Pesquisa de Mobilidade Urbana CNT 2024
Pesquisa de Mobilidade Urbana CNT 2024
Pesquisa de Mobilidade Urbana CNT 2024
Pesquisa CNT de
Mobilidade da
População Urbana
1
Confederação Nacional do Transporte – CNT
Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos – NTU
FICHA TÉCNICA
PRESIDENTE DA CNT
Vander Francisco Costa
SUMÁRIO
Transporte Rodoviário de Cargas Diretora Executiva Adjunta da CNT
Flávio Benatti Fernanda Rezende
Infraestrutura de Transporte
do Transporte
Tiago Veras
1 Introdução.........................................................................................6
e Logística Camilla Souza
Paulo Gaba Júnior Filipe Ribeiro
2 Panorama da mobilidade urbana no Brasil.........12
134 p.
CDU 656.025.2:711.4
APRESENTAÇÃO
A resiliência do setor de transporte isolamento social e, depois, com a socioeconômico da população O presente levantamento
público tem sido posta à prova, expansão do teletrabalho. e o aumento da propriedade de insere-se, nesse contexto, ao dar
nos últimos anos, no Brasil. veículos de passeio. a conhecer a todas as partes
A diminuição da demanda colocou Diante desses fatos, a diminuição interessadas a dinâmica atual
em risco a sustentabilidade de de demanda no transporte de Apesar dos desafios apresentados, de mobilidade da população
diversos sistemas. Há, ainda, passageiros exerceu forte pressão o transporte coletivo — por urbana, assim como o perfil e
a concorrência prejudicial do sobre os operadores e o poder ônibus, em particular — exerce as percepções dos usuários do
transporte clandestino que, muitas concedente, o que implicou a um relevante papel na prestação transporte público. Contribui,
vezes, opera na mesma linha do busca de soluções para garantir do direito social ao transporte assim, para o entendimento dos
serviço concedido, e sem ter de a viabilidade financeira das a uma parcela significativa da atributos que os passageiros
cumprir as mesmas obrigações de empresas e a continuidade da população. Importa, assim, saber conferem ao serviço, para que
segurança e de disponibilização oferta dos serviços públicos o que tem motivado os usuários a se promovam aprimoramentos
de oferta. Além disso, tem-se a de transporte. Nesse contexto, deixarem de usar ônibus nos seus no setor, auxiliando ainda na
concorrência com o transporte destacam-se a ampliação do deslocamentos diários e o que os formulação de políticas públicas
individual de passageiros por volume de subsídios públicos levaria a voltar a utilizar esse meio e na tomada de decisões dos
aplicativos, que também subtraiu ao usuário no país e, ainda, a de transporte. empresários.
grande contingente de usuários discussão e a elaboração do
do transporte público regular. Novo Marco Legal do
Transporte Público Coletivo.
Em evento mais recente,
a pandemia de covid-19 Foram expressivas as mudanças Vander Costa Francisco Christovam
representou um impacto de cenário na mobilidade do Presidente do Sistema Transporte Diretor Executivo da NTU
significativo, de caráter disruptivo, país, desde 2017, ano da última
nas empresas de mobilidade — edição da presente pesquisa.
inicialmente com as medidas de Destacam-se as alterações no perfil
1. INTRODUÇÃO
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
O transporte desempenha um papel importante no desenvolvimento A priorização desse tipo de transporte — não motorizado —, bem como a
social e econômico das cidades. Devido à distribuição espacial diversa dos sua conexão com a malha de transporte coletivo local, tem sido adotada,
polos geradores de viagem nos centros urbanos, é por meio dos meios de desde a década de 19701, em cidades europeias como Helsinki, Amsterdã e
transporte que as oportunidades e as necessidades diárias são alcançadas Estocolmo2, que detêm as primeiras posições no Urban Mobility Readiness
pelos cidadãos — como acesso a saúde, trabalho, estudo e lazer, dentre Index3 – ranking de 2023 do Oliver Wyman Forum e da Universidade da
outros — e as mercadorias são deslocadas no território. Nesse contexto, Califórnia, Berkley4. Consideradas apenas as cidades da América Latina,
convém destacar o conceito de mobilidade urbana, que engloba não a cidade de Santiago, no Chile, apresenta o melhor desempenho (43ª
apenas a capacidade de as pessoas se deslocarem em meio citadino, mas posição). No Brasil, as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro situam-se,
também os meios adotados, a infraestrutura, os sistemas e os dispositivos respectivamente, na 46ª e na 52ª posições — de um total de sessenta
que facilitam esses deslocamentos. e cinco. Nota-se, dentre as mais bem avaliadas no ranking, que todas
possuem o histórico de implementação de ações de valorização do
A mobilidade urbana, tema que demanda priorização no planejamento deslocamento ativo, principalmente através de bicicletas, e de incentivo à
das cidades, se mostra, enquanto setor, em constante busca por soluções adoção do transporte público coletivo em detrimento do veículo individual.
focadas na integração entre os diversos tipos de transporte — motorizados
e não motorizados — e a circulação de pessoas nos grandes centros Apesar de sua essencialidade para a dinâmica das cidades, o transporte
urbanos. Nesse contexto, destaca-se que a mobilidade pode ser realizada público está sujeito a fatores adversos que impactam a sua demanda e a
nos modos ferroviário, aquaviário e rodoviário e a sua relevância para a disponibilidade de seu financiamento, a exemplo de crises econômicas, da
dinâmica das cidades. O transporte ferroviário, com seus sistemas de trens concorrência com alternativas de transporte — tais como por aplicativos —
urbanos, metrôs, monotrilhos e VLTs, desempenha um papel estruturante e da ocorrência de pandemias ou desastres naturais.
no deslocamento de grandes volumes de passageiros, sendo adotado em
áreas densamente povoadas. Já o transporte aquaviário representa uma Dado esse contexto, importa destacar que a Política Nacional de
alternativa viável em cidades com vias navegáveis, como os vaporetti, Mobilidade Urbana5 está fundamentada, entre outros, nos princípios
em Veneza, os ferry boats, em Istambul, e as barcas, no Rio de Janeiro. da acessibilidade universal, da equidade no acesso dos cidadãos ao
Quando conectadas ao restante do sistema de transporte público, transporte público coletivo e do desenvolvimento sustentável das cidades.
representam opções rápidas e eficientes para evitar congestionamentos e Nesse sentido, prevê a fixação de metas de qualidade e desempenho para
conectar áreas separadas pelas massas d’água. a contratação dos serviços de transporte público coletivo; a participação
dos usuários no planejamento, na fiscalização e na avaliação das
Por outro lado, o transporte rodoviário, geralmente realizado por ônibus políticas locais de mobilidade urbana; a disponibilização, pela União, de
e automóveis, oferece maior flexibilidade de trajetos e capilaridade na informações sobre o Sistema Nacional de Mobilidade Urbana; a adoção,
malha urbana, inclusive proporcionando o deslocamento na primeira e/ nos Planos de Mobilidade Urbana, de mecanismos de financiamento do
ou na última milha de viagens intermodais. O transporte ativo, seja a pé, transporte público e da infraestrutura; e a integração com a política de
por bicicleta ou por algum outro veículo de propulsão humana, também desenvolvimento urbano e as respectivas políticas setoriais — inclusive as
é comumente adotado nestes deslocamentos de início e fim de viagens, de uso do solo.
bem como na integração com o sistema de transporte público existente.
1
HEPA (2000).
2
Localizadas, respectivamente, na Finlândia, nos Países Baixos e na Suécia.
3
Índice de Prontidão da Mobilidade Urbana, em tradução livre do inglês.
4
São consideradas, na metodologia desse índice, cinco dimensões básicas: infraestrutura, impacto social, atratividade
do mercado, eficiência dos sistemas e inovação.
5
Instituída pela lei nº 12.587/2012.
8 9
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6
ITDP (2024).
7
NTU (2006).
8
CNT, com apoio de NTU (2017).
10
2. PANORAMA
DA MOBILIDADE
URBANA NO BRASIL
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Sendo o Brasil um país de extensão continental, com área de • Legalidade: o plano diretor, um dos instrumentos utilizados para
aproximadamente 8,5 milhões de km2 e composto por 5.570 municípios, os fins da referida lei, estabelecido na Constituição Federal de 1988,
segundo o IBGE9, fica evidente o desafio do poder público para promover e os demais instrumentos de planejamento público, tais como o
plano plurianual e as diretrizes orçamentárias, devem incorporar as
o desenvolvimento nacional, considerada a diversidade de contextos
orientações e prioridades contidas no Estatuto.
regionais e de porte das cidades. Um dos indicadores que explicitam
essa pluralidade é a quantidade de áreas urbanizadas, por região, • Abrangência: o plano diretor deve contemplar todo o território do
conforme mostrado no Gráfico 1, a seguir. Nele se verificam, por exemplo, município, sem restrição a bairros ou distritos.
a quantidade de áreas urbanizadas densas, que variam de 2.810,8 km2 a
• Compulsoriedade: sua realização é obrigatória para aqueles
13.968,7 km2 nas regiões Norte e Sudeste, respectivamente.
municípios que atendam aos critérios estabelecidos no Estatuto
da Cidade.
Gráfico 1 – Áreas urbanizadas e adensamento no Brasil (km²)
Loteamento vazio Áreas urbanizadas pouco densas Áreas urbanizadas densas Logo, tendo como referência os instrumentos legais supracitados, ficou
estabelecida, de maneira compulsório, a elaboração de planos diretores
646,2
para municípios com mais de 20 mil habitantes, municípios integrantes
2.901,3 de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas integrantes de áreas
de especial interesse turístico, entre outros. A seguir, nos gráficos 2 e 3,
826,2
são apresentados os números percentuais de municípios que já possuem
184,5
2.596,7 plano diretor — na totalidade do país e por região.
1.447,2
13.968,7
256,9
194,2 Gráfico 2 – Percentual de municípios com mais de 20 mil habitantes que
8.218,1 8.033,2 946,0
1.286,8
possuem plano diretor
3.735,6
2.810,8 Com plano diretor Sem plano diretor
89,7%
Diante disso, foi criado o Estatuto da Cidade, por meio da Lei
nº 10.257/2001, visando regulamentar a política de desenvolvimento
urbano. Tal lei estabelece normas de ordem pública e interesse social
que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da 10,3%
9
IBGE (2023).
14 15
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Como fica evidente ao analisar o Gráfico 2, apesar da obrigatoriedade A seguir, o Quadro 1 mostra a abrangência do plano de mobilidade urbana.
da elaboração do documento, mais de 10% dos municípios que se
enquadram nos quesitos estabelecidos pela lei ainda não o fizeram. Quadro 1 – Conteúdo dos Planos Diretores de Mobilidade Urbana (PDMUs)
Perante esse fato, destacam-se, no Gráfico 3, as regiões Nordeste e
Norte como aquelas com os maiores números de cidades pendentes na Conteúdo mínimo do plano de mobilidade urbana – Lei nº 12.587/2012
86,0% 14,0%
• a integração dos meios de transporte público e destes com os privados e os não
Norte
motorizados;
Centro-Oeste 90,5% 9,5% • a operação e o disciplinamento do transporte de carga na infraestrutura viária;
95,9% 4,1%
• os polos geradores de viagem;
Sudeste
16 17
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Na caracterização da infraestrutura de mobilidade, no país, a plataforma Nesse sentido, os sistemas de bus rapid transit (BRT, ônibus de trânsito
do Sistema de Informação de Mobilidade Urbana (SIMU), disponibilizada rápido) representam uma das principais soluções adotadas no país
pelo Ministério das Cidades, ao apresentar a quilometragem de vias para oferecer um transporte de alta capacidade. Com vários sistemas
exclusivas dedicadas ao transporte público, demonstra a participação do já implantados, o conceito abrange a operação de ônibus dentro de
modo rodoviário na composição da malha existente: faixas e corredores de um sistema fechado, com operação em faixa exclusiva, estações em
ônibus (46,96%); vias para bicicleta (41,1%); trem (9,0%); BRT (1,98%); metrô nível ao longo de corredores estruturantes pelas cidades e embarque
(0,77%) e VLT (0,19%). e desembarque realizado no lado esquerdo. Todavia, o sistema admite
adaptações para atender particularidades locais, como ocorre em Belo
Por outro lado, para algumas das principais capitais do país, o tempo Horizonte (MG), onde os veículos têm portas nas duas laterais, com alturas
perdido nos congestionamentos é significativo. O Gráfico 4 compara, distintas, permitindo o acesso de passageiros tanto nas vias quanto nos
para um trajeto de 10 quilômetros em um dia de semana normal, o terminais e estações.
tempo para percorrer essa distância quando há congestionamento e
quando o trânsito se mostra menos intenso (no chamado “tempo de A seguir, no Quadro 2, são apresentados alguns dos BRTs que operam
viagem ótimo”). Como resultado, observa-se que, nos momentos mais no país. Com custos de construção e operação relativamente inferiores
movimentados das vias, o tempo gasto no trânsito chega a ser, em média, às soluções por trilhos, o emprego do BRT, assim como o metrô, permite
90% maior do que nas horas com maior fluidez. a integração com as linhas alimentadoras, ou mesmo a operação nos
pontos de ônibus localizados ao longo das vias.
Gráfico 4 – Tempo diário de viagem, em capitais brasileiras, em um percurso
de 10 km (em minutos) Quadro 2 – Lista de BRTs no Brasil
Tempo de viagem ótimo Tempo de viagem durante congestionamento Unidade da Ano de
Sistema BRT Cidade
Federação inauguração
Brasília
20 Rede Integrada de Transportes (RIT) PR Curitiba 1972
31
Eixo Anhanguera GO Goiânia 1976
24
Salvador 41
ABD Diadema SP São Paulo 1988
24
Rio de Janeiro 45 Uberlândia Estrutural Sudeste MG Uberlândia 2006
Fortaleza
28
53
BRT Rio TransOeste RJ Rio de Janeiro 2012
BRT Rio TransCarioca RJ Rio de Janeiro 2014
28
Belo Horizonte 57
Expresso DF Sul DF Brasília 2014
31
Curitiba 56 Move Cristiano Machado MG Belo Horizonte 2014
Recife
27 Move Antônio Carlos MG Belo Horizonte 2014
58
Via Livre Leste/Oeste PE Recife 2014
Fonte: TomTom (2023).
Expresso Fortaleza CE Fortaleza 2015
Vetor Leste-Oeste MG Uberaba 2015
Via Livre Norte-Sul PE Recife 2015
18 19
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continuação
Unidade da Ano de Além disso, está em tramitação o Novo Marco Legal do Transporte Público
Sistema BRT Cidade
Federação inauguração Coletivo Urbano12, em substituição ao projeto de Lei nº 3.278/2021, que
BRT Rio TransOlímpica RJ Rio de Janeiro 2016 institui a reestruturação do modelo de prestação de serviços de transporte
BRT Belém PA Belém 2019 público coletivo. O documento em elaboração aborda desde aspectos
da operação e contratação de operadores até o regime econômico-
BRT Campinas SP Campinas 2020
financeiro. Outro ponto de destaque é a integração com meios ativos,
BRT Sorocaba SP Sorocaba 2020
critério relevante para obtenção de financiamento para a infraestrutura
BRT Salvador BA Salvador 2022
de transporte urbano coletivo. Além disso, o novo marco coloca como
BRT Rio TransBrasil RJ Rio de Janeiro 2023 parâmetro a ser levado em consideração na política tarifária a integração
Fonte: Elaboração CNT. dos meios e redes de transporte, por meio de bilhete único.
12
Ministério das Cidades (2024).
10
NTU (2024).
Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
13
11
Considerando as fases de operação, implantação e projeto. Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
20 21
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que aumentam a eficiência energética automotiva) e o importante do diesel verde apresenta um custo mais elevado se comparado ao
alinhamento nacional com os padrões de grandes mercados automotivos diesel mineral e ao biodiesel de base éster — o que constitui um desafio
adotados internacionalmente, que visam a melhoria da qualidade do ar principalmente em economias emergentes. Todavia, espera-se que
no Brasil. De toda forma, também traz consigo os desafios dos custos haja redução paulatina desse custo por meio de políticas públicas de
de aquisição de frota e a necessidade de mão de obra especializada incentivos. No Brasil, o Projeto de Lei nº 528/2020 visa iniciar a oferta do
para a manutenção. Para isso, incentivos como os previstos no diesel verde em escala nacional, com o foco em incentivar investimentos
Programa Mobilidade Verde e Inovação (Programa Mover), do governo em infraestrutura de produção, priorizar a economia local e reduzir a
federal, devem contribuir para a descarbonização e o alinhamento dependência de outras fontes não renováveis.
a uma economia de baixo carbono em toda a cadeia de produção,
comercialização e operação do setor transportador. Uma alternativa é a eletromobilidade, ou mobilidade elétrica, que
trata da aplicação da eletricidade como forma de propulsão de meios
Gráfico 5 – Distribuição das emissões de CO2 nos centros urbanos brasileiros, de transporte, o que, considerando a matriz energética do Brasil,
por meio (em % da extensão média de viagens iguais) majoritariamente renovável, contribui de forma direta para as metas de
redução de gases do efeito estufa (GEE) do país, devido a sua emissão nula
Caminhão
14,0% de escapamento.
Trilhos
0,3%
Tal tecnologia tem sido incentivada por meio da redução das alíquotas do
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre os veículos
Ônibus equipados com motores híbridos e elétricos. Todavia, considerando
15,7%
o exposto no Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 68/2024, que
regulamenta o novo Sistema Tributário Nacional (Emenda Constitucional
Carro
66,5%
nº 132/2023), o IPI será associado ao PIS e ao Cofins, configurando o
novo imposto federal denominado Contribuição sobre Bens e Serviços
Moto
3,5% (CBS). O PLP prevê benefícios tributários a fabricante ou montadora
de veículos equipados com motor elétrico que tenha capacidade de
tracionar o veículo somente com energia elétrica ou associado com
motor de combustão interna que utilize biocombustíveis isolada ou
Fonte: Elaboração CNT, adaptado de Ipea (2011). simultaneamente com combustíveis derivados de petróleo, apenas
até 2025. Reforça-se a necessidade de estreitamento dos diálogos para
Os veículos pesados em circulação no país utilizam predominantemente viabilizar a manutenção dos incentivos para garantir a promoção da
o diesel fóssil como fonte de energia — conforme levantado na Pesquisa mobilidade sustentável.
CNT Perfil Empresarial14. Uma das alternativas a ela é o chamado diesel
verde15, conhecido também como diesel renovável, produzido a partir de Quanto às vantagens dos veículos elétricos, incluem-se, além da mitigação
resíduos orgânicos ou biomassa, com estrutura química semelhante à dos poluentes no local de realização do transporte, a minimização da
do seu equivalente de origem fóssil, sem a necessidade de modificações poluição sonora e a isenção atribuída de alguns impostos aos usuários.
no sistema do motor. Apesar dos seus benefícios, o processo produtivo Todavia, os desafios a serem superados estão relacionados com a baixa
autonomia — quando comparados a veículos de combustão interna —,
o elevado investimento inicial quando comparados com veículos a diesel
14
Considerados o transporte rodoviário de cargas e o transporte rodoviário urbano de passageiros.
— devido ao custo de aquisição — e o longo período necessário para a
15
CNT (2024). Série Energia no Transporte. Diesel Verde – Uma opção de baixo carbono para caminhões e ônibus rodoviários.
carga completa, assim como a existência incipiente de infraestrutura
22 23
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de carregamento no país, entre outros. Diante desses desafios, o no intuito de promover a discussão sobre o assunto, divulgou estudo
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem abordando amplamente a aplicação do biometano nos transportes.
direcionado esforços para apoiar ações para a compra de ônibus elétricos,
como na cidade de São Paulo, com a aprovação de R$ 2,5 bilhões para Por fim, o hidrogênio renovável, ou hidrogênio verde, é uma fonte de
aquisições de veículos com essa tecnologia, em 202316. De forma adicional, energia disruptiva para o setor de transporte e apresenta um grande
dos R$ 4,5 bilhões17 disponíveis no Programa de Aceleração do Crescimento potencial para auxiliar na redução de emissões de GEE. Quando gerado
(PAC), os interessados podem acessar as diversas linhas de crédito para a partir de processos que utilizam matriz energética renovável, esse
renovação de frotas e apoio a infraestrutura de mobilidade urbana, combustível se caracteriza como uma das possibilidades da transição para
incluindo o BNDES Finem, o Fundo Clima e o BNDES Finame18. A temática uma economia de baixo carbono. Pode ser utilizado em veículos leves
de veículos sustentáveis foi abordada amplamente pela CNT em seu estudo e pesados, movidos tanto a combustão interna quanto a eletricidade,
sobre a mobilidade elétrica.19 Quanto à dimensão da frota, estimava-se que por meio de células de combustível. A resolução nº 02/2021 do Conselho
havia, em 2023, 92 ônibus elétricos a bateria em operação no país, com Nacional de Política Energética (CNPE) estabelece as orientações sobre
expectativa de crescimento significativo nos anos seguintes.20 pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor de energia brasileira,
contexto no qual o hidrogênio renovável se insere. Visa-se, com a adoção
O biometano também é uma alternativa ao combustível de origem fóssil. do hidrogênio renovável, diminuir as emissões de GEE e aumentar a
Trata-se de um gás purificado que advém do processamento de diferentes oferta de fontes renováveis para os veículos. O país dispõe de tecnologias
biomassas, como águas residuais, estrume de produção animal e resíduos já existentes para sua produção, podendo ainda ser aproveitada a
orgânicos industriais e urbanos. Atualmente, no Brasil, os principais infraestrutura dutoviária atual. Como desafios, essa tecnologia demanda
insumos utilizados para a sua produção são originados de resíduos grandes quantidades de energia renovável para ser também considerada
sólidos urbanos (RSU), resíduos animais e resíduos agrícolas — como a sustentável no seu processo produtivo. Assim, são necessários grandes
vinhaça, principal subproduto da indústria sucroalcooleira. Quanto aos esforços para promover a ampliação e a diversificação da matriz
aspectos legais, as diretrizes para o uso desse combustível são pautadas energética nacional com fontes renováveis, em um mercado ainda
pelo Decreto nº 1.787/1966, que autoriza a utilização de gás natural em dominado pelos combustíveis fósseis. Diante de tão relevante tema, a CNT
veículos automotores e motores estacionários. O emprego dessa fonte reuniu as informações sobre o assunto em uma publicação voltada para o
energética requer infraestrutura de distribuição adequada e própria (por setor de transporte22.
se tratar de um combustível gasoso) e necessita de alto investimento
para as instalações de purificação e condicionamento. Trata-se de
desafios, considerado o contexto em que o transporte rodoviário depende
fortemente de combustíveis fósseis e o biometano tem pouca oferta
nacional, com a maior produção no estado de São Paulo, cujo volume
excede 155 milhões de Nm3 (normal metro cúbico) ao ano. A CNT21,
16
BNDES (2023).
17
BNDES (2024).
18
NTU (2024).
19
CNT (2022). Série Energia no Transporte. Eletromobilidade – Uma das soluções para alcançar a neutralidade de carbono.
20
WRI (2023).
21
CNT (2021). Série Energia no Transporte. Biometano – Uma alternativa limpa para o modal rodoviário. 22
CNT (2023). Série Energia no Transporte. Hidrogênio Renovável – Uma das rotas para descarbonizar o transporte rodoviário.
24 25
3. A PESQUISA DE
MOBILIDADE URBANA
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
3.1 Metodologia Na primeira etapa da seleção da amostra, foi realizada a distribuição das
entrevistas de forma proporcional à representatividade dos municípios,
segundo o porte.
Objetivo
Desta forma, foram alocadas 473 entrevistas ao todo para os municípios
O objetivo central da pesquisa foi levantar informações sobre as condições
de São Paulo e Rio de Janeiro. Para que fosse mantida a proporção das
de mobilidade da população urbana com a finalidade de fornecer
entrevistas e dada a relevância destes 2 municípios, conforme o projeto
subsídios para a formulação de políticas de transporte de passageiros em
realizado em 2006 e 2017, foram alocadas por conveniência 400 entrevistas
âmbito nacional.
para cada município.
Público-alvo Ao realizar esta realocação de 800 entrevistas para as cidades de São Paulo
e Rio de Janeiro, o número de entrevistas para as demais faixas foi ajustado.
Esta pesquisa busca retratar a realidade dos municípios com população
acima de 100 mil habitantes. De acordo com os dados do último Censo Uma vez definida a distribuição das entrevistas e das cidades por faixa,
do IBGE, referente ao ano de 2022, existem no Brasil 319 municípios com procedeu-se com sorteio aleatório simples proporcional ao tamanho de
população superior a 100 mil habitantes que, juntos, somam 115,6 milhões cada município. Para cada município selecionado para fazer parte da
de pessoas (56,9% da população brasileira). amostra, foram sorteados setores censitários, em número suficiente de
forma a termos cerca de 15 entrevistas por setor, conforme Tabela 2.
O questionário da pesquisa foi respondido pelo responsável do domicílio,
que forneceu detalhes sobre seus deslocamentos diários para atividades Tabela 2 – Número de municípios a serem sorteados
como trabalho, estudo ou outras razões. Além disso, foram incluídas
informações sobre os deslocamentos de todos os moradores do domicílio Entrevistas Municípios da
Porte do município Cidades
ajustado amostra
com 15 anos ou mais.
100 a 300 mil 228 907 19
100 a 300 mil 228 37.371.622 32,3 1.002 907 Classe social dos entrevistados
300 a 500 mil 50 19.396.532 16,8 520 400 A classificação social dos entrevistados foi determinada pelo Critério
500 mil a Brasil de Classificação Econômica, elaborado pela Associação Brasileira
26 18.367.737 15,9 492 402
1 milhão de Empresas de Pesquisa (ABEP). Esta classificação leva em consideração
1 a 3 milhões 13 22.846.575 19,8 612 606 os itens de consumo encontrados no domicílio, o nível de instrução do
> 3 milhões 2 17.662.668 15,3 473 802 responsável pelo domicílio e as condições do domicílio em relação ao
TOTAL 319 115.645.134 100 3.100 3.117 fornecimento de água e ao acesso à rua pavimentada.
Fonte: Elaboração CNT/NTU, com dados do IBGE – Estimativa da população residente nos municípios brasileiros 2022.
28 29
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
NS/NR
0,7%
Margem de erro
Classe A
1,7%
A pesquisa coletou dados sobre os domicílios e seus moradores. Foram
Classe C realizadas 3.117 entrevistas com os responsáveis pelo domicílio, com um
54,1%
grau de confiança de 95% e uma margem de erro de 1,8%. No caso dos
moradores, foram conduzidas 6.947 entrevistas, também com um grau de
confiança de 95% e uma margem de erro de 1,2%.
Classe B
25,0%
3.2 Resultados
Tabela 3 – Comparação entre o Critério Brasil e a distribuição dos entrevistados
segundo a classe social
3.2.1 Perfil socioeconômico dos entrevistados
A seção apresenta as principais características socioeconômicas dos
Pesquisa Perfil da Mobilidade
Classe social Critério Brasil moradores dos domicílios pesquisados. Por meio dos dados apresentados,
Urbana 2024
é possível obter informações agrupadas sobre a quantidade de moradores
Classe A 3,1% 1,7% por domicílio, faixa etária dos residentes, grau de escolaridade, renda
Classe B 21,5% 25,0% mensal, ocupação e outras.
Classe C 47,0% 54,1%
Nota-se, do Gráfico 7, que na maioria dos domicílios residem dois
Classes D/E 28,4% 18,5%
moradores (28,5%). Em 26,6% dessas residências moram 3 pessoas; em
17,9% residem 4 pessoas; e 12,0% dos entrevistados moram com 5 ou
mais pessoas, incluindo o próprio. A quantidade de pessoas que residem
sozinha representa 15,0% da amostra. Sendo assim, tem-se que nos 3.117
domicílios pesquisados, habitam 9.048 pessoas, de todas as idades.
30 31
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
Gráfico 7 – Distribuição da quantidade de pessoas residentes, por domicílio Ao analisar a distribuição dos 6.947 participantes com 15 anos ou mais
por faixa etária, conforme ilustrado no Gráfico 9, observa-se que há uma
Cinco ou mais
moradores Um morador predominância de participantes com mais de 60 anos, totalizando 21,8%. No
15,0%
12,0% entanto, os indivíduos com mais de 30 anos representam 74,7% da amostra.
Gráfico 9 – Distribuição dos moradores com 15 anos ou mais por faixa etária
NS/NR
Quatro moradores 0,2% 15 a 19 anos
17,9% 7,3%
60 anos ou
mais 20 a 24 anos
21,8% 9,4%
Dois moradores
28,5%
25 a 29 anos
8,6%
Três moradores
26,6%
50 a 59 anos
A análise dos residentes com mais de 15 anos, conforme mostrado no 15,5%
Gráfico 8, revela a seguinte distribuição nos domicílios pesquisados: 45,1% 30 a 39 anos
18,7%
dos lares têm dois moradores nessa faixa etária; 23,5% têm apenas um;
20,2% abrigam três pessoas; 8,6% possuem quatro moradores; e 2,7% das
residências têm cinco ou mais indivíduos com mais de 15 anos. 40 a 49 anos
18,7%
Três moradores
20,2%
Masculino
47,5%
Feminino
52,5%
Dois moradores
45,1%
Nota 1: Dentre as 9.048 pessoas amostradas pela pesquisa (responsável pelo domicílio e demais moradores), 6.947
têm 15 anos ou mais, o que corresponde a 76,8% do total da amostra.
Nota 2: A soma dos valores indicados no gráfico não corresponde a 100,0% devido ao critério adotado para o
arredondamento das casas decimais.
32 33
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
Entre os 6.947 habitantes com 15 anos ou mais que participaram da Gráfico 12 – Grau de instrução das pessoas responsáveis pelo domicílio
pesquisa, 88,0% não estão frequentando regularmente instituições
educacionais presencialmente neste semestre23. Aqueles que estão Ensino Fundamental I
estudando, seja em instituições públicas ou privadas, representam 6,2% NS/NR (1º ao 5º ano)
0,1% (Primário)
do total. Cursos a distância, de idiomas, informática e similares não foram Ensino Fundamental II
15,3%
considerados como estudo para fins desta análise (Gráfico 11). (6º ao 9º ano) (Ginásio)
15,9% Especialização/Mestrado/
Doutorado
3,8%
Gráfico 11 – Situação de estudo dos habitantes com 15 anos ou mais neste semestre Nenhum
(analfabeto)
2,4%
Ensino
Superior
16,1%
Não estuda
NS/NR 88,0%
5,8%
Estuda em
escola/instituição Ensino Médio
pública (Colegial)
6,0% 46,4%
Estuda em
escola/instituição
privada
0,2%
Quando se analisa o grau de instrução de todos os participantes da
pesquisa, conforme apresentado no Gráfico 13, nota-se que a maioria
Nota: Considerando apenas estudo regular e presencial.
(46,7%) concluiu o Ensino Médio. Cerca de 16,7% possuem ensino superior
completo e 16,0% completaram o Ensino Fundamental II. A distribuição
De acordo com o Gráfico 12, 46,4% dos responsáveis pelos domicílios do grau de instrução mostra-se semelhante tanto ao considerar todos os
entrevistados têm o ensino médio como seu grau de instrução mais habitantes (com 15 anos ou mais) quanto apenas os responsáveis pelos
elevado. Os que completaram o Ensino Fundamental II (ginásio) e o domicílios (respondentes).
Ensino Fundamental I (primário) representam, respectivamente, 15,9% e
15,3% da amostra. Uma parte menor da população possui ensino superior
completo (16,1%) ou especialização (3,8%). Além disso, uma pequena
parcela é composta por analfabetos (2,4%).
23
A pesquisa foi realizada no primeiro semestre de 2024.
34 35
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
Gráfico 13 – Grau de instrução dos participantes com 15 anos ou mais Gráfico 14 – Distribuição da ocupação dos indivíduos com 15 anos ou mais
Especialização/
Mestrado/ 30,3%
Doutorado
3,0%
25,3%
Ensino Fundamental I
(1º ao 5º ano)
(Primário) Ensino Médio
12,8% (Colegial)
14,5%
46,7%
10,6%
5,7%
4,8%
3,2%
2,4%
1,5% 1,2%
Ensino Fundamental II 0,4% 0,1%
(6º ao 9º ano) (Ginásio) Empregado Autônomo Aposentado Dono(a) Desempregado Estudante Funcionário Empregador Pensionista Deficiente/ Auxílio- NS/NR
16,0% de casa público Problemas -Doença/
de saúde/ Afastado
BPC/Loas
Nota: BPC/Loas corresponde a Benefício de Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência Social.
Nenhum
(analfabeto) NS/NR
2,6% Ensino Superior 2,2%
16,7% Considerando apenas as pessoas caracterizadas como empregado ou
autônomo, depreende-se, do Gráfico 15, que 46,9% possuem carteira
O Gráfico 14 apresenta a distribuição da ocupação dos indivíduos assinada, ao passo que 24,4% trabalham por conta própria e não pagam
participantes da pesquisa e que têm 15 anos ou mais. Nota-se que 30,3% INSS. Já 17,8% são autônomos que pagam INSS e 9,7% são empregados
estão empregados e 25,3% são autônomos, o que caracteriza a maioria sem carteira assinada. Ao comparar com o cenário de 2017, nota-se uma
dos indivíduos (55,6%); 14,5% são aposentados; 10,6% são dono(a)s de casa; redução do percentual de pessoas empregadas com carteira assinada
e 5,7% estão desempregados. O restante da amostra, 13,6%, é composta (52,7%, em 2017) e o aumento do percentual de autônomos com INSS
por estudantes, funcionários públicos, empregadores, pensionistas e (10,7%, em 2017).
outros. Na comparação com a pesquisa de 2017, nota-se que o percentual
de desempregados caiu de 10,0%, em 2017, para 5,7%, em 2024, e a Gráfico 15 – Situação trabalhista dos participantes caracterizados como
empregado ou autônomo
quantidade de autônomos — de 17,9% em 2017 para 25,3% em 2024 —
e empregados — de 29,5% em 2017 para 30,3% em 2024 — aumentou. 46,9%
O resultado de redução de desempregados se encontra em linha com a
taxa de desocupação 24 do IBGE.
24,4%
17,8%
9,7%
1,2%
24
IBGE. PNAD Contínua – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2024.
Empregado com Conta Conta Empregado sem NS/NR
carteira assinada própria/autônomo própria/autônomo carteira assinada
sem INSS com INSS
Nota: Pergunta feita somente para as pessoas que responderam como ocupação “empregado” ou “autônomo”, o
que totaliza 3.861 participantes.
36 37
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
Esta pesquisa também levantou informações sobre desemprego. Gráfico 17 – Distribuição de desempregados que estão procurando emprego
O Gráfico 16 expõe o tempo em que os participantes estão
Sim
desempregados, considerando o grupo que se caracterizou como tal. 59,2%
Estão nessa condição há menos de 6 meses 33,4% e 20,0% estão há
mais de 3 anos. Chama a atenção o aumento no percentual de pessoas
que estão desempregadas há mais de 3 anos, em comparação com a
pesquisa de 2017, visto que, na ocasião, este percentual foi de 5,1%; 16,5%
estão desempregados há mais de 1 ano e menos de 2; e 14,9% estão nessa NS/NR
1,8%
condição há mais de 6 meses e menos de 1 ano.
33,4%
Não
39,0%
Nota: Pergunta feita somente para as pessoas que responderam como ocupação “desempregado”.
20,0%
Nota: Pergunta feita somente para as pessoas que responderam como ocupação “desempregado”.
Gráfico 18 – Tempo em que os desempregados estão procurando emprego
19,2%
9,8%
8,5%
6,0%
1,7%
Nota 1: Pergunta feita somente para as pessoas que responderam como ocupação “desempregado” e estão
procurando emprego.
Nota 2: A soma dos valores indicados no gráfico não corresponde a 100,0% devido ao critério adotado para o
arredondamento das casas decimais.
38 39
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
O Gráfico 19 apresenta a renda mensal dos participantes com 15 anos Gráfico 20 – Acesso à internet pelos participantes
ou mais. Foram excluídos da amostra as pessoas que afirmaram estar
desempregadas. Da análise apresentada, tem-se que 27,3% vivem com
até um salário mínimo25 e 26,1% vivem com mais de um e menos de dois
salários, o que totaliza 53,4% da amostra. Chama a atenção o percentual
de pessoas que não sabem ou não responderam à pergunta (13,6%) e que
NS/NR
vivem sem renda (10,9%), o que pode ser explicado pelo fato de haver, na 0,1%
Até 1 SM
27,3%
De 1 até 2 SM
26,1%
Os participantes também foram questionados sobre a posse de celular
e sobre a disponibilidade de internet em seus aparelhos. A partir do
resultado exposto no Gráfico 21, nota-se que a maioria (90,4%) dos
Sem renda
10,9% participantes com mais de 15 anos possui celular com acesso à internet,
enquanto um pequeno percentual (3,6%) afirma ter o dispositivo, mas sem
acesso à rede.
NS/NR
13,6% De 2 até 5 SM Gráfico 21 – Posse de celular pelos indivíduos com 15 anos ou mais
18,2%
Acima de 5 SM
3,9%
Nota: Pergunta feita somente para as pessoas que não se caracterizaram como “desempregado”.
NS/NR
0,2%
A pesquisa também questionou os participantes quanto ao seu acesso à
Sim, sem acesso
internet: 88,8% afirmaram ter acesso, enquanto 11,1% afirmaram não à internet
Sim, com
acesso à
3,6%
possuir esse recurso (Gráfico 20). internet
90,4%
Não possui
telefone celular
5,8%
25
O salário mínimo estipulado pelo Decreto nº 11.864/23 para o ano de 2024 é de R$ 1.412,00.
40 41
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
Os participantes ainda foram perguntados sobre a presença de alguma Gráfico 23 – Principais problemas urbanos
deficiência que dificulte sua mobilidade. Nota-se que 91,4% dos residentes
não possuem nenhuma deficiência que dificulte sua locomoção, Saúde 54,5%
Transporte 24,3%
Gráfico 22 – Presença de deficiência que dificulte a locomoção
Desemprego 20,8%
Educação 17,6%
Saneamento
13,7%
básico
Sim
8,5% NS/NR 2,0%
um dos três principais problemas urbanos no Brasil, tendo sido citado por Educação 10,8% 17,6%
24,3% dos entrevistados. Como resultado, comparativamente à pesquisa Outros 13,1% 16,4%
do ano de 201726, o desemprego, que ocupava a terceira posição naquele
momento (tendo sido mencionado por 36,6% dos respondentes), passou Ao analisar apenas o tópico “transporte”, nota-se que este se mostrou
a ocupar o quarto lugar na pesquisa atual (20,8%). Dessa forma, a maior mais crítico para os residentes de municípios com população entre 1
preocupação com o transporte pode ser inferida como uma demanda milhão e 3 milhões de habitantes, visto que foi mencionado por 27,2%
relativa ao aumento da ocupação das pessoas. dos entrevistados desses locais. Esse resultado apresentou-se similar
daquele registrado em 2017, já que, na ocasião, a percepção do transporte
registrou-se mais problemática nas cidades com a mesma faixa de
população (citado por 17,0% dos entrevistados desses municípios).
26
Em 2017, os principais problemas urbanos mencionados foram: falta de segurança/violência (67,8%), saúde (51,5%),
desemprego (36,6%), transporte (12,4%), educação (10,8%) saneamento básico (8,7%), outro (4,4%) e NS/NR (0,9%).
42 43
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
3.2.3 Padrões de mobilidade Tempo que gasta no trajeto para a atividade 31,4 min.
3. Saúde
A presente seção aborda diversas informações que permitem a realização
Distância Média
de inferências sobre os padrões de mobilidade da população brasileira.
Distância do trajeto de casa até o tratamento de saúde 9,9 km
Dentre alguns dados apresentados estão os motivos das viagens, os
meios de transporte mais utilizados e os fatores que fizeram os usuários Tempo Média
deixarem de utilizar o ônibus. Tempo que gasta no trajeto para a atividade 31,5 min.
Nota: A base de dados obtida considerou 1.666 pessoas que realizam viagens a trabalho; 127 pessoas que realizam
viagem a estudo; e 401 pessoas que realizam viagens para tratamento de saúde.
44 45
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
37,2
34,8 35,5
27,2
27
Em 2017, a posse de carro nas classes A, B, C e D/E era, respectivamente, de 98,9%, 81,8%, 40,3% e 7,2%, sendo, no total
da população, de 46,5%. Por sua vez, a posse de moto nas classes A, B, C e D/E era, respectivamente, de 26,7%, 20,9%,
13,6% e 6,1%, sendo, no total da população, de 14,4%.
28
Rota 2030 – Mobilidade e Logística. Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Disponível em:
Classe A Classe B Classe C Classes D/E
gov.br/mdic/pt-br/assuntos/competitividade-industrial/setor-automotivo/rota-2030-mobilidade-e-logistica.
Nota: Estimativa média dos resultados por motivos de trabalho, estudo e tratamento de saúde.
46 47
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Gráfico 27 – Posse de veículos, por classe social Gráfico 28 – Índice de propriedade de veículos (veículos/domicílio), por classe social
Carro Moto
Possui carro Possui moto
2,15
98,2%
91,7%
1,26
51,8%
47,2%
33,3%
24,8%
21,7% 20,8% 0,50
0,44 Transporte
11,8% 0,29 legalizado/lotação
7,4% 0,23
(van/ko
0,08 0,12
A B C D/E Total
A B C D/E
O Gráfico 28 apresenta o índice de propriedade de veículos por classe Nota: Pergunta feita somente para as pessoas responsáveis pelo domicílio.
IBGE – Em 2022, 1,5 milhão de pessoas trabalharam por meio de aplicativos de serviços no
29 30
Em 2017, o custo médio diário por modo de transporte era ordenado, de forma decrescente, conforme segue: táxi (R$
país. Disponível em: agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/ 28,02), serviços por aplicativo (R$ 17,91), mototáxi (R$ 13,61), automóvel (R$ 11,71), ônibus (R$ 6,84), VLT (R$ 6,40), metrô
noticias/38160-em-2022-1-5-milhao-de-pessoas-trabalharam-por-meio-de-aplicativos-de-servicos-no-pais. (R$ 6,33), trem (R$ 5,74), lotação (R$ 5,30), transporte clandestino (R$ 4,32) e motocicleta (R$ 4,06).
48 49
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
Gráfico 29 – Custo médio diário, por meio de transporte Gráfico 30 – Frequência dos deslocamentos semanais (em dias úteis) das
pessoas com 15 anos ou mais
Táxi R$ 45,69
Todos os dias
Carro próprio R$ 29,91
61,8%
Transporte alternativo
legalizado/lotação legalizada R$ 10,17 Raramente
(van/kombi/perua) ou nunca
15,7%
Ônibus R$ 9,75
Metrô R$ 9,55
De 1 a 2 dias De 3 a 4 dias
10,7% 9,9%
Trem
R$ 8,79
urbano/metropolitano
Nota: Base de dados com 2.448 respostas válidas para o valor gasto com deslocamentos.
Frequência 2017 2024
participantes realizam deslocamentos todos os dias úteis da semana e Raramente ou nunca 13,6% 15,7%
9,9% se deslocam de 3 a 4 dias no período. Sendo assim, 71,7% da amostra NS/NR/NA 2,4% 1,9%
realiza viagens a partir de 3 dias úteis na semana. Chama a atenção o
percentual de pessoas que raramente ou nunca realizam viagens (15,7%) Ao observar os dados apresentados no Gráfico 31, nota-se que nos
e seu aumento em relação à pesquisa realizada em 2017 (13,6%), conforme municípios de todos os portes há o predomínio de usuários que realizam
Tabela 6. viagens todos os dias em comparação com aqueles que não as realizam
todos os dias da semana. Esse comportamento mostra-se semelhante ao
registrado em 2017.
50 51
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
Gráfico 31 – Frequência dos deslocamentos semanais (em dias úteis), por porte Os resultados da pesquisa reiteram o entendimento de que a população
dos municípios mais jovem tem maior mobilidade. De fato, 82,1% das pessoas entre 15 e 19
Todos os dias De 3 a 4 dias De 1 a 2 dias Raramente ou nunca Não se aplica anos se deslocam diariamente. Esse percentual se reduz gradativamente
até 32,5% para pessoas com mais de 60 anos, conforme pode ser
67,9%
observado no Gráfico 33.
62,3% 60,7% 61,1%
57,0%
Gráfico 33 – Frequência de deslocamento semanais (em dias úteis), por faixa etária
100 mil a 300 mil 300 mil a 500 mil 500 mil a 1 milhão 1 a 3 milhões de Acima de 3 milhões 74,6%
habitantes habitantes de habitantes habitantes de habitantes
7,0%
20 a 24
7,6%
Nota 1: O percentual de pessoas que não souberam ou não responderam esta pergunta não foi significativo e, por anos
8,3%
isso, não está representado no gráfico.
2,3%
74,3%
Por outro lado, nota-se que parece existir uma relação entre a 6,9%
25 a 29
8,1%
regularidade de deslocamentos e a condição financeira da população anos
9,4%
(Gráfico 32). Tem-se que o percentual de pessoas que realizam viagens 1,3%
diárias decresce com a redução da classe social, indo de 72,1%, na classe A, 71,5%
8,9%
para 47,3%, nas classes D/E. Ainda no que se refere ao Gráfico 32, tem-se 30 a 39
anos
7,6%
10,9%
que, ao ascender a classe social, reduz-se o percentual de pessoas acima 1,1%
62,1% 32,5%
13,9%
60 anos
18,5%
ou mais
31,4%
47,3% 3,6%
Nota 1: O percentual de pessoas que não souberam ou não responderam esta pergunta não foi significativo e, por
isso, não está representado no gráfico.
24,6%
15,8% 15,0%
10,7% 10,3% 10,4% 10,6% 10,8%
9,3% 8,2% 9,4%
7,1%
0,7% 1,4% 2,0% 2,2%
A B C D/E
Nota 1: O percentual de pessoas que não souberam ou não responderam esta pergunta não foi significativo e, por
isso, não está representado no gráfico.
52 53
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
Motivos das viagens Tabela 7 – Comparação dos motivos das viagens realizadas (2017 e 2024)
O principal motivo dos deslocamentos realizados entre os residentes com Motivo 2017 2024
mais de 15 anos é o trabalho (50,8%), conforme apresentado no Gráfico
34. Esse resultado mostra-se ligeiramente inferior àquele registrado na Trabalhar 53,3% 50,8%
pesquisa realizada em 2017 (Tabela 7). Na ocasião, as mesmas viagens Fazer compras 13,7% 19,3%
representaram 53,3% do total, ou seja, houve uma redução de 2,5 p.p. Estudar 9,7% 8,3%
A redução também foi observada nas viagens direcionadas aos estudos Tratamento de saúde 9,0% 9,7%
(9,7%, em 2017, e 8,3%, em 2024) e para procurar emprego (5,7%, em 2017, Outros 8,4% 10,2%
e 1,4%, em 2024). Tal resultado pode ser decorrente da recente alteração
Procurar trabalho 5,7% 1,4%
nas dinâmicas de estudo e trabalho, que passaram a adotar modalidades
NS/NR 0,2% 0,2%
remotas, reduzindo, como consequência, a necessidade de deslocamentos
para estes fins. Por outro lado, nota-se um incremento das viagens Nota: A soma de alguns dos valores indicados no gráfico não corresponde a 100,0% devido ao critério adotado para o
arredondamento das casas decimais.
destinadas a realização de compras (13,7%, em 2017, e 19,3%, em 2024) e
tratamentos de saúde (9,0%, em 2017, e 9,7%, em 2024). Tal mudança de Ao analisar os motivos dos deslocamentos por porte dos municípios,
comportamento pode ser, em parte, explicado pelo envelhecimento da nota-se que as viagens a trabalho são as mais representativas em cidades
população brasileira, mostrado na pirâmide etária do IBGE31. de todos os portes, como observado no Gráfico 35, tendo variado de 43,1%
(em municípios com quantidade de habitantes entre 500 mil e
Gráfico 34 – Motivos das viagens realizadas
1 milhão) a 54,9% (em municípios com mais de 100 mil e menos de 300
Trabalhar mil habitantes). Tal resultado mostra-se significativamente discrepante
50,8%
daquele observado em 2017, pois, naquela ocasião, as viagens a trabalho se
destacavam nas cidades com mais de 3 milhões de habitantes (55,3%), ao
passo que, em 2024, esse tipo de viagem se mostrou mais representativo
NS/NR em pequenas cidades (100 a 300 mil habitantes).
0,2%
Nota 1: Pergunta relativa aos indivíduos com 15 anos ou mais que realizam deslocamentos a partir de 1 dia na
semana. No total, foram 7.367 deslocamentos referentes a 5.720 pessoas.
Nota 2: A soma dos valores indicados no gráfico não corresponde a 100,0% devido ao critério adotado para o
arredondamento das casas decimais.
31
IBGE. Pirâmide Etária 2024.
54 55
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
Gráfico 35 – Motivos das viagens realizadas, por porte dos municípios Gráfico 36 – Motivos das viagens realizadas por classe social
Trabalhar Fazer compras Estudar Tratamento de saúde Procurar trabalho Outros motivos NS/NR Trabalhar Fazer compras Estudar Tratamento de saúde Procurar trabalho Outros motivos
54,9%
17,2% 48,1%
8,1% 19,7%
100 mil a
300 mil 7,0% 6,6%
A
habitantes 1,3% 11,5%
11,2% 0,0%
0,3% 14,2%
45,9% 51,6%
26,2% 20,4%
300 mil a 8,0% 8,9%
500 mil 10,2% B
8,1%
habitantes 1,5%
0,4%
8,1%
10,2%
0,1%
52,5%
43,1%
18,7%
23,4%
6,1% 8,0%
500 mil a 1 C
milhão de 17,7% 9,4%
habitantes 1,0% 1,5%
8,6% 9,7%
0,1%
44,4%
52,3% 19,1%
16,6% 8,1%
1 a 3 milhões D/E
de habitantes 10,0% 13,0%
8,5% 3,5%
1,0%
11,8%
11,5%
0,2%
Nota 1: O percentual de pessoas que não souberam ou não responderam esta pergunta não foi significativo e, por
54,1% isso, não está representado no gráfico.
16,4%
Acima de 3 8,8%
milhões de 7,3%
habitantes 2,2% O padrão dos deslocamentos a trabalho por faixa etária registrou
0,5%
10,7%
comportamento similar àquele observado em 2017, apresentando um
aumento gradativo, com auge entre 30 e 39 anos (62,8%), seguido de
Nota: A soma de alguns dos valores indicados no gráfico não corresponde a 100,0% devido ao critério adotado
para o arredondamento das casas decimais. queda (Gráfico 37). Já para estudo, nota-se uma constante redução
entre as faixas etárias, de 60,7% (faixa entre 15 e 19 anos) para 1,3% (acima
Diferentemente do observado em 2017, não existe relação direta entre de 60 anos), enquanto a motivação tratamento de saúde registrou
o poder aquisitivo da população e a quantidade de viagens a trabalho comportamento inverso, indo de 1,9% (faixa entre 15 e 19 anos) para 20,9%
realizadas. Isso porque, a classe C mostrou-se como aquela que mais se (acima de 60 anos), conforme Tabela 8. Tais resultados corroboram com a
desloca a trabalho (52,5%), e não mais a classe A (48,1%), como ocorreu dinâmica social baseada no ciclo de vida da população mundial.
na pesquisa anterior. Os deslocamentos destinados a fazer compras
mostram-se semelhantes em todas as classes sociais, com variação entre
18,7% (classe C) e 20,4% (classe B). Já as viagens destinadas a realização de
tratamentos de saúde mostram-se como o terceiro tipo de deslocamento
mais representativo, à exceção da classe B, que registrou mais viagens
a estudo (8,9%) do que deste tipo (8,1%). Essas informações podem ser
observadas no Gráfico 36.
56 57
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
Gráfico 37 – Motivos das viagens realizadas, por faixa etária Tabela 8 – Comparação dos motivos das viagens realizadas por faixa etária (2017 e 2024)
15 a 19 anos
25,7%
4,7%
60,7% Trabalhar 25,4% 25,7%
15 a 19 anos
1,9%
1,9% Fazer compras 2,0% 4,7%
4,9%
Estudar 60,9% 60,7%
57,9%
11,0%
17,1%
Realizar tratamento de saúde (médico, dentista) 1,4% 1,9%
20 a 24 anos
5,4%
1,9% Procurar trabalho 5,5% 1,9%
6,6%
Outros motivos 4,3% 4,9%
61,1%
13,5% NS/NR 0,4% 0,2%
5,0%
25 a 29 anos
6,8%
2,6% 20 a 24 anos
10,7%
Trabalhar 55,6% 57,9%
62,8%
16,5% Fazer compras 5,3% 11,0%
30 a 39 anos 3,1%
1,6%
6,9% Estudar 20,1% 17,1%
8,9%
Realizar tratamento de saúde (médico, dentista) 4,1% 5,4%
60,6%
18,0% Procurar trabalho 10,8% 1,9%
40 a 49 anos 9,5%
7,6% Outros motivos 3,9% 6,6%
1,5%
2,7%
NS/NR 0,3% 0,1%
54,5% 25 a 29 anos
22,0%
2,0%
50 a 59 anos
11,0% Trabalhar 65,1% 61,1%
1,0%
9,1% Fazer compras 7,4% 13,5%
24,0% Estudar 7,4% 5,0%
35,5%
1,3%
60 anos ou mais
20,9%
Realizar tratamento de saúde (médico, dentista) 3,7% 6,8%
0,4%
17,6% Procurar trabalho 9,8% 2,6%
Outros motivos 6,4% 10,7%
Nota 1: O percentual de pessoas que não souberam ou não responderam esta pergunta não foi significativo e, por
isso, não está representado no gráfico. NS/NR 0,1% 0,3%
30 a 39 anos
Trabalhar 69,2% 62,8%
Fazer compras 9,7% 16,5%
Estudar 4,0% 3,1%
Realizar tratamento de saúde (médico, dentista) 4,2% 6,9%
Procurar trabalho 5,9% 1,6%
Outros motivos 7,0% 8,9%
NS/NR 0,1% 0,2%
58 59
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
continuação
32
Em 2017, os percentuais de participação dos modos de transporte eram ordenados, de forma decrescente, conforme
segue: ônibus (transporte público) (45,2%), carro próprio (22,2%), a pé (21,5%), moto própria (5,1%), metrô (4,6%), bicicleta
própria (4,1%), transporte alternativo legalizado/lotação legalizada (2,6%), carona (2,5%), trem urbano/metropolitano (1,5%),
ônibus/micro-ônibus/van da empresa onde trabalha (1,4%), serviços oferecidos por aplicativos (1,0%), táxi (0,9%), mototáxi
(0,5%), transporte clandestino (0,3%), ônibus/micro-ônibus/van de transporte escolar (0,2%) e VLT (0,0%).
60 61
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Gráfico 38 – Meios de transporte utilizados compatível com a dimensão dessa população no país (2,9%). Cabe ressaltar que
o serviço de mototáxi (serviço comum), conforme respondido na pesquisa, só é
Ônibus (transporte público) 30,9% utilizado pelas classes C e D/E, assim como o transporte clandestino.
Carro próprio 29,6%
A pé 21,6%
Gráfico 39 – Meios de transporte utilizados, por classe social
Serviços oferecidos por
aplicativos (Uber, Cabify etc.) 11,1% A B C D/E
Moto própria 10,9% Ônibus (transporte público) 0,5% 19,3% 60,5% 18,7%
A partir da análise do Gráfico 39, é possível verificar que quase 80,0% dos Nota 1: Os participantes puderam citar até 3 opções de resposta para esta pergunta.
Nota 2: O percentual referente ao uso de bicicleta compartilhada não foi significativo e, por isso, não está
deslocamentos de ônibus são realizados por usuários das classes C e D/E. representado no gráfico.
Isso revela a importância do transporte público coletivo como um meio Nota 3: Alguns percentuais relativos a alguns meios de transporte não totalizam 100,0% devido a critérios de
arredondamento e devido aos entrevistados cuja classe social foi definida como “não identificada”.
de deslocamento acessível às classes sociais com menor poder aquisitivo
e reforça a necessidade da implementação de medidas voltadas para O ônibus, o carro próprio e a pé apresentam equilíbrio na distribuição das
o provimento de infraestrutura, com foco na melhoria da eficiência da viagens, de acordo com o porte dos municípios. Contudo, segundo os
prestação do serviço e para a promoção da modicidade tarifária. dados destacados no Gráfico 40, chama a atenção, quando comparado
com os outros meios, o percentual de apenas 11,8% das viagens realizadas
Grande parte dos usuários dos serviços oferecidos por aplicativos também por ônibus serem realizadas nas cidades de 500 a 1 milhão de habitantes.
pertencem às classes C e D/E — 68,4%. O baixo percentual da classe A (3,2%) é
62 63
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Os serviços oferecidos por aplicativos possuem 27,2% das suas viagens Não houve alteração significativa no nível de motorização dos
concentradas nos municípios desse porte, enquanto o percentual de deslocamentos realizados nas cidades brasileiras (Gráfico 41), em
mototáxi por aplicativo sobe para 37,4% também nessas cidades. Os comparação com 2017, como pode ser visto na Tabela 9. Atualmente, 78,1%
meios ativos, como bicicletas e os deslocamentos a pé, se destacam nas das viagens são realizadas em meios motorizados de transporte.
localidades de 100 mil a 300 mil habitantes.
Os dados detalhados por meio de transporte utilizado revelam que
Como a opção de veículos sobre trilhos só é ofertada em cidades de houve uma migração de viagens de coletivos para individuais. Uma
grande porte, observa-se a maior utilização de metrô (89,5%), trens parcela importante de viagens que eram realizadas por ônibus agora
urbanos/metropolitanos (93,3%) e monotrilho (100%) em cidades com é realizada sobretudo por carro e moto próprios, assim como serviços
mais de 3 milhões de habitantes. Em municípios deste porte também foi oferecidos por aplicativos.
destaque a concentração de usuários que utilizam transporte alternativo
legalizado (75,0%) e transporte clandestino (75,0%). O cenário revela que os meios ativos de deslocamento ainda carecem de
medidas de incentivo para a utilização, especialmente aquelas voltadas
Gráfico 40 – Meios de transporte utilizados, por porte dos municípios para o provimento de infraestrutura associada ao planejamento dos
sistemas de transporte com foco na integração modal.
100 mil a 300 mil habitantes 300 mil a 500 mil habitantes 500 mil a 1 milhão de habitantes
1 milhão a 3 milhões de habitantes Acima de 3 milhões de habitantes
Gráfico 41 – Percentual de utilização de veículos motorizados
Ônibus (transporte público) 23,1% 14,7% 11,8% 22,9% 27,4%
Não
Metrô 2,5% 6,3% 89,5% motorizado
0,8%
0,8% 21,9%
Mototáxi (serviço oferecido 8,8% 27,2% 37,4% 24,5%
por aplicativos – Uber, 99 etc.) 2,0%
Nota 1: Os participantes puderam citar até 3 opções de resposta para esta pergunta.
Nota 2: O percentual referente ao uso de bicicleta compartilhada não foi significativo e, por isso, não está
representado no gráfico.
64 65
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Os meios motorizados de transporte têm preferência de utilização estruturais. Isso contribui bastante para o cenário de precarização do
por todas as classes sociais. Os percentuais de utilização dos meios serviço, no qual a forma de se deslocar nas cidades caminha em direção
motorizados são muito elevados, sobretudo nas classes A e B, onde a insustentabilidade. Atualmente, a utilização do transporte coletivo
superam 85% de utilização. Nas classes C e D/E, os meios motorizados representa 31,7%, frente aos 68,3% da utilização de veículos individuais,
representam 77,7% e 62,4%, respectivamente (Gráfico 42). conforme Gráfico 43.
Em relação ao cenário observado em 2017, houve alteração apenas na Gráfico 43 – Percentual de utilização de transporte coletivo e individual
participação dos meios ativos de transporte nos deslocamentos das
classes D/E, que subiu de 29,3% para 37,6%, o que pode significar o Coletivo
31,7%
aumento da população excluída desse serviço público essencial.
12,4% 14,7%
22,3%
37,6%
Individual
68,3%
87,6% 85,3%
77,7% Nota: No total, foram considerados 5.720 respondentes com 15 anos ou mais (que se deslocam todos os dias, 3 a 4
62,4%
dias ou 1 a 2 dias na semana) que realizam 7.349 deslocamentos.
A B C D/E
Segmento 2017 2024
Os meios de transporte coletivo vêm perdendo participação na matriz Coletivo 49,8% 31,7%
de deslocamento das cidades brasileiras. Nos últimos sete anos, os Individual 50,2% 68,3%
deslocamentos realizados no transporte coletivo tiveram sua participação
reduzida em 18,1 p.p., de acordo com os dados destacados na Tabela
A redução dos deslocamentos coletivos foi significativa em todas as
10. O aumento da quantidade de deslocamentos realizados em meios
classes sociais; todavia observa-se uma concentração nas classes C e
individuais não foi observado nos ativos (a pé e bicicleta própria), pois,
D/E, com perdas de 18,2 p.p. e 22,9 p.p., respectivamente (em 2017, esses
como verificado na análise da Tabela 9, a participação das viagens não
percentuais foram de 53,8%, para a classe C, e 60,8%, para as classes D/E)33.
motorizadas permaneceu estável em comparação ao ano de 2017.
O cenário revelado pelo Gráfico 44 pode ser explicado pelo aumento da
A redução na priorização do uso do ônibus tem impacto na mobilidade informalidade no mercado de trabalho brasileiro, apesar da redução da
das cidades, pois, em muitos casos, é o único meio coletivo de
deslocamento presente na maior parte dos municípios. Iniciada na
pandemia, a redução na demanda de passageiros no sistema de 33
Em 2017, os percentuais de utilização do transporte coletivo nas classes A, B, C e D/E eram, respectivamente, de
transporte coletivo, não terá sua inércia revertida sem mudanças 24,3%, 40,8%, 53,8% e 60,8%. Os percentuais do transporte individual, por sua vez, nas classes A, B, C e D/E eram,
respectivamente, de 75,7%, 59,2%, 46,2% e 39,2%.
66 67
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taxa de desocupação revelada pelos dados do IBGE. Essa situação pode ter Gráfico 45 – Motivos para utilização do transporte público por ônibus em sua família
provocado a redução da quantidade de trabalhadores contemplados com
o benefício do vale-transporte. É a única alternativa de
transporte disponível
52,7%
Gráfico 44 – Percentual de transporte coletivo e individual, por classe social Menor tempo de espera em relação
aos outros tipos de transporte 8,9%
NS/NR 3,8%
35,6% 37,9%
Usuários de serviços de solicitação de viagens por aplicativos (Uber, 99 etc.)
23,1% De acordo com a opinião de seus usuários, os serviços oferecidos
11,2%
por aplicativos destacam-se pelos atributos quanto a comodidade e
A B C D/E
conveniência, refletidos nos critérios de maior rapidez da viagem (49,0%);
flexibilidade de rotas e horários (43,2%); maior conforto (43,0%); e facilidade
de acesso (36,0%). Os resultados indicados no Gráfico 46 apontam para três
situações que são queixas frequentes dos usuários dos meios coletivos de
ANÁLISE DO SERVIÇO DE TRANSPORTE SEGMENTADO POR TIPO DE SERVIÇO OFERTADO transporte, como o elevado tempo das viagens, o baixo nível de conforto e a
falta de serviços customizados para diferentes perfis de usuários.
Usuários de serviços de transporte público coletivo (ônibus)
O Gráfico 45 mostra a importância do transporte público por ônibus,
visto que essa é a única alternativa disponível para mais de 52% dos
entrevistados. Tal fato pode ser atribuído à capilaridade do modo
rodoviário, assim como a existência dos elementos de priorização que
podem reduzir o tempo de deslocamento em relação aos carros. Há, ainda,
os que afirmam que o custo deste é menor em relação aos demais meios
ofertados, mostrando que o critério financeiro é uma variável significativa
na acessibilidade dos cidadãos.
68 69
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Gráfico 46 – Motivos para utilização dos serviços oferecidos por aplicativo Gráfico 47 – Frequência semanal (em dias úteis) do uso de mototáxi em
atividades rotineiras
Maior rapidez da viagem 49,0%
De 1 a 2 dias
20,7% De 3 a 4 dias
Flexibilidade (rotas e horários) 43,2% Conges
19,5%
NS/NR
Menor preço 23,2% 2,4%
Pontualidade 20,5%
NS/NR 0,2%
A baixa adesão ao uso do serviço de mototáxi parece estar relacionada
Nota 1: Os entrevistados podiam responder mais de uma opção nesta questão. à maior exposição do passageiro aos riscos inerentes, sobretudo à alta
Nota 2: Pergunta feita para as pessoas responsáveis pelo domicílio que afirmaram utilizar mototáxi ou serviços
oferecidos por aplicativos (Uber, 99 etc.). severidade quando do envolvimento em acidentes de trânsito. Essa
situação é comprovada pela indicação do risco de acidentes (58,5%) como
Usuários de mototáxi (serviço comum e serviço oferecido por aplicativos – Uber, 99 etc.) a principal dificuldade entre aquelas elencadas por seus usuários. A
possibilidade de serem vítimas de assaltos foi citada por 19,5%. Por fim, os
Apesar da baixa participação como meio utilizado para realizar viagens congestionamentos e o preço cobrado pelas corridas foram indicados por
(2,6%, Gráfico 38), a frequência de utilização dos usuários de mototáxi, 29,3% e 26,8%, respectivamente, conforme Gráfico 48.
apresentada no Gráfico 47, é significativamente relevante. No universo
pesquisado, com predominância para a classe C nas cidades de 500 mil a Gráfico 48 – Principais dificuldades encontradas nos deslocamentos por mototáxi
1 milhão de habitantes, 42,7% utilizam os serviços disponíveis todos os dias
ou de 3 a 4 vezes por semana. Os dados apurados apontam para um nível Risco de acidentes 58,5%
Congestionamentos 29,3%
Falta de equipamentos
adequados de segurança 17,1%
NS/NR 7,3%
Nota: Os entrevistados puderam escolher até 3 opções de respostas para esta pergunta.
70 71
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Usuários de veículo próprio (automóvel) MEIOS DE TRANSPORTE MAIS UTILIZADOS POR ESTUDANTES E IDOSOS
Entre as cinco principais dificuldades apontadas pelos usuários dos
automóveis, três estão relacionadas a fatores que representam custo. Estudantes
São elas: o preço do combustível (67,5%), os custos necessários para a Os estudantes deslocam-se majoritariamente fazendo uso de meios coletivos,
manutenção dos veículos (29,7%) e os valores dispendidos para pagar caracterizados por 43,2% dos casos, entre ônibus, metrô e trem urbano/
estacionamentos privados e públicos (28,6%), como pode ser visto no metropolitano. Nesse universo, o ônibus é destaque para 36,1%, enquanto
Gráfico 49. o deslocamento a pé é um dos mais utilizados para 18,2% dos estudantes.
Esse cenário pode ser explicado como consequência dos benefícios tarifários
Além do exposto anteriormente, os congestionamentos (51,2%) e a
(isenções ou descontos) concedidos por alguns municípios, por meio de
indisponibilidade de vagas para estacionamento (30,1%) também são
políticas tarifárias, bem como pela proximidade da moradia aos centros de
entraves que se destacam durante o uso do automóvel para a realização
ensino, um fato muito presente nas cidades brasileiras.
das viagens. Ambas as situações são decorrentes da própria priorização
desse meio de transporte pelas políticas de circulação e de organização do Ainda assim, 24,7% dos estudantes realizam viagens em meios individuais
sistema viário nas cidades brasileiras. Logo, apesar do alto custo e da baixa e motorizados (carro próprio, moto própria e serviços oferecidos por
eficiência, esse meio de deslocamento é utilizado em grande parte das aplicativos), de acordo com o Gráfico 50.
cidades brasileiras.
Gráfico 50 – Distribuição dos estudantes, por meio de transporte utilizado
Gráfico 49 – Principais dificuldades enfrentadas pelos usuários de carro próprio
Ônibus (transporte público) 36,1%
Preço do combustível 67,5%
A pé 18,2%
Congestionamentos 51,2%
Outros 3,3%
Carona (carro de terceiros,
inclusive serviços de carpooling) 5,0%
NS/NR 1,4%
Metrô 4,8%
Nota 1: Pergunta feita apenas para as pessoas responsáveis pelo domicílio que afirmaram utilizar carro próprio.
Nota 2: Os respondentes puderam escolher até três opções de resposta para esta pergunta. Bicicleta própria 4,4%
Ônibus/micro-ônibus/van de
transporte escolar 3,7%
Mototáxi 2,1%
Ônibus/micro-ônibus/van
da empresa onde trabalha 0,7%
72 73
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
Metrô 3,4%
Mais de uma
Moto própria 2,9% condução, pagando
todas as tarifas
11,1% NS / NR
Mototáxi 1,7% 1,3%
Táxi 1,0%
Nota 1: Considerando 1.666 responsáveis pelo domicílio que afirmaram realizar deslocamentos para trabalhar.
Nota 2: A soma de alguns dos valores indicados no gráfico não corresponde a 100,0% devido ao critério adotado
Ônibus/micro-ônibus/van da
empresa onde trabalha 0,9%
para o arredondamento das casas decimais.
(próprio da empresa/fretamento)
74 75
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
A partir do Gráfico 53, é possível perceber que a maioria dos estudantes Gráfico 54 – Quantidade de conduções utilizadas para realizar tratamento de saúde
(72,4%) utiliza apenas uma condução para se deslocar. Em 2017, esse
NS / NR
percentual foi de 67,3%36. Como os deslocamentos a estudo, em geral, 1,7%
são diários (ou, ao menos, recorrentes), pode-se inferir que existe uma
tendência de escolha do local de residência com base na facilidade
Mais de uma
de acesso ao local de estudo, ou vice-versa, de forma a minimizar a condução, pagando
todas as tarifas
necessidade de mais de uma condução para este fim. 17,5%
Mais de uma
condução, pagando
todas as tarifas
19,7%
Nota: Considerando 401 responsáveis pelo domicílio que afirmaram realizar deslocamentos para tratamentos
de saúde.
Mais de uma
condução, pagando
apenas uma tarifa
3,1%
Horários de utilização
Só uma
NS / NR condução Os padrões relacionados aos horários de utilização também não
72,4%
0,8%
apresentaram alterações significativas para os três motivos de viagens
analisados, tendo como referência a pesquisa realizada em 2017. Nos
gráficos 55, 56 e 57, estão registrados o peso de cada faixa horária nas
trabalhar.
ério adotado viagens realizadas nas cidades brasileiras, aderentes aos picos da manhã e
Nota 1: Considerando 127 responsáveis pelo domicílio que afirmaram realizar deslocamentos para estudar.
Nota 2: A soma de alguns dos valores indicados no gráfico não corresponde a 100,0% devido ao critério adotado da tarde.
para o arredondamento das casas decimais.
76 77
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Gráfico 55 – Horários em que geralmente realiza o deslocamento para trabalhar Gráfico 56 – Horários em que geralmente realiza o deslocamento para estudar
5,5%
Entre 21h e 23h 23,6%
Entre 21h e 23h
NS/NR 0,8%
NS/NR 1,9%
Nota: Considerando 127 responsáveis pelo domicílio que afirmaram realizar deslocamentos para estudar.
Nota: Considerando 1.666 responsáveis pelo domicílio que afirmaram realizar deslocamentos para trabalhar.
Já para as viagens direcionadas a atividades de estudo, nota-se que a faixa Para viagens destinadas à realização de tratamentos de saúde, observa-se
horária entre 7 horas e 9 horas aumentou a representatividade de 16,0% um comportamento diferente dos demais motivos apresentados, visto que
para 25,2%, de 2017 para 2024. Já a faixa entre 17 horas e 19 horas continua se concentram até as 13 horas. Além disso, o período entre 7 horas e 9 horas,
sendo aquela com a maior utilização, com 40,9% (35,3%, em 2017). com 49,2%, é o de maior utilização do transporte público coletivo para essa
finalidade. Em 2017, foi registrado 44,6% para a mesma faixa horária.
78 79
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Gráfico 57 – Horários em que geralmente realiza o deslocamento para Certamente, a redução da demanda do transporte público provocada pela
tratamento de saúde
pandemia foi um dos fatores que contribuiu para que mais da metade
do universo pesquisado tenha substituído o ônibus por outro meio de
Entre 5h e 7h 15,2%
transporte. Dados da NTU (2024) comprovam que, nos últimos dois anos, o
nível de demanda nos sistemas de ônibus urbanos das principais capitais
Entre 7h e 9h 44,4%
e regiões metropolitanas do país oscilou entre 80,0% e 85,0% do que era
atingido antes da pandemia.
Entre 9h e 11h 28,4%
Entre 11h e 13h 16,5% Gráfico 58 – Substituição do ônibus por outro meio de transporte
38
Aqueles respondentes que não substituíram o ônibus por outro meio de transporte.
80 81
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Tabela 11 – Comparação da substituição do ônibus por outros meios de transporte O carro próprio continua como o protagonista entre os meios de
(2017 e 2024) transporte utilizados na substituição do ônibus — os dados no Gráfico 60
mostram que 38,5% das pessoas passaram a utilizar o carro próprio. Houve
Substituição por outros meios 2017 2024
um pequeno crescimento em relação a 2017, quando foi registrado 35,8%.
Sim, deixou de usar totalmente 16,1% 29,4% Já a substituição por deslocamentos a pé caiu de 29,1%, em 2017, para
Sim, diminuiu o uso 22,1% 27,5% 19,3%, em 2024. Os destaques da migração de demanda observada de
Não 56,3% 32,1% 2017 para 2024 são os serviços oferecidos por aplicativos, que saltaram de
Nunca utilizou 4,8% 10,4% 2,1% para 18,2%, e a moto própria, que saiu de 7,8% para 14,7%.
NS/NR 0,7% 0,6%
A migração para outros meios se mostrou pouco relevante — metrô (2,6%),
trem urbano (1,5%), VLT (0,1%) e monotrilho (0,1%) —, pois ainda há pouca
Mesmo as classes C e D/E, que são as mais representativas na demanda infraestrutura nas cidades brasileiras e a expansão desta malha viária se
por transporte coletivo por ônibus, conforme Gráfico 59, apresentaram dá de forma muito lenta.
elevados índices de substituição do ônibus por outros meios para realizar
viagens nas cidades. Juntas, as pessoas da classe C que deixaram de
Gráfico 60 – Meio de transporte que passou a ser utilizado após a substituição
utilizar totalmente e que diminuíram o uso são 56,5%. Nas classes D/E
do ônibus
os mesmos grupos representam 54,1%. Já na classe B, a substituição
registrou o maior nível, correspondendo a 61,5%, o que pode ser Carro próprio 38,5%
Monotrilho 0,1%
Nota 1: Considerando os 1.771 entrevistados que afirmaram ter deixado de usar totalmente o ônibus ou ter reduzido
seu uso.
Nota 2: Os respondentes puderam escolher mais de uma opção para esta pergunta.
82 83
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
A migração modal, analisada por classe social no Gráfico 61, tem como Gráfico 61 – Meio de transporte que passou a ser utilizado após a substituição do
destaques os seguintes pontos: ônibus, por classe social
A B C D/E
• Dentre as pessoas que fizeram a substituição pelo carro próprio, 47,6%
Carro próprio 2,5% 47,6% 46,1% 3,5%
são da classe B e 46,1%, da classe C.
A pé 5,0% 12,6% 54,9% 27,2%
• Os deslocamentos a pé passaram a ser realizados por 54,9% da classe Serviços oferecidos por aplicativos 5,6%
(Uber, Cabify etc.)
17,7% 56,6% 20,1%
C e 27,2% das classes D/E Moto própria 7,3% 29,6% 54,4% 8,4%
• Para as viagens que agora estão sendo feitas com o uso da bicicleta NS/NR 57,1% 8,2% 16,3% 18,4%
própria, os dados por classe social mostram representatividade Mototáxi (serviço comum) 59,2% 22,4% 18,4%
considerável para as classes A (13,1%) e B (15,6%). A classe C registrou Táxi 11,1% 6,7%
66,7% 15,6%
45,0% e as classes D/E, 26,3%. Ônibus/micro-ônibus/van da empresa onde
trabalha (próprio da empresa/fretamento) 72,1% 7,0% 18,6% 2,3%
Nota: O percentual de pessoas que não souberam ou não responderam esta pergunta não foi significativo e, por
isso, não está representado no gráfico.
84 85
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equivalentes. Outra redução importante foi observada para o motivo Gráfico 63 – Motivos que provocaram a substituição do ônibus por outros meios,
por classe social
insegurança/violência, que caiu de 20,0%, em 2017, para 11,4%, atualmente.
A B C D/E
Os percentuais de todos os motivos apontados estão no Gráfico 62.
38,1%
36,1%
Pouco conforto
Faz-se relevante observar que o conforto, a oferta dos serviços e o tempo 22,0%
26,7%
de viagem estão à frente do preço cobrado quando a população opta pelo Falta de flexibilidade
23,4%
28,6%
dos serviços (rotas e
meio de transporte nas viagens urbanas.
20,0%
horários) 17,9%
14,3%
Elevado tempo 24,5%
de viagem 19,2%
19,0%
Mudança do 17,6%
local de trabalho 17,4%
Pouco conforto 28,7% 14,9%
14,3%
Preço elevado da 10,1%
Falta de flexibilidade dos serviços tarifa/passagem 13,0%
(rotas e horários) 20,7%
10,8%
14,3%
14,6%
Elevado tempo de viagem 20,4% Insegurança/violência 10,4%
9,0%
19,0%
Mudança do local de trabalho 17,2% Baixa confiabilidade 13,5%
(atrasos) 8,5%
9,3%
14,3%
Cobertura restrita do sistema 5,4%
Mudança de endereço 9,7% (insuficiência de linhas) 4,2%
3,4%
9,5%
Dificuldade de acesso Falta de integração com outras 3,9%
(forma de solicitação do serviço) 9,4%
linhas de transporte público 3,3%
4,9%
Nota: Considerando apenas as pessoas que responderam ter substituído o ônibus por algum outro meio.
NS/NR 3,9%
Nota 1: Considerando apenas as pessoas que responderam ter substituído o ônibus por algum outro meio.
Nota 2: Os respondentes puderam escolher até 4 opções para esta pergunta. Na opinião das pessoas que substituíram o ônibus por outros meios,
para que seja promovida a recuperação da demanda para o transporte
Apesar de diversificado em diferentes parâmetros, o comportamento das público por ônibus é necessário o atendimento dos seguintes requisitos,
respostas pode ser explicado pela comodidade e conveniência oferecidos conforme Gráfico 64: reduzir o valor das tarifas, opção citada por 21,2% dos
pelo transporte privado por aplicativo, mesmo que isso implique um valor entrevistados (34,5%, em 2017); aumentar o conforto durante as viagens,
de tarifa mais elevado. Conforme apresentado no Gráfico 63, tal percepção 19,8% (22,1%, em 2017); aumentar a velocidade dos deslocamentos para
de valor está permeado em todas as classes sociais. Isto permite inferir para reduzir o tempo das viagens, 19,0% (25,4%, em 2017); e ofertar serviços
onde o transporte público coletivo deve direcionar esforços para elevar o com mais flexibilidade de rotas e horários, de acordo com os perfis de
engajamento do usuário e se mostrar competitivo frente ao novo mercado. deslocamentos dos passageiros, 14,3% (24,6%, em 2017).
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Em 26,6% dos casos, nenhuma mudança seria suficiente para que o uso No grupo de pessoas que deixaram de utilizar o ônibus como principal
do ônibus fosse retomado. Houve um aumento desse grupo em relação ao meio de transporte, conforme Gráfico 65, 63,5% delas afirmaram que
índice atingido em 2017, que foi de 20,8%. poderiam voltar a usar caso os motivos que levaram à substituição fossem
resolvidos, mesmo com a cobrança de tarifas com preços maiores. O
Observa-se que a maioria das pessoas que trocaram o ônibus por outros cenário é o mesmo verificado em 2017, quando 62,6% das pessoas que
meios está satisfeita com sua opção. Para voltar a utilizar o ônibus as realizaram a migração para outros meios também declararam que
condições de menor preço, maior conforto e menor tempo de viagem retornariam ao ônibus após o atendimento dessas condições.
estão no mesmo patamar.
Gráfico 65 – Possibilidade de retorno ao uso do ônibus, com problemas
resolvidos e tarifa maior
Gráfico 64 – Opções necessárias para retornar a utilizar o ônibus como meio de
deslocamento
Pontualidade 12,8%
Maior frequência
8,3% NS/NR Não
(maior número de viagens por dia)
3,7% 32,8%
Facilidade de acesso
(forma de solicitação do serviço) 7,2%
Renovação da frota de ônibus 6,2% Nota: Pergunta feita para os 1.141 responsáveis pelo domicílio que deixaram de utilizar ônibus ou diminuíram o seu
uso, fizeram substituição por algum outro meio e citaram alguma opção como sendo a que os faria utilizar ônibus
Facilidade de pagamento (formas novamente.
alternativas: cartão de crédito/débito) 3,7%
NS/NR 3,6%
A redução pela metade do valor das tarifas públicas cobradas da
Menor percurso a pé (início/fim das viagens
3,2%
nos locais/proximidades desejadas) população usuária do transporte coletivo tem potencial para garantir o
Disponibilidade de informações sobre
o serviço (roteiro, valor da tarifa/
passagem, tempo de viagem etc.)
2,8% retorno de 25,2% das pessoas que substituíram o ônibus por outros meios.
Existência de integração
2,6% A diminuição superior a R$ 1,00 no preço das tarifas já seria suficiente para
entre linhas e sistemas
Outro 0,1%
Nota 1: Considerando os 1.771 responsáveis pelo domicílio que deixaram de utilizar ônibus ou diminuíram o seu
uso e fizeram substituição por outro meio.
Nota 2: Os participantes puderam escolher até 4 opções para esta pergunta.
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Gráfico 66 – Redução da tarifa considerada necessária para voltar a utilizar o Gráfico 67 – Problemas do transporte público
ônibus
Pouco conforto 45,9%
25,2%
23,2% Insegurança/violência 40,0%
Redução de Redução de Redução de Redução de Redução de Redução de Redução total Não voltaria a NS/NR Baixa confiabilidade (atrasos) 25,1%
ao menos ao menos ao menos ao menos mais de metade do valor do valor da utilizar mesmo
R$ 0,10 R$ 0,20 R$ 0,50 R$ 1,00 R$ 1,00 da tarifa tarifa com redução
Falta de flexibilidade dos serviços
(tarifa zero) de tarifa
(rotas e horários) 24,3%
Nota: Pergunta feita para os 1.141 responsáveis pelo domicílio que deixaram de utilizar ônibus ou diminuíram o Dificuldade de acesso (trajeto e tempo gasto até o local
de início das viagens/forma de solicitação do serviço) 16,3%
seu uso, fizeram substituição por algum outro meio e citaram alguma opção como sendo a que os faria utilizar
ônibus novamente. Falta de integração com
outras linhas de transporte público 16,1%
das pessoas. A insegurança (40,0%), o elevado preço da tarifa (39,5%) e a Falta de sistemas de priorização (sistemas BRT,
4,4%
faixas exclusivas, corredores etc.)
idade do ônibus (31,8%) também foram os principais problemas citados.
Outros 1,7%
Esses resultados podem ser úteis para auxiliar os tomadores de decisão
a priorizarem medidas para compor uma estratégia de retenção de Nenhum 1,3%
usuários, dando mais atenção aos fatores mais problemáticos para quem
Nota: Pergunta feita às pessoas responsáveis pelos domicílios. Os entrevistados puderam citar até 5 opções de resposta.
utiliza o sistema.
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Gráfico 68 – Gravidade dos problemas do transporte público Gráfico 69 – Índice de gravidade dos problemas do transporte público
Têm assaltos e roubos 10,8% 7,3% 18,5% 17,2% 36,4% 8,7% 1,1% Está sempre lotado 3,62
Está sempre lotado 6,8% 9,3% 27,2% 26,5% 28,8% 0,4% Os ônibus têm muito tempo de uso 3,58
1,0%
Os ônibus têm muito 7,5% 9,6% 27,2% 24,5% 27,9% 2,4% 0,9% Polui o ar 3,56
tempo de uso
Polui o ar 5,1% 10,8% 30,9% 23,6% 25,5% 2,8% Demora muito a passar 3,35
1,3%
O tempo de viagem é
Demora muito a passar 5,7% 15,1% 35,3% 21,9% 19,5% 0,8%
muito demorado 3,17
1,7%
Não é confortável 9,2% 17,0% 34,9% 18,8% 18,0% 0,4% É caro 3,11
1,8%
Os motoristas e/ou cobradores 16,8% 18,2% 24,5% 13,6% 17,0% 8,5% 1,3% Os motoristas e/ou cobradores não
são educados 2,95
não são educados
Estação/ponto/parada fica longe 25,5% 18,8% 28,1% 13,5% 9,3% 0,9% Estação/ponto/parada fica longe 2,60
4,0%
Não permite agendamento 24,4% 13,6% 23,7% 10,2% 7,8% 14,4% 5,9%
prévio da viagem
39
Em 2017, os itens “assaltos e roubos” e “lotado” registraram índice de gravidade de 3,74 e 3,64, respectivamente.
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Quanto aos problemas do transporte público, os entrevistados adequada, como faixas exclusivas, corredores de ônibus e estações bem
mantiveram o nível de responsabilização do poder público quando localizadas, com a utilização de ônibus articulados e sistemas integrados
comparado com a pesquisa de 201740 (61,1%, em 2017, e 61,8%, em 2024). de transporte, são medidas importantes para tornar o transporte público
Entretanto, os números atuais denotam uma maior participação dos uma opção viável e atrativa para os cidadãos. Apesar disso, 46,4% dos
usuários (1,2%, em 2017, e 4,3%, em 2024) e das empresas operadoras entrevistados afirmam que não utilizam linha de ônibus com priorização,
(15,8%, em 2017, e 20,3%, em 2024), o que evidencia um entendimento tais como corredores de ônibus, faixas exclusivas ou sistema BRT, como
mais claro da responsabilidade daqueles que atuam de maneira direta no mostrado no Gráfico 71.
transporte, conforme indicado no Gráfico 70.
Gráfico 71 – Acesso a medidas de priorização do transporte público
Gráfico 70 – Responsabilidade pelos problemas do transporte público
Não utiliza linha com priorização 46,4%
Sociedade
em geral Sim, sistema de BRT 11,2%
10,0%
NS/NR 5,2%
3.2.4 Priorização do transporte público por ônibus avaliação positiva pelos entrevistados, sendo apontado como de bom
ou ótimo funcionamento por 65,4%, enquanto a insatisfação (ruim ou
A priorização do transporte público é fomentada nos centros urbanos péssimo) representou 11,6%, como mostrado no Gráfico 72.
tanto pela adoção de infraestrutura adequada quanto operação de
serviços especializados. Além de ajudar a reduzir o congestionamento
e as emissões de poluentes, promove uma mobilidade mais eficiente e
acessível para uma grande parte da população. A adoção de infraestrutura
40
Em 2017, os percentuais de responsabilidade dos problemas do transporte público foram: poder público (61,1%),
sociedade em geral (17,7%), empresas operadoras (15,8%), usuários (1,2%), não souberam ou não responderam (4,2%).
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Gráfico 72 – Avaliação das medidas de priorização do sistema deve ser custeada total ou parcialmente pelo governo (6,8%
acreditam na menor participação do governo, 23,1%, na maior participação
do governo e 42,3% acreditam no custeio exclusivo pelo governo, o que
Regular
20,8% totaliza 72,3% dos entrevistados).
NS/NR Exclusivamente
2,1% pelo governo
(poder público)
42,3%
Mais pelo governo
Ótimo (poder público) do que
20,3% pelo valor da tarifa
23,1%
Nota: Pergunta feita somente para as pessoas responsáveis pelo domicílio que afirmaram utilizar alguma medida
de priorização do transporte público, o que totaliza 379 pessoas.
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Gráfico 74 – Desejo da responsabilidade do custeio da tarifa do transporte na comunicação e interação com os usuários (Gráfico 75). Por outro lado, o
público, por classe social uso de aplicativos como canal de atendimento, mencionado por 27,0% dos
A B C D/E entrevistados, sugere que há uma demanda por tecnologias que facilitem
35,2%
o acesso a informações sobre horários e rotas e a possibilidade de enviar
Exclusivamente pelo 37,7% feedbacks. Esses aplicativos podem desempenhar um papel crucial na
governo (poder público) 42,6%
melhoria da experiência do usuário, desde que sejam bem desenvolvidos
47,8%
e amplamente divulgados.
29,6%
Mais pelo governo
(poder público) do que
28,4% Gráfico 75 – Utilização de ferramentas de apoio a consulta, planejamento,
pelo valor da tarifa 23,3% avaliação e fiscalização das viagens
15,7%
Nota: A soma de alguns dos valores indicados no gráfico não corresponde a 100,0% devido ao critério adotado
98 99
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Os resultados apresentados no Gráfico 76 refletem um forte apoio dos Gráfico 77 – Opinião sobre quem paga pelas gratuidades e/ou descontos
entrevistados à concessão de descontos e/ou gratuidades a grupos
Empresas que
específicos no transporte público. Com 86,7% dos entrevistados operam o transporte
Ninguém
5,1%
concordando com essas concessões, isso indica um reconhecimento 1,5%
Passageiros que
pagam a tarifa/
passagem integral
43,9%
9,8%
Tabela 13 – Opinião sobre quem paga pelas gratuidades e/ou descontos tarifários
1,4% 1,0% 0,9% 0,3%
Discorda Discorda Não concorda Concorda Concorda NS/NR Quem paga 2017 2024
totalmente em parte nem discorda em parte totalmente
41
Em 2017, a distribuição da opinião sobre quem paga pelas gratuidades e/ou descontos foi a seguinte: passageiros
que pagam pela tarifa/passagem integral (50,9%), governo (34,0%), empresas que operam o transporte (6,3%), ninguém
(1,9%), não souberam/não responderam (6,9%).
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Gráfico 78 – Opinião sobre o nível de impacto da concessão de gratuidades Gráfico 79 – Opinião sobre a melhor maneira de receber o vale-transporte
e/ou descontos
NS/NR
NS/NR Em tíquete 0,4%
8,5% ou bilhete
11,8%
Baixo
32,9%
Moderado Em dinheiro
33,6% 28,3%
Cartão
eletrônico/magnético
(Smart Card)
59,6%
Elevado
25,1%
Nota 1: Pergunta feita apenas para as pessoas responsáveis pelo domicílio que informaram utilizar alguma opção
de transporte público e recebem vale-transporte.
Nota 2: A soma dos valores indicados no gráfico não corresponde a 100,0% devido ao critério adotado para o
Vale-transporte
arredondamento das casas decimais.
O benefício do vale-transporte, criado em 1985, passou a ser de concessão Ao analisar a distribuição da classe social dos indivíduos que recebem
obrigatória pelos empregadores aos seus funcionários em 1987. Desde vale-transporte (Gráfico 80), nota-se a semelhança com a própria
então, tem se mantido como um direito bem avaliado pelos trabalhadores. distribuição dos participantes por classe social: predomínio da classe C
Ao longo de quase quatro décadas, ele é um instrumento importante para (64,1%), seguido da classe B (21,5%) e D/E (12,4%), e, por fim, a classe A (1,1%).
as políticas públicas de geração de emprego e renda e de mobilidade.
Gráfico 80 – Indivíduos que recebem vale-transporte, por classe social
A melhor forma para o recebimento do benefício do vale-transporte é em
cartão eletrônico/magnético (59,6%). O recebimento em dinheiro tem a NS/NR A
1,1%
0,9%
preferência de 28,3% dos respondentes, conforme ilustrado no Gráfico 79. D/E
Essa última opção não está em sintonia com a essência da lei de criação do 12,4%
B
vale-transporte, uma vez que o recebimento em dinheiro pode incentivar 21,5%
o uso dos valores para outras finalidades que não sejam o custeio do
deslocamento dos trabalhadores, promovendo uma gestão ineficiente dos
recursos que deveriam ser destinados exclusivamente a isso.
C
64,1%
102 103
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Tarifa zero Algumas afirmações relacionadas à tarifa zero foram apresentadas aos
respondentes e uma avaliação foi solicitada. Nos resultados apresentados
A tarifa zero é aprovada por 86,7% dos respondentes da pesquisa que no Gráfico 82, os pontos de destaque são os seguintes:
residem em municípios que possuem isenção do pagamento de tarifa
para acessar o transporte coletivo por ônibus. Aprovam a iniciativa para • 49,4% concordam parcial ou totalmente que a tarifa zero permitiu
todos os grupos de usuários 58,0% e outros 28,7% aprovam somente economia e aumento da renda mensal;
para grupos específicos, como usuários do Cadastro Único. Apenas 6,5% • 48,5% passaram a realizar viagens por outros motivos, além do
desaprovam a medida, conforme destacado no Gráfico 81. principal;
Atualmente, a tarifa zero está em vigor em 133 cidades, sendo que em • 56,7% concordam parcial ou totalmente que a tarifa zero aumentou a
114 delas é aplicada de forma plena, cobrindo todas as linhas e dias lotação dos ônibus;
da semana. Isso demonstra um apoio significativo à ideia de tornar o
• 59,8% discordam parcial ou totalmente de que houve redução do
transporte público acessível a todos, independentemente da capacidade
tempo de espera nos pontos de embarque e desembarque;
de pagamento, o que pode beneficiar tanto a equidade no acesso quanto
a mobilidade urbana sustentável. • 36,8% discordam parcial ou totalmente da afirmação de que a tarifa
zero aumentou a qualidade do transporte público. Outros 34,8%
Gráfico 81 – Aprovação quanto à implantação da tarifa zero concordam ou concordam totalmente, o que mostra grande divisão
de opinião sobre o tema.
Não aprova NS/NR
nem desaprova 3,8%
3,1%
Gráfico 82 – Posicionamento quanto à tarifa zero
Desaprova Concordo totalmente Concordo Neutro Discordo Discordo totalmente NS/NR
6,5%
Permitiu economia e
aumento da renda mensal 10,2% 39,2% 12,3% 22,9% 6,8% 8,5%
Houve aumento da
quantidade de linhas e ônibus 4,1% 18,4% 10,6% 44,4% 11,9% 10,6%
104 105
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Sim
27,3%
Mobilidade
O uso de meios ativos de transporte foi protagonista nas respostas dos
participantes da pesquisa quando perguntados sobre quais ações os
próprios tomariam para promover a redução do impacto ambiental na
cidade onde residem (Gráfico 85). Entre todas as ações apontadas, 35,5%
fazem referência ao uso de bicicletas para realizar trajetos curtos e outras
Não 26,8% a caminhar ou usar bicicleta como meio principal de deslocamento,
69,7%
o que totaliza 62,3%.
Ainda de acordo com o Gráfico 85, a opção por veículos que fazem uso de
tecnologias mais sustentáveis, dos tipos elétricos e híbridos, foi citada por
Nota: Considerando os entrevistados que utilizam ônibus e residem em município que possui aporte de subsídios 28,7% dos respondentes e, dessa forma, superou o uso mais intensivo de
por parte do poder público (não sendo esse município com tarifa zero universal implantada).
transporte público, que atingiu 26,3%.
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Gráfico 85 – Ações para reduzir o impacto ambiental na cidade Gráfico 86 – Priorização dos problemas percebidos pelos usuários
Eleitores para candidatos: avaliação e desejos Gráfico 87 – Priorização de ações e projetos de transporte público por ônibus
O investimento em políticas públicas é sempre um desafio diante da
complexidade da organização do espaço urbano e da alta demanda por Aumentar o número de linhas e horários 61,7%
melhorias estruturantes, ainda mais tendo como limitador a escassez Renovar a frota por ônibus 39,8%
de recursos para atender tais necessidades. Para o gestor público, um
dos balizadores relevantes na tomada de decisão trata justamente de Elaborar plano de mobilidade 27,9%
capturar as impressões dos usuários diários de serviços como transporte, Implantar tarifa zero 25,6%
saúde, educação dentre outros. Logo, sobre essas questões, o Gráfico
Implantar BRT, corredores e faixas exclusivas 19,1%
86 mostra a prioridade definida pelas respostas dos entrevistados em
relação aos problemas enfrentados em sua cidade. Como resultado, é Racionalizar a rede de transporte (integração,
flexibilidade de rotas e horários etc.)
17,5%
possível inferir que, dentre as percepções dos respondentes, o transporte é Disponibilizar novas alternativas de pagamento das tarifas 13,5%
considerado assunto prioritário para 31,0%, o que reforça a necessidade de (Pix, cartões de débito e crédito, cartões smartcard
investimentos para sua melhoria e expansão. Implantar a frota por ônibus elétricos ou
de outras tecnologias menos poluentes
12,9%
NS/NR 6,6%
Outros 1,3%
Nota: Os entrevistados puderam selecionar até 3 opções de resposta para esta pergunta.
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Já quanto ao nível de dispêndio financeiro do usuário, o Gráfico 88 Gráfico 89 – Medidas para geração de recursos para o transporte público urbano
destaca os itens pelos quais os entrevistados estariam dispostos a pagar Sim Não NS/NR
uma tarifa mais cara no transporte público por ônibus. Como resultado,
Destinação de parcela do IPVA 46,7% 47,3% 6,0%
reforça-se a priorização do conforto, como a possibilidade de realizar a
Destinação de parcela de
viagem somente sentado (57,3% dos usuários pagariam por essa opção) outros tributos
36,0% 57,1% 6,9%
e disponibilização de ar-condicionado (38,1% pagariam). Outros aspectos Taxação dos serviços de transporte por
aplicativos (Uber, 99 etc.)
30,7% 63,3% 6,0%
também se destacam, como uso de veículos menos poluentes (52,6%) e Criação de Contribuição do TPU
27,2% 68,4% 4,5%
semelhante à Contribuição de
uso de aplicativos para o planejamento do transporte (34,9%). Iluminação Pública
Gráfico 88 – Itens pelos quais os entrevistados estariam dispostos a pagar Cobrança pelo estacionamento público 22,6% 74,2% 3,2%
uma tarifa mais cara
Sim Não NS/NR Nota: A soma de alguns dos valores indicados no gráfico não corresponde a 100,0% devido ao critério adotado
para o arredondamento das casas decimais.
Viajar somente sentado 57,3% 41,5% 1,3%
Nota: A soma de alguns dos valores indicados no gráfico não corresponde a 100,0% devido ao critério adotado
para o arredondamento das casas decimais.
110 111
4. ENTRAVES E SOLUÇÕES
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Diante dos resultados obtidos com o estudo, conclui-se a necessidade Buscando reverter esse quadro, estão disponíveis, ao nível federal, os
premente de implementação de medidas de melhoria e solução de programas Refrota (Renovação de Frota do Transporte Público Coletivo
problemas identificados para o transporte público no país, conforme Urbano) e Mover (Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação).
detalhado a seguir. Essas ações são imprescindíveis para reverter o cenário O primeiro é voltado ao financiamento dos setores público e privado, com
atual da mobilidade urbana nas cidades brasileiras, que apresenta como recursos oriundos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), para
maiores entraves a redução expressiva da participação dos meios coletivos a aquisição de novos ônibus e a requalificação dos sistemas de mobilidade
na matriz de deslocamentos, o crescimento do transporte individual urbana.43 Por sua vez, o Mover, instituído pela Lei nº 14.902/2024, tem como
e motorizado e a infraestrutura precária e insuficiente, bem como a premissa a redução de impostos para os produtos de mobilidade que poluem
concorrência predatória com outros meios. menos, utilizando o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) Verde.
Trata, ainda, dos requisitos obrigatórios para a comercialização de veículos
produzidos no país e para a importação de novos, ampliando as exigências de
4.1 Queda de demanda no segmento de transporte público coletivo sustentabilidade. Já para 2024 estão previstos incentivos fiscais de
R$ 3,5 bilhões e um total de mais de R$ 19 bilhões até 2028, que irão abranger
A demanda por transporte público coletivo está estreitamente relacionada às
também o desenvolvimento do setor de combustíveis e de outras tecnologias
necessidades dos usuários e ao dinamismo da conjuntura econômica e social
automotivas. O uso desses recursos para a renovação da frota de ônibus
das cidades. Ademais, ainda se encontra suscetível às oportunidades e aos
representa uma oportunidade para elevar o conforto e a eficiência do serviço
desafios impostos pelo avanço tecnológico.
prestado e incentivar o retorno dos passageiros para o transporte público.
Diante disso, o setor de transporte público coletivo tem sido impactado
A priorização do ônibus, tendo em vista a redução do tempo das viagens,
pela ampliação do mercado de autônomos. Além disso, os serviços de
também é uma importante ação a ser adotada para ampliar a atratividade
transporte por aplicativos, mesmo que tenham custos mais elevados para
do transporte coletivo. Para isso, os gestores dos sistemas de mobilidade
os passageiros, têm se caracterizado como concorrentes relevantes na
devem primar pelo investimento em infraestruturas como corredores e
disputa neste mercado.
faixas exclusivas, além de serviços estruturantes, como o BRT, integrados aos
O déficit de renovação dos passageiros do transporte coletivo representa diferentes meios de transporte, motorizados e não motorizados. Uma das
um desafio a todos os entes públicos responsáveis pela mobilidade no país. possibilidades de fonte de recurso para essa iniciativa, consiste no Novo PAC.
Isso é evidenciado, na perspectiva social, pelo envelhecimento da população Este programa prevê o investimento de R$ 15,1 bilhões para, dentre outros
e pela mudança na pirâmide etária42. Houve, ainda, conforme identificado projetos de mobilidade urbana, soluções de priorização do transporte público.
na pesquisa, a redução das viagens – em todos os modos – destinadas às
Para o valor da tarifa — um dos motivos para os passageiros deixarem de usar
atividades de trabalho e estudo, enquanto ocorreu o aumento daquelas para
ônibus —, importa que sejam adotadas medidas como a disponibilização de
serviços de saúde e compras.
fontes de recursos para o financiamento de gratuidades e de subsídios para
A partir deste cenário, observa-se que a baixa demanda tende a reduzir melhorias do nível de serviço. Podem ainda ser adotadas medidas de maior
o capital de giro dos operadores, o que impõe dificuldades em aspectos abrangência, como a chamada “tarifa zero”, já praticada em algumas cidades
operacionais e de gestão, como a renovação da frota. Uma percepção de brasileiras. Para tanto, porém, devem ser realizados previamente estudos de
queda na qualidade dos veículos em circulação desestimula o seu uso, em impacto e garantidas, de forma permanente e em quantidade suficiente, as
virtude da falta de conforto. Esse foi, inclusive, o principal motivo apontado fontes de recursos para cobrir todos os custos operacionais. Deve-se, ainda,
pelos usuários, na atual pesquisa, para a redução — ou mesmo o abandono prover o aumento da oferta de transporte (em número de veículos e em
— do transporte público coletivo. frequência) para atender, com elevados níveis de qualidade, ao previsível
crescimento da demanda.
42
IBGE (2024). 43
Ministério das Cidades (2023).
114 115
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4.2 Racionalização das redes de transporte com priorização dos meios coletivos pelo conceito de “desenvolvimento (urbano) orientado para o transporte
público45”, no qual se implementa o adensamento de equipamentos e
A pesquisa demonstrou que, dentre os principais motivos que resultam na usos diversos, com elevada geração de viagens — a exemplo de centros
perda de passageiros pelo transporte coletivo, estão a falta de flexibilidade comerciais, edifícios de escritórios e universidades —, em locais com
das rotas e o elevado tempo das viagens. A implantação de redes de adequada oferta de transporte público coletivo. O conceito prevê ainda
transporte com integração física, tarifária, temporal e de informação a requalificação dos espaços urbanos à volta dos terminais e estações,
entre os meios tende a facilitar a racionalização do planejamento do privilegiando os meios não motorizados.
sistema de mobilidade urbana como um todo. Com isso, espera-se que a
oferta do serviço de transporte seja mais direcionada às necessidades de
deslocamento da população, sendo também flexibilizada em relação ao 4.3 Melhoria da governança e qualificação técnica
acesso, aos modos de pagamento e ao uso. O planejamento e a gestão dos sistemas de mobilidade urbana são
atividades tão essenciais quanto complexas, em contextos urbanos de
Ao mesmo tempo, espera-se que os programas de investimento em
diversos portes, como os existentes no país. Em alguns deles, conforme
infraestrutura de priorização do transporte coletivo sejam permanentes
já referido no Capítulo 2, a implementação efetiva dos instrumentos de
— e não pontuais — e compreendidos como medidas de estado, e não
planejamento, como os Planos Diretor e de Mobilidade, não foi sequer
de determinados governos. Essa agenda de recorrência e continuidade
realizada. Isso evidencia, em alguns casos, uma ausência de decisão
de programas de investimento precisa ser garantida nos níveis federal,
política e de estruturas sólidas de governança, assim como de qualificação
estadual, distrital e municipal.
dos quadros técnicos — e de sua disponibilidade em número suficiente. As
A redução do tempo de viagem deve ser obtida com a implantação de lacunas ao nível do planejamento refletem-se, também, na inexistência de
sistemas inteligentes de gestão de tráfego e de priorização da circulação carteiras de projetos para as quais seja pleiteada a obtenção de recursos
de veículos de transporte público coletivo. Tais medidas necessitam ser públicos e privados.
monitoradas em conformidade com metas e indicadores de qualidade,
Assim, os gestores públicos responsáveis pela mobilidade urbana no país,
de maneira a aferir o desempenho e propor, eventualmente, ajustes e
em seus diferentes níveis, juntamente com as demais partes interessadas
melhorias. Os ganhos esperados como resultado dessas medidas são
na sociedade civil, têm papel crucial na garantia, de forma eficiente, da
tanto sociais quanto econômicos. Um estudo elaborado pela ANTP
implantação, do monitoramento e do controle das ações voltadas para
(2019)44, por exemplo, indicou que a construção de 8,9 mil quilômetros
(i) o desenvolvimento de programas de contratação e capacitação dos
de sistemas BRT, corredores de ônibus e faixas exclusivas têm potencial
técnicos nos sistemas de mobilidade locais; (ii) o apoio à estruturação e à
para gerar até R$ 11,4 bilhões anuais em benefícios derivados do aumento
elaboração de projetos; (iii) o aprimoramento institucional; e (iv) o apoio à
da velocidade operacional dos ônibus e da migração de demanda dos
integração metropolitana.
automóveis. Referem-se, como exemplos recentes da aplicação dessa
solução de priorização no país, a inauguração dos sistemas de BRT da No âmbito da capacitação técnica, o foco da solução apresentada no
TransBrasil, no Rio de Janeiro, e da Linha B4, em Salvador. presente item é o corpo técnico de órgãos e autarquias da administração
pública. Refere-se, porém, que o Instituto de Transporte e Logística
Preconiza-se, ainda, que haja uma maior integração, nos contextos
(ITL), que faz parte do Sistema Transporte46, tem disponibilizado, para
urbanos, entre as políticas de planejamento do transporte, da mobilidade
os gestores das empresas de transporte, diversos cursos executivos
e do ordenamento do território em estreita articulação com as de usos
do solo. Em uma abordagem mais ampla, essa integração é representada
45
Tradução livre, a partir do inglês, do conceito de transit oriented development (TOD).
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Juntamente com a CNT e com o SEST SENAT – Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do
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ANTP (2019). Construindo hoje o amanhã. Transporte.
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Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
e de especialização e certificações internacionais, visando ampliar a Assim, diante da persistente queda de demanda de passageiros no
capacitação desses profissionais e promovendo a disseminação de transporte público coletivo, estima-se que o Novo Marco Legal oferecerá
experiências no setor. soluções para aprimorar a sustentabilidade da prestação dos serviços de
mobilidade à população brasileira.
No que tange ao aprimoramento institucional e à integração
metropolitana, outra iniciativa relevante trata da criação de Autoridades
Metropolitanas. Tendo em vista que os limites das áreas urbanas de
diferentes municípios foram diluídos pela ocupação contínua dos
4.5 Programa de benefícios tarifários para inclusão da população de baixa
territórios, se mostra pertinente o estabelecimento dessa instância de renda
atuação — comum aos diferentes agentes das regiões metropolitanas —,
A presente pesquisa destacou, em seus resultados, o abandono e a
onde se promova um planejamento conjunto, visando garantir a prestação
diminuição na utilização do transporte coletivo por ônibus nos diferentes
de um serviço público de qualidade aos cidadãos.
estratos sociais. Além do impacto desse fenômeno para as empresas que
operam o sistema de mobilidade, a dificuldade de acesso ao transporte
público, sobretudo para as populações de menor poder aquisitivo,
4.4 Novo Marco Legal do Transporte Público Coletivo representa um obstáculo ao atendimento de suas necessidades diárias.
A aprovação do Novo Marco Legal do Transporte Público Coletivo, que
Nesse sentido, justifica-se a criação de uma política pública, pelo governo
se encontra em tramitação como projeto de lei (nº 3.278/2021), garantirá
federal, nos moldes do programa Bolsa Família, voltada para famílias de
a construção das bases para a superação de alguns dos entraves à
baixa renda moradoras de cidades com sistemas de transporte público
recuperação e ao desenvolvimento do setor.
coletivo regulamentado. Tal política deverá ter como referência, para a
Destaca-se que esse marco legal representa uma evolução em relação seleção dos beneficiados, o CadÚnico47. Estudo realizado pela NTU (2023)
à Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei nº 12.587/2012). Quanto indica que o potencial de atendimento dessa proposta é significativo, da
aos objetivos da regulação, o projeto versa sobre (i) o estabelecimento ordem de mais de 15 milhões de pessoas.
de padrões e normas para a adequada prestação dos serviços e para
Os resultados previstos para essa iniciativa têm impacto transversal em
o atendimento dos usuários; (ii) a promoção da melhoria contínua dos
temas que se apresentam como desafios e entraves para a sociedade
padrões de serviços e a garantia do cumprimento das condições e metas
e para os sistemas de transporte, como inclusão social, modicidade
estabelecidas; (iii) a definição das tarifas públicas que serão pagas pelos
tarifária e aumento da eficiência do transporte coletivo, entre outros.
usuários dos serviços, considerando a capacidade de pagamento, as
Sobretudo, seriam garantidas as condições de mobilidade para o exercício
necessidades dos usuários e a modicidade tarifária; (iv) a periodicidade
da cidadania para as pessoas mais carentes, na busca por emprego e no
de reajuste das tarifas, de forma a assegurar o equilíbrio econômico e
acesso a serviços de educação e saúde e a atividades culturais e de lazer.
financeiro dos contratos; e (v) o incentivo aos mecanismos que favoreçam
a modicidade tarifária.
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5. CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana
O contexto em que se insere a mobilidade da população, nas cidades O levantamento aponta, comparativamente com a última pesquisa,
brasileiras, passou por significativas mudanças nos últimos anos — em as alterações na composição do mercado de trabalho e nos hábitos
particular, desde a última edição da presente pesquisa, em 2017. Isso pode ser de deslocamento. Nesse sentido, verificou-se que, do total de pessoas
atribuído tanto a fenômenos de mais longo prazo, como a própria dinâmica entrevistadas, o percentual de desempregados diminuiu, enquanto o de
urbana e o desenvolvimento tecnológico, quanto a eventos disruptivos, como autônomos aumentou. Considerados, nesse período, a maior aquisição
a pandemia de covid-19. Os seus desdobramentos no comportamento e na de veículos, especialmente motos, e o desenvolvimento de plataformas
percepção dos passageiros do transporte público coletivo, em particular, de transporte por aplicativo, infere-se que os dois fenômenos estão
refletem o cenário desafiador para esse setor no Brasil. relacionados. Assim, tem-se que a realidade laboral da população mudou,
com a tecnologia oferecendo novas oportunidades de geração de renda.
O adensamento das áreas urbanizadas e a existência de numerosas
regiões metropolitanas com grandes concentrações populacionais, Por outro lado, nota-se que aumentou o percentual de pessoas que estão
no país, evidenciam a complexidade de planejar e disponibilizar uma desempregadas há mais de três anos, assim como diminuiu o das que
oferta de transporte que atenda às necessidades da população. Esse estão procurando emprego. Ressalta-se, para esses grupos de usuários, a
quadro demonstra a relevância de instrumentos legais como a Política necessidade de políticas públicas que promovam também o seu acesso ao
Nacional de Mobilidade Urbana e os Planos Diretor e de Mobilidade, cuja transporte público, para a busca ativa de oportunidades de emprego.
implantação — apesar de sua importância — não ocorreu ainda de forma
disseminada em todos os municípios onde são obrigatórios. Na decisão sobre os deslocamentos diários, o ônibus deixou de ser uma
opção, ou foi uma opção menos utilizada, para um número expressivo
Nesse quadro, a crescente posse e o uso de veículos individuais e a falta de pessoas — 29,4% e 27,5% dos entrevistados, respectivamente. Na
de priorização do transporte coletivo no sistema viário urbano causam substituição por outros meios de transporte, carro próprio, andar a pé
congestionamentos e maior tempo de deslocamento. A exemplo disso, e serviços oferecidos por aplicativos foram as alternativas preferidas,
conforme identificado na presente pesquisa, o tempo médio de viagem segundo a pesquisa.
chega a mais de 35 minutos nos municípios de maior porte. Considerada a
análise por classe social, as viagens são também mais demoradas para as Contudo, a despeito do aumento da propriedade de carros e motos no
pessoas de menor poder aquisitivo (classes D/E). país, desde 2017, o percentual de pessoas que possuem veículo (carro ou
moto) nas classes D/E é relativamente ainda muito baixo (7,4% e 11,8%
Destaca-se, de forma geral, como resultado desta pesquisa — em respectivamente), o que as caracteriza particularmente como um público
comparação com os resultados de 2017 —, a diminuição da demanda de cativo do transporte coletivo. Além disso, pouco mais da metade (52,7%) de
passageiros em relação ao transporte público por ônibus. Nesse período todos os entrevistados indicou que utiliza o transporte público por ônibus
houve, conforme respondido pelas pessoas entrevistadas, a diminuição do por ser a única alternativa disponível.
uso do transporte coletivo em cerca de 15 p.p. e o aumento da utilização
de veículo próprio (carro ou moto). Por outro lado, cresceu, de forma Dentre os critérios apontados para a preferência pelos transportes por
expressiva, em cerca de 10 vezes, a adoção dos serviços de transporte aplicativo, destacam-se a rapidez, a flexibilidade e o conforto. Esses
demandados por aplicativo. foram também os critérios, pela sua ausência ou insuficiência, que
mais motivaram a substituição do ônibus por outros meios. O valor da
passagem também foi um dos motivos citados, ainda que não tenha sido
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o principal. Nesse sentido, mais de 57% dos entrevistados disseram estar de queda na demanda de passageiros, para que se possa garantir a
dispostos a pagar uma tarifa mais cara para viajarem somente sentados viabilidade financeira das empresas que operam o transporte público
nos ônibus. Destaca-se que o custo médio diário para quem utiliza o e a continuidade desse serviço essencial para a população. Para tanto,
ônibus representa cerca de um terço do custo com carro próprio ou com existe a necessidade de maior disponibilização de recursos e envidamento
o transporte por aplicativo — e cerca de 90% do custo com a moto própria. de esforços, que devem ser direcionados à melhoria dos indicadores de
Esta, em particular, tem custos mais elevados do que o de todos os meios qualidade e conforto e à redução do tempo das viagens, mas também
de transporte público coletivo — diferentemente do que foi verificado em à racionalização das redes, à priorização dos meios coletivos no sistema
2017, quando a moto era uma alternativa mais barata. viário urbano, ao aperfeiçoamento da governança, à qualificação dos
quadros técnicos e à inclusão das pessoas de baixa renda.
A crescente realização de atividades remotamente, com recurso a
tecnologias de comunicação, também pode explicar o decréscimo na Com a disponibilização da presente pesquisa, a CNT e a NTU contribuem
demanda do transporte público, com a consequente redução do número para que os transportadores, o poder público e a sociedade, em geral,
de viagens destinadas a trabalho e estudo. Por outro lado, verificou-se um tenham conhecimento sobre os desafios e as soluções para a mobilidade
aumento do percentual de deslocamentos motivados pela utilização dos urbana no Brasil. Reiteram, assim, o seu papel na representação do setor
serviços de saúde e pela realização de compras. Referem-se, ainda, nesse de transporte e na defesa dos seus interesses, apoiando o bem-estar da
quadro, as alterações no perfil da pirâmide etária do Brasil, o que evidencia população e o crescimento sustentável do país.
o envelhecimento da população e compromete a renovação dos usuários
que utilizam o transporte coletivo — dado que o percentual de pessoas que
nunca utilizaram o ônibus aumentou em relação à última pesquisa.
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6. REFERÊNCIAS
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