3732-Texto Do Artigo-7984-6-10-20230419
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O papel de João Gonçalves da Costa na produção do espaço baiano entre os séculos XVIII e
XIX: as origens do território de Vitória da Conquista
The role of João Gonçalves da Costa in the production of Bahian space - 18th and 19th
Centuries: the origins of the territory of Vitória da Conquista
El papel de João Gonçalves da Costa en la producción del espacio bahiano - Siglos XVIII y
XIX: los orígenes del territorio de Vitória da Conquista
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Professor Adjunto do Departamento de Geografia e membro do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UESB- Bahia –
Brasil email – [email protected]
Resumo
Este artigo baseia-se na análise dos processos de formação territorial da Bahia que configuram a produção
do espaço no período Colonial Português na América entre os séculos XVIII e XIX, verificando a atuação
de João Gonçalves da Costa nesse processo; em especial as origens do território de Vitória da Conquista pela
invenção do Sertão da Ressaca no Centro Sul Baiano. Analisa as transformações socioespaciais ocorridas nas
terras que hoje configuram a cidade e o município de Vitória da Conquista, bem como as demais cidades e
municípios que compõe o território do Centro-Sul e Sul da Bahia, com o objetivo de compreender os
processos territoriais que deram origem as nucleações urbanas que configuram as cidades desta região no
século XXI.
Abstract
This article is based on the analysis of the processes of territorial formation in Bahia that configure the
production of space in the Portuguese Colonial period in America between the eighteenth and nineteenth
centuries, verifying the performance of João Gonçalves da Costa in this process; especially the origins of the
territory of Vitória da Conquista for the invention of the Sertão da Ressaca in the Center South of Bahia. It
analyzes the socio-spatial transformations that occurred in the lands that today make up the city and the
municipality of Vitória da Conquista, as well as the other cities and municipalities that make up the territory
of the Center -South and South of Bahia, in order to understand the territorial processes that originated the
urban nucleations that shape the cities of this region in the 21st century..
Resumen
Este artículo se basa en el análisis de los procesos de formación de Bahía territoriales que dan forma a la
producción del espacio en el período colonial portuguesa en América entre los siglos XVIII y XIX, el control
de la obra de João Gonçalves da Costa en este proceso; en especial los orígenes del territorio de Vitória da
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O papel de João Gonçalves da Costa na produção do espaço baiano - Séculos XVIII e XIX: as origens do território de Vitória da
Conquista
ROCHA, A. A.
Conquista por la invención del Sertão da Ressaca en el Centro Sul Baiano. Se analiza las transformaciones
socioespaciales ocurridas en las tierras que hoy configuran la ciudad y el municipio de Vitória da Conquista,
así como las demás ciudades y municipios que componen el territorio del Centro-Sur y Sur de Bahía, con el
objetivo de comprender los procesos territoriales que dieron origen las nucleaciones urbanas que configuran
las ciudades de esta región en el siglo XXI.
Introdução
Fonte: Elaborado pelo Autor com base em documentos oficiais do Arquivo Historico ultramarino (2013)
Destaca-se nessa narrativa, pelo menos três importantes provas sobre a origem a
data da ascenção ao titulo de Capitão-Mor da Conquista o modo como se comportava
João Gonçalves da Costa e os demais membros representantes da Coroa portuguesa nas
terras da Bahia Colonia. Outra questão é o termo “trasmontano”, que confirma
categoricamente a origem de João Gonçalves da Costa, ou seja, nasceu na Região de
Trás-os-Montes em Portugal e, muito provavelmente não era negro, porque nesse
período, entre os séculos XVI e XVIII, os negros escravos ou negros forros que viviam
em Portugal residiam entre Lisboa e Faro no Algave, sul de Portugal. Principal entrada
de negros da África em Portugal.
Constata-se que, quando recebe a patente de Capitão-mor em 31 de julho de
1781, João Gonçalves da Costa sai do anonimato da população flutuante da Colônia
Portuguesa aqui na América e entra definitivamente para o rall dos atores portugueses
de vida social. Sinônimo de espaço geográfico pode ser definido como um conjunto
indissociável, solidário e “contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações”
(SANTOS, 2004, p. 39). É o território propriamente dito mais as sucessivas obras
humanas e os próprios homens hoje.
Nessa concepção entende-se que o movimento que se produz então, e que
produz uma nova realidade social, não se baseia nem sobre a cidade (o urbano)
considerada à parte, nem sobre o campo tomado isoladamente, mas sobre sua relação
(dialética) no espaço, a partir de sua história (LEFEBVRE, 2013 p. 119).
Nesse sentido a produção do espaço no Centro Sul da Bahia a partir da criação
do mundo imagético pelo surgimento do dito Sertão da Ressaca nos conduz a uma
consolidação do território pelo uso e ocupação das terras num novo paradigma
produtivo se antes os nativos gentios nogonhos viviam da caça e da pesca agora é
introjetado no contexto sociocultural e socioespacial dessas tribos novos mecanismos
produtivos seja pelo plantio do algodão, pelo cultivo do milho, feijão e hortaliças seja
pela criação de gado na mata e nos campos extensivos do dito sertão da Ressaca.
Entre 1750 e 1780, foram várias incursões de João Gonçalves da Costa
provavelmente junto com o Mestre de Campo João da Silva Guimarães que transitava
entre Minas e Bahia com frequência.
Nesse mesmo período entre 1750 e 1807 o domínio de suas incursões foi no
chamado Sertão da Bahia, dando origem ás primeiras povoações e aldeamentos no
referido sertão entre o Rio Pardo e o Rio de Contas e entre o Rio Gavião e o Rio Catolé,
incluindo-se ai neste contexto a implantação do arraial da Conquista no pé da Serra do
Periperi, às margens do rio Verruga.
Com suas ocupações territoriais, João Gonçalves da Costa foi demarcando varias
propriedades de terras, seguida pela abertura de estradas entre o litoral e o sertão e entre
o Sertão e a Capital da Bahia, criou o que se convencionou de Sertão da Ressaca, nome
amplamente difundido nos documentos oficiais da Coroa Portuguesa, mas para isso, foi
preciso dizimar centenas de índios, principalmente índios da tribo Camacan ou como
afirma os documentos oficiais da época gentios Nogonhos.
Antes disso João Gonçalves já havia fincado suas raízes com a abertura da
estrada entre Conquista e Nazaré no Recôncavo Baiano, nesse trajeto, ele ocupou terras
onde é o atual território de Planalto, terras no atual território de Poções, terras na atual
Boa Nova, e as terras entre Boa Nova, Jequié e Jequiriçá. Seguindo o rio de Contas,
ocupou terras até a barra do Funil onde foi construída uma base de fiscalização de
contrabandos das mercadorias que iam em direção à Capital da Capitania de Ilhéus entre
1779 e 1807.
Nessa época Varias etnias Indigenas ainda predominavam em uma vasta
abrangência territorial. Pelo menos quatro grupos e ou nações indígenas prevaleciam e
guerreavam entre si e entre os Portugueses que por essas terras interiorizavam-se.
Mapa 2 – Território das Etnias Indigenas que povoavam o Centro Sul da Bahia entre os
Séculos XVI a XIX
Fonte: Arquivo Historico ultramarino – Biblioteca Nacional – Brasil (2013). Livro Viagem ao Brasil de
Maximiliano – 1817 (1940)
Fonte: Elaborado pelo autor com base em informações documentais do Arquivo Historico ultramarino –
Biblioteca Nacional – Brasil (2013) e do livro Viagem ao Brasil de Maximiliano – 1817 (1940), e do
Atlas Geografico de Vitória da Conquista (2015)
Considerações finais
de grande quantidade de mão de obra, mesmo tendo à disposição na época mão de obra
escrava, e indígena para realizar tarefas, a vasta região não era tão densamente povoada.
Outro fato importante é que em cada propriedade da família do Coronel João
Gonçalves da Costa no final do Seculo XVIII, havia pelo menos uma dúzia de escravos
negros e mais uma dezena de índios ou descendentes diretos de Camacãs que
desmatava, plantava e colhia algodão, milho e feijão. Como eram dezenas de
propriedades já demarcadas constata-se que esse contingente populacional que habitava
tais propriedades gerou uma população cada vez mais numerosa com o passar dos
tempos, propiciando mais tarde no final do século XIX, novos aldeamentos, quilombos
e ou povoados que hoje configuram pequenos municípios vilas do Centro Sul da Bahia.
Referências
de julho de 1781. Códice 21.725. IN: Inventário dos documentos relativos ao Brasil
existente nos arquivos do Conselho Ultramarino de Lisboa, Rio de Janeiro:
Biblioteca Nacional-BN, acessado em março de 2012.