Artigo - Indústria 4.0 e A Sustentabilidade

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RELISE

INDUSTRIA 4.0 E A SUSTENTABILIDADE ORGANIZACIONAL1

4.0 INDUSTRY AND ORGANIZATIONAL SUSTAINABILITY

Fabricio Pacheco Lima2


Robson Seleme3
Marcelo Gechele Cleto4

RESUMO

Com a quarta revolução industrial construiu-se a denominada indústria 4.0, e


com ela surgem os conceitos de novas tecnologias voltadas à integração da
tecnologia industrial com as tecnologias de informação e comunicação. O
presente artigo tem como objetivo apresentar as vertentes e tecnologias
presentes da indústria 4.0, e os princípios da sustentabilidade organizacional.
Mostrando para isso as relações entre a indústria 4.0 e a sustentabilidade, com
os impactos que essa revolução traz à sociedade, ambiente e economia. Os
resultados evidenciaram o aumento na eficiência do uso de recurso,
contribuindo para a redução do impacto ambiental.

Palavras-chave: indústria 4.0, sustentabilidade, impactos.

ABSTRACT

With the fourth industrial revolution, the so-called 4.0 industry was built, and
with it emerges the concepts of new technologies aimed at the integration of
industrial technology with information and communication technologies. With
the fourth industrial revolution, the so-called 4.0 industry was built, and with it
emerge the concepts of new technologies aimed at the integration of industrial
technology with information and communication technologies. This article aims
to present the aspects and technologies present in industry 4.0, and the
principles of organizational sustainability. Showing the relationship between
industry 4.0 and sustainability, with the impacts that this revolution brings to
society, environment and economy. The results showed an increase in the

1 Recebido em 22/03/2021. Aprovado em 18/04/2021.


2 Universidade Federal do Paraná. [email protected]
3 Universidade Federal do Paraná. [email protected]
4 Universidade Federal do Paraná. [email protected]

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efficiency of the use of resources, contributing to the reduction of the
environmental impact.

Keywords: industry 4.0, sustainability, impacts.

INTRODUÇÃO
Ao longo de sua existência a humanidade vem se deparando com
diversas mudanças influenciando as estruturas economicamente e socialmente
e também o sistema industrial, sendo nesse âmbito apresentada por quatro
grandes revoluções industriais, três já ocorridas e a última que vivemos no
momento chamada indústria 4.0 (MACKENZIE, 2016).
Termo cunhado na feira de Hannover em 2011, veio para revolucionar
as organizações trazendo para a indústria um mundo onde os sistemas físicos
e virtuais de fabricação se unem de forma global por assim designada “fábrica
inteligente” (SCHWAB, 2016), com o objetivo de atingir o nível mais alto de
eficiência operacional e produtiva e o mais alto nível de automatização, tendo
assim um relacionamento direto com o desempenho (SLUSARCZYK, 2018).
As mudanças na indústria 4.0 vêm ocorrendo com a integração vertical
dos sistemas permitindo uma visão global da organização e de maneira
horizontal acompanhando o ciclo de vida dos produtos, reduzindo assim custos
tempo e logística além do aumento da qualidade (SELIER, 2016).
Com o aumento das atividades voltadas à indústria 4.0 também
aumentam as temáticas com relação a sustentabilidade e como elas podem
contribuir nesse setor, Stock (2016) em sua pesquisa aponta como essa nova
indústria pode contribuir com os pilares da sustentabilidade, essa que é
caracterizada por três dimensões, a questão social, econômica e a ambiental.
Moreno et al (2014) também destaca a importância que a adoção dos
princípios da indústria 4.0 pode trazer para uma gestão mais inteligente e

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colaborativa, assim auxiliando e na evolução das três dimensões da
sustentabilidade na organização.
Tema esse relativamente novo no Brasil, ainda mais quando se busca
pesquisas relacionadas a sustentabilidade voltada à indústria 4.0, tema esse
considerado essencial para a alavancagem da indústria brasileira (OLIVEIRA,
2017).
Esse artigo busca apresentar alternativas que a indústria 4.0 traz para
a sustentabilidade empresarial, através de revisão da literatura brasileira
relacionando a indústria 4.0 e a sustentabilidade.

INDUSTRIA 4.0
A quarta revolução industrial ou mais conhecida como Industria 4.0
surgiu na Alemanha em uma das mais importantes feiras de tecnologia do
mundo, em Hannover em meados de 2011. Termo considerado relativamente
novo no Brasil e também no mundo todo, tem a indústria como foco principal na
produção de bens, a conexão à tecnologia e à internet (BRETTEL et al., 2014).
A Indústria 4.0 é apresentada com diferentes definições sendo algumas
delas:
• Integração de máquinas e dispositivos, com os mais complexos
sistemas e softwares, contribuindo para o controle e planejamento de melhores
resultados organizacionais (SHAFIQ et al., 2015).
• Conceito baseado na aplicação de tecnologias avançadas a nível
de produção, aumentando a flexibilidade e qualidade dos sistemas produtivos,
com novos valores e serviços para os clientes (KHAN & TUROWSKI, 2016).
• Integração da tecnologia industrial com as tecnologias de
informação e comunicação, tendo os sistemas ciber-físicos como chave para a
construção de uma indústria inteligente, uma manufatura mais digital orientada
pela informação (GILCHRIST, 2016).

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Baseado nos conceitos, com a Indústria 4.0 é possível uma maior
flexibilidade com processos mais dinâmicos agindo de forma rápida a
mudanças de curto prazo. Além disso, é possível uma redução de prazos de
entrega e lançamentos de novos produtos com tomadas de decisões mais
rápidas e assertivas, customização mais eficiente atendendo a necessidade
individual de cada cliente e ainda aumentando a eficiência no uso de recursos
evitando desperdícios e reduzindo os custos (CNI, 2016).
A quarta revolução industrial permite um avançar das integrações entre
processos de produção e a logística, todas as etapas da cadeia de valor estão
interligadas desde o desenvolvimento inicial do produto até o pôs venda
(OLIVEIRA e SIMÕES, 2017). Assim, essa integração permite uma melhoria
em todo o processo produtivo, desde a manufatura, cadeia de suprimentos,
engenharia e o gerenciamento do ciclo de vida (SHAFIQ et al., 2015).
A indústria 4.0 permite então a criação de soluções inovadoras,
elevando a competitividade, se interrelacionando com a qualidade de vida da
sociedade, dos produtos e serviços (SCHULES, 2018). Assim, serão
apresentados a seguir as principais tecnologias da 4.0.

Internet das Coisas (IOT)


O termo “The internet of things” ou Internet das Coisas surgiu no
Instituto de Tecnologia de Massachusetts em 1999 pelo trabalho do Auto-ID
Center, e só mais tarde ganhou mais força com artigo publicado por Kevin
Ashton em 2012 (BERGWEILER, 2015).
A internet das coisas permite o controle de objetos e recursos
remotamente, através da interligação de máquinas, equipamentos e de todos
os objetos relacionados àquele ambiente, todos interligados à mesma rede.
Essa conexão é feita através de equipamentos eletrônicos que permitem a
troca de dados em ambiente virtual e físico (SHAHID e ANEJA, 2017).

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Para isso utiliza de dispositivos de identificação por radiofrequência,
sensores, telefones móveis, rede GPS e vários outros objetos, os quais se
conectam à internet para trocar informações e se comunicarem entre si,
realizando assim a identificação, localização, rastreamento, monitoramento e
gerenciamento de forma inteligente (ZHOU et al., 2015).

Big Data
Big Data é o termo utilizado para referenciar o armazenamento de
informações necessárias para as organizações, permitindo o acesso mais fácil
e ágil a elas em tempo real ou para uma análise posterior. Sendo a análise de
dados primordial para a indústria 4.0, tornando as tomadas de decisões mais
ágeis e assertivas (GEISSLER, 2014).
O termo Big Data se define em quatro aspectos:
a) Veracidade: refere-se se a informação é verdadeira
b) Variedade: formato dos dados computados
c) Volume: quantidade de dados a serem analisados
d) Velocidade: rapidez que as informações podem ser encontradas
A tecnologia Big Data utiliza novos sistemas e metodologias para
processar todos os dados, provenientes das mais diversas fontes, de forma
eficiente, rápida e confiável. Os principais benefícios da utilização dessa
tecnologia são: otimização dos processos, acuracidade nas tomadas de
decisão, redução de custos e melhoria na eficiência operacional (ZHOU et al.,
2015; KANG et al., 2016).

Sistemas físico-cibernéticos
O termo sistemas ciber-físicos é designado para as interações entre os
computadores e todos os processos decorrentes da organização como um
todo.

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A indústria 4.0 com isso garante uma otimização e melhor eficiência na
produção, através do controle e monitoramento dos processos, atendendo as
necessidades dos clientes da melhor maneira possível (LEE, 2008).

Computação em nuvem
Com as novas tecnologias da 4.0, um dos grandes desafios é o
compartilhamento de dados, devido à grande quantidade de informações
geradas por todo o sistema da cadeia. A computação em nuvem surge para
viabilizar esse acesso, através da armazenagem de dados em servidores de
acordo com o fluxo demandado, possibilitando que todos os dados gerados
possam ser armazenados de forma segura (KAGERMAN et al, 2013).
Essa tecnologia oferece baixo custo e alto desempenho, pois além da
armazenagem de dados, ainda podem oferecer softwares e hardwares que
podem vir a ser utilizados conforme a necessidade da organização (ZHOU et
al., 2015).

Manufatura aditiva
A manufatura aditiva é a tecnologia que converte modelos 3D, em um
objeto físico, através da sobreposição de material, ocorrendo de camada sobre
camada (ATARI, 2017).
O processo surgiu em meados da década de 80, sendo aplicado nas
empresas para produzir protótipos ou componentes de forma individual, devido
a sua baixa taxa de produção. Um dos limitantes para sua implementação
sempre foram as questões de baixa produtividade e seu alto custo, mas devido
ao avanço das tecnologias esses problemas foram superados, sendo essa
tecnologia agora também possível de ser utilizada em produções de pequenos
lotes e produtos customizados aos clientes, características essas presentes na
indústria 4.0 (KANG et al., 2016).

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Segundo Sandengen et al. (2016), se destacam como principais
vantagens da manufatura aditiva: a construção de peças complexas e baixo
peso, eficiência no uso dos recursos e materiais e a possibilita uma maior
flexibilidade no processo produtivo.

Realidade aumentada
Na indústria 4.0 a realidade aumentada é utilizada para aumentar o
campo de visão do usuário auxiliando no desenvolvimento de determinada
tarefa. Uma das principais características é a combinação de objetos reais e
virtuais e fazer a interação entre eles em tempo real (SYBERFELDT et al.,
2017).
Em cada setor ela pode apresentar algum ganho em simplificação,
como por exemplo. Na manufatura, a realidade aumentada pode ser aplicada
no planejamento de linhas de montagem e processos, em instruções visuais
para operadores e técnicos durante o processo. Já na manutenção, a realidade
aumentada permite que as instruções e informações sejam mostradas
diretamente no local onde está sendo executada a tarefa, tornando assim a
operação mais rápida e assertiva. (KLIMANT et al., 2017).
Com essas simplificações adquiridas com a realidade aumentada é
possível então a diminuição de erros, além disso consegue também diminuir a
quantidade de treinamento de colaboradores (KLIMANT et al., 2017).

AGV’s
Sigla que vem do inglês Automated Guided Vehicle, que nada mais são
do que veículos guiados automaticamente. O AGV é definido como máquinas
automáticas que realizam dentro das indústrias tarefas de transporte, detecção,
levantamento de peso, dentre outras de forma totalmente autônoma. Com o
auxílio dessa tecnologia a indústria ganha em eficiência, reduzindo os custos

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de mão de obra e tornando os trabalhos mais rápidos e seguros (WAN et al.,
2015).

SUSTENTABILIDADE
Discussões sobre a natureza, responsabilidade social e questões
econômicas começaram a ganhar força mundialmente por volta da segunda
metade do século XX. As grandes guerras e o caos causada por ela, mostrou
ao mundo a fragilidade do planeta e a necessidade de novas atitudes com
relação a natureza (POCHMANN, 2010).
Questões com relação à sustentabilidade passavam então a ficar cada
vez mais evidentes no mundo, em 1968 com o Clube de Roma foi formada
organização de estudiosos com o intuito de analisar assuntos referentes a
economia, política, meio ambiente e o desenvolvimento sustentável
(MUELLER, 2009). Com a disseminação do tema, a Organização da Nações
Unidas (ONU) apresenta em sua Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CMMAD) o termo “Sustentabilidade”, que foi então por eles
definido como a capacidade de satisfazer as necessidades do presente sem
comprometer a capacidade das gerações futuras também satisfazerem a suas
próprias necessidades (GLAVIČ e LUKMAN, 2007).
Com o crescimento contínuo de estudos na área começam a surgir
conceitos para definir a ideia da sustentabilidade organizacional. Uma das mais
difundidas foi a ideia e modelo de Elkington, onde ele associava a mudança
social ao que ele chamava de Triple Botton Line, ou seja, tripé da
sustentabilidade, no qual a intenção era equilibrar a sociedade, o planeta e os
lucros, através das dimensões econômicas, sociais e ambientais. (CORLETT e
PRIMACK, 2011).

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Figura 1 – Tripé da Sustentabilidade

Fonte: ELKINGTON (2013)

Entre pesquisadores e no meio acadêmico a difusão desse novo


conceito da sustentabilidade com a visão voltada a essas três dimensões foi
grande, levando as empresas a adotar como estratégia para geração de valor e
competitividade no mercado (ELKINGTON, 2013).
Com relação ao tripé da Sustentabilidade, é possível classificar as
diferentes dimensões, sendo elas:
a) Ambiental: se refere à capacidade da organização de na busca
por processos produtivos que sejam eco eficientes, uma produção mais limpa
sem poluição ao meio ambiente. Diminuir os impactos negativos gerados com a
utilização de recursos renováveis (DIAS, 2017).
b) Social: é a busca de melhores condições de trabalho aos
colaboradores, envolve a sociedade como um todo reduzindo assim a
desigualdade social e a melhoria de vida da população (DIAS, 2017).
c) Econômico: Segundo Froehlich e Bitencourt (2016) é o que se
refere ao lucro, mas com um rendimento eficiente, atendendo as necessidades
da empresa e das pessoas
Assim é possível que as organizações identifiquem as divergências
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entre o sucesso econômico e o financeiro, e com isso ser possível realizar
escolhas positivas que não sejam críticas tanto para os resultados sociais bem
como ambientais
Segundo Cotrim e Gouveia (2006), as organizações estão fazendo uso
dos conceitos do TBL, onde o aumento de ações sustentáveis vem trazendo
efeitos positivos às organizações.

IMPACTOS DA INDÚSTRIA 4.0 NA SUSTENTABILIDADE


ORGANIZACIONAL
Com a Indústria 4.0 a forma de produção passa a ser descentralizada,
reduzindo assim o fluxo de atividades logísticas interferindo diretamente no
impacto ambiental, com um menor consumo de energia pela diminuição de
atividades de transporte (KAGERMANN et al., 2016).
Segundo Stock (2016), com o aumento da eficiência dos processos e
do aprendizado com as máquinas é possível um ganho na utilização de
recursos energéticos nos equipamentos e na matéria prima, contribuindo para
um menor impacto ambiental.
Estudo apresentado por Siltori (2020) apresenta uma série de impactos
que a indústria 4.0 pode trazer positivamente à sustentabilidade empresarial e
a sociedade, como:
• A compreensão melhor das necessidades dos clientes,
produzindo lotes menores e com produtos customizados;
• Surgimento de novas profissões com maior qualidade técnica;
• Redução do número de acidentes com o uso de robôs,
proporcionando melhor qualidade de vida aos funcionários;
• Com o aumento de sensores nos produtos e equipamentos, o
risco a situações danosas diminui, permitindo assim um ganho de ergonomia;
• Surgimento de novas oportunidades e modelos de negócio como

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startups, aumentando o número de profissionais no mercado de trabalho;
• Com uma cadeia de valor voltada desde o desenvolvimento até o
pós-vendas é possível uma análise mais apurada dos impactos sociais,
ambientais e econômicos que um produto pode gerar;
Outro estudo de importante relevância na área é o de Stock e Seliger
(2016), onde é abordado de forma macro e micro as perspectivas que a
indústria 4.0 pode trazer para uma manufatura mais sustentável. No macro
relaciona a rede de valores com o modelo de negócio, e no micro como a
manufatura pode se tornar mais sustentável com relação a equipamentos,
pessoas, organização, processos e produtos.
Segundo Stock (2016), o retrofitting, que é o ato de adicionar um
componente ou acessório a um equipamento que não o possuía quando foi
vindo de fabricado, permite de forma econômica atualizar equipamentos de
fabricação existentes com sistemas de sensores e atuadores, bem como com
as lógicas de controle relacionadas.
Beier et al. (2017) apresentou um estudo de como a digitalização e
inovações da indústria podem afetar a sustentabilidade. Para seu estudo ele
usou como base de comparação duas indústrias de países diferentes e com
estruturas bem diferentes, uma na Alemanha, país altamente industrializado e
outra na China, pais em processo de industrialização. Como resultado ele
aferiu que a indústria 4.0 tem forte impacto na dimensão ambiental da
sustentabilidade, com o aumento na eficiência no uso dos recursos e o uso de
fontes de energia renováveis. Mas por outro lado mostrou também que a
dimensão social é afetada, uma vez que com a automatização das indústrias o
nível de desemprego aumenta.
Outro estudo relevante foi o realizado por Schules (2018), que fez
estudo de caso em uma multinacional do setor automotivo na região de
Curitiba, com base em indicadores de sustentabilidade dentro do processo

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produtivo conseguiu demonstrar oportunidades para adoções da tecnologia da
indústria 4.0. Com base no modelo da OECD (The Organization for Economic
Co-operation and Development), conseguiu encontrar dentro da indústria os
processos e oportunidades de melhorias relevantes às tecnologias da indústria
4.0.
Obtendo como resultado que as mais relevantes seriam o Big Data, a
realidade aumentada e os AGV’s, com relação aos impactos nas três
dimensões da sustentabilidade. Tendo o pilar econômico identificado com o
OEE, o pilar ambiental com o consumo de energia e água e o pilar social com a
diminuição dos acidentes de trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A busca pela produção no menor tempo possível e a busca dos
clientes por produtos customizados e personalizados, vem em direção das
propostas apresentadas pelas tecnologias da 4.0, com pensamentos voltados à
produção com um menor número de desperdício e o atendimento às
necessidades dos clientes. Aliada a essa nova onda, vem a busca por sistemas
mais sustentáveis, com o uso racional dos recursos pensando no
comprometimento da indústria com o ambiente e sociedade como um todo.
Com este estudo observou-se a crescente evolução das tecnologias da
indústria 4.0 no cenário global, e ainda que as questões ambientais e de
sustentabilidade já são itens imprescindíveis na corrida pela competitividade
organizacional.
Também pode-se observar os impactos gerados pela utilização dessas
tecnologias.
Apesar da inerente perde de empregos devido à robotização da
indústria foi possível observar que há ganho ainda relevante, visto a grande
quantidade de benefícios adquiridos referentes às dimensões ambientais,

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sociais e econômicas. Com a implantação das tecnologias foi possível observar
que há ganhos como o aumento e eficiência na utilização de recurso, ganhos
também na logística no que se refere a transportes, além dos ganhos
ambientais com a redução de consumos, e consequentemente a redução dos
custos.

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