Aula 3 - Agregados

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AGREGADOS

Prof. Angélica Koppe


E-mail: [email protected]

Fontes: PCC/USP, Eng. Civil UNISINOS, Prof. Marlova Kulakowski, Prof. Mauricio Mancio, Prof. P. Monteiro (UC Berkeley)
Importância:

• Custo
– ~10x mais barato que o cimento
• Estabilidade dimensional do concreto
• Influencia na dureza, resistência à abrasão,
módulo de elasticidade, resistência à
compressão
Importância:
• Estabilidade dimensional do concreto
Concreto
• Macro-estrutura
– Visível a olho nu
– Material de 2 fases: agregados e aglomerante (pasta
de cimento hidratada)
Concreto
• Macro-estrutura
POR QUE ESTE

COMPORTAMENTO?

MICRO-
ESTRUTURA

O CONCRETO NÃO
É UM MATERIAL DE

APENAS 2 FASES
• Formação da Zona de Transição (ZT)
Zona de Transição
Resistência do concreto
• Os agregados devem ser compostos por grãos de
minerais duros, compactos, duráveis e limpos;

• Não devem conter substâncias de natureza orgânica,


em quantidade que possa afetar a hidratação e o
endurecimento do cimento, a proteção da armadura
contra a corrosão, a durabilidade ou,

• Quando for CONTROLE TECNOLÓGICO DE


MATERIAIS COMPONENTES DO CONCRETO
requerido, o aspecto visual externo do concreto.
Os agregados para uso em concreto e/ou argamassas que estão
sujeitos a umedecimento, incluindo a exposição à atmosfera
úmida ou contato com solo úmido. Não devem conter qualquer
material deleteriamente reativo com os álcalis do cimento em
uma intensidade suficiente para causar uma expansão da
argamassa e/ou concreto, exceto nos casos em que o cimento
empregado contiver menos que 0,6% de equivalente alcalino
expresso em Na2O e for adicionado de substâncias que
comprovadamente previnam a expansão prejudicial devido à
reação álcali-agregado.
Tipos de agregados: mineralogia
•Rochas ígneas - duras, fortes, resistentes:
excelentes agregados
Intrusivas (plutônicas): grão maiores; granitos
Intrusivas rasas: grãos menores; basalto
Extrusivas (efusivas): grão finos; tufos vulcânicos,
perlita

•Rochas sedimentares – baixo custo (próximo à superfície)


em torno de 80% dos agregados
Areia natural e pedregulho
Calcários (dolomita), arenitos

•Rochas metamórficas - pedra pome, xisto, gnaisse: variam de


ruins a excelentes
Tipos de agregados: mineralogia

Basalto

Granito
Quando a natureza mineralógica dos agregados é desconhecida
ou há dúvidas quanto à sua durabilidade:

• Análise petrográfica ( natureza mineralógica);


• Determinação da reatividade potencial de álcalis em
combinação cimento – agregado;
• Verificação da reatividade potencial pelo método químico;
• Avaliação da reatividade potencial das rochas carbonáticas
com álcalis do cimento;
• Determinação da resistência ao esmagamento (somente para
agregados graúdos).
Classificação

• Classificação quanto à origem

– Naturais: encontrados na natureza já prontos para uso


– Britados: submetidos a processo de cominuição
– Artificiais: derivados de processos industriais
– Reciclados: resíduos industriais granulares
PARA AGREGADOS GRAÚDOS E AGREGADOS MIÚDOS:

• Determinação da composição granulométrica;


• Determinação da massa unitária em estado solto;
• Determinação do teor de argila em torrões e materiais
friáveis;
• Determinação do teor de materiais pulverulentos;
• Determinação do teor de partículas leves;
• Determinação do teor de cloretos e sulfatos solúveis
em água.
PARA AGREGADOS GRAÚDOS:

• Determinação da massa específica na condição


saturada superfície seca;
• Determinação da absorção de água;
• Determinação da massa unitária compactada seca;
• Determinação do índice de forma pelo método do
paquímetro;
• Determinação da Abrasão Los Angeles (NBR 6465).
PARA AGREGADOS MIÚDOS:

• Determinação de impurezas orgânicas húmicas;


• Ensaio de qualidade do agregado;
• Determinação do inchamento;
• Determinação da massa específica na condição saturada
superfície seca;
• Determinação da absorção de água.
Classificação
• Classificação quanto às dimensões (NBR 7211
- Agregados para concreto - Especificação)
– Graúdo: menor que 75 mm, até 4,8 mm
– Miúdo: menor que 4,8 mm, até 150 μm

agregado graúdo – partículas 4,8 mm a 75 mm

agregado miúdo (areia) – 4,8 mm a 150 m


Classificação

• Classificação quanto à massa unitária (NBR


9935)
– Leves, normais e pesados
• Leves: < 1120 kg/m³
• Normais: entre 1500 e 1700 kg/m³
• Pesados: > 2080 kg/m³
Exemplos de agregados leves
Exemplos de agregados pesados

• Agregados pesados naturais


Waterita (BaCO3)
Barita (BaSO4)
Magnetita (Fe3O4)
Hematita (Fe2O3)

• Agregados pesados artificiais


Agregados de aço

Prof. Marlova P. Kulakowski - Materiais de Construção Civil II


– Agregados – Eng. Civil - UNISINOS 21
Funções
• Econômica
– custo agregado << custo cimento
– ocupam de 60% a 80% do volume de concreto
– 0,8 m3/m2 habitação popular (Valverde, 1999)

◼ Técnica – propriedades do concreto no estado fresco e


endurecido
◼ Trabalhabilidade
◼ Estabilidade dimensional (diminui a retração)
◼ Propriedades mecânicas (CAR)
◼ Desgaste por abrasão
Características
• Rocha matriz - composição mineralógica
– Ígneas
– Metamórficas
– Sedimentares
• Características dos agregados
Dependem da porosidade, tipo de exposição e processamento, e
da composição química e mineralógica
• Resistência aos esforços mecânicos
– Resistência à compressão
• Granitos e basaltos 200 a 300 MPa (>> pasta)
• Rochas sedimentares 50 a 250 MPa
– Resistência à abrasão
• >> pasta; ex. piso desgastado
– Módulo de deformação
• Granitos, basaltos, calcários densos 70 a 90 GPa (>> concreto,
argamassa, pasta)

Pror. Marlova P. Kulakowski - Materiais de Construção Civil II – Agregados – Eng. Civil - UNISINOS

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Porosidade e densidade

• Densidade

Massa específica: densidade do material incluindo


os poros internos.

Massa unitária: massa de agregado necessária


para preencher um volume unitário (inclui
vazios entre as partículas)
Absorção e umidade superficial

Afetam as seguintes características do concreto:

– dosagem
– trabalhabilidade
– resistência
– resistência à abrasão
Saturado
Seco ao ar superfície Úmido ou molhado
Seco em estufa
seca (SSS)

Granito com diferentes teores de umidade


Inchamento da areia
Sanidade
Refere-se à capacidade do agregado resistir a mudanças causadas pelo
clima, como por exemplo ciclos de molhagem e secagem ou congelamento
e degelo, resultando em deterioração do concreto.

• Depende da porosidade, defeitos internos e presença de contaminantes

• Pedra pome (10% absorção) – sem problema com ciclos de congelamento

e degelo

• Calcário – quebra facilmente, usar agregados menores (tamanho crítico)


Tamanho e distribuição
granulométrica
•Tamanho: Afeta a demanda de água, consumo de cimento,
microfissuração (resistência)

• Distribuição granulométrica:
• Depende do proporcionamento correto de agregados
graúdos e miúdos
• Afeta o consumo de pasta (custo), trabalhabilidade
Redução de vazios
Forma e textura superficial
• Arredondados, angulares, alongados, etc.

• Agregados com textura rugosa e partículas alongadas necessitam de

mais pasta (cimento + água) para produzir concretos trabalháveis,

aumentando o custo

• Textura superficial:

• Depende da dureza da rocha, tamanho dos grãos, porosidade,

condições de exposição e processamento

• Influencia a trabalhabilidade, demanda de pasta, e resistência inicial


Amostragem de agregados

• Agregados – Amostragem (NM 26)


• Agregados - Redução da amostra de campo
para ensaios de laboratório (NM 27)
– Quarteamento
Características
• Forma dos grãos
– Índice de forma pelo paquímetro (NBR 7809)

– Segundo Mehta e Monteiro


• Vértices e arestas
– Arredondadas
– Angulosas
• Dimensões
– Equidimensionais
– Lamelares (achatadas) – comp, larg >> espessura
– Alongadas – comprimento >> largura e espessura
– Obs: preferência a agregados de forma arredondada;
lamelares / desproporcionais – não interessante
Características
• Substâncias nocivas
– Torrões de argila e materiais friáveis (NM 44)
• Limites (NBR 7211)
– Agr. graúdo – concreto aparente ≤ 1%
submetido desgaste ≤ 2%
outros ≤ 3%
– Agr. miúdo ≤ 3%
– Impurezas de origem orgânica (NM 49) e materiais
carbonosos
– Minerais álcali-reativos
– Impurezas salinas
– Resíduos industriais
Agregado normal: Basalto

Agregado misturado ao veio:


Granito (pedra grês)
Massa específica e umidade
Agregado miúdo - Determinação de massa específica e massa
específica aparente (NBR NM 52)

Agregado graúdo - Determinação de massa específica, massa


específica aparente e absorção de água (NBR NM 53)
Massa específica e massa específica aparente
Agregado miúdo (frasco de chapman, picnômetro)
Agregado graúdo (balança hidrostática)

Agregados - Determinação da massa unitária e do volume de


vazios (NBR NM 45)
Massa unitária e volume de vazios

Agregado miúdo - Determinação da absorção de água (NBR NM


20)
Umidade
UMIDADE
níveis de molhagem do grão
DETERMINAÇÃO DA UMIDADE
Agregados - Determinação do teor de umidade total, por secagem, em
agregado graúdo (NBR 9939)
métodos: frigideira, estufa, speed, Chapman (NBR 9775), sensores eletrônicos

Curva de inchamento da areia (NBR 6467)


- Inchamento: “Fenômeno de variação do volume aparente, provocado pela absorção de
água livre pelos grãos e que incide sobre a massa unitária
- Coeficiente médio de inchamento (Vh/V0): quociente entre volume úmido (Vh) e volume
seco (V0) de uma mesma massa de agregado.
- Umidade crítica: teor de umidade acima do qual o coeficiente de inchamento pode ser
considerado constante e igual ao coeficiente de inchamento médio
- Coeficiente de inchamento médio: valor médio obtido entre o coeficiente de inchamento
máximo e aquele correspondente à umidade crítica

39
Granulometria
Granulometria dos agregados
NBR 7211 – Classificação
NBR NM 248 - Agregados - Determinação da composição
granulométrica
• Peneiras: série normal e intermediária

• Curva granulométrica:
módulo de finura - definido com sendo "a soma das porcentagens
retidas e acumuladas em massa de um agregado, nas peneiras da série
normal, dividida por 100“

dimensão máxima característica - correspondente à abertura de malha


quadrada, em milímetro, das peneiras das séries normal e intermediária, a qual
corresponde uma porcentagem retida acumulada igual ou imediatamente inferior
a 5% em massa, de acordo com a NBR 7211
6,3mm 4,8mm 2,4mm 1,2mm 0,6mm 0,3mm 0,15mm 0,075mm fíller
Dimensão máxima característica

Limites operacionais relativos


• ao transporte e lançamento do concreto
• às dimensões e espaçamentos peças de concreto

≤ 1/3 da espessura da laje


≤ ¼ da distância entre as fôrmas
≤ 0,8 do espaçamento entre barras horizontais
≤ 1,2 do espaçamento entre barras verticais
≤ ¼ do diâmetro da tubulação de bombeamento
≤ 1,2 x espessura do cobrimento nominal (NBR 6118:2004)
PENEIRA PESO RETIDO (g) PORCENTAGEM EM PESO

1O 2O MÉDIA RETIDA ACUMULADA

76 0,0

64 0,0
EXEMPLO 50 0,0
GRANULOMETRIA 38 0,0
BRITA 32 1,0 1,0 1,0

25 12,0 8,0 10,0

(ensaio mat. 19 550,1 506,4 528,3

Laboratório) 12,5 429,0 483,4 456,2

9,5 0,0 9,0 4,5

6,3 0,0 0,0

4,8 0,0 0,0

2,4 0,0

1,2 0,0

0,6 0,0

0,3 0,0

0,15 0,0

< 0,15 0,0

TOTAL 1000,0

MÓDULO DE FINURA:   Acumulada na série normal

100

DIÂMENSÃO MÁXIMA: mm #  5% em peso


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Granulometria do agregado graúdo
CURVA GRANULOMÉTRICA DA BRITA - NBR 7211/2005

100

90

80
Porcentagem Acumulada em Peso

70
4,75/12,5
60
9,5/25
19/31,5
50
25/50
40 37,5/75

30

20

10

0
1,2 2,4 4,8 6,3 9,5 12,5 19 25 31,5 37,5 50 63 75
Abertura das Peneiras em mm

45
Granulometria do agregado graúdo

Por razões comerciais, classificam-se as britas:

brita zero 4,8 mm a 9,5 mm


brita 1 9,5 mm a 19,0 mm
brita 2 19,0 mm a 25,0 mm
brita 3 25,0 mm a 38,0 mm
brita 4 38,0 mm a 76,0 mm
pedra-de-mão > 76,0 mm
Composição granulométrica e forma
Composição granulométrica (faixa de distribuição das dimensões das
partículas) é importante.
(Feret, Fuller, Bolomey, Abrams, etc)
Impacto ambiental

• A indústria da construção em geral, e a do concreto


em particular, apresentam elevado impacto
ambiental
• A construção civil é a maior geradora de resíduos
de toda a sociedade
– A quantidade de resíduos de construção e
demolição (RCD) é até 2 vezes maior que o volume
de lixo sólido urbano
• A indústria do concreto é a maior consumidora de
recursos naturais
Impacto ambiental
• O consumo mundial atual de concreto é de aproximadamente
33 bilhões ton/ano
• 4,4 ton/pessoa/ano (~12 kg/dia!)
• Este nível de produção demanda:
• 4 bilhões ton. cimento
• 26 bilhões ton. agregados
• 3 bilhões ton. água
• A fabricação de cimento é responsável por
~7% das emissões globais de CO2
Resíduos Industriais

• Escórias
– O resfriamento lento e britagem de escórias formam
agregados densos e de boa resistência
– As propriedades variam consideravelmente com a
composição e taxa de resfriamento
• Agregados de cinza volante
– A CV pode ser peletizada e sinterizada para produzir
partículas de agregado
– Problemas com controle da qualidade
Resíduos industriais

• Agregados de concreto reciclado


– RCD vs. ACR
– Agregados de RCD podem ser contaminados por sobras de
gesso, pasta, argila, etc.
– Agregados de concreto reciclado apresentam grande
potencial de utilização futura
– Importante: controle da qualidade na produção
Importância da reciclagem de resíduos

• Apesar do elevado impacto ambiental, e devido justamente ao


grande volume de materiais utilizados, o concreto apresenta
também um enorme potencial para o aproveitamento de
resíduos, gerados por vários setores industriais

• A reciclagem de resíduos em concretos pode presentar diversas


vantagens
– Ambientais
– Técnicas
– Econômicas
Reciclagem de resíduos como fíler ou agregado

• Mesmo que não seja cimentante ou pozolânico, pode-


se também utilizar resíduos finamente moídos como
fíler (preenchimento de vazios)
• Exemplo: pó calcário

• Para utilização como agregado, é fundamental que o


material, além de apresentar características físicas e
mecânicas adequadas, não seja reativo na presença
de álcalis do cimento
Exemplos de resíduos

Escória de cobre
Escória de aciaria

RCD (graúdo) RCD (miúdo)


Desenvolvimentos recentes & novas tendências:
“desconstrução”
• Demolição dos edifícios São Vito (“treme-treme”) e Mercúrio, em SP
Desenvolvimentos recentes
& novas tendências
• Demolição dos edifícios São Vito (“treme-treme”) e Mercúrio, em SP
– Entulho utilizado na construção de 41 mil m2 de vias (“asfalto
ecológico”)
Resíduos de construção e demolição (RCD)

• Avaliação da resistência em função do teor de agregado miúdo


reciclado (AMR) e agregado graúdo reciclado (AGR)

45,0
40,0 AMR
35,0 AGR
fc (MPa)

30,0
25,0
20,0
15,0
10,0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% de substituição
Slide cortesia D.C.C. Dal Molin
Resíduos de construção e demolição (RCD)

• Estudo da corrosão de armadura


1,9
1,6
1,3
icorr (A/cm²)

1,0
0,7
0,4
0,1
0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
Relação a/c
Referência 100%AMR - 0%AGR
0%AMR - 100%AGR 100%AMR - 50%AGR
50%AMR - 50%AGR 100%AMR - 100%AGR

Slide cortesia D.C.C. Dal Molin

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