Esboço Sobre o Livro de Apocalipse - v.1.0 - Bruce Anstey

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Esboço sobre o Livro de

APOCALIPSE

As Coisas que em Breve


Devem Acontecer

Bruce Anstey
ESBOÇO SOBRE O LIVRO DE APOCALIPSE – As Coisas que em Breve Devem Acontecer
Bruce Anstey

Originalmente publicado por:


CHRISTIAN TRUTH PUBLISHING
12048 – 59th Ave.
Surrey, BC V3X 3L3
CANADÁ

Título do original em inglês: THE BOOK OF REVELATION – Things Which Must Shortly Came to Pass
Terceira edição – julho 2016
Version 1.5

Traduzido, publicado e distribuído no Brasil com autorização do autor por:


ASSOCIAÇÃO VERDADES VIVAS, uma associação sem fins lucrativos, cujo objetivo é divulgar o evangelho e a sã doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo.
[email protected]

abril
Primeira edição em português – abril 2019
E-book v.1.0

Abreviaturas utilizadas:
ARC – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida – SBB 1969
ARA – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada – SBB 1993
TB – Tradução Brasileira – 1917
ACF – João Ferreira de Almeida – Corrigida Fiel – SBTB 1994
AIBB – João Ferreira de Almeida – Imprensa Bíblica Brasileira – 1967
JND – Tradução inglesa de John Nelson Darby
KJV – Tradução inglesa King James

Todas as citações das Escrituras são da versão ARC, a não ser que outra esteja indicada.
ESBOÇO SOBRE O LIVRO DE
APOCALIPSE
INTRODUÇÃO
O livro de Apocalipse se refere a “coisas que brevemente devem acontecer”, que é profecia – a revelação de eventos
futuros (v. 1). A profecia bíblica é realmente a história escrita antes de acontecer. Visto que todas as obras de Deus são conhecidas por
Ele desde a eternidade passada (At 15:18), não custa nada para Ele nos dizer o futuro antes que aconteça. Contudo, Deus não nos
revelou coisas futuras para despertar a curiosidade de nossas mentes inquisitivas, mas para que elas possam ter um efeito prático e
influenciar nossas vidas.
O Apocalipse é um livro de julgamento e bênção. Começa com o julgamento daqueles que compõem a casa de Deus hoje –
a igreja professa (1 Pe 4:17). Então, depois que a verdadeira Igreja é chamada para o céu no Arrebatamento, ele nos dá detalhes sobre o
julgamento daqueles que ficaram na Terra na Cristandade, em Israel e nas nações gentias. Encerra-se com bênção no céu e na Terra, e
todas as coisas sendo ordenadas de acordo com a mente de Deus, e Cristo tendo Seu lugar de direito sobre tudo (Ez 21:27).
Principais Divisões do Livro
O livro tem três divisões principais, conforme indicado pelas palavras do Senhor no capítulo 1:19. Elas são:
1) “As coisas que tens visto” – Capítulo 1.
2) “As coisas que são” – Capítulos 2-3.
3) “As coisas que depois destas hão de acontecer” – Capítulos 4-22
AS COISAS
QUE TENS VISTO
(Capítulo 1)

O Prefácio – Cap. 1:1-3


O apóstolo João começa afirmando que este livro é a “Revelação de Jesus Cristo”. É o título inspirado. É digno de nota
que ao dar essa profecia o Senhor a “significou ao Seu servo João” (v. 1 – TB). Isso quer dizer que o meio de comunicação é
simbólico. Tentar interpretar o livro literalmente nos deixará irremediavelmente destituídos de seu significado e aplicação.
Embora o livro seja escrito em simbolismo, os símbolos em si representam coisas literais e, nesse sentido, acreditamos em
uma interpretação literal das Escrituras. João nos diz que há uma bênção especial para aqueles que simplesmente “leem”, “ouvem” e
“guardam” (mas não necessariamente entendem) as palavras deste livro.

A Saudação – Cap. 1:4-6


O livro de Apocalipse foi escrito “às sete igrejas que estão na Ásia” (v. 4). Pode ser feita uma leitura dessas igrejas pelo
seu valor prático e, dessa maneira, muito pode ser colhido disso. Mas a interpretação principal dessas igrejas mostra uma história
profética da Igreja na Terra – desde o Pentecostes até a vinda do Senhor (o Arrebatamento). Como foi dado à Igreja como um todo,
significa que o Senhor deu este livro de profecia à Igreja para seu proveito. Alguns pensam que a profecia não é para a Igreja, mas
esses versículos claramente removem essa falsa ideia. O Senhor quer que os Cristãos saibam sobre os eventos futuros que conduzem
finalmente ao Seu reinado no Milênio.
O efeito apropriado da leitura deste livro de profecia levará à adoração, louvor e ações de graças ao Senhor Jesus Cristo.
1
Isso é ilustrado na doxologia de louvor de João (v. 6b). Enquanto estamos na Terra e sabemos em parte, nosso louvor a Ele é limitado.
Isso é ilustrado no fato de que o louvor mencionado aqui tem apenas duas notas – “glória e poder”. No céu, descobrimos que o louvor
do Cordeiro será completo, conforme indicado nas sete notas de louvor no capítulo 5.

O Duplo Propósito do Livro – Cap. 1:7-8


V. 7 – O objetivo do livro é duplo:
O primeiro é mostrar que toda a humanidade dará conta do modo como viveu neste mundo e será julgada de acordo, quando
Cristo intervier em Sua Aparição, para colocar este mundo em ordem.
O segundo é mostrar como Deus irá trabalhar para alcançar o Seu fim último de exaltar e glorificar o Senhor Jesus Cristo na
mesma cena em que Ele foi desonrado e rejeitado pelos homens.

A Vinda do Senhor
O anúncio é feito: “Eis que vem”. Esta é a primeira menção da vinda do Senhor no livro. As Escrituras indicam que
existem duas fases distintas para a Sua vinda, as quais o estudioso de profecias deve tomar nota, se quiser entender a ordem dos
eventos proféticos na Bíblia. A principal diferença é:
A primeira fase de Sua vinda tem a ver com o Senhor levando Seus santos ao céu em um estado glorificado. Isto envolverá
ressuscitar dentre os mortos os santos do Novo e do Velho Testamento num estado glorificado, e transformar os santos vivos
nesse mesmo estado glorificado, e então levá-los todos juntos para o céu (Mt 25:6, 10-13; Jo 14:2-3; 1 Co 15:23, 51-56; Fp 3:20-
21; 1 Ts 4:15-18; 2 Ts 2:1, 3:5; Tt 2:13a; Hb 9:28, 10:37, 11:40; Ap 1:7, 3:10-11, 22:20). Isso tem sido chamado de Rapto – uma
palavra tirada do latim, significando “arrebatado”.
A segunda fase tem a ver com o Senhor trazendo do céu Consigo os santos glorificados quando Ele aparece para julgar o mundo
em justiça e estabelecer Seu reino milenar (Mt 24:27, 30, 36-41, 25:31, 26:64; 1 Ts 3:13, 4:14; 2 Ts 1:7-10, 2:8-9; Jd 14-15; Ap
11:15, 14:14-16, 16:15, 19:10-21). Isso é chamado de “a revelação de Jesus Cristo” (2 Ts 1:7; 1 Pe 1:13, 4:13) ou “a
Aparição” de Cristo (2 Ts 2:8; Mt 24:30; Cl 3:4; Tt 2:13; 2 Tm 4:1, 8; 1 Jo 3:2).
Os santos do Velho Testamento sabiam algo sobre a REVELAÇÃO (a Aparição – Is 30:27-28; Jd 14-15; Zc 14:5), mas eles
não sabiam sobre o ARREBATAMENTO e a glorificação dos santos. Esta última é algo que não foi revelado até os tempos do Novo
Testamento (1 Co 15:51-56; Fp 3:20-21; 1 Ts 4:15-18). Embora o Senhor venha do céu em ambas as ocasiões, essas duas fases são
muito diferentes. Algumas dessas diferenças são:
O Arrebatamento ocorrerá quando o Senhor vier para Seus santos (Jo 14:2-3); a Aparição de Cristo ocorrerá quando Ele vier
com Seus santos que foram levados ao céu no Arrebatamento (1 Ts 3:13, 4:14; Jd 14; Zc 14:5).
O Arrebatamento ocorre antes do início do período de sete anos da tribulação (Ap 3:10), e a Aparição de Cristo ocorre “logo
depois da tribulação” (Mt 24:29-30 – AIBB).
O Arrebatamento pode acontecer a qualquer momento (Mt 25:13), mas a Aparição de Cristo não ocorrerá até sete anos após o
Arrebatamento (Cl 3:4).
No Arrebatamento, o Senhor virá secretamente, “num piscar de olhos” (1 Co 15:52 – JND); na Sua Aparição Ele virá
publicamente e todo olho O verá (Ap 1:7).
No Arrebatamento, Ele virá para libertar a Igreja (1 Ts 1:10); na Sua Aparição, Ele virá libertar Israel (Sl 6:1-4). A Igreja será
livrada de entrar na tribulação (Ap 3:10), enquanto os judeus passarão por ela, mas serão livrados no final, quando o Senhor
levar a tribulação ao seu fim.
No Arrebatamento, Ele virá nos ares para Sua Igreja porque é Seu povo celestial (1 Ts 4:15-18); na Sua Aparição, Ele voltará à
Terra (o Monte das Oliveiras) para Israel, porque é Seu povo terrenal (Zc 14:4-5).
No Arrebatamento, Ele tirará os crentes deste mundo e deixará o ímpio para trás (Jo 14:2-3); em Sua Aparição, os ímpios serão
tirados do reino dos céus em juízo e os crentes (aqueles que foram convertidos pelo evangelho do reino que será pregado durante
a tribulação) serão deixados para desfrutar da bênção na Terra (Mt 13:41-43, 25:41).
No Arrebatamento, Ele virá para liberar Seus santos (a Igreja) da “ira” vindoura (1 Ts 1:10); na Sua Aparição, Ele virá para
liberar a “ira” (Ap 19:15).
No Arrebatamento, o Senhor virá como “o Esposo” (Mt 25:10), mas na Aparição Ele virá como “o Filho do Homem” (Mt
24:30, 37, 39, 44, etc.).
No Arrebatamento, Ele virá como a “Estrela da Manhã” que surge um pouco antes do amanhecer (Ap 22:16); em Sua
Aparição, Ele virá como o “Sol da Justiça”, que é o alvorecer (Ml 4:2).
No Arrebatamento, Ele virá sem sinais, porque o Cristão caminha por fé e não por vista (2 Co 5:7); na Aparição, Sua vinda será
cercada por sinais, porque os judeus buscam um sinal (Lc 21:11, 25-27; 1 Co 1:22).

A Teologia Reformada vê o Arrebatamento e a Revelação (Aparição) como apenas um evento, e isto não trouxe nada além
de confusão a respeito de Israel e da Igreja. Esses dois eventos não poderiam acontecer ao mesmo tempo, porque há várias coisas que
as Escrituras indicam que ocorrem entre eles e que tornam isso impossível. Por exemplo, quando o Senhor vem e nos chama para fora
da Terra, Ele nos leva à “casa de Meu Pai” e nos introduz formalmente à cena celestial (Jo 14:2-3). Pouco depois disso, a revisão do
“tribunal de Cristo” ocorrerá (2 Co 5:10). Depois disso, haverá um tempo de adoração “diante do trono” no céu (Ap 4-5). Então,
depois disso, haverá as “bodas do Cordeiro” e “a ceia” que a segue (Ap 19:6-10). É somente depois destas coisas terem ocorrido que
o Senhor aparece do céu conosco na Sua Aparição (Ap 19:11-21). Se você fizer do Arrebatamento e da Aparição apenas um evento,
isso não deixará espaço para essas coisas ocorrerem.

A Terra [de Israel], a Terra [inclui nações ocidentais] e o Mundo


Três grandes setores da raça humana são distinguidos no versículo 7 em conexão com a vinda do Senhor. Estas três esferas
na Terra têm responsabilidades variadas de acordo com o grau de luz que tiveram de Deus. Eles são:
“Todo olho O verá” – as nações Cristianizadas (v. 7a).
“Até os mesmos que O traspassaram” – A nação de Israel (os judeus em particular) (v. 7b).
“Todas as tribos da Terra” – As nações em torno da terra profética (v. 7c).
A profecia é exposta nas Escrituras em relação a estas três esferas. Elas são distinguidas como: “a terra (a nação) [de
Israel]”, “a Terra” [inclui nações ocidentais] e “o mundo” (Is 18:2-3, 24:3-6, 26:9-10). Estes são círculos concêntricos – cada um
sendo mais amplo que o anterior. “A terra” é a menor esfera e refere-se à terra de Israel, não o pouco que eles possuem hoje, mas o
que foi prometido a Abraão. “A Terra” [que inclui nações ocidentais] é uma esfera mais ampla; inclui a herança prometida de Israel,
mas também inclui as nações as quais o antigo Império Romano conquistou a Europa Ocidental. Os estudiosos de profecia chamam
isso de “a terra profética”. Profeticamente, refere-se às nações ocidentais. Uma vez que aqueles que povoam as Américas atualmente
vêm principalmente das nações da Europa Ocidental, a maioria dos estudiosos da profecia os vê como incluídos na terra profética (Dn
2:43 – “...misturar-se-ão com semente humana”). “O mundo” é uma esfera ainda mais ampla; inclui a primeira terra mencionada e
a segunda, mas também inclui as partes restantes do globo – ou seja, as nações de fora da terra profética.
Deus sabe que nunca seríamos capazes de apreender os detalhes da profecia se Ele nos tivesse dado o que pertence a cada
uma dessas esferas de uma só vez. Portanto, nas Escrituras proféticas, Deus sabiamente trata com essas esferas, uma de cada vez. Ele
nos dá detalhes que começam em algum ponto no período da tribulação e nos leva até a Aparição de Cristo, que introduz o Milênio.
Então Ele volta ao mesmo ponto e repete novamente a partir de outra perspectiva, de novo levando-nos à Aparição de Cristo e o
Milênio. É importante ver isso; toda profecia bíblica é dada dessa maneira. Isso ocorre repetidas vezes ao longo das Escrituras
proféticas. É assim que os eventos são apresentados nos Profetas, nos Salmos e nos discursos proféticos do Senhor em Mateus 24-25 –
e não é diferente no livro de Apocalipse. É a maneira designada por Deus de nos ensinar a verdade profética. Veremos nos capítulos 6-
16, que o Espírito de Deus leva o leitor através do período da tribulação até a Aparição de Cristo três vezes, cada uma em relação a
uma dessas três esferas.
V. 8 – Como mencionado, o segundo propósito do livro é mostrar como Deus operará todas as coisas até o Seu objetivo
final de exaltar e glorificar o Senhor Jesus Cristo. Cristo é o “Alfa e Ômega” (o princípio e o fim) de toda a profecia (v. 8). Ele é a
fonte e o objetivo de todos os caminhos de Deus na criação, graça e julgamento. Sendo a figura central da profecia, Deus O trará à vista
para todos O verem em Sua Aparição.
Na Aparição de Cristo, duas coisas começarão. Um é “o dia do Senhor” (1 Ts 5:2, 2:2; Is 2:10-22; Jl 1:15; Sf 2:2-3; Ml
4:5), que é quando a autoridade de Seu Senhorio será estabelecida na Terra por julgamento. Ela se estenderá por mil anos – a duração
do Milênio (2 Pe 3:8-10). O outro é “o dia de Cristo” (2 Ts 1:10; 1 Co 1:8, 3:13, 5:5; 2 Co 1:14; Fp 1:6, 10, 2:16), que é o dia da Sua
manifestação em glória por meio da Igreja durante o mesmo período – o Milênio. Esses dois dias apresentam dois aspectos do reinado
de Cristo naquele dia vindouro.
O livro de Apocalipse é, portanto, um livro de julgamento, mas também um livro de bênçãos. (Há sete bênçãos
mencionadas – Cap. 1:3, 14:13, 16:15, 19:9, 20:6, 22:7, 14).

O Estado de Alma Necessário para Apreender as Profecias do Livro – Cap. 1:9-11


João fala de estar “em espírito no dia do Senhor” quando recebeu esta revelação do Senhor. Isso aponta para a
necessidade de se estar em um estado correto de alma para assimilar esses assuntos proféticos. O livro foi escrito por um homem “em
Espírito” e só será entendido por homens e mulheres que estiverem no Espírito.
João “virou-se” e viu a Cristo como o Filho do Homem, não da maneira que o Espírito normalmente colocaria Cristo
diante do crente (como o Filho de Deus em toda a Sua graça e amor e beleza), mas em Seu caráter judicial. Ele tinha que voltar-se para
ver Cristo dessa forma, porque essa não era a ocupação normal para um filho de Deus. Julgamento é “Sua estranha obra”, pela qual o
pecado do homem O forçou a agir (Is 28:21).

A Visão de Jesus Cristo como Juiz – Cap. 1:12-20


Neste livro de muitas visões, é apropriado que a primeira seja de Cristo em Seu caráter judicial. É significativo que Ele age
como um juiz em conexão com as sete igrejas antes de julgar o mundo; dessa forma “Porque já é tempo que comece o julgamento
pela casa de Deus” – com aqueles que são os mais responsáveis (1 Pe 4:17).
Cristo é visto vestido em Suas vestes judiciais e “cingido pelos peitos com um cinto de ouro”. Isso se refere ao fato de
que Suas afeições estão contidas enquanto Ele age nessa capacidade judicial. Sete características do juiz são mencionadas:
“Sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca” – fala de plena maturidade no entendimento judicial (Dn 7:9).
“Seus olhos como chama de fogo” – o caráter penetrante de Seu discernimento. Nada escapa de Seus olhos.
“Seus pés, semelhantes a latão reluzente” – Sua firmeza em justo julgamento. Ele não comprometerá a santidade.
“Sua voz como a voz de muitas águas” – Suas muitas facetas de falar governamentalmente às pessoas.
“Ele tinha na Sua destra sete estrelas” – Sua autoridade está investida em pessoas responsáveis na Igreja.
“Da Sua boca saía uma aguda espada de dois fios” – Sua capacidade de executar julgamento contra todo mal.
“Seu rosto era como o Sol” – Ele é a autoridade suprema no universo. Portanto, não pode haver apelo a nenhuma pessoa
superior a Ele.

O Juiz Fala
Vs. 17-20 – Ao ver o Senhor no caráter de um poderoso Juiz, João cai “a Seus pés”. É dessa postura que ele aprende sobre
o estado da Igreja – sua falha no testemunho público, como se encontra nos capítulos 2-3. Este é o lugar apropriado para aprendermos
sobre o verdadeiro estado da Igreja – sobre nossos rostos diante do Senhor. O testemunho Cristão está em ruínas, e todos contribuímos
para esse triste estado, e não podemos corretamente apontar um dedo condenador a ninguém na história ou nos dias atuais sem nos
condenar. Portanto, devemos ver o fracasso da Igreja no testemunho, em espírito de julgamento próprio.
Para dissipar o temor e tremor de João, o Senhor colocou Sua “mão direita” (JND) sobre ele, dizendo: “Não temas”. Isto
é consolação e fortalecimento divino para o trabalho que estava prestes a ser dado a João – a saber, “escrever” as mensagens proféticas
às sete igrejas (compare com Mateus 17:6-7).
O Senhor disse: “o que vivo; fui [Me tornei – JND] morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as
chaves da morte e do Hades” (TB). Nisto, o Senhor mostrou a João que Ele tinha o direito de agir como o Juiz de toda a Terra (Gn
18:25). O Senhor entrou na morte e Hades e conquistou a ambos. Ele agora tem “as chaves” dessas duas condições. “Morte” é o que
reivindica o corpo humano; “Hades” é o que reivindica a alma e o espírito. Tendo pago o preço pelo pecado ao ir à morte, Ele tem o
direito e o poder de exercer julgamento contra os pecadores, e assim consignar quem Ele levaria à morte e ao Hades. Ele também tem o
poder de ressuscitá-los da morte e enviá-los a uma eternidade perdida, como visto no final do livro.
É dito a João para “escrever” os assuntos proféticos que ele verá em três grandes seções (v. 19).
1) “As coisas que tens visto” – Capítulo 1.
2) “As coisas que são” – Capítulos 2-3.
3) “As que depois destas hão de acontecer” – Capítulos 4-22.

Isso mostra que essas profecias foram dadas a João de maneira ordenada e ele as escreveu pelo Espírito de uma maneira
ordenada. Algumas pessoas olham para o livro de Apocalipse como uma rede emaranhada de informações que apenas um estudioso
hábil das profecias poderia desvendar e explicar. No entanto, o livro só parece confuso; ele é realmente muito ordenado. Se
entendermos a maneira pela qual o Espírito de Deus apresenta profecia ao longo da Escritura e também reconhecer que há parênteses
em certos lugares neste livro, a confusão desaparecerá. Também é necessário um entendimento básico do significado dos símbolos
usados na profecia. Como o livro de Apocalipse foi colocado no final de nossas Bíblias, o Espírito de Deus supõe que estamos
familiarizados com esses símbolos, tendo-os visto em outras partes das Escrituras. O objetivo deste esboço de Apocalipse no qual
estamos prestes a embarcar é fornecer ao leitor um entendimento básico dessas coisas.
V. 20 – O Senhor explica a João o significado oculto das “sete estrelas” que estavam em Sua mão direita e dos “sete
castiçais de ouro”. As “estrelas” são os “anjos” das sete igrejas. Isso se refere à dupla responsabilidade que os líderes nas igrejas têm.
Como “estrelas”, devem ser portadores de luz dos princípios da Palavra de Deus. Eles devem fornecer luz para os santos a partir da
Palavra de Deus em assuntos que dizem respeito à assembleia local. Isso significa que eles devem estar bem fundamentados na verdade
(Tt 1:9). Como “anjos”, devem ser os mensageiros de Deus, assumindo a liderança na assembleia e cuidando para que esses princípios
sejam levados a cabo no temor de Deus (Ec 5:6; Ml 2:7 – Nota de rodapé da Tradução J. N. Darby: “mensageiro ou anjo”). É
significativo que o Senhor considere o anjo de cada igreja responsável pelo estado em que se encontrava a igreja na respectiva
localidade (caps. 2-3). Ele é visto andando no meio das sete igrejas, avaliando sua condição e aconselhando aqueles que estão no lugar
de responsabilidade, sobre o que eles podem fazer para ajudar a condição particular em que aquela igreja local estava (cap. 2:1).
Os “sete castiçais de ouro” são as sete igrejas. Eles falam da assembleia local como uma testemunha responsável na
comunidade onde estão situados
AS COISAS
QUE SÃO
(Capítulos 2-3)
Esses dois capítulos contêm os discursos do Senhor para as sete igrejas da Ásia. Essas igrejas, tomadas consecutivamente,
nos dão uma história profética do testemunho Cristão, retratando os vários estágios pelos quais a Igreja passaria. Essas particulares
igrejas na Ásia foram selecionadas para retratar as condições morais e espirituais que se desenvolveriam sucessivamente na profissão
Cristã, desde os dias dos apóstolos até a vinda do Senhor (o Arrebatamento). O fato de que o testemunho da Igreja para Cristo é
simbolizado pelos “castiçais” indica que o tempo desse testemunho é durante a ausência do Senhor deste mundo, quando é noite
espiritualmente (Ap 1:20; Jo 9:4-5).
O Senhor anda “no meio” dos sete castiçais de ouro. Ele não está lá como objeto de adoração (Jo 20:19-22; Ap 5:6-14), ou
para legitimar ações de assembleia feitas em Seu nome (Mt 18:20), mas como um Juiz avaliando o estado de coisas no testemunho
público da Igreja.

Éfeso – A Igreja Sem Amor – Cap. 2:1-7


A assembleia em Éfeso representa a Igreja historicamente, desde os dias imediatamente após os apóstolos, até o ano 167
d.C.
Essa igreja era aparentemente irrepreensível em seu testemunho diante do mundo, mas internamente estava numa condição
decaída. Havia solidez de doutrina e zelo piedoso pela santidade, como provado em sua disciplina exercida sobre toda falsidade, mas a
fonte interior de afeição por Cristo estava tristemente interrompida. Os tessalonicenses foram marcados pela “obra da vossa fé, do
trabalho da caridade [amor – JND], e da paciência [perseverança – JND] da esperança” (1 Ts 1:3). Isso praticamente marcou a
condição da Igreja como um todo naqueles primeiros dias. Mas agora, poucos anos depois, havia apenas “obras”, “trabalho” e
“paciência”. A fé, a caridade [amor] e a esperança que uma vez foram a força motriz de suas atividades, se dissiparam.
Declínio havia entrado, não porque eles não estavam servindo mais ao Senhor, mas porque suas afeições por Ele haviam
diminuído. O Senhor lhes diz: “deixaste o teu primeiro amor” (v. 4 – ARA). A raiz de todo fracasso na Igreja pode ser atribuída à
deserção no coração. Algo havia causado esfriamento no amor que uma vez existiu em seus corações, e o Senhor sentiu isso. A palavra
traduzida como “primeiro” na língua original pode ser traduzida como “o melhor”, como é em Lucas 15:22. Assim, “primeiro
amor” não se refere ao que é primeiro em tempo, mas ao que é primeiro em qualidade. É o nosso principal (ou melhor) amor que o
Senhor quer. T. B. Baines disse: “O que é para o Noivo amoroso que a noiva seja impecável em seu comportamento, se suas afeições
estivessem esfriando? A mera conduta apropriada ou a diligência no dever satisfazem o coração que anseia por amor?”.
Sinais desta decadência do primeiro amor estavam em evidência entre os santos nos dias dos apóstolos (2 Tm 4:10; 3 Jo 9),
mas não demorou muito para que a Igreja em geral fosse marcada por essa decadência. (Veja Jeremias 2:2).
A palavra para o vencedor em cada uma das igrejas mostra que há uma maneira de se recuperar da condição que prevaleceu
naquela igreja em particular – mas é tudo em um nível individual. O Senhor diz: “Quem tem ouvidos, ouça...”. Ele não diz: “Os que
têm ouvidos, ouçam...” O ponto que devemos tirar disto é que não precisamos estar contentes com o estado geral que marca os Cristãos
como um todo; podemos nos elevar acima dele e caminhar de uma maneira que receba a aprovação do Senhor.

Esmirna – a Igreja Perseguida – Cap. 2:8-11


A assembleia em Esmirna representa historicamente a Igreja de 167 a 313 d.C. A palavra “Esmirna” significa
“sofrimento”. As palavras do Senhor para essa igreja descrevem adequadamente o período de sofrimento pelo qual a Igreja passou no
segundo e terceiro séculos.
Satanás veio à Igreja como um leão que ruge e desencadeou uma terrível perseguição contra os santos. Durante este período
muitos milhares de Cristãos morreram como mártires. O Senhor Se apresenta a eles como um Juiz compreensivo, sabendo o que
significa morrer como um mártir (v. 8).
A perseguição dirigida à Igreja nessa época era dupla:
Em primeiro lugar, a partir de um elemento religioso de dentro do testemunho Cristão (v. 9). Um partido definido havia se
desenvolvido na Igreja chamada “a sinagoga de Satanás”, que procurava anexar ao Cristianismo as formas, cerimônias e
princípios do judaísmo. Foi a tentativa de Satanás de judaizar a Igreja e roubá-la de seu chamado e caráter celestial.
Em segundo lugar, de fora, a partir do mundo romano pagão (v. 10). O diabo instigou as autoridades romanas para começarem
uma remoção de Cristãos do império. Houve dez períodos específicos de intensa perseguição neste momento, que respondem à
observação do Senhor de que teriam tribulação de “dez dias”.

O aparecimento recorrente de “Satanás” e “o diabo” nesses dois capítulos indica que ele estava muito ativo em esmagar e
corromper o testemunho Cristão (caps. 2:9, 2:10, 2:13 (x2), 2:24, 3:9). Durante essas grandes perseguições em Esmirna, Satanás
trabalhou para afastar as Escrituras da Igreja. As autoridades romanas impuseram leis para confiscar todas as cópias da Palavra de
Deus. Este foi um passo gigantesco em direção à Igreja perdendo a verdade.
Ao vencedor é prometida “a coroa da vida”. Esta é uma coroa especial dada àqueles que são “fiéis até a morte”. Às vezes
é chamada de “a coroa de mártir”.

Pérgamo – a Igreja Mundana – Cap. 2:12-17


A assembleia em Pérgamo representa historicamente a Igreja de 313 d.C. a cerca de 580 d.C.
A palavra “Pérgamo” significa “casamento” ou “duas vezes casado”. Isso marca o período da história em que a Igreja
abandonou os princípios da separação e casou com o mundo. A arma de violência usada pelo inimigo em Esmirna só provou a
realidade da fé Cristã. Os Cristãos não se comprometeriam com deuses pagãos nem sacrificariam a eles. Portanto, Satanás mudou suas
táticas e procurou se infiltrar nas fileiras do Cristianismo para corrompê-lo e trazer descrédito ao seu testemunho. Ele falhou em seus
ataques em Esmirna, mas teve êxito em grande parte em Pérgamo.
Satanás teve seu instrumento para realizar seu plano. Ele usou o imperador Constantino. Sua mãe (Helena) aparentemente
era crente, e por meio de sua influência, antes de ser imperador, ele foi um pouco favorável aos Cristãos quando estavam sendo
perseguidos. Não muito tempo depois de chegar ao trono, ele concedeu liberdade aos Cristãos para adorarem de acordo com sua
consciência. O Cristianismo tornou-se uma das muitas religiões do império. Com o passar do tempo, Constantino conheceu melhor o
Cristianismo. Ele percebeu que os Cristãos faziam súditos melhores do que os pagãos. Eles poderiam ser confiáveis para defender o rei
e o reino, ou pelo menos, para não interferir nele. Eles eram pessoas pacíficas que até oravam pelo rei, enquanto os pagãos estavam
continuamente envolvidos em insurreições e exigiam manutenção constante.
Aprendendo sobre o benefício positivo de ter Cristãos como súditos, Constantino imaginou que consolidaria seu poder se
todos fossem Cristãos. Portanto, em 324 d.C. ele emitiu éditos contra o paganismo, e procurou forçar o Cristianismo a todos no
império. Em muitos lugares, foi forçado em pessoas ao fio da espada. Para eles, era o batismo Cristão ou a morte, então eles optavam
pelo batismo. (É interessante notar que ninguém foi convencido o suficiente por seu paganismo para morrer por ele, como foi com os
Cristãos em tempos de perseguição!) O resultado foi que dezenas de milhares de pagãos se tornaram Cristãos nominais.
Porém, enquanto os pagãos deixavam formalmente seu paganismo, o paganismo não os deixava na prática, e muito disso
foi trazido para o Cristianismo naquela época. Como os lindos templos pagãos e vestes de seus sacerdotes não estavam mais sendo
usados, o imperador ofereceu-os aos Cristãos, juntamente com ouro e proteção. E a Igreja avidamente engoliu a isca! Os Cristãos
saíram das reuniões em suas casas e se mudaram para os grandes templos que foram desocupados pelos pagãos. Para acomodar a
influência de pagãos que se apegavam às antigas superstições, o Cristianismo professo adotou muitas dessas coisas dando-lhes nomes
Cristianizados. Festas e festivais pagãos antigos que existiam muito antes da igreja, foram trazidos para a profissão Cristã nessa época.
É daí que vêm o natal e a páscoa, etc.
O Cristianismo recebeu um novo visual, mas também absorveu o veneno mortal da mordida da serpente. Em um período de
tempo relativamente curto, a Igreja “casou-se” com o mundo. Anteriormente, o mundo e a Igreja andavam separados; agora andavam
de mãos dadas. A Igreja neste momento foi caracterizada por:
Tolerar a prática injusta no tratamento dos crentes fiéis (v. 13). Crentes fiéis, como “Antipas”, que protestaram contra o terrível
compromisso, foram perseguidos e mortos. O Senhor considerou responsável o “anjo” da Igreja porque isso ocorreu “entre”
eles.
Tolerar duas doutrinas do mal. Uma é “a doutrina de Balaão”, que é idolatria. Isso se refere à aceitação de festas e rituais
pagãos na Igreja sob nomes Cristianizados (v. 14). O outro é “a doutrina dos Nicolaítas”, que é o começo do sistema clerical.
“Nico” significa governar, e “laíta” é a mesma palavra que leigos, que é o povo (v. 15). Ambas as doutrinas não tocaram
diretamente a Pessoa e a obra de Cristo, portanto, pode-se dizer que o anjo desta igreja (os líderes responsáveis) não negou a fé
(v. 13). Apesar de o anjo não ser acusado de manter essas doutrinas, ele era culpado de tolerá-las. Eles não os denunciaram como
o anjo em Éfeso. Por meio do mundanismo, a Igreja neste período tornou-se descuidada quanto a manter a verdade, e isso
resultou em se perder. Quando a Igreja entrou na idade das trevas, a verdade que uma vez foi dada pelos apóstolos aos santos (Jd
3) foi substituída por ensinamentos judaizantes, ideias clericais e superstições pagãs.

Tiatira – a Igreja Pagã – Cap. 2: 18-29


A assembleia em Tiatira representa um sistema poderoso na Igreja que começou por volta de 580 d.C. conhecido como
catolicismo. Marca o tempo em que este sistema eclesiástico governou a Igreja e o mundo. A palavra “Tiatira” significa “sacrifício
contínuo” e aponta para a missa católica que entrou em prática na época.
A introdução de pagãos não convertidos no período de Pérgamo, ao longo do tempo, resultou na Igreja professa tornando-
se, na maior parte, pagã em caráter. No entanto, no meio de toda essa corrupção, havia algumas coisas boas que foram ditas sobre a
igreja em Tiatira. Eles foram de ajuda aos necessitados, e o Senhor os elogiou por sua benevolência (v. 19). Mas a principal coisa que
marca esse período na história da Igreja é que o sistema iníquo do catolicismo ganhou controle sobre a Igreja como um todo. Assim,
prevalecia uma condição pior do que a que havia em Pérgamo.
“Jezabel” representa esse sistema perverso. Ela se chamava de “profetisa” e assumiu um papel na Igreja que Deus nunca
lhe dera. Ela começou a “ensinar e enganar [extraviar – JND]” seus súditos com suas doutrinas e práticas malignas. Observe a
progressão; as doutrinas malignas que foram sustentadas por alguns em Pérgamo são agora ensinadas publicamente em Tiatira! (vs. 14,
20). A mulher, por meio de seus ensinamentos perversos, desviou a grande massa de Cristãos professos, de Cristo para Maria; de
Cristo, o Cabeça da Igreja para o papa; do único sacrifício de Cristo ao contínuo sacrifício da missa. A missa é um insulto ao “um só
sacrifício” de Cristo e uma negação daquela obra consumada (Jo 19:30; Hb 10:12-14).
O sistema católico começou a legislar seus dogmas e forçá-los à profissão Cristã. Correndo o risco de perder a vida, a
grande massa do povo foi forçada a pecar ao participar de suas corrupções.
Algumas das terríveis doutrinas e práticas de mal introduzidas pela Igreja Católica:
A missa.
Autoridade pontifícia (a sucessão de papas).
Regeneração batismal.
Justificação pelas obras.
Adoração de imagens.
Celibato.
Idolatria à Maria.
Confessionalismo.
Purgatório.
Transubstanciação.
Indulgências.
Penitência.

Quatro Classes de Pessoas em Tiatira


Quatro diferentes grupos de pessoas são referidos aqui. O primeiro é o “anjo” desta assembleia, que são os líderes
responsáveis, os quais são casados com Jezabel. (Versículo 20 deveria ser traduzido, “Tua esposa Jezabel”.) Como a Jezabel do
passado controlava seu marido Acabe e o reino em Israel, a igreja de Roma entrou na arena política e controlou e dominou as nações da
Europa. Em Pérgamo, o mundo entrou na Igreja, mas em Tiatira, as coisas caíram para um ponto mais baixo, e a Igreja foi encontrada
governando o mundo! Como Jezabel nos tempos antigos matou os profetas do Senhor (1 Rs 18:4), o sistema iníquo do romanismo
encharcou a Terra com o sangue daqueles que não aceitavam suas malignas doutrinas e práticas (Ap 17:6).
O segundo grupo de pessoas são os “filhos” de Jezabel (v. 23). Estes são crentes meramente professos que aceitam,
absorvem e promovem suas doutrinas, e são assim marcados por seu caráter e formas de corrupção.
O terceiro e quarto grupos representam um remanescente de verdadeiros crentes em meio à massa do povo. O primeiro
deles é “Meus servos”. Esses eram verdadeiros crentes que, por ignorância e medo, acompanharam o mal de Jezabel sem protestar e
foram “enganados” por suas corrupções (v. 20). Obadias é um tipo desses que foram enganados. Ele “temia muito ao Senhor”, mas
serviu a Acabe e Jezabel (1 Rs 18:1-4). Depois, há “o restante (remanescente)”. Esses eram crentes que tiveram a coragem e a
convicção de se afastarem das corrupções de Jezabel e sofreram perseguição por isso (v. 24). Elias e os sete mil em Israel que não
dobraram o joelho a Baal são um tipo desses fiéis (1 Rs 19:18).

Um Remanescente Distinto da Massa


Quando a corrupção generalizada permeou completamente o testemunho Cristão por meio da perversidade do catolicismo,
as condições chegaram a um ponto sem recuperação. Coisa semelhante aconteceu na história de Israel (2 Cr 36:16 – “não houve
remédio algum” – TB). Portanto, não há chamado ao arrependimento dado a esta igreja como havia nas igrejas anteriores. A única
menção do arrependimento é que eles tiveram a oportunidade de se arrepender, mas esse tempo tinha passado para eles (v. 21).
Consequentemente, deste ponto em diante, uma mudança marcante acontece nos caminhos do Senhor com a Igreja; Ele não mais
chama para uma restauração do testemunho público da Igreja em geral. Em vez disso, Ele separa um remanescente dos verdadeiros
crentes, dizendo: “digo a vós, e aos restantes [remanescente]...” (v. 24) e trabalha com eles para fortalecê-los e encorajá-los, e deixa a
massa pública continuar seu caminho para o julgamento.
Essa mudança nos caminhos de Deus com a Igreja é indicada pelo chamado para que “ouça o que o Espírito diz às igrejas
[assembleias]” seguindo a promessa feita ao vencedor, em vez de precedê-la, como era o padrão nas igrejas antes de Tiatira. Nas três
primeiras igrejas, a recompensa ao vencedor era colocada diante de toda a Igreja, porque o Senhor ainda estava tratando com ela como
um todo. Todos os que ouvissem e obedecessem receberiam a recompensa do vencedor. Mas isso é deixado de lado agora. Comentando
sobre essa mudança, J. N. Darby disse: “O corpo como um todo é descartado”. Walter Scott acrescentou: “A massa pública da profissão
Cristã é tratada como sendo incapaz de ouvir e se arrepender”. O chamado para “ouvir o que o Espírito diz às igrejas”, nas últimas
quatro igrejas, é dado a um remanescente (não a toda a Igreja), porque somente eles ouvirão e vencerão. W. Kelly disse: “O Senhor a
partir de então coloca primeiro a promessa [ao vencedor], e isso é porque é inútil esperar que a Igreja como um todo a receba... apenas
um remanescente, vence, e a promessa é para eles; quanto aos outros, está tudo acabado”. Essa mudança marcante nos discursos do
Senhor para as sete igrejas indica que Ele não mais espera que a massa da profissão Cristã ouça e retorne ao ponto em que se
desviaram. Todo o pensamento de restaurar o testemunho público da Igreja como um todo é abandonado porque chegou a um ponto de
“nenhum remédio”.
Vs. 25-29 – O remanescente dos crentes fiéis na idade das trevas eram os Nestorianos, os Paulicianos, os Valdenses e os
Albigenses e outros pré-reformadores. É-lhes dito que “retenham” a pouca verdade que tinham e que o Senhor os recompensaria. Pela
primeira vez nessas cartas ouvimos sobre a vinda do Senhor – sem distinguir o Arrebatamento da Aparição. É uma esperança, já que a
esperança de recuperar o testemunho público da Igreja é impossível. Em cada uma das últimas quatro igrejas, há uma alusão à vinda do
Senhor. Isso indica que cada uma das condições eclesiásticas que essas igrejas representam continuará na Terra até que Ele venha.

Sardo – A Igreja Sem Vida – Cap. 3:1-6


A assembleia em Sardo representa o protestantismo, que começou em 1529 d.C. A palavra “Sardo” significa “aqueles que
escapam”, e significa o que aconteceu naquele tempo. Assim como Jeú antigamente foi usado para romper o domínio que Jezabel tinha
sobre o reino em Israel (2 Rs 9-10), Deus levantou os reformadores a quem Ele usou para quebrar o poder do romanismo e isso
permitiu que muitos dos santos escapassem de suas garras. Este foi o resultado de Deus dar mais luz aos seus fiéis e, em obediência,
eles agiram nessa luz. As duas principais coisas em que os reformadores insistiram foram:
A supremacia da Bíblia sobre todo dogma da igreja.
A salvação é somente pela fé.

É significativo que o Senhor disse a esta assembleia: “Porque não achei as tuas obras perfeitas [completas]”.
2
Infelizmente, a energia espiritual que marcou os reformadores não continuou. O que começou no poder do Espírito caiu na ortodoxia
fria, formal e morta. Este foi o resultado de homens sem vida juntarem-se a este movimento da igreja católica romana. Os reis da
Europa estavam cansados de Roma os controlar e de bom grado ofereceram seu apoio ao movimento protestante, por causa de sua
animosidade natural contra o romanismo. Os reformadores aceitaram a proteção que os governos nacionais lhes deram contra a
perseguição da igreja de Roma e estabeleceram as grandes igrejas nacionais no protestantismo que ainda existem hoje.
A assembleia em Sardo representa a condição das coisas na Cristandade depois que o impulso da Reforma havia passado.
Isto é uma descrição do que os reformadores adotaram – o protestantismo. Enquanto a Reforma era uma poderosa obra de Deus –
energizada pelo Espírito, o protestantismo era uma obra dos homens – energizada pela carne. É triste dizer que os reformadores saíram
do romanismo, mas o romanismo não saiu completamente deles. Por isso, as igrejas protestantes têm muitas ideias e práticas
romanistas. Na idade das trevas, a igreja católica governava os governos do mundo, mas no protestantismo, vemos a Igreja e o Estado
governando conjuntamente. Isso não está de forma alguma de acordo com a mente de Deus. Como resultado, a recuperação da verdade
que Deus estava produzindo foi interrompida. Os “alguns” nomes em Sardo que “não contaminaram seus vestidos” seriam grupos
como os puritanos que viviam com grande devoção ao Senhor.

Filadélfia – A Igreja Fiel – Cap. 3:7–13


A assembleia na Filadélfia representa um movimento de Deus na Cristandade que começou em 1827 d.C. Essencialmente,
foi um reavivamento do que começou com a Reforma, mas, que havia desvanecido. “Filadélfia” quer dizer “amor fraternal” e
significa o estado feliz de um testemunho remanescente de crentes que foram exercitados para retornar aos primeiros princípios em
relação à ordem e prática da assembleia.
Em cada uma das igrejas anteriores, o Senhor descreveu a Si mesmo de acordo com uma das características em que João O
havia visto no capítulo 1. Mas, ao dirigir-Se a essa igreja, Ele Se apresenta de uma maneira inteiramente nova. Isso indica um novo
começo nos caminhos do Senhor. Até então, o remanescente de crentes exercitados andava como indivíduos, mas, nessa ocasião, o
Senhor trouxe à existência um testemunho remanescente em um sentido corporativo. Isso levou a uma recuperação da verdade que
havia sido perdida por séculos – particularmente a doutrina de Paulo (2 Tm 3:10).

A Tríplice Apresentação do Senhor de Si Mesmo


V. 7 – O Senhor Se apresentou a essa igreja de três maneiras. O resultado de os crentes O apreenderem a partir dessas
características é que três grandes coisas aconteceram naquela época.
Primeiramente, o Senhor disse: “o que é santo, o que é verdadeiro”. Naquela época, os santos exercitados viam o Senhor
no caráter de ser “santo” e “verdadeiro”, e entendiam que para ter comunhão com Ele, santidade e verdade eram requeridas deles.
Isso os levou por vários exercícios em relação à separação do mal. Resultou em eles quebrando todos os laços não bíblicos que tinham
– particularmente os eclesiásticos (2 Tm 2:19-22).
Em segundo lugar, o Senhor Se apresentou como tendo “a chave de Davi”. Essa é uma referência às profecias do Velho
Testamento referentes ao Messias de Israel. São profecias relacionadas com as promessas feitas a Davi a respeito de Cristo que viria de
sua casa (linhagem) para reinar em Seu reino (Is 22:22). Naquela época, o Senhor produziu na profissão Cristã um despertar geral e
interesse pela profecia. Ao buscar assuntos proféticos, eles descobriram que a Igreja não tem parte das futuras bênçãos terrenas de
Israel, mas tem suas próprias bênçãos distintas e celestiais. Assim, lhes foi dado ver a verdadeira natureza e o chamado da Igreja, com
seus arranjos práticos para adoração e ministério enquanto na Terra. Isso levou muitos a retornar ao padrão simples na Palavra de Deus
quanto à ordem da assembleia.
Em terceiro lugar, o Senhor Se apresentou a esta igreja como “O que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre”.
Naquele momento, o Senhor abriu a porta para o tesouro da verdade de Deus e produziu uma recuperação completa da verdade que
uma vez foi dada aos santos (Jd 3). Isto incluiu a verdade da vinda do Senhor (o Arrebatamento), e eles são elogiados por manterem
suas afeições por ela (v. 10). Foi um movimento soberano de Deus que nenhum homem ou demônio poderia parar. Apreender isso deu
aos santos a confiança de se reunirem para adoração e ministério, como sendo guiados pelo Espírito.
É significativo que esta igreja não seja chamada a se arrepender, como foi o caso nas igrejas anteriores (exceto Esmirna),
porque já estava em um estado de arrependimento. Eles ficaram profundamente tristes com a condição caída do testemunho da Igreja e
confessaram sua parte em seu fracasso (compare Daniel 9; Esdras 9; Neemias 9). Consequentemente, não havia nada para o Senhor
julgar porque eles haviam se julgado.

Três Qualidades que o Senhor Aprecia nos Filadelfienses


V. 8 – Existem três qualidades que o Senhor particularmente observa em Sua avaliação desta igreja.

1) “Tendo pouca força” – isto é algo que flui da comunhão – de permanecer em Cristo (Jo 15:4-5). Eles tinham a mesma força que
a Igreja primitiva tinha (At 4:33), mas era “pouca”. Portanto, esse reavivamento não foi um movimento em grande escala; foi um
testemunho remanescente da verdade da assembleia. Não tinha um grande status mundano, assim como a igreja católica e as
igrejas nacionais do protestantismo.
2) “Guardaste a Minha Palavra” – Aqueles ligados a este movimento eram estudantes das Escrituras. Eles não eram apenas
ouvintes, mas eram praticantes da Palavra (Tg 1:22). Eles valorizaram Sua Palavra e a colocaram em prática e, portanto, foram
elogiados por guardarem Sua Palavra.
3) “Não negaste o Meu nome” – Um nome nas Escrituras muitas vezes implica caráter. Por isso, na vida prática, o próprio caráter
de Cristo marcou essas pessoas. Tudo o que tendeu a negar o caráter de Cristo foi recusado de maneira prática. Eles também
abandonaram todos os nomes e títulos denominacionais, e ficaram felizes em se reunir simplesmente em Seu nome apenas (Mt
18:20).
V. 9 – Houve reprovação relacionada à identificação com esse movimento. Andar no que eles apreenderam da Palavra de
Deus colocou-os em uma posição de grande censura por aqueles que não estavam dispostos a andar naquelas coisas (v. 9). Esse
reavivamento da verdade provocou um renascimento da oposição satânica. O ataque maligno do inimigo em Esmirna levantou
novamente sua horrível cabeça. Aqueles denominados como “a sinagoga de Satanás” são Cristãos professos governados por
princípios judaicos no Cristianismo eclesiástico organizado. Foram esses os opositores desse movimento divino, e o próprio Satanás
estava por trás disso.
V. 10 – Os filadelfienses foram elogiados por guardar a Palavra de Sua “paciência”, que é um aspecto da verdade que tem
a ver com a esperança da vinda do Senhor (v. 10). Guardar isso (não apenas saber isso) fez com que vivessem como estranhos celestiais
em separação do mundo. Por isso, como peregrinos, não se envolveram com a política do mundo ou com qualquer outro aspecto do
mundo. O Senhor prometeu guardá-los “da hora da tentação” (o período da tribulação) que estava chegando ao mundo. Note que o
Senhor diz: “Te guardarei da hora”, não “Te guardarei na” hora da tentação. Isso mostra que a Igreja não passará pela tribulação,
como os judeus passarão (compare Jeremias 14:8).
V. 11 – O Senhor promete vir “sem demora”. Isso se refere à iminência de Sua vinda, que estava particularmente diante
dessa igreja. Enquanto o Senhor não encontra nada para julgar em Filadélfia, Ele os adverte da possibilidade de deixar ir o que lhes foi
dado, e assim perder a sua “coroa”. Ele diz: “guarda bem o que tens” (TB). Note que eles são aconselhados não apenas a “guardar”,
mas a guardar “bem”. Isso indica a necessidade de determinação. O perigo sempre presente em Filadélfia era desistir das verdades que
haviam sido recuperadas, e se arrastar de volta à confusão da Cristandade da qual se haviam separado. A história nos diz que foi
exatamente isso o que aconteceu com muitos que estavam conectados com esse movimento. Eles abriram mão de partes da verdade que
foram recuperadas por este movimento, e foram levados em divisões entre os irmãos ou espalhados nas igrejas evangélicas. Hoje, a
energia espiritual conectada com esse movimento, que já foi considerável, está agora diminuindo ao ponto de um gotejar.
Vs. 12-13 – Como todas as outras igrejas, o Senhor também deu uma palavra ao vencedor. Podemos nos perguntar por que
haveria tal palavra dada a essa igreja, já que não havia nada fora de ordem a se exigir para se vencer. No entanto, um verdadeiro
vencedor na Filadélfia não é apenas ter estado nesse caminho de guardar Sua Palavra e não negar Seu nome, mas ter continuado nela
até o final da vida, ou até que o Senhor venha – o Arrebatamento.

Laodiceia – A Igreja Morna – Cap. 3:14-22


A assembleia em Laodiceia representa uma condição na igreja que surgiu da verdade sendo recuperada na Filadélfia.
Historicamente, começou na segunda metade do século XIX e continuará até a vinda do Senhor – o Arrebatamento. “Laodiceia”
significa “os direitos do povo” e denota as ideias democráticas modernas que influenciaram a Igreja nestes últimos dias. Na
Cristandade evangélica de hoje, as igrejas locais escolhem seus anciãos e nomeiam seus chamados pastores, e assim, em essência, eles
controlam, em certa medida, seus líderes.
O que é descrito em Laodiceia corresponde ao testemunho da Igreja em seus dias finais. É a posse da verdade Cristã
(recuperada nos tempos filadelfienses) ou partes dela, apenas nominal ou intelectualmente, sem que haja qualquer impacto moral na
vida de alguém. Por exemplo, a maioria dos grupos Cristãos nos últimos 100 anos realizou e ensinou a verdade da vinda do Senhor
para Seus santos a qualquer momento (o Arrebatamento), mas em muitos essa verdade teve pouco ou nenhum efeito prático em suas
vidas pessoais. Em vez de tornar a Igreja mais peregrina, ela se tornou mais mundana do que nunca.
Este estado de ser “morno” é tão ultrajante para o Senhor que Ele anuncia: “vomitar-te-ei da Minha boca”. Isso
acontecerá em Sua vinda – o Arrebatamento. Em vez de o Senhor avaliar o estado da assembleia, como Ele fez com as assembleias
anteriores, os laodicenses O colocaram do lado de fora de sua porta e assumiram Seu lugar, e avaliaram sua própria condição como
sendo correta e boa! Isso é totalmente inacreditável; eles são a única igreja das sete que se recomendam a si mesmos. E eles estão na
pior condição de todas as igrejas! Eles falam de si mesmos como tendo grandes riquezas (espirituais), mas, na realidade, eles não têm
nenhuma substância espiritual verdadeira. “Laodiceia” descreve uma parte no testemunho Cristão, que é caracterizada pela grandeza
autossuficiente que se imagina dotada de grandes riquezas espirituais (verdade) e poderes miraculosos. Sua verdadeira condição é: “és
um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu”.

O contraste entre Filadélfia e Laodiceia


Filadélfia é marcada por uma porta aberta (v. 8), mas Laodiceia é marcada por uma porta fechada (v. 20).
O Senhor não tem condenação para os filadelfienses, mas Ele não tem nada para elogiar em Laodiceia. (Mesmo em Tiatira o
Senhor encontrou algo para elogiar!)
Os filadelfienses não têm nada a dizer de si mesmos, enquanto os laodicenses têm muito a dizer de si mesmos.
É dito aos filadelfienses que eles serão “arrebatados” pela vinda do Senhor, enquanto os laodicenses são informados de que
serão “vomitados” em Sua vinda.
Os filadelfienses foram marcados por serem pequenos, mas laodicenses são marcados como sendo grandes (aos seus próprios
olhos).
Os filadelfienses foram chamados para “guardarem” a verdade que tinham, mas os laodicenses não são chamados para guardar
nada, porque eles realmente não tinham nada que valesse a pena.

A Graça Tripla do Senhor Disponível para Atender a Condição Lamentável Deles


O Senhor nunca aponta o fracasso sem dar um remédio. Neste caso, é triplo. Ele diz:

1) “De Mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças” (v. 18a). Isso satisfaria sua condição destituída de
“desgraçado”, “miserável” e “pobre”. Eles imaginavam que eram ricos (no sentido de ter muita verdade e grandes poderes
espirituais), mas na realidade precisavam de “ouro”. O ouro nas Escrituras fala da justiça divina. Isso significa que eles não
tinham uma base justa na qual pudessem estar diante de Deus. Isto mostra que a massa professa na Cristandade nos últimos dias
não será nem salva! “De Mim compres...” indica a necessidade de ter uma relação pessoal com o Senhor em fé.
2) “E vestidos brancos, para que te vistas” (v. 18b). Isso satisfaria sua condição de estar “nu”. Essa igreja não apresentava as
características morais de Cristo. Por isso, precisavam de uma vida de justiça moral e prática – da qual falam as vestes brancas.
3) “E que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas” (v. 18c). Isso satisfaria a condição de serem espiritualmente “cegos”.
Eles se enganavam. Eles se viam como algo que não eram, e precisavam desesperadamente abrir os olhos para sua verdadeira
condição; mas mais importante, ver o Senhor. O Senhor promete que, se eles se voltassem para Ele, Ele lhes daria o
discernimento espiritual que lhes faltava.
Ele diz: “a todos quantos amo...” (v. 19). Isso se refere aos verdadeiros crentes em meio à massa professa. Nos primórdios
da Igreja, ela havia deixado seu “primeiro amor”, mas agora, nos últimos dias, descobrimos que o Senhor não deixou o Seu amor por
ela! Por todos os longos anos de abandono a Cristo e à verdade, descobrimos que Ele não mudou! “Cristo amou a Igreja, e a Si
mesmo Se entregou por ela” (Ef 5:25).
Infelizmente, ao examinarmos as grandes pretensões dos laodicenses, vemos que o Senhor – no que diz respeito aos Seus
direitos – foi deixado de fora (v. 20). Assim, Laodiceia é retratada como uma igreja sem Cristo, tendo colocado o Senhor da glória fora
de sua porta. Essencialmente, eles (na prática) excomungaram a Cabeça da Igreja! Isto é marcado pela indiferença grosseira às
reivindicações de Cristo. Tal é a condição lamentável que marca a Cristandade moderna nestes últimos dias. Hamilton Smith disse:
“Como antigamente, a nação de Israel selou seu destino ao rejeitar seu Messias, e sua casa ficou desolada; assim, hoje, a Cristandade
está selando seu destino rejeitando a Cristo, e muito em breve será vomitada de Sua boca”. Este é o retrato solene que encerra o
capítulo 3 e, com ele, a história da Igreja na Terra.
A recuperação será apenas em uma base individual. Não podemos esperar ver uma recuperação em larga escala da Igreja.
Por isso, o Senhor diz: “se alguém ouvir a Minha voz...” (2 Tm 2:19-21). A única esperança é que alguns indivíduos sejam
recuperados desse estado desprezível.
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O fato de o Senhor mencionar Sua vinda em Seus discursos às últimas quatro igrejas indica que essas condições
eclesiásticas continuarão na Terra de algum modo observável até que Ele venha. Olhando para a vasta profissão Cristã hoje, podemos
ver o que “Tiatira” representa – o catolicismo. Então, podemos ver o que “Sardo” representa – as igrejas protestantes e os muitos
corpos dissidentes que saíram deles. E também há o que “Filadélfia” representa – um testemunho remanescente pequeno e
aparentemente insignificante no qual são praticados os primeiros princípios de ordem na assembleia. E, finalmente, podemos ver
“Laodiceia” – um grande setor no testemunho Cristão que é caracterizado pela grandeza autossuficiente e que se imagina dotado de
grandes riquezas espirituais e poderes miraculosos.
As duas últimas igrejas não são apenas posições eclesiásticas, mas são também estados morais nos quais os crentes são
encontrados. Por exemplo, pode ser possível estar eclesiasticamente em uma posição de Filadélfia, mas estar praticamente em um
estado de Laodiceia.

Resumo das Sete Igrejas


Éfeso – A decadência do primeiro amor.
Esmirna – Sofrimento.
Pérgamo – Mundanismo e clericalismo.
Tiatira – Catolicismo controlando a Igreja.
Sardo – A aridez do protestantismo.
Filadélfia – Fidelidade à palavra e ao nome de Cristo.
Laodiceia – Indiferença às reivindicações de Cristo.
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AS COISAS
QUE DEPOIS DESTAS HÃO DE ACONTECER
Capítulos 4-22
Esta terceira seção do livro de Apocalipse trata de eventos que “depois hão de acontecer”. Podemos muito bem perguntar:
“Depois do que?” A resposta é: “Depois de que a história da Igreja na Terra estiver concluída”. Isto é confirmado pelo fato de que a
expressão frequentemente repetida nos capítulos 2 e 3, “O que o Espírito diz às igrejas”, não é mais mencionada deste ponto em
diante no livro. Isso porque a Igreja é vista como tendo terminado sua história na Terra e foi chamada para o céu.

O Arrebatamento Não é Mencionado Diretamente na Parte Profética do Livro


Os capítulos 4-5 assumem que o Arrebatamento (a vinda do Senhor para Seus santos – Jo 14:2-3; 1 Ts 4:15-18) já ocorreu,
pois nesses capítulos os santos são vistos no céu. Estritamente falando, o Arrebatamento não é mencionado diretamente na parte
profética do livro, porque o objetivo da profecia não é revelar a verdade da Igreja, mas expressar os juízos que preparam o caminho
para o estabelecimento do reino de Cristo. Ao tratar com a Igreja nas sete cartas, o Senhor fala do Arrebatamento (caps. 2:25; 3:11), e
talvez isso possa ser visto de maneira velada em João sendo chamado ao céu no capítulo 4:1. E novamente, no capítulo 22, depois que
as profecias do livro foram dadas, o Senhor fala três vezes de Sua vinda de um modo geral, mas não a distingue da Sua Aparição. (Isto
é feito para que haja impacto tanto nos crentes quanto nos incrédulos.) Por outro lado, a Aparição de Cristo (a vinda do Senhor com
Seus santos – 1 Ts 3:13, 4:14; 2 Ts 1:7-10, 2:8; Tt 2:13; 1 Jo 2:28, 3:2; Jd 14-15) é mencionada muitas vezes no livro (caps. 1:7, 3:3,
10:1, 11:15, 14:14-16, 16:15-21, 18:21-24, 19:11-21). Nos capítulos 4 ao 22, passamos para as coisas que são estritamente proféticas.
Esses capítulos têm a ver com as reivindicações legítimas de Cristo à “herança”, que é toda coisa criada no céu e na Terra (caps. 4-5),
os muitos juízos que cairão sobre a Terra (caps. 6-19), e finalmente, Seu reinado sobre todas as obras de Suas mãos (caps. 20-22).

UM PARÊNTESE
Preparativos Celestiais Antes de os Juízos Caírem Sobre a Terra
Capítulos 4-5

Direitos de Cristo à Herança


Os capítulos 4 e 5 são introdutórios aos julgamentos proféticos que se seguem no livro e, em certo sentido, podem ser
vistos como um parêntese no desdobramento dos eventos na Terra. Os capítulos 2 e 3 nos deram a história da Igreja na Terra nos
últimos 2.000 anos. Imediatamente após o chamado da Igreja para o céu, os eventos do capítulo 6 ocorrerão na Terra – eles são uma
continuação do capítulo 3.
Estes capítulos que se interveem (4-5) retratam uma cena no céu que precede os juízos que cairão sobre a Terra. O assunto
diante de nós nesses capítulos é a dignidade de Cristo de possuir a herança e reinar sobre ela. A “herança” é toda coisa criada no céu e
na Terra (Ef 1:11, 14, 18). Estes capítulos mostram que Cristo tem uma dupla dignidade:
No capítulo 4 Ele é digno por causa de Seus direitos de Criador – “Tu criaste...” (v. 11).
No capítulo 5 Ele é digno por causa de Seus direitos de Redentor – “Tu compraste [redimiste – JND]...” (v. 9).
Ezequiel 21:27 nos diz que Deus tem Um “a Quem pertence de direito” – o Senhor Jesus Cristo. Ele virá no tempo
designado por Deus para reivindicar a herança e reinar sobre ela em justiça.
O capítulo 4 se ocupa com “o trono” e com Ele (o Criador) que nele Se assenta.
O capítulo 5 se ocupa com “o livro” e com Ele (o Redentor) que é digno de abri-lo.

A Transferência do Governo da Terra, dos Anjos para os Homens Redimidos


As escrituras indicam que o governo do “mundo futuro” (o Milênio) estará nas mãos dos homens – homens redimidos
(Hb 2:5). Atualmente, a Terra está sob a jurisdição dos anjos, que agem por Deus administrativamente na execução de Seus tratamentos
governamentais com os homens. Depois que a presente dispensação da graça chegar ao fim e a Igreja tiver sido chamada para o céu,
haverá um tempo em que os anjos serão reunidos e dispensados de seu ofício atual (Hb 12:22-23 – “miríades de anjos; À universal
assembleia” – AIBB), e esse ofício será transferido para as mãos dos homens glorificados.
Isso é visto aqui em Apocalipse 4-5. As “quatro criaturas viventes” (JND) representam (simbolicamente) os atributos do
poder providencial na execução do juízo na Terra. Elas não são criaturas reais, mas emblemas da habilidade de Deus de governar a
Terra providencialmente. Elas são descritas como “um leão” (poder), “um bezerro” (firmeza), um “rosto como de homem”
(inteligência) e “uma águia voando” (rapidez de execução). Essas criaturas viventes são vistas no capítulo 4 como mescladas com os
anjos. (não distintas deles) Elas são vistas como uma companhia agindo para Deus em Seu governo da Terra. Assim, a administração
atual da Terra é exercida pelos anjos. Mas então, no capítulo 5, quando o Cordeiro toma o livro, “as quatro criaturas viventes” são
vistas como separadas e distintas dos anjos. Agora elas estão mescladas com os anciãos (homens glorificados e redimidos) como uma
só companhia. Elas são vistas agindo em conjunto com os anciãos na função sacerdotal de louvor (“harpas”), em oração (“salvas de
ouro cheias de incenso”) e no cântico do hino dos remidos (Ap 5:8-10). Isso mostra que elas não poderiam ser criaturas reais criadas
por Deus como são os anjos, porque todas tais criaturas não conhecem nem cantam a canção da redenção. Esta mudança indica que a
administração da Terra será então transferida para as mãos dos homens remidos que são glorificados (Lc 19:16-19; Rm 8:17; 2 Tm
2:12; Hb 2:5; Ap 21:9-22:5).
W. Kelly disse: “As criaturas viventes em si, representam os atributos do poder providencial na execução do juízo; mas a
comparação dos capítulos [4 e 5] aponta para uma mudança em sua administração a partir dos anjos, que são agora os agentes, para os
redimidos que serão, então, os agentes. Assim, no capítulo 4, os anjos estão mesclados como se estivessem nas criaturas viventes; já no
capítulo 5 eles são vistos como distintos em visto dos co-herdeiros de Cristo, a quem Deus sujeitará o vindouro mundo habitado, e não
aos anjos. (Hb 2:5)” (Revelation Expounded, pág. 87).

Os Direitos de Cristo por Meio da Criação - Cap. 4:1-11


O pecado arruinou a criação, mas o julgamento irá purificá-la e trazê-la de volta a um estado em que possa ser usada para
seu propósito original – que é o palco para a manifestação da glória de Cristo, o Filho de Deus e o Filho do Homem.
Vs. 2-5 – “O trono” nos apresenta um símbolo da sede de governo e de autoridade de Deus no universo. Aprendemos com
isso que Deus está no controle nos bastidores, com Sua mão governante. Como Criador, o Senhor tem direitos sobre Sua criação. No
entanto, antes que possa ser usada para a manifestação de Sua glória no reino, a criação precisa ser purificada e libertada do pecado, de
Satanás e do mundo. O mesmo poder de Deus que criou o mundo inteiro será usado para levá-la de volta a Deus. O próprio Cristo
intervirá no curso deste mundo (em Sua Aparição) para tomar os reinos deste mundo, e eles virão “a ser de nosso Senhor e do Seu
Cristo” (Ap 11:15).
Aqu’Ele que está assentado no trono não é descrito, mas pedras preciosas são usadas para mostrar Sua glória no governo.
A. Roach disse que “jaspe” e “sardônica” indicam a glória revelada do Senhor e Sua glória não revelada. Além disso, há um “arco
celeste estava ao redor do trono”. Isso fala do pacto de bênção de Deus com a Terra após o juízo (Gn 9). Um arco-íris, como
sabemos, aparece depois de uma tempestade. Portanto, esta é uma promessa de que Deus trará bênçãos para a Terra depois que a
tempestade de Seu juízo tiver passado por ela. Dizem que o arco-íris tem apenas uma cor “esmeralda”. Verde é a cor do frescor e
indica que a promessa de Deus está fresca em Sua mente e que agora Ele está prestes a cumpri-la. “Os vinte e quatro anciãos”
representam crentes dos tempos do Velho e do Novo Testamento em seu estado glorificado. Eles estão “vestidos de vestes brancas”,
indicando que foram purificados pela obra de Cristo na cruz. Eles têm o seu lugar no céu em “tronos” ao redor do “trono” central. Os
“relâmpagos, e trovões, e vozes” que saem do trono indicam que o juízo será o meio de limpeza da Terra (Is 26:9). As “sete lâmpadas”
trazem diante de nós o pensamento de que Deus, pelo poder do Espírito, está prestes a examinar todo mal e tratar dele com justiça.
Vs. 6-8 – O “mar de vidro” é uma alusão à pia do templo, que era usada para limpeza (1 Rs 7:23-26). Aqui não é de água,
mas de vidro. Sugere uma cena de pureza fixa para todos os que fazem parte dessa cena celestial.
Como mencionado, “as quatro criaturas viventes” simbolizam a execução do governo de Deus na Terra, associado ao
Seu trono. Como mescladas com os anjos neste quarto capítulo, elas parecem incorporar os atributos tanto dos querubins como dos
serafins. Os querubins dizem respeito ao governo público da glória de Deus na Terra (Gn 3:24; Êx 25:17-20; Ez 10:1-22) e os serafins
dizem respeito à manutenção da santidade de Deus (Is 6:1-7).
Vs. 9-11 – A grande questão é esta: quem é digno de executar o juízo e preparar a Terra para o reino vindouro? A resposta
é: Aqu’Ele que a criou. Isto pede por louvor àqu’Ele que é o Criador de todas as criaturas do universo. Todo o céu irrompe em louvor
ao Senhor Jesus Cristo por causa de Seus direitos de Criador.

Os Direitos de Cristo por Meio da Redenção - Cap. 5:1-14


Vs. 1-4 – Como o capítulo 4, o capítulo 5 é uma cena no céu. Tem a ver com “o livro” e com aqu’Ele que é digno de abrir
seus “selos”. O livro (um pergaminho) não é a Bíblia, mas o título de posse da herança. Ele estabelece o propósito e o conselho de
Deus em relação à bênção do mundo inteiro sob o reino de Cristo. O livro revela como Ele fará isso acontecer, que será por meio dos
Seus “juízos” (Is 26:9).
Se a herança deve ser reivindicada para Deus, a grande questão é quem pode fazer isso? Quem pode remover o vasto
sistema do mal que veio por meio do pecado e da rebelião do homem de uma maneira que satisfizesse as exigências do trono? E quem
pode trazer o vasto sistema de bênçãos que a bondade de Deus propôs para todos no céu e na Terra? Todo o universo é desafiado com
essas grandes questões pela proclamação de “um anjo forte” – e ninguém é encontrado entre todas as criaturas de Deus que seja digno
ou capaz.
Por milhares de anos, os homens se esforçaram para reprimir os males do mundo e introduzir uma condição de paz e bem-
estar na Terra, mas nenhum deles conseguiu fazê-lo. Literalmente, tudo foi experimentado na tentativa de conseguir isso. Os homens
aplicaram todas as formas de governo – monárquico, ditatorial, republicano, democrático, socialista etc., mas nenhum foi bem-
sucedido. Nem a religião nem a força militar foram capazes de reformar as nações do mundo. Homens tentaram aplicar leis por meio
de tribunais de justiça e fizeram proliferar na Terra reformatórios e prisões, mas nenhuma dessas coisas também funcionou. Vez ou
outra toda classe de homens tentou corrigir o curso deste mundo de uma forma ou de outra: reis, nobres, comandantes militares, as
pessoas comuns na sociedade se unindo por uma causa ou outra, mas esses também, não conseguiram. Entre todos eles também não foi
encontrado ninguém com a capacidade ou a dignidade de trazer paz e bênção para este mundo. Todos falharam porque só consideraram
os direitos do homem e ignoraram os direitos de Deus e as exigências do Seu trono.
Vs. 5-6 – Nossos olhos são então voltados para ver esses requisitos atendidos perfeitamente em Cristo. Ele é descrito de
duas maneiras; em primeiro lugar, como “o Leão”, e em segundo lugar, como “o Cordeiro”. Como um “Leão” Ele é visto como
capaz, pois um leão é conhecido por sua força (Pv 30:30). Como um “Cordeiro”, Ele é mostrado digno, porque embora seja
desprezado pelos homens, Ele venceu o pecado pela morte. Ele é apresentado como tendo três atributos divinos:
Suas “sete pontas [chifres]” simbolizam Sua plenitude em poder – Sua onipotência.
Seus “sete olhos” simbolizam Seu completo esquadrinhar de todas as coisas – Sua onisciência.
Ter os “sete Espíritos de Deus enviados a toda a Terra” – fala de Sua onipresença.
Vs. 7-8 – Há duas ações distintas que seguem: tomar o livro e a abrir seus selos (cap. 6:1, etc.). Tomar o livro significa o
direito de Cristo à herança como o Cordeiro, e a abertura de seus selos significa o poder de juízo de Cristo para reivindicar a herança
como o Leão. Tomar o livro significa que o tempo da “paciência de Jesus Cristo” já passou (cap. 1:9), e é chegada a hora da
autoridade do Seu senhorio e poder. Quando Ele toma o livro, imediatamente os anciãos no céu, agindo como sacerdotes, prostram-se
diante d’Ele tendo “harpas” e “salvas de ouro” (v. 8).
As “harpas” falam dos louvores dos santos.
As “salvas [taças]” falam das orações dos santos.

Isto indica que esta companhia celestial de homens redimidos (os 24 anciãos) entende que Cristo está prestes a responder às
orações dos santos que por milhares de anos O chamaram para vir e endireitar o mundo para a glória de Deus (Lc 18:7). Porém, mais
especificamente, os santos que oram, com os quais a companhia celestial de anciãos está tão profundamente interessada, são aqueles
que sofrem na Terra por sua fé durante o tempo em que os juízos apocalípticos deste livro serão derramados. Esses santos são crentes
no evangelho do reino que será pregado naquele dia. Eles são aqueles a quem Deus redimiu da nação de Israel e das nações gentias
(cap. 7). Os anciãos no céu são vistos como sacerdotes e observadores celestiais em conexão com esses santos sofredores da Terra.
Contudo, antes de Cristo abrir os selos e ordenar que os juízos caiam sobre a Terra, todo o céu irrompe em louvor àqu’Ele
que é capaz e digno (vs. 9-14).

Três Esferas de Louvores em Três Círculos Concêntricos


Existem três esferas distintas de louvores na segunda metade do capítulo 5:
1) Vs. 9-10 – O círculo mais interior engloba toda a companhia redimida de homens no céu – “os vinte e quatro anciãos”. Eles
cantam seus louvores diretamente ao Cordeiro (Cristo) exaltando Seus caminhos de graça que redime homens na Terra. O tema
do seu cântico é a poderosa obra de redenção de Cristo. Nota: a palavra “nos” e “nós” nos versículos 9-10 na versão King James
deveriam ser traduzidas como “os” e “eles”, como na Tradução de J. N. Darby. Isso significa que os anciãos não estão se
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referindo a si mesmos, mas àqueles na Terra com quem Deus está tratando em graça .
W. Scott disse: “Os pronomes ‘os’ e ‘eles’, em vez de ‘nos’ e ‘nós’, como na versão autorizada, marcam uma importante
distinção na interpretação dessa importante passagem. Os anciãos não cantam pela própria redenção, mas pela de um povo na Terra.
Seu serviço sacerdotal foi em nome de outros, então aqui seu cântico é o dos redimidos na Terra. Eles cantam e celebram a bênção
dos outros, não as suas. Quão abnegado! Quão altruísta! Quão intenso o interesse na obra da graça de Deus na Terra durante o
interessante intervalo entre o Arrebatamento (1 Ts 4:17) e o Advento do Senhor em poder (Ap 19:11-14). Os redimidos no céu
deleitam-se em declarar a bênção dos redimidos na Terra”. (The Book of Revelation, págs. 140-141).
W. Kelly também disse: “Uma mudança muito importante ocorre neste versículo, bem conhecida de todas as pessoas que estão
razoavelmente familiarizadas com as Escrituras originais. Pessoas que estudaram os manuscritos mais antigos e outras testemunhas
deste livro, todos concordam que é, ‘E para o nosso Deus os fizeste reis (ou um reino) e sacerdotes’. Eles não falam de si mesmos.
De fato, estou preparado para ir mais longe, e estou fadado a afirmar minha firme impressão de que no nono versículo a palavra
‘nós’ foi colocada por copistas que supunham que os anciãos estavam celebrando sua própria bênção. Mas os anciãos estão tão
perfeitamente descansados sobre si mesmos que podem estar ocupados com os outros... Eles estão falando sobre os santos, cujas
orações estavam oferecendo. Como eles estavam ocupados com suas orações, assim, aqui estavam louvando o Senhor por Sua
bondade para com os santos que ainda estão na Terra” (Lectures on the Revelation, págs. 118-120).
V. 10 – Aqueles a quem Cristo redime são feitos “reis e sacerdotes” e eles reinarão com Cristo quando Ele estabelecer
publicamente o Seu reino. “Na Terra” (KJV) aqui poderia ser traduzido “sobre a Terra”. Muitos têm feito isto significar que eles
irão para o céu e reinarão com os anciãos no departamento celestial do reino de Cristo (Dn 7:18, 22, 27) naquilo que o Senhor
chamou de “o reino de Meu Pai” (Mt 13:43). Se isto é assim, os anciãos não estão se referindo a todos os redimidos na Terra, mas
a uma classe específica de santos que serão martirizados e então elevados para compartilhar no lado celestial do reino (Ap 14:13,
20:4).
2) Vs. 11-12 – O próximo círculo abrange os “anjos” eleitos. Eles se juntam ao hino de louvor, mas não é dito que eles cantam seu
louvor. Nem mencionam o sangue do Cordeiro, não tendo conhecido a redenção pessoalmente. Nem o seu louvor é ao Cordeiro,
como foi o dos anciãos, mas a respeito do Cordeiro. Essas coisas denotam um entendimento menor (quanto à experiência) dos
caminhos de Deus em graça e governo.
3) Vs. 13-14 – O terceiro círculo é ainda mais amplo e abrange “toda a criatura que está no céu, e na Terra, e debaixo da Terra,
e que está no mar” na criação inferior. Eles são vistos juntando-se ao louvor do Cordeiro, mas como os anjos, eles não cantam.
As notas de louvor atribuídas em sua adoração (quatro) são menos do que as dos anjos (sete) e denotam um entendimento ainda
menor dos caminhos de Deus. Isto seria uma antecipação de sua libertação da escravidão da corrupção quando Cristo aparece
(Rm 8:20-22).

Uma Breve Visão Geral da Ordem dos Capítulos no Livro


Os capítulos seguintes (6-22) retomam o desenrolar dos eventos na Terra. Do ponto de vista dos santos no céu, nos
capítulos 4 e 5, os eventos dos capítulos 2 e 3 foram cumpridos na história, e os eventos dos capítulos 6 a 22 ainda estão para serem
cumpridos no futuro.
Como mencionado, se Deus deve usar este mundo como um palco para manifestar a glória de Cristo no “mundo futuro”
(Hb 2:5), como Ele Se propôs a fazer, o mundo deve primeiro ser purificado da maldade e das pessoas iníquas por meio do julgamento
(Is 26:9). Todo mal – homens e coisas – deve ser subjugado para dar lugar ao reinado de Cristo em justiça (Is 32:1; Zc 14:9). Antes de
Cristo pessoalmente intervir em julgamento em Sua Aparição, vários juízos providenciais e indiretos cairão “do trono” de Deus (cap.
4:5) e “do altar” de Deus (cap. 8:5) e “do templo” de Deus (cap. 11:19; 15:5-8).
Como mencionado anteriormente, Deus reputa responsáveis as várias partes da Terra de acordo com o grau de luz que
tiveram. Nos próximos capítulos, o Senhor toma cada uma dessas esferas separadamente e as julga adequadamente. As nações
Cristianizadas tiveram a maior exposição à verdade por meio do evangelho e são as mais responsáveis. Portanto, o Senhor começa com
elas e então, com as outras partes da Terra que tiveram menos luz.
O Espírito de Deus neste livro nos leva até a semana profética final da profecia de Daniel (Dn 9:24-27) três vezes e sob três
perspectivas diferentes – cada uma terminando com os eventos que cercam a Aparição de Cristo. Eles são:
Cap. 6-11:18 – O juízo das chamadas nações ocidentais Cristianizadas, culminando com a Aparição de Cristo.
Cap. 12-14 – O juízo de Israel, culminando com a Aparição de Cristo.
Cap. 15-16 – O juízo das nações fora da terra profética, culminando com a Aparição de Cristo.
Então, depois de um longo parêntese nos capítulos 17:1-19:10, em que o assunto da Babilônia (religioso e político) é
abordado em detalhes, o assunto da Aparição de Cristo é retomado no capítulo 19:11-21 – que é onde as seções anteriores foram
interrompidas. Então, os capítulos 20:1-21:8 apresentam o Milênio (que será estabelecido após a Aparição de Cristo), seguido pelo
Estado Eterno. Os capítulos 21:9-22:5 formam um apêndice, dando-nos mais detalhes sobre a Igreja sendo usada para glorificar a
Cristo no Milênio. Então, no capítulo 22:6-21 o Senhor faz Suas exortações finais e uma promessa tripla de Sua vinda.

Cinco Parênteses no Livro


Existem cinco parênteses que devem ser levados em consideração:
Cap. 4-5 – O duplo direito de Cristo de possuir e reinar sobre a herança, que é toda coisa criada.
Cap. 7 – Israelitas e gentios crentes preservados durante a 70ª semana de Daniel (Dn 9:27).
Cap. 10:1-11:14 – O mistério de Deus e as duas testemunhas.
Cap. 16:15 – Cristo aparece como um Ladrão em juízo.
Cap. 17:1-19:10 – A Babilônia religiosa e política julgada.
A partir desta breve visão geral dos capítulos, podemos ver que o livro de Apocalipse é realmente uma tese muito ordenada
sobre eventos proféticos. O fato de que o Espírito de Deus leva o leitor por três vezes à semana profética de sete anos de Daniel 9:27,
sob três perspectivas diferentes, está de acordo com Sua maneira de apresentar profecias em outras partes da Bíblia. Seja nos Salmos
ou nos Profetas, quando trazem assuntos proféticos diante de nós, o Espírito passa por esse território repetidamente – cada vez
terminando com a Aparição de Cristo e a introdução ao Seu reino (o Milênio). Portanto, não é surpresa para o estudante de profecias
ver a mesma ordem observada no livro de Apocalipse.
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JULGAMENTO DAS NAÇÕES
OCIDENTAIS CRISTIANIZADAS
Capítulos 6-11:18

Os Juízos dos Selos (o Princípio de Dores) – Cap. 6:1-8:1


A parte da Terra com a qual os juízos dos “selos” e das “trombetas” se relacionam é a Europa Ocidental, e talvez a
América do Norte – nações ocidentais que abraçaram exteriormente o Cristianismo. “O Cordeiro” (Cristo) começa a abrir os selos,
significando a realização de certos eventos e julgamentos naquela parte da Terra. Esses julgamentos prepararão o caminho para que Ele
tome a herança e reine sobre ela na glória do Seu reino.
A palavra das quatro criaturas viventes não é “vem, e vê”, como as versões King James e Almeida Corrigida e Almeida Fiel
apresentam (vs. 1, 3, 5, 7), mas simplesmente “Vem” (TB), significando o poder providencial de Cristo para fazer essas coisas
acontecerem. Assim, “vem” nesse sentido, refere-se ao Seu comando providencial para fazer com que esses eventos aconteçam. Os
cavaleiros representam instituições humanas que serão movidas pela providência de Deus. O Senhor chamou a primeira metade de
anos da semana profética de Daniel – onde se encontram os primeiros seis juízos dos selos – de “o princípio de dores” (Mt 24:8).

Cap. 6:1-2 – O primeiro selo aberto. O que é retratado no cavaleiro sobre “um cavalo branco” é a primeira coisa que
acontecerá na Terra após o Arrebatamento. O cavaleiro não é Cristo (cap. 19:11), nem é o anticristo (1 Jo 2:18). Refere-se à igreja de
Roma usando seu poder, influência e dinheiro para reunir dez nações na Europa Ocidental em uma federação chamada “a besta”. Este
é o renascimento do Império Romano indicado em Daniel 2:41-43 e 7:7-8. Apocalipse 17:1-6 também aponta para isso, indicando que
a igreja católica romana (sob a figura da prostituta) terá o controle dessa recém-formada federação de nações nos primeiros três anos e
meio da semana profética de Daniel 9:27. Para estar sob o controle desse sistema religioso durante esse tempo, o império romano
deverá necessariamente ter sido revivido antes.
O cavalo aqui no capítulo 6 é “branco”, significando a pretensão de retidão e pureza de propósito da Roma papal. O
cavaleiro tem um “arco” sem flechas, indicando que a conquista de Roma sobre as nações da Europa Ocidental e a sua união em uma
superpotência será algo sem sangue. Isso será conseguido por meio de reuniões e tratados de cúpula, e não por guerra. O governo da
igreja católica sobre o recém-revivido império será a sétima forma de governo do império em sua história – mas durará somente “um
pouco de tempo” – os primeiros três anos e meio da semana profética de Daniel (cap. 17:9-11).
Imediatamente após o surgimento deste novo império no Ocidente, o “príncipe” romano, à frente de suas operações
políticas sob a igreja católica, fará um “concerto [aliança]” com os judeus para “proteção” deles (a asa da abominação) contra as
nações islâmicas que os cercam (Dn 9:27a – JND). A profecia não nos dá mais detalhes sobre quem é esse homem. Ele é simplesmente
um testa-de-ferro político da igreja de Roma, que ocupará o cargo de “o príncipe” no início da última semana de anos. O príncipe é
identificado como “ele” em Daniel 9:27a.
Este homem não poderia ser o “chifre pequeno” (Dn 7:8, 20-21 – AIBB) – a “besta” em pessoa (Ap 13:4-7, 19:20, etc.)
porque tal homem sobe ao poder e apodera-se do ofício de príncipe romano no meio da semana. Sabemos disso porque Apocalipse 13:5
e Daniel 7:25 nos dizem que seu mandato será por “quarenta e dois meses” ou “um tempo, e tempos, e metade dum tempo”. Esses
períodos na profecia são medidos a partir do meio da semana até o final da semana (Dn 12:11). Assim, o reinado do “chifre pequeno”
ou da besta em pessoa será durante a segunda metade da semana – o tempo da grande tribulação. Quando tomar posse do ofício de
príncipe romano no meio da semana, ele violará os termos da aliança que terá sido feita com os judeus (Dn 9:27b – o segundo “ele” [e
na metade da semana ele fará...]). Assim, como L. Laurenson apontou, há a realização da aliança e há o rompimento da aliança; estas
são duas coisas diferentes feitas por dois homens diferentes (Messiah the Prince, pág. 160). (No livro de Daniel, as posições daqueles
que governam entre os reis gentios são ofícios que não necessariamente se referem a um indivíduo. Por exemplo, em conexão com o
império grego no capítulo 11, há nove ou dez homens diferentes mencionados no papel do rei do norte, que sucedem um ao outro
naquele ofício. Da mesma forma, com o rei do sul. É o mesmo em Daniel 9:27 em conexão com o império romano. O “príncipe” – o
primeiro “ele” e o segundo “ele” não são a mesma pessoa.)
A realização dessa aliança é significativa na profecia. Ela marca a retomada do ciclo das semanas (de anos) em Daniel
9:24-27, com a 70ª e última semana prestes a ser cumprida – após a qual, Deus introduzirá o reino como prometido em Daniel 9:24.
Como resultado deste pacto sendo feito com Israel, os judeus, que estão atualmente espalhados pelo mundo, se sentirão seguros para
retornar à sua terra natal, e o farão em massa, na primeira parte da semana (Is 18:1-4; Sl 73:10). Esta aliança permitirá que os judeus
pratiquem o judaísmo (“o sacrifício e a oferta de manjares” – Dn 9:27) de acordo com a Lei de Moisés, sem serem molestados.
Sacrificar seus animais e apresentá-los a Jeová é algo que eles não fazem há mais de 2.000 anos (Os 3:4).

Cap. 6:3-4 – O segundo selo aberto. A paz civil será tirada das nações da Europa ocidental (Mt 24:6-7a). O cavalo é
“vermelho”, indicando derramamento de sangue.
Cap. 6:5-6 – O terceiro selo aberto. A agricultura falhará e uma fome generalizada se seguirá (Mt 24:7b). O cavalo é
“preto”, indicando um tempo de lamentação e luto. “O vinho e o azeite” referem-se aos ricos da sociedade – particularmente os
judeus que retornaram em massa à sua pátria (Pv 21:17).

Cap. 6:7-8 – O quarto selo aberto. A peste (doença) se espalhará pela Europa ocidental (“a quarta parte da Terra”) e
muitos morrerão (Mt 24:7c). O cavalo é “amarelo [pálido]”, indicando doença e morte.

Cap. 6:9-11 – O quinto selo aberto. As autoridades de Roma começarão a martirizar as testemunhas judias que pregarão o
evangelho do reino (Mt 24:9). Este evangelho anuncia que há um Rei que virá e que derrubará todo o poder governamental e
estabelecerá o Seu próprio reino, no qual Ele reinará supremo (Sl 96). Isto será considerado subversivo para o regime católico (a
prostituta – cap. 17) que estará no controle do império (a besta) naquele tempo, e atrairá sua ira contra essas testemunhas, que serão
vistos como revolucionários. Assim, eles serão presos e executados pelas autoridades – martirizados (Ap 17:6). As almas destas
testemunhas permanecerão no estado separado (o Hades) até o final da semana profética, e então elas serão ressuscitadas (Ap 14:13).

Cap. 6:12-17 – O sexto selo aberto. Quando as coisas se aproximarem da metade da semana, Satanás será lançado na Terra
(cap. 12:7-9, 13), e imediatamente causará uma convulsão no governo das nações confederadas do Ocidente, sob a liderança do sistema
católico. Então, haverá um grande abalo político. Isto é apresentado simbolicamente sob a figura de “um grande terremoto” (TB).
Como resultado, os ofícios de governo no ocidente serão temporariamente lançados em um estado de confusão e anarquia. Não é
mencionado aqui, mas Satanás então energizará um homem (a besta em pessoa) que se levantará do caos e assumirá o controle da
liderança do império (Ap 13:1-10) e motivará os dez reis (nações) da federação a derrubar o regime católico – a prostituta (Ap 17:16-
17).
O coração dos homens desmaiará de terror, em vista do que está por vir (Lc 21:25-26). O fato de que eles falam da “ira do
Cordeiro” mostra que são pessoas esclarecidas que estão familiarizadas com o evangelho e certas verdades bíblicas, mas infelizmente
negligenciaram receber a Cristo como seu Salvador quando tiveram oportunidade de fazê-lo. Eles erroneamente pensam que Ele está
prestes a vir e julgar o mundo, mas isso acontecerá mais tarde.

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UM PARÊNTESE
Entre o Sexto e o Sétimo Selo
Capítulo 7

Duas Companhias Preservadas de Pessoas na Terra – Cap. 7


Um parêntese é aberto para nos mostrar que Deus está no controle completo de todos os eventos vindouros, e muitos serão
poupados dos juízos e participarão do reino milenar de Cristo. Não somente o Senhor ordenará que os juízos providenciais caiam sobre
a Terra (cap. 6), mas Ele também ordenará a preservação providencial para as duas companhias abençoadas de pessoas que
atravessarão aquele tempo terrível (cap. 7).
Vs. 1-8 – O primeiro é um grupo eleito de israelitas (sob a figura de 144.000) que crerão no evangelho do reino. Eles são
um remanescente de “todas as tribos” de Israel. Sua preservação é evidenciada pelos “quatro anjos” restringindo “os quatro ventos
da Terra” (a ação universal dos poderes demoníacos para esmagar e destruir). Um “sinal [selo]” é colocado sobre eles, indicando que
eles foram marcados para bênção. As tribos de Dã e Efraim são omitidas talvez por causa de sua cumplicidade com a idolatria (Dt
29:18-21; Jz 18:1-31; 1 Rs 12:25-30; Os 4:17). Isso não significa que não haverá nenhum salvo dessas tribos, pois as Escrituras
indicam em outro lugar que alguns de todas as tribos de Israel serão abençoados (Ez 48).
V. 9 – O segundo é um grupo eleito de gentios de todas as nações da Terra, que também crerão no evangelho do reino.
Vs. 10-17 – As duas companhias sobreviverão a esse período terrível e entrarão no Milênio. Elas se unirão alegremente ao
louvor ao Cordeiro, que os anjos e os anciãos já começaram no céu. Elas O louvarão “dia e noite” no “templo” terreno que será
edificado no Milênio (Is 56:6-7; Ez 40-44; Sl 134:1). O Cordeiro “estenderá o Seu tabernáculo sobre eles” nos céus (vs. 15-17 –
TB).

Os Juízos das Trombetas (A Grande Tribulação) – Cap. 8:1-11:18


Vs. 1-6 – O desdobramento dos eventos no capítulo 6 é retomado com a abertura do “sétimo selo” (cap. 8:1). Isso resulta
nos sete juízos das trombetas caindo sobre as nações ocidentais que tiveram a luz do Cristianismo, mas o rejeitaram. Estes juízos serão
executados diretamente da mão do Próprio Senhor (o Anjo-Sacerdote) e serão mais diretos e severos do que os juízos dos selos. Esses
juízos abrangem a última metade da semana profética de Daniel 9:27 (três anos e meio), que é o tempo da “grande tribulação” (Mt
24:21; Ap 7:14).
Em conexão com os juízos das trombetas nos capítulos 8-9, é significativo que o Espírito de Deus use a expressão “terça
parte” quatorze vezes (na Tradução de J. N. Darby). Esta é uma expressão técnica na profecia, referindo-se a uma área restrita do
mundo – a terra profética ocidental – que é essencialmente o território que o antigo império romano ocupou.
Os primeiros quatro juízos das trombetas têm a ver com a apostasia das nações Cristianizadas no ocidente, enquanto o
quinto juízo das trombetas diz respeito à apostasia dos judeus na terra de Israel. O resultado será uma completa apostasia desta parte da
Terra, que outrora fora iluminada.
Cap. 8:7 – A primeira trombeta. A prosperidade (“árvores” e “erva verde”) nas nações ocidentais irá secar. Isso marca o
colapso da economia no ocidente.

Cap. 8:8 – A segunda trombeta. João vê “um grande monte ardendo em fogo” se dissolver no “mar” – ou seja, uma
erupção vulcânica gigante. Isto se refere a uma grande e poderosa nação no ocidente se desintegrando e se dissipando no “mar” das
nações (Ap 17:15). Isto é um juízo de Deus, do qual “fogo” é um símbolo. O resultado é que muitos no ocidente abandonarão
formalmente sua profissão de fé em Deus e apostatarão (se tornarão “sangue”). Alguns pensam que este monte possa ser os Estados
Unidos da América. Se isso for verdade, explica por que esse grande poder militar não é mencionado como tendo parte nas guerras
vindouras do Armagedom.
O Sr. W. Kelly disse: “Os Estados Unidos da América submergirão em um pântano político; e como eles têm sido até aqui
um mero omnium gatherum – um conglomerado de pessoas e coisas de todas as partes do mundo, especialmente da Europa, composto
sem dúvida de uma vasta quantidade de competências, indústrias e empreendedorismo, mas também, não pouco da escória e do lixo de
todas as nações; então acredito que se dividirão em facções sob elementos primários de discórdia; e, após arrogante vanglória,
finalmente vão estourar como uma bolha... Assim, relativamente à América, eu imagino que a jovem potência gigante que cresceu tão
rapidamente, vai afundar ainda mais rapidamente, provavelmente por uma guerra civil, mas certamente de alguma forma antes desse
dia chegar. Os EUA vão se dividir em diferentes fragmentos. Seu principal objetivo é manter a unidade política. Esta é a sua grande
ambição, e embora pareça estar em pé e avançar, como tudo o que é ambicioso está apto a prosperar por um tempo, mas tudo será
derrubado em pouco tempo. Assim, é um fato notável que não haja lugar na profecia para um vasto poder de influência, como os
Estados Unidos da América naturalmente seriam, se por tanto tempo manteve sua coesão. É concebível que pudesse existir um tal
poder naquele dia, sem haver qualquer menção a ele? Poderia a omissão ser explicada a não ser por sua dissolução?” (Lectures on the
Minor Prophets, pág. 109-110).
Cap. 8:10-11 - A terceira trombeta. Uma grande pessoa em alta posição de influência no Ocidente (“uma grande estrela”)
renunciará formalmente sua declaração de conhecimento de Deus, e isso levará mais à apostasia.
Cap. 8:12 - A quarta trombeta. Muitos outros líderes influentes no Ocidente a quem os homens procuram orientação e
conselhos (“o Sol”, “a Lua” e “as estrelas”) também cairão em apostasia. Estes podem ser homens políticos respeitados, analistas
financeiros, etc.
Cap. 9:1-12 – A quinta trombeta. O anticristo, o falso messias do judeu (“uma estrela”), se manifestará em seu caráter
satânico completo. Ele terá permissão para abrir “o abismo” – a prisão de demônios (Lc 8:30-31) – e liberar sua influência cegante
(“fumaça” – ARA) na Terra. O símbolo de “gafanhotos” com “caudas” como um “escorpião” e com “aguilhões” de um escorpião
(v. 10) é usado para descrever a destruição espiritual da apostasia que esses agentes demoníacos causarão nas almas. A missão deles
será fazer com que a massa não selada de judeus na terra de Israel acredite na “mentira” do anticristo (v. 4). T. B. Baines ressalta que
uma vez que o selamento no capítulo 7 não foi para os gentios, mas para um número seleto das doze tribos, podemos deduzir que esse
juízo da quinta trombeta é particularmente relativo à massa de judeus reprovada na terra de Israel (The Revelation of Jesus Christ, pág.
120). Como um juízo retributivo, Deus permitirá que sejam cegados pela mentira (Is 8:21-22), porque se recusaram a crer no evangelho
de Sua graça quando foi pregado pela Igreja. Seu poder cegante também enganará a massa das nações ocidentais, outrora
Cristianizadas, e as levará à apostasia (2 Ts 2:9-10).
Cap. 9:13-21 – A sexta trombeta. A federação de dez nações do Ocidente (a besta), que terá o controle da terra de Israel
como parte de seu império, terá sua fronteira oriental (que “o grande rio Eufrates” simboliza) tomada por um grande exército de
soldados de infantaria. Estes serão os exércitos de outra confederação de dez nações muçulmanas, ao norte e leste de Israel. Eles serão
liderados pelo “rei do norte” – o assírio (Sl 83:1-8; Dn 11:40-41). Veja Apocalipse 16:12. Em questão de poucos dias, esses exércitos
varrerão a terra de Israel, destruindo a massa de judeus que receberam o anticristo e adoraram a imagem da besta. Esses ferozes
guerreiros são descritos como sendo movidos pelo poder satânico – “o poder dos cavalos está na sua boca e nas suas caudas.
Porquanto as suas caudas são semelhantes a serpentes” (v. 19).

UM PARÊNTESE
Entre a Sexta e a Sétima Trombeta
Capítulos 10:1-11:14
Visto que os juízos que caíram até aqui nos levaram ao momento em que Cristo aparecerá pessoalmente do céu em juízo
(como indicado no soar da sétima trombeta – Ap 11:15-18), mais detalhes sobre esse monumental evento agora nos são dados entre
parênteses. Este parêntese consiste em dois assuntos.

O Mistério de Deus Sendo Cumprido – Cap. 10:1-11


O primeiro é a declaração do “mistério de Deus” (TB), que envolve a questão de porque Deus permitiu que o mal
continuasse na Terra sem controle. Este mistério agora está prestes a ser cumprido por Cristo (o “Anjo forte”) intervindo publicamente
e reivindicando Sua herança de acordo com as profecias do “livrinho”. O conteúdo do livrinho é a soma das profecias do Velho
Testamento que prometem que o Messias de Israel virá e reinará em um reino mundial (Is 32:1; Sl 45:1-5, 72; Zc 14:9, etc.). Essas
Escrituras que dizem respeito à vinda do Messias são chamadas de “os oráculos de Deus” (Rm 3:2 – TB). O ato de colocar o pé sobre
“o mar” e “a Terra” é uma figura de Cristo afirmando Seus direitos à Sua herança, que consiste de toda coisa criada (Sl 24:1, 95:5).
Esta é uma resposta ao Salmo 2:8-9.
No momento em que Cristo intervém publicamente em julgamento, o “mistério da ilegalidade” (2 Ts 2:7 – AIBB), que é a
operação da “ilegalidade” entre os homens, em oposição à vontade de Deus em todas as coisas, divinas e seculares, será encerrado.
Isto é algo que vem acontecendo desde os dias dos apóstolos, e continuou a crescer e alcançará sua culminação na apostasia do
“homem do pecado” – o anticristo (2 Ts 2:6-8). Deus colocou uma restrição ao progresso do mal hoje, por meio de dois que o
restringem, a qual estabeleceu na Terra para reduzir seu progresso. O apóstolo Paulo define estes como:
“Aquilo que o detém” (v. 6 – TB).
“Aqu’Ele que agora o detém” (v. 7 – TB).

“Aquilo que o detém” refere-se ao princípio da lei e ordem no governo humano que Deus colocou na mão do homem para
exercer após o dilúvio visando conter o mal (Gn 9:5-6; Ec 5:8; Rm 13:1-7). J. N. Darby disse: “‘Aquilo que o detém”, portanto, é o
poder de Deus agindo no governo aqui abaixo, conforme autorizado por Ele. O mais grosseiro abuso de poder ainda tem esse último
caráter. Cristo poderia dizer a Pilatos: ‘Nenhum poder terias contra Mim, se de cima te não fosse dado’. Por mais perverso que fosse,
seu poder é possuído como vindo de Deus” (Synopsis of the Books of the Bible, em 2 Tessalonicenses 2). O Sr. Darby também disse:
“‘Aquilo que o detém’ no grego significa uma coisa. O que é isso? Deus não nos disse o que é, e isto, sem dúvida, porque a coisa que
restringiu antes não é a mesma que restringe agora. Então, em certo sentido, era o Império Romano, como pensavam os pais, que viam no
poder do Império Romano um obstáculo à revelação do homem do pecado, e assim oravam pela prosperidade daquele império.
Atualmente, o obstáculo é a existência dos governos estabelecidos por Deus no mundo” (Collected Writings, vol. 27, págs. 302-303).
O segundo que restringe é “Aqu’Ele que agora o detém” (2 Ts 2:7 – TB). Isso se refere a uma Pessoa divina – o Espírito
Santo residindo na Terra na Igreja – agindo para conter o mal em várias esferas. O apóstolo Paulo diz que o Espírito irá restringir “até que
do meio seja tirado [até que Se vá – JND]”. Assim, haverá um tempo em que o Espírito Santo não mais residirá na Terra. Atualmente, o
Espírito habita na Igreja, mas quando a Igreja for chamada da Terra no Arrebatamento, o Espírito também “Se irá” da Terra naquele
momento, pois Ele habita na Igreja “para sempre” (Jo 14:16). Isso não significa que o Espírito deixará de trabalhar na Terra. Ele
continuará a trabalhar aqui, mas será do céu como fez nos tempos do Velho Testamento.
Após o Arrebatamento, o mal fluirá em um ritmo acelerado, porque os governos do ocidente apostatarão e o Espírito de Deus
não mais estará residindo na Terra para conter o mal. No entanto, a operação do mal será interrompida abruptamente na Aparição de
Cristo, que é o ponto diante de nós em Apocalipse 10.

Um Testemunho Adequado Será Mantido em Jerusalém – Cap. 11:1-14


A segunda parte deste parêntese indica que a Aparição de Cristo será também o tempo da libertação dos judeus e da bênção
das nações. E enquanto esperam por isto, Deus os usará como testemunho durante a grande tribulação.
Vs. 1-2 – O “Anjo” (na KJV) que fala com João aqui é o mesmo Anjo mencionado no capítulo 10:1, pois o assunto está
conectado pela conjunção “e”. É o próprio Senhor. Isso fica claro no versículo 3 – “E darei poder às Minhas duas testemunhas...”
Isso só poderia ser o Senhor falando. João recebe uma “cana” e é instruído a “medir” três coisas: “o templo de Deus”, “o altar” e
“os que nele adoram”. Como regra nas Escrituras, quando Deus mede alguma coisa, é um sinal de que Ele está prestes a aceitá-la com
bênção em mente (Jr 31:39; Zc 2:1-5; Ez 40-43). A medição também implica que Ele conhece e Se importa com aquilo que Ele mede.
“O templo de Deus” – significa o lugar de Sua morada.
“O altar” – significa uma aproximação a Deus no terreno de um sacrifício.
“Os que nele adoram” – significa o remanescente judeu.
Colocando essas três coisas juntas, aprendemos que no tempo da grande apostasia, que resultará dos enganos do anticristo,
Deus terá uma companhia de judeus (o remanescente) que permanecerá fiel e se aproximará de Sua presença em adoração e oração.
O “átrio” no templo é onde a massa do povo ficava, no lado de fora do santuário (Lc 1:10, 22); isso significa a massa dos
judeus naquele dia futuro. Esta massa não é medida porque esses judeus serão infiéis e apóstatas. Eles terão recebido o anticristo e
acreditado em sua mentira, e assim adorarão a imagem da besta. Eles certamente não serão tomados para bênção, mas, sim, entregues “às
nações” (a confederação ocidental sob a besta) que terá o controle da “cidade santa” de Jerusalém e da terra de Israel durante a segunda
metade da semana profética vindoura. Assim, a massa apóstata de judeus será pisada “debaixo dos pés” (TB) e serão como cativos e
servos no império da besta durante esse tempo. Eles farão o que for necessário para intensificar a perseguição de seus irmãos – o fiel
remanescente judeu.
Vs. 3 – Independentemente de quão tenebrosas ficarão as coisas na grande tribulação, quando a mentira do anticristo enganar
o mundo ocidental e os judeus apóstatas na terra de Israel, Deus manterá um testemunho adequado para Si, representado por “duas
testemunhas”. (“Dois” é o número de testemunho adequado na Escritura – Jo 8:17; Dt 19:15). Essas testemunhas não são duas pessoas
literais, como muitos pensaram. Em vez disso, elas simbolizam uma porção pequena, mas adequada, do remanescente judeu que
permanecerá na cidade de Jerusalém (onde o anticristo reinará) para testemunhar por Deus em face da grande apostasia. Esta porção do
remanescente judeu será miraculosamente capacitada por Deus para este testemunho especial. (O restante do remanescente fugirá para as
montanhas em busca de segurança – Mt 24:16.).
F. B. Hole disse: “A questão surge naturalmente: devemos entender esses versículos como prevendo a ascensão de dois
homens reais? Ou será que Deus levanta e mantém, enquanto Lhe aprouver, um testemunho suficiente e poderoso, tendo as características
como de Elias e Moisés? Nós nos inclinamos para a segunda opção e isso especialmente por causa do caráter simbólico de todo o livro.
Pensamos então que eles indicam – não um testemunho grande e abundante; isso seria indicado por três e não por dois – um testemunho
suficiente, divinamente, na verdade miraculosamente preservado e sustentado naquela época” (The Revelation, pág. 247).
W. Scott disse: “Sobre a questão do número de testemunhas, inumeráveis conjecturas avançaram, como os dois Testamentos,
a Lei e o Evangelho, Huss e Gerônimo, os Valdenses e os Albigenses, etc. Outros com mais demonstração de razão e com uma aparente
sanção das Escrituras, supunham que Moisés e Elias são as duas testemunhas, citando Malaquias 4:4-5 em prova de sua argumentação.
‘Lembrai-vos da lei de Moisés, Meu servo’ (v. 4) não implicaria uma presença pessoal do grande legislador nas cenas dos últimos dias;
ao passo que o versículo 5 parece uma declaração muito expressa de que o distinto profeta reaparecerá novamente na Palestina: ‘Eis que
Eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor’. Um testemunho completo e adequado é a ideia
propositadamente pretendida no número de testemunhas. Parece-nos que é necessário um número maior do que efetivamente dois na
solene crise diante de nós, e porque o versículo oito supõe um grupo de testemunhas mortas” (The Book of Revelation, pág. 230).
A pergunta foi submetida ao editor da revista Help and Food: “Pergunta: – Você poderia gentilmente explicar o significado
das ‘duas testemunhas’ de Apocalipse 11:3? Resposta: – Acreditamos que eles são o remanescente judeu fiel durante a segunda metade da
última semana de Daniel – o tempo da grande tribulação. O número dois não é necessariamente literal, mas denota um testemunho
adequado, assim como a Lei exigia... Como Moisés e Elias, cujo testemunho foi sob circunstâncias similares, e análoga à deles; eles têm
poder contra seus inimigos, embora estejam em opróbrio e sofrimento, por estar o Rei ainda distante” (Help and Food, vol. 19, pág. 252).
Vs. 4-6 – Estas “duas oliveiras” e “dois castiçais” profetizarão “mil duzentos e sessenta dias” em espírito de luto
(“vestidas de pano de saco” v. 3). Esses são 18 dias antes dos “quarenta e dois meses” (1278 dias), que é o fim da semana profética,
quando o Senhor vai aparecer. Isso mostra que Deus em misericórdia vai abreviar os dias de seu sofrimento, porque a intensidade da
perseguição contra os Seus eleitos será muito grande (Mt 24:22). Portanto, a grande tribulação causada pela besta e pelo anticristo
acontecerá por 1260 dias. Não é mencionado aqui, mas essa grande perseguição será interrompida pelas invasões do rei do norte e sua
confederação árabe (Dn 11:40-42; Sl 83). Eles entrarão na terra, vindo do norte e matarão os judeus apóstatas – os perseguidores do
remanescente. Poderão ser até dez milhões de judeus apóstatas mortos em poucos dias (Zc 13:8), após o que a Aparição de Cristo
ocorrerá.
Vs. 7-14 – Quando o “testemunho” das duas testemunhas estiver terminado, eles serão mortos e depois arrebatados ao céu na
última fase da primeira ressurreição (cap. 14:13). Os “demais [remanescente – JND]” mencionados no versículo 13 não são o
remanescente dos judeus tementes a Deus, mas simplesmente o resto das pessoas na cidade que não foram mortas pelo terremoto. Estes
são judeus culpados, apóstatas e não arrependidos, que desejam que Deus se afaste deles. Eles dão “glória ao Deus do céu”, não no
sentido de adoração de seus corações, mas como sendo forçados a admitirem que tem sido a Sua mão que fez com que isso acontecesse.

Os Juízos das Trombetas são Retomados – Cap. 11:15-18


Cap. 11:15-18 – A Sétima Trombeta. Cristo finalmente aparece do céu em julgamento (1 Ts 3:13, 4:14, 5:2; 2 Ts 1:7-10,
2:8; Jd 14-15, etc.). “Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do Seu Cristo, e Ele reinará para todo o sempre”.
Assim, um único governo mundial, que os homens sonhavam ter, mas nunca foram capazes de realizar, será finalmente estabelecido na
Terra sob o Senhor Jesus Cristo. Este reino durará mil anos – até o fim do tempo (Ap 20:4).
Vimos no juízo da quinta trombeta, uma invasão de forças demoníacas trabalhando para enganar os judeus na terra de
Israel; e no sexto juízo da trombeta, vimos uma invasão de soldados islâmicos enlouquecidos invadirem e destruírem a massa dos
judeus em sua Terra. Agora, no juízo da sétima trombeta, temos uma invasão de santos glorificados acompanhando o Senhor quando
Ele aparece no céu em Sua Aparição para julgar este mundo com justiça (Ap 19:14; At 17:31). As nações do oriente e do ocidente
responderão a esta intervenção celestial em uma guerra total – Armagedom (Ap 16:12-16), quando então o Senhor julgará a todos e
estabelecerá Seu reino que continuará até o julgamento do Grande Trono Branco no final do tempo.
(A sequência de eventos desde a Aparição de Cristo em diante é retomada no capítulo 19:11).

JULGAMENTOS EM CONEXÃO COM


ISRAEL
Capítulos 12 a 14
Esta divisão do livro propriamente começa no capítulo 11:19. Nestes capítulos, o Espírito de Deus nos leva de volta ao
mesmo período de tempo que foi coberto nos capítulos 6-11, mas de uma perspectiva diferente. Na verdade, essa profecia tem seu
início muito antes da septuagésima semana de Daniel e leva o leitor por um contínuo esboço profético desde o nascimento de Cristo até
que Ele apareça e pise o lagar do juízo (cap. 14:14-20).
Tendo nos dado coisas do ponto de vista das nações Cristianizadas do ocidente nos capítulos anteriores, o Espírito de Deus
agora dá detalhes da perspectiva das tratativas de Deus para com Israel. Isso pode ser visto no fato de que os símbolos e linguagem
usados nesses capítulos são manifestamente judaicos. Isto é evidente pela menção da “arca do Seu concerto”, que é o sinal da
fidelidade de Deus para com o Seu povo terreno, Israel. A menção de sinais (uma “maravilha” na KJV – vs. 1, 3) também indica que
uma ordem judaica de coisas está diante de nós (Mt 16:1; 1 Co 1:22). A marcação de “dias” e “tempos” também indica isso (vs. 6, 14;
Gl 4:10). Por essas coisas que observamos, vemos que os pensamentos e os caminhos de Deus estão voltados para Israel, e assim
haverá um recomeço de Suas tratativas com eles em nível nacional.
A abertura do “templo” no céu e os juízos procedendo dali, indicam que o que está prestes a ser revelado nesta profecia é
uma linha diferente de coisas nas relações de Deus com a Terra. Nos capítulos 6-11, vimos os juízos procederem do “trono” de Deus
(cap. 4:5), mas agora nos capítulos 12-14, os juízos procedem do “templo” de Deus. Isso indica que o assunto nesses capítulos mudou,
e uma nova profecia começou.
Esta divisão no livro começa nos levando de volta ao nascimento de Cristo, porque grande parte das tratativas de Deus para
com essa nação no futuro, gira em torno da rejeição de Cristo. Por isso, Deus retoma Suas relações com Israel, onde Ele a deixou, dois
mil anos atrás.

O Remanescente Crente de Judeus sob a Perseguição de Satanás – Cap. 12:1-17


Vs. 1-2 – O capítulo começa com Israel (“uma mulher”) estando no lugar em que as promessas de Deus e as Escrituras
proféticas do Velho Testamento a colocam, de acordo com o propósito de Deus (Gn 37:9-11; Dt 28:13). Estar “vestida do Sol” e ter “a
Lua debaixo dos seus pés” significa que Deus pretende que Israel tenha um lugar de suprema autoridade entre as nações da Terra. As
“doze estrelas” com as quais ela é coroada, referem-se à dignidade que as doze tribos de Israel terão no dia do reinado do seu Messias
na Terra. A mulher que está com “dores de parto” refere-se à luta em que a nação se encontrava na época da primeira vinda de Cristo,
quando sofria sob o domínio romano.
Vs. 3-5 – Satanás (“um grande dragão vermelho”) é visto tendo o controle sobre o império romano. Isto é indicado no
dragão tendo “sete diademas” em suas “sete cabeças”. As sete cabeças referem-se às sete formas de governo pelas quais o império
romano passou, ou passará, em ordem consecutiva através do tempo. Ele teve reis, ditadores, tribunos militares, cônsules, decenviratos
e um governo imperial (que reinava na época que foi escrito o livro de Apocalipse) e também terá uma forma de governo sob a
prostituta (a igreja católica), que ainda está por vir (Ap 17:3). (Esta sétima forma de governo se transformará em um “oitavo”, que será
um governo satânico sob a pessoa da besta, quando a “ferida de morte” da sétima cabeça será “curada” – Ap 13:3; 17:10-11). Os
“diademas” sobre as sete cabeças do dragão falam da autoridade governante de Satanás. Os líderes do governo do império (“as
estrelas”) são vistos como sendo manipulados pelo dragão (atraídos pela sua “cauda”) e usados no plano do dragão para destruir
Cristo (“o filho Varão”) quando Ele nasceu neste mundo (Mt 2). A profecia então salta do nascimento de Cristo para a ascensão de
Cristo à glória – “e o seu Filho foi arrebatado para Deus e para o Seu trono” (v. 5).
Vs. 6-17 – A profecia salta novamente cerca de 2.000 anos, para o meio da septuagésima semana de Daniel. Isto é indicado
pelo voo da mulher para o “deserto” (onde ela é providencialmente protegida) sendo “mil duzentos e sessenta dias”. Todos esses
períodos na profecia são medidos a partir da metade da semana profética – quando a abominação da desolação é estabelecida – até o
final da semana (Dn 12:11). Naquele tempo, Deus purificará os céus (Jó 15:15) lançando fora Satanás e seus anjos, para a Terra (v. 8-
9). A grande tribulação (a última metade da semana) começará então com Satanás organizando a maior tentativa possível de destruir “a
mulher” e “resto da sua semente” – os judeus fiéis que se recusarão a adorar a besta.
Um Duplo Ataque ao Remanescente de Judeus Crentes
Um ataque espiritual – A “água como um rio” de apostasia será usada por Satanás em seu caráter de “serpente”, na tentativa
de enganar o remanescente eleito de judeus, para que acreditem na mentira do anticristo (vs. 15-16; Mt 24:22-26; 2 Ts 2:11).
Um ataque físico – Uma “guerra” de perseguição será usada por Satanás em seu caráter de “dragão”, na tentativa de matar o
remanescente eleito de judeus (v. 17; Sl 10:1-11, 12:1; Is 57:1-2).
A “terra ajudou a mulher” (v. 16). Isso significa que o cuidado providencial de Deus irá trabalhar para preservar uma
parte do remanescente judeu, e eles sobreviverão à grande tribulação e entrarão no Milênio.
A Trindade do Mal na Crise Vindoura
O “grande dragão vermelho” – Satanás (cap. 12).
A “besta” que sobe do mar – o líder político das nações do ocidente (cap. 13:1-8).
A “besta” que sobe da terra – o anticristo (cap. 13:11-18).

Os Dois Principais Agentes de Satanás – Cap. 13:1-18


Estando confinado a Terra, Satanás precisará de instrumentos humanos para realizar o seu fim de destruir a mulher e sua
semente (o remanescente). O capítulo 13 mostra que ele terá dois homens que ele pessoalmente energizará para esse propósito.
Os capítulos 12-14 indicam que vários eventos significativos ocorrerão na metade (ou logo após a metade) da semana
profética. O primeiro é Satanás sendo lançado na Terra (Ap 12:7-9). O segundo é uma perseguição total sendo lançada contra o
remanescente judeu (Ap 12:13-17).
A Primeira Besta
Vs. 1-3 – A terceira coisa que ocorre em torno da metade da semana profética é que o governo no ocidente (a recém-
formada federação de dez nações chamada “a besta” – cap. 17:3) assumirá uma nova e diferente forma por meio de um homem
maligno, que terá poder satânico por trás dele. Este homem subirá ao poder no império a partir de uma convulsão política (o “grande
terremoto” – cap. 6:12 – ARA) que Satanás causará no governo sob “a prostituta” – a igreja católica (Ap 17:1-6). Esse líder político
é conhecido pelo mesmo nome do império – a “besta” (vs. 4-8, 19:20, 20:10). Ele também é referido como a “chifre pequeno” (Dn
7:8 – AIBB), “o rei da Babilônia” (Is 14:4); “o príncipe” (Dn 9:26-27 – o segundo “ele”).
A “besta” que surge “do mar”, tendo “sete cabeças e dez chifres” é a federação europeia de dez nações do ocidente – o
império romano renascido (Dn 2:40-45; Ap 17:3, 9-11). No entanto, seu surgimento vindo do mar, como se vê aqui, não está se
referindo ao renascimento do império (o que acontece no início da semana profética por meio da igreja católica – Ap 6:1-2), mas ao seu
satânico surgimento em meio a um estado de caos político que existirá momentaneamente na metade da semana, resultante da revolta
no governo que Satanás causará. O “mar” significa o estado instável de coisas que existirá entre as nações do ocidente naquela época.
Os “diademas” que estavam na cabeça do dragão no capítulo 12:3 agora são vistos nos “dez chifres” da besta. Isso significa Satanás
conferindo poder ao império por meio do homem maligno que assumirá o trono de “príncipe” romano.
Então nos é dito como isso vai acontecer. Uma das cabeças da besta será “ferida” e depois miraculosamente “curada” (v.
3). Isso se refere ao fim do controle governamental que a igreja católica terá sobre o império, e a ascensão de um novo governo que a
substituirá. Essa mudança é mencionada no capítulo 17:10-11 na sétima cabeça (forma de governo) sob a igreja católica (a prostituta)
continuando por “um pouco de tempo” (os primeiros 3 anos e meio da semana profética), e então, sendo derrubada. A cabeça curada
se tornará a “oitava” forma de governo, que estará sob a besta em pessoa. Será uma forma satânica de governo que continuará “sua
carreira” (JND) por “quarenta e dois meses” (os últimos três anos e meio da semana), até a Aparição de Cristo, quando será julgada.
Até lá, “toda a terra” ficará maravilhada com o monstro que as nações confederadas ocidentais terão se transformado naqueles dias.
Nenhuma nação ou poder ousará desafiar essa superpotência militar.
Tendo tomado o controle do império, a besta aceitará a adoração de seus súditos e blasfemará contra Deus (vs. 4-6). Ao
mesmo tempo, ela voltará sua atenção para perseguir aqueles (“os santos”) que se recusarão a adorá-la (vs. 7-10).
A Segunda Besta
Vs. 11-18 – A quarta coisa que ocorrerá em torno da metade da semana é a revelação do “anticristo” (1 Jo 2:18). Ele
também é chamado de “homem do pecado” (2 Ts 2:3-4) e “o rei” (Is 8:21, 30:33, 57:9; Dn 11:36), e “o falso profeta” (Ap 16:13,
19:20, 20:10). Este homem se torna proeminente depois da primeira besta ser revelada e, portanto, seu mandato é também durante a
última metade da semana profética.
Esta besta tem “dois chifres” denotando o duplo caráter do anticristo como o “falso profeta” e o obstinado “rei” dos
judeus. Isto é uma imitação de Cristo, o verdadeiro Profeta (Dt 18:15-19; Mt 21:11; Lc 7:16, Jo 6:14) e o verdadeiro Rei (Mt 2:1-6; Ap
19:16). Também é dito que ele é “semelhante a um cordeiro” porque é um impostor de Cristo, o verdadeiro “Cordeiro de Deus” (Jo
1:29, 35). Ele será um judeu apóstata (Dn 11:37) que se levantará “da terra” (a cena ordenada da vida judaica em Israel), e será
recebido pela massa de judeus como seu falso messias (Jo 5:43).
Satanás usará esse homem para conduzir a massa não selada de judeus da terra de Israel (Ap 9:4), e a massa de Cristãos
professos apóstatas das nações ocidentais (2 Ts 2:3), a adorarem “uma imagem” que ele erigirá da primeira besta (Ap 13:14-15). Sua
missão será trazer a grande “apostasia” ao ocidente (2 Ts 2:3) – o que já começou hoje, enquanto a Igreja está na Terra (1 Tm 4:1 –
“apostatarão”) – ao seu ápice. Ele enganará as massas para que acreditem em sua “mentira” (2 Ts 2:9-12; Ap 9:1-11) e para que
recebam a marca da besta e adorem a imagem – uma nova forma de idolatria. Ele trabalhará em conjunto com a primeira besta para
organizar e desencadear uma feroz perseguição no ocidente, contra o remanescente judeu e todo gentio crente, os quais não adorarão a
imagem da besta (v. 15; Sl 10:8-10). Como resultado, muitos santos serão martirizados na grande tribulação (Ap 13:7, 15, 14:2-3b,
15:2-3; Sl 12:1; Is 57:1-2).

Um Remanescente de Judeus Preservado – Cap. 14:1-5


A quinta coisa que se manifestará neste momento crucial, é que duas companhias de pessoas se distinguirão no império da
besta (as nações ocidentais, incluindo a terra de Israel):
Os seguidores da besta com sua marca em suas testas – a massa apóstata (cap. 13:16-18).
Os seguidores do Cordeiro com Sua marca em suas testas – o remanescente (cap. 14:1).
Apesar dos esforços de Satanás (cap. 12) e de seus dois homens malignos (cap. 13), Deus protegerá um remanescente de
judeus crentes durante esse tempo, como mostrado no capítulo 14:1-5. Aqueles que receberem a marca da besta selarão seu destino,
mas o remanescente de judeus tementes a Deus e aqueles que creem entre os gentios a recusarão.
Esta passagem mostra que nem todo remanescente crente será preservado durante a grande tribulação para então entrar no
reino milenar de Cristo na Terra. Muitos deles serão martirizados. Eles serão ressuscitados mais tarde e terão uma porção melhor no
céu quando Cristo reinar na Terra. Portanto, entre os seguidores do “Cordeiro” há duas partes: uma porção poupada (vs. 1, 4-5) e uma
porção martirizada (vs. 2-3).
Durante a grande tribulação, Cristo Se identificará em espírito “com” o remanescente sofredor de judeus na Terra, sob
figura dos 144.000 (vs. 1, 4-5). Estes não são os mesmos 144.000 no capítulo 7, que são um remanescente de todo o Israel; aqui são
apenas os judeus. O Senhor sentirá profundamente os seus sofrimentos ao passarem por aquela hora de provação (Is 43:2, 63:9).
Muitos dos Salmos enfatizam isso. Esta porção poupada será preservada pela providência divina (Sl 91) e reinará com Cristo na Terra
quando Ele estabelecer o Seu reino milenar (vs. 4-5). A porção martirizada é vista no céu no estado separado ou intermediário (cap.
6:9-11) louvando a Deus com os 24 anciãos, até que sejam ressuscitados no final da grande tribulação (vs. 2-3). Então eles reinarão
com Cristo nos céus, sobre a Terra milenar, em um estado glorificado (cap. 20:4-6). A parte poupada do remanescente na Terra
entenderá e se relacionará no céu, ao cântico de louvor da porção martirizada, porque ambos terão passado pela mesma terrível
perseguição da besta e do anticristo (v. 3).

A Proclamação do Evangelho Eterno – Cap. 14:6-7


A sexta coisa que estará em vigor naquele momento é a proclamação do “evangelho eterno”. Enquanto uma proclamação
será feita ao mundo pelo anticristo para adorar a imagem da besta (cap. 13:12-15), haverá também uma proclamação feita por Deus
(por meio do evangelho eterno) para temer o Criador e dar glória a Ele. Esse evangelho não é o evangelho da graça e glória de Deus
que está sendo pregado hoje pelos Cristãos (At 20:24; 1 Tm 1:11). Ele não anuncia as boas novas da redenção pelo sangue de Cristo;
nenhum anjo jamais foi chamado para levar essa mensagem. O evangelho eterno é levado por um “anjo” e tem a ver com a mensagem
que a própria criação anuncia, que é uma revelação limitada de Deus e a responsabilidade do homem para com Ele. Todos os que
tiverem fé simples no Criador e Lhe derem glória serão considerados justos e “aceitáveis a Ele” (At 10:35 – JND). Este evangelho
operou desde o início dos tempos, mas como as coisas estarão extremamente tenebrosas (espiritualmente) na grande tribulação no
ocidente, e a Palavra de Deus será escassa para se encontrar (Am 8:11-12), Deus usará este outro testemunho de Si mesmo de uma
maneira mais poderosa do que nunca.

A Queda da Babilônia Religiosa – Cap. 14:8


A sétima coisa que ocorre na metade da semana é a queda da “Babilônia”. Esta é a primeira menção da Babilônia no livro
de Apocalipse. Ela é usada como uma figura na profecia para descrever as potências ocidentais (a federação de dez nações, o império
romano renascido) que serão formadas após o Arrebatamento, mas antes do início da septuagésima semana de Daniel (cap. 6:1-2). Em
sua forma inicial, nos primeiros três anos e meio da semana profética, o império terá a igreja católica no seu comando. Isto é referido
como a “mulher” (a prostituta) montando “uma besta de cor de escarlata” (cap. 17:1-6).
O anúncio aqui em Apocalipse 14:8 é: “Caiu, caiu Babilônia”. Isso se refere ao governo do império sob a igreja católica
sendo derrubado e posto de lado. Assim, usando a linguagem simbólica do livro de Apocalipse, a prostituta será derrubada da besta e
queimada com fogo pelas nações que ela controlou no ocidente (cap. 17:16-17). Isso ocorrerá na metade da semana profética, para
abrir caminho para uma nova administração sob o homem diabólico, de quem já falamos no capítulo 13:1-8 – a “besta” em pessoa.
Como mencionado, a queda da Babilônia refere-se ao seu lado religioso sob a mulher (catolicismo) tornando-se extinto –
mas o próprio império continuará a existir como poder civil, político e militar. A queda da Babilônia, portanto, não significa o fim da
Babilônia. Quando a mulher for removida, o império assumirá uma nova e diferente forma (satânica), sob seu novo líder – a besta em
pessoa. Assim, a queda da Babilônia na metade da semana (cap. 14:8, 17:16-17) deve ser diferenciada da destruição da Babilônia, que
acontece no final da semana, quando o Senhor aparece e julga a besta em pessoa e seus exércitos (cap. 16:15-21, 19:11-21; Is 13:1-22,
14:3-23). É importante distinguir-se isso.
Além disso, quando se fala na Babilônia com o uso da figura da “mulher” (a prostituta), refere-se ao lado religioso
corrupto do império sob o catolicismo. Mas quando se fala da Babilônia como uma “cidade”, refere-se ao seu lado civil, político e
militar. (O que é confuso aqui é que Apocalipse 14:8, na versão inglesa King James e nas em português Almeida Corrigida e Almeida
Fiel, diz “aquela grande cidade”. No entanto, esta frase não deveria estar no texto [como não está nas demais versões em português].
O versículo está se referindo ao lado religioso sob a mulher, não ao lado civil e político.) Mais será dito sobre a Babilônia em um
parêntese nos capítulos 17-19:6, explicando sua ascensão ao poder e sua destruição final.

O Destino dos Adoradores da Besta – Cap. 14:9-12


Após a queda da Babilônia, haverá uma adoração generalizada da besta e sua imagem em todo o império ocidental na
última metade da semana profética. Isso será encorajado, ou melhor, imposto pelo anticristo (cap. 13:15). Mas não será sem aviso, o
anúncio que esses versículos indicam. Este anúncio provavelmente será por meio da voz do remanescente judeu, que clamará contra
essa iniquidade. O anúncio antecipa o fim assustador daqueles que receberão sua marca e adorarão sua imagem. Os “santos” (aqueles
que não receberão a marca) são aconselhados a esperar com “paciência [perseverança – TB]” até o fim, pois a hora da vinda do
Senhor (Sua Aparição) e sua libertação não estão longe (v. 12; Mt 24:13; Lc 21:25-28).

O Fim da Primeira Ressurreição – Cap. 14:13


Com as coisas se aproximando do final da semana profética, e Cristo estando prestes a aparecer, a terceira e última fase da
primeira ressurreição ocorrerá (Jo 5:28-29). Os santos que serão martirizados durante a semana profética serão ressuscitados para se
unirem à companhia celestial como parte dos 24 anciãos. “Desde agora” indica o fim de sua condição no estado separado (ou
intermediário) e é introduzida uma nova condição “bem-aventurada” de glorificação. Estes são os últimos convidados a serem
levados para participar do casamento do Cordeiro no céu (Lv 23:22; Mt 13:30). Esses estarão entre os amigos do Noivo no céu (Jo
3:29). Eles estarão com Cristo quando Ele reinar sobre a Terra no Milênio (cap. 20:4-6).

Três Fases da Primeira Ressurreição


1) Cristo como “as primícias” já ressuscitou (1 Co 15:23a).
2) Os santos do Velho e Novo Testamentos participarão desta ressurreição no momento do Arrebatamento (1 Co 15:23b; Hb 11:40).
3) Os santos martirizados da tribulação serão ressuscitados pouco antes da Aparição de Cristo (caps. 6:9-11, 14:2-3, 15:2-4).

O Juízo da Sega (colheita) – Cap. 14:14-16


Cristo finalmente virá (a Aparição) em cumprimento às profecias do Velho Testamento, que O retratam como “o Filho do
Homem” vindo do céu para julgar as nações (Dn 7:13; Jo 5:27; Ap 1:13-16). Ele executará um julgamento discriminatório semelhante
a de um fazendeiro que separa o trigo do joio no tempo da colheita. Por isso, isso é chamado de juízo “da sega [colheita]”. Neste
momento, o Senhor enviará Seus anjos que irão sobre a terra profética (as nações ocidentais e a terra de Israel) e eles levarão os iníquos
para fora da terra e os lançarão no lago de fogo (Mt 13:38-43; Is 24:1, 6). É isso que é dito nas palavras do Senhor: “será levado um, e
deixado o outro” (Mt 24:36-41). Isso dá início ao julgamento dos “vivos” (2 Tm 4:1; 1 Pe 4:5). Aqueles que permanecerem na terra
ocidental serão deixados para entrarem no Milênio.
Ao mesmo tempo, o Senhor destruirá os exércitos do oeste liderados pela besta (Ap 16:15-21, 19:11-21) e lançará os líderes
(a besta e o anticristo) no lago de fogo. (2 Ts 2:8; Ap 19:20). Além disso, em questão de poucos dias depois que o Senhor aparecer, o
rei do norte, que terá conduzido seus exércitos ao Egito, sairá daquela terra e se “levantará” contra Ele, e o Senhor destruirá aqueles
exércitos também (Dn 8:25, 11:42-45; Is 30:27-33). (Isso não é mencionado aqui em Apocalipse 14 porque o assunto é o juízo de
Israel, mas são coisas que acompanham a Aparição de Cristo.) Como resultado do juízo da sega, a terra profética será purificada de
tudo o que causa “escândalo” e dos “que cometem iniquidade” em preparação para o reino de Cristo (Mt 13:41).
(A Aparição de Cristo é descrita com mais detalhes quando a sequência de eventos é retomada no capítulo 19:11).

O Juízo da Vindima (Lagar) – Cap. 14:17-20


Após o juízo da sega, o Senhor efetuará a restauração da nação de Israel e começará Seu reinado em justiça na Terra (Sl
72:1-3; Is 32:1, 61:11). Isso também não é mencionado em Apocalipse 14, mas há uma abundância de passagens do Velho Testamento
que indicam que isso acontecerá depois que Cristo aparecer (Is 13:9-14:3, 30:27-32:20; Mq 5:1-7; Ml 4:1-2, etc.). Naquele tempo,
outro grupo de anjos será enviado ao mundo inteiro para reunir os “escolhidos” das 12 tribos de Israel para sua terra (Mt 24:30-31).
Com eles virá um grande número de israelitas que não terão fé, e eles serão peneirados nas fronteiras da terra pelo Senhor. Os
“rebeldes” não serão autorizados a entrar na terra e serão deixados lá “nos confins” (Ez 11:9-11; 20:33-38; Am 9:9-10).
Enquanto isso, outra vasta confederação de exércitos se reunirá e atacará a recém-restaurada nação de Israel. Estas são as
hordas russas com seus confederados sob Gogue (Ez 38-39; Jl 3:1-2). No entanto, assim como o juízo da sega não menciona os
exércitos ocidentais, esses exércitos sob Gogue também não são mencionados. Eles virão do leste (a terra de Edom, onde se
congregarão – Is 34:1-2) numa grande comitiva. Naquele tempo, o Senhor sairá de Jerusalém para defender Israel (isto é, um
remanescente de todas as doze tribos) e destruirá os exércitos atacantes. Ao pisar “o grande lagar da ira de Deus”, o Senhor sairá de
Jerusalém e continuará todo o caminho até a terra de Edom (Is 26:21, 34:3-10, 63:1-6; Ob 15-16). Isto será cerca de 300 quilômetros
(1.600 “estádios”) de pura carnificina humana! A multidão de israelitas apóstatas deixada nos confins da terra será destruída por esses
exércitos. Assim, “a vinha da terra” (uma figura de Israel frequentemente usada) será “lançada no lagar” (v. 19).
O juízo da vindima (lagar) ocorre um pouco além do final da septuagésima semana de Daniel – 1.335 dias a partir da
metade da semana (Dn 12:11-12). Cristo terá voltado a Terra por quase dois meses no momento em que executar este juízo. Não será
um juízo discriminatório, como foi o juízo da sega. Assim, aqueles envolvidos neste juízo serão destruídos de forma impiedosa. Este
juízo do lagar será mais um passo no julgamento dos “vivos”.
JULGAMENTOS DAS NAÇÕES
DE FORA DA TERRA PROFÉTICA
Capítulos 15-16
Esses capítulos remontam à semana profética de Daniel pela terceira vez, mostrando isso a nós a partir da perspectiva do
julgamento de Deus sobre as nações longínquas. Os juízos nesta seção enfocam particularmente a segunda metade da semana, levando-
nos à intervenção de Cristo em Sua Aparição.

Os Juízos das Taças [Salvas] de Ouro


O capítulo 15 é introdutório a esses juízos. É uma cena de fiéis gentios mártires, no céu, louvando ao Senhor. Estes juízos
são derramados em resposta ao clamor desses mártires, que sofreram e morreram sob o regime da besta. Eles “saíram vitoriosos da
besta”, pois não cederam à pressão de adorar sua imagem, nem receberam sua marca, mas permaneceram fiéis até a morte. Agora eles
estão diante de Deus no estado desencarnado, mas em uma condição permanente de pureza e bem-aventurança.
É significativo que esses mártires gentios cantem a Cristo como “ó Rei das nações”, e que façam menção de “todas as
nações” vindas a adorar perante Ele (vs. 3-4 – TB). Isso está de acordo com o foco desses juízos das taças, cujos efeitos alcançarão as
nações gentias longínquas. Elas são derramadas sobre a “terra” profética (cap. 16:1), mas seu efeito se espalha para as nações de fora
da terra profética.

Um Duplo Cântico dos Mártires


“O cântico de Moisés” refere-se ao aniquilamento dos inimigos dos mártires fiéis (Êx 15:1-19).
“O cântico do Cordeiro” refere-se à redenção das almas dos mártires (cap. 5:9).

Há uma correlação precisa entre os juízos das trombetas e os juízos das taças de ouro. A primeira trombeta e a primeira taça
têm a ver com a “terra”. A segunda trombeta e a segunda taça têm a ver com o “mar”. A terceira trombeta e a terceira taça têm a ver
com os “rios”. A quarta trombeta e a quarta taça têm a ver com o “Sol”. A quinta trombeta e a quinta taça têm a ver com a influência
das “trevas”. A sexta trombeta e a sexta taça têm a ver com “o rio Eufrates” e um exército invasor passando por ele. A sétima
trombeta e sétima taça têm a ver com a intervenção pessoal de Cristo – Sua Aparição em julgamento. É significativo que os juízos das
trombetas estejam na “terça parte” da terra, mar, rios, etc. – uma área restrita do mundo (a terra profética ocidental) – ao passo que os
juízos das taças não têm tal expressão. Isso indica que os juízos das taças são muito mais amplos em seu alcance.
Alguns pensaram que estes juízos das taças ocorreriam após os juízos das trombetas – apenas alguns dias antes da Aparição
de Cristo. Mas isso altera a linha do livro e contribui para problemas de interpretação. Por exemplo, a secagem do Eufrates ocorre duas
vezes e a terra de Israel será atacada e devastada pelos exércitos do nordeste duas vezes – a sexta trombeta e a sexta taça! Além disso, o
Senhor sairá do céu em julgamento (Sua Aparição) duas vezes! – a sétima trombeta e a sétima taça. A. C. Brown e outros ressaltaram
que faz muito mais sentido ver os juízos das trombetas e os juízos das taças como passando pelo mesmo terreno, mas de uma
perspectiva diferente. (Isso é indicado no gráfico colocado no início do sexto capítulo, na página 59).
Cap. 16:1-2 – A primeira taça. Seguidores individuais da besta em seu império (“a terra”) e também quaisquer seguidores
que possam estar em nações longínquas serão feridos com uma “chaga má e maligna” pela qual são afligidos por uma consciência
culpada, que lhes traz miséria constante.
Cap. 16:3 – A segunda taça. Aquelas nas nações longínquas (“o mar”) que rejeitaram o evangelho do reino (Mt 24:14),
apostatarão da luz que tiveram.
Cap. 16:4-7 – A terceira taça. As fontes naturais de alegria e bem-estar da vida (“os rios”) serão tiradas das nações
longínquas.
Cap. 16:8-9 – A quarta taça. Uma grande autoridade governante nas nações longínquas (“o Sol”) vai apostatar, causando
uma opressão assustadora sobre os homens.
Cap. 16:10-11 – A quinta taça. As “trevas” (TB) morais e espirituais varrerão os que se sujeitaram à besta, o que lhes dará
um profundo senso do abandono de Deus. Isso também será sentido por muitas nações longínquas.
Cap. 16:12-14 – A sexta taça. A fronteira oriental do império da besta (que simboliza a secagem do “o grande rio
Eufrates”) será invadida por um vasto exército de soldados de infantaria. Esta será uma confederação de nações muçulmanas, situada
ao norte e leste imediatos de Israel. É a mesma companhia mencionada no capítulo 9:13-21.
Esses exércitos confederados serão liderados pelo “rei do norte” (Sl 83:1-8; Dn 11:40-42). Eles varrerão a terra de Israel e
seguirão para o Egito, destruindo a massa dos judeus que receberam o anticristo. O diabo (“o dragão”) e seus dois agentes humanos
(“a besta” e “o falso profeta” – o anticristo) estarão por trás do ajuntamento dessas confederações para a batalha.
Esses “reis que vêm do lado do nascimento do sol” (ARA) não são a China nem a Índia, etc. W. Scott apontou que, se a
China estivesse em vista aqui, diria, “os reis do oriente”. Se essas nações do extremo oriente estiverem envolvidas nessas batalhas do
fim dos tempos, elas virão mais tarde com Gogue – a Rússia (Ez 38:6 – “muitos povos contigo”). Além disso, o rei do norte não é
Gogue. Gogue é dos “últimos confins do norte” (Ez 38:1-6 – TB).
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UM PARÊNTESE
Entre a Sexta e a Sétima Taças
(Capítulo 16:15)
Uma vez que as profecias até aqui nesta seção nos levaram ao momento em que o juízo será derramado sobre os exércitos
reunidos na terra de Israel, outro parêntese é aberto para explicar quem executará o julgamento – e quando. Será o próprio Senhor Jesus
Cristo Quem julgará esses exércitos na Sua Aparição. Sua voz pessoal agora é ouvida: “Eis que venho como Ladrão” (v. 15).

Os Juízos das Taças Retomados


Cap. 16:16-21 – A sétima taça. O primeiro ato de julgamento de Cristo em Sua Aparição será sobre as potências ocidentais
sob a besta (a pessoa), enquanto sua enorme marinha chega à terra de Israel, vinda do oeste (Nm 24:24). Este juízo é descrito sob a
figura da “grande cidade” da “Babilônia” sendo derrubada e destruída. A derrubada da Babilônia na história, por Ciro, o persa, é um
tipo desse juízo. Ciro é um tipo de Cristo e Babilônia é um tipo dos poderes ocidentais sob a besta em pessoa (Is 44:28). A primeira
coisa que Ciro fez depois que derrotou os babilônios foi conceder a libertação aos judeus que estavam cativos na Babilônia (Is 45:1-4).
Isso é exatamente o que o Senhor fará quando aparecer. Ele julgará as potências ocidentais e livrará o remanescente judeu fiel da
perseguição a eles dirigida.
(A Aparição de Cristo em julgamento é descrita com mais detalhes quando a sequência de eventos é retomada no capítulo
19:11).

UM PARÊNTESE
O Juízo da Babilônia
(Capítulos 17-19:10)
Esses capítulos são dados para complementar as referências anteriores a “Babilônia” no capítulo 14:8 e no capítulo 16:19.
Foi feita menção a essa grande potência mundial e seu julgamento, mas agora é apresentada uma exposição completa do seu caráter e
suas formas. Esses detalhes extras nos ajudam a identificar quem é esse grande poder corrupto que desempenhará um papel tão
proeminente na profecia do fim dos tempos. O parêntese essencialmente apresenta uma comparação das duas mulheres proeminentes
no livro: a falsa igreja – “a grande prostituta” (cap. 17:1-19:5) e a verdadeira Igreja – “a esposa do Cordeiro” (cap. 19:6-10).

A Grande Prostituta
Cap. 17:1-6 – O capítulo começa com uma descrição de uma “grande prostituta” cavalgando a “besta de cor de
escarlata” com “sete cabeças e dez chifres”. Essa mulher corrupta é a Roma papal com todas as assim chamadas denominações
Cristãs sob suas asas – o estado final da Cristandade depois que a verdadeira Igreja for chamada para o céu. É a falsa igreja de Satanás.
A “prostituta” é, sem dúvida, a igreja católica romana. Isso é óbvio pela:
A Evidência Geográfica – ela é identificada com Roma –a cidade dos sete montes – “sete cabeças” (v. 9). Nenhuma outra cidade
notável do mundo foi assim descrita.
A Evidência Histórica – ela tem sido a grande perseguidora dos Cristãos ao longo da história. Nenhum outro sistema religioso na
Cristandade tem sido culpado de martirizar os santos, como Roma (v. 6).
A Evidência Política – ela controlou os governos da Europa na história. Nenhum outro sistema religioso na Cristandade quis
controlar os governos do mundo como Roma (vs. 1, 15, 18).
A Evidência Eclesiástica – a prostituição é uma figura usada nas Escrituras para aqueles que abandonam a Deus por idolatria.
Nenhum outro sistema religioso na Cristandade teve a extensão da idolatria como o catolicismo (v. 2).
As Evidências Mundanas – nenhum outro sistema religioso na Cristandade se revestiu de pompa e glória como a igreja católica
romana (v. 4).
A Evidência Comercial – nenhum outro sistema religioso na Cristandade teve tais conexões comerciais e acumulou tal riqueza
(cap. 18:9-19).
João é chamado para ver “o julgamento” (ARA) (não a glória) da grande prostituta. Sua destruição, que ocorre na metade
da semana profética, marca o fim da Cristandade. A influência da mulher corrupta sobre as multidões no ocidente é vista nela sentada
em “muitas águas” (vs. 1, 15). Sua culpa de prostituir a verdade e intoxicar os homens com suas más doutrinas e práticas, é retratada
em sua “fornicação” (v. 2 – TB).
Embora professe grandes posses espirituais, ela é espiritualmente destituída. Isto é indicado pelo lugar de seca em que
habita – “um deserto”. Ela se assenta na “besta”, indicando que ela terá o controle das nações confederadas do ocidente. Sua glória
mundana é vista em suas vestes de “púrpura e de escarlata” com “ouro, e pedras preciosas e pérolas” (v. 4). Ela é identificada
como “Mistério, a grande Babilônia”, indicando as profundezas de sua idolatria. Ela é “mãe das prostitutas” (TB). Isso significa
que ela tem muitas filhas sob suas asas, que têm seu caráter. Como uma “mãe”, ela deu origem a outras denominações na Cristandade,
pois todas elas saíram de sua corrupção clerical e, portanto, carregam as marcas de seu caráter em graus variados. Todas elas serão
reunidas sob suas asas na primeira metade da semana profética e constituirão a falsa igreja (v. 5).

A Besta com Sete Cabeças e Dez Chifres


Cap. 17:7-14 – Como mencionado, “a besta” com “sete cabeças e dez chifres” é o renascido império romano como
indicado em Daniel 2:40-45, 7:7-8, 19-27. Os “dez chifres” são os “dez reis” (reinos ou nações) dos quais o império será composto
(vs. 7, 9-14). Essas são as nações confederadas do ocidente.
Em primeiro lugar, quanto à sua história (v. 8), há quatro fases mencionadas, pelas quais o império romano passa:
“Foi” – existente como nos dias de João.
“Já não é” – extinto em 476 d.C.
“Há de subir do abismo” – renascido na última metade da semana.
“E irá à perdição” – julgado por Cristo na Sua Aparição no final da semana.
Vs. 9-11 – As “sete cabeças” têm uma dupla aplicação. Elas não se referem apenas a Roma, a cidade dos sete montes, mas
também se referem às sete formas de governo (“montes”) pelos quais o império passaria através do tempo. Na história, houve reis,
ditadores, tribunos militares, cônsules e decenviratos (um conselho de magistrados) à frente do império. Essas “cinco” formas de
governo já “caíram” e saíram de cena. O “um” que “existe” refere-se à sexta forma de governo que controlava o império no tempo
em que João escreveu o Apocalipse. Era um governo imperial (regido por uma sucessão de imperadores). O “outro” que estava por vir
no futuro, é o sétimo. Este será o governo do império sob a prostituta, a igreja católica, que este capítulo descreve. O anjo diz a João
que ele continuará só “um pouco de tempo” – ou seja, a primeira metade da semana profética, porque aquela “cabeça” (forma de
governo) será ferida de morte (Ap 13:3, 14:8). Então surgirá da sua morte uma “oitava” forma de governo (um governo satânico) sob a
besta em pessoa (Ap 13:4-8; Dn 7:8, 20-21 – “ponta pequena [o chifre pequeno – AIBB]”). Assim, a “ferida de morte” que a
sétima cabeça sofrerá, será curada na forma da oitava. Este homem (o chifre pequeno) tomará o ofício de príncipe romano e violará
imediatamente os termos da aliança que o império terá feito com os judeus (Dn 9:27b – o segundo “ele”). Esta forma final de império
irá “à perdição” porque estará no poder quando Cristo vai aparecer e julgá-lo.

A Queda da Babilônia
Cap. 17:15-18 – O instrumento de destruição da prostituta são os “dez reis”, a federação de dez nações sobre as quais ela
governará nos primeiros três anos e meio da semana profética. Essas nações terão tido o suficiente do catolicismo e “aborrecerão a
prostituta”. E, com a ajuda da besta em pessoa, que assumirá a liderança do império, eles “a porão desolada”. Essa é a “queda” da
Babilônia. Sabemos que isso acontecerá na metade da semana profética, porque o novo líder diabólico (a besta ou “ponta pequena [o
chifre pequeno]”) que sobe ao poder, continua no ofício de “príncipe” romano (Dn 9:27b – o segundo “ele”) por “quarenta e dois
meses”, que é a última metade da semana (cap. 13:5; Dn 7:25).
Cap. 18:1-8 – Segue-se neste capítulo uma descrição da falsa igreja sob o catolicismo (a prostituta) em seu estado decaído,
como tendo sido desolada pelos dez chifres. A proclamação: “Caiu, caiu a grande Babilônia” refere-se a isso. Como mencionado no
capítulo 14:8, isso refere-se ao lado religioso do império tornando-se extinto. No entanto, a Babilônia como um império (política e
militarmente) não terá desaparecido. Continuará sob uma forma satânica de governo sob a besta em pessoa e enfrentará sua completa e
final destruição no final da semana profética, quando Cristo aparece e a julga. Isso é descrito no final deste capítulo 18 sob a figura de
“uma pedra como uma grande pedra de moinho e lançou-a no mar” e “será precipitada Babilônia, a grande cidade” (cap.
18:21-24 – TB).
O que antes era a “morada de Deus em Espírito” (Ef 2:22) é agora visto como “morada de demônios, covil de toda
espécie de espírito imundo” (cap. 18:2 – ARA). Sua iniquidade é totalmente exposta por ter prostituído a verdade professada (que na
realidade é um erro) e intoxicado as nações com suas doutrinas e práticas. É retratada como “fornicação” (TB) espiritual, que é
idolatria (v. 3). Deus sempre chama Seus filhos para fora do que é corrupto e mau. Os santos dos séculos passados ouviram esse
chamado e se separaram das abominações romanas, e milhares deles selaram seu testemunho com seu sangue. Um grande número de
crentes tementes a Deus ouvirá esse chamado e se separará desse sistema iníquo nos primeiros 3 anos e meio da semana profética (v.
4). Eles sofrerão perseguição e martírio por causa de suas convicções (cap. 6:9-11, 17:6, 20:4a). Seus corruptos “pecados” de
comercializar e prostituir as coisas Cristãs, e exaltar-se em vez de exaltar a Cristo, a Quem ela professa como Senhor, “se acumularam
até ao céu” e exigiram o justo julgamento de Deus sobre ela (vs. 5-8).
Cap. 18:9-20 – É então dada uma explicação de seu mundanismo e mercantilismo. Uma lamentação universal é retratada a
partir das várias classes de empresários comerciais do mundo, que tiveram relações com esse sistema perverso e lucraram com isso
financeiramente. Os mercadores lamentam principalmente porque sua esperança de ganho desaparecerá. Parece que ela tem sido um
fator de controle no mercado mundial. Não menos de vinte e oito coisas são mencionadas as quais ela comercializa. É significativo que
o primeiro seja “ouro” e o último sejam “almas de homens”. “Deus julgou a vossa causa quanto a ela” (v. 20) significa que os
santos de coração reto, muito antes disso, julgaram esse sistema perverso em seus corações, e se separaram dele. Agora, Deus vindica
juízo sobre eles, por meio desta grande queda.

A Destruição da Babilônia
Cap. 18:21-24 – Outro golpe em juízo é dado à “grande cidade da Babilônia”. Esta não é a queda da Babilônia, que
acabamos de notar, mas a destruição da Babilônia. Como mencionado, sua queda ocorre na metade da semana profética, mas sua
destruição será no final da semana profética. Como resultado, esse grande poder “não será jamais” achado. O anjo lançando “uma
grande pedra de moinho” no “mar” indica o caráter definitivo desse juízo. Isso se refere ao derradeiro fim da Babilônia como um
grande poder político e militar – em sua forma final sob a pessoa da besta – sendo julgada por Cristo em Sua Aparição (cap. 16:15-21).
As figuras usadas aqui são semelhantes a Isaías 24:1-12, que também se referem ao julgamento do Senhor sobre Babilônia em Sua
Aparição.
Por isso, os detalhes neste parêntese nos trouxeram novamente a Aparição de Cristo.

Duas Celebrações no Céu


Pouco antes de o céu se abrir e Cristo aparecer em poder e julgamento em Sua Aparição (cap. 19:11-21), haverá duas
celebrações no céu.
Cap. 19:1-6 – A primeira celebração é o júbilo irrestrito no céu sobre o julgamento da “grande prostituta”. “Aleluia” é
mencionada quatro vezes neste contexto. A primeira é por conta dos atributos do próprio Deus que reivindicaram esse julgamento (v.
1). A segunda é por causa de Seus santos juízos sendo executados sobre o mal (vs. 2-3). A terceira está relacionada com a adoração
expressa ao próprio Deus (vs. 4-5). A quarta é o júbilo no céu em antecipação à glória do reino de Cristo sendo assegurada, e os desejos
do Seu coração cumpridos (v. 6).
Cap. 19:7-10 – A segunda celebração tem a ver com o júbilo irrestrito no céu, sendo expresso em antecipação da
manifestação pública de Cristo e da Igreja. Há duas coisas aqui:
“As bodas do Cordeiro” (v. 7). Este é o tempo em que Cristo apresentará a Igreja “a Si mesmo” como “gloriosa”, “sem
mácula, nem ruga, nem coisa semelhante” (Ef 5:27). É um assunto íntimo e privado que será para o Seu gozo. Nota: não é
chamada de bodas “da noiva”, mas “do Cordeiro”, porque todo o propósito do evento é “dar honra a Ele” (KJV), não à Igreja,
que é a noiva (Ef 5:23-32). As vestes nupciais da Igreja que são de “linho fino, puro e resplandecente” são dadas a ela. Esta é
uma referência aos resultados do tribunal de Cristo, quando “as justiças dos santos” lhes serão recompensadas. Isto está em
contraste com a prostituta que tomou roupas de glória que não lhe pertenciam e se vestiu luxuosamente com elas (cap. 18:7).
“A ceia das bodas do Cordeiro” (v. 9). Se as “bodas” são para a satisfação e desfrute do Cordeiro e Sua esposa, a “ceia” é para
os convidados desfrutarem. Esses são os santos do Velho Testamento e os santos martirizados na tribulação, que serão
ressuscitados antes da Aparição de Cristo. Eles poderiam ser classificados como os amigos do Noivo (Jo 3:29).
V. 10 – João tirou o foco do Senhor Jesus Cristo por um momento e lançou-se e adorou um de seus conservos e foi
repreendido por isso. Na correção que João recebeu, há um princípio importante que se aplica a todas as Escrituras proféticas – de fato,
a toda a Palavra de Deus. “O espírito de profecia é o testemunho de Jesus” (JND). Isso significa que o objeto implícito de toda
profecia tem nele o testemunho do Senhor Jesus e o que diz respeito à Sua glória. Cada versículo pode não falar diretamente de Cristo,
mas “o espírito” de cada passagem pertence ao que, em última análise, O glorificará. Reconhecer o que é devido à honra e glória de
Cristo, abre o entendimento das Escrituras proféticas.
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A CONSUMAÇÃO DOS SÉCULOS,


O MILÊNIO e
O ESTADO ETERNO
Capítulos 19:11-21:8
As profecias até agora no livro nos levaram à Aparição de Cristo. As coisas foram desenvolvidas a partir de três pontos de
vista diferentes, cada um terminando na Sua vinda em julgamento (cap. 11:15-18, 14:14-20, 16:15-21). Esta seção de encerramento do
livro toma a sequência das coisas a partir daquele momento e nos leva desde a Aparição de Cristo, através do Milênio, ao Estado
Eterno.

Oito Grandes Visões


Há oito grandes visões nesta seção indicadas pelas palavras: “E vi...” (cap. 19:11, 17, 19, 20:1, 4, 11, 12, 21:1). Essas
visões estão em ordem sequencial, estendendo-se desde a Aparição de Cristo até o Estado Eterno.

A PRIMEIRA VISÃO –
Cristo, o Conquistador Vitorioso
Cap. 19:11-16 – A sequência dos eventos proféticos é agora retomada com um relato detalhado da Aparição de Cristo. Os
céus estão “abertos” porque o momento da Aparição de Cristo chegou. Isso é bem diferente do capítulo 4:1 onde uma porta no céu foi
aberta para que João entrasse; aqui está aberta para que Cristo e os exércitos do céu saiam. O Senhor Jesus disse que ninguém sabe a
hora exata em que isto será (Mt 24:36). A soberania da Terra é realmente a grande coisa em questão, e será decidida de uma vez por
todas nesse momento. O resultado é que os reinos deste mundo se tornarão o reino de nosso Senhor e do Seu Cristo (Ap 11:15). Este é
o caráter Davídico (guerreiro) do Senhor em julgamento.
Ele monta um “cavalo branco”. Isto não é literal, mas simbólico do Seu poder vitorioso (v. 11a). Nos antigos países orientais,
quando um rei chegava em um lugar montado num jumento, significava que ele estava vindo em paz (Zc 9:9), mas quando vinha
a cavalo, estava vindo em guerra. Este Cavaleiro não deve ser confundido com o cavaleiro em um “cavalo branco” do capítulo
6:1-2, que é a Roma papal professando pureza de motivos, ao reunir as nações da Europa ocidental em uma federação.
Ele é chamado de “Fiel e Verdadeiro” porque julga com justiça e de acordo com a verdade (v. 11b).
Seus olhos são “uma chama de fogo”, significando que Ele tem onisciência divina, que sonda todo o mal oculto e trata dele de
acordo com a justiça (v. 12a).
Ele usa “muitos diademas” referindo-se ao domínio universal que pertence a Ele (v. 12b).
Ter um “nome escrito, que ninguém sabia” fala da glória intrínseca de Sua Pessoa, que nenhum ser humano pode conhecer (v.
12c; Mt 11:27).
Ele está vestido com “uma veste salpicada de sangue”, significando que Ele vem em vingança (v. 13a). O sangue aqui não é o
Seu sangue que foi derramado pelos pecadores, mas o sangue dos Seus inimigos (Compare Is 34:6, 63:1-4).
Seu nome é “a Palavra de Deus” porque Ele é o expoente perfeito da mente de Deus, conforme expresso no juízo (v. 13b; Jo
1:1).
Os “exércitos” do céu que O seguem são os santos celestiais glorificados, do Velho Testamento e do Novo Testamento, que
comparecerão à Sua vinda (v. 14; 1 Ts 3:13, 4:14; Jd 14; Zc 14:5; Ap 17:14). Eles não têm armas porque não precisam de
nenhuma; a batalha é do Senhor.
De Sua boca sai “uma aguda espada” (v. 15). Assim, Sua Palavra será o instrumento de destruição dos Seus inimigos (Hb 4:12;
Is 30:31). Há dois propósitos na Sua vinda em juízo: em primeiro lugar, “ferir as nações com vara de ferro” que se reúnem no
Armagedom – o juízo da colheita. Em segundo lugar, para pisar “o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-poderoso”
– o juízo da vindima (Is 63:1-6; Ap 14:18-20). (Este último juízo não é mencionado aqui porque o Espírito de Deus está focando
na Aparição de Cristo, e a vindima não acontece imediatamente, mas algum tempo depois.)
Seu nome (ou título) é “Rei dos reis, e Senhor dos senhores” (v. 16). Isso indica Seu direito soberano de governar todos os
reinos.

A SEGUNDA VISÃO –
A Convocação das Aves de Rapina Vorazes para a Ceia de Deus
Cap. 19:17-18 – Tão certo é o juízo dos exércitos que se reúnem para se oporem à intervenção de Cristo, que um anjo
convoca “todas as aves que voavam pelo meio do céu” para se alimentarem dos guerreiros abatidos. Esta é a segunda “ceia” neste
capítulo. “A ceia das bodas do Cordeiro” é uma cena de gozo e bênção no céu; “A ceia do grande Deus” é uma cena de juízo na
Terra. Esta ceia é dos que caíram mortos em batalha (vs. 17-18).

A TERCEIRA VISÃO –
O Julgamento no Armagedom
Cap. 19:19-21 – O julgamento que o Senhor executará neste momento é o primeiro de uma série de julgamentos. Quando
aparecer, Ele primeiro tratará das forças ocidentais no Armagedom. Estes são os exércitos confederados sob a besta (Babilônia
política), que virão para a terra de Israel, desde o oeste, com sua imensa marinha (Nm 24:24). Ao mesmo tempo, o Senhor enviará Seus
anjos, que irão pela terra profética e tomarão todos os que rejeitaram o evangelho e os lançarão no inferno (Mt 13:38-43, 24:40-41).
Este é o juízo da ceifa (colheita).
Vs. 20-21 – Não é dado aqui relato das batalhas no Armagedom, mas apenas o resultado. A besta (o líder da confederação
ocidental) é tomada com o anticristo e ambos são lançados vivos no lago de fogo. O anticristo não é chamado de “outra besta” ou “o
rei”, mas “o falso profeta”, porque neste ponto ele será reduzido a esse papel, tendo perdido seu lugar de governo na terra de Israel
como rei. Antes disso, ele terá fugido de seu posto na terra, quando o rei do norte e sua confederação árabe atacaram (Zc 11:17; Is
22:19; Jr 39:4; Jo 10:13).
A QUARTA VISÃO –
Satanás preso por 1.000 anos (o Milênio)
Cap. 20:1-3 – É desejo de Deus manifestar a glória de Cristo por meio da Igreja no exato lugar em que Ele foi rejeitado e
expulso e assim justificá-Lo diante dos olhos de todos (Mt 17:1-2; Jo 17:23; 2 Ts 1:10). Ele fará isso no Milênio – o reinado de 1.000
anos de Cristo. No entanto, toda a cena deve ser limpa antes que o palco possa ser montado para a manifestação de Sua glória real.
Como vimos nos capítulos anteriores, essa limpeza será por meio de julgamentos. Tendo julgado Seus inimigos, o Senhor fará “cessar
as guerras” (Sl 46:6-9; Is 2:4).
Para haver paz e benção na Terra, Satanás, que é o grande instigador de violência e corrupção, deve ser removido. O ato
final de preparação da cena para a manifestação da glória de Cristo será lançar Satanás e seus anjos, “no abismo”. Eles permanecerão
lá por “muitos dias” – a duração do Milênio (Is 24:21-22). A Terra estará livre de sua influência por 1.000 anos! Isso é algo que o
mundo nunca conheceu.
A esfera dos movimentos de Satanás será continuamente restringida, até que finalmente seja lançado no lago de fogo
(inferno). Ele uma vez teve o privilégio de estar no “jardim de Deus” (a morada de Deus), mas quando pecou, foi expulso (Ez 28:11-
19). Tendo sido expulso, ele rodeava os céus e a Terra, que ele procurou corromper (Jó 1:6-7, 15:15). Na época do dilúvio, alguns de
seus emissários foram confinados no abismo, devido à sua particular iniquidade de tentarem coabitar com as filhas dos homens (Gn
6:2; 2 Pe 2:5; Jd 6).
Então, na metade da vindoura semana profética de Daniel, ele será expulso dos céus “para a Terra” (Ap 12:7-9; Lc
10:18). Quando Cristo aparecer no final da semana profética, Satanás e seus anjos serão lançados no “abismo” por 1.000 anos.
Então, depois de sua última revolta (tendo sido solto do abismo após 1.000 anos), ele será lançado no “lago de fogo” – sua
eterna morada de juízo eterno (Ap 20:10; Mt 25:41).

A QUINTA VISÃO –
Os Santos Celestiais Reinam com Cristo por 1.000 Anos (o Milênio)
Cap. 20:4-10 – Depois de todos os poderes hostis serem abatidos, Cristo reinará sobre todas as obras das Suas mãos, com
os santos celestiais (Ap 20:4-6). A escritura nos diz que Deus “determinou um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por
meio do Varão que destinou” (At 17:31). Este “dia” não é um único dia de 24 horas, mas todo o período de 1.000 anos – o Milênio.
É “o dia do Senhor” (2 Pe 3:8-10; 1 Ts 5:2; 2 Ts 2:2; Is 2:10-22; Jl 1:15; Sf 2:2; Ml 4:5). Antes disto os juízos da colheita e da
vindima, são juízos guerreiros Davídicos do Senhor, mas “o dia do Senhor” é o Seu reino Salomônico de paz (1 Rs 5:4; Sl 72:7-8,
147:14; Is 60:18).
Um resumo é dado daqueles que terão o privilégio de compartilhar o reinado de justiça de Cristo. Há três classes de santos
celestiais que se sentarão nos “tronos” na administração do reino. Esses tronos estão nos céus e não na Terra (Dn 7:22, 27 – “os santos
dos lugares altíssimos” JND). Assim, os santos vão auxiliar no julgamento vindouro do mundo (1 Co 6:2).
Os que “assentaram-se sobre eles” são os santos glorificados dos tempos do Novo e do Velho Testamento (v. 4a).
“As almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela Palavra de Deus” são os mártires da primeira
metade da semana profética, que serão ressuscitados e glorificados (Ap 6:9-11).
Aqueles que “não adoraram a besta, nem a sua imagem” são os mártires da última metade da semana profética que também
serão ressuscitados e glorificados (Ap 14:2-3, 15:2-4).
Cap. 20:7-10 – No final do milênio, Satanás “será solto da sua prisão”. Imediatamente ele fará uma tentativa final e
desesperada de recuperar o domínio sobre o mundo. Ele sairá a “enganar” aqueles que estão perdidos, e eles o seguirão em uma
audaciosa tentativa de derrubar os santos na “cidade amada”. Este é o último cerco de Jerusalém. Aqueles que o seguem são
chamados de “Gogue e Magogue”, mas eles não são as mesmas pessoas de Ezequiel 38-39. Aqueles que seguirem Satanás nesse
tempo são assim chamados porque têm o mesmo caráter ímpio da incredulidade. Deus usará esse evento para levar Satanás e todos os
que o seguem, para o seu fim definitivo. “Fogo” (um símbolo de juízo) descerá de Deus e os devorará. Satanás será lançado no lago de
fogo – sua eterna morada de juízo.

A SEXTA VISÃO –
O Grande Trono Branco
Cap. 20:11 – A sexta visão é de “um grande trono branco” e “aqu’Ele” (ARA) que Se senta nele. Assim, o Milênio
começa e termina com sessões de julgamento (vs. 4, 12-15). Quem é o ocupante deste trono? Não é Deus o Pai, mas Deus o Filho, pois
todo o julgamento foi confiado em Sua mão (Jo 5:22).

A SÉTIMA VISÃO –
O Juízo dos Mortos Ímpios
Cap. 20:12-13 – Esta cena final de julgamento é a dos mortos ímpios. O último ato registrado no tempo é o julgamento
daqueles que seguirem Satanás em sua revolta final; o primeiro ato registrado na eternidade é a ressurreição e julgamento dos mortos
ímpios. Entre esses dois eventos, a “terra e o céu” fugirão da “presença” daqu’Ele que está sentado no trono. Eles na verdade
acontecem ao mesmo tempo. Neste ponto, ocorrerá o derretimento dos elementos de toda a criação (2 Pe 3:7-12). Isso não incluirá a
morada de Deus (“o terceiro céu”), pois o fogo da purificação não pode tocá-la.
Não haverá uma ressurreição universal de todos os homens. A Escritura indica que há duas ressurreições: uma
“ressurreição da vida” e uma “ressurreição da condenação” (Jo 5:28-29; At 24:15). Este capítulo chama a ressurreição da vida de
“a primeira ressurreição” (v. 5). Ela envolve apenas os justos. O fato de que diz: “Mas os outros mortos não reviveram, até que os
mil anos se acabaram”, indica que há outra ressurreição após a primeira ressurreição – e compreende os ímpios. Por isso, poderia ser
chamada de “a segunda ressurreição”.
Os ímpios mortos desde o início dos tempos serão ressuscitados para receberem sua sentença eterna de juízo. Eles ficarão
suspensos no espaço, diante de seu Criador e serão sentenciados a uma eternidade perdida no “lago de fogo” – o inferno (Jó 14:12). Ao
contrário do ensino popular, não há ninguém no inferno ainda (o lago de fogo). Aqueles que morreram em seus pecados estão
atualmente em “prisão” no hades (1 Pe 3:19), que é um estado temporário de confinamento para espíritos desencarnados que estão
perdidos. As primeiras pessoas a serem lançadas no inferno (o lago de fogo) serão a besta e o anticristo, então, todos aqueles que
rejeitaram o evangelho da graça de Deus nas nações ocidentais serão colocados lá pelos anjos (o julgamento da colheita). Os ímpios
mortos serão os últimos a serem enviados para lá. Uma vez que essas pessoas serão ressuscitadas dos mortos para ficarem diante do
grande trono branco, elas serão lançadas vivas ao lago de fogo (espírito, alma e corpo) e sofrerão em interminável separação de Deus.
Todos os que não forem encontrados escritos no “livro da vida” serão julgados de acordo com suas obras, conforme
registrado nos “livros”. O fato de haver livros indica que Deus mantém registros das vidas dos homens. Cada pensamento, palavra e
obra são registrados lá. Lucas 12:47-48 indica que haverá vários graus de punição para os perdidos no inferno. Será um juízo justo, e
eles serão punidos “segundo as suas obras”. Ninguém sofrerá por algo que não fez.
Cap. 20:14-15 – “Morte e Hades” (TB) são personificados como poderes e são lançados no lago de fogo em derrota
eterna. Ambos passaram a existir porque o homem pecou, mas agora não haverá mais necessidade deles. “O lago de fogo” é o eterno
depósito dos perdidos onde eles sofrerão. Um “lago” denota um local de confinamento; águas de vários riachos e rios fluem para
dentro dele e são ali confinadas. “Fogo” é um símbolo de juízo em toda a Escritura. Portanto, os perdidos estão em um lugar de
confinamento eterno sob o juízo de Deus. Deus nunca pretendeu que nenhuma pessoa acabasse naquele terrível lugar de juízo; ele foi
preparado para o diabo e seus anjos (Mt 25:41). Mas os homens iníquos que recusarem as manifestações do amor e da graça de Deus
para com eles, também acabarão lá.
O fato de que esse juízo de pessoas iníquas é chamado de “a segunda morte” mostra que elas não deixaram de existir
quando experimentaram a primeira morte (morte física). Se não restasse nada delas depois que morressem, como alguns falsamente
ensinam, então elas não vivenciariam esse juízo.
Alguns pensam que “eterna perdição” (2 Ts 1:9; Fp 3:19; Mt 7:13; 2 Pe 2:1, 12, 3:16, etc.) significa que as pessoas são
consumidas pelo fogo do juízo de Deus e deixam de existir depois disso. Essa falsa doutrina é chamada de aniquilacionismo. A Palavra
de Deus, no entanto, indica que a “eterna perdição” não tem a ver com a perda do seu ser, mas com a perda do seu bem-estar.
Está claro em Jó 30:24 que os perdidos ainda existem depois que morrem. Ali diz que eles “clamam” mesmo depois de
terem sido destruídos. Apocalipse 19:20 nos diz que a besta e o falso profeta foram lançados vivos no lago de fogo. Então, no capítulo
20, somos informados de que o diabo é colocado no abismo durante o Milênio e depois solto. E depois de uma breve rebelião, lemos:
“E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta” (Ap 20:10). Observe: a
besta e o falso profeta ainda estavam lá no lago de fogo após o reinado de mil anos de Cristo! Eles não deixaram de existir. O Senhor
Jesus disse: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida; mas a ira de Deus
sobre ele permanece” (Jo 3:36). “Permanece” é algo em andamento. Se a ira de Deus permanece no incrédulo, deve haver a
existência do incrédulo para que ela permaneça sobre ele. Novamente, diz em Apocalipse 14:11, “E o fumo do seu tormento sobe
para todo o sempre”. O tormento significa uma condição que requer que uma pessoa viva o sofra. Você não pode atormentar o que
não existe. O Senhor também disse: “Onde o seu bicho não morre” (Mc 9:48). Isso indica que os tormentos de uma consciência
culpada não morrerão nos perdidos sob o castigo eterno. Além disso, várias passagens das Escrituras nos dizem que o fogo do juízo de
Deus “nunca se apagará” (Mt 3:12; Mc 9:43, 45; Lc 3:17). Que necessidade haveria dele se aqueles que são lançados ali fossem
aniquilados imediatamente? Alguns nos dizem que a morte em si é o juízo. Mas a Escritura diz: “Aos homens está ordenado
morrerem uma vez, vindo depois disso (da morte) o juízo” (Hb 9:27). Se “depois” da morte é o juízo, como poderia a morte ser o
juízo?
Mesmo em nossa linguagem comum, “perdição” não significa o fim da existência. Por exemplo, se pegássemos um
machado e destruíssemos uma linda mesa de madeira, haveria uma pilha inútil no chão, com o mesmo tanto de material de quando ela
era uma mesa bonita e útil. Uma vez que foi destruída, ela não é mais útil para o propósito para o qual foi feita. É o mesmo com a
destruição dos seres humanos. O homem foi feito para a glória de Deus (Is 43:21; Ap 4:11). Se ele entrar em “eterna perdição”, não
poderá mais ser ajustado, por meio da salvação, para o propósito para o qual ele foi criado.

A OITAVA VISÃO –
O Estado Eterno
Cap. 21:1-8 – A visão final é o Estado Eterno, que é o ápice dos santos desejos de Deus no mais pleno sentido. Isso nos
leva ao fim de todo o propósito de Deus em relação à glória de Cristo e à bênção do homem. Relativamente pouco nos é dado na
Escritura sobre o Estado Eterno. Há realmente apenas três passagens principais que falam sobre isso (Ap 21:1-8; 2 Pe 3:10-13; 1 Co
15:24-28).
É significativo que o número oito marque esta passagem. Isso fala de novo começo.
É a oitava visão.
Oito coisas são ditas já não existirem mais – o primeiro céu, a primeira Terra, o mar, lágrimas, morte, pranto, clamor e dor (vs. 1-
4).
Oito classes de pecadores são encontradas sob juízo eterno – os tímidos [medrosos – TB], os incrédulos, os abomináveis, os
homicidas, os fornicários, os feiticeiros, os idólatras e todos os mentirosos (v. 8).
Deus começará a “reconciliar todas as coisas” a Si mesmo no Milênio, mas isto não estará completo até que o Estado
Eterno seja alcançado (Cl 1:20). O pecado e a morte ainda existirão no Milênio (1 Co 15:25-26), mas no Estado Eterno todos os
vestígios de pecado, de Satanás e da morte terão desaparecido (Jo 1:29). Durante o Milênio, a justiça “reinará” (Is 32:1), mas no
Estado Eterno, a justiça “habita” (2 Pe 3:13). Em contraste com isso, aqueles que hoje defendem a justiça, “padecem” (1 Pe 3:14).
A justiça reinará no Milênio por meio de Cristo governando com “uma vara de ferro” (Sl 2:9; Ap 2:27). Mas no Estado
Eterno, não haverá necessidade de reinar, porque não haverá nada para subjugar, pois tudo será de Deus, e Ele será “tudo em todos” (1
Co 15:28). Cristo e os santos celestiais reinarão “para todo o sempre [para os séculos dos séculos – JND]” (o Estado Eterno), mas
não no século dos séculos (Ap. 22:5. Não há menção de um Rei reinando aqui nesta passagem, porque o Seu reino terá sido entregue ao
Pai (1 Co 15:24). Assim, o Milênio será para a vindicação do caráter santo de Deus, mas o Estado Eterno é para a satisfação de Seu
coração.
O grande ponto em relação ao Estado Eterno é que tudo será “novo” (v. 1). Os céus e a Terra permanecerão como lugares
distintos por toda a eternidade, mas estarão em uma condição inteiramente nova. Os “céus” mencionados aqui não são a morada de
Deus, que não precisa ser feita nova, mas sim os céus atmosféricos e estelares.
O fato de que “o mar já não existe” indica que não haverá mais separação nas circunstâncias, como as conhecemos. Um
“mar” é um elemento de separação na natureza e é usado para indicar separação de circunstâncias, idade, tempo, nacionalidade, etc.
Distinções de tempo, fronteiras geográficas, limitações e diferenças humanas então desaparecerão. Não haverá nada para separar os
homens da feliz comunhão uns com os outros e com Deus.
A Nova Jerusalém surge como a morada eterna da Igreja. Ela está “ataviada como noiva adornada para o seu esposo” (v.
2 – ARA). A Igreja é vista nos capítulos finais deste livro em seu caráter de “noiva” e em seu caráter de “esposa”. Como noiva, ela é
inteiramente para o gozo e satisfação do coração de Cristo. Como esposa, ela ajudará o Senhor na administração do mundo vindouro –
o Milênio (v. 9). É interessante notar que o seu caráter de esposa não continua no Estado Eterno, porque esse lado das coisas cessará.
No entanto, o lado de noiva continua para sempre.
É mencionada a nova Jerusalém “que de Deus descia do céu”, mas não há indicação de que ela toque a Terra e se faça
deles um só lugar. Os dois permanecerão lugares distintos do destino humano, mas na mais perfeita harmonia.
A declaração é feita: “Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará” (v. 3). Este é o grande
desejo de Deus – habitar em comunhão com “os filhos dos homens” (Pv 8:31). Isso será então perfeitamente realizado.
O versículo 4 indica uma condição de felicidade permanente. “Lágrima”, “morte”, “pranto”, “clamor”, “dor” são cinco
coisas que são resultado do pecado. Todas elas terão desaparecido para sempre, porque todas as coisas serão feitas novas (v. 5). Será
anunciado vitoriosamente: “Está cumprido”. Isso marca o cumprimento do propósito de Deus.
Os versículos 6-7 indicam que os homens redimidos sempre terão sede. Nossa sede no dia de Deus será por mais de Cristo
e de Seu amor. Ele é a “água da vida”, a única que pode satisfazer essa sede. Apesar de estar no Estado Eterno, ainda seremos
criaturas dependentes; nunca seremos autossuficientes. Deus atenderá a todos os nossos desejos perfeitamente e nos satisfará
eternamente com aqu’Ele que é “suficiente, para preencher a mente e o coração” (Hinário Little Flock nº 174).
O versículo 8 indica que não somente haverá um estado permanente de felicidade e bem-aventurança para os justos, mas
também haverá um estado permanente de condenação para os perdidos. Oito classes de pecadores são mencionadas como estando sob
juízo eterno no lago de fogo.

A IGREJA
NA ADMINISTRAÇÃO DO MUNDO VINDOURO
Capítulos 21:9-22:5
Esta seção é um apêndice do livro de Apocalipse. Ela nos leva de volta ao tempo do Milênio e nos fornece mais detalhes
sobre a administração do mundo vindouro, sob Cristo e a Igreja. Este é o momento em que a Igreja adequadamente participará de
governo. Muitos Cristãos pensam que deveriam estar envolvidos na política mundial e no governo hoje em dia, mas não é hora para
isso. Há grandes diferenças entre a falsa igreja (“a prostituta”) e a verdadeira (“a noiva, a esposa do Cordeiro”).
A prostituta é vista no “deserto” porque ela é espiritualmente destituída (Ap 17:3).
A noiva é vista de um “grande e alto monte” porque ela foi exaltada por Deus (Ap 21:10).
A prostituta é referida como uma “cidade” [sete montes] tendo nela tudo do homem (Ap 17:9).
A noiva é referida como uma “cidade” tendo nela tudo de Cristo (Ap 21:10).
A prostituta é mencionada como “grande” (sete vezes), mas não santa (Ap 17:1, etc.).
A noiva é dita como “santa”, mas não grande (Ap 21:10 – TB).
A prostituta glorifica a si própria (Ap 18:7).
A noiva é glorificada por Deus (Ap 21:11).
Ao olharmos para trás para os capítulos do livro de Apocalipse, podemos traçar a história da Igreja e seu destino final. Ela é
vista pela primeira vez na Terra no lugar do testemunho como “sete castiçais de ouro” e, infelizmente, falhando em sua
responsabilidade (caps. 2-3). Depois, ela é vista como parte dos “vinte e quatro anciãos” ao redor do trono no céu como observadores
inteligentes da sabedoria de Deus em Suas relações com os homens (caps. 4-5). Então, ela é vista como “a esposa do Cordeiro” nas
bodas do Cordeiro no céu (cap. 19:7-10). Depois disso, ela é vista como parte dos “exércitos” que seguem a Cristo do céu em Seus
juízos guerreiros (cap. 19:14). Então, ela é vista como a eterna “noiva” de Cristo, proporcionando eterno gozo e satisfação a Ele (cap.
21:2). Por fim, neste apêndice, ela é vista como uma “cidade” celestial na sede da administração no mundo vindouro (cap. 21:9-22:5).
Que história de divina graça!

A Cidade Celestial
Cap. 21:9-10 – A João é mostrada “a noiva, a esposa do Cordeiro” (TB), mas quando ele olha para ela, vê uma “cidade”,
não uma mulher. Essa alteração nas figuras é necessária porque uma mulher na Escritura não exerce assuntos administrativos. Isso está
consistente com o teor geral da Escritura. Portanto, a figura é alterada para uma “cidade” e é usada daqui em diante no capítulo.
Se o número oito marca o Estado Eterno, o número doze marca essa cena milenar no mundo vindouro. O número doze
significa perfeição administrativa.
Doze portas (cap. 21:12).
Doze anjos (cap. 21:12).
Doze tribos de Israel nas portas (cap. 21:12).
Doze fundamentos (cap. 21:14).
Doze apóstolos (cap. 21:14).
Doze mil estádios (cap. 21:16).
Doze vezes doze côvados (cap. 21:17).
Doze pedras preciosas (cap. 21:19-20).
Doze pérolas (cap. 21:21).
Doze tipos de frutas (cap. 22:2).
Doze meses do ano (cap. 22:2).

A “cidade” não é uma descrição do céu (como muitas vezes se pensava), mas da Igreja reinando com Cristo sobre a Terra
no Milênio. Não é uma cidade literal flutuando no céu. Apocalipse é um livro de símbolos e eles são usados para descrever a Igreja em
sua administração do mundo vindouro.
Uma cidade fala de um sistema organizado de vida sob um governo ordenado. Neste caso, ela é santa em natureza, celestial
em caráter e divina em origem.

A Administração Universal da Terra pela Igreja


Cap. 21:11 – A “cidade” celestial é o vaso de manifestação de Deus pelo qual a Sua glória e a glória de Cristo fluirão.
“Ouro” é o material proeminente nesses versículos. Ele fala da justiça divina que será o regime do reino (Is 32:1, 61:11). A “cidade”
será adornada com “a glória de Deus” e será usada para transmitir essa glória (“luz”) diante do mundo (Ef 2:7). Sua glória é como
“uma pedra de jaspe” (um diamante), “como o cristal resplandecente” porque naquele dia, sendo glorificada, não haverá nada na
Igreja para impedir o fluxo da glória de Cristo.
Cap. 21:12-13 – A cidade tem “um muro”, que fala de separação e isolamento, e, portanto, a exclusão de tudo o que não é
de Cristo. Esta é a evidência de que no Milênio ainda haverá inimigos e a presença do mal (1 Co 15:25-26). Mas nenhum mal ou
predador penetrará nessa cidade! A cidade também tem “doze portas”. Elas falam da responsabilidade administrativa (Dt 25:7; Js
20:4; Rt 4:1-2) e da admissão de tudo o que é de Cristo. Nas portas há “doze anjos”. Eles representam toda a inumerável companhia de
seres angelicais. Eles não fazem parte da cidade, mas esperam do lado de fora dela para realizar todo serviço que a Igreja julgue
necessário no governo da Terra.
Cap. 21:14-20 – A cidade tem “doze fundamentos” adornados com “pedras preciosas”. Isso fala das variadas glórias de
Cristo brilhando nos santos e por meio dos santos. Pedras preciosas não têm luz própria e nem os santos têm glória em si mesmos – sua
beleza resultará da glória de Cristo refletida neles. (Compare Salmo 90:17). Como as pedras têm várias cores e matizes, os santos em
seu estado glorificado conservarão a sua individualidade. A cidade como um todo é “ouro puro” (v. 18), mas também é como “vidro
puro”, o que significa que a cidade será uma demonstração de justiça perante o mundo.
Cap. 21:21 – Ela também terá “doze pérolas” engastadas em suas portas. Uma pérola é um objeto de preciosidade (Mt
13:45-46). Por isso, a Igreja será manifestada diante do mundo como objeto de preciosidade para o coração de Cristo (Jo 17:23; Ap
3:9). A cidade tem uma “rua” [TB] de ouro puro que a atravessa. Na vida cotidiana, uma rua é o meio pelo qual os homens interagem
uns com os outros nos negócios e no prazer. Fala da intercomunhão dos santos. Ser de “ouro puro” indica que a comunhão e a
intercomunhão na cidade estarão em sintonia com as linhas do que é divino, e não do que é natural e mundano.
Cap. 21:22-27 – Pelo menos sete coisas são mencionadas como não estando na cidade. Não haverá “templo”. Isto é, nada
que esconda a presença de Deus e o acesso a Ele. Também não haverá “Sol” (luz criada), nem “Lua” (luz refletida), nem “candeia”
[TB] (luz artificial). Isto indica que não haverá necessidade de coisas terrenas e naturais para guiar as decisões administrativas tomadas
pela cidade em relação ao seu governo da Terra. Também não haverá “noite” lá porque a luz do conhecimento de Deus irá permear
tudo (v. 25). A luz vai encher a cidade. Isto será em um sentido literal, bem como em um sentido espiritual. As nações da Terra
“andarão à sua luz” [da cidade] (v. 24).
Isso significa que a Terra será ordenada e regulada pelos princípios práticos da justiça divina que serão sustentados pela
cidade. Esse conhecimento (“luz”) relacionado à justiça prática será disseminado na Terra por meio de Israel (Is 2:2-3, 61:6, etc.).
Assim, as nações serão instruídas sobre como viver sob um reino de justiça.
Naquele dia, a Igreja será “a luz do mundo” de uma maneira perfeita (Mt 5:14). (Hoje a Igreja é um testemunho muito
imperfeito para o mundo.) As portas da cidade estarão abertas continuamente (“não se fecharão”) para receber o reconhecimento e o
respeito que lhe são devidos. Também não haverá nada que “contamine” na cidade (v. 27). E por último, lá não haverá “maldição”
(cap. 22:3).
Em resumo, a cidade não exigirá nada da natureza ou do mundo para sustentá-la. As nações também trarão sua “glória e
honra” a ela (v. 26). Isso não significa que a Igreja receberá louvores das nações da Terra, mas que as nações trarão sua homenagem
àqu’Ele que ali habita.

Três Coisas Que Caracterizarão a Porção dos que Estão na Cidade


1) “O livro da vida” (cap. 21:27). Isso fala da segurança de seu relacionamento com Cristo.
2) “O rio puro da água da vida” (cap. 22:1). Isso fala do fluxo interminável de bênçãos que possuirão.
3) “A árvore da vida” (cap. 22:2). Isso fala da plenitude de satisfação do gozo da comunhão com Cristo.
Cap. 22:1-5 – As “folhas” da árvore serão para “a saúde das nações”. Sob a administração de Cristo e da Igreja (Ef 1:10),
pela primeira vez na história, as nações habitarão juntas pacificamente. A animosidade que existe há milhares de anos entre as nações
será tratada com a aplicação da justiça, e não haverá mais guerra (Sl 46:9).
O Velho Testamento termina com um aviso de maldição (Ml 4:6), mas o Novo Testamento termina com a promessa de não
haver mais “maldição”! A “servidão da corrupção”, que permeou a Terra desde a queda do homem, será eliminada (Rm 8:20-22).
Em resumo, Deus vencerá o mal com o bem no final. Os “servos” do Cordeiro (os santos) renderão o serviço de louvor a Ele. Eles
verão “Seu rosto”. Os santos verão o rosto do Senhor literalmente (1 Jo 3:2), mas aqui o “rosto” do Senhor é usado figurativamente
para indicar intimidade. “Nas suas testas estará o Seu nome”. Isso significa que todos os santos portarão Seu caráter de perfeição
moral. E eles reinarão com Cristo durante todo o Milênio – “para os séculos dos séculos” (JND), que é o Estado Eterno (v. 5; Dn
7:18). Isso significa que o reinado de Cristo e da Igreja sobre a Terra não continuará no Estado Eterno, pois não haverá necessidade de
governo naquele dia eterno.

EXORTAÇÕES DE ENCERRAMENTO
(Cap. 22:6-21)
Cap. 22:6 – Nestes últimos versículos, temos não apenas as exortações finais do livro de Apocalipse, mas também uma
conclusão apropriada para toda a Palavra de Deus.

Três Anúncios da Vinda do Senhor


Antes disso, anjos e anciãos se comunicaram com João sobre eventos futuros, mas agora, eles desvanecem ao fundo e o
próprio Senhor fala. Este é um final apropriado para o que foi revelado no livro. Ele anuncia Sua vinda – “Eis que cedo venho” – três
vezes, de três maneiras diferentes (vs. 7, 12, 20). Cada apresentação de Sua vinda tem uma aplicação tanto para o crente quanto para o
incrédulo.
Cap. 22:7-11 – O primeiro anúncio da vinda do Senhor destina-se a nos livrar de nos estabelecermos neste mundo enquanto
esperamos que Ele venha. Se “guardarmos” em mente os juízos que estão prestes a cair sobre o mundo, isso terá o efeito prático em
nossas vidas para nos livrar do mundanismo. Como resultado, o curso de nossas vidas será alterado, sabendo que o juízo está vindo
sobre tudo o que vemos. Se corretamente considerados, nossas energias não serão desperdiçadas em construir o que é “guardado para
o fogo”, mas usadas para promover a causa de Cristo neste mundo (2 Pe 3:7).
Admirando o que vê, João tenta adorar aos pés do anjo, mas é repreendido por isso (vs. 8-9). Eles eram apenas
instrumentos na instrução de João nos assuntos proféticos deste livro; eles não deveriam ser feitos mais do que eram. Em contraste com
as profecias do Velho Testamento, que foram seladas até o fim do tempo (Dn 12:4), essas coisas não são seladas porque o retorno do
Senhor e os juízos que se seguem estão prestes a cair sobre este mundo. O Senhor, portanto, diz: “Não seles as palavras da profecia
deste livro; porque próximo está o tempo” (v. 10). Então as coisas estarão em um estado permanente. Todos serão abençoados por
Deus ou estarão sob o juízo de Deus (v. 11).
Cap. 22:12-15 – O segundo anúncio da vinda do Senhor está relacionado com o fato de que Ele está trazendo Sua
recompensa com Ele (v. 12). Isto é uma alusão ao tribunal de Cristo, que envolve o julgamento tanto dos crentes como dos incrédulos.
Os perdidos serão julgados na Aparição e no reino de Cristo (2 Tm 4:1), mas os crentes terão suas recompensas demonstradas naquele
dia. Este é outro incentivo para se viver para Cristo. Novamente, uma condição permanente decorrerá; aqueles que “lavam as suas
vestiduras no sangue do Cordeiro” serão abençoados, e aqueles que não as lavaram serão condenados para sempre.
Cap. 22:16-21 – O terceiro e último anúncio da vinda do Senhor tem propósito de avivar as afeições nupciais em nossos
corações e despertar a preocupação pelos perdidos, de que possam ser salvos. O Senhor Se apresenta de duas maneiras:
De uma maneira que se refere às profecias do Velho Testamento – “a raiz e a geração de Davi” (v. 16).
De uma maneira que está distintamente no caráter do Novo Testamento – “a resplandecente estrela da manhã” (v. 16).
Isso desperta a afeição da noiva para pedir ao Senhor que “venha” (v. 17). O “Espírito e a noiva” [TB] dizem isso juntos,
indicando que o Espírito de Deus produziu nos santos esse santo desejo, e são vistos como um, com a mente do Espírito. Um segundo
chamado é feito ao restante do céu para se unirem ao chamado para o Senhor “vir” e fazer com que essas coisas aconteçam. Estar em
comunhão com a mente do Espírito não é apenas ter um desejo vivo de que o Senhor venha, mas também ter um forte interesse na
salvação dos perdidos. Por isso, um terceiro chamado para “vir” é dado pelo Espírito e pela noiva àqueles que ainda são estranhos à
graça de Deus, para que tomem da “água da vida” e sejam salvos.
Uma advertência então é dada a qualquer um que tire “as palavras da profecia deste livro”. Todos os que o leem devem
estar atentos em não deixar que a mente profana do homem se intrometa na revelação divina (v. 18-19).

A Palavra Final do Senhor


Cap. 22:20-21 – O Senhor fala uma última vez. “Certamente cedo venho”. Isso novamente faz com que a noiva diga com
ainda mais intensidade: “Ora vem, Senhor Jesus”. Vemos nisso a postura correta em esperar que o Senhor venha. A noiva não pede
para que os eventos desta profecia se cumpram; ela pede que seu Senhor venha. Enquanto isso, o Senhor promete nos dar a necessária
“graça” para continuarmos no caminho da fé até que esse momento chegue.
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APÊNDICE
A IGREJA NÃO IRÁ PASSAR PELA TRIBULAÇÃO
As seguintes referências das Escrituras confirmam que a Igreja não irá passar pelo período de sete anos da tribulação.

1) Nunca é falado da tribulação em conexão com a Igreja


Há oito passagens principais da Escritura que falam diretamente da tribulação (Mt 24:3-29; Mc 13:4-24; Ap 3:10; 7:14-17;
Dt 4:30-31; Jr 14:8, 30:4-7; Dn 12:1). Pensamos que se a Igreja fosse passar pela tribulação, pelo menos uma dessas passagens falaria
dela, mas não há referência alguma da Igreja estando na tribulação, ou tendo qualquer conexão com ela! (Quando falamos da Igreja
queremos dizer Cristãos, que são os membros do corpo de Cristo.) Isso por si só é significativo. Significa que aqueles que creem nesse
erro deduziram isso das Escrituras de alguma forma.
Em Mateus 24 e Marcos 13, o Senhor estava falando aos Seus discípulos judeus, que são representantes do remanescente
judeu de crentes que estaria na tribulação. Isto é fundamentado pelos comentários que o Senhor fez a eles. Ele falou sobre o que
deveriam fazer quando o templo e “o lugar santo” fossem contaminados pela “abominação da desolação” (v. 15). Falou sobre a terra
da “Judéia” (v. 16), sobre o “Sábado” (v. 20), sobre “as tribos da terra [de Israel]” sendo reunidas (vs. 30-31) e da “a figueira” –
um símbolo bem conhecido de Israel (v. 32). Ele também falou da “vinda do Filho do Homem”, que é um título usado na Escritura
para as relações do Senhor com Israel e as nações gentias da Terra, e nunca com a Igreja. (Quando é mencionada Sua vinda para a
Igreja – o Arrebatamento – Ele é referido como o Senhor ou Noivo). Todas essas coisas indicam que o Senhor não estava se referindo
aos Cristãos em relação à tribulação. Os Cristãos não têm nada a ver com um templo físico e um lugar santo para adorar. Nem têm nada
a ver com o dia do Sábado, etc. Isso obviamente se aplica aos judeus.
Apocalipse 3:10 fala sobre a tribulação vindo sobre o mundo, mas não sobre a Igreja. Na verdade, o Senhor diz nessa
passagem que Ele “guardará” os Cristãos “da hora da tentação”!
Em Apocalipse 7:14 é falado da tribulação em conexão com as nações gentias (Ap 7:9).
Em Deuteronômio 4:30-31 é falado da tribulação em conexão com Israel (Dt 4:1).
Jeremias 30:4-7 refere-se à tribulação como “angústia para Jacó”. Não diz “angústia para Igreja”. Também acrescenta que
essas coisas eram concernentes a Israel e Judá.
Daniel 12:1, diz duas vezes que “o tempo de angústia” (a tribulação) estará sobre “os filhos de teu povo”. O povo de
Daniel era judeu.
Estas referências mostram que a tribulação tem a ver com Israel e as nações gentias da Terra. A Igreja nunca é mencionada!
Este fato, por si só deveria ser suficiente para convencer qualquer alma de ânimo pronto de que a Igreja não estará nem passará pela
tribulação.
À medida que avançarmos, ficará cada vez mais evidente que a maior parte da dificuldade que as pessoas têm sobre esse
assunto, decorre de não distinguirem Israel da Igreja. Este tem sido um problema de longa data entre os Cristãos, e pode ser encontrado
nos primeiros séculos da história da Igreja, onde mestres judaizantes ensinavam que a Igreja e Israel se mesclam (conhecidas hoje
como Teologia “Reformada” ou “Aliança”). Esse sistema de ensino não vê a verdadeira natureza, o chamado, o caráter e a esperança da
Igreja como pertencentes ao céu. Em vez disso, tudo é feito para ser algo terreno, que é a porção de Israel. Há traduções da Bíblia
(como a NVI) que não ajudaram no problema. Por exemplo, Efésios 3:6 é traduzido: “Pelo evangelho, os gentios são herdeiros
juntamente com Israel”. Sem qualquer autoridade dos manuscritos gregos, os tradutores acrescentaram “com Israel”. Isso ocorre
principalmente porque alguns dos que fizeram o trabalho de tradução sustentam esses ensinamentos errôneos e involuntariamente
permitiram que sua doutrina se infiltrasse no texto. Não é com Israel que os crentes dentre os gentios são herdeiros no dia da graça, mas
com Cristo e todos os redimidos que estão em Cristo (Rm 8:17).
Com fundamento na obra consumada de Cristo na cruz e Sua ressurreição e ascensão em glória, Deus iniciou toda uma
nova ordem de coisas conhecida como a Igreja. Isso começou no Pentecostes. (At 2:1-4, 47, 5:11, 11:15 “ao princípio”). A palavra
Igreja (ekklesia – em grego) significa “chamada para fora” e descreve apropriadamente o que Deus está fazendo atualmente, chamando
os crentes de entre os judeus e os gentios (At 15:41, 26:17). Em virtude de o Espírito descer ao mundo e fixar residência naquela
companhia de crentes no dia de Pentecostes, Ele os uniu a Cristo que é a Cabeça da Igreja (Ef 5:23), e desse modo, esse algo novo e
celestial foi formado (1 Co 12:13). Isto é claramente visto na conversão de Saulo de Tarso. Quando ele foi salvo, a Escritura diz que ele
foi tirado do meio do povo (Israel) e das nações (gentios) e colocado em uma posição inteiramente nova diante de Deus como um
membro do corpo de Cristo. Ele foi então enviado para pregar o evangelho para aqueles entre as nações que, por crerem em Cristo,
também poderiam ser trazidos a esta nova posição de privilégio e bênção (At 26:17-18).
Isso mostra que a Igreja é algo claramente diferente de Israel. Ao ler as Escrituras, é importante não confundir as diferentes
bênçãos, privilégios, esperanças e destinos de cada um. O “obreiro” fiel “dividirá corretamente a palavra da verdade” (KJV) e fará
essa importante distinção no ensino bíblico (2 Tm 2:15).

2) A Igreja Não é o Assunto da Profecia


O fato é que a profecia, propriamente falando, não tem a ver com a Igreja, mas com Cristo e Seus tratamentos com Israel e
as nações gentias que passam pela tribulação e entram no reino milenar.
As setenta semanas de Daniel (Dn 9:24-27) mostram claramente que os eventos concernentes a Israel e à profecia tiveram
uma suspensão no final da sexagésima nona semana, quando os judeus “tiraram [cortaram – AIBB]” seu Messias por meio da morte.
Ainda restam sete anos (a septuagésima semana) a serem cumpridos na profecia a respeito de Israel; isso não será cumprido até que
Deus novamente retome Suas tratativas com eles em um dia futuro. Estamos agora nos “tempos oportunos” da graça de Deus (1 Tm
2:6 – ARA) quando Deus está chamando crentes de entre judeus e gentios, para serem um povo para Si mesmo (At 15:14). A profecia
sobre a tribulação não tem a ver com este tempo. É uma má interpretação da Escritura profética, tentar correlacionar eventos que estão
acontecendo hoje, com eventos da profecia, supondo que eles estão sendo cumpridos agora.

3) O Esboço do Livro de Apocalipse Mostra que a Igreja Não estará na Terra Durante a Tribulação
Ao obter-se um simples traçado do livro de Apocalipse, percebemos vários pontos que mostram claramente que a Igreja
não estará na Terra quando os juízos da tribulação forem derramados.
Existem três divisões gerais no livro, dadas no capítulo 1:19:
“As coisas que tens visto” – referem-se ao que o apóstolo João viu no capítulo 1.
“As coisas que são” – referem-se aos capítulos 2 e 3, que contêm as cartas do Senhor às sete Igrejas, sendo uma história moral
da igreja professa na Terra, iniciada logo após o tempo dos apóstolos, até seus últimos dias.
“As coisas que depois destas hão de acontecer” – referem-se aos capítulos 4 a 22, em que a tribulação é descrita. Esta terceira
divisão é chamada “daqui em diante” (Ap 4:1 – KJV) porque trata de coisas que acontecerão depois que a Igreja terminar sua
história na Terra.

É instrutivo ver que depois dos capítulos 2 e 3, uma porta no céu se abre e João é chamado a “subir” (Ap 4:1). Esta é uma
pequena figura da Igreja sendo chamada para o céu depois de haver terminado o seu curso na Terra, pela vinda do Senhor (o
Arrebatamento). Do capítulo 4 até o final do livro, a Igreja não é mais vista na Terra como nos capítulos 1 a 3. Quando os juízos da
tribulação são derramados nos capítulos 6 a 19, a Igreja não é mencionada nenhuma vez!
Além disso, aqueles que serão martirizados por sua fidelidade durante a tribulação, indicado pelo caráter de suas orações,
não são Cristãos (Ap 6:9-10). Em primeiro lugar, a maneira pela qual se dirigem a Deus como “santo Dominador” mostra que eles
não são Cristãos. Os Cristãos não se dirigem a Deus dessa maneira; eles falam com Deus como Pai (Ef 1:2; Cl 1:2). Em segundo lugar,
eles oram por vingança sobre os habitantes da Terra que os perseguiram. Isso está correto e apropriado para um judeu (Salmos
imprecatórios), mas certamente não é a atitude de um Cristão. Os Cristãos abençoam aqueles que os amaldiçoam e oram por aqueles
que os caluniam (Lc 6:27-28), mas não invocam juízo sobre seus perseguidores (Rm 12:19-21).
No capítulo 7, nos é dito quem sai da tribulação no final. Os eleitos de Israel (vs. 1-8) e uma grande multidão de gentios
(vs. 9-17). Mas não há menção de Cristãos! Eles não saem da tribulação porque não entram na tribulação. Como já mencionado, eles
são chamados para o céu antes disso começar.
Note também, quando a Igreja é vista na Terra (nos capítulos 2 e 3) a expressão “Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito diz às igrejas”, é repetida muitas vezes. Mas depois que a Igreja é vista como tendo sido levada (Ap 4:1), quando a tribulação
está ocorrendo, a expressão é ligeiramente alterada. Ela diz: “Se alguém tem ouvidos, ouça” (Ap 13:9). A frase “o que o Espírito diz
às igrejas” é propositadamente abandonada! A razão óbvia para isso é que a Igreja é considerada como já arrebatada. O Espírito não
está mais se dirigindo à Igreja porque a Igreja é vista como não estando mais na Terra.
Então finalmente no capítulo 19:11-21, no final da tribulação, vemos a Igreja como parte dos exércitos do céu (os santos
celestiais), vindo do céu com o Senhor em guerra. Para que ela possa vir do céu com o Senhor (1 Ts 3:13, 4:14; Jd 14, etc.), teve antes
que ser levada. A única coisa que se correlaciona com isso é o Arrebatamento que, como demonstramos, acontece antes de a tribulação
começar.
Além disso, se os santos fossem levados pelo Senhor ao céu no final da tribulação, então quem seria deixado para povoar a
Terra milenar? Com os ímpios sendo enviados para o castigo eterno, a Terra ficaria vazia de pessoas! (Os santos arrebatados para
estarem com o Senhor no ar, não voltam a viver na Terra. Eles reinarão sobre a Terra nos “lugares altíssimos” (JND) – Dn 7:18, 22,
27, 2 Co 5:1).

4) O Livramento da Igreja é Diferente do de Israel


Em Apocalipse 3:10, é prometido à Igreja que ela será guardada “da” hora da tentação vindoura. O próximo versículo (11)
mostra como será guardada – “Eis que venho sem demora”. Este é o Arrebatamento. Mas note: nenhuma promessa como esta é feita
a Israel. De Israel é dito como sendo salvo “no” tempo da angústia (Jr 14:8). Deus graciosamente preservará um remanescente piedoso
deles durante a tribulação.

5) À Igreja Foi Prometido Livramento da Ira Vindoura


Os Cristãos são instruídos a “esperar dos céus a Seu Filho, a Quem ressuscitou dos mortos, a saber, Jesus, que nos
livra da ira futura” (1 Ts 1:9-10). Há “ira” vindo sobre este mundo; este é o juízo que cairá na tribulação. Essa “ira” é mencionada
dez vezes no livro de Apocalipse. Capítulos 6:16, 17, 11:18, 14:10, 19, 15:1, 7, 16:1, 19, 19:15. Note, todas as referências são depois de
Apocalipse 4:1, onde a Igreja é vista como levada para o céu. Isso mostra que a Igreja já terá ido quando os juízos da tribulação forem
derramados. O Senhor Jesus os livrará antes que a ira caia. Compare também Romanos 5:9.

6) Deus Não Destinou a Igreja à Ira


Primeira Tessalonicenses 5:9-10 diz: “Porque Deus não nos destinou para a ira (o juízo vindouro), mas para a
aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo”.
O aspecto da salvação neste versículo não é o da salvação eterna da alma; que os Cristãos já têm. Há, no entanto, outro
aspecto da salvação na Bíblia que é algo futuro. Por exemplo, a Palavra de Deus diz: “porque a nossa salvação está agora mais perto
de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é passada, e o dia é chegado” (Rm 13:11, 5:9, 8:23-25; Ef 4:30; Hb 9:28; 1 Pe 1:5).
Este aspecto da salvação é a salvação dos nossos corpos, quando o Senhor vier e nos tirar deste mundo. “Esperamos o Salvador, o
Senhor Jesus Cristo: Que transformará o nosso corpo abatido [de humilhação – ARA], para ser conforme o Seu corpo glorioso
[corpo de glória – JND], segundo o Seu eficaz poder de sujeitar também a Si todas as coisas” (Fp 3:20-21; 1 Co 15:51-56).
O versículo de 1 Tessalonicenses 5:9 nos diz que a Igreja foi destinada a obter essa salvação, e não a ira que está por vir ao
mundo.

7) O Alarido é Antes da Proclamação da Paz e Segurança


O apóstolo Paulo, em sua epístola aos tessalonicenses, claramente coloca o Arrebatamento (1 Ts 4:15-18) como
acontecendo antes do tempo da tribulação, quando “paz e segurança” serão prometidas pela besta e pelo anticristo, por meio de falsa
proteção do império romano recém-renascido (1 Ts 5:1-3).
Além disso, um exame mais atento da passagem mostrará que aqueles “apanhados” (JND) no Arrebatamento (no capítulo
4) são tratados como uma classe diferente de pessoas, em relação àqueles a quem são prometidas “paz e segurança” na tribulação (no
capítulo 5). Isso é indicado pela mudança da primeira pessoa do plural para a terceira pessoa do plural. As palavras mudam de “nós”
quando se refere àqueles que foram levados no Arrebatamento, para “eles” quando se referem àqueles que receberão a falsa paz e
segurança na tribulação. Essa mudança não é acidental; o Espírito de Deus está indicando duas classes diferentes de pessoas. Os santos
arrebatados – a Igreja (1 Ts 4:15-18) e aqueles que estarão no tempo da tribulação.
Paulo, sendo um Cristão, colocou-se entre aqueles que poderiam estar na Terra quando o Senhor viesse (o Arrebatamento),
dizendo “nós”. Mas é significativo que ele não se referiu a si mesmo entre aqueles que estariam na Terra durante o tempo em que a
“paz e a segurança” (1 Ts 5:3) serão prometidas pela besta. Isto, obviamente, é porque ele buscou colocar a esperança da vinda do
Senhor diante dos santos, como uma coisa iminente, que é a esperança correta do Cristão.

8) A Saída é Antes da Caída


Em 2 Tessalonicenses 2:1-5, o apóstolo Paulo novamente coloca “a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa
reunião com Ele” (o Arrebatamento), como acontecendo antes do surgimento do anticristo e da grande “apostasia” que ocorrerá na
grande tribulação. A ordem é simples. Primeiro há o Arrebatamento da Igreja (v. 1), depois a apostasia da Cristandade professa
seguindo o “homem do pecado” – o anticristo (v. 3-4).
Os crentes tessalonicenses estavam passando por perseguições por sua fé em Cristo (2 Ts 1:4-5). Falsos mestres tinham
vindo entre eles (v. 2), ensinando que “o dia do Senhor” e o juízo relacionado com ele estavam próximos. Esse ensinamento os
perturbou. Eles pensaram que teriam de passar pelos horrores da tribulação. O apóstolo Paulo escreveu esta segunda epístola para
expor o ensinamento maligno. Ele lhes ensinou que “o dia do Senhor” não poderia vir sobre eles, porque duas coisas teriam de
acontecer primeiro; a revelação do “homem do pecado” (anticristo) e a grande apostasia dos crentes meramente professos seguindo a
ele.
Algumas pessoas têm a ideia de que “o dia do Senhor” é o Arrebatamento. Não há, no entanto, nenhuma Escritura para
apoiar isso. “O dia do Senhor” é um dia de julgamento que começa na Aparição de Cristo, no final da tribulação. É o tempo em que o
Senhor intervirá publicamente sobre os caminhos do homem, afirmando Seu poder e domínio universais sobre os céus e a Terra. “O
dia do Senhor” continuará por toda a duração do reinado de 1.000 anos de Cristo; momento em que (no final do dia do Senhor) os
céus e a Terra se desfarão (2 Pe 3:8-10).

9) O Espírito de Deus Deve Ser Tirado Primeiro


2 Tessalonicenses 2:6-12 mostra essa mesma ordem sob outra perspectiva. Ele diz: “O mistério da injustiça opera:
somente há Um que agora resiste até que do meio seja tirado, E então será revelado o iníquo”. Estes versículos mostram que o
curso do mal neste mundo hoje em dia está sendo impedido de atingir seu ápice, por causa da presença e do poder do Espírito Santo na
Terra. Quando o Espírito for “tirado” da Terra no Arrebatamento, então, e somente então, “o iníquo” (o anticristo) surgirá e enganará
a muitos. Mais uma vez, a ordem é simples. Primeiro, o Espírito é tirado no Arrebatamento, depois muitos são levados pelo anticristo
na grande tribulação.
Alguns podem fazer a pergunta: “Como sabemos quando o Espírito será tirado e terá ido embora?” Fica evidente pelas
seguintes três Escrituras que isso é no Arrebatamento. Primeiramente, o Senhor prometeu aos Seus discípulos, na noite em que foi
traído, que quando o Espírito de Deus viesse habitar na Igreja, seria para sempre (Jo 14:16-17). Quando a Igreja for chamada para fora
deste mundo no Arrebatamento, o Espírito de Deus também irá junto, porque o Senhor disse que Ele (o Espírito) nunca a deixaria.
Em segundo lugar, nos três primeiros capítulos do livro de Apocalipse, quando a Igreja é vista na Terra, o Espírito é visto
como falando às Igrejas repetidas vezes. Mas após o encerramento do capítulo 3, quando a Igreja não é mais vista na Terra, o Espírito
não é mencionado novamente até os capítulos 14:13 e 22:17, que se referem a um período depois da tribulação. (Compare os capítulos
2:7, 11, 17, 29, 3:6, 13, 22, com o capítulo 13:9. Observe a ausência marcante da menção do Espírito).
Em terceiro lugar, em Gênesis 24, onde uma noiva (um tipo da Igreja) é procurada para Isaque (um tipo de Cristo), pelo
servo (um tipo do Espírito de Deus). Uma vez que a noiva foi assegurada pelo servo, ele a levou para casa até Isaque, que estava
esperando por ela. Assim como o servo foi para casa com a noiva, assim o Espírito Santo irá para o céu com a Igreja quando o Senhor
vier para nós.
Isso não significa que o Espírito de Deus deixará de agir na Terra após o Arrebatamento. Ele continuará a trabalhar na
Terra, estando no céu, como fez nos tempos do Velho Testamento, vivificando as almas, etc. Essas três passagens mostram que quando
a Igreja for chamada para fora deste mundo no Arrebatamento, o Espírito não mais residirá na Terra.

10) A Vinda de Cristo Para os Seus Santos Acontece Antes do Fim dos Tempos.
Primeira Coríntios 15:23-24 diz: “Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na Sua vinda; Depois virá o fim”.
Observe a ordem. Cristo é ressuscitado primeiro, seguido por aqueles que são Seus em Sua vinda (o que acontece no Arrebatamento –
1 Ts 4:15-18); então virá “o fim”. O “fim” refere-se de maneira geral a todos os eventos do fim dos tempos – incluindo, é claro, a
tribulação e o Milênio que a segue (Mt 13:39, 24:3-14; Dn 11:40, 12:4, 8, 9, 13). O que poderia ser mais claro? O povo do Senhor é
levado para o céu antes que venha o fim.

11) Não há Instruções para os Cristãos na Tribulação


Em Mateus 24:16-26, e nas outras referências à tribulação, aqueles que são instruídos a fugir são claramente judeus, e não
Cristãos. Se os Cristãos tivessem de passar pela tribulação, por que não lhes são dadas instruções sobre como se preparar para isso? A
resposta óbvia é que não haverá Cristãos na tribulação.
É verdade que milhares se voltarão para Deus em fé durante esse tempo (Ap 7:9), mas eles não são Cristãos. Eles serão
nascidos de novo e compartilharão a bênção do reino de Cristo na Terra e povoarão a Terra milenar (Ap 7:10-17). Os Cristãos, por
outro lado, foram chamados para fora de entre os judeus e os gentios pelo evangelho, para passar a eternidade com Cristo no céu.

12) O Fato de que o Evangelho da Graça de Deus Não Será Pregado na Tribulação Mostra que o Arrebatamento
Terá Ocorrido
“O evangelho da graça de Deus” (At 20:24) que é pregado hoje e “o evangelho do reino” (Mt 4:23, 24:14) que será
pregado por aqueles na tribulação, são totalmente diferentes. São dois evangelhos distintos pregados por dois propósitos distintos. O
evangelho da graça de Deus chama as pessoas para o céu: o evangelho do reino chama as pessoas para bênção na Terra. O evangelho
que está sendo pregado hoje contém uma esperança, um chamado e um destino celestiais para aqueles que creem (Cl 1:5; 1 Pe 1:4; Fp
3:20; 2 Co 5:1-2; Hb 3:1), ao passo que o evangelho do reino que será pregado na tribulação contém uma bênção terrena sob o reinado
de Cristo no Milênio (Mt 24:14; Sl 96).
O evangelho do reino anuncia as boas novas de que o reino prometido no Velho Testamento (2 Sm 7:16; Dn 2:44-45, 7:9-
27) está prestes a ser estabelecido, e aqueles que receberem o Rei em fé terão uma parte em sua bênção terrena. Ele foi pregado
primeiro por João Batista no tempo da primeira vinda do Senhor (Mt 3:1-2). O Senhor e Seus discípulos também o pregaram (Mt 4:23,
10:7). Sua pregação era chamar a nação ao arrependimento, assim, estaria em condições de receber o Rei, e se O tivessem recebido, Ele
teria estabelecido o reino como prometido pelos profetas do Velho Testamento. Mas, infelizmente, Israel rejeitou seu Rei e, assim,
perdeu a oportunidade de ter o reino estabelecido em todo o seu poder e manifestação. Quando Israel rejeitou seu Rei, o evangelho do
reino não foi mais anunciado porque o reino não estava mais sendo oferecido a eles. Deus, em vez disso, enviou o evangelho da Sua
graça ao mundo gentio para chamar dele um povo para o Seu nome (At 13:44-48, 15:14; Rm 11:11). Este evangelho ainda está sendo
pregado hoje. O evangelho do reino será pregado novamente pelo remanescente judeu depois que a Igreja for chamada para o céu.
Naquele tempo Deus retomará Suas tratativas com Israel onde Ele parou, há quase 2.000 anos. Israel será salvo (isto é, um
remanescente entre eles – Rm 9:6-8, 11:26-27) naquele dia, e o reino será estabelecido em poder (Ap 11:15).
O ponto que precisamos ver nisto, é que não há menção do evangelho da graça de Deus sendo pregado durante a tribulação.
A razão óbvia é porque esse evangelho chama os crentes para fazerem parte da Igreja e, como a Igreja não estará na tribulação, ele não
será anunciado.
Deus não enviará dois evangelhos diferentes ao mesmo tempo. Seria confusão e confundiria o chamado celestial com o
chamado terrenal com suas respectivas esperanças e destinos. Se entendermos o evangelho da graça de Deus que é pregado hoje,
saberemos que é impossível ter ao mesmo tempo no período da tribulação, a Igreja e o remanescente judeu crente. As Escrituras
indicam que aqueles que creem no evangelho da graça de Deus são tirados de entre os judeus e os gentios (At 15:14, 26:17) e
colocados em algo completamente novo e celestial, “a Igreja de Deus”. Portanto, existem atualmente três grandes distinções entre os
homens na Terra; os judeus, os gentios e a Igreja de Deus (1 Co 10:32). A cruz de Cristo acabou com a distinção entre judeus e gentios
para os que creram no evangelho (Gl 3:28; Cl 3:11). Aqueles que creem nesse evangelho não fazem mais parte das duas companhias
em que antes estavam, mas agora fazem parte da Igreja. Quando um judeu crê no evangelho, ele se torna parte da Igreja (Rm 11:5; Gl
6:16 – “o Israel de Deus”). Como então poderia haver o remanescente crente de judeus ao mesmo tempo? Isso mostra que não pode
haver a Igreja e o remanescente judeu crente na Terra ao mesmo tempo.

TIPOS DO VELHO TESTAMENTO QUE CONFIRMAM QUE A IGREJA NÃO IRÁ PASSAR PELA
TRIBULAÇÃO
Há também muitos tipos do Velho Testamento que confirmam o fato de que a Igreja não irá passar pela tribulação. Ensinar
de outra maneira destrói a verdade que o Espírito de Deus pretende transmitir nestas belas imagens.

13) Enoque e Noé (Gênesis 5:21-9:17)


Enoque é um tipo bem conhecido da Igreja. Ele andou em comunhão com Deus e advertiu o mundo do juízo vindouro (Jd
14-15), e então, o Senhor o levou para o céu. Enoque é diferente dos patriarcas por não ter visto a morte; ele foi levado vivo para o céu.
Ele foi transladado para o céu antes que o juízo de Deus viesse sobre a Terra pelo dilúvio. Deus não trouxe o dilúvio ao mundo até
depois de Enoque ter sido levado para o céu. O dilúvio é um tipo do juízo que virá sobre o mundo na tribulação (2 Pe 3:3-10; Lc 17:26-
27). Noé e sua família que passaram pelo dilúvio na arca são um tipo do remanescente judeu poupado, que será preservado por Deus na
tribulação.

14) Abraão e Ló (Gênesis 18-19)


Abraão, habitando na montanha em comunhão com o Senhor, é uma figura do Cristão de mente celestial que vive em
comunhão com Deus. Ló, envolvido nas coisas de Sodoma é uma figura do Cristão de mente terrena, vivendo para interesses deste
mundo. Deus estava prestes a derramar o juízo sobre Sodoma, mas Ele não o faria até que Ló primeiro fosse tirado de lá. O anjo disse a
Ló: “Apressa-te, escapa-te para ali; porque nada poderei fazer, enquanto não tiveres ali chegado” (Gn 19:22). O juízo igualmente
virá sobre este mundo. Isso vai acontecer no período da tribulação, mas Deus não permitirá que sequer um vestígio do juízo caia, até
que Ele tenha primeiro tirado todo crente verdadeiro do mundo, independentemente de quão mundano possa ser – como Ló tristemente
ilustra (2 Pe 2:7-8).

15) Lia e Raquel (Gênesis 28-30)


Jacó, enviado por seu pai, é uma figura de Deus Pai enviando Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo para este mundo (1 Jo 4:14).
Jacó saiu da casa de seu pai por dois motivos: em primeiro lugar, por causa do pecado (Gn 27), e também para garantir uma noiva para
si (Gn 28:15). Quando Jacó chegou ao país distante, viu Raquel no campo (que é um tipo de Israel) e desejou tê-la como esposa.
Amando-a, Jacó concordou em comprá-la por meio de sua própria labuta pessoal. Esta é uma figura da obra e da labuta que o Senhor
Jesus Cristo realizaria na cruz, a fim de que pudesse ter Israel em um relacionamento Consigo mesmo, no terreno de redenção.
Quando chegou a hora de Jacó receber Raquel, Labão traiçoeiramente o enganou, de modo que ele não conseguiu Raquel.
Lia lhe foi dada em seu lugar. Lia é um tipo da Igreja. Deus permitiu que isso acontecesse a Jacó, para que pudéssemos ter essa
maravilhosa figura de Seus caminhos com Israel e com a Igreja. Isto nos conta a história dos caminhos dispensacionais de Deus;
quando Israel não foi entregue, Deus deu a Igreja ao Seu Filho em seu lugar, para que Ele tivesse uma noiva. Depois que Jacó recebeu
Lia, ele mais tarde recebeu Raquel. Isto aponta para o tempo quando Deus terá terminado a Sua obra entre os gentios chamando a
Igreja (At 15:14; Rm 11:25), e então Ele dará Israel ao Seu Filho para que Ele possa tê-la como Sua noiva terrena (Os 2:6-17; Is 62:4-
5).
Jacó teve duas noivas: Lia (tipo da Igreja) foi recebida antes, apesar de Jacó primeiro ter feito seus avanços em direção à
Raquel (tipo de Israel). Enquanto o ventre de Lia estava aberto e sendo frutífero tendo filhos, o ventre de Raquel era estéril (Gn 29:31).
Isso corresponde aos dias atuais. Enquanto a Igreja está dando frutos para Deus, Israel tem sido estéril (Is 54:1; Os 3:4; Mt 21:19-21).
O ponto a se ver aqui é que Lia teve todos os seus sete (um número que significa completude) filhos antes de Raquel
começar a conceber para ter seus filhos (Gn 30:22, 35:16). O parto de Raquel é uma figura da futura aflição de Israel na tribulação (Is
66:7-8; Jr 30:6-7; Mq 4:9-10, 5:3; 1 Ts 5:3). Lia terminou suas concepções antes do início da concepção de Raquel! Quão maravilhosa
precisão desses tipos! (Sl 119:161).
A Igreja também terá terminado seu curso e testemunho de frutificação neste mundo, antes que Israel (os realmente judeus)
passe pelo seu tempo de parto na tribulação.

16) José e Asenate (Gênesis 37-50)


José (ou Zafenate Paneia, que significa “Salvador do mundo” – Tradução J. N. Darby, nota de rodapé em Gênesis 41:45) é
outro tipo bem conhecido do Senhor Jesus Cristo. Ele foi rejeitado por seus irmãos, que são tipos da nação judaica (Gn 37), e levado
para o exterior entre os gentios (Gn 39-41). Depois de ele ter sido levado para o Egito entre os gentios, houve um período de bênção
naquela terra seguida por uma época de fome. O tempo de bênção corresponde à presente dispensação da graça. O tempo da fome
corresponde ao período vindouro da tribulação que virá sobre este mundo. É interessante notar que, enquanto José estava afastado de
seus irmãos (tipo dos judeus), ele recebeu uma noiva gentia, Asenate (Gn 41:45). Ele a tomou no tempo de abundância antes da fome!
Ela é um tipo da Igreja. Ela foi trazida para sua casa para compartilhar seu lugar real no trono do Egito antes do início do período de
fome, que novamente aponta para o fato de que a Igreja será levada para casa em glória antes do tempo da tribulação. Durante o tempo
de fome, José trabalhou para restaurar seus irmãos para si (Gn 42-45). Então, Cristo também tratará com Israel na tribulação para
restaurá-los para Si. Primeiro os dez irmãos de José (uma figura do remanescente judeu) que eram culpados de rejeitá-lo, foram
restaurados a ele (Gn 45:1-15); então, toda a família foi trazida e a ele reunida (Gn 46). Eles são uma figura das tribos de Israel sendo
restauradas ao Senhor depois que os judeus forem restaurados a Ele após Sua Aparição (Mt 24:30-31).

17) Moisés e Zípora (Êxodo 1-12)


Moisés é outro tipo do Senhor Jesus Cristo. Ele foi o libertador designado por Deus para os filhos de Israel que estavam sob
a escravidão tirânica de faraó no Egito (Êx 3:10; At 7:35). Faraó, o governante do Egito, é um tipo de Satanás, o deus e príncipe deste
mundo. Moisés ansiava pelo seu povo e desejava que eles fossem libertados. Quando foi a eles, Moisés matou um de seus opressores
egípcios, mostrando seu desejo de derrotar seu inimigo e tirá-los da escravidão. Mas seus esforços foram todos mal interpretados por
seus irmãos, que disseram: “Quem te tem posto a ti por maioral e juiz sobre nós?” (At 7:35; Êx 2:14) Consequentemente, eles o
rejeitaram. Isso é um tipo dos judeus que rejeitaram o Senhor em Sua primeira vinda. Em essência, eles disseram a mesma coisa: “Não
queremos que Este reine sobre nós” (Lc 19:14; Jo 1:11).
Tendo sido rejeitado, Moisés fugiu de seu povo para a terra de Midiã (Êx 2:11-4:19). No tempo deste afastamento de seus
irmãos, ele recebeu uma esposa gentia, Zípora (Êx 2:21). Ela é outro tipo da Igreja que está sendo chamada pelo evangelho hoje.
Zípora deu a Moisés um filho e o chamaram de Gérson, que significa “um estrangeiro aqui”. Isso fala do caráter que a Igreja deveria ter
neste mundo como peregrinos e estrangeiros (1 Pe 2:11).
O ponto que precisamos ver nisso é que Moisés recebeu sua esposa gentia antes que os juízos (as dez pragas) começassem
a cair sobre o Egito. Assim, Cristo terá Sua noiva (a Igreja) Consigo mesmo em glória, antes que os juízos da tribulação caiam neste
mundo.
Depois de muitos anos, Deus enviou Moisés de volta para os filhos de Israel, que ainda estavam lutando sob seus
opressores gentios (um tipo dos “tempos dos gentios” – Lc 21:24; Êx 3:10; 4:19). Moisés retornou à terra do Egito e começou a
mostrar-se a seus irmãos que um dia o tinham rejeitado. Esta é uma figura do Senhor retomando Suas tratativas com a nação de Israel
depois de ter levado a Igreja para o céu. Quando Moisés retornou aos seus irmãos no Egito, Deus começou a derramar juízo sobre
aquela terra na forma das dez pragas (Êx 7-12:36). Deus milagrosamente preservou Israel no meio de todos os juízos que se tornaram
sinais de confirmação de que Deus estava trabalhando em favor deles (Sl 78:43, 105:27; Êx 7:3; 8:22-23). Isso fala de como Deus
preservará um remanescente de Israel durante a tribulação (Ap 7:1-8). Mas onde estava Zípora todo o tempo enquanto os juízos
estavam caindo sobre o Egito? Ela não estava lá! Moisés a enviou de volta à terra de Midiã antes que os juízos viessem de Deus (Êx
18:1-2). Ela não é mencionada nenhuma vez durante as pragas. Ela não apareceu em cena até depois que todos os juízos caíram sobre o
Egito e os filhos de Israel foram libertados.
Da mesma forma, a Igreja não aparecerá publicamente até que a tribulação termine, quando o Senhor virá para manifestar
Sua noiva a um mundo maravilhado (2 Ts 1:10).

18) O Juízo de Jericó (Josué 2-6)


A sentença de juízo foi pronunciada sobre Jericó e o povo de Canaã (Êx 23:27). Antes que o juízo caísse naquela cidade,
Deus providenciou um meio de proteção sob um “cordão de fio de escarlata” para aqueles que tinham fé (Js 2). Isso tipicamente
prediz a história do juízo que está prestes a cair sobre este mundo culpado e condenado (At 17:31; 2 Ts 1:7-9). Deus em misericórdia
providenciou um abrigo para todos, sob o sangue de Cristo. No capítulo 6, o juízo caiu sobre Jericó como advertido. Mas antes que isso
acontecesse, Josué primeiro levou ao fim a jornada dos filhos de Israel no deserto, levando-os para sua terra prometida. É significativo
que os capítulos que tratam de Israel sendo levado para a terra de Canaã (Js 3-4) venham antes do juízo cair sobre Jericó (Js 6). Antes
que o juízo caia sobre este mundo, o Senhor Jesus Cristo, como Josué, acabará com a longa jornada da Igreja no deserto neste mundo,
chamando-a à sua Canaã celestial. É notável que o juízo de Jericó tenha acontecido na época da ceifa (Js 3:15). O juízo deste mundo é
também chamado de ceifa (Mt 13:39-42; Ap 14:15-20; Jl 3:9-16).

TRÊS ESCRITURAS EQUIVOCADAMENTE USADAS PARA APOIAR O ERRO DE QUE A IGREJA IRÁ
PASSAR PELA TRIBULAÇÃO
Em um esforço para ajudar aqueles que podem ter dificuldades neste ponto, selecionamos as três principais Escrituras que
levaram alguns a crer erroneamente que a Igreja passará pela tribulação. Em cada uma dessas passagens, nosso desejo é mostrar, com a
ajuda do Senhor, como ocorreu o erro e qual é o verdadeiro significado da passagem. Acreditamos que a maior parte da confusão sobre
este ponto tenha surgido dos Cristãos lendo as Escrituras descuidadamente e sem um espírito de oração.

1) Segunda Tessalonicenses 2:2-3


“Que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra,
quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto [como se o dia do Senhor fosse presente – JND].
Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do
pecado, o filho da perdição”. Este versículo foi usado para significar que o dia em que o Senhor vem para a Sua Igreja (o
Arrebatamento), não acontecerá antes que o anticristo e a apostasia na grande tribulação tenham acontecido.
Isso é um erro por duas razões: primeiro, é um engano supor que “o dia do Senhor” é o Arrebatamento. As escrituras não
dizem isso. Há cerca de 20 referências ao “dia do Senhor” na Palavra de Deus. Algumas delas referem-se ao seu início, que é na
Aparição de Cristo (2 Ts 2:2; 2 Pe 3:10; 1 Ts 5:2, etc.). Outras referências são um aviso de que está “perto”, sinalizado pelo ataque do
rei do norte, que ocorrerá pouco antes do início do dia do Senhor (Jl 1:15, 2:11; Sf 1:7-20; Zc 14:1-2, etc.). Mas não há nenhuma que se
refira ao “dia do Senhor” como o Arrebatamento! É uma suposição dizê-lo e isso decorre de não se examinar cuidadosamente as
Escrituras (At 17:11).
“O dia do Senhor” é um dia de julgamento que começa na Aparição de Cristo (2 Pe 3:4, 8-10); não começa no
Arrebatamento. A tribulação começa após o Arrebatamento, mas o dia do Senhor começa após a Aparição de Cristo, que é cerca de
sete anos depois do Arrebatamento. “O dia do Senhor” é o tempo em que Cristo intervirá publicamente sobre os caminhos do homem
na Terra em julgamento, afirmando Seu poder universal e autoridade sobre toda a Terra. “O dia do Senhor” se estenderá por 1.000
anos (2 Pe 3:8-10), que será o Milênio. O Arrebatamento nunca é visto como um dia de julgamento para este mundo, mas sim, o
momento em que o Noivo e a noiva são alegremente unidos.
Entendendo essas coisas simples e básicas sobre “o dia do Senhor”, podemos ver imediatamente que Paulo não estava
falando sobre o Arrebatamento em 2 Tessalonicenses 2:2-3. Ele estava mostrando aos tessalonicenses que “o dia do Senhor” e seus
correspondentes julgamentos não podiam estar presentemente sobre eles, pois o anticristo e a grande apostasia da Cristandade
professante tinham de acontecer primeiro. É triste dizer que falsos mestres ainda estão propondo o mesmo erro que incomodava os
tessalonicenses. Eles estão incomodando os Cristãos dizendo que eles devem se preparar para a tribulação, porque a Igreja vai passar
por ela. E, ironicamente, eles estão usando os mesmos três métodos para propor seu erro como os falsos mestres faziam nos dias de
Paulo!
Primeiro, “por espírito” (v. 2) – os falsos mestres afirmaram que receberam isto por meio de uma revelação espiritual que lhes
foi dada.
Em segundo lugar, “por palavra” (v. 2) – os falsos mestres estavam aplicando mal as Escrituras do Velho Testamento para
apoiar seu ensino errôneo.
Então, finalmente, “por epístola, como de nós” (v. 2) – eles chegaram a ponto de produzir uma epístola com suas ideias
errôneas, e afirmaram que era de Paulo.
Assim é hoje; aqueles que ensinam essa doutrina errônea frequentemente alegam que a receberam por meio de alguma
revelação especial de Deus, e também estão tentando usar as Escrituras para apoiá-la – eles estão até mesmo tomando o ministério de
Paulo (tal como essa passagem) e afirmando que Paulo ensinou que a Igreja deve passar pela tribulação.
Outra razão pela qual esta aplicação incorre em erro é que ela destrói a iminência da vinda do Senhor. A vinda do Senhor (o
Arrebatamento) é sempre apresentada nas Escrituras como algo que poderia acontecer a qualquer momento. Aqueles que pensam que a
Igreja deve passar pela tribulação zombam da ideia de que Ele poderia vir hoje, porque acham que é uma violação direta de sua
interpretação de 2 Tessalonicenses 2:2-3. No entanto, Paulo e os outros apóstolos trabalharam para colocar a proximidade da vinda do
Senhor diante da Igreja, para que fosse uma esperança presente. Estariam essas pessoas dizendo que os apóstolos estavam errados em
fazer isso? Paulo disse: “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Que
transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o Seu corpo glorioso” (Fp 3:20-21). Ele também disse: “Porque ainda um
poucochinho de tempo, e O que há de vir virá, e não tardará” (Hb 10:37). E, “Porque a nossa salvação está agora mais perto de
nós do que quando aceitamos a fé. A noite é passada, e o dia é chegado” (Rm 13:11-12). E novamente, “Porque o mesmo Senhor
descerá do céu com alarido e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão
primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos
ares” (1 Ts 4:16-17). Neste último versículo, Paulo colocou-se entre os que estavam esperando o Senhor vir, dizendo: “nós”. (Veja
também 1 Co 15:51-52 – “nós”). Isso era algo que ele esperava mesmo naqueles primeiros dias da Igreja. Tiago também disse: “a
vinda do Senhor está próxima” (Tg 5:8). Pedro disse: “E já está próximo o fim de todas as coisas” (1 Pe 4:7). João disse:
“Filhinhos, é já a última hora” (1 Jo 2:18). Isso mostra que os apóstolos ministraram de tal maneira para colocar a vinda do Senhor
diante dos santos como uma esperança presente.
Ensinar que certos eventos devem acontecer antes que o Senhor venha, como o surgimento do anticristo e os horrores da
tribulação, seria uma contradição direta ao ensino dos apóstolos, e destrói a iminência da “bem-aventurada esperança” (Tt 2:13).
Tirar essa “bem-aventurada esperança” da Igreja é fazer com que ela se estabeleça neste mundo – e isso é exatamente o
que aconteceu em grande medida. Isso está essencialmente dizendo: “Meu Senhor tarda em vir” (Mt 24:48). Por isso mesmo, o
próprio Senhor Jesus nunca nos disse quando retornaria. Mas Ele disse: “Certamente cedo venho” (Ap 22:20).

2) Apocalipse 11:15
Outra Escritura alegada para provar que a Igreja deve passar pela tribulação é Apocalipse 11:15. “E tocou o sétimo anjo a
sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do Seu Cristo, e
Ele reinará para todo o sempre”. Este versículo mostra que quando a sétima e última trombeta for soprada no final da grande
tribulação, o Senhor aparecerá e tomará posse dos reinos deste mundo por meio de julgamentos. Foi suposto que esta é “a última
trombeta” mencionada no Arrebatamento (1 Co 15:51-52; 1 Ts 4:15-18). Portanto, a Igreja estaria na Terra para passar por aquela hora
de provação como descrito em Apocalipse 6-11, que precede a sétima trombeta em Apocalipse 11:15. É ensinado que a Igreja será
arrebatada para encontrar o Senhor nos ares, no mesmo momento Ele sai do céu para julgar o mundo.
Essa interpretação é muito problemática, porque a Palavra de Deus ensina que várias coisas devem acontecer entre o
momento em que a Igreja é levada ao céu, e quando o Senhor volta do céu para julgar o mundo, como Apocalipse 11:15 mostra. Seria
impossível que todas essas coisas acontecessem naquele curto espaço de tempo que essa interpretação sugere. Depois de levar Seu
povo ao céu no Arrebatamento, o Senhor os levará para sentar-se à Sua mesa, onde lhes servirá a bem-aventurança celestial e gozo
indescritível (Lc 12:37). Então, o tribunal de Cristo será estabelecido e a vida dos crentes passará em revisão e será recompensada
adequadamente (2 Co 5:10, etc.). Os santos também terão um tempo de louvor a Deus e ao Senhor Jesus Cristo ao redor do trono no
céu. Naquele tempo, eles lançarão suas coroas a Seus pés em humilde adoração a Ele (Ap 4-5). Então, o casamento do Cordeiro
ocorrerá no céu, que será seguido pela ceia das bodas com muitos convidados do céu (os amigos do Esposo) presentes (Ap 19:7-8).
Todas estas coisas devem acontecer depois que o Senhor levar Seu povo ao céu no Arrebatamento, e antes que Ele retorne em Sua
Aparição. Essas coisas não poderiam acontecer se os santos fossem levados para os ares e então, fossem imediatamente trazidos de
volta com o Senhor na Sua Aparição.

3) Mateus 24:29-31
Outra Escritura que é usada é Mateus 24:29-31. “E, logo depois da aflição daqueles dias, o Sol escurecerá, e a Lua não
dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do
Homem; e todas as tribos da Terra se lamentarão, e verão o Filho do Homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e
grande glória. E Ele enviará os Seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os Seus escolhidos desde os quatro
ventos”. Pensam que a vinda do Senhor nesta passagem se refere ao Arrebatamento. Consequentemente, eles equivocadamente
determinam o tempo do Arrebatamento como sendo “logo depois da aflição”. Eles concluem que a Igreja, portanto, passará pela
tribulação.
O problema aqui é que as pessoas estão confundindo o Arrebatamento e a Aparição. Algumas das principais diferenças são:
A vinda do Filho do Homem nunca é referida como o Arrebatamento. O Arrebatamento é a vinda do Senhor para os Seus: a
vinda do Filho do Homem é a vinda do Senhor com os Seus em Sua Aparição. O Arrebatamento é um mistério não feito
conhecido até que foi revelado por meio do apóstolo Paulo (1 Co 15:51-52). A vinda do Filho do Homem é algo conhecido
pelos santos do Velho Testamento, porque os profetas falaram disso. (Dn 7:13-14) O Filho do Homem é um título que o Senhor
toma quando Ele vem para julgar o mundo. No Arrebatamento, o Senhor não está vindo para julgar o mundo, mas para levar Sua
noiva ao céu. O fato de que o título do Filho do Homem é usado em Mateus 24:29-31 deve nos mostrar que Sua vinda nessa
passagem não é o Arrebatamento.
No Arrebatamento, o Senhor não envia Seus anjos para reunir Seus santos [a noiva] como esses versículos falam; Ele próprio
vem para levá-la para Si! (1 Ts 4:16; 2 Ts 2:1).
A trombeta que soa aqui não é a trombeta de Deus que aparece no Arrebatamento, mas a de Isaías 27:13, Salmo 81:3, etc.
Os eleitos aqui não são a Igreja, mas os eleitos de Israel. (Mt 24:24; Is 45:4, 65:9; Ap 7:1-8; Rm 11:28, etc.)
A Ideia do Arrebatamento Parcial
Embora alguns Cristãos acreditem na ideia de um Arrebatamento parcial, é algo tão absurdo que não é necessário que
comentemos sobre isso. Poderíamos imaginar o Senhor levando apenas parte de Sua noiva para o céu? O que Ele faria no céu com
meia noiva? Como poderia o casamento do Cordeiro acontecer com apenas metade da noiva presente? De qualquer forma, qual
Escritura sustenta isso?
“Provai todas as coisas. Retende o correto” (1 Ts 5:21 - JND).
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CONTRACAPA
O Apocalipse é um livro de julgamento e bênção. Começa com o julgamento daqueles que compõem a casa de Deus hoje –
a igreja professa (1 Pe 4:17). Então, depois que a verdadeira Igreja é chamada para o céu no Arrebatamento, ele nos dá detalhes sobre o
julgamento daqueles que ficaram na Terra na Cristandade, em Israel e nas nações gentias. Encerra-se com bênção no céu e na Terra, e
todas as coisas sendo ordenadas de acordo com a mente de Deus.
O objetivo do livro é duplo: O primeiro é mostrar que toda a humanidade dará conta de si mesma a Deus quando Cristo
intervier no curso desse mundo em Sua Aparição. O segundo é mostrar como Deus irá trabalhar para alcançar o Seu fim último de
exaltar e glorificar Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo – o “Alfa e o Ômega” (o princípio e o fim) de toda a profecia (Apocalipse 1:8).
Ele é a fonte e o objetivo de todos os caminhos de Deus na criação, graça e julgamento. Sendo a figura central da profecia, Deus O
trará à vista para todos O verem em Sua Aparição (Apocalipse 1:7).
Notas
[←1]
N. do T.: Provém do grego doxologia, (doxa “glória” + logia “palavra” se referindo à expressão oral ou escrita. Portanto,
“doxologia” é uma expressão oral ou escrita de louvor e glorificação.
[←2]
N. do T.: Ortodoxia provém da palavra grega orthos que significa “reto” e doxa que significa “fé”. É o que está conforme com a
doutrina tida como verdadeira.
[←3]
N. do T.: A versão King James é a mais utilizada pelos povos de língua inglesa. Por isso os comentários de vários autores são
citados a seguir. Todavia, quase todas as traduções para o português estão como na versão de JND

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