A Cordao
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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ
13ª CÂMARA CÍVEL
I– Trata-se de agravo de instrumento, com pedido de atribuição de efeito suspensivo, interposto por
Neusa Maria Vasques Bulla, contra a decisão de 290.1, proferida em autos de embargos à execução nº
8396-83.2010.8.16.0069, em fase de cumprimento de sentença, que rejeitou a exceção de pré-
executividade.
Em suas razões recursais, sustenta que: (i) nos autos de execução, a parte exequente foi representada
pelos advogados José Miguel Garcia Medina e Rafael de Oliveira Guimarães e, no dia 14/01/2021, houve
PROJUDI - Recurso: 0031567-91.2024.8.16.0000 - Ref. mov. 35.1 - Assinado digitalmente por Naor Ribeiro de Macedo Neto:6704
31/07/2024: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Naor Ribeiro de Macedo Neto - 13ª Câmara Cível)
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a substituição processual dos patronos em questão pelo escritório Oliveira & Antunes Advogados
Associados, ocasião em que passaram a representar formalmente a exequente; no dia 01/03/2021, ocorreu
um último substabelecimento de poderes, sem reserva, “fazendo permanecer como detentores do crédito
(honorários de sucumbência) tão somente os advogados José e Rafael”; no dia 10/01/2022, Itaú
Unibanco S/A, que não é parte nos autos, peticionou e informou acerca da existência de Termo de Cessão
Requer, ao fim, a reforma da decisão recorrida para que a exceção de pré-executividade seja acolhida e o
feito seja extinto com fulcro no art. 924, IV, do Código de Processo Civil.
Oferecidas contrarrazões (mov. 27.1), a agravada pugnou pela manutenção da decisão recorrida.
É o relatório.
II– O Itaú Unibanco S.A., ajuizou execução de título extrajudicial nº 6355-46.2010.8.16.0069 em face
da agravante Neusa Maria Vasques Bulla e de Neusa Maria Vasques Bulla – EPP e Helio José Bulla,
na qual objetiva a satisfação de crédito no valor de R$ 1.038.368,03 (um milhão, trinta e oito mil,
trezentos e sessenta e oito e três centavos), atualizado até 28/09/2010, derivado de Cédula de Crédito
Bancário – Empréstimo para Capital de Giro Garantido por Aval – Giro CDI – A – Parcelas Flex nº
30613892-6, emitida em 03/08/2009.
Interposto recurso de apelação pelos devedores (mov. 1.14), eles foram parcialmente providos para
afastar a utilização do CDI como fator de correção monetária e determinar a incidência do Dec. nº 1.544
/95, ocasião em que readequado o ônus de sucumbência para determinar que os devedores/embargantes
arcassem com 85% (oitenta e cinco por cento) das custas processuais e dos honorários advocatícios e a
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exequente/embargada arcasse com o remanescente, compensando-se na forma do art. 21 do CPC/73 e
Súmula 203 do STJ (mov. 1.18).
Iniciado o cumprimento de sentença dos honorários advocatícios (mov. 1.20), posteriormente sobreveio
termo de cessão pelo qual a instituição financeira Itaú Unibanco S.A. cedeu a totalidade dos direitos de
Ao mov. 233.1, os procuradores de Itaú Unibanco S.A., José Miguel Garcia Medina e Rafael de Oliveira
Guimarães, se manifestaram pela “renúncia ao crédito referente aos honorários advocatícios pendente
de recebimento, na forma da petição de seq. 226.1, item 2, ressalvados os valores já levantados, que já
integraram o patrimônio dos ora peticionantes”. A indicação de renúncia foi reiterada pelos
procuradores aos movs. 241, 251, 263, 278, 287.
Ao mov. 275 a agravante apresentou exceção de pré-executividade, na qual aduziu que: houve a renúncia
aos honorários advocatícios de sucumbência, de modo que o feito deve ser extinto na forma do art. 924,
IV, do Código de Processo Civil; o termo de cessão engloba apenas o crédito principal objeto da
execução de título extrajudicial nº 6355-46.2010.8.16.0069.
A agravada Solve Securitizadora de Créditos Financeiros S/A se manifestou (mov. 288.1) e aduziu
que a totalidade dos créditos, inclusive os honorários, foram objeto da cessão, de modo que, por seus
termos, os honorários “já devidos no momento da cessão de crédito ou posteriores a ela pertencem
exclusivamente aos advogados constituídos pela ADQUIRENTE”.
Sobreveio, então, a decisão que rejeitou a exceção de pré-executividade, sob o fundamento de que os
créditos relativos aos honorários foram cedidos, nos seguintes termos:
Contudo, ao verificar o referido termo de cessão, vejo que a cláusula 2° foi clara
ao dispor que os patronos do ITAÚ UNIBANCO S.A., OLIVEIRA & ANTUNES
ADVOGADOS ASSOCIADOS S/C concordam de forma expressa e irrevogável
em renunciar o recebimento de eventuais honorários sucumbenciais, já fixados,
ou que venham a ser fixados, nos autos da presente ação, os quais, se forem
devidos, pertencerão exclusivamente aos advogados constituídos pelo Adquirente
(sem grifos no original).
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O art. 778, §1º, III, do Código de Processo Civil prevê a legitimidade do
cessionário para o ajuizamento de execução, quando o direito resultante do título
executivo lhe for transferido por ato entre vivos.
Com razão.
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Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJZDP 7H57M FCS89 3TD9B
Conforme se depreende do termo de cessão, Itaú, então detentor dos créditos derivados das operações de
nº 520800567890, 520824567890 e 306138926, os cedeu à agravada Solve Securitizadora de Créditos
Financeiros S/A.
O crédito objeto dos autos originários, entretanto, corresponde aos honorários de sucumbência fixados
em favor dos patronos Rafael e José que, reiteradamente apontaram terem exercido a renúncia dos
créditos relativos aos honorários advocatícios.
Neste cenário, portanto, revela-se manifestamente inviável aduzir que houve cessão dos honorários, pois
se trata de verba em relação a qual a instituição financeira Itaú não pode dispor, pois não é de sua
titularidade e não há nos autos informação de que possua poderes para dispor de crédito de titularidade de
seus patronos, conforme, aliás, estabelece o art. 23 da Lei nº 8.906/94, in verbis:
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Ademais, de acordo com o art. 24 do referido diploma normativo, o acordo feito por seu cliente, salvo
sua aquiescência, não lhe prejudica os honorários. E, salvo renúncia expressa, o patrono mantém o direito
aos honorários pelo trabalho realizado:
Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito
[...]
A renúncia expressa pelos patronos fica inequivocamente evidenciada na medida em que, por reiteradas
vezes, apontaram terem renunciado ao crédito, e não o cedido em favor de Solve, mesmo porque o
próprio petitório – que não constitui cláusula da cessão conforme equivocadamente indicado pela decisão
recorrida – evidencia a ciência quanto à eventual impossibilidade de “automática” transmissão dos
honorários, na medida em que consigna que “2. Os patronos do ITAÚ UNIBANCO S.A., OLIVEIRA &
ANTUNES ADVOGADOS ASSOCIADOS S/C concordam de forma expressa e irrevogável em renunciar
o recebimento de eventuais honorários sucumbenciais, já fixados, ou que venham a ser fixados, nos
autos da presente ação, os quais, se forem devidos, pertencerão exclusivamente aos advogados
constituídos pelo Adquirente”.
No ponto, vale ainda asseverar que, na forma do art. 288, do Código Civil, é ineficaz, perante a
executada, a transmissão de crédito não celebrada por instrumento público ou instrumento particular
revestido das solenidades do art. 654, §1º, do diploma civil, de modo que, ausente qualquer instrumento
com tais formalidades (sobretudo a qualificação dos advogados supostamente cedentes, da securitizadora,
com indicação específica do objeto), não há como se cogitar da efetiva transmissão do crédito.
Dessa forma, conquanto o termo de cessão nada especifique quanto aos honorários advocatícios de
sucumbência e tenham os patronos expressamente, por diversas oportunidades, renunciado aos
honorários nos autos, devido o acolhimento da insurgência deduzida.
PROJUDI - Recurso: 0031567-91.2024.8.16.0000 - Ref. mov. 35.1 - Assinado digitalmente por Naor Ribeiro de Macedo Neto:6704
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Com efeito, tal como o acordo celebrado pelo cliente do causídico não tem o condão de repercutir na
exigibilidade dos honorários fixados, o mesmo deve ocorrer com outros negócios jurídicos, tal qual a
cessão celebrada nos autos. Nesse sentido:
Considerando que o Superior Tribunal de Justiça entende “cabível a fixação de verba honorária quando
a exceção de pré-executividade é acolhida para extinguir total ou parcialmente a execução, em
homenagem aos princípios da causalidade e da sucumbência” (EDcl no AgInt nos EDcl no REsp n.
1.824.573/SP, relator Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 24/10/2022, DJe de 26
/10/2022), devida a fixação de honorários advocatícios em favor do patrono da devedora, em 5% (cinco
por cento) do valor do proveito econômico obtido, na forma do art. 85, §2º, c/c art. 90, ambos do Código
de Processo Civil.
PROJUDI - Recurso: 0031567-91.2024.8.16.0000 - Ref. mov. 35.1 - Assinado digitalmente por Naor Ribeiro de Macedo Neto:6704
31/07/2024: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Naor Ribeiro de Macedo Neto - 13ª Câmara Cível)
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Destarte, voto por dar provimento ao recurso para acolher a exceção de pré-executividade e extinguir o
cumprimento de sentença com fulcro no art. 924, IV, do Código de Processo Civil, e fixar honorários
advocatícios de sucumbência, nos termos da fundamentação.
26 de julho de 2024
Relator