Igualdade de Classes: Uma Sociedade Ideal?: História
Igualdade de Classes: Uma Sociedade Ideal?: História
Igualdade de Classes: Uma Sociedade Ideal?: História
4o bimestre – Aula 6
Ensino Médio
● Socialismo utópico; ● Compreender o que é o socialismo
utópico e seu contexto histórico,
● Anarquismo.
tendo em vista a crítica ao
capitalismo;
● Caracterizar o papel do trabalho
para o anarquismo.
Relembre
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PARA REFLETIR
“Imagine”, John Lennon (1971)
JOHNLENNON. Imagine – John Lennon & The Plastic Ono Band (w The
Flux Fiddlers) (ultimate mix 2018) - 4K remaster. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=VOgFZfRVaww&ab_channel=johnlennon.
Acesso em: 29 ago. 2024.
Relembre COM SUAS PALAVRAS
Construtores de utopias
No começo do século XIX, muitas pessoas
“ [Acreditavam na] “tendência natural do ser
humano à cooperação espontânea e do
temiam os efeitos da Revolução Francesa e esclarecimento das mentes pelas
da economia industrial. verdades da ciência moral.”
Havia um misto de descrença e de receio de
(PIOZZI, 1999)
novas revoluções das massas. Alguns
intelectuais temiam que demagogos*
manipulassem o povo, encontrando novas DESTAQUE
formas de explorá-lo.
Assim, procuravam uma alternativa tanto à *Demagogia: ação política
por meio da qual se tenta
via revolucionária, quanto à sociedade
obter o poder ou nele
industrial. Por isso, começaram a ser permanecer, explorando as
construídas utopias. Essas experiências e crenças do povo, fazendo-
propostas foram chamadas de lhe promessas vãs e
“comunitárias”, “socialistas”, “comunistas”, irrealizáveis.
dentre outros atributos. Fonte: MICHAELIS, [s.d.].
Construtores de utopias
“
em: https://www.newlanark.org/introducing-robert-owen. Acesso em: 29 ago.
controle de consumo de bebidas alcoólicas; 2024.
Utópicos: François-Marie-Charles
Fourier (1772–1837)
Filósofo francês, em seus escritos
denunciava as contradições e as injustiças da
sociedade industrial. Acreditava que o
trabalho, como atividade criativa, se fosse
exercido de forma moderada e como
autoexpressão, seria um dos mais grandiosos
prazeres da humanidade.
Para ele, os trabalhadores deveriam ser
recompensados por seu trabalho de acordo
com sua contribuição. A pobreza (não a
desigualdade) seria a principal causa da
desordem social. Propunha a construção de
Ilustração do falanstério, idealizado por Fourier em 1829.
uma sociedade sem competição entre os
indivíduos. Isso se daria se as pessoas
Reprodução – WIKIPÉDIA, 2009. Disponível em:
vivessem em falanstérios, unidades https://fr.wikipedia.org/wiki/Phalanst%C3%A8re#/media/Fichier:Phalanst%C3%A8re.
comunitárias, idealizadas por ele. jpg. Acesso em: 29 ago. 2024.
Foco no conteúdo
Rumo à anarquia!
Os projetos anteriores reivindicavam reformas no sistema e melhorias nas condições de vida dos
trabalhadores. Os anarquistas, por sua vez, defendiam a destruição do sistema. Sua teoria e
ideologia política propunham:
Anarquistas: Pierre-Joseph
Proudhon (1809–1865)
Economista político francês, era crítico dos
abusos do capitalismo. Sua afirmação
mais conhecida foi “Propriedade é
roubo!”, denunciando a concentração de
riqueza e defendendo a distribuição
equitativa dos bens.
Era a favor da igualdade e da liberdade
para todas as pessoas, que deveriam
viver de forma harmônica, em que todos
cooperariam com o bem-estar coletivo.
Propunha uma sociedade sem classes,
Capa de livro A propriedade é um roubo: e outros textos anarquistas, sem exploração, feita por homens e
com textos de Proudhon, publicado no Brasil. Porto Alegre: L&PM, mulheres livres e iguais. O Estado deveria
1998.
Reprodução – L&PM EDITORES, [s.d.]. Disponível em: ser destruído e substituído por uma
https://www.lpm.com.br/site/default.asp?Template=../livros/layout_produto.asp&CategoriaID
=637394&ID=518125. Acesso em: 29 ago. 2024. “república de pequenos proprietários”.
Foco no conteúdo
1. Karl Marx chamou socialistas como Robert Owen de “utópicos”, porque seus projetos
consistiriam em iniciativas isoladas, motivadas pelo espírito filantrópico de “humanizar o
capitalismo”, sem destruí-lo. Razão pela qual seriam fantasiosas e fadadas ao
fracasso. Contudo, anos mais tarde, no século seguinte, muitas das propostas de Owen
foram postas em prática pelos governos europeus. Com base nos textos 1 e 2, destaque
algumas dessas conquistas sociais nas quais Owen foi visionário.
“ E seja ainda decretado, que nenhuma pessoa com menos de dezoito anos deve ser empregada
em qualquer moinho, fábrica, edifício, por mais de dez horas e meia em qualquer dia, excluindo
meia hora para o café da manhã, uma hora para o jantar e meia hora para instrução, perfazendo
no total, doze horas e meia; e para evitar o trabalho noturno, as referidas doze horas e meia
devem ser realizadas em algum momento entre as cinco horas da manhã e as nove horas da
noite[...] E seja ainda decretado, que cada uma dessas pessoas deverá, durante os quatro
primeiros anos após o momento de sua admissão em qualquer moinho, manufatura ou edifício,
ser instruída meia hora em cada dia de trabalho, em leitura, escrita e aritmética, por alguma
pessoa discreta e adequada.”
(OWEN, 1993c)
Na prática
“ Nós queremos liberdade; nós reivindicamos a todo ser humano o direito de fazer qualquer coisa que
lhe agrada e os meios para fazê-lo. Uma pessoa tem o direito de satisfazer todas as suas
necessidades completamente, sem nenhum outro limite a não ser as impossibilidades naturais e as
necessidades de seus semelhantes, que devem ser respeitadas igualmente a dele. Nós queremos
liberdade, e acreditamos que sua existência é incompatível com todo e qualquer poder, não importa
qual sua origem e forma, não importa se foi eleito ou imposto, monárquico ou republicano, inspirado
no direito divino, direito popular, óleo santo, ou sufrágio universal. [...] A história nos ensina que todo
governo é como qualquer outro, e que todos merecem o mesmo. Os melhores são os piores. Os
anarquistas, senhores, são cidadãos que, em um século em que se prega por toda a parte a
liberdade das opiniões, acreditam ser seu dever recomendar a liberdade ilimitada. [...] Os
anarquistas propõem-se, pois, a ensinar ao povo a viver sem governo, da mesma forma como ele
começa a aprender a viver sem religião.”
Manifesto dos anarquistas em Lyon, 1883
(GUÉRIN, 1965)
Na prática
Correção
1. Karl Marx chamou socialistas como Robert Owen de “utópicos”, porque seus projetos
consistiriam em iniciativas isoladas, motivadas pelo espírito filantrópico de “humanizar o
capitalismo”, sem destruí-lo. Razão pela qual seriam fantasiosas e fadadas ao
fracasso. Contudo, anos mais tarde, no século seguinte, muitas das propostas de Owen foram
postas em prática pelos governos europeus. Com base nos textos 1 e 2, destaque algumas
dessas conquistas sociais da quais Owen foi visionário.
Pode-se perceber nas propostas de Owen, no texto 1, uma ênfase no papel da educação e
de ambientes saudáveis de moradia e de trabalho para a boa formação das
classes trabalhadoras, combatendo vícios e práticas degenerativas.
Pode-se identificar também, a partir do texto 2, a importância dada à redução da jornada
diária de trabalho, à proibição do trabalho infantil, à criação de escolas para as crianças e
à instrução dos adultos, além da definição de um salário mínimo condizente com o
necessário para o sustento. A maioria dessas propostas faz parte hoje dos regimes
democráticos europeus, em que as desigualdades sociais são combatidas, buscando-se
propiciar acesso a bens e serviços a toda a população.
Na prática
Correção
Reprodução – WIKIPÉDIA,
2020. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Op
erário_e_Mulher_Kolkosiana#/
media/Ficheiro:Ouvrier_kolkho
sienne_2.jpg. Acesso em: 28
ago. 2024.
GUÉRIN, D. Ni Dieu ni maître: anthologie de l'anarchisme. Paris: La Cité, 1965.
HOBSBAWM, E. A era das revoluções: 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.
HOBSBAWM, E. A era do capital: 1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
JOHNLENNON. Imagine–John Lennon & The Plastic Ono Band (w The Flux Fiddlers) (ultimate mix 2018) - 4K remaster.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VOgFZfRVaww&ab_channel=johnlennon. Acesso em: 29 ago. 2024.
LANDES, D. S. Prometeu desacorrentado: transformação tecnológica e desenvolvimento industrial na Europa ocidental,
desde 1750 até a nossa época. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.
LEMOV, D. Aula nota 10 3.0: 63 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula. Porto Alegre: Penso, 2023.
MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa: demagogia, [s.d.]. Disponível em:
https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/demagogia/. Acesso em: 29 ago. 2024.
OWEN, R. A statement regarding the New Lanark establishment. In: CLAEYS, G. Selected works of Robert Owen: early
writings. Abingdon-on-Thames: Routledge, 1993b. v. 1.
OWEN, R. Observations on the cotton trade, with a view to the intended application to parliament for a repeal of the duty on
the importation of cotton wool. In: CLAEYS, G. Selected works of Robert Owen: early writings. Abingdon-on-Thames:
Routledge, 1993c. v. 1.
OWEN, R. Recollections of my early life. In: CLAEYS, G. Selected works of Robert Owen: early writings. Abingdon-on-
Thames: Routledge, 1993a. v. 1.
OWEN, R. Report to the county of Lanark. In: CLAEYS, G. Selected works of Robert Owen: early writings. Abingdon-on-
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PIOZZI, P. Robert Owen em New Lanark: um laboratório do futuro?. Pro-Posições, v. 10, n. 1, p. 7-15, 1999.
ROSENSHINE, B. Principles of Instruction. Research-Based Strategies that all teachers should know. American
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https://efape.educacao.sp.gov.br/curriculopaulista/wp-content/uploads/2023/02/CURRÍCULO-PAULISTA-etapa-Ensino-
Médio_ISBN.pdf. Acesso em: 28 ago. 2024.
THOMPSON, E. P. A formação da classe operária inglesa: a árvore da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987a. v.
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THOMPSON, E. P. A formação da classe operária inglesa: a força dos trabalhadores. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
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THOMPSON, E. P. A formação da classe operária inglesa: a maldição de Adão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987b. v.
2.
Identidade visual: imagens © Getty Images.