Henriques2010Capitulo35 PaleontEducSustentabilidade

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Paleontologia e Educação para a Sustentabilidade

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Maria Helena Henriques


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35
Paleontologia e Educação
para a Sustentabilidade

Maria Helena Paiva Henriques

O ano de 2008 foi proclamado pela Assembleia climáticas (Arias, 2005), uma vez que as alterações do
Geral das Nações Unidas como o Ano Internacional do clima do passado se encontram registradas nas rochas, e
Planeta Terra, de acordo com a Resolução no 60/192, de estão representadas através dos fósseis de plantas e de
22 de dezembro de 2007, e a ele foi associado o slogan animais que integram o registro fóssil da Terra (AIPT,
“Ciências da Terra para a Sociedade” (Mulder et alii, 2007c).
2006; Brilha, 2007; AIPT, 2008a). Enquadrada na Dé- Contudo, e sem surpresa, não é esta a percepção
cada das Nações Unidas da Educação para o Desenvol- dos cidadãos comuns nem dos decisores políticos – dos
vimento Sustentável 2005-2014 (UNESCO, 2008a), quais dependem opções determinantes para a socieda-
atualmente em curso, a iniciativa visa relevar o papel de, como as que decorrem do investimento público em
que os geocientistas podem desempenhar na mitigação ensino e investigação, entre outras – acerca da Paleon-
de muitos dos problemas ambientais que afetam as so- tologia e da relevância social do conhecimento paleon-
ciedades atuais, designadamente os que decorrem de tológico. As concepções acerca desta área do conheci-
inter-relações entre variações no clima e perdas de bio- mento circunscrevem-se, muitas vezes e apenas, aos
diversidade (AIPT, 2007b). seus limites etimológicos – uma ciência acerca dos se-
Neste contexto, a Paleontologia como discipli- res antigos (“palaios”+ “ontos”+“logos”) –, relativamen-
na fundamental das Geociências também é chamada a te à qual não se reconhecem, em geral, quaisquer inter-
dar o seu contributo na compreensão dos padrões de relações com vivências do quotidiano.
variação da diversidade biológica durante longos perío- Mas a mitigação dos problemas ambientais atuais
dos de tempo e na previsão do futuro da biosfera (AIPT, que estão na agenda política internacional, como o au-
2007b), da qual fazemos parte. Mas o conhecimento mento do efeito estufa e o desequilíbrio dos ecossiste-
decorrente da atividade científica dos paleontólogos é mas, requer mudanças de comportamento e de atitudes
igualmente fundamental no âmbito das discussões atuais de todos os cidadãos que dependem de evidências que a
acerca de alterações climáticas, nomeadamente no que educação em Paleontologia, conjunta e articuladamente
diz respeito à relevância dos estudos paleontológicos com outros saberes, pode sustentar e estimular.
na fundamentação das análises paleoclimáticas moder- Os paleontólogos, sobretudo os que integram co-
nas e validação de teorias correntes sobre alterações munidades científico-educativas, têm responsabilida-
578 Paleontologia

des acrescidas de demonstrar que a Paleontologia, tal 2004), da atividade técnica dos paleontólogos depende
como outras ciências, pode contribuir para a formação o desenvolvimento de setores estratégicos da socieda-
de cidadãos comprometidos com a sustentabilidade na de, como o energético ou o do geoturismo (Gray, 2004;
Terra, tornando-os mais aptos a participarem em deba- Brilha, 2005), e que condicionam a qualidade de vida
tes acerca de problemas ambientais relacionados com dos cidadãos de hoje e do futuro.
alterações do clima e da biodiversidade, bem como a Os paleontólogos desenvolvem a sua atividade
tomarem decisões quotidianas fundamentadas e respon- em diferentes setores das sociedades atuais, que se re-
sáveis que visem à mitigação de tais problemas. Mas partem pelos setores público e privado. No setor públi-
para tal, é necessário (re)orientar a educação científica co, integram tradicionalmente comunidades científi-
numa perspectiva de promoção de compreensão e cons- co-educativas em instituições universitárias (p. ex.: uni-
ciência pública de sustentabilidade (UNESCO, 2005), versidades e museus) que também formam professores
designadamente no Ensino Superior, com os currículos para níveis de ensino pré-universitário (básico e secun-
de diversos cursos – apontando os de Ciências Naturais dário) e, de forma crescente, em departamentos cultu-
que integram a disciplina de Paleontologia – a rais ou de ambiente de instituições políticas, quer do
espelharem explicitamente tais perspectivas (Pedrosa poder central (p. ex.: como técnicos de parques natu-
& Moreno, 2007). Nesse contexto, as abordagens rais), quer do poder local (p. ex.: como técnicos de mu-
educativas tradicionais da Paleontologia, fortemen- seus municipais), onde desenvolvem atividades de edu-
te vocacionadas para o universo dos conceitos, prin- cação não formal. No setor privado, a sua atividade re-
cípios e métodos inerentes a esta área do conheci- parte-se maioritariamente pela indústria dos
mento, bem como para as ferramentas analíticas que hidrocarbonetos e, de forma crescente, na indústria emer-
permitem a sua aplicação a objetivos de outras ciên- gente do turismo sustentável (Vilches et al., 2007),
cias, deverão assumir outras preocupações e incorpo- designadamente como quadros técnicos na gestão de
rar outras dimensões, designadamente as referentes geoparques (UNESCO, 2008b).
à construção e à validação de conhecimento paleon-
Compete aos paleontólogos, sobretudo aos que
tológico e à sua aplicação em educação para exercí-
têm responsabilidades de formação em instituições de
cios informados de cidadania, contribuindo para for-
Ensino Superior – cenário, quer de formação de diri-
mar cidadãos mais aptos a responsavelmente assumi-
gentes políticos e de quadros superiores de diversas
rem atitudes consentâneas com uma gestão sustentá-
instituições e organismos, públicos e privados, quer de
vel das suas vidas e dos recursos do planeta, numa
qualificação de agentes educativos para outros níveis
perspectiva de educação para desenvolvimento sus-
de ensino (Pedrosa & Moreno, 2007) – integrarem tam-
tentável (UNESCO, 2005).
bém nos respectivos programas, aspectos relacionados
com o papel que o conhecimento paleontológico, e ci-
entífico em geral, pode ter na compreensão de proble-
Os Paleontólogos na Sociedade: Um mas ambientais que afetam as sociedades atuais, não só
Papel Importante e Uma Presença pela substância inerente ao conhecimento produzido,
Invisível como pelos processos que envolvem a sua produção.
Na atividade científica dos paleontólogos, é possível
Os paleontólogos incluem-se nos cerca de identificar práticas que podem contribuir para a disse-
400.000 geocientistas que, segundo os responsáveis pela minação de imagens públicas de ciências mais consen-
implementação do Ano Internacional do Planeta Terra tâneas com a natureza do conhecimento científico e
em nível mundial – Corporação UNESCO-IUGS (IYPE, mais adequadas à compreensão de problemáticas com-
2008) –, estão permanentemente a descobrir e a produ- plexas, como as que se prendem com a perda de biodi-
zir conhecimento de que as sociedades desesperada- versidade ou com alterações climáticas. Tais práticas,
mente necessitam (AIPT, 2007d). Apesar de um certo se adequadamente divulgadas e exploradas em con-
desconhecimento público sobre o papel social dos pa- textos educativos, podem ajudar a promover nos cida-
leontólogos, cobertos, como os geólogos em geral, por dãos atitudes e comportamentos indispensáveis à
uma espécie de “manto da invisibilidade” (Brilha, mitigação destes problemas.
Capítulo 35 – Paleontologia e Educação para a Sustentabilidade 579

A. Paleontologia e Sociedade: paleontológicas de interesse para outras ciên-


Convergências e Divergências cias (em Paleontologia Estratigráfica,
Biofácies e Tafofácies, Ecostratigrafia,
Os fósseis são o objeto de estudo da Paleontolo- Biostratigrafia e Biocronostratigrafia) e que
gia e, nessa qualidade, são detentores de inquestioná- definem a Paleontologia Aplicada, a qual per-
vel interesse científico. É através deles que, nos dife- mite a resolução de problemas técnicos de
rentes níveis de ensino e consoante os sistemas interesse paleontológico, e para a qual mate-
educativos vigentes, se dá a conhecer a Paleontologia riais, instrumentos e/ou serviços gerados pela
como ciência geológica, em múltiplas dimensões inter- investigação paleontológica aplicada ou por
relacionadas, tal como a figura 35.1 indica (Fernández projetos técnicos baseados em conhecimen-
López, 1988, 2000): tos paleontológicos podem ser úteis;
– a de um corpo de conhecimentos que integra – como disciplina que fornece conhecimentos
(de Paleobiologia, Tafonomia e Biocronologia) científicos necessários em algumas assessorias
e que definem a Paleontologia Básica, a qual técnicas úteis para algum grupo social e no
permite a resolução de problemas científicos uso e gestão do Patrimônio Paleontológico, e
e técnicos de interesse paleontológico, e para que configuram Aplicações Técnicas de
a qual materiais, instrumentos e/ou serviços Paleontologia.
gerados pela investigação paleontológica apli- Numa outra perspectiva, os fósseis são objetos
cada ou por projetos técnicos baseados em co- de interesse social, que constituem notícia frequente
nhecimentos paleontológicos podem ser úteis; em meios de comunicação social de referência,
– como disciplina que fornece conhecimentos designadamente pelo fascínio que despertam no cida-
científicos necessários nas investigações dão comum, como a tabela 35.1 evidencia.

Figura 35.1 Diagrama de fluxo de conhecimentos, problemas, materiais, instrumentos e/ou serviços entre a
Paleontologia Básica, a Paleontologia Aplicada e as Aplicações Técnicas de Paleontologia (Fernández López, 1988,
2000; também reproduzida em Henriques, 2007).
580 Paleontologia

Tabela 35.1 Frequência relativa de notícias Pode traduzir-se, por exemplo, em intervenções
sobre temáticas científicas publicadas na que procurem inter-relacionar conteúdos sobre história
seção de Ciências nos 30 números do da vida na Terra, designadamente os que configuram
mês de janeiro de 1998 da edição de extinções em massa, com outros, igualmente pertinen-
Lisboa do jornal Público tes para a compreensão de problemáticas ambientais
atuais de relevância social – como, por exemplo, o au-
TEMAS No DE NOTÍCIAS % RELATIVA mento do efeito estufa e a depleção da camada de ozô-
Oceanos 16 20 nio (Henriques et alii, 2006; Melo et alii, 2006). Pode
igualmente materializar-se em intervenções que ex-
Astronomia 18 60
plorem dimensões da Paleontologia que destaquem as
Dinossauros 3 10 atividades de identificação taxonômica na perspectiva
Antropologia 2 7 de valorização dos fósseis como “georrecursos cultu-
Sismos 1 3 rais” (Elízaga Muñoz, 1988), não só como materiais úteis
para a pesquisa de hidrocarbonetos, por exemplo, mas
No ano de 1998 – proclamado pelas Nações Unidas como como elementos integrantes do patrimônio natural da
“Ano Internacional dos Oceanos” – realizou-se em Lisboa a Terra, que cabe a todos os cidadãos a responsabilidade
Expo 98, dedicada ao tema “Os oceanos, um patrimônio para
de preservar para as gerações futuras, tal como foi con-
o futuro”, o que justifica a forte presença da temática “Ocea-
nos”, neste meio de comunicação social de referência sagrado pela “Declaração dos Direitos à Memória da
(Henriques, 2001). Terra”, subscrita em 1991 em Digne (ProGEO, 2008).
Por que a atividade dos paleontólogos se inter-
relaciona, de forma direta, com recursos naturais do pla-
Estes interesses diferenciados nos fósseis tradu- neta, cuja conservação constitui um princípio fundamen-
zem-se em práticas divergentes quanto ao seu uso, que tal na implementação de desenvolvimento sustentável
levam a consequências contraditórias. A atração pelos fós- (UNESCO, 2008c), a educação científica (formal e não
seis não representa atração pela Paleontologia como op- formal), quando centrada em conhecimentos inerentes
ção no prosseguimento de estudos por parte dos alunos à Paleontologia, pode e deve articular conceitos cientí-
pré-universitários, e materializa-se, por vezes, em práticas ficos da disciplina com sistemas de valores, não
de colecionismo amador – “geovandalismo” (Loon, 2008) descurando apreciações sobre as relações das pessoas
– que levam à dilapidação do registro fóssil da Terra. Se tal entre si e com o mundo material (Pedrosa & Moreno,
atração não for acompanhada pelo incremento na compre- 2007).
ensão pública desta ciência, dificilmente se incutem nos
cidadãos práticas sustentáveis de uso dos fósseis e/ou de
gestão dos jazigos fósseis, pondo em perigo a atividade B. Coleções Científicas e Colecionismo
científica dos paleontólogos e aspectos importantes da O paleontólogo depende da existência de cole-
relevância social da Paleontologia. ções de fósseis, e estas, por sua vez, dependem da exis-
Compete, pois, aos paleontólogos, sobretudo tência dele. Na investigação em Paleontologia, que in-
quando atores em contextos educativos não formais de clui o estudo de coleções antigas, destaca-se a recolha,
grande impacto mediático (e.g., intervenções em ex- preparação e identificação de novos espécimes, o que
posições de museus, em programas educativos e de di- requer conhecimentos técnicos específicos. A publica-
vulgação de rádio e televisão) contribuir para aproxi- ção de informação científica acerca de novos taxa ou de
mar esta ciência dos cidadãos, uma vez que, relativa- reinterpretações de taxa antigos, processada através de
mente ao seu objeto de estudo – os fósseis –, o interes- publicações científicas da especialidade, obriga ao ar-
se público já existe. Tal aproximação passa por quivo e catalogação adequados dos espécimes que os
re(orientar) as suas intervenções com vista a uma com- representam, de acordo com um conjunto de procedi-
preensão pública da Paleontologia que tem de estar mentos específicos – a curadoria paleontológica (Car-
muito para além das atividades tradicionalmente atri- valho, 2004) –, o que, por sua vez, vai enriquecer as
buídas aos paleontólogos de determinação taxonômica coleções depositadas em instituições científicas de re-
de espécimes de fósseis integrantes de conteúdos de ferência (museus e universidades), a quem cabe a tute-
exposições sobre História Natural em museus. la da sua guarda e conservação.
Capítulo 35 – Paleontologia e Educação para a Sustentabilidade 581

O valor de tais coleções resulta dos mecanismos Estas duas formas antagônicas de uso e gestão
de validação tradicionais na atividade científica, isto é, do registro fóssil da Terra, que é único e irrepetível, são
através da inclusão de descrições dos taxa estudados fonte de conflito permanente entre paleontólogos e
em publicações científicas de referência, depois de su- colecionistas. Em alguns países, produzem mesmo im-
jeita à revisão por especialistas (peer review ou revisão pactos sciopolíticos relevantes, que se traduzem na pu-
pelos pares). Esta dimensão epistemológica da Paleon- blicação de diplomas legais que proíbem a colheita
tologia (esquematicamente representada na figura 35.2) e a transação de fósseis para fins não científicos (p. ex.:
é, em geral, descurada nos currículos da disciplina, e é no Brasil, na Constituição de 1988) ou interditam essa
praticamente ignorada pelo cidadão comum, nos quais atividade em locais que integram jazigos fósseis de re-
as concepções acerca da validação do conhecimento ferência (p. ex.: em Portugal, nos Monumentos Natu-
científico, geralmente de cariz dogmático, não abarcam rais das Áreas Protegidas do Território Nacional) (Carmo
práticas correntes entre especialistas de atribuição de & Carvalho, 2004; Castro-Fernandes et alii, 2007;
designações taxonômicas por consenso, ou de assunção Henriques et alii, 2007).
da incerteza na sistemática paleontológica, expressa na
utilização frequente na Paleontologia de nomenclatu-
ras abertas e artificiais. C. O Registro Fóssil e o Futuro da Biosfera
Tais atividades do quotidiano dos paleontólo- O cidadão comum dificilmente associa a um exem-
gos não se intersectam com as do colecionista, que en- plar fóssil a função de testemunha de um evento da histó-
volvem a colheita indiscriminada de espécimes e a atri- ria da Terra, história de que ele, por enquanto, também faz
buição de um valor monetário a um fóssil, que pode ser parte. Não tendo consciência do caráter excepcional da
bastante elevado no caso de exemplares raros ou ex- fossilização, dificilmente lhe confere a singularidade que
cepcionalmente bem conservados. Depois de tran- é capaz de atribuir à prova única de um qualquer delito ou
sacionado, o exemplar é guardado em local privado e à primeira manifestação da capacidade de abstração da
inacessível para consulta pelos especialistas (paleontó- espécie a que pertence. Mas o futuro da humanidade, da
logos), pelo que sua existência não é do conhecimento sua própria espécie, também depende do conhecimento
das comunidades científicas. público que emerge da análise do registro fóssil.

Figura 35.2 Representação esquemática das três dimensões que devem integrar educação científica para a
sustentabilidade, mobilizando conhecimento inerente à Paleontologia (adaptado de Pedrosa & Moreno, 2007).
582 Paleontologia

Na verdade, é através da análise do registro fóssil Paleontologia e Educação para


da Terra que se sabe que, ao longo da sua história, ocorre- Desenvolvimento Sustentável
ram variações significativas da biodiversidade, e que, em
vários períodos dessa mesma história, se registraram Os problemas ambientais atuais que dominam a
extinções em massa, que provocaram reduções drásticas agenda política são complexos e para a sua mitigação
no número de espécies do planeta. A informação contida são necessárias mudanças de comportamentos e atitu-
no registro fóssil é crucial na identificação dos múltiplos des de todos os cidadãos que é necessário estimular,
fatores que controlam os mecanismos da vida (AIPT, repensando e reorientando a educação – formal e não
2007b), nomeadamente através da inferência de possí- formal – com vista à formação de cidadãos intervenien-
veis interações entre extinções em massa e variáveis tes, responsáveis e comprometidos com a sua quota-
abióticas que são do conhecimento próximo dos cidadãos parte na promoção de desenvolvimento sustentável.
– como a atividade vulcânica –, ou relativamente às quais Educar cidadãos numa perspectiva de desenvol-
assume preocupações crescentes – como as variações no vimento sustentável refere-se, entre outros propósitos,
clima global e do nível médio das águas do mar. a aprender sobre avaliar, cuidar e recuperar o estado do
O registro fóssil contém numerosos grupos que planeta (UNESCO, 2008c), articulando conceitos e fer-
se podem utilizar como indicadores paleoclimáticos, e ramentas analíticas de várias disciplinas e, assim, aju-
que fornecem informação sobre parâmetros paleoeco- dar as pessoas a compreenderem melhor o mundo em
lógicos (paleotemperaturas, paleossalinidades, etc.) in- que vivem (UNESCO, 2008d). Tal tarefa requer a con-
dispensáveis na fundamentação dos modelos matemá- cepção, planificação e implementação de intervenções
ticos que permitem conhecer, não só variações naturais educativas inovadoras, centradas em questões de rele-
do clima no passado, como possíveis variações no futu- vância social, integrando diversos saberes, designada-
ro em consequência do incremento antropogênico dos mente de ciências – entre as quais a Paleontologia – e
gases com efeito estufa (Árias, 2005). Neste contexto, contemplando dimensões de educação “em ciências, so-
pode dizer-se que a Paleontologia é fundamental na bre ciências e pelas ciências” (Santos, 2004), o que “im-
compreensão do presente e para muitos dos problemas plica rupturas com modelos de ensino tradicionais, de-
que preocupam a humanidade, designadamente por- senho e implementação de modelos inovadores que
que um dos seus objetivos é compreender a dinâmica valorizem o desenvolvimento de percursos
global da biosfera ao longo do tempo, permitindo clari- investigativos emergentes de questões e problemas
ficar o modo de funcionamento do ambiente e qual o relevantes para os alunos e para exercerem informada,
papel que nele uma espécie pode desempenhar – no- fundamentada e responsavelmente os seus direitos e
meadamente, o Homo sapiens” (De Renzi, 2001). deveres de cidadania, no presente e no futuro” (Pedrosa
No registro fóssil incluem-se as coleções cientí- & Moreno, 2007). Requer, igualmente, a assunção ex-
ficas de fósseis, depositadas em instituições científicas, plícita de valores como incrementar o respeito pelas
muitas vezes organizadas em bases de dados acessíveis necessidades humanas que sejam compatíveis com o
na rede web, que são uma ferramenta da maior impor- uso sustentável de recursos naturais e das necessidades
tância no que respeita à responsabilidade ética dos pa- do planeta (UNESCO, 2008d), bem como o reconheci-
leontólogos de tornarem acessível às comunidades ci- mento da importância, e consequente valorização, de
entíficas, a informação acerca de coleções de fósseis aprendizagens vicariantes (Pedrosa & Moreno, 2007).
referidos ou figurados em publicações científicas (Mag- O conhecimento paleontológico pode, e deve,
no & Henriques, 2007). É a partir do tratamento mate- ser mobilizado em contextos formais e não formais de
mático sobre informações incluídas em bases de dados educação científica dos cidadãos e a Paleontologia não
paleontológicos que é possível fundamentar análises precisa de ser simplesmente “vista como uma finalida-
estatísticas acerca de extinções em massa e de outros de, mas sim como um instrumento que contribuirá para
aspectos que controlam a biodiversidade (Alroy, 2008), a formação (destes) indivíduos atuantes dentro de nos-
bem como inferir informação acerca de climas antigos, sa sociedade” (Schwanke & Silva, 2004). No entanto,
fundamental na compreensão do sistema climático atual e mobilizar conhecimento paleontológico com propósi-
na previsão de cenários relativos à sua evolução futura, tos de educação para desenvolvimento sustentável re-
temática que inunda a agenda política de hoje, quer em quer intervenções educativas contextualizadas em pro-
nível local e regional, quer em nível global. blemas que intersectam preocupações do quotidiano
Capítulo 35 – Paleontologia e Educação para a Sustentabilidade 583

dos alunos, que enderecem os seus conhecimentos pré- com a produção do conhecimento científico, sujeito a pro-
vios e que proporcionem o seu envolvimento em pro- cedimentos que confluem em frequentes controvérsias
jetos investigativos relevantes (pessoal e socialmen- científicas, resultantes do caráter limitado do registro fós-
te), a fim de exercerem fundamentada e responsavel- sil e da interpretação taxonômica, assumidamente subje-
mente a sua cidadania (Pedrosa & Moreno, 2007). Em tiva, dos seus elementos constituintes – os fósseis.
suma, requer intervenções educativas que suplantem
abordagens circunscritas fundamentalmente a Educação
em Paleontologia, e que integrem, quer dimensões B. Educação sobre Paleontologia
epistemológicas (Educação sobre Paleontologia), quer di-
Compreender a natureza do conhecimento ci-
mensões vocacionadas para a formação do cidadão (Edu-
entífico é fundamental para estimular atitudes críticas
cação pela Paleontologia) através desta ciência (figura 35.2).
dos cidadãos e ajudá-los a valorizar, de forma distinta,
por exemplo, informação relativa à perda de biodiver-
A. Educação em Paleontologia sidade ou ao aumento do aquecimento global oriunda
de trabalhos científicos validados, e informação avulsa
Compreender causas e consequências de proble- e especulativa veiculada por um qualquer opinion maker
mas ambientais atuais para mudanças de comportamen- com visibilidade mediática, mas carecendo de créditos
to que permitam mitigá-las passa por compreender co- científicos.
nhecimentos científicos produzidos por várias discipli-
Promover educação para desenvolvimento sus-
nas, nos quais se incluem aqueles que são inerentes à
tentável recorrendo a conhecimentos inerentes às ci-
Paleontologia, nas suas múltiplas facetas e que, de acor-
ências, designadamente à Paleontologia, deve contem-
do com a figura 35.1 (Fernández López, 1988, 2000)
plar dimensões de cariz epistemológico, que ajudam a
integram:
promover, nos destinatários, percepções mais adequa-
– Paleontologia Básica, que se refere aos con- das acerca da natureza e procedimentos envolvidos na
ceitos, princípios e métodos inerentes a esta produção do conhecimento científico, indispensáveis
área do conhecimento; na sua formação cultural, e mais ajustadas às complexi-
– Paleontologia Aplicada, que se refere às fer- dades e incertezas que caracterizam os problemas am-
ramentas analíticas que permitem a utiliza- bientais atuais. Da compreensão da natureza e procedi-
ção daquele conhecimento noutras áreas ci- mentos inerentes à produção de conhecimento cientí-
entíficas; fico dependem tomadas de decisões quotidianas que,
– Aplicações Técnicas da Paleontologia, que se forem informadas, fundamentadas e responsáveis,
se refere à mobilização daquele conheci- podem contribuir para a mitigação de tais problemas.
mento na resolução de problemas técnicos Nas práticas inerentes ao trabalho do paleontó-
da sociedade. logo é possível identificar modelos de pensamento ci-
Este corpo de conhecimentos, que materializa o entífico que contrariam modelos epistemológicos as-
universo substantivo da Paleontologia, e que podería- sentes em raciocínios de cariz positivista, e que são fun-
mos designar de “conhecimentos em Paleontologia”, damentais para a compreensão da natureza do conheci-
integra os currículos clássicos da disciplina e esgotam mento científico como empreendimento coletivo e di-
recorrentemente as abordagens educativas tradicionais nâmico, como sejam, por exemplo, os procedimentos
desta ciência, que se desenvolvem muitas vezes à mar- envolvidos nas determinações taxonômicas de espéci-
gem de preocupações de educação para desenvolvi- mes fósseis, entre outros.
mento sustentável. No entanto, na atividade corrente Um táxon refere-se a um conceito. A atribuição
dos paleontólogos é possível encontrar práticas que re- de uma designação taxonômica a um determinado fós-
metem para outras dimensões desta e de outras ciências, e sil por parte de um paleontólogo não é uma operação
que, se adequadamente integradas em atividades objetiva e a-histórica. Esta prática corrente de classifi-
educativas, podem contribuir para estimular pensamen- cação de espécimes fósseis assenta na interpretação que
to crítico e tomadas de decisão implicadas em estilos o paleontólogo faz do conceito em causa que, por sua
de vida pessoal e em escolhas econômicas (Pedrosa & vez, depende das interpretações que outros fizeram
Moreno, 2007), designadamente as que se prendem antes dele, obedecendo a princípios assumidamente de
584 Paleontologia

caráter histórico, como o da prioridade nomenclatural, e Controvérsias e incertezas devem ser percepcio-
não é isenta de controvérsia entre as comunidades restri- nadas pelos cidadãos, não como um problema inerente
tas de especialistas. Tal interpretação só se traduz em co- ou decorrente do processo de construção de conheci-
nhecimento científico quando é validada por comunida- mento científico, mas como uma das suas característi-
des acadêmicas, através da avaliação e revisão críticas dos cas intrínsecas. Só têm impacto mediático porque esta
argumentos que levaram àquela atribuição taxonômica (o dimensão social da produção do conhecimento cientí-
peer review ou revisão pelos pares). fico, como processo envolvendo incertezas que
Outros objetos e sistemas naturais que compõem condicionam as interpretações dos resultados, constitui
o mundo em que vivemos, e que estão no centro das novidade relativamente às concepções positivistas que
várias disciplinas que integram o conhecimento cientí- os cidadãos têm acerca do conhecimento científico, pro-
fico, foram e são interpretados e descritos de forma si- fusamente veiculadas pela mídia, e que assentam em
milar, embora essas dimensões sociais que intersectam verdades absolutas e inquestionáveis (Dhingra, 2003;
a atividade científica, e que destacam a sua vertente Dimopoulos & Koulaidis, 2003). Tais concepções tam-
fortemente interpretativa, sejam com frequência igno- bém são identificáveis em cientistas e professores de
radas pelos cidadãos, o que tem contribuído para a dis- todos os níveis de ensino, são muitas vezes reforçadas
seminação e a persistência de imagens inadequadas de pelos manuais em que se apoiam, e tendem a ser
ciências, nomeadamente as dogmáticas, que não admi- replicadas pelos seus alunos (Canavarro, 2000).
tem dúvidas ou incertezas no conhecimento científico, Um outro aspecto, igualmente relacionado com
nem tão pouco ideias probabilísticas. a produção de conhecimento científico, e que em re-
A Paleontologia, tal como outras ciências geoló- gra, é ignorado, até mesmo em meio acadêmico, diz
gicas, pelo seu caráter simultaneamente histórico e respeito ao seu caráter casuístico, assente no acaso ou
hermenêutico, assenta num modelo de raciocínio que “serendipia”, que se produz através da mente reflexiva
é talvez mais decisivo para a resolução de muitos dos humana sob a forma de ideia luminosa inesperada e não
problemas ambientais atuais (aquecimento global e provocada (Duque & Mateos, 2006). Se bem que a co-
vários tipos de avaliação de riscos e recursos) que são, leta de fósseis no campo seja determinada por conheci-
devido à sua natureza, simultaneamente científicas e mentos prévios acerca do afloramento onde tal ativida-
éticas, com o domínio científico do problema profun- de é levada a cabo, a descoberta inesperada de espéci-
damente influenciado pela interpretação e pela incer- mes fósseis desconhecidos ocorre, com frequência, na
teza (Frodman, 2001). atividade do paleontólogo. A estes ele atribui proviso-
A incerteza científica, quando referida a proble- riamente a designação de nov. sp. ou sp. nov., até valida-
máticas ambientais, é frequentemente sobrevalorizada ção posterior pelos pares, representando tal situação um
pelos meios de comunicação social, dada a sua especial exemplo concreto, dos muitos que existem na história
apetência pelo que é contraditório ou controverso das ciências, onde o fator “sorte” também interfere na
(Garcia, 2004), o que tem gerado, junto dos cidadãos, produção de conhecimento científico, um aspecto a não
algumas desconfianças relativamente ao conhecimen- descurar em reflexões epistemológicas acerca da natu-
to científico, e “tem contribuído para, aos olhos da opi- reza do conhecimento paleontológico, e científico em
nião pública, colocar em causa a ideia da ciência e da geral, e que contribui para aproximar as ciências dos
técnica como entidades unas e para reforçar a percep- cidadãos, tornando-as mais reais (Duque & Mateus,
ção de que os especialistas não estão sempre de acordo, 2006).
que não são infalíveis e que pode existir mais do que Todos estes aspectos, que se referem ao univer-
uma solução para um dado problema” (Canavarro, 1999). so das instituições e dos procedimentos envolvidos na
A expressão social que atingiu debates acerca produção e na validação do conhecimento paleontológico
de problemas ambientais como o das alterações climá- constituem a dimensão metafísica da Paleontologia, que
ticas, simplesmente tornou públicas as discussões que raramente é abordada em intervenções educativas, ape-
normalmente existem entre peritos em fóruns restritos, sar de se contabilizarem, em todo o mundo, mais de
pondo em destaque a incerteza que caracteriza o co- trinta organizações e sociedades científicas exclusiva-
nhecimento científico e trazendo para a esfera pública mente dedicadas à Paleontologia, responsáveis por pu-
a controvérsia científica, normalmente confinada a blicações especializadas nesta área, a que se juntam às
fóruns restritos de especialistas. publicações editadas na sequência da organização de
Capítulo 35 – Paleontologia e Educação para a Sustentabilidade 585

reuniões científicas (congressos, simpósios, seminários), pela Paleontologia, vide figura 35.2), se houver, por par-
algumas delas também da sua responsabilidade (Nudds te dos educadores, preocupação em mobilizá-lo, de for-
& Palmer, 1990). ma articulada com o de outras ciências, em abordagens
Os currículos de ciências devem, assim, contem- contextualizadas em problemas ambientais atuais, para
plar abordagens adequadas sobre a natureza das ciências, cuja compreensão ele é indispensável – como a perda
uma dimensão fundamental da literatura científica e de biodiversidade, o aumento do efeito estufa ou a es-
tecnológica dos cidadãos, tendência cada vez mais cassez de recursos geológicos –, e integrando simulta-
consensual entre os investigadores em educação cien- neamente conhecimento substantivo da disciplina
tífica (Vasquez et alii, 2004). Os de Paleontologia não (Educação em Paleontologia, vide figura 35.2) com di-
devem constituir exceção, tanto mais que as práticas mensões que contemplem a sua natureza (Educação so-
correntes da atividade dos paleontólogos são pródigas bre Paleontologia, vide figura 35.2).
em situações que envolvem procedimentos sociais, cul- Neste sentido, torna-se imperioso garantir a sua
turais, políticos e éticos dos cientistas e contextos sociais inserção nos diferentes níveis de ensino (Schwanke &
e tecnológicos atuais e históricos onde o conhecimen- Silva, 2004), o que deve constituir um compromisso de
tos científico é gerado (Santos, 2004), facilitadoras de todos os profissionais envolvidos na investigação e na
uma educação científica em Paleontologia (figura 35.2), educação em Paleontologia (Schwanke & Silva, 2004),
necessária na formação de cidadãos participativos, críti- sobretudo quando estes têm interferência, direta ou in-
cos e responsáveis em quotidianos das suas vidas que direta, em fóruns que influenciam decisões políticas,
se intersectam com problemas ambientais, os quais en- mormente as referentes a opções estratégicas em in-
volvem conhecimento científico e tecnológico (valori- vestigação e educação científicas. Sem investimento
zando explicitamente educação pelas ciências; Santos, em investigação e educação em Paleontologia, não
2004). haverá dinâmicas de construção de conhecimento que
se repercutam em desenvolvimento. Porém, tais inves-
timentos também requerem o reconhecimento público
C. Educação pela Paleontologia
do papel da Paleontologia na sociedade, o que implica
A Paleontologia não se refere simplesmente a abordagens educativas holísticas, contextualizadas em
classificações de espécimes fósseis (Paleontologia Bá- problemas que intersectam o quotidiano dos cidadãos
sica), de utilidade conhecida, por exemplo, na – nomeadamente os que decorrem do desequilíbrio
prospecção de hidrocarbonetos (através de Aplicações dos ecossistemas como consequência do aumento do
Técnicas da Paleontologia), e a Paleontologia Aplica- efeito estufa – e integradoras dos diversos universos
da não se limita ao reconhecimento da distribuição es- desta ciência, numa perspectiva de desenvolvimen-
tratigráfica de espécimes e de associações de fósseis to sustentável.
(figura 35.1). Na verdade, na Paleontologia Aplicada
utilizam-se os dados obtidos a partir dos registros fós-
seis (tafonômicos, paleobiológicos e biocronológicos) Referências
para interpretar o registro estratigráfico, o registro geo-
AIPT. 2007a. Ano Internacional do Planeta Terra. O
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O conhecimento paleontológico pode, e deve, AIPT. 2007c. Ano Internacional do Planeta Terra.
contribuir para a formação de cidadãos mais aptos a res- 5. Alterações climáticas – registos nas rochas (coord.
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