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PROJUDI - Recurso: 0031567-91.2024.8.16.0000 - Ref. mov. 35.

1 - Assinado digitalmente por Naor Ribeiro de Macedo Neto:6704


31/07/2024: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Naor Ribeiro de Macedo Neto - 13ª Câmara Cível)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ
13ª CÂMARA CÍVEL

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Autos nº. 0031567-91.2024.8.16.0000

Agravo de Instrumento n° 0031567-91.2024.8.16.0000 AI


1ª Vara Cível de Cianorte
Agravante(s): NEUSA MARIA VASQUES BULLA
Agravado(s): Solve Securitizadora de Créditos Financeiros S/A
Relator: Desembargador Naor R. de Macedo Neto

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS À EXECUÇÃO EM FASE


DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
DE SUCUMBÊNCIA. DECISÃO QUE REJEITOU A EXCEÇÃO DE PRÉ-
EXECUTIVIDADE. INSURGÊNCIA DA EXECUTADA. POSTULADA
EXTINÇÃO DO FEITO NA FORMA DO ART. 924, IV, DO CPC/15.
ACOLHIMENTO. DÉBITO OBJETO DA EXECUÇÃO DE TÍTULO
EXTRAJUDICIAL QUE FOI OBJETO DE CESSÃO DE CRÉDITO.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA, OBJETO DOS
AUTOS ORIGINÁRIOS, QUE CONSTITUEM VERBA AUTÔNOMA E
QUE NÃO FORAM OBJETO DA CESSÃO CELEBRADA. EXEQUENTES
QUE, EM MAIS DE UMA OPORTUNIDADE, AFIRMARAM TEREM
RENUNCIADO AO CRÉDITO. DECISÃO REFORMADA. FIXAÇÃO DE
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA.

RECURSO PROVIDO para acolher a exceção de pré-executividade e


extinguir o cumprimento de sentença na forma do art. 924, IV, do CPC.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº 31567-91.2024.8.16.0000, da


Vara Cível da Comarca de Cianorte, em que é agravante NEUSA MARIA VASQUES BULLA e
agravada SOLVE SECURITIZADORA DE CRÉDITOS FINANCEIROS S/A.

I– Trata-se de agravo de instrumento, com pedido de atribuição de efeito suspensivo, interposto por
Neusa Maria Vasques Bulla, contra a decisão de 290.1, proferida em autos de embargos à execução nº
8396-83.2010.8.16.0069, em fase de cumprimento de sentença, que rejeitou a exceção de pré-
executividade.

Em suas razões recursais, sustenta que: (i) nos autos de execução, a parte exequente foi representada
pelos advogados José Miguel Garcia Medina e Rafael de Oliveira Guimarães e, no dia 14/01/2021, houve
PROJUDI - Recurso: 0031567-91.2024.8.16.0000 - Ref. mov. 35.1 - Assinado digitalmente por Naor Ribeiro de Macedo Neto:6704
31/07/2024: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Naor Ribeiro de Macedo Neto - 13ª Câmara Cível)

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a substituição processual dos patronos em questão pelo escritório Oliveira & Antunes Advogados
Associados, ocasião em que passaram a representar formalmente a exequente; no dia 01/03/2021, ocorreu
um último substabelecimento de poderes, sem reserva, “fazendo permanecer como detentores do crédito
(honorários de sucumbência) tão somente os advogados José e Rafael”; no dia 10/01/2022, Itaú
Unibanco S/A, que não é parte nos autos, peticionou e informou acerca da existência de Termo de Cessão

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junto à exequente, pelo qual esta adquiriu a totalidade dos direitos de crédito e obrigações. No petitório
constava a informação de que os patronos de Itaú, isto é, o escritório Oliveira & Antunes Advogados
Associados S/C concordavam em renunciar o recebimento de eventuais honorários sucumbenciais, já
fixados ou que viessem a ser fixados os quais, se fossem devidos, pertenceriam exclusivamente aos
advogados constituídos por Solve; os detentores dos honorários de sucumbência, José e Rafael, anuíram
com a substituição processual e aproveitaram a oportunidade para renunciar ao crédito pendente de
recebimento; (ii) o magistrado singular deixou de verificar que o crédito discutido nos autos era de
titularidade dos advogados José e Rafael, que renunciaram ao direito, de modo que nada mais seria
devido pela parte agravante; a empresa Solve e seus advogados não fazem jus ao crédito, pois o Termo
de Cessão foi do crédito principal devido ao Itaú e não dos honorários devidos ao escritório Medina &
Guimarães Advogados Associados; a agravada “está se confundindo com as ações que estão em
andamento, e ao invés de buscar o recebimento de honorários sucumbenciais pertencentes a outros
patronos, os quais, por sua vez, expressamente renunciaram ao direito de recebimento, sem, contudo,
cedê-los ou terceirizá-los”; tão logo noticiada a cessão do crédito principal, relativo à execução de título
extrajudicial, o cumprimento de sentença deveria ter sido extinto, uma vez que os honorários de
sucumbência eram de titularidade dos advogados José e Rafael.

Requer, ao fim, a reforma da decisão recorrida para que a exceção de pré-executividade seja acolhida e o
feito seja extinto com fulcro no art. 924, IV, do Código de Processo Civil.

Oferecidas contrarrazões (mov. 27.1), a agravada pugnou pela manutenção da decisão recorrida.

É o relatório.

II– O Itaú Unibanco S.A., ajuizou execução de título extrajudicial nº 6355-46.2010.8.16.0069 em face
da agravante Neusa Maria Vasques Bulla e de Neusa Maria Vasques Bulla – EPP e Helio José Bulla,
na qual objetiva a satisfação de crédito no valor de R$ 1.038.368,03 (um milhão, trinta e oito mil,
trezentos e sessenta e oito e três centavos), atualizado até 28/09/2010, derivado de Cédula de Crédito
Bancário – Empréstimo para Capital de Giro Garantido por Aval – Giro CDI – A – Parcelas Flex nº
30613892-6, emitida em 03/08/2009.

Citados (mov. 1.10), os devedores opuseram embargos à execução nº 8396-83.2010.8.16.0069, que


foram rejeitados, condenando-os ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios de R$
100.000,00 (cem mil reais) “para ambos os processos” (mov. 1.8).

Interposto recurso de apelação pelos devedores (mov. 1.14), eles foram parcialmente providos para
afastar a utilização do CDI como fator de correção monetária e determinar a incidência do Dec. nº 1.544
/95, ocasião em que readequado o ônus de sucumbência para determinar que os devedores/embargantes
arcassem com 85% (oitenta e cinco por cento) das custas processuais e dos honorários advocatícios e a
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exequente/embargada arcasse com o remanescente, compensando-se na forma do art. 21 do CPC/73 e
Súmula 203 do STJ (mov. 1.18).

Iniciado o cumprimento de sentença dos honorários advocatícios (mov. 1.20), posteriormente sobreveio
termo de cessão pelo qual a instituição financeira Itaú Unibanco S.A. cedeu a totalidade dos direitos de

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crédito e obrigação da parte exequente à Solve Securitizadora de Créditos Financeiros S/A e os
patronos de Itaú renunciaram aos honorários advocatícios de sucumbência. Na oportunidade, pugnaram
pela sucessão processual para que Itaú fosse excluída e Solve fosse incluída (mov. 226.1).

Ao mov. 233.1, os procuradores de Itaú Unibanco S.A., José Miguel Garcia Medina e Rafael de Oliveira
Guimarães, se manifestaram pela “renúncia ao crédito referente aos honorários advocatícios pendente
de recebimento, na forma da petição de seq. 226.1, item 2, ressalvados os valores já levantados, que já
integraram o patrimônio dos ora peticionantes”. A indicação de renúncia foi reiterada pelos
procuradores aos movs. 241, 251, 263, 278, 287.

Ao mov. 275 a agravante apresentou exceção de pré-executividade, na qual aduziu que: houve a renúncia
aos honorários advocatícios de sucumbência, de modo que o feito deve ser extinto na forma do art. 924,
IV, do Código de Processo Civil; o termo de cessão engloba apenas o crédito principal objeto da
execução de título extrajudicial nº 6355-46.2010.8.16.0069.

A agravada Solve Securitizadora de Créditos Financeiros S/A se manifestou (mov. 288.1) e aduziu
que a totalidade dos créditos, inclusive os honorários, foram objeto da cessão, de modo que, por seus
termos, os honorários “já devidos no momento da cessão de crédito ou posteriores a ela pertencem
exclusivamente aos advogados constituídos pela ADQUIRENTE”.

Sobreveio, então, a decisão que rejeitou a exceção de pré-executividade, sob o fundamento de que os
créditos relativos aos honorários foram cedidos, nos seguintes termos:

“No caso aqui em comento, a alegada inexigibilidade do título decorre da


renúncia dos créditos à seq. 226, conforme instrumento juntado aos autos naquela
oportunidade.

Contudo, ao verificar o referido termo de cessão, vejo que a cláusula 2° foi clara
ao dispor que os patronos do ITAÚ UNIBANCO S.A., OLIVEIRA & ANTUNES
ADVOGADOS ASSOCIADOS S/C concordam de forma expressa e irrevogável
em renunciar o recebimento de eventuais honorários sucumbenciais, já fixados,
ou que venham a ser fixados, nos autos da presente ação, os quais, se forem
devidos, pertencerão exclusivamente aos advogados constituídos pelo Adquirente
(sem grifos no original).

A despeito dos argumentos suscitados, infere-se que a SOLVE


SECURITIZADORA DE CRÉDITOS FINANCEIROS S/A possui legitimidade
ativa para o recebimento dos referidos créditos, anteriormente titularizado por
OLIVEIRA & ANTUNES ADVOGADOS ASSOCIADOS S/C.
PROJUDI - Recurso: 0031567-91.2024.8.16.0000 - Ref. mov. 35.1 - Assinado digitalmente por Naor Ribeiro de Macedo Neto:6704
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O art. 778, §1º, III, do Código de Processo Civil prevê a legitimidade do
cessionário para o ajuizamento de execução, quando o direito resultante do título
executivo lhe for transferido por ato entre vivos.

Ainda, do § 2º do referido artigo, vislumbra-se que a sucessão processual, nestas

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hipóteses, independe de consentimento do executado”.

Contra a decisão se insurge a devedora.

Com razão.

O petitório de mov. 226.1 esclarece que:

O termo de cessão, ao seu turno, esclarece que (mov. 226):


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Conforme se depreende do termo de cessão, Itaú, então detentor dos créditos derivados das operações de
nº 520800567890, 520824567890 e 306138926, os cedeu à agravada Solve Securitizadora de Créditos
Financeiros S/A.

O crédito objeto dos autos originários, entretanto, corresponde aos honorários de sucumbência fixados
em favor dos patronos Rafael e José que, reiteradamente apontaram terem exercido a renúncia dos
créditos relativos aos honorários advocatícios.

Neste cenário, portanto, revela-se manifestamente inviável aduzir que houve cessão dos honorários, pois
se trata de verba em relação a qual a instituição financeira Itaú não pode dispor, pois não é de sua
titularidade e não há nos autos informação de que possua poderes para dispor de crédito de titularidade de
seus patronos, conforme, aliás, estabelece o art. 23 da Lei nº 8.906/94, in verbis:

Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou


sucumbência, pertencem ao advogado, tendo este direito autônomo para executar
a sentença nesta parte, podendo requerer que o precatório, quando necessário, seja
expedido em seu favor.
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Ademais, de acordo com o art. 24 do referido diploma normativo, o acordo feito por seu cliente, salvo
sua aquiescência, não lhe prejudica os honorários. E, salvo renúncia expressa, o patrono mantém o direito
aos honorários pelo trabalho realizado:

Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito

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que os estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na
falência, concordata, concurso de credores, insolvência civil e liquidação
extrajudicial.

[...]

§ 4º O acordo feito pelo cliente do advogado e a parte contrária, salvo


aquiescência do profissional, não lhe prejudica os honorários, quer os
convencionados, quer os concedidos por sentença.

§ 5º Salvo renúncia expressa do advogado aos honorários pactuados na hipótese


de encerramento da relação contratual com o cliente, o advogado mantém o
direito aos honorários proporcionais ao trabalho realizado nos processos judiciais
e administrativos em que tenha atuado, nos exatos termos do contrato celebrado,
inclusive em relação aos eventos de sucesso que porventura venham a ocorrer
após o encerramento da relação contratual. (Incluído pela Lei nº 14.365, de 2022)

A renúncia expressa pelos patronos fica inequivocamente evidenciada na medida em que, por reiteradas
vezes, apontaram terem renunciado ao crédito, e não o cedido em favor de Solve, mesmo porque o
próprio petitório – que não constitui cláusula da cessão conforme equivocadamente indicado pela decisão
recorrida – evidencia a ciência quanto à eventual impossibilidade de “automática” transmissão dos
honorários, na medida em que consigna que “2. Os patronos do ITAÚ UNIBANCO S.A., OLIVEIRA &
ANTUNES ADVOGADOS ASSOCIADOS S/C concordam de forma expressa e irrevogável em renunciar
o recebimento de eventuais honorários sucumbenciais, já fixados, ou que venham a ser fixados, nos
autos da presente ação, os quais, se forem devidos, pertencerão exclusivamente aos advogados
constituídos pelo Adquirente”.

No ponto, vale ainda asseverar que, na forma do art. 288, do Código Civil, é ineficaz, perante a
executada, a transmissão de crédito não celebrada por instrumento público ou instrumento particular
revestido das solenidades do art. 654, §1º, do diploma civil, de modo que, ausente qualquer instrumento
com tais formalidades (sobretudo a qualificação dos advogados supostamente cedentes, da securitizadora,
com indicação específica do objeto), não há como se cogitar da efetiva transmissão do crédito.

Dessa forma, conquanto o termo de cessão nada especifique quanto aos honorários advocatícios de
sucumbência e tenham os patronos expressamente, por diversas oportunidades, renunciado aos
honorários nos autos, devido o acolhimento da insurgência deduzida.
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Com efeito, tal como o acordo celebrado pelo cliente do causídico não tem o condão de repercutir na
exigibilidade dos honorários fixados, o mesmo deve ocorrer com outros negócios jurídicos, tal qual a
cessão celebrada nos autos. Nesse sentido:

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AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE
ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RAZÕES
RECURSAIS QUE APONTAM OMISSÃO NA DECISÃO AGRAVADA.
INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. REALIZAÇÃO DE TRANSAÇÃO
ENTRE AS PARTES, DESTINADA A PÔR FIM AO LITÍGIO, SEM A
PARTICIPAÇÃO E ANUÊNCIA DOS ADVOGADOS EM RELAÇÃO AOS
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS FIXADOS NA
SENTENÇA. DIREITO AUTÔNOMO E EXCLUSIVO DO ADVOGADO.
ACÓRDÃO EM CONSONÂNCIA À JURISPRUDÊNCIA DO STJ.
PRECEDENTES. AGRAVO INTERNO PARCIALMENTE CONHECIDO E,
NESSA EXTENSÃO, DESPROVIDO.

1. É incabível a interposição do agravo interno com o objetivo de sanar eventual


omissão contida na decisão agravada, sendo os embargos de declaração a via
adequada para tal fim.

2. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que a transação realizada


pelas partes, sem a concordância dos advogados, não prejudica o direito aos
honorários advocatícios sucumbenciais, que são de titularidade exclusiva do
causídico, possuindo absoluta autonomia em relação ao direito discutido na
subjacente ação.

Precedentes. 3. Agravo interno parcialmente conhecido e, nessa extensão,


desprovido. (STJ, AgInt no REsp 1851504/RS, Rel.: Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, T3 - TERCEIRA TURMA, julgado em: 15/04/2024, DJe
17/04/2024).

Dessa forma, devido o acolhimento da insurgência deduzida.

Considerando que o Superior Tribunal de Justiça entende “cabível a fixação de verba honorária quando
a exceção de pré-executividade é acolhida para extinguir total ou parcialmente a execução, em
homenagem aos princípios da causalidade e da sucumbência” (EDcl no AgInt nos EDcl no REsp n.
1.824.573/SP, relator Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 24/10/2022, DJe de 26
/10/2022), devida a fixação de honorários advocatícios em favor do patrono da devedora, em 5% (cinco
por cento) do valor do proveito econômico obtido, na forma do art. 85, §2º, c/c art. 90, ambos do Código
de Processo Civil.
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Destarte, voto por dar provimento ao recurso para acolher a exceção de pré-executividade e extinguir o
cumprimento de sentença com fulcro no art. 924, IV, do Código de Processo Civil, e fixar honorários
advocatícios de sucumbência, nos termos da fundamentação.

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Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 13ª Câmara Cível do
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ, por unanimidade de votos, em julgar CONHECIDO E
PROVIDO o recurso de NEUSA MARIA VASQUES BULLA.

O julgamento foi presidido pelo Desembargador José Camacho Santos,


sem voto, e dele participaram Desembargador Naor Ribeiro De Macedo Neto (relator), Desembargador
Fábio André Santos Muniz e Desembargadora Rosana Andriguetto De Carvalho.

26 de julho de 2024

Desembargador Naor R. de Macedo Neto

Relator

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