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Dispõe sobre avaliação de alunos da Educação Básica, nos níveis fundamental e médio, no
Sistema Estadual de Ensino de São Paulo e dá providências correlatas
1
III - a participação dos professores:
a) em reuniões de trabalho coletivo e no planejamento e execução das ações
educativas, de modo articulado;
b) na avaliação das aprendizagens dos alunos;
c) na promoção de atividades individuais e coletivas de reforço e
recuperação para os alunos de menor rendimento.
Parágrafo único - O Regimento Escolar ficará disponibilizado no site da
escola, ou, não dispondo a unidade escolar desse recurso, ela deverá fornecer cópia do
Regimento a todos os alunos/responsáveis que o requererem. (ACRÉSCIMO)
2
Art. 12 - Nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por série, o
regimento escolar pode admitir formas de progressão parcial, observadas as normas do
respectivo sistema de ensino.
3
Art. 18 - Os estabelecimentos de ensino terão a incumbência de:
I - divulgar para pais e estudantes, no ato da matricula, as modalidades e
instrumentos de avaliação utilizados, bem como os critérios de promoção e retenção;
II - manter a família informada sobre o desempenho dos alunos;
III - reconhecer o direito do aluno e da família de discutir os resultados da
avaliação, inclusive em instâncias superiores à escola;
IV - assegurar que aos alunos com menor rendimento sejam oferecidas
condições de ser devidamente atendidos ao longo do ano letivo;
V - prover estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período
letivo, como determina a Lei nº 9.394/96;
VI - atuar preventivamente de modo a evitar que os alunos faltem às aulas,
devendo a escola:
a) alertar os alunos e seus pais para a possibilidade de não aprovação
daqueles que obtiverem um percentual inferior a 75% do total de horas letivas, mesmo se
o rendimento escolar dos mesmos for satisfatório;
b) alertar a família que o Ensino Fundamental é obrigatório por Lei e de seu
dever de zelar para que seus filhos frequentem a instituição de ensino;
c) prever no Regimento Escolar os mecanismos de compensação de
ausências.
d) submeter seus alunos, mesmo os que não têm frequência, a
procedimentos de reclassificação com base na competência, nos termos da Lei nº 9394/96,
art. 23, parágrafo 1º;
VII - possibilitar a aceleração de estudos quando ocorrer defasagem entre a
idade do aluno e a série que ele está cursando;
VIII - possibilitar o avanço nos cursos e nos anos mediante verificação do
aprendizado;
IX - possibilitar o aproveitamento de estudos concluídos com êxito.
4
II - o fato de que tais pedidos serão apenas considerados, caso o aluno
interessado mantenha-se matriculado na escola em questão.
CAPÍTULO I
DO PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO CONTRA AVALIAÇÃO DURANTE O
PERÍODO LETIVO
Art. 21 - Após cada avaliação, o aluno, ou seu representante legal, que dela
discordar, poderá apresentar pedido de reconsideração junto à direção da escola, nos
termos desta Deliberação.
§ 1º - O pedido deverá ser protocolado na escola em até 05 dias da divulgação
dos resultados.
§ 2º - A direção da escola, para decidir, deverá ouvir o Conselho de
Classe/Ano/Série ou órgão colegiado que tenha regimentalmente essa atribuição, atendidas
as seguintes condições:
I - o Conselho de Classe ou o órgão colegiado será constituído por
professores do aluno e integrantes da equipe pedagógica;
II - a decisão do Conselho deverá ser registrada em Ata.
§ 3º - A decisão da direção será comunicada ao interessado no prazo de 10
dias.
§ 4º - A não manifestação da direção no prazo previsto no parágrafo anterior,
implicará o deferimento do pedido.
§ 5º - O prazo a que se refere o § 3º ficará suspenso no período de férias e de
recessos escolares. (NR)
§ 6º -Da decisão da direção da escola não caberá recurso.
CAPÍTLO II
DA RECONSIDERAÇÃO E DOS RECURSOS CONTRA O RESULTADO FINAL DA
AVALIAÇÃO
Art. 22 - O aluno, ou seu representante legal, que discordar do resultado final
das avaliações, poderá apresentar pedido de reconsideração junto à direção da escola, nos
termos desta Deliberação.
§ 1º - O pedido deverá ser protocolado na escola em até 10 dias da divulgação
dos resultados.
§ 2º - A direção da escola, para decidir, deverá ouvir o Conselho de
Classe/Ano/Série ou o órgão colegiado que tenha regimentalmente essa atribuição,
atendidas as seguintes condições:
I - o Conselho de classe ou o órgão colegiado será constituído por professores
do aluno e integrantes da equipe pedagógica;
II - a decisão do Conselho deverá ser registrada em Ata.
§ 3º - A decisão da direção será comunicada ao interessado no prazo de 10
dias.
§ 4º - A não manifestação da direção no prazo estabelecido facultará ao
interessado impetrar recurso diretamente à respectiva Diretoria de Ensino.
§ 5º - O prazo a que se refere o § 3º ficará suspenso nos períodos de férias e
de recessos escolares. (NR)
5
§ 2º - O expediente deverá ser instruído com cópia do processo de que trata
o pedido de reconsideração, contendo os fundamentos da decisão adotada pela escola e os
seguintes documentos:
I - regimento escolar;
II - planos de ensino do componente curricular objeto da retenção;
III - instrumentos utilizados no processo de avaliação ao longo do ano letivo,
com indicação dos critérios utilizados na correção;
IV - atividades de recuperação realizadas pelo aluno, com a explicitação das
estratégias adotadas e dos resultados alcançados;
V - proposta de adaptação e de seu processo de realização (quando for o
caso);
VI - avaliações neuropsicológicas ou psicopedagógicas, quando for o caso;
VII - histórico escolar do aluno;
VIII - diários de classe do componente curricular objeto da retenção;
IX - atas do Conselho de Classe ou Série em que se analisou o desempenho
do aluno, ao longo e ao final do período letivo;
X - análise de cada um dos pontos argumentados no pedido de
reconsideração ou recurso especial feito pelo aluno ou responsável para a reversão da
decisão da escola;
XI - declaração da situação de matrícula do aluno;
XII - relatório informando sobre os pedidos de reconsideração apresentados
pelo aluno, ou seu representante legal, durante o período letivo.
§ 3º - A Diretoria de Ensino, ou órgão equivalente de supervisão delegada,
emitirá sua decisão sobre o recurso interposto, no prazo máximo de 15 dias, contados a
partir de seu recebimento.
§ 4º - O Dirigente de Ensino deverá designar uma Comissão de, no mínimo,
02 (dois) Supervisores de Ensino, um dos quais o supervisor da respectiva Escola. A
Comissão fará a análise do expediente que trata do pedido de reconsideração, a partir da
presente Deliberação, do Regimento Escolar e da legislação vigente, especialmente a Lei nº
9.394/96 e a Resolução CNE/CEB nº 7/2010; bem como da existência de atitudes
discriminatórias contra o estudante.
§ 5º - Na análise do recurso deverá ser considerado:
I - o cumprimento dos fundamentos e pressupostos da presente Deliberação,
do Regimento Escolar da escola, da legislação vigente, especialmente a Lei nº 9.394/96 e a
Resolução CNE/CEB nº 7/2010;
II - a existência de atitudes discriminatórias contra o estudante;
III - apresentação de fato novo.
§ 6º - O relatório da análise da comissão de supervisores deve ter uma
conclusão detalhada a respeito da solicitação do aluno e ou de seu responsável, bem como
apontar eventuais recomendações à escola, sempre que o Regimento não atenda as
determinações legais ou quais as providências pedagógicas e administrativas que
eventualmente não tenham sido observadas.
§ 7º - (revogado)
§ 8º - A decisão do Dirigente de Ensino, ou responsável pelo órgão de
supervisão delegada, será comunicada à escola dentro do prazo previsto no § 3º, e dela a
escola dará ciência ao interessado, no prazo de 5 dias.
6
§ 2º - Em caso de divergência entre a decisão da escola e da Diretoria de
Ensino, com relação à retenção do estudante, protocolado o recurso no Conselho Estadual
de Educação, a decisão da DER prevalecerá até o parecer final do Conselho.
§ 3º - O Recurso Especial será apreciado em regime de urgência no Conselho
Estadual de Educação.
§ 4º - O recurso especial será apreciado no CEE mediante a análise dos
seguintes aspectos:
I - o cumprimento dos fundamentos e pressupostos da presente Deliberação,
do Regimento Escolar da escola, da legislação vigente, especialmente a Lei 9.394/96 e a
Resolução CNE/CEB nº 7/2010;
II - a existência de atitudes discriminatórias contra o estudante;
III - a apresentação de fato novo.
DELIBERAÇÃO PLENÁRIA
LEIS
1 Lei federal nº 5. 692/71;
2 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988;
3 BRASIL. Lei nº 9.394, de 20-12-1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – LDB;
4 BRASIL. Lei nº 13.005, de 25.6.2014 - Publicada no DOU de 26.6.2014 - Edição extra
Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras providências;
7
5 BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
com Deficiência;
DELIBERAÇÕES
6 Deliberação CEE nº 59/2006 e Indicação CEE nº 60/2006;
7 Deliberação CEE nº 120/2013;
8 Deliberação CEE nº 49/2016 e Indicação CEE nº 155/2016;
RESOLUÇÕES CNE
PARECERES
10 SÃO PAULO. Parecer CEE nº 67/98, de 18-03-1998. Normas Regimentais Básicas para as
Escolas Estaduais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Carvalho Pereira, M.L. Revista Paideia. Repensando a avaliação escolar. Ano IV, 5, 2003;
CURSINO L.; COSTA, M.L. Caderno PIBID - UFSCar – Relatos de experiências de formação
docente, 1.ª edição, São Carlos, SP: Suprema Gráfica e Editora, 2013;
LEITE, L. P.; SILVA, A.M. Práticas educativas: adaptações curriculares. In: Práticas em
educação especial e inclusiva na área da deficiência mental / Vera Lúcia Messias Fialho
Capellini (org.). - Bauru: MEC/FC/SEE, 2008;
8
DECLARAÇÃO DE VOTO
Votei contrariamente à presente Deliberação por considerar que ela se
contrapõe ao que este Conselho pregou e normatizou, especialmente após a edição da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) e pelos motivos que apresento a
seguir.
9
a) Cons. Francisco José Carbonari
DECLARAÇÃO DE VOTO
DECLARAÇÃO DE VOTO
10
a) Consª Sylvia Figueiredo Gouvêa
ANEXO:
1. RELATÓRIO
1.1 Introdução
11
1.2 Fundamentação Legal
12
Pode-se argumentar que a legislação educacional garantiu a cada unidade
escolar a liberdade de organizar sua Proposta Pedagógica e Regimento Escolar. Com efeito,
a Lei federal nº 5.692/71 estabeleceu que compete aos estabelecimentos de ensino, nos
termos dos seus regimentos, a avaliação do rendimento escolar de seus alunos. Sem dúvida,
é a equipe escolar que reúne as melhores condições para acompanhar continuamente o
aluno durante todo o ano letivo e avaliar o seu desempenho global. É na escola que devem
ser resolvidas praticamente todas as questões referentes à avaliação do aluno, atendida a
determinação do art. 12 da LDB, segundo o qual os "estabelecimentos de ensino devem
respeitar as normas comuns e as do seu sistema de ensino" ou seja, as determinações da
legislação maior sobre o assunto.
Nesse sentido, no cenário nacional, o art. 24 da LDB nº 9.394/96, reafirmado
pela Resolução CNE nº 7/2010, dispõe que: “A educação básica, nos níveis fundamental e
médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns”, arroladas em 5 incisos
que tratam de classificação e avaliação. De acordo com os mesmos, é possível concluir que
a Proposta Pedagógica e o Regimento Escolar devem enfatizar, refletir e incorporar novas
formas de avaliar e classificar seus alunos, inclusive adotar a “progressão parcial, desde que
preservada a sequência do currículo” (Inciso III).
No que concerne ao inciso V, ou seja, quanto à “verificação do rendimento
escolar”, as legislações são mandatórias e rezam que essa verificação observará os seguintes
critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com
prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do
período sobre os de eventuais provas finais;
b) aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
c) avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao
período letivo, para casos de baixo rendimento, a serem disciplinados pelas instituições de
ensino em seus regimentos.
Por sua vez, a Resolução CNE/CBE nº 7/2010, no inciso II do artigo 32,
afirma que a avaliação deverá utilizar vários instrumentos e procedimentos, tais como a
observação, o registro descritivo e reflexivo, os trabalhos individuais e coletivos, os
portfólios, exercícios, provas, questionários, dentre outros, tendo em conta a sua adequação
à faixa etária e às características de desenvolvimento do educando.
No âmbito estadual, entre 1995 e 1997, no ensino fundamental da rede
pública estadual paulista ocorrem quedas significativas nas taxas de repetência (de 14,1
para 3,8%) e evasão (de 8,9% para 5,4%), em decorrência de várias ações desencadeadas
no período, tais como a ampliação da jornada escolar para 5 horas diárias, a obrigatoriedade
de reforço e recuperação paralela e durante todo o ano e inclusive nas férias, a presença de
coordenação pedagógica em todas as escolas, as classes de aceleração, as salas ambiente,
entre outras .
Nesse ínterim, após grande participação e discussão da sociedade civil e dos
educadores, é aprovada, em dezembro de 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº
9.394/96, conferindo maior flexibilização à organização dos sistemas de ensino e de suas
escolas.
Frente a essa situação, Conselho Estadual de Educação de São Paulo propõe,
na Deliberação CEE nº 9/97, o regime de progressão continuada para o ensino fundamental
paulista, organizado em um ou mais ciclos, com o objetivo de garantir aos alunos
continuidade de estudos, e recomenda o reforço e a recuperação de conteúdos para garantir
a progressão com qualidade.
A seguir, a Deliberação CEE nº 10/97 reforça as propostas colocadas pela Lei
de Diretrizes e Bases da Educação sobre organização do sistema de ensino, avaliação e
presença de recuperação da aprendizagem.
13
No âmbito nacional, o artigo 3º. da LDB, institui que o ensino deve garantir a
todos igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, no sentido de destacar
o compromisso do sistema escola e seus educadores em relação à aprendizagem daqueles
que, em algum momento de sua trajetória escolar (ou de sua interrupção), não puderam
aprender de modo satisfatório.
Nessa direção, o Conselho Estadual aprova a Deliberação CEE nº 59/2006 e
a Indicação CEE nº 60/2006, que estabelecem condições especiais de atividades escolares
de aprendizagem e avaliação para discentes cujo estado de saúde as recomende,
"independentemente dos motivos ou de sua duração, sejam elas perenes, de duração
variável ou intermitente".
A Indicação CEE nº 60/2006, fundamenta-se na existência de situações em
que a afecção é comprometedora da normalidade da vida escolar e o estudante merece e
deve ser apoiado, conforme sua necessidade e dentro das possibilidades da Instituição
Educacional. Afirma ainda, que na vida atual, as perturbações da esfera mental são de
incidência crescente, cujos casos compreendem, em escala cada vez maior, adolescentes e
crianças. Ressalta que tais casos, na perspectiva educacional, exigem especial atenção, para
que a Instituição Educacional e os professores, mediante adequados procedimentos,
auxiliem a missão de curar o mal e não contribuam para seu agravamento com a adição de
insucesso escolar que se possa evitar, além de terem efetivamente garantido o direito à
educação.
Mais recentemente, a Deliberação CEE nº 149/2016 que estabelece normas
para a educação especial no Sistema Estadual de Ensino e a Indicação nº 155/2016,
reafirmam a necessidade de “adoção de práticas de ensino adequadas às diferenças, com
respeito ao ritmo de aprendizagem dos alunos, e aplicação de avaliações que levem em
conta as diferenças e que não avaliem para categorizar os alunos e/ou excluí-los, mas para
conhecer melhor as suas possibilidades de aprender e de ensiná-los adequadamente”.
Independente do avanço dessas proposições legais, nacionais e estaduais,
bem como do esforço feito pelas escolas do sistema estadual buscando a melhoria da
qualidade do ensino e dos indicadores educacionais, ainda se registram índices de
reprovação e evasão significativos. Os mais altos índices, os gargalos, concentram-se, no
ensino fundamental paulista, no 3º ano (5,6%), no 6º ano (6,0%), no 9º ano; no Ensino
Médio, na 1ª série (17,7%). Esses índices são ainda maiores para o sistema educacional
brasileiro. Eles revelam, portanto, a importância da discussão sobre procedimentos de
avaliação e principalmente do uso de seus resultados para implementar estratégias e
recursos que possibilitem garantir a aprendizagem e o domínio dos conteúdos com sucesso
pelos estudantes. Portanto, seria necessário um estudo mais aprofundado para analisar
esses gargalos, pois eles coincidem com marcos significativos no regime escolar seriado: 3º
ano, fim do primeiro ciclo; 6º ano passagem da fase em que os professores são pedagogos
polivalentes para a fase em que os docentes são licenciados para assumir disciplinas
específicas e 1º série do EM, novamente mudança de fase escolar.
14
A Deliberação explicita que a proposta curricular de cada escola, as
estratégias de implementação do currículo e as formas de avaliação devem ser especificados
no Proposta Pedagógica e no Regimento Escolar.
De início, é necessário reafirmar que a maneira como se compreende a
avaliação escolar bem como as suas práticas, fundamenta-se, entre outros aspectos, no
papel social atribuído às instituições escolares, nas concepções que se têm a respeito do
conhecimento, do currículo e do processo de ensino-aprendizagem.
15
classificatória, que se utiliza dos resultados do desempenho escolar para catalogar os alunos
em “aprovados” e “reprovados”, a avaliação formativa se coloca continuamente a serviço
das aprendizagens de todos os alunos.
Coerentemente com essa cultura da aprendizagem, deve-se agir
preventivamente, uma vez que a reprovação e a evasão resultam de um processo mais
amplo do que os resultados finais de avaliação podem expressar. Neste contexto, o caráter
diagnóstico da avaliação desempenha papel crucial, uma vez que oferece elementos para a
identificação das dificuldades de aprendizagem dos alunos e, o que é indispensável, para a
proposição de atividades de reforço e recuperação e o redimensionamento da ação
pedagógica dos professores.
No caso das escolas da rede estadual, este processo contínuo de
acompanhamento pode ser apoiado pela plataforma Foco Aprendizagem, que permite a
consulta aos resultados gerais dos anos e séries avaliados no SARESP, em Língua Portuguesa
e Matemática. Como esses resultados são expressos com base nas habilidades avaliadas,
tem-se indicações sobre as habilidades e competências que devem ser priorizadas na
prática docente e, ainda, nos projetos de reforço de recuperação.
Além dos resultados do SARESP, a plataforma permite a consulta
individualizada (por aluno, por série, por turma e por habilidade) dos resultados das
avaliações em processo de Língua Portuguesa e Matemática.
Desta forma, a plataforma pode representar um recurso valioso para que a
avaliação nas escolas do sistema estadual assuma seu caráter diagnóstico, a serviço da
aprendizagem dos alunos e do redimensionamento da ação pedagógica dos professores, no
sentido de identificar e corrigir dificuldades de aprendizagem – um mecanismo a ser
privilegiado no conjunto das escolas do Estado de São Paulo.
16
articuladas e coerentes com o seu percurso no processo de construção de suas
aprendizagens. Portanto, a avaliação, em sua estreita vinculação com o currículo, tem
implicações diretas na reformulação de objetivos das ações pedagógicas, dos conteúdos e
das estratégias metodológicas adotadas. Diferentemente da avaliação classificatória e
seletiva que leva à exclusão, separando alunos que aprendem os conteúdos programados
para a série/ano daqueles que não os aprendem, é possível conceber uma avaliação
orientada “pela lógica da inclusão, da construção da autonomia, da mediação, da construção
da responsabilidade com o coletivo”, considerando as diferenças individuais e os diferentes
modos de aprender (FERNANDES; FREITAS 2007, p.20). Tal perspectiva alinha-se, no
parecer de Fernandes e Freitas (2007), com a proposta de uma escola que leva em conta as
inúmeras possibilidades da aprendizagem, partindo do princípio de que todos são capazes,
desde que as ações educativas, as estratégias, os conteúdos sejam planejados e adaptados a
partir das infindáveis possibilidades de aprender dos alunos.
A LDB estabelece que as Escolas devem propor seus regimentos escolares e,
uma vez aprovados pelas Diretorias de Ensino, têm autonomia para aplicá-los. O Regimento
Escolar é o documento que dita a organização e o funcionamento de uma instituição de
ensino; ele regulamenta as relações entre os participantes do processo educativo e deve
trazer com as regras mínimas reguladoras das relações escolares, sobretudo para segurança
e tranquilidade dos alunos e famílias. A falta de transparência, clareza e coerência fragiliza
as relações sociais na Escola, estabelece um clima de desconfiança entre as partes e tem
efeitos perversos na aprendizagem dos alunos. Elaborar um Regimento Escolar que respeite
a Lei, seja suficientemente claro, transparente e reflita as necessidades da comunidade
escolar, é essencial para o sucesso do trabalho pedagógico a ser desenvolvido.
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Outro aspecto relevante desses registros é, sem dúvida, o fato de que eles
propiciam uma excelente reflexão a respeito da heterogeneidade entre os alunos, o que
pode contribuir para que a equipe escolar e os professores ampliem a sua compreensão e o
seu respeito em relação às diferenças entre as maneiras de aprender, seja entre os
estudantes, seja em relação aos diferentes componentes curriculares.
Em síntese, do conjunto de registros das aprendizagens de cada aluno
resulta uma estimativa do que ele aprendeu, um “juízo de valor”, um “resultado” – com base
no qual os professores e a escola decidirão se ele pode ou não ser promovido.
Embora esse entendimento possa parecer óbvio, alguns casos apreciados
por este Conselho em matéria de avaliação revelam que os resultados das avaliações são
interpretados como medidas exatas da “quantidade” de conhecimentos dominados ou não
pelos alunos. Essa situação é mais usual em componentes curriculares, em que a avaliação
tende a ser encarada como resultado de aferições “matematicamente exatas”, com base nas
quais decide-se o futuro de cada aluno.
Neste contexto, são desconsiderados questionamentos e relativizações,
como por exemplo, até que ponto notas iguais expressam as mesmas “quantidades” de
aprendizagem? Em uma escala de 0 a 10, a partir de que diferença entre as “notas” é possível
admitir a “distância” entre as “quantidades” de aprendizagem que elas representam? Em
que medida décimos são capazes de refletir diferenças significativas de domínio do
conhecimento? Até que ponto é possível classificar objetivamente as questões ou itens que
compõem uma prova de acordo com o grau de dificuldade presumido pelos professores que
as elaboram? Em que medida são equivalentes os critérios de avaliação adotados por
diferentes professores que atuam em um mesmo componente curricular? E entre diferentes
componentes curriculares?
É necessário, ainda, reforçar o entendimento a ser dado à expressão
“desempenho global”. Em primeiro lugar, ela é enfática em relação ao fato de que avaliação
do desempenho do aluno não pode se restringir aos seus aspectos meramente quantitativos,
já que avaliar não é medir.
Em segundo lugar, o “desempenho global” deve resultar da análise do
desempenho do aluno no conjunto dos componentes curriculares – não em termos de
componentes curriculares isolados. Por fim, é necessário enfatizar que o desempenho global
não pode ser reduzido a uma média global.
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Com efeito, o supervisor de ensino, como parte da equipe gestora da escola,
exerce um papel importante e necessário na garantia do cumprimento das leis vigentes, no
que tange aos aspectos administrativos e pedagógicos. Frente à atuação da escola, dos seus
indicadores, de acesso, permanência e sucesso, e de suas possíveis fragilidades, ele auxilia
na proposição e adoção de medidas que garantam a melhoria do desempenho escolar dos
alunos, ao mesmo tempo em que acompanha o cumprimento dos processos de ensino e de
aprendizagem e, como guardião da aplicação da LDB, intervém e, se necessário, representa
ao seu superior para as providências – cabíveis.
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As ações e reflexões do Conselho de Classe/Ano/Série/Termo não podem
deixar de levar em consideração essas e as demais legislações educacionais. Dessa forma, é
fundamental que o Conselho de Classe/Ano/Série/Termo conheça bem a proposta
pedagógica e o regimento da escola, para acompanhar os processos de ensino e de
aprendizagem e discutir sobre as práticas curriculares presentes na sala de aula. Cabe ao
Colegiado verificar e refletir se essas práticas estão adequadas e se promovem o
desenvolvimento individual dos alunos e da classe como um todo. Além disso, o Conselho
deve considerar as diferenças socioculturais, emocionais, cognitivas e comportamentais dos
estudantes (Deliberação CEE nº 59/2006 e Indicação CEE nº 60/2006) e levar em
consideração as especificidades do público-alvo da educação especial (Lei nº 13.146, de 6
de julho de 2015, Indicação CEE nº 155/2016 e Deliberação CEE nº 149/2016).
O conhecimento criterioso da turma e de cada aluno será obtido por meio
dos resultados das avaliações internas realizadas ao longo dos processos de ensino e de
aprendizagem. As Normas Regimentais Básicas para as Escolas Estaduais (Parecer CEE nº
67/98) deixam claro que as avaliações internas são de responsabilidade da escola e devem
ser realizadas de forma contínua, cumulativa e sistemática, tendo como um de seus
objetivos o diagnóstico da situação de aprendizagem de cada aluno, em relação à
programação curricular prevista e desenvolvida em cada nível e etapa da escolaridade.
De acordo com as referidas normas, as avaliações internas têm por objetivo
fundamentar as decisões do Classe/Ano/Série/Termo quanto à necessidade de
procedimentos paralelos ou intensivos de reforço e recuperação da aprendizagem, de
classificação e reclassificação de alunos. Por isso, as atas devem conter o percurso reflexivo
dos membros do Conselho com as propostas de planejamento e replanejamento das
atividades curriculares e metodológicas. O órgão colegiado tem de formular e registrar as
propostas educativas que garantam a recuperação das defasagens dos alunos, apontando as
mudanças necessárias nos encaminhamentos pedagógicos para superar tais defasagens.
Tais procedimentos devem ser estendidos para todas as escolas tendo em vista as
disposições referentes à avaliação previstas na Lei nº 9.394/1996 e nas normas do Conselho
Nacional e do Conselho Estadual de Educação.
Dessa maneira, fica claro que o Conselho de Classe/Ano/Série/Termo tem
uma função pedagógica muito relevante na unidade escolar. É desejável, dessa perspectiva,
que tenha como norte a concepção de educação que considera que todos alunos são capazes
de aprender.
Frente a essas considerações, o CEE apresenta novo Projeto de Deliberação,
anexo a esta Indicação, compatibilizando os pontos principais da LDB nº 9.394/96 com a
legislação recente sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica, que
devem nortear os procedimentos de avaliação, reforço e recuperação da aprendizagem, e
pedidos de reconsideração e recursos aos resultados finais de avaliação de alunos do
Sistema de Ensino Fundamental e Médio do Estado de São Paulo.
2. CONCLUSÃO
20
Relatora
DELIBERAÇÃO PLENÁRIA
21