O Livro de Ester

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O LIVRO DE ESTER

INTRODUÇÃO

1. O livro de Ester em relação ao de Rute.

Estes dois livros são os únicos, em toda a Bíblia, que levam nomes de mulheres. Ester
apresenta uma narrativa encantadora acerca de uma judia órfã que, por causa de sua beleza e
personalidade, é escolhida para se casar com um poderoso e rico rei da Pérsia. De certo modo
sua história se assemelha à de Rute, que também se encontra com um honmem rico e se casa
com ele. Entretanto, há muitas diferenças entre esses duas narrativas bíblicas, as quais não se
restringem às protagonistas mencionadas.

2. Contrastes entre Rute e Ester.

Para começar, o livro de Rute tem referências a Deus; o de Ester se caracteriza pela ausência
do nome de Deus, embora Ele aja nos bastidores. Há diferenças significativas entre os
personagens Rute/Noemi/Boaz e Ester/Mardoqueu/Xerxes. As protagonistas Rute e Ester são
exemplares, mas o que mais se destaca em ambos os livros é a fidelidade do Senhor (Sl: 119.-9;
19.89-91). No caso de Ester em particular, vemos que " uma força anônima estava
orquestrando os acontecimentos nos bastidores ". As " coincidências " são perfeitas demais
para serem atribuídas à mera sorte. [...] Deus está, de fato, no controle da história ".

A). Rute.

Ela é uma moabita que se casa com um israelita temente a Deus na terra de Israel. Seu
casamento traz imediata segurança e felicidade para ela e sua sogra. Em longo prazo, sua
linhagem chega a Davi, que livra Israel da terrível situação dos juízes, o que é também o
ascendente do Leão da tribo de Judá a raiz de Davi ( Ap. 5: 5 ).

B). Ester.

Ela é uma israelita que se casa com um rei pagão na Pérsia. Seu casamento tem significado
grave e imediato que vai muito além de sua família, pois por meio de sua influência todo o
povo judeu é libertado do extermínio. Ester age de modo similar ao de Rute, mas seus riscos
são muito maiores, pelo menos em curto prazo. Para Ester, o destino imediato de todo o povo
judeu está em jogo.

1. A categorização de Ester:

A). Na Biblia Hebraica. Ester pertence aos escritos (assim como Rute), terceira seção da
tanakh, a Biblia Hebraica. As suas três divisões escrituras judaicas são: Ensinos (hb. Torah,
pentateuco), Profetas (hb. Neviim) e Escritos (kethubim). Esta terceira seção é formada por
onze livros: Jó, Salmos, Provérbios, ( poéticos); Cantares, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester,
( rolos lidos nas festa ); Daniel, Esdras - Neemias e 1 - 2 Crônicas ( Históricos ).
B). Na Bíblia Cristã. Se na Tanakh há três

seções (com 24 livros; alguns são agrupamentos, como os Profetas Menores), no antigo
Testamento (primeira parte da Bíblia há quatro seções (mesmo conteúdo da Bíblia Hebraica,
mas com 39 livros). As quatro são as seguintes: Pentateuco (Torah), históricos (Josué a Ester),
Poéticos (Jó a Cantares) e Proféticos (Isaías a Malaquias). Como se vê, Ester faz parte da
segunda seção e logo depois de Esdras e Neemias.

2. Características literárias:

A). Ester é um livro histórico.

Com dez capítulo, esse livro se caracteriza por sua historicidade objetiva e menção de detalhes
factuais. Ele é a fonte primária para a Festa de Purim. Seu estilo é muito mais narrativos que
dialógico, ao contrário de Rute.

B). Resumo do livro.

Ainda que o nome do Senhor não apareça ao longo de todo esse livro histórico, Ele,
evidentemente, intervém, atuando nos bastidores e controlando a história. Por causa de uma
estranha atitude da rainha Vasti que se recusou a prestigiar o rei persa Assuero (Xerxes) em
um banquete, este a depôs escolhendo para substituí-la a bela jovem Ester, que ocultava sua
verdadeira nacionalidade (Et 1-2). Cinco anos após o casamento de Ester com Assuero, quando
o maligno Hamã tentou matar Mardoqueu e destruir o povo de Israel, Ester intercedeu junto ao
rei, e o Senhor deu um grande livramento ao seu povo e o exaltou ( caps.3-10 ).

3. Autoria e data:

A). Autoria. Desde os tempos antigos, ( Mordecai Mardoqueu) tem sido considerado um
candidato a autor, mas o últimno capítulo parece ter sido escrito por um redator judeu como
Esdras. Neemias também tem sido sugerido como autor desse livro. " Embora o autor seja
desconhecido, é evidente que ele, ou ela, conhecia bem os costumes e a corte Pérsia e tinha
talento dramático. [...]. O Talmude atribui a autoria de Ester, a " Grande Sinagoga ", cujo, o
provável presidente, " Esdras , poderia ter colaborado no livro ".

B). Data. Os acontecimentos descritos em Ester se encaixam cronologicamente entre os


capítulos 6 e 7 de Esdras. Eles ocorreram "entre a dediicação do Templo em Jerusalém (516
a.C.) e o retorno de Esdras (458 a.C.) [...]. Depois da morte de Ciro, Dario reinou e organizou o
vasto império persa. Seu sucessor foi Assuero ...]. Este reinou desde 486 até 465 a.C" (HOFF, p.
319. ). No terceiro ano de Assuero (483 a.C.), a rainha Vasti foi deposta. No sétimo ano desse
rei ( 479 a.C. ) Ester foi coroada como rainha. No décimo - Terceiro ano de Assuero ( 473 a.C. ),
houve um livramento dos judeus do Purim. Diante de exposto, o livro de Ester deve ter sido
escrito após a morte de Assuero em 465 a.C., quando seu relatórios foram completados no
livros dos Reis ( Et. 10: 2 ).
II. O CONTEXTO HISTÓRICO

I. O povo hebreu no exílio.

Ester e Mardoqueu viveram no período pós-cativeiro. Ou seja, entre livros de Rute e Ester houve
a formação do reino de Israel, sua divisão em

Norte (Israel, capital Samaria) e Reino do

Sul (Judá, capital Jerusalém), bem como sua destruição.

A) O fim da monarquia de Israel.

De 745 a 587a.C.), os assírios e os babilônicos, respectivamente, capturaram grande número de


israelita e os forçaram a deixar lares e viver em terra estrangeira. A Assíria, que foi um grande
poder mundial até 612 a.C., Derrubou o reino do Norte em 722 a.C Em seguida a Babilônia, que
reinou como poder mundial até 539 a.C., ( quando, Ciro o Grande, rei da Pérsia a conquistou ),
destruiu o Reino do Sul de modo definitivo em 586 a.C., embora já o tivesse subjugada desde
605 a.C.

B). O fim não é o fim.

Como Deus é misericordioso, o fim dos reinos de Israel e Judá representou, na verdade, um
recomeço. Deus permite que as nações estrangeiras quistem os reinos de Israel e Judá. Essas
nações estrangeiras deportam o povo, mas a promessa do Deus fiel de preservar seu povo
segue com eles para o exílio. A compaixão de Deus preserva o povo judeu, apesar das
tentativas de inimigos poderosos de destruí-lo.

Esse fato exemplificado no livro de Ester, uma história que Deus, embora não seja mencionado
pelo nome no livro, age para salvar o seu povo. Os versículos finais nos dois livros de Reis além
de 2 Crônicas indicam que esse não foi o fim da história. Um rei davidico permaneceu embora
cativo ( 2Reis 25: 27 - 30 ); e um novo rei persa, Ciro, libertou as pessoas para retornar e
reconstruir suas terras e o templo. ( 2 Crônicas: 36: 22, 23; Ed: 1: 1).

2. O fim do exílio. Este, para os hebreus exilados na Babilônia, ocorreu de modo gradativo, entre
538 e 445 a,C. Para isso, Deus levantou três importantes líderes: Zorobabel, Esdras e Neemias.

A). Sob a liderança de Zorebabel, em 538 a.C. O rei persa Ciro emitiu, neste ano, o decreto que
deu liberdade aos judeus para regressarem a Jerusalém e construir o Templo. Liderado por
Zorobabel (primogênito do rei Joaquim, da linhagem de Davi), um pequeno grupo de judeus
( cerca de cinquenta mil ) correspondeu. A construção do Templo foi posta em 536 a.C., mas a
obra foi interrompida por causa oposição dos samaritanos. Estes impedidos de participar da
obra contrataram advogados e protestaram na corte persa. Cambises embargou a obra em 530
a.C., Ela foi retomada em 520 a C., sob Dario I, achou o decreto de Ciro na biblioteca de
Ecbatana. com o incentivos dos profetas Ageu e Zacarias a obra foi concluída em 516 a.C.
B) Sob a liderança de Esdras, em 458 a.C.

58 anos depois da conclusão da obra e uma geração depois do primeiro regresso, sob as
ordens de Artaxerxes, outro grupo voltou a Jerusalém sob a liderança de Esdras. Este
sacerdote e escriba era filho de Seraias, sumo sacerdote assassinado por Nabucodonosor, em
586 a.C. (Ed 7.1,2: 2 Rs: 25: 18 - 22 ).

C) Sob a liderança de Neemias, em 445 a.C.

Servindo ao rei como copeiro na cidadela de Susã, Neemias recebeu permissão de voltar para
construir os muros de Jerusalém. Vários judeus já tinham alcançado altos postos no governo
persa e exerciam grande influência na corte: Daniel, Ester, Mardoqueu etc. Mas o livro de
Neemnias mostra como Deus usou um lider leigo para montar os blocos do muro de Jerusalém,
a fim de houvesse proteção aos restantes e ao Templo construído bem como defesa contra as
incursões do comercialismo e dacultura pagā, que se opunham à santidade de Deus exigia de
seu povo.

3.O pós-exílio.

O Império Persa dos dias de Assuero e Ester tinha três capitais: Susā, Babilônia e Persépolis. A
primeira, considerada residência real de verão, "estava localizada no Planalto de Elão, a cerca
de 400 quilômetros da Babilônia. Daniel também ali morou na época do reinado de Belsazar"
(ELLISEN, p. 136). A maioria dos judeus estava na Babilônia, sob domínio persa, mas a presente
história bíblica se passa Susã.

a) Quem era Assuero?

Este rei persa promoveu uma expedição gigantesca contra a Grécia em 480 a.C., tentando
realizar o que seu pai Dario não conseguira em 490 a.C, isto é, conquistar e anexar a península
grega ao império persa. ainda que tenha capturado Atenas (saqueando a cidade e destruindo a
Acrópole), sua esquadra foi derrotada perto da ilha de Salamina e voltou à Pérsia. Essa derrota
ocorreu de modo cominante aos fatos narrados em Ester 1 e 2.

B) Quem era Ester?

Orfā de pai e mãe, essa judia exilada foi criada por seu primo Mardoqueu, que exerceu na Pérsia
uma função parecida com a de José, no Egito, e Daniel, na Babilônia. Ester e seu primo foram
usados por Deus para preservação do povo de Israel, frustando mais uma das ações de
Satanás ao longo da História(cf. Ap 12).
III. PROPOSITO E MENSAGEM

I. A providencia divina.

principal propósito e Ester e aprosentar o ouidado providencial de Deus com o seu povo. Não
foi por acaso que os judeus, mesmo rebelando-se contra o Senhor, caíram nas mãos dos
persas, um povo menos hostil com os seus cativos, a ponto de lhes conceder liberdade de culto
e oferecer-Ihes a oportunidade de retomo à sua terra.

A) Um livro inspirativo e encorajador.

Ester tem o propósito de "encorajar os judeus dispersos por todo o império com a história do
contínuo interesse e presença do Senhor, mesmo que ELE não fosse visto, e os judeus
estivessem longe do Templo de Deus em Jerusalém. " apesar de o nome do Senhor não ser
mencionado, sua divina direção se faz presente em todo livro". Vemos a misericórdia de Deus
para com aqueles que decidiram voltar a Jerusalém, mas também para com os que resolveram
permanecer em terra estrangeira.

B). Um Livro Teológico.

Além de ser uma obra - prima literária, a história de Ester e Mardoqueu contém uma profunda
teologia: Deus cumpre as promessas redentoras não só mediante grandes milagres, mas
também por meio da providência divina operando em episódios comuns.

2. Uma falsa estabilidade.

Como vimos no estudo sobre o livro de Rute, Deus abençoa seus servos onde quer que eles
estejam. Mas isso se torna nulo quando, voluntariamente, escolhemos está no lugar errado.
Embora muitos judeus tenham sido abençoados por Deus em terra estrangeira, cumprindo o
seu chamado ali, como nos casos de Daniel, Ezequiel, Ester, Mardoqueu etc., outros ao
escolherem permanecer longe de Jerusalém, mesmo depois do exílio, afastaram - se do Senhor.
Eles escolheram ter uma falsa estabilidade, em detrimento da Casa do Senhor ( Ag. 1: 1 - 9 ). O
melhor lugar para estar é no centro da vontade de Deus. E a sua vontade, naqueles dias pós -
exílio, era de que seu povo voltasse a Jerusalém. Não fosse a misericórdia do Senhor, os judeus
teriam sido exterminados em Susã ( Et. 3: 7-13 ).
3. A Festa do Purim.

Há também o propósito religioso de Ester, já que apresenta uma explicação autêntica da


origem do Purim, uma festa especialmente cara aos judeus da dispersão, na qual o livro de
Ester é lido. Além das festas ordenadas da Lei, há mais duas acrescentadas ao calendário
sagrado judaico, ambas celebrando a libertação dada por Deus a seu povo: Purim e Chanukah. "
Uma onda de perseguição antisemita abateu - se sobre os judeus que viviam na Pérsia durante
o reinodo de Xerxes ( 486 - 465 a.C. ). O Senhor libertou o seu povo por intermédio de Ester, e
os judeus celebraram essa libertação com a Festa de Purim. Os seus inimigos determinam
quando atacar lançando "sorte". Era celebrar no décimo - quarto e décimo - quinto dias do
décimo - segundo mês ( fevereiro ou março ) com "dias de banquetes e de alegrias e de
mandarem presentes uns aos outros dádivas aos pobres" ( Et: 9: 22 ).

CONCLUSÃO

O Livro de Ester nos lembra de que vivemos neste mundo, mas não devemos confiar em suas
estruturas. Todos os reinos deste mundo passarão (Dn 2.37- 45). Por isso, a Palavra de Deus
diz que “a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos 0 Salvador, 0 Senhor Jesus
Cristo” (Fp 3.20).

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