Desenho Técnico
Desenho Técnico
Desenho Técnico
CDU 72.02
Desenho à mão
O procedimento básico para desenhar consiste em colocar uma folha de papel (ou de outro ma-
terial) sobre uma superfície lisa com quinas em ângulo reto e bordas retas – uma típica mesa de
desenho. Uma régua paralela, geralmente conhecida como régua T, é então posicionada em um
dos lados, tornando possível que ela corra pela lateral da mesa e sobre a superfície do papel (Figura
2.1). Linhas paralelas podem ser desenhadas com o simples deslocamento da régua T e o traço a
lápis ou caneta ao longo da mesma. A régua T também é utilizada como suporte para outras ferra-
mentas, como esquadros fixos ou reguláveis. Para isso, o desenhista coloca um ou mais esquadros
de ângulos conhecidos junto à régua (a qual se encontra em ângulo reto com a borda da mesa)
e traça linhas na folha de acordo com os ângulos desejados. Mesas de desenho modernas (que
nos Estados Unidos estão sendo rapidamente substituídas por estações equipadas com CAD) vêm
equipadas com uma régua paralela que é encaixada em ambas as laterais da mesa, de modo que
corra sobre o papel. Uma vez que a régua fica presa nos dois lados, as linhas traçadas ao longo da
régua são paralelas.
O desenhista técnico conta também com outras ferramentas que podem ser utilizadas para dese-
nhar curvas e círculos, como compassos (usados para desenhar arcos simples e círculos) e curvas
francesas (que normalmente consistem em um pedaço de plástico com curvas complexas). Outra
ferramenta é o jacaré, que consiste em um pedaço de metal flexível coberto por borracha e pode
capítulo 2
Figura 2.1 Desenhista utilizando uma típica mesa de desenho, a régua T e outros instrumentos. Fonte:
Muller, Edward J. et al.: Architectural Drawing and Light Construction, 5th ed., Englewood Cliffs: Prenti-
ce Hall, 1999.
13
Régua transparente de 30 cm
Escalímetro
Transferidor
Régua T
Borrachas e mata-gatos
Figura 2.2 Alguns dos instrumentos, acessórios e materiais utilizados no desenho à mão. Fonte: Monta-
gue, John: Basic Perspective Drawing: A Visual Approach, 3rd ed., Nova York: John Wiley and Sons, 1998.
Os gabaritos possibilitam que o desenhista recrie, de forma consistente, objetos que se repetem
em um desenho, sem ter que partir do zero toda vez que for reproduzi-los. Isso é especialmente
útil quando se utiliza símbolos comuns: por exemplo, no contexto de um projeto de iluminação de
Desenho técnico para construção
palco nos Estados Unidos, o profissional responsável pelo desenho da iluminação provavelmente
usará a biblioteca de símbolos de acessórios de iluminação do United States Institute for Theatre
Technology (USITT) para indicar uma entre as diferentes posições possíveis de um acessório co-
mum. Gabaritos podem geralmente ser comprados no comércio, sendo comum encontrar gabari-
tos para projetos específicos. Não é raro, contudo, encontrar desenhistas técnicos que criam seus
próprios gabaritos.
Esse sistema básico de desenho requer uma mesa estável. Além disso, deve ser dada uma aten-
ção especial ao posicionamento das ferramentas. Um erro comum consiste em deixar os esqua-
14
dros se sobreporem, movendo suavemente a régua T, o que ocasiona a perda das relações entre
os ângulos. Mesmo tarefas simples, como desenhar duas linhas que se encontram em determina-
do ponto formando um ângulo, requerem um número considerável de movimentos da régua T e
dos esquadros. Em geral, o desenho técnico é um processo muito trabalhoso.
Uma solução para esses problemas foi a introdução da chamada máquina de desenho mecânico,
uma aplicação do pantógrafo que permitiu ao desenhista fazer um ângulo reto preciso em qual-
quer parte da folha com razoável rapidez. Essas máquinas muitas vezes incluíam também a possi-
bilidade de alterar o ângulo, o que tornava dispensável o uso de esquadros.
Além do domínio completo dos mecanismos indispensáveis para desenhar linhas, círculos e textos
no papel (com respeito ao detalhamento de objetos físicos), a tarefa de desenhar também requer
entendimento e proficiência em relação à geometria, trigonometria e orientação espacial e, acima
de tudo, altos padrões de precisão e atenção ao detalhe.
Letras
Letras são utilizadas em desenhos executivos como maneira de fornecer informações escritas. Um
esboço ou desenho executivo sem letras raramente é capaz de comunicar de forma adequada a
descrição de um objeto. Quase sempre é necessário fornecer informações adicionais, como rótulos,
notas e cotas, de forma a tornar claro o tamanho, tipo de material e localização de um componente.
Desenhos são, portanto, um meio de transmitir informações a outros, e o texto geralmente é um
dos principais meios de transmissão de informação sob a forma de notas, títulos, cotas, etc. As
letras devem enriquecer um desenho, tornando-o fácil de interpretar e prazeroso ao olhar; não
podem desmerecer o desenho, nem ser ilegíveis ou pequenas demais. Legibilidade e consistência
são ingredientes essenciais para o uso adequado das letras. Na arquitetura, as letras em geral são
utilizadas apenas em caixa-alta; também costuma-se fazer uso de abreviações para economizar
espaço e tempo. Quando necessário, notas específicas podem ser colocadas próximas ao item a ser
• Letras góticas: Esse alfabeto é a base da qual evoluíram as letras técnicas feitas com apenas
um traço. É o principal estilo utilizado pela maioria dos desenhistas. Estilo de fácil leitura e
15
Figura 2.3 Exemplos de algumas das fontes mais populares utilizadas hoje.
Figura 2.4 A maioria dos alfabetos em uso pode ser classificada em quatro categorias básicas: roma-
nos, góticos, cursivos e de pergaminho.
execução simples, encontra-se em uso há muitos anos como uma fonte comercial e em letra
de forma. Sua principal característica é a uniformidade de espessura em todos os traçados.
Modificações dessa letra incluem os tipos em itálico, angulares, redondos, em negrito, finos e
com serifa.
• Letras cursivas: Esses alfabetos se assemelham à escrita à mão livre. Letras em caixa-baixa
Desenho técnico para construção
16
Todas as fontes supracitadas podem ser elaboradas em itálico (que tem por características ser incli-
nado, fino e curvo). O caráter da fonte deve ser sempre apropriado ao desenho que está sendo apre-
sentado. Atualmente, há um conjunto extenso de fontes elegantes dispostas em folhas que permi-
tem transferência a seco, sendo sensíveis à pressão; além disso, há a tipografia computadorizada.
350
300 300
MDF DE FAIA DE 20 MM COM
ACABAMENTO LAMINADO
PORTAS E PRATELEIRAS DE PORTAS E PRATELEIRAS
DE VIDRO DE SEGURANÇA
400
VIDRO DE SEGURANÇA
400
DE 6 MM DE 6 MM
800
800
400
400
2450
BASE DE COMPENSADO DE
12 MM REVESTIDA DE
400
400
300
TAMPO E PORTA
CORREDIÇA DO BALCÃO
DE VIDRO DE SEGURANÇA
DE 8MM
900
900
PORTA E PRATELEIRAS
REGULÁVEIS DO ARMÁRIO EM
ARMÁRIO COM PORTA MDF DE FAIA DE 20 MM COM
100
NÍVEL
FALSA EM MDF DE FAIA ACABAMENTO LAMINADO NÍVEL
DO PISO COM ACABAMENTO DO PISO
ACABADO LAMINADO DE 20 MM ACABADO
VIGA DE
CONCRETO
capítulo 2
DETALHE A DETALHE B
Figura 2.5A Exemplo de um tipo de desenho gerado por CADD.
17
INSTALE UM COADOR AQUI SE O
COMPRESSOR NÃO TIVER UM VÁLVULAS DE DESLIGAMENTO DO COMPRESSOR
ASPIRADOR COM TELA EMBUTIDO UNIDADE DE CONDENSAÇÃO
VÁLVULA DE SEGURANÇA
SENSOR DE
PRESSÃO
CONDENSADOR
COMPRESSOR
VÁLVULA PILOTO VÁLVULA SOLENOIDE
VÁLVULA DO BYPASS LINHA DE COMPENSAÇÃO
VÁLVULAS RECEPTORAS
DESVIO DO GÁS
QUENTE BULBOS TÉRMICOS
A
O CADD é uma ferramenta eletrônica que possibilita a rápida criação de desenhos com o au-
xílio do computador. De fato, um desenhista experiente no uso do computador normalmente
consegue elaborar o desenho de uma construção em menos tempo do que se o fizesse ma-
nualmente. Além disso, ao contrário dos métodos tradicionais de desenho feito em uma mesa
de desenho, com sistemas de CADD podem ser criados desenhos profissionais por meio do uso
de um mouse e um teclado. Além disso, os desenhos criados em CADD possuem muitas van-
tagens em relação aos produzidos de maneira tradicional. Além de serem limpos e precisos e
possuírem uma ótima apresentação, eles podem ser facilmente modificados e convertidos para
uma variedade de formatos. Ainda por cima, os desenhos gerados no CADD podem ser salvos
em um computador, pen-drive, CD ou HD externo, em vez de usar folhas de papel manteiga ou
vegetal, que requerem o uso de armários para estocagem.
Há uma década, o CADD era muito utilizado para aplicações específicas de engenharia que necessi-
Desenho técnico para construção
tavam de alta precisão. Uma vez que os custos de produção atrelados ao uso do CADD eram muito
altos, poucos eram os profissionais que podiam bancá-lo. Recentemente, no entanto, os preços dos
computadores têm caído de forma significativa, possibilitando aos profissionais tirarem cada vez
mais proveito disso, adotando programas de CADD.
Há uma grande quantidade de programas de CADD disponível no mercado atualmente. Alguns são
voltados para o trabalho com desenho em geral, enquanto outros são projetados para aplicações
específicas de engenharia. Os programas possibilitam a realização de desenhos em 2D, desenhos
em 3D, renderizações, sombras, listas de tarefas, planejamento espacial, projeto estrutural, planta
hidrossanitária, projeto de climatização, desenhos de plantas, gerenciamento de projetos, entre
18
outras aplicações. Hoje, podemos encontrar um programa de CADD para quase todas as disciplinas
de engenharia que se possa pensar.
Apresentações em CADD
Apesar de o CADD ser voltado principalmente para desenhos com linhas simples e ter capacidades
limitadas de criar representações artísticas, as aplicações de desenho em 3D e de renderização são
bastante impressionantes. Um modelo 3D de um objeto pode ser criado e visualizado a partir de
vários ângulos e, com o sombreamento e a renderização corretos, poderá parecer muito realista.
Com o CADD podem ser criados excelentes desenhos com centenas de cores, tipos de linha, hachu-
ras, símbolos de apresentação, estilos de texto e outras características. Mesmo que, no final, sua
apresentação não tenha ficado do seu agrado, você pode alterá-la instantaneamente (Figura 2.6).
A maioria dos programas de CADD possui inúmeros símbolos de apresentação e hachuras padro-
nizados disponíveis para serem utilizados na melhoria do visual dos desenhos. Ao desenhar uma
planta de situação, por exemplo, o desenhista técnico pode imediatamente acrescentar símbolos
de árvores, arbustos, passeios, figuras humanas e outros elementos de paisagem para criar uma
planta de situação com visual profissional. Da mesma forma, os arquitetos podem utilizar símbolos
padronizados de portas, janelas e móveis para fazer uma apresentação. Arquitetos e desenhistas
também podem desenhar seus próprios símbolos com o CADD.
Além de preparar impressionantes apresentações em papel, o CADD pode ser utilizado para fa-
zer apresentações na tela. As ideias podem ser apresentadas em uma tela por meio de um cabo
Figura 2.6 Exemplo de um corte perspectivado de apresentação gerado com o uso do software ArchiCAD.
19
conectando o computador ao projetor. Programas avançados de CADD também possibilitam
a criação de imagens animadas. Você pode mostrar como seria a aparência de uma edificação
enquanto estivesse caminhando através dela; ou então como a montagem de uma máquina
seria operada à medida que as diferentes partes da máquina se movem.
Flexibilidade de edição
Uma das principais vantagens do CADD é o fato de permitir a realização de rápidas alterações
no desenho. As modificações podem ser feitas com a máxima precisão. Um trabalho que levaria
horas para ser produzido em uma mesa de desenho, no CADD leva apenas alguns segundos.
Em muitos casos não é sequer necessário apagar uma seção para realizar as mudanças. Geral-
mente, os componentes do desenho já existentes podem ser realocados para que caibam no
novo formato. Isso faz com que o desenhista técnico possa comparar as diferentes opções com
um mínimo de esforço.
São apresentadas a seguir algumas das possibilidades de edição presentes na maioria dos sistemas
de CADD:
• Mover, copiar, espelhar ou rotar elementos do desenho com facilidade.
• Ampliar ou reduzir elementos de um desenho.
• Fazer múltiplas cópias de um elemento do desenho.
• Acrescentar um ou mais desenhos a outro desenho.
• Alterar o estilo e o tamanho da fonte.
• Alterar as unidades de medida das dimensões.
• Esticar desenhos para que caibam em novas dimensões.
• Converter desenhos em CADD para outros formatos.
escolhidas.
Em geral, quando é necessário trabalhar em um desenho de larga escala, tal como a planta de
uma cidade, um alto grau de precisão pode não ser assegurado, optando-se por um grau de preci-
são menor, digamos: 1 metro, 0 centímetro. O computador irá então arredondar todas as medidas
para o metro mais próximo, o que evita o uso de frações menores do que 1 metro. Por outro lado,
quando mínimos detalhes forem necessários, pode-se aumentar o grau de precisão, ajustando a
programação para 1 mm.
20
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.