Lei 14790 29 Dezembro 2023 795206 Normaatualizada PL
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O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a modalidade lotérica denominada apostas de quota fixa
e altera:
I - a Lei nº 5.768, de 20 de dezembro de 1971, para consolidar e estabelecer novas
regras sobre a distribuição gratuita de prêmios a título de propaganda e sobre a distribuição de
prêmios realizada por organizações da sociedade civil, com o intuito de arrecadar recursos
adicionais destinados à sua manutenção ou custeio;
II - a Lei nº 13.756, de 12 de dezembro de 2018, para estabelecer diretrizes e regras
para a exploração da loteria de apostas de quota fixa; e
III - a Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001, para dispor sobre a
taxa de autorização referente às atividades de que trata a Lei nº 5.768, de 20 de dezembro de
1971.
Parágrafo único. O disposto nesta Lei não se aplica às loterias, que permanecerão
sujeitas à legislação especial.
Art. 3º As apostas de quota fixa de que trata esta Lei poderão ter por objeto:
I - eventos reais de temática esportiva; ou
II - eventos virtuais de jogos on-line.
Parágrafo único. Não poderão ser objeto das apostas de que trata o caput deste artigo
os eventos esportivos que envolvam as categorias de base ou eventos que envolvam
exclusivamente atletas menores de idade em qualquer modalidade esportiva.
CAPÍTULO II
DO REGIME DE EXPLORAÇÃO
Art. 5º A autorização para exploração das apostas de quota fixa terá natureza de ato
administrativo discricionário, praticado segundo a conveniência e oportunidade do Ministério da
Fazenda, à vista do interesse nacional e da proteção dos interesses da coletividade, observadas as
seguintes regras:
I - não estará sujeita a quantidade mínima ou máxima de agentes operadores;
II - terá caráter personalíssimo, inegociável e intransferível; e
III - poderá, a critério do Ministério da Fazenda, ser outorgada com prazo de duração
de 5 (cinco) anos.
§ 1º A autorização de que trata este artigo poderá ser revista sempre que houver, na
pessoa jurídica autorizada, fusão, cisão, incorporação, transformação, bem como transferência ou
modificação de controle societário direto ou indireto.
§ 2º A revisão de autorização já concedida dar-se-á mediante processo administrativo
específico, que poderá ser instaurado de ofício, nos termos da regulamentação, assegurados ao
interessado o contraditório e a ampla defesa. (Vide Portaria SPA/MF nº 827, de 21/05/2024,
publicada no DOU de 22/05/2024)
CAPÍTULO III
DO AGENTE OPERADOR DE APOSTAS
Seção I
Disposições Preliminares
Art. 6º A exploração de apostas de quota fixa será exclusiva de pessoas jurídicas que,
nos termos desta Lei e da regulamentação do Ministério da Fazenda, receberem prévia
autorização para atuar como agente operador de apostas. (Vide Portaria SPA/MF nº 827, de
21/05/2024, publicada no DOU de 22/05/2024)
Seção II
Dos Requisitos Gerais
Seção III
Das Políticas Corporativas Obrigatórias
CAPÍTULO IV
DO PROCEDIMENTO DE AUTORIZAÇÃO
Seção I
Do Tempo e da Forma de Requerimento e de sua Tramitação
Art. 9º A autorização para a exploração de apostas de quota fixa poderá ser requerida
a qualquer tempo pela pessoa jurídica interessada, observado o procedimento administrativo
estabelecido na regulamentação do Ministério da Fazenda.
Parágrafo único. O Ministério da Fazenda estabelecerá condições e prazos, não
inferiores a 6 (seis) meses, para a adequação das pessoas jurídicas que estiverem em atividade às
disposições desta Lei e às normas por ele estabelecidas em regulamentação específica. (Vide
Portaria SPA/MF nº 827, de 21/05/2024, publicada no DOU de 22/05/2024)
Art. 10. O procedimento administrativo de autorização tramitará em meio eletrônico,
e, durante sua análise, os autos serão de acesso restrito ao interessado e a seus procuradores.
§ 1º Sem prejuízo do disposto no caput deste artigo, a lista de requerimentos
apresentados deverá estar permanentemente à disposição para consulta pública no sítio eletrônico
do Ministério da Fazenda.
§ 2º Ressalvadas as hipóteses de suspensão ou de prorrogação de prazos, em razão de
insuficiência, incompletude ou inconsistência da documentação apresentada pela pessoa jurídica
interessada, a análise dos requerimentos observará a ordem cronológica de seu protocolo. (Vide
Portaria SPA/MF nº 827, de 21/05/2024, publicada no DOU de 22/05/2024)
Art. 11. A autorização somente será expedida se, após o exame da documentação e a
avaliação da capacidade técnica e financeira da pessoa jurídica requerente e da reputação e
conhecimento de seus controladores e administradores, o Ministério da Fazenda concluir pelo
atendimento de todos os requisitos legais e regulamentares. (Vide Portaria SPA/MF nº 827, de
21/05/2024, publicada no DOU de 22/05/2024)
Seção II
Da Contraprestação de Outorga
Art. 12. A expedição da autorização para exploração de apostas de quota fixa será
condicionada ao recolhimento do valor fixo de contraprestação de outorga, conforme estipulado
na regulamentação do Ministério da Fazenda.
Parágrafo único. O valor estipulado a título de outorga fixa será limitado a, no
máximo, R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais), considerado o uso de 3 (três) marcas
comerciais a serem exploradas pela pessoa jurídica em seus canais eletrônicos por ato de
autorização. (Vide Portaria SPA/MF nº 827, de 21/05/2024, publicada no DOU de 22/05/2024)
Art. 13. O valor da contraprestação da outorga deverá ser pago pelo interessado no
prazo improrrogável de 30 (trinta) dias, contado da comunicação da conclusão da análise de seu
requerimento.
Parágrafo único. O descumprimento do prazo de pagamento previsto neste artigo
importará o arquivamento definitivo do procedimento de autorização ou a caducidade da
autorização, conforme o caso. (Vide Portaria SPA/MF nº 827, de 21/05/2024, publicada no DOU
de 22/05/2024)
CAPÍTULO V
DA OFERTA E DA REALIZAÇÃO DE APOSTAS
Seção I
Da Forma de Realização de Apostas
Art. 14. As apostas de que trata esta Lei poderão ser ofertadas pelo agente operador
nas seguintes modalidades, isolada ou conjuntamente:
I - virtual: mediante o acesso a canais eletrônicos; e
II - física: mediante a aquisição de bilhetes impressos.
§ 1º O ato de autorização do Ministério da Fazenda especificará se o agente operador
poderá atuar em uma ou em ambas as modalidades.
§ 2º As apostas de quota fixa que tenham por objeto os eventos de jogo online
somente poderão ser ofertadas em meio virtual.
§ 3º Para fins do disposto no § 2º deste artigo, é vedada a instalação ou
disponibilização de equipamentos ou outros dispositivos em estabelecimentos físicos que sejam
destinados à comercialização de apostas de quota fixa em meio virtual.
Seção II
Da Publicidade e da Propaganda
Art. 18. É vedado ao agente operador, bem como às suas controladas e controladoras,
adquirir, licenciar ou financiar a aquisição de direitos de eventos desportivos realizados no País
para emissão, difusão, transmissão, retransmissão, reprodução, distribuição, disponibilidade ou
qualquer forma de exibição de seus sons e imagens, por qualquer meio ou processo.
Seção III
Da Integridade das Apostas
CAPÍTULO VI
DAS TRANSAÇÕES DE PAGAMENTO
CAPÍTULO VII
DOS APOSTADORES
Seção I
Dos Impedidos de Apostar
Art. 26. É vedada a participação, direta ou indireta, inclusive por interposta pessoa, na
condição de apostador, de:
I - menor de 18 (dezoito) anos de idade;
II - proprietário, administrador, diretor, pessoa com influência significativa, gerente
ou funcionário do agente operador;
III - agente público com atribuições diretamente relacionadas à regulação, ao controle
e à fiscalização da atividade no âmbito do ente federativo em cujo quadro de pessoal exerça suas
competências;
IV - pessoa que tenha ou possa ter acesso aos sistemas informatizados de loteria de
apostas de quota fixa;
V - pessoa que tenha ou possa ter qualquer influência no resultado de evento real de
temática esportiva objeto de loteria de apostas de quota fixa, incluídos:
a) pessoa que exerça cargo de dirigente desportivo, técnico desportivo, treinador e
integrante de comissão técnica;
b) árbitro de modalidade desportiva, assistente de árbitro de modalidade desportiva,
ou equivalente, empresário desportivo, agente ou procurador de atletas e de técnicos, técnico ou
membro de comissão técnica;
c) membro de órgão de administração ou de fiscalização de entidade de administração
de organizadora de competição ou de prova desportiva;
d) atleta participante de competições organizadas pelas entidades integrantes do
Sistema Nacional do Esporte;
VI - pessoa diagnosticada com ludopatia, por laudo de profissional de saúde mental
habilitado; e
VII - outras pessoas previstas na regulamentação do Ministério da Fazenda.
§ 1º São nulas de pleno direito as apostas realizadas em desacordo com o previsto
neste artigo.
§ 2º As vedações previstas nos incisos II, IV e V do caput deste artigo estendem-se
aos cônjuges, aos companheiros e aos parentes em linha reta e colateral, até o segundo grau,
inclusive, das pessoas impedidas de participar, direta ou indiretamente, na condição de apostador.
§ 3º A hipótese prevista no inciso III do caput deste artigo não exclui a observância
pelos agentes públicos dos deveres e das proibições previstos em leis e em regulamentos,
conforme o disposto nas Leis nºs 8.429, de 2 de junho de 1992 (Lei de Improbidade
Administrativa), e 12.813, de 16 de maio de 2013.
§ 4º Os impedimentos de que trata o caput deste artigo serão informados pelos
agentes operadores de apostas, de forma destacada, nos canais físicos ou on-line de
comercialização da loteria de aposta de quota fixa, bem como nas mensagens, nas publicações e
nas peças de publicidade e de propaganda utilizadas para divulgação das apostas.
Seção II
Dos Direitos Básicos
Art. 27. São assegurados aos apostadores todos os direitos dos consumidores
previstos na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor).
§ 1º Além daqueles previstos no art. 6º da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990
(Código de Defesa do Consumidor), constituem direitos básicos dos apostadores:
I - a informação e a orientação adequadas e claras acerca das regras e das formas de
utilização de recintos, equipamentos, sistemas e canais eletrônicos das apostas;
II - a informação e a orientação adequadas e claras sobre as condições e os requisitos
para acerto de prognóstico lotérico e aferição do prêmio, vedada a utilização de escrita dúbia,
abreviada ou genérica no curso de efetivação da aposta;
III - a informação e a orientação adequadas e claras quanto aos riscos de perda dos
valores das apostas e aos transtornos de jogo patológico; e
IV - a proteção dos dados pessoais conforme o disposto na Lei nº 13.709, de 14 de
agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais).
§ 2º Para os fins do disposto no inciso IV do § 1º deste artigo, o regulamento do
Ministério da Fazenda definirá limites à exigência e ao tratamento de dados pessoais e dados
pessoais sensíveis, obedecidas as disposições da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei
Geral de Proteção de Dados Pessoais).
Seção III
Do Direito à Orientação e ao Atendimento
Art. 28. O agente operador deverá dispor de serviço de atendimento aos apostadores,
operacionalizado por canal eletrônico ou telefônico de acesso e uso gratuitos, a fim de receber e
resolver dúvidas e solicitações relacionadas à operacionalização da loteria de aposta de quota
fixa, nos termos da regulamentação do Ministério da Fazenda.
§ 1º O atendimento de que trata este artigo será prestado em língua portuguesa, por
pessoas que sejam fluentes no vernáculo.
§ 2º Nos estabelecimentos em que houver oferta de apostas na modalidade física, o
agente operador deverá prestar o atendimento de que trata este artigo também de forma
presencial.
Seção IV
Das Condutas Vedadas na Oferta de Apostas
CAPÍTULO VIII
DOS PRÊMIOS
Seção I
Da Forma de Pagamento
Art. 30. O pagamento dos prêmios deverá ser efetuado exclusivamente por meio de
transferências, de créditos ou de remessas de valores em favor de contas bancárias ou de
pagamento de titularidade dos respectivos apostadores e por eles mantidas em instituições com
sede e administração no País que sejam autorizadas pelo Banco Central do Brasil.
§ 1º Mediante opção do apostador, os prêmios podem permanecer em carteira virtual
para utilização de seus créditos em novas apostas, perante o mesmo agente operador.
§ 2º A indicação da conta bancária ou de pagamento deverá ser feita por ocasião do
cadastro do apostador no agente operador de apostas ou no momento da efetivação da aposta
física ou on-line.
Seção II
Da Tributação
Art. 31. Os prêmios líquidos obtidos em apostas na loteria de apostas de quota fixa
serão tributados pelo Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas (IRPF) à alíquota de 15%
(quinze por cento).
§ 1º Para os efeitos do disposto neste artigo, considera-se prêmio líquido o resultado
positivo auferido nas apostas de quota fixa realizadas a cada ano, após a dedução das perdas
incorridas com apostas da mesma natureza. (Parágrafo vetado pelo Presidente da República,
mantido pelo Congresso Nacional e publicado no DOU de 22/5/2024)
§ 2º O imposto de que trata o caput deste artigo incidirá sobre os prêmios líquidos
que excederem o valor da primeira faixa da tabela progressiva anual do IRPF. (Parágrafo vetado
pelo Presidente da República, mantido pelo Congresso Nacional e publicado no DOU de
22/5/2024)
§ 3º O imposto de que trata o caput deste artigo será apurado anualmente e pago até o
último dia útil do mês subsequente ao da apuração. (Parágrafo vetado pelo Presidente da
República, mantido pelo Congresso Nacional e publicado no DOU de 22/5/2024)
§ 4º O disposto neste artigo aplicar-se-á ao fantasy sport.
Seção III
Da Prescrição
Art. 32. O apostador perde o direito de receber seu prêmio ou de solicitar reembolsos
se o pagamento devido não for creditado em sua conta gráfica mantida no agente operador e não
for reclamado pelo apostador no prazo de 90 (noventa) dias, contado da data da divulgação do
resultado do evento objeto da aposta.
§ 1º Os valores dos prêmios não reclamados serão revertidos em 50% (cinquenta por
cento) ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e em 50% (cinquenta por cento) ao Fundo
Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa Civil (Funcap), observada a programação
financeira e orçamentária do Poder Executivo federal.
§ 2º Dos recursos do Fies de que trata o § 1º deste artigo, no mínimo, 10% (dez por
cento) atenderão a estudantes das populações do campo, dos povos originários, incluídos os
indígenas, e dos povos quilombolas.
CAPÍTULO IX
DA FISCALIZAÇÃO
Art. 33. O agente operador deverá utilizar sistemas auditáveis, aos quais deverá ser
disponibilizado acesso irrestrito, contínuo e em tempo real ao Ministério da Fazenda, sempre que
por este requisitado.
Art. 34. A regulamentação do Ministério da Fazenda disporá sobre o modo e o
procedimento de envio ou disponibilização, pelos agentes operadores, de esclarecimentos, de
informações técnicas, operacionais, econômico-financeiras e contábeis, de dados, de documentos,
de certificações, de certidões e de relatórios que sejam considerados necessários para a
fiscalização das atividades desenvolvidas pelos operadores de apostas.
Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput deste artigo, especialmente no que
diz respeito aos apostadores, o tratamento de dados pessoais e de dados pessoais sensíveis deverá
seguir o previsto na Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais).
Art. 36. Os procedimentos de fiscalização, uma vez iniciados, poderão perdurar pelo
tempo que for necessário à elucidação dos fatos, observado o disposto na Lei nº 9.873, de 23 de
novembro de 1999.
Art. 37. O agente operador deverá dispor de estrutura administrativa capaz de atender,
de forma célere e eficaz, a requisições, requerimentos, questionamentos ou solicitações
provenientes:
I - de qualquer órgão ou entidade integrante da estrutura regimental do Ministério da
Fazenda;
II - dos órgãos públicos integrantes do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor,
de que trata o art. 105 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do
Consumidor);
III - do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública;
IV - dos demais órgãos, entidades e autoridades brasileiras, para o exercício de suas
atribuições legais.
Parágrafo único. A entidade operadora deverá estruturar área e canal específicos para
o atendimento às demandas de que trata este artigo.
CAPÍTULO X
DO REGIME SANCIONADOR
Seção I
Disposições Preliminares
Seção II
Das Infrações
Art. 39. Constitui infração administrativa punível nos termos desta Lei ou das demais
normas legais e regulamentares aplicáveis à loteria de apostas de quota fixa cujo cumprimento
seja fiscalizado pelo Ministério da Fazenda, sem prejuízo da aplicação de outras penalidades
previstas na legislação:
I - explorar loteria de apostas de quota fixa sem prévia autorização do Ministério da
Fazenda;
II - realizar operações ou atividades vedadas, não autorizadas ou em desacordo com a
autorização concedida;
III - opor embaraço à fiscalização do órgão administrativo competente;
IV - deixar de fornecer ao órgão administrativo competente documentos, dados ou
informações cuja remessa seja imposta por normas legais ou regulamentares;
V - fornecer ao órgão administrativo competente documentos, dados ou informações
incorretos ou em desacordo com os prazos e as condições estabelecidos em normas legais ou
regulamentares;
VI - divulgar publicidade ou propaganda comercial de operadores de loteria de
apostas de quota fixa não autorizados;
VII - descumprir normas legais e regulamentares cujo cumprimento caiba ao órgão
administrativo competente fiscalizar; e
VIII - executar, incentivar, permitir ou, de qualquer forma, contribuir ou concorrer
para práticas atentatórias à integridade esportiva, à incerteza do resultado esportivo, à igualdade
entre os competidores e à transparência das regras aplicáveis ao evento esportivo, bem como para
qualquer outra forma de fraude ou interferência indevida apta a afetar a lisura ou a higidez das
condutas associadas ao desempenho idôneo da atividade esportiva.
Parágrafo único. Constitui embaraço à fiscalização negar ou dificultar o acesso a
sistemas de dados e de informação e não exibir ou não fornecer documentos, papéis e livros de
escrituração, inclusive em meio eletrônico, nos prazos, nas formas e nas condições estabelecidos
pelo órgão administrativo competente no exercício de sua atividade de fiscalização.
Art. 40. O disposto neste Capítulo também se aplica às pessoas físicas ou jurídicas
que:
I - exerçam, sem a devida autorização, atividade relacionada a apostas de quota fixa
sujeitas à competência do Ministério da Fazenda;
II - atuem como administradores ou membros da diretoria, do conselho de
administração ou de outros órgãos previstos no estatuto de pessoa jurídica sujeita à competência
do Ministério da Fazenda, nos termos desta Lei.
Seção III
Das Penalidades
Art. 41. São aplicáveis às pessoas físicas e jurídicas que infringirem o disposto nesta
Lei as seguintes penalidades, de forma isolada ou cumulativa:
I - advertência;
II - no caso de pessoa jurídica: multa no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20%
(vinte por cento) sobre o produto da arrecadação após a dedução das importâncias de que tratam
os incisos III, IV e V do caput do art. 30 da Lei nº 13.756, de 12 de dezembro de 2018, relativo
ao último exercício anterior ao da instauração do processo administrativo sancionador, observado
que a multa nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível sua estimação, nem
superior a R$ 2.000.000.000,00 (dois bilhões de reais) por infração;
III - no caso das demais pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado e de
quaisquer associações de entidades ou pessoas constituídas de fato ou de direito, ainda que
temporariamente, com ou sem personalidade jurídica, que não exerçam atividade empresarial,
quando não for possível a utilização do critério do produto da arrecadação: multa de R$
50.000,00 (cinquenta mil reais) a R$ 2.000.000.000,00 (dois bilhões de reais) por infração;
IV - suspensão parcial ou total do exercício das atividades, pelo prazo de até 180
(cento e oitenta) dias;
V - cassação da autorização, extinção da permissão ou da concessão, cancelamento
do registro, descredenciamento ou ato de liberação análogo;
VI - proibição de obter titularidade de nova autorização, outorga, permissão,
credenciamento, registro ou ato de liberação análogo, pelo prazo máximo de 10 (dez) anos;
VII - proibição de realizar determinadas atividades ou modalidades de operação, pelo
prazo máximo de 10 (dez) anos;
VIII - proibição de participar de licitação que tenha por objeto concessão ou
permissão de serviços públicos, na administração pública federal, direta ou indireta, por prazo
não inferior a 5 (cinco) anos;
IX - inabilitação para atuar como dirigente ou administrador e para exercer cargo em
órgão previsto em estatuto ou em contrato social de pessoa jurídica que explore qualquer
modalidade lotérica, pelo prazo máximo de 20 (vinte) anos.
Parágrafo único. Uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas poderão ser consideradas,
isolada ou conjuntamente, responsáveis por uma mesma infração.
Seção IV
Do Termo de Compromisso
Art. 43. O Ministério da Fazenda, em juízo de conveniência e oportunidade
devidamente fundamentado, com vistas a atender ao interesse público, poderá deixar de instaurar
ou suspender, em qualquer fase que preceda a tomada da decisão de primeira instância, o
processo administrativo destinado à apuração de infração prevista nesta Lei, se o investigado
firmar termo de compromisso no qual se obrigue a, cumulativamente:
I - cessar a prática sob investigação ou os seus efeitos lesivos;
II - corrigir as irregularidades apontadas e indenizar os prejuízos; e
III - cumprir as demais condições que forem acordadas no caso concreto, com
obrigatório recolhimento de contribuição pecuniária.
§ 1º A proposta de termo de compromisso poderá ser apresentada apenas uma vez.
§ 2º A proposta de termo de compromisso poderá, a requerimento do interessado ou
mediante decisão fundamentada do Ministério da Fazenda, ser classificada como documento
sigiloso.
§ 3º A apresentação de proposta de termo de compromisso suspenderá a contagem do
prazo de prescrição.
§ 4º A proposta de termo de compromisso será rejeitada quando não houver acordo
entre o Ministério da Fazenda e os investigados com relação às obrigações a serem
compromissadas.
§ 5º A apresentação da proposta e a celebração do termo de compromisso não
importarão confissão quanto à matéria de fato nem reconhecimento da ilicitude da conduta
analisada.
§ 6º O termo de compromisso será celebrado pelo Ministro de Estado da Fazenda,
admitida a delegação de competência, e sua versão pública será publicada no sítio eletrônico do
Ministério da Fazenda no prazo de 5 (cinco) dias úteis, contado da data de sua assinatura.
§ 7º O termo de compromisso constituirá título executivo extrajudicial.
§ 8º O processo administrativo será suspenso na data da publicação do termo de
compromisso pelo Ministério da Fazenda, sem prejuízo de sua retomada na hipótese de
descumprimento das obrigações compromissadas.
§ 9º A suspensão do curso do processo administrativo e da contagem do prazo de
prescrição somente terá efeito em relação ao interessado que apresentou a proposta e firmou o
termo de compromisso, mantidos o curso do processo e a contagem do prazo em relação aos
demais investigados ou envolvidos.
§ 10. O termo de compromisso fixará o valor da multa a ser aplicada na hipótese de
descumprimento total ou parcial das obrigações compromissadas.
§ 11. Declarado o descumprimento das obrigações compromissadas, o Ministério da
Fazenda aplicará as sanções previstas no termo de compromisso e adotará as demais medidas
administrativas, extrajudiciais e judiciais cabíveis para sua execução.
§ 12. O processo administrativo será arquivado ao término do prazo fixado no termo
de compromisso, desde que atendidas as obrigações compromissadas.
§ 13. O Ministério da Fazenda editará normas complementares sobre o termo de
compromisso de que trata este artigo.
Seção V
Das Medidas Coercitivas e Acautelatórias
Art. 44. Poderão ser aplicadas, cautelarmente, antes da instauração ou durante a
tramitação do processo administrativo sancionador, quando estiverem presentes os requisitos de
verossimilhança e do perigo de demora, em decisão fundamentada, as seguintes medidas:
I - desativação temporária de instrumentos, de equipamentos, de sistemas ou de
demais objetos e componentes destinados ao funcionamento das máquinas e das instalações;
II - suspensão temporária de pagamento de prêmios;
III - recolhimento de bilhetes emitidos; e
IV - outras providências acautelatórias necessárias para proteção do bem jurídico
tutelado.
Art. 46. O descumprimento das medidas cautelares, bem como a recusa, a omissão, a
falsidade ou o retardamento injustificado no fornecimento de informações ou de documentos
requeridos pelo Ministério da Fazenda no exercício de suas atribuições de fiscalização, sujeitam o
infrator ao pagamento de multa cominatória no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$
200.000,00 (duzentos mil reais) por dia.
Parágrafo único. A regulamentação do Ministério da Fazenda disporá sobre a
aplicação da multa cominatória e os critérios a serem considerados para a definição de seu valor,
tendo em vista os seus objetivos.
Seção VI
Do Processo Administrativo Sancionador
Art. 47. O processo administrativo sancionador será instaurado nos casos em que se
verificarem indícios da ocorrência de infração prevista nesta Lei ou nas demais normas legais e
regulamentares aplicáveis à loteria de apostas de quota fixa cujo cumprimento seja fiscalizado
pelo Ministério da Fazenda.
CAPÍTULO XI
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 50. A Lei nº 5.768, de 20 de dezembro de 1971, passa a vigorar com as seguintes
alterações, numerado o parágrafo único dos arts. 12 e 13 como § 1º:
"Art. 1º .................................................................................................................
...............................................................................................................................
§ 7º O ato de autorização poderá impor limitação, por número de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), da participação de consumidores em cada
um dos sorteios, vales-brindes, concursos ou operações assemelhadas." (NR)
I - ...........................................................................................................................
................................................................................................................................
b) proibição de realizar as operações pelo prazo de até 2 (dois) anos; e
c) advertência.
§ 1º Incorre também nas sanções previstas neste artigo quem, em desacordo
com as normas aplicáveis, prometer publicamente realizar operações regidas
por esta Lei.
§ 2º Caracteriza reincidência o cometimento de nova infração da mesma
natureza no período de 3 (três) anos subsequente à data da decisão condenatória
administrativa definitiva relativa à infração anterior.
§ 3º Na hipótese de reincidência, a sanção de multa será aplicada isolada ou
cumulativamente com outras sanções, e seu valor será agravado em dobro."
(NR)
"Art. 14-A. As infrações ao disposto nesta Lei e nos atos que a regulamentem
não alcançadas pelos arts. 12, 13 e 14 desta Lei sujeitam o infrator, de modo
isolado ou cumulativo, às seguintes sanções:
I - cassação da autorização;
II - proibição de realizar as operações por período estabelecido pelo Ministério
da Fazenda, que não poderá exceder a 2 (dois) anos;
III - multa de até 100% (cem por cento) da soma dos valores dos bens
prometidos como prêmio, a ser estabelecida pelo Ministério da Fazenda; e
IV - advertência.
§ 1º Caracteriza reincidência o cometimento de nova infração da mesma
natureza no período de 3 (três) anos subsequente à data da decisão condenatória
administrativa definitiva relativa à infração anterior.
§ 2º Na hipótese de reincidência, a sanção de multa será aplicada isolada ou
cumulativamente com outras sanções, e seu valor será agravado em dobro."
"Art. 29. Fica criada a modalidade lotérica, sob a forma de serviço público,
denominada aposta de quota fixa, cuja exploração comercial ocorrerá no
território nacional.
§ 1º A modalidade lotérica de que trata o caput deste artigo consiste em sistema
de apostas relativas a eventos reais ou virtuais em que é definido, no momento
de efetivação da aposta, quanto o apostador pode ganhar em caso de acerto do
prognóstico.
§ 2º A loteria de apostas de quota fixa será autorizada, em caráter oneroso, pelo
Ministério da Fazenda e será explorada, exclusivamente, em ambiente
concorrencial, sem limite do número de autorizações, com possibilidade de ser
comercializada em quaisquer canais de distribuição comercial, observado o
disposto em lei especial e na regulamentação.
§ 3º O Ministério da Fazenda regulamentará o disposto neste artigo." (NR)
"CAPÍTULO V-A
DA EXPLORAÇÃO DAS LOTERIAS PELOS ESTADOS E PELO
DISTRITO FEDERAL
Art. 58. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação e produz efeitos:
I - quanto ao inciso VI do caput do art. 39, a partir da data de vigência da
regulamentação do Ministério da Fazenda que possibilite aos interessados a apresentação de
pedido de autorização para a exploração de apostas de quota fixa;
II - quanto ao art. 51, na parte em que altera o § 1º-A do art. 30 da Lei nº 13.756, de
12 de dezembro de 2018, para dispor sobre a contribuição à seguridade social, a partir do
primeiro dia do quarto mês subsequente ao de sua publicação;
III - quanto à alínea b do inciso III do caput do art. 57, a partir do primeiro dia do
quarto mês subsequente ao de sua publicação; e
IV - quanto aos demais dispositivos, na data de sua publicação.
ANEXO I
(VETADO)
ANEXO II
(Anexo da Lei nº 13.756, de 12 de dezembro de 2018)
“ANEXO