. Ele não sabia como alguém que foi para a faculdade
poderia saber tão pouco do mundo, mas de alguma forma, ela era
completamente ignorante.

Ele balançou a cabeça enquanto fazia uma careta. Seu olhar passou por
eles enquanto se perguntava por que Isabelle não estava com eles. Pelo que
ele percebeu, Isabelle geralmente estava com um parente ou outro, então ele
presumiu que ela estaria com as irmãs e as outras meninas.

Pegou outra garrafa de água, abriu a tampa e bebeu um longo gole de


água para molhar a garganta ressecada. Ethan apareceu ao lado dele, seu
olhar fixo no quarteto espalhado pelo gramado. — Eu gostaria de poder
trabalhar no meu bronzeado — ele resmungou enquanto pegava uma garrafa
de água.

Stefan concordou com a cabeça enquanto tomava outro gole de água.


— Por que Isabelle não está com eles?

Ethan riu. — Isabelle, trabalhar em seu bronzeado? Isso é uma piada.

Stefan olhou para ele surpreso. — Por quê?


— Isabelle é uma daquelas pessoas que está sempre em movimento.
Além disso, ela é meio moleca, descansar ao sol é tão atraente para ela quanto
comer uma caixa de formigas — Jack respondeu quando apareceu ao lado de
Ethan.

A última coisa que ele teria imaginado como Isabelle era uma moleca. Ela
era uma tentação demais para ser considerada qualquer outra coisa. Ele a
imaginou passando horas escovando o cabelo para deixá-lo brilhante como
antes, pintando as unhas e folheando revistas de moda para acompanhar os
últimos estilos. A imagem que pintaram dela não combinava com a imagem
dele.

— Além disso, ela está limpando a casa — acrescentou Ethan.

— O que? — Jack rugiu.

— Eu disse a ela para não se incomodar, mas aparentemente, e cito,


'Somos todos desleixados imundos.'

— Eu gosto de ser um desleixado! — Doug declarou ao deixar cair o


martelo e ir até Ethan. — Vá até lá agora e diga a ela para parar!

Ethan riu enquanto balançava a cabeça. — Já que estou nisso, porque


não pulo na frente de um touro atacando, agito minha bandeira vermelha e
espero que ele pare — retrucou ele. — Além disso, que mal isso pode fazer?

As carrancas de Jack e Doug se aprofundaram. — Ela vai nos deixar


cheirando como mulheres! — Jack protestou.

Stefan abafou uma risada enquanto se afastava deles. — Quanto você


espera que ela faça em um dia? — Ethan retrucou.

— Sabendo que é Isabelle, aquela casa já está repintada com velas


perfumadas e pot-pourri por toda parte! — Doug gritou.

— Por que ela está sozinha? — Stefan interrompeu.


— Vicky e Abby tiveram bastante trabalho ontem — Ethan respondeu.

Aparentemente, todos estavam acostumados com Isabelle sozinha e


sem ajuda. Ele não sabia por que, mas por algum motivo, não se sentia bem
com isso. — E Jess? — ele perguntou.

Todos olharam para ele como se ele fosse louco.

— Ela não queria ajudar — respondeu Jack.

Stefan assentiu, mas não disse nada. Claro, Jess não iria querer ajudar,
a ideia de sujar as mãos era o suficiente para fazê-la se contorcer para escapar
de qualquer coisa. Ele gemeu interiormente, perguntando-se pela milésima vez
por que ainda estava com a garota em primeiro lugar. Ele soube sua resposta
quase imediatamente, ela era boa de cama. Ela também era chorona, pegajosa
e irritava seu último nervo. O sexo estava rapidamente se tornando inútil.

Um lampejo de olhos violeta involuntariamente brilhou em sua mente e,


para sua surpresa, ele se viu endurecendo instantaneamente. Ele podia se
lembrar de como Isabelle se sentiu quando ele segurou sua cintura fina, uma
cintura tão pequena que suas mãos quase a rodearam. Sua pele era quente,
sedosa e totalmente tentadora.

Ela cheirava a maçãs e terra fresca, e seu perfume natural subjacente o


assaltou e despertou seus instintos mais básicos. Ele não queria soltá-la e,
desde então, não tinha sido capaz de tirá-la de sua cabeça... ou de seu pênis,
pensou com tristeza.

Ele se mexeu desconfortavelmente quando a força de sua ereção se


tornou quase insuportável. — Vá detê-la, Ethan — Jack ordenou rapidamente.

Ethan passou a mão pelo cabelo emaranhado. — Deixe-a em paz, Jack.


Não vai nos machucar ter uma casa e roupas limpas. Além disso, Jess vai ficar
lá também, e Isabelle é quem percebeu que se não houver comida humana em
casa, Jess vai achar estranho. Você sabe que nenhum de nós pensaria nisso.
Ela mandou David e papai fazerem compras.

— Isso é bom e elegante, mas…

— Jack — Ian interrompeu enquanto se aproximava deles. — Deixe-a


em paz. Você sabe como Isabelle fica quando está chateada com alguma
coisa, esse é o jeito dela resolver as coisas.

A carranca de Jack desapareceu quando ele assentiu. — Com o que ela


está chateada? — perguntou Doug. — Ah, Julian.

— Sim — Ethan disse cansado. — Eu tive uma longa conversa com os


quatro ontem à noite.

— Você disse a seus pais? — perguntou Doug.

— Eu não teria, mas...

— Eles poderiam ter sido mortos — Ian terminou para seu irmão.

Stefan olhou para as quatro pessoas estendidas ao sol, sua irritação


crescendo. Ele estava meio tentado a ir até lá, arrastar Jess para cima e forçá-
la a ajudar Isabelle. A casa era obviamente um lugar de solteiro, e até ele ficou
um pouco surpreso com a quantidade de poeira e sujeira nela. Jess reclamou
incessantemente ontem, então o mínimo que ela podia fazer era ajudar a limpá-
la hoje.

— Sim, então, se isso a deixa feliz, deixe-a em paz — disse Ethan com
firmeza.

— Qualquer coisa por Isabelle — Jack murmurou, mas ele estava


sorrindo.

— O que, você está com medo dela? — Stefan tentou soar leve, mas
havia uma tensão nele que ele nunca tinha experimentado antes.
— De Isabelle? — Doug bufou. — Ela rosna como um urso pardo, mas
por dentro é mole como um ursinho de pelúcia. Odiamos vê-la infeliz.

— Isabelle é a nossa favorita — brincou Jack.

— Ei! — Ethan e Ian se opuseram.

Jack riu deles enquanto Doug concordava com a cabeça. — Bem, ela é
— disse Doug, mordendo o lábio enquanto tentava não rir deles.

— É bom saber — Ethan murmurou.

— Oh, ela é sua favorita também, e você sabe disso!

Ethan sorriu enquanto passava a mão pelo cabelo novamente. — O que


é isso, hora do intervalo? — Mike exigiu enquanto caminhava até eles. —
Alguém poderia ter me contado.

— Confie em mim, esta não é uma oportunidade em que você queira se


envolver — Jack murmurou.

— Por quê? — Mike perguntou.

— Estávamos conversando sobre Isabelle limpar a casa.

Mike fez uma careta. — Precisa de uma boa limpeza, passamos tanto
tempo aqui que está imundo, mesmo para nossos padrões. Deixe-a em paz,
ela está chateada com Julian. Eles poderiam ter sido mortos.

— Ambos? — Stefan perguntou. — Era Julian pendurado dentro do


poço.

Eles se viraram para olhar para ele.

— Ela nunca iria deixá-lo ir — Ethan disse com um estremecimento. —


Ela o teria seguido para aquele buraco primeiro.
Stefan abriu a boca para protestar contra sua declaração, ninguém
seguiria outra pessoa até a morte, não importa o quanto se importasse com a
pessoa. Então ele pensou em Isabelle pendurada no lado, segurando seu irmão
para salvar sua vida. Ela não teria soltado, ele percebeu com um sobressalto.
Um arrepio percorreu sua espinha ao se lembrar das pontas mortais no fundo
do poço.

De repente, ele entendeu por que os homens reunidos ao seu redor


estavam tão determinados a garantir que ela fosse feliz, porque eles
capitularam aos seus desejos. Ele não conhecia mais ninguém que passaria
desse limite. Eles tentariam salvar Julian, sim, mas o medo por suas próprias
vidas os faria libertá-lo antes que caíssem também. Foi surpreendente
perceber que ele a respeitava e a admirava por isso. Ele não conseguia se
lembrar de uma mulher por quem já tivesse se sentido assim.

— Ainda bem que você estava lá — disse Ethan.

Stefan assentiu rapidamente. Eles já haviam agradecido mais do que o


suficiente por seu agrado. — Sim — ele respondeu distraidamente. Ele não
sabia por que voltou para casa ontem, mas de repente sentiu uma vontade
urgente de se certificar de que tudo estava bem. Ele encontrou Willow no
caminho.

— Então, quão sério é entre você e Jess? — Ian perguntou com um


sorriso malicioso.

— De jeito nenhum, por quê?

Ian encolheu os ombros enquanto seu olhar vagou para o campo. — Ela
é meio gostosa, mas eu pensei que porque vocês estavam namorando era
sério. Eu sei que não fico com uma mulher.

Stefan riu enquanto passava a mão pelo cabelo. — Nem eu, mas quando
você chega à minha idade, uma noite se torna cansativa. É mais conveniente
ficar apenas com uma mulher por um tempo.
Ian sorriu. — Cansativo? Acho que não.

— Oh, confie em mim, eles fazem. — Ele sabia como Ian se sentia, ele
se sentia da mesma forma por mais de duzentos anos. Então, as coisas
mudaram, e não para melhor. Stefan forçou sua mente para longe do passado,
era melhor esquecer de qualquer maneira. Ele se forçou a concentrar toda a
sua atenção nos rostos incrédulos que o cercavam.

— Nunca! — todos eles declararam em voz alta.

Eles não podiam diminuir a quantidade de mulheres que ele teve, então
não havia sentido em tentar dizer a eles que eles estavam errados. Eles
aprenderiam eventualmente. — Se você quer uma chance na Jess...

— Obrigado, mas não — disse Ian. — Ela está ficando aqui um pouco
demais para o meu gosto.

— Aqui está a rainha da limpeza agora — murmurou Jack.

O olhar de Stefan se dirigiu para a casa. Isabelle estava do lado de fora


e caminhando em direção ao grupo reunido no gramado. As mechas douradas
em seu cabelo cor de chocolate brilharam na luz. Suas pernas longas e nuas
eram delicadamente curvadas e brilhavam ao sol enquanto ela percorria
rapidamente o terreno em direção ao quarteto no gramado.

Para sua surpresa, ele se viu ficando ainda mais duro enquanto admirava
o balanço de seus quadris, o balanço sutil de seus seios fartos. Ela parou ao
lado de suas irmãs, e uma das gêmeas baixou as pernas para ela se sentar na
ponta da cadeira. Quando ela se inclinou para frente, a curva de suas costas e
o pedaço de pele cremosa que ela revelou fizeram sua boca salivar.

***
Isabelle fechou os olhos e respirou fundo enquanto permitia que um
pouco da tensão em seus ombros diminuísse. Ela estava cansada, dolorida e
suja de atacar a casa com uma vingança. Os banheiros foram feitos, a cozinha
limpa, a sala de estar espanada e aspirada. Ela só tinha o monte de roupa suja
para lavar e tirar o pó da sala de jantar. Ela precisava desesperadamente de
uma pausa primeiro e de um pouco de ar fresco.

— Você parece abatida, Issy — disse Abby com ternura.

Ela acenou com a cabeça cansada e mudou seu peso quando o plástico
da cadeira mordeu sua coxa. Desistindo de ficar confortável, ela deslizou da
cadeira para se sentar no chão. Seus dedos se curvaram instintivamente na
grama espinhosa. Inalando profundamente, ela saboreou o aroma fresco
enquanto o sol batia quente sobre ela. Ela inclinou a cabeça para trás para
obter toda a extensão de seus raios calmantes.

— Você quer ajuda? — Vicky perguntou.

— Não, tudo bem, estou quase terminando. O que vocês estão fazendo?

— Trabalhando em nosso bronzeado — Jess respondeu, seu tom


afirmando que ela achava que Isabelle era uma idiota por fazer a pergunta.

A maior parte de sua tensão voltou quando ela abriu os olhos e se virou
para olhar para Jess. Ela estava recostada na cadeira, suas longas pernas
esticadas diante dela enquanto ela inclinava a cabeça para olhar para Isabelle
com desdém. Seu ressentimento atingiu um nível mais alto quando ela
encontrou os olhos azuis claros de Jess. Ela se lembrava de Jess como sendo
divertida, enérgica e travessa. Ela não sabia o que havia acontecido com a
garotinha, mas estava começando a não gostar muito da mulher.

Quando ela perguntou a Jess se ela poderia ajudá-la a limpar a casa,


Jess fungou com desdém e informou a Isabelle que ela não limpava sua própria
casa, ela não iria limpar a de outra pessoa. Isabelle conseguiu manter seu
temperamento então, principalmente porque limpar a casa era a única
esperança que ela tinha para manter sua mente focada em algo diferente de
Stefan.

No entanto, sua missão falhou e sua raiva aumentava a cada minuto que
passava, ela esfregava, limpava, espanava e aspirava com ele constantemente
preenchendo seus pensamentos. A atitude de Jess, além de sua miséria, a
estava levando muito perto de um ponto de ruptura.

— Estávamos conversando sobre como Jess e Stefan se conheceram —


Vicky disse rapidamente, aparentemente detectando a crescente ira de
Isabelle.

— Vá em frente, Jess — Abby insistiu ansiosamente.

— Nós nos conhecemos em um bar, perto da minha escola — disse Jess,


bocejando enquanto esticava os braços à sua frente.

— Há quanto tempo vocês estão juntos? — Vicky perguntou.

— Três meses.

— Então é sério? — Os olhos de Abby assumiram um olhar sonhador.

Isabelle sentiu sua tensão crescer novamente enquanto cerrava os


dentes e tentava permanecer relaxada. Ela estava determinada a tentar
esquecê-lo, ela não queria ouvir sobre ele agora.

— Acho que sim — Jess respondeu distraidamente. — Quero dizer, ele


veio aqui conosco.

— Ele é tão gostoso! — Vicky jorrou.

Isabelle se mexeu desconfortavelmente quando um flash de olhos negros


e penetrantes varreu sua mente, trazendo com eles uma onda de calor muito
superior ao calor do dia.
— Ele é ainda mais gostoso na cama — Jess respondeu maliciosamente.

Os olhos de Isabelle se abriram quando uma onda de algo como ciúme


passou por ela. Nunca sentira ciúmes de nada, mas tinha quase certeza de
que era a emoção que apertava seu peito. Isso a assustou, mas ao mesmo
tempo a fez querer arrancar os cabelos em irritação. Qual era o problema com
ela? Ela não queria nada com ele.

Delia riu enquanto Abby e Vicky olhavam para Jess incrédulas. Seus
olhares dispararam para Isabelle. Eles não estavam acostumados a ouvir
declarações tão diretas e, pelo rubor subindo por suas bochechas, também
não se sentiam confortáveis com elas.

— Uh, sim — Vicky murmurou timidamente.

Jess e Delia riram. Isabelle sentiu sua irritação crescer com o óbvio
prazer que sentiam com o desconforto de suas irmãs. Isabelle abriu a boca
para liberar sua raiva, mas Abby agarrou seu ombro. Cerrando os dentes, ela
se virou para olhar para Abby, que balançou a cabeça discretamente. Levou
tudo o que ela tinha para permanecer em silêncio, mas em face da súplica de
Abby, ela conseguiu fazê-lo. Elas eram filhas de Kathleen, e sua mãe não ficaria
nada feliz se ela começasse uma guerra com elas.

Mesmo que ela não tenha dito uma palavra, seu momento de
relaxamento foi arruinado. — A roupa já deve estar lavada — ela murmurou.

— Eu te deixei desconfortável, Isabelle? — Jess perguntou com falsa


doçura.

O flash de temperamento de Isabelle ferveu quando seu olhar se fixou


em Jess. Um sorriso zombeteiro curvou sua boca enquanto ela olhava para
Isabelle com diversão maliciosa em seus olhos. Isabelle estava prestes a deixar
seu temperamento voar quando uma sombra caiu sobre ela. Sua boca
instantaneamente ficou seca quando a apreensão tomou conta dela.
Instintivamente, ela sabia quem era, sabia que ele estava ali sem ter que olhar
para ele.

— Stefan! — Jess cumprimentou. — Nós estávamos falando sobre você.

— Eu ouvi — ele respondeu friamente.

O rosto de Isabelle se encheu de cor ao pensar no que ele tinha ouvido.


Ela percebeu que os sons das serras e das marteladas haviam cessado. Seu
rosto ficou ainda mais vermelho enquanto ela se perguntava se todos no
canteiro de obras também tinham ouvido. Ela se forçou a olhar para ele.

Seus ombros eram tão largos que bloqueavam o sol atrás dele e o
projetavam em relevo acentuado contra seus raios brilhantes. Úmido e
despenteado, seu cabelo caía infantilmente sobre sua testa suja. Isabelle não
conseguia respirar com a força de sua presença dominante e o brilho faminto
em seus olhos de ônix.

— Ainda bem que não foi nada de ruim — disse Jess rindo.

Stefan forçou seu olhar longe dos olhos violetas de Isabelle e do rosto
lindamente corado. Ele cruzou os braços sobre o peito enquanto voltava sua
atenção para Jess. Ela sorriu maliciosamente para ele, um brilho sedutor em
seus olhos azuis. O pequeno biquíni azul que ela usava revelava quase cada
centímetro de seu corpo longo, esguio e bronzeado. Ela estava lustrosa de suor
e protetor solar, uma condição que o excitaria em qualquer outro momento,
mas não fazia nada por ele agora.

Ele estava vindo para cá quando ouviu a conversa. Por alguma razão, em
vez de rir disso como normalmente faria, isso o irritou. O desconforto que sentiu
irradiando de Vicky e Abby, e a alegria que emanava de Jess e Delia, não
ajudaram a acalmar sua raiva.

Se fosse honesto consigo mesmo, admitiria que não queria que Jess
contasse a Isabelle sobre o relacionamento deles e o que havia acontecido
entre eles. O que era ridículo, considerando que eles estavam no mesmo
quarto e chegaram juntos.

Seu olhar voltou para Isabelle enquanto ela se levantava graciosamente.


Seu cabelo, úmido de suor, estava emaranhado em seu rabo de cavalo solto.
A sujeira cobria seu nariz delicado e maçãs do rosto salientes, enfatizando sua
natureza moleca. As roupas imundas que ela usava acentuavam seus seios
fartos, cintura fina e quadris redondos.

Mesmo que ela fosse uma bagunça, ela ainda era extraordinariamente
bonita, e a coisa mais tentadora que ele já viu. A ereção da qual ele conseguiu
se livrar de repente voltou à vida.

Isabelle olhou para ele, seu coração martelando enquanto ela lutava para
respirar normalmente. Ela estava perfeitamente ciente de como parecia
horrível, especialmente em comparação com Jess, e por alguma estranha
razão, isso a incomodava. Ela não queria que ele a visse assim.
Silenciosamente, ela se amaldiçoou por se comportar como uma idiota. Ela não
se importava com o que ele pensava dela, ou como ela parecia, ela não queria
absolutamente nada a ver com ele ou com a cadela de sua namorada.

O brilho em seus olhos a deixou sem fôlego e trêmula. Um brilho dizendo


a ela que ele não achava que ela parecia tão horrível quanto ela se sentia. Na
verdade, parecia que ela era a mulher mais desejável do mundo, como se
quisesse devorá-la. Um arrepio percorreu sua espinha, isso a fez apertar em
lugares que ela nunca tinha sentido antes. Parte dela queria
desesperadamente ser devorada por ele, enquanto a parte mais sã queria
correr gritando por socorro e nunca mais olhar para trás.

— Você parece cansado, Stefan, por que não faz uma pausa? — A voz
de Jess era tão fria que Isabelle finalmente desviou o olhar de Stefan.

A apreensão a encheu quando ela se virou para olhar para Jess. A garota
estava focada em Stefan, mas sua diversão havia desaparecido quando ela
olhou para ele com o maxilar travado. Quando ela olhou de volta para Isabelle,
seus olhos brilharam com malícia antes que ela se voltasse para Stefan.
Isabelle deu um passo para o lado, ansiosa para ficar longe de todos eles.

— Eu tenho que pegar a roupa — disse ela, desesperada para escapar.

— Porque você não espera, tenho certeza que Jess vai te ajudar —
Stefan disse friamente.

— Eu ofereci, mas Isabelle disse que não precisava da minha ajuda —


Jess respondeu docemente.

A boca de Isabelle se abriu em descrença quando ela se virou. Jess


piscou como se fosse a coisa mais inocente do mundo. A exasperação ganhou
vida em Isabelle enquanto suas mãos se fechavam ao lado do corpo.

— O inferno que eu fiz! — ela retrucou, incapaz de manter seu


temperamento sob controle por mais um segundo. Geralmente demorava
muito para irritá-la, mas quando ela explodia, ela poderia envergonhar o Monte
Vesúvio com a força de sua explosão. A mentira de Jess, acima de tudo, foi a
gota d'água.

Stefan tentou suprimir um sorriso divertido. O ursinho de pelúcia que


Doug descreveu havia sumido e o urso pardo tomou seu lugar. Ele tinha visto
sua irmã sutilmente dizer a ela para manter a boca fechada antes, e sentiu
Isabelle tentando controlar seu temperamento, mas parecia que seu controle
finalmente estalou. O fogo em seus olhos e sua postura rígida eram atraentes
e atraentes.

— Claro que sim — Jess mentiu suavemente.

Stefan encontrou sua diversão desaparecendo enquanto ela persistia na


mentira. Vicky e Abby ficaram de pé. — Venha, Issy, vamos ajudá-la — disse
Vicky enquanto a puxava pelo braço.

Isabelle encolheu os ombros com raiva, determinada a trazer a mentira


de Jess para o primeiro plano e limpar o sorriso de seu rosto.
— Mãe — Abby sussurrou tão suavemente que Stefan mal a ouviu.

Isabelle fechou os olhos e respirou fundo para se controlar. Ela desejava


atacar Jess, colocá-la em seu lugar, mas não podia. Ela simplesmente não
podia fazer nada para chatear sua mãe. Jess não valia a pena. Ela se virou
rapidamente, determinada a colocar o máximo de distância possível entre ela
e Jess.

— Veja, isso prova que estou certa — disse Jess vitoriosamente.

A irritação de Stefan continuou aumentando enquanto ele se voltava para


ela. Ela sorriu para ele sedutoramente enquanto se recostava na cadeira
vitoriosamente, esticando os braços atrás da cabeça em um gesto destinado
a tornar seus seios mais sedutores. Ela falhou.

— Nós dois sabemos que você está mentindo — afirmou Stefan.

Seus olhos se estreitaram quando ela se inclinou para frente na cadeira,


sua flagrante tentativa de sedução esquecida. — Você acreditaria nela em vez
de mim? — ela exigiu com altivez.

— Sim. — Ele não esperou por sua resposta quando se virou e voltou
para a casa.
Stefan recostou-se na cadeira enquanto examinava o grupo de pessoas
ao seu redor. A sala de jantar era grande, mas parecia minúscula com todos
amontoados nela. Ethan, Ian, Aiden e Doug estavam sentados no lado
esquerdo da mesa de mogno, esparramados casualmente em suas cadeiras.
Mike sentou-se à frente dele na cabeceira da mesa enquanto David, Jack e
Jess ocupavam o lado direito.

A mão de Jess descansou em sua coxa enquanto ela provocava à deriva


em direção a sua virilha e, em seguida, de volta para baixo novamente. Sua ira
anterior por ele parecia ter sido esquecida. Ele agarrou a mão dela e, pela
quinta vez, deixou-a cair.

Mesmo que ela ainda não estivesse brava, ele estava, e ele também
estava mais do que um pouco enojado com ela. Ela lançou-lhe um olhar
cruzado, mas ele desviou sua atenção dela enquanto ouvia Ethan discutir com
Aiden e Ian sobre a melhor maneira de terminar o último banheiro da nova casa.

— Você não vai morar lá! — Ethan anunciou.

— Nós iremos quando viermos para casa nas férias — Aiden o lembrou.

— Por que vocês estão discutindo sobre isso? Vocês sabem que Isabelle
vai ser a única que decidirá qual cor de ladrilho você usará — Mike
interrompeu.

Os dois lados se entreolharam, mas pararam de brigar sobre o azul


contra o verde. — Onde está Isabelle? — perguntou Doug.

Stefan se perguntou exatamente a mesma coisa.

— Terminando a roupa — Ethan respondeu distraidamente.


— Nós vamos cheirar como uma menina — Jack murmurou desanimado.

— Esta sala parece muito boa e cheira a limão em vez de flores —


defendeu-se David. — Você sabia que aquelas cortinas eram azuis?

— Eu tinha esquecido — Doug respondeu com uma risada.

— É bom ter o lugar limpo de novo, mas se minha roupa voltar cheirando
a flores ou perfume, não vou ficar feliz — disse Jack.

— Confie em mim, Jack, perfume não vai te ajudar — Isabelle disse.

O olhar de Stefan disparou para a porta quando ela entrou. Uma bandana
vermelha cobria seu cabelo grosso, mas mechas dele se espalhavam livres
para se enrolar em seu rosto requintado. Suas maçãs do rosto salientes, queixo
delicado e nariz pequeno agora estavam livres de sujeira, e ele podia ver a
perfeição cremosa de sua pele de porcelana.

Uma enxurrada de imagens sexuais passou por sua mente, imagens do


que ele gostaria de fazer com seu corpo ágil, e o que ele gostaria que fizesse
com ele. A mão acariciante de Jess não estava fazendo nada para excitá-lo,
mas agora o sangue correu para sua virilha e o fez endurecer. Ele se mexeu
desconfortavelmente e cerrou os dentes contra a luxúria que o enchia.

— Há momentos em que eu gostaria de não ter ajudado a criá-la — Jack


murmurou infeliz.

— Confie em mim, Jack, eu também — ela respondeu com uma risada.

Ela sorriu para ele enquanto bagunçava seu cabelo castanho. Jack fez
uma careta para ela enquanto arrumava o cabelo e sorria. Isabelle agarrou a
cadeira no canto e enxotou Jack para colocá-la entre ele e Mike. Ela
propositalmente manteve seu olhar longe de Stefan e Jess. Por mais que
tentasse ignorá-lo, ela ainda estava ciente de sua presença e da aura de poder
que ele irradiava.
— O azulejo no banheiro vai ser um rosa claro, e os balcões vão ser verde
esmeralda — ela disse a eles enquanto se acomodava em seu assento.

— Ah, Isabelle! — Ian gemeu.

— Não diga 'oh, Isabelle' para mim, mamãe e eu já os pedimos — ela


retrucou enquanto retribuía as carrancas que seus irmãos lhe deram.

— É tão feminino! — Aiden reclamou.

— Você vai ficar na escola a maior parte do ano! — ela atirou de volta.

— Sim, mas não quero ficar doente toda vez que voltar para casa.

Isabelle revirou os olhos enquanto cruzava os braços sobre o peito. —


Apenas certifique-se de limpar depois de fazer isso.

Ian deu um tapa forte nas costas de Ethan. — Tem certeza que você não
quer mudar de ideia e vir para a faculdade conosco? — Ian perguntou.

Ethan balançou a cabeça. — Pelo menos posso decidir meu quarto e


banheiro — ele murmurou.

— Bem, na verdade...— Isabelle começou.

— Nem pense nisso! — Ethan interrompeu.

Isabelle sorriu docemente para ele. — Quem vai sair hoje à noite?

— Nós vamos! — Ian e Aiden responderam ansiosamente.

—Nós também vamos — disse David. — O que você precisa?

Seus olhos involuntariamente moveram-se para Stefan enquanto ela se


virava para eles. Ele sustentou seu olhar por um momento carregado. Ela
estava certa de que o ar chiava com eletricidade antes de desviar o olhar.
— Eu preciso de alguns produtos de limpeza e outras coisas.— Ela ficou
surpresa por sua voz soar completamente normal.

David assentiu e recostou-se na cadeira. — Sem problemas, faça uma


lista.

— Obrigada. — Ela se levantou abruptamente e lutou contra o desejo de


fugir da sala. — A última carga deve ser feita. Vocês ficarão felizes em saber
que não terão que comprar roupas novas esta semana, vocês realmente terão
roupas limpas.

— Eu gosto de comprar roupas novas! — Jack gritou atrás dela.

— É melhor dobrá-los bem! — Ian provocou.

— Vá para o inferno, Ian! — ela gritou do corredor.

— Eu vou morar lá nas férias escolares! — ele atirou de volta.

— Continue assim, e você estará morando lá muito mais cedo!

— Continue assim, e você vai acordar em uma cama cheia de cobras —


Ethan disse a ele com um sorriso.

Ian estremeceu e recostou-se na cadeira. — Cobras? — Jess deixou


escapar.

— Sim — Ethan estremeceu enquanto fazia uma careta.

— O que você está falando? — Jess exigiu.

Eles trocaram olhares divertidos que despertaram a curiosidade de


Stefan.

— Ian, Ethan e Isabelle brigaram quando ela tinha o quê? — Mike


perguntou.
— Quinze — Ethan respondeu.

— Ian tinha treze anos e Ethan tinha dezessete. Não me lembro o que
começou.

— Ethan me desafiou a pegar todas as roupas dela e jogá-las pela janela


— lembrou Ian, com um pequeno sorriso no rosto enquanto seus olhos
ganhavam um brilho distante.

— Então eu fiz — Ethan disse com um sorriso. — Ela teve um ataque.


Para se vingar de nós, ela colocou álcool no meu frasco de loção pós-barba e
jogou todas as roupas de Ian no lago.

Stefan se inclinou para frente, um sorriso curvou sua boca enquanto


ouvia a história. Todos eles exibiam sorrisos divertidos e seus olhos brilhavam
travessamente. Eles retomam a história de onde se parou com o ritmo suave
de pessoas que se conhecem muito bem.

— Então, é claro, colocamos tintura de cabelo rosa em seu


condicionador leave-in. Você sabe, aquele que as mulheres deixam por mais
de uma hora ou mais — disse Ian.

— Você deveria tê-la visto! — Jack riu. — Seu cabelo era dessa cor rosa
confusa, mas seu couro cabeludo era rosa choque!

— Essa foi boa! — Mike chorou. — Eles tiraram fotos dela no minuto em
que ela saiu do banheiro. O olhar em seu rosto não tem preço. Todos nós rimos
muito naquela noite.

— Sim, depois que você nos colocou de castigo — Ethan murmurou.

Eles trocaram sorrisos enquanto Ian se inclinava para continuar falando.


— Então foi tudo guerra. Ela colocou supercola no meu xampu. Eu tive que
cortar todo o meu cabelo para liberar as mãos, e depois levou mais uma
semana para tirar todo o cabelo das palmas das minhas mãos. Ela entrou
furtivamente em nosso quarto na noite seguinte e usou Nair nas sobrancelhas
de Ethan.

Stefan abafou uma risada quando percebeu que sua diversão crescia a
cada segundo. Ele tinha uma imagem mental clara de uma adolescente Isabelle
rastejando silenciosamente no quarto de seu irmão com o objetivo de queimar
suas sobrancelhas.

— Isso é horrível! — Jess engasgou.

Os olhares em todos os seus rostos disseram a Stefan que eles acharam


tudo menos horrível. Eles acharam que era absolutamente hilário e ele
concordou.

— Demorou mais de um mês para que eles voltassem a crescer e minha


pele ficou queimada por duas dessas poucas semanas — disse Ethan.

— Temos algumas boas fotos disso também — disse Doug alegremente.


— Dos dois.

— Desnecessário dizer que, por cerca de uma semana, ninguém dormiu


e tivemos que comprar novos frascos de xampu todos os dias para garantir
que não fossem adulterados. Finalmente, Ian e eu a encurralamos, a
seguramos e cortamos seu cabelo. Estava até a cintura, nós cortamos abaixo
das orelhas dela.

— Eu me arrependi disso — Ian disse tristemente. — Ela chorou por uma


semana.

— Sim, esse não foi tão engraçado — Ethan disse tristemente. — Mas
ela declarou uma trégua.

— Nosso erro foi acreditar nela. Devíamos saber que não seria o fim.
Duas semanas depois, quando tínhamos certeza de que ela não faria mais
nada, ela nos pegou. Ela caçou dezenas de cobras — continuou Ian.
— Ela levou duas semanas inteiras para pegar todos. Ela saiu todas as
noites e pegou mais alguns. Ela esperou até que estivéssemos dormindo,
amarrou nossas mãos nas cabeceiras e as colocou em nossas camas.

— Isso é horrível! — Jess chorou.

Eles estavam todos sorrindo agora, e Stefan se pegou rindo. Ele não
conseguia se lembrar da última vez que riu, mas a imagem em sua mente era
muito divertida. Ele só podia imaginar o brilho vitorioso em seus olhos quando
eles acordassem.

— Foi horrível — disse Ethan com um estremecimento. — Nós odiamos


cobras! Acordei com elas deslizando em cima de mim. Nunca gritei tão alto na
minha vida!

— Isabelle tirou boas fotos disso também — disse Jack. — Foi hilário!

— Mamãe surtou — Ian continuou. — Ninguém se aproximava o


suficiente para nos desamarrar, e Isabelle se recusava. Foi preciso um monte
de ameaças de nosso pai antes que ela finalmente cedesse e levasse as cobras
embora.

— Nós chamamos a trégua depois disso. A única em nossa família que


suporta cobras é Isabelle, e não há nada pior do que a ideia de acordar com
elas novamente — Ethan disse.

— Desnecessário dizer que declaramos Isabelle a vencedora das


guerras e nunca mais fizemos nada com ela — disse Ian.

— Sim, eles concentraram seu tormento em mim — disse Aiden. —


Infelizmente, eu também odeio cobras.

Stefan começou a rir. Ele podia imaginar como deve ter sido terrível e
maravilhoso crescer em uma casa tão grande.

— Essa é a coisa mais horrenda que eu já ouvi! — Jess gritou indignada.


De repente, todos estavam rindo.

— O que é tão engraçado? — Isabelle perguntou.

Ele olhou para cima para encontrá-la de pé na porta, com a testa franzida
enquanto ela equilibrava um cesto de roupa suja contra o quadril.

— Estávamos contando a Stefan e Jess sobre a Guerra das Cobras —


respondeu Mike.

O sorriso de Isabelle era deslumbrante, seus olhos vívidos brilharam


quando ela olhou para ele. Pela primeira vez desde que a conheceu, ela estava
sorrindo para ele, e ele achou incrível. O sorriso desapareceu de seu rosto
quando uma poderosa onda de luxúria o balançou. Seu sorriso desapareceu e
ela abaixou a cabeça.

Stefan sentiu uma estranha sensação de perda quando o contato íntimo


quebrou. A respiração correu de volta para seus pulmões quando ele inalou
rapidamente. Ele se mexeu novamente quando sua ereção de repente se
tornou insuportável.

— Você chamou isso de Guerra das Cobras? — Os olhos de Jess


estavam cheios de hostilidade quando se concentraram em Isabelle.

Todo o seu humor desapareceu quando uma nova onda de


aborrecimento o invadiu. Isabelle encontrou o olhar de Jess antes de voltar sua
atenção para sua família. Jess tocou sua perna novamente, ele
instantaneamente afastou a mão dela. Ela olhou para ele antes de colocar um
sorriso falso no rosto e se virar.

— Tivemos algumas guerras — respondeu Ethan. — Começamos a


nomeá-los quando eu tinha uns doze anos.

— Dessa forma, poderíamos acompanhar — explicou Ian.


— Quais eram alguns dos outros? — Jess perguntou. Ela parecia
extremamente inocente, mas Stefan podia sentir o ressentimento fervendo
dentro dela.

— Bem vamos ver. — Mike recostou-se na cadeira enquanto batia


pensativamente no queixo. — Houve a Guerra do Gelo, a Guerra da Água, a
Guerra do Fogo...

— A guerra da pintura — Ian entrou na conversa. — Mamãe quase nos


matou por causa disso! Eu nunca a vi tão furiosa quanto naquele dia!

— O que você fez? — Stefan perguntou enquanto tentava desviar sua


atenção de Isabelle e do latejar de seu pau.

— Nossa mãe deixou de fora um monte de tinta que ela não queria —
explicou Ian.

— Tinta vermelha. — Ethan elaborou. — Nós encontramos e decidimos


pintar um ao outro com ele. Eu tinha onze anos na época, Isabelle tinha nove,
Ian tinha sete e Aiden tinha quatro.

— Eu nunca tive chance — declarou Aiden. — Esses caras me


corromperam!

— Ei! — os outros três protestaram.

Stefan se viu sorrindo novamente em resposta ao sorriso contagiante de


Isabelle e aos olhos violetas brilhantes. Quando ela sorriu, ela era a mulher mais
bonita que ele já tinha visto. Ele se viu estranhamente cativado por ela, e a
percepção foi mais do que um pouco enervante.

— Quando terminamos, estávamos cobertos de tinta — continuou Ethan.

— Ficou no meu cabelo por uma semana — disse Isabelle.


— Pelo menos seu cabelo já estava mais escuro a essa altura, fiquei
parecendo Opie por um mês! — Ian chorou.

Todos eles riram alto enquanto seus rostos e olhos assumiam olhares
afetuosos de lembrança. Stefan se viu encantado com todo o grupo. Ele não
conseguia imaginar como seria crescer em um ambiente tão caloroso e
amoroso. Especialmente desde que sua infância tinha sido um cruel tempo que
ele passou toda a sua existência tentando corrigir.

— Houve também a Guerra Dare. Quem fez a coisa mais estúpida e


sobreviveu, venceu. Ethan venceu se jogando de um penhasco de 12 metros
— continuou Aiden.

— Nós desistimos depois dessa mudança — Isabelle riu.

— Você tem sorte de não ter sido morto! — Jess engasgou de horror.

Todos trocaram sorrisos secretos.

— Quebrei algumas costelas, mas me curo rápido. — Ethan disse com


uma piscadela fazendo com que todos rissem.

— Houve a Guerra dos Peixes, a Guerra dos Periquitos...

— Isso foi o menos engraçado — Isabelle interrompeu Ian. — Vicky e


Abby choraram por uma semana.

Todos olharam incisivamente para Aiden, que levantou as mãos


defensivamente. — Ei, não é minha culpa! Eles pensaram que tinham idade
para se envolver, e como eu ia saber que os pássaros iriam morrer? Além disso,
eles começaram colocando pó de coceira na minha cama.

— Ele retaliou soltando seus dez periquitos em dezembro. Encontramos


cinco deles congelados no jardim da frente, os outros desapareceram — Mike
balançou a cabeça em desaprovação.
— Vicky e Abby nunca mais se envolveram em nada depois disso —
disse Aiden.

— Sim, e ficamos muito velhos para torturar um ao outro continuamente


— disse Ian. — Mas Willow, Julian, Kyle e Cassidy continuaram de onde
paramos como uma vingança.

— Exceto que eles são mais propensos a serem mortos — Isabelle


murmurou. — Eu acho que eles são mais loucos do que nós.

— Você se esquece da vez que você subiu no topo do mesmo sicômoro


e se jogou esperando que eu te pegasse — Ethan a lembrou.

— O que você fez — ela disse com um sorriso.

— Você quebrou meu tornozelo!

— Pare de reclamar, mamãe cuidou de você por uma semana, e eu fiquei


presa no serviço de fraldas com Kyle e Cassidy. Eu peguei o fim desse negócio.

— Sim — Ethan sorriu com carinho. — Foi uma boa semana.

Stefan observou a troca com um pouco de admiração. Estava ficando


cada vez mais claro que Ethan e Isabelle eram excepcionalmente próximos
enquanto sorriam um para o outro. Um pequeno raio de ciúme rasgou através
dele. Ele estava agindo como um idiota, percebeu enquanto tentava se forçar
a relaxar. Ele não conhecia a garota, mas ela o excitou totalmente, e de repente
ele ficou com ciúmes do relacionamento com o irmão dela.

Ele empurrou o pensamento de lado com força enquanto forçou seu olhar
para longe dela.

David se levantou e apoiou as mãos na mesa enquanto falava. – Acho


melhor irmos.
Aiden, Ian e Jack se levantaram rapidamente. — Você tem essa lista? —
Davi perguntou.

— Oh sim. — Isabelle mexeu no cesto de roupa suja, tirou um pedaço


de papel do bolso e entregou a ele.

David olhou para ele e assentiu. — Sem problemas.

— Obrigada. — Isabelle saiu da sala e os outros saíram atrás dela.

Stefan ficou sentado por um tempo contemplando seus estranhos


pensamentos e comportamento. A sala estava estranhamente quieta sem o
riso enchendo-a, sem Isabelle. Essa percepção não fez nada para aliviar seu
humor sombrio. Ele cruzou as mãos atrás da cabeça e fingiu ouvir enquanto
Ethan, Mike, Doug e Jess trocavam conversas agradáveis e histórias. Ele não
ouviu uma palavra do que eles disseram e percebeu que seu olhar era atraído
para a porta a cada poucos segundos. Não foi até a quinquagésima vez que
ele olhou, ele percebeu que estava esperando que Isabelle reaparecesse.

Quando ela não o fez, e Jess colocou a mão em sua coxa novamente,
ele decidiu que era hora de ir para a cama.
Jess estava bem acordada, ainda gritando com ele, quando Stefan saiu
do quarto e bateu à porta na cara dela. Ele estava nervoso, inquieto e irritado.
Ele não ia desperdiçar seu tempo, ou energia, lutando com ela. Ela não valia a
dor de cabeça. O que o incomodava era o que havia começado a briga. Pela
primeira vez, em sua vida excepcionalmente longa, ele não conseguiu manter
uma ereção.

Somente quando ele imaginou um par de olhos violeta ele poderia


responder de alguma forma às tentativas de sedução de Jess. Não durou
muito. Quando Jess se arrastou para cima dele, uma sensação de repulsa o
inundou instantaneamente. Ele a empurrou, incapaz de suportar a sensação
dela por mais tempo.

Agora ele se sentia como um animal enjaulado, desesperado para


escapar, enquanto descia rapidamente as escadas. Ele não sabia o que estava
acontecendo com ele, mas não gostou nem um pouco da sensação.

A luz da sala de jantar ainda estava acesa. Ele foi atraído para lá por risos
e vozes. Ele entrou na sala, parando quando seus olhos pousaram em Isabelle.
Por um momento, ele simplesmente sustentou seu olhar enquanto seu pênis
instantaneamente pulsava e pulsava para a vida. Trepidação encheu seus
olhos antes que ela desviasse o olhar. Stefan permaneceu onde estava,
cambaleando pela pura força da reação física que o balançava.

— Ei, eu pensei que você tinha ido dormir — Ethan cumprimentou.

Stefan encolheu os ombros enquanto caminhava cuidadosamente até a


cadeira que havia abandonado antes. Sua condição física tornava difícil para
ele andar. — Não conseguia dormir.

— Hmm. Tem dois?


— O que? — Isabelle perguntou distraidamente.

— Um dois? — Ethan perguntou novamente.

Ela olhou para as cartas em sua mão, mal vendo os números nelas. O
olhar faminto de Stefan a fez se sentir extremamente nervosa e desconfortável.
Seu sangue parecia queimar suas veias, e a estranha sensação de
formigamento entre suas coxas estava de volta com força total. Ela se mexeu
desconfortavelmente enquanto um desejo profundo que ela não entendia a
percorria. Ela se amaldiçoou por pensar estupidamente que Stefan não voltaria
esta noite. Ela deveria ter ficado em seu quarto, enterrada sob uma pilha de
livros como havia planejado.

— Vá pescar — ela murmurou.

Claro, isso não ajudava, ele parecia incrivelmente sexy em seus jeans
soltos e uma camisa azul profundo que abraçava o corpo. Seu cabelo
despenteado lhe dava um apelo irresistível de menino. Ela planejava resistir e
planejava ficar longe dele de agora em diante.

— Isabelle — Ethan disse bruscamente.

— O que? — ela exigiu, agravada pelos sentimentos estranhos que a


percorriam.

— Você vai? — ele retorquiu.

Ela piscou para suas cartas enquanto tentava forçar sua atenção de volta
ao jogo. — Você tem um quatro? — Ele jogou um cartão sobre a mesa para
ela. Ela pegou e jogou as cartas na mesa. — Dez?

— Vai pescar.

Isabelle pegou uma carta do baralho. — Jess está dormindo? — Ethan


perguntou.
— Não — respondeu Stefan.

Isabelle enrijeceu ao reconhecer o cheiro dele. Ela o havia sentido com


bastante frequência em seus irmãos, pais e The Stooges, e ela sabia o que era.
O desgosto revirou seu estômago com o cheiro de sexo, junto com outra
emoção, uma que ela estava se tornando desconfortavelmente familiar, ciúme.
Ela queria sair correndo da sala, mas não conseguiu se humilhar ao fazê-lo.

Ela levantou a cabeça para encontrar Ethan sorrindo enquanto olhava


para suas cartas. — Porco — ela murmurou.

Ele olhou para ela, um brilho travesso em seus olhos. — O que? — ele
perguntou inocentemente.

Isabelle olhou para ele enquanto baixava o olhar para suas cartas
novamente. — Quando eles vão voltar? — Stefan perguntou.

Isabelle olhou para o relógio no canto, já passava das doze. — Sempre


que eles quiserem — Ethan respondeu.

— Espero que logo — Isabelle acrescentou. Ela estava com um pouco


de fome mais cedo, mas sua angústia por vê-lo novamente fez com que
voltasse à vida.

— Eles trazem as pessoas de volta para você? — Stefan perguntou.

— Não! — Isabelle gritou, seus olhos voando para ele em horror. Stefan
ficou surpreso com a quantidade de alarme em seu olhar e a repulsa em sua
voz.

Ethan recostou-se na cadeira enquanto jogava as cartas na mesa. O jogo


estava oficialmente acabado, e Isabelle estava mais do que um pouco
agradecida. Ela não conseguia se concentrar, e ela só queria sair da sala
repentinamente pequena e abafada. — Isabelle não se alimenta de humanos.

— Ethan!
Sua intenção de sair voou pela janela em face da declaração casual de
seu irmão. Se ela pudesse alcançá-lo, ela o chutaria por baixo da mesa.
Algumas coisas ela não queria que todos soubessem, especialmente o
estranho frustrante sentado à sua frente.

— O que? — Stefan perguntou surpreso.

Isabelle fez uma careta para seu irmão quando ele cruzou os braços
sobre o peito, uma sobrancelha arqueada interrogativamente enquanto ele
sorria para ela. — É verdade! — ele protestou.

Ela respirou fundo enquanto tentava acalmar seu crescente


ressentimento. — Então, como você se alimenta? — Stefan perguntou.

Isabelle deixou cair suas cartas e desafiadoramente encontrou seu olhar.


— Existem bancos de sangue. É o que nossos pais fizeram por nós quando
éramos pequenos. Eu escolhi continuar fazendo isso.

— Não quer ferir os humanos?

Isabelle cerrou os dentes. — Isso mesmo — ela disse friamente, embora


fosse uma mentira.

Ela não gostava de estar perto deles, mas estava mais preocupada em
tropeçar acidentalmente em alguém que se tornaria seu companheiro. Além do
ensino médio, ela se manteve longe de tantos humanos quanto pôde. Agora,
ela estava com medo de que o que ela estava evitando toda a sua vida tivesse
tropeçado em seu santuário.

— Isabelle e eu somos os estranhos, os párias — Ethan disse com um


sorriso divertido. — Nós não somos sociais, especialmente não com humanos.
Embora, eu pelo menos me alimente deles e saia de vez em quando. Isabelle
fica perto de casa.

— E por que isto? — Stefan não podia acreditar no que eles estavam
dizendo a ele.
Ethan deu de ombros quando Isabelle se mexeu desconfortavelmente.
Ela sabia que Ethan temia a mesma coisa, mas não tinha certeza se ele contaria
a Stefan. Ela com certeza não iria.

— Estamos contentes aqui — Ethan respondeu com indiferença. — E


quanto a você, quantos anos você tem exatamente?

Stefan ergueu uma sobrancelha enquanto olhava interrogativamente


para os dois. Isabelle estava sentada em silêncio, sua cabeça abaixou
enquanto ela se recusava a encontrar seu olhar. Havia algo mais na história do
que a simples explicação de Ethan, mas era óbvio que nenhum deles daria mais
detalhes.

— Duzentos e sessenta e sete — ele respondeu enquanto se inclinava


para trás e cruzava as mãos atrás da cabeça.

Quando a cabeça de Isabelle se ergueu e seus olhos encontraram os


dele, um raio de luxúria disparou através dele.

— O que exatamente você pode fazer? — Ethan perguntou.

— Muitas coisas — ele respondeu distraidamente.

O olhar de Stefan permaneceu fixo no de Isabelle. Mordendo


nervosamente o lábio inferior, ela se afastou dele. Seus longos cílios
tremularam para baixo para lançar sombras sobre suas bochechas delicadas.
Ele lutou contra o desejo irresistível de tocar sua bochecha, para ver se era tão
flexível quanto parecia. Ele fez uma careta enquanto desviava sua atenção dela
e voltava para o olhar curioso de Ethan. Ele percebeu que estava começando
a agir como um menino no auge de seu primeiro amor, e não gostou nem um
pouco disso.

— Como? — Ethan perguntou.

— Tal como, eu posso me mover mais rápido do que você jamais sonhou,
minha força é dez vezes mais forte que a sua, minha audição, visão e outros
sentidos são dez vezes maiores que os seus. Meus poderes de persuasão,
apagamento de memória e ocultação de minha presença poderiam fazer você
parecer um bebê recém-nascido.— Ele sabia que parecia arrogante e hostil,
mas a crescente tensão em seu jeans estava se tornando quase insuportável
e o deixando nervoso. — Eu posso fazer humanos, e você, ver algo que não
está lá — ele continuou em um tom mais leve. — Foi o que fiz com Kathleen,
Delia e Jess.

— Por que você não escondeu sua presença de nós no primeiro dia? —
Ethan perguntou.

— Eu não esperava sair do carro para um ninho de vampiros.

— Se seus poderes são tão fortes, então como você não nos sentiu antes
de chegar aqui? — Ethan exigiu, obviamente um pouco irritado com a
arrogância de Stefan. Stefan tentou iluminar seu tom e postura, ainda mais. Ele
gostava de Ethan, e não queria Ethan com raiva porque ele soava como um
idiota condescendente.

— Porque eu não estava procurando por ele, e estava ocupado


discutindo com Jess pela porra do rádio. Eu sabia que você estava a alguns
quilômetros da estrada, não esperava que fosse o lugar para onde estávamos
indo. Mesmo se nós não tivesse vindo para cá, teria vindo sozinho.

Ambos o olharam incrédulos. — Por quê?

Stefan cruzou as mãos diante dele. — Porque eu estava curioso sobre a


quantidade de presenças de vampiros que senti aqui. Eu teria vindo aqui
simplesmente para investigar.

Isabelle franziu a testa para ele, seus olhos escureceram enquanto ela
hesitantemente encontrou seu olhar. Ele sorriu de volta para ela enquanto
descruzava as mãos e se inclinava para frente. — Estamos felizes aqui — ela
sussurrou. — É por isso que todos nós ficamos.
— Eu posso ver isso. Estou surpreso que todos tenham ficado por tanto
tempo.

— Para onde mais eles iriam? — Isabelle perguntou, seu rosto refletindo
sua inocência e confusão. — David, Jack, Mike, Doug e meu pai são amigos
desde a infância. Eles foram todos mudados na mesma época e pelo mesmo
vampiro. Eles sempre estiveram juntos, ajudando um ao outro. Eles ajudaram
a nos criar, eles são como nossos tios. Eles são nossa família.

— E quanto aos seus outros irmãos, todos eles vão ficar?

— Aiden e Ian estão indo para a faculdade, e Abby e Vicky estão


praticamente de malas prontas, embora ainda tenham três anos pela frente.

A testa de Stefan franziu. — Eles vão para a escola agora?

— Todos nós fomos para o ensino médio — Ethan respondeu. — Willow


vai começar a escola no outono. Quando tivermos treze anos, somos capazes
de controlar nossa capacidade de mudar. Antes dessa idade, pode ser um
pouco duvidoso e difícil de conter, especialmente quando ficamos bravos ou
chateados. A maioria de nossas guerras foram conduzidas como vampiros
completos se estivéssemos com raiva o suficiente.

Stefan estudou os sorrisos divertidos em ambos os rostos enquanto eles


trocavam olhares. — E nenhum de vocês teve problemas na escola? — ele
perguntou.

— Eu fiz uma vez — Isabelle admitiu. — Fiquei furiosa com esse cara
chamado Ralph. Ele estava sempre fazendo comentários rudes e
desagradáveis para mim, e acabamos brigando. Eu me troquei bem na frente
dele. Felizmente, Ethan estava lá para me ajudar a mudar suas memórias
depois, caso contrário, não sei o que teria acontecido. Ninguém mais teve
problemas.
Stefan sabia o que teria acontecido se Ethan não estivesse lá, mas não
era um pensamento agradável e, obviamente, nenhum que Isabelle queria
contemplar. Ele se recostou na cadeira e cruzou as mãos atrás da cabeça
novamente. Ele ficou fascinado com a existência deles e como eles
sobreviveram e queria aprender mais. Se ele fosse honesto consigo mesmo,
ele queria saber mais sobre ela.

— Você não tinha amigos que queriam vir, ou peças de teatro na escola,
ou competições esportivas que seus pais queriam ir? — ele perguntou.

— Ethan e eu não entramos em nada. Aiden estava no time de futebol e


basquete, e Ian estava no time de natação. Abby e Vicky são líderes de torcida.
Nossos pais vão a alguns dos eventos, mas eles se parecem com qualquer
outro espectador quando eles estão lá e, infelizmente, não podem se
apresentar como nossos pais. Mike, Doug, David e Jack também vão.

— Por que vocês não se juntaram a nada?

— Como eu disse, nós somos os insociáveis — Ethan respondeu com


um sorriso.

Stefan realmente queria saber por que eles eram antissociais queridos,
mas ele não perguntou. — Que tal amigos vindo?

— Aiden, Ian, Vicky e Abby trouxeram seus amigos, não em grandes


grupos, mas alguns aqui ou ali. Nós alteramos um pouco suas memórias
quando eles saem e os fazemos pensar que nossos pais são mais velhos.

Stefan franziu a testa quando desdobrou as mãos e se inclinou para


frente. — O que você vai fazer daqui a dez anos, quando as pessoas
começarem a questionar por que você não está envelhecendo?

— Não vamos muito à cidade. A maioria das pessoas pensam que já nos
mudamos e agora vivemos vidas separadas. As poucas vezes que vamos à
cidade é sempre à noite e alteramos as memórias das poucas pessoas nos
encontramos. Costumamos ir para Portland ou Califórnia, onde ninguém
percebe nada.

— Então, você não se preocupa que as pessoas possam ficar curiosas


sobre você?

— É muito rural aqui — respondeu Isabelle. — Minha turma de


formandos tinha apenas quarenta e dois alunos. Todos foram para a faculdade
e não moram mais na área. Nosso vizinho mais próximo fica a oito quilômetros
de distância e nenhuma vez, nos últimos vinte e cinco anos, eles vieram aqui.
O time de futebol viaja quarenta e cinco minutos para chegar ao seu jogo mais
próximo. A maioria das pessoas se mantém sozinha por aqui, e ninguém nos
incomodou ainda. Não vejo por que isso mudaria.

Ele ficou surpreso com o fato de nenhum deles planejar partir. — E você
fica aqui o tempo todo? — ele perguntou.

— Nós saímos às vezes — Isabelle respondeu. — Nós vamos para a


cidade também, não com tanta frequência quanto os outros, mas vamos. Ethan
e eu vamos para a Califórnia principalmente. Eu amo Napa Valley.

Ele franziu a testa para ela quando ela encontrou seu olhar hesitante. Eles
levavam vidas muito protegidas. Onde seus irmãos mais novos queriam sair e
explorar o mundo, esses dois se contentavam em ficar escondidos. Isabelle era
jovem, vibrante e a mulher mais bonita que ele já vira. Ele não podia deixar de
sentir que ela estava desperdiçando sua vida extremamente longa. Ele sentiu
o súbito desejo de mostrar a ela tudo o que ela estava perdendo.

Ele estava se tornando um idiota perto dessa garota. Ela estava contente
com sua vida, ele não tinha nada que questionar seus motivos, ou querer
mudá-la.

— E seus pais? — ele perguntou para se distrair de seus pensamentos.


— Você acha estranho considerá-los seus pais, quando eles parecem tão
jovens quanto você?
Ethan e Isabelle trocaram um olhar, a confusão era evidente em ambos
os rostos.

— Não — respondeu Ethan. — Talvez pareça estranho para você porque


você foi humano uma vez, mas fomos criados assim. É tudo o que sempre
conhecemos. Confie em mim, nossos pais ainda podem nos assustar, não
importa o quão jovens eles pareçam…

Stefan supôs que não seria estranho para ele se ele fosse eles, mas ele
se lembrava de seus pais e do envelhecimento deles. Ele não podia imaginar
tê-los com ele agora, então, novamente, ele os perdeu quando era muito jovem
para sequer pensar em como seria tê-los com ele agora. Eles estavam mortos
antes que ele fosse transformado, mortos muito antes de ele chegar à idade
adulta. Stefan desviou sua atenção do passado, determinado a não revivê-lo.

— Com que idade você parou de amadurecer? — ele perguntou.

— Acabei de parar este ano — respondeu Ethan.

— Eu parei no ano passado — Isabelle disse enquanto sorria


presunçosamente para seu irmão. Aparentemente, era um assunto delicado
para Ethan que sua irmã mais nova atingisse a maturidade antes dele.

— Vocês pararam em idades diferentes? — ele ficou surpreso com esta


revelação.

— Sim, não sabemos exatamente como isso funciona, ou o que faz


nossos corpos decidirem parar de envelhecer, mas Isabelle sabia antes de
mim.

— Como você sabia que tinha acabado? — Stefan perguntou.

Ela encontrou seu olhar hesitante. — Eu simplesmente sabia. Não há


outra maneira de explicar isso, exceto que eu simplesmente sabia.
— Sim — Ethan respondeu. — Eu acordei seis meses atrás e sabia. No
começo, eu pensei que Isabelle estava mentindo para mim sobre isso para me
atormentar. — Eles trocaram sorrisos rápidos. — Mas é assim que funciona.
Não há como saber quando vamos parar, só quando paramos. Nossos poderes
se desenvolvem mais rapidamente depois.

— Você não tem nenhum poder até amadurecer? — ele perguntou


incrédulo.

— Nós temos algumas, podemos alterar um pouco as memórias, mas é


incrivelmente desgastante. Se eu não estivesse lá para ajudar Isabelle com
Ralph, ela nunca teria sido capaz de fazer isso sozinha. Nós éramos mais
rápidos e mais fortes que os humanos, mas não muito. Não é até que estejamos
totalmente maduros que nossa velocidade aumenta, nosso poder de apagar a
memória se torna maior e podemos ver e ouvir muito melhor.

— Incrível — ele murmurou.

— Quantos anos você tinha quando se tornou um vampiro? — Isabelle


perguntou. Ela não tinha a intenção de fazer a pergunta, não queria saber mais
nada sobre ele, mas descobriu-se estranhamente curiosa sobre ele.

Ele olhou para ela, satisfeito por ela estar mostrando interesse nele e em
sua vida. Um pouco satisfeito demais, ele percebeu com uma careta interior. A
garota fez uma pergunta sobre sua vida, e ele instantaneamente começou a se
perguntar se poderia levá-la para sua cama esta noite. Então, com um gemido
interior, lembrou-se de Jess e sua esperança evaporou. Talvez ele pudesse ir
para a cama dela.

A direção de seus pensamentos o assustou, assim como o despertou


para um estado muito desconfortável. Pelo amor de Deus, ela só fez uma
pergunta estúpida, e ele imediatamente pensou que poderia levá-la para a
cama. Ele estava agindo como um idiota.
Foi então que ele percebeu que ambos estavam olhando para ele com
expectativa. Ele saiu de seus pensamentos lascivos e forçou sua atenção de
volta para a conversa. — Vinte e oito, — ele respondeu.

Ela assentiu enquanto deslizava para trás em sua cadeira, seu olhar foi
para o relógio no canto. Ela estava cansada e faminta, e precisava se afastar
de Stefan antes que se sentisse mais curiosa e atraída por ele.

— Eu estou indo para a cama. — Ela se levantou de repente, sua cadeira


derrapou para trás com a força de seu movimento repentino.

— Você não quer esperar por eles? — Ethan perguntou.

— Não, eu estou cansada.

— Boa noite — Stefan disse sua voz profunda e rouca.

Isabelle não conseguiu reprimir o arrepio que percorreu sua espinha


enquanto a voz dele parecia acariciá-la e envolvê-la. — Boa noite — ela
respondeu enquanto saía pela porta.

Quando ela saiu, Stefan ficou surpreso com a estranha sensação de


perda que o preenchia. Se Ethan não estivesse sentado ao lado dele, ele sabia
que iria atrás dela e a impediria. No entanto, ele não achava que Ethan aceitaria
gentilmente a ideia de Stefan arrastar sua irmã escada abaixo para estuprá-la.
Haveria outras noites e momentos melhores para aliviar sua luxúria.
Stefan ainda estava sentado na sala de jantar apagada duas horas
depois. Ele não conseguia encontrar a energia, ou o impulso, para voltar para
cima e rastejar para a cama ao lado de Jess. Só o pensamento causou um nó
frio de repulsa em seu estômago.

Já passou da hora de terminar com ela. Ele se cansou do relacionamento


algumas semanas atrás, mas hoje foi a gota d'água. Especialmente agora que
havia outra opção firmemente definida em sua cabeça e ele estava
determinado a persegui-la.

Além de estar cansado dela, ele podia sentir os pensamentos fantasiosos


de casamento e filhos começando a passar pela cabeça de Jess. Ele pensou
que gostaria de ter esse tipo de vida um dia, mas não com Jess. Ela era
divertida e fácil quando eles se conheceram, mas há muito tempo ela se tornou
chata.

Ele achou melhor ter uma mulher por perto constantemente e começou
a adotar namoradas por curtos períodos de tempo, em vez de casos de uma
noite. Ele manteve Jess por perto um pouco mais do que a maioria dos outros,
mas era hora de cortar os cordões. A única razão pela qual ele veio aqui foi
para deixá-la com sua mãe e ir embora. Ele pensou em ir para o Canadá para
explorar o deserto. Foi apenas encontrar sua espécie, e Isabelle, que o fez ficar.
Ele poderia ficar agora e se livrar de Jess.

Ele não estava ansioso pela cena que certamente se seguiria, ou pelo
ambiente hostil que isso causaria. Talvez fosse melhor esperar até que Jess
voltasse para a escola, então pensou melhor. Ele não suportava ficar perto dela
agora, muito menos mais duas semanas. Era melhor acabar com isso o mais
rápido possível.
Ele se recostou na cadeira enquanto olhava para o quarto escuro. Para
ele, estava tão bem iluminado quanto quando todas as luzes estavam acesas,
e ele distinguiu facilmente todos os detalhes. Ele gostou desta casa e, para sua
surpresa, gostou de todo o ambiente acolhedor e familiar.

Ele nunca ficava com sua espécie por longos períodos de tempo, exceto
por Brian, mas Brian era seu passado e ele não tinha intenção de vê-lo
novamente. O pensamento trouxe de volta memórias que ele preferia
esquecer, memórias do que ele tinha sido e nunca mais seria.

Era mais fácil esquecer quando ele estava aqui. Ele nunca havia se
estabelecido em lugar nenhum antes, mas quando viu como todos estavam
próximos e seguros, quase desejou ter um lugar como aquele para si. Ele
gostava das risadas, da familiaridade calorosa e das histórias. Os laços de
amor tecidos em todo o lugar nunca se romperiam, laços dos quais ele sentia
um pouco de ciúme.

Ele entendeu por que David, Doug, Jack e Mike ficaram aqui, embora
estivessem mais livres do que os outros para partir. Ele não sabia por que Ethan
e Isabelle pareciam determinados a ficar tão longe do mundo exterior. Eles
sempre teriam um lugar para onde voltar, mesmo que saíssem e conhecessem
o mundo.

Então, novamente, ele viu tudo o que havia para ver e esteve em todos
os lugares que havia para ir. Ele nunca havia sentido a paz e o conforto que
sentia aqui. Ele estava feliz por tê-lo encontrado. Um dia, ele pode até montar
uma casa própria algum lugar e sossegar um pouco. Embora provavelmente
seria solitário apenas com ele, e ele provavelmente ficaria entediado em um
mês, mas pelo menos ele teria uma base para onde voltar quando seu desejo
de viajar diminuísse novamente.

Pensando bem, seu desejo de viajar havia diminuído nos últimos


cinquenta anos ou mais. Desde que matou Brenda, ele se sentia
estranhamente distante, sem propósito e cansado de viajar pelo mundo. Toda
a sua existência girava em torno de destruí-la e, uma vez que ela se foi, não
havia razão para ele continuar. No começo, ele pelo menos tinha Brian, mas
quando Brian mudou, ele também perdeu a amizade de Brian.

Ele só estava tentando sobreviver por um tempo agora. Ele só não queria
admitir para si mesmo. Agora, ele tinha um lugar para ficar, um lugar de que
gostava e onde se sentia um pouco vivo novamente.

David o convidou para ficar o tempo que quisesse, e Sera e Liam


insistiram nisso. Ele inicialmente recusou a oferta, mas depois desta noite, ele
mudou de ideia. Pela primeira vez em muito tempo, ele não se sentia tão
estranhamente desconectado ou solitário.

Seria divertido ficar aqui, ouvindo histórias, ajudando na casa e


conhecendo Isabelle melhor. Muito melhor. Ele gostaria de ter tempo para
entendê-la, e ele gostaria de ir para a cama com ela.

Não havia dúvida em sua mente que ele iria levá-la para sua cama, ele
ainda não tinha conhecido uma mulher que o recusasse, ele só não sabia
quanto tempo isso levaria. Ela estava muito hesitante perto dele e, por algum
motivo, parecia desconfiada dele. Assim que ultrapassasse esses dois
obstáculos, estaria livre em casa. Ele nem considerou Jess como um possível
obstáculo, para ele, ela já havia partido.

Um pequeno baque na cozinha chamou sua atenção. Instantaneamente,


ele soube quem era, e seu pulso acelerou com a emoção que o percorria.
Plantando sua cadeira de volta no chão, ele ficou de pé. Movendo-se
silenciosamente pela sala de jantar apagada e pelo corredor, ele entrou pela
porta da grande cozinha.

Isabelle estava parada na frente da geladeira, sua silhueta contra a luz


fraca. A camisola azul clara que ela usava terminava no meio da coxa. Sua
boca ficou seca e seu pau doía enquanto saboreava a visão de suas pernas
longas e bem torneadas. A forma como ela se curvou permitiu-lhe uma visão
tentadora de um par de calcinhas pretas de renda.
Ele se mexeu desconfortavelmente enquanto seu pênis saltava
ansiosamente em suas calças. Ela era a coisa mais tentadora que ele já tinha
visto. Ele estava certo de que mesmo a Deusa Vênus não poderia ser
comparada à adorável visão diante dele.

Ela fechou a porta com força enquanto suas costas ficavam eretas como
uma vareta. — Você não dorme? — ela perguntou friamente.

Stefan se forçou a respirar fundo antes de responder. — Eu poderia


perguntar o mesmo de você.

Ela se virou para ele, seus olhos violeta brilhando na noite. As mechas
douradas em seu cabelo brilhavam e dançavam ao luar, enquanto seu
chocolate se misturava às sombras. Causou um efeito surpreendente
destacando sua beleza encantadora.

— Eu esperava que eles tivessem voltado, — disse ela.

— Com fome?

Seus olhos brilharam quando ela inclinou o queixo delicado. — Nem


todos nós temos um suprimento pronto disponível — retorquiu ela.

— Por favor, aproveite Jess. — Ele quase rosnou com o comentário, mas
não pôde evitar. Ela o tinha duro como uma rocha, e seu comportamento altivo
o enfureceu.

Sua boca requintada se abriu enquanto ela olhava boquiaberta para ele.
— Que coisa horrível de se dizer! Você não tem nenhum respeito?

Stefan se mexeu enquanto apoiava o quadril contra o grande balcão que


separava a cozinha da entrada de azulejos. — Eu não gostaria de ver você
passar fome quando há um suprimento pronto disponível.
Ela levou um minuto para perceber que ele estava zombando dela.
Quando o fez, suas mãos se fecharam ao lado do corpo. — Você é sempre um
idiota? — ela exigiu.

Ele sorriu arrogantemente para ela, seus dentes brancos brilhando no


escuro, e seus olhos de ônix brilhavam com a fome com a qual ela estava se
tornando desconfortavelmente familiar. Fome que evocava a estranha
sensação de formigamento nela, não importa o quanto ela tentasse lutar contra
isso.

— A maioria das mulheres me acha charmoso — disse ele.

— Eu acho você irritante.

— Então eu notei, e confie em mim, o sentimento é mútuo.

Ela piscou para ele com espanto. Seria possível que ela o afetasse da
mesma maneira estranha que ele a afetava? Ela afastou o pensamento. Ele
parecia muito imperturbável por sua presença para sentir qualquer quantidade
de desejo queimando por ela. Mesmo estando a uns bons três metros dele, ela
podia sentir o calor de sua presença, a força de seu poder. Isso queimou
através dela, fez seu coração martelar e fez suas pernas tremerem, não
importa o quanto ela tentasse lutar contra isso. Ela não queria isso, ela não
queria nada disso.

Seus olhos dispararam em direção à abertura. Tudo o que ela queria era
sair correndo da cozinha e voltar para a segurança de seu quarto. No entanto,
ela estaria a poucos centímetros dele se fosse embora, e ela não queria ficar
tão perto dele, nunca.

Ela tinha tanta certeza de que ele estaria em sua cama agora, com Jess,
e seria seguro sair novamente. Ela se chutou na bunda por sua estupidez.
Depois de sua reação anterior a ele, ela deveria ter percebido que nunca havia
um momento seguro para sair de seu quarto enquanto ele estivesse por perto.
— Então, o que você não gosta em mim, Isabelle?

Sua voz rouca causou arrepios na espinha dela. De repente, ela foi
tomada por uma vontade insana de chorar. Ela se trancou para evitar isso, e
ele entrou direto no quintal dela, direto na casa dela! E o pior de tudo era que
ele não sentia nada como ela sentia. Ela tinha visto o desejo por ela em seus
olhos algumas vezes, mas ele não parecia nem um pouco chateado com a
presença dela agora, não como ela estava com a dele.

Talvez ela estivesse errada, pensou esperançosa. Talvez ele não fosse
sua alma gêmea. Se ele era, então certamente ele sentiria algo também. Seus
pais não conseguiam manter as mãos longe um do outro, e ambos disseram a
ela que havia uma conexão instantânea, mesmo que não tivessem percebido
a princípio. Se Stefan não estava sentindo nada, então talvez ele fosse
simplesmente o primeiro homem por quem ela se sentira atraída, e ela estava
errada sobre todo o resto.

Certamente ela poderia se sentir atraída por um homem e não ter que
entregar sua vida a ele. Suas irmãs estavam sempre se apaixonando e
desapaixonando. Só porque ela nunca sentiu nada por ninguém antes não
significava que não pudesse sentir agora.

Isso fazia todo o sentido, ela decidiu. Ele era bonito, incrivelmente
construído, e o primeiro vampiro que ela conheceu fora de sua família. Claro,
ela se sentiria atraída por ele, mas isso não significava nada, era apenas uma
mera atração.

— Eu não desgosto de você — ela finalmente respondeu, e ela não


gostou, ele apenas a assustou pra caramba.

— Poderia ter me enganado — ele retorquiu, sua voz assustadoramente


fria.

— Eu hum, eu preciso dormir. Estou cansada — ela conseguiu gaguejar.


— Gastou todas as suas energias limpando? — O tom zombeteiro de sua
voz levantou sua irritação e seu temperamento. — Você deveria ter deixado
Jess te ajudar.

Ele não tinha a intenção de provocá-la, mas sua necessidade de escapar


dele o mais rápido possível o irritou. Seus olhos ficaram com um tom mais
profundo de violeta quando a raiva explodiu através dela. Pelo menos quando
ela estava furiosa, ela não estava olhando para ele como se ele fosse o lobo, e
ela fosse o coelho que ele estava prestes a devorar. Em vez disso, ela parecia
querer matá-lo, e ele descobriu que preferia isso.

Isabelle apertou a mandíbula, completamente furiosa com o idiota


arrogante diante dela. Ele merecia Jess, eles eram perfeitos um para o outro.

— Eu não queria interromper seu importante bronzeamento, tenho


certeza que você não gostaria que ela tivesse linhas indecorosas! — ela
retrucou, consciente do ciúme que coloria suas palavras. Ela só esperava que
ele não percebesse.

Ele a atraiu, mas não esperava que ela voltasse contra ele. Ele esperava
que ela contasse a verdade sobre Jess se recusar a ajudá-la, não que ela
concordasse com a mentira e que ela não o lembrasse abertamente de seu
relacionamento com Jess. Levou tudo o que ele tinha para não responder na
mesma moeda, para não agarrá-la e colocar algum bom senso nela, para não
agarrá-la e beijá-la com raiva.

Em vez disso, ele decidiu mudar de tática. — Por que você está com
medo de mim?

A pergunta teve o efeito que ele queria quando sua boca deliciosa se
abriu. — Eu não tenho medo de ninguém! — ela chorou.

Ele achou fácil de acreditar, mas algo sobre ele a perturbou, enquanto
algo sobre ela o fez quase explodir para fora de seus jeans. Ele se mexeu
desconfortavelmente novamente e foi para o fundo do balcão, tentando aliviar
a pressão. Ele se forçou a manter seu olhar focado em seu rosto, e não na
camisola fina que enfatizava suas curvas delicadas e expunha suas coxas
cremosas. Coxas que ele estava muito tentado a tocar, provar, envolver ao
redor dele enquanto se enterrava dentro dela.

Ele não pensou que fosse possível, com certeza ainda não tinha visto,
mas ela parecia excitada. Seus lábios se separaram, sua respiração acelerou
e seus olhos estavam mais escuros quando eles encontraram os dele
cautelosamente. Ele sorriu quando finalmente deduziu a fonte de seu medo.
Ela estava tão atraída por ele quanto ele por ela, mas por alguma razão, ela
não gostou da sensação, e isso a assustou. Por alguma razão, em vez de ceder
a seus impulsos como faria qualquer mulher sã, ela estava determinada a lutar
contra ele a cada passo do caminho.

Isabelle tremeu quando a força de seu olhar persistente atingiu seu


corpo. Onde quer que seus olhos a tocassem ardia, particularmente entre suas
coxas. O aperto em sua virilha, o latejar que seu olhar despertava, era
desconhecido, mais do que um pouco assustador, e ainda estranhamente
prazeroso.

Essa percepção enviou um raio de consternação através dela tão forte


que ela quase tropeçou para trás. Ela precisava sair daqui. Ela precisava ficar
longe dele. Ele havia se afastado da porta. Ela ainda teria que chegar perto
dele, mas pelo menos não precisaria chegar tão perto.

— Eu tenho que ir — afirmou ela.

Respirando fundo para recuperar as forças, ela atravessou a cozinha,


recusando-se a olhar para ele enquanto passava pela porta. Ele agarrou o
braço dela no segundo em que ela saiu da cozinha. Seu toque queimou em sua
pele e ardeu por todo seu corpo enquanto ela voltava seus olhos selvagens
para ele.

— Solte! — ela chorou.


O brilho predatório em seus olhos fez com que ela prendesse a
respiração na garganta. — É isso que você realmente quer, Isabelle?

A maneira como ele disse o nome dela causou arrepios em sua espinha
e fez suas pernas tremerem de desejo. — Sim! — ela gritou, enquanto todo o
seu corpo gritava não.

— Eu não acho.

Antes que ela soubesse o que estava acontecendo, ele a puxou para
frente. Ela ofegou quando foi trazida contra seu peito enorme. Ela nem teve
tempo de registrar o calor sob sua mão antes que ele puxasse sua cabeça para
trás e tomasse posse de seus lábios. O mundo pareceu desaparecer quando
a boca dele, exigente e quente, reivindicou a dela.

Sua língua correu levemente ao longo de sua boca, saboreando-a


enquanto mordiscava seu lábio inferior. Ele aproveitou o grito assustado que
escapou dela para invadir sua boca com estocadas profundas e penetrantes
enquanto provava e provocava. Isabelle choramingou em resposta às ondas
abrasadoras de calor queimando em suas veias enquanto ele acariciava o céu
da boca, os dentes e a língua.

— Me beije de volta, Isabelle — ele sussurrou com a voz rouca enquanto


se afastava um pouco dela.

A mão dele se apertou em seu cabelo enquanto seu braço de aço


rodeava sua cintura. Seus olhos, queimando os dela, tiraram seu fôlego e ela
foi incapaz de dizer a ele que não sabia o que ele queria dizer. Antes que ela
pudesse recuperar o fôlego, a boca dele recapturou a dela. Seu coração
martelava enquanto o formigamento em sua virilha se intensificava.

Desta vez, quando sua língua tocou os lábios dela, eles se separaram
voluntariamente para sua invasão. A língua dele era quente quando ele a
penetrou, e ela o encontrou hesitante. Um estremecimento o percorreu
enquanto a puxava com mais força contra seu peito. O fato de ele parecer tão
afetado pelo beijo dela quanto ela pelo dele serviu para torná-la mais ousada e
segura de si. Ela ansiosamente começou a imitar seus movimentos,
encontrando-o impulso por impulso enquanto suas línguas se entrelaçavam em
um ritual de acasalamento tão antigo quanto o tempo.

Ela se deixou levar pelo gosto dele. A mão pressionada contra seu peito
involuntariamente enrolou em sua camisa. O calor do peito dele, os músculos
grossos se contraindo e flexionando sob a palma da mão dela, queimando em
sua mão. A força e o poder dele envolveram e dominaram seus sentidos. Tudo
que ela podia sentir, tudo que ela podia provar, era ele.

Ele a virou rapidamente, pressionando-a contra o balcão. Sua perna


rígida se apoiou entre suas trêmulas coxas enquanto a mão em sua cintura
começava a acariciar suas costas, causando arrepios em sua espinha. Incapaz
de parar, ela se pressionou com mais firmeza contra ele. A sensação de seu
peito sólido contra seus mamilos despertou sensações deliciosas, diferentes
de tudo que ela já havia experimentado antes.

Ela saboreou a sensação de seu corpo contra o dela, tão forte e diferente.
Ele era duro onde ela era macia, largo onde ela era pequena. As cerdas
ásperas ao longo de sua mandíbula esfregaram contra sua pele e sob sua mão
ela podia sentir os pelos crespos de seu peito enquanto ele a segurava em seu
abraço de aço. Preguiçosamente, a mão na parte inferior de suas costas
deslizou sobre seus quadris, ao longo de seu estômago, e deixou um rastro
ardente em sua pele.

Tremores a sacudiram, seu coração martelava em seu peito enquanto


ele apertava seu seio através do tecido fino de sua camisola. Instintivamente,
ela se arqueou contra ele, as mãos dela soltaram a camisa dele para envolver
seu pescoço. Ela se agarrou a ele enquanto o calor líquido se espalhava por
ela. Ele a esfregou e amassou, provocando seu mamilo ereto com o polegar
enquanto ela pressionava o delicioso calor de sua palma.

Ele liberou sua boca para descer por seu pescoço, deixando um rastro
de calor ardente enquanto mordiscava e lambia sua pele. Seus joelhos
cederam quando ela foi inundada por uma paixão tão feroz que ela mal
conseguia respirar. Sua coxa serviu para mantê-la ereta enquanto seu mundo
inteiro se enchia dele.

A sensação de sua coxa entre as pernas dela trouxe algo novo e


inesperado. Ela se esfregou contra ele experimentalmente. Um suspiro
escapou dela quando um novo raio de prazer fez suas pernas tremerem e todo
o seu corpo ficar fraco. Ele gemeu, suas mãos se fecharam sobre ela enquanto
ela balançava contra ele novamente.

— Isabelle — ele rosnou em seu ouvido.

A boca dele reclamou a dela com um frenesi que a assustou e a dominou.


Então, a apreensão desapareceu quando ela se viu consumida por sua óbvia
necessidade. Erguendo-a facilmente de cima dele, ele a colocou no balcão. Ele
agarrou as panturrilhas dela, as mãos dele queimaram a pele dela enquanto
ele envolvia as pernas dela ao redor de sua cintura.

Tudo estava indo rápido demais, o mundo girou quando ela se


transformou em uma massa trêmula de terminações nervosas formigando por
toda parte. Ela deveria parar com tudo isso. Essa era a última coisa que ela
queria, a única coisa que vinha negando, mas parecia tão certo e incrivelmente
bom. Ele segurou a gola de sua camisola, puxando-a bruscamente para baixo
para liberar seu seio. Sua mão instantaneamente caiu sobre ela.

Qualquer protesto que ela pudesse ter feito morreu quando ela se
contorceu sob seu toque abrasador. A sensação de sua palma áspera e
calejada em seu seio foi a coisa mais deliciosa que ela já experimentou, e não
havia como detê-lo. O braço dele envolveu a cintura dela, arrastando-a pela
bancada e pressionando-a contra sua pélvis. Um grito escapou dela quando
sentiu a dura prova de sua excitação pressionando contra seu jeans e roçando
deliciosamente contra a área sensível entre suas trêmulas coxas.

Stefan não conseguia o suficiente, ele sentiu como se estivesse se


afogando no doce sabor dela e na maneira como ela reagia a ele. Sua pele era
flexível e suave como seda quando ele passou as mãos por suas coxas. Ela
cheirava a ar fresco, sabão e maçãs, mas por baixo de tudo , ele podia sentir
seu cheiro delicioso e natural de mulher pulsando em seu sangue e corpo. O
cheiro dela o envolveu enquanto aumentava acentuadamente e ele sabia que
nunca iria esquecê-lo.

Ela era tão selvagem, tão livre e desinibida. Ela respondia a tudo que ele
fazia com gemidos sedutores que o tornavam mais duro e frenético para tê-la.
Levou todo o controle que ele tinha para não rasgar sua camisola e levá-la para
o balcão. Se não fosse pelo fato de que ele acreditava que ela era virgem, ele
já teria feito isso, mas ele não queria machucá-la mais do que faria quando a
penetrasse.

Ele precisava desacelerar as coisas, levá-la para baixo, mas a sensação


dela, o gosto dela estava levando-o além de qualquer pensamento razoável de
controle e sanidade. Ele a queria com uma urgência que nunca havia
experimentado antes, com um desejo que chegava perto de fazê-lo quebrar.

Sob sua palma, seu mamilo queimava em sua pele enquanto ele a
esfregava e amassava. Ele ergueu a boca para deixar cair beijos ao longo de
sua orelha e pescoço sensíveis, ele desceu por seu peito, antes de agarrar seu
mamilo.

Ela gemeu, seu corpo resistia contra o dele enquanto seus dedos se
envolviam em seu cabelo. Ele lambeu e beliscou, saboreando-a enquanto a
puxava para sua boca. Ele chupou até que ela se contorceu de paixão e se
apertou contra ele com um abandono que o deixou quase sem fôlego.

— Stefan! — ela gritou, incapaz de suportar a antecipação crescendo


dentro dela.

Ela não sabia o que estava acontecendo com ela, mas sabia que ele
poderia aliviá-la, e ela queria desesperadamente que ele o fizesse. Incapaz de
se conter, ela abriu os olhos e olhou para ele. Sua respiração ficou presa na
garganta ao ver sua cabeça inclinada sobre seu seio, seu mamilo puxado em
sua boca enquanto sua língua o provocava ao redor. Era a coisa mais erótica
que ela já tinha visto. Incapaz de suportar o aperto em seu corpo, ela deixou
cair a cabeça em seu ombro.

Foi quando ela sentiu o cheiro.

Ela endureceu instantaneamente, suas pernas se afastaram dele. Todo


o seu prazer desapareceu imediatamente quando a raiva e a repugnância
ameaçaram sufocá-la.

— Pare! Saia! — ela gritou, empurrando com raiva o peito e os ombros


dele enquanto se contorcia para se livrar de seu aperto de ferro, mas ele não
se mexeu.

Ela o empurrou novamente, mas foi como empurrar uma parede de


tijolos. Lágrimas de frustração brotaram dela enquanto ela lutava contra as
ondas de náusea. Finalmente, ele levantou a cabeça de seu peito para olhá-la.
Ela parou de empurrá-lo e rapidamente colocou a camisola de volta no lugar,
o embaraço aumentou para se misturar com o emaranhado de suas emoções.

Agarrando-se ao decote da camisola, forçou-se a erguer o queixo e olhá-


lo fixamente. Ela se moveu para sair do balcão, mas ele plantou as mãos em
cada lado dela. Seus braços tremeram quando seus olhos ardentes de ônix
encontraram os dela. Havia pesar em seu olhar enquanto a impedia de
escapar.

— Isabelle…

— Não! Fique longe de mim!

Soltando a camisola, ela tentou empurrar o peito dele novamente, mas


pensou melhor. Ela não queria tocá-lo, não queria sentir o calor de seu corpo.
Ela estava com medo de perder sua vontade se o fizesse.

— Você acabou de sair da cama dela e agora... agora...— Ela se


interrompeu, incapaz de falar através da humilhação que a inundava. Ela
estava horrorizada consigo mesma, furiosa com ele, e tudo o que ela queria
era correr para o quarto, enterrar-se sob os cobertores e esquecer que essa
terrível experiência aconteceu. Isabelle inalou rapidamente enquanto seu olhar
viajava vagarosamente sobre ela.

— Você não se importou um minuto atrás — ele respondeu com um


sorriso de escárnio.

A respiração saiu dela quando toda a sua compostura se quebrou e a


raiva brotou. Sem pensar, ela ergueu a mão com a intenção de acertá-lo. Ele
a pegou com facilidade, segurando-a em sua mão grande e poderosa. Seu
rosto ficou sem emoção como granito, e seus olhos eram lascas frias de gelo
negro. Ele parecia incrivelmente mortal, e ela sabia que ele poderia quebrá-la
ao meio se quisesse.

— Não — ele rosnou em advertência.

Ela olhou com ódio para ele. Stefan tremeu com luxúria insatisfeita
quando ele encontrou seu olhar furioso. Então, ele largou o braço dela e se
afastou antes de se ver incapaz de deixá-la ir. Os olhos dela piscaram incertos
sobre o rosto dele antes de deslizar cautelosamente para fora do balcão. Ele
não fez nenhum movimento em direção a ela quando ela inclinou o queixo,
lançou-lhe um olhar mordaz e se afastou.

Stefan encostou-se no balcão e admirou o balanço de seus quadris


enquanto ela se afastava. Ele fechou os olhos contra a pressão em seu pau
latejante e a decepção esmagadora que o preenchia.

Merda, ele pensou silenciosamente. Ele não pretendia dizer isso a ela,
não pretendia ser tão cruel. Era com ele mesmo que ele estava bravo, não com
ela. Mas ele ficou tão excitado e tão irritado quando ela lhe disse para parar,
que não foi capaz de evitar ser desagradável com ela.

E o pontapé na bunda de tudo isso foi culpa dele. Ela estava disposta,
ele poderia tê-la levado antes mesmo que ela soubesse o que estava
acontecendo, mas ele havia se esquecido completamente de Jess. Claro , ela
sentiria o cheiro de Jess nele. Afinal, ela era uma de sua espécie.

— Merda — ele murmurou enquanto batia a mão no balcão em


frustração.

Afastando-se dela, ele foi até a porta e a abriu. Ele estava desesperado
para escapar do confinamento repentinamente sufocante da casa. Um
mergulho refrescante no lago era o que ele precisava para apagar sua
excitação enquanto tentava resolver a confusão em que se meteu.
Isabelle estava com o pior humor de sua vida quando acordou no dia
seguinte. Não só ela quase não dormiu, mas aquele idiota arruinou o pouco
sono que ela conseguiu invadindo seus sonhos. Sonhos que a deixavam
formigando e doendo por algo que ela não entendia. Sonhos começando onde
a noite anterior terminou.

Ela vestiu rapidamente um short curto e uma regata larga antes de


prender o cabelo em um rabo de cavalo. Olhando para a janela do porão, ela
ficou surpresa ao notar que o sol estava começando a nascer. Ela fez uma
careta, ela nunca acordava tão cedo, e isso também era culpa dele. Assim
como o fato de ela estar morrendo de fome.

Fechando os olhos, ela respirou fundo para acalmar o fogo que corria por
suas veias. Ela tentou se lembrar da última vez que se alimentou, mas não
conseguia se lembrar. Foi antes de Stefan chegar, quatro... não, cinco dias
atrás. A fome explodiu através dela, quente e ardente com sua intensidade. Ela
nunca se permitiu tanto tempo antes, mas ela estava tão obcecada por ele, e
tentando ficar longe dele, ela se esqueceu completamente disso. Seu corpo
agora a lembrava dolorosamente.

Apressando-se para fora do porão, ela praticamente subiu as escadas


em sua ânsia de aliviar a angústia em seu corpo. Ela congelou na porta da sala
quando Jess saiu do banheiro do andar de baixo e se dirigiu para a cozinha.
Ela parecia bonita com seu cabelo loiro claro caindo sobre seus ombros e
costas. Ela usava um par de jeans justos e uma blusa que enfatizava seus seios
fartos e sua figura curvilínea.

Um raio de ciúme sacudiu Isabelle profundamente e a deixou sem fôlego.


Determinada a sufocar a emoção, cerrou os dentes e respirou fundo. Ela não
se importava com o que, ou quem, o idiota arrogante fazia. Depois da noite
passada, ela sabia que estava certa, ela não tinha tropeçado em sua alma
gêmea. O homem era muito irritante, muito arrogante e muito cruel para ser
aquele com quem ela deveria estar para sempre.

A atração que ela sentia por ele havia acabado oficialmente, ela não se
permitiria ser enfeitiçada por ele nunca mais. Não importa como ele a fazia se
sentir, não importa o quanto ela queria responder a ele. Um rubor começou a
subir por suas bochechas quando ela se lembrou exatamente de quão
arbitrária ela havia respondido a ele. Ela nunca imaginou que poderia ser tão
facilmente arrebatada pela paixão. Ela queria colocar a culpa nele também,
mas não podia. Ela se divertia com seus beijos, com suas carícias, e se não
tivesse sentido o cheiro de Jess...

Isabelle fechou o pensamento enquanto seu rosto ficava mais quente. Ela
não queria pensar sobre o que poderia ter acontecido, o que ela teria permitido
se o cheiro de Jess nele, não a tivesse agredido. Não importava de qualquer
maneira, nunca mais iria acontecer. Isabelle fechou os olhos e respirou fundo
para acalmar os nervos. Era muito cedo pela manhã para ter que lidar com
Jess acima de tudo.

— Oi — Jess cumprimentou friamente.

Ela abriu os olhos para encontrar Jess olhando para ela enquanto ela
estava com a mão na maçaneta da geladeira. Por um segundo horrível, Isabelle
se preocupou que ela ainda fedia a Stefan. Ela levou um minuto para lembrar
que Jess era humana e não seria capaz de sentir o cheiro dele nela. Caindo de
alívio, ela suspirou quando sua apreensão desapareceu. A hostilidade de Jess
não tinha nada a ver com a noite anterior. Por alguma razão, ela simplesmente
não gostava de Isabelle, e Isabelle não se importava muito com o porquê.

— Ei — ela se forçou a murmurar de volta.

Os olhos azuis de Jess se estreitaram quando Isabelle se aproximou dela.


— Você viu Stefan?
Uma onda de culpa a percorreu. Ela não apenas agiu como uma
prostituta devassa na noite passada, mas também fez isso com o namorado de
Jess. Ela pode não gostar particularmente de Jess, e Stefan pode não se
importar com os sentimentos de Jess, mas Isabelle sim. Ela nunca se
considerou uma pessoa descuidada e insensível, mas seu comportamento na
noite anterior provou que sim. E isso foi culpa dele também!

— Não — ela conseguiu dizer. — Por quê?

Levou cada grama de controle que ela tinha para manter o rosto tão
impassível quanto possível. Por dentro, ela era uma massa fervilhante de culpa
e horror. Jess finalmente se afastou dela. — Ele não estava na cama quando
me levantei esta manhã. Ele geralmente não se levanta até tarde.

— Hmm — Isabelle resmungou em resposta. Agora ela poderia


acrescentar a preguiça à lista cada vez maior de defeitos dele.

O cheiro do sangue de Jess de repente a assaltou, fazendo com que a


queimação feroz em suas veias se tornasse quase insuportável. Ela fechou os
olhos, desejando que a besta fosse embora enquanto ela se apoiava no longo
balcão, tentando controlar a respiração. Ela nunca deveria ter passado tanto
tempo sem se alimentar, e nunca o faria se não estivesse preocupada em
tentar evitar o idiota que vivia com eles.

Nos últimos três dias, ele conseguiu virar o mundo dela de cabeça para
baixo. Ela alimentou as chamas de sua raiva e ressentimento, determinada a
usá-las como armas contra ele se ele tentasse se aproximar dela novamente.

O grito assustado de Jess a fez pular e seus olhos se abriram.

— O que é? — Isabelle exigiu.

Jess se afastou da geladeira, sua boca estava abrindo e fechando, e seus


olhos estavam arregalados enquanto ela segurava uma bolsa de sangue.
Isabelle só teve tempo de piscar antes de Jess jogar a bolsa pela sala. Isabelle
o pegou no ar enquanto os gritos de Jess ecoavam alto em seus ouvidos.

— Jess, acalme-se! Apenas acalme-se! — ela insistiu.

— O que isso está fazendo na geladeira? — ela gritou histericamente.

Eles esqueceram que havia um humano na casa, percebeu Isabelle.

O cheiro do sangue de repente subiu para encher suas narinas. Uma


onda de tontura quase a derrubou. Ela tropeçou para trás quando suas veias
pareceram explodir em chamas, e um inferno de fome tomou conta de seu
corpo. Ela se dobrou, o braço em volta do estômago enquanto a besta interior
explodia. Ofegando pesadamente, sua visão embaçou quando ela se virou
para fugir da sala.

Ela bateu direto em um peito enorme e cambaleou para trás com o


impacto. Mãos agarraram seus braços, endireitando-a rapidamente e
arrastando-a contra uma parede de carne. Gritos de dor saíram dela quando
as mãos fortes envolveram sua cabeça e pressionaram seu rosto firmemente
contra a massa sólida de calor e conforto.

— Jess, está tudo bem, está tudo bem. Não há problema. Você não viu
nada esta manhã, nem eu, nem Isabelle. Agora, faça algumas panquecas para
o café da manhã.

Isabelle estremeceu quando a voz de Stefan a invadiu e suas mãos


acariciaram seu cabelo. O poder fluindo dele, e dentro dela, aliviou o fogo
queimando em suas veias enquanto o demônio gradualmente retrocedia. A
quantidade de poderes que ela e os outros possuíam não podiam ser
comparados aos dele. Eles tinham que tocar nas pessoas para mudar suas
memórias, mas Jess estava do outro lado da cozinha, e Isabelle já podia ouvi-
la abrindo e fechando armários como se nada tivesse acontecido.
Segurando-a firmemente contra seu lado, Stefan a apressou para fora do
quarto. Ele podia sentir a fraqueza em seu corpo, os tremores que a sacudiam
enquanto a conduzia pelas escadas do porão. Cerrando os dentes, ele lutou
contra o aborrecimento e desconforto crescendo nele enquanto atravessava a
sala de musculação até a porta na parede.

Ele abriu a porta e foi envolvido pelo aroma fresco de Isabelle. Ele inalou
profundamente, saboreando o cheiro agradável enquanto fechava a porta
atrás de si e a conduzia para a cama. Ela caiu agradecida sobre ele, o patético
saco de sangue agarrado em suas mãos trêmulas.

— Coma — ele ordenou.

Ela olhou para ele, seus olhos brilhando rapidamente entre violeta e
vermelho. — Você poderia, por favor, ir embora? — ela perguntou trêmula.

Carrancudo para ela, ele plantou as mãos nos quadris e se recusou a se


mover. Ela parecia abatida enquanto olhava para ele. Por um segundo, ele
quase foi influenciado pelo olhar suplicante em seus olhos, mas estava
determinado a mostrar a ela que era o dominante e não estava disposto a
recuar. Foi a única coisa que ele conseguiu resolver durante a longa e irritante
noite. Ele a teria, e quanto antes ela percebesse, mais felizes os dois seriam.

— Agora não é hora de lutar — ele disse a ela friamente.

— Eu não estou lutando! — ela estalou. — Eu não quero que você me


veja!

— Eu não estou indo a lugar nenhum!

Lágrimas de repente encheram seus olhos. Ela piscou para trás com
raiva enquanto seus olhos brilhavam em um vermelho violento. — Se você não
for embora, não vou me alimentar! — ela cuspiu. — Eu não faço isso na frente
de ninguém!

— Nem mesmo sua família? — ele retorquiu sardonicamente.


— Especialmente não minha família!

Ele estava prestes a discutir com ela, mas a angústia em seus olhos foi o
suficiente para desviá-lo de sua posição. Discutir com ela era inútil,
especialmente quando ela estava instável e precisava desesperadamente de
sustento. — Tudo bem — ele ralou relutantemente.

Ele se virou e saiu pela porta. Parado impacientemente do outro lado, ele
bateu o pé com raiva enquanto esperava por alguns minutos. Quando teve
certeza de que o tempo havia passado, ele voltou para a sala. Ela ainda estava
sentada em sua cama, com a cabeça entre as mãos, então seu longo cabelo
caía em cascata para proteger seu rosto.

— Eu sabia que era demais esperar que você tivesse partido — ela
murmurou amargamente.

— Sim, foi. Quando foi a última vez que você se alimentou?

Ela levantou a cabeça para encará-lo. — Por que você se importa?

Stefan respirou fundo enquanto lutava para controlar seu temperamento.


— Eu me importo porque há um humano morando nesta casa. Eu não preciso
que você perca o controle e a mate — ele respondeu friamente, sendo
deliberadamente tão desagradável com ela quanto ela era com ele.

A cor sumiu de seu rosto. — Saia do meu quarto! — ela cuspiu.

— Eu não vou embora até que você me diga.

A ira irradiava de cada centímetro de seu corpo enquanto ela se


levantava de um salto. — Eu nunca me alimentei de um humano, então você
pode confiar em mim para não perder o controle e matar sua preciosa
namorada!
Ela estava quase gritando quando terminou de falar, mas ele era tão
irritante, tão arrogante e condescendente que ela não aguentou mais. O fato
de ele pensar que ela machucaria alguém era mais do que ela podia suportar.

A mandíbula de Stefan apertou enquanto ele olhava para ela, um


músculo contraindo em sua bochecha pela força de sua mandíbula travada.
Essa conversa não estava indo do jeito que ele havia planejado. Ele nunca
deveria tê-la provocado, nunca deveria ter sido deliberadamente cruel com ela,
mas ela o extraía facilmente com sua atitude enlouquecedora. Ela irritava seu
temperamento com a mesma facilidade com que despertava sua excitação e,
mais cedo na cozinha, uma onda extrema de proteção. Ele precisava colocá-
la em segurança e certificar-se de protegê-la do horror de Jess.

Ele respirou fundo para se acalmar antes de falar novamente. — Não foi
isso que eu perguntei a você.

Isabelle cruzou os braços sobre o peito. — E eu disse a você, não era da


sua conta.

Ela nunca o viu se mover, nunca viu o borrão que seu pai, mãe, Ethan,
The Stooges e ela mesma fizeram. Ela não teve tempo de piscar antes que ele
a agarrasse pelos braços.

— E eu te disse que era!

Isabelle olhou boquiaberta para ele antes de fechar a boca, erguer o


queixo e encará-lo desafiadoramente. — Me deixar ir.

Ele não a soltou enquanto se elevava sobre ela. Suas mãos queimaram
em sua carne, e seu peito roçou contra o dela, aquecendo-a de dentro para
fora. Ela queria estremecer com a força do calor que a atormentava. Os novos
sentimentos que ele conseguiu despertar nela queimaram à frente. Ela se
forçou a permanecer quieta e não deixá-lo saber como ele a afetava.

— Quando foi a última vez que você se alimentou? — ele falou.


Apesar do conjunto de sua mandíbula, a força de seu corpo e o poder
absoluto que irradiava dele, ela ficou surpresa ao descobrir que ele não a
assustava. Por alguma razão, ela estava certa de que ele não iria machucá-la.
Tentar intimidá-la, sim, mas ele não iria machucá-la. Ela sabia disso com cada
grama de seu ser, e a percepção a abalou mais do que os sentimentos que ele
despertou nela jamais poderiam. Algumas de suas defesas derreteram quando,
pela primeira vez, ela o viu como um homem e não como seu inimigo. Foi uma
compreensão assustadora que dissolveu parte de sua resistência.

Stefan estava perto de colocar algum bom senso nela. Ela era a mulher
mais irritante e irritante que ele já conhecera. Ele não entendia por que ela não
respondia à sua pergunta. Porque ela não podia ser como todas as outras
mulheres, ele já conheceu que tropeçavam em si mesmas para chegar perto
dele. Em vez disso, parecia que ela propositadamente saiu de seu caminho
para evitá-lo ou exacerbá-lo. Ele se forçou a respirar fundo e não colocar algum
juízo em sua cabeça dura.

— Eu disse a você, eu não iria machucá-la — ela murmurou.

Ele tinha oficialmente! Ele a puxou para cima de modo que seu rosto
ficasse a apenas um fôlego do dele, e apenas as pontas dos pés tocassem o
chão. Para sua surpresa e admiração, ela não vacilou. Ela nem parou de olhar
para ele enquanto seus olhos cuspiam fúria violeta.

— Eu não perguntei isso. Eu não me importo com ela. Eu me importo


com você, e eu não quero te ver assim de novo! — ele gritou.

Por um momento, ele simplesmente olhou para ela enquanto suas


palavras ecoavam alto na sala. Choque registrado rapidamente quando a
verdade de suas palavras bateu em casa com um horror repugnante.

Ele nem remotamente queria pensar no que acabara de dizer. Ele


também não queria pensar no fato de que poderia ser verdade. Tudo o que ele
queria fazer era mostrar a ela, de uma vez por todas, que ele estava no
controle. Ele agarrou sua boca com uma selvageria punitiva.
Ela choramingou pela pura brutalidade de seu beijo quando começou a
se contorcer em seus braços. Ele não aliviou seu domínio sobre ela, não
diminuiu seu ataque violento. Ele queria puni-la, mostrar a ela que era mais
forte, que era ele quem estava no controle. Quando ela choramingou
novamente, e suas mãos tremularam para empurrar seu peito, ele finalmente
aliviou a força de sua boca contra a dela.

Suas mãos afrouxaram em seus braços enquanto a baixava ao chão,


negando-se a abrir mão de sua boca. As mãos dela empurraram contra o peito
dele, mas ele passou o braço em volta da cintura dela e a puxou contra ele. Ele
passou a língua levemente por seus lábios, mas ela se recusou a ceder a ele.

Ele se moveu lentamente sobre ela, lambendo e saboreando,


determinado a ceder a ele. Ela engasgou quando ele mordiscou seu lábio
inferior, e ele aproveitou a oportunidade para deslizar a língua em sua boca.
Ela permaneceu rígida em seu aperto, então suas mãos pararam de empurrar
contra seu peito para se enrolar em sua camisa, e sua língua saiu hesitante
para encontrar a dele.

Ele gemeu quando um raio de desejo passou por ele, fazendo-o ficar
ereto instantaneamente. Ela tinha um gosto tão bom e se sentia incrivelmente
bem enquanto se fundia contra ele. Seus seios cheios pressionados contra seu
peito enquanto sua língua se entrelaçava com a dele em uma dança de
acasalamento. Nenhuma mulher jamais se sentira tão maravilhosa ou tão
sedutora. Quando ela soltou um gemido baixo, o som erótico fez seu eixo pular
em antecipação.

Ele soltou sua cintura para acariciar a pele exposta de seu estômago
plano. Ela tremeu quando ele se moveu cada vez mais alto, traçando os dedos
sobre sua delicada caixa torácica antes de deslizar pela borda rendada de seu
sutiã. Seu tremor ficou mais forte quando ele moldou sua mão sobre seu seio
firme e começou a massageá-lo. Seu mamilo endureceu sob seu toque
enquanto sua agitação aumentava. Ele queria sorrir com triunfo, mas ele estava
muito longe com ela para fazê-lo.
Ele soltou o cabelo dela e agarrou sua cintura novamente, segurando-a
enquanto movia a mão para o outro seio. Ele esfregou seu pau contra ela
enquanto pressionava sua pélvis contra a dela. Ela gemeu de prazer e
instintivamente se arqueou contra ele. Soltando sua boca, ele começou a beijar
seu longo e delicado pescoço. Ele ficou ainda mais excitado pelo cheiro de seu
sangue, tão puro e doce que pulsava em suas veias.

Ele gemeu enquanto se esfregava contra ela, sentia-a, saboreava-a até


ser consumido por ela. Nunca em sua vida se sentiu tão perdido com uma
mulher, tão totalmente fora de controle com a luxúria. Ele não se cansava de
tocá-la, não se cansava da maneira como ela se sentia e se movia. Ele queria,
precisava sentir cada centímetro dela, possuí-la.

Isabelle estremeceu quando a boca dele desceu sobre seu mamilo, e ele
começou a chupá-lo. Mesmo através do material fino de sua blusa, sua boca
queimou dentro dela, transformando-a em calor líquido. Ela nunca imaginou
que algo pudesse parecer tão magnífico quanto ele ou que algo pudesse ser
tão desgastante. Os dedos dela se envolveram em seu cabelo enquanto ele a
beliscava, fazendo com que seu corpo derretesse em todos os lugares ao
mesmo tempo em que pegava fogo.

— Stefan! — ela engasgou.

O som de seu nome em seus lábios naquele tom erótico e rouco quase
o levou ao limite. Ele avidamente reclamou sua boca enquanto sua mão
deslizou até a borda de seu short.

— Isabelle! — As batidas fortes de Ethan na porta quebraram sua névoa


carnal. Ela pulou e afastou sua boca da de Stefan. — Isabelle, você está aí?

— Sim... sim! — ela gaguejou.

— Stefan está aí com você?


Seus olhos estavam incrivelmente negros agora, as pupilas
imperceptíveis na nuvem de paixão que ardia dentro deles. — Não por quê?

— Porque Jess está lá em cima fazendo mil panquecas, e não


conseguimos fazê-la parar! Você sabe o que está acontecendo?

À menção do nome de Jess, ela se livrou de seu aperto e lançou-lhe um


olhar mordaz. Ela fechou os olhos e respirou fundo para aliviar a paixão restante
em seu corpo. — Já vou sair!

— Apresse-se! Ela é como um robô que não podemos desligar, e ela está
me assustando!

Isabelle teria bufado de tanto rir com a aflição na voz dele, se ela não
estivesse tão furiosa. Ela se repreendeu por deixar Stefan excitá-la quando ela
resolveu nunca deixar isso acontecer novamente. Mas sempre que ele a
tocava, toda a sua força de vontade se desvanecia. Ela estava começando a
se odiar pela fraqueza que possuía. Ela o odiava por isso, odiava a si mesma
por isso e jurou fervorosamente que nunca mais aconteceria. Ele nunca iria
tocá-la novamente.

Ela esperou que os passos de retirada de Ethan desaparecessem antes


de se voltar para Stefan. Seu corpo ainda queimava com seu toque, mas ela
estava determinada a se manter firme. Ela poderia fazê-lo, ela poderia recusar-
lhe qualquer coisa, desde que ele não a tocasse novamente. Foi só quando ele
a tocou que ela perdeu todo o controle. Ela nunca pensou que a luxúria
pudesse ser mais forte que a razão, mas agora ela sabia que era.

— É melhor você ir detê-la — ela disse friamente.

Ele levantou uma sobrancelha negra enquanto examinava a mulher


furiosa diante dele. Ela estava de volta a ficar com raiva dele novamente.
Quando ele terminasse com ela, ela estaria cansada demais para sequer
pensar em ficar brava. Inferno, ela nem seria capaz de pensar.
— E por que isto? — ele perguntou.

— Porque ela é sua namorada! — ela cuspiu.

— Ciúmes?

Isabelle quase gritou. Ele foi o homem mais irritante e irritante que já
existiu na face da terra. Ele também era o mais sensual, desejável e irresistível.
Ela firmemente excluiu esses pensamentos. Ela não sabia de onde eles vieram.
Ela cerrou os punhos ao lado do corpo enquanto o encarava com raiva.

— Dificilmente! — ela bufou.

Para ele, era aparente que ela estava com ciúmes, e isso o agradou
muito. Sorrindo presunçosamente, ele cruzou os braços sobre o peito
enquanto a olhava com óbvio prazer. — Poderia ter me enganado.

Ele pensou que ela ia começar a cuspir de raiva quando seus olhos
brilharam em um tom ardente de vermelho.

— Saia! — ela gritou. — E fique longe de mim!

— Isso, Isabelle, não vai acontecer, então aceite agora.

— Como você ousa! — ela estalou.

Ele deu um passo mais perto dela, mas ela recuou rapidamente,
balançando a cabeça enquanto levantava as mãos para afastá-lo. — Eu não
vou a lugar nenhum até que você me diga quanto tempo se passou desde a
última vez que você se alimentou.

Isabelle não poderia aguentar muito mais disso. Suas emoções


balançavam desenfreadamente para frente e para trás. — Eu disse a você, eu
não iria machucá-la — ela sussurrou.

— E eu disse a você, eu não me importo com ela! Agora me responda!


Isabelle estava rapidamente segurando as lágrimas. Ela não chorava
desde que Ethan e Ian cortaram seu cabelo, e ela se recusava a chorar agora,
especialmente na frente dele. Ela não queria dar a ele a satisfação de
responder, mas precisava fugir. Ela precisava de espaço e distância, e se sua
resposta o fizesse ir embora, então ela daria a ele.

— Quatro ou cinco dias.

Sua respiração sibilou quando ele apertou sua mandíbula. — Qual é,


quatro ou cinco? — Ele demandou.

Isabelle envolveu-se com os braços para aliviar o frio que a atormentava.


— Cinco — ela murmurou melancolicamente.

Ele agarrou os braços dela. Seu olhar voou para o dele quando ele olhou
para ela. — Você não vai fazer isso de novo — ele ordenou.

O tom de comando e hostilidade de sua voz imediatamente fez sua raiva


correr para a frente. — Eu disse a você, eu não iria machucá-la! — ela gritou.

Ele a trouxe para dentro de uma polegada de seu rosto. — E eu disse a


você, eu não me importo com ela. Se você perdesse o controle e ferisse Jess,
você nunca teria se perdoado, não é?

Isabelle engoliu o nó na garganta. — Não — ela sussurrou.

Ele a colocou de volta no chão, incapaz de tocá-la mais sem querer tomar
tudo, provar tudo. — Agora — ele rangeu entre os dentes. — Nós vamos
esclarecer algumas coisas entre nós. Jess não significa nada para mim. Se
você quer que ela vá embora, eu vou jogá-la fora agora mesmo...

— Não! — ela chorou enquanto a culpa e a auto aversão fluíam através


dela.

Stefan se forçou a não discutir com ela. Ele ia estabelecer as regras


agora mesmo, e ela ia começar a obedecê-las. — Tudo bem, ela pode ficar se
você quiser, mas acho que vai ser um pouco estranho porque planejo ficar com
você.

A fúria corria por suas veias quando ela deu um passo rápido para trás
para se certificar de que estava fora de seu alcance. Não que isso fosse fazer
muito bem a ela, ele se movia mais rápido do que qualquer coisa que ela já
tinha visto. Ele poderia agarrá-la novamente se quisesse.

— Seu bastardo arrogante! Se você pensa remotamente só porque você


diz que vai me ter, você vai, você está completamente errado! — ela cuspiu.

— Não, Isabelle, eu estou muito certo. Você pode lutar o quanto quiser,
mas é a verdade. Você me quer, eu quero você, e eu terei você.

Ela gaguejou em descrença, incapaz de acreditar em toda a extensão de


sua arrogância. — Saia! — ela quase gritou. — Saia agora!

Ele agarrou seus braços, arrastando-a contra ele enquanto ela se


contorcia em seu alcance. Ele a segurou enquanto esperava que ela se
acalmasse. Seus olhos brilharam vermelhos quando ela cessou as lutas inúteis
e ficou tremendo em seu alcance. Ela parecia tão tentadora que precisou de
todo o controle que ele tinha para não beijá-la novamente. Se o fizesse, não
ficaria satisfeito com um beijo, e queria Jess efetivamente fora de sua vida antes
de levar Isabelle. Ela se sentiria culpada depois se Jess não tivesse ido embora,
e ele não queria isso.

Ele percebeu com um sobressalto, pela primeira vez em sua existência,


que estava colocando os sentimentos de outra pessoa à frente dos seus. Ele
não sabia como ela conseguia atingi-lo tanto, nem se importava
particularmente. No momento, ele só queria mostrar seu ponto de vista.

— Você vai parar de lutar comigo, Isabelle. Vai ser bom entre nós, você
vai ver.
Ela deveria estar furiosa com a atitude arrogante dele, mas de repente
toda a raiva dela desapareceu, e ela não conseguia recuperá-la. Seria bom
entre eles, mas ela tinha medo de quão bom seria. Do que isso significaria. Ela
não queria pensar nisso agora, não podia pensar nisso agora. Tudo o que ela
queria era ficar livre dele por alguns minutos.

— Saia pela porta — ela disse a ele.

— Você vai parar de lutar comigo?

Toda a sua frustração atingiu um ponto de ebulição. — Sim! — ela gritou


exasperada. — Agora, por favor, vá! Se você não impedi-la, Ethan vai ter um
colapso nervoso, ele odeia robôs.

Satisfação brilhava em seus olhos negros enquanto ele sorria


presunçosamente. Ele deu um beijo rápido em seu nariz e a colocou de pé.
Isabelle imediatamente saltou para trás para colocar mais distância entre eles.
Ela prometeu parar de brigar com ele, ela não tinha prometido ficar em
qualquer lugar perto dele embora. Ela manteve sua presunçosa satisfação
escondida dele enquanto encontrava seu olhar com um olhar acalorado.

— Você já o torturou com um desses? — ele brincou.

— Vá! — ela gritou.

Ele passou e puxou uma mecha de seu cabelo. Ela olhou para ele
enquanto pulava mais para trás. Ele se afastou dela, sorrindo enquanto subia
as escadas e abria a porta.

— Ah, Isabelle! — ele ligou de volta.

— O que? — ela estalou.

— Troque sua camisa antes de subir.

Ele riu enquanto as maldições dela o seguiam porta afora.


De alguma forma, embora ela tivesse que trocar de camisa (a boca dele
deixou uma marca molhada bem sobre o mamilo), ela ainda o espancou
escada acima e foi para a cozinha. Ela empurrou seu caminho através de Ethan
e Aiden até o balcão e congelou. Jess estava andando de um lado para o outro
na cozinha, despejando massa em frigideiras e virando-as. Isabelle não podia
acreditar nas pilhas de panquecas enchendo os pratos, transbordando dos
balcões e caindo no chão. No pouco tempo que passaram, Jess conseguiu
fazer pelo menos cinquenta panquecas.

— Uau — ela respirou quando Jess virou outra panqueca em um prato


já transbordando.

— O que aconteceu? — Ethan exigiu.

Isabelle fechou a boca quando se virou para olhar para ele. Ele era o
único que não se divertia muito, todos os outros sorriram enquanto observavam
a interminável linha de montagem de panquecas.

— Eu uh... bem... eu, oh eu explico depois — ela terminou sem jeito.

A porta da frente se abriu e Stefan entrou. Embora ela ainda se sentisse


perturbada com o encontro, ele parecia equilibrado e tudo menos irritado com
isso. Isabelle fez uma careta enquanto desviava o olhar dele com força. Seu
braço roçou suas costas quando ele passou por ela, fazendo-a quase pular
para fora de sua pele.

— O que você fez com ela? — Jack perguntou com um sorriso.

— Eu disse a ela para fazer o café da manhã.

Jack começou a rir. — Para um exército?

Stefan lançou-lhe um sorriso enquanto se movia ao redor do balcão para


onde Jess estava despejando mais massa em uma panela. — Ela
provavelmente pensa que vocês são meninos em crescimento.
— Ela quer que sejamos garotos explosivos — respondeu Ian.

Todos menos Isabelle e Ethan acharam isso hilário. Stefan agarrou os


braços de Jess e a virou para ele. O ciúme explodiu em Isabelle, fazendo com
que luzes brilhantes explodissem diante de seus olhos. Ela se virou para não
poder mais ver. Saindo pela porta, ela correu para a casa de seus pais.
Isabelle de alguma forma conseguiu evitá-lo pelos próximos dois dias. Ela
passava o tempo todo na casa dos pais, ajudando a mãe a planejar a festa de
despedida de Aiden. Ela estava irritada, mal-humorada, cansada e dolorida por
dormir no sofá. Sua mãe questionou seu mau humor e porque ela estava
dormindo ali. Isabelle disse que ela estava muito cansada para voltar à noite.
Ela sabia que sua mãe não acreditou nem por um segundo, mas ela deixou
passar e não pressionou Isabelle.

Houve algumas vezes em que Isabelle quase abriu o coração sobre suas
frustrações com o homem irritante. Mas ela mordeu a língua e de alguma forma
conseguiu não fazê-lo. Ela estava com muito medo de que sua mãe
confirmasse seu pior pesadelo, e essa era a última coisa que ela queria que
acontecesse. Então, ela ficou muda e desanimada.

Não ajudou que ela se pegou pensando constantemente nele ao longo


do dia. Encontrou sua mente vagando para ele, e o que ele estava fazendo, e
com quem. Embora ela soubesse o que ele estava fazendo e com quem ele
estava fazendo.

Ele fez isso com ela. Se ele tivesse ficado longe, ela não estaria infeliz,
não estaria dormindo em um sofá e com certeza não estaria tendo pesadelos
todas as noites. Bem, os sonhos não eram horríveis, na verdade eram
agradáveis, mas faziam com que ela acordasse se sentindo nervosa,
indisposta, insatisfeita e ainda mais furiosa com ele e com o mundo por
perturbar sua vida dessa maneira.

Ela não sabia mais o que fazer. Ela ansiava pelo dia em que ele partisse.
Ao mesmo tempo, a ideia de ele partir fazia com que ela se sentisse ainda mais
deprimida e irritada. Isso abriu um poço de perda em seu peito, uma perda que
ela tinha certeza que iria embora assim que ele saísse de sua casa e de sua
vida. Era uma atração simples, isso foi tudo. Ela sentiria isso com outros
homens se passasse mais tempo com eles. Provavelmente havia alguns
humanos pelos quais ela se sentiria atraída se lhes desse uma chance.

Ela não gostava de ninguém na escola porque eram todos idiotas


imaturos. Se ela saísse e passasse tempo com homens, encontraria alguns de
quem gostasse. Seus irmãos e os Patetas sentiam-se atraídos por mulheres
humanas o tempo todo, e isso nunca significou nada. Vicky e Abby tinham um
desfile interminável de admiradores com quem sempre namoravam.

Sua atração por Stefan não significava nada, ela poderia encontrar
alguém que a fizesse se sentir da mesma maneira. Pelo menos era o que ela
dizia a si mesma durante o dia, repetidamente, mas à noite sua mente e seu
corpo a traíam. Ela odiava os dois por isso.

— Isabelle, você pode trazer a limonada?

Ela olhou para cima enquanto sua mãe a arrancava de seus


pensamentos sombrios. Ela olhou para a colher em sua mão e a grande jarra
de limonada que ela estava mexendo...

Ah inferno, ela não sabia quanto tempo ela estava misturando. Ela jogou
a colher para o lado com raiva.

— Sim — ela murmurou.

Os olhos azul-violeta de sua mãe a estudaram. — Você está pronta para


me dizer o que há de errado?

— Nada está errado.

Ela lançou-lhe um olhar questionador, mas se absteve de dizer mais


alguma coisa. Seus olhos assumiram o olhar distante que tinham sempre que
ela estava se comunicando com seu pai. O que Isabelle costumava achar
maravilhoso e reconfortante, agora a fazia se sentir ainda mais nervosa e fora
de si.
— Bem, vamos lá — sua mãe disse enquanto levantava um prato de
hambúrgueres.

Isabelle pegou a limonada e seguiu a mãe até a luz do sol. Ela piscou
rapidamente contra seus raios, esperando até que seus olhos se ajustassem
antes de descer as escadas e sair para o grande quintal. Uma rede de vôlei foi
armada, as ferraduras já batiam alto e o cheiro de comida humana pairava forte
no ar.

Aiden convidou alguns de seus amigos da escola que trouxeram suas


namoradas. Agora havia onze humanos no meio deles, incluindo Kathleen, Jess
e Delia. Havia mais aqui agora do que nunca, mas Stefan assegurou a sua mãe
que ele poderia lidar com todos eles.

Isso só irritou Isabelle ainda mais. Sua mãe e seu pai realmente gostavam
dele, Aiden estava em êxtase e todos os outros estavam felizes por não
precisarem sair para se alimentar. Eles o transformaram no herói do dia.

Isabelle fez uma careta quando deslizou a jarra de limonada em uma das
longas mesas preparadas para o dia. Batatas fritas, Doritos, folhados de queijo,
hambúrgueres, pãezinhos, cachorros-quentes, frango, refrigerantes, garrafas
de álcool, pratos e copos os cobriam. O estômago de Isabelle revirou ao ver
toda aquela comida. Comida humana.

Ela se afastou rapidamente da mesa. Ela honestamente não sabia o que


estava errado. A comida humana nunca a incomodou antes, agora de repente
a deixava enjoada. Ela decidiu que era culpa dele também. Se ela não estivesse
se sentindo tão mal e mal-humorada, e se pudesse ter uma boa noite de sono,
isso não a incomodaria nem um pouco.

Ela examinou as pessoas reunidas ao redor. Kathleen, Delia, Jess, Abby


e Vicky estavam sentadas em espreguiçadeiras com óculos escuros enquanto
absorviam o sol e observavam as pessoas ao seu redor. Aiden e seus amigos
estavam jogando ferraduras, rindo alegremente. Ethan, Ian, Stefan, seu pai e
os Patetas estavam parados ao lado do barril. Seu olhar permaneceu em
Stefan, seu pulso instantaneamente acelerando ao vê-lo.

A camiseta preta que ele usava mostrava seus incríveis bíceps e


antebraços enquanto enfatizava os músculos de seu peito largo. Seus jeans
justos se agarravam às suas coxas musculosas. Para sua total consternação,
ela sentiu a familiar antecipação que ela experimentou em seus sonhos tomar
conta.

— Ele é bonito — comentou a mãe.

Isabelle gemeu interiormente. Ela estava olhando para ele e, claro, sua
mãe notaria. Ela desviou o olhar dele enquanto comentava: — Ele é um idiota.

— Ele parece muito bom para mim. Basta olhar para o que ele fez por
Aiden hoje.

— Você não o conhece muito bem. Ele é um idiota arrogante e insensível!

Os olhos de sua mãe brilharam quando ela olhou para o grupo perto do
barril. — Talvez, mas seus irmãos, seu pai e os Patetas também.

— Ninguém é tão ruim quanto ele — ela ralou.

— Então, você gosta dele?

Isabelle apertou sua mandíbula enquanto sua frustração fervia a um


ponto de ebulição. — Eu não o suporto!

Sua mãe sorriu enquanto acariciava seu braço. Isabelle ficou fervendo,
sentindo-se como uma criança. Ela odiava isso. Ela se afastou de sua mãe,
carrancuda com raiva, enquanto se movia rapidamente para a cadeira vazia
perto de Vicky e Abby.

Ela não queria ficar perto de Jess, mas não sabia para onde ir. Ela não
podia se esconder em casa o dia todo. Só atrairia mais perguntas que ela não
poderia responder. Ela não queria deixá-lo saber o quanto ele tinha chegado a
ela. No entanto, ela tinha certeza de que ele já sabia, e ele estava se divertindo
com o fato enquanto ria secretamente dela.

— Ei, Issy — Abby cumprimentou quando Isabelle se acomodou na


cadeira, apoiou os pés para cima e se recostou.

— Hmm — ela murmurou como forma de saudação.

— Os amigos de Aiden são fofos — disse Vicky. — Eu gosto


especialmente do ruivo, você acha que eu deveria ir falar com ele?

Isabelle olhou para o ruivo jogando ferraduras. Sua namorada, uma


morena baixinha, estava pendurada em seu braço. — Eu não acho que a
namorada dele gostaria disso.

— Oh, quem se importa com ela?

Isabelle cerrou os dentes enquanto fechava os olhos. Por que ela não
poderia ser mais parecida com suas irmãs? Elas gostavam de todos os garotos
que cruzavam seus caminhos. Elas flertavam escandalosamente, beijavam-nos
e se jogavam nos meninos. Isabelle nunca tinha beijado alguém antes que o
burro entrasse em sua vida, nem nunca quis.

— Nós não temos visto muito de você ultimamente.

Isabelle preferiu ignorar a hostilidade no tom de Jess. Na verdade, ela


escolheu ignorá-la completamente. — Isabelle tem ajudado a mamãe — Abby
respondeu por ela.

Isabelle não falou nada por um longo tempo. O dia passou em uma
torrente de jogos que Isabelle evitava com firmeza. Não foi até o final da tarde,
quando sua mãe e seu pai reapareceram, que seu pai anunciou a única coisa
que ela temia o dia todo.

— Hora do futebol.
Abby e Vicky gemeram, Jess fez uma pausa no meio da aplicação do
protetor solar, enquanto Delia franzia a testa, pensativa. Sua mãe sorriu
quando ela deslizou na cadeira ao lado de Kathleen.

— Vocês dois são inacreditáveis — Kathleen disse a ela. — É como se


você ainda estivesse na faculdade.

— Sim — disse a mãe dela.

— Isabelle, vamos! — Ethan gritou.

Isabelle fechou os olhos. Ela não queria chegar perto daquele jogo ou de
Stefan.

— Vamos, Isabelle — Aiden disse.

Ela abriu os olhos para olhar para ele. Ele sorriu para ela e estendeu a
mão. — Eu não quero jogar — disse ela.

Ele piscou para ela em surpresa. — Você tem que jogar, é meu último
jogo.

Isabelle franziu a testa para ele enquanto balançava a cabeça. — Você


vai voltar.

— Mas não será a mesma coisa. Vamos, Isabelle, você adora brincar, e
eu quero que você jogue também.

Ela não podia recusar o olhar suplicante em seus olhos e o beicinho falso
em seu rosto. Ela suspirou e deslizou a mão na dele. Ele a puxou para cima.
Ela o seguiu até onde todos estavam reunidos no meio do quintal. Mike e David
sempre foram capitães de times, e os times designados com os quais eles
costumavam jogar já estavam em suas posições.

Jack, Ethan e Julian ficaram ao lado de Mike, e ela caminhou para se


juntar a eles. David, seu pai, Ian, Aiden e Doug estavam diante deles, sorrindo
enquanto David escolhia Stefan para ficar ao seu lado. Mike imediatamente
escolheu Kyle, que estava tendo permissão para jogar pela primeira vez. Eles
dividiram os quatro humanos restantes entre eles.

Ela se sentiu dura enquanto caminhava para seu lado do campo. Seus
jogos de futebol podem ficar difíceis e turbulentos. Seus irmãos não tiveram
nenhum problema em jogá-la no chão, e nem os Patetas. Por isso ela adorava
brincar, mas agora...

Isabelle mordeu o lábio inferior nervosamente enquanto olhava para


Stefan. Ele a atacaria? Ele a tocaria? Ela se viu estremecendo de medo e
antecipação com o pensamento. Ela ouviu sem entusiasmo enquanto Mike
esboçava sua primeira peça. Mike esperava que os amigos de Aiden não
quisessem atacá-la, então a bola estava vindo para ela.

Eles se alinharam, e seus olhos instantaneamente foram para Stefan. Ele


estava ao lado de seu pai e em frente a Ethan. Ela suspirou aliviada ao perceber
que ele não estaria perto dela. Ela voltou sua atenção para Aiden, que estava
sorrindo enquanto caminhava para ficar diante dela. Isabelle se forçou a sorrir
de volta.

— Meus amigos se recusam a atacar você — disse ele alegremente.

— Seus amigos não seriam capazes de me pegar — ela retrucou.

— Ei! — um deles protestou.

Isabelle olhou para seu amigo antes de voltar sua atenção para Aiden.
Seus olhos escureceram com preocupação quando ele olhou para ela. Todas
as suas habilidades especiais foram canceladas para seus jogos porque The
Stooges e seu pai eram mais fortes do que seus irmãos e ela. Mesmo sem eles,
porém, Isabelle foi a mais rápida. Ela não tinha a força física dos outros, mas
se ela escapasse, nenhum deles poderia pegá-la. A equipe dela a amava por
isso, enquanto a equipe de David odiava. Eles geralmente jogavam uma moeda
para decidir quem teria que cobri-la. Aidan perdeu.
Mike ligou para a caminhada e todos quebraram. Isabelle disparou para
a direita, rindo enquanto Aiden lutava para acompanhá-la. Ela pegou a bola,
colocou-a contra o peito e disparou pelo campo. Ela cruzou a linha pintada com
spray no chão e se virou para segurar a bola rindo enquanto Aiden ofegava
parando ao lado dela.

Ele lançou a ela um olhar descontente enquanto pegava a bola de suas


mãos. — Slowpoke — ela brincou.

— Hmm — ele resmungou.

O jogo passou rapidamente em um borrão de risos e brincadeiras


alegres. Depois de meia hora de jogo, Isabelle começou a relaxar. Ela não
estava nem perto de Stefan, e ele parecia contente em ficar longe dela. Na
verdade, isso a irritou um pouco, mas era o que ela queria afinal, não era?

Ela afastou o pensamento e a confusão quando eles marcaram o


intervalo. Ela trotou com gratidão até a água fria à margem, bebendo-a
avidamente para aliviar a secura em sua garganta. Ela ficou entre Ethan e Ian,
sentindo-se segura entre seus corpos altos e sólidos. Ela enfiou a cabeça ao
redor deles, seus olhos instantaneamente pousando em Stefan enquanto ele
falava com David. Parecendo sentir seu olhar, ele se virou para ela.

Seus olhos brilharam maliciosamente enquanto um sorriso curvou sua


boca carnuda. Suas bochechas queimaram quando ela percebeu que tinha
sido pega olhando. Ela nunca foi tímida e raramente ficava envergonhada, mas
um olhar dele fez com que o calor se espalhasse por seu corpo e sua garganta
se fechasse. Ela se sentiu como uma criança pega com a mão no pote de
biscoitos.

Ela voltou seu olhar para coisas menos ameaçadoras. Sua mãe e
Kathleen ainda estavam sentadas à margem, seu pai estava agora ao lado de
sua mãe. Isabelle revirou os olhos enquanto desviava o olhar deles. Ela não
seria como eles, ela não ia deixar isso acontecer com ela. Ela recusou.
Ela voltou seu olhar para Jess e Delia. Ela se assustou com a hostilidade
irradiando delas quando elas encontraram seu olhar. Uma sensação
desconfortável instalou-se na boca do estômago. Ela nunca tinha sido odiada
por ninguém antes, mas tinha certeza de que ambas a odiavam.

— Eu já volto — ela disse com um nó na garganta.

Ethan olhou para ela. — Onde você está indo?

— Dentro por um minuto.

— Apresse-se, o jogo vai recomeçar em breve — ele respondeu


impaciente.

Isabelle correu para longe deles e subiu os degraus da varanda. Ela só


precisava de um tempo para organizar seus pensamentos e se livrar do pavor
remanescente do olhar de Jess e Delia. Elas a odiavam. O pensamento trouxe
um nó em seu estômago e lágrimas quentes em seus olhos. Ela os rebateu com
raiva enquanto deslizava para o conforto da cozinha.

Isso também era culpa dele, ela decidiu. Jess não era estúpida, ela
certamente notou algo estranho acontecendo entre eles.

Isabelle se trancou no banheiro e encostou-se na porta enquanto tentava


acalmar os nervos. Ela se aproximou, abriu a água fria e molhou
generosamente o rosto com ela.

Por que ela se importava com o que Jess pensava dela quando Isabelle
nem mesmo gostava dela? Stefan era seu namorado, e se ela escolheu ficar
com raiva de Isabelle porque ele era um bastardo com tesão, isso era culpa
dela, não de Isabelle.

Ela desligou a água, determinada a não deixar Jess incomodá-la mais.


Stefan era um assunto totalmente diferente. Não importa o que ela fizesse, ele
a incomodava. Ela o evitava fisicamente, ele invadiu seus sonhos. Ela tentou
não pensar nele, mas ele estava constantemente em sua mente.
Um olhar para ele a fez tremer de calor. Ela não sabia o que fazer com
ele, mas sabia que não poderia ficar escondida no banheiro para sempre. Ethan
e Aiden entrariam e a arrastariam pelos cabelos se ela não voltasse ao jogo
logo.

Ela lançou um rápido olhar para seu reflexo e congelou. Ela parecia um
lixo. Seu rosto estava vermelho por causa do jogo, seu cabelo em tumultuada
desordem, e havia manchas sob seus olhos por não dormir. Ela não queria
pensar no motivo pelo qual queria ter uma aparência melhor, ela sabia o
porquê, ela simplesmente não queria admitir. Apressadamente, ela puxou o
cabelo em um rabo de cavalo mais limpo. Não ajudou muito no efeito geral,
mas pelo menos melhorou um pouco.

Sentindo-se um pouco melhor e com mais controle, endireitou os ombros


e abriu a porta. Stefan estava parado diante dela com uma sobrancelha
levantada e um brilho nos olhos enquanto a examinava. O coração de Isabelle
pulou em sua garganta quando toda a sua compostura recém-descoberta
desapareceu e o fogo brilhou através de seu corpo.

Seus olhos voltaram para os dela, e eles escureceram com uma fome
voraz. Sua respiração congelou em seus pulmões, e o mundo ao seu redor
desapareceu quando o olhar dele queimou em sua alma. Com uma certeza de
parar o coração, ela sabia que ele estava pronto para devorá-la, e ela se
encontrou dando as boas-vindas.

— Eu fui enviado para pegar você. — Sua voz era profunda e rouca de
desejo.

Isabelle se forçou a não tremer. — Tudo bem — ela conseguiu dizer. Ela
deu um passo à frente, mas ele estendeu o braço, bloqueando sua saída. Ela
olhou para ele, determinada a não deixar transparecer sua angústia ou
saudade dele. — Eu pensei que você foi enviado para me pegar?

Um sorriso predatório curvou sua boca carnuda quando ele deu um


passo em direção a ela. Ela deu um passo para trás, mas ele plantou o outro
braço atrás dela, bloqueando sua fuga. Ela se virou para encará-lo, com as
costas pressionadas contra a porta enquanto ele se inclinava mais perto.

— Eu fui — disse ele com a voz rouca.

Isabelle engoliu nervosamente. Seu corpo inteiro doía e tremia. Ela queria
tocá-lo, senti-lo. Ela precisava com um desejo desesperado sacudindo-a da
cabeça aos pés.

— Você tem me evitado — afirmou.

Ela queria mentir, negar, mas seria inútil. Ela o estava evitando, ele sabia
disso tão bem quanto ela. — Eu tenho ajudado minha mãe.

— Ah, entendo.

Seu dedo roçou sua bochecha, fazendo-a pular quando um raio de


eletricidade, e desejo, crepitou através dela. Isabelle não pôde deixar de virar
a cabeça para o toque gentil dele. Ele deu um passo mais perto enquanto sua
mão envolveu a parte de trás de sua cabeça.

— Você disse que ia parar de lutar comigo, Isabelle.

Quando ela lambeu os lábios nervosamente, ela instantaneamente se


arrependeu da ação quando os olhos dele se fixaram em sua boca. A
expressão de um homem faminto, que finalmente encontrou comida, surgiu em
seu rosto. Um pequeno suspiro de antecipação escapou quando ela percebeu
seu objetivo. Sua cabeça se curvou para roçar um beijo contra seus lábios
trêmulos.

Ele mordiscou e brincou enquanto o corpo dela tremia em resposta. A


mão dele apertou o cabelo dela enquanto o beijo se aprofundava. Sua língua
empurrou para tomar posse de sua boca. Ela agarrou a camisa dele,
agarrando-se a ele enquanto seus joelhos ficavam fracos, e o gosto dele
inundou todos os seus sentidos.
Stefan relutantemente quebrou o beijo. Ele não deveria ter vindo aqui,
mas estava irritado com ela por evitá-lo e precisava confrontá-la sobre isso. No
minuto em que a viu, ele teve que tocá-la. Para lembrá-la da paixão que
facilmente floresceu entre eles para que ela parasse de ignorá-lo e deixá-lo
louco. Ele cometeu o erro de pensar que poderia controlar seus impulsos.

Ele estava errado.

— Você vai parar de me evitar! — ele ordenou em um tom muito mais


áspero do que pretendia.

A paixão desapareceu de seus olhos nublados enquanto a raiva


rapidamente tomava seu lugar. Sua mandíbula se apertou e suas mãos se
fecharam em sua camisa enquanto ela inclinava o queixo para olhar para ele.

— Porque você simplesmente não me deixa em paz e vai molestar sua


namorada, seu bastardo arrogante, infiel e excitado! — ela cuspiu.

Stefan teria rido se não fosse tão duro. Ele quase disse a ela que Jess
não era mais sua namorada, que ele havia terminado com ela e estava
dormindo no sofá, mas mordeu a língua. Ele não queria que Isabelle soubesse
que ela tinha algum poder sobre ele, mas algo dentro dele havia mudado, e
tinha tudo a ver com a mulher que o encarava. Ele não conseguia tirá-la da
cabeça. Mesmo quando ele dormia, ela assombrava seus sonhos.

Ele nunca havia se sentido tão frustrado sexualmente em sua vida, mas
não conseguia fazer nada para aliviá-lo. Ela não saía de sua cabeça, e a ideia
de Jess o revoltava tanto que ele foi forçado a terminar com ela.

Jess não aceitou nada bem e insistiu em ficar em casa na esperança de


que eles pudessem resolver as coisas. Ele não tinha falado uma palavra com
ela desde então, e a tensão na casa era quase palpável.

No entanto, não havia como o pequeno diabinho diante dele saber disso,
porque ela saiu de seu caminho para evitá-lo e à casa. Se ela insistisse em ser
uma bruxa teimosa e irritante, ele não iria contar a ela sobre Jess. Ele não lhe
devia nenhuma explicação. Era ela quem deveria dar explicações, e não o
contrário. Quanto mais cedo ela soubesse quem estava no comando, mais
felizes os dois ficariam. Ele iria ensiná-la isso.

— E logo você estará me chamando de seu amante.

Ele pensou que ela ia explodir de raiva. Seus olhos ficaram vermelhos
enquanto todo o seu rosto se enchia de cor. Ele não esperou para ouvir o que
ela iria começar a gritar com ele. Ele empurrou sua cabeça para frente e tomou
posse de sua boca. Ela empurrou com raiva em seu peito, sua boca se fechou
enquanto ela se contorcia para se livrar.

Ele manteve um controle firme sobre ela enquanto lambia e mordiscava


seu lábio inferior carnudo. Ela se renderia a ele e, quando o fizesse, perceberia
que era inútil continuar lutando contra o que seus corpos desejavam
desesperadamente.

Isabelle estava tão furiosa que quase queria matar o idiota egoísta e
dominador. Quase, mas não totalmente. Ela lutou desesperadamente para ficar
com raiva, mas seu beijo derreteu sua determinação. Ela não podia ceder a
ele, ela não lhe daria essa satisfação. Mas mesmo enquanto pensava nisso,
seu corpo traidor respondeu a ele.

Suas mãos involuntariamente cavaram em sua camisa quando ela parou


de empurrar seu peito. Sua respiração escapou em um suspiro que permitiu
que ele invadisse sua boca. Sua língua deslizou sobre a dela em uma dança
deliberada e apaixonada que a deixou fraca e trêmula, e desesperadamente
precisando de mais. O que começou como um beijo feroz da parte dele, se
transformou em algo doce.

Stefan passou o braço em volta da cintura dela, toda a satisfação em


fazê-la se curvar desapareceu quando ele se perdeu em sua doçura e resposta
desinibida. Ele havia começado a fazê-la admitir a derrota, mas estava
começando a perceber que ela o fazia perder o controle. E agora, ele não se
importava.

— Isabelle! Issy! Onde você está?

Isabelle gemeu quando as vozes de Vicky e Abby penetraram em sua


névoa agradável. Stefan se afastou, seus olhos estavam preocupados
enquanto ele acariciava sua bochecha. Ela olhou para ele com espanto
atordoado. Não era apenas um desejo por ele, ela percebeu com um
sobressalto, mas ela estava começando a gostar do homem.

A realização causou uma enxurrada de emoções através dela, todas elas


misturadas e confusas. Ela queria sentar e chorar, mas não conseguia. Ela se
recusou a chorar. Ele já estava provando que ela era mais fraca do que nunca,
ela não ficaria mais fraca chorando.

— Issy! — Abby gritou com raiva.

— É melhor você ir — ela sussurrou, lambendo os lábios inchados. Seus


olhos instantaneamente se fixaram em sua boca, e o desejo em seu olhar foi o
suficiente para fazê-la tremer novamente. — Vá.

Ele assentiu, mas sua relutância era evidente em seu rosto e em seus
olhos. — Até mais tarde — ele sussurrou, deixando um beijo na boca dela.

Isabelle ficou olhando atordoada para ele enquanto ele saía pela porta e
virava à esquerda em direção à entrada do andar de baixo. Ela caiu contra a
porta, tremendo. Vicky e Abby apareceram, olhares idênticos de consternação
em seus rostos bonitos.

— Aqui está você! Por que você não nos respondeu? — Exigiu Vicky.

Isabelle olhou para eles enquanto tentava reunir seus pensamentos


dispersos e emoções conflitantes. — Eu estava lavando meu rosto — ela
respondeu estupidamente.
— Stefan encontrou você?

— Não, eu não o vi — ela mentiu.

— Tudo bem — disse Abby.

Isabelle concentrou toda a sua atenção em suas irmãs. — Por quê? —


ela exigiu.

Seus olhos se arregalaram com a hostilidade em sua voz, mas eles


escolheram ignorá-la. — Issy, precisamos falar com você — disse Vicky com
urgência.

Isabelle reconheceu seu olhar melodramático instantaneamente e não


pôde deixar de se perguntar que nova tragédia que ocorreu? — Não pode
esperar até mais tarde? Tenho certeza que o jogo está prestes a começar de
novo.

— É, mas podem esperar mais dois minutos, temos que falar com você!
— Abby jorrou.

Isabelle se afastou da parede e saiu do banheiro. — Fale enquanto


caminhamos — disse ela por cima do ombro.

Eles correram para alcançá-la na varanda dos fundos. — Jess acha que
você está tentando roubar Stefan! — Abby deixou escapar.

Isabelle cerrou os dentes, forçando-se a não deixar seu passo vacilar


enquanto descia os degraus. Ela não estava atrás de Stefan, era o contrário,
mas se ela fosse honesta consigo mesma, ela não lutava muito quando ele
estava por perto. Na verdade, ela se transformou em uma massa trêmula de
gelatina que ele podia dobrar e moldar como quisesse. Ela estava mais do que
um pouco enojada consigo mesma por não resistir mais, mas ele era tão
irresistível. E a maneira como ele a fazia se sentir...
Isabelle desligou o pensamento antes que seus joelhos cedessem. —
Isso é ridículo — disse ela ao chegar ao chão.

O olhar que eles trocaram a enfureceu. — É isso? — Vicky perguntou.

— Sim! — Isabelle quase gritou de exasperação.

— Isabelle, vamos! — Ethan gritou do outro lado do quintal.

Ela olhou para encontrar todos reunidos, incluindo Stefan. Seu olhar foi
involuntariamente para Jess, que estava olhando para ela com um olhar de
ódio absoluto. Para sua surpresa, ela olhou para Stefan, instintivamente
procurando por alguma ajuda. A percepção do que ela tinha feito a abalou com
tanta força que ela parou de se mover. Ele estava olhando para Jess, seu rosto
frio e implacável, seus olhos hostis. A respiração de Isabelle congelou enquanto
seu olhar se voltava para ela, suas feições relaxadas enquanto ele lançava um
pequeno sorriso para ela.

— É mesmo? — Abby perguntou triunfante.

Os sorrisos idênticos em seus rostos foram suficientes para fazê-la


querer gritar. Ela apertou a mandíbula, cerrou os punhos e correu para se juntar
ao grupo no meio do campo. — Já estava na hora! — Ethan latiu.

Ela lançou-lhe um olhar fulminante ao entrar no grupo, mal ouvindo o


plano de Mike. — Você tem isso de novo Isabelle.

— Tudo bem — ela murmurou com raiva.

Ela havia marcado dois dos cinco touchdowns, mas não estava mais com
vontade de jogar. Porém, o jogo estava empatado e seu time precisava dessa
vitória. Eles acompanharam todos os jogos que jogaram, e agora eles estavam
perdendo para o time de David. Ela estaria decepcionando todo mundo se não
continuasse jogando, e eles provavelmente a matariam.

— Vamos.
Isabelle voltou para a fila. Ela congelou quando seus olhos pousaram em
Stefan. Ele estava casualmente em frente a ela, seus olhos negros brilhando
maliciosamente. Por um segundo ela foi incapaz de se mover, incapaz de
respirar. Então ela respirou fundo e se forçou a se acalmar. Ela pareceria tão
completamente não afetada por seu breve encontro quanto ele parecia ser.

— Perdeu o cara ou coroa? — ela perguntou com altivez.

Ele sorriu para ela. — Voluntário, alguém tem que pegar você.

— E você acha que pode? — ela retrucou.

Seus olhos escureceram enquanto vagarosamente viajavam sobre ela.


Seu corpo acelerou em resposta, mas ela se recusou a deixar transparecer. —
Eu sei que posso, e eu vou.

A excitação a percorreu com a promessa de suas palavras. O inferno


que ele faria! Ela decidiu ferozmente. Ela estava pegando leve com Aiden
porque não via necessidade de se estressar. Agora, ela faria. Mike gritou corra
e ela correu facilmente por entre a multidão de corpos. Ela sabia para onde a
bola estava indo e foi direto para ela. Ela a pegou no ar e correu como se o
próprio diabo estivesse atrás dela, o que ele estava.

Ela podia ouvi-lo atrás dela. Ele estava perto, muito perto. Determinação
e adrenalina explodiram através dela quando ela abaixou a cabeça e se
esforçou para correr mais rápido. O alívio a percorreu quando cruzou
triunfalmente a linha do gol. Ela se virou, sorrindo enquanto jogava a bola para
ele.

— Eu repensaria o que você pode e o que não pode fazer — disse ela.

Ele sorriu divertido enquanto a observava. Ela estava suando e ofegante,


alguns de seus gloriosos cabelos escaparam de seu rabo de cavalo para se
agarrar molhados a seu rosto requintado. Ele tinha que admitir que ela era a
mulher mais determinada, teimosa e bonita que ele já tinha visto. Eram
características que ele respeitaria se não estivessem servindo para minar seu
objetivo de tê-la.

— Eu vejo que você estava pegando leve com Aiden.

— Claro — ela respondeu com um sorriso.

— Bom, porque eu estava pegando leve com você.

Ela plantou as mãos nos quadris. Ele deu a ela um sorriso presunçoso
antes de se virar e ir embora. O temperamento de Isabelle estava prestes a
explodir, e ele seria o alvo disso quando ela explodisse.

Quatro jogadas depois, Mike queria dar a bola para ela novamente. Ela
quase recusou, não querendo arriscar que Stefan pudesse pegá-la, mas
mudou de ideia. Não havia como pegá-la, e esta era a oportunidade perfeita
para mostrar a ele que estava completamente errado. Ninguém iria quebrá-la,
muito menos ele!

Ela lançou-lhe um sorriso arrogante enquanto esperava pelo comando


de Mike. Ela disparou para fora da linha, pegou a bola e colocou toda a energia
que tinha na corrida. Suas pernas estavam queimando e seus pulmões
estavam pegando fogo quando ela se aproximou da linha do gol. Ela estava a
apenas três metros dele quando sentiu os braços dele envolvendo sua cintura.
O desespero tomou conta dela. Ela abraçou a bola contra o peito enquanto o
chão corria para encontrá-la.

Grunhindo com a força do impacto, ela ficou imóvel embaixo dele,


incapaz de acreditar que ele a pegou! Então, suas mãos estavam em seus
ombros, e ele a virou apressadamente. Seus olhos preocupados examinaram
o rosto dela com preocupação.

— Você está bem? — ele exigiu asperamente.

Isabelle ficou surpresa ao descobrir que ele estava preocupado com ela.
— Claro, você ataca como uma garota — ela não pôde deixar de provocar.
Stefan procurou seu rosto novamente para ver se ela estava mentindo.
Ele sabia que o orgulho dela a impediria de admitir qualquer dor. Seus olhos
violetas brilharam quando ela sorriu para ele. Aquele sorriso fez algo mudar
dentro dele quando ele percebeu que estava com medo de tê-la ferido em sua
tentativa exagerada de provar que poderia pegá-la e provar que ela não
poderia evitá-lo. Ele nunca se preocupou com ninguém em sua vida.

— Bem, você deve saber — ele retrucou antes de começar a pensar


sobre o que aquela preocupação poderia significar.

Isabelle riu quando ele sorriu para ela. O suor emaranhava seu cabelo
preto na testa, e sua pele brilhava com ele. De repente, ela percebeu o calor
dos braços dele e a sensação que sentiam ao seu redor. O encontro deles no
banheiro passou por sua mente enquanto seu corpo ficava tenso de
antecipação.

Ele deve ter visto algo em seu rosto, pois seu sorriso desapareceu de
repente. A respiração de Isabelle congelou em seus pulmões quando ela o
sentiu alongar contra sua coxa. Ela estremeceu em resposta à fome irradiando
dele.

— Você a pegou! — Aiden correu para ficar atrás do ombro de Stefan


enquanto ele arruinava o momento.

Ele gostava deles, mas Stefan estava ficando cansado de todas as


interrupções que sua família causava. Ele estava começando a pensar que
nunca teria um minuto a sós com ela. Isabelle se mexeu embaixo dele, e ele
teve que abafar um gemido contra o raio de fogo que fez seu membro ereto
pular. Ele apertou os dentes enquanto se forçou a ficar de pé e puxou-a com
ele.

— Eu não posso acreditar que você a pegou! Ninguém a pegou desde


que ela tinha treze anos! Isso é ótimo! — Aiden declarou.
A equipe de Aiden correu para se vangloriar enquanto sua equipe se
aproximava para ficar atrás dela. Isabelle arriscou um olhar para Stefan,
esperando ver satisfação presunçosa em seus olhos, mas sua mandíbula
estava travada com firmeza, e seus olhos estavam preocupados e distantes.
Naquela noite, Isabelle cedeu ao bom senso e voltou para a outra casa.
Ela não suportava mais os olhares questionadores da mãe e do pai. Ela também
não suportou sua covardia. Ela não poderia evitar Stefan para sempre, e se
esconder dele estava provando ser um esforço inútil. Ele a encontraria, ela só
precisava se decidir sobre o que faria quando ele o fizesse. Ela estava ficando
mais ansiosa apenas para jogar toda a razão pela janela. No entanto, sua
preocupação com as consequências que poderiam seguir a impedia.

Ela não podia mais negar que a atração que sentia por ele era algo mais
do que uma simples fantasia passageira. Era a possibilidade de algo mais estar
assustando-a. Ela arriscaria e veria como as fichas caíam. Ainda havia a
esperança de que ele não fosse sua alma gêmea, que talvez ela estivesse
errada, mas a cada dia sua esperança diminuía. Ela nem tinha certeza se queria
segurá-lo mais.

No pouco tempo que ele esteve aqui, ele conseguiu atrapalhar


totalmente a vida dela. Ela não estava pronta para admitir a derrota, mas sua
determinação estava vacilando. Ela precisava de tempo para resolver tudo.

Ela ficou para ajudar seus pais a limpar, mas sua mãe a enxotou quando
restavam apenas alguns pratos, então a casa estava escura quando ela voltou.
Ela estava grata por esse fato. Ela estava completamente exausta e não queria
lidar com ninguém esta noite. Seus músculos estavam doloridos por causa do
jogo de futebol, um jogo que eles conseguiram vencer por um triz, e ela ansiava
por uma cama confortável em vez de um sofá desconfortável na casa de seus
pais.

Ela tirou os sapatos e gemeu de prazer enquanto mexia os dedos do pé


com cãibras. Abrindo silenciosamente a porta de tela, ela pegou seus sapatos
e rastejou para dentro da casa silenciosa. Ela andou na ponta dos pés pela
entrada e na sala de estar.

— Você voltou — Stefan murmurou.

Isabelle quase gritou quando pulou de surpresa. Seus sapatos


escorregaram de seus dedos dormentes. Ela girou, o coração martelando e a
respiração ofegante.

— Não queria assustar você — disse ele.

Isabelle inalou rapidamente quando a descarga de adrenalina que ela


recebeu se dissipou. — Merda — ela sussurrou com a mão voando para o
peito. — Não faça isso!

Stefan riu divertido. — Desculpe, eu pensei que você iria me sentir.

Agora que ela não estava tremendo de terror e seu coração estava
voltando ao normal, ela podia pensar novamente. — Eu não estava prestando
atenção.

— Então, eu notei.

Seus olhos de ônix brilharam de forma predatória ao luar que entrava


pelas janelas. Ele estava esparramado no sofá, com as mãos apoiadas atrás
da cabeça em um dos travesseiros. Suas pernas compridas estavam cruzadas,
as panturrilhas e os pés inferiores pendurados na beirada do apoio de braço.
Ele parecia relaxado, mas ela sentiu uma tensão nele desmentindo seu
comportamento. Ele também parecia delicioso, ela decidiu.

— O que você está fazendo aqui embaixo? — ela sussurrou sem fôlego.

— Em repouso.

— Você tem uma cama.


— Eu sei. — Estava apenas sendo ocupada agora por alguém que ele
não queria. Na verdade, a que ele queria finalmente voltou e estava olhando
para ele como se não pudesse decidir se ele era um monstro ou se ela queria
devorá-lo. Ele ia fazer a escolha fácil para ela. — Finalmente decidiu parar de
me evitar?

Ela se mexeu quando se abaixou para pegar os sapatos. Ele parecia


muito tentador esparramado no sofá. Por um breve instante, ela se perguntou
o que ele faria se ela fosse até ele e se deitasse ao seu lado. Ela sabia
exatamente o que ele faria e o que ela o deixaria fazer com ela.

Seu corpo se contraiu ao pensar no que aconteceria, no que ela queria


que acontecesse. Ela estava desesperada para saber o que seu corpo buscava
dele e o que ele poderia lhe ensinar.

Ela engoliu em seco e respirou fundo enquanto tentava se controlar. Toda


a sua determinação estava se esvaindo, e ela não podia deixar isso acontecer.
Ela simplesmente não podia. Ela precisava de alguns minutos para respirar e
relaxar. Os pensamentos que ela estava tendo estavam errados. Ela deveria
ficar longe dele, não fantasiar sobre se juntar a ele no sofá.

Ela respirou fundo, fortaleceu sua determinação de tratá-lo tão


casualmente quanto ele a tratava e recuperou seus sapatos. Levantando-se,
ela cruzou os braços na cintura, segurando os sapatos como se pudessem ser
usados para afastá-lo.

— Eu estava cansada de dormir no sofá — ela admitiu.

— Eu conheço o sentimento.

Isabelle franziu a testa enquanto o estudava. — O que?

Ele riu da perplexidade em sua voz. Balançando as pernas para baixo,


ele se sentou, seu olhar nunca deixando o dela. — Eles ficam desconfortáveis.

— Então vá para a cama — ela respondeu secamente.


— Isso é um convite?

A boca de Isabelle se abriu enquanto seu coração acelerava. Ela deu um


pequeno passo para trás, balançando a cabeça em negação enquanto seu
corpo inteiro se retesava de desejo e necessidade. Ele se levantou sem pressa,
ele era alto e perigoso ao luar enquanto seus ombros largos bloqueavam a
janela. — Não — ela sussurrou, segurando os sapatos para afastá-lo.

— Então vá para a cama, Isabelle.

Ela se viu incapaz de se mover, incapaz de piscar quando um nó se


formou em sua garganta. Ela queria isso, queria ele, mas não podia, não
deveria. Ele deu um passo em direção a ela, e toda razão e lógica voaram pela
janela. Seus sapatos caíram no chão quando ela começou a tremer de
ansiedade. Tudo o que ela queria era senti-lo novamente, tocá-lo, ter suas
mãos e boca sobre ela. Seus olhos brilharam quando ela deu um passo em sua
direção, sem se importar com as consequências do que ela queria.

— Stefan? — A voz fraca sacudiu a cabeça de ambos. A realidade caiu


sobre ela quando ela deu um passo para as sombras. — Stefan, você está aqui
embaixo?

Seus olhos ficaram da cor do sangue enquanto permaneciam fixos nos


de Isabelle. Ela estava mais chocada com a perda de controle que seus olhos
vermelhos revelaram do que com a interrupção de Jess. Então, toda a
realidade da interrupção de Jess caiu sobre ela, e a raiva explodiu. Ela deslizou
ainda mais para as sombras, escondendo-se atrás da tela no canto enquanto
as luzes da cozinha se acendiam.

— Por que você insiste em dormir aqui embaixo? — Jess exigiu.

O sangue de Isabelle estava fervendo quando ela passou a perna por


cima do corrimão, desesperada para escapar dessa terrível situação. Seu olhar
pousou em seus tênis descartados e ela congelou. A última coisa que ela
precisava era que Jess visse aqueles tênis. Cerrando os dentes, ela tentou
decidir se poderia agarrá-los sem chamar atenção para si mesma.

— Você sabe por que, Jess! — ele perdeu a cabeça.

Stefan estudou Jess enquanto ela estava na porta da cozinha, seus


braços cruzados sobre o peito enquanto ela olhava para ele, mas todo o seu
corpo permaneceu focado em Isabelle atrás da tela. Ele sabia que ela devia
estar com raiva e, assim que se livrasse de Jess, explicaria o que estava
acontecendo. Por mais que odiasse admitir, ele diria a ela a verdade.

— Você dormiu aqui nas últimas três noites — Jess lamentou.

Isabelle esqueceu seus tênis enquanto virava a cabeça para trás. Ela
podia ver a sombra dele na tela, ele não se moveu uma polegada. Sua testa
franziu enquanto ela ficava intrigada com as palavras de Jess. Ele estava
dormindo no sofá nas últimas três noites?

Ela engoliu o nó de esperança em sua garganta. Por que ele faria isso?

— Jess, volte a dormir — ele disse impacientemente.

— Eu vou ficar aqui com você.

A respiração de Isabelle congelou quando a sombra de Jess apareceu


na tela.

Seus quadris balançaram sedutoramente quando ela se aproximou dele.


— Eu tenho saudade de você.

Ela jogou os braços em volta do pescoço dele e se apertou contra ele. O


temperamento explosivo de Isabelle ferveu como um raio de ciúme, tão
selvagem que a deixou sem fôlego, rasgando-a. Por uma emoção que ela
nunca experimentou antes de conhecê-lo, ela estava se familiarizando demais
com seus efeitos de garra.
— Eu não senti sua falta, agora suba — Stefan ralou.

Isabelle não se importava que ele estivesse se livrando de Jess, não se


importava que ele tivesse dormido no sofá nas últimas três noites. Tudo com o
que ela se importava era no que ele conseguiu transformá-la, uma prostituta.
Ele estava flertando com ela enquanto mantinha uma namorada pendurada ao
lado.

Ela nunca se considerou imoral, mas percebeu que foi isso que ele a
transformou e odiou isso. Ela se odiava por permitir que ele continuasse
fazendo isso com ela.

Ela o estava culpando por essa bagunça, pela maneira como ele a fazia
se sentir, mas era culpa dela. Foi ela quem continuamente permitiu que isso
continuasse acontecendo. Ela era uma idiota absoluta. Uma tola. Ela estava
prestes a se entregar a um homem que tinha a namorada na mesma casa que
ela!

O que ela estava pensando? Qual era o problema com ela? Auto aversão
caiu através dela em ondas, deixando-a enjoada e esgotada. Ela precisava sair
daqui, agora.

— Stefan, vamos — Jess choramingou.

Ele estremeceu quando a voz dela irritou seus nervos. Ela apertou
sugestivamente contra ele fazendo com que a ereção que ele experimentou
com Isabelle desaparecesse instantaneamente. Ele agarrou seus braços e a
ergueu para longe dele. — Vá para cima, Jess — ele ralou. — Eu disse que
acabou.

Ela bateu as mãos nos quadris. — É Isabelle, não é? É por ela que você
não quer mais ficar comigo! Você só quer adicionar mais uma conquista à sua
lista transando com ela!
Stefan estremeceu interiormente quando seus olhos foram para a tela.
Isabelle deve estar furiosa agora, mas pelo menos ele não teria que dizer a ela
que estava tudo acabado entre ele e Jess. Essa conversa foi uma prova cabal.

— Jess…

— Não me chame de Jess! — ela gritou. — Eu não posso acreditar que


você transaria com aquela vadia!

A raiva que tomou conta dele foi rápida e volátil, isso o fez reagir antes
de pensar quando ele agarrou os braços dela. — Não fale dela assim! — ele
sibilou, puxando-a para cima, para que seus olhos estivessem mesmo com os
dele. Os olhos de Jess se arregalaram de alarme enquanto ela o encarava.
Stefan apertou a mandíbula e se forçou a soltá-la. — Saia desta casa amanhã.

Os olhos de Jess se encheram de lágrimas quando ela girou nos


calcanhares e saiu correndo da sala. — Certo! — ela gritou por cima do ombro
enquanto subia as escadas.

Stefan ficou em silêncio enquanto seus olhos descansavam na tela. De


repente, ele não queria chegar perto dela. O que ela fez com ele? Suas ações
em relação a Jess foram tão inesperadas e fora do personagem que ele ficou
surpreso com elas. Por um momento, ele estava pronto para rasgar a garganta
de Jess.

Ele respirou fundo para se firmar antes de caminhar até a tela e puxá-la
para trás. Ela se foi. Ele pensou em ir atrás dela, encontrá-la, falar com ela e
muito, muito mais. Então, ele mudou de ideia. Ele precisava de tempo para
pensar, tempo para organizar sua confusão de emoções. Ele estava
começando a perceber que era mais do que um desejo de tê-la em sua cama,
mas algo mais, algo que ele não tinha certeza se queria. Ele estava começando
a se importar com a bruxa irritante.

Era a primeira vez que ele se permitia se importar com alguém desde que
era criança. Ele jurou nunca deixar isso acontecer novamente, mas de alguma
forma ela conseguiu abrir caminho sob suas defesas. Talvez ela estivesse
certa, talvez eles devessem ficar longe um do outro.

Toda a sua existência não era nada além de morte e destruição. Tudo o
que Isabelle conhecia era felicidade e amor aqui. Ele nunca a deixaria saber
sobre a crueldade de sua vida. Aproximar-se dela pode ser o maior erro que
ele já cometeu, mas algo nela o atraiu, algo nela o deixou determinado a possuí-
la.

A melhor coisa para ela, provavelmente para os dois, seria ele ir embora,
mas ele não conseguia fazer isso. Ainda não. Ele queria ficar perto dela um
pouco mais. Ele franziu a testa enquanto colocava a tela de volta no lugar.

Pela primeira vez, ele percebeu quando Isabelle estava perto, a solidão
que ele experimentou desde que destruiu Brenda não o atormentava mais. Pela
primeira vez desde que foi lançado nesta existência sombria, havia um pouco
de paz em sua alma.

E foi por causa dela.

Confuso e extremamente descontente, ele voltou para o sofá. Ele ficou


acordado por um longo tempo antes que o sono finalmente o reclamasse. E
então, os sonhos recomeçaram.
Isabelle conseguiu evitá-lo e a todos os outros durante a maior parte do
dia seguinte. Ela estava com medo de que Ethan sentisse sua humilhação e
desconforto. Os Patetas faziam algum comentário sobre ela ficar na casa dos
pais, e a ideia de encontrar Jess a deixava petrificada. Seu ódio por si mesma
já era ruim o suficiente sem ter que ver o ódio de Jess em cima disso.

Ela se levantou antes do nascer do sol, sabendo que Aiden estava indo
embora. Ela queria se despedir dele antes que todos se levantassem. Ela
conseguiu encurralá-lo no banheiro assim que ele se levantou. Ela acabou
chorando quando eles se separaram. As lágrimas chocaram os dois e a fizeram
perceber a confusão emocional em que se tornara.

Ele prometeu que iria visitá-la em breve e implorou para que ela parasse
de chorar. Embora fosse homem demais para chorar, estava tão relutante em
soltá-la quanto ela em soltá-lo. Quando ela finalmente conseguiu soltá-lo, ela
se virou e fugiu de casa. Ela sabia que sua ausência na partida dele seria
comentada mais tarde, mas não se importava.

Fazia anos que ela não ia à casa da árvore, mas era lá que ela buscava
seu santuário. Ela ficou sentada na árvore por horas, observando o movimento
do sol no céu enquanto tentava resolver a confusão de suas emoções
confusas. Quando o sol se pôs, ela percebeu que não tinha chegado nem perto
de descobrir como se sentia. Ela não tinha certeza se alguma vez o faria.

Ela se recusou a chorar de novo, não importa o quanto ela quisesse.


Chorar não ia resolver seu problema, e ela já estava irritada consigo mesma
por ser fraca. Quando finalmente saiu da casa da árvore, estava cansada e
esgotada emocionalmente. Ela passou os braços em volta de si mesma para
ajudar a afastar o frio que permeava todo o seu ser. Ela desceu o caminho e
voltou para casa.
Ela não poderia evitar todos eles para sempre. Ela teria que lidar com
isso e aceitar tudo como viesse. Ela não podia continuar vivendo assim. Ele
partiria logo, Jess partiria logo, e então tudo estaria acabado. Esse pensamento
não lhe deu a segurança de antes, mas ela se recusou a pensar no motivo. Ela
não podia mais se permitir ficar sozinha com ele.

Isabelle subiu os degraus cansada e abriu a porta de tela. Todos haviam


voltado do trabalho na casa nova e agora assistiam a um filme na sala. Todos
se viraram para olhar para ela quando ela entrou.

— Onde você esteve o dia todo? — Ethan perguntou.

Isabelle encolheu os ombros distraidamente. — Em volta.

— Você perdeu a partida de Aiden.

— Eu disse adeus a ele esta manhã.

Ela avançou para encostar-se ao batente da porta. Ela olhou fixamente


para o filme de ação que todos voltaram para assistir. Ela encontrou seu olhar
viajando involuntariamente para Stefan. Ele se sentou em uma das poltronas
reclináveis, seus pés apoiados, e seu olhar extasiado focado nela. Levou tudo
o que ela tinha para se virar.

— Onde está Jess? — ela perguntou enquanto caminhava em direção à


geladeira.

— Ela se mudou! — Ian a chamou.

Isabelle congelou com a mão na maçaneta. — O que? — ela deixou


escapar quando uma bolha de esperança floresceu. Ela o empurrou para o
lado. — Por quê?

Ela deu um passo para trás para espiar a sala de estar novamente. Todas
as cabeças se voltaram para Stefan. Ele olhou para ela, seu rosto inexpressivo
e seus olhos distantes. — Nós terminamos — explicou.
Isabelle pensou que ela poderia estar doente. Ela fechou os olhos,
respirou fundo e abriu a geladeira. Ela estava com fome e precisava
desesperadamente de um banho para aliviar o frio em seus ossos. Ela pegou
uma bolsa de sangue e se dirigiu para as escadas.

— Eu vou tomar banho, então nem pense em dar descarga! — ela gritou
por cima do ombro.

— Nós faríamos isso? — Jack ligou inocentemente.

Isabelle ignorou as risadas enquanto subia as escadas.

— Por que ela faz isso? — Stefan perguntou no minuto em que Isabelle
estava fora do alcance da voz.

— Mandar em nós? Porque isso a faz se sentir melhor — Ian respondeu


distraidamente.

— Isso nos faz sentir melhor — acrescentou Ethan com uma risada. —
Isso a mantém feliz, o que, por sua vez, mantém o resto de nós felizes.

— Sim, Isabelle pode tornar sua vida um inferno se ela estiver brava com
você — Mike forneceu.

Stefan sabia em primeira mão o quão miserável ela poderia tornar a vida
de alguém quando ela queria, mas tudo isso iria mudar esta noite. Jess estava
fora de casa e Isabelle não tinha mais motivos para brigar com ele ou consigo
mesma. Ele começou a endurecer ao pensar em todas as coisas maravilhosas
que iria ensinar e fazer com ela.

— Eu já percebi isso — ele murmurou. Todos eles lhe lançaram olhares


questionadores que ele preferiu ignorar. — Eu quis dizer por que ela não se
alimenta na sua frente?

— Porque costumávamos provocá-la sobre isso quando éramos mais


jovens. Dissemos a ela que ela era feia quando fazia isso, que parecia uma
aberração e todo tipo de coisa. Ela não se alimentava na frente de ninguém
desde que tinha oito anos — explicou Ethan.

Stefan ficou surpreso ao se sentir irritado com eles. Tudo o que ele podia
imaginar era uma pequena Isabelle, em marias-chiquinhas, chorando por
causa da provocação de seus irmãos. Era algo que obviamente a afetava. Sua
mandíbula se apertou enquanto suas mãos se curvavam involuntariamente nos
braços da cadeira. Não importava que todos fossem crianças, todos se
atormentassem, ele só conseguia pensar na angústia que haviam infligido a
ela.

Ele nunca se sentiu tão protetor ou defensivo com alguém. Ele estava
começando a se importar com a garota, ele percebeu com sentimentos mistos
de admiração e consternação. Não importa o quanto ele nunca quis que isso
acontecesse, foi uma realização agradável. O pensamento ajudou a aliviar a
angústia de sua alma triste, uma alma que ele nunca a deixaria vislumbrar.

Ele a teria, ela seria dele, mas ela nunca saberia nada sobre seu passado.
Foi a única conclusão a que chegou naquela noite longa e desconfortável. Ela
ajudou a aliviar seu tormento, por isso ele a queria mais do que qualquer outra
mulher que já conheceu, mas jurou que ela nunca conheceria o lado mais
sinistro do mundo, ou a si mesmo.

Ele fechou os olhos e respirou fundo, um pequeno sorriso cruzou seu


rosto enquanto pensava no que esta noite traria. Ele tinha que fazer a bruxinha
ceder à sua vontade, mas tinha certeza de que não seria muito difícil. Ele estava
começando a entender por que ela ficou longe dele. Apesar de todo o blefe e
arrogância de Isabelle, por dentro ela estava assustada e com medo de ser
ferida. Ele poderia, e iria, aliviar seu medo.

A porta de tela se abriu novamente. Ele abriu os olhos, ficando tenso


quando Jess entrou na casa. Ele havia falado um pouco com ela esta manhã
enquanto a ajudava a carregar suas coisas, mas não esperava vê-la
novamente e não queria vê-la agora.
— Esqueci minha escova de dentes — disse Jess.

Antes que Stefan pudesse impedi-la, ela subiu os degraus.

Isabelle estava saindo do banheiro, vestida com uma das velhas


camisetas de Ethan, com as roupas debaixo do braço quando Jess saiu para
o corredor. Isabelle não conseguia respirar com a força da hostilidade que
irradiava da garota.

— Espero que você esteja feliz agora! — Jess cuspiu.

Isabelle foi pega de surpresa pelas ondas de ódio que batiam contra ela.
Ela nunca pensou que alguém pudesse odiá-la tanto quanto Jess. — Jess, eu
não queria isso — ela sussurrou.

Jess bufou com raiva. — Eu duvido disso.

— Eu não! — ela protestou. Ela queria dizer a ela que nada estava
acontecendo, mas ela não iria mentir para ela. Algo estava acontecendo sobre,
ela só não tinha certeza do que era ainda.

— Nem por um momento pense que você é especial, você é como todas
as outras putas com quem ele fodeu. Ele vai te usar e te jogar de lado também,
você é...

— Se eu fosse você, pegaria sua escova de dentes e sairia — Stefan


rosnou.

Os olhos de Isabelle voaram para Stefan enquanto ele descia as escadas.


A hostilidade fria em sua voz causou arrepios na espinha dela quando Jess se
virou para encará-lo. Isabelle queria dizer a ela para correr para salvar sua vida,
mas as palavras ficaram presas em sua garganta. Isabelle nunca o vira tão
mortal. Mesmo quando ele estava furioso com ela, mesmo quando a agarrou,
ela não tinha tanto medo dele quanto agora. Ela realmente se preocupou,
realmente acreditou que ele poderia matar Jess.
Jess abaixou a cabeça e passou correndo por Isabelle até o banheiro. A
luz se concentrou no corredor, iluminando Stefan quando ele deslizou para
frente e parou a trinta centímetros da porta do banheiro. Sua postura era casual
enquanto ele se encostava na parede, mas a hostilidade que irradiava dele era
evidente em sua mandíbula cerrada e nos músculos contraídos em sua
bochecha. Isabelle lutou contra um estremecimento. Não foi dirigido a ela, mas
sua ira ainda a assustava.

Jess voltou rapidamente, apagando a luz e lançando-os na escuridão.


Ela ficou incerta no corredor, sua escova de dentes apertada em sua mão,
enquanto olhava para Stefan com cautela. Stefan acenou com a mão
elegantemente para ela passar. Jess baixou a cabeça enquanto passava
rapidamente por eles.

— Você está bem?

Não , ela não estava bem. Ela estava apavorada com ele, com tudo que
estava acontecendo com ela. As palavras de Jess ecoaram alto em sua
cabeça, e a verdade delas causou um aperto em seu estômago. Ela mordeu o
lábio enquanto levantava o olhar para ele e se forçou a assentir. Mechas de
cabelo molhado caíram em seu rosto e ela imediatamente as afastou. Ele
permaneceu em silêncio enquanto seu olhar perfurava sua alma. Ela não sabia
o que dizer, o que fazer. Todo pensamento razoável fugiu sob seu intenso
escrutínio.

— Eu uh... sinto muito por você e Jess — ela conseguiu gaguejar.

— Por quê? Não sinto. Faz três dias que acabou, finalmente consegui
que ela saísse de casa.

Isabelle sabia que ele estava tentando dizer algo a ela com aquela
afirmação, ela escolheu ignorá-lo. Assim como ela optou por ignorar o fato de
que ele dormiu no sofá nas últimas três noites. Ela não tinha todos os seus
sentimentos resolvidos, ela precisava de mais tempo para assimilar esse
pedaço de informação acima de todo o resto.
— Se tiver algo a ver comigo, eu explico que não há nada entre nós —
ela disse hesitante.

— Não tem? — ele murmurou.

— Não! — ela chorou.

Seus olhos eram ferozes na noite enquanto um pequeno sorriso curvava


seus lábios carnudos. — Se não tivéssemos sido interrompidos ontem à noite...

— Eu teria caído em mim! — Isabelle chorou quando um calor maçante


inundou seu corpo com a lembrança.

— E hoje à noite?

Seu coração começou a martelar no peito e sua boca ficou


repentinamente seca. — Que tal esta noite? — ela conseguiu sufocar.

— O que você fará quando eu for ao seu quarto esta noite e não houver
ninguém para nos interromper?

O corpo de Isabelle acelerou em antecipação enquanto ela olhava sem


fôlego para ele. Ela queria dizer a ele que o receberia de braços abertos, mas
ficou preso na garganta. Ficou preso em seu orgulho. Ela não cederia a ele tão
facilmente. Ela não podia. — Eu vou te dizer para sair.

As sombras envolveram seu corpo enquanto ele se aproximava dela. Ela


inclinou o queixo desafiadoramente, mas ela se sentiu tudo menos desafiadora.
Ela se sentia como uma massa trêmula de terminações nervosas cruas, todas
gritando por seu toque. Sua mão acariciou sua bochecha. Isabelle se assustou
quando tudo nela reagiu ao toque dele. Seu coração batia tão rápido que ela
tinha certeza de que iria explodir.

— Você vai mesmo?


Ela levou um segundo para se lembrar do que eles estavam discutindo.
— Sim — ela conseguiu sufocar.

Ele deu um passo mais perto, seu peito roçou o dela. Isabelle inclinou a
cabeça para trás para encontrar seu olhar esfumaçado enquanto ele inclinava
a cabeça. Seus lábios roçaram os dela em um toque de borboleta. O
movimento suave de sua língua contra os lábios dela fez com que o quarto se
inclinasse, o chão caísse e o mundo inteiro se concentrasse nele e somente
nele.

Sua boca se abriu para sua língua questionadora. Ele só pretendia prová-
la e mostrar que havia algo entre eles. No entanto, ela tinha um gosto tão bom
e era tão receptiva que ele se viu perdendo o controle de seu objetivo e
querendo devorá-la.

Ele se separou antes que não pudesse. Ela piscou atordoada para ele,
seus olhos esfumaçados enquanto arrepios percorriam seu corpo. — Vamos
descobrir esta noite.

O olhar perplexo em seus olhos desapareceu quase instantaneamente.


— Você não ousaria!

— Talvez, talvez não.

Ele se afastou dela e desceu as escadas antes de arrastá-la para seu


quarto e levá-la agora. O pensamento dos outros lá embaixo era a única coisa
que o detinha. Ele iria vê-la mais tarde, mas não queria que eles soubessem
disso. Seu quarto seria muito mais privado e seguro, para o que ele pretendia.
Não haveria como pará-lo esta noite.

Isabelle caiu contra a parede, ansiedade e antecipação guerreando tão


turbulentamente dentro dela que ela mal conseguia respirar. Ela queria correr
para salvar sua vida. Ao mesmo tempo, ela queria se enrolar na cama e esperar
que ele viesse até ela. Ela não tinha dúvidas de que ele apareceria em seu
quarto esta noite. Ela precisava decidir se estaria lá ou não.
***

Como se viu, a decisão foi tirada de suas mãos. No minuto em que ela
voltou para a sala, Ian perguntou se ela queria ir para a cidade. Normalmente
ela diria não, mas esta noite ela aproveitou a oportunidade. Ela ignorou o
espanto de todos enquanto aceitava ansiosamente e corria para seu quarto.
Esta seria sua chance de provar que podia se sentir atraída por outros homens,
que Stefan não era o único que a afetava.

Ela colocou seu vestido preto favorito. Sua mãe lhe dera no Natal, dois
anos atrás, ela nunca o usara, mas o experimentara com frequência, adorando
a sensação. Era solto e fluido, mas enfatizava o volume de seus seios, sua
cintura fina e quadris redondos antes de terminar no meio da coxa. Ela sabia
que Ian ia a clubes quando saía, e o vestido se encaixaria perfeitamente.
Escovando o cabelo molhado, ela agarrou seus saltos altos pretos e saiu
correndo da sala.

Todos olharam para ela incrédulos quando ela voltou para a sala de estar.

— Merda, Issy, não me lembro da última vez que te vi de vestido! — Mike


chorou.

— O que? — Jack exigiu enquanto enfiava a cabeça pela porta. Sua boca
se abriu. — Você não está usando isso!

— Cala a boca, Jack! — ela gritou com ele.

— Estou com Jack. — Ethan cruzou os braços sobre o peito e olhou para
ela com desaprovação.

Ela lançou-lhe um olhar zangado. — Ninguém te perguntou.

— Isabelle… —- Jack começou.


— Você vai a clubes, certo? — ela interrompeu.

— Bem, uh, sim, mas…

— Eu não posso entrar lá vestindo jeans.

— Mas...— ele gaguejou.

— Pelo amor de Deus, Jack, eu tenho vinte e três anos! Acho que devo
poder vestir o que eu quiser! — ela retrucou, cansada de ser mimada e
mimada.

Seus olhos castanhos brilharam com raiva, mas ele assentiu rapidamente
e saiu pela porta. Um minuto depois, a porta de tela se abriu e se fechou. — É
melhor você se apressar, ele pode te deixar para trás — alertou David.

— Eu vou matá-lo!

Ela correu em direção à porta, calçando os sapatos enquanto


caminhava. — Isabelle, você parece bem!

— Obrigado, Doug. — Pelo menos ela podia contar com alguém para
não agir como um idiota total o tempo todo.

Ela saiu correndo pela porta e correu em direção ao carro parado de


Jack. Abrindo a porta dos fundos, ela deslizou para dentro, ansiosa para
escapar da casa e de Stefan. Ian olhou boquiaberto para ela na penumbra. —
Nenhuma palavra — ela avisou.

— O que você está vestindo? — ele exigiu, ignorando-a completamente.

Isabelle revirou os olhos e se virou para bater à porta. Um par de olhos


brilhantes de ônix a parou em seu caminho. Sua respiração congelou quando
Stefan olhou para ela do banco da frente. Ele parecia irritado, mas a fome em
seu olhar fez com que os dedos dos pés dela se enrolassem em seus sapatos.
Foi só então que ela percebeu que ele não estava na sala.
— Feche a porta! — Jack latiu aparentemente ainda irritado com ela pelo
confronto na casa.

Isabelle olhou ansiosamente para fora da porta. Ela poderia pular fora
agora, dizer que mudou de ideia e correr de volta para casa. Certamente, ele
não a seguiria. Na verdade, ela tinha certeza de que ele o faria. Ela estava
presa. Se ela saísse agora, ele estaria em seu quarto. Se ela ficasse, poderia
se livrar dele no clube e encontraria outro homem que a atraísse. Isabelle bateu
à porta e a luz se apagou.

Stefan se virou em seu assento, sua mandíbula apertada. Ele não podia
acreditar que ela pensou em evitá-lo fugindo com seu irmão e Jack. Ele
também não podia acreditar no que ela estava vestindo. Um músculo começou
a se contrair em sua bochecha devido ao aperto de sua mandíbula. Todos os
homens estariam atrás dela. O pensamento o enfureceu além da crença. Suas
mãos se fecharam em punhos quando ele se virou para olhar pela janela.

Se era assim que ela queria jogar, tudo bem. Ele daria tão bem quanto
recebia. Haveria muitas mulheres lá. Muitas mulheres que estariam mais do
que ansiosas para aquecer sua cama, não para fugir dele.

— Eu não posso acreditar que você está usando isso — Ian murmurou.

Stefan escondeu um sorriso quando percebeu que seu irmão estava


quase tão chateado com o vestido provocante quanto ele. Embora seu irmão
estivesse preocupado com isso por causa de homens como ele, que não
queriam nada além de arrancá-la, revelar seu corpo esplêndido e levá-la. Ele
estava preocupado que pudesse arrancá-lo dela antes que a noite acabasse.

— É um vestido perfeitamente bom, — retrucou ela.

— Para uma prostituta — Jack murmurou.

— Você saberia! — ela estalou.


— Ei! Eu nunca paguei por isso! E estamos apenas zelando pela sua
segurança! — Jack protestou veementemente.

Isabelle fervia enquanto apertava as mãos no colo. Ela não precisava


disso, especialmente não na frente de Stefan. — E como é isso?

— Você é tão inocente, Isabelle — Jack murmurou. — Abby e Vicky têm


mais bom senso do que você.

Ela olhou para eles em descrença. — Você está me dizendo que prefere
ver Vicky ou Abby neste vestido, do que eu? — ela exigiu.

— Sim! — os dois choraram.

Isabelle sentou-se em silêncio perplexo, incapaz de acreditar no que


estava ouvindo. — Por quê? — ela perguntou.

— Porque Vicky e Abby pelo menos têm alguma ideia de homens, você
não — Ian retorquiu. — Elas podem lidar com um homem, você não pode.

O rosto de Isabelle ficou vermelho. Ela desprezava o fato de que eles


estavam falando sobre ela assim agora. Na frente dele! Ela lutou contra a
vontade de socar os dois no rosto. — Isso é ridículo!

Stefan não achou nada ridículo. Ela não tinha nenhuma ideia sobre seu
efeito sobre um homem, ou o que um homem era capaz de fazer.

— Você tem algum conceito de homens? — Jack exigiu.

— Talvez se eu conhecesse um, eu reconheceria! — ela retrucou


furiosamente.

Stefan mordeu o lábio para não rir. E pensar que ele estava sentindo pena
dela porque seus irmãos brincavam com ela sobre a alimentação. Ele agora
percebeu que Isabelle dava o melhor que podia e era mais do que capaz de
lidar com eles.
— Nós vamos ter que tirar os caras de cima de você! — Ian gritou.

— Então haverá menos deles para você se preocupar enquanto estiver


tentando transar — ela retrucou. — Além disso, posso cuidar de mim
perfeitamente bem, obrigado.

— Isabelle… — Jack começou.

— Olha, eu sou uma mulher adulta, não preciso mais de ninguém para
me criar. Posso cuidar de mim mesma e de qualquer coisa que aconteça. Além
disso, sou mais forte do que qualquer macho humano, então acho que posso
me proteger perto deles. Agora recue!

— Nunca consegui colocar a razão em sua cabeça dura — Jack


murmurou.

Isabelle virou-se para a janela, o rosto corado de aborrecimento e


constrangimento. Houve ocasiões em que ela desejou muito não ter família
alguma, e esta foi uma delas. Não ajudou ela sentir o humor de Stefan. Eles
estavam gritando com ela sobre os homens do clube, mas o que eles deveriam
estar preocupados eles convidaram para ir com eles!

Bem, ela mostraria a todos. Ela era uma mulher adulta e sabia lidar com
ela mesma, especialmente com um humano. Era o homem sentado à sua frente
que ela não conseguia controlar.
Isabelle imediatamente desejou não ser tão covarde. Ela poderia ter
enfrentado Stefan em seu quarto, ela poderia ter dito a ele para sair. Ela poderia
tê-lo feito sair. Em vez disso, ela correu como um cervo direto para a cova do
leão. O clube estava lotado. As luzes piscando, a música e o cheiro avassalador
de suor, álcool e sangue foram suficientes para fazer sua cabeça latejar no
minuto em que eles entraram.

Isabelle parou na porta para ver tudo através da massa de corpos e das
luzes pulsantes. A pista de dança ficava abaixo deles, descendo por um estreito
conjunto de escadas de metal. Não havia espaço nele, pois homens e mulheres
lutavam uns contra os outros.

Ela estava usando mais roupas do que a maioria das mulheres aqui. Ela
fez uma careta para Jack e Ian, que sabiamente escolheram ignorá-la.
Comparada com a maioria das mulheres aqui, ela estava vestida como uma
freira!

Luzes de todas as cores piscavam no chão. Tão alto que a música


sacudiu a sacada de metal sob seus pés. Isabelle lutou contra o impulso de
cobrir os ouvidos e fechar os olhos para bloquear tudo.

— Vamos, Issy! — Ian gritou em seu ouvido.

Ela não queria ir, mas ele agarrou seu cotovelo e a empurrou escada
abaixo. Ela parou no fundo, sem saber para onde ir. Ian soltou seu cotovelo e
começou a abrir caminho pela multidão, de alguma forma encontrando um
caminho que ela nunca saberia que existia.

Uma jovem agarrou seu braço. Ele foi instantaneamente engolido, assim
como o caminho. Ela se viu brevemente engolfada pela espessa massa de
corpos, completamente incerta de para onde ir.
Stefan segurou seu cotovelo e a puxou enquanto abria caminho entre a
multidão. Isabelle seguia silenciosamente atrás, com muito medo de se perder
na multidão para protestar contra o tratamento arrogante que ele dispensava
a ela. Ela deu um suspiro de alívio quando a multidão se abriu para revelar um
grupo de mesas, a maioria delas vazias. Stefan a levou a um, e ela caiu
agradecida em uma cadeira.

— Você quer uma bebida? — ele perguntou.

Uma bebida era o que ela precisava para ajudá-la a relaxar. — Sim, uma
cerveja!

Ele assentiu com a cabeça e se virou para abrir caminho pela multidão.
Isabelle viu o bar então. Ficava do lado direito do piso, uma forma de ferradura
curvando-se até a borda do piso de mogno. O bar tinha luzes de néon azuis e
verdes piscando ao longo do fundo de vidro. Uma enorme multidão o cercou,
todos se inclinando para gritar seus pedidos aos bartenders apressados.

Isabelle assistiu com espanto como Stefan fez seu caminho através da
multidão gritando. Era óbvio que ele estava acostumado a estar em tais lugares
e não se sentia nem um pouco intimidado pela enorme multidão. O ciúme
passou por ela enquanto se perguntava quantas mulheres ele havia tirado de
clubes semelhantes a este.

Ela sabia como eram os Patetas e seus irmãos, e Stefan era muito mais
velho do que eles. Isso somava muitas mulheres. Ela tentou afastar o ciúme,
mas era uma pedra no estômago que não ia embora. Como ela poderia
competir com tantas mulheres?

O pensamento a sacudiu e quase a fez cair da cadeira. Ela não queria


competir com nenhuma outra mulher, todos eles poderiam tê-lo. Mesmo
enquanto pensava nisso, ela sabia que estava mentindo para si mesma. Ela o
queria, já era hora de ela admitir isso, mas agora ela tinha a preocupação de
quão inexperiente ela era para adicionar à sua crescente lista de
preocupações.
Por um momento, ela quis chorar. A vida era tão injusta. Ela se escondeu,
determinada a não encontrar alguém que a fizesse se sentir do jeito que ele
fazia. Então ele apareceu na casa dela, invadiu sua vida e virou tudo de cabeça
para baixo. Mas pior ainda, ele era arrogante, vaidoso, duro, inflexível e um
completo mulherengo. Por que ela não conseguia encontrar um humano
simples e agradável que não a afetasse do jeito que ele afetava?

— Você gostaria de dançar?

Isabelle piscou surpresa para o jovem diante dela. Alto e magro, seu
cabelo era tingido de um loiro platinado que se erguia em pontas curtas. Seu
queixo era pontudo, seus olhos de um azul escuro. Ele sorriu para ela enquanto
estendia uma mão longa e de ossos finos. Ela abriu a boca para dizer não, e
então lembrou toda a razão pela qual ela decidiu vir aqui. Ser invisível não iria
ajudá-la em sua missão de encontrar alguém que ela queria.

Ela pode querer Stefan, mas ainda estava determinada a tentar encontrar
alguém que pudesse fazê-la sentir pelo menos uma fração do que ele sentia.
Pelo menos isso seria uma prova de que ele não era sua alma gêmea, e ela
não teria que passar a eternidade com ele.

Ela sorriu docemente para o homem enquanto aceitava sua mão. Ele a
colocou de pé e a levou para a pista de dança lotada. Pensamentos a
preencheram quando ela percebeu que não dançava desde o baile de
formatura, e ela não tinha ideia de que tipo de dança essas pessoas estavam
fazendo. Então ela percebeu que parecia não haver rima ou razão para os
movimentos de ninguém. Eles estavam todos fluindo ao ritmo da música.

Levou alguns minutos para relaxar, mas quando o fez, percebeu que
estava se divertindo. — Meu nome é Frank! — ele gritou acima da música forte.

— Isabelle!

Ele sorriu para ela enquanto envolvia a mão em sua cintura. Ela ficou
tensa, todo o seu corpo ficou rígido com uma sensação de erro, de não
pertencer. Sua mente instantaneamente brilhou para Stefan, e ela cerrou os
dentes. Ela ia provar para ele, e para si mesma, que ela poderia e seria atraída
por outras pessoas. Ela se forçou a sorrir de volta para ele enquanto se movia
ao ritmo da música.

E daí se ela não queria Frank, havia muitos outros homens aqui. A música
mudou e Isabelle se viu arrastada para os braços de outra pessoa. Ela se forçou
a continuar sorrindo apesar do estremecimento de repulsa que a varreu
quando o moreno alto passou o braço em volta da cintura dela. pelo menos ela
estava se divertindo dançando e, se continuasse, encontraria alguém que a
fizesse se sentir como Stefan. Ela tinha certeza disso.

Stefan ficou do lado de fora observando enquanto Isabelle passava de


um homem para outro. Ele teve que colocar as bebidas na mesa antes de
esmagá-los. Ele viu a expressão nos olhos dos homens, a maneira como eles
a encaravam, e fez de tudo para não marchar pelo chão, arrancá-la de seus
braços e destruí-los. Cerrando os dentes, ele fechou os olhos e respirou fundo
para se firmar.

Ele abriu os olhos e imediatamente se concentrou nela enquanto a luxúria


o atravessava. Ela parecia deslumbrante enquanto dançava e sorria, as luzes
realçavam os reflexos dourados de seu cabelo e enfatizavam o surpreendente
violeta de seus olhos. O simples vestido preto que ela usava era mais atraente
para ele do que qualquer lingerie. Tudo o que ele queria era tirá-lo e revelar o
tesouro que havia por baixo.

Ele desviou os olhos quando a luxúria e a raiva ameaçaram consumi-lo.


Ele olhou para a pista de dança, notando os olhares de admiração que
recebeu. Ele começou a repensar a maneira como vinha conseguindo Isabelle.
Ele a estava perseguindo, tentando forçá-la a se curvar à sua vontade. Quanto
mais ele a conhecia, mais ele percebia que tentar forçá-la a fazer algo não iria
funcionar.

Ele acabaria por desgastar suas defesas, mas levaria mais tempo do que
ele estava disposto a esperar. No entanto, se ela começasse a perceber
sozinha que o queria, talvez não brigasse tanto. Se ela sentisse um pouco do
ciúme que ele sentia, ela viria até ele. Além disso, se não funcionasse, ele
poderia pelo menos encontrar alguém aqui que pudesse aliviar sua
necessidade.

Stefan sorriu enquanto caminhava para a pista de dança, certificando-se


de ficar perto de Isabelle para que ela pudesse vê-lo e para que ele pudesse
matar qualquer um que tentasse algo com ela. Ele agarrou a primeira garota
que viu e a envolveu em seus braços. Ela sorriu para ele quando ele a puxou
contra ele.

Seus quadris se apertaram contra os dele enquanto seu peito


pressionava contra ele de forma provocativa. Tudo o que fez foi causar uma
onda de repulsa por ele. Qual era o problema com ele? A garota era bastante
bonita e mais do que disposta, mas ele se sentiu enojado com seus movimentos
evidentes.

Ele queria Isabelle, até se importava com ela, mas ele seria amaldiçoado
se não quisesse outras mulheres também. Ninguém tinha esse tipo de poder
sobre ele, e ela não o teria agora. Seu novo plano com Isabelle foi
completamente esquecido quando ele resolveu tirá-la da cabeça e encontrar
alguém que pudesse excitá-lo como ela.

Talvez ela tivesse a ideia certa, afinal, eles devem evitar um ao outro. E
daí se ele nunca a teve? Ele teve muitas decepções em sua longa vida. Este
não seria o primeiro, e com certeza não seria o último. Provavelmente seria
melhor para ambos se ele a deixasse sozinha.

Involuntariamente, seu olhar disparou para Isabelle enquanto ela ria com
o homem alto e moreno com quem ela dançava. Um raio de inveja fervente o
varreu. Suas mãos apertaram a pequena garota em seus braços. Ela pareceu
tomar isso como um convite enquanto se pressionava contra ele. Ele resistiu
em empurrá-la para longe com desgosto, invadindo a pista de dança e puxando
Isabelle para fora daqui.
Ele não faria isso, ele não iria deixá-la chegar até ele dessa maneira. Ele
recusou. Ele percebeu então que precisava ficar o mais longe possível dela.
Não era mais apenas uma necessidade de levá-la para a cama, estava se
tornando uma obsessão. Um que ele estaria livre. Ela estava começando a
arruinar seu controle e sua vida! Hoje à noite ele voltaria para casa, pegaria
suas coisas e iria embora.

Ao pensar nisso, sentiu uma estranha sensação de perda. Ele não queria
deixá-la, nem tinha certeza se poderia ir embora. Ele apertou sua mandíbula
mais brutalmente. Sim, ele poderia deixá-la, e ele o faria. Ela era apenas uma
mulher, pelo amor de Deus, uma mulher como as milhares de outras que ele
conhecera.

A música terminou e ele soltou a garota com quem estava dançando.


Isabelle foi rapidamente reivindicada por outra pessoa. A garotinha diante dele
voltou para seus braços, mas ele se virou, procurando por outra pessoa,
qualquer outra pessoa que pudesse despertar alguma luxúria dentro dele.

Isabelle dançou por mais de uma hora. Ela passou entre muitos homens,
nenhum dos quais a excitou de forma alguma. A cada novo, ela ficava cada
vez mais determinada a sentir algo por um deles. Dançar estava ficando menos
divertido à medida que sua irritação crescia junto com o desconforto em seus
pés.

Ela tinha visto Ian e Jack dançando alegremente. E ela o tinha visto. O
ciúme ameaçou estrangulá-la quando ela o viu dançando com outra mulher.
Isso alimentou sua determinação. Ela flertou de forma mais escandalosa e
dançou de forma mais sugestiva com os homens, mas a única coisa que
experimentou foi uma crescente sensação de repulsa e um desejo de se mover
para os braços dele. Ela se recusou a fazê-lo. Ele parecia bastante contente
sem ela, e ela estaria condenada se fosse ela quem fosse até ele.

Em vez disso, ela queria sair da pista de dança onde pudesse encontrar
um lugar para se aconchegar e ceder às lágrimas de frustração que
ameaçavam sufocá-la. Era tudo tão injusto, tudo isso, e ela se ressentia de
cada segundo.

Quando a próxima música terminou, Isabelle se afastou de seu parceiro


de dança, determinada a escapar. Ela avançou meio metro antes que os
braços a envolvessem. Ela soube instantaneamente quem a segurava pelo
solavanco que balançava seu corpo. Seu desejo de fugir desapareceu quando
ela se virou para ele.

Úmido de suor, o cabelo preto de Stefan estava bagunçado como um


menino. A visão dele derreteu seu coração e causou um tremor em seu
estômago. Sem pensar, ela estendeu a mão e jogou o cabelo dele para trás,
assustada com a onda de ternura que a percorria.

Ela hesitantemente encontrou seu olhar enquanto ele a encarava com


olhos turbulentos. Sua mandíbula se apertou com tanta firmeza que um
músculo começou a se contrair em sua bochecha. O ar de hostilidade que o
cercava a perturbou enquanto ela tentava descobrir o que o causava.

Então, o olhar desapareceu quando a fome a que ela se acostumou o


substituiu. Sua respiração escapou quando aquele olhar chiou através dela.
Então, ele a estava puxando contra ele. Seu corpo se fundiu ao dele. O mundo
desapareceu quando ele descansou a testa contra a dela. Seus olhos negros
encheram sua visão e perfuraram sua alma. O que ela estava tentando tão
incansavelmente encontrar com todos os outros ganhou vida. Ela se apertou
contra ele, o coração batendo forte no peito enquanto uma sensação de
contentamento, de voltar para casa, a invadia.

Ela passou os braços em volta do pescoço dele e virou a cabeça para


apoiá-la no ombro dele. Não importava que a música pulsando ao redor deles
fosse rápida. Nada importava enquanto ela se movia com ele, saboreando a
sensação de seus braços sólidos ao seu redor e o calor de seu corpo
envolvendo-a. Ela deu boas-vindas ao sentimento de força e segurança
correndo sobre ela.
Stefan fechou os olhos e deitou a bochecha em cima da cabeça sedosa
dela. O aroma fresco de maçã de seu cabelo encheu seus sentidos. Por baixo
disso, ele podia sentir a doçura de seu sangue e sua deliciosa fragrância
natural. Ele se viu ficando duro quando o desejo finalmente despertou nele,
desejo e algo mais, algo surpreendente. Algo que afastou todas as suas
resoluções anteriores.

Ele sentiu como se estivesse em casa e finalmente encontrou o lugar ao


qual pertencia. Um desejo profundo de protegê-la e acariciá-la o abalou. Com
clareza terrível, ele percebeu o quanto ele se importava com ela. Ele queria
muito mais do que apenas seu corpo, ele queria tudo dela.

O medo o percorreu enquanto suas mãos se fechavam sobre ela. Ele não
precisava disso, ele não queria se sentir assim. Isso o tornava vulnerável de
uma forma que não era desde criança, e ele não gostou nem um pouco disso.

Ele queria se afastar dela o mais rápido que pudesse, mas não conseguia
soltá-la, não conseguia se afastar. A música acabou e foi Isabelle quem se
afastou primeiro. Seus olhos estavam nublados, as lágrimas transbordaram em
suas vívidas profundezas. A visão de suas lágrimas o abalou. Ele
imediatamente quis fazer aquelas lágrimas desaparecerem, para protegê-la do
que quer que a estivesse perturbando. Então, ele percebeu que era ele quem
a estava destruindo.

Ele a soltou instantaneamente, muito chateado consigo mesmo para


fazer qualquer outra coisa. Ela o encarou por um pouco mais antes de se virar
e sair correndo da pista de dança. Ele a observou ir enquanto ela se apressava
pela multidão. Uma sensação de perda o envolveu, mas ele se recusou a ir
atrás dela.

Ele precisava descobrir suas próprias emoções, ele tinha que se livrar da
horrível vulnerabilidade que o preenchia antes que pudesse estar perto dela
novamente. Ele precisava ficar longe dela antes que começasse a se importar
com ela mais do que já fazia. Ele sabia o que acontecia quando se importava
com as pessoas e não ia deixar isso acontecer novamente.
Isabelle abriu caminho pela multidão, determinada a colocar alguma
distância entre ela e Stefan. Parecia inútil. Seu perfume aderiu a ela, sua pele
ainda queimava em todos os lugares que ele tocava. A porta na parte de trás
do clube acenou para ela como um farol. Ela se chocou contra a barra,
empurrando-a com força e quase caindo em sua ânsia de se libertar.

O ar fresco a assaltou, e ela inalou com gratidão. Ela ainda estava


tremendo com os efeitos posteriores de seu toque. Ela não podia mais fazer
isso, ela simplesmente não conseguia. Ela passou os braços em volta de si
mesma e caiu contra a parede de cimento enquanto lutava desesperadamente
contra as lágrimas que ameaçavam cair. Ela o odiava por fazer isso com ela,
por fazê-la se sentir assim, por atrapalhar sua vida perfeitamente agradável.
Ela o odiava porque, mesmo agora, queria sentir seus braços em volta dela
novamente. Ela queria que ele a abraçasse e aprendesse cada centímetro dele.

Em seus braços, ela se sentia inteira, completa. Agora, sem ele, ela se
sentia vulnerável. Ela nem gostava dele, como ele poderia fazê-la se sentir
assim quando ela nem gostava dele? E, no entanto, ela teve que admitir para
si mesma, ela gostava dele. Ela gostou de seu sorriso preguiçoso, a maneira
como ele olhava para ela, o fato de que ele estava disposto a ajudar a construir
a casa e ajudar sua mãe com Kathleen. Ela gostou que ele tornou possível para
Aiden dar uma grande festa, a maneira como ele salvou ela e Julian, e como
ele a protegeu de Jess. E ela estava começando a gostar da maneira como ele
a fazia se sentir como uma mulher desejável e preciosa — a maneira como ele
a fazia se sentir como algo de que ele não podia se separar.

Ela estava até começando a gostar da maneira como ele fazia seu corpo
se sentir.

Uma lágrima escorreu quando ela percebeu que tudo contra o que ela
estava lutando estava acontecendo de qualquer maneira. Ele conseguiu abrir
caminho através de todas as suas defesas e abriu caminho para sua alma. Ela
queria odiá-lo por isso, mas se viu incapaz de reunir forças para a emoção. Ela
não podia odiá-lo, ela nunca poderia odiá-lo. Ela sabia disso agora.
Isabelle inclinou a cabeça enquanto estremecia. Era hora de admitir a
derrota. Não adiantava lutar contra o inevitável. Ela o queria, e Deus a
ajudasse, ela estava começando a precisar dele. Ela se sentia vazia e sozinha
sempre que ele não estava por perto. Por que lutar contra algo se era para ser?
Por que continuar colocando a si mesma e a ele nessa tortura?

Ela se afastou da parede. Tudo o que ela queria fazer agora era ir para
casa. Ela estava agarrando a maçaneta quando uma mão grande e grossa
agarrou seu braço e a girou. Isabelle gritou quando suas costas bateram na
parede.

— Veja isso! — um homem gritou.

Isabelle piscou surpresa para os quatro homens à sua frente, um era alto
e loiro, outro baixo com cabelos ruivos e os outros dois de estatura mediana
com cabelos castanhos. Seus olhos maliciosamente escanearam seu corpo.
Ela endureceu com raiva e se afastou da parede. — O que você pensa que
está fazendo? — ela exigiu.

Então, o cheiro deles a atingiu. Ela instantaneamente reconheceu o que


eles eram quando seus olhos voltaram para os dela. — Bem, eu estarei — o
ruivo disse enquanto seus olhos a examinavam novamente.

As mãos de Isabelle se apertaram, mas ela não fez nenhum movimento.


Eles eram do tipo dela, mas ao contrário da sensação que ela experimentou ao
conhecer Stefan pela primeira vez, o medo enrolou dentro de sua barriga. Ela
se forçou a não demonstrar, forçou seu rosto a permanecer impassível
enquanto eles a examinavam. Eles cheiravam horrivelmente, eles cheiravam
errado.

Eles cheiravam a morte. Ela sabia que esses eram os únicos de sua
espécie que tinham prazer em matar humanos e prosperavam com o poder
que isso lhes dava. Ela nunca havia encontrado nada parecido antes, mas já
tinha ouvido falar deles. Ela simplesmente nunca pensou que iria conhecê-los.
— Com licença — Isabelle disse friamente.

— Não há necessidade de ficar tão arrogante — disse o loiro. — Nunca


encontramos uma fêmea de nossa espécie tão adorável antes. Estamos um
pouco curiosos.

— Sua curiosidade foi satisfeita, preciso voltar para dentro.

Ela se moveu para contorná-los, mas o loiro agarrou seu braço e a


empurrou para trás. Isabelle soltou um pequeno silvo. — Oh, ela é mal-
humorada — ele sorriu.

— Eu gosto disso — disse um dos morenos.

— Deixe-me passar — ela cuspiu.

— Acalme-se, linda — disse o ruivo. — Só queremos falar com você.

— Deixe-me passar!

— Não gosto da atitude dela.

— Nem eu — o loiro concordou.

— E eu não gosto da sua! — ela gritou.

— Eu acho que ela precisa de uma lição de boas maneiras.

— Eu também — o outro moreno disse.

Ela inclinou o queixo desafiadoramente. — Confie em mim, você não vai


ser o único a dar para mim — ela rosnou.

Todos trocaram olhares presunçosos e rápidos. — Eu sempre me


perguntei qual é o gosto da nossa espécie. Ela tem um cheiro doce.
O medo fez com que o demônio dentro dela se libertasse. Ela atacou,
rasgando o peito do loiro e derramando seu sangue contaminado. Ele pulou
para trás em surpresa quando seu rosto se contorceu em uma careta. Ela
correu para o lado, determinada a voltar para dentro enquanto ele estava
desprevenido. Uma mão agarrou seu cabelo, rasgando suas costas e batendo-
a em um peito maciço e sólido. O loiro se recuperou rapidamente, seus olhos
vermelhos ardentes quando ele veio para ela novamente. Os outros dois
avançaram, seus dentes brilhando na penumbra do beco, seus olhos de um
vermelho vívido e malévolo.

O pânico total a atravessou enquanto ela agarrava as mãos que


seguravam seu cabelo. Satisfação jorrou através dela enquanto ela rasgava
sua pele. Um rosnado feroz ecoou em seu ouvido, mas o aperto não diminuiu
quando sua cabeça foi jogada para trás com um estalo agudo que enviou uma
dor ardente em seu pescoço. O ruivo e um dos morenos agarraram seus
braços e os prenderam ao lado do corpo enquanto o loiro parava diante dela.
Ela o chutou, mas ele a evitou habilmente quando ele veio para o lado dela.

Ofegante, o terror de Isabelle estava começando a consumi-la. Por


alguma razão, uma imagem de Stefan se formou em sua mente. Ela
silenciosamente gritou o nome dele enquanto os dentes do loiro afundavam em
seu pescoço. Ela perdeu todo o pensamento quando uma dor agonizante
rasgou seu corpo, embaçou sua visão e tirou toda a luta dela.

Seu corpo inteiro parecia que as chamas a engolfavam e o fogo lambia


cada centímetro de sua pele. Queimou a medula de seus ossos. Ela queria se
libertar, mas se viu incapaz de passar pela agonia que rasgava seu corpo em
pedaços.

Um rugido alto ecoou em seus ouvidos momentos antes dos dentes


serem arrancados de seu pescoço rasgando sua pele. Ela tropeçou para trás,
batendo na parede, enquanto sua mão tocava as lágrimas irregulares em seu
pescoço.
— Isabelle! — Ela piscou atordoada para Stefan quando ele agarrou seus
ombros. — Isabelle, você está bem?

Ela se concentrou nele enquanto seus olhos brilhavam em vermelho


sangue. Ela abriu a boca para dizer a ele que estava bem, mas uma onda de
escuridão a puxou para baixo.

Stefan a pegou em seus braços, embalando sua cabeça contra seu peito
enquanto suas mãos envolviam seus cabelos sedosos. Uma onda de proteção
tomou conta dele, expulsando um pouco de sua fúria. Então, ele pensou no
que poderia ter acontecido com ela, e a raiva explodiu novamente. Ele
examinou ansiosamente o beco, procurando por qualquer sinal de que eles
ainda pudessem estar por perto. Ele esperava que fossem, para que pudesse
rasgá-los em pedaços. Mas todos eles se foram, incluindo Jack e Ian.

Stefan puxou o cabelo dela para trás, a raiva nele quase explodiu quando
viu os cortes irregulares em sua pele delicada. Suas mãos tremiam quando ele
tocou levemente as marcas. Ela choramingou, mas não acordou. Ele
instantaneamente deixou cair a mão, um grunhido curvou seus lábios enquanto
a embalava. A dor constritiva em seu peito era quase insuportável quando ele
percebeu que poderia tê-la perdido.

Ele conteve um rugido enquanto examinava rapidamente o beco


novamente. Ele mesmo deveria ter ido atrás deles, mas não podia sair do lado
dela até que soubesse que ela estava bem e que eles não a haviam destruído.

Jack apareceu ao lado dele, ligeiramente ofegante, enquanto olhava para


Isabelle. — Ela está bem? — ele perguntou ansiosamente.

— Não. Onde eles estão? — ele rosnou.

Os olhos de Jack se fixaram em Stefan. — Eles se foram — disse ele.

— Eles eram velhos. — A testa de Jack franziu, mas ele não questionou
como Stefan sabia disso. — Precisamos tirá-la daqui, agora.
Jack assentiu quando Ian reapareceu. — Pegue o carro — Jack disse a
ele.

— Ela está bem? — Ian exigiu.

— Pegue a porra do carro! — Stefan disparou.

Os olhos de Ian escureceram com ressentimento, mas ele não discutiu.


Em vez disso, ele acenou com a cabeça e disparou ao redor do prédio. Stefan
mudou seu controle sobre Isabelle enquanto o sangue escorria em seus dedos.
A raiva rasgou através dele novamente quando ele percebeu que alguém a
tocou, a machucou. Ele tremeu com seu desejo de matar, de atacar e destruir.

Ele erroneamente pensou que tinha conseguido se livrar de tais impulsos,


conseguiu deixá-los em seu passado, mas estava completamente errado. O
assassino nele ainda estava muito perto da superfície, e foi Isabelle quem o
trouxe à tona.

Ele inalou quando a compreensão afundou e sacudiu ainda mais seu fino
fio de compostura. Quando o pânico dela o atingiu dentro do clube, ele foi
sacudido pelo fato de ela ser capaz de se comunicar com ele. Apenas vampiros
vinculados podiam se comunicar com suas mentes, e o vínculo era forjado por
sangue ou sexo.

Então, todos esses pensamentos fugiram quando ele foi dominado pelo
impulso avassalador de chegar até ela, para matar quem quer que a estivesse
machucando e qualquer um que estivesse em seu caminho. Ele foi invadido
novamente pela sede de sangue que o levou por séculos, uma sede de sangue
da qual ele estava determinado a se livrar para sempre. Ele agora sabia que
tinha falhado.

Ele também falhou em sua necessidade de mantê-la segura. Ela foi ferida
por uma parte do mundo que ele nunca quis que ela soubesse que existia, e
tudo porque ele era muito teimoso para ir atrás dela quando ela partiu. Foi culpa
dele que ela estava ferida. Se não fosse por ele, ela nunca teria vindo ao clube
esta noite, nunca teria saído e não teria se machucado. Agora, ele se odiava
completamente.

— Quanto eles tiraram dela? — Jack perguntou preocupado.

— Eu não sei — Stefan disse friamente.

— Precisamos tirar o sangue dela, agora!

Stefan procurou seu rosto. Ela estava extremamente pálida, seus lábios
quase brancos, mas seu batimento cardíaco estava estável, e ela estava
respirando regularmente. Ele fechou os olhos e usou seu poder para entrar em
sua mente subconsciente, para procurar o dano que infligiram a ela. Não era
algo que ele pudesse fazer se ela estivesse acordada e lutasse contra ele. No
entanto, agora que ela estava inconsciente e vulnerável, ele penetrou nela.
Alívio o encheu quando ele percebeu que eles não tinham tomado muito de seu
precioso sangue. Ele saiu de sua mente para olhar para sua forma
inconsciente.

— Eles não levaram muito — disse ele calmamente.

— Eles devem ter! Olhe para ela! — Jack protestou.

— Não, eles não fizeram — Stefan ralou.

— Então por que ela está apagada como uma luz? — Jack gritou.

Stefan cerrou os dentes e fechou os olhos contra a preocupação e a auto


aversão que o rasgavam em pedaços. — Por causa da dor.

— O que? — Jack perguntou confuso.

Os olhos de Stefan se abriram. Jack deu um passo abrupto para trás.

— A dor! — Stefan respondeu. — Quando você é um humano, e seu


sangue é drenado involuntariamente, dói. Confie em mim, eu sei. Quando você
é um vampiro, e isso acontece, parece que o fogo do Inferno está queimando
seu corpo. É porque ela não poderia combatê-los.

— Oh — os olhos de Jack escanearam Stefan antes de voltar para


Isabelle. — Ela vai ficar bem?

Jack deu um passo em direção a ela, sua mão se estendeu para tocá-la.
Stefan imediatamente recuou quando um silvo escapou. O espanto com sua
reação o percorreu, mas seu corpo permaneceu tenso e rígido com
animosidade. Ele não sabia por que tinha feito isso, Jack nunca maltrataria
Isabelle, mas a ideia de ele tocá-la instantaneamente trouxe o demônio para
fora dele.

Ele sabia que perderia o controle se Jack insistisse em tocá-la. Os olhos


de Jack voltaram para os dele, mas para a surpresa de Stefan, ele não discutiu
com ele, e ele não tentou se aproximar dela novamente. Seus olhos se
encheram de uma triste aceitação quando ele recuou cautelosamente e sua
mão caiu frouxamente ao seu lado.

Os olhos de Stefan se estreitaram em Jack enquanto ele a segurava. Ela


era tão vulnerável, tão frágil que rasgou suas entranhas. Ele olhou para Jack
com cautela, incapaz de entender por que Jack, um homem que ajudou a criar
Isabelle, se afastou dele sem protestar. As emoções de Stefan estavam se
tornando mais tumultuadas e desordenadas a cada segundo. Ele estava
perdendo o controle completo de si mesmo por causa dela.

— Ela vai ficar bem? — Jack perguntou novamente.

— Sim. Ela só precisa de um pouco de descanso e um pouco de sangue.

Faróis viraram para o beco enquanto Ian dirigia em direção a eles. Ele
parou com um guincho de freios, pulou para fora do carro e correu em direção
a eles. — Jack, você dirige! — Ian disse. — Dê-a para mim!
Ele parou diante de Stefan e estendeu os braços para pegar Isabelle. As
narinas de Stefan dilataram quando sua mandíbula apertou e seu
temperamento voltou a crescer. — Não — ele cuspiu.

— Dê minha irmã para mim! — Ele demandou.

Ele estendeu a mão para agarrá-la, mas Stefan se virou, então seu corpo
ficou entre Ian e Isabelle. Os olhos de Ian brilharam vermelhos, mas Jack
agarrou o braço de Ian e puxou-o para trás com força. — Entre no carro, Ian!
— ele pediu.

Ian se virou para ele com raiva, as mãos cerradas ao lado do corpo. —
Eu não vou! Não sem…

— Agora! Entre no carro, agora! — Jack berrou para ele.

Jack empurrou Ian para o lado do passageiro do carro. — Jack…

— Ian, se você quer viver, você vai entrar neste carro! — Jack gritou.

Ian o encarou incrédulo enquanto Jack abria a porta e o empurrava para


dentro. A raiva de Stefan diminuiu quando o espanto começou a substitui-la. O
que diabos estava acontecendo com ele e com Jack?

— Vamos! — Jack gritou.

Stefan sacudiu sua confusão, agora não era o momento para isso. Ele
deslizou para o banco de trás e fechou a porta. Ele embalou Isabelle em seu
colo, incapaz de soltá-la enquanto Jack saía do beco.
Stefan carregou Isabelle para dentro de casa atrás de Jack. David, Doug,
Mike e Ethan ergueram os olhos do jogo de beisebol que estavam assistindo,
o choque registrado em seus rostos segundos antes de se levantarem de um
salto. — O que aconteceu? — Mike exigiu.

— Ela foi atacada, — respondeu Jack. — Coloque-a no sofá, Stefan, vou


pegar um pouco de sangue.

Eles vieram correndo em torno dos sofás em direção a ele. Stefan olhou
furioso para eles e puxou-a contra seu peito. Se fosse preciso, mataria todos
nesta sala para evitar que a tocassem. David, Doug e Mike pararam
derrapando atrás do sofá, enquanto Ethan continuava vindo. — Afaste-se dela!
— Stefan cuspiu quando Ethan parou diante dele.

— Eu não sei quem você pensa que é, mas essa é minha irmã! — Ethan
gritou.

— Eu estou te dizendo agora para ficar longe dela! — ele quase rugiu.

Mike saltou para a frente para agarrar o braço de Ethan e puxá-lo para
trás. — Tire suas mãos de mim! — Ethan gritou com ele.

— Vá chamar seus pais, agora! — Mike ordenou.

— Mas…

— Agora!

— Eu não estou indo a lugar nenhum! — Ethan gritou. — Até que eu


saiba o que aconteceu, e ele tire as mãos da minha irmã!
Os olhos de Ethan brilharam vermelhos quando ele deu um passo em
direção a ela. Stefan sibilou e se lançou para frente. Agarrando a garganta de
Ethan, ele o ergueu sem esforço do chão. Ethan se debateu em suas mãos,
suas mãos agarrando violentamente Stefan enquanto ele cavava a garganta
de Ethan.

— Stefan, não! — David avançou rapidamente para ficar na frente dele,


mas não fez nenhum movimento para detê-lo. — Isabelle vai te odiar se você
machucá-lo!

Stefan lutou contra perder o controle completo enquanto a sede de


sangue o dominava. As palavras de David gradualmente conseguiram penetrar
em seu frenesi crescente. Isabelle o odiaria se ele machucasse Ethan. Ele
afastou o frenesi assassino e soltou o pescoço de Ethan. Ethan cambaleou para
trás, seus olhos brilharam com ira quando sua mão voou para sua garganta
machucada. David agarrou o braço de Ethan, empurrando-o com força para o
lado enquanto Mike agarrava o outro.

— Pegue seus pais — ordenou David.

— Nenhum de nós vai a lugar nenhum — disse Ian energicamente.

— Você precisa chamar seus pais, agora! — Mike empurrou os dois em


direção à porta.

— Mike…

— Vá! — David berrou.

Stefan lançou um olhar de advertência para Doug quando ele passou por
ele. Doug deu um rápido passo para trás, seu olhar preocupado em Isabelle
enquanto Stefan a deitava cuidadosamente no sofá. Jack voltou correndo para
o quarto com uma bolsa de sangue na mão. Ele derrapou ao parar ao lado de
Doug, seu olhar cintilou para Isabelle, em seguida, apreensivo de volta para
Stefan. Jack não fez nenhum movimento em direção a ela enquanto segurava
a bolsa para Stefan.

Stefan olhou para ele antes de pegar a bolsa de sua mão e rasgá-la com
os dentes. Stefan levantou a cabeça com cuidado e abriu os lábios para colocar
a bolsa sobre eles. Suas pálpebras se contraíram quando ela abriu a boca para
recebê-lo.

O alívio o inundou enquanto acariciava seu cabelo e continuava a


alimentá-la. — Ela vai ficar bem? — Mike perguntou.

— Sim — ele respondeu.

Ele estava um pouco desconfiado de que eles iriam atacá-lo pelo que ele
havia feito com Ethan, mas ele poderia destruí-los se eles tentassem. Ele não
ia deixar Isabelle sozinha com eles. Não importava para ele que eles fossem
como seus irmãos, ou que ele atacasse primeiro, ele não permitiria que nenhum
deles se aproximasse dela até que soubesse que ela estava segura.

No entanto, como eles não fizeram nenhum movimento para afastá-la


dele, sua cautela rapidamente se transformou em confusão. Por que não o
estavam atacando? Certamente o fariam se pensassem que ele faria mal a
Isabelle, ou a eles. Em vez disso, eles pareciam aceitar que ele assumiu o
controle sobre ela, e ele atacou um deles.

De tudo o que ele tinha visto na semana passada, qualquer um deles


morreria voluntariamente por um dos outros. Ele não entendia a aceitação
deles de que ele chegasse perto de matar Ethan. Não fazia absolutamente
nenhum sentido para ele. Qual era o problema com eles? Por que eles estavam
aceitando isso tão bem? E o que eles sabiam que ele não sabia? Sua mandíbula
se apertou quando um milhão de perguntas correram por sua cabeça, mas
então Isabelle gemeu, e todos os pensamentos fugiram quando ele concentrou
sua atenção somente nela.

— O que aconteceu? — Davi exigiu.


Todos olharam para Stefan, mas ele não falou.

— Eu te conto mais tarde — disse Jack.

Stefan procurou seus rostos, mas ele não se importava muito com o que
eles pensavam. Sua atenção voltou para Isabelle enquanto o último sangue
descia por sua garganta. Ele jogou a bolsa de lado, ergueu a cabeça dela
gentilmente e deslizou para o sofá. Ele deitou a cabeça dela em seu colo e
acariciou seu rosto pálido. Ela rolou, e sua mão delicada se curvou em sua
coxa.

Uma onda de proteção fluiu através dele enquanto sua mão se enroscava
em seu cabelo. Ele queria chegar o mais perto possível dela, ele precisava
mantê-la a salvo do mundo. De si mesmo. Ele era mais perigoso do que os
homens que a atacaram. Ele era especialmente perigoso agora, quando suas
emoções estavam em um tumulto tumultuado.

A porta de tela se abriu quando Sera e Liam entraram correndo. — O


que aconteceu? — Sera correu para ele, terror gravado em seu rosto delicado.

Ela lançou um olhar mordaz para David e Doug quando eles se moveram
para interceptá-la e correram ao redor deles. Ela caiu de joelhos diante de
Isabelle. Lágrimas escorriam livremente por seu rosto enquanto ela jogava o
cabelo de Isabelle para trás.

— Ela está bem? — ela soluçou.

— Ela vai ficar — Stefan assegurou a ela.

Liam apareceu atrás dela e segurou a mão de Isabelle. Um rosnado


instintivamente curvou a boca de Stefan. Os olhos de Liam brilharam com fogo,
um rosnado escapou dele quando ele puxou Sera para trás.

— O que você está fazendo? — Sera perguntou quando Liam a


empurrou para trás dele.
— Uau! — Doug pulou entre os dois com as mãos estendidas. — Calma!
Vocês dois!

Sera enfiou a cabeça em volta de Liam e começou a rir. — Liam, mova-


se — ela disse enquanto empurrava suas costas.

— Não! — ele disse furiosamente.

Sera atraiu olhares ferozes de Stefan e Liam enquanto ela ria mais alto.
De repente, Doug começou a rir e, atrás dele, Stefan podia ouvir mais risadas
abafadas.

— Acho que devemos todos ir para a sala de jantar — Sera conseguiu


dizer. — Stefan vai cuidar de Isabelle.

— Eu não vou deixar minha filha sozinha com ele — Liam ralou.

— Sim, você vai, — disse Sera com firmeza. Os olhos de Liam mudaram
lentamente de volta para o verde, ele se virou para olhar para ela enquanto eles
se comunicavam sem palavras. Ela assentiu enquanto segurava o braço dele
e o levava embora.

— E quanto a Isabelle? — Ethan exigiu.

— Ela vai ficar bem — disse Doug.

— Mas…

— Ethan, acredite em mim, ela vai ficar bem — insistiu Sera. — Vamos.

Stefan se viu sozinho com apenas sua massa nefasta de emoções


distorcidas como companhia. Por uma fração de segundo, ele esteve disposto
a matar o pai de Isabelle simplesmente porque queria tocar sua filha. Ele quase
matou seu irmão pela mesma razão. Algo estava seriamente errado com ele,
Isabelle estava fazendo com que ele perdesse o controle. Ele estava ficando
louco.
Ela enterrou a cabeça mais fundo em seu colo enquanto suas mãos
convulsionavam sobre ela. Uma feroz onda de tutela passou por ele
novamente, mas ele rapidamente a empurrou para o lado. Ele precisava manter
a calma. Ele precisava pensar. Ele tinha que ficar longe dela antes que ele
matasse alguém. Antes de trazer o monstro, ele uma vez caiu sobre todos eles.

Ele poderia facilmente destruir todos nesta casa e, por algum motivo,
Isabelle tornou o demônio nele ainda mais turbulento do que nunca. Se ele não
se afastasse dela, ele se tornaria a única coisa que ele detestou ao longo dos
anos, a única coisa que ele lutou tão ferozmente contra se tornar. Ela merecia
muito mais do que qualquer coisa que ele pudesse lhe dar, muito mais do que
o mundo de tormento em que ele vivia, e ele pretendia garantir que nunca mais
a tocasse. Ele tinha sido egoísta em sua luxúria por ela, mas estava errado, e
iria consertar isso.

***

— Eu não posso acreditar que você está deixando-a sozinha com ele! —
Ethan explodiu. — Ele está obviamente instável! Ele ia me matar! Ele poderia
matá-la!

— Não, ele não poderia — disse Sera.

— Como você sabe disso? — Ian gritou.

— Calma — disse Liam. — Ele não vai machucá-la, ele a ama.

— O que? — Ethan e Ian exigiram.

Liam e Sera trocaram um olhar divertido enquanto se voltavam para eles.


— Eles estão destinados a ficar juntos — ela os informou. — Eles são almas
gêmeas.
Mike, David, Doug e Jack sorriram divertidos quando Ethan e Ian
começaram a gaguejar.

— Confie em mim, nós conhecemos os sinais — disse Doug com uma


pequena risada.

— O quê? Loucura total? — Ethan perguntou.

— Sim — todos disseram.

Eles trocaram olhares confusos.

— Eu não entendo — Ethan disse cansado.

— Você não faria, você não viu seu pai quando ele conheceu sua mãe.
Quando almas gêmeas se encontram, elas são instáveis, especialmente o
homem, até que se unam com sua companheira. Sua mãe ainda era humana,
uma vampira não pode permitir isso. Eles sentem a mortalidade em seu
companheiro, e eles precisam mudar isso. Seu pai era tão volátil se nós a
tocássemos, ele queria rasgar nossas gargantas. Se sua mãe não tivesse
mudado voluntariamente, ele teria forçado a ela, não importa o quê — explicou
David.

— Até que eles solidifiquem seu relacionamento, Stefan vai ser muito
instável — afirmou Mike.

Os olhos de Ethan e Ian estavam questionando quando eles se voltaram


para Liam e Sera. — Meu palpite é que nenhum deles sabe o que está
acontecendo ainda — disse Sera. — E ambos estão lutando contra seus
sentimentos.

— Stefan é quem me contou sobre vocês dois, ele deve saber. — A testa
de David franziu em confusão enquanto ele os estudava.

— Às vezes é mais fácil ver algo quando não está bem na sua frente.
Além disso, eu conheço Isabelle, se isso não é algo que ela quer, ela vai lutar
contra isso a cada passo do caminho. Por enquanto, apenas fique longe de
Isabelle e não toque nela quando ele estiver por perto — disse Sera.

— Mas…

— Eu sei que você não gosta disso, Ethan — disse Liam. — Mas você
tem que fazer. Até que eles descubram o que está acontecendo, e tudo se
estabilize, você precisa ficar longe dela. Ele vai ser volátil, e ele não vai querer
ser. Eu sei que iria explodir sem motivo. Eu pensei que estava ficando louco,
não tinha ideia do que estava errado, o que estava acontecendo, e eu teria
matado qualquer um.

— Me jogou através de uma sala — Doug murmurou.

Ethan e Ian olharam boquiabertos para ele antes de se virarem para olhar
para o pai. Liam deu de ombros antes de puxar Sera contra ele. — Se isso
acontecer com você, acredite em mim, você vai entender, algo dentro de você
muda. Todo pensamento racional e controle desaparecem até que você saiba
que ela é sua. Embora, eu não tenha certeza de como isso funciona entre dois
vampiros, eu suponha que seja semelhante.

— Eles provavelmente precisarão trocar sangue, e...— Mike se


interrompeu, um rubor maçante manchou suas bochechas enquanto seu rosto
se contorcia em desgosto.

— Eu não quero pensar nisso! — Liam gritou.

Sera mordeu o lábio inferior para não rir. — Nem eu — Mike murmurou.

— Bem, eu espero que eles façam o que for preciso fazer logo — disse
Jack. — Já foi difícil lidar com Liam, mas se aquele cara quebrar, não vai ser
bonito. Seus poderes são mais fortes que os nossos. Ele ergueu Ethan como
se ele não pesasse mais que um galho.

Ethan sorriu enquanto esfregava o pescoço machucado. — Sim, ele fez.


— Devemos contar a ele o que está acontecendo? — Ian perguntou.

— Vou falar com ele — Sera disse a eles.

— Você não vai! — Liam ordenou. — Ele não sabe o que está
acontecendo, ele está mais calmo no momento, mas ele está tão confuso
quanto você.

— Eu não quero você perto dele.

Sera suspirou impaciente. — Eu vou ficar do outro lado da sala, e você


pode ficar do meu lado. Alguém precisa dizer algo a ele, e eu sou o menos
ameaçador de todos vocês.

— Tudo bem — Liam cedeu. — Mas você vai ficar na cozinha, longe
dele.

Sera sorriu enquanto olhava para todos.

— Não acredito que temos que passar por isso de novo — Doug
murmurou.

— Eu não posso acreditar que temos que lidar com outro casal
repugnante — Jack bufou.

— Eca! — eles gemeram.


Isabelle soube que ele tinha ido embora no minuto em que acordou. Uma
sensação esmagadora de perda desceu sobre ela enquanto uma dor surda
floresceu em seu peito. Ela apertou os olhos fechados enquanto tentava afastar
o sofrimento. Afinal, era o que ela queria, o que ela desejava desde que ele
chegou. Ela deveria estar feliz que ele se foi, ela ficaria feliz por ele ter ido
embora. Ela abriu os olhos e piscou contra a forte luz que enchia a sala.

— Você está acordada. — Ela se virou para encontrar sua mãe sentada
no outro sofá, suas mãos cruzadas diante dela enquanto ela examinava
preocupadamente o rosto de Isabelle. — Como você está se sentindo?

— Ele se foi. — Não era o que ela queria dizer, mas as palavras saíram
de qualquer maneira.

Os olhos de sua mãe escureceram quando ela assentiu energicamente.


— Ele saiu depois que ele trouxe você para casa.

Isabelle fechou os olhos contra a tristeza em seu peito. Ela ia ser feliz,
disse a si mesma. Lágrimas encheram seus olhos, mas ela se recusou a
derramá-las. — Por quê? — ela sussurrou.

— Eu não sei. Ele saiu antes que qualquer um de nós pudesse falar com
ele.

— Eu machuquei — ela murmurou, sem saber se ela estava falando


sobre seu desejo por Stefan ou o desconforto em seu corpo.

— O que dói? — sua mãe perguntou.

'Tudo!' ela queria chorar de angústia. — Meu corpo — ela mentiu. —


Estou dolorida.
— As coisas vão melhorar. — Sua mãe se moveu para se ajoelhar diante
dela. Isabelle abriu os olhos para encontrar seu olhar azul-violeta. — Sobre
Stefan…

— Estou feliz que ele se foi — disse ela com força. — Agora minha vida
vai voltar ao normal.

Os olhos de sua mãe procuraram seu rosto. — Sim, tenho certeza que
sim. — Isabelle fechou os olhos com firmeza, ela se recusou a ver a pena no
olhar de sua mãe. — Está com fome?

— Sim.

— Eu volto já.

Isabelle ouviu enquanto sua mãe se afastava. As lágrimas irritantes


ameaçavam voltar, e ela se recusava a derramá-las. Não para ele. Ele não
merecia suas lágrimas. Isso era o que ela queria, e ela iria se alegrar com isso.
Ela iria recuperar sua vida e esquecer que ele existiu.

Mesmo enquanto dizia isso a si mesma, a pressão em seu peito se


intensificou e uma única lágrima escorregou.

***

Os dois dias seguintes passaram em um borrão de melancolia. Isabelle


se viu desconexa e excepcionalmente mal-humorada. Ela gritou com todos,
chorou sem motivo, e cada parte de seu corpo parecia que uma dúzia de
homens a havia espancado. Seu coração se tornou um nódulo contraído de
músculos queimando em agonia através dela a cada batida. Houve momentos
em que ela pensou que morreria de tanta dor.
Ela viu os olhares que todos lhe deram, ouviu seus comentários
sussurrados, mas ela não conseguia se importar com nada disso. Uma
bagunça nebulosa, sua mente não queria funcionar. Ela não conseguia comer,
e dormir era a única solidão que ela encontrava. Ela se enrolava na cama,
puxava os edredons sobre a cabeça e chorava. Quando ela estivesse
completamente exausta, o sono finalmente a reivindicaria.

Então, ela sonhava com ele, e em seus sonhos, tudo estava certo
novamente. Quando ela acordou, a tristeza instantaneamente reclamou de seu
corpo e a sacudiu até que ela começou a suar frio. Ela se enrolava como uma
bola e chorava até ficar fraca demais para chorar. Então, ela voltava a dormir
e todo o processo recomeçava.

No terceiro dia, sua necessidade de se alimentar a atingiu. Ela subiu as


escadas, cada passo um ato de pura força de vontade. Ela se sentia horrível,
ela parecia terrível, e era culpa dele. Não importava que ela quisesse que ele
fosse embora, que ela tivesse conseguido o que queria, porque ela não
conseguia mais se lembrar por que ela queria.

Ela só queria que ele voltasse, mas ele a abandonou e a deixou se sentir
assim. Deixou-a aqui para sofrer enquanto ele saía vagabundeando, fazendo o
que queria. Esse pensamento só piorou a dor, e ela tentou desesperadamente
não se permitir pensar no que ele poderia estar fazendo, e com quem.

A dor não diminuía a cada dia como ela esperava, só piorava. Muito pior.
Ela estava começando a se preocupar se não diminuísse, ela morreria disso.
Ela nunca imaginou que algo pudesse doer assim, nem mesmo quando
drenaram seu sangue foi tão doloroso. Uma nuvem negra permanente de
desespero pairava sobre ela, tornando difícil respirar e viver. Ela sentiu como
se estivesse perdendo um pedaço de si mesma, o pedaço que possibilitava sua
existência.

Ethan estava na cozinha quando ela subiu. Ele sempre foi sua rocha, seu
melhor amigo, a única pessoa a quem ela recorria em momentos de conforto
e necessidade, mas ela não falava com ele, ela não podia falar com ele.
— Isabelle — disse ele.

Ela balançou a cabeça, incapaz de lidar com ele agora. Ele pegou o braço
dela e a colocou em um dos bancos antes de pegar uma bolsa de sangue e
abri-la para ela. Ela aceitou e engoliu antes de jogá-lo de lado.

— Essa é a primeira vez que vejo você se alimentar desde os oito anos
— comentou ele.

Isabelle olhou em seus olhos verdes calorosos e preocupados e começou


a chorar. Ethan ficou em silêncio atordoado antes de envolver seus braços ao
redor dela e puxá-la contra ele. Ele a embalou enquanto ela agarrava sua
camisa e enterrava a cabeça em seu peito sólido. O conforto que ela sempre
encontrou nele estava longe de ser encontrado agora. Ela estava sofrendo
demais. Ela gritou, mas ainda se agarrou a ele, incapaz de se mover com medo
de cair do banquinho.

— Vai ficar tudo bem — ele acalmou.

— Não, não vai — ela sussurrou. — Eu quero ir para a cama.

— Você não pode passar o resto da vida dormindo, Issy.

Ela começou a chorar de novo, mas estava tão exausta que apenas
soluços secos a atormentavam. Ethan a ajudou a se levantar e a levou para a
sala de estar. Ela se enrolou no sofá, puxando os joelhos para o peito. Ela
passou os braços ao redor deles enquanto tentava aliviar o sofrimento de seu
corpo. Ele sentou-se nervoso ao lado dela, sem saber o que fazer, como ajudá-
la enquanto acariciava seu cabelo até que ela voltasse a dormir.

Ele ergueu os olhos quando David, sua mãe e Mike entraram pela porta.
— Eu pensei que você disse que ele não poderia machucá-la! — ele perdeu a
cabeça.

— Ele vai voltar — disse a mãe. — Ele tem que voltar.


— E se ele não quiser? — Ethan exigiu.

Os olhos de sua mãe se encheram de lágrimas quando seu olhar


encontrou o dele.

— Dizem que um não pode viver sem o outro — disse David. — Eles
enlouquecem e precisam ser destruídos, ou se matam.

Ethan engoliu em seco quando sua mão convulsionou no cabelo de


Isabelle. Ele nunca a tinha visto tão mal. Não importa o quanto ela dormisse,
ainda havia sombras sob seus olhos. Ela estava tão pálida que quase
translúcida, e ele podia ver as minúsculas veias azuis em suas têmporas,
pálpebras e pescoço. Seu cabelo estava sem brilho, seu brilho natural havia
desaparecido. Seu rosto estava contraído, mesmo durante o sono, e ela havia
perdido uns bons cinco quilos.

— Ela vai morrer — ele admitiu.

— Talvez, talvez não. Não sabemos como tudo funciona. Eles podem não
ter se conhecido o suficiente, eles podem não ter formado um vínculo forte o
suficiente para terminar dessa maneira — disse Mike esperançoso.

— Eles formaram um vínculo — disse Sera. — Ian disse que era Stefan
quem sabia que ela estava em apuros na outra noite, e ele teria matado Ethan
se David não tivesse conseguido chegar até ele. O vínculo deles já é forte.
Confie em mim, eu sei.

— Por que ele iria embora então? — Ethan perguntou.

— Eu não sei. Talvez ele tenha pensado que seria o melhor, mas se
Isabelle está passando por tanto sofrimento, então ele também está.

— E se ele não for? Se você estiver errado sobre isso, e ele não voltar?

— Eu não sei, Ethan! — ela gritou, as lágrimas escorrendo pelo rosto. —


Não sei!...
***

Isabelle apoiou o queixo sobre os joelhos dobrados. Ela passou os braços


ao redor deles enquanto olhava para o luar que se derramava sobre o lago.
Levou toda a força e energia que ela tinha para chegar até aqui, mas sua mãe
insistiu em uma caminhada e estava cansada demais para discutir. Sua mãe
estava sentada ao lado dela, olhando para o lago enquanto ela balançava o
balanço para frente e para trás.

— Eu sinto falta dele — Isabelle murmurou.

— Eu sei que você sente.

— Eu nunca quis isso, — ela sussurrou. — Eu nunca quis me sentir


assim. — A voz dela quebrou em um soluço, ela fez uma pausa para respirar
fundo antes de continuar. — Eu fiquei longe de todos, fiquei longe dos
humanos, só para isso não acontecer.

Sua mãe a olhou interrogativamente. — Então, o que não aconteceria?

— Isto! Olhe para mim! Estou uma bagunça! — ela chorou. — Eu sofro
tanto que mal consigo respirar. Eu nunca quis ser como você e papai. Eu não
queria isso! Antes de ele vir, eu não chorava desde que Ethan e Ian cortaram
meu cabelo, e agora eu não posso parar. Eu sinto que estou morrendo! Eu
nunca quis me sentir tão vulnerável por causa de outra pessoa!

— Isabelle, se esconder do mundo não vai impedir nada. O que está


destinado a ser é destinado a ser. Vocês dois deveriam ficar juntos, não importa
o que fizessem, vocês não iriam mudar isso.

— Não, não somos! — ela gritou. — Ele não teria ido embora então! Qual
é o problema comigo?
— Nada — sua mãe a assegurou. — Não há nada de errado com você,
Isabelle.

Isabelle abraçou as pernas com mais força enquanto lutava contra os


tremores que sacudiam seu corpo. — Sim, há. Abby e Vicky gostam de todos
os caras que conhecem. Eu nunca senti nada, por ninguém, até conhecê-lo.

A mão de sua mãe se curvou na parte de trás da cabeça de Isabelle. —


Porque uma parte de você sabia que ele estava lá fora, que ele viria atrás de
você. Vicky e Abby podem não ter essa pessoa.

— Por que não poderia ser eu? Eles querem almas gêmeas. Eu não. Eu
nem sei se ele é ou não. Eu não sei mais nada. — Ela se encostou na mãe
enquanto a abraçava. — Nunca quis que minha vida, minha existência
dependesse da de outra pessoa. Sei que o que você e meu pai têm é especial,
mas se ele morrer, você morre e vice-versa. Nunca quis ser tão vulnerável!
Agora... agora...

Ela se interrompeu, incapaz de falar em meio aos soluços. Ela enterrou a


cabeça no ombro da mãe.

— É uma coisa linda, Isabelle — ela sussurrou. — É assustador, e é


aterrorizante mas é verdadeiramente maravilhoso. O que você descobriu é
algo mágico, algo que a maioria das pessoas nunca encontra. Algo que suas
irmãs, seus irmãos e os Patetas podem nunca encontrar.

Isabelle estremeceu ao sentir a perda de Stefan profundamente em seus


ossos. — Não importa, ele se foi — ela sussurrou.

A mão de sua mãe parou em seu cabelo. — Você poderia tentar


encontrá-lo.

Isabelle balançou a cabeça. — Ele não me quer. Caso contrário, ele não
teria ido embora.

— Você o ama?
Isabelle fechou os olhos enquanto contemplava a pergunta de sua mãe.
— Eu não sei. Eu nem gostava dele, mas ele me fez sentir coisas que eu nunca
senti antes, me fez sentir completa, inteira, segura e tantas outras coisas. —
Ela terminou timidamente.

Sua mãe riu. — Eu entendo.

Isabelle sabia que sim, mas isso não a ajudou. — Você acha que ele é
minha alma gêmea? — ela perguntou.

— Sim.

— Por quê?

— Você não o viu quando foi ferida, Isabelle. Ele queria atacar todos que
chegassem perto de você, incluindo seu pai. Ele atacou Ethan.

Isabelle estremeceu ao pensar no que poderia ter acontecido com Ethan


se David não tivesse intercedido. Teria matado ela se Ethan estivesse
gravemente ferido.

— Ele estava perdendo o controle de si mesmo — continuou a mãe dela.


— Acho que foi por isso que ele foi embora. É uma coisa assustadora. Quando
seu pai passou por isso, ele ficou confuso, com raiva e com medo de matar
todos, inclusive eu…

— Papai nunca machucaria você.

— Ele não teria a intenção, mas ele teria se eu tivesse insistido em


permanecer humana. É confuso, Isabelle, e é assustador, mas vale a pena. Eu
prometo a você isso.

— O que eu faço? — ela sussurrou desesperadamente.

— Eu não sei querida.


Isabelle ficou em silêncio enquanto se permitia ser um pouco confortada
pelo abraço caloroso de sua mãe, mas não era o suficiente. Ela lutou contra
ele tão implacavelmente, e ele foi embora por causa disso. Agora tudo o que
ela queria era tê-lo de volta. Ela não lutaria com ele agora se ele voltasse. Ela
desejou que houvesse alguma maneira de trazê-lo de volta, alguma maneira de
alcançá-lo e dizer-lhe para voltar. Lágrimas deslizaram por suas bochechas
enquanto ela fechava os olhos.

O ar estava quente e parado, nem mesmo uma brisa o agitava, mas algo
o fazia. Isabelle sentou-se e seu olhar disparou em direção à floresta.

— Isabelle — sua mãe disse.

Suas pernas caíram no chão e ela se levantou. Ela o viu então, parado
na beira da floresta, seus olhos tão negros quanto a noite que o cercava. Seu
coração pulou em sua garganta quando a felicidade explodiu através dela. Pela
primeira vez em dias, seu corpo não estava morrendo e ela podia respirar sem
dificuldade. A luz da lua se derramou sobre o conjunto rígido de sua mandíbula
quando ele deu um passo à frente. Um pequeno grito escapou, e sua paralisia
quebrou. Ela correu pela curta distância que os separava e jogou os braços em
volta do pescoço dele enquanto lágrimas de alegria escorriam por seu rosto.
Um pequeno grunhido de prazer escapou dele enquanto a puxava contra
ele. Toda a raiva tensa e o fogo ardente que o queimava nos últimos três dias
evaporou no instante em que ele a tocou. Tudo estava finalmente certo, tudo
finalmente fazia sentido novamente. Sera se levantou, acenou para ele e saiu.

Ele envolveu a mão no cabelo de Isabelle, puxou seu rosto para fora de
seu ombro e reivindicou sua boca com selvageria. Ela choramingou contra a
brutalidade de seu beijo, mas ele não podia se conter, não podia aliviá-lo. Ele
precisava dela como um homem se afogando precisava de ar. Precisava dela
com um desejo tão poderoso que quebrou o tênue fio de controle que ele mal
conseguiu manter nos últimos três dias.

A boca dela se abriu sob a dele, e ele enfiou a língua dentro dela para
prová-la. Seu controle voltou gradualmente quando a doçura dela o invadiu.
Isso fez com que a selvageria dentro dele diminuísse enquanto ela aliviava o
tormento que assombrava sua alma por séculos. Ela ergueu as garras da
escuridão para se livrar dele nos últimos três dias.

Suas mãos deslizaram ao redor de seu pescoço enquanto ela se


pressionava firmemente contra ele, devolvendo seu beijo com uma urgência
igual à dele. Ele soltou seu cabelo e agarrou sua cintura, levantando-a. Ela
ofegou quando ele a colocou em sua cintura e suas longas pernas
instintivamente envolveram-no.

Ela olhou para ele enquanto as lágrimas escorriam por suas bochechas,
e seus olhos violetas ardiam de paixão. Ela examinou seu rosto com reverência,
olhando para ele como se tivesse medo de acreditar que ele estava aqui. Algo
dentro dele mudou, algo diferente surgiu, algo que ele nunca havia
experimentado antes.
Ele se importava com ela mais do que qualquer pessoa que já conheceu,
sentia falta dela e percebeu que gostava de seus modos irritantes. Ele gostava
de sua risada, seu sorriso, sua independência, sua força, sua determinação e
sua coragem. Ele até gostou da pequena veia vingativa que ela exibia com seus
irmãos.

Os últimos dias foram um inferno para ele. Ele não podia fazer nada além
de pensar nela. Ele mal conseguia funcionar, sentia como se estivesse
pegando fogo enquanto suas veias queimavam com a ausência dela. O
demônio dentro dele estava constantemente à frente, e sua sanidade mantida
por um fio tênue que quase se desfez completamente. Ele não dormia há três
dias, pois não conseguia se acalmar por tempo suficiente para deixar seu corpo
relaxar o suficiente para dormir, e ele não se alimentava.

Ele quase matou um homem em um bar porque o homem acidentalmente


esbarrou nele. Felizmente, ele recuperou o controle de si mesmo a tempo, mas
nunca antes o havia perdido assim. Nem mesmo com Ethan.

Ele pegou uma mulher, levou-a de volta para seu lugar, determinado a
tentar aliviar a queimação em seu corpo. A repulsa o encheu no momento em
que a tocou. Ele não sentia nada por ela, não experimentava nenhuma
sensação de excitação. Ele estava tão enfurecido que não se alimentou dela
porque sabia que a mataria se o fizesse.

Depois disso, ele decidiu que precisava voltar aqui e vê-la. Ele tinha que
resolver tudo, saber se ela o odiava pelo que ele havia feito ao irmão dela, o
que ele teria feito ao pai dela. Ele precisava saber se ela poderia perdoá-lo por
tê-la ferido no clube. Ele estava determinado a vê-la e aliviar seu sofrimento.

Quando ela correu para ele, toda a desolação dos últimos três dias
desapareceu instantaneamente. Ela não o odiava, e ele sabia que ela não iria
mais lutar contra ele. Ela estava passando pela mesma tortura. Ele sentiu sua
angústia na estrada, sentiu sua miséria, e isso o impulsionou a velocidades
mais rápidas. Ele ficou desesperado para aliviar seu sofrimento, desesperado
para que ela nunca mais se machucasse.
Ao vê-la, tocá-la, ele sabia que este era o seu lugar. Ela era a única que
poderia aliviar o tormento que ele estava experimentando, aliviar o sofrimento
de toda a sua existência. Ele não sabia por que, e agora ele não se importava.
Ele só precisava dela, agora.

Ele recuperou sua boca, suas mãos cavaram em seu cabelo grosso
enquanto ele a carregava para fora da floresta e através do campo. Ela
encontrou sua fome com a dela enquanto suas mãos se curvavam em suas
costas e suas lágrimas secavam. Ele estava tão duro que doía e latejava
dolorosamente. Ela se mexeu contra sua ereção, gemendo enquanto se
pressionava mais firmemente contra ele. Ele gemeu de prazer quando ela se
levantou e deslizou para baixo novamente.

Ele quase se derramou quando um tremor percorreu seu corpo. Se ela


não parasse, ele iria deitá-la e levá-la no meio do campo. Ele rasgou a camisa
dela, sua mão roçou sua barriga lisa e delicada caixa torácica antes de segurar
seu seio. Ela gemeu e apertou com mais força contra ele enquanto mordia seu
lábio inferior. Ele grunhiu enquanto puxava seu sutiã para baixo, determinado
a sentir sua carne contra a dele. Seu mamilo ereto queimava na palma de sua
mão enquanto ele a esfregava e massageava.

— Stefan! — ela gritou quando sua cabeça caiu para trás.

A paixão em sua voz só serviu para incitá-lo mais rápido. Ele estava
quase em frenesi quando chegou às portas de tempestade. Ele se curvou, abriu
a porta e desceu as escadas. Ele fez uma pausa apenas o suficiente para
fechá-la antes de atravessar o quarto para a cama. Deitando-a, ele caiu em
cima dela, incapaz de se separar dela nem por um segundo. Ele tomou seus
lábios novamente, conduzindo sua língua nos recessos doces de sua boca com
estocadas profundas e fortes, imitando o que estava por vir enquanto
saboreava o maravilhoso sabor dela.

Ela puxou ansiosamente a camisa dele, precisando sentir sua pele,


precisando senti-lo. Suas mãos deslizaram sobre sua carne quente e sólida.
Um tremor de prazer a percorreu quando ele se afastou para permitir que ela
puxasse sua camisa, dando-lhe acesso ao que ela procurava
desesperadamente. Sua respiração congelou em seus pulmões enquanto ela
absorvia a ampla magnificência de seu peito sólido. O cabelo preto ondulava
sobre ele, envolvendo seus pequenos mamilos antes de afunilar em seu
estômago plano. Sua boca ficou seca quando ela passou as mãos por ele e
estremeceu de desejo e antecipação.

Ele se curvou para ela, agarrando sua boca e arrebatando-a até que ela
ficou sem fôlego e tremendo. Suas mãos envolveram suas costas e cavaram
em sua carne. Seus músculos se contraíram e se flexionaram sob seu toque.
Ela estava louca para se aproximar dele, para sentir mais dele, tudo dele. Seu
corpo ardia de desejo, dolorido e trêmulo enquanto ela se apertava contra ele.

Stefan não aguentava mais, não conseguia desacelerar, não importa o


quanto ele quisesse. Ele ficou longe dela por muito tempo, negou-se a si
mesmo por muito tempo. Ela o havia negado por muito tempo, e ele tinha que
tê-la, agora.

Ele arrancou o short dela, sem se importar com o grito de surpresa que
ela soltou. Ele encontrou seu olhar, mas não havia trepidação em seus olhos
como ele esperava, apenas uma paixão ardente que combinava com a dele.
Ele rapidamente tirou a blusa dela. Incapaz de se incomodar com os ganchos
do sutiã, ele o soltou, determinado a expor seus seios fartos e corpo delicioso.

Ele saboreou a visão dela enquanto ela estava ofegante debaixo dele.
Seus lábios estavam inchados de seus beijos. Seus seios, com seus
convidativos botões de morango, arfavam enquanto ela tremia e estremecia
sob ele. Um estremecimento o percorreu quando inclinou a cabeça e chupou
seu mamilo. Ele lambeu e beliscou o botão endurecido. Ele se deliciava com a
sensação dela enquanto ela corcoveava e gemia embaixo dele.

Seus movimentos frenéticos e gritos abafados só serviram para alimentar


sua paixão ainda mais fora de controle. Ele se atrapalhou com o botão da calça
jeans, suas mãos tremiam tão ferozmente com antecipação que ele não
conseguia desfazê-las. A frustração o reivindicou quando ele os rasgou,
arrancando-os com um movimento violento e espasmódico. Ele rasgou sua
calcinha, puxando-a enquanto se acomodava entre suas longas e convidativas
coxas.

Sua mão deslizou para a junção de suas coxas, gemendo quando a


descobriu já molhada e quente para ele. Ele deslizou um dedo dentro dela,
acariciando-a e amando-a enquanto ela se arqueava contra ele. Stefan sabia
que deveria levar mais tempo, prepará-la mais, mas a sensação de sua bainha
quente apertando seu dedo era mais do que ele podia suportar.

Tudo estava acontecendo muito rápido, uma parte dele sabia disso, e
tentou impedir. Mas a outra parte, a parte maior, estava além de qualquer
senso de controle ou razão. Ele tinha que tê-la. Ele estava pegando fogo,
queimando com a intensidade de suas emoções e a paixão o consumindo. Ele
a penetrou, rompendo a barreira de sua virgindade com um grito selvagem de
posse.

As unhas de Isabelle arranharam suas costas enquanto a dor a


atravessava. Um gemido escapou quando ele ficou imóvel dentro dela e os
músculos de suas costas flexionaram sob suas mãos.

— Sinto muito, Isabelle — ele rosnou em seu ouvido.

Uma emoção tão profunda brotou nela que ela quase começou a chorar
de novo. Ela se agarrou a ele corpo escorregadio de suor enquanto seus
músculos gradualmente começaram a relaxar ao redor dele e facilitaram sua
invasão. Ele beijou seu pescoço antes de mordiscar sua orelha enquanto
deslizava para fora dela e deliberadamente de volta para dentro. Isabelle
relaxou em torno dele quando a ternura começou a desaparecer. A paixão de
momentos antes voltou quando ela encontrou o movimento ondulante de seus
quadris.

Ele a beijou e tocou em todos os lugares, incapaz de obter o suficiente


da sensação de seu corpo sedoso contra o dele. Ele amassou e massageou
seus seios enquanto recuperava um de seus mamilos com a boca novamente.
Suas mãos cravaram em suas costas enquanto ela se arqueava contra ele, e
deliciosos gemidos de prazer escaparam dela. Agora que ele estava dentro
dela, agora que a tinha, sua urgência diminuiu, e ele aproveitou o tempo para
desfrutar das sensações que ela despertava nele. Ele nunca havia sentido nada
tão maravilhosamente apertado, quente e úmido quanto ela, nunca havia
experimentado tanto prazer em sua vida.

— Enrole suas pernas em volta de mim — ele falou contra seus lábios.

Seus olhos se abriram quando ela envolveu suas longas pernas ao redor
de sua cintura. Um grito de êxtase saiu dela quando o movimento o fez deslizar
ainda mais em seu corpo quente. Stefan gemeu, ele cerrou os dentes contra o
desejo de derramar dentro dela. Ele gostou do jogo de emoções deslizando
sobre seu rosto e a paixão escurecendo seus olhos para um roxo profundo.
Suas pálpebras começaram a fechar.

— Não, me observe — ele ordenou.

Seus olhos se abriram, arregalados e assustados. Então, ela sorriu e


colocou os braços em volta do pescoço dele. Seus quadris começaram a subir
e descer com ele enquanto ela encontrava e igualava seu ritmo. Ele a observou
fixamente enquanto suas mãos a acariciavam e acariciavam. A paixão separou
seus lábios, fez sua respiração acelerar e seu corpo estremecer. Ele sabia que
ela estava quase gozando pelo brilho de surpresa que cruzou seu rosto.

Ele deslizou a mão entre as coxas dela para acariciar o botão trêmulo
implorando por sua atenção. Gritos suaves sussurraram dela, e ela conheceu
com entusiasmo seu ritmo feroz e forte.

— Agora — ele ordenou enquanto se dirigia para dentro dela. — Goze


para mim agora, Isabelle!

Ela gritou alto, seu corpo se apertou ao redor dele enquanto a força de
seus espasmos arrancava dele o orgasmo. A força disso arrancou dele um
berro de satisfação e deleite. Nunca havia experimentado nada tão maravilhoso
ou gratificante. Ele não tinha pensado que poderia existir.

Ele quase caiu em cima dela, mas conseguiu se segurar a tempo. Em vez
disso, ele passou os braços ao redor dela e a rolou para o lado enquanto
pequenos tremores continuavam a sacudir seu corpo. Ele permaneceu dentro
dela enquanto sua cabeça se acomodava em seu ombro. A respiração dele
ainda era áspera e irregular, e ele ficou satisfeito ao notar que a dela também.
Seus corpos estavam cobertos de suor enquanto ele a puxava contra ele, uma
sensação de absoluto contentamento roubando-o. Este era o seu lugar, ele
percebeu.

— Você me deixou — ela sussurrou.

Ele acariciou o topo de sua cabeça. — Desculpe.

— Não faça isso de novo.

— Eu não vou — ele prometeu.

— Bom.

Ela se aconchegou mais perto dele e adormeceu instantaneamente.


Stefan sorriu enquanto a segurava contra ele, saboreando o cheiro de seu ato
de amor e seu delicioso corpo contra o dele. Ele sabia que deveria se
preocupar com o quanto ele se importava com ela e com o mal dentro dele. No
entanto, pela primeira vez em sua longa existência, ele se sentiu em paz. Ele
nunca iria deixá-la saber sobre seu passado, nunca mais olharia para trás. Ele
saboreou a sensação dela enquanto caía no sono.
Isabelle instintivamente aninhou-se mais perto do corpo quente de Stefan
quando acordou na manhã seguinte. Seu braço apertou ao redor dela
enquanto a puxava para mais perto. — Bom dia — ele murmurou em seu
ouvido.

Ela sorriu enquanto se virava para encará-lo. Seu cabelo, desgrenhado


pelo sono, caiu sobre a testa dele com um apelo juvenil que aqueceu seu
coração. Seu sorriso se aprofundou quando ela afastou o cabelo de sua testa.
Um pequeno sorriso brincou nos cantos de sua boca. O impacto de seu sorriso
foi suficiente para fazê-la derreter.

— Você sentiu minha falta enquanto eu estava fora? — ele perguntou.

— Eu mal notei — ela mentiu.

Seu sorriso se aprofundou. — Realmente?

O corpo de Isabelle acelerou em antecipação quando ele acariciou seu


quadril e voltou a circular seu seio. Seu mamilo endureceu quando seu dedo o
traçou. — Talvez um pouco — ela sussurrou sem fôlego.

Seu sorriso era perverso quando ele se curvou e lambeu seu mamilo
tenso antes de se afastar dela. — Só um pouco?

Ela mordeu o lábio inferior enquanto olhava em seus olhos brilhantes. —


Você está com saudades de mim? — ela exigiu.

— Senti falta de ser evitado, fugido, torturado e sexualmente frustrado?


— Isabelle fez uma careta para ele enquanto ele sorria para ela. — Sim eu fiz.

Ela riu enquanto colocava os braços em volta do pescoço dele.


— Mais do que um pouco? — ele rosnou.

Um pequeno arrepio a percorreu ao sentir o peito áspero contra seus


seios sensíveis. Ele deslizou a perna entre as dela e abriu suas coxas. A
respiração de Isabelle congelou em seus pulmões quando a mão dele deslizou
para baixo e ele começou a acariciá-la. Um pequeno suspiro escapou quando
seu dedo deslizou para dentro e seus quadris começaram a se mover
lentamente com o ritmo que ele estabeleceu.

— Mais do que um pouco? — ele murmurou contra seus lábios enquanto


sua outra mão acariciava vagarosamente seu seio.

Isabelle mal conseguia pensar no prazer que a consumia, muito menos


falar. Sua mão deslizou para longe dela. Isabelle gemeu em protesto enquanto
se aproximava dele. Rindo, ele mordiscou seu lábio inferior. Ele agarrou seus
quadris, puxando-a contra ele e esfregando a ponta de seu membro ereto
provocativamente contra seu centro úmido e dolorido. Isabelle abriu as pernas
para aceitar a invasão dele, mas ela não veio.

— Mais do que um pouco? — Ele demandou.

Seus lábios se separaram enquanto ele continuava a se esfregar contra


ela. Ela não aguentava mais a doce tortura que ele a estava fazendo, ela teria
concedido qualquer coisa a ele. — Sim! — ela chorou.

Ele sorriu quando deslizou para dentro dela. Isabelle deslizou os braços
em volta do pescoço dele e arrastou a boca dele até a dela. O mundo caiu
quando seu corpo se moveu sobre ela, envolvendo-a com sua força, segurança
e calor. Ele pegou cada um de seus suspiros com a boca enquanto
vagarosamente a explorava, saboreava e fazia amor com ela. Ela o tocou em
todos os lugares, saboreando a sensação dos músculos fortes em suas costas,
peito, coxas e bunda enquanto ficavam escorregadios com o suor.

Suas mãos cravaram em suas costas enquanto ele a levava mais perto
da beira do êxtase que ele a empurrou na noite passada. Ele era sua única
âncora no mar de prazer que a engolfava. Ele agarrou suas mãos, arrastando-
as acima de sua cabeça e prendendo-as enquanto se dirigia mais
agressivamente para dentro dela. As pernas de Isabelle se apertaram ao redor
dele enquanto ela correspondia ansiosamente a seus crescentes movimentos.
Ele segurou seus pulsos em uma mão enquanto alcançava entre seus corpos
para esfregar contra sua protuberância trêmula. Ela gritou quando ondas de
êxtase a sacudiram.

Ele a penetrou, derramando tudo dentro dela enquanto seu corpo se


contraía ao redor dele. Ele desmoronou, sua respiração irregular enquanto a
puxava contra seu peito, absorvendo os tremores que a sacudiam. Ele a rolou
para o lado enquanto tentava acalmar as batidas de seu coração e recuperar
o fôlego. Foi só então que ele pensou em quão rudemente a tinha levado, duas
vezes agora. Ele deveria ter pegado leve com ela, ela ainda deve estar dolorida
da noite passada.

— Você está bem? — ele falou.

— Uh huh — ela respondeu enquanto se aninhou contra seu peito.

— Eu machuquei você? — Ele demandou.

Isabelle franziu a testa com a preocupação em sua voz. Ela levantou a


cabeça para olhar para ele. Ele a estudou atentamente, sua apreensão
aparente nas linhas apertadas ao redor de sua boca e olhos.

— Não, por que você acha isso? — ela perguntou.

Ele continuou a procurar seu rosto intensamente, obviamente não


acreditando no que ela disse a ele. — Eu sei que te machuquei ontem à noite.

— Só um pouco — ela o assegurou.

— E hoje era muito cedo, eu deveria ter esperado um ou dois dias antes
de levá-lo novamente.
Ela sorriu docemente para ele enquanto balançava a cabeça. — Eu teria
levado você.

Ele riu enquanto a puxava para um beijo longo e demorado. — Você faria
agora? — ele murmurou contra seus lábios.

— Sim, eu gostaria — disse ela com um aceno de cabeça e um sorriso.

— Eu não fui muito rude com você?

— Não — ela o assegurou enquanto seus dedos se enrolavam no cabelo


em seu peito. Para sua total surpresa, sentiu-se endurecer novamente
enquanto ela sorria para ele sedutoramente.

— Da próxima vez, vamos devagar e realmente faremos amor.

Sua testa franziu enquanto ela olhava para ele em confusão. — Pensei
que já tínhamos feito isso.

Ele riu enquanto balançava a cabeça. — Não, há muito mais para


aprender e vou adorar ensinar tudo isso a você.

Seus olhos escureceram quando ela mordeu o lábio inferior. — Entendo


— ela sussurrou.

Isabelle baixou os cílios antes que ele pudesse ver a angústia que a
atravessava. Ela conseguiu esquecer todas as suas preocupações sobre a
inadequação em sua felicidade de vê-lo, de tê-lo, mas todas voltaram para ela
agora. Suas palavras a fizeram perceber o quão pouco ela sabia, e o quanto
ele sabia.

Ela queria rastejar para fora da cama e fugir dele, mas não queria que ele
soubesse o quanto ela estava chateada. Ajudaria se ele pelo menos dissesse
algo para tranquilizá-la, diga a ela que ela não foi uma decepção, ou pior,
absolutamente horrível, mas ela morreria antes de perguntar a ele sobre isso.
— Isabelle. — Ela se virou para ele, esperançosa de que ele de alguma
forma tivesse sentido sua insegurança e pudesse tranquilizá-la. — Eu disse que
você não iria me expulsar do seu quarto.

Sua boca caiu. Havia um brilho provocador em seus olhos, mas suas
palavras, juntamente com as dúvidas dela, provocaram uma onda de raiva. Ela
instantaneamente rolou para longe e saiu da cama.

— Ei, volte aqui! — ele protestou rindo.

— Não! — ela retorquiu enquanto se dirigia ao banheiro.

— Qual é o seu problema? — Ele demandou.

Ela se virou para encará-lo, plantando as mãos nos quadris enquanto


olhava para ele. — Por que você nunca pode dizer algo legal? Por que você
sempre tem que ser tão arrogante?

Stefan se divertiria com sua óbvia ira, e especialmente sua postura, se


não fosse pela dor que queimava em seus olhos. Ele não entendeu. Ele estava
apenas brincando com ela, mas era evidente que ela havia entendido da
maneira errada.

— Isabelle…

— Quer saber, saia! Saia agora!

A raiva crepitou através dele quando ele empurrou o lençol emaranhado


para longe e se sentou. — Eu não estou indo a lugar nenhum!

— Sim, você está. Eu quero que você saia.

Normalmente, ele não ficaria tão irritado, mas depois do tormento dos
últimos três dias, ouvi-la dizendo para ele sair não era algo que ele toleraria.
Ele sabia que ela tinha sido tão infeliz quanto ele, mas ela estava mais do que
disposta a expulsá-lo de sua vida novamente, e a última coisa que ele queria
era perdê-la. Ele não tinha ideia de como permitiu que ela tivesse tanto controle
sobre ele quando era evidente que ele não tinha quase nenhum sobre ela, e
isso o enfureceu.

— Eu não me importo com o que você quer! — ele retorquiu. — Eu não


vou a lugar nenhum porque você não aceita uma piada!

Seus olhos brilharam com lágrimas não derramadas. — Você é um idiota


insensível, cruel! Saia e não volte mais!

As lágrimas quase a cegaram quando ela se virou, correu para o


banheiro e bateu à porta atrás de si. Ela estava agindo como uma idiota, ela
sabia disso, mas não conseguia se conter. A última coisa que ela queria era
que ele fosse embora de novo. Ela só queria que ele a tranquilizasse, para
aliviar todas as suas dúvidas e preocupações.

Em vez disso, ele a fez se sentir mais fraca do que ela já provou estar
perto dele, e ainda mais insegura. Suas palavras sobre ensiná-la a fazer amor,
além de sua presunçosa superioridade sobre como ir para a cama dela, eram
mais do que ela poderia suportar.

Não havia como ela competir com as mulheres de seu passado, e ela
não queria. Tudo o que ela queria era que ele dissesse que ela era especial e
não apenas mais uma conquista. Não para lembrá-la de que ela era como
qualquer outra mulher que não o recusou. Ela deslizou para o balcão, puxando
as pernas para cima enquanto enterrava a cabeça nas mãos e as lágrimas
escorriam pelo rosto.

— Isabelle, saia daí — ele ordenou do outro lado da porta.

— Não.

Stefan se forçou a respirar fundo antes de arrancar a porta das


dobradiças e arrastá-la para fora. Ele sabia que havia mais por trás de sua raiva
e angústia do que ela havia dito. As lágrimas em seus olhos provavam isso,
mas ele não conseguia pensar em quê, e não estava com humor para decifrar.
Ele estava cansado de brigar com ela, e ele não estava disposto a deixá-la levá-
lo ao redor. Já estava além do tempo que ela descobriu que ele era o único no
comando. Ele agarrou a maçaneta e abriu a porta. Ela rapidamente a fechou
novamente.

— Deixe-me entrar naquele quarto, ou vou arrancar esta porta das


malditas dobradiças! — ele berrou, sua paciência se esgotando enquanto abria
a porta.

Isabelle se arrastou para a frente para chutar a porta para fechá-la


rapidamente. A respiração congelou em seus pulmões quando ele ficou
estranhamente quieto do outro lado. Por um segundo ela pensou que ele iria
arrancar a porta, mas quando os segundos passaram sem nenhum som, e
nenhuma outra tentativa de entrar, seus ombros caíram em alívio, e sua cabeça
abaixou.

O estrondo alto atirou sua cabeça para cima. Um grito estrangulado


escapou dela como a porta, e parte da parede foi arrancada e jogada de lado.
A ira irradiava de cada centímetro de seu corpo enquanto ele entrava no quarto
e se elevava sobre ela. Incapaz de se mover, sua respiração congelou em seus
pulmões enquanto seus olhos brilhavam em um vermelho violento para ela.
Puro terror jorrou em suas veias, seu coração martelava em seu peito e um
caroço grosso apertou sua garganta. Ela pularia e fugiria da sala, mas ele
bloqueou seu único caminho para escapar.

— Levante-se! — ele latiu.

Isabelle sabia que suas pernas não a sustentariam. Em vez disso, ela
balançou a cabeça entorpecida, incapaz de desviar o olhar de sua expressão
estrondosa. Ela não achava que fosse possível, mas os olhos dele brilharam
ainda mais. A ira que irradiava dele batia nela em ondas que ameaçavam
afogá-la em suas profundezas aterrorizantes. Ela começou a recuar, mas ele
agarrou seus braços e a ergueu.
Isabelle nem tentou lutar, ela temia que ele a matasse se o fizesse, ele
certamente parecia irado o suficiente para fazer isso. Ela tinha certeza de que
ele nunca iria machucá-la, mas ela não estava disposta a correr riscos diante
de sua hostilidade. Em vez disso, ela pendurou frouxamente, esperando para
ver o que ele faria enquanto o medo zumbia por cada centímetro de seu corpo.
No entanto, embora ele estivesse tremendo de raiva, suas mãos em seus
braços não estavam machucando.

Ele a jogou na cama e subiu em cima dela. Os joelhos dele estavam de


cada lado dos quadris dela, e as mãos dele seguravam os braços dela ao lado
do corpo. Ela olhou sem fôlego para ele, tremendo de pavor, enquanto ele a
olhava com raiva. Poder e força irradiavam dele. Ela se lembrou de como ele
arrancou a porta das dobradiças e a jogou de lado como se não pesasse mais
que uma pena. Ela não queria nem pensar no que ele poderia fazer com ela se
quisesse.

— Agora, você vai me ouvir! — ele cuspiu. — Eu não vou a lugar nenhum.
Então, é melhor você colocar essa percepção em sua cabeça dura agora,
Isabelle, ou então me ajude, eu vou enfiar isso lá dentro! Você me entendeu?
— Quando ela não respondeu rápido o suficiente para o gosto dele, as mãos
dele apertaram os braços dela, e ele a sacudiu um pouco. — Você me
entende?

Seu lábio inferior tremeu quando ela conseguiu um aceno fraco. — Sim
— ela sussurrou. Ele abriu sua mandíbula rígida. Finalmente, ele estava
começando a fazer algum progresso com ela. — Mas você saiu antes.

Sua cabeça se ergueu e seus olhos se estreitaram. Ele deveria ter


pensado melhor antes de pensar que ela cederia tão rapidamente. Apenas uma
vez, ele desejou que ela facilitasse as coisas para ele, não o colocasse
constantemente na defensiva.

— Saí porque achei que era a melhor coisa para você, para mim — ele
ralou com os dentes cerrados. — Eu te machuquei naquela noite…
— Não, você não fez!

— Sim, eu fiz. Você estava tentando me evitar, é por isso que você foi ao
clube. Achei que seria melhor se eu fosse embora, mas goste ou não, voltei e
não vou de novo. Você entende? — ele exigiu.

— Sim — ela sussurrou.

Ele permaneceu completamente rígido em cima dela, sabendo que não


deveria pensar que ela concordaria tão facilmente. Isabelle não. Nunca sua
Isabelle.

— Você vai parar de lutar comigo, Isabelle, eu quero dizer isso — ele
ordenou. — Não haverá mais isso. Você é minha, e quanto mais cedo você
perceber isso, mais felizes nós dois seremos.

Ela olhou para ele enquanto parte de sua angústia e dúvida se


desvanecia. Seus olhos voltaram à cor de ônix, mas ainda havia um brilho
selvagem neles. Ela era dele, ela sabia disso, mas não era o suficiente.

— Você é meu? — ela exigiu com altivez.

Sua mandíbula apertou novamente. Ele era dela, ele sabia disso. Ele
havia aprendido isso nos últimos dias, mas dizer a ela exatamente o quanto ele
se importava com ela o abriria para uma vulnerabilidade para a qual ele não
estava preparado. Seus olhos escureceram de tristeza e, naquele instante, ele
soube que diria a ela qualquer coisa para fazê-la feliz. Não importa o quanto
ele odiasse o quão fraco e exposto isso o fazia se sentir.

— Sim, eu sou seu — ele admitiu.

O lindo sorriso se espalhando em seu rosto poderia fazê-lo arrancar a lua


do céu se ela pedisse.

— E eu sou sua — ela sussurrou.


Os resquícios remanescentes de sua raiva desapareceram quando ele
ergueu a mão para acariciar sua bochecha sedosa. — Agora, você se importa
em me dizer por que você estava tão chateada? E não tente me dizer que
acabou o que eu disse, porque nós dois sabemos que havia mais do que isso.

— Não — ela murmurou.

Sua mandíbula travou novamente quando sua mão parou em sua


bochecha. — Você disse que ia parar de lutar comigo.

— Eu não estou lutando contra você! — ela chorou. — Eu só... eu...—


Seu rosto ficou com um tom vibrante de vermelho enquanto ela baixava seus
longos cílios pretos como tinta.

Stefan olhou para ela em confusão enquanto ela se recusava a olhar para
ele. Ele sabia que era preciso muito para envergonhá-la, mas todo o seu corpo
estava cheio de calor enquanto ela mordia nervosamente o lábio inferior.

— Isabelle, diga-me. — Ela balançou a cabeça enquanto ele acariciava


sua bochecha quente. — Por favor.

O por favor a puxou, fazendo-a querer abrir seu coração para ele. Para
contar a ele todas as suas inseguranças, mas e se ele não a tranquilizasse e
apenas confirmasse seus piores medos? Ela decidiu arriscar e perguntar. Ele
continuaria a incomodá-la de qualquer maneira, e por mais que tentasse, ela
não poderia inventar uma mentira plausível para mantê-lo afastado. Além disso,
ela tinha certeza de que não poderia mentir para ele, mesmo que pudesse
pensar em uma. Erguendo os olhos de volta para ele, a última de sua hesitação
se desvaneceu enquanto ele a olhava com preocupação e ternura.

— Eu sou boa?

Ele se esforçou para ouvi-la. Quando suas palavras finalmente


penetraram, ele quase riu, mas conseguiu se conter a tempo. Ele não queria
pensar no que ela faria se ele caísse na gargalhada. Ele lembrou agora que ela
começou a ficar distante quando ele disse que a ensinaria a fazer amor. Às
vezes, ele era um idiota insensível, ele percebeu com um gemido interior.

— Nunca senti nada parecido com o que sinto quando estou com você.
Acredite em mim, querida, você é muito melhor do que bom, você é
espetacular.

Ela olhou para ele. A tenra vulnerabilidade em seus olhos rasgou seu
coração.

— Realmente? — ela sussurrou esperançosa.

Ele se mexeu e abriu as coxas dela para que pudesse pressionar a dura
evidência de sua excitação contra a parte interna de sua coxa. A paixão
floresceu em seus olhos.

— Isto é o que você faz comigo — ele falou com voz rouca. — Ninguém
nunca me afetou assim, Isabelle, ninguém. Eu nunca aguentei tanto
aborrecimento com ninguém como eu suporto de você.

Seus olhos brilharam com diversão. — Você não é um barril de risos,


você sabe.

Ele levantou uma sobrancelha enquanto sorria de volta para ela. — E por
que isto?

— Bem, você é arrogante, imprudente, mandão, exigente e mais do que


um pouco temperamental.

Stefan pressionou a ponta de sua cabeça contra suas dobras molhadas


e convidativas. Isabelle mordeu o lábio inferior e levantou os quadris para ele.
— Você me lisonjeia, mas percebe que acabou de se descrever.

— Eu não sou imprudente! — ela gritou indignada.


Ele deslizou a cabeça para dentro dela. Ela puxou as pernas para cima,
apoiando-as contra seus lados escorregadios enquanto se abria ainda mais
para sua invasão. — Mas você admite ser as outras coisas?

Os olhos dela brilharam enquanto ela envolvia os braços em volta do


pescoço dele para brincar com o cabelo encaracolado ao longo de sua nuca.
Ele estremeceu enquanto lutava contra o desejo de mergulhar nela, mas estava
gostando de provocá-la e observar a variedade de emoções cruzando seu
rosto.

— Às vezes — ela concedeu. — Mas pelo menos não arranco portas da


parede.

Ele riu enquanto se inclinava para mordiscar o lábio dela. — Não, você
só me obriga a fazer isso.

Ela sorriu para ele. — Seu temperamento fez com que você fizesse isso.

— Confie em mim, ninguém pode provocar meu temperamento como


você.

— Eu conheço o sentimento — ela engasgou quando ele dirigiu todo o


caminho para dentro dela.
— Isabelle! — Isabelle gemeu enquanto se enterrava mais fundo em seus
travesseiros. — Isabelle!

— Vá embora, Willow! — ela gritou.

— Isabelle, levante-se! — Ela levantou a cabeça quando percebeu que


Stefan não estava mais na cama com ela. Sua testa franziu enquanto ela se
perguntava onde ele estava e quando ele saiu. — Isabelle!

— O que? — ela perguntou.

— Não consigo encontrar Cassidy e Kyle! — Salgueiro chorou.

— Pegue Ethan!

— Todo mundo foi buscar mais suprimentos para a nova casa, e eles
estão desaparecidos há quase uma hora!

Ela gemeu novamente enquanto empurrava o lençol emaranhado para


longe dela. Uma hora era muito tempo para os dois partirem. — Aguente aí!

Ela se vestiu rapidamente, imaginando se Stefan foi com todos para


comprar suprimentos, ou se ele estava por aqui em algum lugar. Escovando o
cabelo, ela o prendeu em um rabo de cavalo frouxo e abriu a porta. O rosto
bonito de Willow estava tenso com ansiedade enquanto seus olhos violetas
escuros esquadrinhavam Isabelle nervosamente.

— Eu não sei para onde eles foram — disse Willow ansiosamente.

— Nós vamos encontrá-los — Isabelle assegurou a ela. O cabelo loiro


escuro de Willow subia e descia enquanto ela balançava a cabeça
vigorosamente. — Vamos.9
Willow a seguiu escada acima, passando pela sala de estar e saindo.
Isabelle parou na varanda enquanto seu olhar viajava para a nova casa. Eles
haviam feito muito progresso nos últimos dias, mas ela não havia notado até
agora. As paredes externas e a varanda estavam no lugar, a grande porta de
carvalho estava aberta e a maioria das janelas estava no lugar. Um
formigamento de excitação a percorreu quando percebeu que a casa estaria
pronta em breve.

— Ele foi com os outros — Vicky a informou.

Isabelle desviou o olhar da casa enquanto Vicky e Abby pisavam na


varanda. Isabelle respirou fundo e desceu rapidamente os degraus. — Onde
foi o último lugar que você os viu?

— Eu os deixei na casa da árvore — respondeu Willow.

Isabelle assentiu enquanto se movia em direção ao caminho para a casa


da árvore.

— Você deve estar feliz que Stefan voltou — Abby disse.

Isabelle lançou um olhar por cima do ombro para encontrar os gêmeos


sorrindo conscientemente para ela. Ela não pôde deixar de sorrir de volta para
eles.

— Jess vai enlouquecer quando descobrir que ele voltou — disse Abby.

— Ela ainda não sabe? — O bom humor de Isabelle desapareceu ao


pensar na reação de Jess.

— Não, ela ainda estava dormindo quando ele foi para a cidade, e eu não
acho que mamãe vai contar a ela.

— Eu gostaria — disse Vicky. — Só para ver o rosto dela.

— Seja legal — Isabelle repreendeu.


— Por quê? — Exigiu Vicky. — Ela não é legal com você.

— Você a culpa?

— Sim! — os dois choraram.

Isabelle balançou a cabeça para eles. — Se fosse um de vocês, vocês


não estariam dizendo isso.

Ambos fizeram uma careta para ela. — Obviamente vocês dois deveriam
estar juntos — disse Vicky.

— Ela não sabe disso — Isabelle os lembrou.

— Bem, ela vai agora! — Abby estalou.

Isabelle parou quando chegaram à casa da árvore. Ela olhou ao redor da


pequena clareira, mas não havia sinal de Cassidy ou Kyle. Uma sensação de
morte iminente cresceu na boca de seu estômago. Uma hora era muito tempo
para eles estarem desaparecidos.

— Vocês vão para o lago — ela instruiu. — Willow e eu iremos em direção


ao cânion.

Vicky e Abby acenaram com a cabeça, a diversão em seus rostos se foi


quando elas pararam para tomar o caminho para o lago. Willow seguiu Isabelle
enquanto ela descia a trilha chamando em voz alta por Kyle e Cassidy. O sol
espirrou pelas folhas grossas, lançando uma miríade de padrões nas agulhas
de pinheiro e nas folhas em decomposição. A floresta parecia muito quieta. Ela
começou a correr rapidamente quando o desfiladeiro estava a apenas trinta
metros de distância.

Ela estava ofegante quando derrapou até parar na beira do cânion. Tinha
cerca de vinte pés de comprimento e quarenta pés de profundidade. Era a
mesma que Ethan jogou quando tinha quinze anos. Ela engoliu o medo e se
forçou a olhar para baixo. Isabelle examinou o fundo e as paredes irregulares
de rocha, mas não havia sinal de Kyle ou Cassidy.

— Talvez eles tenham ido para casa — Willow sugeriu.

Isabelle desejou que isso fosse verdade, mas a sensação horrível em seu
estômago se espalhou para seu peito. Olhando ao redor da floresta, ela ignorou
os cantos dos pássaros e os animais que se moviam em suas profundezas
sombrias. Ela se forçou a se concentrar em seu irmão e irmã, esperando obter
algum vislumbre de onde eles poderiam estar.

Então, uma possibilidade de naufrágio caiu em torno dela. Ela começou


a correr enquanto corria por outro caminho. Ela correu ao redor de galhos e
galhos de árvores e ignorou os espinhos rasgando sua roupa e pele. Ela se
forçou a se mover mais rápido, borrando enquanto corria pelo caminho. Por
favor, não, ela implorou silenciosamente. Por favor não.

Ela saiu do caminho e correu pela clareira até a borda da armadilha para
ursos. Prendendo a respiração, ela olhou para dentro dele. Cassidy estava
encolhida contra a parede, olhando para ela com lágrimas escorrendo por seu
rosto sujo e manchado de sangue. Ela segurou Kyle em seus braços, sua
cabeça aninhada em seu colo. Sangue e sujeira cobriam seu cabelo loiro trigo,
e suas roupas eram de um tom mortal de vermelho.

O coração de Isabelle pulou em sua garganta enquanto as lágrimas


brotavam de seus olhos. Willow soltou um grito assustado quando derrapou até
parar ao lado dela. — Ele caiu — Cassidy sussurrou lamentavelmente.

Aquele sussurro comovente tirou Isabelle de sua paralisia. — Obtenha


ajuda! — ela gritou para Willow.

Willow assentiu rapidamente e partiu para a floresta. — Isabelle —


Cassidy sussurrou.

— Espere, Cass, estou indo.


Ela olhou preocupada para as estacas enquanto se sentava na beira do
fosso. Agora que ela não estava pendurada sobre o poço, ela podia dar uma
olhada melhor nas estacas pontiagudas e mortais. Eram velhos, e alguns deles
estavam apodrecidos e quebrados pelo tempo e pelo clima, mas mesmo a
madeira rombuda tinha uma aparência letal. Ela se aproximou da borda
enquanto tentava descobrir a melhor maneira de descer. Finalmente decidindo
que não havia melhor maneira, ela se abaixou e deslizou para o lado.

Uma das estacas perfurou seu sapato e rasgou a sola do pé. A agonia
repentina quase a fez cair para trás em todas as estacas, mas ela conseguiu
se segurar a tempo. Lançando-se para a frente, seus dedos cavaram
freneticamente na terra e nas raízes das árvores da parede enquanto ela se
firmava. Respirando pesadamente e com os dentes cerrados, ela permaneceu
pressionada contra a parede enquanto tirava o pé da estaca.

Ela respirou fundo antes de se virar. Cassidy observou enquanto ela


começava a contornar cuidadosamente as estacas, tentando manter o peso
do pé machucado. Parecia que horas se passaram antes que ela chegasse a
Kyle e Cassidy, mas foi apenas uma questão de segundos antes que ela se
ajoelhasse ao lado deles.

Kyle estava parado, sua respiração difícil enquanto ele trabalhava para
empurrar e puxar o ar para dentro e para fora de seus pulmões. O som
borbulhante enviou um raio de medo através dela tão intenso que ela quase
engasgou com ele. Ele estava tão pálido que até seus lábios estavam brancos,
e todas as suas veias eram perceptíveis através de sua pele quase translúcida.

Isabelle precisou de tudo para superar sua aflição e uma tristeza quase
sufocante. Com as mãos trêmulas, ela cuidadosamente puxou a camisa dele
para cima. A ferida aberta em seu estômago escorria bolhas de sangue.
Cassidy chorou ainda mais quando Isabelle empurrou a camisa dele até o fim
para encontrar outro rasgo grande e irregular no meio do peito.

Ele estava sangrando tão rápido que não tinha começado a fechar as
feridas por conta própria. — Ah, não — ela sussurrou.
Cassidy estava tremendo com a força de suas lágrimas. — Por favor,
ajude-o, Isabelle — ela implorou.

Isabelle arrancou sua blusa e a pressionou firmemente contra o peito de


Kyle. Suas pálpebras piscaram, mas ele não fez nenhum outro movimento,
nenhum som. — Segure isso — ela ordenou a Cassidy.

Cassidy apertou a mão trêmula contra a camisa, rapidamente saturado


de sangue. Isabelle lutou contra as lágrimas enquanto mordia o pulso e forçava
a boca de Kyle a se abrir. Ela precisava repor o sangue que ele estava
perdendo rapidamente, precisava tentar manter sua força alta.

Ela levantou a cabeça para examinar a borda do poço. Estava a uns bons
três metros de altura, não havia como ela conseguir tirá-los sozinha. Ela voltou
sua atenção para o irmão. O sangue dela não estava afetando a quantidade
que ele havia perdido, mas ela esperava que fosse o suficiente para mantê-lo
vivo até que a ajuda chegasse.

***

Stefan jogou a prancha na traseira do caminhão e se virou para aceitar a


próxima de David. — Esta deve ser a última carga — disse Mike.

— Bom. — Jack passou o braço pela testa suada. — Mal posso esperar
para terminar esta casa.

— Gostaria de ter voltado para a escola mais cedo — Ian murmurou.

— Apenas pense em como será bom quando você voltar — respondeu


Ethan.
Ian sorriu enquanto jogava uma tábua na traseira do outro caminhão.
Stefan pegou outra prancha de David e a jogou. Ele estava começando a
desejar não ter concordado em ir com eles. A sensação de garra em seu peito
estava ficando mais intensa e mais desconfortável a cada minuto que passava.

Ele não conseguia manter sua mente na conversa ao seu redor, ele
estava ficando cada vez mais agitado e irritado. Tudo o que ele queria era voltar
para casa, se enroscar na cama com Isabelle e esquecer o resto do mundo.
No entanto, ele precisava se alimentar. Fazia mais de três dias desde a última
vez, e quando ele acordou novamente esta manhã, a fome queimando em seu
corpo era quase insuportável. Agora saciado com dois dos funcionários da
serraria, uma nova sensação começou a crescer.

Ele cerrou os dentes enquanto jogava outra tábua no caminhão. Ele só


queria carregar essa madeira o mais rápido possível e voltar para casa. Ele
veria Isabelle antes de voltar para ajudar na nova casa, que ele queria terminar
o mais rápido possível. Seria muito mais agradável ficar lá com Isabelle. Claro,
Ethan estaria lá também, mas pelo menos não era uma casa cheia de gente.

Jogando outra prancha na carga, ele rapidamente enxugou o suor da


testa. Ele olhou para Ethan enquanto se inclinava para pegar outra prancha.
Ele havia se desculpado com ele sobre a outra noite, e Ethan parecia aceitar,
mas ainda podia sentir cautela nele.

Stefan não o culpava nem um pouco, ele era um pouco cauteloso


consigo mesmo. Algo não estava certo com ele ainda, mas ele não sabia o que
era. Ele estava começando a se sentir como quando saiu, instável e com raiva.
Isabelle ajudou a aliviá-lo quando ele a viu, mas agora que ele não estava perto
dela, estava começando a voltar com força total.

Ele ficou mais irritado quando pensou que poderia ser assim que se
sentia toda vez que a deixava. Não era uma possibilidade que ele queria
considerar. Ele sempre foi livre para ir e vir quando quisesse e, embora voltasse
para buscá-la, nunca considerou que poderia não ser capaz de deixá-la
novamente. Ele não queria deixá-la, era a última coisa que ele queria, mas a
ideia de que talvez não fosse possível era avassaladora.

Ele também não conseguia se livrar da sensação de que algo não estava
certo, não estava completo. Algo estava faltando, e ele não sabia o que poderia
ser. Ele pensou que se pudesse descobrir isso, as coisas seriam melhores, mas
ele não conseguia pensar direito.

Ele respirou fundo quando David lhe entregou outra prancha. Uma onda
de pânico o atingiu, congelando-o instantaneamente. A prancha escorregou
de sua mão e caiu no chão com um baque surdo. David virou-se para ele. O
coração de Stefan pareceu parar de bater quando o medo de Isabelle rolou
sobre ele, através dele, e quase o inundou com sua intensidade.

— Stefan você está bem? — David perguntou preocupado.

— Voltem para casa — disse-lhes.

— O que?

Stefan não se preocupou em responder quando ele se virou e


desapareceu.

— Merda! — Jack deixou escapar.


Stefan congelou enquanto olhava para o buraco, uma confusão de
emoções passando por ele de uma só vez. O terror surgiu quando seus olhos
pousaram em Isabelle. O sangue cobria seu rosto, peito e garganta. Ele levou
um segundo para perceber que não era o sangue dela, mas o de Kyle. Quando
ele percebeu o perigo em que ela havia se colocado, a raiva cresceu dentro
dele.

— Stefan — Isabelle sussurrou.

Toda a raiva dele desapareceu quando ela olhou para ele com olhos
suplicantes e cheios de lágrimas. A desesperança em seu olhar rasgou seu
coração. Seus olhos focaram no pulso de Isabelle pressionado na boca de Kyle.
De repente, ele sabia o que estava faltando, o que iria livrar-se da sensação de
garra com a qual lutava desde que saiu do lado dela.

— Ele não para de sangrar. — Lágrimas marcaram o sangue de Isabelle


e o rosto sujo de terra.

Stefan caiu de joelhos e esticou os braços no buraco. Isabelle levantou


Kyle do colo de Cassidy e se levantou. A dor brilhou em seu rosto, e ela mudou
seu peso. A raiva disparou através dele quando ele percebeu que ela estava
ferida.

Isabelle levantou Kyle para ele, seus braços tremeram quando um soluço
saiu dela. Stefan cerrou os dentes contra a aflição que ela irradiava, tanto física
quanto emocionalmente, enquanto colocava as mãos em volta dos braços de
Kyle e facilmente o puxava para cima. Ele o deitou no chão e rapidamente
examinou as feridas graves em seu peito e estômago antes de se virar. Ele se
espreguiçou no buraco enquanto Isabelle entregava Cassidy para ele. Ela
estava soluçando tão pesadamente que seu pequeno corpo tremia com a força
disso. Alívio o encheu no minuto em que as mãos de Isabelle deslizaram nas
dele, e ele a puxou para fora.

Ela o soltou instantaneamente enquanto caía ao lado de seu irmão, uma


camisa ensanguentada agarrada em suas mãos enquanto ela a pressionava
contra suas feridas novamente. Levantando sua cabeça para seu colo, ela
pressionou seu pulso em sua boca. Coberto de sujeira e sangue, seu sutiã
branco estava mais vermelho do que branco agora.

Os outros viriam em breve, e a ideia de vê-la assim enviou uma onda de


fúria e ciúme através dele que ele não conseguiu conter. Arrancando
rapidamente a camisa, ele se agachou ao lado dela.

Ela levantou a cabeça para olhar para ele, o sofrimento em seus olhos
era quase mais do que ele podia suportar.

— Põe isto. — Ele entregou a camisa a ela enquanto pegava Kyle.


Sangue encharcou sua pele e emaranhado contra seu estômago enquanto
escorria pela camisa de Kyle. Isabelle estava ao lado dele, tremendo enquanto
torcia a camisa dele nervosamente em suas mãos.

— Coloque! — ele ordenou, mais bruscamente do que pretendia.

Ela se assustou quando olhou para a camisa amarrada que segurava.


Suas mãos tremiam quando ela o deslizou sobre sua cabeça. Sua ansiedade
diminuiu instantaneamente quando a camisa caiu sobre ela e caiu até o meio
da coxa. Ela parecia infantil e vulnerável na camisa enorme, e ele se pegou
gostando do fato de ela usá-la.

Ele desviou sua atenção dela e voltou para Kyle. Stefan mudou de
posição enquanto mordia profundamente seu pulso. Ele o segurou na boca de
Kyle, e o alívio o encheu quando o menino começou a engoli-lo. Isabelle seguiu
ansiosamente ao lado dele, mancando enquanto ele caminhava pelo caminho
em direção à casa.
— Você está bem? — Ele demandou. Seus olhos voaram para o rosto
dele, e ela assentiu. — Por que você está mancando?

— Uma estaca atravessou meu sapato.

As palavras dela fizeram o braço dele se contorcer ao redor de Kyle. —


Você poderia ter sido morta! — ele cuspiu.

— Eu tive que fazer isso — ela sussurrou.

— Ele vai ficar bem? — Cassidy perguntou ansiosamente.

Stefan apertou sua mandíbula quando ele se virou para olhar para a
pequena garota pairando ao lado de Isabelle. O braço de Isabelle envolveu
seus ombros trêmulos enquanto ela a abraçava. Seus grandes olhos azuis
estavam cheios de lágrimas enquanto ela olhava ansiosamente para seu irmão
gêmeo. — Eu não sei — ele respondeu honestamente.

Ele saiu da floresta e atravessou o quintal em direção à casa de Liam.


Vicky e Abby começaram a correr quando os avistaram. — O que aconteceu?
— Vicky chorou. — Oh não, Kyle!

Lágrimas escorriam por seus rostos enquanto olhavam ansiosamente por


cima do ombro de Stefan para ele. Stefan rapidamente o carregou escada
acima enquanto Isabelle se apressava para abrir as portas de vidro. Willow
correu para a direita e escancarou as portas de madeira fechadas da sala de
estar. Stefan rapidamente entrou e deitou Kyle no sofá. Ele puxou a camisa de
Kyle sobre a cabeça para poder ver melhor as feridas irregulares.

— Mãe mãe! — Vicky gritou enquanto subia as escadas.

Isabelle correu para o banheiro e arrancou as toalhas do armário. Ela


ignorou o desconforto ardente em seu pé enquanto corria de volta para a sala
de estar. Sua mãe desceu correndo as escadas, seus olhos se arregalaram de
horror quando ela olhou para Isabelle. Então ela se virou e ficou boquiaberta
quando viu Stefan e Kyle.
— Kyle! — Sera chorou.

Ela correu para a sala e caiu ao lado de Stefan. Ela pressionou contra as
feridas enquanto tentava parar o fluxo de sangue com as mãos. Isabelle se
apressou para entregar à mãe as toalhas que havia recolhido. As mãos de sua
mãe tremiam enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto.

— Vamos, querido — Sera sussurrou enquanto usava as toalhas


molhadas para limpar o sangue.

As feridas pareciam estar cicatrizando agora, lentamente. As mãos de


Isabelle tremiam quando ela deu outra toalha à mãe. O olhar de Isabelle foi
para Stefan enquanto ela instintivamente o procurava por segurança ou
alguma ajuda. Seus olhos estavam turbulentos, seu rosto, peito e abdômen
estavam manchados com o sangue de seu irmão enquanto ele a agarrava. Ela
apertou a mão dele, imediatamente confortada por seu toque enquanto o calor
de sua mão a queimava. Ela sufocou um soluço quando caiu contra o encosto
do sofá.

Ele apertou a mão dela e a soltou. Um sentimento avassalador de


desespero tomou conta dela quando seu olhar voltou para Kyle. O pulso de
Stefan pressionado contra sua boca, sua outra mão embalada sob a cabeça
de Kyle enquanto ele o segurava firmemente contra seu braço. Outra emoção
cresceu dentro dela, uma quase tão avassaladora quanto seu medo enquanto
observava como ele era gentil com seu irmão.

Levou um momento para identificar o que era e, quando o fez, acertou


seu estômago com a força de um punho. Ela inalou ruidosamente enquanto
lutava contra o pavor que crescia dentro dela. Os olhos de Stefan estavam
tempestuosos quando voltaram para ela. Seu olhar rapidamente procurou seu
rosto manchado de sangue.

Ela o amava, ela verdadeiramente o amava. Isabelle se forçou a respirar


fundo antes de desmaiar ou vomitar. Ela não sabia como ou quando tinha
acontecido, mas tinha. A emoção avassaladora de amor que a atravessava a
fez tremer. Ela nunca quis ser tão vulnerável a ninguém. Ela morreria por ele, e
certamente morreria sem ele.

— Isabelle — disse ele.

Ela se forçou a deixar a emoção de lado enquanto se concentrava em


seu irmão novamente. Os ferimentos pareciam melhorar a cada segundo
enquanto sua mãe tirava uma toalha apenas manchada de sangue, não
saturada. Estava começando a se reconstruir, fechando o buraco que passava
direto antes. O alívio fluiu através dela, deixando-a fraca e trêmula enquanto
ela colocava uma mão contra o encosto do sofá e se apoiava nele para se
apoiar.

— O que aconteceu? — perguntou Kathleen.

Isabelle se virou quando Kathleen, Delia e Jess apareceram na porta. Os


olhos de Jess se fixaram em Isabelle, o ódio brilhou através deles quando Jess
percebeu que Isabelle estava vestindo a camisa de Stefan. Um pequeno tremor
balançou Isabelle quando a força daquele ódio a atingiu.

Um rosnado baixo soou atrás dela, e os olhos de Jess instantaneamente


dispararam para Stefan. Sua mandíbula travou quando ele olhou para Jess.

— Precisamos chamar uma ambulância! — Kathleen quebrou a tensão


enquanto girava em direção à cozinha.

— Não! — Stefan comandou, parando Kathleen no meio do caminho. —


Não haverá ambulância. Não há absolutamente nada de errado aqui. Vocês
não viram nada, vocês não sabem de nada. Todos vocês precisam voltar lá
para cima e ficar lá o resto do dia. Agora!

Isabelle deu um pulo quando ele gritou a última palavra. Um músculo se


contraiu em sua bochecha e uma veia latejou em sua testa enquanto ele
continuava a encarar Jess. Isabelle instintivamente apertou a mão dele para
acalmá-lo. Ele se virou para ela, seus olhos brilhando. Ele permaneceu rígido
por um segundo, mas então sua mandíbula relaxou e seus olhos gradualmente
voltaram ao preto. A mão dela apertou a dele antes de soltá-lo e voltar sua
atenção para a porta. Jess, Kathleen e Delia já haviam partido.

Ela se virou quando sua mãe levantou a toalha do peito de Kyle para
inspecionar as feridas. Eles estavam curando mais rápido agora. O alívio
começou a reclamá-la, mas ela estava com medo de que fosse muito cedo
para esperar que Kyle estivesse bem. Uma batida forte nos degraus de trás fez
com que ela virasse a cabeça enquanto todos corriam pelas portas de vidro.

O rosto de seu pai ficou branco quando seus olhos pousaram em Kyle.
— Não!

Isabelle se levantou enquanto ele corria para o lado de sua mãe. — O


que aconteceu? — Ethan exigiu.

— A armadilha para ursos — Isabelle sussurrou.

— Droga! Devíamos ter cuidado dessa coisa! Por que eles iriam chegar
perto dela? — Ethan exigiu.

Todos se viraram para olhar para Cassidy enquanto ela estava encolhida
atrás de Stefan. — Nós só queríamos olhar — ela soluçou.

Vicky se aproximou, passou um braço em volta de seus ombros trêmulos


e puxou-a contra seu lado.

— Ele vai ficar bem? — Davi exigiu.

— Acho que sim — disse Stefan.

Isabelle não conseguiu evitar tocá-lo novamente. Ela precisava senti-lo e


ser tranquilizada por sua presença.

— Você quer que eu faça isso? — sua mãe perguntou enquanto acenava
em direção ao pulso de Stefan.
Stefan olhou para ela e balançou a cabeça. — Meu sangue é mais forte,
vai ajudar mais.

Sua mãe assentiu fracamente enquanto seu pai passou o braço em volta
dela e a puxou para perto dele. A mão de Stefan apertou a de Isabelle quando
Kyle mordeu seu pulso. O alívio fluiu através dele enquanto ele bebia
profundamente e com prazer. Ele relaxou seu aperto na mão trêmula de
Isabelle, mas ela se recusou a soltá-lo.

Eventualmente, a mordida de Kyle diminuiu quando sua sede de sangue


diminuiu. Stefan puxou a toalha para revelar as feridas. Eles ainda tinham uma
aparência cruel, mas não sangravam mais, e ossos, músculos e pele agora se
uniam perfeitamente. Ele afastou o pulso da boca de Kyle quando o garoto o
soltou.

— Ele vai ficar bem — , disse ele. — Ele vai precisar de mais sangue e
provavelmente não vai acordar por um tempo, mas vai ficar bem.

Ele se levantou e se afastou para que Liam e Sera pudessem se


aproximar do filho.

— Você está bem? — Isabelle perguntou-lhe preocupada.

Ele olhou para ela enquanto assentia. Ela colocou os braços ao redor de
si mesma enquanto tentava aliviar o tremor de sua preocupação restante com
Kyle, e o choque de sua compreensão sobre Stefan. Isabelle correu para frente
e jogou os braços ao redor da cintura dele enquanto enterrava a cabeça contra
o peito dele. Lágrimas de alívio deslizaram por suas bochechas quando ele a
envolveu.

***
Isabelle sentiu-se esgotada quando se sentou à mesa da cozinha. Ela se
mexeu e se recostou contra Stefan. Seus braços apertaram ao redor de sua
cintura quando ela deixou cair a cabeça em seu ombro e se aninhou contra
seu pescoço. Seu cheiro familiar de ar fresco, madeira, sabão e puro masculino
encheu suas narinas. Sob seu cheiro familiar, ela de repente podia sentir o
cheiro de cobre de seu sangue.

Ela endureceu quando o desejo poderoso de provar seu sangue a


inundou. Ela nunca havia experimentado um desejo tão intenso antes, não tinha
pensado que fosse possível, mas de repente ela queria preenchê-la. Ela fechou
os olhos contra o desejo, mas o cheiro dele, e o poder irradiando dele fez sua
boca salivar. Ela queria gemer de fome queimando através dela, mas ela se
forçou a não revelar o súbito desconforto que a consumia.

Ela virou a cabeça para longe do pulso latejante em sua garganta e


descansou a cabeça contra seu peito. Ela forçou sua atenção para longe dele
e para os vampiros que os cercavam. Ethan, Ian, Mike, Doug, Jack e David
sentaram-se em silêncio ao redor da mesa, seus rostos tão cansados e tensos
quanto ela se sentia. Vicky, Abby e Julian sentaram-se na ilha, encostados
cansados um no outro. Willow saiu da sala de estar, seus ombros caíram
quando ela olhou para eles através dos olhos sombreados.

— Ele está acordado? — perguntou Doug.

— Não. — Isabelle suspirou e fechou os olhos enquanto se aconchegava


mais perto do calor de Stefan, permitindo-se ser confortada pela batida
constante de seu coração. Ela sufocou um bocejo quando uma onda de
exaustão a varreu.

Stefan baixou a cabeça para descansar na dela e inalou seu cheiro doce
e reconfortante. Ela havia tomado banho, seu cabelo ainda estava úmido e o
cheiro dele era limpo e refrescante. Sob as calças largas e a camisa que ela
usava, ele sabia que ela estava completamente nua. Esse conhecimento o fez
ficar ereto há muito tempo, e ele estava lutando desesperadamente contra
seus instintos mais básicos enquanto ela se aconchegava mais perto dele. O
movimento fez sua ereção saltar e pulsar.

Ele cerrou os dentes contra a crescente dor em seu sexo enquanto


afastava a curva óbvia de seu traseiro. Ela estava completamente exausta,
tanto emocional quanto fisicamente, a última coisa que ela precisava agora era
saber o que ele estava pensando.

Ele olhou para o pé enfaixado dela, sabendo que o corte já estava


curado, mas a visão da bandagem umedecida com sangue causou raiva e
medo em seu corpo. Ele ia falar com ela mais tarde sobre se colocar em perigo.
Ele sabia que ela não iria gostar, mas ele seria amaldiçoado se ela se
machucasse ou algo pior. Ela precisava começar a pensar em si mesma, nele,
se algo acontecesse com ela...

O pensamento por si só desencadeou algo primitivo nele. Isso o fez


querer destruir o mundo e todos nele. Enquanto ele estivesse vivo, nada iria
acontecer com ela, e se ela não começasse a cuidar melhor de si mesma, ele
iria trancá-la em algum lugar seguro. Ele não se importava se ela o odiava por
isso, mas faria isso se isso significasse mantê-la protegida e viva. Ele não
achava que poderia sobreviver sem ela.

A realização trouxe um fluxo de emoções. Ela levantou a cabeça para


olhá-lo interrogativamente, mas ele forçou seu rosto a permanecer
inexpressivo quando encontrou seu olhar. Ele descobriria tudo mais tarde,
falaria com ela mais tarde sobre isso, mas não agora. Ela tinha o suficiente em
sua mente agora. Ele tinha o suficiente em sua mente agora.

Ele a beijou na ponta do nariz e ela sorriu. Aquele sorriso apertou seu
coração e o fez endurecer ainda mais. Ele se mexeu enquanto tentava aliviar a
crescente pressão em seu pênis, e ela baixou a cabeça em seu ombro
novamente. Seus longos cílios roçaram seu pescoço enquanto seus olhos se
fechavam.
Liam apareceu na porta, seu rosto estava contraído quando ele se
encostou na moldura.

— Ele está acordado? — Abby exigiu.

— Não — Liam respondeu. — Vocês deveriam ir para a cama, vocês


parecem exaustos.

— Mas…

— Vá em frente — ele disse a eles, a expressão severa de sua boca não


deixava espaço para argumentos. — Ele provavelmente não vai acordar por
um tempo.

As crianças mais novas trocaram olhares rápidos, mas obviamente


decidiram que discutir não iria funcionar. — Boa noite — eles murmuraram
enquanto saíam.

O olhar de Liam voltou para eles. — Vocês deveriam ir para casa


também, vocês parecem um lixo.

— Você não parece muito melhor — retrucou Mike.

— Sim, mas eu vou ficar bem depois de dormir um pouco, você parece
uma porcaria o tempo todo.

— Você deseja — Mike murmurou.

Liam sorriu fracamente. — Vá em frente, saia daqui. Vocês já fizeram o


suficiente, descansem um pouco.

— Tem certeza, pai? — Isabelle perguntou.

— Sim.

Eles trocaram olhares rápidos antes de se levantarem. Isabelle tentou


sair do colo de Stefan, mas ele manteve seus braços firmemente ao redor dela
enquanto se levantava para seguir todos para fora. Ela sorriu quando passou
os braços em volta do pescoço dele e descansou a cabeça em seu peito. Ela
foi imediatamente confortada pela batida tranquilizadora de seu coração e pelo
calor de seu corpo. Seus olhos se fecharam enquanto ele a carregava escada
abaixo e para o campo.

— Você acha que ele vai ficar bem? — Ethan perguntou ansiosamente.

— Sim — Stefan respondeu.

Ele olhou para Isabelle e ficou surpreso ao perceber que ela estava
dormindo. — Obrigado — Ethan disse a ele.

Stefan olhou bruscamente para ele. — Eu não fiz nada.

— Você chegou lá muito mais rápido do que qualquer um de nós, e você


sabia que eles estavam em apuros.

— Eu sabia que Isabelle estava com problemas — ele corrigiu.

— Assim como no clube.

Stefan deu de ombros, mas foi cuidadoso para não sacudir Isabelle de
seu sono. — Sim.

O sorriso de Ethan desapareceu quando ele olhou para Isabelle. Stefan


a puxou contra ele, ficando tenso com o pensamento de que Ethan poderia
tocá-la, mas ele não fez nenhum movimento para fazê-lo.

— Você foi a última coisa que ela quis, você sabe — Ethan o informou.

— Por quê? — ele ralou.

Ethan abriu um sorriso ao encontrar o olhar furioso de Stefan. — Não


éramos os antissociais sem motivo.

— O que você está falando? — Ele demandou.


— Acalme-se — disse Ethan. — Só estou dizendo que ela ficou
escondida aqui, nunca se alimentou de humanos e os evitou a todo custo
porque essa era a última coisa que ela queria que acontecesse com ela.

Levou tudo o que Stefan tinha para não agarrá-lo e arrancar dele algumas
palavras que faziam sentido. — O que você quer dizer? — ele quase berrou.

Isabelle se mexeu ligeiramente, um braço caiu frouxamente em seu colo.


Stefan se forçou a respirar fundo e se acalmar antes de acordá-la. — Você
ainda não descobriu? — David perguntou incrédulo.

Stefan lançou-lhe um olhar furioso. — Descobriu o quê?

— Eu pensei que quando você voltou aqui era porque você sabia. —
David balançou a cabeça enquanto fechava os olhos e ria. — Cara, você é
burro.

— Olha...— Stefan sibilou. Isabelle choramingou enquanto enterrava a


cabeça no peito dele, instintivamente tentando acalmá-lo durante o sono.

— Isabelle nunca quis encontrar sua alma gêmea — Ethan explicou


rapidamente.

O pleno conhecimento do que Ethan disse o atingiu, tirando o fôlego de


seus pulmões enquanto ele congelava instantaneamente. Eles se viraram para
olhar para ele, várias expressões de diversão em seus rostos. Ele não achou
nada divertido na situação.

Ele balançou a cabeça enquanto olhava para a mulher enrolada tão


confiante em seus braços. Embora houvesse sombras sob seus olhos e um
olhar tenso ao redor de sua boca, ela ainda era a coisa mais linda que ele já
tinha visto. Não foi sua beleza que o atraiu de volta aqui, e não foi apenas sua
necessidade de possuir seu corpo. Era outra coisa, algo mais, algo que ele não
entendia até aquele instante. Agora, tudo estava começando a fazer sentido.

Como ele não soube antes?


De repente, ele entendeu sua necessidade desesperada por ela, sua
capacidade de alcançá-lo no clube, sua incapacidade de se separar dela e
porque ele ainda sentia a besta arranhando suas entranhas. Ele não a tinha
reivindicado totalmente. Ele queria se alimentar dela, prová-la e fazer com que
ela fizesse o mesmo, mas se conteve por causa do que aconteceu com ela no
clube.

Ele também nunca permitiu que ninguém se alimentasse dele até Kyle.
Com Kyle era uma necessidade, com Isabelle seria outra forma de marcá-la
como dele. Isso era parte do que o detinha, isso significaria que não haveria
como deixá-la ir, nunca. A ideia o assustou na época, mas agora...

Sua testa franziu quando ele olhou para ela em sua camisa. Era
ridiculamente grande nela, as mangas caíam sobre os cotovelos e a borda
terminava no meio da coxa. Uma onda de possessão o percorreu quando
percebeu quão delicadamente frágil ela era, quão mais fraca ela era do que
ele. O quanto ela precisava de sua força e proteção, especialmente de sua
imprudência.

Se ela tivesse escorregado hoje, se tivesse tropeçado, não estaria aqui


com ele agora. O demônio nele ferveu instantaneamente para a frente, ele se
enfureceu com a possibilidade de perdê-la. Se ela morresse, isso o destruiria.
Ele nunca sobreviveria sem ela.

Esse conhecimento o assustou como o inferno.

— Por que não? — As emoções correndo por ele forçaram sua voz
enquanto ele levantava a cabeça para olhar para Ethan.

Os olhos de Ethan estavam tristes e distantes enquanto ele encarava sua


irmã. — Ela nunca quis que sua existência dependesse da de outra pessoa.

Stefan sabia como ela se sentia. Não é de admirar que ela tenha saído
de seu caminho para evitá-lo. Ela havia reconhecido os sinais desde o início.
Ela não estava lutando contra ele, mas contra si mesma, e as implicações do
que sua chegada sinalizava. Ele entendia agora por que ela fugiu para dentro
de casa na primeira noite em que a viu. Entendido por que ele era incapaz de
desviar o olhar dela. Ele entendeu por que sentiu o pânico e a dor dela naquela
noite no clube, por que não podia deixá-la.

Ele era um idiota. Ele deveria saber o que estava acontecendo, deveria
ter reconhecido os sinais. Foi ele quem contou a David sobre Liam e Sera,
como ele poderia não saber?

Ele fechou os olhos e tentou resolver tudo. Ele não o reconheceu porque
nunca pensou que pudesse acontecer com ele. Ele nunca tinha pensado muito
na coisa de alma gêmea. Ele sabia sobre isso e o que significava, mas nunca
pensou que isso o afetaria.

Ele viveu muito tempo e nunca conheceu ninguém por quem consideraria
mudar ou se estabelecer para sempre. Depois de todos esses anos, ele não
acreditava que fosse possível encontrar alguém. Ele sabia agora que estava
completamente e totalmente errado.

Ele fechou os olhos e respirou fundo enquanto tentava absorver e


organizar tudo. — Merda — ele sussurrou.

— Estou surpreso que você não o reconheceu antes — David disse, a


diversão em sua voz apenas irritando Stefan ainda mais.

Ele se lembrou de como todos se comportaram perto dele na noite em


que ela foi ferida, e de repente fez sentido. Ele abriu os olhos e olhou para ela.
Ela parecia tão inocente e angelical, mas ele sabia o quanto as aparências
enganavam. Ela era uma diabólica irritante e enfurecedora e, para o bem ou
para o mal, ele estava preso a ela. Ele tinha que admitir, não importa o quanto
ela o irritasse, ele não se importava com a ideia de ficar preso a ela por toda a
eternidade. Era um conceito bastante atraente.

— Eu também — ele murmurou. — Há quanto tempo vocês se


conhecem?
— Desde a noite no clube — Jack respondeu.

Ele olhou para eles. — Por que você não me contou antes?

— Você saiu antes que tivéssemos a chance — Mike o lembrou. — E


uma vez que você voltou, nós assumimos que você descobriu.

Stefan franziu a testa enquanto olhava para Isabelle. David começou a rir
quando se virou e caminhou em direção à casa. — Parece que alguém acabou
de te dar um soco no estômago! — ele chamou por cima do ombro.

Ele sentiu como se alguém lhe desse um soco no estômago. Ele começou
a andar novamente, maravilhado com o que havia aprendido. Ele viu como
Liam e Sera estavam juntos, sua necessidade constante de se comunicar, sua
necessidade de se tocar e o profundo amor que compartilhavam.

Ele franziu a testa enquanto pensava nisso. Ele não amava Isabelle. Ele
gostava dela, ele a admirava, ele se preocupava com ela, mas não a amava.
Ele amava?

Ele olhou para ela enquanto uma emoção profunda e desconhecida


brotava dentro dele. Era algo que ele nunca havia sentido antes, e ele não
entendia. Ele queria mantê-la segura. Ele queria vê-la rir e ser feliz. Ele
precisava estar com ela e perto dela. Hoje, na cidade, ele sentia como se
estivesse saindo de sua pele sem ela. Ele sabia agora que era porque precisava
estar perto dela, tocá-la, abraçá-la o tempo todo. Era isso que era o amor?

Ele entrou na casa atrás de todos e a carregou pelas escadas do porão.


Ele empurrou a porta e a fechou atrás de si. Isabelle se mexeu quando ele a
colocou na cama, mas ela não acordou. Ele a despiu lentamente, com cuidado
para não despertá-la enquanto tirava a camisa e as calças largas.

Ele ficou parado por um momento, admirando seu corpo longo e elegante
e curvas suaves. O brilho prateado do luar destacou sua pele cremosa. Ele
desviou o olhar dela e rapidamente tirou as roupas. Ele se arrastou para a cama
ao lado dela, cerrando os dentes contra seus impulsos carnais enquanto a
puxava para seus braços. Ela murmurou, mas ainda não acordou enquanto
descansava a cabeça no ombro dele. Levou tudo o que tinha para não acordá-
la e fazer amor com ela, mas sabia o quanto ela precisava dormir, o quão
exausta estava.

Demorou muito até que ele finalmente adormecesse.


— O que você está fazendo? — Isabelle exigiu com uma risada enquanto
Stefan a guiava.

— Você vai ver — ele sussurrou com voz rouca em seu ouvido.

Arrepios percorreram sua espinha quando ela se aproximou dele,


saboreando a sensação de seu corpo sólido e quente contra o dela. Ela achava
que nunca iria se acostumar com a maneira como ele a fazia se sentir. Ela
gritou de repente quando ele se curvou e a levantou. Suas mãos
instintivamente agarraram seus ombros largos enquanto ele ria em seu ouvido.

— Eu não vou deixar você cair — ele prometeu.

Ela sorriu para ele enquanto ele a carregava rapidamente. Ela sabia que
eles estavam indo para a nova casa, mas ele insistiu em vendar seus olhos para
isso. Seu coração batia de expectativa enquanto ele subia os degraus da
varanda. Ela estava morrendo de vontade de ver a casa, já que eles se
recusaram a deixá-la perto dela quanto mais perto estava de ser concluída,
mas estar tão perto de Stefan estava despertando outro desejo, um que ela
não conseguia satisfazer o suficiente nos últimos dias. Ela se aconchegou mais
perto dele, pressionando seus seios provocativamente contra seu peito
enquanto suas mãos esfregavam sua nuca.

— A menos que você queira que eu te leve na frente de seus irmãos, é


melhor você parar. — Ele rosnou.

Isabelle sorriu para ele. — Parar o que? — ela perguntou inocentemente.

— Você sabe o que.


Uma porta se abriu e fechou. — Já posso ver? — ela perguntou
ansiosamente.

— Ainda não.

Ela suspirou enquanto ele subia as escadas e se movia rapidamente pelo


corredor. Ela franziu a testa enquanto levantava a cabeça de seu ombro. —
Acho que estamos perdendo a maior parte da casa. — Uma porta se fechou.
A testa de Isabelle franziu e depois clareou quando um arrepio delicioso a
percorreu. — Onde estão meus irmãos?

— Arrumando as coisas deles — Stefan disse enquanto a colocava de


pé e a virava para desamarrar a venda. — Mantenha os olhos fechados.

Ela quase pulou para cima e para baixo quando a venda caiu. — Ok —
ele sussurrou em seu ouvido. — Abra-os.

Ela engasgou de espanto e prazer quando viu o quarto. Foi pintado na


cor creme suave que ela escolheu. A guarnição de madeira que cercava a sala
era manchada de carvalho claro e brilhava à luz do sol que entrava pelas
janelas. Radiante, seu olhar pousou na cama king size de dossel, com sua linda
colcha verde, branca e amarela. Ela se lembra de ter dito à mãe que queria a
colcha para sua cama, mas esta cama não era dela. Ela não sabia de onde
veio, mas amou instantaneamente.

Uma mesa de cabeceira antiga estava ao lado da cama, sua lâmpada


Tiffany, com sua cúpula de vitrais multicoloridos, estava sobre ela. Ao pé da
cama estava o velho baú de cedro que ela possuía desde que era uma
garotinha. Sua escrivaninha ficava contra a parede esquerda, sob duas
grandes janelas voltadas para a floresta. No lado direito havia uma grande
janela saliente com um assento verde-esmeralda que dava para o lago
cintilante. Ela sabia que passaria muitas horas ali, enrolada, sonhando
acordada ou lendo.
— Quem fez tudo isso? — ela gritou enquanto corria pela sala e abria as
portas do grande closet. Era tão grande que ela poderia facilmente colocar uma
cama king-size dentro.

Isabelle riu com prazer enquanto corria pela sala e abria a porta do
banheiro. Ela congelou, com a respiração presa na garganta, antes de gritar
de alegria. As paredes foram pintadas com esponja em uma rosa sutil e cor de
pomba clara. Uma grande banheira de hidromassagem que ela nunca pediu foi
instalada.

Ela correu para pular nela e se esparramou por um minuto. Tudo dela se
encaixa com espaço de sobra. Ela pulou de volta para ver o resto da sala. Havia
um box ao lado da banheira com uma porta de vidro frisada. O balcão de
mármore verde que ela havia encomendado estava no lugar, mas continha
duas pias, em vez de uma. O sorriso dela cresceu ainda mais quando ela
percebeu que Stefan era quem fez as mudanças e providenciou a conclusão
do quarto.

Stefan observou divertido enquanto ela corria de volta para o quarto e


pulava na cama grande. — Você gosta disso?

Ela sorriu para ele enquanto balançava os braços sobre a cabeça e


saltava para atingir o teto. — Eu amo isso! Você fez tudo isso?

Ele sorriu enquanto se movia em direção a ela. Ela parou de pular na


cama para observar enquanto ele se aproximava com um brilho predatório nos
olhos. — Sua mãe pintou o banheiro. Eu não tenho paciência para essa coisa
de esponja.

— E a cama?

— Eu não pude resistir.

Ele sorriu para ela quando ela se aproximou dele. Seus olhos brilhavam
de felicidade, e o sorriso em seu rosto roubou seu fôlego.
— Tudo o que pude fazer foi imaginar as coisas que farei com você nesta
cama — disse ele com a voz rouca.

O calor a invadiu da cabeça aos pés enquanto seu corpo ficava tenso
com a antecipação. — E quem disse que você iria compartilhar isso comigo?
— ela brincou.

Embora ele soubesse que ela estava brincando, suas palavras fizeram
com que algo primitivo fluísse. Ele agarrou sua cintura, levantou-a da cama e a
jogou sobre ela. Ela gritou quando ele apoiou os braços ao lado de sua cabeça
e se inclinou sobre ela.

— Eu faço — ele falou.

Ele parecia extremamente letal enquanto seus olhos ardiam nos dela, e
sua mandíbula apertada. Ela não pretendia aborrecê-lo, mas obviamente sim,
e não entendia por quê. Ela acariciou sua bochecha e tentou aliviar o olhar
selvagem em seu rosto. Ele suavizou com seu toque, mas ainda havia um brilho
predatório em seus olhos que ela conhecia bem.

— Stefan — ela respirou.

Ele afastou o cabelo de seu pescoço, seus olhos se fixaram nele


enquanto piscavam em vermelho. Um arrepio de alarme e desejo a percorreu
enquanto ela lutava para respirar.

— Você sabe o que nós somos, Isabelle? — ele exigiu asperamente.

Seus lábios se separaram enquanto ela examinava seu rosto


ansiosamente. Ela sabia o que eram e o que sentia por ele, mas não tinha
certeza se ele já sabia. Ela com certeza não sabia o que ele sentia por ela, e
ela não iria dizer nada a ele se ele não sentisse o mesmo. Seus olhos eram
duros e turbulentos quando voltaram para os dela. A mão dela começou a
tremer em sua bochecha enquanto seu coração parecia inchar a ponto de
explodir.
— Você? — ela perguntou.

Sua boca se curvou em um sorriso, mas não alcançou seus olhos.

— Sim, eu sei — ele admitiu. Sua respiração congelou em seus pulmões


enquanto as lágrimas brotavam de seus olhos. — Você pode ter negado, no
começo, pode até estar tentando negar ainda, mas vai aceitar. Agora.

Ela teria rido de sua ordem, exceto pelo olhar em seus olhos, e suas
palavras a deixaram momentaneamente sem palavras. Ela engoliu em seco
quando sua mão caiu de seu rosto. — Você percebe o que está dizendo? —
ela perguntou.

— Sim, eu percebo, — ele falou. — Você entende o que estou dizendo?


Você precisa aceitar isso.

Isabelle riu enquanto emoções tão profundas e estonteantes explodiam.


Seus olhos escureceram e brilharam perigosamente. Ela percebeu que ele não
entendia que ela não estava rindo dele, mas porque estava alegremente feliz.

— Eu tenho — ela assegurou-lhe rapidamente.

Gradualmente, a animosidade em seu corpo diminuiu, e um sorriso


curvou sua boca sensual. — Bom.

A carícia de borboleta de seu beijo fez seu coração disparar e seu corpo
derreter. Ela passou os braços ao redor do pescoço dele e o beijou de volta
enquanto saboreava a sensação de sua boca contra a dela. Quando ele
lambeu seus lábios, ela os separou para aceitar sua invasão ansiosa e quente.

Isabelle se perdeu na sensação de sua boca e corpo enquanto ele se


movia sobre ela, saboreando-a, sentindo-a. Em algum lugar ao longo do
caminho, suas roupas desapareceram. Ela saboreou a sensação de sua pele
quente e músculos tensos enquanto ele deslizava sobre ela. O cabelo áspero
cobrindo seu peito largo a surpreendeu enquanto ela passava os dedos por ele
e se maravilhava com as diferenças entre seu corpo e o dela. Ela circulou seus
mamilos, beliscando e lambendo-os até que endurecessem sob seus cuidados.

Stefan deslizou suas mãos vagarosamente sobre sua pele acetinada,


memorizando cada curva, cada cavidade. Ele deixou um rastro de beijos no
pescoço dela, nas costelas e nos seios. Isabelle arqueou ainda mais para ele
enquanto ele puxava seu mamilo em sua boca. Ele mordiscou o botão como
se fosse a baga mais doce do mundo, o que para ele era. Suas mãos se
fecharam nas costas dele enquanto gemidos gloriosos e eróticos escapavam
dela.

Ele deslizou cada vez mais para baixo, deixando cair beijos sobre sua
barriga lisa antes de mergulhar em seu pequeno umbigo. Ela se contorceu
embaixo dele, sua respiração ficando mais rápida enquanto seus quadris
instintivamente se erguiam para ele, buscando sua invasão, sua posse. Stefan
se levantou rapidamente, Isabelle gemeu com a perda de contato, mas ele
agarrou seus quadris e a puxou para a beirada da cama. Ela engasgou quando
ele se ajoelhou no chão diante dela e usou as mãos para separar as coxas que
ela instintivamente tentou fechar.

— Stefan!

Seu sorriso era astuto e sensual enquanto ele depositava beijos delicados
ao longo da parte interna de sua coxa, e sua língua deixava uma trilha ardente
que a incendiava e derretia qualquer resistência. Hipnotizada, ela assistiu em
antecipação ofegante enquanto sua cabeça escura se inclinava entre suas
pernas. Suas mãos se fecharam na colcha quando ele separou suas dobras
sensíveis e começou a prová-la. A perversidade do que ele estava fazendo, e
as deliciosas sensações que provocava, quase a deixaram louca. Ela arqueou
contra ele quando ele empurrou sua língua mais fundo.

Stefan nunca provou nada tão doce quanto ela. Ela era como lava
derretida e mel em um só. Suas mãos soltaram os lençóis para enrolar em seu
cabelo, puxando-o para mais perto dela. Uma sensação de triunfo absoluto
tomou conta dele quando ela entregou tudo a ele. Ele começou a incitá-la mais
rápido, mergulhando profundamente dentro e fora enquanto seus gritos se
tornavam mais frenéticos, e ela começou a se contorcer com paixão
desenfreada na cama. Ele massageou seus seios enquanto usava o polegar
para acariciar o botão trêmulo entre suas coxas implorando por sua atenção.

Ela resistiu contra ele, um grito selvagem escapou dela quando suas
mãos apertaram em seu cabelo. Ele ignorou enquanto saboreava o gosto dela
e absorvia os tremores que a balançavam.

Ele se afastou dela, sorrindo com satisfação presunçosa enquanto olhava


para ela. O suor a escorria, e a paixão nublava seus olhos quando eles
encontraram os dele. Ela conseguiu dar um sorriso trêmulo quando ele se
ergueu, tomou conta de sua boca deliciosa e a penetrou. Isabelle gritou, seus
dedos cravaram em suas costas quando outra onda de êxtase caiu sobre ela.

***

Isabelle jogou o suéter em uma caixa e cantarolou alegremente baixinho


enquanto dançava pela sala. Ela não sabia que era possível ser tão feliz, tão
completa. Ela sentiu como se seu coração fosse explodir de alegria. Ela sabia
que estava agindo como uma tola, uma idiota apaixonada. Um sorriso curvou
sua boca enquanto ela jogava outro suéter na caixa. O conhecimento não a
assustava mais.

Ela estava apaixonada por Stefan, sem ele ela murcharia e morreria, mas
ela não se importava mais com essa consequência. Ela o queria, e só ele. Ela
ainda não havia revelado a ele que o amava, simplesmente porque uma parte
dela ainda estava com medo de que ele não sentisse o mesmo. Ela continuou
tentando dizer a si mesma que ele a amava, afinal, ele sabia que eles deveriam
ficar juntos, mas isso não significava necessariamente que ele a amava.
Bem, talvez sim. Ela não tinha certeza, mas achava que se as pessoas
fossem destinadas a serem almas gêmeas, então o amor teria que ser um fator,
não é? Sua testa franziu quando ela jogou outro suéter na caixa. Sua mãe e
seu pai se amavam muito, mas eles estavam apaixonados antes de sua mãe
descobrir o que seu pai era e antes de qualquer um deles saber algo sobre
almas gêmeas.

Isso não tinha acontecido com ela e Stefan, e ela não tinha certeza se
era assim que deveria funcionar. Talvez eles devessem se apaixonar primeiro
e depois descobrir sobre o vínculo de companheiro.

Ela deslizou em sua velha cama, um suéter bem apertado em sua mão,
enquanto olhava para a floresta através da janela. Se fosse honesta consigo
mesma, admitiria que uma parte dela o amava desde o início. Ela tinha sido
muito teimosa para aceitar isso ou reconhecê-lo.

Ela desejou não ter lutado contra ele tão implacavelmente. Ela deveria
ter corrido para ele de braços abertos e abraçado seu futuro em vez de se
esconder dele, mas ela tinha uma eternidade para compensar seu erro.

Isabelle pulou da cama, determinada a começar a fazer as pazes com


ele o mais rápido possível. Ela sorriu perversamente antes de perceber que não
estava mais sozinha. Ela se virou rapidamente para encontrar Jess na porta,
ódio escorria de cada poro de seu corpo.

A água escorria do cabelo de Jess, e seu maiô abraçava seu corpo ágil.
Ela se certificou de que Jess não estava por perto quando ela entrou, mas,
aparentemente, ela voltou do mergulho algum tempo depois que Isabelle saiu
do lado de Kyle.

— Vou sair em um minuto — Isabelle conseguiu dizer a ela através do


caroço repentinamente apertando sua garganta. Ela não queria pensar no que
havia acontecido entre Jess e Stefan, mas de repente não conseguia tirar isso
da cabeça.
Jess bufou enquanto se movia mais para dentro da sala. — Não se
apresse, afinal, é o seu quarto.

— Não mais. — Isabelle jogou o suéter na caixa e se virou para pegar as


camisas restantes da gaveta.

— Então, novamente, o que é meu é seu, certo, Isabelle?

Isabelle se forçou a respirar fundo e se virar para encará-la. Jess tinha


todo o direito de odiá-la e, se fosse o contrário, ela sentiria o mesmo. Mas ela
tinha que tentar dizer alguma coisa, fazer alguma coisa, para acalmá-la. —
Sinto muito, Jess — ela sussurrou.

— Por que não acredito em uma palavra do que você diz?

Jess estava determinada a desabafar com ela, e não havia muito que ela
pudesse fazer para impedi-la. — Você não precisa acreditar em mim, Jess,
mas é a verdade. Eu não queria que isso acontecesse. Apenas aconteceu.
Lamento que você tenha se machucado no processo, mas não há nada que
eu possa fazer sobre Isso agora.

Isabelle jogou os suéteres na caixa e fechou a tampa. Ela queria sair


desta sala da pior maneira possível. Erguendo a caixa em seus braços, ela
correu ao redor da cama. Jess instantaneamente se moveu para interceptá-la.

— Jess…

— Você se acha tão especial? Você se acha tão boa? Você é apenas
uma putinha, e ele vai te usar e te jogar de lado como a prostituta que você é!
— ela cuspiu.

— Eu te disse, sinto muito, não há mais nada que eu possa dizer. Se você
não aceitar, tudo bem. Agora saia do meu caminho!

— Te odeio! — Jess gritou.


Isabelle fechou os olhos quando um tremor balançou seu corpo. A
malevolência que emanava de Jess foi suficiente para afastar sua raiva
crescente. — Jess…

Ela nunca viu o tapa vindo, mas a força dele a fez cambalear para trás
quando o som dele ressoou por toda a sala. Isabelle engasgou quando a caixa
caiu de suas mãos repentinamente flácidas. Sangue encheu sua boca, e sua
bochecha ardeu com a força do golpe. Sua mão voou para sua bochecha e
lábio rachado enquanto ela olhava para Jess em descrença. Jess estava
tremendo, suas mãos cerradas em punhos ao lado do corpo enquanto ela dava
um passo à frente.

Um berro alto encheu a sala quando Stefan avançou com os olhos em


chamas. A boca de Jess caiu quando ela se virou para ele. Ele agarrou seus
braços e a ergueu do chão enquanto a puxava para frente. Jess gritou quando
seus pés chutaram no ar.

Isabelle saltou para frente para agarrar seu braço. — Stefan, não!

A fúria irradiando de cada centímetro dele encheu a sala e a sacudiu até


a medula de seus ossos.

Jess choramingou enquanto se contorcia em seu aperto. — Você está


me machucando!

— Eu vou te matar se você colocar a mão nela de novo! Se você olhar


para ela de novo! — ele rugiu. Jess ficou mole em suas mãos enquanto as
lágrimas enchiam seus olhos. — Você me ouve?

Jess choramingou novamente.

— Stefan, por favor, não — Isabelle implorou, puxando seu braço. Ela
tinha tanto efeito sobre ele quanto uma pulga teria.

— Você me ouve? — ele berrou.


— Sim! — Jess chorou. — Sim!

Ele ficou parado por mais um momento antes de finalmente soltá-la. Jess
tropeçou para trás, os joelhos dobrados quando ela caiu no chão antes de
cambalear rapidamente de volta. Isabelle deu um passo em direção a ela,
querendo ajudar, mas Stefan agarrou seu braço e a puxou de volta. Jess
lançou-lhes um olhar frenético antes de sair correndo da sala.

— Você está bem? — Ele demandou.

Isabelle virou-se para ele enquanto soltava o braço de seu aperto. —


Não! — ela gritou. — Não, eu não estou!

Seu rosto se suavizou quando ele deu um passo em sua direção, mas ela
se afastou rapidamente, balançando a cabeça enquanto levantava as mãos
para afastá-lo. — Isabelle…

— Fique longe de mim!

Lágrimas escorriam por seu rosto enquanto ela se abraçava e começava


a tremer incontrolavelmente. Sua linda bochecha estava avermelhada e com
hematomas garantidos, sangue pontilhava seu lábio cortado, escorrendo por
seu queixo trêmulo. O cheiro dele, doce e metálico, surgiu nele e fez com que
algo primitivo e selvagem se libertasse. Ele cerrou as mãos enquanto tentava
desesperadamente controlá-lo, reinar em sua necessidade selvagem de beber
dela.

Ele estava morrendo de vontade de prová-la, para que ela o provasse,


para preenchê-la em todos os sentidos, mas ele continuou a se conter. Ele não
tinha mais medo do que isso significaria, mas via a angústia encher os olhos
dela sempre que ele olhava para o pescoço dela. Essa angústia o mantinha
afastado, mas era cada vez mais difícil não tomá-la.

Agora, cheirando-a, vendo-a, ele estava incrivelmente perto de perder


todo o controle e forçá-la. Ele sabia que era o passo final, a única coisa que os
prenderia para sempre, e eles teriam que fazer isso, mas ele presumiu que
tinha tempo para isso. Ele estava errado.

Ela distraidamente limpou o sangue de sua boca. Os olhos de Stefan se


fixaram nele enquanto a fome o balançava. Isabelle choramingou. Ela olhou
para ele com cautela, seus olhos brilhando com lágrimas.

— Não — disse ela.

— Vamos.

Ela balançou a cabeça. Stefan lutou contra sua crescente frustração


enquanto se forçava a respirar fundo e se acalmar.

— Preciso ficar sozinha. Preciso pensar! — ela chorou.

— Não há nada para pensar! — ele quase rugiu.

Ela deu um pulo e seus olhos dispararam ansiosamente em direção à


porta. Ele a estava aterrorizando agora. Ela viu o desejo em seu olhar quando
ele viu seu sangue. Ela se lembrou da dor da última vez que alguém bebeu
dela. Estava gravado permanentemente em suas terminações nervosas, em
seu cérebro, e ela nunca deixaria isso acontecer novamente.

A fome dele, além do que aconteceu com Jess, era mais do que ela podia
suportar. Ela ainda estava tremendo com o ataque brutal de Jess e a
veemência avassaladora de Stefan. Ela precisava ficar sozinha, precisava de
tempo para pensar. Ela estava muito abalada para isso agora.

— Eu só preciso de alguns minutos — ela murmurou, tentando ganhar


tempo para segurar seu corpo trêmulo.

— Para que? — Ele demandou.


— Ela me odeia! — Ele deu um passo mais perto dela. Isabelle pegou
outro de volta, e seu calcanhar bateu na parede. Ela se prendeu. Ele deu mais
um passo em direção a ela. — Por causa de você!

A raiva crepitou e queimou através dele. — Não há nada que eu possa


fazer sobre isso!

— Apenas me dê tempo para pensar!

— Pensar sobre o que?

— Para resolver as coisas!

Ele estava diante dela, com as mãos na parede ao lado de sua cabeça
antes que ela o visse se mover. Seus olhos brilharam com um fogo que fez com
que ela soltasse um grito involuntário de alarme.

— Eu não posso desfazer meu passado, Isabelle — ele sibilou.

— Não me machuque.

Seu apelo sussurrado conseguiu rasgar sua fúria enquanto sua mão
tremulava sobre sua boca. O alarme em seu olhar e o tremor em seu corpo
fizeram com que o ódio de si mesma e o desgosto rolassem quando ele caiu
em sua direção.

— Eu nunca vou machucar você, Isabelle — ele prometeu. — Eu sinto


muito por Jess, eu realmente sinto, mas não posso fazer nada para mudar isso.
Ela irá embora em breve, e eu juro que não vou deixá-la tocar em você
novamente.

Ela mordeu o lábio inferior para reprimir um soluço e instantaneamente


se arrependeu da ação quando um flash de dor a sacudiu. Seus olhos brilharam
no sangue fluindo novamente.

— Não! — ela gritou enquanto se empurrava contra ele.


Stefan foi brevemente desequilibrado pela força por trás de seu impulso
repentino. Recuperando o equilíbrio, ele pegou o braço dela antes que ela
pudesse sair correndo da sala. Ela girou descontroladamente e atacou. Ele
agarrou a mão dela antes que ela pudesse arranhar seu rosto. Isabelle soluçou
e puxou seu braço enquanto tentava freneticamente quebrar o ferro em seu
pulso. Ele pegou o outro braço dela e o prendeu ao lado dela enquanto a
segurava com firmeza.

Ela tentou desesperadamente escapar dele, mas seu aperto era como
um torno de aço sobre ela. Ele era dez vezes mais forte do que ela e mais
determinado. Não haveria como se livrar dele, ele faria o que quisesse com ela.

— Você disse que não iria me machucar! — ela chorou.

Stefan fechou os olhos contra o tumulto de emoções que o balançavam.


Seu pânico era tangível enquanto batia contra ele em ondas pulsantes. Era a
única coisa que mantinha o demônio nele sob controle, a única coisa que o
mantinha um pouco no controle. Suas palavras sobre a necessidade de tempo
para pensar nas coisas, e sua tentativa de ficar longe dele, quase quebraram
cada grama de contenção que ele possuía. Isso trouxe o demônio explodindo
instantaneamente.

Ela era dele, e ele estava ficando cansado de se conter para não possuí-
la em todos os sentidos. Ele estava cansado da luta que ela ainda travou contra
ele, mesmo que ela não percebesse que estava fazendo isso. Ela estava com
medo do que aconteceria se ele bebesse dela, mas era algo que precisava ser
feito. Caso contrário, ele iria explodir e forçá-la, e ela nunca iria perdoá-lo se
ele o fizesse. Ele nunca se perdoaria. Mas isso iria acontecer em breve, quer
ela estivesse disposta ou não.

— Eu não quero te machucar, Isabelle.

— Eu posso ver, Stefan! Eu sei o que você quer!

— É o que eu preciso! Você é minha, Isabelle.


— Eu...— ela engoliu em seco enquanto as lágrimas escorriam por suas
bochechas. — Eu sei …

Ele respirou fundo enquanto apertava a mandíbula. Ele sabia que ela não
entendia o que ele estava tentando dizer a ela. Ele se forçou a soltar os braços
dela, ela estava assustada o suficiente sem ficar presa. Ele se aproximou e
pegou a caixa, determinado a mostrar a ela que não iria forçá-la a nada. Ainda
não. Se ela continuasse lutando contra ele, ele não sabia o que aconteceria.
Tomar seu sangue seria doloroso novamente se ela resistisse a ele, mas se não
o fizesse...

Ele não sabia como se sentiria se ela não resistisse a ele. Todos os
humanos dos quais ele se alimentou nunca souberam por que ele bloqueou
isso de suas mentes e memórias. A única pessoa que se alimentou dele, exceto
Kyle, foi a mulher que o transformou, e foi a experiência mais excruciante de
sua vida. Ele sabia por que Isabelle o temia, lembrava-se da agonia que o
reclamou, mas também sabia que isso era algo que ele queria, algo de que
precisava com cada grama de seu coração e alma.

— Vamos conversar sobre isso mais tarde.

Ele ergueu a caixa e se virou para encará-la. — Stefan…

— Até mais tarde, Isabelle.

Ela queria lutar com ele, queria protestar contra seu jeito arrogante e
autoritário, mas instintivamente sabia que ele ficaria furioso novamente. Ela viu
a raiva consumindo-o, viu a quase perda de controle que ele exibia. Ela estava
com medo de que isso acontecesse de novo, e desta vez ele não voltaria.

Isabelle estremeceu quando passou os braços em volta de si mesma. Ela


sabia o que ele queria dela, mas não podia dar a ele.
— Eu não posso acreditar que aquela cadela deu um tapa em você!

— Abigail! — sua mãe disse bruscamente.

Abby lançou a ela um olhar triste, mas seus olhos estavam cheios de fogo
quando ela se virou para Isabelle. — Você deveria ter batido nela de volta!

— Ela tem o direito de estar brava, Abby — Isabelle disse.

— Ela não! — Vicky gritou.

Isabelle fechou os olhos e respirou fundo enquanto rezava por paciência.


Ela não precisava de suas irmãs reclamando e delirando acima de tudo em sua
mente. O dia estava totalizando um dia ruim. Não ajudou Stefan deu a ela o
tempo que ela pediu, e foi com seu pai e David para alimentar. Seu corpo
ansiava por seu retorno. Estava começando a ficar quase intolerável.

Ela bateu o rolo contra a parede enquanto cerrava os dentes contra a


dor aguda em seu corpo.

— Estou feliz que ela vá embora amanhã. Não sei como Kathleen tem
uma bi... bruxa tão miserável como filha.— Abby se conteve bem a tempo
quando sua mãe lhe lançou um olhar de advertência.

— Eu não sei o que Stefan viu nela em primeiro lugar. Quero dizer, como
ele pode estar com alguém assim?

A mandíbula de Isabelle apertou enquanto o ciúme a atravessava. Por


um momento, a sala ficou sombreada por uma névoa vermelha enquanto suas
mãos apertavam a alça do rolo em um aperto mortal.

— Ele poderia ter sua escolha de mulheres, o que…


— Vicky! — Isabelle jogou o rolo no chão e girou para encarar as irmãs.

— O que? — ela perguntou confusa.

— Suficiente! — Isabelle latiu.

— Eu só estava dizendo…

— Porque vocês meninas não vão para casa — sua mãe interrompeu
quando ela se virou para encará-las. Seus olhos focaram interrogativamente
em Isabelle. — Está ficando tarde.

Eles estavam prestes a protestar, mas decidiram melhor quando olharam


para Isabelle. — Ok — Vicky murmurou.

— Nos vemos amanhã — disse Abby.

Isabelle esfregou os olhos cansadamente.

— Se importa em me dizer o que há de errado? — sua mãe perguntou.

— O que não está errado? — ela murmurou.

— Isabelle…

Ela ergueu a mão, precisando de alguns minutos para organizar seus


pensamentos. Tudo dentro dela estava uma bagunça. Ela precisava de Stefan
com ela. Ela queria que ele fosse embora, para lhe dar tempo para pensar,
agora tudo o que ela queria era que ele voltasse. Doeu quando ele saiu. Ela
não conseguia pensar, mal conseguia funcionar, e agora o ciúme estava
arranhando suas entranhas novamente. Ele estaria se alimentando de
mulheres, e ela não podia deixar de se perguntar o que mais ele faria com elas.
O pensamento trouxe o vampiro nela para o primeiro plano. Ela tremeu
enquanto lutava para retirá-lo, para mantê-lo sob controle.
Finalmente, ela levantou a cabeça e encontrou o olhar preocupado de
sua mãe. — Eu só... eu me sinto... horrível — ela respirou.

Sua mãe sorriu conscientemente e acenou com a cabeça enquanto


deixava cair o rolo. — Ele estará de volta em breve.

— Eu sei que não sei o que ele está fazendo, onde ele está ou com quem
ele está!

A testa de sua mãe se franziu quando o ciúme nela ferveu. Ele a agarrou
e rasgou suas entranhas. — Isabelle, ele não está com mais ninguém.

— Como eu sei disso? Você ouviu Vicky e Abby, ele pode escolher as
mulheres que quiser, e eu não sei o que ele está fazendo com elas!

— Ele não quer ninguém além de você. Você é isso, por toda a
eternidade. Duvidei disso no começo. Achei que seu pai iria se cansar de mim,
ou encontrar outra pessoa, ou querer outra pessoa, mas é impossível, Isabelle.
Por mais inacreditável que isso soa, é impossível.

Isabelle quase caiu contra a parede, mas conseguiu se segurar a tempo.


— Por quê?

Sua mãe sorriu e deu de ombros. — Eu não sei, mas se você não acredita
em mim, pergunte a si mesmo se você gostaria de outra pessoa?

A resposta a essa pergunta foi instantânea. — Não.

— Acredite em mim quando digo que é o mesmo para ele.

Isabelle assentiu enquanto olhava ao redor da sala de estar vazia. Ela


estava longe de ser apaziguada. Sua mãe e seu pai eram diferentes. Isabelle
nem tinha certeza do que Stefan sentia por ela, além de pensar que ela
pertencia a ele e eles eram almas gêmeas, mas ela queria mais. Ela queria o
amor dele, e não tinha certeza se o tinha.
— Tem mais, não tem? — sua mãe perguntou.

— É doloroso quando o papai te morde?

Sua mãe franziu a testa enquanto seus olhos escureciam com


preocupação. — No começo doeu, mas agora, nem um pouco. Por quê?

Isabelle passou os braços ao redor de si mesma enquanto voltava o olhar


para a janela. — Eu só estava pensando — ela murmurou.

— Isabelle…

A abertura da porta cortou tudo o que sua mãe ia dizer. O coração de


Isabelle disparou com antecipação enquanto seus braços caíam para trás ao
lado do corpo. Uma aguda decepção caiu sobre ela quando Ethan entrou com
Jack e Ian. As caixas estavam equilibradas ao acaso em seus braços enquanto
paravam na porta para observar a sala meio pintada.

— Parece bom — comentou Jack.

— Nós ou as paredes? — sua mãe perguntou alegremente.

— Ambos — Jack respondeu com um sorriso. — Embora eu não tenha


certeza do que tem mais tinta, vocês ou as paredes.

Isabelle sorriu enquanto olhava para suas roupas e braços respingados


de tinta. Ela costumava ser meticulosa quando pintava, mas esta noite ela foi
incapaz de manter sua mente focada no que estava fazendo. — Eu vou tomar
um banho — ela murmurou.

Ignorando os olhares curiosos lançados em sua direção, ela saiu da sala


rapidamente. Subiu as escadas correndo, precisando de repente do santuário
de seu quarto e do conforto de um banho. Ela ficou sob o fluxo de água
batendo, esperando que isso a aliviasse. Quando ficou óbvio que a água não
aliviaria sua angústia, ela a desligou e saiu.
Ela deslizou a camisola pela cabeça, escovou o cabelo e voltou para o
quarto. O cheiro de Stefan permanecia em todos os lugares, servindo apenas
para reforçar a solidão que rasgava seu coração e estômago. Sentou-se
desanimada na cama, juntou os joelhos ao peito e envolveu-os com os braços
para afastar a desolação que a consumia. Lágrimas escorriam por suas
bochechas enquanto ela observava o tempo passar lentamente.

Passava das onze quando a porta finalmente se abriu. Um grito de prazer


escapou dela quando ela pulou da cama e correu para ele. Ele grunhiu com a
força do impacto dela quando ela passou os braços ao redor de sua cintura e
enterrou a cabeça em seu peito. Ele chutou a porta antes de passar os braços
ao redor dela e puxá-la para perto dele.

A sensação dele instantaneamente fez com que a dor dentro dela


diminuísse, mas sua preocupação permaneceu enquanto ela tentava
desesperadamente se aproximar dele, enterrar-se nele. Não foi o suficiente, ela
não conseguia chegar perto o suficiente.

Ele ergueu o queixo dela com o dedo. — Qual é o problema, amor?

Ela estremeceu quando o carinho escapou dele e fez com que seu
interior se derretesse. — Dói — ela sussurrou. — Quando você foi embora. Eu
estava com medo de que você não voltasse.

— Eu não vou a lugar nenhum, Isabelle, nunca. — Seu tom era muito
mais duro do que pretendia, mas como ela poderia duvidar de seus
sentimentos por ela?

— Você saiu uma vez.

Ele cerrou os dentes quando a frustração o dominou. — Eu não vou a


lugar nenhum sem você, Isabelle. A maneira como você se sente quando
estamos separados é como eu me sinto.
Ela olhou duvidosamente para ele, seu lábio inferior tremeu enquanto as
lágrimas escorriam por suas bochechas. — Você pode ter quem quiser.

A exasperação o percorreu. Ela precisava saber como ele se sentia,


precisava saber que ela era dele, e não haveria como separá-los. Só havia uma
maneira que ele sabia como fazer isso com certeza. Compartilhar sangue
selaria seu vínculo, permitiria que ela o visse e que ele a visse. Ele não poderia
ter certeza de como ela se sentia até que pudesse abrir o caminho de
comunicação entre eles.

Ele agarrou sua cintura, levantou-a e a carregou até a cama. Ele se


sentou na ponta dela e a colocou em seu colo. Seus cílios caíram para velar
seus olhos e sombrear suas bochechas. Ele cutucou o queixo dela gentilmente,
forçando-a a olhar para ele. A vulnerabilidade em seu olhar rasgou seu
coração.

— Isabelle, nós somos almas gêmeas. Você pertence a mim, você é uma
parte de mim, e eu sou uma parte de você.

Ela assentiu enquanto seus olhos procuravam seu rosto. — Mas…

— Não há mas... — disse ele com força. — É assim que é. Você pode
não ter querido, diabos eu não queria. — A mágoa brilhou através de seus
olhos. Ele silenciosamente se xingou. Ele deveria estar aliviando seus
problemas e dúvidas, não aumentando-os. — Mas eu não mudaria nada disso.
Se eu soubesse que você estava aqui, teria vindo buscá-la antes. Eu estava
ficando cansado de viajar, cansado de viver sozinho. Quando cheguei aqui e
vi como todos estavam felizes, eu queria a mesma coisa. Quando te conheci,
queria você com uma intensidade tão intensa que beirava a obsessão. Quando
saí daqui, não conseguia me controlar ou o que estava fazendo. Não pensei
em nada além de você desde o instante em que nos conhecemos.

— E quanto a Jess?
Seus olhos brilharam de raiva. — Merda, Isabelle, porque você nunca
pode ouvir o que estou dizendo para você! Você sempre deve lutar comigo?

Ela engoliu o súbito nó na garganta. — Eu não quero, eu só... estou com


ciúmes — ela confessou, suas pálpebras abaixadas para sombrear seus olhos
novamente enquanto um rubor se espalhava por suas bochechas.

A confissão disparou um raio de pura satisfação masculina através dele.


Ele estava feliz por ela estar com ciúmes, mesmo que isso a aborrecesse. Isso
ajudou a garantir que ela realmente se importava com ele, e ele ficou feliz em
perceber que não era o único nesse relacionamento que ficava facilmente com
ciúmes. Ele sorriu enquanto afastava o cabelo de sua bochecha e o colocava
atrás da orelha.

— Não posso mudar meu passado, mas no minuto em que te conheci,


não quis mais ninguém — disse ele.

Ele estava mentindo para ela, e se mentisse para ela sobre isso, mentiria
para ela sobre qualquer coisa. Os olhos dela voaram de volta para os dele. —
Não minta para mim. Eu senti o cheiro dela em você!

Sua mandíbula se apertou e uma veia apareceu em sua testa. Ela olhou
desafiadoramente para ele, recusando-se a recuar.

— Eu não estou mentindo para você — ele falou.

Isabelle lutou para se livrar de seu aperto. Ele a puxou de volta, suas
mãos sobre ela estavam rígidas enquanto ele se agarrava a ela. Ela parou de
lutar enquanto se virava para ele, seus olhos queimando em um tom brilhante
de vermelho. Foi a primeira vez que ele a viu perder completamente o controle
do demônio dentro dela, e isso sacudiu a raiva dele.

— Se você mentiria sobre isso, então sobre o que mais você está
mentindo? — ela gritou.
Ele levou um segundo para perceber que era mais medo do que raiva a
irritando. Ele estendeu a mão para acariciar sua bochecha com o dedo.

Ela deu um tapa na mão dele enquanto as lágrimas enchiam seus olhos.
— Não!

Ele respirou fundo e se forçou a manter a calma. Ela estava chateada,


com raiva e com medo de que ele não se importasse com ela. A única coisa
que ele poderia fazer para tranquilizá-la foi dizer a ela a verdade. Essa era a
última coisa que ele queria fazer. Ela já exercia poder suficiente sobre ele sem
lhe entregar outra arma.

— Fui para a cama naquela noite com Jess, mas não terminei. Mal
comecei. Não conseguia tirar você da cabeça. Não tive satisfação naquela
noite, nem em nenhuma depois disso, até você. Essa é a verdade.

Ela sentou-se em silêncio, sua cabeça abaixou enquanto ela pensava


sobre suas palavras. O ciúme ardente a fez querer atacá-lo, mas ela segurou
a língua. Ela não queria discutir com ele, mas havia tantas mulheres em seu
passado, como ele poderia ficar feliz em se estabelecer apenas com ela pelo
resto de sua existência? Uma lágrima escorreu por sua bochecha, ele enxugou
enquanto virava a cabeça dela para encará-lo.

Ela ergueu os cílios para encontrar seu terno e amoroso olhar. Isso a
derreteu até a ponta dos dedos dos pés. — Além disso, e quanto a todos os
homens do seu passado, talvez você fuja com um deles?

Ele tentou manter seu tom leve e provocador, mas o pensamento quase
o levou à beira da sanidade quando uma onda de possessividade rasgou
através dele. Ele mataria qualquer um que pensasse em tirá-la dele, em tocá-
la. Toda a cor se esvaiu de seu rosto. Ele franziu a testa para ela em
perplexidade quando ela arrancou o queixo de seu aperto.

— Não há homens no meu passado! — ela estalou, seus olhos brilhando


violentamente. — Você é isso!
Ele suspirou quando percebeu que ela havia entendido mal. — Eu sei que
você era virgem, mas você é uma mulher bonita, tenho certeza que você teve
namorados na escola — ele acalmou. — Isabelle…

— Não havia mais ninguém — ela sussurrou tão baixinho que ele mal a
ouviu. As pontas de seus cílios estavam molhadas contra sua pele quando
outra lágrima escorregou.

Ele franziu a testa enquanto olhava para ela. — O que você está dizendo?

O rosto dela se encheu de cor e ela se mexeu desconfortavelmente no


colo dele. Ela tinha certeza de que nunca havia sido tão humilhada em sua vida.
Toda essa situação era tão injusta! Ela desejou fervorosamente ter se jogado
em todos os garotos do ensino médio, e todos os caras que ela conheceu
desde então, para que ela pudesse estar em pé de igualdade com ele. Por
outro lado, mesmo que ela dormisse com todos os caras do ensino médio, o
campo dele ainda seria muito mais cheio do que o dela.

— Isabelle — ele solicitou. Ele não pensou que fosse possível, mas o
rosto dela ficou ainda mais vermelho quando ela teimosamente se recusou a
encontrar seu olhar.

— Você é o primeiro em tudo, Stefan.

Mais uma vez, ele se esforçou para ouvir o que ela estava dizendo, mas
quando as palavras foram absorvidas, elas o deixaram sem fôlego. Ele olhou
para ela com admiração, enquanto a conquista suprema o inundava. Ninguém,
exceto ele, jamais a havia tocado. Sua satisfação durou pouco quando outra
lágrima escorreu por seu rosto escarlate. Foi então que ele entendeu o que ela
estava passando, por que ela estava tão insegura de si mesma e de seu
compromisso com ela. Onde o passado dela era uma lousa em branco, o dele
era um pergaminho cobrindo quilômetros de terra. Devia ser intimidador saber
disso.
Ele recuperou o queixo dela e o virou para ele. — Olhe para mim, Isabelle.
— Ela mordeu o lábio inferior enquanto timidamente levantava o olhar para ele.
— Há muitas pessoas no meu passado, mas nunca senti por nenhuma delas o
que sinto por você. Nunca. Você é isso, a única que sempre importou para
mim. A única que sempre importará.

Ela olhou para ele com dúvida antes de baixar os cílios novamente. Ele
cutucou seu queixo para cima. Quando ela olhou para ele, ele continuou
falando. — Somos almas gêmeas, Isabelle, mas o vínculo ainda não está
completo. Essa é a razão pela qual você tem alguma dúvida sobre mim, a razão
pela qual dói a você e a mim quando não estamos juntos. Uma vez que forjamos
o vínculo, nós Poderemos nos comunicar o tempo todo. Não vai doer quando
estivermos separados, e você nunca mais duvidará do que sinto por você.

Ela lambeu os lábios nervosamente, Stefan sentiu-se endurecer contra


ela enquanto observava fascinado a delicada ponta de sua língua. — Como?
— ela sussurrou trêmula.

— Precisamos trocar sangue.

Seu rosto ficou mortalmente branco em um instante. — Não!

— Isabelle, me escute. Devemos fazer isso. Isso torna o vínculo


completo.

— Eu acredito em tudo que você diz! — ela chorou. — Eu confio! Eu


confio em você completamente.

Ele se forçou a permanecer paciente. — Tem que ser feito, Isabelle. Eu


preciso fazer isso, e logo. Eu prefiro que você esteja disposta a tirar isso de
você à força um dia.

— Você não vai — ela respirou.

— Sim, eu vou. Eu tenho que fazer, o demônio em mim tem que fazer.
Eu tenho que marcar você como minha, Eu tenho que estabelecer essa
conexão. Caso contrário, eu vou quebrar. Estou me segurando porque sei que
você está com medo, mas está ficando mais difícil de controlar a cada dia, a
cada momento que passa. Contanto que você não lute comigo, será
desconfortável apenas por um segundo, e então não será nada.

Ela o estudou apreensivamente. — Você promete? — ela sussurrou


trêmula.

— Sim. — Isabelle engoliu a apreensão que ameaçava sufocá-la. — Você


pode me provar primeiro se você não acredita em mim.

— Eu nunca mordi ninguém — ela sussurrou quando uma pequena


emoção a percorreu com a ideia. — Vou feri-lo.

— Não, você não vai. Você saberá o que fazer, e eu quero que você
saiba.

Ela queria fazer isso por ele, mas queria mais para si mesma. Ela se
lembrou de como o sangue dele parecera tentador na outra noite. Ela queria
prová-lo, para que ele a preenchesse. Algo dentro dela se emocionou com a
ideia e a ansiava. Suas mãos se curvaram em seu colo enquanto ela fechava
os olhos contra a sede de sangue que a consumia. Stefan a puxou contra ele
quando ela começou a tremer.

Ele fechou os olhos enquanto a embalava suavemente, a necessidade


que irradiava dela inflamava a dele. Ele a ergueu e a colocou na cama antes de
se levantar e dar alguns passos para trás. Ele precisava ficar longe dela para
que pudesse se controlar. Ela manteve os olhos firmemente fechados enquanto
cerrava as mãos no colo. Com a discreta camisola branca e seu cabelo fluindo
livremente ao seu redor, ela parecia tão vulnerável e inocente.

Ele se afastou dela e arrancou a camisa com movimentos violentos. A


besta nele estava clamando para se libertar. Ele estava preocupado por ter
esperado muito tempo, que não seria capaz de se impedir de machucá-la. Se
isso acontecesse, ela nunca o perdoaria, e ele nunca se perdoaria. Ele rasgou
a calça jeans e a cueca e respirou fundo antes de se virar para ela. Ela ainda
estava sentada com a cabeça baixa e as mãos trêmulas apertadas no colo.

Ele respirou fundo e se forçou a se acalmar antes de voltar e levantá-la.


Ele a colocou em seu colo e passou os braços ao redor de sua cintura. Ele
percebeu tarde demais que nunca deveria tê-la tocado, nunca deveria ter se
colocado tão perto dela. Ele deveria ter esperado até amanhã, quando teria
mais controle sobre si mesmo. Ele podia ver as batidas de seu coração
pulsando na veia de seu pescoço, sentir o aroma tentador e doce de seu
sangue. Ela estremeceu contra ele.

— Isabelle — ele resmungou com a voz rouca. — Olhe para mim.

Seu tremor aumentou. Ela mordeu o lábio inferior para tentar pará-lo, e
então gritou quando seus dentes perfuraram sua pele. Ela estava perdendo.
Ela nunca se sentira tão consumida pela necessidade. Ela não podia olhar para
ele, ele iria ver, ele saberia, e ela estava certa de que a visão dele a faria
quebrar.

— Olhe para mim — ele ordenou.

Os olhos de Isabelle estavam selvagens quando se abriram. O corpo de


Stefan se contraiu quando ele viu o fino fio de controle que ela possuía. Isso
quase destruiu seu tênue domínio. Ele a empurrou um pouco para trás, agarrou
a bainha de sua camisola e a rasgou para revelar seu corpo magnífico. Ele
observou seus seios fartos, pele de porcelana, cintura fina e quadris
arredondados. O triângulo de cabelo castanho entre suas coxas fez com que
a luxúria surgisse através dele. Seus olhos se fecharam enquanto ela se
enterrava contra seu peito.

Ela deslizou os braços ao redor do pescoço dele e enterrou a cabeça em


seu ombro. A ereção dele empurrou contra sua coxa, latejante e quente,
enquanto despertava outro desejo. Virando-se em seu colo, ela pressionou seu
centro molhado contra ele. Prazer e desejo dispararam por ela tão ferozmente
que roubaram seu controle restante. Ela gritou quando seus dentes se
alongaram contra seu ombro.

— Não lute contra isso, Isabelle. — Sua voz tremeu de sua necessidade
desesperada enquanto suas mãos se fechavam em sua pele aveludada. —
Não lute comigo.

Ela estremeceu novamente, mas desta vez não foi por lutar contra seus
impulsos, mas pela antecipação do que estava por vir. Ela moveu a boca para
o pescoço dele. A respiração dele congelou em seus pulmões, e ela conheceu
um momento de satisfação quando percebeu que o mantinha em cativeiro. Ele
era tão afetado por ela quanto ela por ele. Ela ergueu os quadris e deslizou
sobre ele ao mesmo tempo em que mordeu profundamente. O prazer que a
atravessava soltou um grito selvagem enquanto o sangue dele fluía dentro dela
e seu membro rígido a enchia.

Ela se sentia selvagem e livre enquanto o cavalgava com abandono. As


mãos dele seguraram os quadris dela enquanto ele entrava e saía dela, e sua
mente se fundiu com a dela. Ela experimentou sua felicidade enquanto o
cavalgava e sua satisfação enquanto seu sangue se misturava com o dela. Ela
podia sentir seu amor profundo e incondicional por ela, junto com uma
necessidade por ela que mais do que combinava com a dela.

Ele tinha um gosto tão fantástico que ela mal podia suportar o delicioso
tormento. Ela pensou que poderia quebrar com o êxtase consumindo todo o
seu corpo. O poder que o envolvia a sacudia enquanto se derramava em suas
veias. Ela queria chorar de extrema alegria e admiração por tudo isso.

Stefan esperou até ter certeza de que todo o medo dela tinha ido embora,
certeza de que ela não iria lutar contra ele. Ele estava tremendo de desejo
enquanto afastava o cabelo de seu pescoço. Ela gemeu quando seus dedos
cravaram em suas costas. A necessidade dela ardeu em sua mente.

Ele gemeu enquanto mordia profundamente sua pele macia. O prazer


quase o devorou em sua intensidade quando sua doçura o encheu, e um
sentimento de satisfação absoluta rasgou suas veias. Ela tinha um gosto tão
doce quanto ele sabia que teria. A mente dela se derramou na dele, seu amor
intenso quase o destruiu. Ele tremeu quando suas mãos se entrelaçaram em
seu cabelo espesso.

Isabelle se afastou dele, um grito selvagem escapou dela enquanto ela


tremia e estremecia com o êxtase extremo que ameaçava consumi-la. Ela
apertou a parte de trás de sua cabeça para ela enquanto sua mente queimava
na dela. Ela tentou desesperadamente transmitir seu amor a ele como ele havia
feito com ela. Ela se recostou em seus braços, cavalgando-o com selvagem
abandono enquanto uma sensação de completude a engolfava. Ela não tinha
controle sobre si mesma, nenhum controle sobre nada, pois todas as suas
inibições se dissiparam. Ela gritou descontroladamente enquanto o orgasmo a
atravessava, sacudindo-a até o âmago de sua existência.

Stefan mergulhou nela enquanto seus músculos convulsionavam ao


redor dele e arrancavam dele um orgasmo destruidor. Ele derramou toda a sua
essência nela enquanto ela desabou contra ele. Ele segurou seu corpo suado
enquanto respirava o cheiro sedutor de seu ato de amor. Fechando os olhos,
ele se deliciava com a sensação de serenidade e pertencimento que o
preenchia.

— Eu te amo Stefan.

As palavras dela abalaram seu núcleo, e seu coração quase explodiu de


alegria. A princípio, ele não conseguiu falar por causa do nó na garganta e das
emoções que o consumiam. Ela tentou se afastar dele, mas ele se recusou a
deixá-la.

— Eu também te amo, Isabelle.

Ela ficou mole contra ele enquanto suas lágrimas de alegria escorriam
para molhar seu ombro.
Isabelle estava no melhor humor de sua vida no dia seguinte enquanto
ajudava sua mãe a se preparar para a festa de despedida de Ian. Para esta
festa, em vez de ser miserável e taciturna, ela estava incrivelmente feliz. Vicky
e Abby olharam para ela incrédulas enquanto ela colocava um prato de
hambúrgueres no balcão da cozinha e lhes dava um sorriso ofuscante. Sua
mãe mordeu o lábio para não rir alto, e Willow saiu rapidamente, murmurando
algo sobre idiotas e amor.

O único momento que quase estragou sua felicidade foi quando Jess
desceu com a mala na mão. Ela lançou a Isabelle um olhar mordaz, mas
rapidamente abaixou a cabeça e saiu correndo pela porta. Kathleen e Delia
desceram atrás dela também com suas malas na mão.

— Você está indo? — Isabelle gritou, enquanto uma onda de culpa a


inundou.

Kathleen sorriu ao deixar cair as malas no chão. — Sim, eu preciso levar


Delia para comprar roupas e prepará-la para a escola. Delia, saia e ajude Jess.

Isabelle esperou até que Delia saísse antes de se voltar para Kathleen.
— Não é por minha causa, é? — Ela se odiaria se Kathleen estivesse partindo
por causa dela, e sua mãe perdesse sua amiga novamente.

— Não querida, não é. — Kathleen deu um tapinha tranquilizador em sua


mão. — Se você está tão perto de ser tão feliz quanto seus pais, então desejo
a você toda a alegria do mundo. Ele não estava feliz com Jess. — Isabelle
sentiu as lágrimas brotarem em seus olhos enquanto segurava a mão de
Kathleen. Como ela teve filhas tão infelizes? Isabelle se perguntou enquanto
Kathleen se afastava dela e se aproximava para abraçar sua mãe. — Sinto sua
falta, Sera. Desta vez, não vamos perder o contato.
Lágrimas rolaram pelo rosto de sua mãe enquanto ela abraçava sua
amiga. Isabelle olhou para cima quando a presença de Stefan encheu seus
sentidos. Ele parou na porta, seu grande corpo ocupando mais da metade
enquanto inspecionava a cozinha antes de encontrar o olhar de Isabelle. Está
tudo bem? O pensamento explodiu em sua mente, aquecendo-a até os dedos
dos pés enquanto ela sorria alegremente e acenava com a cabeça.

Ele permaneceu parado na porta, sem acreditar inteiramente nela. Ele


sentiu a aflição dela lá fora, e com Kathleen presente, ele não tinha certeza se
ela estava apenas mentindo para mantê-lo calmo. Ele conhecia Kathleen e
gostava mais dela do que de suas filhas, mas uma mãe sempre protegeria seus
filhos primeiro, e ele não queria que Isabelle se machucasse por causa disso.
Ele se virou quando Liam apareceu ao lado dele, sua testa franziu enquanto
observava Sera se afastar de Kathleen com lágrimas escorrendo pelo rosto.
Liam relaxou e passou por Stefan para entrar na cozinha.

— Ah, aqui estão os dois — disse Kathleen enquanto enxugava as


lágrimas dos olhos. — E onde está o resto do clã?

Como se fosse uma deixa, Jack, David, Mike e Doug apareceram para
se despedir. Stefan entrou na cozinha e foi até Isabelle. Um pouco de sua
tensão aliviou quando ela se fundiu contra ele. Kathleen se despediu dos
Patetas, abraçando cada um deles antes de passar para os gêmeos. Quando
ela terminou de abraçar a todos e se despedir, ela voltou para pegar suas
malas.

— É melhor você tratá-la bem, Stefan. Há uma equipe infernal aqui que
vai chutar o seu traseiro se você não o fizer! — Kathleen declarou.

— Eu vou — ele jurou.

Kathleen levantou suas malas e ficou olhando para elas, um olhar perdido
em seu rosto bonito. Ela largou as malas e se virou na direção de Sera. Stefan
se preparou, era óbvio que Kathleen tinha mais a dizer, e ele estava com medo
do que poderia ser. Em vez de falar, as lágrimas escorriam por seu rosto, e ela
voltou correndo para abraçar Sera novamente. Eles se abraçaram por um
longo tempo antes de Kathleen se afastar relutantemente, pegar suas malas e
sair correndo do quarto.

Liam caminhou até Sera e a puxou contra ele. Todos silenciosamente


deixaram a sala para dar-lhes um pouco de privacidade. Eles desceram os
degraus dos fundos para o grupo no quintal. Alguns dos antigos amigos de
escola de Ian, e alguns de seus amigos de faculdade, vieram para a festa. Eles
estavam reunidos perto da rede de vôlei, rebatendo a bola para frente e para
trás enquanto esperavam que mais pessoas se juntassem.

— Vamos jogar — Isabelle disse ansiosamente.

Stefan levantou uma sobrancelha negra em diversão enquanto ela sorria


para ele. Ele não podia recusar nada, e ela sabia disso. Ela pegou a mão dele
e o puxou para a quadra de vôlei improvisada. Ele não pôde deixar de notar os
olhares lascivos dirigidos a ela, e seus olhos se estreitaram em advertência
sobre os homens ansiosos. Eles olharam para ele por um segundo antes de
abaixar rapidamente seus olhares. Ela apertou a mão dele para tranquilizá-lo
ao parar ao lado de Ian, e os Patetas se juntaram a eles.

— Vocês também escolheram times de vôlei? — Stefan perguntou.

— Claro — respondeu Jack. — Igual ao futebol, exceto que acho que


Liam não voltará por um tempo. Você pode ocupar o lugar dele no time de
David e Kyle pode jogar novamente.

Isabelle franziu o rosto quando Stefan deu um beijo rápido em sua testa
e se moveu para o outro lado da rede. Kyle avançou ansiosamente, feliz por
ser incluído no jogo novamente. Ela o observou enquanto ele pulava
animadamente para cima e para baixo nas pontas dos pés. Olhando para ele
agora, era impossível acreditar que ele estava à beira da morte apenas alguns
dias antes, e ela estava incrivelmente grata por ele ainda estar com eles agora.
Lançando a Stefan um sorriso agradecido, ela se moveu para o final da
linha e pegou a bola de Ethan enquanto se preparava para sacar. O jogo
transcorreu em um borrão de risadas e lesões. Kyle teve um nariz sangrando,
Ian torceu o dedo, Ethan estava resmungando sobre um músculo da virilha e
David e Mike perderam o fôlego quando atacaram a rede tentando acertar a
bola.

Stefan gostava de assistir Isabelle enquanto ela jogava. Ela era fluida e
graciosa, com um sorriso fácil no rosto enquanto ria e brincava com todos. Ele
devolveu o segredo, os sorrisos que ela deu a ele enquanto sua mente
continuamente enviava mensagens perversas e significativas para ela. Ele a
forçou a errar mais do que algumas vezes enquanto servia e ela retribuiu o
favor na mesma moeda.

No entanto, não era apenas Isabelle que o fazia aproveitar tanto o dia,
era toda a atmosfera. Ele já se sentiu acolhido por eles antes, mas pela primeira
vez, sentiu-se verdadeiramente aceito, como se eles também fossem sua
família. O que, ele percebeu, eles eram agora. Com Isabelle, vieram todos os
seus irmãos, seus pais e os Patetas. Com Isabelle veio a família que ele perdeu
há muito tempo e nunca esperava ter novamente.

Ele enxugou o suor da testa quando o jogo terminou com o time de David,
seu time, vencendo as duas melhores de três. A equipe de Mike, incluindo
Isabelle, estava carrancuda enquanto se moviam para se juntar a eles do outro
lado da rede.

— Nós vamos precisar refazer os times agora que Stefan está aqui —
Jack murmurou enquanto vestia sua camiseta de volta.

— Kyle tem idade suficiente para se tornar um membro permanente. —


O peito de Kyle inchou quando ele endireitou os ombros. — E com Ian e Aiden
ausentes na maior parte do tempo, podemos colocá-lo na equipe de David —
disse Ethan.

— Liam e Stefan não vão ficar no mesmo time! — Mike protestou.


Uma brincadeira alegre começou quando eles voltaram para as mesas
de piquenique. Stefan envolveu seu braço em volta da cintura de Isabelle e a
puxou contra seu lado. Ela sorriu para ele enquanto apoiava a cabeça em seu
ombro.

— E se eu levar Isabelle? — Davi perguntou.

— Sem chance! — ela gritou enquanto sua cabeça se levantava. —


Estou na equipe de Mike desde os doze anos de idade!

— Não se preocupe, Issy, você não está sendo negociada — assegurou-


lhe Mike. — Por que Stefan não se junta ao nosso time?

— Você está louco? — Doug chorou. — Ele é o único que pode pegá-la!

— E todos nós sabemos que ela pode pegá-lo — Jack respondeu com
um sorriso e uma piscadela.

Isabelle riu enquanto descansava a cabeça no ombro dele novamente.


O braço dele em volta da cintura dela era quente e seguro. Ela não conseguia
mais se lembrar do que tinha tanto medo com ele.

— Por que não discutimos sobre isso mais tarde? — Ian exigiu. — É a
minha festa, e eu digo que é hora de um pouco de diversão.

Isabelle levantou a cabeça do ombro de Stefan para sorrir para ele. — Já


não estávamos nos divertindo? — ela perguntou.

— Você sabe o que quero dizer, Issy — ele respondeu com um sorriso.

Ela sabia exatamente o que ele queria dizer.

— É melhor você ir buscar seus amigos — Jack disse a ele.

— Eles vão nos seguir. Pronto para uma das nossas tradições familiares,
Stefan?
— Se alguém me disser o que é — respondeu ele.

Eles trocaram sorrisos enquanto se olhavam.

— Quem vai primeiro? — Mike perguntou.

Todos os seus olhares pousaram em Isabelle. — Sem chance! — ela


retrucou. — Fui no ano passado, é a vez de Ian.

— É a vez de Ian — Jack disse depois de pensar mais sobre isso.

Ian deu um passo para trás quando todos se viraram para ele. — Ei!
Vamos, a ideia foi minha!

— O que é ainda mais uma razão para você ir primeiro — David retrucou.

Ian sorriu para eles enquanto davam outro passo à frente. — Certo! —
ele gritou jogando as mãos para cima.

Ele começou a correr, e todos se viraram para vê-lo passar por seus
amigos, tirando os sapatos enquanto corria. Ele mergulhou no lago e saiu
cuspindo. — Frio!

Todos começaram a rir quando ele se virou de costas e se jogou para o


meio do lago. Com um estilo de guerra, Mike, Doug, Jack, David e Ethan
passaram correndo por eles, tirando os sapatos enquanto corriam. — Ótimo!
— Vicky chorou quando apareceu ao lado deles com Abby. — Quem
começou?

— Ian — Isabelle respondeu sobre os altos salpicos e gritos.

Ambos balançaram a cabeça. — Bem, nós sabíamos que estava


chegando. Vamos, Abby.
Stefan assistiu com espanto enquanto os gêmeos também corriam para
frente, eles geralmente evitavam as atividades do grupo. — O que está
acontecendo? — ele perguntou.

— O fim do mergulho de verão — Isabelle respondeu. — Fazemos isso


todos os anos, embora geralmente façamos um pouco mais cedo. Um riacho
natural alimenta o lago das montanhas, deve estar muito frio agora.

Para confirmar sua declaração, Vicky e Abby gritaram quando pularam


para fora do lago. Doug e Mike instantaneamente vieram atrás deles,
agarraram-nos e os jogaram de volta. Seus gritos altos e estridentes
perfuraram o ar quando eles voltaram à superfície.

— Vamos, Issy! — Willow gritou enquanto corria por eles com Julian, Kyle
e Cassidy em seus calcanhares.

Isabelle riu enquanto balançava a cabeça.

— Não quer ir? — Stefan perguntou.

— Não — ela respondeu enquanto se aproximava dele.

Stefan sorriu para ela enquanto a agarrava pela cintura e a levantava. Ela
sorriu para ele enquanto colocava as mãos em volta do pescoço dele e chutava
os pés vagarosamente. — Eu tiraria seus sapatos — ele sussurrou.

— O que? — Ela franziu a testa para ele, obviamente não percebendo


sua intenção até que ele começou a caminhar em direção ao lago. — Stefan,
não!

Ele a segurou firmemente enquanto ela crescia ondulada como uma


enguia. — Isabelle, sim.

Ela olhou para ele quando seus sapatos bateram no chão. — Se você me
jogar naquele lago, eu...
— Você vai o quê?

Não havia nada que ela pudesse dizer sobre isso, e a julgar pelo sorriso
presunçoso em seu rosto, ele sabia muito bem. Stefan tirou os sapatos antes
de entrar na água fria. — Stefan...

Ele sorriu quando a soltou. Isabelle gritou quando a água gelada engolfou
todo o seu corpo e o deixou dormente quase instantaneamente. Ela voltou a se
levantar, cuspindo e cuspindo enquanto enxugava mechas de cabelo
desgrenhado do rosto. Ela olhou furiosamente para ele enquanto ele estava de
pé sobre ela, um sorriso no rosto bonito e as mãos firmemente plantadas nos
quadris.

— Você não vai entrar? — ela exigiu.

— Está um pouco frio demais para mim.

O rápido mas forte empurrão por trás o desequilibrou. Isabelle agarrou


seus braços ao mesmo tempo e o puxou para a água. Ele voltou, cuspindo do
frio e do fato de ter sido empurrado. A risada dela soou alto em seus ouvidos
quando ele se virou para olhar para Ethan e David. Eles orgulhosamente deram
tapas nas mãos um do outro, enquanto sorriam presunçosamente para ele.

— Todo mundo entra! — Davi anunciou.

Stefan bufou enquanto sacudia o cabelo molhado da testa. Ele se pôs de


pé atrás deles. Eles o encontraram de frente enquanto todos caíam na água.
Isabelle riu enquanto os observava espirrar e cair um no outro. Ele era parte de
sua família agora, uma parte dela, e eles o aceitaram totalmente. Ian, Jack,
Doug, Willow, Kyle, Cassidy e Mike se juntaram à briga enquanto Vicky e Abby
nadavam para se juntar a ela.

— Não precisávamos de outro irmão — disse Vicky alegremente.


Isabelle riu enquanto se virava para encará-los. A luz da lua brilhava
sobre suas cabeças douradas e lustrosas e iluminava seus olhos verdes
vívidos. — Confie em mim, eu sei.

Vicky sorriu para ela antes que ela virasse de costas e chutasse a água
vagarosamente. Isabelle virou-se para flutuar ao lado dela. A água não estava
tão fria agora que ela se acostumou. Na verdade, foi bastante agradável. Ela
fechou os olhos e se permitiu flutuar, confortando-se com o leve bater da água
contra sua pele. Gritos ecoaram pela noite, ela sorriu quando Willow gritou, e
um barulho alto encheu o ar.

— Onde você pensa que está indo?

Stefan passou os braços ao redor dela e a puxou contra ele. Ela não se
preocupou em abrir os olhos enquanto descansava a cabeça na curva do
ombro dele. Sua pele era fria ao toque, mas o calor de seu corpo servia para
aquecê-la. — Lugar nenhum — ela murmurou alegremente.

— Isso mesmo.

Ela riu quando se afastou para olhar para ele. Seus olhos eram intensos
quando ele encontrou o olhar dela, seu cabelo preto estava penteado para trás
para revelar todos os ângulos de seu rosto. Ela acariciou as cerdas ásperas
que revestiam sua mandíbula. O tremor que a atingiu não tinha nada a ver com
o frio e tudo a ver com ele.

— Eu te amo, Stefan — ela sussurrou enquanto dava um beijo em sua


boca carnuda.

Ela enrolou as pernas em volta da cintura dele e apertou-se com mais


firmeza contra ele. Ele olhou por cima do ombro para a multidão reunida na
água, ainda chapinhando e tocando alto. Os humanos se juntaram à diversão,
e até mesmo Liam e Sera apareceram.

— Vamos para algum lugar um pouco mais calmo — disse ele.


— O que? — ela perguntou surpresa.

Ele sorriu enquanto se virava, e vagarosamente começou a chutar a água


com ela bem segura em seus braços. Ele nadou rápida e silenciosamente até
o cais e puxou-a para trás. — Stefan — ela sussurrou.

Ele não lhe deu tempo para protestar quando agarrou sua boca e a
empurrou contra a doca. Ele ergueu a blusa dela para roçar sua pele macia e
sedosa. Isabelle se aproximou dele. Ele levantou as pernas de sua cintura e
rapidamente desabotoou e deslizou seu short para baixo. — Stefan, não
podemos! — Ela soltou seu pescoço e agarrou seu short.

Ele os puxou rapidamente e os segurou longe dela antes de jogá-los no


cais. Ele agarrou sua cintura, parando-a quando ela se virou para tentar
recuperá-los. Virando-a de costas, ele a puxou contra ele. Ela se contorceu
contra ele, servindo apenas para aquecer ainda mais sua virilha. Ele
rapidamente desabotoou a calça jeans e a abaixou enquanto a levantava até a
cintura. — Stefan! — ela engasgou, meio em protesto, meio em desejo.

Ele sorriu quando deslizou a mão entre as coxas dela e mergulhou o dedo
profundamente em sua vagina apertada e molhada. — Eu acho que você está
mais do que pronta para mim. — Ele sussurrou.

Ela negou veementemente com a cabeça, mas seus quadris traidores


começaram a se mover com o dedo dele. — Não podemos!

— Podemos. — Ele deslizou a mão para longe dela. Ela gemeu em


protesto enquanto buscava instintivamente se aproximar dele. Agarrando sua
cintura, ele a ergueu sobre ele. — Mas se você quiser parar — ele sussurrou
enquanto mordiscava o lábio inferior dela.

Ela ergueu-se em resposta e deslizou sobre ele lentamente. Ela gemeu


de prazer enquanto o calor queimava seu corpo inteiro. Suas mãos se
curvaram em suas costas enquanto ela se agarrava a ele. Ele plantou as mãos
no cais atrás dela, usando-o para mantê-lo de pé enquanto ela cavalgava os
dois até a conclusão.

Exausta e completamente saciada, Isabelle baixou a cabeça em seu


ombro enquanto tentava controlar a respiração. O frio da água começou a
penetrar em sua névoa quente, fazendo-a tremer. — Vamos, vamos esquentar
você. — Ele sussurrou quando ele estendeu a mão atrás dela para pegar seu
short.

Ele rapidamente deslizou de volta para cima por suas longas pernas
enquanto ela estremecia e se sacudia contra ele. Ele esfregou os braços e o
corpo dela, tentando colocar um pouco de calor nela enquanto chutava a água.
Um incêndio estava acontecendo agora, suas chamas iluminavam as pessoas
reunidas ao seu redor. Pisando na praia, ele encontrou toalhas e seus sapatos
esperando por eles. Ele pegou uma toalha, enrolou-a em volta dela e esfregou-
a entusiasticamente contra sua pele.

— Eles vão saber — ela sussurrou, sua voz grossa de vergonha.

Ele riu. — Confie em mim, eles já sabem.

Ela se afastou para olhar para ele, seu rosto um tom vívido de vermelho.
— Eu sei disso, mas, eu uh... oh, esqueça.

Ele beijou a ponta do nariz dela enquanto a colocava no chão e enrolava


a toalha em volta de seus ombros trêmulos. — Eu entendo, amor.

Ela ofereceu um sorriso trêmulo enquanto segurava a toalha. Ele pegou


a outra toalha e a envolveu enquanto pegava seus sapatos.

— Você precisa disso. — Ela entregou a outra toalha para ele, mas ele a
envolveu de volta enquanto a puxava contra seu lado.

— Não tanto quanto você — disse ele. — Esse fogo parece convidativo.
Ela estremeceu enquanto se enterrava contra ele e o seguia em direção
às grandes chamas saltitantes. O riso flutuou pela noite, acenando para eles
quase tanto quanto as chamas gigantes. Isabelle sentiu seu embaraço crescer
enquanto eles se aproximavam cada vez mais.

— Vocês devem ser picolés! — Vicky gritou enquanto corria para


entregar um cobertor a Stefan.

Ele puxou as toalhas de Isabelle e a puxou contra seu peito. Envolvendo


o cobertor em torno de ambos, ele usou as mãos para esfregar um pouco de
calor nela. Ela estremeceu quando passou os braços em volta da cintura dele
e enterrou a cabeça em seu peito, o calor em seu rosto era quente contra sua
pele fria. Sufocando uma risada por sua tolice, ele a ergueu e sentou no chão
com ela em seu colo.

Eles ficaram sentados por um longo tempo, absorvendo o calor do fogo


enquanto bebidas e histórias eram passadas. Ian saiu com seus amigos para ir
a um clube, Liam e Sera fugiram e os filhos mais novos foram para a cama.
Stefan estava contente em ficar perto das chamas, segurando Isabelle em seus
braços e aquecendo os dois. Ele nunca pensou que experimentaria uma
felicidade tão pacífica em sua vida e estava relutante em deixá-la.

David, Doug, Mike, Jack e Ethan sentaram-se por perto, observando as


chamas enquanto elas diminuíam. Isabelle bocejou enquanto seus dedos se
enroscavam na camisa ainda úmida dele. — Cansada? — ele perguntou.

Ela assentiu enquanto abafava outro bocejo. Ele afastou o cabelo úmido
de seu rosto enquanto a levantava. — Boa noite, galera.

— Espere, eu vou voltar com você — disse Ethan.

Jack e David se levantaram atrás dele e colocaram os cobertores sob os


braços antes de irem até eles. Mike e Doug se levantaram e caminharam até
os baldes de água do outro lado do fogo. Stefan esperou pelos três antes de
se virar e ir para as sombras da casa. Ele estava no meio do campo quando
sentiu. Congelando instantaneamente, suas mãos se fecharam protetoramente
sobre Isabelle. Ela ergueu a cabeça para encará-lo interrogativamente
enquanto Ethan, David e Jack paravam de andar.

— Stefan? — Isabelle perguntou.

Ele balançou a cabeça enquanto seu olhar examinava rapidamente o


campo aberto e os bosques circundantes. Suas narinas se dilataram como
poderosas, impulso defensivo derramado através dele. Ele ajeitou Isabelle em
seus braços e a abaixou no chão enquanto a perturbação no ar se aproximava.
Ela o soltou lentamente, seus olhos estavam questionando enquanto ela
procurava seu olhar. Seus olhos dispararam para a esquerda quando um brilho
no ar chamou sua atenção, um brilho que ele sabia que os outros não seriam
capazes de ver.

Ele empurrou Isabelle para trás enquanto se virava para encará-lo. —


Olá, Stefan.

Isabelle tentou espiar por trás do ombro de Stefan para ver o homem que
falou, mas ele a empurrou novamente.

— Brian! — David deixou escapar.

Isabelle enfiou a cabeça ao lado de Stefan, determinada a vê-lo. Ele era


alto e musculoso, quase tão grande quanto Stefan, e quase tão lindo. Seu
cabelo era o loiro platinado mais claro que ela já tinha visto. Seus olhos eram
de um penetrante azul-gelo quando eles desceram para ela. A frieza em seu
olhar era enervante quando sua boca se curvou em um pequeno sorriso.

Ela soube instantaneamente que ele era um deles, mas havia algo
estranho nele, algo não muito certo. Isso a lembrou dos homens do clube, só
que não era tão forte como tinha sido com eles. Ainda assim, ela sabia que ele
era perigoso.
— O que você está fazendo aqui? — Stefan rosnou enquanto empurrava
Isabelle para trás novamente.

Ela não protestou contra sua atitude arrogante, ela não queria mais olhar
para Brian. Sua estranheza a assustava. — Eu só vim ver um velho amigo.

— Deixamos de ser amigos faz um tempo, Brian.

— Stefan, em nossa vida , dois anos não é muito tempo. Quem é a


garota?

Stefan enrijeceu quando um rosnado baixo saiu dele. Isabelle não pôde
deixar de olhar para o estranho novamente. O olhar de Brian voltou para ela, e
um sorriso malicioso curvou sua boca carnuda. A mão de Stefan se curvou em
seu braço enquanto ele a segurava com força atrás dele.

— O que você quer? — Stefan exigiu.

Os olhos de Brian eram frios e brutais quando voltaram para ele. Eles não
eram mais os olhos do homem que era seu amigo por mais de um século, mas
os do homem que ele se tornou. — Preciso de um lugar para ficar.

Stefan balançou a cabeça em firme negação. — Você não vai ficar aqui.

Os olhos de Brian brilharam de fúria. — Eu te ajudei quando você


precisou.

— Sim, você fez, mas você não vai ficar aqui.

Brian cruzou os braços sobre o peito enquanto se balançava sobre os


calcanhares. — Podemos conversar em particular? — ele perguntou friamente.

Já fazia um tempo desde que eles se separaram, e Stefan não esperava


ver Brian novamente. Ele não sabia o que o trouxe aqui agora, mas sabia que
o motivo não poderia ser bom. No entanto, ele devia a vida a Brian e devia a
ele ouvir o que ele tinha a dizer.
— David, leve Isabelle de volta para casa.

— O que? — ela exigiu enquanto agarrava a camisa de Stefan. Ele a


puxou por trás de suas costas e segurou seu braço enquanto esperava que
David se aproximasse. — Stefan…

— Vá com eles, Isabelle.

— Mas…

— Vá! — ele ordenou mais nitidamente do que pretendia.

Os olhos de Isabelle cuspiram fogo violeta nele quando David pegou seu
braço. — Eu posso andar sozinha! — ela retorquiu enquanto soltava o braço.

Por favor, tenha cuidado, ela sussurrou em sua cabeça. Seu olhar foi
para ela, mas ele não fez nenhuma outra indicação de que a ouviu.

Ela se afastou dele quando Ethan e Jack se moveram para ficar atrás
dela com seus olhares fixos cautelosamente em Brian. Stefan esperou até que
estivessem em segurança na casa antes de voltar sua atenção para seu velho
amigo. Um pequeno sorriso de diversão curvou a boca de Brian quando ele
encontrou o olhar furioso de Stefan. — Quem é a garota?

— Isso não é da sua conta — Stefan ralou. As sobrancelhas de Brian se


ergueram, mas ele assentiu enquanto se balançava nos calcanhares
novamente. — O que você quer? — Stefan exigiu.

— Eu disse a você, eu preciso de um lugar para ficar — respondeu ele.

— E eu disse que você não poderia ficar aqui.

Brian inclinou a cabeça enquanto examinava rapidamente o campo e as


casas. — Há muitos de nossa espécie aqui.
Stefan encolheu os ombros negligentemente, ele não queria que Brian
soubesse mais sobre aquele lugar do que o necessário. — Em que tipo de
problema você se meteu?

Os olhos de Brian estavam distantes quando voltaram para ele. — Eles


sabem sobre você?

Os olhos de Stefan se estreitaram perigosamente. — Claro.

— Tudo sobre você? — ele demorou.

Stefan deu um passo à frente. — Você não vai ficar aqui!

— Tomo isso como um não, o que significa que a garota também não
sabe.

Stefan deu mais um passo em direção a ele, e o comportamento casual


de Brian desapareceu instantaneamente. — Você vai ficar longe dela, ou eu
vou te matar! — Stefan disparou.

A diversão brilhou nas feições de Brian enquanto ele estudava Stefan


interrogativamente. — Estou apenas sugerindo que talvez ela queira saber um
pouco mais sobre você. Provavelmente seria do interesse dela, não acha?
Talvez todos eles gostariam de saber mais sobre você. Eles podem não ser tão
disposto a deixá-lo ficar então. Não tenho outro lugar para ir e preciso de ajuda.
Você vai me dar, Stefan, ou terei uma longa conversa com esta família.

— Eu vou te matar — ele prometeu.

— Você poderia tentar, mas eu ainda estou matando Stefan, não é? Ela
é uma linda garota.

Vermelho encheu sua visão quando ele agarrou Brian pela garganta. As
garras de Brian rasgaram o peito de Stefan instantaneamente derramando seu
sangue. O aperto de Stefan em sua garganta se intensificou quando ele deu
um soco no estômago de Brian, fazendo com que sua respiração saísse
ruidosamente. Brian se lançou para frente, sibilando e cuspindo enquanto seu
punho acertava a lateral da cabeça de Stefan. O golpe o deixou
momentaneamente assustado, mas ele se recuperou a tempo de bloquear o
próximo golpe de Brian.

Brian borrou de repente e desapareceu do aperto de Stefan. Ele se virou


quando Brian reapareceu atrás dele. Ele se agachou quando um rosnado volátil
escapou dele. — Eu não estou aqui para lutar com você, Stefan! — Brian
gritou.

— Você não é bem-vindo aqui!

— Ou você me ajuda, ou quando os outros chegarem, você estará por


conta própria.

Trepidação apertou seu peito quando as palavras de Brian afundaram.


— Os outros? — Stefan perguntou.

Brian acenou com a cabeça enquanto esfregava sua garganta abusada,


e cautelosamente olhou para Stefan. — Estou com problemas e eles estão me
rastreando. Eles vão me seguir até aqui e, quando o fizerem, não vão sair em
paz.

— O que é que você fez? — ele berrou.

Brian deu de ombros descuidadamente em resposta. Levou todo o


controle que Stefan tinha para não atacá-lo novamente e matá-lo onde ele
estava. — Eu irritei algumas pessoas.

— Quem? — Ele demandou.

— Alguns de nossa espécie, alguns mais velhos de nossa espécie. Os


que estão aqui são jovens, não serão páreo para eles, e você sabe disso.
Passando a mão cansadamente pelo cabelo, Stefan fechou os olhos
contra o terror que apertava seu peito. Se eles vieram aqui, se Brian os tivesse
levado até aqui...

Merda, eles matariam todo mundo. Sua mente imediatamente procurou


Isabelle. Sua angústia o atingiu , mas ele não abriu sua mente para ela. Ele não
queria que ela visse ou ouvisse o que estava acontecendo.

— Então você quer minha ajuda? — Ele demandou.

— Você é um dos mais fortes que conheço. Eu não sabia para onde ir.

Stefan bufou cansado. Levou muito tempo, e muita morte, para se tornar
um dos mais fortes. Ele sempre suspeitou que pagaria por isso, a longo prazo,
agora ele sabia que estava certo. Seu olhar foi para a casa enquanto uma
sensação esmagadora de destruição iminente desceu sobre ele. Ele pretendia
manter Isabelle protegida de seu passado, da escuridão que espreitava dentro
de sua alma. Agora ele sabia que não seria possível.

— Isso foi há muito tempo, Brian — disse ele. — As coisas são diferentes
agora.

— Não faz muito tempo, ainda posso sentir isso em você. Você pode
enganá-los, mas eu sei o que você é, Stefan. Nós estivemos juntos por um
longo tempo.

— As coisas são diferentes! — ele cuspiu.

— Por que, por causa da garota? — Brian perguntou.

As mãos de Stefan se apertaram. — Você não deveria ter vindo aqui.

— Bem, eu fiz, agora você tem que decidir o que vai fazer.

Ele já sabia o que ia fazer, o que teria que fazer. — Se eu te ajudar, você
sai daqui e nunca mais volta.
Brian assentiu energicamente. — Justo.

— Se algum deles for ferido, eu vou te matar.

— Certo.

— Quanto tempo você acha que vai demorar antes que eles te
encontrem?

Ele deu de ombros novamente, e Stefan deu um passo ameaçador em


direção a ele. — Um dia, talvez dois — Brian respondeu rapidamente.

— Você se importa em me dizer o que você fez?

— Eu matei um deles.

Stefan bufou enquanto balançava a cabeça e seu olhar disparou de volta


para a casa. Merda, o que ele ia fazer? Ele não queria Brian perto de nenhum
deles, mas ele estava certo, mesmo que ambos saíssem, os outros rastreariam
Brian até aqui, e eles destruiriam todos que viviam aqui. Seu tempo aqui
acabou, ninguém iria perdoá-lo por trazer isso para baixo sobre eles. Pela
primeira vez, ele se arrependeu de pisar nesta terra e conhecer Isabelle. Ele
desejou nunca ter vindo aqui.

Ele não sabia o que estava pensando. Não havia como escapar de seu
passado, e estava prestes a cair sobre todos eles. Ele teria sorte se nenhum
deles fosse morto. Ele sacrificaria sua vida de bom grado, mas sabia que
Isabelle definharia e morreria sem ele. Ele não podia permitir que isso
acontecesse. Para o bem ou para o mal, ela estava presa a ele, e ele faria tudo
ao seu alcance para garantir que ela permanecesse segura. Ele desejou poder
ter tudo de volta, desejou que houvesse alguma maneira de libertá-la, mas não
havia nada que ele pudesse fazer.

— Quantos estão vindo? — ele perguntou baixinho.

— Quatro, talvez cinco.


Stefan girou de volta para ele. — Quão fortes eles são?

— Eles me colocaram em fuga — respondeu Brian.

— Seu filho da puta! Eu deveria te matar agora!

— Você precisa de mim e sabe disso. Podemos fazer isso juntos. Será
como nos velhos tempos.

— Os velhos tempos acabaram.

— É o que você diz, mas ainda é um assassino, Stefan.

— Eu sei o que sou! — ele falou entre os dentes. — Vamos.

Ele girou nos calcanhares e se dirigiu para a casa. — Você vai contar a
eles?

— Eu vou ter que fazer isso.

— A menina...

A fúria invadiu todo o seu corpo mais uma vez. — Eu juro que vou rasgar
sua garganta se você chegar perto dela.

Brian riu, e Stefan lutou desesperadamente contra o desejo de bater nele


novamente. — Eu não a quero, mas ela cheira a você, Stefan. Eles vão atrás
dela também.

— Eu sei disso, Brian. É por isso que ela está saindo daqui, com todo
mundo.

Ele subiu os degraus da varanda e hesitou na porta. — Eu ainda posso


te destruir, não se esqueça disso.

— Eu sei.
— Fique longe de todos eles, eu quero dizer isso.

Brian assentiu. Stefan o olhou cautelosamente por mais um minuto antes


de abrir a porta. Isabelle, Ethan, Jack e David estavam sentados nas bancadas
da cozinha. Seus olhos se fixaram em Brian enquanto ele seguia Stefan para
dentro de casa. O olhar de Isabelle disparou instantaneamente de volta para
ele quando ela saltou do balcão.

— Você está sangrando! — ela chorou.

Ela lançou a Brian um olhar mordaz enquanto se apressava em direção


a Stefan. Brian sorriu para ela enquanto fechava a porta atrás dele.

— Estou bem — Stefan a assegurou enquanto segurava suas mãos


antes que ela pudesse tocar as feridas em seu peito. Seu olhar era preocupado
e perturbado, suas delicadas sobrancelhas juntas enquanto ela o estudava
interrogativamente.

— O que está acontecendo? — Jack exigiu.

Stefan ergueu a cabeça para olhar para eles enquanto Brian se


encostava casualmente na porta com as longas pernas cruzadas diante dele e
os braços cruzados sobre o peito. — Brian parece ter se metido em um
pequeno problema — Stefan respondeu friamente.

— Que tipo de problema? — Davi perguntou.

— Oi, te conheço. — Brian se afastou da porta enquanto olhava


interrogativamente para David.

— Filadélfia — Stefan o lembrou.

Brian assentiu, um sorriso malicioso curvou sua boca enquanto ele


estudava David. — Isso mesmo, você era aquele cujos amigos estavam com
problemas. Como isso funcionou?
— Você está na casa de uma delas — respondeu David.

— Bem, isso é bom. Stefan e eu nunca acreditamos na porcaria de alma


gêmea, mas acho que deve haver alguma verdade nisso.

A boca de Isabelle franziu quando ela olhou bruscamente para Brian. A


inquietação em seu estômago estava começando a crescer a cada segundo.
Seu olhar voltou para Stefan, mas seu rosto estava frio e impassível enquanto
ele estudava David, Jack e Ethan. As mãos dele nos braços dela eram tão
impessoais quanto o resto dele. Ela examinou os cortes irregulares em seu
peito. Eles já estavam curados, a única evidência de sua existência era o
sangue seco em sua camisa e os rasgos irregulares nela. Ele ainda não olhava
para ela, e ele efetivamente a excluiu de sua mente. Algo estava acontecendo
com ele, algo que ela não entendia, mas instintivamente sabia que não era
bom.

— Que tipo de problema? — ela perguntou trêmula, esperando chamar


a atenção dele de volta para ela.

— O tipo que vai me seguir até aqui, e logo. — Brian chamou sua atenção
novamente quando seu olhar, curioso e perturbado, se concentrou nela.

David, Ethan e Jack deslizaram para fora do balcão, seus corpos


estavam tensos enquanto seus olhos se estreitavam. — Então você
provavelmente deveria ir embora — Ethan disse friamente.

— Não é tão simples. Eles vão me rastrear aqui não importa o que
aconteça. Ou eu saio, e Stefan os enfrenta sozinho, ou eu fico, e Stefan me
ajuda.

— Estamos aqui, podemos ajudar — disse Jack.

— Você é como colocar um cordeiro contra um leão — Brian bufou com


desdém.

— Brian! — Stefan latiu em advertência.


— É verdade — retorquiu ele.

— E você é muito mais forte? — Ethan exigiu.

Brian encontrou o olhar hostil de Ethan. — Eu poderia quebrar seu


pescoço antes que você pisque.

Os olhos de Ethan brilharam vermelhos. — Chega — Stefan disse


friamente, enquanto avançava para evitar uma luta.

— E você? Você é muito mais forte, Stefan?

Ele finalmente voltou seu olhar para Isabelle, ele não podia continuar
adiando. Seu olhar era turbulento enquanto ela olhava para ele
interrogativamente. Havia uma aura de tristeza ao redor dela que o teria
destruído se ele já não tivesse se preparado para o fato de que ela iria se
machucar, e ele seria o único a fazer isso.

Ele permaneceu em silêncio enquanto olhava para ela, sua mandíbula


travada e seus olhos tão frios quanto o gelo negro. Ela não conhecia o homem
parado diante dela e estava começando a perceber que nunca o conhecera. A
sensação transformou seu coração em um nó frio e fez seu estômago se
contorcer em nós. Ela se recusou a reconhecê-lo embora. Se o fizesse, sabia
que iria desmoronar.

— Bem, Stefan? — ela perguntou.

— Sim.

Isabelle se recusou a reconhecer a dor agonizante que a atravessava


enquanto ela levantava o queixo. Ela sabia de onde vinha aquele tipo de poder,
o que significava. Ela podia sentir o cheiro em Brian, senti-lo irradiando dele.
Ela tinha cheirado nos outros, mas ela nunca tinha cheirado em Stefan. Nem
uma vez ela sentiu algo de errado com ele. Ela não entendia nada disso, e seu
sentimento de traição ameaçava sufocá-la.
— Por que você não cheira como ele, ou como os outros no clube? —
ela perguntou.

Stefan franziu a testa enquanto Brian se afastava da porta. Jack e David


lançaram seus olhares questionadores. — Do que você está falando, que
cheiro? — Jack exigiu.

Ela se virou para encará-los confusa. — Você não sente o cheiro? — ela
perguntou.

A confusão em seus olhos foi sua resposta. Ela se virou para Stefan e
Brian, com a testa franzida enquanto franzia a testa para eles.

— Bem, eu sinto — disse ela com força. — Brian não é nem de longe tão
ruim quanto os do clube, mas ele ainda cheira mal. Mas você — ela olhou com
raiva para Stefan enquanto o ódio queimava através dela. — Você não cheira
assim. Você o cobriu de alguma forma?

Stefan balançou a cabeça enquanto olhava para ela em confusão. O fato


de ela perceber que algo estava errado com Brian era incrível. Alguém de sua
tenra idade, que nunca se alimentou de um humano, não deveria ser capaz de
sentir isso. Por um segundo, ele pensou que era seu sangue nela, mas se ela
sabia sobre os do clube, então essa não era a causa.

Seu olhar disparou para Ethan. — Você sente o cheiro? — Ele


demandou.

A mandíbula de Ethan se fechou como seus olhos, e as narinas dilataram.


— Sim.

— O que você está falando? — Jack explodiu impacientemente.

— Ele é um assassino, ele cheira a morte — Isabelle disse friamente. —


E Stefan também.

— Foi — Stefan respondeu, tão friamente.


— Até quando? — ela exigiu.

A mandíbula de Stefan travou, e um músculo em sua mandíbula saltou.


As mãos dele se fecharam nos braços dela enquanto ela o encarava
desafiadoramente. — Isso não importa — disse ele.

— Até quando? — ela exigiu.

— Cerca de dois anos atrás, Stefan de repente teve uma consciência. —


Os lábios de Brian se curvaram como se as palavras o assustassem.

Isabelle se virou para encará-lo incrédula. — Você não era quando eu te


conheci — David deixou escapar.

Brian bufou enquanto se afastava da porta. — Claro que éramos.

— Brian — Stefan rosnou em advertência.

— Você nunca ia me contar? — Isabelle perguntou.

— Não.

Ela se forçou a não estremecer com sua admissão dura. O fato de ela
realmente não conhecer o homem a quem ela deu tudo quase a destruiu.
Levou toda a força e orgulho que ela tinha para permanecer de pé, continuar
olhando para ele e não fugir da sala como uma covarde.

— O que te fez mudar? — Ela estava imensamente orgulhosa de sua voz


não tremer.

— Eu fiz.

— Por quê? — Isabelle perguntou.

Stefan mudou de posição, as mãos nos braços dela apertadas. — Há


alguns de nós que são como os homens que você conheceu no clube — ele
disse a ela. — Brian e eu costumávamos matá-los para detê-los.
— Além disso, temos todo o poder deles. Quando um vampiro mata um
humano, eles ficam mais fortes. Quando matamos um dos nossos, ficamos
muito mais fortes.

Stefan cerrou os dentes enquanto se forçava a não atacar Brian. Ele


estava deliberadamente tentando atraí-los, deliberadamente sendo um idiota,
e ele estava irritando Stefan. Agora, porém, não era hora de espancar seu
velho amigo até virar uma polpa sangrenta. Havia muito mais na história do que
Brian estava deixando transparecer, mas ele parecia determinado a tentar
pintar tudo da pior maneira possível.

— Você já matou um humano? — Isabelle exigiu.

— Um — ele admitiu.

A cor sumiu de seu rosto, pois pela primeira vez ela demonstrou alguma
emoção. — Por quê? — ela sussurrou.

— Foi um caçador, Isabelle, foi ele, ou eu.

O olhar de Isabelle pousou em Brian, ele sorriu maliciosamente para ela.


— Foi quando Stefan teve uma consciência.

— Agora não é hora de falar sobre isso — Stefan resmungou. — Você


precisa começar a fazer as malas.

— O que? — ela exigiu com raiva.

— Você não vai ficar aqui.

— Eu não vou embora! — Ela soltou os braços de seu aperto.

— Vocês todos estão saindo.

— Não, não estamos! — Jack declarou.


Stefan estava lutando para controlar seu temperamento. Isabelle ainda
estava olhando para ele como se ele fosse uma monstruosidade, e Jack, David
e Ethan pareciam prestes a explodir.

— Esta é a nossa casa! — Isabelle declarou.

— Eu sei disso — ele sibilou. — Mas você vai embora até que isso acabe.

Ela o encarou. — Acho que você deveria ir embora e levá-lo com você!

Ele lutou contra o desejo de arrastá-la para fora da casa agora. — Eles
estão vindo aqui, não importa o quê, e quando encontrarem todos aqui, eles
não vão embora até que todos vocês sejam destruídos. Você não pode estar
aqui para isso.

A mandíbula de Isabelle apertou quando ela cruzou os braços sobre o


peito. David, Ethan e Jack permaneceram mudos, mas seus corpos estavam
tensos e ansiosos. — Eu não vou sair de casa! — Isabelle cuspiu.

— Nenhum de nós vai — Ethan confirmou.

— Se você quiser ficar, tudo bem. Isabelle está indo embora — disse
Stefan com firmeza.

— O inferno que eu estou! — ela rosnou enquanto seus olhos brilhavam


vermelhos.

Stefan se aproximou dela. — Vou arrastá-lo para fora daqui chutando e


gritando, se for preciso.

Isabelle olhou para ele com raiva. — Se você me arrastar para fora daqui,
eu vou te odiar pelo resto da minha vida, Stefan.

Ele se recusou a reconhecer a dor que suas palavras causaram. Não


importava se ela o odiava ou não, contanto que estivesse segura. Ele poderia
viver com o ódio dela, ele não poderia viver com a morte dela. — Então você
vai me odiar.

— Como você pôde fazer isso? — ela sussurrou.

— Vá fazer as malas. — Sua mandíbula se apertou enquanto suas mãos


se fechavam ao lado do corpo, mas ela não fez nenhum movimento para sair.
— Agora! — ele rugiu.

Isabelle saltou quando seu comando a atingiu. Ela olhou para David, Jack
e Ethan pedindo ajuda, mas seus olhares eram cautelosos quando eles
encontraram os dela. — Vá, Isabelle — Ethan disse.

— Você está do lado dele? — ela quase gritou.

— Se isso significa mantê-la segura, sim — respondeu Jack.

Lágrimas de frustração encheram seus olhos, mas ela se recusou a


derramá-las. — E você? — ela perguntou com mais calma.

— Nós vamos ficar — disse Ethan.

— Amarrar os cordeiros para os leões? — ela provocou. — Você não é


muito mais forte do que eu, Ethan.

Ethan encontrou seu olhar desafiador. — Vá fazer as malas, Isabelle.

Ela lutou contra a vontade de gritar de raiva e frustração. Levou tudo o


que tinha para não perder o controle e se transformar em um lunático delirante.
Ela não podia acreditar que eles estavam do lado dele e ele iria forçá-la a sair.
Ela não podia acreditar que Stefan havia escondido tanto de seu passado dela.
Ela empurrou para baixo a dor que a percepção causou e segurou
desesperadamente seu ressentimento. Era a única coisa que a faria passar por
isso.

— Vá, Isabelle — Stefan ordenou.


— Vá para o inferno! — ela estalou. — Você não tem nada a dizer sobre
isso, e nem vocês! Eu não vou embora!

— Eu tenho uma grande palavra a dizer sobre isso! — Stefan se elevou


imponentemente sobre ela enquanto ela continuava a encará-lo, recusando-se
a recuar, recusando-se a admitir a derrota. — Você irá de bom grado, ou irá
com força, mas você está indo.

— Vamos esclarecer duas coisas, Stefan, não importa o que aconteça,


eu não vou de boa vontade. Eu tomo minhas próprias decisões sobre minha
vida, quer você goste ou não!

Ele agarrou seus cotovelos, seus dedos cravaram em sua carne


enquanto seu rosto se contorcia em um grunhido brutal. Isabelle sufocou um
grito diante de sua ira enquanto continuava a encará-lo desafiadoramente.

— Eu tenho uma palavra a dizer quando sua vida afeta diretamente a


minha! — ele latiu. — Assim como a minha afeta diretamente a sua!

— Solte-me — ela respondeu friamente.

Suas mãos estavam firmes em seus cotovelos enquanto seus olhos


brilhavam em um tom furioso de vermelho. — Você vai fazer as malas, e você
vai fazer isso agora!

Isabelle se recusou a resistir, seria inútil de qualquer maneira, e ela não


queria dar a ele a satisfação de dominá-la. — Te odeio.

Seus olhos piscaram e a tristeza os invadiu antes que a fúria voltasse


rapidamente. Isabelle queria encontrar satisfação por tê-lo aborrecido tanto
quanto ele a ela, mas não encontrou nenhuma. O rancor não era algo que a
deixasse feliz, nem a angústia brilhando em seus olhos. Além disso, ela não o
odiava, ela nunca poderia odiá-lo. Ela queria retirar as palavras, mas não podia.
Agora era tarde demais.
— Tudo bem — ele respondeu friamente. — Você pode me odiar pelo
resto de nossos dias, Isabelle, mas você está indo embora.

Ele a soltou e recuou. Seu rosto era frio como granito e igualmente duro.
Seus olhos eram cacos de gelo negro revelando nenhuma emoção. Ela
respirou fundo para conter as lágrimas que ameaçavam transbordar. Não eram
mais lágrimas de frustração, mas de mágoa e arrependimento.

— Vá — ele ordenou com voz rouca.

Ela nem se deu ao trabalho de olhar para Jack, David e Ethan enquanto
levantava o queixo e saía da sala.

— O que agora? — Davi perguntou.

Stefan lutou contra o turbilhão de emoções que tentavam se libertar


enquanto ele se voltava para eles. A raiva era evidente em cada centímetro de
seus corpos tensos quando eles encontraram seu olhar. — Agora, vou falar
com Liam e Sera. Sugiro que repensem ficar aqui e saiam com Isabelle.

— Nós não vamos — Jack respondeu friamente.

Ele assentiu enquanto se afastava deles. Brian afastou-se rapidamente


da porta.

— Stefan. — Ele se virou para encontrar o olhar fixo de Ethan. — Quando


isso acabar, você vai embora.

Ele não mostrou nenhum sinal da dor que aquelas palavras causaram
enquanto mantinha seu rosto completamente impassível. — Isabelle terá que
vir comigo.

Os olhos de Ethan brilharam quando sua mandíbula apertou. — Seu filho


da puta — ele cuspiu. — Por que você não ficou longe dela?
Stefan abriu a porta, bateu com tanta força contra a parede que o vidro
da janela se estilhaçou e o reboco rachou e quebrou. Ele não se preocupou em
fechá-la enquanto descia os degraus e entrava no campo.
A porta se abriu, mas Isabelle não se preocupou em olhar para ele
enquanto jogava as últimas roupas em uma mochila. Ele não tinha voltado para
o quarto na noite passada, um fato pelo qual ela estava incrivelmente grata. Ela
não queria falar com ele ou vê-lo agora. A maior parte de sua raiva havia
desaparecido e tudo o que restava era uma sensação de perda e traição. Se
ele tivesse contado a ela sobre seu passado, talvez ela pudesse entender. Tudo
o que ela sabia agora era que ele tinha sido um assassino e, a julgar pela
quantidade de poder que possuía, devia ter gostado e feito muito disso.

Ela não conseguia perdoar a si mesma, ou a ele. Ela tinha dado tudo para
um homem que ela não conhecia. A pior parte era que não havia nada que ela
pudesse fazer a respeito. Eles estavam unidos agora, sem ele ela morreria. Ela
não podia nem sair, não podia ir a lugar nenhum sem ele. A vida dela estava
irrevogavelmente ligada à dele.

— Sua mãe alugou quartos de hotel para você e seus irmãos mais novos
— ele a informou sem rodeios.

Ela não respondeu enquanto se movia para o banheiro para terminar de


arrumar o resto de suas coisas. Ela não sabia como lutar contra a
desesperança que sentia. Não sabia como mudar o que havia se tornado seu
futuro. Ela ainda o amava, de verdade, mas nunca mais poderia confiar nele.
Ela não queria viver o resto de sua vida assim. Era muito tempo para estar com
alguém em quem ela não confiava e que a machucava tanto. Foi muito injusto.

Ela nunca quis isso, e agora, quando ela entregou tudo a ele, ela se
lembrou de todas as razões pelas quais ela estava tão apavorada com isso em
primeiro lugar. Ela amaldiçoou o destino, e o mundo, por colocá-la junto com
alguém como ele. Por que ela não poderia ficar com alguém honesto, bom e
atencioso, em vez de um mentiroso e assassino?
Lágrimas encheram seus olhos quando ela jogou sua escova de dentes
e escova de cabelo em um estojo de plástico antes de ir para o quarto. Ele
havia fechado a porta e agora estava encostado nela. Seus olhos estavam
semicerrados enquanto a observava. Ela jogou a bolsa no compartimento de
baixo da mala e a fechou. Ela a ergueu e finalmente se virou para encará-lo.

— Por que você não me contou? — ela exigiu.

— Você não precisava saber. — Ela bufou quando balançou a cabeça e


se virou para olhar pela janela. Não, ele não pensaria que ela precisaria saber.
— Não faria diferença de qualquer maneira. Você é minha, Isabelle, para o bem
ou para o mal. Estaremos sempre juntos. Tentei deixar você, mas não
consegui, e morreremos um sem o outro. Faria diferença se eu tivesse te
contado?

Ela se voltou para ele. — Sim. Pelo menos você teria sido honesto
comigo, agora…

— Agora nada — ele interrompeu.

— Você me machucou! — Isabelle fechou os olhos enquanto se


abraçava. — Essa é a diferença.

Stefan fechou os olhos contra a dor que o inundava. Ele ficou longe dela
na noite passada porque não queria ver o ódio dela, mas o ódio parecia ter
desaparecido agora, e em seu lugar havia algo ainda mais doloroso para ele.
No entanto, não havia nada que ele pudesse fazer para impedir ou mudar isso.
Ele tentou se distanciar de seu passado, ele deveria saber que seria impossível,
que iria alcançá-lo.

— Não posso mudar nada.

— Não, você não pode, e infelizmente nem eu. — Ela lutou para se
manter sob controle. — Eu gostaria que você nunca tivesse vindo aqui, e ainda
assim...
Sua voz falhou quando ela abaixou a cabeça.

— Eu também, Isabelle, eu também.

Ela rapidamente lutou contra as lágrimas que queriam cair. Suas palavras
a feriram mais do que ela jamais imaginou. Ela encontrou tanta felicidade com
ele, conheceu um tempo de verdadeiro contentamento, e agora tudo se foi. Ela
não tinha certeza se iria mudá-lo vindo aqui. Até que ele chegasse, ela não
sabia o quão solitária ela era, mas nunca tinha estado tão ferida antes.

— Farei tudo o que puder para mantê-la segura. Nunca pensei que isso
fosse acontecer, mas não há nada que eu possa fazer sobre isso agora, e por
isso, sinto muito. Você nunca saberá o quanto sinto.

Ela bufou enquanto balançava a cabeça. — Não, acho que não.

— Depois que isso acabar, vamos embora, Isabelle.

— O que? — Sua cabeça disparou enquanto sua boca se abria. — Não


vou sair de casa!

— Eu não sou mais bem-vindo aqui.

— Mas...

Lágrimas escorriam por seu rosto enquanto suas palavras sumiam. Não
importava, se ele não ficasse, ela não poderia. A sensação avassaladora de
perda descendo ameaçava engoli-la inteira. Ela havia perdido tudo com o que
se importava em menos de um dia e não podia deixar de culpá-lo por isso.

Ele não conseguia mais ficar longe dela, a tristeza que ela irradiava era
mais do que ele podia suportar. Ele tentou agarrá-la, mas ela imediatamente
recuou enquanto balançava a cabeça violentamente.

— Não me toque! — ela chorou. — Nunca mais me toque!


Suas mãos caíram frouxamente para os lados quando ele deu um passo
para trás. — Você vai ter que me perdoar eventualmente, Isabelle.

— Eu nunca vou te perdoar! — ela cuspiu. — Você tirou tudo de mim!


Se você acha que algum dia vou te perdoar, você é louco! Eu gostaria de nunca
ter te conhecido! Eu gostaria...

Sua voz foi sumindo enquanto os soluços sacudiam seu corpo. Ele
estendeu a mão para ela novamente, mas ela rapidamente evitou seu aperto.

— Você vai me perdoar — ele ordenou como se isso fosse funcionar. —


Agora, vamos.

Ela balançou a cabeça em negação. A paciência de Stefan se esgotou


quando ele pegou o braço dela. Ela gritou com raiva e tentou se libertar, mas
ele se recusou a abrir mão de seu aperto enquanto a puxava atrás dele.

— Solte-me! — ela gritou.

Ele se virou e agarrou o queixo dela enquanto puxava sua cabeça para
cima. — Eu nunca vou deixar você ir! — ele sibilou. — É melhor você se
acostumar com isso, e perceber que nada vai nos separar!

A raiva irradiando dele a sacudiu, mas ela se recusou a recuar, recusou-


se a se encolher como desejava. Ele era um assassino, e eles o convidaram
para entrar em suas casas, em seus corações. A família dela o aceitou,
considerou-o um deles, mas todos foram traídos.

— Não é por escolha! — ela gritou para ele.

— Talvez não agora, mas foi.

— Isso foi antes de eu saber que você era um monstro!

Stefan apertou a mandíbula e se recusou a responder a ela. Deixe-a


pensar o que quiser, ele sabia a verdade, e ele seria amaldiçoado se tomasse
tempo para explicar isso a ela. Ela tinha tomado sua decisão sobre ele, e se ela
não fosse dar a ele o benefício da dúvida, então ele não iria se rebaixar
contando a ela a verdade sobretudo. Ou Ethan também. Liam, Sera e os outros
foram um pouco mais compreensivos e o ouviram, mas não aqueles dois.

— Vamos — ele rudemente a puxou para frente.

Seus olhos cuspiam faíscas violetas de fúria para ele enquanto ela
inclinava o queixo, soltava o braço e se apressava pelo corredor.

***

Isabelle jogou a mochila na cama e desabou. O hotel era frio e sombrio


em comparação com o conforto de seu quarto. Cada parte dela parecia
esvaziada e batida. Ela se sentia completamente vazia e sozinha. Vicky e Abby
colocaram suas malas no chão e se jogaram na grande cama em frente à dela.

— Isabelle… — Abby começou.

— Eu não quero falar sobre isso.

Ela chutou os sapatos e caiu de volta na cama. O sol estava começando


a se pôr, mas ela não se divertiu com as cores brilhantes riscando o céu que
escurecia. Ela instintivamente queria estender a mão para Stefan, mas ela se
recusou a se permitir. Ele a manteve fechada desde a noite passada, ela não
queria se encontrar com a parede fria que ele ergueu em torno de sua mente
novamente. A possibilidade de que ele pudesse ser morto, de que ela nunca
mais o visse, criara raízes firmes. Sua preocupação por ele só aumentava sua
miséria.
— Isabelle. — Ela se virou ligeiramente. Sua mãe estava parada na frente
da porta, Vicky e Abby se foram. Ela estava tão absorta em sua infelicidade que
nem os ouviu partir. — Nós precisamos conversar.

Ela se preparou enquanto se empurrava para cima. Ela estava esperando


que sua mãe a confrontasse sobre Stefan, esperando ouvir sua censura sobre
ele e dizer a ela que ele não era mais bem-vindo em sua casa.

— Sinto muito por tudo isso — ela murmurou.

— Por quê? Você não precisa sentir.

Isabelle deu de ombros enquanto brincava com um fio solto na colcha


esfarrapada. — Eu sei que você deve estar com raiva.

— Não Isabelle, você está com raiva, não eu.

A cabeça de Isabelle disparou. — O que?

Sua mãe caminhou para se sentar em frente a Isabelle na outra cama. —


Eu te amo querida, mas você é muito crítica às vezes...

— Eu não sou! — ela protestou.

— Sim, você é. Você nunca se alimentou de humanos, você não acredita


nisso, mas você censura aqueles ao seu redor que o fazem…

— Eu não!

— Você vai me deixar terminar — disse sua mãe impaciente. Isabelle


trancou o maxilar e assentiu energicamente. — Eu sei que você desaprova que
todo mundo faça isso, você disse isso mais do que algumas vezes. Você
acredita que eles não deveriam ter que fazer isso, mas eles nunca fizeram mal
a ninguém, e ainda assim você desaprova...

— Eles podem usar bolsas, como eu.


— Isabelle, deixe-me falar! — sua mãe estalou. Os olhos de Isabelle se
arregalaram de espanto, sua mãe não gritava com ela desde que ela era
criança. — Como eu estava dizendo, você é crítica. Isabelle, elas não estão
machucando ninguém, e é da nossa natureza. É a forma como sobrevivemos.
Eu nunca me alimentei de alguém porque seu pai me forneceu, mas eu o faria
se precisasse ou quisesse. — ela acrescentou quando Isabelle abriu a boca
para protestar.

— Eles querem — ela continuou. — Porque eles preferem. É direito deles


fazer o que os deixa felizes, desde que não machuquem ninguém...

— Mas Stefan fez! — ela gritou, incapaz de se conter.

Sua mãe apertou a mandíbula enquanto respirava fundo. — Ele matou


nossa espécie, Isabelle, não aqueles como nós, mas os errados, aqueles como
você conheceu no clube. Ele não te disse isso?

Isabelle não ia admitir que ele havia contado a ela, mas ela não tinha visto
a diferença.

— Vou entender o seu silêncio como se ele tivesse lhe contado, e você
não quis ouvir, ou você nunca deu a ele uma chance de se explicar — disse a
mãe dela.

— Ele disse algo assim — ela admitiu relutantemente.

Sua mãe fungou e balançou a cabeça. — Seu pai e os Patetas mataram


nossa espécie, e eles fizeram isso por mim. Eles estavam errados?

— Eles fizeram isso apenas pelo poder? — Isabelle retrucou.

— Não, eles não fizeram. Você tem certeza de que essa é a única razão
pela qual Stefan fez isso?

A mandíbula de Isabelle apertou quando ela encontrou os olhos nublados


de sua mãe. — Isso é o que Brian disse.
— Sim, e tenho certeza que ele sempre diz a verdade. Brian não é como
Stefan, e você sabe disso.

— E como você sabe disso? — Isabelle exigiu.

— Stefan me disse que você e Ethan podiam sentir algo errado com
Brian, assim como você podia sentir sobre os que estão fora do clube. Eu não
posso fazer isso, nem seu pai, ou os Patetas. A única coisa que podemos
imaginar é porque vocês dois nasceram vampiros, suas habilidades inerentes
são mais fortes que as nossas. Você pode detectá-los de alguma forma, mas
você não sentiu nada sobre Stefan.

— Como você sabe disso? — ela exigiu.

Sua mãe franziu a testa para ela. — Porque você teria dito algo para um
de nós, ou Ethan teria, ou um dos outros teria nos dito. Cada um de seus irmãos
pode sentir algo errado com Brian. Nenhum deles sentia isso por Stefan, você
sabia disso?

Isabelle estava começando a se sentir como uma criança castigada e


não estava gostando da sensação. — Não — ela murmurou petulantemente.

— Você o julgou muito rapidamente, Isabelle.

— Ele matou um homem! — ela gritou.

Sua mãe juntou as mãos cansadamente diante dela. — Seu pai matou
um homem, isso faz com que você não goste dele?

— Ele fez isso para proteger você!

— Stefan matou um caçador, Isabelle. Era ele ou aquele homem. Quem


você preferiria que estivesse vivo?
Isabelle fechou os olhos enquanto lágrimas de auto desgosto brotavam
de seus olhos. Sua mãe estava certa, ela havia julgado Stefan com muita
severidade?

— Por que ele mataria nossa espécie se não fosse pelo poder? — ela
perguntou com a voz estrangulada.

— Você vai ter que perguntar a ele.

— Você fez?

— Sim.

Ela sabia que sua mãe não iria lhe contar mais do que isso. Ela abriu os
olhos e enxugou as lágrimas deles. — Se você ficou satisfeita com a resposta
dele, por que disse a ele que ele tinha que ir embora?

— Eu não, e nem seu pai ou os Patetas.

— Então por que ele quer ir embora? — ela exigiu.

Sua mãe balançou a cabeça. — Eu tenho dois pares de gêmeos, Isabelle,


mas nenhum deles é tão parecido quanto você e Ethan. Seu temperamento
também leva a melhor sobre vocês dois em muitas ocasiões.

— Ah — Isabelle disse. — Mas ele trouxe esses vampiros para nossa


casa! — ela gritou, não querendo estar tão completamente errada. — Ele nos
expulsou de nossas casas e colocou todos nós em perigo!

— Brian fez isso.

— Brian é amigo dele!

— Era amigo dele. Eles não são amigos há um tempo, mas você
provavelmente não teve tempo de aprender isso também.
Isabelle abaixou a cabeça de vergonha, e o desespero a invadiu. Ela se
lembrou das coisas que disse, das coisas que fez e se odiou. Ela estava
começando a perceber que pode ter julgado completamente mal toda a
situação. Ela disse que nunca perdoaria Stefan, agora estava começando a se
perguntar se ele a perdoaria. No entanto, ele mentiu para ela e
deliberadamente escondeu seu passado dela.

— Você confia nele? — ela perguntou com a voz embargada.

— Eu faço.

Lágrimas escorriam por seu rosto. Se sua mãe confiava nele, e Stefan
havia contado tudo a ela, então ela estava completamente errada. Oh Deus,
ele deve odiá-la! Ela se odiava. — Por que ele não me contou o que quer que
tenha dito a você?

— Você deu a ele uma chance?

Isabelle balançou a cabeça enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto


e ela começou a soluçar. — Ele deve me odiar! — ela quase gemeu.

— Ele nunca poderia te odiar.

— Eu disse a ele que o odiava!

Sua mãe veio sentar-se ao lado dela, ela pousou a mão em seu ombro.
— Você estava brava com ele, confusa e pega de surpresa. Ele vai entender.

— E se ele não quiser?

— Ele vai. Ele ama você, Isabelle, ele conhece todos os seus defeitos, e
todos os seus pontos positivos já. Ele sabe que você fica com raiva
rapidamente, e você supera isso rapidamente. Ele vai entender.

— Eu não entendo — ela sussurrou. — Eu o amo com tudo o que sou.


No entanto, fui tão rápida em jogar tudo de lado quando pensei que ele havia
mentido para mim e, de certa forma, ele mentiu para mim. Ele manteve muito
escondido de mim.

— Você precisa falar com ele. Às vezes, o passado é apenas algo que
as pessoas só querem esquecer. Você precisa deixar seus julgamentos de lado
e perceber que todos têm defeitos, até você.

— Eu sei que sim — ela sussurrou desanimada.

— E você também tem muitas qualidades excelentes, nunca se esqueça


disso. Stefan te ama por todas elas. Assim como você o ama por todos os seus
defeitos e qualidades, e tenho certeza que ele também tem muitos.

— Ele é mandão, arrogante, prepotente e autoritário — ela murmurou.


— Ele nem pensou em me deixar ficar em casa.

— Claro que não — sua mãe respondeu com uma risada. — Seu pai
arrumou minha mala antes que eu pudesse contar até dez. Nessa situação,
nem vale a pena lutar. A principal preocupação deles é a nossa segurança.
Você teria mais sorte falando com uma parede do que mudando de ideia...
Você tem que escolher suas batalhas, esta não é uma que você vai ganhar,
confie em mim nesse fato.

— E aparentemente, nenhum foi o meu último — ela sussurrou.

Sua mãe afastou o cabelo de Isabelle de sua testa. — Não, mas todos
cometemos erros. Vai dar tudo certo, você vai ver.

— Eu tenho que ir falar com ele. Eu preciso vê-lo. — De repente, ela


precisava dele com uma intensidade que a abalou.

— Você não pode ir hoje à noite, mas pode ir amanhã, ok? — sua mãe
disse.

Isabelle olhou para o céu escuro. — E se aqueles vampiros vierem hoje


à noite?
— Então todos nós podemos voltar para casa amanhã.

— E se algo acontecer com ele? — ela sussurrou. — E se eu o perder, e


uma das últimas coisas que disse a ele foi que o odiava?

— Nada vai acontecer com ele , ele é mais forte do que a maioria.

— E quanto aos outros?

A mão de sua mãe apertou o ombro de Isabelle. — Eles não vão interferir,
a menos que precisem. Eles conhecem seus limites, além disso, seu pai sabe
que eu vou matá-lo se ele se machucar. — Isabelle riu quando deixou cair a
cabeça no ombro de sua mãe. — Vai ficar tudo bem — ela prometeu.

Isabelle rezou para que ela estivesse certa. Ela fechou os olhos e permitiu
que sua mente procurasse Stefan. Se ela não pudesse vê-lo, pelo menos
poderia se conectar com ele e deixá-lo saber que sentia muito. Ela sentiu o
toque de sua presença, mas isso foi tudo. Ele ainda tinha o desligamento dela.
Lágrimas marcaram seu rosto enquanto ela tentava descobrir por que ele não
a deixaria voltar. Ela temia que sua mãe estivesse errada, que ele nunca a
perdoaria.
Stefan estava na varanda, seus braços cruzados firmemente sobre o
peito enquanto ele examinava rapidamente o horizonte. Eles estavam vindo,
ele podia sentir isso, e eles estavam próximos. Ele se virou para as pessoas
reunidas atrás dele. — Eles são fortes — disse Liam.

— Sim — ele respondeu. — Não se esqueça que eles não podem entrar
na casa a menos que sejam convidados. Se algo der errado, é para lá que você
vai.

Liam assentiu rapidamente, mas seus olhos estavam preocupados


quando encontraram os de Stefan. — Isso vale para você também. Não faça
nada estúpido, Stefan. Eu não vou perder minha filha porque você perdeu. —
Ele rosnou.

— Não vou — assegurou-lhe.

— Eles estão aqui — Brian murmurou.

Stefan se virou quando três homens se materializaram no meio do pátio.


Ele podia sentir o poder deles, mas não era tão forte quanto ele pensava que
seria. Ele olhou bruscamente para Brian. — Você não poderia ter lidado com
isso? — ele rosnou.

— Tem mais.

Stefan se virou. Ele isolou a presença dos homens diante dele para
vasculhar a noite. Ele podia senti-los lá fora, esperando nas sombras. — Tolos
— ele murmurou.

— Quantos mais há? — Mike perguntou.

— Quatro — respondeu Brian.


— Dois na floresta, mais dois atrás da casa — Stefan forneceu.

— Como você quer fazer isso? — Brian perguntou.

Stefan ficou em silêncio enquanto observava os três homens no gramado


avançarem. Ele não queria que os outros saíssem da varanda. Esses vampiros
não eram tão fortes quanto ele pensava que seriam, mas eram mais fortes do
que os outros. Se saíssem da varanda, estariam se colocando em perigo.
Isabelle o odiaria para sempre se algo acontecesse com alguém de sua família.

— Espere que eles se aproximem — Stefan instruiu. — Eu não quero que


vocês saiam desta varanda a menos que precisem.

— Nós podemos cuidar de nós mesmos — disse Ethan friamente.

— Você pode, mas vamos precisar de você nas nossas costas, e se você
se separar, você será despedaçado. Fique na varanda — Stefan ordenou.

Os homens no campo pararam a seis metros de distância e ficaram


esperando. Stefan olhou de volta para Brian. — Depois disto…

— Já fui — assegurou-lhe.

— Se você me encontrar de novo Brian, eu mesmo vou te matar.

— Então, você me disse.

— Então, eu quero dizer! — ele retorquiu.

Brian virou-se para olhá-lo e acenou com a cabeça energicamente. —


Eu sei.

— Vamos.

Stefan saiu da varanda e caminhou até o centro do campo com Brian em


seus calcanhares. Os homens foram tolos o suficiente para correr para eles. A
luta foi rápida, brutal e cruel. Entre os dois, o trio nunca teve chance. No
momento em que Stefan despachou o primeiro e se virou para o segundo, Brian
terminou com o outro. Os dois da floresta saíram correndo quando o último dos
três primeiros caiu.

— Idiotas — Brian murmurou enquanto eles giravam para enfrentar a


nova ameaça. Stefan arrancou a garganta de um enquanto Brian abriu um
buraco no peito e arrancou o coração do outro.

Stefan estava sem fôlego enquanto girava em direção à varanda. Eles


ainda estavam parados ali, observando-os com espanto. Stefan concentrou
sua atenção nos dois que estavam atrás da casa, mas eles se foram.

— Que diabos? — ele murmurou.

Brian deu um passo mais perto dele quando deixou cair o coração e pisou
nele. Ele limpou o sangue distraidamente em seu jeans enquanto examinava
rapidamente a noite. — Acho que nós os assustamos — disse ele.

Stefan franziu a testa enquanto balançava a cabeça e olhava para os


cinco espalhados atrás deles. — Eles deveriam ter atacado quando viemos
aqui.

— Vamos, Stefan, você tem nós dois, mais sete vampiros parados na
varanda. Eles perceberam que seria suicídio. Obrigado pela ajuda — disse
Brian com um sorriso.

— Você não precisava disso — ele retorquiu.

— Eu teria se todos eles atacassem de uma vez, e você sabe disso.

— Ainda não entendo por que não o fizeram. Eles eram mais fortes que
os outros.

— Eles não poderiam nos derrotar.


— Não, mas ainda assim...— A voz de Stefan sumiu quando ele cutucou
um dos mortos. — Onde você encontrou esses caras?

— Portland.

— Bem, isso foi rápido. — A admiração era evidente na voz de Ian


quando todos se aproximaram.

— Claro que foi — disse Brian.

Stefan se virou para eles, limpando o sangue de sua boca e mãos quando
pararam a alguns metros de distância. — Para onde foram os outros dois? —
Davi perguntou.

— Correram para as colinas como os covardes que eram — respondeu


Brian.

Stefan ficou surpreso com a diversão em todos os seus rostos, até


mesmo no de Ethan. — Bem, acho que sabemos que não devemos irritá-lo —
disse Jack.

— Ei! — Ian gritou enquanto avançava. — Esse é um dos caras do clube!


— Ele apontou para o moreno que Stefan despachou primeiro.

Stefan se virou, sua carranca se aprofundando enquanto ele olhava para


o homem que não tinha visto. Ele sentiu um momento de triunfo quando
percebeu que tinha dado conta de um dos atacantes de Isabelle, algo que ele
queria fazer desde aquela noite.

— Aquele também — disse Jack enquanto apontava para o último


homem, outro moreno.

Uma crescente sensação de mal-estar começou a se instalar em seu


estômago. Ele chutou os outros homens, mas nenhum deles tinha cabelo loiro
claro ou ruivo brilhante.
— Muito bem! — Ian gritou enquanto lhe dava um tapa nas costas.

— Havia um ruivo e um loiro com esses homens? — ele perguntou a


Brian.

Brian franziu a testa pensativamente e assentiu. — Sim, pensando bem,


havia. O que eu matei tinha cabelo castanho.

Stefan procurou na noite por um indício de sua presença. — O loiro é


quem mordeu Isabelle — Jack disse.

O fundo do estômago de Stefan despencou quando ele de repente


percebeu por que eles partiram. Eles podem ter vindo aqui em uma missão
para matar Brian, mas uma vez aqui, eles farejaram algo mais, algo melhor que
lhes foi negado.

— Brian, vamos! — ele latiu.

— O que? — ele perguntou surpreso.

— Agora!

O terror de Stefan aumentou a cada segundo. Eles tiveram uma


vantagem inicial. Ele se desvaneceu na noite enquanto corria pelo campo.

— Eu odeio quando ele faz isso — Jack murmurou. — Nós vamos ter
que colocar um sino nele.

— Onde ele está indo? — Mike exigiu.

— Eles atacaram essa garota, Isabelle? — Brian perguntou.

— Sim — respondeu David.

Os olhos de Brian se estreitaram. — É para lá que eles estão indo.

— O que? — todos eles gritaram.


Brian não esperou para respondê-los, ele saiu, seguindo o cheiro de
Stefan enquanto ele sumia na noite.

— Vamos! — Liam disse em um tom letal. — Agora!

***

Isabelle rolou e socou o travesseiro novamente. Não importava o que ela


fizesse, ela nunca ficaria confortável, nunca iria dormir sem Stefan ao seu lado.
Ela pensou em ir até o quarto ao lado para ver sua mãe, ela tinha certeza de
que sua mãe também não estava dormindo, mas se ela acordasse Willow e
Cassidy, ela nunca ouviria o fim disso. Ela suspirou enquanto virava de costas
para olhar para o teto. Não ajudou que Vicky estava roncando, e Abby tinha
acabado de resmungar algo sobre biscoitos.

Ela tentou estender a mão para Stefan novamente, mas ele ainda estava
afastado dela. Ela rolou de volta e se enrolou em uma bola enquanto tentava
não pensar sobre o que isso significava. Ele a odiava agora, ela tinha certeza
disso. Ela não sabia por que ele não havia contado a ela sobre seu passado,
por que ele mentiu deliberadamente para ela, mas ela estava certa de que
havia uma boa razão.

Sua mãe não confiaria nele se não houvesse, e os outros também não.
Ethan disse a ele para sair, não aos outros. Eles não o odiavam. Ela também
não achava que Ethan o odiava, mas ele fez a mesma coisa que ela faria se
seus papéis fossem invertidos. Eles eram muito parecidos, arrogantes, críticos
e rápidos em se irritar, mas também altamente protetores um do outro. Ela não
culpou Ethan, e ela estava certa de que uma vez que tudo se endireitasse,
Ethan mudaria.
Ela tinha que esclarecer tudo primeiro, e esperava que Stefan lhe desse
uma chance. Que ele a perdoaria e que não acreditara quando ela disse que o
odiava. Ela desejou poder retirar essas palavras, mas não podia, e ele não a
deixaria entrar em sua mente para dizer que o amava. Se algo acontecesse
com ele, ela nunca se perdoaria. Ela não tinha certeza se poderia perdoar a si
mesma agora. Tinha sido tão cruel com ele.

Ela excluiu os pensamentos, eles não lhe faziam bem agora. Ela falaria
com ele amanhã. Ele ficaria bem. Ele ficaria bem. Ela imploraria por seu perdão
se fosse necessário. A ideia de fazer isso não lhe agradava muito, mas pela
primeira vez em sua vida, ela estava disposta a deixar seu orgulho de lado. Ela
esperava que não, mas faria se fosse necessário. Ela lhe devia isso, e mais,
muito mais.

Ela caiu de novo.

— Quer parar de fazer isso? — Abby murmurou irritada.

— Foi você quem falou sobre biscoitos um minuto atrás — Isabelle


sussurrou de volta.

— Biscoitos?

— Sim.

— Eu poderia ir comer alguns biscoitos — Vicky murmurou. Eles eram


uma das poucas guloseimas humanas que eles experimentaram e gostaram.
— Pelo menos eu teria algo bom para comer enquanto ouvia Isabelle suspirar
e gemer.

— Como você pode me ouvir sobre o seu ronco? — Isabelle retrucou.

— Eu não ronco!

— Você ronca mais alto que uma motosserra!


— Sim, você faz — Abby concordou.

— Tanto faz — Vicky murmurou.

Isabelle rolou para olhar para eles. Abby apoiou a cabeça na mão e
estava olhando para ela por cima das costas de Vicky. Vicky fez uma careta
para ela com as pálpebras meio abaixadas. Isabelle conseguiu dar um sorriso
trêmulo enquanto se apoiava no cotovelo.

— Eu não queria te acordar — ela se desculpou.

— Esta cama é uma merda de qualquer maneira — Vicky murmurou.

'Isabelle!'

A voz de Stefan bateu em sua mente com tanta força que ela quase caiu
da cama com o choque. 'Stefan?'

'Eles estão chegando, Isabelle, fique em segurança agora!'

'O que?'

'São os homens do clube, eles vão te encontrar! Vá agora!'

Isabelle deu um pulo e jogou os cobertores de lado enquanto o pânico


dele alimentava o dela a níveis quase épicos. Seus olhos instantaneamente
caíram sobre Vicky e Abby. — Levantem-se! — ela gritou.

— O que? — eles perguntaram enquanto se jogavam na cama.

— Levantem-se! Agora! Depressa!

— Isabelle…

— Eles estão vindo para cá. Os homens do clube, eles estão vindo para
cá!
— Oh não! — Eles pularam da cama simultaneamente.

— Entre no banheiro — ela ordenou.

— O que?

— Isabelle…

Ela agarrou o braço de Abby e a empurrou para o banheiro. — Vicky,


mova-se — ela insistiu freneticamente.

Vicky correu para o banheiro e acendeu a forte luz fluorescente. Piscou


por alguns segundos antes de ganhar vida. Isabelle piscou contra o sinalizador
quando ela empurrou Abby para o pequeno e feio quarto verde.

— Fique aqui! — ela ordenou.

— Isabelle, espere! E você? — Abby chorou.

Isabelle a ignorou enquanto ela corria pela sala para pegar a pequena
cadeira de madeira no canto. Ela correu de volta para o banheiro e empurrou
a cadeira para dentro.

— Use isso para bloquear a porta, e não se atreva a sair, não importa o
quê! — ela pediu.

— Isabelle…

— Faça isso! — ela ordenou e bateu à porta.

Ela esperou até ouvir a cadeira sendo colocada contra a porta antes de
correr para a outra porta. Suas mãos tremiam enquanto ela se atrapalhava
para colocar a corrente no lugar. 'Minha mãe!' ela gritou para Stefan.

'É você que eles querem, Isabelle! É você que eles estão rastreando. Sua
mãe foi avisada.'
Isabelle conteve um soluço enquanto se virava. Vicky e Abby estavam
presas aqui com ela. 'Eu tenho que sair desta sala!'

'Não!'

'Vicky e Abby estão aqui!'

'Não se atreva a sair daquele quarto!'

Isabelle olhou freneticamente ao redor. Eles poderiam entrar aqui. As


pessoas ficavam neste quarto, mas não moravam aqui. Não era a casa de
ninguém. Ela sairia da sala e os levaria para longe de suas irmãs, ou ela ficava
e os levava direto para eles. Não foi uma decisão difícil de tomar. Ela girou de
volta, sua mão tremia quando ela estendeu a mão para soltar a corrente de seu
cadeado. Sua mão congelou no meio do caminho.

'Stefan'

'Fique naquele quarto!' ele ordenou.

'Stefan, eles estão aqui.'

Seu rugido foi tão alto que ela jurou que ecoou pela sala. Ela levou um
momento para perceber que não era o berro dele enchendo a sala, mas o
estilhaçar da grande janela de vidro ao lado dela. Isabelle gritou quando uma
escuridão que não tinha nada a ver com a noite correu para encontrá-la. Ela
reconheceu o cheiro pútrido instantaneamente quando inundou sua mente.

Ela arrancou a corrente e destrancou a trava enquanto as mãos a


agarravam. Isabelle girou enquanto atacava com suas garras. Ela cortou seu
rosto e o sangue espirrou em seu cabelo loiro. Ela atacou novamente, a
preocupação por suas irmãs servindo para torná-la mais selvagem quando ela
o pegou em seu peito. Ela faria tudo ao seu alcance para garantir que essa
monstruosidade não chegasse perto delas.
A porta se abriu atrás dela, bateu em suas costas e a derrubou no chão.
Ela gritou quando seu ombro bateu na parede e a dor perfurou seu lado.
Madeira lascada e reboco quebrado choveram ao seu redor enquanto a porta
arruinada caiu no chão. Ela se mexeu de volta quando o outro veio para ela.

— Mate ela! — o loiro cuspiu.

O ruivo veio em sua direção ansiosamente enquanto seus olhos


brilhavam com sede de sangue. Isabelle se levantou de um salto quando a loiro
se virou em direção à porta do banheiro.

— Não! — ela gritou.

Ela se lançou contra o ruivo ao mesmo tempo em que sua mãe


atravessou a porta e se lançou contra ele. Ele sibilou enquanto tropeçava para
trás, e as garras de sua mãe rasgaram suas costas. Isabelle se lançou sobre
ele e abriu seu peito com as unhas. O loiro, distraído pela presença de sua
mãe, voltou para elas enquanto Willow e Cassidy voavam para dentro da sala.

— Saia daqui! — Isabelle gritou com eles.

Eles pararam derrapando quando o loiro se virou para elas. O medo a


invadiu quando eles se viraram para sair correndo da sala. Ele desapareceu
diante de seus olhos, parando na frente delas para bloquear sua saída. — Vitela
— ele ronronou.

— Mãe! — Willow gritou.

A porta do banheiro se abriu quando Abby e Vicky saíram correndo.


Isabelle sentiu como se seu coração parasse de bater por um minuto inteiro.
Ela estava tão concentrada em todos os outros que se esqueceu
completamente do homem diante dela.

Ele jogou a mãe dela para longe, derrubando-a no chão antes de agarrar
o braço de Isabelle. Ela balançou para fora instantaneamente, mas ele agarrou
seu outro braço e o torceu para o lado enquanto a forçava a ficar de joelhos.
Ela reprimiu um gemido de dor e ergueu o queixo desafiadoramente para
encará-lo.

— Estou morrendo de vontade de ver você de joelhos — disse ele com


um sorriso cruel.

— Foda-se! — ela cuspiu.

— Isabelle! — Vicky gritou.

Isabelle ergueu-se, ignorando a tortuosa agonia em seu braço, enquanto


o acertava no estômago. O sangue jorrou sobre os dois quando ele torceu o
braço dela e a jogou no chão. Ela quase gritou, mas conseguiu se conter a
tempo quando ele se ajoelhou sobre ela e prendeu seu ombro contra a parede.

Ele era tão forte, tão mais forte do que ela. Não havia como ela lutar
contra ele. Pensamentos sobre sua família correram sobre ela quando os sons
de uma batalha encheram a sala, mas não havia nada que ela pudesse fazer
para ajudá-los. Ela estava completamente presa, e ele ia matá-la.

O rugido que enchia a sala era tão alto que abafava todos os outros sons
instantaneamente.

Alívio fluiu através dela. O ruivo soltou seu braço e se afastou dela, mas
já era tarde demais. Stefan o agarrou, jogou sua cabeça para trás, quebrou
seu pescoço e arrancou seu coração. Isabelle olhou com espanto quando o
homem caiu sem vida no chão. Ela não podia acreditar na rapidez com que
Stefan conseguiu matá-lo. O homem era muito mais forte do que ela, muito
mais forte do que qualquer um que ela já conheceu. Exceto por Stefan, ela
percebeu.

Isabelle lutou para ficar de joelhos. Ela embalou seu braço danificado
enquanto levantava a cabeça para encontrar seu olhar furioso e cheio de
vermelho. O rosnado feroz em seu rosto desapareceu instantaneamente, e
seus olhos voltaram ao preto quando ele se ajoelhou diante dela.
— Onde está o outro? — ela ofegou.

— Morto. Você está bem? — ele exigiu.

— Sim.

Ele afastou o cabelo de seu rosto, seus olhos intensos enquanto a


estudava com preocupação. Ela se lançou para a frente e envolveu o pescoço
dele com o braço bom. Lágrimas de alívio e alegria rolaram por seu rosto. —
Desculpe! — ela soluçou. — Eu sinto muito.

— Shh — ele sussurrou enquanto a envolvia em seu forte abraço. — Não


chore, Issy. Está tudo bem.

— Não, não está.

Ele a segurou em seus braços enquanto saboreava seu perfume doce e


calor reconfortante. Ela ergueu a cabeça do ombro dele, seus olhos estavam
cheios de lágrimas quando ela olhou para trás. — Estão todos bem? — ela
perguntou.

— Estamos todos bem — disse sua mãe quando Brian irrompeu pela
porta.

— Eles já estão mortos? — ele perguntou, soando muito desapontado.

— Sim — respondeu Stefan. Ele se levantou lentamente, puxando


Isabelle com ele. Os olhos de Brian pousaram nela, e um sorriso curvou sua
boca. Stefan a puxou para mais perto contra seu lado. — Você não tem outro
lugar para estar?

Brian encolheu os ombros enquanto se virava para examinar a destruição


da sala. Isabelle se afastou de Stefan, ela fez uma careta para Brian enquanto
corria para abraçar sua família. A tensão e a sede de sangue de Stefan ainda
ferviam logo abaixo da superfície enquanto ele a observava. Ela tinha sido
colocada em perigo demais para o gosto dele, demais. Ele não conseguia
abalar a besta nele enquanto suas emoções ficavam fora de controle. Ele
lançou a Brian um olhar furioso quando passou por ele e agarrou Isabelle
quando ela se afastou de abraçar Vicky e Abby.

Ele a colocou de volta ao seu lado, ignorando o olhar confuso que ela
lançou a ele enquanto se permitia ser confortado por sua presença. Ele fechou
os olhos enquanto deixava o calor dela envolvê-lo e acalmar a tensão furiosa
dentro dele.

— Sera! — Liam irrompeu na sala, seus olhos estavam frenéticos quando


ele passou correndo por Stefan para sua família. Os outros avançaram
cautelosamente enquanto vasculhavam os escombros e os corpos espalhados
pela sala.

— Eu vou cuidar disso — Brian ofereceu. — Vocês deveriam sair daqui.


Tenho certeza que alguém já chamou a polícia.

Stefan assentiu rapidamente. — Vou chamar Kyle e Julian — disse Doug.

— Eles estão no quarto ao lado do meu! — Sera gritou.

— Crianças malditas dormem como os mortos — Mike murmurou


enquanto se virava para seguir Doug.

— Tem certeza que pode lidar com isso? — Stefan perguntou a Brian.

Brian bufou. — Você está brincando comigo?

— Lembre-se do que eu disse.

— Eu sei que você vai me matar se eu voltar. Acredite em mim, eu já tive


o suficiente de Oregon. Agora, saia daqui.

Stefan assentiu enquanto conduzia Isabelle para frente. Ela ainda estava
segurando o braço, mas ele não tinha tempo para olhar para ele agora. Eles
precisavam sair daqui o mais rápido possível, ele já podia ouvir o lamento
distante das sirenes. — Cuide bem dele — disse Brian.

Isabelle parou diante de Brian, com a cabeça inclinada enquanto o


estudava. Ele cheirava mal, mas não era como os outros, não como ela havia
pensado de qualquer maneira. Havia um cheiro persistente de morte ao seu
redor, mas era diferente, não era tão forte. Havia também uma solidão e
desespero nele que a lembrava do que existia em Stefan quando ela o
conheceu. Por alguma razão, ela não achava Brian um cara horrível. Embora
ela não se importasse de socá-lo no rosto por todos os problemas que ele
causou.

— Você não está tão longe quanto pensa ou gosta de fingir que está.
Você pode voltar — ela disse a ele.

Sua boca se curvou em diversão irônica enquanto ele a estudava. — E


como você saberia?

Os braços de Stefan apertaram ao redor dela, mas ela ignorou a


sugestão sutil enquanto sustentava o olhar de Brian. — Eu simplesmente sei
— ela respondeu.

O sorriso escapou de sua boca quando ele se virou para Stefan. —


Nunca pensei que veria você assim, acho que essa coisa de alma gêmea é
verdade, afinal — disse ele. — Cuide dela.

— Eu pretendo — respondeu Stefan. — Cuide-se.

A diversão voltou instantaneamente aos olhos de Brian. — Claro.

Stefan tentou levá-la embora, mas ela permaneceu onde estava. Ela
queria ajudar Brian, assegurar-lhe que ele não era o vilão que pensava ser. —
Lembre-se do que eu disse — ela sussurrou.

Brian olhou para ela, seu rosto impiedoso e seus olhos frios novamente.
Isabelle se afastou dele. Não havia mais nada que ela pudesse dizer ou fazer.
Ele tomaria suas próprias decisões, ela só podia esperar que eles fossem as
certas. Mike apareceu de repente na porta com Kyle caído sobre seu ombro.

— Há uma multidão se reunindo, Doug está cuidando dos que vieram


para fora, mas temos que ir.

— Eu cuidarei de tudo — Brian assegurou. — Eles nunca saberão o que


aconteceu.

— Ele tem o poder de fazer isso? — Isabelle perguntou a Stefan enquanto


ele a levava para os carros parados.

— Sim — ele respondeu enquanto abria a porta traseira do carro de Jack


para ela.

Ela esperou que ele deslizasse ao seu lado e fechasse a porta. — E você?

— Sim.

Ela se inclinou contra seu lado. — Você vai me contar tudo?

— Sim.
Isabelle não se lembrava de ter sido colocada na cama ou de ter perdido
a roupa, mas ambos ocorreram em algum momento, ela percebeu ao acordar.
Ela quase ronronou quando Stefan passou a mão em suas costas, causando
arrepios de prazer através dela. Ela se aproximou dele, saboreando o calor de
seu corpo enquanto a mão dele mergulhava entre suas pernas.

Ela engasgou e estremeceu quando o prazer a percorreu. Sua boca


queimou em seu pescoço e costas enquanto ele deixava um rastro de beijos
em sua pele. Tremendo de desejo, Isabelle foi arrebatada por seu toque
enquanto ele continuava a fazer amor com ela com a mão. Isabelle gemeu de
desagrado quando a mão dele se afastou dela. Ela estava prestes a rolar
quando ele deslizou em cima dela e seu corpo pressionou contra suas costas.

— Stefan — ela respirou enquanto sua coxa musculosa separava suas


pernas.

— Shh — ele acalmou enquanto mordiscava sua orelha.

Isabelle esqueceu completamente sua apreensão quando ele deslizou


lentamente para dentro dela, envolvendo-a em seus braços enquanto se movia
sobre ela. Isabelle choramingava de prazer quando ele a agarrou pela cintura
e a colocou de joelhos. Ela foi arrebatada pela sensação dele e pelas deliciosas
sensações que inundaram seu corpo quando seus movimentos ficaram mais
exigentes. Suas mãos a rodearam, acariciando e acariciando seus seios
enquanto provocava seus mamilos.

Isabelle gritou com a força de seu orgasmo enquanto ele sacudia suas
pernas. Seus braços a sustentaram enquanto ele a penetrava ferozmente,
gemendo enquanto se derramava dentro dela.
Ela caiu na cama, ofegando por ar e tremendo com os arrepios de prazer
que ainda a torturavam. Stefan caiu ao lado dela, puxando-a para cima de seu
peito e prendendo-a contra ele. Ela aninhou em seu peito e saboreou a
sensação dele contra ela. As mãos dela se curvaram ao redor do pescoço dele
e brincaram levemente com o cabelo sedoso que ondulava na base dele.

Ele alisou seu cabelo para trás enquanto acariciava suas costas. Isabelle
não queria se mexer, não queria pensar em nada, mas sabia que precisava.
Ela tinha que saber a verdade e não podia adiar para sempre, não importa o
quanto desejasse.

— Stefan…

— Quando eu tinha onze anos, minha família e eu voltávamos do teatro,


fomos atacados. — Ele sabia o que ela ia dizer antes mesmo dela falar. A hora
da verdade havia chegado e ele queria acabar com isso o mais rápido possível.
Ele a abraçou enquanto se abria para memórias que vinha tentando esquecer
há muito tempo.

— Havia três deles, dois homens e uma mulher. Vampiros. Eles nos
prenderam em um beco e mataram minha mãe e meu pai instantaneamente.
Meu irmão tinha dezesseis anos na época e minha irmã tinha acabado de
completar quinze anos. Meu irmão tentou pará-los, ele foi atrás deles, mas era
inútil contra eles. Minha irmã me agarrou e começou a correr em direção à rua.
Tentei voltar, mas ela não me soltou. Os gritos de morte de meu irmão nos
seguiram para fora aquele beco.

Isabelle estremeceu contra ele, lágrimas brotaram em seus olhos


enquanto ela continuava a esfregar a nuca dele. Sua voz não revelava
nenhuma emoção enquanto falava. Se não fosse por suas mãos cavando em
sua cintura, e o aumento de seu batimento cardíaco, ela teria pensado que a
morte de sua família não o afetou.

— Fomos enviados para morar com minha tia e meu tio no País de Gales.
Minha irmã e eu nunca mais falamos sobre o que aconteceu, nem mesmo um
para o outro. Acho que nós dois estávamos com medo de acabarmos em
Bedlam, pelo menos eu sabia que era. Ela se casou três anos depois e voltou
para Londres. Eu não a vi novamente até os dezoito anos, e então ela tinha um
filho. Essa foi a única vez que tentei falar com ela sobre o que aconteceu. Ela
gritou comigo e me disse que eles eram ladrões, e eu estava louco. Quando eu
pressionei o assunto, ela me mandou sair de sua casa e me disse para nunca
mais voltar. Eu nunca voltei.

— Depois disso, procurei em Londres. Eu sabia o que tinha visto, o que


eram e estava determinado a buscar vingança por minha família. Como não os
encontrei lá, fui para o continente. Passei muito tempo procurando na França,
Espanha e Alemanha antes de me mudar para a Itália. Foi quando me encontrei
com um grupo de caçadores de vampiros e me juntei a eles. Eu tinha vinte e
um anos na época.

Stefan fez uma pausa para respirar fundo. Isabelle permaneceu em


silêncio, as mãos dela se curvaram em seu pescoço enquanto ela lutava contra
as lágrimas. Lágrimas que ela sabia instintivamente fariam com que ele parasse
de falar. Ele não queria suas lágrimas, mas seu coração estava partido pelo
menino que ele tinha sido, pela cruel reviravolta do destino que arrancou sua
família dele e o fez crescer em um instante.

Ela não podia nem começar a imaginar como seria perder alguém de sua
família, foi como uma facada no peito só de pensar nisso. Ela não conseguia
imaginar como seria para ele vê-los assassinados, e de forma tão cruel. Ela
queria chorar pelo homem que foi para sua irmã apenas para ser rejeitado pela
única família que lhe restava. Se a mulher ainda estivesse viva, Isabelle iria
rasgá-la em pedaços por ser tão cruel com ele.

— Pelos próximos cinco anos, eu vasculhei o continente, destruindo


todos os vampiros que encontrei. Encontrei os dois homens naquela época,
ambos na Grécia. Com a ajuda de meus novos amigos, eu os alcancei e os
destruí, mas a mulher ainda me escapou.
— Eu a encontrei novamente dois anos depois, em Dublin. O nome dela
era Brenda.— Sua voz estava tensa, e suas mãos cavaram em sua pele. Ela
sabia que ele não estava ciente disso, e ela não protestou. — Ela me
reconheceu, lembrou de mim. Eu estava sozinho com ela, consumido por
vingança e ódio, mas não foi o suficiente. Ela venceu a luta, mas achou que
seria melhor, mais divertido me transformar na única coisa que eu havia odiado
nos últimos dezesseis anos.

— Ela me mudou em vez de me matar. Eu lutei contra isso, mas como


você sabe, quanto mais você luta, mais dói e mais difícil fica resistir. Ela forçou
seu sangue em mim e desapareceu. Depois disso, eu não tinha para onde ir,
sem ideia do que fazer. Eu não poderia voltar para meus amigos, eles teriam
me matado instantaneamente, então deixei a Europa e fui para o Canadá.

Isabelle não conseguia mais conter as lágrimas, elas deslizaram por suas
bochechas para molhar seu ombro. A tristeza a envolveu pelo homem que ele
tinha sido, pelo homem que ele poderia ter sido se as coisas tivessem sido
diferentes. Ela reprimiu um soluço quando o aperto dele diminuiu em sua
cintura e ele começou a acariciá-la novamente. Era ela quem deveria oferecer
conforto a ele, e não o contrário. Ela se aconchegou mais perto enquanto
tentava aliviar um pouco do tormento que irradiava de seu corpo. Ele acariciou
seu pescoço antes de falar novamente em uma voz mais suave e menos fria.

— Passei os próximos cinquenta anos viajando entre o Canadá e os


Estados Unidos. Muitos de nossa espécie vieram para cá. Era um lugar
excelente para eles se alimentarem. As pessoas podiam simplesmente
desaparecer no deserto sem fazer perguntas.

— Eu cacei os assassinos entre nossa espécie, alimentando-me deles e


ficando mais forte. Eu não poderia ir atrás dos mais poderosos, eles teriam me
destruído. Então esperei meu tempo, matando os mais novos até ficar mais
forte. Eu Conheci Brian em Boston quando eu tinha setenta e oito anos. Ele
havia mudado vinte anos antes, sua esposa e filhos foram assassinados ao
mesmo tempo.
Isabelle estremeceu enquanto reprimia um soluço. — Ele estava tão
determinado quanto eu a vingar suas mortes. Ele estava caçando por conta
própria, destruindo qualquer vampiro que encontrasse. Nós lutamos, eu
poderia tê-lo matado, mas não o fiz. Eu podia sentir o que ele era, não era mau,
não era como os outros. Os poderes de Brian não tinham amadurecido o
suficiente para ele sentir a mesma coisa sobre mim. Quando eu expliquei a ele
que nem todos nós éramos maus, nós nos juntamos para caçar aqueles que
eram.

Com a ajuda de Brian, matei ainda mais e fui atrás dos que eram mais
fortes. Depois de cem anos, encontramos os dois que mataram a família de
Brian. Eles eram os mais poderosos que já enfrentamos, mas os destruímos.
Nós dois saímos da batalha gravemente feridos, mas muito mais fortes com o
sangue deles.

— Foi quando decidimos voltar para a Europa. A maioria dos mais velhos
havia permanecido no continente. Nossa força cresceu constantemente
enquanto nos movíamos pelo continente, caçando e destruindo todos que
podíamos encontrar.

— Nunca encontrei Brenda e, depois de trinta anos, decidimos voltar


para os Estados Unidos. Nessa época, eu estava começando a duvidar que
algum dia a encontraria e que ela já poderia estar morta. Vinte anos depois,
encontrei-a em Nova Orleans. Até então, eu era mais forte do que ela. Eu me
alimentei de alguns dos mais poderosos de nossa espécie, absorvendo sua
força e poderes. Brenda vivia de humanos e tinha prazer em destruir famílias,
mas seu sangue não era tão forte como o sangue com o qual eu estava
prosperando.

— A batalha foi curta e brutal e, quando acabou, fiquei sem nada. Nos
últimos duzentos anos, fui consumido pela necessidade de vingança. Era a
única coisa que me guiava, a única coisa que me mantinha eu vivo por tanto
tempo. Depois que Brenda estava morta, não havia mais nada para me
alimentar.
— Brian e eu continuamos nossa missão, mas não era a mesma coisa.
Eu estava apenas seguindo os movimentos, apenas sobrevivendo. Comecei a
perceber que toda a minha existência sempre foi, e sempre seria, nada além
de morte e destruição. Não havia mais nada para me motivar, exceto a
sobrevivência e a necessidade de tentar garantir que nenhuma outra família
fosse destruída, mas não era a mesma coisa.

— Eu não era muito melhor do que os monstros que eu estava matando.


Eu também prosperava com isso, pelas mesmas razões que eles, pelo poder.
Certo, eu não destruí famílias, não tirei vidas inocentes, mas eu era um
assassino brutal do mesmo jeito.

Isabelle estremeceu, ela nunca pensou que esse lado de Stefan pudesse
existir. Ela nunca havia sonhado que isso fosse possível. Isso assustou o inferno
fora dela.

— Dois anos atrás, encontramos um grupo de caçadores humanos. Eu


matei um deles, Brian matou dois. Nenhum de nós jamais havia matado uma
pessoa antes, e isso nos abalou. Eu jurei que estava acabado, nunca mataria
qualquer um, ou qualquer coisa, de novo. Brian estava mais determinado do
que nunca a destruir tudo em seu caminho. Ele não estava matando humanos,
mas ele levou tudo para um lugar mais sombrio do que nunca. Isso lhe dá um
propósito.

— Perdi tudo naquele dia quando Brian e eu seguimos caminhos


separados, a ideia de matar qualquer coisa de novo me deixou doente. Fiz a
única coisa que jurei nunca fazer, a única coisa que me fez exatamente como
os monstros que eu venho matando há séculos e me odiei por isso.

— Eu queria viver com alguma aparência de paz, mas nunca a encontrei.


Onde quer que eu fosse, estava sozinho. Foi quando comecei a me estabelecer
com apenas uma garota de cada vez, por alguns meses de cada vez. Foi pelo
menos alguém para ter por perto um pouco, então eu não estava
completamente sozinho, mas não era o suficiente. Eu ainda estava sozinho,
não importa o que eu tentasse fazer. Quando vim aqui e te conheci, me senti
vivo novamente pela primeira vez desde que era menino. Senti como se tivesse
encontrado um lugar ao qual pertencia e tivesse um propósito diferente da
morte.

Isabelle soluçou em seu ombro enquanto se agarrava a ele. Ela não podia
imaginar tamanha solidão. Ela ansiava por tudo o que ele tinha experimentado.
Ela se odiou pelo que disse na outra noite. Não havia como ela retirar as
palavras, não havia como apagar o passado dele, mas ela jurou que o futuro
dele seria melhor. Ela se certificaria disso.

— Sinto muito — ela sussurrou. — Sinto muito por tudo. Eu não quis dizer
isso. Eu te amo, Stefan. Eu te amo mais do que tudo. Por favor, me perdoe.

— Não há nada para perdoar — assegurou-lhe.

— Há! — ela soluçou. — O que eu disse a você na outra noite, a maneira


como reagi foi completamente imperdoável. Eu deveria ter escutado você, eu
não deveria ter tirado conclusões precipitadas. Eu deveria ter sabido.

— Isabelle, você estava com raiva e chateada, eu entendo isso.

Seu perdão e palavras carinhosas não ajudaram a aliviar a angústia que


ela sentia. Eles só a faziam se sentir pior. Ela não o teria perdoado tão
facilmente se fosse o contrário, mas ele prontamente o fez. Isso a fez se odiar
ainda mais.

— Como você pode ser tão compreensivo? — ela exigiu.

— Facilmente — disse ele com uma risada. — Eu te conheço, Isabelle,


você é rápida para julgar e muito rápida para perder a paciência. Mas você
também é forte, orgulhosa, determinada, amorosa e uma das mulheres mais
leais que já conheci. Eu te amo por todos esses motivos, os bons, assim como
os ruins. Eu não mudaria nada.

Ele não estava fazendo ela se sentir melhor, ele estava fazendo com que
ela se sentisse pior enquanto ela chorava em seu ombro. — Sinto muito por
você ter perdido sua família — ela sussurrou. — Gostaria que nunca tivesse
acontecido.

— Foi há muito tempo. Pode ter levado um tempo para eu aceitar isso,
mas eu consegui. É o passado, e nós dois teremos um futuro incrível.

— Sim, nós teremos — ela jurou fervorosamente. — Eu prometo que


vamos.

Ele riu enquanto depositava um beijo em seu pescoço. — Pare de chorar,


Isabelle. Eu odeio quando você chora.

Ela tentou abafar os soluços, mas não conseguiu. — Por que você não
me contou?

Ele suspirou quando suas mãos pararam de acariciar suas costas e


puxou a cabeça dela para fora de seu ombro. Ele a virou para ele enquanto
enxugava ternamente as lágrimas de suas bochechas. Miséria encheu seus
olhos quando ela encontrou seu olhar hesitante. Seu lábio inferior tremeu
enquanto ela corajosamente tentava conter os soluços.

— Quando Brian e eu conhecemos David, fiquei surpreso com a maneira


como ele falava sobre seus amigos. Nos últimos cento e cinquenta anos, tudo
o que tive foi Brian e toda a feiura que veio com ele. O ar de frescor e A
inocência que David possuía me surpreendeu. Quando ele falou sobre como
nenhum de seus amigos jamais havia matado, e como todos eles eram
próximos, eu me perguntei como era ser tão ingênuo. Ele sabia do que nossa
espécie era capaz, mas não sabia. Não deixe que isso o corrompa.

— Quando cheguei aqui, você era tão lindamente inocente que a última
coisa que eu queria era que qualquer coisa escura tocasse em você. Até a
noite no clube, você não tinha ideia de quão cruel e perverso o mundo poderia
ser. Eu não queria você contaminada por isso, e pelo que eu era. Eu queria
mantê-la protegida disso, e eu erroneamente pensei que o passado era o
passado. Você me deu uma razão para viver, para sentir, e eu nunca quis tirar
nada de você. Eu não estava prestes a deixar a escuridão entrar em seu
mundo, Isabelle.

Lágrimas escorreram livres enquanto ela olhava em seus olhos quentes.


Havia tanta ternura, tanto amor irradiando dele que a abalou. Ela estava
incrivelmente agradecida pelo destino de tê-los juntado, que tinha dado a ela
alguém tão maravilhoso quanto ele.

— Você disse a minha mãe tudo isso.

Ele franziu a testa. — Eu não contei nada disso para sua mãe. Você e
Brian são os únicos que sabem.

Isabelle olhou para ele em confusão. — Ela disse que perguntou por que
você matou nossa espécie e você disse a ela.

— Ela me perguntou se eu tinha um bom motivo para matar nossa


espécie, eu disse a ela que sim, e isso foi tudo.

Isabelle fechou os olhos, deixou cair a cabeça no ombro dele e gemeu


ao perceber toda a extensão de sua estupidez e tolice. Isso a fez se sentir pior,
sua mãe colocou uma fé tão cega nele quando ela não o fez.

— Eu sou uma idiota — ela murmurou.

Ele riu quando a rolou e a prendeu no colchão com seu corpo sólido. —
Você é tudo menos uma idiota, Isabelle, você é apenas teimosa. Sua mãe sabe
disso.

Isabelle abriu os olhos para olhar para os dele, pretos e brilhantes. —


Nós não temos que sair — ela murmurou. — Ethan e eu somos muito
parecidos, ele não quis dizer o que disse e vai mudar de opinião.

Ele sorriu para ela enquanto roçava um leve beijo em sua boca. — Eu
sei, confie em mim, eu sei.
Isabelle franziu a testa para ele enquanto ele sorria alegremente para ela.
— Como é a Europa? — ela perguntou.

— É linda.

— Você quer ir?

Seu sorriso desapareceu quando ele acariciou sua bochecha. — Nós


podemos ficar aqui, Isabelle. Eu gosto daqui, sua família está aqui, e eu sei que
é aqui que você é mais feliz.

— Sim, mas decidi que quero ver o mundo e quero que você me mostre.
Sempre seremos bem-vindos aqui, sempre poderemos voltar, mas eu gostaria
de ir se você quiser..—

Ele sorriu enquanto se inclinava e depositava um leve beijo em seus


lábios. — Eu adoraria mostrar tudo a você, Isabelle.— Ele sussurrou.

Ela sorriu enquanto ele enxugava suas lágrimas secas. Agarrando a mão
dele, ela a levou à boca. Puxando um de seus dedos para dentro, ela começou
a chupá-lo e lambê-lo enquanto saboreava o gosto dele. Seus olhos nublados
com paixão enquanto ele a olhava com fascinação. Ela soltou o dedo dele e
envolveu a nuca dele com as mãos.

— As primeiras coisas primeiro, porém — ela sussurrou.

— O que é isso? — Sua voz era profunda e rouca quando ela o sentiu
alongar-se contra sua coxa.

Seu sorriso se tornou astuto e sedutor quando ela abaixou a cabeça dele.
— Eu preciso te mostrar o quanto eu sinto muito, e o quanto eu te amo.

Ele sorriu para ela, enquanto suas sobrancelhas se arqueavam em


diversão. — Isso pode exigir muita persuasão.

No final do dia, ela conseguiu convencê-lo.

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