25 Questões de Literatura para o ENEM Sem Gabarito
25 Questões de Literatura para o ENEM Sem Gabarito
25 Questões de Literatura para o ENEM Sem Gabarito
Questão 2)
(FGV-2005) Assinale a alternativa INCORRETA a respeito do Simbolismo:
a) Utiliza o valor sugestivo da música e da cor.
b) Dá ênfase a imaginação e à fantasia.
c) Procura a representação da realidade do subconsciente.
d) É uma atitude objetiva, em oposição ao subjetivismo dos parnasianos.
e) No Brasil, produziu, entre outras, a poesia de Cruz e Sousa e, em Portugal, a de
Antônio Nobre.
Questão 3)
(PUC-PR 2009) Assinale o que for INCORRETO a respeito da estética simbolista e
da poesia de Cruz e Sousa.
a) Os poetas simbolistas se opunham ao objetivismo cientificista dos
realistas/naturalistas.
b) Cruz e Sousa é o maior representante da estética simbolista no país. Porém, nas
primeiras décadas do século XX, observa-se urna grande expansão do Simbolismo no
Sul do Brasil, sendo o Paraná um dos estados com maior número de manifestações
poéticas dessa escola, seja pelas revistas que foram criadas, seja pelos poetas que
foram revelados.
c) Verifica-se na estética simbolista o culto à musicalidade do poema, em sintonia
com a busca pela espiritualidade, um dos temas predominantes na poesia de Cruz e
Sousa.
d) O Simbolismo brasileiro recupera de modo inequívoco os procedimentos e os
temas do Romantismo, valorizando o sentimento nacionalista e as ideias
abolicionistas.
e) Para os simbolistas, a poesia, experiência transcendente, é uma forma pela qual se
alcança o sentido oculto das coisas e das vivências.
Questão 4)
(Enem-2009)
Cárcere das almas
Questão 5)
(UFV-MG) A ficção romântica é repleta de sentimentalismos, inquietações, amor
como única possibilidade de realização, personagens burgueses idealizados,
culminando sempre com o habitual "... e foram felizes para sempre". Assinale a
alternativa que não corresponde à afirmação acima:
A) Amor constitui o objetivo fundamental da existência e o casamento, o fim último
da vida.
B) Não há defesa intransigente do casamento e da continência sexual anterior a ele.
C) A frustração amorosa leva, incondicionalmente, à morte.
D) Os protagonistas são retratados como personagens belos, puros e corajosos.
E) A economia burguesa determina os gostos e a maneira de ver o mundo ficcional
romântico.
Questão 6)
Escreverei minhas Memórias, fato mais frequentemente do que se pensa observado
no mundo industrial, artístico, científico e sobretudo no mundo político, onde muita
gente boa se faz elogiar e aplaudir em brilhantes artigos biográficos tão espontâneos,
como os ramalhetes e as coroas de flores que as atrizes compram para que lhos atirem
na cena os comparsas comissionados.
Eu reputo esta prática muito justa e muito natural; porque não compreendo amor e
ainda amor apaixonado mais justificável do que aquele que sentimos pela nossa
própria pessoa.
O amor do eu é e sempre será a pedra angular da sociedade humana, o regulador dos
sentimentos, o móvel das ações, e o farol do futuro: do amor do eu nasce o amor do
lar doméstico, deste o amor do município, deste o amor da província, deste o amor da
nação, anéis de uma cadeia de amores que os tolos julgam que sentem e tomam ao
sério, e que certos maganões envernizam, mistificando a humanidade para simular
abnegação e virtudes que não têm no coração e que eu com a minha exemplar
franqueza simplifico, reduzindo todos à sua expressão original e verdadeira, e
dizendo, lar, município, província, nação, têm a flama dos amores que lhes dispenso
nos reflexos do amor em que me abraso por mim mesmo: todos eles são o amor do eu
e nada mais. A diferença está em simples nuanças determinadas pela maior ou menor
proporção dos interesses e das conveniências materiais do apaixonado adorador de si
mesmo.
(MACEDO, Joaquim Manuel de. Memórias do sobrinho de meu tio. São Paulo:
Companhia das Letras, 1995.)
Questão 7)
(Enem 2010) Leia o soneto abaixo:
“Já da morte o palor me cobre o rosto,
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!
Aqui na floresta
Dos ventos batida,
Façanhas de bravos
Não geram escravos,
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
— Ouvi-me, Guerreiros,
— Ouvi meu cantar.
Valente na guerra,
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
— Guerreiros, ouvi-me;
— Quem há, como eu sou?
Gonçalves Dias.
Macunaíma
(Epílogo)
Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo Tapanhumas e os filhos
dela se acabaram de um em um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles
campos, furos puxadouros arrastadouros meios-barrancos, aqueles matos misteriosos,
tudo era solidão do deserto...
Um silêncio imenso dormia à beira do rio Uraricoera.
Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar da tribo nem contar aqueles
casos tão pançudos. Quem podia saber do Herói?
Mário de Andrade.
Questão 9)
SERMÃO DA SEXAGÉSIMA
Nunca na Igreja de Deus houve tantas pregações, nem tantos pregadores como hoje.
Pois se tanto se semeia a palavra de Deus, como é tão pouco o fruto? Não há um
homem que em um sermão entre em si e se resolva, não há um moço que se
arrependa, não há um velho que se desengane. Que é isto?
Assim como Deus não é hoje menos onipotente, assim a sua palavra não é hoje
menos poderosa do que dantes era. Pois se a palavra de Deus é tão poderosa; se a
palavra de Deus tem hoje tantos pregadores, por que não vemos hoje nenhum fruto da
palavra de Deus? Esta, tão grande e tão importante dúvida, será a matéria do sermão.
Quero começar pregando-me a mim. A mim será, e também a vós; a mim, para
aprender a pregar; a vós, que aprendais a ouvir.
VIEIRA, A. Sermões escolhidos. v.2. São Paulo: Edameris, 1965.
No Sermão da Sexagésima, Padre Antônio Vieira questiona a eficácia das pregações.
Para tanto, apresenta como estratégia discursiva sucessivas interrogações, as quais
têm por objetivo principal:
a) provocar a necessidade e o interesse dos fiéis sobre o conteúdo que será abordado
no sermão.
b) conduzir o interlocutor à sua própria reflexão sobre os temas abordados nas
pregações.
c) apresentar questionamentos para os quais a Igreja não possuir respostas.
d) inserir argumentos à tese defendida pelo pregador sobre a eficácia das pregações.
e) questionar a importância das pregações feitas pela Igreja durante os sermões.
Questão 10)
Considere as seguintes afirmações sobre o Barroco brasileiro:
I. A arte barroca caracteriza-se por apresentar dualidades, conflitos, paradoxos e
contrastes, que convivem tensamente na unidade da obra.
II. O conceptismo e o cultismo, expressões da poesia barroca, apresentam um
imaginário bucólico, sempre povoado de pastoras e ninfas.
III. A oposição entre Reforma e Contra-Reforma expressa, no plano religioso, os
mesmos dilemas de que o Barroco se ocupa.
Quais estão corretas:
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.
Questão 11)
Quando Deus redimiu da tirania
Da mão do Faró endurecido
O Povo Hebreu amado, e esclarecido,
Páscoa ficou da redenção o dia.
Páscoa de flores, dia de alegria
Àquele Povo foi tão afligido
O dia, em que por Deus foi redimido;
Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.
Pois mandado pela alta Majestade
Nos remiu de tão triste cativeiro,
Nos livrou de tão vil calamidade.
Quem pode ser senão um verdadeiro
Deus, que veio estirpar desta cidade
O Faraó do povo brasileiro.
(DAMASCENO, D. (Org.). Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: Globo,
2006.)
Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios
barrocos, o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por:
a) visão cética sobre as relações sociais.
b) preocupação com a identidade brasileira.
c) crítica velada à forma de governo vigente.
d) reflexão sobre os dogmas do cristianismo.
e) questionamento das práticas pagãs na Bahia.
Questão 12)
Ornemos nossas testas com as flores,
e façamos de feno um brando leito;
prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
gozemos do prazer de sãos amores (...)
(...)
aproveite-se o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças
e ao semblante a graça.
(Tomás Antônio Gonzaga)
Nos versos acima:
a) O eu-lírico, ao lamentar as transformações notadas em seu corpo e alma pela
passagem do tempo, revela-se amoroso homem de meia-idade.
b) Que retomam tema e estrutura de uma “canção de amigo”, está expresso o estado
de alma de quem sente a ausência do ser amado.
c) Nomeia-se diretamente a figura ironizada pelo eu-lírico, a mulher a quem se
poderiam fazer convites amorosos mais ousados.
d) Em que se notam diálogo e estrutura paralelística, o ponto de vista dominante é o
do amante que vê seus sentimentos antagônicos refletidos na natureza.
e) A natureza é o espaço onde o amado se sente à vontade para expressar diretamente
à amada, suas inclinações sensuais.
Questão 13)
Leia o poema abaixo:
O ser herói, Marília, não consiste
Em queimar os impérios: move a guerra,
Espalha o sangue humano,
E despovoa a terra
Também o mau tirano.
Consiste o ser herói em viver justo:
E tanto pode ser herói o pobre,
Como o maior Augusto.
Eu é que sou herói, Marília bela,
Seguindo da virtude a honrosa estrada:
Ganhei, ganhei um trono,
Ah! não manchei a espada,
Não o roubei ao dono!
Ergui-o no teu peito e nos teus braços:
E valem muito mais que o mundo inteiro
Uns tão ditosos laços.
Aos bárbaros, injustos vencedores
Atormentam remorsos e cuidados;
Nem descansam seguros
Nos Palácios, cercados
De tropa e de altos muros.
E a quantos não nos mostra a sábia História
A quem mudou o fado em negro opróbrio
A mal ganhada glória!
(GONZAGA, Tomás Antônio. A poesia dos inconfidentes. Org. Domício Proença
Filho. Riode Janeiro: Editora Nova Aguilar, 1996. 5a, 6a e 7a estrofes da Lira XXVII.
pp. 616/617.)
Questão 14)
Texto 1
Eu quero uma casa no campo
do tamanho ideal
pau-a-pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
meus discos
meus livros
e nada mais.
(Zé Rodrix e Tavito)
Texto 2
Se o bem desta choupana pode tanto,
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que da cidade o lisonjeiro encanto;
Aqui descanse a louca fantasia;
E o que té agora se tornava em pranto,
Se converta em afetos de alegria.
(Cláudio Manuel da Costa)
Embora muito distantes entre si na linha do tempo, os textos aproximam-se, pois o
ideal que defendem é:
a) O uso da emoção em detrimento da razão, pois esta retira do homem seus melhores
sentimentos.
b) O desejo de enriquecer no campo, aproveitando as riquezas naturais.
c) A dedicação à produção poética junto à natureza, fonte de inspiração dos poetas.
d) o aproveitamento do dia presente - o carpe diem-, pois o tempo passa rapidamente.
e) o sonho de uma vida mais simples e natural, distante dos centros urbano
Questão 15)
Questão 2 – (FCC) Assinale a alternativa onde estão indicados os textos que analisam
corretamente alguns aspectos do romance realista.
I – As personagens independem do julgamento do narrador, reagindo cada uma de
acordo com sua própria vontade e temperamento.
II – A linguagem é poeticamente elaborada nos diálogos, mas procura alcançar um
tom coloquial, com traços de oralidade, nas partes narrativas e descritivas.
III – Observa-se o predomínio da razão e da observação sobre o sentimento e a
imaginação.
a) I, II, III
b) I e II
c) II e III
d) I e III
d) II
Questão 16)
1. (Enem PPL 2019) — Não digo que seja uma mulher perdida, mas recebeu uma
educação muito livre, saracoteia sozinha por toda a cidade e não tem podido, por
conseguinte, escapar à implacável maledicência dos fluminenses. Demais, está
habituada ao luxo, ao luxo da rua, que é o mais caro; em casa arranjam-se ela e a tia
sabe Deus como. Não é mulher com quem a gente se case. Depois, lembra-te que
apenas começas e não tens ainda onde cair morto.
Enfim, és um homem: faze o que bem te parecer.
Essas palavras, proferidas com uma franqueza por tantos motivos autorizada, calaram
no ânimo do bacharel. Intimamente ele estimava que o velho amigo de seu pai o
dissuadisse de requestar a moça, não pelas consequências morais do casamento, mas
pela obrigação, que este lhe impunha, de satisfazer uma dívida de vinte contos de
réis, quando, apesar de todos os seus esforços, não conseguira até então pôr de parte
nem o terço daquela quantia.
AZEVEDO, A. A dívida. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 20
ago. 2017.
Questão 17)
(Enem PPL 2017)
— Recusei a mão de minha filha, porque o senhor é...
— Eu?
— O senhor é um homem de cor!... Infelizmente esta é a verdade...
Raimundo tornou-se lívido. Manoel prosseguiu, no fim de um silêncio:
— Já vê o amigo que não é por mim que lhe recusei.
Ana Rosa, mas é por tudo! A família de minha mulher sempre foi muito escrupulosa a
esse respeito, e como ela é toda a sociedade do Maranhão! Concordo que seja uma
asneira; concordo que seja um prejuízo tolo! O senhor porém não imagina o que é por
cá a prevenção contra os mulatos!... Nunca me perdoariam um tal casamento; além
do que, para realizá-lo, teria que quebrar a promessa que fiz a minha sogra, de não
dar a neta senão a um branco de lei, português ou descendente direto de portugueses!
(AZEVEDO, A. O mulato. São Paulo: Escala, 2008)
(Enem 2014) Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem não souber que
ele possuía um caráter ferozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele durante os
anos que se seguiram ao inventário de meu pai. Reconheço que era um modelo.
Arguíam-no de avareza, e cuido que tinham razão; mas a avareza é apenas a
exageração de uma virtude, e as virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o
saldo que o défict.
Como era muito seco de maneiras, tinha inimigos que chegavam a acusá-lo de
bárbaro. O único fato alegado neste particular era o de mandar com frequência
escravos ao calabouço, donde eles desciam a escorrer sangue; mas, além de que ele
só mandava os perversos e os fujões, ocorre que, tendo longamente contrabandeado
em escravos, habituara-se de certo modo ao trato um pouco mais duro que esse
gênero de negócio requeria, e não se pode honestamente atribuir à índole original de
um homem o que é puro efeito de relações sociais.
A prova de que o Cotrim tinha sentimentos pios encontrava-se no seu amor aos filhos,
e na dor que padeceu quando morreu Sara, dali a alguns meses; prova irrefutável,
acho eu, e não única. Era tesoureiro de uma confraria, e irmão de várias irmandades,
e até irmão remido de uma destas, o que não se coaduna muito com a reputação da
avareza; verdade é que o benefício não caíra no chão: a irmandade (de que ele fora
juiz) mandara-lhe tirar o retrato a óleo.
(ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992)
Questão 19)
Está aí o grande drama de amor em nossas letras, e o tema de seu ciclo literário.
Situado num momento de transição, Lima Barreto produziu uma literatura renovadora
em diversos aspectos. No fragmento, esse viés se fundamenta na:
Questão 20)
Profundíssimamente hipocondríaco,
Questão 21)
HELOÍSA: Futuristas?
Tenho três filhos. No jornal também não pagavam, devido à crise. Precisei viver de
bicos. Ah! Reneguei tudo.
Questão 22)
Questão 23)
(Enem PPL 2019) O mato do Mutúm é um enorme mundo preto, que nasce dos
buracões e sobe a serra. O guará-lobo trota a vago no campo. As pessôas mais velhas
são inimigas dos meninos. Soltam e estumam cachorros, para ir matar os bichinhos
assustados — o tatú que se agarra no chão dando guinchos suplicantes, os macacos
que fazem artes, o coelho que mesmo até quando dorme todo-tempo sonha que está
sendo perseguido. O tatú levanta as mãozinhas cruzadas, ele não sabe — e os
cachorros estão rasgando o sangue dele, e ele pega a sororocar. O tamanduá.
Tamanduá passeia no cerrado, na beira do capoeirão. Ele conhece as árvores, abraça
as árvores. Nenhum nem pode rezar, triste é o gemido deles campeando socôrro. Todo
choro suplicando por socôrro é feito para Nossa Senhora, como quem diz a salve-
rainha. Tem uma Nossa Senhora velhinha. Os homens, pé-ante-pé, indo a peitavento,
cercaram o casal de tamanduás, encantoados contra o barranco, o casal de tamanduás
estavam dormindo. Os homens empurraram com a vara de ferrão, com pancada bruta,
o tamanduá que se acordava. Deu som surdo, no corpo do bicho, quando bateram, o
tamanduá caiu pra lá, como um colchão velho.
ROSA, G. Noites do sertão (Corpo de baile). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
Questão 24)
Nesse trecho, Vinicius de Moraes exercita a crônica para pensá-la como gênero e
prática. Do ponto de vista dele, cabe ao cronista:
Questão 25)
Marcava seis horas da manhã. Angela Pralini pagou o táxi e pegou sua pequena
valise. Dona Maria Rita de Alvarenga Chagas Souza Melo desceu do Opala da filha e
encaminharam-se para os trilhos. A velha bem-vestida e com joias. Das rugas que a
disfarçavam saía a forma pura de um nariz perdido na idade, e de uma boca que
outrora devia ter sido cheia e sensível. Mas que importa? Chega-se a um certo ponto
— e o que foi não importa. Começa uma nova raça. Uma velha não pode comunicar-
se. Recebeu o beijo gelado de sua filha que foi embora antes do trem partir. Ajudara-a
antes a subir no vagão. Sem que neste houvesse um centro, ela se colocara do lado.
Quando a locomotiva se pôs em movimento, surpreendeu-se um pouco: não esperava
que o trem seguisse nessa direção e sentara-se de costas para o caminho.
Dona Maria Rita se espantou com a delicadeza, disse que não, obrigada, para ela dava
no mesmo. Mas parecia ter-se perturbado. Passou a mão sobre o camafeu filigranado
de ouro, espetado no peito, passou a mão no briche. Seca. Ofendida? Perguntou afinal
a Angela Pralini: