Definição

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Definição: Mastoidite é uma infecção supurativa das células aeradas do processo

mastoide. Pode ser aguda (< 1 mês), subaguda (> 1 mês) ou crônica (meses a anos).

Fisiopatologia: É uma potencial complicação dos casos de otite média, devido à


continuidade da linha mucoperiostal da mastoide com a do ouvido médio. A
persistência da infecção do ouvido médio leva ao acúmulo de pus na cavidade
mastoide, podendo inclusive ocorrer destruição dos septos ósseos entre as células
aeradas. A dissecção de pus para áreas adjacentes leva às complicações da
mastoidite. Os agentes etiológicos mais comumente envolvidos são o Streptococcus
pyogenes (estreptococo hemolítico do grupo A), o S. pneumoniae e o Staphylococcus
aureus.

Apresentação Clínica
Pode ser assintomática, com resolução espontânea, chegando até doença progressiva
grave, mesmo com tratamento.

Na maioria das vezes, ocorre em função de uma otite média aguda (mas a ausência de
otite média não exclui o diagnóstico). A tríade mais observada é otalgia (dor
retroauricular), febre e protrusão da orelha.

Há edema, calor e rubor de extensão variável, visíveis na região retroauricular até


a apófise mastoide. Pode haver flutuação com ou sem fístula de drenagem ou massa
palpável.

O exame do ouvido usualmente apresenta alterações, como abaulamento ou perfuração


timpânica e secreção em ouvido médio, mas muitas vezes não é possível visualizar a
membrana timpânica pelo edema do canal auditivo externo.

Outras manifestações incluem: letargia, mal-estar, irritabilidade, dificuldade


alimentar e diarreia. A mastoidite subaguda pode se manifestar como otite média
aguda que não responde ao tratamento antibiótico ou infecção intracraniana sem
outro foco infeccioso.

Pode haver complicações, como: meningite, abscesso subperiostal, empiema subdural,


paralisia facial, tromboflebite dos seios venosos, abscesso cerebral, perda da
audição, labirintite e osteomielite do osso temporal.

Fator de risco principal: História de otite média de repetição.

Abordagem Diagnóstica
O diagnóstico se dá pela história clínica associada ao exame físico, e pode ser
auxiliado por radiografia da área específica.

Hemograma: Leucocitose com desvio à esquerda.

VHS e proteína C reativa (PCR): Aumentadas, indicando inflamação.

Exame de rotina: O diagnóstico é clínico, não sendo necessários exames


complementares de rotina.
Tomografia computadorizada (TC) do osso temporal deve ser realizada nas seguintes
situações:
Achados clínicos sugestivos de complicações intra ou extracranianas: realizar TC do
crânio com contraste na suspeita de complicações intracranianas;
Estado geral ruim ou toxemia;
Otite média que não responde a antibioticoterapia.
Achados na TC sugestivos de mastoidite: Líquido ou espessamento mucoso no ouvido
médio ou mastoides (achado precoce e inespecífico, não indica mastoidite quando for
um achado isolado); perda da definição dos septos ósseos que definem as células
aeradas da mastoide; destruição do córtex da mastoide; espessamento periosteal,
descontinuidade do periósteo, abscessos subperiosteais.

Cultura de secreções: Secreção de ouvido médio (com saída espontânea ou drenados


por timpanocentese, para todos os pacientes com mastoidite), abscessos
subperiosteais, líquor (suspeita de complicações) e hemoculturas (febre > 39 °C).
Enviar para coloração de Gram e culturas aeróbicas e anaeróbicas com teste de
sensibilidade a antimicrobianos.

Diagnóstico Diferencial
Otite externa;
Otite média;
Linfadenopatia retroauricular;
Celulite periauricular;
Pericondrite da orelha;
Parotidite;
Tumores;
Granulomatose com poliangeíte (antiga granulomatose de Wegener).
Acompanhamento
Internação hospitalar: O tratamento é feito com o paciente internado para receber
medicação endovenosa.

Deve ser acompanhado pelo especialista devido ao risco de complicações


intracranianas graves, mas o tratamento não pode ser postergado até que se consiga
parecer específico, deve-se iniciar antibioticoterapia empírica o mais precocemente
possível.

Abordagem Terapêutica
Antibioticoterapia empírica - opções:
Ceftriaxona 100 mg/kg/dia EV de 12/12 ou 24/24 horas, por 10 a 14 dias;
Ampicilina + sulbactam 1,5 a 3 g de 6/6 horas, por 5 a 7 dias.
Drenagem de secreção de orelha média: Miringotomia deve ser realizada para
tratamento e realização de cultura de secreção.

Indicações para mastoidectomia:


Flutuação, massa ou edema retroauricular;
Flutuação cervical;
Imagens demonstrando coleção líquida, coalescência das células aeradas da mastoide,
erosão da parte cortical do osso ou envolvimento intracraniano;
Sinais e sintomas neurológicos (nesse caso, consultar neurocirurgião);
Ausência de melhora clínica após 48 horas de antibiótico;
Presença de complicações da mastoidite;
Realizar audiometria pós-tratamento nas crianças com mastoidite, para avaliação de
perda auditiva.
O especialista deve avaliar a necessidade de abordagem cirúrgica. Na mastoidite
crônica, essa abordagem é necessária para drenar a mastoide.

Guia de Prescrição
Autoria

Referências Bibliográficas

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