Livro Do Exodo - Texto 4

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Livro do Êxodo – Texto 4

Livro do Êxodo ou simplesmente Êxodo (do em grego clássico: ἔξοδος, éxodos, "saída" ou "partida";
em hebraico: ‫ְׁש מֹות‬, Shəmōṯ, "nomes", a segunda palavra do começo do texto: "Ora estes são os nomes
dos filhos de Israel, que entraram no Egito") é o segundo livro da Torá (vem logo depois de Gênesis) e o
segundo da Bíblia hebraica (o Antigo Testamento dos cristãos).[1]
Ele conta a história do Êxodo, ou seja, de como os israelitas deixaram para trás a escravidão no Egito por
sua fé em Yah, que escolheu Israel como seu povo. Liderados por seu profeta, Moisés, eles viajaram pelo
deserto até o monte Sinai, onde Javé lhes promete a terra de Canaã (a "Terra Prometida") como
recompensa por sua fidelidade. Os israelitas passam a fazer parte da aliança com Javé, que lhes fornece
suas leis e instruções para a construção do Tabernáculo. Segundo o relato, Yah então desceu do céu e
habitou com eles, liderando o povo na guerra santa para conquistar a terra e conseguir a paz.
Tradicionalmente atribuído ao próprio Moisés, os estudiosos modernos entendem que o livro foi,
inicialmente, produzido no cativeiro da Babilônia (século VI a.C.) tendo como base tradições escritas e
orais mais antigas com revisões finais no período pós-exílio (século V a.C.).[2][3] Alguns estudiosos
defendem que este é o mais importante livro do Antigo Testamento, pois ele define as principais
características da identidade de Israel: a memória de um passado marcado por dificuldades e pela fuga,
uma aliança com Deus, que escolheu Israel, e o estabelecimento de uma vida comunitária e as leis
necessárias para mantê-la.[4]
Estrutura
Não há consenso unânime entre os estudiosos sobre a estrutura do Êxodo. Uma forte possibilidade é que
a obra seja um díptico (ou seja, uma obra em duas partes), com a divisão entre as partes 1 e 2
na travessia do Mar Vermelho ou no começo da teofania ("aparição de Deus") no capítulo 19.[5] Segundo
esta tese, a primeira parte conta como Javé resgatou seu povo do Egito e os levou pelo deserto até o
monte Sinai (capítulos 1 a 19) e a segunda, a aliança entre Javé e o povo (capítulos 20–40).[6]
Sumário
Os filhos de Jacó e suas famílias se juntam ao irmão deles, José, no Egito. Uma vez lá, os israelitas
começam a se multiplicar. Muitas gerações depois, o faraó, temendo uma traição por parte dos israelitas,
ordena que todos os recém-nascidos fossem atirados no Nilo. Uma levita (identificada em outra parte
como sendo Joquebede) salva seu bebê lançando-o num cesto de vime pelo Nilo. A filha do faraó
(chamada Bitias em I Crônicas 4:18) encontrou a criança, a chama de Moisés e a cria como se fosse dela.
Mas Moisés sabe de sua origem e, um dia, já adulto, assassina um capataz egípcio que está surrando um
escravo hebreu e foge para Midiã. Lá ele se casa com Zípora, a filha do sacerdote midianita Jetro, e se
encontra com Deus numa sarça ardente. Moisés pergunta o nome de Deus, que responde: "Eu Sou o Que
Sou". Deus pede a Moisés que retorne ao Egito e leve os hebreus até Canaã, a terra prometida a Abraão.
Moisés retorna ao Egito e não consegue convencer o faraó a libertar os israelitas. Deus então inflige aos
egípcios dez terríveis pragas (as "Pragas do Egito"), incluindo um rio de sangue, uma infestação de rãs e a
morte dos primogênitos. Moisés lidera os israelitas depois de uma perseguição do faraó, que renega seu
consentimento obtido à força, através do Mar Vermelho. O deserto se mostra difícil e os israelitas
reclamam, lembrando da vida no Egito, mas Deus lhes fornece, milagrosamente, água e o maná. Os
israelitas chegam então na montanha de Deus, onde Moisés recebe a visita de Jetro, seu sogro, por
sugestão do qual ele nomeia juízes para governar Israel. Deus então pergunta se os israelitas concordam
em ser seu povo e, depois de aceitar, o povo se reúne no sopé da montanha. Com trovoadas e
relâmpagos, fogo e nuvens de fumaça, ao som de trombetas e rugidos na montanha, Deus aparece no
pico e o povo ouve a "voz de Deus", que ordena que Moisés suba ao topo. Deus então lhe dita os Dez
Mandamentos com todo o povo ouvindo. Moisés escala a montanha e aparece diante de Deus, que lhe
dita o "Código da Aliança" (um detalhado código de direito civil e ritual) e lhe promete Canaã se ele for
obedecido. Moisés desce a montanha e escreve as palavras de Deus e o povo concorda em obedecê-las.
Deus chama Moisés de volta para a montanha e ele lá permanece por 40 dias e 40 noites. No final deste
período, Moisés desce com as "Tábuas da Lei", o decálogo gravado em dois tabletes de pedra escrito pelo
"dedo de Deus" (Êxodo 31:18; Deuteronômio 9:10–9).
Deus deu instruções a Moisés sobre como deveria ser construído o "tabernáculo", uma tenda na qual
Deus habitaria permanentemente entre seu povo escolhido, além de instruções sobre as vestes
sacerdotais, o altar e os vasos sagrados, o procedimento para a ordenação dos sacerdotes e os sacrifícios
diários que deveriam ser oferecidos. Aarão é nomeado como sumo-sacerdote hereditário.
Enquanto Moisés está com Deus, Aarão fabrica um bezerro de ouro, que o povo passa a venerar. Deus
informa Moisés da apostasia do povo e ameaça matá-los todos, mas cede aos apelos de misericórdia de
Moisés, que desce a montanha, despedaça os tabletes e ordena que os levitas massacrem os infiéis.
Deus ordena que Moisés suba a montanha novamente e refaça dois novos tabletes. Em seguida ele
desce, desta vez com a face "transformada", o que o obriga a cobrir o rosto com véu daí em diante. Ele
reúne o povo e repete os mandamentos recebidos de Deus, incluindo a guarda do sabá e a construção do
tabernáculo. A partir daí, Deus passou a habitar entre o povo no tabernáculo e viajou o tempo inteiro com
eles.
Seções segundo as porções semanais da Torá no judaísmo
Ver artigo principal: Porção semanal da Torá
As subdivisões são as seguintes:

 Shemot, sobre Êxodo 1–5: aflição no Egito, Moisés é encontrado, o faraó;


 Va'eira, sobre Êxodo 6–9: pragas 1 a 7;
 Bo, sobre Êxodo 10–13: últimas pragas, primeira Páscoa;
 Beshalach, sobre Êxodo 13–17: travessia do mar Vermelho, água, maná, Amaleque;
 Yitro, sobre Êxodo 18–20: conselho de Jetro, os Dez Mandamentos;
 Mishpatim, sobre Êxodo 21–24: o Código da Aliança;
 Terumah, sobre Êxodo 25–27: instruções de Deus sobre o Tabernáculo e sua
decoração;
 Tetsavé, sobre Êxodo 27–30: instruções de Deus sobre os primeiros sacerdotes;
 Ki Tissa, sobre Êxodo 30–34: censo, óleo de unção, bezerro de ouro, tabletes de pedra,
Moisés radiante;
 Vayakhel, sobre Êxodo 35–38: israelitas recebem presentes, constroem e decoram o
Tabernáculo;
 Pekudei, sobre Êxodo 38–40: o Tabernáculo está pronto e recebe Deus.
Autoria
A tradição judaica e cristã defende Moisés como autor do Êxodo (e de todo o Pentateuco), mas, já no
final do século XIX, a crescente percepção acadêmica de discrepâncias, inconsistências, repetições e
outras características do Pentauco levou os estudiosos a abandonarem essa ideia. [7] Em datas
aproximadas, o processo que resultou no Êxodo e no Pentateuco provavelmente começou por volta de
600 a.C., quando tradições escritas e orais mais antigas foram colecionadas em livros similares aos
conhecidos atualmente e a forma final foi estabelecida por volta de 400 a.C.. É claro que a estrutura
principal da narrativa já era conhecida muito antes do século VII, nas alusões ao Êxodo e à viagem
pelo deserto contida nas profecias de Amós e Oseias um século antes[3][8].
Gênero e fontes
A história do Êxodo é o mito fundador de Israel, recontando como os israelitas foram libertados da
escravidão por Yah e entraram numa aliança com Ele através da aliança de Moisés[9]. O livro não deve
ser tratado como uma narrativa histórica no sentido moderno,[10] pois isto exigiria uma avaliação crítica
das fontes e não aceitaria que Deus fosse a causa dos eventos;[11] no Êxodo, tudo é obra de Deus, que
frequentemente aparece pessoalmente, e o cenário histórico é vagamente mencionado.[12] O objetivo
do livro não é o relato do que realmente aconteceu e sim o reflexo da experiência histórica
da comunidade exilada na Babilônia e, depois, em Jerusalém, que enfrentava o cativeiro no
estrangeiro e precisava chegar a um bom termo em sua compreensão de Deus.[13]
Embora os elementos míticos não sejam tão proeminentes no Êxodo como são no Gênesis, lendas
antigas influenciaram o conteúdo do livro. Como exemplo, a história da salvação do bebê Moisés no
Nilo é baseada numa lenda mais antiga sobre Sargão da Acádia. A história da travessia do mar
Vermelho é reminiscente do mito fundador mesopotâmico. De forma similar, o Código da Aliança (o
código legal em Êxodo 20:22 até Êxodo 23:33) tem similaridades, tanto no conteúdo e estrutura, com
o Código de Hamurabi. Estas influências servem para reforçar a conclusão de que o Livro do Êxodo se
originou na comunidade judaica babilônica no século VI a.C., mas nem todas as fontes são
mesopotâmicas: a história da fuga de Moisés para Midiã depois do assassinato do capataz pode ter
sido baseada na "História de Sinué" egípcia.[14]
Hipótese documental
A maioria dos estudiosos bíblicos modernos acredita que a Torá (os cinco primeiros livros do Antigo
Testamento) chegou à sua forma presente no período pós-exílio (depois de 520 a.C.), quando
tradições mais antigas, orais e escritas, "detalhes geográficos e demográficos contemporâneos, mas,
ainda mais importante, as realidades políticas da época" foram levados em consideração[15].[16] Os
cinco livros são geralmente descritos na hipótese documental como se baseando em quatro "fontes"
(entendidas como escolas literárias e não indivíduos): a javista e a eloista (frequentemente entendidas
como uma única fonte), a fonte sacerdotal e a deuteronomista[17]. Ainda há discussões sobre a origem
das fontes não-sacerdotais, porém a tese majoritária é a de que são posteriores ao exílio;[18] [19]
Temas
Salvação
Estudiosos bíblicos descrevem a história do Êxodo como uma "história de salvação", ou seja, uma
história das ações salvíficas de Deus que dão identidade a Israel — a promessa de uma linhagem e de
terras aos ancestrais (Abraão), a fuga do Egito, as andanças pelo deserto, a revelação de Deus no
monte Sinai e a esperança de um futuro na Terra Prometida.[11]
Teofania
Teofania é uma manifestação (aparição) de um deus. No caso da Bíblia, a aparição de Yah, o Deus de
Israel, acompanhado por tempestades, tremores de terra, fumaça, trovões e relâmpagos.[23] Na
narrativa do Êxodo, a teofania começa no "terceiro dia" a partir da chegada do povo ao monte Sinai, no
capítulo 19.[24]
Na segunda metade do Êxodo, a teofania se torna permanente através do Tabernáculo e Deus passa
a habitar entre seu povo. A importância disto é tanta que a maior parte dos capítulos do livro (25 a 31 e
35 a 40) é gasta descrevendo os planos para o Tabernáculo e revela a importância que ele teve na
percepção do judaísmo do Segundo Templo: o Tabernáculo é o local onde Deus está fisicamente
presente e onde, através dos sacerdotes, os israelitas podem literalmente estar junto d'Ele.[25]
Aliança
O coração do Êxodo é a Aliança de Moisés.[26] Uma aliança é um documento legal que obriga ambas
as partes a certos deveres recíprocos[27] e há vários exemplos na Bíblia. Em cada caso há pelo menos
alguns elementos encontrados nos tratados reais comuns no Oriente Médio na época: um preâmbulo,
um prólogo histórico, estipulações (cláusulas), deposição e leitura, lista de testemunhas, bençãos e
ameaças e a ratificação final através do sacrifício de um animal. [28] As alianças bíblicas, diferente das
alianças orientais em geral, são entre o Deus criador, Yah, e um povo, Israel, e não entre um monarca
poderoso e um vassalo mais fraco.[29]
Escolha de Israel
Israel é escolhido para a salvação por os "filhos de Israel" são os "primogênitos" do Deus de Israel,
descendentes através de Sem e Abraão até a linhagem escolhida de Jacó, cujo nome foi alterado para
Israel. O objetivo do plano divino, revelado no Êxodo, é um retorno ao estado da humanidade
no Jardim do Éden para que Deus possa habitar com os israelitas — como Ele havia habitado
com Adão e Eva — através da Arca e do Tabernáculo, que juntos são um modelo do universo.
Nas religiões abraâmicas posteriores, a escolha veio a ser interpretada como Israel sendo guardião do
plano de Deus para os homens de trazer "a benção da criação de Deus para os homens" iniciado
com Adão.[30]
Arqueologia
Enquanto alguns arqueólogos deixem aberta a possibilidade de ter havido uma tribo semítica oriunda
da escravidão no Egito e que uma figura como a de Moisés tenha realmente existido no século XIII
a.C., rejeita-se a possibilidade de que o Êxodo tenha acontecido conforme descrito na Bíblia. [31] Mais
de um século de pesquisa arqueológica não descobriu nada que pudesse comprovar os elementos
narrativos do livro do Êxodo - os quatro séculos de estada no Egito, a fuga de bem mais de um milhão
de israelitas do Delta ou os três meses de jornada através do deserto até o Sinai. [32] Os registros
egípcios não fazem qualquer menção aos fatos relatados no Êxodo, a região sul da península do Sinal
não mostra traços de uma migração em massa como descrita no Êxodo e virtualmente todos os nomes
mencionados, incluindo Goshen (a região do Egito onde os israelitas supostamente viveram), as
cidades-armazém de Pitom e Ramessés, o local onde teria acontecido a passagem pelo Mar Vermelho
(ou Mar dos Juncos) e o próprio monte Sinai não puderam ser claramente identificados. [33] Acadêmicos
que defendem a historicidade do Êxodo concedem que o máximo que as evidências podem sugerir é
que o relato é plausível.[34] Tem se tornado cada vez mais claro que a idade do ferro Israelense - os
reinos de Judá e Israel - tem suas origens em Canaã e não no Egito:[35] A cultura dos assentamentos
israelitas mais antigos é Canaanita, seus objetos de culto são os mesmos do deus canaanita El, o
trabalho da cerâmica reflete as tradições canaanitas locais e o alfabeto usado é o canaanita antigo.
Praticamente a única distinção entre as cidades israelitas das áreas canaanitas é a ausência de ossos
de porco, embora se este aspecto pode ser usado como um marcador étnico ou é devido a outros
fatores permanece assunto de disputa.[36]

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