Apostila de Legislação Educacional

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(21) 3347-3030 / 2446-

Sumário

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3

1- AS LEIS QUE DIRECIONAM E AMPARAM A EDUCAÇÃO ATUALMENTE5


1.1. Constituição Federal de 1988 e a Educação ..................................... 6
1.2. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 ................ 9
1.3. 1Algumas importantes alterações ou complementos a LDB 9394/9613
1.4. O cuidado especial com a criança e o adolescente- o ECA e os
Conselhos Tutelares ................................................................................. 18

2- ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL ........................................ 20

• Precisa elaborar e executar o Projeto pedagógico.................................... 22

3- BNCC (Base Nacional Comum Curricular) .............................................. 24

4- O PASSADO AINDA SE REFLETE NO PRESENTE .............................. 26


4.1 – Uma passado bem passado............................................................. 26
Pense bem e identifique ............................................................................ 31
4.2 – Uma passado bem presente ............................................................ 31

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 33

ANEXO I - CAPÍTULO III DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL ............................ 35


INTRODUÇÃO

Na disciplina de Legislação, que faz parte do Curso Normal à distância


do IECS, buscaremos traçar um panorama sobre Estrutura do Ensino
Brasileiro.
Através da disciplina pretendemos que o aluno desenvolva visão sobre
as principais leis que embasam o trabalho na escola e a estrutura dos
sistemas educacionais do nosso país, bem como as competências de atuação
seja na esfera da União, Estados e Municípios.
No momento histórico em que vivemos, na era do conhecimento, torna-
se essencial um olhar avaliativo sobre as legislações que servem à ação
docente que nos permitam trabalhar para efetivação do aluno como cidadão.
Analisar o contexto educacional na atualidade exige ainda a tarefa de
recuperação de aspectos da nossa história, onde podemos observar que há,
na realidade, uma grande diferença entre a teoria e a prática. Na letra da lei
está presente a igualdade de oportunidades a todos, indistintamente, mas no
dia-a-dia percebe-se a desigualdade no ensino e a falta de acesso, de uma
grande camada da população, a uma educação com a qualidade prevista nos
instrumentos legais.
Assim, ainda há muito a caminhar nas questões educacionais
brasileiras, que mantêm inconsistência entre a legislação (os ideais
registrados nas leis) e a prática (o contexto real).
Desta forma, pretendemos através da disciplina Legislação, que o
aluno do CND não somente adquira novos conhecimentos, mas que seja
despertado para uma análise crítica sobre o seu papel frente às legislações
existentes e compreenda que conhecer a legislação é condição essencial

3
para usufruir dos seus direitos como cidadão, bem como trabalhar para que
seus alunos recebam a qualidade na educação prevista na Lei.
Além dos capítulos seguem anexos as cópias parciais dos dois
documentos mais relevantes para nosso estudo: o Capítulo III da Constituição
Federal de 1988 nas seções destinadas à da educação, da cultura e do
desporto e também o título IV da LDB 9394/96 que faz referência à
organização da educação nacional.
Desejamos que as reflexões trazidas lhes sejam úteis na caminhada
em busca da formação profissional que escolheram.

4
1- AS LEIS QUE DIRECIONAM E AMPARAM A EDUCAÇÃO ATUALMENTE

Vivemos numa época em que as pessoas começam a compreender


que são cidadãos portadores de direitos e os reivindicam constantemente. Os
direitos sociais são garantidos pela Constituição que é a Lei Maior de nosso
país e são ratificados com as Leis complementares instituídas pela União,
Estados e Municípios.
A expansão do uso da tecnologia permite a aceleração do processo de
divulgação das informações, assim cada vez mais os indivíduos descobrem
e lutam pelos seus direitos.
Para ser um sujeito participante que usufrui de seus direitos e
deveres como cidadão, torna-se importante que você aluno ou aluna, esteja a
par da legislação , a fim de bem atuar profissionalmente e bem agir em
sociedade e pela sociedade.
A legislação da educação hoje está amparada especialmente na
Constituição Cidadã de 1988 e Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional
9394/96 .

Ao final dessa unidade você deverá ser capaz de :


• Identificar na Constituição de 1988 aspectos ligados direta ou
indiretamente à educação
• Conceituar direito público subjetivo
• Relacionar aspectos da educação atual à aplicação da LDB 9344/96
• Avaliar a importância da elaboração e execução dos PNE
• Observar que as legislações podem ser alteradas ou
complementadas para melhor atender à necessidade de melhor
aplicação das mesmas.

5
1.1. Constituição Federal de 1988 e a Educação
A chamada Constituição Cidadã foi fruto de longo debate e foi criada
após o nosso país ter passado por um período de governos dominados pelos
militares. Havia por todo Brasil, naquele período, manifestações por mais
liberdade democrática.
No Preâmbulo da Constituição de 1988 (p.1) temos os seguintes
dizeres :
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia
Nacional Constituinte para instituir um estado democrático, destinado a
assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como
valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos,
fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional,
com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de
Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil.

Nestas palavras introdutórias da Constituição fica demonstrado como


interesse desse documento assegurar : Direitos sociais e individuais, através
da constituição de um Estado Democrático, formado pela União, Estados,
Distrito Federal e Municípios.
Apresentam-se também os seguintes princípios fundamentais
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.

6
Acrescenta-se , como parágrafo único: " Todo o poder emana do
povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição." Indo ao dicionário
Como você deve ter percebido havia à buscar o significado de
época da publicação da Constituição de 1988 Democracia
uma busca pela volta ao Regime Democrático. encontramos:
Constitucionalmente temos o direito de Governo do Povo;
participar ativamente da construção destes Soberania popular;
princípios fundamentais, porém constatamos, Regime político
ainda hoje, que não o utilizamos plenamente. baseado nos princípios
É muito comum que se critique o da soberania popular e
desenvolvimento das políticas públicas, mas as da
pessoas nem sempre buscam conhecer as equitativa do Poder.
formas de participação e transformação dessas
políticas em benefício de todos.
Para usufruir dos direitos previstos na Constituição é preciso bem
conhecê-los.
Na Constituição de 1988 há uma prerrogativa em seu artigo 3º onde
são citados 4 objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. O
primeiro deles apresenta-se assim:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
De que forma nós educadores podemos contribuir para a realização
desse objetivo? Converse com seus colegas em classe ou troque ideias on
line .

7
Continuando a conhecer mais um pouco do texto constitucional, em
seu artigo 6º são instituídos como direitos sociais:
a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer,

a segurança, a previdência social, a proteção à

maternidade e à infância, a assistência aos desamparados.

Também em seu artigo 205 institui a educação como direito de


todos e dever do Estado e da família; que deverá ser promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.
Além dos princípios
fundamentais instituídos foram ainda
O art. 208, § 1º da
Constituição vigente não deixa ressaltadas questões como a
a menor dúvida a respeito do qualidade do ensino, a matrícula e
acesso ao ensino obrigatório e
gratuito que o educando, em permanência de todos, incluindo os
qualquer grau, cumprindo os
requisitos legais, tem o direito que apresentam necessidades
público subjetivo, oponível ao
educacionais especiais permanentes
estado, não tendo este
nenhuma possibilidade de ou temporárias; currículos mínimos
negar a solicitação, protegida
por expressa norma jurídica para o Ensino Fundamental de
constitucional .
forma a garantir a formação básica
comum e respeitos aos valores
culturais e artísticos, nacionais e regionais.
A Constituição responsabiliza a União não somente pelo oferecimento
obrigatório, mas pela oferta irregular ou não oferecimento, podendo o cidadão
agir de formar a pressionar as diferentes esferas de poder no sentido de
garantir o cumprimento da Lei.

8
1.2. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
9394/96

Essa é a Lei maior da Educação e está vigente desde 1996,


ano em que foi publicada. Com a publicação, assinada pelo presidente
Fernando Henrique Cardoso foram revogadas duas antigas LDBs: de 4042/61
e a 5692/71, além de outras leis complementares.
A Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96) - LDB é a lei
orgânica e geral da Educação Brasileira. Como o nome indica
a mesma orienta as diretrizes e as bases da organização do
sistema educacional.
Para o então Ministro da Educação Paulo Renato Souza:
o mais interessante da LDB é que ela foge do que é, infelizmente
o mais comum na legislação brasileira: ser muito detalhista. A
LDB não é detalhista, ela dá muita liberdade para as escolas,
para os sistemas de ensino dos municípios e dos estados,
fixando normas gerais. Acho que é realmente uma lei exemplar.
Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/politica-publica/lei-diretrizes- bases-
349321.shtml. Acesso jul 2014

Alguns pontos da LDB vigente são considerados ganhos


importantes para os cidadãos:
• a União deve gastar no mínimo 18% e os estados e municípios no
mínimo 25% de seus orçamentos na manutenção e
desenvolvimento do ensino público.(art. 69);
• o Ensino Fundamental passa a ser obrigatório e gratuito (art. 4).
• a Educação Infantil (creche e pré-escola) se torna oficialmente a
primeira etapa da educação básica.
Em seu Art. 1º expõe que a educação abrange os processos
formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no
trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e
organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
9
Em suas divisões e subdivisões ela trata de forma mais ampla dos
níveis e modalidades de ensino e traz novas perspectivas de olhares para a
Educação.

É muito importante que você tenha a íntegra da LDB em seu arquivo pessoal.

LDB – LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL

Texto integral da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as

diretrizes e bases da educação nacional. Atualizada em 20/5/2014.

Acesse esta publicação na Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados

A partir da LDB 9394/96 foi criado também o Plano Nacional de


Educação que atribuía um prazo de 10 anos para mudanças estruturais no
Sistema Educacional Brasileiro.
Em 9 de janeiro de 2001, no governo do então presidente Fernando
Henrique Cardoso, foi sancionada a Lei nº 10172, responsável pela aprovação
do Plano Nacional de Educação (PNE). Tal documento, criado a cada dez
anos, traça diretrizes e metas para a educação em nosso país, com o intuito
de que estas sejam cumpridas até o fim desse prazo.
O primeiro PNE foi elaborado em 1996, para vigorar entre os anos de
2001 a 2010. Além de possuir diversas metas, dificultando o foco em questões
primordiais, estas não eram mensuráveis e não apresentavam, por exemplo,
punições para aqueles que não cumprissem o que foi determinado. Além
disso, algumas questões importantes foram vetadas pela presidência, como o

10
aumento do Produto Interno Bruto (PIB) direcionado para a educação, em 3%.
No que se refere ao novo PNE, que abrange os anos de 2011 a 2020, teve
seu projeto de lei enviado pelo governo federal ao Congresso em 15 de
dezembro de 2010.
Este documento é mais sucinto, e apresenta sobre o
primeiro PNE a vantagem de ser quantificável por estatísticas,
podendo facilitar a sua execução e também fiscalização. Tal
fato também permite de acordo com o apresentado pelo site
canal do educador, no tópico de Políticas públicas (2014) , com
que ele seja discutido nas escolas, aum entando as chances de
seus objetivos serem, de fato, compreendidos e também alcançados. O PNE é
a Lei 13.005/2014.
Apresenta de forma sintética 20 metas e ainda vários subtópicos.
Destacamos 4 dessas metas
• Alfabetizar todas as crianças até, no máximo, os oito anos de
idade.
• Universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de
4 e 5 anos, e ampliar, até 2020, a oferta de educação infantil de
forma a atender 50% da população de até 3 anos.
• Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou
mais para 93,5% até 2015 e erradicar, até 2020, o analfabetismo
absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional.
• Ampliar o investimento público em educação de forma a atingir,
no mínimo, o patamar de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do
País no quinto ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o
equivalente a 10% do PIB no final do decênio.

11
Para saber mais :
1- Documento digital sobre PNE 2011-2020

Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados Centro e Documentação e


Informação Coordenação de Biblioteca http://bd.camara.gov.br

NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA


Depois de quatro anos de tramitação, PNE é sancionado
Em 25 de junho de 2014
A presidente Dilma Rousseff finalmente sancionou o Plano Nacional
de Educação, sem vetar nenhum termo do texto. O decreto foi
publicado no dia 26 de junho. O fato ocorre após a votação no
Congresso de dois destaques polêmicos: a destinação do
investimento equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB)
essencialmente à Educação pública e autilização de recursos da
União para complementar o Custo Aluno-Qualidade (CAQ) e o Custo
Aluno-Qualidade Inicial (CAQi).
Na última etapa de votação na Câmara dos Deputados, os parlamentares rejeitaram o
destaque que defendia que esses recursos fossem aplicados apenas na Educação pública.
Com isso, programas como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), Programa
Universidade para Todos (ProUni) e Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e
Emprego (Pronatec), todos do Ministério da Educação, entrarão nesse cálculo. O Plano
prevê ampliar o investimento público até alcançar, no mínimo, 10% do PIB em dez anos.

Fonte:novaescola.org.br | Por Leonardo Sá, em 1 de junho de 2014 Acesso em 6 de novembro de 2020

12
A notícia se refere à sanção do PNE pela
presidente Dilma Rousseff. Não houve vetos. O PNE -
que tramitava no congresso há quase quatro anos traça
objetivos e metas para melhoria do ensino no País em
todos os níveis (infantil, básico e superior) para serem
cumpridos nos próximos dez anos. O plano prevê ainda
a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para
a área.
Segundo os estudiosos a maior dificuldade a ser
enfrentada será fazer cumprir essa destinação de 10%
do PIB para a Educação até o final da década atual, já
que a parte de investimentos na Educação tramita com
muita morosidade.

O que é o PIB de um país?


PIB é a sigla para Produto Interno Bruto,
e representa a soma, em valores
monetários, de todos os bens e serviços
finais produzidos numa determinada
região,( país, estado, cidade, continente)
durante um período determinado.

1.3. 1Algumas importantes alterações ou complementos a LDB 9394/96

Com relação à LDB 9394/96 de 20 de dezembro de 1996 várias


alterações ou complementos foram sendo incrementados. Há algumas
alterações à LDB que merecem destaque .
A Lei 10639/2003 altera a Lei no 9.394/96, para incluir no currículo
oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura
Afro Brasileira ". Prevê a inclusão do estudo da História da África e dos
13
africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na
formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro
nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
Aponta a possibilidade desse estudo referente à História e Cultura Afro-
Brasileira ser ministrado no âmbito de todo o currículo escolar, em especial
nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.Da
mesma forma institui a inclusão do Dia da Consciência Negra em
homenagem ao dia da morte do líder quilombola negro Zumbi dos Palmares,
no calendário escolar, a ser comemorado no dia 20 de novembro.
A Lei 11.274/2006, no governo do Presidente Luís Inácio Lula da Silva ,
em 6 de fevereiro de 2006, altera em quatro artigos a LDB
9394/96 e dispõe sobre a duração do ensino fundamental,
tornando-o obrigatório a partir de seis anos e estendendo a
duração do ensino fundamental para nove anos.
É de real significado a Lei nº 12.796/2013, de 4 de
abril de 2013. Através dela alteram-se alguns artigos da
9394/96. Dentre esses há a determinação de que a
educação básica é obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos
de idade. Com isso, os pais precisarão matricular mais
cedo seus filhos na escola. Antes, a idade mínima de
ingresso era de 6 anos. Apresenta a organização do
sistema de educação básica em : a- pré-escola ; b- ensino
fundamental; c- ensino médio. Antes, apenas o fundamental e o médio
eram etapas obrigatórias.. Segundo a lei 12.796/2013 a Educação infantil
gratuita e obrigatória será disponibilizada para crianças entre 4 e 5 anos.
Ressalta ainda no Art. 5º que sendo a educação básica obrigatória é
direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos
associação comunitária , organização sindical, entidade de classe ou outra
legalmente constituída e, ainda o Ministério Público, acionar o poder público
para exigi-lo.
14
No ano 2018 , durante o governo de Michel Temer, tivemos algumas
alterações:
LEI No 13.632, DE 6 DE MARÇO DE 2018. - Adicionou o inciso XIII ao art. 3o
que trata sobre os princípios do ensino: “Art. 3o, XIII -
garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo
da vida.”

Deu nova redação ao art. 37 da seção que trata sobre a


Educação de Jovens e Adultos onde diz que a educação de
jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram
acesso ou continuidade de estudos nos ensinos
fundamental e médio na idade própria e constituirá
instrumento para a educação e a aprendizagem ao longo
da vida. Deu nova redação também ao § 3o do art. 58 do
capítulo V que trata sobre a Educação Especial onde fala
que a oferta de educação especial tem início na educação
infantil e estende-se ao longo da vida, observados o inciso III do art. 4o e o
parágrafo único do art. 60 desta Lei.
LEI No 13.663, DE 14 DE MAIO DE 2018. - Adicionou os incisos IX e X ao
art. 12 que trata sobre as incumbências dos estabelecimentos de ensino:
“Art. 12. [...] IX - promover medidas de conscientização, de prevenção e de
combate a todos os tipos de violência, especialmente a intimidação
sistemática (bullying), no âmbito das escolas; X - estabelecer ações
destinadas a promover a cultura de paz nas escolas.”
LEI No 13.666, DE 16 DE MAIO DE 2018. - Adicionou o parágrafo 9ºA ao
artigo 26 que trata sobre os currículos das escolas de educação infantil,
ensino fundamental e ensino médio: “Art. 26. [...] § 9o-A. A educação alimentar
e nutricional será incluída entre os temas transversais de que trata o caput.”
No ano 2019 , governo do Presidente Jair Bolsonaro, tivemos 4 leis que
modificaram a LDB, conforme segue:
15
LEI Nº 13.796, DE 3 DE JANEIRO DE 2019 – Foi acrescido ao Art. 7º que
passa a ser assegurado ao aluno do ensino público ou privado o o exercício
da liberdade de consciência e de crença, o direito de faltar a
prova ou atividades caso, segundo os preceitos de sua
religião, seja vedado o exercício de tais atividades,
devendo-se-lhe atribuir, a critério da instituição e sem
custos. A lei trouxe os exemplos de atividades: prova, aula
de reposição, trabalho escrito, pesquisa com tema, objetivo
e data de entrega definidos pela instituição de ensino.
A realização das atividades de prestação alternativa
substituirá e regularizará também o registro de frequência.
Atenção para essa importante informação: não se aplica ao
ensino militar porque tem regulação própria.
LDB Art. 83. O ensino militar é regulado em lei
específica, admitida a equivalência de estudos, de acordo
com as normas fixadas pelos sistemas de ensino.
LEI Nº 13.803, DE 10 DE JANEIRO DE 2019 - Alterou para obrigar a
notificação de faltas escolares ao Conselho Tutelar quando superiores a 30%
(trinta por cento) do percentual permitido em lei. Interessante! Antes esse
percentual era de 50% (cinquenta por cento) do percentual permitido em lei.
Com esta alteração, pass a vigorar o percentual de 30% (trinta por cento)!
LEI Nº 13.826, DE 13 DE MAIO DE 2019 – Alterou para dispor sobre a divulgação
de resultado de processo seletivo de acesso a cursos superiores de graduação.
LEI Nº 13.868, DE 3 DE SETEMBRO DE 2019 - No mês de setembro de
2019, os Artigos 16 e 19 da LDB receberam acréscimos, já o Art. 20 foi
revogado. Alterou as Leis nos 4.024, de 20 de dezembro de 1961, e 9.394, de
20 de dezembro de 1996, para incluir disposições relativas às universidades
comunitárias Ocorreram também alterações na LDB em 2020, para esse ano
consta a medida provisória (que está em vigor) que ajusta o calendário escolar
em virtude da pandemia do Covid-19.
16
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 934, DE 1º DE ABRIL DE 2020 - Segue o texto da
medida, na íntegra:
1. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 934, DE 1º DE ABRIL DE 2020
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 934, DE 1º DE ABRIL DE 2020
Estabelece normas excepcionais sobre o ano letivo da educação básica e do ensino
superior decorrentes das medidas para enfrentamento da situação de emergência de saúde
pública de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 62 da
Constituição, adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei:
Art. 1º O estabelecimento de ensino de educação básica fica dispensado, em caráter
excepcional, da obrigatoriedade de observância ao mínimo de dias de efetivo trabalho escolar,
nos termos do disposto no inciso I do caput e no § 1º do art. 24 e no inciso II do caput do art.
31 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, desde que cumprida a carga horária mínima
anual estabelecida nos referidos dispositivos, observadas as normas a serem editadas pelos
respectivos sistemas de ensino.
A mudança é decorrente da situação atual do país, onde as atividades
presenciais estão suspensas. Para isso, o governo adaptou o calendário em caráter
excepcional, dispensando a obrigatoriedade da quantidade de dias letivos.
Atenção: a quantidade da carga horária mínima anual estabelecida, deve ser
garantida.
Parágrafo único. A dispensa de que trata o caput se aplicará para o ano letivo afetado
pelas medidas para enfrentamento da situação de emergência de saúde pública de que trata
a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020.
Art. 2º As instituições de educação superior ficam dispensadas, em caráter
excepcional, da obrigatoriedade de observância ao mínimo de dias de efetivo trabalho
acadêmico, nos termos do disposto no caput e no § 3odo art. 47 da Lei nº 9.394, de 1996,
para o ano letivo afetado pelas medidas para enfrentamento da situação de emergência de
saúde pública de que trata a Lei nº 13.979, de 2020, observadas as normas a serem editadas
pelos respectivos sistemas de ensino.
Os cursos de educação superior (Medicina, Farmácia, Enfermagem e
Fisioterapia) também ficam dispensados da obrigatoriedade quanto ao mínimo de dias
de efetivo trabalho acadêmico, como mostra as especificações abaixo:
Parágrafo único. Na hipótese de que trata o caput, a instituição de educação superior
poderá abreviar a duração dos cursos de Medicina, Farmácia, Enfermagem e Fisioterapia,
desde que o aluno, observadas as regras a serem editadas pelo respectivo sistema de ensino,
cumpra, no mínimo:
I – setenta e cinco por cento da carga horária do internato do curso de medicina; ou
II – setenta e cinco por cento da carga horária do estágio curricular obrigatório dos
cursos de enfermagem, farmácia e fisioterapia.
Art. 3º Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 1º de abril de 2020; 199º da Independência e 132º da República.

17
1.4. O cuidado especial com a criança e o adolescente- o ECA e os Conselhos
Tutelares

A garantia de proteção e de direitos das crianças e adolescentes no


Brasil é amparada por vários instrumentos legais.
O primeiro deles é a própria Constituição de 1988, que determina que a
"prioridade absoluta" na proteção da infância e na garantia de seus direitos,
não só por parte do Estado, mas também da família e da sociedade.
Para sejam cumpridos os preceitos que foram determinados na
Constituição eles precisam ser transformados em leis. No caso da infância, a
lei mais importante é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), lei nº
8.069/1990.
Em vigor desde 1990, o ECA é considerado um marco na proteção da
infância e tem como base a doutrina de proteção integral, reforçando a ideia
de "prioridade absoluta" da Constituição.
No ECA estão determinadas questões, como os direitos fundamentais
das crianças e dos adolescentes; as sanções, quando a criança ou
adolescente comete alguma infração; quais órgãos devem prestar assistência;
bem como apresenta a tipificação de crimes contra criança.
Há uma legislação em estudo na Câmara que prescreve que uma cópia
do ECA deve ser colocada à disposição dos pais e da comunidade escolar em

local visível e acessível. A regra valerá para toda instituição de ensino pública
ou privada.
No âmbito dos municípios há também a ação dos Conselhos Tutelares.
O Conselho tutelar foi criado junto com o ECA e é um dos órgãos que
compõem o Sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente. É
de responsabilidade das prefeituras a criação e manutenção de pelo menos
um Conselho Tutelar em cada município brasileiro. O conselho é constituído
por cinco conselheiros escolhidos pela comunidade e têm como função tomar
providências em casos de ameaças ou violação dos direitos da criança e do
18
adolescente. O conselho tem uma série de deveres mas primordialmente
deve atuar de forma a impedir a transgressão de um direito ou caso a
transgressão já tenha acontecido, atuar para que esse direito seja restaurado.

O capítulo que concluímos procurou nos atualizar quanto à Legislação


que dá suporte à Educação.
Para fazer funcionar de forma adequada o que é previsto em Lei , faz-
se necessário determinar o papel e responsabilidade de cada instância de
Governo. Assim nosso próximo capítulo tratará das atribuições da União,
Estados e Municípios em relação à Educação.

19
2- ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL

Para bem desenvolver e administrar a Educação no país é necessário


determinar as incumbências de cada esfera de governo e sistemas de ensino.
Dessa forma a LDB 9394/96 no Art 8 º determina o regime de colaboração
entre a União, Estados e Municípios na organização de seus Sistemas de
Ensino. (ANEXO 2)

Ao final dessa unidade você deverá ser capaz de :


• Citar algumas atribuições relativas ao governo federal,estadual e
municipal no tocante à Educação
• Conceituar sistema de ensino
• Apontar as responsabilidades a nível de cada unidade escolar
como sistema
• Identificar as classificações administrativas das instituições de ensino

No parágrafo 1º chama à responsabilidade da União (entendida aqui


como governo central ou federal) três funções :

Função Normativa- Expedir decretos, instruções e regulamentos enfim normas para


orientar e acompanhar a execução das Leis de ensino .
Função Redistributiva- Como a arrecadação da União é a mais geral ,ela deve cuidar
para bem redistribuir o que é recolhido de forma a garantir o direito a todos de acesso
à educação
Função Supletiva- Levar oportunidades aos que não tiveram em épocas corretas,
novamente visando a igualdade de oportunidades. As duas últimas funções são
exercidas pelo FNDE(Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
Acesse: http://www.fnde.gov.br/ e saiba mais .

20
Será interessante verificar no Anexo 2 as incumbências de cada esfera
de governo. Para facilitar a sua análise posterior informamos que as
incumbências da União estão no Art. 9º, as dos estados no Art. 10º e as do
município no Art. 11º.
Apresentamos a seguir um quadro com aspectos que consideramos
muito relevantes relacionados a essas incumbências.
Tarefas da União
Plano Nacional de Educação em colaboração com os demais
componentes do sistema .
Assistência técnica e financeira em especial à escolaridade obrigatória.
Estabelecer as diretrizes curriculares mínimas e a Base
Nacional Comum Curricular norteadora da Educação Infantil,
Fundamental e Médio.
Garantir o processo nacional de avaliação.
Autorizar , reconhecer, credenciar,supervisionar e avaliar os cursos
superiores e os estabelecimentos do seu sistemas de ensino.

Tarefas dos Estados


Organizar e manter os órgãos e instituições oficiais do seu sistema.
Combinar com os municípios a forma de divisão das suas incumbências.
Autorizar e fiscalizar a ação de instituições superiores e demais
estabelecimentos de ensino.
Assegurar a Educação Fundamental, mas garantir principalmente o
Ensino Médio.

Tarefas dos Municípios


Integrar-se aos planos de esfera federal e estadual de ensino.
Ter função redistributiva em relação às escolas do sistema.
Oferecer Educação Infantil em creches e pré-escolas mas atender
prioritariamente ao Ensino Fundamental.

A palavra sistema apareceu diversas vezes no quadro síntese que


apresentamos.

Como você define Sistema?

21
O que é um sistema?
Considere como um conjunto integrado - que funciona com algum
objetivo específico. Pense nos sistemas de som ou nos sistemas do nosso
corpo como o sistema nervoso ou o digestivo.
Agora passemos à análise de funcionamento do ensino nos sistema.
De acordo com a LDB (Anexo 2 ) os Sistemas de Ensino apresentam de
forma resumida as seguintes responsabilidades:

• Precisa elaborar e executar o Projeto pedagógico.


• Deve administrar seu pessoal, recursos materiais e financeiros.
• Deve fazer cumprir os dias letivos e horas aula
• Precisa prever recuperação.
• Deve articular-se com a família e a comunidade.
• Deve informar os pais sobre frequência e rendimento escolar dos
alunos.
• Deve prever a gestão democrática buscando a participação dos
profissionais de Educação no Projeto Pedagógico e também a
participação da comunidade escolar e local.
• Precisa caminhar em busca de progressiva autonomia pedagógica
administrativa e de gestão financeira.

22
Como complemento o Art. 19 informa que as instituições de ensino dos
diferentes níveis classificam -se nas seguintes categorias administrativas:

• as públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas, mantidas e


administradas pelo Poder Público
• e as privadas, assim entendidas as mantidas e administradas por
pessoas físicas ou jurídicas de direito privado.

Outro esclarecimento importante trazido no Art.20 é o que classifica as


instituições privadas de ensino: em particulares em sentido estrito, em
comunitárias, em confessionais e em filantrópicas. Você conseguiria descobrir
exemplos de escolas para cada tipo?

Apesar da classificação das instituições em tipos


administrativos, como as trazidas nos Art. 19 e 20 , se buscarmos exemplos
verificaremos que há nuances diferentes na classificação de cada uma delas .

Chegamos ao final da apresentação das competências das diferentes


esferas na condução da organização e funcionamento dos sistemas de
ensino.
O próximo assunto a ser trabalhado por nós vai procurar esclarecer,
como através do tempo, se desenhou a atualidade da Educação no Brasil.
Convidamos você aluno do CND a entrar conosco nesse túnel do tempo.

23
3- BNCC (Base Nacional Comum Curricular)1
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de
caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de
aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo
das etapas e modalidades da Educação Básica.

Conforme definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


(LDB, Lei nº 9.394/1996), a Base deve nortear os currículos dos sistemas e redes
de ensino das Unidades Federativas, como também as propostas pedagógicas
de todas as escolas públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio, em todo o Brasil.

A Base estabelece conhecimentos, competências e habilidades que se


espera que todos os estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade básica.
Orientada pelos princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais da Educação Básica, a Base soma-se aos propósitos que
direcionam a educação brasileira para a formação humana integral e para a
construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. E deverá nortear a
formulação do s currículos dos sistemas e das redes escolares de todo o Brasil,
indicando as competências e habilidades que se espera que todos os estudantes
desenvolvam ao longo da escolaridade.

O documento está estruturado em:


• Textos introdutórios (geral, por etapa e por área);
• Competências gerais que os alunos devem desenvolver ao longo de todas
as etapas da Educação Básica;
• Competências específicas de cada área do conhecimento e dos
componentes curriculares;
• Direitos de Aprendizagem ou Habilidades relativas a diversos objetos de
conhecimento (conteúdos, conceitos e processos) que os alunos devem
desenvolver em cada etapa da Educação Básica.

1 Retirado de http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ Acesso em 07 de novembro de 2020


24
25
4- O PASSADO AINDA SE REFLETE NO PRESENTE
4.1 – Uma passado bem passado

Nos capítulos anteriores apresentamos aspectos atuais sobre a


Legislação e o funcionamento da Educação no nosso país.
Ocorre que várias medidas que hoje se fazem necessárias para
corrigir as distorções persistentes na Educação visam sanar dificuldades,
que se arrastam através do tempo na História do Brasil e da Educação.
Dessa forma, futuro professor , não há como entender as
necessidades atuais da nossa educação sem fazer uma retrospectiva que
auxiliam a entender alguns dos problemas que ainda enfrentamos .

Ao final dessa unidade você deverá ser capaz de :


• Avaliar em que medida as situações que vivenciamos hoje em
educação são reflexo do passado e reconhecer-se também como agente
responsável por transformações.
• Identificar alguns termos como Ratio Studiorm, Subsídio literário, Aulas
Régias como marcas na educação no Brasil
• Reconhecer a importância da LDB 4024/61 e 5692/71

Não é fácil apresentar um panorama histórico da educação que já tem


séculos de existência. Há hoje, como sempre houve ao longo do tempo ,
conflitos de interesses que deixaram marcas na Educação do país. Dessa
forma ao priorizarmos uma linha de tempo da educação estaremos fazendo
escolhas onde procuraremos ressaltar as rupturas e continuidades no
processo educacional. Também serão abordadas questões relativas à
formação de professores e medidas governamentais que, às vezes,
chamavam ao governo central as responsabilidades sobre a educação e, às
vezes, delegavam às províncias a responsabilidade pela condução do
processo.

26
Para começar os jesuítas se mantiveram, por 210 anos(1549 a 1759),
como os responsáveis pela educação no país. Eles tinham objetivos de
propagar a fé e educar,de acordo com a visão deles,"os gentios". Para isso
usavam um método abrangente de trabalho pedagógico e administrativo que

eles chamavam de "Ratio Studiorum".

Ratio Studiorum foi o plano educacional que a Companhia de Jesus pôs à frente
dos seus colégios nas mais variadas partes do globo (da Europa à Ásia, do
Japão ao Brasil). Embora vulgarmente se traduza por código, ou método, a Ratio
Studiorum é mais do que o plano de estudos, ou curriculum escolar, ou o
regulamento dos colégios dos jesuítas. Ela é na verdade o regime escolar (e,
nessa medida, também o plano de estudos, o código e o regulamento) que
presidiu ao ensino nos colégios dos Jesuítas, desde que foi composto (no final
do séc. XVI) até à extinção da Companhia de Jesus, em 1773 .
Fonte : http://dererummundi.blogspot.com.br/Acesso em 3 de julho de 2014

Há uma quebra expressiva nessa condução da Educação quando em


28 de junho de 1759, mudanças na política e administração da metrópole
portuguesa , levaram o Ministro Marquês de Pombal a suprimir as escolas
jesuíticas em Portugal e em todas as colônias. No lugar ensino religioso
jesuítico Pombal criou as Aulas Régias. Cada aula régia era autônoma e
isolada, com professor único e sem articulação com as demais. De acordo
com o glossário de História da educação da UNICAMP as aulas régias
compreendiam o estudo das humanidades, sendo pertencentes ao Estado e
não mais restritas à Igreja - foi a primeira forma do sistema de ensino público
no Brasil. Apesar da novidade o primeiro concurso para professor somente foi
realizado em 1760 e as primeiras aulas efetivamente implantadas em 1774.

27
Em 1772 foi criado o Subsídio Literário, um imposto que incidia sobre a
produção do vinho e da carne, destinado à manutenção dessas aulas
isoladas,porém,os professores recebiam seus salários bem atrasados.
Na prática o sistema das Aulas Régias pouco alterou a realidade
educacional no Brasil, tampouco se constituiu numa oferta de educação
popular, ficando restrita às elites locais.
Com a vinda da Corte para o Brasil (1808) ocorreu a criação de escolas
técnicas e militares, sem preocupação com o ensino primário e médio.
Durante o Império, com a legislação do Ato Adicional de 1834, a
responsabilidade dos sistemas de ensino foram destinadas às províncias. No
tocante à formação de professores a primeira Escola Normal brasileira foi
criada em Niterói, Rio de Janeiro, no ano de 1835. O ano de 1837 marca um
passo importante em termos de ensino pois foi criado o Colégio Pedro II
considerado como modelo de ensino secundário, um colégio padrão.
Na cidade do Rio de Janeiro, foi criado em 1880, o Instituto de
Educação. Onde não havia escola normal, os professores eram formados em
serviço. O império fica marcado pela dicotomia- bom ensino para elite
(propedêutico) e profissional para os pobres. Ensino propedêutico é aquele
organizado com o único objetivo de levar o aluno a um nível mais adiantado. É
sempre um ensino preparatório.
Com a República gradativamente vão acontecendo mudanças
significativas. Nos primeiros anos houve melhora no curso técnico . O ensino
secundário continua tendo o Colégio Pedro II como modelo. No entanto, o
ensino primário, profissional e normal ligados ficam sob responsabilidade dos
estados.
Por bom tempo inexistiu a educação básica comum. À medida que a
república vai se sedimentando apareceram os decretos e leis para
estabelecer critérios e diretrizes para o primário, secundário e universitário
mas o ensino agrícola e industrial continuou destinado aos órfãos e

28
desvalidos. A qualificação para os exames propedêuticos, sem seriação,
eram alternativa para o ensino regular até 1925.
Grandes mudanças ocorreram a partir de 1930 no perfil do
país(ROMANELLI,1999), que passou de agrário a urbano industrial, e
consequentemente trouxeram mudanças para o ensino com movimentos de
educadores se tornando mais expressivos.
Pode-se considerar que do ano 1930 em diante o governo central
passa a ser mais intervencionista, com por exemplo a criação do Ministério da
Educação logo após a chegada de Getúlio Vargas ao poder. Com o nome de
Ministério da Educação e Saúde Pública, a instituição desenvolvia atividades
pertinentes a vários ministérios, como saúde, esporte, educação e meio
ambiente. Até então, os assuntos ligados à educação eram tratados pelo
Departamento Nacional do Ensino, ligado ao Ministério da Justiça.
Daí em diante as mudanças na educação se aceleraram , com o
constante embate entre quantidade e qualidade, ideias estatizantes e ideias
liberalizantes mas podemos afirmar que as LDBs 4024/61 e 5692/71, foram
fontes muito importantes nessa trajetória .
A LDB 4024 /1961, foi a primeira Lei oficial a fixar
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Nela foram
tomadas algumas providências de destaque como a
criação do Conselho Federal de Educação e o indicativo de criação
dos Conselhos Estaduais. Também devemos citar outra grande
contribuição da Lei 4024/61 que foi a estruturação da educação primária. Até
a Lei 4024/61, a política educacional não havia traçado planos e diretrizes
para esse nível de ensino. Podemos ainda considerar como tópico de
destaque a possibilidade de acesso ao nível superior para egressos do ensino
técnico, antes não havia a equivalência. Até hoje é ainda muito forte na fala
das pessoas, até as que trabalham com a educação a referência a
denominação dos sistemas de ensino como pré-primário, primário, e do ensino
médio como ginasial e colegial que são nomenclaturas citadas pela Lei.
29
A segunda LDB- Lei 5692/1971 traz em seu texto várias mudanças
significativas. Verificamos que a forma denominação da estrutura do ensino é
alterada para 1º e 2º graus em lugar da antiga denominação como primário,
ginásio etc. O ano letivo foi fixado em 180 dias e o ensino de 1º grau fixado
como obrigatório dos 7 aos 14 anos.
É também instituído um núcleo comum para o currículo de 1º e 2º graus
e uma parte diversificada em função das peculiaridades locais . O currículo
trouxe como pressuposto proporcionar ao aluno a formação necessária ao
desenvolvimento de sua potencialidade como elemento de autorrealização,
qualificação para o trabalho e preparo para o exercício consciente da
cidadania. A terminalidade de cursos atrelada à formação profissional e o uso
do dinheiro público não exclusivo às instituições de ensino públicas se
tornaram pontos polêmicos na 5692/71.
A formação de professores para o ensino de 1º grau, da 1ª a 4ª séries,
é recomendada preferencialmente em habilitação específica no 2º grau(Curso
Normal) , enquanto que da 5ª série do ensino de 1º grau ao 2º grau a
formação preferencial do professor se propôs que fosse feita em curso de
nível superior ao nível de graduação.
Além de promover alterações na
estrutura organizacional da educação Para ter a íntegra
nacional, a 5692/71 é bastante clara dos textos das LDBs você

quanto à determinação e ordenação dos pode recorrer aos sites


ligados ao MEC e às
períodos, séries e etapas a serem
Instituições Jurídicas.
vencidas pelos alunos para completar seus Alguns desses estão nas
estudos, em todos os graus de ensino. referências bibliográficas .

30
Pense bem e identifique
1- Duas características marcantes na LDB 4024/61
2-Dois aspectos ligados à formação de professores de acordo com a
LDB 5692/71
Neste capítulo procuramos abordar aspectos da História da educação e
mostrar a ligação entre as modificações político e sociais ao longo do
tempo,culminando com as LDBs. Esses foram os marcos mais decisivos que
nos levaram às conquistas trazidas pela Constituição Cidadã de 1988 e a LDB
9394/96. Vivemos passados mais 25 anos da constituição de 1988 e quase 20
anos da LDB 9394/96 , a caminhada pelo alargamento das oportunidades que
buscam a Educação de Qualidade para todos de forma efetiva.
Terminamos nosso capítulo mas esta luta também é de sua
responsabilidade como futuro professor, aluno do CND do IECS.

4.2 – Uma passado bem presente

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, mais conhecidos


como PCNs, eram documentos que compunham a grade
curricular de uma instituição de ensino, foram criados a partir da
Reforma Educacional que ocorreu nos anos 1990, tendo tido
suap primeira versão publicada em 1995 e a proposta mais nova
implantada em 2002.
Esse material foi elaborado a fim de servir como ponto de partida para o
trabalho docente, norteando as atividades realizadas na sala de aula.
Isso não impedia que cada instituição monta-se seu Projeto Político
Pedagógico (PPP), sua proposta pedagógica, adaptando esses conteúdos à
realidade social da localidade/cidade/estado onde a escola estivesse inserida.
O documento era uma orientação para o cotidiano escolar, os principais
conteúdos que deviam ser trabalhados, com o objetivo de dar subsídios aos
31
professores e educarores, para que suas práticas pedagógicas pudessem ser de
grande competência e qualidade.
Em sua abordagem, os PCNs definiam que os currículos e conteúdos não
podiam ser trabalhados apenas como transmissão de conhecimentos e informações,
mas que as práticas docentes deviam proporcionar aos alunos uma experiência
verdadeira de aprendizagem.
A reflexão da prática docente deveria ser feita em reuniões com toda
comunidade escolar, direção, coordenação, orientação, professores, dentre outros
profissionais, ligados à rotina da escola e de sala de aula.
Cabia a cada escola se organizar dessa forma, pois entendia-se que a escola
que não promovesse momentos de reflexão da prática docente provocaria uma
relação conturbada entre docentes, alunos e os conteúdos a serem dados.
Instituições que não disponibilizam o PPP para seu corpo docente tornam
difícil a reflexão do professor sobre o seu próprio trabalho, pois o mesmo precisa
conhecer que tipo de educação aquela escola pretenderia oferecer, que princípios
deveriam trabalhar e quais os objetivos deveriam ser alcançados.
Os PCN eram divididos a fim de facilitar o trabalho da escola, principalmente
na elaboração do seu Projeto Político Pedagógico. Eram seis volumes que
apresentavam as áreas do conhecimento, como: língua portuguesa, matemática,
ciências naturais, história, geografia, arte e educação física.
E outros três volumes trazendo elementos que compunham os temas
transversais. O primeiro deles explicava e justificava o porquê de se trabalhar com
temas transversais, além de trazer uma abordagem sobre ética. No segundo volume
os assuntos abordados tratavam a pluralidade cultural e orientação sexual; e o
terceiro volume abordava questões sobre meio ambiente e saúde.
Os PCNs eram divididos para o Ensino Fundamental 1, do 1º ao 5º ano, e o
documento para o Ensino Fundamental 2, do 6º ao 9º ano.

32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10619725/lei-n-8069-de-13-de-julho-de- 1990
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------------- Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional 4024/1961
Disponível em www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis

------------- Lei 11274 de 6 de fevereiro de 2006 Disponível em


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11274.htm .
Acesso em nov 2020

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em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5692.htm . Acesso em nov de 2020
-------------Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 9394/96. Disponível
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-------------Lei 10172/2001. Plano Nacional de Educação Disponível em
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis . Acesso em nov 2020
------------- .Lei N 13.005, DE 25 DE JUNHO DE 2014. Aprova o Plano
Nacional de Educação -PNE e dá outras providências. Disponível em
http://www.jusbrasil.com.br/diarios/72231507/dou-edicao-extra- secao-1-26-06-2014-pg-1
Acesso em nov 2020
________ Parâmetros Curriculares Nacionais. Disponível em
http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=12640:parametros-curriculares-
nacionais-1o-a-4o-series . Acesso em nov 2020
________ Base Nacional Comum Curricular. Disponível em
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ Acesso em nov 2020
IBEE. Instituto Brasileiro de Estudos em Educação . Mobilização pela Escola
de Qualidade – 1º Encontro de Inspetores Escolares do Estado do Rio de
Janeiro . 2009. 1 disco compacto.
LIMA, Lauro de Oliveira. Estórias da educação no Brasil:de Pombal a
Passarinho. Rio de Janeiro : Editora Brasília,1974.
33
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www.promenino.org.br/DireitosDaInfancia/eca-e-legislacao . Acesso em nov 2020
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira.História da educação no Brasil (1930/1973).
Petrópolis,RJ: Vozes,1999.
SÁ, Leonardo. Após quatro anos de tramitação , PNE é sancionado. São Paulo:
Nova Escola:digital. Disponível em novaescola.org.br . 1 de junho de 2014. Acesso
em nov 2020
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO . Inspeção Escolar: Um novo olhar –
Jornadas técnicas – Subsecretaria de Gestão da Rede e de Ensino SEEDUC/RJ
2009
VIEGAS, Claudia Mara ; Rabelo ,Cesar Leandro. Principais considerações sobre
o Estatuto da Criança e do Adolescente.Revista Âmbito Jurídico. Revista
jurídica eletrônica mensal. Disponível em
http://ambitojuridico.com.br/site/?artigo_id=10593&n_link=revista_artigos..

UFPI. Universidade Federal do Piauí. Organização Do Sistema Educacional


brasileiro: Um Olhar dos Alunos dos Cursos de Licenciatura da UFPI.
Disponível em
www.ufpi.br/mesteduc/eventos/ivencontro/GT5/organizacao_sistema.pdf
Acesso em nov 2020

34
ANEXO I - CAPÍTULO III DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

CAPÍTULO III

DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO

Seção I

DA EDUCAÇÃO

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte


e o saber;

III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de


instituições públicas e privadas de ensino;

IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da


lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de
provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 53, de 2006)

VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

VII - garantia de padrão de qualidade.

VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação


escolar pública, nos termos de lei federal. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 53, de 2006)

Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores


considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo

35
para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica,


administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio
de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.

§ 1º É facultado às universidades admitir professores, técnicos e cientistas


estrangeiros, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 11, de
1996)

§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de pesquisa científica e


tecnológica.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 11, de 1996)

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a


garantia de:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete)


anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a
ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela


Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,


preferencialmente na rede regular de ensino;

IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos


de idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação


artística, segundo a capacidade de cada um;

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por


meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 59, de 2009)

§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

36
§ 2º - O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua
oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.

§ 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino


fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis,
pela frequência à escola.

Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes


condições:

I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;

II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.

Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de


maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais
e artísticos, nacionais e regionais.

§ 1º - O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos


horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.

§ 2º - O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa,


assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas
maternas e processos próprios de aprendizagem.

Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão


em regime de colaboração seus sistemas de ensino.

§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios,


financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria
educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização
de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino
mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na


educação infantil. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino


fundamental e médio. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)

§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o


Distrito Federal e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a

37
assegurar a universalização do ensino obrigatório. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular.


(Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os


Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo,
da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.

§ 1º - A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos


Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos
respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo previsto
neste artigo, receita do governo que a transferir.

§ 2º - Para efeito do cumprimento do disposto no "caput" deste artigo, serão


considerados os sistemas de ensino federal, estadual e municipal e os
recursos aplicados na forma do art. 213.

§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao


atendimento das necessidades do ensino obrigatório, no que se refere a
universalização, garantia de padrão de qualidade e equidade, nos termos do
plano nacional de educação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
59, de 2009)

§ 4º - Os programas suplementares de alimentação e assistência à saúde


previstos no art. 208, VII, serão financiados com recursos provenientes de
contribuições sociais e outros recursos orçamentários.

§ 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a


contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas na forma
da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) (Vide
Decreto nº 6.003, de 2006)

§ 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contribuição social do


salário-educação serão distribuídas proporcionalmente ao número de alunos
matriculados na educação básica nas respectivas redes públicas de ensino.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo


ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas
em lei, que:

38
I - comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros
em educação;

II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária,


filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de
suas atividades.

§ 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de


estudo para o ensino fundamental e médio, na forma da lei, para os que
demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e
cursos regulares da rede pública na localidade da residência do educando,
ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na expansão de
sua rede na localidade.

§ 2º - As atividades universitárias de pesquisa e extensão poderão receber


apoio financeiro do Poder Público.

Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração


decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em
regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de
implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino
em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas
dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a:
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009)

I - erradicação do analfabetismo;

II - universalização do atendimento escolar;

III - melhoria da qualidade do ensino;

IV - formação para o trabalho;

V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.

VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação


como proporção do produto interno bruto. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 59, de 2009)

Seção II

DA CULTURA

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Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e
acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a
difusão das manifestações culturais.

§ 1º - O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas


e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo
civilizatório nacional.

§ 2º - A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta


significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.

§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual,


visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do
poder público que conduzem à: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48,
de 2005)

I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; (Incluído pela Emenda


Constitucional nº 48, de 2005)

II produção, promoção e difusão de bens culturais; (Incluído pela Emenda


Constitucional nº 48, de 2005)

III formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas


dimensões; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)

IV democratização do acesso aos bens de cultura; (Incluído pela Emenda


Constitucional nº 48, de 2005)

V valorização da diversidade étnica e regional. (Incluído pela Emenda


Constitucional nº 48, de 2005)

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza


material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores
da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

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IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados
às manifestações artístico-culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,


arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e


protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros,
vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de
acautelamento e preservação.

§ 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da


documentação governamental e as providências para franquear sua consulta
a quantos dela necessitem.

§ 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens


e valores culturais.

§ 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da


lei.

§ 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de


reminiscências históricas dos antigos quilombos.

§ 6 º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual


de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária
líquida, para o financiamento de programas e projetos culturais, vedada a
aplicação desses recursos no pagamento de: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

I - despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda


Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

II - serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de


19.12.2003)

III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos


investimentos ou ações apoiados. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42,
de 19.12.2003)

Seção III

DO DESPORTO

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Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e
nãoformais, como direito de cada um, observados:

I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a


sua organização e funcionamento;

II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto


educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;

III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não-


profissional;

IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação


nacional.

§ 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às


competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça
desportiva, regulada em lei.

§ 2º - A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da


instauração do processo, para proferir decisão final.

§ 3º - O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social.

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