Psicologia 1

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Introdução

A Psicologia Jurídica representa um campo especializado da psicologia


que se dedica ao estudo da interação entre os princípios psicológicos e o sistema legal.
Este domínio visa aplicar os fundamentos teóricos, metodológicos e práticos da
psicologia em questões pertinentes ao âmbito jurídico. Suas áreas de atuação
abrangem uma diversidade de atividades, incluindo a avaliação de competência, a
análise de testemunho, relatos de vítimas, consultoria em assuntos legais e entre
outras.
O propósito fundamental da Psicologia Jurídica é compreender o
comportamento humano em contexto legais, contribuindo para a promoção da justiça,
da equidade e do bem-estar social. Ao integrar os conhecimentos da psicologia com os
processos e procedimentos do sistema legal, busca-se fornecer insights valiosos para
os profissionais envolvidos no campo jurídico, a fim de melhor compreender e
abordar as complexidades do comportamento humano em ambientes legais.

História da psicologia Jurídica


A Psicologia Jurídica emergiu como um campo distinto no final do século
XIX. Seu surgimento foi influenciado por uma série de fatores históricos, incluindo o
crescente interesse na compreensão do comportamento humano e suas implicações
legais.
As origens da Psicologia Jurídica podem ser rastreadas até o trabalho pioneiro
de estudiosos como Cesare Lombroso, um médico e criminologista italiano, que
publicou "L'uomo delinquente" (O Homem Delinquente) em 1876. Lombroso e outros
estudiosos começaram a aplicar métodos científicos para investigar a natureza da
criminalidade e sua relação com características psicológicas e biológicas.
Além disso, a influência de psicólogos como William Marston e Hugo
Munsterberg foi fundamental no estabelecimento da Psicologia Jurídica como uma
disciplina. Munsterberg, em particular, publicou "On the Witness Stand" em 1908,
explorando como a psicologia poderia ser aplicada ao sistema legal, incluindo o uso
de testemunhos psicológicos em tribunais.

Psicologia jurídica no Brasil


A história da atuação de psicólogos brasileiros na área da Psicologia Jurídica
tem seu início no reconhecimento da profissão, na década de 1960.
Tal inserção deu-se de forma gradual e lenta, muitas vezes de maneira informal.
Os primeiros avanços na Psicologia Jurídica no Brasil estiveram centrados
na área criminal, concentrando-se em estudos sobre adultos criminosos e adolescentes
infratores da lei. Embora não oficialmente reconhecido, o trabalho do psicólogo
dentro do sistema penitenciário começou a ocorrer em alguns estados brasileiros há
pelo menos 40 anos.
No entanto, foi com a promulgação da Lei de Execução Penal (Lei Federal no
7.210/84) em 1984 que o papel do psicólogo dentro das instituições penitenciárias foi
oficialmente reconhecido. Esta legislação marcou um ponto de viragem significativo,
conferindo legitimidade e reconhecimento legal ao trabalho dos psicólogos no
contexto penitenciário brasileiro.
A partir desse marco legal, os psicólogos começaram a desempenhar um papel
essencial na avaliação, tratamento e acompanhamento dos indivíduos em conflito com
a lei, contribuindo para uma abordagem mais humanizada e eficaz na execução das
penas. Ao longo das décadas seguintes, o campo da Psicologia Jurídica no Brasil
continuou a se desenvolver, abrangendo uma variedade de áreas.
Setores da psicologia jurídica
Psicologia Criminal: Envolve estudos sobre o comportamento criminoso,
intervenção em sistemas judiciais específicos, avaliação da saúde mental e pesquisa
sobre o crime cometido.

Psicologia Penitenciária ou Carcerária: Aborda a reabilitação de indivíduos


encarcerados, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, manejo do estresse
entre agentes penitenciários, e programas de reintegração para ex-detentos.

Psicologia Jurídica e questões da infância e juventude: Inclui


avaliação psicológica em casos de violência contra crianças, apoio a crianças em
situações de abuso, intervenção em casos de adoção e acompanhamento de
adolescentes em conflito com a lei.

Formação e ética em Psicologia Jurídica : Foca na educação e treinamento


de psicólogos para trabalhar em contextos jurídicos, supervisionando suas práticas e
abordando questões éticas
Psicologia Jurídica e Direito de Família: Trata de questões familiares como,
por exemplo, o divórcio, paternidade, disputa de guarda de crianças e apoio
psicológico durante visitas familiares supervisionadas.

Psicologia do Testemunho: Explora o fenômeno das falsas memórias em


testemunhos judiciais e seu impacto nos processos legais.

Psicologia Jurídica e Direito Civil: Envolvimento em casos civis como


acidentes de trabalho, oferecendo insights psicológicos para o sistema judiciário.

Psicologia Policial/Militar: Compreende treinamento psicológico para agentes


policiais e militares. Além disso, conta com avaliação pericial em instituições
militares e implementação de cursos de direitos humanos para profissionais da
segurança pública.

Formação e atendimento aos juízes e promotores:Auxilia na construção


de modelos mentais, na variação de penalidades, na tomada de decisão dos juízes e,
também, na seleção de magistrados.

Métodos
Como abordado anteriormente, a avaliação psicológica é crucial no contexto
jurídico, pois fornece informações importantes sobre o estado psicológico,
comportamental e emocional dos indivíduos envolvidos em processos judiciais.
Nesse viés, os métodos (entrevistas e testes psicológicos), permitem uma
compreensão dos aspectos mentais do paciente. Portanto, é essencial que os
profissionais desta área sejam éticos na aplicação destes métodos.

A seguir, são apresentados alguns dos principais métodos:

1. Observação direta: Envolve a observação do comportamento do indivíduo


durante a avaliação. O profissional irá notar e documentar detalhes como expressões,
gestos, postura, linguagem, etc.

2. Testes psicológicos: Usados como ferramentas padrões na avaliação, os testes


psicológicos ajudam a avaliar aspectos psicológicos do indivíduo. Na Psicologia
Jurídica, vários testes como testes de personalidade e inteligência
são realizados para obtenção de informações objetivas e comparativas, fundamentais
para analisar o estado mental do paciente.

3. Avaliação de capacidade mental: Às vezes é preciso avaliar a capacidade


mental do indivíduo para ter certeza que o mesmo possa tomar decisões claras. Isso
inclui entender as consequências legais de suas ações e capacidade de testemunhar de
forma confiável.

4. Análise de documentos e registros: Analisar documentos como registros


médicos, acadêmicos e criminais é uma das coisas que o psicólogo jurídico faz. Essa
análise ajuda a compreender sobre o paciente e adicionar dados essenciais para
finalizar as conclusões da avaliação.

É importante salientar que cada profissional deve escolher os métodos e


abordagens a serem usadas considerando a natureza do caso, os objetivos e as
necessidades de cada situação jurídica.

Instrumentos
Os principais instrumentos de Avaliação Psicológica são: Entrevista
Psicológica, Testes psicológicos e observação.

Entrevista: Busca fornecer ao avaliador, através de subsídios técnicos, informações


acerca da conduta, comportamento, conceitos, valores e opiniões do entrevistado.
Complementa os dados obtidos por outros instrumentos.

Estruturas das Entrevistas:


- Dirigida/Estruturada: Com objetivos claros e perguntas predefinidas para
maximizar a coleta de informações.

- Semidirigida: O entrevistado pode guiar a conversa, com intervenções do


entrevistador para clarificar ou expandir pontos importantes.

- Livre/Não Dirigida: Permite ao entrevistado ampla liberdade de expressão, com


mínima intervenção, focando na identificação de traços de personalidade e problemas
gerais.

Sequência Temporal
- Entrevista Inicial: Primeiro contato no processo diagnóstico, onde se estabelece o
contrato terapêutico e se recomenda ser semidirigida.

- Entrevistas Sequenciais: Aprofunda o entendimento sobre o entrevistado após a


entrevista inicial.

- Entrevista de Devolutiva: Conclusão do diagnóstico, onde se comunicam os


resultados e recomendações terapêuticas.

Testes Psicológicos
São testes que oferecem uma medida objetiva e padronizada do comportamento, úteis
para identificar diferenças comportamentais entre indivíduos ou em diferentes
momentos do mesmo. Os testes psicológicos devem ser claros e objetivos,
proporcionando conforto ao paciente.

Parâmetros de Qualidade
1. Validade: Verifica a precisão do teste em medir o que propõe.

2. Fidedignidade: Refere-se à consistência dos resultados do teste.

3. Precisão: Avalia a constância dos resultados em aplicações repetidas.

4. Padronização: Garante que a aplicação do teste seja uniforme.

5. Normatização: Assegura uma interpretação consistente dos resultados.


Conclusão
Portanto, concluímos que o profissional desta área, busque sempre por
aprimoramento, para que sua atuação dentro da interface da Psicologia com o Direito
seja dentro dos preceitos éticos e legais, pois, a psicologia jurídica exerce papel
fundamental em vários aspectos do sistema legal e da sociedade como um todo,
contribuindo para decisões mais justas, eficazes e humanizadas.

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