Acórdão Civil

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2024.0000891333

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº


2207678-14.2024.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que são agravantes
JULIANA GONÇALVES e RAFAEL ESTEVES AMBROSANO (ESPÓLIO), é
agravado O JUÍZO.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 6ª Câmara de Direito


Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Negaram
provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra
este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores CESAR MECCHI


MORALES (Presidente) E COSTA NETTO.

São Paulo, 23 de setembro de 2024.

VITO GUGLIELMI
Relator(a)
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

VOTO Nº 62.370

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2207678-14.2024.8.26.0000

RELATOR : DESEMBARGADOR VITO GUGLIELMI


AGRAVANTE : JULIANA GONÇALVES
AGRAVADO : O JUÍZO
COMARCA : SÃO PAULO / VILA PRUDENTE 2ª VARA DE FAMÍLIA E
SUCESSÕES

INVENTÁRIO. DECISÃO QUE DETERMINOU A


APRESENTAÇÃO DE NOVO PLANO DE PARTILHA
PELA INVENTARIANTE, PARA RETIFICAÇÃO DO
VALOR ATRIBUÍDO A VEÍCULO AUTOMOTOR.
AUTOMÓVEL QUE FORA ESTIMADO COM BASE EM
SEU VALOR DE MERCADO NA DATA DO
FALECIMENTO. TENDO SIDO
SUPERVENIENTEMENTE FURTADO, TODAVIA, FOI
SUBSTITUÍDO POR INDENIZAÇÃO PECUNIÁRIA,
PAGA PELA SEGURADORA, EM MAIOR MONTANTE
(SUPERIOR EM QUASE DEZ MIL REAIS). PLANO DE
PARTILHA ORIGINALMENTE APRESENTADO, DE
CONSEGUINTE, CUJA HOMOLOGAÇÃO NÃO SE
AFIGURA MAIS POSSÍVEL, JÁ QUE AQUELE BEM SE
EXTRAVIOU. PATRIMÔNIO INVENTARIADO,
ADEMAIS, QUE É COMUM A TODOS OS HERDEIROS,
DESDE A DATA EM QUE ABERTA A SUCESSÃO
(ART. 1.874 DO CC), DE SORTE QUE A
SUBSTITUIÇÃO DE DETERMINADO BEM POR
INDENIZAÇÃO PECUNIÁRIA DE VALOR SUPERIOR
A TODOS APROVEITA. REAPRESENTAÇÃO DO
PLANO, POIS, QUE É DE RIGOR, CONSIDERANDO-
SE, EM LUGAR DO AUTOMÓVEL FURTADO, O
VALOR DA INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA
RECEBIDA. DECISÃO MANTIDA. RECURSO
IMPROVIDO.

Agravo de Instrumento nº 2207678-14.2024.8.26.0000 -Voto nº 62370 2


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1. Trata-se de agravo de instrumento interposto em ação


de inventário, contra decisão interlocutória que determinou a apresentação de
novas declarações e plano de partilha pela inventariante, para retificação do valor
atribuído a veículo automotor.

A agravante sustenta o desacerto da r. decisão. Diz,


no sentido, que apresentou o plano de partilha consignando a existência de um
veículo Hyundai, cujo valor foi apurado para a data do óbito do falecido. Aponta,
porém, que o Juízo a quo manifestou discordância e determinou a
reapresentação do plano , uma vez que o automóvel foi furtado e indenizado pela
seguradora, entendendo que há de ser considerado o valor da indenização
recebida. Argumenta ser descabida a estimação do valor do veículo com base no
quantum indenizatório recebido a partir do sinistro, uma vez que os bens devem ser
avaliados no momento da abertura da sucessão, tal qual estabelece o artigo 1.784
do Código Civil. Salienta, ademais, que a utilização do valor de mercado do veículo
para a data da abertura da sucessão não se traduz em prejuízo para o outro
herdeiro, ainda menor, já que, a teor do plano de partilha apresentado, o que coube
a ele foi apenas o quinhão proporcional em bem imóvel deixado pelo falecido.
Conclui pela reforma.

O pedido de concessão do efeito suspensivo foi


indeferido (fl. 45).

Processado o recurso, não houve contrariedade.

É o relatório.

2. Preliminarmente, consigno que é caso de se


dispensar, por ora, a manifestação da douta Procuradoria Geral de Justiça, por se
tratar de tema interlocutório, de caráter provisório, sem influência no mérito da
demanda e que será reavaliado por ocasião da sentença e da apelação, quando o
Ministério Público terá oportunidade para se manifestar.

Sem sucesso o reclamo, ressalvadas embora as


razões do inconformismo.

Ausente maior dificuldade, verifica-se, do exame dos


autos de origem, que no bojo do plano de partilha originalmente apresentado (fls.

Agravo de Instrumento nº 2207678-14.2024.8.26.0000 -Voto nº 62370 3


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100/104 daqueles), o veículo em questão fora avaliado em R$ 46.029,00, por se


tratar do seu valor de mercado na data do óbito do de cujus.

Ocorre que, supervenientemente verificada a


ocorrência de sinistro (furto), tem-se que a seguradora pagou indenização superior
em quase dez mil reais àquele montante totalizando, com efeito, R$ 56.027,00 (fl.
146 dos autos de origem).

Muito embora não se está a negar o princípio da


saisine enuncie que a transmissão da herança aos herdeiros ocorre, desde logo,
com a abertura da sucessão, na ocasião do falecimento (o que de resto é
positivado pelo aludido artigo 1.784 do Código Civil), verifica-se que o plano
originalmente apresentado consignava acerto entre os herdeiros, por meio do qual,
através de permuta, o automóvel tocaria integralmente à viúva, ao passo que o
filho menor receberia maior quinhão do imóvel, como compensação.

Extraviado o veículo automotor que constituía,


precisamente, um dos bens envolvidos na referida permuta, inviável se revelaria, já
por tal motivo, a homologação do plano, nos moldes em que apresentado.

Há mais, porém: se, por força do contrato de seguro, o


veículo furtado foi substituído pela indenização pecuniária em maior montante,
como referido é esta, naturalmente, que deve passar a integrar o plano, e com
base, naturalmente, em sua precisa expressão pecuniária (de R$ 56.027,00).

Até que efetivamente homologada e ultimada a


partilha, aliás, a integralidade dos bens inventariados é comum a todos os
herdeiros de sorte que, se um deles foi alienado com ágio (ou se foi, mais
especificamente, substituído por indenização pecuniária de maior expressão) em
momento anterior à divisão, o valor assim efetivamente obtido é que há de ser
considerado para fins de partilha.

Nada, pois, a alterar.

Agravo de Instrumento nº 2207678-14.2024.8.26.0000 -Voto nº 62370 4


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3. Nestes termos, nega-se provimento ao recurso.

Vito Guglielmi
Relator

Agravo de Instrumento nº 2207678-14.2024.8.26.0000 -Voto nº 62370 5

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