Vizinhança para Bem-Viver - Rayane Dames de Oliveira

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ENTRE LAGOAS, MAR E VERDE

VIZINHANCA PARA BEM VIVER


Plano para os espaços coletivos
da Zona Especial de Interesse do Meio Ambiente 1 (ZEIMA 1)
de Rio das Ostras

Esse trabalho analisa um conjunto de loteamentos locali-


zados entre duas áreas de proteção ambiental de Restinga e
Lagoas junto ao Mar, ocupado em baixa densidade por uma
população humana em rotatividade, estabelecida há pouco
tempo. São propostas intervenções gerais para a área, com
foco em seus elementos azuis e verdes, e nos espaços de con-
vívio.
Entendendo que o planejamento e tomada de decisões
sobre o espaço público deve ser feito por diversas mãos e ca-
beças, o intuito aqui é de abrir uma conversa sobre as possibi-
lidades para essa zona, e cooperar na criação de uma maneira
de se viver coletivamente, em que nossas interações com o
todo, com outres seres e conosco sejam harmônicas, nutritivas
e de desfrute da vida.

Desenvolvido por Rayane Rosignoli Dames de Oliveira


sob orientação de Rodrigo Rinaldi de Matos

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo


Universidade Federal do Rio de Janeiro

2022
Dedicado a quem me olhou nos olhos
às águas que me abraçam
e às folhas, que gosto de tocar com as mãos
BRASIL RIO DE JANEIRO REGIÃO DOS LAGOS RIO DAS OSTRAS

Temos convivido em Rio das Ostras por ao menos 4.000 anos – o que
podemos ver em rica arqueologia de comunidades que viveram aqui.
Antes dos europeus chegarem, antes da bíblia e do capitalismo,
nós já assistíamos ao Sol nascer na praia de Itapebuçu.

Em resgate à cultura originária Tupi-Guarani, estabelecida na costa até a invasão


portuguesa, serão empregadas as grafias “Itapebuçu”, (que significa pedra grande ou
lajeado - no portugues Itapebussus) e “Iriry” (que significa ostra - no portugues Iriri) para
designar áreas que hoje nós usufruimos, e que foram nomeadas por nossos ancestrais.
4

A conformação de seu balneário, a


fartura de ostras e peixes em seu rio e a
disponibilidade de água potável fizeram
dessa região um ponto de parada entre a
capital e o norte Fluminense. Até meados
do século XX, a ocupação consistia em
uma pequena aldeia de pescadores locali-
zada na foz do Rio das Ostras.

Ocupação inicial
A construção da Rodovia Amaral Pei-
xoto, um dos principais elementos confor-
madores desse espaço, seguida da aber-
tura dos primeiros loteamentos, na década
de 50, inicia uma onda de apropriação do
território, voltado principalmente para o

imagens: M. L. M. Gomes (2009)


turismo de segundas residências, intensifi-
cado na década de 70.
Ocupação década 1970
A descoberta de petróleo na Bacia
de Campos, na década de 90, motivou
uma forte onda migratória e emancipacio-
nista nos municípios da região, dada a
oferta de empregos na indústria petroquí-
mica e os royaltis de sua produção. Rio
das Ostras tornou-se um município em
1992, quando emancipou-se de Casemiro
de Abreu.
Ocupação 1994

Essa cidade recebeu mais de 100 mil


novos habitantes em 20 anos, e foi o muni-
cípio que mais cresceu em demografia no
país entre 2000 e 2010, dando um salto
populacional de 190%. Com os mais diver-
sos motivos pra sair de onde estavam,
vieram movidos por uma onda de prosperi-
dade econômica na região, por incentivos
do governo daqui e pelos bons ventos do
litoral.
Ocupação 2009
5

CRESCIMENTO POPULACIONAL 1996 - 2018


imagem: Plano Municipal de Diretrizes para a Mobilidade Urbana
(PMRO2019)

HISTÓRICO DE OBRAS, LEIS E DEMOGRAFIA 1990-2020


imagem: Plano Municipal de Diretrizes para a Mobilidade Urbana
(PMRO2019)
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A estrutura física e operacional da cidade tem dificulldades em


acompanhar o ritmo acelerado de crescimento populacional das últi-
mas décadas. Diversas obras foram feitas nos anos 2000 e em geral
privilegiaram um desenvolvimento urbano voltado ao rodoviarismo.
Neste período, a governança deu importantes passos em sua estru-
turação fisico-política, mas nem todos esforços foram adiante.
Praticamente toda a faixa entre o litoral e a rodovia, com exce-
ção das áreas protegidas, está ocupada, e atualmente a cidade se
expande em direção ao interior, pressionando sua área rural. A divisa
com Barra de São João (distrito de Casemiro de Abreu), ao sul, está
conurbada e há uma tendência de adensamento também em dire-
ção à divisa com Macaé, ao norte.

VETORES DE EXPANSÃO URBANA


imagem: Plano Municipal de Diretrizes para a Mobilidade Urbana
[editado] PMRO2019)
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Trabalhadores, migrantes, turistas, estudantes, aposentados


mais uns tantos nascidos e criados
se misturam aqui por mais ou menos tempo.

”Desde quando mora em Rio das Ostras?”


é uma das primeiras perguntas que se responde

De um lado o fluxo oxigena nossas ideias e nos permite a troca,


do outro dificulta um envolvimento mais profundo

Em que momento nos tornamos cidadãos?


Como fortaleçer os laços em um lugar de passagem?
“As cidades cresceram e transformaram-se
em estruturas tão complexas
e difíceis de administrar,
que quase não nos lembramos
que elas existem em primeiro lugar,
e acima de tudo,
para satisfazer as necessidades humanas
e sociais das comunidades.”

Cidades para um pequeno planeta


Richard ROGERS
9

Sentiremos as mudanças porvir na


Terra em nossos territórios de vida²,
nos lugares onde interagimos com a
atmosfera e com outres seres que
nela habitam, em nosso contexto -
onde também se acumulam
camadas de vestígios de interações
de outros momentos da vida nesse
planeta. Lidaremos com o que vem
pela frente, resilientes, enquanto
digerimos o que já aconteceu.¹

Aqui não se estabeleceu muito do


progresso-destrutivo que se
espalhou acinzentando as cidades,
[não de maneira local e profunda,
seguimos sujeitos a tudo que nos
atinge de maneira global] e por sorte
nossa não precisaremos desfazer os
malfeitos antes de estabelecer uma
maneira que funcione a todes seres
terrestres.²

1. O conceito “Cidades Resilientes” tem


sido empregado por diversos autores para
definir um modo de enfentamento aos
desafios do Antropoceno, a nova era
global, marcada, entre outros aspectos, por
um Novo Regime Climático, grandes fluxos
migratórios e excasses de alguns recursos
natuais.
2. Bruno Latour cunhou o termo Terrestres
para se referir às diversas espécies que
co-habitam a Terra. Em sua rica bibliografia,
o autor discorre sobre a relação local x
global x terrestre e sobre outras questões
ligadas ao Antropoceno
STRAS
RIO DAS O
CEN
TRO RODOVIA

IRIRY
ZEIMA 1 ITAP
Setor O EB
U
Ç

U
O recorte escolhido para estudo se situa entre o Mar, a rodovia e duas
áreas de proteção ambiental - A Área de Proteção Ambiental (APA) da Lagoa
do Iriri [Iriry] e a Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) de Itapebussus
[Itapebuçu], que se extende até a fronteira com Macaé. Aqui se preservam
diversos fragmentos de restinga e alagados, e por essa sensibilidade ambien-
tal, o trecho está definido no zoneamento municipal como ZEIMA 1 - Zona
Especial de Interesse do Meio Ambiente.
Seu território foi repartido em loteamentos, que se comportam como
pequenos bairros no imaginário dos moradores, parecidos porém pouco inte-
grados entre si, registrados na prefeitura como um único Setor O. A estrutura
viária, em terra batida, segue um padrão em malha, com diversos trechos de
desconexão e pouca consideração aos aspectos naturais do território.
BOSQUE DA AREIA
FLORESTA DAS GAIVOTAS
ENSEADA DAS GAIVOTAS

PRAIAMAR
REDUTO DA PAZ
VERDES MARES
TERRA FIRME
MAR Y LAGO

LOTEAMENTOS E HIDROGRAFIA
Mapa produzido pela autora em 2022,
a partir de base disponibilizada pela Prefeitura
11

O
CONTORN
RODOVIA AMARAL PEIXOTO

Mapa elaborado pela autora em 2022, com base em análise de imagens de satélite.
O levantamento leva em conta a projeção das construções, sem analisar se elas se
encontram habitadas - admite-se certo grau de imprecisão nos dados.

Próximo a essa região foram instalados recentemente alguns dos princi-


pais equipamentos e instituições locais, incluindo a Câmara Municipal (2001), a
Prefeitura (2002) e um Pólo da Universidade Federal Fluminense (2002). Aqui
também se encontra a interseção entre a Rodovia Amaral Peixoto e a Avenida do
Contorno, principal vetor de expansão urbana atual, onde está sendo construído
um shopping, e onde se planeja a nova sede da rodoviária.

Os quarteirões mais próximos à pista, pela facilidade de acesso a


transporte e serviços, foram os mais densamente ocupados. Mesmo com
intensa atividade de construção civíl, diversos lotes e unidades estão
desocupados. São predominantes as casas de até dois pavimentos, soltas no
lote ou geminadas/agrupadas e edifícios de 3 pavimentos.
12

Atualmente a construção civíl opera


para além da demanda nessa região:
são construídos mais imóveis do que
há gente interessada ou em condi-
ções de ocupá-los.
As Lagoa de Iriry e Itapebuçu, de águas quentes e de coloração escura,
são ótimos espaços de lazer e contemplação, bastante apropriados pela popu-
lação e visitantes. Elas se comunicam pelo subsolo, em um fluxo que transborda
de uma a outra. A localização junto ao mar é responsável por uma interessante
dinâmica de abertura da boca das lagoas em momentos de cheia, quando suas
águas escoam para o oceano. O Mar e o Vento são bastante intensos, e com-
põem junto à Restinga uma paisagem vibrante, forte, quase selvagem.
14

Presenciamos um processo de aterramento ou desnaturalização do curso


de água que corre de lagoa a lagoa, desconsiderando o modo de ser do ecosis-
tema. A consequência de se ignorar o movimento das águas, ou intervir nelas
sem o devido cuidado, são os alagamentos e lama constantes, que dificultam a
circulação e causam outros transtornos.
Por enquanto, não há um sistema de saneamento básico para essa região
nem para a maior parte da cidade. O esgotamento é feito em sistemas fossa-fil-
tro-sumidouro, não há uma rede de drenagem nas ruas (uma única rua no recor-
te é pavimentada), nem locais adequados para depósito de entulhos ou coleta
seletiva. O abastecimento de água é parcialmente feito pela RIO+, concessioná-
ria que assumiu os serviços até então prestados pela CEDAE (e que tem recebi-
do diversas reclamações e até processos jurídicos movidos pelos moradores) e
parcialmente feito por poços artesianos, que tem servido água com qualidade
inferior conforme os lençois freáticos são pressionados pelo aumento da
demanda. É urgente que se estabeleça um Plano Municipal de Saneamento
Básico para tratar dessas questões.

2021 2021 2022


saneamento É

bÁsico
16

Há alternativas ao urbanismo No tratamento das águas, mais


convencional que reconhecem que há especificamente, as técnicas alinhadas a
uma inteligência na forma como o esse novo paradigma tem sido agrupadas
ecossistema naturalmente se regula, e no conceito “Water Sensitive Urban
que buscam reconhecê-lo e mimetizá-lo, Design (WSUD)” ou “Cidades Sensíveis à
ao invés de impor uma lógica humana de Água”, que tem a infiltração e
domesticação as paisagens. Um conceito armazenamento como questões-chave,
que tem sido empregado para nomear como descrito por Battemarco².
esse modo de agir é o da adoção de
“Soluções Baseadas na Natureza”¹. Herzog³ defende que “A estratégia
Nesse novo entendimento, as para que a drenagem urbana seja
estruturas verdes e azuis ganham resiliente deve ser a de procurar mimetizar
centralidade e se tornam locais os processos naturais por meio de um
multifuncionais. Para além de planejamento sistêmico, mudando do
participarem da regulação dos ciclos paradigma de tentativa de controle para o
naturais, servem de suporte para a do convívio com os fluxos e processos
interação entre espécies, produção de naturais.”
alimentos e medicamentos, convívio,
desfrute e descanso.

urbanismo convencional: urbanismo de baixo impacto:


drenar, dirigir, despachar lento, espalhado, encharcado
apenas transfere a poluição a outro local metaboliza a poluição no local

Imagem: Low Impact Development: A Design Manual for Urban Areas | Arkansas University (2011) (traduzida)
1. Diversos autores tem utilizado esse conceito para o desenvolvimento de soluções práticas. Cito como
referência: A Catalog of Nature-Based Solutions for Urban Resilience / World Bank (2021);
2. Bruna Peres Battemarco - Quadro Metodológico para Avaliação Quantitativa de Projetos de
Urbanização, sob a ótica da interação Agua e Cidade | Dissertação COPPE UFRJ (2020);
3. Cecília Herzog - Cidade para Todos: (re)aprendendo a conviver com a natureza (2013)
Ao longo das Ruas C, das Begônias e
Manuel Bandeira, parte mais baixa da
topografia e ponto crítico de alagamentos,
se localiza um corredor de escoamento de
4
águas. Nas partes do trajeto mais próxi-
mas às áreas verdes, a água corre protegi-
da por vegetação, sendo filtrada aos
poucos. Junto a partes mais densas da
3 ocupação, as camadas de aterro se con-
vertem um lamaçal nos períodos de chuva
MAR (cada vez mais constantes e imprevisíveis)
e a circulação junto a elas fica impossibili-
tada em alguns momentos. Entendendo
2
que esse é o local de acomodação natural
da água, é de bom senso mantê-la alí.
Nesse caminho, a água poderá seguir
seu curso por um canal naturalizado, mais
1
ou menos largo a depender da ocupação.
Os lotes vazios em sua borda podem ser
transformados em reservatórios temporá-
Perfis topográficos das Avenidas 1:Amazonas,
rios de água, para os momentos de cheia,
2: Netuno, 3: Euclides da Cunha e 4: Sônia
Maria da Rocha, obtidos via Google Earth e espaços de convívio durante os períodos
de seca.

1 2 3 4
Lorem ipsum
pavimentação
permeável

pavimentação
permeável
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Perpendiculares àquela rua, correm


as avenidas, que se distinguem das
demais vias por possuirem um canteiro
central a duas faixas de rolamento. Estão
distrubuidas sobre a malha de uma forma
que podem tornar-se estruturantes na
circulação, principalmente se forem atra-
vessadas por outra similar - paralela à
rodovia e à rua do canal, que atualmente
só exite em um trecho.
É bastante comum que os morado-
res cultivem pequenos jardins nesses can-
teiros, que se tornam espaços identitários
para o bairro. Também são frequentemente
utilizados para depósito de entulhos.
Podem converter-se em Corredores
Verdes, importantes para a coesão do
ecossistema, ao servirem de suporte para
mais espécies, em mais densidade. A
incorporação de ciclovias ao desenho
viário, e uma diversificação em seus usos.
pode transformar esses nos eixos centrais
do bairro.
Conectanto esse centro à bairros
vizinhos, poderia estabelecer-se uma pas-
sarela de travessia da APA, que permitiria
passagem de pedestres e ciclistas em seu
dia-a-dia, e serviria também como uma
janela de observação da Restinga, poden-
do apresentar informações que facilitem a
leitura desse ecossistema ao longo de seu
curso. Por se tratar de uma intervenção em
uma área sensível, é importante que sua
viabilidade e impactos sejam melhor discu-
tidos, após uma análise das condições
atuais de preservação da área.
Av. Amazonas (Perfil A)

Avs. Netuno, Sônia Maria da Rocha e Av. Central (Perfil B)

Av. Euclides da Cunha (Perfil C)


21

Para melhorar a conectividade entre as partes do recorte, é


interessante que se estabeleçam as ligações dos trechos de
descontinuidade das vias, em geral causadas por manchas de alagamento
ou vegetação, ou então por desencontros nos alinhamentos dos diferentes
loteamentos que conformam essa zona. Em alguns casos já há construções
ocupadas nos lugares onde deveriam existir essas conexões.

o asfalto não chegou


e é melhor nem chegar

Ainda que essa seja uma reinvindicação dos moradores, esse tipo de
pavimentação impossibilita a absorção de água pelo solo, aumenta seu
escoamento pelas superfícies e contribui para a ocorrência de alagamentos
nos pontos mais sensíveis do sistema. As alternativas mais adequadas de
pavimentação são pisos permeáveis ou semi-permeáveis, como os blocos
intertravados para as faixas de rolamento, e saibro para as ciclovias.
22

A manutenção de grandes man-


chas verdes é fundamental para a manu-
tenção do ecossistema, e as mais signifi-
cativas estão demarcadas nesse recorte
pela Subzona Ambiental 5 (SZA5) do
Zoneamento (melhor apresentado a
seguir). A sugestão é que sejam incorpo-
rados a esse trecho os lotes desocupa-
dos junto a orla, e os do loteamento
Bosque da Areia, de Restinga preservada.

A partir de um acompanhamento,
podem ser implantados sistemas agroflo-
restais nessas áreas, com espécies
alimentícias e medicinais da Restinga, ou
que se adaptem bem a ela. Dado as con-
dições do solo, arenoso, não é possível
obter com facilidade uma grande produ-
ção no local, mas a prática do cultivo
pode ser uma ferramenta de coesão e cui-
dado social. As bordas dessa área
podem tornar-se um circuito de caminha-
das, pedaladas e integração.

Nos alagados próximos à orla, fora


da trilha por onde correm os humanos,
ainda imperam as aves, que defendem
seu território da aproximação de estra-
nhos (especialmente os tico-ticos).
Mesmo que a beleza desses lugares seja
atraente, é respeitoso que se mantenha
uma distância, para que outras formas de
existir possam estar à vontade alí.
1 4 8

3
9
5 6

2 7
Uma rede de praças distribuidas pela área, cada uma com sua identidade pró-
pria e um mesmo conjunto de equipamentos básicos em todas, fortalecem a comu-
nidade ao servirem de suporte para as interações sociais, a livre espressão e apre-
ciação do entorno.
A repetição de um mesmo conjunto de elementos de apoio contribui para a
resiliência do lugar, ao criar um sistema ‘seguro para falhar’. Levando em conta as
condições do novo milênio e as formas de convívio já estabelecidas em nossa cultu-
ra, foram considerados equipamentos básicos comunitários:

APOIO - Banheiros e bebedouros, bicicletário e cobertura para chuvas e vento

DESCARTE - Pontos de coleta e troca de materiais

CHURRASQUEIRA - Para uma alimentação compartilhada


ACADEMIA - Cuidado com os corpos de todas idades

BRINQUEDO - Entretenimento e interação nas infâncias

HORTA - Espaços de regeneração e contato com os ciclos naturais


BOSQUE - Preservação e contato com a vegetação mais densa
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“Da ruela mais modesta até a grande praça cívica, estes espaços
pertencem ao cidadão (...). A esfera pública é o teatro de uma
cultura urbana. É onde os cidadãos desempenham seus papéis,
é o elemento que pode agregar uma sociedade urbana.”

Cidades para um pequeno planeta


Richard Rogers
LEI 1298/2008
Todas essas mudanças
propostas devem vir
acompanhadas por um
arcabouço legal que as justifique
e ampare. O Zoneamento da
área foi feito inicialmente em
2008, quando foi estabelecida a
ZEIMA. Em 2012 um conjunto de
modificações foi aprovado nos
LEI 1669 / 2012
parâmetros que haviam sido
acordados, tornando-os menos
restritivos. As principais
alterações foram nas alturas
máximas permitidas às
edificações, e na liberaçao da
construção de grupamentos de
casas na Subsona Ambiental 4,
área de ocupação mais sensível
ambientalmente.
36

De maneira geral, o zoneamento atual é coerente com a ocupação da área,


mas são propostas alterações, principalmente nas delimitações das Subzonas
Ambientais (SZAs), em alinhamento com a visão desse trabalho.
A SZA1, de uso misto incentivado, se expande mais dois quarteirões para
dentro dos loteamentos Reduto da Paz e Verdes Mares, região central do recorte,
com condições de receber mais pessoas e atividades. A SZA 2 recua em partes e
se extende em outras até a Rua do Canal, que passa a ser uma fronteira entre onde
é interessante que haja um adensamento, e áreas ambientalmente sensíveis, que
devem permanecer com ocupação espraiada, demarcadas pela SZA4.

ZONEAMENTO ATUAL ZONEAMENTO PROPOSTO


(Lei 1669/2012)

SUBZONA AMBIENTAL 1 SUBZONA AMBIENTAL 4


SUBZONA AMBIENTAL 2 SUBZONA AMBIENTAL 5
SUBZONA AMBIENTAL 3 UNIDADES DE CONSERVACAO

A SZA3, agora isolada por áreas de proteção e em uma fronteira da


ocupação da cidade, é um trecho em que pode ser interessante que haja um maior
adensamento, para que se viabilize a construção das infraestruturas necessárias
para o dia-a-dia nessa região e para que se crie ali um ambiente mais vivo e
diverso. Mantendo-se a taxa de ocupação e permeabilidade baixos (30% e 50%
são as médias atuais), e garantindo o saneamento básico da área, pode ser
intessante que o coeficiente de aproveitamento seja aumentado, para que uma
verticalização moderada de suas edificações se estabeleça.
Com essas ideias, espero contribuir para que essa área se torne o que
seus moradores vem aqui buscar: um lugar para bem viver.

onde o contato com o verde nos acalme e nos lembre de respirar,


a fluidez das águas nos lembre de sentir;
e nas praças gargalhem crianças, amantes e avós

e essa gente toda, unida e feliz, seja consciente de que


esse mundo é nosso pra cuidar.
Estou aqui de passagem
por quanto tempo não sei
Quero estar presente
enquanto estou presente
Deixo um pedaço de mim
a cada passo que dou

Migrante, numa cidade de migrantes


Parte da Terra, onde ela respira
Me sinto em casa em Rio das Ostras
BIBLIOGRAFIA SOBRE RIO DAS OSTRAS:

Prefeitura Municipal de Rio das Ostras - Plano Diretor do Município. Rio das
Ostras, 2006

Plano de Diretrizes da Mobilidade Urbana de Rio das Ostras - PDMURO, Rio


das Ostras, 2019

GOMES, Maria Laura Monnerat. Núcleo urbano de Rio das Ostras: elementos
denidores da ocupação e os impactos ambientais. Dissertação de Mestrado
em Engenharia Ambiental - Instituto Federal Fluminense. Campos dos Goytaca-
zes, 2010

RIBEIRO, Alana Ramalho Perissé. Corredores verdes multifuncionais - estudo


de caso - Rio Das Ostras. Dissertação de Mestrado em Engenharia Urbana -
Escola Politécnica da UFRJ. Rio de Janeiro, 2013.

BIBLIOGRAFIA TEÓRICO-CONCEITUAIS

BATTEMARCO, Bruna Peres - Quadro Metodológico para Avaliação Quantitativa de Pro-


jetos de Urbanização, sob a ótica da interação Agua e Cidade | Dissertação COPPE
UFRJ (2020);

LATOUR, Bruno. Onde aterrar? – Como se orientar politicamente no Antropoceno - Paris:


La Découverte, 2017

HERZOG, Cecília. Cidades para Todos: (re)aprendendo a conviver com a Natureza.


MAUAD Editora, Rio de Janeiro, 2013

LID - Low Impact Development: a design manual for urban areas - UACDC,
Arkansas, 2010

McHARG, Ian L. Design with nature - Nova York: Natural History Press, 1969

MORENO, Carlos. The 15-minute city – TED, 2021. Disponível em


<https://www.youtube.com/watch?v=TQ2f4sJVXAI>

MOSTAFAVI, Mohsen. Urbanismo Ecológico – Volume 1 : ¿Por qué urbanismo


ecológico? ¿Por qué ahora? - Cambridge: Harvard University Graduate
School of Design/Lars Müller Publishers 2010

ROGER, Richards e Philip Gumuchdjian. Cidades para um pequeno planeta -


Londres: Faber and Faber Limited, 1997
nós não defendemos a Natureza
nós somos a Natureza
defendendo a si própria

ZAD notre-dame-de-lames

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