Laudo Tcnico

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 16

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO
CAMPUS CARAÚBAS

LAUDO TÉCNICO

ANÁLISE E REFORÇO ESTRUTURAL DO BLOCO DE


LABORATÓRIOS I

Matheus Ananias de Morais


CREA: 2120935831

Caraúbas/RN

16/08/2022
1 INTRODUÇÃO

O presente Laudo Técnico foi solicitado pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido
– UFERSA e propõe análise situacional das condições das lajes de concreto armado do bloco
de Laboratórios I.
Esse documento nortea-se ao disposto na Norma de Inspeção Predial/2012 do IBAPE
(Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia – Entidade Nacional), Norma de
Manutenção em Edificações NBR 5674/2012, Norma de Perícias de Engenharia na Construção
Civil, NBR 13752/1996, e Norma de Inspeção Predial, NBR 16747/2020.
A Inspeção Predial é ferramenta que propicia a avaliação sistêmica da edificação.
Elaborada por profissionais habilitados e devidamente preparados, classifica não
conformidades constatadas na edificação quanto a sua origem, grau de risco e indica
orientações técnicas necessárias à melhoria da Manutenção dos sistemas e elementos
construtivos (IBAPE, 2012). O laudo gerado, a partir da inspeção, pode indicar a necessidade
de utilização de um diagnóstico mais aprofundado, com o uso de ensaios (sejam eles
destrutivos ou não), conforme recomendação da Norma de Inspeção Predial - IBAPE, para
indicação de orientações técnicas.
Por fim, a inspeção predial tem como foco evidenciar os problemas existentes ou a
ausência deles, não sendo contemplado projeto de reparo, reforço ou recuperação estrutural,
esses que serão executados por empresa ou profissional especializado.

2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

2.1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Edificação: Bloco de Laboratórios I.


Endereço: Avenida Universitária Leto Fernandes, Sítio Esperança II, Zona Rural.
Proprietário: Universidade Federal Rural do Semi-Árido Campus Caraúbas.
CNPJ: 24.529.265/0002-20.
Idade da edificação: 9 anos.
Cômodos: 10 laboratórios, 3 salas técnicas, 8 banheiros (sendo 4 comuns e 4 para
pne), 2 salas para depósito e 1 recepção. Conta também com escada, elevador,
circulações e vão vertical entre laboratórios para inspeção.
Elementos Construtivos: Estruturas de concreto armado, alvenaria de tijolos
cerâmicos, piso de granilite de cor cinza, forro de fibra de vidro, bancadas de alvenaria
para realização de ensaios laboratoriais e laje nervurada unidimensional e pré-moldada
com enchimento do vão de placas de EPS.
Utilização e ocupação: Desde sua finalização, o bloco foi utilizado essencialmente
para atividades laboratoriais e aulas ministradas e ocupado por alunos, professores,
técnicos administrativos e trabalhadores contratados.

3
2.2 SOLICITAÇÃO E BREVE HISTÓRICO

Com o decorrer do uso da edificação, seus ocupantes relataram o aparecimento de


aberturas nas lajes dos pavimentos superiores. Especificamente, duas aberturas por sala de
laboratório. O que gerou insegurança por parte deles.
Também foi informado que, em algumas salas do pavimento superior, há ocorrência de
movimentação considerável do piso no momento do deslocamento de pessoas e objetos.
Esses fatores levaram a Administração da UFERSA campus Caraúbas a solicitar
vistoria e análise situacional das condições de uso da edificação.

3 VISITA TÉCNICA

A visita técnica iniciou-se em entrevista completa com os técnicos de laboratório que


relataram todo o contexto histórico e as condições atuais dos objetos em estudo. Foram
executados também inspeção visual completa de toda a parte interna do bloco, em especial
das salas de laboratório. Na ocasião, foi realizado registro fotográfico e realizadas anotações
que viriam a compor o material do presente laudo.
Figura 1: Medição da base das nervuras Figura 2: Medição dos vãos com placas de
EPS

4
Figura 3: Armadura positiva das nervuras

4 NÍVEL DE INSPEÇÃO

Esta inspeção é classificada como “Inspeção de Nível 1”, realizada em edificações com
baixa complexidade técnica, de manutenção e de operação de seus elementos e sistemas
construtivos. Normalmente empregada em edificações com planos de manutenção muito
simples ou inexistentes.

5 LEVANTAMENTO DE DADOS

Constatou-se inicialmente a presença de aberturas no piso das lajes do pavimento


superior. Tais aberturas se situam paralelamente às, e logo acima das, duas vigas transversais
e centrais de cada laboratório, mostrando-se maiores a medida que se aproximam do centro do
vão.
Dos seis laboratórios, cinco apresentam esse problema, com exceção do Laboratório de
Instalações Elétricas e Telecomunicações (LIT) que apresenta junta de dilatação subdividindo
as três lajes da sala.
Também foi constatado que há uma bancada construída em alvenaria posicionada em
uma das juntas de dilatação da laje do LIT. Tal bancada apresenta falha centrada no
alinhamento da junta (Figura 7).
Além disso, em todas as salas, foi constatada vibração excessiva causada pelo
deslocamento de pessoas na estrutura, em especial nas lajes dos laboratórios de eletricidade e
magnetismo e óptica e relatividade.

5
Figura 4: Rachadura no laboratório de Figura 5: Medição do afastamento da laje
óptica e relatividade do laboratório de eletricidade e magnetismo

Figura 6: Rachadura no laboratório de Figura 7: Abertura na bancada do LIT


eletricidade e magnetismo

6
Figura 8: Junta de dilatação do LIT

6 ANÁLISE ESTRUTURAL

Foram analisadas as lajes, de acordo com a NBR 6.118:2014, considerando que todas
as nervuras apresentam armadura positiva igual à analisada (Figura 3).
Por conta da inviabilidade de execução de uma inspeção mais precisa da laje por
ausência de equipamentos apropriados, a análise da espessura da mesa de concreto foi
impossibilitada. Assim, foi admitido um valor de 4 cm, por ser o valor mínimo admitido por
norma.
Por fim, os valores de resistências características do concreto e do aço foram adotados
como sendo 25 e 500 MPa, respectivamente.
 Comprimento da laje – L: 400 cm;
 Distância entre nervuras: 40 cm;
 Largura da nervura: 12,0 cm;
 Altura útil - d: 9,5 cm;
 Concreto - Fck: 25 MPa;
 Aço: CA-50;
 Área de aço por nervura - As: 0,78 cm² (2 Ø 4.2 + 1 Ø 8.0).

7
6.1 Flexão
Momento resistente da nervura
As × Fyd 0,78 × 434,78
X= = =2,33 cm
0,68× bw × Fcd 0,68 ×12 ,0 ×17,86

M rd =( 0,68 × X × d−0,272 × X ) × bw × Fcd


2

M rd =( 0,68 × 0,0233× 0,095−0,272 ×0,0233 ) × 0,12× 17857,14=2,91 kN . m


2

M rd 2,91
M rk = = =2,08 kN .m
1,4 1,4

Carga resistida pela laje


q ×l ² 2,08× 8
M= →q nerv = =1,04 kN /m/nervura
8 3,802
1,04
q laje = =2,59 kN /m ²
0,40

6.2 Cisalhamento
Cortante resistente da nervura
2 /3 2 /3
0,0525 × Fck 0,0525× 25
τ Rd= = =0,32 MPa
1,4 1,4
K=1,6−d=1,6−0,095=1,505
As 0 ,78
ρ1= = =0,006842
Bw × d 12 × 9,5
τ Rd 1=τ Rd × K × ( 1,2+ 40 × ρ1 ) =320,62× 1,505× ( 1,2+ 40 ×0,006842 ) =711,10 kN /m²
τ Rd 1 × Bw × d 711,10 ×0,12 ×0,095
Vk= = =5,79 kN
1,4 1,4

Carga resistida pela laje


q×l 5,79 ×2
V= → q= =2,90 kN /m/nervura
2 4,00
2,90
q laje = =7,24 kN /m ²
0,40

6.3 Cargas atuantes em cada nervura


Peso próprio - g1: 1,62 kN/m²;

8
Contrapiso + forro + piso - g2: 1,30 kN/m²;
Carga Variável - q: 3,00 kN/m².
7 DIAGNÓSTICO

7.1 RACHADURA NAS LAJES

Feita a análise situacional e cálculo estrutural dos elementos submetidos à falha, foi
possível identificar que a causa das rachaduras de piso localizadas acima das vigas é a
insuficiência/inexistência de armadura para suportar os momentos negativos gerados.
Pelo modo como foi executada a obra, foi possível observar que as três lajes de cada
sala compõem um único elemento estrutural unido pela capa de concreto, com exceção do LIT.
E esse comportamento monolítico ocasionou o aparecimento de tensões provenientes de
momentos negativos na estrutura, sendo seu ponto de maior incidência localizado no
alinhamento das vigas. Tais tensões excessivas se mostraram maiores que a capacidade
resistente à tração da peça, o que ocasionaram a divisão natural das lajes através das
rachaduras nos pisos.

Figura 9: Fissuração de flexão, devido à insuficiência de armadura para os momentos


negativos. As fissuras surgem na face superior.

Fonte: SOUZA e ROPPER (2009).

A existência dessas rachaduras no piso dos laboratórios pode ocasionar uma série de
problemas, como: A exposição do concreto e aço estrutural à ação de agentes externos, o que
pode vir a oxidar a armadura estrutural, reduzindo seu desempenho e enfraquecendo o
elemento; a possibilidade de infiltração, transportando água para o forro do pavimento térreo e
expondo o interior da estrutura ao líquido, podendo vir a enfraquecê-la; e o dano ao aspecto
estético do bloco.

7.2 ANÁLISE DE RESISTÊNCIA

Como demonstrado na sessão de análise estrutural do presente laudo, dados os valores


apresentados para cálculo, as lajes não apresentam resistência necessária para suportar os
esforços de flexão ao qual estão submetidas.
Além disso, na falta de ensaios específicos para o cálculo da frequência própria da
estrutura, é possível inferir que a vibração da estrutura proveniente da carga variável se dê pela
possibilidade da mesma não respeitar o valor limite estabelecido pela NBR 6118:2014 em sua
sessão 23.3.

9
7.3 CLASSIFICAÇÃO DAS ANOMALIAS E RISCO

As manifestações patológicas apresentadas pelo presente laudo se classificam como


anomalias endógenas, ou seja, originárias da própria edificação (projeto, materiais e
execução).
Também pode ser classificado o grau de risco de tais anomalias como “crítico”, definido
pela norma de inspeção predial nacional do IBAPE como sendo o “Risco de provocar danos
contra a saúde e segurança das pessoas e do meio ambiente; perda excessiva de
desempenho e funcionalidade causando possíveis paralisações; aumento excessivo de custo
de manutenção e recuperação; comprometimento sensível de vida útil”.

8 RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS

Para a resolução dos problemas estruturais apresentados, sugere-se a execução de


vigas metálicas sob todas as lajes de salas do pavimento superior, sendo a recomendação de
ao menos uma viga centrada por laje, reduzindo assim seus vãos efetivos e, por consequência,
seus esforços internos.
Para tanto, é aconselhável a utilização da viga metálica tipo w-360x32.9 chumbada à
viga transversal às nervuras com preenchimento de argamassa de cimento e areia entre a laje
e a nova peça estrutural.
Para a implementação dessa possível solução, cálculos e verificações técnicas
adequadas deverão ser realizadas para a constatação do comportamento estrutural, quando
aos seus estados limites últimos e de serviço, tanto das lajes como das vigas metálicas e de
concreto armado.
Quanto às aberturas nas lajes, é sugerida a execução de juntas de dilatação em todas
as lajes de salas laboratoriais do pavimento superior, com exceção das do LIT, que já as
possui.

10
ANEXO 01: Planta baixa - Pavimento térreo do Bloco de Laboratórios I

Fonte: Acervo do SIN/UFERSA (2022).

11
ANEXO 02: Planta baixa - Pavimento superior do Bloco de Laboratórios I

Fonte: Acervo do SIN/UFERSA (2022).

12
ANEXO 03: Planta de situação - Bloco de Laboratórios I

Fonte: Acervo do SIN/UFERSA (2022).

13
ANEXO 04: Vista aérea representativa do Bloco de Laboratórios I

Fonte: Google maps (2022).

14
APÊNDICE 01: Detalhe da seção da laje

15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118 - Projeto de


Estruturas de Concreto – Procedimento, 2014.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120 - Cargas para o
cálculo de estruturas de edificações, 2019.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5674: Manutenção de
edificações – Procedimento, 1999.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13752: Perícias de
Engenharia na Construção Civil, 1996.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16747: Inspeção Predial
- Diretrizes, Conceitos, Terminologia e Procedimento, 2020.
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7480: Aço destinado às
armaduras para estruturas de concreto armado - Requisitos, 2022.
IBAPE: Norma de inspeção predial nacional. São Paulo. 2012. 18p.
CARVALHO, Roberto Chust; FIGUEIREDO FILHO, Jasson Rodrigues de. Cálculo e
detalhamento de estruturas usuais de concreto armado: segundo a nbr 6118:2014. 4. ed.
São Carlos: Edufscar, 2014.
CARVALHO, Roberto Chust; PINHEIRO, Libânio Miranda. Cálculo e detalhamento de estruturas
usuais de concreto armado: volume 2. São Paulo: Pini Ltda, 2009.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
SISTEMA INTEGRADO DE PATRIMÔNIO, ADMINISTRAÇÃO E
FOLHA DE ASSINATURAS
CONTRATOS

DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS Nº 2778/2022 - DMS (11.01.38.04)

(Nº do Protocolo: NÃO PROTOCOLADO)

(Assinado digitalmente em 04/10/2022 18:04 )


LILLIANE GOMES DE MEDEIROS SOUSA
ADMINISTRADOR
SEPLAN (11.01.38.04.02)
Matrícula: ###192#3

Visualize o documento original em https://sipac.ufersa.edu.br/documentos/ informando seu número: 2778, ano: 2022
, tipo: DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS, data de emissão: 04/10/2022 e o código de verificação: 340105f205

Você também pode gostar