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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

ENFERMAGEM

Anderson Aparecido Santos Alves


Bárbara Maria Ferreira
Beatriz Dorighetti Fernandes
Heleine Isabelle Gomes Costa Ferreira de Andrade
Karina de Andrade Nascimento

RECÉM NASCIDO
CUIDADOS COM O RÉCEM NASCIDO

SÃO PAULO
2024
1
Anderson Aparecido Santos Alves
Bárbara Maria Ferreira
Beatriz Dorighetti Fernandes
Heleine Isabelle Gomes Costa Ferreira de Andrade
Karina de Andrade Nascimento

RECÉM NASCIDO
CUIDADOS COM O RÉCEM NASCIDO

Monografia apresentada ao curso de Enfermagem da


Universidade Cidade de São Paulo como Trabalho
Proposto para apresentação de Seminário.
Orientador: Alessandra Maria Miller Cotrim

São Paulo
2024

2
RESUMO
Neste trabalho buscamos esclarecer as informações sobre os principais cuidados com o
recém-nascido, onde apresentamos em tópicos alguns esclarecimentos sobre temas
relacionados ao recém-nascido e as necessidades básicas dele nos primeiros vinte e oito dias
de vida, pois, só é considerado um recém-nascido nos primeiros vinte e oito dias de seu
nascimento.

O recém-nascido, também conhecido como neonato, é um ser humano que acabou de


nascer e está nos primeiros dias ou semanas de vida. Este período é caracterizado por uma
rápida adaptação do bebê ao ambiente externo, onde ele passa por diversas mudanças
fisiológicas e comportamentais. Durante esse tempo, o recém-nascido desenvolve habilidades
básicas, como a sucção para se alimentar e o reflexo de agarrar quando estimulado. Além
disso, ele experimenta períodos de sono frequentes e intermitentes, com ciclos curtos de
vigília. Os cuidados básicos, como alimentação adequada, troca de fraldas, banho e carinho,
são essenciais para garantir o seu bem-estar e promover um desenvolvimento saudável.

Durante os primeiros meses de vida, o recém-nascido também passa por um período


de rápido crescimento físico e desenvolvimento neurológico. Ele começa a responder aos
estímulos do ambiente ao seu redor, como reconhecer a voz dos pais e virar a cabeça na
direção de sons familiares. Além disso, os pais têm a oportunidade de fortalecer o vínculo
afetivo com o bebê por meio de interações amorosas, como o contato pele a pele, o balançar
suave e o olhar nos olhos. Este é um momento precioso na vida do recém-nascido, cheio de
descobertas e aprendizados tanto para o bebê quanto para os pais.

Palavras Chave: recém-nascido, cuidados, neonato, desenvolvimento, adaptação,


estímulos, vínculo afetivo, interações amorosas.

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Sumário
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................5
2. CRESCIMENTO BIOLÓGICO..................................................................................6
3. DESENVOLVIMENTO FISICO................................................................................8
4. DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL .............................................................14
5. DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL .................................................................15
6. DESENVOLVIMENTO COGNITIVO....................................................................18
7. DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL...............................................................19
8. DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS....................................21
9. DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM.......................31
10. ATIVIDADES LÚDICAS.........................................................................................33
11. CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS ................................................................35
12. PREVENÇÃO DE ACIDENTES .............................................................................37
13. ATENÇÃO A SAUDE DO RECEM NASCIDO......................................................39
14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................42CONCLUSÃO
.......................................................................................................................................44

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1. INTRODUÇÃO

Nesta seção será apresentada uma breve introdução ao tema


Com os avanços tecnológicos e novos conhecimentos da medicina perinatal proporcionaram o
aumento da sobrevivência de recém-nascidos cada vez mais prematuros e com pesos de
nascimento mais baixos (PRIGENZI et al., 2008). No entanto, o advento de tais tecnologias,
que demandam conhecimentos mais complexos ocasionou, contudo, no afastamento familiar
dos zelos com o recém-nascido (RN), priorizando a ação da equipe de enfermagem nos
cuidados diretos ao RN, e excluindo ainda mais a família de seu processo de trabalho
(COSTA et al., 2009).
Com o aumento da sobrevivência de bebês de risco, configuram-se novos problemas e
situações de divergência, vivenciadas pelos pais, que se percebem perante da possibilidade de
ter que cuidar de uma criança dependente de tecnologia (CDT) ou que necessite de
abordagem especial e cuidados essenciais no decorrer de longos tempos. A CDT é aquela que
necessita de elementos tecnológicos e/ou farmacológicos indispensáveis para sua
sobrevivência, podendo estes estarem relacionados ao auxílio na nutrição, na medicação, na
respiração, entre outros (DRUCKER, 2007).
A assistência ao bebê prematuro envolve também o cuidado junto à família (COUTO;
PRAÇA, 2009) que, na presença de o nascimento prematuro, pode reagir de diferentes
maneiras. Segundo Kamada e Rocha (2006), ter um filho nascido prematuramente ou com
alguma patologia leva os pais a se sentirem angustiados e impotentes. O medo de perder o
bebê também é outra constante vivenciada pela família (DUARTE et al., 2010). Os pais,
contudo, podem apresentar alterações comportamentais, as quais vão desde a manifestação de
certa resistência em velar da criança ou segurá-la, até a sensação de impotência ou
incapacidade para auxiliar nos cuidados (SHAW et al., 2006).
As principais adaptações do neonato à vida extrauterina são cardiovascular, respiratória e
térmica, que podem ser influenciadas por fatores de risco, principalmente devido a problemas
maternos. Para sobreviver fora do útero, o neonato precisa atravessar com sucesso o período
de transição, que são aquelas que ocorrem no primeiro ano de vida, onde acontecem durante o
período de transição e nos primeiros 28 dias de vida.
Os problemas que surgem antes do nascimento do neonato podem estar relacionados a
problemas de saúde da mãe, que existiam antes da gravidez ou que surgiram durante a
gestação ou podem estar relacionados a problemas de saúde do feto. Objetivos: Verificar as
intervenções de enfermagem que norteiam situações relacionadas ao recém-nascido,
identificando ações e dificuldades enfrentadas pelo enfermeiro no processo de adaptação do
recém-nascido à vida extrauterina.
Com base nos dados citados, e ciente das informações, abordará os principais problemas
apresentados pelo recém-nascido após o nascimento, um questionamento levantado para
enfatizar os maiores cuidados de enfermagem relacionados aos primeiros momentos de vida
de um neonato, onde podem não se adaptar da forma desejada, e consequentemente,
necessitem de intervenções de enfermagem após o nascimento, visando a diminuição de
morbidade e mortalidade, além da melhoria da qualidade de vida.

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2. CRESCIMENTO BIOLÓGICO

O crescimento físico é avaliado pela aquisição de peso e altura apropriados e pelo aumento de
todos os órgãos (exceto o tecido linfático, que diminui de tamanho.
Fase 1 (do nascimento até a idade de 1 a 2 anos): essa fase é de crescimento rápido, embora a
taxa de crescimento diminua nesse período.
Como consequência, as condições em que ocorre o crescimento, em cada momento da vida da
criança, incluindo o período intrauterino, determinam as suas possibilidades de atingir ou não
seu potencial máximo de crescimento, dotado por sua carga genética.
O crescimento físico se refere a um aumento do tamanho do corpo (comprimento ou altura e
peso) e do tamanho dos órgãos. Do nascimento até um ou dois anos de idade, as crianças
crescem rapidamente. Após esse rápido crescimento do bebê e da criança pequena, o
crescimento diminui até chegar o estirão de crescimento do adolescente. À medida que o
crescimento se desacelera, as crianças precisam de menos calorias e os pais podem notar uma
redução do apetite. Crianças com dois anos de idade têm hábitos alimentares irregulares que
às vezes causam ansiedade nos pais. Algumas crianças parecem não comer praticamente nada,
mas continuam a crescer e a se desenvolver. Na verdade, elas geralmente comem um pouco
um dia e compensam comendo muito no dia seguinte.

Durante a idade pré-escolar e os anos escolares, o aumento da altura e do peso é constante. As


crianças tendem a crescer numa proporção similar todos os anos até a próxima aceleração do
crescimento acontecer, no início da adolescência.
Órgãos diferentes crescem em ritmos diferentes. O sistema reprodutor, por exemplo, passa por
um breve crescimento acelerado logo após o nascimento e, depois, muda muito pouco até
logo antes da maturação sexual (puberdade). Em contrapartida, o cérebro cresce quase
exclusivamente nos primeiros anos de vida. Os rins funcionam no ritmo adulto pelo final do
primeiro ano.
As crianças que estão começando a andar têm uma aparência física encantadora, com a
barriga projetada para frente e as costas curvadas. Elas podem também parecer ter as pernas
muito arqueadas. Até os três anos de idade, o tônus muscular aumenta e a proporção de
gordura corporal diminui, permitindo que o corpo pareça mais delgado e musculoso. Nesse
momento, a maioria das crianças é fisicamente capaz de controlar seu intestino e sua bexiga.
O médico determina o crescimento da criança em relação a outras da mesma idade e
supervisiona o aumento de peso em comparação com a altura. Entre o nascimento e os dois de
idade, o médico registra todos os parâmetros de crescimento em um gráfico tomando por base
as tabelas de crescimento da Organização Mundial da Saúde (OMS). Após os dois anos de
idade, o médico registra os parâmetros de crescimento tomando por base as tabelas de
crescimento dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control
and Prevention, CDC).

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Comprimento e altura
Em geral, o comprimento em bebês a termo aumenta em cerca de 30% até os cinco meses de
idade e em mais de 50% até os 12 meses de idade. Os bebês normalmente crescem cerca de
25 centímetros durante o primeiro ano, e a altura aos cinco anos de idade é cerca do dobro do
comprimento ao nascer. A maioria dos meninos alcança a metade da altura adulta por volta
dos dois anos de idade. A maioria das meninas alcança a metade da altura adulta por volta dos
19 meses de idade.
Peso
Os recém-nascidos a termo geralmente experimentam uma perda de peso de 5% a 8% do peso
ao nascer nos primeiros dias de vida, mas recuperam esse peso até o final das primeiras duas
semanas. Após esse período, eles normalmente ganham cerca de 30 gramas por dia nos
primeiros dois meses e meio quilo por mês após esse período. Esse ganho de peso geralmente
resulta em uma duplicação do peso ao nascer aos cinco meses e uma triplicação aos doze
meses de idade.
Circunferência da cabeça
A circunferência da cabeça é a medida ao redor do maior perímetro da cabeça da criança. O
médico utiliza uma fita métrica para medir o perímetro acima das sobrancelhas, rodeando as
orelhas e chegando à parte de trás da cabeça. Essa medida é importante, porque o tamanho da
cabeça reflete o tamanho do cérebro.
Ao nascer, o cérebro da criança tem 25% do tamanho que terá quando adulto e a
circunferência da cabeça mede aproximadamente 35 centímetros. Por volta de um ano de
idade, o cérebro da criança tem 75% do tamanho adulto. Por volta dos três anos de idade, o
cérebro da criança tem 80% do tamanho adulto. Por volta dos sete anos de idade, o cérebro da
criança tem 90% do tamanho adulto.
Perímetro cefálico
O perímetro cefálico é reflexo do tamanho cerebral, sendo medido rotineiramente até os 36
meses. Ao nascimento, o cérebro corresponde a 25% do tamanho do adulto, e o perímetro
cefálico tem, em média, 35 cm. O perímetro cefálico aumenta, em média, 1 cm/mês durante o
primeiro ano; o crescimento é mais rápido nos primeiros 8 meses, e até os 12 meses o cérebro
completa metade do seu crescimento pós-natal, correspondendo a 75% do tamanho adulto. O
perímetro cefálico aumenta mais 3,5 cm até os 2 anos; até os 3 anos, o cérebro corresponderá
a 80% do adulto e 90% até os 7 anos.
Composição corporal
A composição corporal (proporções da gordura e água do corpo) se altera e afeta o volume de
distribuição do fármaco. A proporção de gordura aumenta rapidamente de 13% ao nascimento
para 20 a 25% até os 12 meses.

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1. DESENVOLVIMENTO FISICO

Se preparando para o Nascimento


8º mês de gestação (29 a 32 semanas):
Mudanças para gestante
A mãe continua a ganhar cerca de meio quilo por semana e pode sentir desconforto quando o
bebê se mexe. Como ele já pode pesar até dois quilos, é possível que seus movimentos façam
pressão na caixa torácica da gestante. Ela pode ter dificuldade em manter o ritmo das
atividades cotidianas e se tornar mais introspectiva.
Desenvolvimento do bebê
Os pulmões e o sistema nervoso estão em fase de amadurecimento final e o risco de
prematuridade extrema já não existe.
9º mês de gestação (33 a 40 semanas):
Mudanças para a gestante
Conforme o bebê vai entrando em posição mais favorável ao parto, a mãe pode sentir alívio
na descompressão dos órgãos e respirar com mais facilidade.
Desenvolvimento do bebê
Os pulmões do bebê estão na fase final de amadurecimento, e o cérebro já cresceu muito e
está pronto para começar a receber os estímulos do mundo externo. O bebê nasce com cerca
de 50 centímetros de comprimento e pode pesar entre 2,5 e 4 quilos.
Nascimento (0 a 28 dias de Vida):
Nos primeiros dias de vida, o bebê dorme bastante, cerca de 20 horas por dia, e também pede
por muitas mamadas durante o dia. Com isso, ele também deve arrotar e sujar bastante a
fralda, pois o seu intestino ainda não está preparado para segurar o leite, além disso deve ir
demonstrando novos sinais com o tempo, como reflexos, sorrisos, foco, percepção de sons, O
bebê também deve crescer e ganhar peso.
O recém-nascido também deve responder a alguns estímulos como, por exemplo, apertar os
olhos em caso de luz forte, ou abrir a boca caso você acaricie as bochechas dele.
Fisiologia perinatal
Metabolismo neonatal da bilirrubina
Eritrócitos envelhecidos ou danificados são removidos da circulação pelas células reticulo
endoteliais, que convertem a heme a bilirrubina (1 g de hemoglobina produz 35 mg de
bilirrubina). Essa bilirrubina se liga à albumina e é transportada para o fígado, onde é
transferida para os hepatócitos. A seguir, a glucoronil transferase conjuga a bilirrubina com o
ácido uridil difosfoglicurônico (UDPGA) para formar a bilirrubina diglucoronide (bilirrubina
conjugada), que é secretada ativamente para dentro dos ductos biliares.
A bilirrubina diglucoronide caminha para o mecônio no trato gastrointestinal, mas não pode
ser eliminada, porque o feto normalmente não elimina fezes. A enzima betaglucoronidase,
presente na borda em escova do lúmen do intestino delgado do feto, é liberada para o lúmen
do intestino, onde desconjuga a bilirrubina glucoronide; a bilirrubina livre (não conjugada) é a
8
seguir reabsorvida do trato intestinal e volta para a circulação fetal. A bilirrubina fetal é
eliminada da circulação para o plasma materno pela placenta, seguindo um gradiente de
concentração. A seguir, o fígado materno conjuga e excreta a bilirrubina fetal.
Ao nascimento, a conexão placentária é interrompida e, embora o fígado neonatal continue a
absorver, conjugar e excretar bilirrubina na bile para que esta possa ser eliminada nas fezes,
os recém-nascidos não têm bactérias intestinais adequadas para oxidar a bilirrubina em
urobilinogênio no intestino; consequentemente, a bilirrubina inalterada permanece nas fezes,
conferindo a coloração amarela clara típica. Além disso, o trato gastrointestinal do recém-
nascido (semelhante ao do feto) contém betaglucoronidase, que desconjuga parte da
bilirrubina.
A alimentação leva ao reflexo gastrocólico e a bilirrubina é excretada nas fezes antes que a
maior parte seja desconjugada e reabsorvida. Mas, em muitos neonatos, a bilirrubina não
conjugada é reabsorvida e retorna à circulação vinda do lúmen intestinal (circulação entero-
hepática da bilirrubina), contribuindo para hiperbilirrubinemia fisiológica e icterícia. O
hematócrito aumentado e o menor tempo de vida dos eritrócitos no neonato resultam em
aumento da produção de bilirrubina e também contribuem para a hiperbilirrubinemia
fisiológica.
Função cardiovascular neonatal
O canal arterial fetal permanece aberto por causa da baixa PaO2 sistêmica (cerca de 25
mmHg), juntamente com as prostaglandinas produzidas no local. O forame oval é mantido
aberto pelas diferenças das pressões atriais: a pressão no átrio esquerdo é relativamente baixa
porque pouco sangue retorna dos pulmões, mas a pressão no átrio direito é relativamente
elevada porque grande volume de sangue retorna da placenta.
No feto, o sangue que entra no lado direito do coração já foi oxigenado pela placenta. Como
os pulmões não são ventilados, apenas uma pequena quantidade de sangue precisa passar pela
artéria pulmonar. A maior parte do sangue do lado direito do coração contorna os pulmões
através do Forame oval e Canal arterial, normalmente, essas duas estruturas se fecham logo
após o nascimento.

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Logo após o nascimento, ocorre um quadro inverso ao fetal, ou seja, a resistência sistêmica
torna-se maior do que a pulmonar. Portanto, a direção do fluxo sanguíneo torna-se invertida
no canal arterial persistente, criando uma derivação do sangue da esquerda para a direita
(chamada de circulação transicional). Esse estado dura do momento do nascimento (quando o
fluxo sanguíneo pulmonar aumenta e ocorre a oclusão funcional do forame oval) até cerca de
24 a 72 horas de vida, quando então o canal arterial se contrai.
Função endócrina neonatal
O feto depende completamente do suprimento materno de glicose via placentária e não
contribui para a produção de glicose. O feto começa a formar um suprimento hepático de
glicogênio no início da gestação, com armazenamento importante a partir da segunda metade
do terceiro trimestre. O fornecimento de glicose ao recém-nascido termina quando o cordão
umbilical é cortado; ao mesmo tempo, elevam-se os níveis circulantes de adrenalina,
noradrenalina e glucagon e diminuem os níveis de insulina. Essas alterações estimulam a
neoglicogênese e a mobilização do glicogênio hepático armazenado.
Nos recém-nascidos de termo, saudáveis, a glicemia alcança o nadir nos 30 a 90 minutos após
o nascimento, após o que o recém-nascido é capaz de manter a homeostase normal de glicose.
Lactentes considerados de alto risco de hipoglicemia neonatal incluem aqueles com depósitos
diminuídos de glicogênio (lactentes pequenos para a idade gestacional e prematuros),
lactentes criticamente enfermos com catabolismo aumentado de glicose e lactentes filhos de
mães com diabetes (hiperinsulinemia fetal secundária ou temporária).
No feto, a placenta é a principal fonte dos minerais necessários para a mineralização óssea
pelo transporte ativo de cálcio, magnésio e fósforo, que é estimulada pelo hormônio
paratireóideo materno e placentário (PTH) e pela proteína relacionada ao PTH (PTHrP). No
recém-nascido, os rins e intestinos controlam a liberação e a excreção desses minerais. A
produção fetal de PTH é suprimida pelos altos níveis circulantes de cálcio supridos pela
placenta. Quando o cordão umbilical é cortado ao nascimento, a infusão placentária de cálcio
cessa, causando uma queda de 20 a 30% nos níveis séricos de cálcio, alcançando um nível
mínimo em 24 a 48 horas
Função hematopoiética neonatal
A eritropoiese fetal ocorre no saco vitelino entre 2 e 10 semanas de gestação; no fígado, que é
o principal local da eritropoiese, até cerca de 18 semanas de gestação; e na medula óssea,
começando com cerca de 18 semanas de gestação e se tornando o local primário por volta da
30ª semana de gestação. Hematopoese extra medular cutânea pode ser observada em neonatos
que têm condições que causam anemia grave (p. ex., infecção congênita, anemia hemolítica).
Função imunológica neonatal
A função imune fetal se desenvolve ao longo da gestação e, assim, a imunodeficiência é mais
grave em pré-termos nascidos em idades gestacionais mais precoces. A maioria dos
mecanismos imunitários não é totalmente funcional mesmo em lactentes nascidos a termo.
Portanto, todos os recém-nascidos e lactentes menores são imunodeficientes quando
comparados aos adultos, tornando-os de alto risco de infecções. Esse risco é aumentado por
doença materna, estresse neonatal e medicamentos (p. ex., medicamentos imunossupressores,
anticonvulsivantes). A resposta imunitária diminuída do recém-nascido pode explicar a
ausência de febre ou sinais clínicos localizados (p. ex., meningismo) no quadro da infecção.
No feto, as células fagocitárias, presentes na fase do desenvolvimento do saco vitelino, são
críticas para as respostas inflamatórias no combate a infecções bacterianas ou fúngicas.
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Granulócitos e monócitos podem ser identificados no segundo e no quarto mês de gestação,
respectivamente. O nível funcional aumenta com a idade gestacional, mas ainda são baixos no
recém-nascido de termo.
Função pulmonar neonatal
O desenvolvimento pulmonar fetal avança pelas fases de organogênese e diferenciação.
Alvéolos razoavelmente bem desenvolvidos e pneumócitos tipo II produtores de surfactantes
estão presentes em torno da 25ª semana e continuam amadurecendo ao longo da gestação.
Para que ocorra a troca normal de gases ao nascimento, os líquidos alveolar e intersticial
devem ser imediatamente removidos.
Função renal neonatal
Ao nascimento, a função renal é, geralmente, reduzida, particularmente em lactentes
prematuros. A taxa de filtração glomerular aumenta progressivamente durante a gestação,
particularmente durante o terceiro trimestre. A FGR aumenta rapidamente nos primeiros
meses de vida; entretanto, até a idade de 1 a 2 anos, a FGR, a depuração da ureia e a
depuração tubular máxima alcançam níveis do adulto.
Crescimento na primeira infância (0-2 anos)
Durante o primeiro ano de vida, o crescimento é mais notável, evidenciado por um aumento
de cerca de 25cm no comprimento da criança.
Como atores principais, destacam-se os hormônios tireoidianos e também uma maior síntese e
secreção de GH. De modo semelhante, a nutrição adequada é essencial para os processos de
crescimento e desenvolvimento após o nascimento, sendo cerca de 40% das calorias ingeridas
desviadas para esse propósito no primeiro ano de vida. Os carboidratos consistem na principal
fonte de energia, e as proteínas são elementos estruturais fundamentais.
A flora intestinal do bebê
O intestino do bebê começa a se desenvolver por volta da quarta semana de gestação. Logo
após o nascimento, as fezes da criança têm uma aparência mais pegajosa e uma coloração
mais escura, o que chamamos de mecônio – isso é normal!
Após alguns dias, o cocô vai ficando mais amarelado e mais pastoso. Nos primeiros meses, o
bebê evacua com muito mais frequência do que uma criança maior (podendo chegar a 8 ou 10
vezes por dia). Assim como pode ficar até 10 dias sem evacuar, e ser tão normal quanto.
Conforme vai crescendo, o número de evacuações vai reduzindo até chegar ao padrão
evacuatório mais habitual. Além disso, os pais podem perceber também variações na
coloração e até no odor durante as trocas de fraldas. As primeiras fezes do bebê são
chamadas de mecônio. Elas têm um aspecto mais pegajoso, de cor esverdeada. São assim
diferentes devido aos líquidos que o pequeno ingeria enquanto estava no útero. Com a
amamentação, elas começam a clarear e adquirir um aspecto mais normal.
Aleitamento materno
Amamentar é muito mais do que alimentar. Além de nutrir, a amamentação promove o
vínculo afetivo entre mãe e filho e tem repercussões na habilidade da criança de se de- fender
de infecções, em sua fisiologia e em seu desenvolvimento cognitivo e emocional, e também
na saúde física e psíquica da mãe.

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Apesar de todas as evidências científicas provarem a superioridade do aleitamento materno
(AM) sobre outras formas de alimentar a criança pequena, a maioria das crianças brasileiras
não é amamentada por dois anos ou mais e não recebe leite materno exclusivo nos primei- ros
6 meses, como recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde
do Brasil. O profissional de saúde tem papel fundamental na promoção, proteção e apoio ao
AM. Para exercer esse papel ele precisa, além do conhecimento e de habilidades relacionados
a aspectos técnicos da lactação, ter um olhar atento, abrangente, sempre levando em con-
sideração os aspectos emocionais, a cultura familiar, a rede social de apoio à mulher, entre
outros aspectos.
O Ministério da Saúde adota as seguintes definições de AM, preconizadas pela OMS e
reconhecidas em todo o mundo:
* AME – quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou
leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes
contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos.
* AM predominante – quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base
de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais.
* AM – quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado),
independentemente de estar recebendo ou não outros alimentos.
* AM complementado – quando a criança recebe, além do leite materno, alimentos
complementares, que são alimentos sólidos ou semissólidos que complementam o leite
materno. Nesta categoria a criança pode estar recebendo, além do leite materno, outro tipo de
leite, mas este não é considerado alimento complementar.
* AM misto ou parcial – quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite.
Seguintes definições de AM, preconizadas pela OMS e reconhecidas em todo o mundo
* AME – quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou
leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes
contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos.
• AM predominante – quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à
base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais.
* AM – quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado),
independentemente de estar recebendo ou não outros alimentos.
* AM complementado – quando a criança recebe, além do leite materno, alimentos
complementares, que são alimentos sólidos ou semissólidos que complementam o leite
materno. Nesta categoria a criança pode estar recebendo, além do leite materno, outro tipo de
leite, mas este não é considerado alimento complementar.
* AM misto ou parcial – quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite.
Repercussões do AM no curto, médio e longo prazos
Já está devidamente comprovada, por inúmeros estudos científicos, a superioridade do leite
materno sobre outros tipos de leite. Contudo, para que o AM seja praticado segundo as
recomendações, é preciso que a sociedade em geral, e a mulher em particular, estejam
conscientizadas da importância da amamentação. A seguir são listadas as principais
repercussões do AM no curto, médio e longo prazos:

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* Redução da mortalidade na infância. O AM é a estratégia isolada que mais previne mortes
infantis, tendo o potencial de evitar 13% das mortes de crianças menores de 5 anos em todo o
mundo, por causas preveníveis.
Se iniciado precocemente, o efeito protetor do AM contra mortes infantis aumenta.
Nos primeiros dias, o leite materno é chamado colostro, e contém mais proteínas e menos
gorduras que o leite maduro. Já o leite de mães de RNs prematuros contém mais proteínas,
lipídeos e calorias que o de mães de bebês a termo.
A concentração de gordura no leite aumenta no decorrer de uma mamada e, por isso, o leite
do final da mamada (chamado leite posterior) é mais rico em energia (calorias) e sacia melhor
a criança; daí a importância de a criança esvaziar bem a mama.
O leite humano possui numerosos fatores imunológicos que protegem a criança contra
infecções. Entre eles, os anticorpos IgA ocupam lugar de destaque, atuando contra micro- -
organismos presentes nas superfícies mucosas. Eles são um reflexo dos antígenos entéricos e
respiratórios da mãe, proporcionando, desta maneira, proteção à criança contra os agentes
infecciosos mais prevalentes no meio em que ela vive. A concentração de IgA no leite
materno diminui ao longo do primeiro mês, permanecendo relativamente constante a partir de
então.
Além de IgA, o leite materno contém outros fatores de proteção, tais como anticorpos IgM e
IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, lizosima e fator bífido, entre
outros.
Alguns dos fatores de proteção do leite materno são totalmente ou parcialmente destruí- dos
pelo calor, razão pela qual o leite humano pasteurizado (submetido a uma temperatura de
62,5o C por 30 minutos) não tem o mesmo valor biológico que o leite cru.
A cor do leite varia ao longo de uma mamada e também com a dieta da mãe. O leite do início
da mamada (leite anterior) tem aspecto semelhante ao da água de coco, devido a seu alto teor
de água; é muito rico em anticorpos. O leite do meio da mamada tem uma coloração branca
opaca, conferida pela caseína. E o leite do final da mamada, o chamado leite posterior, é mais
amarelado, em virtude da maior concentração de betacaroteno, pigmento lipossolúvel presente
na cenoura, abóbora e vegetais de cor laranja, provenientes da dieta da mãe.
O leite pode ter aspecto azulado ou esverdeado quando a mãe ingere grande quantidade de
vegetais verdes.
Não é rara a presença de sangue no leite, que pode conferir a ele uma cor amarronzada. Esse
fenômeno é passageiro e costuma ocorrer nas primeiras 48 horas após o parto, sendo causado
pelo rompimento de capilares ao serem submetidos a um aumento súbito da pressão dentro
dos alvéolos mamários na fase inicial da lactação. Nesses casos, a amamentação pode ser
mantida, desde que o sangue não provoque náuseas ou vômitos na criança.
Amamentação em livre demanda
Recomenda-se que a criança seja amamentada sem restrições de horários e de duração das
mamadas. Nos primeiros meses, é normal que a criança mame com maior frequência e sem
horários regulares. Em geral, um bebê em AME mama de 8 a 12 vezes ao dia. O tempo
necessário para esvaziar uma mama varia para cada dupla mãe-bebê e, em uma mesma dupla,
também pode variar dependendo da fome da criança, do intervalo transcorrido desde a última
mamada e do volume de leite armazenado na mama, entre outros.

13
O mais importante é que a mãe dê tempo suficiente para que o bebê esvazie adequadamente a
mama.

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1. DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL

Desenvolvimento Psicossocial na Primeira Infância:


"O aprendizado está na capacidade lúdica de interagir com o ambiente. A brincadeira é a mais
nobre forma de agregar experiência. “Gabriel Mazin, 2016.
Logo na Primeira Infância começa a aparecer os sinais de personalidade da criança, seu
temperamento. Alguns são mais alegres, outros podem se irritar com mais facilidades, alguns
podem adorar brincar com outras crianças e outros não. Tudo isso engloba os aspectos iniciais
da personalidade da criança.
Emoção: "São as reações subjetivas à experiência e que estão associadas a mudanças
fisiológicas e comportamentais" (Papalia, 2013, p. 208). As emoções como tristeza, medo e
alegria são elementos básicos da personalidade das pessoas e é na primeira infância que
começam se manifestar. Nos é muito fácil perceber quando um recém-nascido está infeliz
(por dor, fome, etc), eles agitam as pernas e braços, soltam gritos agudos e enrijecem o corpo.
Na primeira infância eles se socializam dando risadas ao contato com outros adultos, ficam
em silêncio prestando atenção a voz humana, choram quando precisam de algo. Desde o
primeiro turbilhão de estímulos fora do útero a criança começa uma complexa interação com
o ambiente, que resultará em um incrível desenvolvimento psicossocial que determinará
muitas características subjetivas dela.
Até os 03 meses de idades os bebês estão abertos à estimulação. Demonstram interesse e uma
boa dose de curiosidade para tudo que os rodeia. Dos 03 meses até o 06º mês os bebês podem
se decepcionar quando algo não sai do jeito que esperavam, podem antecipar certos
acontecimentos (expectativa); podem ficar zangados. De 06 meses até os 09 meses podem
demonstrar alegria, medo, raiva e surpresa; nesse período começa a despertar um lado mais
sociável. Do 09º mês até um ano de idade os bebês conseguem demonstrar suas emoções de
forma mais clara, há variação no humor (parte subjetiva de sua personalidade), nesse período
pode começar a surgir as primeiras palavras o que pode ser um estímulo na interação com o
meio. Do 12º até o 18º mês o bebê tende em desenvolver um esboço do seu autoconceito,
querem se auto afirmar, nesse período começa a desenvolver a segurança tendo por base as
pessoas próximas, além de terem um pouco mais de autonomia para poderem explorar e
interagir o mundo.
É muito interessante quando um bebê, diante do desconhecido, procura uma referência em seu
cuidador (lê-se pessoa de confiança para ele) para com a situação. O ato de olhar para o seu
cuidador, buscando uma orientação para seu comportamento, chama-se de referenciação
social. Nessa referenciação o bebê busca uma compreensão de como agir em uma situação
que não é familiar para ele, situação confusa ou ambígua; note que fazemos isso até hoje
quando nos defrontamos com uma situação diferente, e buscamos nos indivíduos próximos
algo que no oriente.

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2. DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
Primeira Infância Desenvolvimento Psicossocial e Emocional Do Nascimento até os três anos
de idade.

"As experiências dos três primeiros anos de vida estão quase inteiramente perdidas para nós, e
quando tentamos entrar no mundo de uma criança pequena, chegamos como estrangeiros que
se esqueceram da paisagem e não mais falam a língua nativa."

(Fraiberg, Selva. The Magic Years, 1959)

As primeiras quatro semanas de vida do bebê é denomina de período neonatal, que é a fase de
transição entre a dependência intrauterina e a existência independente. As características
físicas dos bebês recém-nascidos são bem distintas, incluem uma cabeça grande (em
proporção ao restante do corpo) que em média é um 1/4 do corpo e um queixo recuado (que
facilita na amamentação). Uma curiosidade sobre o crânio dos neonatos é que ele só estará
completamente formado (ossos unidos) por volta do 18º mês. Sabemos que o nascimento é
um período muito delicado para o bebê (e mãe), ele vem de uma situação completamente
dependente da mãe; a circulação sanguínea, respiração, nutrição, eliminação de resíduos e a
regulação da temperatura são realizados através do corpo da mãe e, após o nascimento, os
sistemas e funções corporais do bebê devem operar por contra própria.

Desenvolvimento Físico na Primeira Infância:

Nos primeiros meses de vida a criança se desenvolve muito rápido, esse crescimento é rápido
e contínuo até os primeiros três anos de vida. Em relação aos outros períodos do
desenvolvimento e, em termos de crescimento, esse é o mais rápido. O peso do bebê aos cinco
meses praticamente dobra, e com 1 ano de vida mais que triplica.

"A dentição começa a aparecer por volta dos três ou quatro meses, quando o bebê pega tudo o
que vê e põe na boca; mas o primeiro dente talvez se manifesta somente entre o quinto e nono
mês [..]" (PAPALIA, 2013, p.148).

A nutrição adequada é imprescindível para um crescimento saudável. A alimentação da


criança muda rapidamente durante os três primeiros anos de vida. Inicialmente o bebê
necessita exclusivamente do leite materno, que pode ser chamado de "o alimento saudável por
excelência" porque oferece muitos benefícios aos bebês, porém muitas vezes a alimentação
pelo leite materno não é possível; como alternativa de alimentação, a criança deve receber
uma fórmula enriquecida com ferro, baseada em leite de vaca ou proteína de soja, e que
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contenha suplementos de vitaminas e sais minerais para suprir as necessidades da criança.
Somente depois de muitos meses de vida a criança pode começar a tomar leite de vaca.

O fato da mãe não poder amamentar o bebê não impede de que o momento da alimentação
proporcione todo o contato afetuoso e vínculo emocional entre mãe e filho, igual a
amamentação através do seio. Alimentar o bebê é um ato emocional e físico, essa ligação
pode ocorrer através da alimentação da mamadeira, peito, ou qualquer outra forma
assistencial. O que importa durante a alimentação é o afeto e aconchego oferecidos à criança
em relação ao método.

Capacidades Sensoriais: No nascimento o bebê já é provido de suas capacidades sensoriais


que o ajuda a entender o mundo que o rodeia.

Tato: Este é o primeiro sentido a se desenvolver e o que amadurece mais rápido. Tende de
tocar o rosto, próximo a boca, de um bebê e notará que a resposta dele a esse estímulo será de
abrir a boca e procurar pelo possível mamilo.

Olfato e Paladar: Esses sentidos começam a se desenvolver no útero; auxiliando na


preferência por odores agradáveis que começa durante a vida intrauterina e se estendo pelo
resto da vida.

Audição: Essa capacidade sensorial já é funcional antes mesmo do nascimento; desde a


barriga o bebê responde a certos estímulos auditivos externos, principalmente pela voz
materna. Após o nascimento o bebê começa a discriminar as diferentes vozes que ouve. É
fundamental identificar o mais cedo possível alguma deficiência auditiva pois a audição é
fundamental para o desenvolvimento da linguagem.

Visão: É o sentido menos desenvolvido após o nascimento. Os nervosos ópticos não estão
totalmente desenvolvidos assim como as estruturas da retina.

Desenvolvimento Motor: Não precisamos ensinar os recém-nascidos as habilidades básicas


como engatinhar, andar, agarrar, levantar o pescoço, etc. Eles só precisam de espaço,
liberdade, e uma certa proporção de maturidade corporal para verem o que podem fazer. Se os
músculos, ossos e o sistema nervoso central estiverem preparados para exercer determina
atividade e o ambiente proporcionar a devida oportunidade para a prática e aprendizado, as
crianças apresentaram novas habilidades que com toda certeza surpreenderam os adultos.

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Nessa fase, cada aprendizado de habilidades simples prepara o bebê para uma nova
oportunidade de experiência que proporcionará uma nova aprendizagem; posteriormente essas
habilidades simples se combinam em Sistemas de ação que são cada vez mais complexos e
permitem um maior controle e interação com o ambiente onde o mesmo está inserido.

Sistema de ação: Combinação de habilidades simples em uma outra mais complexa.

Você sabia que quando o recém-nascido responde ao estímulo do mamilo, com movimentos
de sucção, tal resposta é um comportamento reflexo?

Esse ato reflexo auxilia o bebê na ingestão de líquidos (ex: Leite Materno), tal função
pertence ao sistema nervoso central que ao ser estimulado retorna comandos motores como
resposta.

Quais os benefícios do aleitamento materno em relação à alimentação por "leite artificial"?

Bebês alimentados com leite materno:

Estão menos propensos a contrair doenças infecciosas como diarreia, infecções respiratórias,
otite média e infecções estafilocócicas, bacterianas e do trato urinário.

 Apresentam menor risco de síndrome da morte súbita infantil e de morte pós-neonatal.


 Apresentam menor risco de doença inflamatória intestinal.
 Possuem melhor acuidade visual, desenvolvimento neurológico e saúde cardiovascular de
longo prazo, incluindo níveis de colesterol.
 Estão menos propensos a desenvolver obesidade, asma, eczema, diabetes, linfoma,
leucemia infantil e doença de Hodgkin.
 Estão menos propensos a apresentar retardo motor ou na linguagem.

Mães que amamentam:

 Recuperam-se mais rapidamente do parto e com menor risco de sangramento pós-parto.


 Estão mais propensas a retornar ao seu peso pré-gestação e menos propensas a
desenvolver obesidade de longo prazo.
 Apresentam risco reduzido de anemia e quase nenhum risco de reincidência de gravidez
durante a amamentação.
 Declaram sentirem-se mais confiantes e menos ansiosas.
 Estão menos propensas a desenvolver osteoporose e câncer de mama pré-menopáusico.

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3. DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

Os bebês nascem com a capacidade de aprender com tudo aquilo que podem ver,
ouvir, degustar, cheirar e tocar, além de serem capazes (em limitada proporção) de lembrarem
o que aprenderam. Apesar da maturação ser um fator limitante, porém, a estimulação externa
se faz muito mais importante para o desenvolvimento cognitivo nos bebês.

Para que possamos falar de Desenvolvimento Cognitivo na Primeira Infância,


precisamos evocar o nome de Jean Piaget que, além de psicólogo, foi um biólogo e
epistemólogo e foi ele quem desenvolveu a teoria cognitiva dos Estágios do Desenvolvimento
Cognitivo. Na primeira infância a criança se encontra no estágio sensório-motor (até
aproximadamente dois anos) onde ela busca ter controle de suas habilidades motoras e
aprender sobre o que a rodeia. Após os dois anos a criança entra no estágio pré-operatório, tal
estágio dura até aproximadamente os seis anos. No estágio sensório-motor, os bebês
aprendem sobre si mesmos e sobre o mundo mediante a constante interação de suas atividades
sensoriais e motoras. Segundo PIAGET (1945) "é nesse período que os bebês passam de seres
que respondem por meio de reflexos e comportamentos aleatórios a crianças orientadas para
uma meta".

As principais características do estágio sensório-motor segundo Piaget, que vai até


aproximadamente dois anos de idade, são:

 Exploração (interação) do ambiente, tanto de forma manual quando visual.

 Aprendizagem por imitação.

 Ações como agarrar, sugar, atirar, bater e chutar.

 A coordenação dessas ações proporciona o surgimento do pensamento.

 A centralização em si mesmos.

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4. DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL

Desenvolvimento da Fala (linguagem): O bebê inicialmente começa emitindo sons que


evoluem com o passar do tempo. Tudo começa com o choro, é desse modo que o bebê
manifesta suas necessidades e sentimentos, depois evolui para arrulho e balbucio até que,
acidentalmente, imita algum som de palavras escutadas. Depois que ele entende sua
capacidade de imitação, começa a imitação deliberada que é o domínio daquele som (dentro
da sua limitação) e a reprodução do mesmo de acordo com a sua vontade.

Os sons que são emitidos pelos bebês para se comunicarem são conhecidos como fala
pré-linguística. No estágio sensório-motor, especificamente a primeira infância, o bebê evolui
sua capacidade de reconhecer e entender sons de fala e gestos significativos. Pode acontecer
do atraso na fala, e considera-se normal desde que se exclua qualquer deficiência física que
impeça a criança de falar; é considerado "normal" pois há crianças que devido a pouco
estímulo externo, continuam com sua fala pré-linguística porque, dessa forma, basta para que
suas vontades sejam atendidas, não precisa de esforço para que os adultos a entenda.

De forma geral, os bebês aprendem falar por imitação e as primeiras palavras deles
começam a aparecer por volta do primeiro ano de vida.

Chamamos de desenvolvimento cognitivo o processo que amplia a capacidade de uma


pessoa de processar informações. Para isso, etapas envolvidas são:

 Aquisição de recursos conceituais;

 Habilidades perceptivas;

 Aprimoramento da linguagem;

 Amadurecimento do cérebro.

Juntos, esse conjunto de mecanismos é o que nos ajuda a impulsionar o raciocínio,


abstração, imaginação e linguagem. Resumidamente, é o que nos torna capazes de pensar e
compreender o mundo ao nosso redor.

Assim como ocorre em outras áreas, os marcos do desenvolvimento cognitivo em


bebês acontecem desde o momento do nascimento e seguem durante boa parte da infância.

Veja abaixo quais são os marcos do desenvolvimento cognitivo infantil em bebês:


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0 a 3 meses:

 Prestar atenção na face humana: mesmo que não consiga fixar o olhar, desde o
primeiro mês o bebê já demonstra interesse em faces humanas.

 Reagir a sons e à voz humana: nesta idade, ele também reconhece e reage a sons
altos e vozes.

 Fixar o olhar: aos dois meses, bebês já conseguem fixar o olhar em rostos humanos.
Nesta fase, eles também começam a prestar atenção quando ouvem vozes e
conseguem seguir uma pessoa ou objeto com os olhos.

 Explorar o mundo: também é nesse período que bebês começam a apresentar uma
vontade em explorar o mundo ao seu redor. Aqui, eles têm grande interesse por sons,
contrastes visuais e luzes. Esse momento acompanha outros marcos do
desenvolvimento da fala e socialização, como o sorriso social.

 Descoberta das mãos: aos três meses é quando o bebê percebe as próprias mãos.
Nesta fase, é muito comum que eles levem as mãos à boca e brinquem.

 Explorar o campo visual: também com três meses, bebês já começam uma
exploração de tudo que está em seu campo visual, aqui eles reagem e procuram fontes
de sons, além de conseguir segurar brinquedos por alguns segundos quando colocados
em suas mãos.

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5. DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS

As patologias neurológicas do recém-nascido (RN) apresentam uma etiologia bastante


variada. Compreendem desde patologias que afetam o embrião, como as malformações do
Sistema Nervoso Central (SNC) e as cromossomopatias, passando pelas que comprometem o
desenvolvimento do SNC do feto, como as infecções congênitas, patologias placentárias ou
maternas, até aquelas que afetam o RN, como as complicações do trabalho de parto, da
prematuridade e outras relacionadas com patologias adquiridas durante o período neonatal:
encefalopatia hipóxico-isquêmica, hemorragias intracranianas, meningites e encefalites,
convulsões, tocotraumatismos, distúrbios metabólicos e intoxicações.

Exame neurológico do RN

O exame neurológico no período neonatal tem os seguintes objetivos:

1. diagnosticar uma disfunção aguda do SNC (p. ex.: diagnosticar o comprometimento do


SNC em um RN asfixiado);

2. permitir o acompanhamento evolutivo de uma patologia neurológica estabelecida (p. ex.:


acompanhamento de um RN com meningite bacteriana);

3. dar informações que possam ser utilizadas para o prognóstico neurológico a médio e longo
prazo (p. ex.: prognóstico de RN pré-termo com hemorragia intracraniana).

Esses objetivos nem sempre podem ser totalmente atingidos na totalidade dos casos, pois
uma série de funções nervosas superiores relacionadas a processos de linguagem,
comportamento e inteligência ainda não são passíveis de avaliação no período neonatal.

A padronização do exame neurológico é fundamental, a fim de que os resultados possam ser


confiáveis. Assim, o ambiente em que o exame será realizado deve ser bem iluminado e
apresentar uma temperatura compatível com o fato do RN ser examinado despido. O
examinador deve realizar o exame no menor tempo possível, evitando movimentos bruscos e
manipulação excessiva que desencadeiam o choro e irritabilidade os quais podem prejudicar a
interpretação de determinadas manobras e reflexos. O exame deve ser

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Idealmente realizado no intervalo entre as mamadas pois, logo após a alimentação, o RN se
encontra sonolento e é difícil mantê-lo desperto e, antes das mamadas, ele freqüentemente
chora e se irrita com maior facilidade, o que prejudica a interpretação de alguns testes (p. ex.:
o reflexo de sucção geralmente se encontra deprimido após as mamadas e a avaliação do tono
muscular não é confiável num RN chorando).

Antes de discutirmos a técnica de avaliação propriamente dita, é essencial que se introduza o


conceito dos “estados comportamentais”. É comum que o neonatologista examine um RN sem
se preocupar se ele está desperto ou dormindo. Para determinados tipos de semiologia, como a
pulmonar e a respiratória, é até interessante que a criança esteja dormindo, pois assim
consegue-se ouvir melhor as bulhas cardíacas e a ausculta pulmonar. Estados
comportamentais são variáveis que identificam comportamentos consistentemente observados
num RN normal e que refletem o status de funcionamento do SNC naquele momento em que
são observados. Os cinco estados comportamentais no RN a termo com base na observação de
três variáveis: abertura ocular, padrão respiratório e movimentos corpóreos.

Algumas respostas reflexas que integram o exame neurológico do RN mostram uma


dependência nítida com certos estados comportamentais. Os reflexos proprioceptivos são
facilmente obtidos nos estados 1 e 3, entretanto estão abolidos ou hipoativos no estado 2. Os
reflexos exteroceptivos estão presentes nos estados 2 e 3, mas encontram-se deprimidos no
estado 1. Além disso, o clono do pé, uma resposta normalmente considerada patológica, pode
ser encontrado no estado 1 sem que isto tenha um significado patológico.

A questão pode a princípio parecer irrelevante, pois os reflexos estão presentes na sua forma
habitual no RN desperto. Entretanto, é muito comum que algumas provas do exame
neurológico neonatal sejam pesquisadas com a criança dormindo, sem que o examinador se
preocupe em observar os estados comportamentais, o que obviamente poderia falsear os
resultados. Assim, na dúvida, é melhor que o exame seja realizado com a criança desperta
durante todo o transcorrer da avaliação.

Assim, inicia-se o exame com a criança despida, em decúbito dorsal horizontal. Nessa posição
são observadas as posturas e a motilidade espontânea. O RN apresenta normalmente uma
postura assimétrica, com a cabeça lateralizada e os membros em semiflexão, devido à
hipertonia fisiológica característica dessa faixa etária. Movimentos de flexão-extensão dos
membros, do tipo “pedalagem ou natatórios”, são os predominantes. A presença de assimetria
evidente na motilidade é sinal de anormalidade. O tono e a força muscular são examinados a
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seguir, através de manobras de contenção da movimentação ativa e de “rechaço” das
extremidades (o examinador promove a extensão passiva da extremidade do RN que é
liberada a seguir observando do se o retorno ao padrão flexor normal), bem como através das
medidas dos ângulos das principais articulações dos MMII e MMSS (ângulos pé-perna e
poplíteo, nos MMII e ângulo da “janela” e “manobra do cachecol” nos MMSS). A pesquisa
dos reflexos miotáticos (patelar, aquileu, adutor, estilo-radial, bicipital e tricipital) e dos
reflexos nociceptivos superficiais (cutâneo-plantar e cutâneos-abdominais) é realizada da
forma habitual. Todos esses reflexos estão presentes no RN a termo normal. Os seguintes
reflexos arcaicos ou primitivos, podem ser testados nessa posição: preensão palmar e plantar,
sucção, voracidade, extensão cruzada, tônico- cervical (Magnus de Klein), Babkin e Moro. A
testagem de alguns pares cranianos pode ser realizada nessa posição:

a fixação e seguimento visual; avaliação dos diâmetros e reatividade pupilar à luz;


motricidade ocular extrínseca (através da prova dos “olhos de boneca”); mímica facial
(principalmente observada durante o choro); cócleo- palpebral (piscamento após estímulo
sonoro); deglutição, movimentos mastigatórios e linguais (observados durante a sucção)
Termina-se essa fase do exame com a manobra de tração, na qual o RN é tracionado pelos
MMSS da posição deitada para a sentada, observando-se o grau de sustentação cefálica e o
equilíbrio transitório da cabeça em relação ao tronco na posição sentado.

A seguir coloca se o RN em decúbito ventral horizontal, observando a elevação transitória e


rotação lateral da cabeça em relação à superfície do local do exame. A pesquisa do reflexo de
Gallant ou de encurvamento do tronco pode ser feita nessa posição. O reflexo anal (contração
do ânus à estimulação perineal) deve ser pesquisado a seguir. Sua ausência, como em casos de
mielomeningocele, aponta para um comprometimento das porções sacrais da medula espinal.

A seguir, eleva-se o RN do leito em decúbito ventral, sustentado pela mão do examinador,


observando-se a curvatura do dorso e a posição da cabeça em relação ao tronco.

Com o RN suspenso pelas axilas em posição vertical, o examinador executa um movimento


de rotação de 360 de cada lado, observando as respostas óculo-vestibulares. Os reflexos de
apoio plantar e a marcha reflexa são testados a seguir.

A pesquisa da sensibilidade somática geral do RN é tarefa difícil pois, em geral, apenas é


possível objetivar as respostas desencadeadas por estímulos dolorosos, os quais
freqüentemente desencadeiam choro e irritabilidade na criança, prejudicando o restante do

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exame. Deve-se testá-la no final da avaliação. Um estímulo doloroso é aplicado sobre a
região a ser examinada (objeto pontiagudo não perfurante) e a resposta do tipo retirada ou
choro é observada.

O exame do crânio, com a medida do perímetro cefálico (PC), palpação dos ossos do crânio,
suturas e fontanela, elas são parte importante da avaliação. A tensão da fontanela bregmática,
medida através da palpação da mesma, reflete a pressão intracraniana e deve ser realizada
com o RN elevado de 30 em relação ao leito, sem que a criança esteja chorando ou realizando
algum tipo de esforço físico; nessa posição a fontanela deve estar plana. A medida do PC deve
ser confrontada com tabelas de normatização respeitando-se a IG. Macrocefalia ou
macrocrania são os termos utilizados para definir um PC acima do percentil 98 e, microcefalia
para aqueles abaixo do percentil 2, para uma dada IG. As macrocefalias são encontradas em
casos de hidrocefalia de qualquer etiologia, enquanto que as microcefalias são observadas em
algumas malformações do SNC e certas infecções congênitas, como a citomegalovirose e a
rubéola.

O exame da coluna vertebral deve ser feito em toda sua extensão tomando-se particular
atenção para o encontro de tumorações, depressões, deformidades e anormalidades cutâneas
(presença de angiomas ou tufos de pelos) que, em geral, denotam patologias da região, como
as meningomieloceles, diastematomielias, lipomas e seios dermóides.

A avaliação do desenvolvimento da criança é de suma importância para uma infância


saudável. Haja vista que a identificação de algumas alterações no padrão esperado para a
idade de cada uma permite que intervenções precoces sejam feitas e o resultado seja o melhor
possível, isto é, a reversão ou a diminuição de um prejuízo no desenvolvimento
neuropsicomotor da criança.

Nesse contexto, as aquisições motoras da criança começam a ser avaliadas já no recém-


nascido, o qual apresenta uma série de reflexos motores primitivos.

1. Maturação do Sistema Nervoso Central

Os reflexos primitivos do recém-nascido possuem um padrão muito imaturo de caráter


automático e refletem a maturação do sistema nervoso central (SNC), que é quando as
estruturas neurológicas mais recentes vão se tornando funcionais à medida em que há o
processo de mielinização, arborização e formação de novas sinapses.

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Tais reflexos são considerados fisiológicos nos primeiros meses de vida e desaparecem ou
são substituídos por movimentos voluntários (por volta dos seis meses), ou seja, o bebê passa
a apresentar respostas controladas corticalmente ao invés de respostas reflexas do tronco
encefálico.

Sendo assim, tanto a ausência inicial quanto a persistência tardia desses reflexos podem
indicar alguma patologia neurológica pelo fato da maturação do SNC não ter sido alcançada
por completo, como ocorre na paralisia infantil, ou podem até reaparecer na vida adulta em
algumas doenças neurológicas, sobretudo naquelas que acometem o lobo frontal.

Além disso, é válido ressaltar que a maturação do SNC não só inibe os reflexos primitivos
do recém-nascido, mas também permite o desenvolvimento intelectual, sensorial e da
atividade reflexa postural de forma integrada, o que torna ainda mais importante o
acompanhamento do bebê a fim de constatar a evolução e desenvolvimento esperados.

2. Avaliação dos reflexos

A avaliação das aquisições motoras envolve alguns reflexos principais, como o reflexo de
Moro e outros reflexos primitivos do recém-nascido, cujas presenças ou ausências devem ser
interpretadas em conjunto para que não haja nenhum equívoco.

Reflexo de Moro

Ao ser colocada em posição supina, a cabeça da criança é suspensa com suporte pelo
examinador, levantando também o corpo da criança minimamente. Num movimento súbito, o
examinador solta a criança, simulando uma queda e presenciando o reflexo de Moro em
condições normais, mas logo em seguida já sustenta a cabeça da criança novamente.

Durante o reflexo de Moro, observa-se uma abdução e extensão dos membros superiores com
abertura das mãos seguida de uma adução e flexão cruzada destes membros. Esse reflexo
primitivo, que avalia a cintura escapular da criança, desaparece e tende a se integrar por volta
do 5º ou 6º mês de vida do bebê, não devendo persistir no segundo semestre.

Reflexo tônico-cervical

Ao ser colocada em posição supina, a cabeça da criança deve ser rotacionada em 90° para um
dos lados pelo examinador e assim permanecer durante 15 segundos.

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O reflexo tônico-cervical assimétrico será perceptível pela extensão ipsilateral (à rotação) dos
membros superior e inferior e flexão contralateral (do lado occipital) dos membros superior e
inferior.

Esse reflexo primitivo, também conhecido como reflexo do esgrimista ou reação de Magnus-
Kleijn, pode indicar algum comprometimento neural caso seja exagerado ou se torne
persistente, isto é, ultrapasse o terceiro mês de vida. E, assim como o reflexo de Moro, o
reflexo tônico-cervical assimétrico não deve estar presente do segundo semestre de vida.

Preensão palmar e plantar

Para avaliar o reflexo de preensão palmar, o examinador deve posicionar o dedo index na
palma da mão da criança, obtendo como resposta a flexão dos dedos. Já o reflexo de preensão
plantar é avaliado com o examinador colocando o polegar na planta do pé do bebê, logo
abaixo os dedos, observando também a flexão dos mesmos.

Ambos os reflexos são substituídos por ações voluntárias. No entanto, o reflexo da


preensão palmar desaparece entre 4 e 6 meses, enquanto o reflexo da preensão plantar
desaparece por volta dos 15 meses de vida.

Reflexo cutâneo-plantar

A fim de avaliar o reflexo cutâneo-plantar, o examinador deve estimular a porção lateral do


pé da criança, no sentido proximal-distal.

Após realizar esse movimento, será observada a extensão do hálux que, apesar de ser um
indicativo de lesão neurológica no adulto, é considerado normal na criança até os 18 meses de
vida.

Reflexo da marcha reflexa

Para verificação da marcha reflexa, o avaliador deve segurar e suspender a criança pelo
tronco, mas permitindo que ela toque os pés em uma superfície.

O reflexo será obtido com a inclinação do corpo da criança após obter o apoio plantar, estando
presente já nos primeiros dias de vida e desaparecendo entre a 4ª e 8ª semana de vida da
criança.

Reflexo da voracidade
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Para avaliar o reflexo da voracidade, que também é chamado de reflexo dos pontos cardeais
ou da busca, o examinador deve tocar a região perioral da criança. O que fará com que ela
vire a cabeça em direção ao estímulo, abrindo a boca e realizando uma tentativa de sucção
com protrusão da língua.

Por anteceder a pega correta, esse reflexo é extremamente importante para a amamentação.
Ainda assim, espera-se que ele desapareça por volta dos 4 meses de vida.

Reflexo de sucção

O reflexo de sucção está intimamente relacionado com o reflexo da voracidade, mas pode ser
avaliado individualmente com a presença de um estímulo tátil nos lábios ou a inserção de um
objeto na boca da criança, como uma chupeta ou o próprio dedo do examinador.

Seu desaparecimento se dá por volta dos dois meses de vida e, ainda que sua ausência possa
indicar uma lesão neurológica grave, alterações no reflexo de sucção são muito inespecíficas.

Reflexo de Galant

Ao verificar o reflexo de Galant, a criança deve estar em decúbito ventral, suspenso pelo
examinador ou não, o qual deve realizar um estímulo tátil na região dorso-lateral da criança.

Com isso, tanto o quadril quanto o tronco da mesma se direcionarão para o lado no qual
ocorreu o estímulo, ou seja, será observado um encurtamento do tronco ipsilateral.

Realizando esta manobra, que desaparece por volta dos 2 meses de vida, o examinador
conseguirá avaliar a cintura pélvica da criança.

Moro

Estímulo: mudança brusca de posição, reação de susto ao simular queda ou barulho alto.

Resposta: abdução e extensão dos MMSS com abertura das mãos seguida de uma adução e
flexão cruzada destes membros.

Preensão palmar e plantar

Estímulo: Posicionar dedo na palma da mão ou planta do pé

Reposta: flexão dos dedos do bebê.

Tônico cervical

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Estímulo: em posição de supina, rotação lateral cefálica.

Resposta: extensão dos membros ipsolaterais e flexão dos contralaterais.

Galant

Estímulo: bebê em decúbito ventral, realizar um estímulo tátil na região dorso-lateral.


Resposta: encurvamento do dorso se afastando do estímulo, sendo possível avaliar cintura
pélvica do bebê.

Sucção

Estímulo: pressão sobre a língua.

Resposta: movimentos de sucção.

Cutâneo-plantar:

Estímulo: porção lateral do pé da criança, no sentido proximal-distal.

Resposta: extensão do hálux.

ESCALA DE APGAR

Imediatamente após o nascimento, a necessidade de reanimação depende da avaliação rápida


de quatro situações referentes à vitalidade do concepto, sendo feitas as seguintes perguntas:

 Gestação a termo?
 Ausência de mecônio?
 Respirando ou chorando?
 Tônus muscular bom?

Se a resposta é sim a todas as perguntas, considera-se que o RN está com boa vitalidade e não
necessita de manobras de reanimação.

A determinação da necessidade de reanimação e a avaliação de sua eficácia dependem da


avaliação simultânea de dois sinais:

 Respiração.
 Frequência cardíaca (FC).
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A FC é o principal determinante da decisão de indicar as diversas manobras de reanimação.
Logo após o nascimento, o RN deve respirar de maneira regular e suficiente para manter a FC
acima de 100bpm. A FC é avaliada por meio da ausculta do precórdio com estetoscópio,
podendo eventualmente ser verificada pela palpação do pulso na base do cordão umbilical.
Tanto a ausculta precordial quanto a palpação do cordão podem subestimar a FC.

A avaliação da coloração da pele e das mucosas do RN não é mais utilizada para decidir
procedimentos na sala de parto. Estudos têm mostrado que a avaliação da cor das
extremidades, do tronco e das mucosas é subjetiva e não tem relação com a saturação de
oxigênio ao nascimento.

Além disso, RN com esforço respiratório e FC adequados podem demorar alguns minutos
para ficarem rosados. Nos RNs que não precisam de procedimentos de reanimação ao nascer,
a saturação de oxigênio com um minuto de vida situa-se ao redor de 60% – 65%, só atingindo
valores de 87% – 92% no quinto minuto de vida.13

O processo de transição para alcançar saturação de oxigênio acima de 90% requer cinco
minutos ou mais em RNs saudáveis que respiram ar ambiente.

O boletim de Apgar não deve ser utilizado para determinar o início da reanimação nem as
manobras a serem instituídas no decorrer do procedimento. No entanto, sua aferição
longitudinal permite avaliar a resposta do RN às manobras realizadas e a eficácia dessas
manobras. Se o escore é inferior a sete no quinto minuto, recomenda-se sua aplicação a cada
cinco minutos, até 20 minutos de vida. Enfatiza-se que, apesar da subjetividade e da
dificuldade em aplicá-lo em RN sob ventilação, o acompanhamento dos escores de Apgar em
uma instituição permite identificar a necessidade de implementar programas educacionais e
melhoria no cuidado perinatal, além de verificar o impacto das intervenções na qualidade do
serviço. É necessário que a documentação do escore de Apgar seja concomitante à dos
procedimentos de reanimação executados, em formulário específico.

O índice de Apgar é uma expressão da condição fisiológica do bebé num momento específico
e inclui algumas apreciações subjetivas, como a avaliação da cor da pele, entre outros
parâmetros.

O teste de Apgar não determina a necessidade de uma reanimação do recém-nascido, mas é


uma ferramenta útil para a tomada de decisões quanto à sua saúde nos primeiros minutos de
vida. O Programa de Reanimação Neonatal norte-americano recomenda que a reanimação, se

30
necessária, seja aplicada de imediato, mesmo antes do primeiro minuto de vida, portanto,
antes da avaliação pelo teste de Apgar. Neste caso, o índice de Apgar será uma ferramenta útil
para avaliar a resposta do recém-nascido à reanimação. Escala de Apgar, trata-se de uma
linguagem universal para analisar cinco aspectos da criança: cor, frequência cardíaca,
respiração, irritabilidade reflexa e tônus muscular. Cada item recebe uma nota de zero a dois,
podendo somar 10 pontos.

A escala de Apgar, é um dos métodos mais utilizados para a avaliação imediata do recém-
nascido (RN), principalmente, no primeiro e no quinto minutos de vida. O teste foi
desenvolvido para avaliar 5 sinais objetivos do recém-nascido, atribuindo a cada sinal uma
pontuação de 0 a 2.

Classificação

Cerca de 90% dos bebês nascem em ótimas condições, com nota geral de 8 a 10. Abaixo
disso,
os
índices

31
revelam dificuldades: 7 (leve), de 4 a 6 (moderada) e de 0 a 3 (grave). A falta de oxigenação
no organismo (anoxia) pode ser uma das consequências caso os problemas persistam por mais
tempo.

6. DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM

A linguagem é um sistema de comunicação baseado em palavras e gramática. Uma vez


conhecidas as palavras, a criança pode usá-las para representar objetos e ações. Ela pode
refletir sobre pessoas, lugares e coisas; e pode comunicar suas necessidades, sentimentos e
ideias a fim de exercer mais controle sobre sua vida.

A linguagem no início da vida dos bebês é algo bem amplo, pois se utilizam de diferentes
tipos de linguagem para expressar suas necessidades, desejos, desagrados e sentimentos,
como a linguagem não verbal, que ocorre através de simbologias e pode ser expressa de forma
corporal, gestual, com imagens, musical e também a linguagem verbal, que ocorre através do
uso de palavras. O processo de aquisição e desenvolvimento das linguagens é algo
extremamente complexo, principalmente quando se trata de bebês, que se expressam a partir
de diferentes tipos de linguagem, como o choro e as expressões faciais inicialmente e, logo os
gestos, as pequenas palavras e frases, pois como Ostetto (2004b, p. 84) nos apresenta, “(...) a
linguagem é viva e muitas palavras podem ser contadas e cantadas, criando espaços e
momentos de interlocução, partilhando afetos e conhecimentos”.

Nessa fase envolve a comunicação não verbal, uma vez que a criança não utiliza as palavras
propriamente ditas. Contudo, ela é essencial, pois é nesse período que começam a ser
desenvolvidas habilidades básicas para a comunicação e interação social. Sendo assim, nesta
etapa o bebê se comunica com o outro por meio de expressões faciais e sons.

Vocalização inicial: Choro é o principal meio de comunicação do recém-nascido, além de se


comunicarem através de olhares, posturas e expressões faciais.

Nessa fase, não existe limite no potencial do recém-nascido, pois é sujeito a adquirir a
linguagem humana, capaz de aprender qualquer idioma do mundo e pronúncia.

Como o passar das primeiras semanas de vida o bebê já pode distinguir diferentes línguas pela
melodia, aos poucos a capacidade de aquisição de linguagem se torna específica e concentra
em sua língua materna.

Com as recentes contribuições das neurociências na educação, sabe-se que a criança já nasce
com a predisposição para aprender, pois a interação com as outras pessoas e com o meio se
32
inicia mesmo antes do nascimento, desde sua vida intrauterina com o contato com a voz da
mãe e das pessoas mais próximas, das músicas e histórias que ouve e a partir de o nascimento
com as interações com os demais nos diferentes lugares.

O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) pesquisou a importância de incentivar o


desenvolvimento linguístico na primeira infância e descobriu que ouvir e participar de uma
“conversa” gera uma resposta cerebral mais forte e uma melhor compreensão da linguagem.

Em outras palavras, conversar com seu bebê é uma das mais poderosas maneiras de ajudá-lo a
desenvolver habilidades linguísticas. Os tons, flexões e nuances da sua voz ao conversar com
seu recém-nascido estimulam ativamente o lobo frontal do seu bebê, parte do cérebro
responsável por processar a linguagem.

Existem métodos para se comunicar com o recém-nascido, que cada dia está sendo mais
desenvolvido com o avanço tecnológico, métodos como o Dunstan Baby Language, uso de
inteligência artificial e apps de desenvolvimento fazendo que a sociedade fique cada vez mais
próxima das tecnologias. Dunstan Baby Language: é uma teoria sobre os reflexos vocais
infantis como sinais, em humanos. A teoria é que entre culturas e grupos linguísticos existem
cinco sons, cada um com um significado, que são utilizados pelas crianças antes do período de
aquisição da linguagem. A hipótese foi desenvolvida pela mezzo-soprano australiana, Priscilla
Dunstan. De acordo com Dunstan, existem cinco palavras universais ou reflexos sonoros
usados por bebês. Que são:

Neh: Recém-nascido utiliza o reflexo sonoro “Neh” para comunicar sua fome. O som é
produzido quando o reflexo de sucção é acionado e a língua é empurrada para o céu da boca.

Owh: Utilização do reflexo sonoro “own” para comunicar seu cansaço. O som é produzido
como um bocejo audível.

Heh: Utilização do reflexo sonoro “heh” para comunicar seu estresse, desconforto. O som é
produzido por uma resposta a um reflexo da pele, como sensação ao suor ou coceira.

Eair: Utilização do reflexo sonoro “eair” para comunicar as flatulências ou dor de estômago.
O som é produzido quando o ar preso em um arroto não consegue se liberar e viaja até o
estômago, onde os músculos do intestino se contraem para forçar a saída da bolha de ar.
Normalmente, esse som indica que uma evacuação está em andamento e o bebê dobrará os
joelhos, trazendo as pernas em direção ao tronco, movimento auxilia no processo contínuo.

33
Eh: Utilização do reflexo sonoro “eh” para comunicar precisa arrotar. O som é produzido
quando uma grande bolha de ar fica presa no peito e o reflexo tenta liberá-la da boca.

7. ATIVIDADES LÚDICAS

“O brincar infantil é uma forma de linguagem, são sistemas simbólicos que comunicam
significados. A criança brinca antes de falar e essa forma de linguagem permite a ela dizer o
que quer, o que gosta e o que sente. ”

Aprender a brincar com seu recém-nascido te ajudará a incentivar o desenvolvimento


cognitivo, físico e linguístico dele. Existe um app chamado Kinedu, que ajudará nesse
processo com as atividades lúdicas para recém-nascidos, além de ajudar os pais de primeira
viagem a como ocorre a amamentação, troca de fraldas e outras coisas. A faixa etária do
recém-nascido é de zero a vinte oito dias (0-28), e ao começar a fazer atividades desde cedo
ajuda a fortalecer e desenvolver os músculos do bebê e a coordenação motora grossa, além de
incentivar o desenvolvimento linguístico.

As brincadeiras servem para encaixar tudo isso como se fosse um quebra-cabeça e serão
fundamentais para o desenvolvimento social, emocional, físico e cognitivo do seu filho à
medida que ele crescer. Nesta faixa etária tudo é descoberta e aprendizagem para a criança,
por isso, esta fase de desenvolvimento deve ser vista como momento crítico, porém único e
sensível, já que o vínculo e os laços afetivos também exercem papel fundamental neste
processo.

Tummy Time: A forma mais fácil de brincar com recém-nascido, é recomendado que
incentive que o bebê passe um tempo de bruços desde o nascimento onde fortalecem e
desenvolvem os músculos do pescoço, ombro, costas e abdome. Para fazer essa atividade
colocará bebê em uma superfície macia de bruços e deite-se na frente dele, pegue um
chocalho mostre para ele, estimulando a levantar a cabeça assim aprendendo a sustentar sua
cabeça.

Movimentar o Chocalho: Desenvolvimento dos sentidos, a capacidade de prestar atenção e


audição. Para essa atividade agite o chocalho na frente do bebê movendo de um lado para o
outro fazendo seguir com cabeça e olhos.

34
Massagem: É uma atividade sensorial que ajuda no relaxamento dos músculos do recém-
nascido, aumentando a consciência tátil e corporal dele. Observe como ele reage ao seu toque
ao massageá-lo, veja se está confortável e contente.

Ouvir músicas e brincar com sons: A música tem um efeito incrível sobre o nosso cérebro,
sendo percebida pelo bebê já no útero materno. Ouvir música desde cedo, ou mesmo tentar
tocar um instrumento, ativa diversas áreas do desenvolvimento infantil, inclusive processos
cognitivos importantes, como a memória, a linguagem e a percepção de causa e efeito.

Estimular os reflexos: É realizado com a enfermagem, mas o familiar pode realizar,


utilizando os dedos limpos perto da boca do bebê. Estímulo para procura do seio.

Flexionando as pernas: Ajuda a liberação de gases e no desenvolvimento da musculatura das


pernas e abdome do bebê. Irá flexionar com delicadeza as pernas da criança em direção ao
abdome.

Fazer caretas: Ajudará no desenvolvimento de expressões faciais.

Conversas: Super importante para familiarização da linguagem, que será base do


desenvolvimento mais tarde, mesmo que não tenhamos respostas do bebê, ele está sempre
absorvendo as informações. Ao conversar articule bastante com gestos, e expressões faciais

Olha que legal! A maior parte das brincadeiras desta fase consiste em mostrar coisas para o
seu filho

Dois para lá, dois para cá: Experimente colocar uma música bem gostosa, segurá-lo nos
seus braços e dançar juntinho pela casa. Vá com calma e comece com movimentos mais
suaves, não se esquecendo de apoiar o pescoço do nenê e de não sacudi-lo. Quando seus
braços cansarem, deite o bebê de modo que possa acompanhar você e mantenha os passos.

O cuidado com a sobrevivência do bebê é essencial tanto quanto os cuidados emocionais, de


amor, vínculo e afeto, pois a criança necessita de ambos para crescer e se desenvolver com
saúde nesta faixa etária tudo é descoberta e aprendizagem para a criança, por isso, esta fase de
desenvolvimento deve ser vista como momento crítico, porém único e sensível, já que o
vínculo e os laços afetivos também exercem papel fundamental neste processo.

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8. CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS

Após o clampeamento do cordão, o RN poderá ser mantido sobre o abdome e/ou tórax
materno, usando o corpo da mãe como fonte de calor, garantindo-se que o posicionamen- to
da criança permita movimentos respiratórios efetivos. O contato pele a pele imediatamente
após o nascimento, em temperatura ambiente de 26•C, reduz o risco de hipotermia em RNs a
termo que nascem com respiração espontânea e que não necessitam de ventilação, desde que
cobertos com campos preaquecidos.

Nesse momento, pode-se iniciar a amamentação.

A Organização Mundial da Saúde recomenda que o aleitamento materno seja iniciado


na primeira hora de vida, pois está associado à menor mortalidade neonatal, ao maior período
de amamentação, à melhor interação mãe-bebê e ao menor risco de hemorragia materna.

Após a realização dos cuidados de rotina na sala de parto, a serem relatados ao final do
texto, o RN em boas condições clínicas deve ser encaminhado com a mãe ao alojamento
conjunto.

O período neonatal compreende os 28 primeiros dias da vida e é um momento de


grandes modificações e ajustes fisiológicos. A vida extrauterina, logo no seu início, impõe ao
Recém-Nascido (RN) a necessidade vital de demonstrar sua capacidade de adaptação
cardiocirculatória e respiratória. A nutrição do RN tanto durante a vida intrauterina como no
período pós-natal é um dos mais importantes componentes da saúde e do desenvolvimento
futuro do indivíduo.

O melhor alimento para o RN de todas as idades gestacionais é o LH e, sempre que


possível, LH da própria mãe, oferecido diretamente do peito, ordenhado cru ou ordenhado e
pasteurizado. A composição do LH se modifica ao longo do tempo, ajustando-se às
necessidades fisiológicas do RN. O colostro contém uma maior quantidade de anticorpos,
particularmente IgA, mas também IgM e IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T,
lactoferrina, lisozima e fator bífidus que favorece o crescimento de bactérias não patogênicas
que exercem efeito protetor contra agentes suscetíveis de provocar diarreias infecciosas.
Alguns desses elementos diminuem ao longo do primeiro mês, permanecendo relativamente
constantes a partir de então. A pasteurização do LH pode alterar ou destruir alguns desses
componentes.

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NUTRIÇÃO ENTERAL NO PERÍODO NEONATAL

A composição da dieta a ser ofertada no período neonatal depende primeiramente da


disponibilidade de leite materno (LH) da própria mãe ou, na sua falta, da existência de um
banco de leite humano (BLH) na unidade de cuidados neonatais. Em não havendo LH, as
fórmulas, geralmente à base de leite de vaca, podem ser subdivididas em fórmulas para RN de
termo (FLT) ou fórmulas para RN pré-termo ou prematuros (RNPT). De maneira menos
frequente é necessário recorrer a fórmulas específicas para situações excepcionais, como
suspeita de alergia a proteína do leite de vaca ou erros inatos do metabolismo.

Com efeito, inúmeros estudos com altos níveis de evidência científica confirmam, já
há algum tempo, que a melhor dieta a ser oferecida ao RN de qualquer peso, de qualquer
idade gestacional, em qualquer situação clínica é o LH e, se possível, da própria mãe. As
contraindicações ao aleitamento materno são excepcionais e podem ser resumidas em: mães
portadoras de infecção pelos vírus HIV, HTLV-I e II, tuberculose ativa, lesões herpéticas no
seio, galactosemia neonatal e o uso pela mãe de algumas medicações específicas.

O leite humano pode ser ofertado cru ou pasteurizado, nesse caso originário de BLH.
Sempre que possível, o LH deve ser o da própria mãe, ordenhado recentemente ou conservado
no lactário em condições técnicas rigorosas de controle térmico e sanitário.

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9. PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Prevenção de acidentes RNÉ suma importância cuidar e proteger as crianças durante os


primeiros meses de vida. Nesse período, elas têm o primeiro contato com o mundo real;
quando afloram as curiosidades e os medos.
Certamente, para que o processo seja o mais saudável possível, a supervisão de um adulto é
fundamental. Em geral, as crianças são uma fonte infinita de energia e curiosidade, mas o
senso de perigo não se desenvolve até que elas amadureçam e tenham experiência. Por
passarem muito tempo em casa, os recém-nascidos estão expostos a riscos e sujeitos a
acidentes que podem ser evitados. Tendo em vista que o ambiente doméstico deve ser um
lugar onde a família precisa de liberdade para circular e se desenvolver de forma segura.

Independentemente do tamanho da casa, sabemos que o desejo de proteger e assegurar


cuidados com bebê recém-nascido ultrapassa as medidas de qualquer ambiente. Os cuidados
com o bebê recém-nascido precisam ser tratados como prioridade pelos papais e independem
de quantos dias o pequeno tem de vida. Para isso, se antecipe e elabore um ambiente
doméstico seguro, saudável e divertido.

Queda

Nunca deixe o bebê sozinho no trocador ou em locais mais altos, como a cama. Esta costuma
ser a primeira queda do bebê e, por ter a cabeça bastante volumosa em relação ao resto do
corpo, esta chegará primeiro ao chão, podendo causar traumatismos cranianos e encefálicos
graves.

Banho

Banho é um dos cuidados com o recém-nascido que requer mais atenção. Isso porque o
contato do bebê com a água em temperatura inadequada, correntes de ar ou outros elementos
inapropriados pode prejudicar a sua saúde. Antes de começar o banho, é importante verificar
se portas e janelas estão fechadas para evitar as correntes de ar. A água deve estar em
temperatura morna, entre 35°C e 36°C. Antes de colocar o bel na água, confira a temperatura.

Mantenha todos os itens necessários por perto sabonete infantil, toalha, algodão, fralda e
roupas e, após terminar, enxugue o bebê rapidamente. Lembre-se de secar as dobrinhas e o

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umbigo O banho pode ser diário, no momento mais conveniente para a família. O ideal é que
ele não dure mais do que l0 minutos para que a água não esfrie e o bebê não fique cansado.

Transporte no carro

Primeira viagem (saída da maternidade) deve ser feita em segurança. A viagem de carro
poderá ser perigosa, especialmente se o bebé viajar no colo do adulto, mesmo em viagens
curtas ou por breves minutos. Para que o transporte rodoviário seja feito em segurança é
necessário ter quatro fatores em atenção: cadeira adequada à criança, cadeira compatível com
o automóvel, cadeira bem instalada e uma condução defensiva. Transportar a criança num
sistema de retenção voltado para trás reduz entre 90% a 95% a ocorrência de morte ou de
ferimentos graves. Em transporte automóvel, mantenha a cadeira da criança voltada para trás,
até ser possível ou até pelo menos aos 18 meses (embora a recomendação seja até aos quatro
anos).

Berço

A escolha do berço deve ser criteriosa, tendo em atenção que será o local onde o seu bebé
passará a maior parte do tempo. O berço deve obedecer às normas de segurança europeias, ter
em atenção aspetos como a base do berço, firmeza e tamanho do colchão, altura e distância
entre as grades roupa da cama e a posição do bebé no berço (desde 2012 que a Organização
Mundial de Saúde recomenda a posição de barriga para cima).

Moleira A moleira - ou fontanela - é a área mais mole da cabeça do bebê recém-nascido. Ela
fica no topo e na parte de trás da cabeça, na área onde os ossos do crânio se encontram A
função da moleira é permitir que a cabeça do bebê se adapte ao canal do parto e que o cérebro
cresça.

Por isso, é importante acompanhar o fechamento dela durante as primeiras consultas do bebê.
O fechamento precoce levará a alterações no formato da cabeça e no crescimento do cérebro.
Normalmente o fechamento ocorre entre 9 e 18 meses.

39
10. ATENÇÃO A SAUDE DO RECEM NASCIDO

Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso: Método Canguru Capítulo mais


frias, é necessário que seja utilizado agasalho ou cobertor sobre a faixa. Lembrar que a
temperatura da mãe se eleva buscando garantir o aquecimento necessário para o bebê e que o
objetivo é sempre proporcionar segurança e conforto.

Como está claro no próprio conceito, não existe determinação quanto ao tempo que o bebê
deve permanecer em posição canguru. Essa é uma decisão partilhada com os pais que, se
desejarem, podem utilizá-la por tempo integral. Recomenda-se, no entanto, que após ser
colocado na posição, o bebê não seja retirado em um tempo muito curto, devendo permanecer
pelo menos durante uma hora, considerando que precisa de tempo para se organizar e depois
entrar em sono profundo, o que é muito importante para o desenvolvimento cerebral e sua
recuperação.

São muitas as vantagens que, ao longo dos anos, vêm sendo atribuídas ao Método Canguru.
Segundo o manual técnico do Ministério da Saúde destacam-se:3

 Redução do tempo de separação pai-mãe-filho.


 Aumento do vínculo pai-mãe-filho.
 Estímulo ao AM, permitindo maior frequência, precocidade e duração.
 Aumento da competência e confiança dos pais no cuidado do filho, Inclusive após a
alta hospitalar.
 Adequado controle térmico.
 Melhor relacionamento da família com a equipe de saúde.
 Estímulo sensorial adequado.
 Redução de infecção hospitalar.
 Redução do estresse e da dor dos RN.
 Melhor qualidade do desenvolvimento neurocomportamental e psicoafetivo dos RN
de baixo peso.

Bases científicas do Método Canguru

O Método Canguru é, hoje, utilizado em todos os continentes, e muitas pesquisas têm sido
realizadas buscando evidências científicas para sua utilização.

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No Brasil, foi desenvolvida uma pesquisa qual quantitativa, multicêntrica, realizada em 16
unidades neonatais, comparando a evolução de 985 RN com peso de nascimento entre 500 e
1.749g internados em unidades canguru e em unidades convencionais. O estudo mostrou que
o tempo médio de internação e as intercorrências clínicas nas unidades intermediária ou
canguru foram iguais entre os grupos e, nas unidades canguru, houve vantagens como
melhora. Deve-se sempre registrar os resultados dos diversos exames sorológicos realizados
durante o acompanhamento pré-natal, anotando-se o tipo de reação realizada, o título e a data,

Conhecendo o Recém-Nascido: História e exame físico

Com ênfase para doenças como sífilis, toxoplasmose, rubéola, hepatites B e C e HIV. Todas as
informações sobre vacinação, intervenções cirúrgicas, procedimentos, complicações,
medicamentos utilizados e hábitos durante a gestação devem constar na história. Em partos de
RNs prematuros é importante que se anote se a mãe recebeu corticosteroide antenatal e que se
busque justificativa para a ocorrência do parto antes do termo.

Dados do parto

A duração do trabalho de parto e da expulsão, a apresentação (cefálica, pélvica), as alterações


no foco fetal e o tipo de parto, assim como sua indicação, caso operatório, são informações
básicas. Deve-se registrar ainda o tempo de ruptura da bolsa e as características do líquido
amniótico. São importantes as informações sobre a analgesia oferecida durante o trabalho de
parto e o parto, detalhando-se as drogas, as doses e o tempo de aplicação antes do nascimento,
já que podem interferir no comportamento pós-natal do RN. As características da placenta
também devem ser registradas (peso, presença de calcificações, condições do cordão, número
de vasos sanguíneos e tempo para a ligadura do cordão).

Condições de nascimento

Horário de nascimento, sexo, gemelaridade, peso, comprimento, tempo da primeira


respiração, do primeiro choro e o momento de ligadura do cordão devem constar na história.
Os valores registrados na escala de Apgar ao 1o e 5o minutos são importantes registros das
condições de nascimento, assim como as eventuais manobras utilizadas durante a recepção da
criança: se foi submetida à aspiração das vias aéreas superiores, se recebeu oxigênio
inalatório, ventilação com pressão positiva, intubação traqueal e drogas.

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É importante registrar, também, se o bebê foi colocado em contato pele a pele com a mãe, por
quanto tempo e se foi amamentado na sala de parto, registrando-se quando ocorreu a primeira
mamada (ex.: aos 20 minutos de vida).

Na sala de parto, deve ser feito um exame físico sumário do RN, que, dependendo das
condições da mãe e do bebê, pode ser feito com o bebê sobre o corpo da mãe. Esse exame é
necessário a fim de determinar as condições respiratórias, cardiocirculatórias e malformações
grosseiras. Essa avaliação global inclusive da idade gestacional, permitirá ao profissional
decidir qual o destino do RN, se unidade de alojamento conjunto, intermediária ou de
cuidados intensivos, além de nortear os cuidados específicos relativos à morbidade própria de
cada grupo.

Carteira vacinal do recém-nascido

A vacinação inicia-se ainda na maternidade, pois todo o cuidado e atenção são necessários
nesse início. Ao nascer, o bebê precisa tomar duas vacinas, extremamente importantes para a
saúde e desenvolvimento.

Vacinas que devem ser aplicadas durante o primeiro ano de vida

Hepatite B

A primeira vacina que o recém-nascido deve receber, ainda na maternidade antes de completar
12 horas de vida, é a contra a hepatite B, que é transmitida principalmente pelo sangue e pode
ser adquirida durante o parto. A segunda dose da imunização da Hepatite B deve ser realizada
quando o bebê completar 2 meses.

BCG

Protege contra formas graves de tuberculose e deve ser aplicada no braço direito do bebê
durante o primeiro mês de vida. A reação da imunização acontece nas semanas seguintes da
aplicação e os pais devem manter o local bem higienizado para evitar possíveis
contaminações. Além disso, o bebê pode apresentar febre e calafrios, mal-estar, dores
musculares, úlceras, gânglios aumentados ou abscessos na pele e nas axilas.

42
43
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bibliografia
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 https://sanarmed.com/fases-do-crescimento-e-desenvolvimento-colunistas/
 https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-nordeste/mco-ufba/
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 https://lillo.com.br/blog/post/da-barriga-ate-os-12-meses-entenda-as-fases-do-bebe
 https://centtralmed.com.br/blog/como-sao-os-primeiros-dias-do-bebe-recem-nascido/
 https://genialcare.com.br/blog/desenvolvimento-cognitivo/
 https://blog-pt.kinedu.com/os-primeiros-anos-desenvolvimento-cognitivo/
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 https://www.saude.ce.gov.br/2023/04/13/primeiros-minutos-de-vida-escala-de-apgar-
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 https://www.cuf.pt/mais-saude/o-que-e-o-indice-de apgar#:~:text=O%20teste%20de
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preendendo%20as%20linguagens%20dos%20beb%C3%AAs.pdf
 https://www.marilia.unesp.br/Home/Departamentos/defito/cartilha---desenvolvimento
-do-bebe.pdf
 https://en.wikipedia.org/wiki/Dunstan_Baby_Language
 https://www.scielo.br/j/rbedu/a/Zc5smJsPCYxP34mXzfYKYbL/?lang=pt&format=pf
 https://institutoneurosaber.com.br/etapas-do-desenvolvimento-da-linguagem-da-
crianca-de-0-a-6-anos/

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 https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/livredocencia/59/tde-03052019-103233/
publico/KATIADESOUZAAMORIM.pdf
 https://biblioteca-a.read.garden/viewer/9786558040132/639
 20 formas estimulantes de brincar com um bebê | BabyCenter
 https://blog-pt.kinedu.com/atividades-para-bebes/
 https://blog-pt.kinedu.com/atividades-recem-nascido/#google_vignette
 https://brasil.babycenter.com/a4300114/20-formas-estimulantes-de-brincar-com-
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 https://sanarmed.com/reflexo-de-moro-e-outros-reflexos-primitivos-do-recem-
nascido-colunistas/
 bvsms.saude.gov.br

45
12. Em suma, este trabalho destacou a importância crucial dos cuidados ao recém-nascido,
fornecendo uma visão abrangente dos principais aspectos a serem considerados para
garantir o desenvolvimento saudável e o bem-estar do bebê. Desde a alimentação
adequada até a manutenção de um ambiente seguro e acolhedor, cada aspecto dos
cuidados ao recém-nascido desempenha um papel vital em seu crescimento e
desenvolvimento.

Através da análise detalhada de práticas recomendadas e da revisão de evidências científicas,


foi possível identificar estratégias eficazes para promover a saúde e prevenir doenças nos
primeiros dias e semanas de vida. Além disso, a importância do apoio familiar e comunitário
foi ressaltada como um elemento fundamental no processo de cuidado ao recém-nascido.

É crucial reconhecer que cada bebê é único e pode exigir abordagens individualizadas para
atender às suas necessidades específicas. Portanto, a educação dos pais e cuidadores é
essencial para capacitá-los a tomar decisões informadas e responder de maneira eficaz às
demandas do recém-nascido.

À medida que avançamos, é imperativo continuar investindo em pesquisas e recursos que


promovam uma compreensão mais profunda dos cuidados ao recém-nascido, garantindo que
todas as crianças tenham a oportunidade de prosperar desde o início de suas vidas. Ao fazê-lo,
podemos construir uma sociedade mais saudável e resiliente, onde cada criança tem o
potencial de alcançar seu pleno desenvolvimento.

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