O Discurso em Davos

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O DISCURSO DE XI JINPING EM

DAVOS E A CONSTRUÇÃO DO
SÉCULO XXI
Prof. Doutor Fernando RESUMO: O futuro do mundo será marcado pela ascensão
Roberto de Freitas Almeida da China, uma consequência direta de seu crescimento
econômico por décadas. Num momento em que o governo
Universidade Federal Fluminense dos EUA promove um ajustamento de sua posição no
(UFF), Niterói–RJ, Brasil; cenário internacional, as declarações do governo chinês,
[email protected] com vistas a um aprofundamento da globalização em bases
diferentes, mediante novas associações e projetos
grandiosos precisam ser muito bem analisadas.
Palavras-chaves: Organização de Cooperação de Xangai.
Nova Rota da Seda. Política externa dos EUA.

ABSTRACT: The future of the world will be marked by


the rise of China, a direct consequence of its economic
growth for decades. At a time when the US government is
promoting an adjustment of its position on the international
scene, the Chinese government’s statements, with a view to
deepening globalization on different bases, through new
associations and grandiose projects need to be very well
analyzed.
Key-words: Shanghai Cooperation Organization. New Silk
Route. USA foreign policy

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Muito se tem escrito sobre o processo continuado de declínio da participação da
economia estadunidense na mundial, em geral considerado como decadência dos EUA, sem
que se atente para a longa permanência da hegemonia daquele país, o emissor da moeda
internacional por excelência, além de sua notável preeminência nas áreas científica,
tecnológica, militar e cultural. Com efeito, ocorre há décadas um reajustamento, uma
readequação no sistema internacional, em razão da recuperação das economias de
concorrentes dos EUA, muito mutilados pela destruição da II Guerra Mundial. Sua enorme
distância dos europeus no imediato pós-guerra, por exemplo, que “deixou atônito” o general
Charles de Gaulle (afirmação de Jean Monnet, reproduzida por Jeffry A. Frieden, 2008) deve
ser vista como uma situação anômala que, vinte anos depois, já estava corrigida.
O fato de os EUA procurarem hoje manter sua supremacia em todas as áreas, em
especial a militar, mas terem dificuldades em conservar seus antigos aliados associados a seu
projeto (uma governança global liberal sob seu controle) ou a partilharem os custos da
manutenção do que entendem por bens públicos globais (KAGAN, 2003) chama a atenção
para a questão do aparecimento de novos poderes no ordenamento global. Alguns deles são
anti-hegemônicos, portadores de projetos próprios, defendidos com determinação.
Evidentemente, nessa arena desponta a República Popular da China, que já detém a maior
economia do mundo, pelo conceito de Paridade do Poder de Compra. Seu projeto de
modernização teve o sucesso que a perestroika soviética não teve, e como vêm demonstrando
argutos analistas ocidentais, como André Gunder Frank (2008), Giovanni Arrighi (2008) e
Loretta Napoleoni (2014), em vários aspectos mostram alternativas a serem seguidas por
outros povos de países considerados “emergentes”. Isso leva à grande inquietação por parte
dos antigos poderes há muito assentados.
Num momento em que a nova gestão na Casa Branca, por suas ações inusitadas,
parece disposta a renunciar à coordenação do ambiente globalizado, como analisou
recentemente o editor-chefe de Foreign Policy Moisés Naim (2017) aparentemente
desconsiderando que o processo de globalização é associado com frequência à
“americanização” do mundo, Xi Jinping, o presidente chinês, no Fórum Econômico Mundial,
em Davos, propõe o oposto: o avanço da globalização.
Cada vez mais, é necessário atentar para os demais agentes relevantes no sistema
internacional, entre os quais há tempos desponta a República Popular da China. O marcante
discurso de Xi Jinping, proferido em 17 de janeiro de 2017, em Davos, precisa ser difundido,
bem analisado, e segue no box:

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Estou muito contente de vir a essa bela Davos. Embora pequena cidade
nos Alpes, Davos é janela importante para tomar o pulso da economia
global. Pessoas de todo o mundo aqui vêm para trocar pensamentos e
ideias, o que amplia a visão de todos. Isso faz da reunião anual do Fórum
Econômico Mundial (FEM, ing. WEF) esse evento de brainstorming
econômico, que eu chamo de “economia de [prof. Klauss] Schwab“.
“Foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos.” Assim Charles
Dickens descreveu o mundo da Revolução Francesa.[1] Hoje, também
vivemos num mundo de contradições. Por um lado, com a crescente
riqueza material e os avanços na ciência e tecnologia, a civilização
humana se desenvolveu como nunca antes. Por outro lado, os conflitos
regionais frequentes, os desafios globais – como o terrorismo e os
refugiados –, bem como a pobreza, o desemprego e a crescente
disparidade de rendimentos contribuíram para as incertezas do mundo.
As pessoas sentem-se perplexas e perguntam-se: o que deu errado com
o mundo?
Para responder a esta pergunta, é preciso primeiro rastrear a origem do
problema. Alguns culpam a globalização econômica pelo caos no mundo.
A globalização econômica foi vista de início como a caverna do tesouro
de Ali Babá nas Mil e Uma Noites. Agora, para muitos, está convertida
na caixa de Pandora. A comunidade internacional debate ferozmente a
globalização econômica.
Hoje, desejo abordar a economia global no contexto da globalização
econômica.
O que quero dizer aqui é que muitos dos problemas que preocupam o
mundo não são causados pela globalização econômica. Por exemplo, as
ondas de refugiados do Oriente Médio e do Norte da África nos últimos
anos tornaram-se preocupação global. Vários milhões de pessoas foram
deslocadas, crianças pequenas perderam a vida ao atravessar o mar
agitado. São mortes realmente dolorosas. A guerra, o conflito e a
turbulência regional criaram este problema, e a solução deles está em se
fazer a paz, promover a reconciliação e restaurar a estabilidade.
A crise financeira internacional é outro exemplo. Não é resultado
inevitável da globalização econômica. É, sim, a consequência de o capital
financeiro perseguir exageradamente os lucros a extrair do capital
financeiro e grave falha na regulamentação das finanças. Culpar só a
globalização econômica pelos problemas do mundo não dá conta da
realidade, é inconsistente e não ajudará a resolver os problemas.
Do ponto de vista histórico, a globalização econômica resultou da
crescente produtividade social e é resultado natural do progresso
científico e tecnológico, não foi inventada por indivíduos ou países. A
globalização econômica tem impulsionado o crescimento global e
facilitado a circulação de bens e capital, os avanços da ciência, tecnologia
e civilização e as interações entre os povos. Mas também devemos
reconhecer que a globalização econômica é uma espada de dois gumes.
Quando a economia global está sob pressão descendente, é difícil fazer
o crescer o bolo da economia global. Pode mesmo acontecer de ele
encolher, o que prejudicará as relações entre crescimento e distribuição,
entre capital e trabalho, e entre eficiência e equidade. Tanto os países
desenvolvidos quanto os em desenvolvimento sentiram o soco. E muitas

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vozes contrárias à globalização distribuíram armadilhas ferozes na trilha
do processo de globalização econômica que temos de considerar
seriamente.
Como diz o verso de antigo poema chinês, “as uvas mais doces pendem
de videiras amargas. Pêssegos doces crescem em cardos e espinhos”. É
um modo filosófico de dizer que nada é perfeito no mundo. O quadro não
está completo, se só mostra os méritos, nem algo tem de ser descartado se
só se conhecem os defeitos. É verdade que a globalização econômica
criou novos problemas. Nem por isso basta esse conhecimento para
descartar completamente a globalização econômica. Em vez de descartá-
la, temos de nos adaptar e orientar a globalização econômica, amortecer
seu impacto negativo e disseminar os seus benefícios para todos os países
e todas as nações.
Tempo houve em que a China também tinha dúvidas sobre a
globalização econômica, e não tinha certeza se deveria aderir à
Organização Mundial do Comércio. Mas chegamos à conclusão de que a
integração na economia global é uma tendência histórica.
Para fazer crescer sua economia, a China tem de ter coragem para nadar
no vasto oceano do mercado global. Quem vive intimidado, sempre com
medo de enfrentar as tempestades e explorar o novo mundo, mais cedo
ou mais tarde será surpreendido e pode acabar afogado no oceano. Por
tudo isso, a China decidiu-se pelo passo corajoso, para abraçar o mercado
global.
Tivemos a nossa quota-parte de falta de ar, de quase nos afogar, e
houve redemoinhos e ondas agitadas, mas, no processo, aprendemos a
nadar. A escolha provou ser estrategicamente certa.
Goste-se ou não, a economia global é o grande oceano do qual não se
pode fugir. Não é possível cortar o fluxo de capital, tecnologias,
produtos, indústrias e pessoas entre economias, assim como é impossível
canalizar as águas oceânicas, de volta para lagos e riachos isolados.
Simplesmente não é possível. Com efeito, é contrário à tendência
histórica.
A história da humanidade nos diz que não se pode ter medo dos
problemas. Deve-nos preocupar quem se recuse a enfrentar os problemas,
não sabe o que fazer para resolvê-los e não cuide de aprender. Diante das
oportunidades e dos desafios da globalização econômica, a coisa certa a
fazer é aproveitar todas as oportunidades, enfrentar os desafios e traçar o
caminho correto para a globalização econômica.
No Encontro dos Líderes Econômicos do Fórum de Cooperação
Econômica Ásia-Pacífico (ing. APEC), Lima, Peru, 19/11/2016], falei da
necessidade de dar mais vigor ao processo de globalização econômica,
torná-lo mais inclusivo e mais sustentável.
Temos de agir proativamente e gerir a globalização econômica de modo
a libertar seu potencial positivo e reequilibrar todo o processo da própria
globalização econômica. Devemos seguir a tendência geral, a partir das
nossas respectivas condições nacionais, e tomar o caminho certo de
integração na globalização econômica, ao ritmo adequado, caso a caso.
Devemos encontrar um equilíbrio entre eficiência e equidade, para
garantir que diferentes países, diferentes estratos sociais e diferentes
grupos de pessoas compartilhem todos os benefícios da globalização

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econômica.
Os povos de todos os países do mundo não esperam nada menos que
isso, de nós. Essa é nossa inescapável responsabilidade como líderes, nos
tempos que correm.
Senhoras e senhores,
Queridos amigos,
No momento, a tarefa mais premente que temos diante de nós é tirar a
economia global da dificuldade em que está. A economia global
permaneceu lenta por algum tempo. O fosso entre os pobres e os ricos e
entre o Sul e o Norte só se amplia. A causa raiz é que três questões
críticas na esfera econômica ainda não receberam tratamento efetivo.
[OS TRÊS PRINCIPAIS PROBLEMAS]
Primeiro, a ausência de forças motrizes potentes que empurrem o
crescimento global, impede que o crescimento da economia global
permaneça constante. A economia global cresce hoje ao ritmo mais lento
dos últimos sete anos. O crescimento do comércio global é mais lento
que o crescimento do PIB global. Os estímulos políticos de curto prazo
são ineficazes. Mal se desenrola qualquer reforma estrutural fundamental.
A economia global atravessa período de movimento em direção a novos
impulsionadores do crescimento; e diminuiu o peso dos tradicionais
motores de impulsionar o crescimento. Surgiram novas tecnologias,
como a inteligência artificial e a impressão 3-D, mas não se vê sinal de
novas fontes de crescimento. Não há ainda sequer como antever qualquer
nova saída para a economia global.
Em segundo lugar, uma governança econômica global inadequada
dificulta a adaptação a novos desenvolvimentos na economia global.
Madame Christine Lagarde disse-me recentemente que os mercados
emergentes e os países em desenvolvimento já contribuem com 80% do
crescimento da economia global. O panorama econômico global mudou
profundamente nas últimas décadas. No entanto, o sistema de governança
global não assumiu, não encampou as mudanças recentes e, portanto,
tornou-se inadequado, em termos de representação e inclusividade.
A paisagem industrial global está mudando e novas cadeias industriais,
cadeias de valor e cadeias de suprimentos estão tomando forma. Contudo,
as regras do comércio e do investimento não acompanharam esta
evolução, o que resultou em problemas agudos, como os mecanismos
fechados e regras fragmentadas.
O mercado financeiro global precisa ser mais resiliente em relação aos
riscos, mas o mecanismo de governança financeira global não consegue
satisfazer a nova exigência e, portanto, não tem meios para resolver
eficazmente problemas como a frequente volatilidade dos mercados
financeiros internacionais e as bolhas de ativos, que se acumulam.
Em terceiro lugar, o desenvolvimento global desigual dificulta a
satisfação das expectativas de melhores condições de vida, que todas as
pessoas têm.
Dr. Schwab observou em seu livro A Quarta Revolução Industrial que a
atual rodada de revolução industrial terá impactos amplos e de longo
alcance, como a desigualdade crescente; e especialmente a possível
ampliação da distância entre retorno do capital e retorno sobre o trabalho.
O 1% mais rico da população do mundo possui mais riqueza do que os

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restantes 99%. A desigualdade na distribuição de renda e no espaço de
desenvolvimento é preocupante. Mais de 700 milhões de pessoas no
mundo ainda vivem em extrema pobreza. Para muitas famílias, uma casa
aquecida, comida suficiente e emprego seguro ainda é sonho distante.
Este é o maior desafio que o mundo enfrenta atualmente. É também o que
está por trás da turbulência social em alguns países.
Tudo isso mostra que existem de fato problemas com o crescimento
econômico mundial, governança e modelos de desenvolvimento, e eles
precisam ser resolvidos. O fundador da Cruz Vermelha, Henry Dunant,
disse uma vez: “Nosso verdadeiro inimigo não é o país vizinho; É a
fome, a pobreza, a ignorância, a superstição e o preconceito”.
[O QUE FAZER]
Precisamos ter visão para dissecar esses problemas. Mais importante,
precisamos ter a coragem de tomar medidas para enfrentá-los.
– INOVAR (mas na direção correta)
Primeiro, devemos desenvolver um modelo de crescimento dinâmico e
orientado para a inovação. A questão fundamental que assola a economia
global é a falta de força motriz para crescer. A inovação é a principal
força que orienta o desenvolvimento.
Ao contrário das revoluções industriais anteriores, a quarta revolução
industrial está se desenvolvendo em um ritmo exponencial, não em ritmo
linear. Temos de buscar implacavelmente a inovação. Só com coragem
para inovar e reformar podemos eliminar os estrangulamentos que
bloqueiam o crescimento e o desenvolvimento globais.
Com isso em mente, os líderes do G-20 chegaram a um consenso
importante na Cúpula de Hangzhou: assumir a inovação como fator
chave e promover nova força motriz de crescimento, tanto para os países
nacionalmente considerados, como para a economia global.
Temos de desenvolver uma nova filosofia de desenvolvimento e superar
o debate sobre se deve haver mais estímulo fiscal ou mais flexibilização
monetária.
Devemos adotar uma abordagem multifacetada, para abordar os
sintomas e os problemas subjacentes.
Devemos adoptar novos instrumentos de política e avançar a reforma
estrutural para criar mais espaço para o crescimento e para manter o
ímpeto do crescimento.
Devemos desenvolver novos modelos de crescimento e aproveitar as
oportunidades apresentadas pela nova rodada de revolução industrial e
economia digital.
Devemos enfrentar os desafios das alterações climáticas e do
envelhecimento da população.
Devemos abordar o impacto negativo da aplicação de TI e automação
nos trabalhos.
Ao cultivar novas indústrias e novos modelos de modelos de negócios,
temos de cuidar para criar novos empregos e restaurar a confiança e
esperança para os nossos povos.
– Modelo de cooperação aberta ganha-ganha
Em segundo lugar, devemos prosseguir uma abordagem bem
coordenada e interligada para desenvolver um modelo de cooperação
aberta e ganha-ganha.

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Hoje, a humanidade tornou-se uma comunidade unida, de futuro
compartilhado. Os países têm amplos interesses convergentes e são
mutuamente dependentes. Todos os países gozam do direito ao
desenvolvimento. Ao mesmo tempo, devem considerar seus próprios
interesses, em contexto mais amplo e abster-se de buscá-los em
detrimento de outros.
Devemos comprometer-nos a crescer uma economia global aberta, para
compartilhar oportunidades e interesses mediante a abertura, para
alcançar resultados ganha-ganha. Se diante de cada tempestade recuamos
até o porto de partida, nunca chegaremos à outra margem do oceano.
Devemos redobrar esforços para desenvolver a conectividade global,
para permitir que todos os países consigam crescimento interconectado e
compartilhem prosperidade.
Devemos continuar empenhados em desenvolver o livre comércio e o
investimento global, promover a liberalização e a facilitação do comércio
e dos investimentos com abertura cada vez mais ampla.
Devemos dizer não protecionismo. Perseguir o protecionismo é como
se autobloquear a si mesmo num quarto escuro. Se assim se bloqueia
vento e chuva, assim também se bloqueia a luz e o ar. Numa guerra
comercial, ninguém emergirá como vencedor.
– MODELO DE GOVERNANÇA JUSTA E EQUITATIVA
Terceiro, devemos desenvolver um modelo de governança justa e
equitativa, de acordo com a tendência dos tempos. Como diz o ditado
chinês, gente de cabeça fraca prefere questões triviais; gente de cabeça
forte prefere questões de mando e da governança.
Há um apelo crescente da comunidade internacional para que se
reforme o sistema de governação econômica global – e essa é tarefa
urgente para nós.
Só quando se adaptar a novas dinâmicas da arquitetura econômica
internacional, o sistema de governança global conseguirá sustentar o
crescimento global.
Países, grandes ou pequenos, fortes ou fracos, ricos ou pobres, são
todos membros iguais da comunidade internacional. Como tal, têm o
direito de participar na tomada de decisões, gozar de direitos e cumprir as
suas obrigações em pé de igualdade. Os mercados emergentes e os países
em desenvolvimento merecem maior representação e voz.
A reforma das quotas do FMI de 2010 entrou em vigor e a sua dinâmica
deve ser mantida. Devemos aderir ao multilateralismo, para defender a
autoridade e a eficácia das instituições multilaterais.
Devemos honrar as promessas e cumprir as regras. Não se pode
escolher ou dobrar as regras como um ou outro bem entenda.
O Acordo de Paris foi duramente conquistado. E está de acordo com a
tendência subjacente do desenvolvimento global. Todos os signatários
devem cumpri-lo, em vez de se afastar dele, pois esta é uma
responsabilidade que devemos assumir para as gerações futuras.
– Uma filosofia e um modelo de desenvolvimento sólido; e tornar o
desenvolvimento equitativo, eficaz e equilibrado.
Em quarto lugar, devemos desenvolver um modelo de desenvolvimento
equilibrado, equitativo e inclusivo. Como dizemos os chineses: “Todos
devemos perseguir a causa justa, para o bem comum”.

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Desenvolvimento é necessidade, em última análise, de todas as pessoas.
Para alcançar um desenvolvimento mais equilibrado e assegurar que as
pessoas tenham igual acesso às oportunidades e participem dos
benefícios do desenvolvimento, é crucial ter uma filosofia e um modelo
de desenvolvimento sólido e tornar o desenvolvimento equitativo, eficaz
e equilibrado.
Devemos fomentar uma cultura que valorize a diligência, a frugalidade
e o empreendimento de todos, e respeite os frutos do trabalho árduo de
todos.
Deverá ser dada prioridade à luta contra a pobreza, o desemprego, o
aumento da disparidade de rendimentos, e às preocupações dos
desfavorecidos para promover a igualdade e justiça sociais.
– Buscar a harmonia entre o homem e a natureza e entre o homem e a
sociedade
É importante proteger o meio ambiente, procurando o progresso
econômico e social, de modo a alcançar a harmonia entre o homem e a
natureza e entre o homem e a sociedade.
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável deve ser
implementada, para alcançar um desenvolvimento equilibrado em todo o
mundo.
Adágio chinês diz: “A vitória é garantida, quando as pessoas juntam
suas forças. O sucesso é garantido quando as pessoas se juntam”.
Se mantivermos a meta de construir uma comunidade de futuro
compartilhado para a humanidade e se trabalharmos lado a lado para
cumprir nossas responsabilidades e superar as dificuldades, seremos
capazes de criar um mundo melhor e de proporcionar melhores vidas
para os nossos povos.
Senhoras e senhores,
Queridos amigos,
A China tornou-se a segunda maior economia do mundo graças a 38
anos de reforma e abertura. Caminho correto leva a futuro brilhante.
A China chegou até aqui porque o povo chinês, sob a liderança do
Partido Comunista da China, abriu um caminho de desenvolvimento
realmente adaptado às condições reais da China.
Este é caminho firmemente baseado nas realidades da China.
Nos últimos anos, a China vem conseguindo empreender um caminho
de desenvolvimento bem adequado tanto à sabedoria de sua civilização,
quanto às práticas de outros países, tanto no Oriente como no Ocidente.
Ao explorar esse caminho, a China se recusa a permanecer insensível
aos tempos em mudança; e a seguir sem refletir passos de outros. Todos
os caminhos levam a Roma. Nenhum país deve considerar o seu próprio
caminho de desenvolvimento como o único viável. Muito menos deve
tentar impor a outros o seu próprio caminho de desenvolvimento a outros.
O caminho que a China escolheu e aqui expomos, põe em primeiro lugar
os interesses das pessoas. A China segue uma filosofia de
desenvolvimento orientada para as pessoas e está empenhada em
melhorar a vida das pessoas.
Desenvolvimento é trabalho do povo, é construção do povo e deve
beneficiar o povo. A China persegue o objetivo da prosperidade comum.
Tomamos medidas importantes para aliviar a pobreza e retirar mais de

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700 milhões de pessoas da pobreza, e continuamos avançando nos nossos
esforços para completar a construção de uma sociedade de prosperidade
inicial, em todos os aspectos.
O caminho da China é caminho para fazer reformas e inovar. A China
sempre enfrentou com reformas as dificuldades e os desafios em seu
caminho.
A China tem dado provas de coragem diante de questões difíceis que
enfrentamos, de que sabemos navegar em corredeiras traiçoeiras e
remover barreiras institucionais que estejam no caminho do
desenvolvimento. Esses esforços nos qualificam para estimular a
produtividade e a vitalidade social.
Com base nos progressos de 30 anos de reformas, introduzimos mais de
1.200 medidas de reforma nos últimos quatro anos – o que injetou ímpeto
poderoso no desenvolvimento da China.
O caminho da China é caminho para chegar ao desenvolvimento para
todos mediante a abertura. A China está comprometida com uma política
fundamental de abertura e prossegue uma estratégia de abertura e ganha-
ganha.
O desenvolvimento da China é simultaneamente nacional e orientado
para o exterior: enquanto se desenvolve, a China também compartilha
mais de seus resultados de desenvolvimento, com outros países e povos.
Realizações de desenvolvimento de destaque da China e os padrões de
vida muito melhorada do povo chinês são uma bênção para a China e
para o mundo. Tais conquistas no desenvolvimento ao longo das últimas
décadas devem-se ao trabalho árduo e perseverança do povo chinês, uma
qualidade que define a nação chinesa há milhares de anos.
Nós chineses sabemos muito bem que não há almoço grátis. Para um
país grande com mais de 1,3 bilhão de pessoas, o desenvolvimento só
pode ser alcançado com a dedicação e incansáveis esforços do próprio
povo chinês.
Não podemos esperar que os outros ofereçam desenvolvimento à China.
Nem ninguém teria meios para fazê-lo.
[SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA CHINA]
Ao avaliar o desenvolvimento da China, não se deve apenas ver os
benefícios que o povo chinês obteve, mas também o esforço de todos os
chineses; não só os feitos da China, mas também o que a China tem feito
para o mundo. Assim afinal chegaremos a uma conclusão equilibrada
sobre o desenvolvimento da China.
Entre 1950 e 2016, apesar de seu modesto nível de desenvolvimento e
padrão de vida, a China proporcionou mais de 400 bilhões de yuans de
assistência externa, realizou mais de 5.000 projetos de assistência
externa, incluindo quase 3.000 projetos completos e realizou mais de
11.000 oficinas de treinamento na China para mais de 260.000 pessoas de
outros países em desenvolvimento. Desde que lançou a Reforma e
Abertura, a China atraiu mais de US $ 1,7 trilhão de investimento
estrangeiro e fez mais de US $ 1,2 trilhão de investimento direto de saída,
fazendo enorme contribuição para o desenvolvimento econômico global.
Nos anos que se seguiram ao início da crise financeira internacional, a
China contribuiu com mais de 30% do crescimento global anualmente em
média. Todos esses números estão entre os mais altos do mundo.

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Os números falam por si mesmos. O desenvolvimento da China é uma
oportunidade para o mundo. A China não só se beneficiou da
globalização econômica, mas também contribuiu para ela. O rápido
crescimento na China tem sido um motor sustentado e poderoso para a
estabilidade econômica global e expansão. O desenvolvimento
interligado da China e de um grande número de outros países tornou a
economia mundial mais equilibrada. A notável realização da China na
redução da pobreza contribuiu para um crescimento global mais
inclusivo. E o progresso contínuo da China em reformas e abertura deu
muito impulso a uma economia mundial aberta.
Nós chineses sabemos muito bem o que é preciso para alcançar a
prosperidade, por isso aplaudimos as realizações feitas por outros e
desejamos-lhes um futuro melhor. Não temos ciúmes do sucesso dos
outros. Não vamos reclamar de outros que se beneficiaram tanto das
grandes oportunidades apresentadas pelo desenvolvimento da China.
Vamos abrir nossos braços para o povo de outros países e recebê-los a
bordo do trem expresso do desenvolvimento da China.
Senhoras e senhores,
Queridos amigos,
Sei que todos vocês estão acompanhando de perto o desenvolvimento
econômico da China, e permitam-me oferecer-lhes uma atualização sobre
o estado da economia da China.
A economia chinesa entrou no que chamamos de um novo normal.
Observam-se grandes mudanças em termos de taxa de crescimento,
modelo de desenvolvimento, estrutura econômica e motores do
crescimento. Mas os fundamentos econômicos que sustentam o
desenvolvimento sólido permanecem inalterados.
Apesar de uma economia global lenta, a economia de China deve
crescer 6,7% em 2016, ainda um dos índices mais altos do mundo. A
economia da China é muito maior em tamanho hoje, do que no passado, e
agora gera mais produção do que a que tivemos com crescimento de dois
dígitos, no passado. O consumo doméstico e o sector dos serviços
tornaram-se os principais motores do crescimento. Nos três primeiros
trimestres de 2016, o valor agregado da indústria terciária absorveu
52,8% do PIB e o consumo interno contribuiu para 71% do crescimento
econômico. O rendimento e o emprego dos agregados familiares
aumentaram de forma constante, enquanto o consumo de energia por
unidade de PIB continua a diminuir. Nossos esforços para buscar o
desenvolvimento verde estão dando frutos.
A economia chinesa enfrenta uma pressão descendente e muitas
dificuldades, incluindo a falta de correspondência entre o excesso de
capacidade e a estrutura de demanda, a falta de força motriz interna para
o crescimento, a acumulação de riscos financeiros e desafios crescentes
em determinadas regiões. Nós vemos esses pontos como dificuldades
temporárias que acontecem pelo caminho. E as medidas que tomamos
para resolver esses problemas estão produzindo bons resultados. Estamos
firmes em nossa determinação em avançar.
A China é o maior país em desenvolvimento do mundo, com mais de
1,3 bilhão de pessoas, e seus padrões de vida ainda não são altos. Mas
esta realidade também significa que a China tem enorme potencial e

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muito espaço para o desenvolvimento. Orientados pela visão de
desenvolvimento inovador, coordenado, verde, aberto e compartilhado,
vamos nos adaptar ao novo normal, ficar à frente da curva, e fazer
esforços coordenados para manter o crescimento constante, acelerar a
reforma, ajustar a estrutura econômica, melhorar o padrão de vida das
pessoas. E afastar riscos. Com estes esforços, pretendemos atingir uma
taxa de crescimento médio-alto e melhorar a economia para o topo da
cadeia de valor.
[O QUE A CHINA FARÁ]
A China se esforçará para melhorar o desempenho do crescimento
econômico. Vamos prosseguir a oferta do lado da reforma estrutural
como o objetivo geral, mudar o modelo de crescimento e atualizar a
estrutura econômica.
Continuaremos a reduzir o excesso de capacidade, a reduzir o
inventário, a fazer aparecer meios para financiamento, a reduzir os custos
e a reforçar os elos fracos.
Vamos fomentar novos impulsionadores do crescimento, desenvolver
um setor de manufatura avançado e atualizar a economia real.
Implementaremos o plano de ação da Internet Plus para aumentar a
demanda efetiva e atender melhor às necessidades individualizadas e
diversas dos consumidores.
E faremos mais para proteger o ecossistema.
A China impulsionará a vitalidade do mercado para dar novo impulso
ao crescimento. Intensificaremos os esforços de reforma em áreas
prioritárias e os elos-chave, e permitiremos que o mercado desempenhe
um papel decisivo na alocação de recursos.
A inovação continuará a ocupar um lugar proeminente na nossa agenda
de crescimento. Sempre mantendo a estratégia de desenvolvimento
orientada para a inovação, reforçaremos as indústrias estratégicas
emergentes, aplicaremos novas tecnologias e fomentaremos novos
modelos de negócios para melhorar as indústrias tradicionais. Vamos
impulsionar novos impulsionadores do crescimento e revitalizar os
tradicionais.
A China promoverá um ambiente propício e ordenado para o
investimento. Vamos ampliar o acesso ao mercado para os investidores
estrangeiros, construir zonas-piloto de livre-comércio de alto padrão,
fortalecer a proteção dos direitos de propriedade e nivelar o campo de
jogo para tornar o mercado da China mais transparente e mais bem
regulado.
Nos próximos cinco anos, a China deverá importar US $ 8 trilhões de
bens, atrair US $ 600 bilhões de investimento estrangeiro e fazer US $
750 bilhões em investimentos de saída. Os turistas chineses farão 700
milhões de visitas ultramarinas.
Tudo isso criará um mercado maior, mais capital, mais produtos e mais
oportunidades de negócios para outros países. O desenvolvimento da
China continuará a oferecer oportunidades para as comunidades
empresariais de outros países. A China manterá sua porta aberta e não a
fechará. Uma porta aberta permite que outros países cheguem ao mercado
chinês e que a própria China integre-se ao mundo. E esperamos que
outros países também mantenham sua porta aberta para os investidores

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chineses e mantenham o campo de jogo aberto para nós.
A China promoverá vigorosamente um ambiente externo de abertura
para o desenvolvimento comum. Promoveremos a construção da Área de
Livre Comércio da Ásia-Pacífico e as negociações da Parceria
Econômica Global Regional, para formar uma rede global de acordos de
comércio livre. A China defende a conclusão de acordos de livre
comércio regionais abertos, transparentes e vantajosos para todos; e se
opõe a formar grupos exclusivos que são fragmentados na natureza.
A China não tem intenção de aumentar sua competitividade comercial,
desvalorizando o RMB, e ainda menos lançará uma guerra cambial.
Há mais de três anos, apresentei a iniciativa “Um Cinturão, Uma
Estrada” [ing. One Belt, One Road, OBOR “Novas Rotas da Seda”.
Desde então, mais de 100 países e organizações internacionais deram
respostas calorosas e apoio à iniciativa. Mais de 40 países e organizações
internacionais assinaram acordos de cooperação com a China, e nosso
círculo de amigos ao longo do “Cinturão e Estrada” está crescendo.
Empresas chinesas fizeram mais de US $ 50 bilhões de investimentos e
lançaram uma série de grandes projetos nos países ao longo das rotas,
estimulando o desenvolvimento econômico desses países e criando
muitos empregos locais. A iniciativa “Cinturão e Estrada” teve origem na
China, mas tem trazido benefícios para muito além das fronteiras da
China.
Em maio deste ano, a China vai sediar em Pequim o Fórum Cinturão e
Estrada [ing. Belt and Road Forum para a Cooperação Internacional, que
tem como objetivo discutir formas de aumentar a cooperação, construir
plataformas de cooperação e compartilhar resultados de cooperação. O
fórum também explorará formas de abordar os problemas enfrentados
pela economia global e regional, criar nova energia para prosseguir o
desenvolvimento interconectado e novos meios para que a Iniciativa
Cinturão e Estrada ofereça maiores benefícios para as pessoas dos países
envolvidos.
Senhoras e senhores,
Queridos amigos,
A história mundial mostra que o caminho da civilização humana nunca
foi suave e que a humanidade fez progressos cada vez que superou
dificuldades. Nenhuma dificuldade, por mais assustadora que seja,
impedirá a humanidade de avançar. Frente às dificuldades, pouco ajuda
nos queixar de nós mesmos, culpar os outros, perder a confiança ou fugir
das responsabilidades. Devemos juntar as mãos e enfrentar o desafio. A
história é criada pelos valentes. Vamos aumentar a confiança, agir e
marchar de braços dados em direção a um futuro brilhante.
Obrigado.
Tradução: Vila Vudu
FONTE: http://waltersorrentino.com.br/2017/02/03/presidente-chines-
xi-jinping-aborda-em-davos-aspectos-das-tensoes-mundiais-discurso-ao-
forum-economico-de-davos/
[1] A frase aparece em Um Conto de Duas Cidades (1859) sobre a
Revolução Francesa, não a Revolução Industrial, como se lê na versão
em inglês desse discurso. Sem poder verificar em chinês o que o pres. Xi
realmente disse, ficam a correção no texto, e a nota, aqui [NTs].

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Chomsky (2017, p, 93) afirmou:
O declínio norte-americano é uma realidade, embora a sua versão
apocalíptica reflita a percepção bastante conhecida da classe dominante de
que qualquer outra coisa exceto o controle total acarreta o desastre total.
Apesar dos patéticos lamentos, os Estados Unidos continuam sendo, por
larga margem, o maior poder do mundo, a potência mundial dominante, e
não há competidores à vista, e não apenas em dimensões militares, nas quais,
é claro, os EUA reinam supremos.

Concomitantemente, o republicano Donald Trump desfaz a Parceria Trans-Pacífico,


retira seu país do Acordo de Paris, e se atrita com vizinhos próximos e inimigos e adversários
distantes. A China, em resposta, relança de modo espetacular a ideia da Rota da Seda e, na
última cúpula da Organização de Cooperação de Xangai1, OCX, em Astana, capital do
Cazaquistão, a maior associação política do mundo, em área e população, foram incorporados
Índia e Paquistão. A OCX agora reúne quatro potências nucleares (China, Índia, Paquistão e
Rússia) e vem discutindo alternativas ao dólar e à Otan. Inicialmente preocupada em
combater o que os chineses consideram os “três males” (terrorismo, separatismo e
extremismo), a entidade atualmente se preocupa em soluções “asiáticas” para dilemas da
região e poderá aceitar futuramente o Irã como membro.
A antiga Pérsia, além de seu poder próprio, exerceu papel relevante nas relações Leste-
Oeste por séculos, e poderá retomar algo dessa situação. A China lançou o projeto “Uma
região, uma estrada”, para a retomada da milenar Rota da Seda, com previsão de mais de US$
1 trilhão em investimentos em infraestrutura. Abarcará mais de sessenta países, cobrindo a
Europa, Ásia e África. O governo de Teerã sabe que administra o território estrategicamente
localizado no centro desse projeto gigantesco, o que dá ao país um aspecto focal para a China.
Os iranianos também, hoje, sentem-se em débito com os chineses, que os apoiaram – e
apoiam – diante do embargo estabelecido pelos EUA e seus aliados, como apontou Arash
Khamooshi (2017).
Maior aproximação entre a União Econômica Eurasiana, liderada pela Rússia, com o
projeto do que vem realmente a ser as “Novas Rotas da Seda”, a Organização de Cooperação
de Xangai , articulando o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura e o Novo Banco
de Desenvolvimento, levará a amplas movimentações mundo afora.
Esta Organização foi anunciada com os objetivos de aproximar a região, conforme
referência anterior, no que se refere à cooperação em segurança, notadamente quanto a
ameaças de terrorismo, extremismos e separatismo, mas as cooperações em economia e
aspectos culturais ganham cada vez mais destaque.
1
Fundada em 2001, com Cazaquistão, China, Quirguistão, Rússia, Tajiquistão e Uzbequistão.

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A tabela 01 apresenta os principais dados econômicos de seus participantes e do Irã,
podendo-se perceber, de imediato, que quase a metade da população mundial se encontra
dentro das fronteiras desses países.

Tabela 01: Organização para a Cooperação de Xangai – indicadores socioeconômicos – 2016

¹ julho de 2016
² Paridade do Poder de Compra em 2016
FONTE: World Factbook/CIA

Evidentemente, a recuperação de parcela da capacidade russa de atuação no sistema


internacional, o acentuado protagonismo econômico chinês e o imenso potencial da Índia
criam expectativas de maior expressão do poder concentrado no espaço da OCX. Expectativas
que incluem sua capacidade de resposta à aliança militar ocidental, a Otan, e ao poder do
dólar na economia global.
Um belo jogo de xadrez está em curso, com novos movimentos, de consequências
pouco previsíveis. Caso o Brasil ainda tivesse um projeto de política externa, estaria
participando ativamente dessa movimentação histórica e irreversível.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARRIGHI, Giovanni. Adam Smith em Pequim. Origens e fundamentos do século XXI.


São Paulo: Boitempo, 2008.

CHOMSKY, Noam. Quem manda no mundo? São Paulo: Planeta, 2017.

FRANK, André Gunder. Tigre de papel, dragão de fogo. In: SANTOS, Theotônio dos
(coord.). Os impasses da globalização. Hegemonia e contra-hegemonia (vol. 1). Rio de
Janeiro: PUC Rio, São Paulo: Loyola, 2003.

FRIEDEN, Jeffry A. Capitalismo global. História econômica e política do século XX. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.

KAGAN, Robert. Do paraíso e do poder. Os Estados Unidos e a Europa na Nova Ordem


Mundial. Rio de Janeiro: Rocco, 2003.

NAPOLEONI, Loretta. Maonomics. Porque os comunistas chineses se saem melhores


capitalistas do que nós. Rio de Janeiro: Bertrand-Brasil, 2014.

Pesquisa na Internet
http://waltersorrentino.com.br/2017/02/03/presidente-chines-xi-jinping-aborda-em-davos-
aspectos-das-tensoes-mundiais-discurso-ao-forum-economico-de-davos/

KHAMOOSHI, Arash. http://exame.abril.com.br/mundo/para-a-china-o-ira-e-o-novo-centro-


de-tudo/

NAIM, Moisés. Quem substitui os EUA, disponível em


internacional.estadao.com.br/notícias.geral-quem-substitui-os-eua-70001826217

Sobre o autor
Fernando Roberto de Freitas Almeida é economista formado pela Faculdade de Ciências
Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em 1976. Graduado em Histoire et
Civilisation, pela Aliança Francesa/Université de Nancy, em 1987. Mestre em História, na
área de Relações Internacionais, pela Uerj. Doutor em História Política, pela Universidade do
Estado do Rio de Janeiro. Formado em Fotografia, pela Fundação Calouste Gulbenkian, em
1980. Professor adjunto do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal
Fluminense, lecionando no Departamento de Relações Internacionais e Estudos Estratégicos e
no Programa de Pós Graduação em Estudos Estratégicos. Vice-coordenador do curso de
graduação em Relações Internacionais da UFF e do Núcleo de Estudos Estratégicos
Avançados do Inest. Consultor da revista Animal Business Brasil, da Sociedade Nacional de
Agricultura. Membro da Associação Brasileira de Arte Fotográfica. Experiência nas áreas de
Economia Agrícola e História, atuando principalmente nos seguintes temas: segurança
alimentar, comércio internacional, Economia Política Internacional e Relações Internacionais.

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