Traumatologia III

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Cuidados à Pessoa com


Transtornos Traumatológicos III

Fraturas Ósseas

Uma fratura óssea, é uma lesão com perda parcial ou total da continuidade
óssea, geralmente com separação de um fragmento, após um traumatismo. São
lesões potencialmente graves que podem danificar não apenas o osso mas,
também os tecidos moles que circundam a área. As fraturas ósseas podem
classificar-se quanto à sua etiologia, mecanismo de lesão, a sua localização, ao
traço da fratura, à anatomo-patológica.

Classificação Etiológica

Traumáticas: Ocorrem em consequência de uma violência externa ou interna


bem determinada (maioria das fraturas).

Espontâneas: Decorrem de traumas muito leves ou até por movimentos


normais.

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Patológicas: Frequentes em ossos debilitados na sua estrutura por um
processo patológico tumoral, cístico, infecioso ou displásico, havendo
dificuldades próprias para a consolidação devido à alteração estrutural.

Fadiga/Sobrecagra: São fraturas ósseas completas ou incompletas em


consequência de grandes solicitações mecânicas, por repetição de movimentos
ou esforçoes. Por exemplo: microtraumatismos repetitidos, treino intenso e
prolongado em desporto.

Classificação Quanto ao Mecanismo de Lesão

Traumatismo Direto: Quando a fratura ocorre no local onde se deu o trauma,


podendo haver lesões importantes das partes adjacentes ao trauma.

Traumatismo Indireto: Quando a fratura ocorre a distância do local do trauma,


sendo mínima as alterações das partes moles adjacentes à fratura. Ex: fratura
do cotovelo em queda sobre a mão e as fraturas do acetábulo no trauma do
joelho (acidentes de automóveis).

Classificação Quanto a Presença de Lesões Associadas

Fraturas Simples: A fratura simples é uma lesão única, sem evidência de lesão
associada.

Fraturas Complicadas: Está acompanhada de lesões associadas. O trauma


causador de fratura expostas é de alta energia e velocidade, podendo ocorrer
lesões associadas locais, como as musculares, tendinosas, vasculares e
nervosas.

Classificação Quanto aos Traços da Fratura

Fratura Transversal: Quando a linha da fratura faz um ângulo reto com o eixo
do osso. São decorrentes de um mecanismo de cisalhamento. São fraturas
estáveis, pelo que a contração muscular tende a impactá-las.

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Fratura Obliqua: Quando o traço da fratura faz um ângulo oblíquo,
relativamente ao eixo do osso. Ocorrem por normal por mecanismo de
flexão com ponto fixo. Na maioria das vezes são fraturas instáveis. As fraturas
tem grande tendências a desvios secundários (como encavalgamento ósseo),
causando encurtamento.

Fratura Espiral/Longitudinal: Quando o traço da fratura faz um ângulo


oblíquo, relativamente ao eixo do osso, com rotação parcial dos
segmentos fraturados. Ocorrem por um mecanismo indireto. Por terem
extensa superfície fraturada e serem causadas por trauma rotacional de
baixa energia, consolidam com facilidade. As partes moles restantes são
extensamente comprometidas.

Cominutiva: Tem mais do que dois fragmentos de fratura. Decorrentes de


um trauma direto, ou mesmo por compressão no seu eixo. São fraturas
instáveis porque o osso perda totalmente a sua continuidade. Há grande
tendência de encurtamento. A presença um fragmento intermediário implica um
prazo de consolidação prolongado. Quase sempre são acompanhadas de
contusão das partes moles por trauma direto.

Galho Verde: Ocorrem em crianças, onde um lado do osso é fraturado e o


outro lado apenas dobrado.

Compressão: São comuns em ossos planos, esponjosos (esmagamento


das vértebras).

Avulsão: Arrancamento do fragmento ósseo por ligamento ou tendão


(contração muscular súbita também pode causar fratura).

Classificação Anatomo-Patológica

Enquanto a Estabilidade
Estáveis: São as que tendem a ter evolução com o tratamento conservador,
quando reduzidas, apresentam pouca tendência ao acavalamento ou desvios
secundários. Ex: fraturas transversas

Instáveis: Tendem ao deslizamento e, geralmente, necessitam de redução sob


tração e até de tratamento cirurgico com fixação interna. Ex: fraturas espirais e
cominutivas.

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Extensão
Completas: Quando dividem o osso em dois ou mais fragmentos.

Incompletas: Quando existem comprometimento apenas de um cortical,


permanecendo a outra cortical integra. Ex: fratura em galho verde.

Exposição
Fechada (Não Exposta): Não existe comunicação do meio ambiente com o
foco de fratura, pelo que pele suprajacente permanece intacta. A pressão
intersticial é aumentada devido à hematoma, limitando-o.

Aberta (Exposta): A ferida na pele ou na membrana mucosa estendem-se até


ao osso fraturado. Existe comunicação do meio ambiente com o foco de fratura.
As fraturas expostas resultam em maior perda de sangue, diminuição da
cicatrização e aumento do risco de infeção.

Afastamento dos Fragmentos Ósseos


Sem Fragmento: Quando não há desvio axial ou angular entre os fragmentos
ósseos.

Com Afastamento: Pode ser com encavalgamento (encurtamento), diástase


(alongamento), afastamento lateral ou rotação dos fragmentos.

Impactada: Geralmente estável (osso duro, diáfise, penetração no osso mole,


trabecular).

Sinais e Sintomas De Fraturas Ósseas


Dor Intensa

Edema: Aumento do volume dos tecidos traumatizados devido a uma excessiva


acumulação de fluídos no espaço intersticial.

Equimose: Lesões capilares com derrames sanguíneos, infiltrados nos tecidos


subcutâneos subjacentes à fratura levando a uma coloração arroxeada no local
do trauma.

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Hematoma: É a acumulação de sangue nos tecidos moles e subcutâneos que
circundam a área traumatizada por rotura de vasos sanguíneos.

Crepitação: Sensação audível e palpável causada pelo atrito entre os


fragmentos ósseos.

Deformidade local óbvia: Por perda de continuidade do osso.

Impotência Funcional: Incapacidade de movimentar o segmento distal à


fratura.

Flexibilidade Excessiva: do segmento ósseo distal.

Princípios básicos da Imobilização

Os princípios básicos da imobilização consistem em, assumir que há fratura até se


prove em contrário, seguir a sequência da tração-alinhamento-imobilização,
imobilizar sempre a articulação acima e abaixo da fratura, se suspeita de lesão
da articulação, imobilizar na posição em que se encontra, movimentar o menos
possível o segmento lesionado, não tentar reintroduzir ossos protuberantes
(topos ósseos) nas fraturas expostas, cobrir com material estéril (compressas
esterelizadas embebidas com NaCl 0,9% ) nas fraturas expostas.

Antes da imobilização devemos estar atento nos seguintes


fatores:
Avaliar a Dor.

Pulsos Distais.

Tempo de Preenchimento Capilar (TPC).

Cor, Temperatura e Sensibilidade das Extremidades.

Edema.

Conservação do alinhamento corporal do segmento lesionado.

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Fraturas e Luxações do Membro Superior

Ombro e Braço

Fratura da Clavícula

São fraturas frequentes, principalmente nas crianças e geralmente em


consequência de queda sobre o ombro ou a mão. Mais frequentemente
localizadas no terço médio ou transição do terço médio para o terço externo. A
pessoa apresenta dor espontânea, dor à palpação, edema, equimose e
crepitação. Durante o exame físico é possível ver deformidade, se existir desvios
dos topos ósseos. O diagnóstico é feito através de radiografia do tórax. Em
relação ao tratamento, não há necessidade de redução anatómica entre os topos ou
imobilizações rígida (Com gesso). O tratamento habitualmente é conservador, com
imobilização de cruzado posterior e o tempo habitualmente é de 3 semanas nas
crianças e 4 a 6 semanas nos adultos. Além disso, há também ortóteses para a
imobilização de fraturas da clavícula, com algumas vantagens em relação as
clássicas (mais confortáveis e menos pressão axilar). Em relação as indicações
cirurgicas incluem, fraturas complicadas com lesões vasculares ou nervosas,
fraturas do terço distal com lesão dos ligamentos conoide e trapezoide,
interposição de tecidos moles, fraturas expostas e fraturas com grandes
desvios. O tratamento cirurgico habitualmente passa por osteossíntese com
placas e parafusos ou cerclagem e as complicações mais frequentes do
tratamento cirurgico são as osteite, pseudoartrose e a migração do material de
osteossíntese.

Luxação Acrómioclavicular (LAC)

São lesões causadas por queda ou traumatismo direto sobre o ombro.


Dependendo da intensidade do tratamento, esta articulação pode sofrer 3 tipos de
lesão: entorse (1º grau), subluxação (2º grau) e luxação (3º grau).

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Lesão de Grau 1 (Entorse): Há uma distensão da capsula articular
permanecendo íntegros os ligamentos conoide e trapezoide.

Lesão de Grau 2 (Subluxação): Há rotura da capsula, sem lesão dos


ligamentos conoide e trapezoide, desocando-se a extremidade da clavícula
para cima e para trás.

Lesão de Grau 3 (Luxação): Há rotura da capsula e lesão dos ligamentos


conoide e trapezoide.

O cliente apresenta dor espontânea, dor à palpação, dor à mobilização,


(principalmente em abdução). Durante o exame físico, é possível ver uma
deformidade acentuada (luxação completa), com elevação da extremidade
externa da clavícula, redutível (sinal de tecla de piano). O diagnóstico é feito pela
radiografia do ombro. O tratamento para grau 1 e 2 é o tratamento
conservador, com suspensor braquial ou imobilização com cruzado posterior
enquanto o cliente permanece com dor (habitualmente 2 semanas). Para o de
grau 3 com grandes desvios, o tratamento consiste em correção cirurgica. O
uso de fios de Kirschner ou parafusos é indicado para resolver essas lesões após
terem sido resolvido suas luxações.

Fratura da Omoplata

São relativamente raras. Geralmente associadas a grandes traumatismos. As


omoplatas são protegidas por grandes massas musculares, pelo que estas fraturas
raramente necessitam de redução ou imobilização. Os locais de fratura podem ser
na apófise coracóide, corpo da omoplata, colo, glenóide e no acrómio. O cliente
apresenta dor, edema, equimose e crepitação. Durante o exame físico é possível
verificar dor a mobilização do ombro. O diagnóstico é realizado pela radiografia
do ombro. O tratamento consiste em imobilização antiálgica, com Vealpeu ou
simples suspensão braquial. Iniciar mobilização do membro quando a dor permitir.
O tratamento cirurgico é excessional, para fraturas do colo e do rebordo glenóideo
com desvio.

Luxação do Ombro

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Lesões bastantes frequentes (mais de 50% de todas as luxações traumáticas).
Pode estar associadas a lesões ósseas: fraturas do troquíter ou troquino, fratura do
colo do úmero, lesões neurovasculares (raro), leso do nervo circunflexo, lesão do
plexo braquial, lesão da artéria axilar. As luxações anteriores do ombro são muito
frequentes, são habitualmente causadas por um mecanismo indireto de queda
sobre o cotovelo ou mão, com o braço em extensão e abdução. O cliente
apresenta dor intensa, incapacidade de mobilizar o ombro. Durante o exame
físico, o membro superior encontrara-se em ligeira abdução, com cotovelo
fletido e antebraço em pronação (nas luxações anteriores), em abdução e
rotação interna (nas luxações posteriores), elevado verticalmente em completa
abdução (luxações inferiores), com desaparecimento da proeminência da cabeça
do úmero. O diagnóstico é realizado pela radiografia do ombro e permite avaliar
a existência de fraturas associadas. O tratamento consiste em, redução da
luxação, imobilização em Velpeau 3 a 4 semanas (ou suspensor de ombro com
banda) a que se segue a reabilitação funcional do ombro. A redução pode ser feita
com analgesia e relaxamento muscular. Deve-se ter cuidado para não provocar
fratura do colo do úmero com a manobra de redução, principalmente nos idosos
com osteoporose.

Métodos de Redução
Método de Hipócrates: Tração segundo eixo do braço, com movimentos de
rotação externa.

Método de Kocher: Tração segundo eixo do braço com o cotovelo fletido,


rotação externa do braço de cerca 80º, abdução do braço até a linha média
do tronco, mantendo a tração e a rotação externa, finalmente a rotação
interna.

Método de Stimson: Decúbito ventral, com braços suspensos no bordo da


mesa, peso de 4 a 5 Kg no punho, rotação suave.

Úmero

Fratura da Extremidade Proximal do Úmero

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A fratura da extremidade proximal do úmero, é frequentemente ocorrida nos
idosos. Ocorrem devido a queda sobre o membro superior. Podem ser
classificadas em 2, 3 e 4 partes (classificação de Neer), podendo sofrer maior ou
menor desvio. Essas partes são a cabeça do úmero, troquíter, troquino e a
diáfise. O cliente apresenta dor espontânea e dor à palpação. Durante o exame
físico, é notável a limitação da mobilização ativa e passiva pela dor, apresenta,
equimose, edema, crepitação e deformidade. O diagnóstico é realizado pela
radiografia do ombro e úmero ou TAC do úmero. O tratamento irá depender se
for fraturas estáveis, sem desvio ou desvio mínimo, com imobilização de
Velpeau e, fratura instáveis, com desvio, recorrendo ao tratamento cirurgico, com
fixação minimamente invasiva com fios de kirschner, parafusos ou outros
sistemas.

Fratura da Diáfise do Úmero

A fratura da diáfise do úmero, são fraturas típicas no adulto, raramente ocorrem


em crianças e são, geralmente, causadas por traumatismos direto. O cliente
apresenta dor espontânea e à palpação. Durante o exame físico, será possível
visualizar, equimose, impotência funcional, deformidade, crepitação e
mobilidade anormal do úmero. Podem estar associadas lesões vasculares (artéria
umeral), e nervosas (nervo radial), pelo que se deve efetuar a avaliação do estado
neurovascular. O diagnóstico é realizado pela radiografia do ombro e úmero ou
TAC. O tratamento consiste em, redução da fratura - cliente sentado, com o
membro fraturado suspenso. Imobilização inicial com gesso braquipalmar ou
tala em U, substituição da imobilização gessada clássica por imobilização funcional
ao final de 2 a 5 semanas. Tratamento cirurgico - osteossíntese com placa ou
encavilhamento anterrógrado ou retrógrado.

Cotovelo e Antebraço

Fratura da Extremidade distal do Úmero

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Fraturas supracondilianas do úmero: As de traços simples são as mais
frequentes e habitualmente ocorrem em crianças.

Fraturas supra e intercondilianas do úmero: Com vários graus de


cominuição, são típicas de adultos e idosos.

Fraturas do Côndilo Externo: São típicas nas crianças e ocorrem por


traumatismo direto.

Fraturas do Côndilo Interno: São muito mais raras e ocorrem nos adultos.

Fraturas da Epitróclea: Arrancamento do núcleo apofisário epitrocleano


são típicas em crianças.

Fraturas do Capitellum: São frequentes nos adultos associados a


traumatismos diretos. Ex: queda sobre a própria mão com com o cotovelo
em flexão ou semiflexão.

Nas fraturas da extremidade distal do úmero, os cliente apresentam sinais e


sintomas de dor espontânea e dor à palpação local. Durante o exame físico é
possível verificar edema do cotovelo, hemartrose e limitação da mobilidade da
articulação do cotovelo pela dor. É possível que esteja associado a lesões
vasculares (artéria umeral) ou nervosa (nervo mediano), pelo que exige
avaliação neurovascular. O diagnóstico é realizado pela radiografia do úmero e
TAC.

Tratamentos

Fraturas de traço simples sem desvio (crianças) - Imobilização gessada com


gesso braquiopalmar durante 3 semanas.

Fraturas de traço simples com desvio - Redução da fratura (fechada ou


aberta), sob anestesia geral, fixação com fios de Kirchner e imobilização com
tala gessada.

Fraturas do Côndilo/Epitróclea sem desvio - Tratamento conservador (se


desvio - tratamento cirurgico).

Fraturas Supracondilianas/Supra e Intercondilianas (adultos) - Tratamento


cirurgico com redução aberta e osteossíntese com placas e parafusos.

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Luxação do Cotovelo

São lesões traumáticas que habitualmente ocorrem no adulto jovem e criança.


Podem essencialmente ser de 3 tipos: posteriores, anteriores e laterais.

Luxações Posteriores: São as mais frequentes e são causadas por queda


sobre as mãos com o cotovelo em extensão. Podem estar associadas a
fraturas da apófise coronoide, da cabeça do rádio, do epicôndilo e da
epitróclea (fraturas luxações). São raras as lesões neurovasculares
associadas.

Luxações Anteriores: Causados por traumatismo direto sobre os ossos do


antebraço, são menos frequentes. Geralmente há fatura do olecrânio
associada. Podem ocorrer lesões da artéria umeral e do nervo cubital.

Luxações Laterais: Podem ser internas e externas e são causadas por


traumatismos diretos.

Nas luxações do cotovelo o cliente apresenta dor, impotência funcional e


deformidade. Durante o exame físico, o cliente apresenta dor intensa à
mobilização do cotovelo, antebraço encurtado e em ligeira pronação, com o
cotovelo fletido a 120º, olecrânio saliente, tensão do tricipite (luxação
posterior), extremidade distal do úmero anormalmente saliente (luxação
anterior), cotovelo alargado (luxações laterais). O diagnóstico é realizado pela
radiografia do cotovelo e TAC.

Tratamentos

Luxações posteriores e laterais - Tratamento conservador, redução e


imobilização gessada braquiopalmar por 3 semanas.

Fraturas Luxações - Osteossíntese da fratura.

Fraturas da Tacícula Radial

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As fraturas da tacícula radial são as mais frequentes nos jovens adultos, resultado
de uma queda sobre a mão em extensão. São classificada em 4 graus de Mason de
acordo com a sua gravidade. O tratamento depende do tipo de fratura e idade do
cliente sendo divididas:

Fraturas de Traço Simples/Cominutivas sem desvio - Gesso braquiopalmar


com antebraço em posição neutra, 10-15 dias. Reabilitação do cotovelo à
posteriori (risco de rigidez articular).

Fraturas de Traço Simples/Desvio - Redução aberta e osteossíntese,


principalmente em doentes jovens.

Fraturas Cominutivas com Desvio - Tratamento cirurgico, com decapitação


da tacícula ou artroplastia da cabeça do rádio (jovens).

Fraturas do Colo do Rádio

As fraturas da tacícula radial são as mais frequentes nas crianças, podem ser
classificadas em grau I a IV, consoante o desvio que ocorre. O cliente apresentas
sinais e sintomas como, dor espontânea e dor à palpação. Durante o exame físico
o cliente apresentará dor intensa à mobilização principalmente em
pronossupinação, edema e hematoma. O diagnóstico é realizado pela
radiografia do cotovelo e antebraço (rádio e cúbtio).

Tratamentos

Fraturas de 1º e 2º grau - Imobilização gessada braquipalmar durante 3


semanas.

Fraturas de 3º e 4º grau - Redução por manipulação ou aberta, fixação com


fios de Kirschner se necessário e imobilização gessada.

Fraturas do Olecrânio

As fraturas do olecrânio são produzidas devido a traumatismos direto numa


queda sobre o cotovelo. O cliente apresentará sinais e sintomas de dor

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espontânea e dor à palpação. Durante o exame físico será possível visualizar
equimoses, hemartrose. O diagnóstico é realizado pela radiografia do cotovelo
de perfil. O tratamento envolve procedimento cirurgico, com osteossíntese
utilizando cerclagem em oito (hauban) ou a osteossíntese com placa.

Fraturas da Diáfise dos Ossos do Antebraço

As fraturas da diáfise dos ossos do antebraço, podem ser causadas por


traumatismo direto sobre os ossos do antebraço ou traumatismo indireto por
queda sobre a mão. Pode haver fratura isolada do rádio ou do cúbito ou
fraturas de ambos os osso, mais frequentemente, no 1/3 médio. O cliente
apresentará tumefação e deformidade com palpação dolorosa. Durante o exame
físico, será possível verificar uma mobilidade anormal e crepitação associada a
limitação dolorosa dos movimentos. O diagnóstico é realizado pela radiografia
do rádio e do cúbito. O tratamento será individualizado para os seguintes tipos de
lesões:

Fraturas com Desvio - Tratamento com procedimento cirurgico através de


osteossíntese com placas e parafusos.

Fraturas sem Desvio/Crianças - Tratamento conservador (imobilizações).

Fraturas com Desvios/Crianças - Tratamento cirurgico com encavilhamento


medular com fios de titâneo.

Epicondilite

A epicondilite é caracterizada pelo processo inflamatório do epicôndilo e,


manifesta-se por dor no local de inserção do músculo extensor radial curto do
carpo ao nível do epicôndilo externo do úmero. Ocorre habitualmente por volta
dos 35 e os 50 anos de idade, é designada como “Cotovelo de Tenista”. O cliente
apresentará dor na face externa do cotovelo e antebraço, com início gradual,
durante atividades que implicam a extensão do punho. Durante o exame físico a
dor pode ser severa e ocorrer mesmo em repouso e palpação suave despertar dor

Cuidados à Pessoa com Transtornos Traumatológicos III 13


também é despertada pelo extensão do punho contralateral. O diagnóstico é
realizado através da radiografia do úmero e ecografia dos tecidos moles. O
tratamento consiste em:

Modificar e eliminar atividade causadora de sintomas.

AINE nas exarcebações agudas.

Uso de cotoveleira.

Infiltração local com corticóides (ex: metilprednisolona + lidocaína)


quando dor persistente.

Tratamento cirurgico nas situações graves, resistentes à terapêutica


conservadora.

Punho e Mão

Fratura da Extremidade Distal do Rádio (Colles)

As fraturas da extremidade distal do rádio, são mais frequentes nos idosos e


geralmente produzidas por traumatismos indireto (queda sobre a mão). O
cliente apresentará dor imediata e impotência funcional. Durante o exame físico
apresentará dor à palpação e mobilização com deformidade e edema. O
diagnóstico é realizado pela radiografia do antebraço (Rádio). O tratamento é
individualizado dependendo do tipo de fratura como:

Fratura sem Desvio: Imobilização gessada antebraquiopalmar em posição


neutra, durante 4-6 semanas.

Fratura com Desvio: Redução após infiltração do foco de fratura ou sob


anestesia geral (tração, flexão palmar e desvio cubital). Imobilização
gessada.

Fraturas Instáveis Cominutivas: Tratamento cirurgico com redução aberta


e osteossíntese com placa, fixação com fios de Kirschner ou osteotaxis
com fixador externo.

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Luxação do Semilunar

A luxação do semilunar ocorre devido a traumatismo por hipertextensão


forçada do punho, o ligamento posterior do semilunar rompe-se e o osso
desloca-se para diante. O cliente apresentará dor e edema. Durante o exame
físico a mão estará em extensão. O diagnóstico é realizado pela radiografia de
perfil do punho. O tratamento consiste em redução (fechada ou aberta) da
luxação e imobilização gessada.

Fratura do Escafóide Cárpico

A fratura do escafóide cárpico é produzida por queda sobre a mão. Há risco de


necrose do fragmento proximal, por falta de vascularização. O cliente
apresentará dor e edema. Durante o exame físico, apresentará dor à palpação na
tabaqueira anatómica principalmente se movimentos de tração e retropulsão.
O diagnóstico consiste em radiografia de perfil do punho. Se há clínica e o
exame radiográfico forem negativos, deve-se imobilizar o punho 2-4 semanas e
repetir à posteriori o raio-x. O tratamento consiste em:

Fraturas sem desvio e <2mm - Imobilização gessada em punho de escafoide


(abrangendo o 1º dedo até à articulação interfalângicas em posição de
oponência).

Fraturas com desvio - A redução cirurgica e a osteossíntese com parafuso de


compressão fragmentária. Pode apresentar complicações como necrose
asséptica do fragmento proximal, pseudoartrose e artrose radiocárpica.

Luxações Carpometacárpicas
As luxações carpometacárpicas são produzidas por traumatismos de alta
energia sobre a mão e o punho, podem haver fraturas associadas. O cliente
apresentará dor. Durante o exame físico será possível visualizar equimoses,
edema e deformidade. O diagnóstico é realizado pela radiografia da mão. O
tratamento consiste em redução de urgências, fixação com fios de Kirshner
e imobilização gessada.

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Fraturas do Metacarpo

As fraturas do metacarpo dependendo da localização são classificadas em,


fraturas de base, diáfise e do colo. As fraturas da base do 1º metacarpo são
fraturas que resultam de traumatismo sobre a mão com polegar em
extensão. São classificadas em três tipos:

Fraturas Extra-articulares.

Fraturas articulares de Bennet (traço da fratura que atinge a superfície


articular).

Fraturas articulares de Rolando (cominutivas).

O cliente apresentará dor à palpação e mobilização do polegar. Durante o exame


físico, apresentará edema na região da tabaqueira anatómica com o polegar em
adução e ligeira flexão. O diagnóstico consiste em radiografia da mão (metacarpos).
O tratamento consiste em:

Fraturas extra-articulares sem desvio - Tratamento conservador com


imobilização gessada ou com talas de zimmer.

Fraturas extra-articulares com desvio/fraturas intra-articulares - Cirurgica


com redução e fixação com fios de Kirschner ou placa e parafusos e
imobilização.

Fraturas e Luxações dos Membros


Inferiores

Fratura-Luxações da Anca

Luxação Posterior Da Anca

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Embora sejam pouco frequentes, estão nítidos crescente devido à complexidade e
elevado grau de energia cinética associada aos acidentes de viação. Podem
causar lesões graves à nível da circulação nutritiva da cabeça do fémur, levando
em alguns casos a uma necrose avascular da cabeça do fémur e posteriormente
um desgaste da articulação coxofemoral. Tem dois tipos as posteriores (+
frequentes) e as anteriores. Resultam de um traumatismo no joelho sobre o
tablier do carro. De acordo com a posição da cabeça do fémur relativamente ao
acetábulo pode ser dividido em:

Luxações Posteriores Ilíacas ou Postero-superiores.

Luxações Anteriores Isquiáticas ou Postero-inferiores.

Os clientes apresentará dor, impotência funcional. Durante o exame físico


apresentará adução e rotação interna (posição de virgem envergonhada).
Consoante o tipo de luxação pode-se palpar a cabeça do fémur (na LPA - luxação
postero-superior a cabeça femural vai ficar na fossa ilíaca externa, LPA -
postero-inferior na região isquiática). O diagnóstico consiste em radiografia da
bacia e anca. O tratamento consiste em redução ortopédica não cirurgica e
imobilização.

Luxação Anterior da Anca

As luxações anterior da anca, são menos frequentes, ocorrem após um traumatismo


violento que associa um movimento de abdução forçada a um movimento de
rotação externa da anca. Os tipos de luxação anterior da anca são:

Luxações anteriores inferiores ou obturadoras.

Luxações anteriores superiores ou púbicas.

O cliente apresentará dor, impotência funcional. Durante o exame físico o


membro inferior encontra-se em abdução e rotação externa. Consoante o tipo
de luxação pode-se palpar a cabeça do fémur (na LAI - o membro está em flexão
e palpa-se a cabeça femural na loca dos adutores, LAS - a anca está em
extensão, palpando-se a cabeça à nível da arcada crural). O diagnóstico

Cuidados à Pessoa com Transtornos Traumatológicos III 17


consiste em radiografia da bacia e da anca. O tratamento é semelhante a da
luxação posterior da anca.

Fratura da Extremidade Superior do Fémur

Fratura da Cabeça do Fémur


As fraturas da extremidade superior do fémur, ocorrem em três regiões distintas sob
o ponto de vista anatómico: cabeça do fémur, colo, pertrocantéricas e
subtrocantéricas. Tem elevada incidência nos idosos, na sétima década de vida,
(fraturas trocantéricas) e na oitava década de vida (as fraturas do colo), sendo mais
frequente no sexo feminino. Estão associadas a luxações da anca com ou sem
fratura da parede posterior do acetábulo. Consoante o tamanho do fragmento da
cabeça podem-se considerar dois tipos de fratura: fraturas com fragmento pequeno
e grande. O cliente apresentará dor e impotência funcional. Durante o exame físico,
apresentará o encurtamento, adução e rotação interna (posição de “virgem
envergonhada”). O diagnóstico é através da radiografia da bacia e da cabeça do
fémur. É proibida qualquer redução e manipulação pelo risco de desenvolver uma
fratura subcapital, numa cabeça já fragilizada. O tratamento é dirigido em função do
tamanho do fragmento:

Fragmento inferior a 1/3 da cabeça, procede-se à excisão do fragmento.

Fragmento inferior a metade da cabeça, procede-se a osteossíntese.

Fratura do Colo do Fémur

As fraturas do colo do fémur, são fraturas intra-capsulares sendo risco muito


elevado para necrose avascular por lesão vascular. O traço da fratura
desenvolver-se abaixo da cabeça do fémur, alta incidência na população idosa
do sexo feminino. Podem ser subdivididas em:

Fraturas subcapitais (abdução/adução): Abaixo da cabeça do fémur.

Fraturas Transcervicais: Entre a cabeça do fémur e o Colo.

Fraturas basicervicais: No final do colo do fémur.

Cuidados à Pessoa com Transtornos Traumatológicos III 18


O cliente apresentará dor grande trocantérica ou virilha, impotência funcional,
tentativa de mobilização dolorosa. Durante o exame físico, apresenta
encurtamento do membro de cerca de 3cm, rotação externa de 90º. O
diagnóstico consiste em radiografia da bacia e da anca (fémur). O tratamento
consiste em imobilização com tração percutânea de 3Kg e artroplastia da anca.

Fratus Peritrocantéricas e Subtrocantéricas

As fraturas peritrocantéricas e subtrocantéricas são fraturas extracapsulares


que consolidam bem e que não tem propensão para complicarem (necrose
avascular ou pseudoatrose). Podem desenvolver complicações como,
desequilíbrio eletrolítico, UPP, infeção urinária, TVP, letargia e confusão
mental. O cliente apresentará os mesmos sintomas associados a fratura do colo do
fémur. Diagnóstico semelhante as restantes fraturas conhecidas. Tratamento
idêntico.

Fraturas da Diáfise do Fémur

As fraturas da diáfise do fémur ocorrem em qualquer idade, são ocasionadas


por mecanismos de alta energia (acidentes de viação). O desvio dos topos
ósseos é geralmente acentuado e com tendência ao cavalgamento em virtude
da ação dos potentes grupos musculares da coxa. Os sinais e sintomas são
semelhantes as fraturas anteriores. Diagnóstico semelhante. O tratamento varia
consoante a idade da pessoa, onde dos 4 aos 5 anos - o tratamento é
conservador, tração do membro, gesso pelvicruropodálico e dos 6 aos 12
anos - indicação cirurgica (encavilhamento centro medular elástico).

Fraturas do Joelho

As fraturas do joelho envolvem-se três tipos de fraturas: fraturas da


extremidade inferior do fémur, fraturas da rótula e fraturas proximais da tíbia.
Ainda podemos dividir este grupo em fraturas supracondilianas e fraturas supra

Cuidados à Pessoa com Transtornos Traumatológicos III 19


e intercondilianas e fraturas unicondilianas. São geralmente causadas por
consequência de traumatismos de alta energia que, além da fratura, provocam
lesões mais ou menos extensas a nível dos tecidos tecidos moles. Sintomas:
Dor: Exame físico: Impotência funcional, edema, deformidade e crepitação.
Diagnóstico: radiografia do Joelho. Muitas vezes esta fratura é acompanhada de
um volumoso edema do joelho, pela existência de sangue dentro da articulação
(hemartrose). Tratamento: Cirurgia.

Fratura da Rótula

A rótula desempenha um papel importante na função do joelho: aumenta a


força do quadricípite e protege a face anterior da articulação do joelho. As
fraturas da rótula podem ter origem num mecanismo indireto (contração
violenta do quadricípite) ou num mecanismo (queda sobre o joelho). Sintomas:
Dor. Exame Físico: edema, impotência funcional, depressão local, hemartrose.
Diagnóstico: radiografia do joelho de perfil. O tratamento pode ser tratadas
segundo dois métodos: conservador (imobilização do joelho com cilindro
gessado durante 6 a 8 semanas) e o tratamento cirurgico (a realizar sempre
que não haja concordância com a distância preconizada para se efetuar o
tratamento conservador).

Fraturas Proximais da Tíbia

Neste grupo podemos ter as seguintes fraturas: fraturas de traço simples, fraturas
com afundamento articular, fraturas mistas e fraturas berositárias.
Sintomatologia: Dor. Exame físico: deformidade, impotência funcional,
hematrose. Diagnóstico: radiografia da perna. Tratamento: Cirurgia. As fraturas
da diáfise da tíbia é a zona mais frequente de lesão das fraturas expostas em
virtude da sua localização superficial, sem cobertura de tecidos moles,
especialmente na sua face antero-interna. As fraturas da diáfise da tíbia podem
ser provocadas por forças de rotação ocasionam fraturas espiroideias.
Sintomatologia: Dor. Exame físico: edema, impotência funcional, lesões
cutâneas, deformidade do membro.. Diagnóstico: radiografia da tíbia. Em
relação ao tratamento são três os tratamentos mais usado, redução e

Cuidados à Pessoa com Transtornos Traumatológicos III 20


imobilização gessada, redução cirurgica aberta e osteossíntese, e
encavilhamento medular.

Fratura do Calcâneo
As fraturas do calcâneo são na maioria dos casos fraturas causadas por
um mecanismo compressivo (queda de uma grande altura sobre os pés).
Sintomatologia: Dor e impotência funcional. Exame físico: edema e
equimose. Diagnóstico: radiografia dos ossos metatarsos.

Fratura da Base do 5º Metatarso

As fraturas da base do 5º metatarso, são fraturas causadas por um


arrancamento ósseo de inserção distal do tendão curto peronial sobre a base
do 5º metatarso, representando cerca de metade de todas as fraturas dos
metatársiscos. Sintomatologia: Dor e impotência funcional. Exame físico:
edema e equimose. Diagnóstico: radiografia dos ossos metatarsos.
Tratamento conforme o nível a que se verifique a fratura, pode ser conservador
(bota gessada) ou cirúrgico.

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