Acordao-2020 336171

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
NAMP
Nº 70082108069 (Nº CNJ: 0182715-39.2019.8.21.7000)
2019/CÍVEL

SERVIDOR PÚBLICO. AGRAVO DE


INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. PRECLUSÃO.
RECONHECIMENTO. POSSIBILIDADE.
1. Em respeito aos princípios da segurança
jurídica e da estabilidade das decisões
judiciais, não se pode admitir o trânsito da
pretensão da agravante, que não atacou a
tempo e modo oportunos a decisão que
solveu a impugnação ao cumprimento da
sentença.
2. A permissão do enfrentamento renovado
de questões abarcadas pela preclusão
traduz inconcebível tolerância com a
perpetuação das demandas e com o
próprio atravancamento da jurisdição
executiva, cuja finalidade principal é
efetivar o direito reconhecido no título
judicial. O procedimento da agravante, por
isso, vai de encontro aos princípios e
valores estruturantes do modelo
constitucional que inspira o processo civil
moderno, tais como a celeridade, a
economia processual, a razoável duração
do processo e a efetividade da jurisdição.
AGRAVO DE INSTRUMENTO IMPROVIDO.
DECISÃO MONOCRÁTICA.

AGRAVO DE INSTRUMENTO TERCEIRA CÂMARA CÍVEL

Nº 70082108069 (Nº CNJ: 0182715- COMARCA DE SANTO ÂNGELO


39.2019.8.21.7000)

SOLANGE LABORDE SOARES AGRAVANTE

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL AGRAVADO

DECISÃO MONOCRÁTICA

Vistos.

Trata-se de agravo de instrumento interposto por


SOLANGE LABORDE SOARES, uma vez que está inconformada
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@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
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Nº 70082108069 (Nº CNJ: 0182715-39.2019.8.21.7000)
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com a decisão de fl. 24@, que indeferiu o pedido por ela formulado
nos autos do cumprimento de sentença que ajuizou contra o
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, considerando preclusa a
oportunidade.

A decisão agravada ficou assim redigida:


Visto.
Indefiro os pedidos retro, porquanto preclusa a
decisão da p. 159.

Em suas razões, a agravante sustenta que na memória


dos cálculos de fls. 150-3 não houve a análise da memória de fls.
140-6, sendo que deveria ter sido determinada a remessa à
Contadoria para a apuração das divergências entre as memórias.
Destaca que sequer foi observada a verba honorária de R$ 400,00,
bem assim a impossibilidade de desconto de valores na hipótese de
pagamento superior ao devido. Requereu o provimento do recurso.

Recebido o agravo de instrumento no efeito devolutivo


(fl. 40@).

O agravado foi intimado e ofertou as suas


contrarrazões, nas quais pediu a manutenção da decisão agravada
(fls. 52-6@).

Interveio a Drª Elaine Fayet Lorenzon Schaly,


Procuradora de Justiça, que promoveu no sentido de estarem
faltando documentos necessários à compreensão do que está
controvertido (fls. 77-9@).

A agravante complementou o traslado (fls. 87-114@).

Lançou então a Procuradora de Justiça parecer pelo


improvimento do agravo de instrumento.

É o breve relatório.
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Encaminho decisão monocrática pelo improvimento do


agravo de instrumento, nos termos do verbete nº 568 da Súmula
do Superior Tribunal de Justiça1, bem como no que está previsto no
art. 206, XXXVI, do RITJRS2.

Os pressupostos de admissibilidade recursal foram


conferidos e estão presentes.

Quanto ao mérito, refiro que a agravante ajuizou o


cumprimento de sentença que mandou reajustar o valor unitário do
vale-refeição e juntou a memória atualizada e discriminada de seu
crédito que estimou em R$ 76.240,99 (fs. 91-7@).

O agravado impugnou o montante apresentado pela


agravante e sustentou que o seu débito era de R$ 676,98, a título
de principal (fls. 109-12@).

Por outro lado, conferindo a sequência das intimações


trazida pelo agravado, é possível chegar ao seguinte quadro que
demonstra a preclusão indiscutível:

704/2018 28/09/2018 1ª Vara Cível da Comarca de Santo Ângelo


Nota de Expediente Nº 704/2018

029/1.09.0000192-0 (CNJ 0001921-


33.2009.8.21.0029) - Solange Laborde Soares
(pp. Leandro Cielo 96526/RS, Luciana
Menendez Ribeiro Nagipe 92342/RS e Neiva

1
O relator, monocraticamente e no Superior Tribunal de Justiça, poderá
dar ou negar provimento ao recurso quando houver entendimento
dominante acerca do tema.
(Súmula 568, Corte Especial, j. em 16MAR16, DJe 17MAR16).
2
Art. 206. Compete ao Relator:
(...).
XXXVI – negar ou dar provimento ao recurso quando houver jurisprudência
dominante acerca do tema no Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de
Justiça com relação, respectivamente, às matérias constitucional e
infraconstitucional e deste Tribunal;
(...).
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Boelter Braz de Aguiar 14896/RS) X Estado do


Rio Grande do Sul (pp. Cristiano Xavier Bayne
46302/RS).

Observo, de pronto, que a impugnação das p.


148-149 merece acolhimento, pois o cálculo
das p. 140-146 não observou os parâmetros do
título executivo judicial (consubstanciado na
decisão das p. 48-56), notadamente no
particular do termo final do cálculo, correção
monetária, termo inicial dos juros e percentual
dos juros, conforme explanado à p. 150,
conclusão que, inclusive, é avalizada pelo
silêncio do exequente à p. 158. PELO
EXPOSTO, acolho a impugnação das p. 148-
149, a fim de reconhecer o excesso de
execução e determinar o prosseguimento do
feito com base no cálculo das p. 151-152. Por
consequência, condeno o impugnado
(exequente) no pagamento das custas
processuais do incidente de impugnação e em
honorários advocatícios, que fixo em 10%
sobre o valor devido, atento aos parâmetros
elencados no art. 85, §§, do CPC,
suspendendo a exigibilidade de tais encargos,
em razão da gratuidade judiciária (p. 13).
Intime-se, inclusive, a parte exequente para
dizer sobre o prosseguimento do feito.

Santo Ângelo, 16 de outubro de 2018

112/2019 21/02/2019 1ª Vara Cível da Comarca de Santo Ângelo


Nota de Expediente Nº 112/2019

029/1.09.0000192-0 (CNJ 0001921-


33.2009.8.21.0029) - Solange Laborde Soares
(pp. Leandro Cielo 96526/RS, Luciana
Menendez Ribeiro Nagipe 92342/RS e Neiva
Boelter Braz de Aguiar 14896/RS) X Estado do
Rio Grande do Sul (pp. Cristiano Xavier Bayne
46302/RS e Paula Ferreira Krieger 57189/RS).

Diga a autora quanto ao prosseguimento, no

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prazo de 10 dias.

Santo Ângelo, 26 de fevereiro de 2019

321/2019 02/05/2019 1ª Vara Cível da Comarca de Santo Ângelo


Nota de Expediente Nº 321/2019

029/1.09.0000192-0 (CNJ 0001921-


33.2009.8.21.0029) - Solange Laborde Soares
(pp. Leandro Cielo 96526/RS, Luciana
Menendez Ribeiro Nagipe 92342/RS e Neiva
Boelter Braz de Aguiar 14896/RS) X Estado do
Rio Grande do Sul (pp. Cristiano Xavier Bayne
46302/RS e Paula Ferreira Krieger 57189/RS).

Em face da reiterada inércia da exequente (p.


160vº e 163), arquivem-se os autos.

Santo Ângelo, 14 de maio de 2019

442/2019 07/06/2019 1ª Vara Cível da Comarca de Santo Ângelo


Nota de Expediente Nº 442/2019

029/1.09.0000192-0 (CNJ 0001921-


33.2009.8.21.0029) - Solange Laborde Soares
(pp. Ali Mohamad Darwiche 80150/RS,
Anderson Harlos Reis 103949/RS, Leandro
Cielo 96526/RS e Patrick Marzari Dezordi da
Silva 108387/RS) X Estado do Rio Grande do
Sul (pp. Cristiano Xavier Bayne 46302/RS e
Paula Ferreira Krieger 57189/RS).

Indefiro os pedidos retro, porquanto preclusa a


decisão da p. 159. Intime-se, inclusive a
impulsionar o feito, sob pena de arquivamento.

Santo Ângelo, 13 de junho de 2019

629/2019 02/08/2019 1ª Vara Cível da Comarca de Santo Ângelo


Nota de Expediente Nº 629/2019

029/1.09.0000192-0 (CNJ 0001921-

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33.2009.8.21.0029) - Solange Laborde Soares


(pp. Ali Mohamad Darwiche 80150/RS,
Anderson Harlos Reis 103949/RS, Leandro
Cielo 96526/RS e Patrick Marzari Dezordi da
Silva 108387/RS) X Estado do Rio Grande do
Sul (pp. Cristiano Xavier Bayne 46302/RS e
Paula Ferreira Krieger 57189/RS).

Ciente da interposição do agravo de


instrumento. Mantenho a decisão agravada,
pelos seus próprios fundamentos. Caso
solicitadas, prestem-se as informações de que
trata o artigo 1.018 do NCPC.

Santo Ângelo, 15 de agosto de 2019

Isso considerado, adoto o parecer da Drª Elaine Fayet


Lorenzon Schaly, Procuradora de Justiça, que bem apanhou o ponto
central da controvérsia e escreveu o seguinte:
Embora intimada, a agravante não juntou a
referida decisão da p. 159, presumindo-se, da
análise das movimentações processuais
juntadas pelo ente público (fls. 72/73), que se
trata daquela publicizada através da NE nº
704/2018, que acolheu a impugnação oposta e
reconheceu o excesso de execução, sendo a ora
recorrente intimada para dar andamento ao
feito, restando inerte:
Assim, agiu com acerto a decisão ao reconhecer
a preclusão da matéria, nos termos do art. 507
do Código de Processo Civil1, conforme já
decidiu essa colenda Corte:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ACIDENTE DE
TRABALHO. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA
PÚBLICA. PERCENTUAL DE JUROS MORATÓRIOS.
QUESTÃO COBERTA PELOS EFEITOS DA
PRECLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE DE
REDISCUSSÃO E REEXAME DA MATÉRIA.
1. No curso do processo, é vedado às partes
discutir 1 Art. 507. É vedado à parte discutir no
curso do processo as questões já decididas a
cujo respeito se operou a preclusão. Questões já
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decididas, a cujo respeito se operou a


preclusão.
2. Caso concreto em que o debate proposto
pela recorrente (critério aplicável a título de
juros moratórios) está coberto pelos efeitos da
preclusão. É que tal matéria já havia sido
controvertida no âmbito de impugnação ao
cumprimento de sentença apresentada pela
entidade autárquica, a qual restou acolhida em
parte para estabelecer, em definitivo, os
parâmetros aplicáveis para fins de correção
monetária e compensação da mora. E
considerando que tal pronunciamento não foi
alvo de qualquer impugnação oportuna e
adequada da parte credora, é forçoso
reconhecer que a matéria então debatida no
seio daquele incidente encontra-se atualmente
envolta pelos efeitos da preclusão.
Com efeito, ao quedar-se inerte e deixar de
impugnar a decisão mencionada pela via
recursal apropriada, a exequente assentiu com
a operação dos efeitos da preclusão sobre o
ponto que ora pretende rediscutir.
3. Assim, em respeito aos princípios da
segurança jurídica e da estabilidade das
decisões judiciais, não se pode admitir que a
parte credora rediscuta tema precluso. A
permissão de reexame de questões abarcadas
pela preclusão traduz inconcebível tolerância
com a perpetuação das demandas e com o
próprio atravancamento da jurisdição executiva,
cuja finalidade principal é efetivar o direito
reconhecido no título judicial. Tais
consequências, à evidência, vão de encontro a
princípios e valores estruturantes do modelo
constitucional que inspira o processo civil
moderno, tais como a celeridade e a economia
processuais, a razoável duração do processo e a
efetividade da jurisdição.
AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO.
(Agravo de Instrumento, nº 70081726861, Nona
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Carlos Eduardo Richinitti, Julgado em: 10-09-
2019).

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E a hipótese examinada pela colenda 9ª Câmara Cível


se assemelha em tudo ao que aconteceu no caso concreto, não
sendo mesmo de se admitir o trânsito da pretensão da agravante,
em respeito aos princípios da segurança jurídica e da estabilidade
das decisões judiciais. De fato, não se pode admitir que a
agravante, na condição de parte credora rediscuta tema precluso.
A permissão do enfrentamento renovado de questões abarcadas
pela preclusão traduz inconcebível tolerância com a perpetuação
das demandas e com o próprio atravancamento da jurisdição
executiva, cuja finalidade principal é efetivar o direito reconhecido
no título judicial. O procedimento da agravante, por isso, vai de
encontro aos princípios e valores estruturantes do modelo
constitucional que inspira o processo civil moderno, tais como a
celeridade, a economia processual, a razoável duração do processo
e a efetividade da jurisdição.

Tais as razões que me levam a decidir pelo


improvimento do agravo de instrumento.

Intimem-se.
Porto Alegre, 16 de abril de 2020.

DES. NELSON ANTONIO MONTEIRO PACHECO,


Relator.

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