Diadelab Trilhas - Transtorno Bipolar

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APRENDENDO SOBRE O

TRANSTORNO BIPOLAR
Deivid Regis dos Santos e Denis Zamignani

editora
díade|lab
Fulana é bipolar! Provavelmente você já ouviu comentários como esse, não
é mesmo? Geralmente, quem fala isso está se referindo às pessoas que
mudam de humor ou de opinião constantemente, mas será que essa
característica é suficiente para dizer que alguém é bipolar?

Na presente trilha você encontrará recursos para responder essas questões


e também indicações de literatura e vídeos sobre o assunto.
Quem quer conhecer o TB pela Além dessa, na DíadeLab há outras aulas
perspectiva de quem vivencia o abordando o assunto. As pesquisas sobre
diagnóstico na pele pode ler o livro de intervenções psicológicas para TB têm
memórias da psiquiatra Kay Redfield demonstrado que algumas abordagens
Jamison “TAB: Transtorno Afetivo são necessárias, como a psicoeducação,
Bipolar”. Nele, a autora conta a regulação do sono e ensino de
experiencia de apresentar os sintomas comportamentos de resolução de
do TB e como foi o seu tratamento e os problemas. Luc Vandemberghe explicou
resultados do mesmo. Além do livro como ele usa dos princípios da Terapia
citado, Kay já publicou outros livros sobre de Aceitação e Compromisso
o assunto falando de sua experiencia e juntamente com as abordagens
do tratamento não só dela, mas de necessárias no atendimento dessa
pacientes em geral. população. Citando algumas das
intervenções necessárias, a
Em uma apresentação na DiadeLab, Ana psicoeducação consiste em transmitir
Carmen Oliveira demonstrou o informações aos clientes sobre o
atendimento de uma cliente diagnostico, os fatores desencadeantes
supostamente com Depressão e que de crises, fatores protetivos e
depois foi diagnosticada com Transtorno características do tratamento.
Bipolar. É muito comum isso acontecer,
pois é nos momentos de depressão que
os pacientes costumam buscar ajuda. Fabiola Serpa reafirmou a questão da
Muitas vezes em momentos de mania ou dificuldade do diagnostico de TB e como
hipomania a pessoa tem a sensação que ele pode ser mascarado pela Depressão.
tudo na vida vai bem e não vê Algo importante a se considerar é que
necessidade de ajuda, principalmente se nem sempre o Transtorno Bipolar é bem
os comportamentos estão sendo marcado nas fases de mania e depressão.
produtivos. Os momentos de mania Nós podemos falar em espectro bipolar,
podem deixar a pessoa criativa e mais pois há variações da expressividade
corajosa, fazendo com que arrisque mais desse diagnóstico. Algumas dessas
em seus planos. Em contextos como no variações são TB tipo 1 em que a pessoa
trabalho isso pode ser visto com bons apresenta pelo menos um episódio de
olhos quando os resultados são maiores Mania; TB tipo 2 marcado por um
vendas, mais publicações, etc. episódio de Hipomania e outros de
depressão; Ciclotimi em que há muitas
alterações do humor em curto períodos
de tempo e o Misto em que pode ocorrer
em conjunto sintomas da Mania e da
Depressão. Fabiola usou um caso para
exemplificar as intervenções e as
características do transtorno.
O Transtorno Bipolar (TB) em seu modo Se você quiser um exemplo de TB como
mais conhecido pelas pessoas é esse, pode assistir o filme Mr. Jones.
caracterizado por momentos de Mania Nesse filme Jones, representado por
com comportamentos de risco, Richard Gere, apresenta várias
impulsivos e extroversão, alternados com características desse diagnóstico e é
momentos de Depressão com internado inicialmente com a suspeita
características como retraimento social; de esquizofrenia. Na clinica é atendido
sentimento de culpa, perda de interesse por uma psiquiatra que acaba se
em atividade e baixa energia. A apaixonando por ele. O diagnóstico
psiquiatra Maria Caliani gravou um vídeo inicial se deve por Jones apresentar
detalhando tais características. alucinações e delírios. Porém, esses
Informação importante fornecida por ela sintomas também podem ocorrer em
é que uma a cada setenta pessoas pode momentos de crise do TB,
apresentar essa condição clínica. O que é principalmente, se a pessoa não está
uma estimativa alta, concorda? medicada. Algo interessante que ocorre
no filme e também pode ser observado
no atendimento dessa população é a
oposição do paciente diante do
diagnóstico e do tratamento. A recusa
em aceitar o tratamento ocorre,
principalmente por causa dos efeitos
adversos das medicações.

O filme estreou em 1993, desde então


muitos avanços na ciência ocorreram e
tanto a Psicologia como a Psiquiatria
avançaram muito no conhecimentos
sobre o tema. O TB afeta principalmente
a qualidade de vida e as interações
interpessoais das pessoas que possuem
esse diagnóstico. Costa (2016)
apresentou um modelo de intervenção
Analítico-comportamental em grupo
destinada a população com esse
diagnóstico. Tal intervenção apresentou
bons resultados com redução de
sintomas do TB e melhora da qualidade
de vida dos pacientes
Sabendo que esse diagnóstico pode afetar as interações interpessoais e a interação
paciente e terapeuta, Deivid aproveitou a oportunidade para pesquisar no
mestrado a interação terapêutica atrelada ao tema estudado por sua orientadora
na época. Para isso, usou de um sistema de categorização de comportamentos da
interação terapeuta-cliente na terapia analítico-comportamental. Foi identificado
nesse estudo que o modo como algumas categorias comportamentais foram
apresentadas pelos terapeutas pode ter favorecido a adesão às intervenções
efetuadas. Por exemplo, é sabido que a psicoeducação é uma intervenção
importante, porém fazer isso de modo dinâmico e participativo pode ser mais
efetivo do que apenas uma palestra como acontece em muitas intervenções. Além
disso, também foi possível perceber que comportamentos característicos do TB
como verborragia na mania e baixa interação na depressão podem sofrer o efeito
direto de comportamentos de terapeutas.

Além das dificuldades enfrentadas por quem é diagnosticado com TB, a família
também pode ter necessidades de ajuda por não saber como agir diante das
crises. Por isso, foi criada a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores
de Transtornos Afetivos para auxiliar essa população. No site da ABRATA é possível
encontrar literatura, depoimentos, indicação de especialistas e se inscrever para
grupos de apoio.
Antes de encerrar, vai outra indicação. Dessa vez, o episódio 3 da primeira temporada
de Modern Love. O episódio retrata a experiencia de Lexi (Anne Hathaway) de modo
poético e empolgante, sem negligenciar a complexidade que pode ser a vida de uma
pessoa com TB. No inicio do episódio, Lexi caminha pelo supermercado com roupas
muito coloridas durante o dia. Nesse local, conhece um rapaz o qual se interessa. Relata
ao rapaz: “estou há três dias sem dormir, a vida é muito interessante para dormir” diz
ela. Essa é uma característica de episódios maníacos. Enquanto na depressão bipolar é
comum a hipersonia ou a insônia, na mania a pessoa pode perder a necessidade de
dormir ou poucas horas de sono podem ser mais que o suficiente. Também é no
período de mania que Lexi tenta compensar o tempo perdido, diz que tenta recuperar
os “cinquenta por cento perdido”.

No entanto, o que ela não sabe ou pelo menos a serie não demonstra que ela sabe, que
se envolver em muitas atividades geralmente é um fator que pode desencadear uma
crise. É como se a pessoa tivesse que correr uma maratona e desse tudo de si na
largada. Essa não é uma boa estratégia! A personagem retrata a Depressão como um
“monstro de um filme antigo em preto e branco”. Nesses momentos mal consegue sair
da cama e precisa se afastar de suas atividades. Também é abordada a questão do
isolamento social por medo do preconceito e a busca por diversos tratamentos na
esperança de encontrar uma cura. Na clínica, quando se atende essa população é
muito comum ouvir relatos do tipo “acho que vou procurar fazer aquele tratamento x,
minha amiga falou que ajuda bastante” e por aí vai.

Há tratamento e isso é importante ajudarmos nossos pacientes a entenderem que o


melhor caminho é seguir as recomendações dos profissionais que o acompanha.
TRILHAS

TAB:
Transtorno Afetivo Bipolar
Kay Redfield Jamison

TAC em casos de
Mr Jones (1993) Transtorno Bipolar
Ana Carmen
Oliveira

Tratamento de uma
pessoa com
transtorno bipolar
com ACT
Luc Vandemberghe

Como é o
Transtorno Bipolar?
Dra Maria Fernanda Caliani

Transtorno Bipolar ou Depressão:


casos clínicos de difícil manejo Modern Love (2019)
Fabíola Serpa
TRILHAS

Isso é só um pouco sobre esse tema tão complexo que é o


Transtorno Bipolar. Ainda há muito o que se descobrir
sobre esse quadro clinico e também sobre
modalidades de tratamento.
Enquanto a psicologia tem muita contribuição para os
quadros depressivos, são necessários avanços nas
intervenções para momentos de Mania.

Mas, conta para gente, o que


você incluiria nessa trilha?

Comunidade Díade|Lab...
Juntos a gente chega mais longe!

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