A Espiritualidade Na Condição Pos Moderna

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A espiritualidade

na condição pós-moderna
O desafio a um novo olhar

Nelson de Souza Motta Marriel

Resumo

O texto tenta compreender as atuais demandas so-


fridas pelo metodismo, suscitadas pela condição
pós-moderna, razão e sentido do fortalecimento
dos movimentos de avivamento espiritual.

Palavras-chave

Pós-modernidade – espiritualidade – metodismo –


avivamento.

Professor de teologia e
fisioterapia da Metodista do
Rio de Janeiro. Mestre e
Doutor em teologia pela
Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro.

69 Thelma F.G. do NASCIMENTO. Qual é o ser humano e qual é o Cristo...


Spirituality
in post-modern condition
The challenge of a new look

Nelson de Souza Motta Marriel

Abstract

The text seeks to understand current demands suf-


fered by Methodism, raised by the post-modern
condition, reason and the meaning of the strength-
ening of spiritual revival movements.

Key-words

Post-modern – spirituality – Methodism – revival.

Professor of theology and


physiotherapy in Rio de Ja-
neiro. Masters and doctorate
in theology by Pontifical
Catholic University of Rio de
Janeiro.

70 Thelma F.G. do NASCIMENTO. Qual é o ser humano e qual é o Cristo...


La espiritualidad
en la condición pos-moderna
El desafío para una nueva mirada

Nelson de Souza Motta Marriel

Resumen

El texto busca comprender las actuales demandas


sufridas por el metodismo, suscitadas por la condi-
ción pos-moderna, razón y sentido del fortalecimien-
to de los movimientos de avivamiento espiritual.

Palabras clave

Pos-modernidad – espiritualidad – metodismo –


avivamiento.

Profesor de teología y
fisioterapia de la Metodista de
Río de Janeiro. Master y
Doctor en teología por la
Pontificia Universidad Católica
de Río de Janeiro.

71 Thelma F.G. do NASCIMENTO. Qual é o ser humano e qual é o Cristo...


O mundo ocidental vive hoje um dade em discernir as tendências do momen-
momento que toma a forma de crise to sem que o “ranço” da razão institucional
de modelos, valores, e que só é com- esteja presente e interfira, em alguns mo-
preensível dentro da trajetória maior mentos, e defina, em outros.2
do seu processo histórico. Esse proces- O mundo cristão passa por uma fase de
so provocou um impacto sobre os gestação cujo futuro é difícil de prever. Mas
indivíduos, sobretudo nas gerações supõe-se que seja bom e importante para a
que conheceram certa estabilidade e vida das Igrejas cristãs, já que ocorreram
atualmente têm que se defrontar com mudanças substantivas na sociedade e nos
a insegurança proveniente do questio- inúmeros sujeitos, coletivos e individuais
namento de todas as suas certezas e que realçam a temática da diferença. E o
apoios mais fundamentais. Tais fatores cristianismo, como movimento vivo que se
parecem fazer a história do mundo nutre pela ação do Espírito Santo, saberá
ocidental reverter-se e/ou mesmo olhar para esse horizonte e construir um
girar sobre as bases que a sustenta- rosto novo e uma nova Igreja a partir dessa
1
vam e lhe davam identidade. nova espiritualidade.
Esta crise faz com que diversos No Brasil, alguns movimentos de aviva-
movimentos surjam no interior do mento espiritual vêm crescendo de forma
cristianismo (ou fora dele), e eles significativa no interior de diversas Igrejas
devem ser percebidos como um grito tradicionais, na tentativa de superação de
de alerta a essa situação de conflito discursos e de liturgias carentes de simbo-
em que se encontram os cristãos fren- logia e expressão do cotidiano. Esse fato se
te aos desafios atuais. Nesse sentido, deve, também, a uma busca de formas de
justifica-se recordar que os diversos combate à desesperança, frente aos diver-
momentos de vida do cristianismo, em sos conflitos e adversidades de que o povo é
meio à diversidade de tradições de vítima. A evangelização por parte desses
cada um – inclusive em meio à própria movimentos evidencia a necessária urgência
herança bíblica que caracterizava um em evangelizar a Igreja na expectativa de
modo especial de expressar a fé – os superação da visão hierárquica e clerical, de
cristãos fizeram escolhas e opções no uma tendência em racionalizar o conteúdo
seio de suas comunidades de fé. É a de fé e a espiritualidade popular.3
partir dessas escolhas que a espiritua- A espiritualidade cristã, hoje, se dá na
lidade surge, despontando como uma busca do “verdadeiro cristianismo”, como se
palavra que aponta um método de fosse possível determinar, quantificar, o
sistematizar uma teologia ligada à certo e o errado, o verdadeiro e o falso,
prática e à cultura da Igreja. Essa é a ignorando o movimento de alteração, de
razão pela qual há uma grande dificul- transformação da sociedade e seus segmen-

1 2
BINGEMER, Maria Clara L. Alteridade e vulnerabi- Ibid, p. 18.
lidade, experiência de Deus e pluralismo religio-
so no moderno em crise. São Paulo: Loyola,
1993, p. 13.

72 Thelma F.G. do NASCIMENTO. Qual é o ser humano e qual é o Cristo...


tos. Essa busca permite compreender próprio homem, de tal sorte que essa histó-
que o verdadeiro cristianismo é este ria singular da revelação e salvação, portada
real e concreto que existe com todas pela liberdade de Deus e do homem ao
as suas ambigüidades e contradições. mesmo tempo, forma uma unidade.5
Cristianismo que acontece no encontro Há uma “nova” espiritualidade explicita-
entre fé / Evangelho / culturas autóc- da a partir desse conteúdo de fé que foi
tones e que tem provocado o surgi- revelado, possibilitando a afirmação de que
mento de uma espiritualidade mais há tantos "Cristos" quanto indivíduos cris-
sensível às dimensões místicas de tãos; porém, nenhum desses "Cristos" esgo-
cada região e/ou território deste país. ta a totalidade do Cristo da Escritura Sagra-
Portanto, a espiritualidade deve ba- da. Mas todos, de certa maneira, são fiéis
lizar-se a partir de questões herme- ao Cristo dos Evangelhos, dado que cada
nêuticas como: "Quem é Cristo para a um contém alguma coisa do Cristo encarna-
Igreja hoje?" "Quem é Cristo para o do. Por isso a pergunta "quem é Cristo
homem e a mulher comuns hoje?" hoje?" faz-se prévia a qualquer inquérito
"Que representa Cristo hoje para a sobre a evangelização realizada pela Igreja,
sociedade?" "Que visão de Cristo têm tornando-se, assim, a chave hermenêutica
os diferentes grupos sociais, como para uma espiritualidade cristã.6
universitários, operários, desemprega- Isso é de vital importância no processo
dos, classe média, proletariado, sem- de evangelização que se pretende realizar,
terra, sem-teto, as minorias e outros?" pois é no exercício de uma espiritualidade a
Para cada um desses grupos, a espiri- partir da expressão de vida dos diversos
tualidade dá-se de uma forma singela homens, mulheres, jovens, crianças e ido-
e íntegra com matizes distintos. sos que a mensagem do Evangelho se torna
4

O cristianismo não é ensinamento elemento de ligação entre Cristo e Hoje e o


sobre condições, fatos, realidades que Hoje e Cristo, como veículos de anima-
sempre se apresentaram iguais, mas é ção/encarnação da palavra e da ação cristãs
a proclamação de uma história da (I João 4,20). Jesus veio em carne e osso;
salvação, de um agir salvífico e revela- era um ser humano, habitando entre seres
dor de Deus para o homem e com o humanos, que mostrou uma radical insatis-
homem. E ao mesmo tempo (porque fação a respeito de todas as flagrantes
esse agir de Deus se dirige ao homem desigualdades sociais que existiam no seu
como sujeito livre) é também a pro- tempo. Essa insatisfação era própria Dele,
clamação de uma história da salvação divino e humano, em Sua busca de reconci-
e não-salvação, da revelação e sua
interpretação, que é feita também pelo

4
3 VASQUES FILHO, P. Religião, Ídolo e Reino de Deus.
LIBÂNIO, J.B. As Grandes Rupturas Sócio- Religiosidade Popular, São Paulo: Paulinas, 1984, p.
Culturais e Eclesiais. RCB, Petrópolis: n.189, 89-93.
Vozes, 1988, p. 166-7 e 176-9. 5
RAHNER, Karl. Op. cit., p. 171.
6
CASTRO, N.W. Uma Nova Evangelização. Caminhando.
São Paulo: Imprensa Metodista, n. 1, 1988, p. 15.

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liar e salvar o mundo (João.3,16-17; bem firme a fé com a vida, a oração com a
7
12,45-47 e Atos 7,34). luta, as derrotas com a esperança, os erros
Jesus de Nazaré, a partir de Sua com o perdão, o sofrimento com a miseri-
vida, Seus gestos, Sua morte e ressur- córdia, tudo tendo como paradigma o Verbo
reição, é chamado o Sacramento por encarnado, Jesus. Uma nova espiritualidade
excelência; porque Nele as histórias da que rompa com o olhar prosélito.
salvação e da humanidade encontram No olhar prosélito, os que não estão na
8
seu clímax. No encarnar o Plano Sal- comunidade são vistos como alvos de coop-
vador de Deus, Ele irrompe na história tação (porque poderão aumentar o número
da humanidade religando a criatura de membros da Igreja, a sua arrecadação
com seu Criador, apontando o destino e/ou as posses do líder religioso), ou como
de todos os homens e mulheres. Sua objeto de "pecado" e "perdição". Este olhar
corporificação — Deus tornando-se não! Um novo olhar sim! O olhar que a
homem — acontece em Jesus, reve- todos veja como meta e propósito da graça
lando Seu amor, serviço, misericórdia de Deus, em compromisso por anunciar a
e identidade com toda "carne" queixo- boa nova de Jesus.
sa e desejosa da graça de Deus. As Essa nova espiritualidade tem sido reve-
ações e as palavras de Jesus concreti- lada e construída nos encontros de diversas
zam na história deste mundo, no espa- comunidades, entre os que se dispõem a
ço e no tempo, o mistério de Deus encontrar Cristo a partir do encontro com o
.9
(Efésios 3,3; Colossenses 4,3) próximo. Nesse momento a evangelização
O processo de construção de uma acontece, pois trata do sair de si próprio
nova espiritualidade só será possível, para se encontrar com o outro, respeitando-
hoje, a partir da conjuntura. Isto é, do o como outro, a fim de ajudá-lo a se encon-
encontro que se faz do embate com trar com Jesus Cristo salvador e libertador.
Deus, que se dá no encontro com o Esse dinamismo, inspirado na atitude básica
próximo – com o outro –, encontro vivenciada por Jesus Cristo, pressupõe certo
10

no qual todas as pessoas se permitem grau de disponibilidade em crescer na dire-


aproximar-se umas das outras, a partir ção daquele que é o cabeça da Igreja, Cris-
de um projeto de alteridade . Unindo to, sem o qual é impossível sair de si pró-
11

prio para o encontro com o outro. O outro


que revela a "face oculta" de Deus.12
7
RÚBIO, A.G., 1993, op. cit., p. 10. Essa espiritualidade passa a ter por
8
BOFF, L. Os Sacramentos da Vida e a Vida dos perspectiva a vida, anúncio da realidade
Sacramentos. Petrópolis: Vozes, 1982, p. 45.
9 solidária do amor eterno, incondicional e
CAMPOS, M.C.S. O Reino de Deus. Sentido Único
da Vida de Jesus Cristo. Rio de Janeiro: PUC, gratuito de Deus, revelado e feito carne em
1984, p. 50, mimeo.
10“
Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar ao seu
Jesus de Nazaré. E tem por propósito maior
irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a
seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a
quem não vê” (I João 4,21). Texto retirado da
Bíblia traduzida em português por João Ferreira
de Almeida, edição revista e atualizada no Bra- jeitos de cada qual, do indivíduo como pessoa e ser
sil, Sociedade Bíblica do Brasil, Brasília: 1969. único.
11 12
Que permite o nascimento das diferenças e PAOLI, A. Espiritualidade Atual. São Paulo: Paulinas,
nelas, os estilos, os modos de ser e estar, os 1987, p. 57.

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fazer com que o ser humano perceba a Coríntios 9,16; Filipenses 1,12-14; Atos 7,
grandeza de Deus, de seu amor e 55-58).14

perdão, como também fazer com que A Igreja é uma comunidade de autenti-
possa distinguir a presença de Deus no cidade e integridade, em que homens e
cotidiano de suas vidas. O que pode mulheres são aceitos e justificados tais
resultar em: salvação, conversão, como são, a fim de que ela, Igreja, seja
transformação, incorporação- autenticamente ela mesma; embora seja
seguimento de Cristo individual e cole- uma comunidade ordenada, onde todos os
.13
tivamente fiéis estão submetidos à disciplina e à dire-
Portanto, a Igreja metodista como ção do Espírito Santo. A espiritualidade
comunidade evangelizadora tem que vivida pela Igreja, indivíduo ou grupo, tem
ser testemunha viva da graça de Deus sua raiz na eleição do povo de Deus e na
a partir da espiritualidade de seus fiéis. obra redentora de Jesus Cristo, mediante a
Pois a evangelização é missão da Igre- qual Deus está "reconciliando o mundo
ja toda, e não unicamente de algumas consigo mesmo" (II Coríntios 5,19).15
pessoas especializadas ou especial- É importante, portanto, que a Igreja Me-
mente chamadas. todista, fiéis e pastores, entendam que o
objeto do Evangelho é o ser humano e suas
A experiência da graça, através do
Espírito Santo, torna-se a força vital estruturas. É o anúncio pessoa a pessoa até
de propagação do crescimento me- alcançar toda a sociedade, campo da ação
todista. A experiência de testemu-
nho interno do Espírito (Romanos
definitiva de Deus, ação que não se refere
8,12-17) vitaliza todo ser, na rela- apenas a indivíduos, mas a todas as estru-
ção com Deus, com o próximo e turas deste mundo, cujo fim foi determinado
consigo mesmo. É um incontável
poder de comunicação que tirou a por Jesus Cristo: a advertência de uma nova
Igreja das quatro paredes dos tem- ordem, o Reino de Deus. A espiritualidade
plos, levando-a às pequenas comu- tem por missão criar um espírito de endere-
nidades (às classes), boca das mi-
nas, praças públicas e todos os lu- çamento com que, pela Igreja, todos são
gares, onde as pessoas, de qual- convidados a ir à esfera de tudo que não é
quer idade e condição social, esti-
Igreja para dar testemunho de Jesus Cristo,
vessem em condições de aceitar,
pela fé, a Jesus Cristo e transformar objetivando uma evangelização que vá ao
essa fé em obras de misericórdia. encontro do ser humano, onde ele estiver, e
No poder de Espírito Santo, através
fale de sua condição. Porque assim é o
do testemunho e do serviço presta-
dos pela Igreja ao mundo em nome Evangelho: Deus feito carne, vindo em
de Deus, da maneira mais abran- forma humana (Jesus de Nazaré) para habi-
gente e persuasiva possíveis, os
tar entre Seu povo. A Igreja não deve tirar
metodistas procuraram anunciar a
Cristo como Senhor e Salvador. (I o ser humano do lugar onde está, mas
evangelizá-lo em seu meio. Tirá-lo de seu

14
Plano para a vida e a missão. São Paulo: Imprensa
Metodista, 1993, p. 64, letra e.
13
RÚBIO, A.G., 1993, op. cit., p. 132.

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meio para levá-lo para a Igreja é ne- espiritualidade de uma comunidade de fé
16
gar a encarnação de Deus. que reúne quatro aspectos: um espaço para
Essa evangelização não conhece cantar, orar, celebrar; um lugar fraterno;
limites, tempo e espaço, pois pressu- um testemunho solidário; e a mensagem da
põe um tempo — o tempo da "paciên- Palavra de Deus.19
cia histórica" de Deus. Durante esse
Viver no tempo do Espírito Santo significa
tempo, Deus dá a oportunidade de plenificar-se do Espírito Santo. A plenitude
evangelização e de arrependimento, do Espírito Santo está ligada à abertura e
sensibilidade, à libertação de uma grande
sendo também a ocasião para que a
multidão da pobreza e humilhação de não
Igreja manifeste sua solidariedade com participar do processo de decisão, para a
os não-crentes, até o "final dos tem- descoberta de novos modos de viver em
liberdade, justiça e paz, para que alcance
pos". Essa dimensão escatológica dá
maior participação nos recursos da vida, e
um sentido de urgência à proclamação para que a relação de dominação e de-
e à evidência do Reino de Deus.17 pendência de que é vítima possa ser
transformada na cooperação entre irmãos
Portanto, é imperativo que a Igre- e irmãs. Portanto, a libertação tem uma
ja, indivíduo e grupo, preste conta de dimensão política.20
sua experiência religiosa, entendendo-
A Igreja é uma comunhão de esperança,
a como presença vivida e encontro de
pois a ressurreição de Jesus inaugura uma
comunhão com Deus, evidenciando
"nova humanidade". As esperanças da hu-
que a espiritualidade não é apenas
manidade não são contraditórias com a
"árida abstração, mas constitui tecido
esperança de Deus, pois elas foram encar-
conjuntivo de vida"18 e percebendo-se,
nadas e vivenciadas no homem-Jesus, o
então, como uma comunidade de
Deus-encarnado. Jesus de Nazaré, o Messi-
oração, de serviço e encontro de pes-
as, encarna todas as esperanças da huma-
soas consigo mesmas e com as outras.
nidade; ele é a nossa esperança, pois, obe-
Logo, viver a fé em uma comuni-
diente à vontade do Pai, identificou-se com
dade metodista e a partir desta comu-
todos aqueles que eram rejeitados pela
nidade é desenvolver uma espirituali-
sociedade. A pregação da vinda do Reino de
dade, é ser Igreja, é chegar mais perto
Deus irrompe o anúncio/presença do Deus
do desejo realizado do amor pleno, da
inclusivo, destruindo as forças da morte e
felicidade. O texto bíblico evoca "Eis
do mal.21
que trago boas notícias de felicidade"
Isto significa viver na esperança de que
(Lucas 2,10). Essa é a dimensão da
a vida das pessoas já pode apresentar sinais

15
BARREIRO, A. Os Pobres e o Reino: Do Evange- 19
cf. RIBEIRO, Claudio. Novos Enfoques da Pastoral.
lho de João Paulo II. São Paulo: Loyola, 1983, Tempo e Presença. Rio de Janeiro: CEDI, mar/abr/90,
pp.135-7. p. 18.
16
GUTIÉRREZ, G. Teologia da Libertação. Petrópo- 20
TAKATSU, S. Renovação na Comunhão Anglicana: Uma
lis: Vozes, 1979, pp.125-9. Contribuição Latino-Americana. Estudos de Religião,
17
COBLIN, J. O Espírito Santo e a Libertação. São Paulo: n. 4, Imprensa Metodista, 1986, p. 26.
Petrópolis: Vozes, 1987, pp.27-9. 21
CONSELHO MUNDIAL DE IGREJAS. Declaração da
18
BUYERS, P. E. Os Fundadores do Metodismo. Assembléia da Comissão de Fé e Ordem. Bangalore,
São Paulo: Imprensa Metodista, 1929, p. 23. 1978. In: Simpósio, São Paulo: n.21, jun.1990, p. 75.

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da nova criação. O Espírito Santo liber- pela ação do Espírito Santo no meio do
ta a todos dos poderes das trevas, povo.22

estimula os ânimos, revigora as forças Nesta perspectiva, ou seja, na busca por


e dá uma nova visão. Estimula ainda uma espiritualidade metodista, o anúncio
novos sonhos e desejos, impelindo a das "boas novas" hoje deve partir de uma
lutar por uma comunicação bilateral e mudança radical na sua estratégia, porque o
plural, ajudando a superar as barreiras homem, a mulher e a criança de hoje são
divisionistas, proporcionando a comu- diferentes dos tempos de Wesley e os em-
nhão e solidariedade. Mediante o Espí- bates se dão em relações sociais e bases
rito Santo, o amor de Deus é derra- ideológicas distintas. Portanto, a tarefa da
mado na vida das pessoas e de suas Igreja – que tem compreendido ou pretende
comunidades. compreender as mudanças ocorridas no
A saída para a construção de uma mundo – é procurar uma nova habilidade e
"nova" espiritualidade metodista no fundamentação que tenha origem nessa
contexto brasileiro, talvez esteja no terra, no povo. Esta tarefa se realiza não
conteúdo das palavras do Bispo Paulo mais simplesmente pela palavra do prega-
Ayres em seu relatório à igreja na dor e/ou pela inserção em uma estrutura
primeira região em 1985, ou seja, a eclesial, e sim a partir de grupos pequenos
busca por que se inserem como elemento transforma-
dor num corpo social específico como os
nos libertarmos do ranço sacerdotal
tão presente no protestantismo bóias-frias, ou os estudantes, ou os operá-
brasileiro, que nos faz fundamenta- rios, ou os sem terra, ou ainda os morado-
listas e moralistas em nossa vivên-
cia cristã, produzindo uma religião
res das ruas, ou outro qualquer. Para isso, é
reacionária e conservadora, que necessário conhecer melhor esses grupos e,
tem medo das mudanças, que não mais especificamente, aprender a viver a
é capaz de se fazer brasileira e que
não cresce mais em nosso meio. A dinâmica do evangelho com eles e a partir
libertação deste tipo de religião sem deles.
vida e poder, pela ação do Espírito
entre nós, tem que produzir uma
religião de índole profética, que Referências
chamaria de movimento pentecostal
bibliográficas
libertador, isto é, ter o vigor, a di-
nâmica, o entusiasmo missionário e
a paixão do pentecostalismo, e a vi- BARREIRO, A. Os Pobres e o Reino: Do
são crítica, transformadora e liber- Evangelho de João Paulo II. São
tadora das comunidades de base Paulo: Loyola, 1983.
católicas. Ser um pentecostalismo BINGEMER, M. C. L. Alteridade e
engajado nas lutas do nosso povo, vulnerabilidade, experiência de
inconformado com a situação de in- Deus e pluralismo religioso no
justiça social a que estão submeti- moderno em crise. São Paulo:
dos milhões de irmãos e irmãs bra- Loyola, 1993.
sileiros, e ao mesmo tempo ser
uma comunidade de base cheia do
calor e do entusiasmo provocado
22
MATOS, P. A. Relatório Episcopal ao Vigésimo Sexto
Concílio Regional da Igreja Metodista na Primeira Regi-
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CAMPOS, M. C. S. O Reino de Deus. Paulinas, 1987.
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Libertação. Petrópolis: Vozes, Paulo: Paulinas, 1984.
1979.

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