Dom Casmurro Roteiro

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Introdução

Narrador: bom dia, hoje o oitavo ano, sob a orientação da professora


Núbia, irá contracenar a obra Dom Casmurro, escrita por Machado de
Assis, aquele que escreveu contos, poemas e romances, deixando a
sua contribuição para diferentes gêneros literários. Vocês sabiam que
esse livro conseguiu superar a obra Otelo? E por um acaso, alguém
sabe quem é o autor? Exatamente, William Shakespeare. Machado
conseguiu esse feito pelo fato de ter deixado uma grande questão do
livro em aberto, deixando um ar de dúvida ao terminar a leitura,
sendo assim aproveitem o show
(o narrador sai e Dom Casmurro entra)
Casmurro: Olá meu caro público, a história que venho contar é sobre
o romance da minha vida que começou na sala de estar da minha
casa em Matacavalos...
(abre cortina)
Cena 1: (Bento escuta conversa)
José Dias: D. Glória, a senhora persiste na ideia de mandar Bentinho
ao seminário? É mais que tempo, e agora pode ter uma dificuldade.
D. Glória: Que dificuldade?
José Dias: Uma grande dificuldade!
(José Dias procura se tem alguém na sala).
José Dias: Ultimamente, Bentinho tem andado muito com Capitu, não
me parece bonito que ele fique metido aos cantos com a filha do
Pádua, se eles começarem a namorar será difícil separá-lo.
D. Glória: Metido aos cantos?
José Dias: É modo de falar. Bentinho sempre fica lá, e a pequena é
uma desmiolada.
D. Glória: Mas são crianças... apenas brincam juntos... Capitu acabou
de fazer 14 anos e Bentinho mal tem 15.
(D. Glória sacode a cabeça de leve)
D. Glória: Independente disso já está chegando a hora de mandá-lo
ao seminário, o que você acha mano Cosme?
Tio Cosme: Ora! Creio que José Dias esteja enganado.
José Dias: Bem, já que não perdeu a ideia de o fazer padre, ganhou o
principal. Bentinho irá satisfazer os desejos de sua mãe. Não se
esqueçam que o Padre Feijó governou o império…
Tio Cosme: Governou que nem a cara dele!
José Dias: Perdão Doutor.
Tio Cosme: Mas, há mesmo necessidade de fazê-lo padre? Sei que fez
uma promessa… mas uma promessa assim… de tanto tempo
atrás…
D. Glória: Não importa se já passou tanto tempo, promessa de Deus
tem de se cumprir.
(Fecha cortinas)
Dom Casmurro: Naquele momento comecei a refletir sobre as
palavras de José Dias, será que realmente poderia estar amando
Capitu?
Pensando nela fui contar a notícia...
(Abre a cortina)
Cena 2:
(Bento vai contar a notícia a Capitu).
Bento: Mais cedo minha mãe estava recordando sobre a promessa de
me tornar padre.
(Capitu fica calada e pensativa)
Bento: Mas eu não quero entrar no seminário, juro que não serei
padre, juro por minha vida.
(Fica alguns minutos calado)
Bento: Minha mãe já havia se esquecido da promessa, se não fosse
aquele infeliz...
Capitu: Por que não impõe a José Dias que convença Dona Glória a
desistir de tudo isso? Já que ele faz o que vocês mandam, vai ficar
feliz em fazer o que você pedir.
Bento: É...eu poderia tentar.
(Bentinho sai da casa de Capitu e volta pra sua falando com Deus)
Bento: Senhor, prometo rezar mil padres nossos e mil ave marias, se
José Dias conseguir convencer mamãe.
(fechar cortina).
Dom Casmurro: Lembro-me que fui conversar com José Dias sobre o
meu desgosto de ir para o seminário, a princípio ele não gostou,
porém após processar a ideia de que eu poderia estudar direito na
Europa acabou por concordar com minha proposta de ele falar com
mamãe.
Certo dia resolvi visitar minha amiga...
(abrir cortina).
Cena 3:
(Bento está com Capitu na sala dela e pede pra pentear o cabelo da
menina)
Bento: Posso pentear seu cabelo?
Capitu: Mas e se embaraçar?
Bento: Você desembaraça
(Bento penteia o cabelo da Capitu, se aproxima lentamente até que
dá um beijo na bochecha da menina e se afasta).
(Fechar cortinas)
Dom Casmurro: Naquele instante estava tão feliz, havia me tornado
um homem!
Fui embora e fiquei pensando sobre o ocorrido na casa de Capitu, não
podia ir para o seminário, tomado isso como nota fui falar com
mamãe que não me escutou e estava deveras decidida a me tornar
padre.
(Abrir cortinas)
Cena 4 (Bento conta da decisão definitiva da ida pro seminário).
Bento: Mamãe está decidida em me mandar para o seminário. (os
dois ficam abraçados)
Bento: Mesmo assim me promete uma coisa?
Capitu: O que?
Bento: Promete que vai casar comigo, não importa o que aconteça?
Capitu: Prometo.
(Fechar cortinas)
Casmurro: Quem me confortou mesmo sem saber foi padre Cabral ao
me dizer que se eu não me adaptasse à vida de padre, poderia sair
depois de dois anos.
Quando cheguei no seminário , logo me enturmei com Escobar que
mostrou ser um ótimo amigo.
Outrora José Dias veio me visitar...
(Abrir cortinas)
Cena 5
J. Dias: Olá Bentinho!
Bento: Oi! Que bom que veio me ver, queria saber da minha saída
daqui.
J. Dias: Provavelmente iremos à Europa daqui 1 ou 2 anos.
Bento: Tão tarde! Mas mudando de assunto, como está minha
gente?! Capitu como vai?
J. Dias: Tem estado alegre como sempre, muito bobinha, não vai
sossegar enquanto não se casar com alguém da vizinhança.
(Bentinho fica com uma cara triste).
(Fechar cortinas).
Casmurro : Um sentimento cruel e desconhecido me arrebatou, o
ciúmes. Como ela podia estar alegre enquanto eu chorava todas as
noite?
Enfim… depois desse episódio, fui para casa num sábado e percebi
que Capitu e mamãe estavam mais íntimas que nunca, inclusive
mamãe passou a ver Capitu como uma solução, a partir do momento
em que eu me apaixonasse e desistisse do seminário a promessa
seria rompida e a culpa não seria de mamãe e de bônus teria o seu
filho próximo a ela.
Voltando para o seminário resolvi contar a Escobar que não tinha
vocação para ser padre, eu senti que podia confiar nele.
(Abrir cortinas)
Cena 6:
Bento: Escobar, posso te contar um segredo?
Escobar: Sim.
Bento: Eu não posso ser padre.
Escobar: Nem eu, quero trabalhar com comércio.
Bento: No meu caso há uma pessoa, e eu não sei o que faço, essa
vida não é para mim, amo muito essa moça. E como minha mãe fez a
promessa de me colocar aqui, não teve como fazer ela mudar de ideia
em relação ao seminário.
Escobar: E se sua mãe adotasse um órfão para entrar no seminário e
ser seu substituto como padre?
Bento: É uma boa ideia.
(Os saem afim de fazer seus afazeres).
(Fechar cortinas)
Casmurro: Saí do seminário no final do ano e fui para a Europa, me
tornando advogado depois de 5 anos.
Voltei para casa e logo depois de Escobar se casar com Sancha, me
casei com Capitu.
Aaaaah que lembrança boa meu público… lembro como se fosse
ontem o padre me perguntando se eu aceitava me casar com minha
amada Capitolina. (suspiro)
Cada dia mais invejávamos a filha de Sancha e Escobar, Capitu e eu
pedíamos um filho em nossas orações , até que fomos ouvidos e
Ezequiel nasceu, nosso primeiro e único filho.
Tudo estava bem, até que o servo de Sancha veio me falar sobre a
catastrófe: Escobar morreu afogado.
No velório de Escobar algo me chamou atenção, durante o enterro
Capitu olhava fixamente pro defunto e chorava mais que a própria
viúva , nesse momento passei a desconfiar de uma possível traição.
Eu e Capitu chegamos em casa e fomos falar do ocorrido..
(Abrir cortinas)
Cena 7
Capitu: Como Escobar teve o descuido de ir nadar no fundo? Ele já
conhecia os perigos daquelas águas. (tom de raiva)
Bento: Por que você não ficou com Sancha esta noite?
Capitu: Lá tem muita gente, ela não quis que eu ficasse. Não consigo
imaginar a aflição de Sancha, tão triste e ainda tendo que cuidar de
sua filhinha.
Bento: O testamento de Escobar foi aberto hoje, descobri que ele
havia deixado uma carta para mim.
Capitu: Estava reparando uma coisa esses dias e percebi que os olhos
de Ezequiel lembram os de Escobar.
Bento: Tem razão, embora me lembre mais aos seus.
(Eles sorriem um para o outro)
(Fechar cortinas)
Dom Casmurro: Cada vez mais Ezequiel se parecia com Escobar, a
cara, o corpo, a pessoa inteira. A ideia de que Ezequiel era filho do
meu amigo me causava repúdio, minha convivência dura com Capitu
fez com que optássemos em mandá-lo para um internato. Mesmo
assim, eu não conseguia pensar em outra coisa, fui a farmácia e
estava convicto do que ia fazer, ia me matar, era a solução. Visitaria
minha família e deixaria uma carta pra minha mãe. Comprei um
remédio forte o bastante, que ingerido em grand quantidade me
mataria.
(Abre uma cortina)
Cena 8
(Quando ele chega em sua casa e se senta na mesa de seu escritório,
chama um empregado para trazer um café)
Bento: Maria, traga-me um café!
(Depois que o café chega e a empregada sai, ele despeja o remédio
na sua xícara, aproxima a xícara da boca para tomar mas decide que
não e fala:
Bento: Talvez seja melhor tomar depois que eles forem para a missa.
(Ezequiel entra).
Ezequiel: Papai! Papai!
(Enquanto ele chamava, Bento ficava pensativo e com uma cara de
desgosto)
Bento: Meu filho já tomou seu café?
Ezequiel: Já, papai, estou indo pra missa com mamãe.
Bento: Tome mais um pouco.
(Entrega a xícara para a criança que quando está prestes a levar na
boca é interrompido por Bentinho)
Ezequiel: Papai ! Papai!
(Capitu entra na sala sem que Bento a note lá)
Bento: Eu não sou seu pai.
Capitu: Ezequiel , se retire.
(Ezequiel sai)
Capitu: De onde você tirou essa ideia de que Ezequiel não é seu filho?
( tom de indignação )
Bento: Prefiro não falar, tem coisas que não se dizem.
Capitu: Ou conte o porquê para que eu me defenda ou pedimos o
divórcio.
Bento: Então pediremos o divórcio.
Capitu: Imagino a causa , seria a semelhança entre Ezequiel e
Escobar?
(Bento fica calado).
(Capitu sai da sala )
(Fechar as cortinas)
Dom Casmurro: Optamos por ir para Europa, não a passeio, levamos
uma professora que ficaria na Suíça com Capitu ensinando Ezequiel a
língua daquele país. Eu voltei para o Brasil. Tempos depois minha mãe
faleceu e José Dias também, eu morava em uma casa do Engenho
Novo, era simétrica a de Matacavalos, onde não podia ficar por me
sentir estranho.
Certo dia Ezequiel voltou para o Brasil e foi me visitar...
( abre as cortinas, não tudo)
Cena 9
Mordomo: Tem um rapaz querendo falar com o senhor!
Bento: deixe-o entrar.
( Ezequiel entra )
Ezequiel: Pai, o senhor está do mesmo jeito dos últimos retratos.
Mamãe falava muito de ti, ela morreu bonita.
Bento: Sim, muito bonita. Você quer almoçar?
(Ezequiel faz que sim com a cabeça e eles se sentam a mesa )
Ezequiel: Daqui seis meses viajarei para Grécia, Egito e Palestina com
alguns amigos.
Bento: Você precisa de ajuda? Eu pago suas despesas.
(feche a cortina retire a mesa e coloque um banco)
Casmurro : Ezequiel foi a essa viagem e onze meses depois faleceu
devido uma febre (levanta e senta no banco que está no meio do
palco). Eu segui com minha vida apesar da tristeza, vivo o máximo
que posso, acompanhado de amigas que me consolam, mas nem
sequer chegam perto de minha primeira amada, a qual não esqueci,
mas já perdoei pela traição. Alguns dizem que me tornei mais frio e
solitário, nem tanto, recebo visitas frequentemente.
(todos entram no palco e dão as mãos)
Narrador: E assim termina a história de Dom Casmurro!
(todos se curvam e fim).

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