Filosofia Polaitica 10183
Filosofia Polaitica 10183
Filosofia Polaitica 10183
- A palavra “Política” vem do grego “politeia”, que por sua vez, deriva de “polis” que significa
“cidade-Estado”. O termo designa o campo da atividade humana que se refere à cidade, ao
Estado, à administração pública e ao conjunto dos cidadãos.
- O conceito grego de política como esfera de realização do Bem comum tornou-se clássico e
permanece até nossos dias, mesmo que seja como um ideal a ser alcançado.
- A concepção política de Platão é aristocrática, pois supõe que a grande massa de pessoas é
incapaz de dirigir uma cidade; apenas uma pequena parcela de sábios está apta a exercer o poder
político.
- Platão não propunha a democracia como a forma ideal de governo. A justificativa para essa
posição está em sua Alegoria da Caverna. Para ele, o filósofo é aquele que, saindo do mundo das
trevas e da ilusão, busca o conhecimento e a verdade no mundo das ideias. Depois deve voltar
para dirigir as pessoas que não alcançaram esse ponto.
- Ele se constituiria, assim, no que ficou popularizado como rei-filósofo, pois aquele que, pela
contemplação das ideias, conheceu a essência do bem e da justiça, deve governar a cidade.
- Aristóteles afirmava que o ser humano é por natureza um ser social, pois, para sobreviver, não
pode ficar completamente isolado de seus semelhantes.
- Constituída por um impulso natural do ser humano, a sociedade deve ser organizada conforme
essa mesma natureza humana.
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- Para Aristóteles, a organização social adequada à natureza humana é a pólis: a cidade, vista
pelo filósofo como um fenômeno natural. Por isso, o ser humano em seu sentido pleno é um
animal político, isto é, envolvido na vida da pólis.
- O Estagirita também entende que a cidade tem precedência sobre cada um dos indivíduos, pois,
isoladamente, o indivíduo não é autossuficiente, e a falta de um indivíduo não destrói a cidade.
- Maquiavel observou que havia uma distância entre o ideal de política e a realidade política de
sua época. Escreveu, então, o livro O Príncipe (1513-1515), com o propósito de tratar da política
tal como ela se dá, isto é, sem pretender fazer uma teoria da política ideal, mas, ao contrário,
compreendendo e esclarecendo a política real.
- Centrou sua reflexão na constatação de que o poder político tem como função regular as lutas e
tensões entre grupos sociais, basicamente dois: o grupo dos poderosos e o povo.
- Segundo Maquiavel, a política tem como objetivo a manutenção do poder do Estado. E, para
manter o poder, o governante deve lutar com todas as armas possíveis. Isso significa que a ação
política não cabe nos limites da moral. O governante deve fazer aquilo que, a cada momento, se
mostra interessante para conservar o poder. Não se trata, portanto, de uma decisão moral, mas
sim de uma decisão que atende à lógica do poder.
- Para Maquiavel, na ação política não são os princípios morais que contam, mas os resultados.
É por isso que, segundo ele, os fins justificam os meios. Deve-se a essa falta de pudor o uso
pejorativo do adjetivo maquiavélico, que designa o comportamento sem moral.
- Uma discussão que ocupou bastante os filósofos dos séculos XVII e XVIII foi a justificação
racional para a existência das sociedades humanas e para a criação do Estado. De maneira
geral, essa preocupação apresentou-se da seguinte forma:
- Qual é a natureza do ser humano? Qual é os seu estado natural? Em suas diversas
conjeturas, esses filósofos chegaram à conclusão básica de que os seres humanos são, por
natureza, livres e iguais;
- Como explicar, então, a existência do Estado e como legitimar seu poder? Com base na
tese de que todos são naturalmente livres e iguais, deduziram que em dada momento, por um
conjunto de circunstâncias e necessidades, os indivíduos se viram obrigados a abandonar essa
liberdade e estabelecer entre si um acordo, um pacto ou contrato social, o que teria dado origem
ao Estado.
- Por essa motivo, essas explicações ficaram conhecidas como teorias contratualistas. Seus
principais representantes são: Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau.
- Cada indivíduo sempre encara seu semelhante como um concorrente que precisa ser dominado.
Onde não houve o domínio de um indivíduo sobre o outro, existirá sempre uma competição
intensa até que esse domínio seja alcançado.
- A consequência óbvia dessa disputa infindável entre os seres humanos em estado de natureza
teria sido o surgimento de um estado de guerra e de matança permanente nas comunidades
primitivas. Por isso, nas palavras de Hobbes: “o homem é o lobo do próprio homem”.
- Só havia uma solução para dar fim à brutalidade primitiva: a criação artificial da sociedade
política, administrada pele Estado.
- Para isso, os indivíduos tiveram de firmar um contrato entre si (contrato social), pelo qual
cada um transferia seu poder de governar a si próprio a um terceiro – o Estado -, para que este
governasse a todos, impondo ordem, segurança e direção à conturbada vida em estado de
natureza.
- Hobbes apresentou essa ideia em Leviatã, obra na qual compara o Estado a uma criação
monstruosa do ser humano, destinada a colocar fim à anarquia e ao caos das relações humanas.
O nome Leviatã refere-se ao monstro bíblico citado no Livro de Jó.
- John Locke faz uma reflexão mais moderada, em relação a Hobbes. Refere-se ao estado de
natureza como uma condição na qual, pela falta de uma normatização geral, cada um seria juiz
de sua própria causa, o que levaria ao surgimento de problemas na relações entre os
indivíduos.
- Para evitar esses problemas é que o Estado teria sido criado. Sua função seria a de garantir a
segurança dos indivíduos e de seus direitos naturais, como a liberdade e a propriedade.
- Assim nasce a concepção de Estado Liberal, segundo a qual o Estado deve regular as relações
entre os indivíduos e atuar como juiz nos conflitos sociais. Mas deve fazer isso garantindo aquilo
que precede a própria criação do Estado: as liberdades e os direitos individuais, tanto no que se
refere ao pensamento e à sua expressão quanto à propriedade e à atividade econômica.
- Em sua obra Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens, Rousseau exalta os
valores da vida humana em estado de natureza e ataca a corrupção, a avareza e os vícios da
sociedade civilizada.
- Exalta a liberdade que o selvagem teria desfrutado na pureza do seu estado natural,
contrapondo-o à falsidade e ao artificialismo da vida civilizada.
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- Em Do contrato social, Rousseau investiga não só a origem do poder político e a existência ou
não de uma justificativa válida para os indivíduos, originalmente livres, terem submetido sua
liberdade ao poder político do Estado, mas também a condição necessária para que o poder
político fosse legítimo.
- Jean-Jacques Rousseau defende a tese de que o único fundamento legítimo do poder político é
o pacto social, pelo qual cada cidadão, como membro de um povo, concorda em submeter sua
vontade particular à vontade geral. Isso significa que cada indivíduo, como cidadão, somente
deve obediência ao poder político se esse poder representar a vontade geral do povo ao qual
pertence. O compromisso de cada cidadão é com seu povo. E somente o povo é a fonte legítima
da soberania do Estado.
- Cada cidadão passa a assumir obrigações em relação à comunidade política, sem estar
submetido à vontade particular de uma única pessoa. Unindo-se a todos só deve obedecer às leis,
que, por sua vez, devem exprimir a vontade geral.
- Desse modo, respeitar as leis é o mesmo que obedecer à vontade geral e, ao mesmo tempo, é
respeitar a si mesmo, sua própria vontade como cidadão, cujo interesse deve ser o bem comum.
- Ao refletir sobre a possibilidade de abuso do poder nas monarquias, Montesquieu propôs que se
estabelecesse a divisão do poder político em três instâncias:
- Poder Legislativo – que elabora e aprova as leis;
- Poder Executivo – que executa as normas e decisões relativas à administração pública
- Poder Judiciário – que aplica as leis e distribui a proteção jurisdicional pedida aos
juízes.
- Em sua obra O espírito das leis (1748), Montesquieu assim escreve sobre a questão dos
poderes:
“Quando os poderes legislativo e executivo ficam reunidos numa mesma pessoa ou instituição
do Estado, a liberdade desaparece (...). Não haverá também liberdade se o poder judiciário se
unisse ao executivo, o juiz poderia ter a força de um opressor. E tudo estaria perdido se uma
mesma pessoa ou instituição do Estado exercesse os três poderes: o de fazer as leis, o de
ordenar a sua execução e o de julgar os conflitos entre os cidadãos” (p. 168).
- Para Karl Marx e Friedrich Engels, a sociedade humana primitiva era uma sociedade sem
classes e sem Estado. Nessa sociedade pré-civilizada, as funções administrativas eram exercidas
pelo conjunto dos membros da comunidade (clã, tribo etc).
- Isso teria ocorrido em certo momento de desenvolvimento econômico que coincidiu com o
surgimento das desigualdades de classes e dos conflitos entre explorados e exploradores.
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Assim, o papel do Estado teria sido o de amenizar o choque desses conflitos, evitando uma luta
direta entre as classes antagônicas.
- Isso significa que o Estado só é necessário devido ao caráter antissocial da vida civil, ou seja, o
Estado existe para administrar os problemas causados pela forma antissocial (desigual,
excludente) da sociedade civil. E só poderia deixar de existir quando a sociedade não fosse mais
dividida me classes antagônicas.
- Mas, embora o estado tenha nascido da necessidade de conter esses antagonismos, nasceu
também no meio do conflito e, por isso, acabou sendo sempre representado pela classe mais
poderosa, aquela que tinha a força para reprimir a classe dominada.
- Assim, Marx e Engels diferenciam-se de todos os outros autores anteriores, porque sua crítica
ao Estado não visava atingir uma ou outra forma de Estado, mas a própria essência do Estado, de
qualquer Estado: para eles, o Estado origina-se exatamente das insuficiências de uma sociedade
em realizar em si mesma, de forma concreta, os ideais universalistas, ou seja, em garantir em sua
dinâmica a igualdade de condições sociais. Portanto, o Estado nasce da desigualdade para
manter a desigualdade.
REGIMES POLÍTICOS
- Democracia é uma palavra com origem na língua grega e significa “poder do povo”. Podemos
falar em dois tipos de democracia: democracia direta e democracia representativa.
- Ditadura é uma palavra com origem na língua latina, derivada de dictare, que significar “ditar
ordens”. Trata-se do regime político no qual a participação ativa do povo é inexistente.