Estudo No Livro Do Êxodo

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Mentoria Bíblica

Estudo no Livro do Êxodo.

Introdução e Analise Geral.

Deus nos deu o privilégio de passarmos para o estudo do


segundo livro das Sagradas Escrituras. Êxodo é a continuação
de Gênesis, como nos revela o versículo 1. Seria muito bom
fazermos uma revisão mental do que já aprendemos do livro
Gênesis.

Prepare seu caderno e a sua caneta, pois no estudo de


hoje veremos um panorama completo do segundo livro da Bíblia
Sagrada que, com certeza, irá lhe abençoar muito.

Já sabemos que Êxodo é o segundo livro da bíblia. O


livro que dá seguimento ao enredo do livro anterior: Gênesis,
que termina com o neto de Abraão levando sua família para o
Egito.

O décimo primeiro filho de Jacó (José) havia se tornado


vice-comandante de todo o Egito, ele salvou toda a sua
família durante um período de fome.

Posteriormente, Faraó, que era o rei do Egito, ofereceu


à família de Jacó que fossem morar lá como um refúgio seguro.




Cerca de 400 anos se passaram e Israel foi abençoado


naquela terra. O povo de Deus prosperou, se multiplicou e
encheu a terra dos egípcios. Mas o novo Faraó não vê Israel
prosperando ali como uma bênção, na verdade ele vê os
israelitas como uma grande ameaça ao seu poder.

Moisés nasceu mais ou menos sessenta anos após a morte


de José. Nesta época, Israel cresceu de uma grande família
para se transformar em um povo. Com o passar dos anos, o povo
hebreu perdeu a honra do prestígio do parentesco com José e
passou a ser escravo de uma nova dinastia (Ex 1.8).

O Título.

O título hebraico para Êxodo é "E estes são os nomes",


tirado da primeira frase que segue o costume antigo de nomear
um texto (LaSor, 131 ). O título Exodus ("uma saída")
translitera o título da Septuaginta Exodus. Uma palavra
composta composta de "fora" e "caminho", significando “uma
saída”, “partida” ou “saída”. Embora a partida de Israel do
Egito constitua apenas alguns capítulos, esta é uma ênfase
importante no livro e, portanto, é um título apropriado,
pois, se refere ao êxodo de Israel do Egito.

O Autor.

Moisés é o autor do livro de Êxodo. Ele foi criado na


corte real do Egito pela filha do Faraó, mas abandonou esse
lugar de privilégio para “ser maltratado com o povo de Deus”
(Hb11.25). Após fugir do Egito, Moisés viajou para a terra de
Midiã, onde recebeu o Sacerdócio de Melquisedeque de seu




sogro, Jetro. Tanto a Escritura quanto a tradição atribuem a


autoria do Êxodo a Moisés desde o tempo de Josué (Js
8.30-32).

A autoria mosaica de Êxodo coloca a escrita durante sua


vida (1525-1405 aC). Mais especificamente, Êxodo cobre a
história de Israel apenas até o acampamento no Monte Sinai em
1444 a.C, assumindo a data inicial do Êxodo. É lógico que
Moisés teria registrado esses incidentes logo após esses
eventos terem ocorrido em 1444 a.C.

Compreende-se que Moisés é o autor dos primeiros cinco


livros das Escrituras. Estes livros são conhecidos como “O
Pentateuco”. Em Marcos 12.26, nosso Senhor se refere
especificamente a Moisés como sendo o autor do livro de
Êxodo.

Outras pessoas nas Escrituras nomeiam Moisés como autor:

>>> Malaquias: (Mal. 4.4);

>>> Os discípulos: (João 1.45);

>>> Paulo: (Rm 10.5);

>>> E, mais importante, o próprio Cristo (Mc 7.10<> Êx


3.6; 12.26; Lc 20.37; Jo 5.46-47; 7.19, 22-23). 

Porções do Êxodo são atribuídas diretamente a Moisés


(Cap. 15; 17.8-14; 20.1-17; 24.4, 7, 12; 31.18; 34.1-27).







Nem mesmo as teorias críticas à bíblia oferecem qualquer


substituto adequado para autenticidade do livro.

Data.

O livro de Êxodo foi escrito por volta do ano 1448 a.C.

Período.

A evidência arqueológica do Egito durante o século XV


corresponde ao registro bíblico do Êxodo que inclui o uso de
tijolos e grandes projetos de construção. Além disso, a
melhor evidência indica que Jericó, Ai e Hazor foram
destruídas por volta de 1400 a.C.

1 Reis 6.1 afirma que 480 anos transcorreram entre o


início da construção do templo de Salomão (966 AC no quarto
ano de seu reinado) e o Êxodo. Isso coloca a data aproximada
de 1446 a.C.

É importante mencionar que os acontecimentos registrados


em Êxodo abrangem um período de 256 anos, vividos entre 1.706
à 1.450 anos a.C.

A Importância do Estudo do Êxodo

Toda Escritura é espiritualmente proveitosa (2Tm 3.16).


Até mesmo as histórias do Velho Testamento estão repletas de
lições práticas e de alimento espiritual (Rm 15.4; 1Co
10.11).





O Livro de Êxodo contém algumas informações notáveis:

>>> Êxodo é a nossa maior fonte a respeito da vida de


Moisés.

>>> Muitas profecias citadas em Gênesis são cumpridas em


Êxodo (Gênesis 12:1-3; 15:13-16).

>>> O livro do Êxodo narra a transformação do povo de


Israel no povo escolhido de Deus. 
   

>>> Como o épico da Criação, o Êxodo é frequentemente


referido em toda a literatura, teologia e cultura israelita. 

>>> Êxodo relata importantes eventos na história da


salvação enquanto o plano da redenção de Deus se desdobra. A
inimizade entre a semente da mulher e a semente da serpente
toma novas proporções ao se desencadear o confronto entre
Israel e Egito (Gn 3.15).

>>> Deus faz uma aliança com Israel no Monte Sinai. Esta
aliança da Lei foi uma preparação importante para a vinda de
Cristo (Gl 3.24). Os justos padrões de Deus revelam ao homem
a necessidade de Cristo.

>>> Sem dúvida nenhuma, há mais tipos figurando Cristo


em Êxodo do que em qualquer outro livro das Escrituras.

>>> Enquanto Gênesis ilustra a doutrina da eleição,


Êxodo enfatiza a obra da redenção. Pense na Páscoa e na saída
de Israel do Egito (1Co 5.7; 10.1-11).









>>> Considere também o tabernáculo que é uma figura


espetacular e sólida de Cristo (Hebreus 9:8,9).

A Terra do Egito.

Israel foi mantido em cativeiro no Egito. Esta nação é


sempre representada nas Escrituras como um representante do
mundo mau e seu sistema perverso. (1Jo 5.19). Para
entendermos mais adequadamente este “tipo” ou figura,
consideraremos os seguintes detalhes:

a) O Egito nesta época era considerado como a principal


nação da terra e o sonho de realização dos homens.

b) Olhando de cima, podíamos ver o Egito como um vasto


deserto, com cerca de 11 Kms de largas faixas verdes
estiradas sobre o mesmo. Estas faixas eram o Nilo, em sua
planície transbordada. Toda a agricultura no Egito não
dependia das chuvas que vinham de cima, mas do
transbordamento anual do Nilo. Esta planície era
incomparavelmente fértil.

Neste aspecto o Egito era um extraordinário tipo do


mundo. A chuva que enriquecia e regava a terra caía longe da
vista deles. Todas as bençãos que eles recebiam vinham dos
céus, mas eles não viam isso. Eles olhavam para baixo, para o
Nilo, como a fonte da prosperidade deles, e, na verdade, eles
o adoravam. Canaã, entretanto, era regada pelas chuvas dos
céus (Deuteronômio 11:10-11). Israel foi ensinado a olhar
para cima, de onde vinham todas as suas bençãos (Tg 1.17).




d) O Egito era notório por sua crueldade para com os


escravos. Os não salvos são escravos do pecado e o diabo é um
carrasco cruel.

e) As relíquias do Egito nos faz lembrar da morte.


Pirâmides e múmias são o seu memorial. A maior obra literária
deles foi o “Livro dos Mortos”. Somente em Cristo encontramos
a vida (1Jo 5.12).

f) O povo eleito foi mantido como escravo no Egito até


que remido e conduzido para fora por Moisés. Aqueles que
serão salvos estão sob escravidão espiritual até que remidos
e chamados para fora do presente mundo e do seu sistema (Gl
1.4; 1Jo 5.19).

O Propósito da Escravidão no Egito.

Vamos rapidamente lembrar do propósito de Deus em


permitir Israel a sofrer no Egito. Este foi estudado
anteriormente no livro de Gênesis:

a) A escravidão de Israel em Egito providencia uma


representação fiel do pecado e a redenção por Cristo.

b) Egito foi o lugar onde Israel podia multiplicar em


número sem ser absorvido nem influenciado por uma cultura
pagã. Egito separou-se estritamente dos Israelitas (Gn
46.34).

c) Na saída de Egito os Israelitas ganharam o material


necessário para a construção do tabernáculo (Gn 15.14),






d) Na sua redenção da escravidão o poder de Deus foi


grandemente manifesta (Êx 9.16). Freqüentemente Deus traz
aflições como meio para criar oportunidades a engrandecer Seu
nome.

e) Enquanto Israel crescia como uma nação, os habitantes


originais de Canaã tornaram mais e mais pecaminosos até
exceder os limites da longanimidade divina. Eram prontos para
o juizo de Deus cair neles quando o Israel atravessou o rio
Jordão (Gn 15.16).

Tema Principal de Êxodo

A grande maioria atribui, pelo título do livro,  que


Êxodo registra apenas a narrativa da redenção de Israel do
Egito. O entendimento mais completo é que Êxodo contém, além
da redenção, mais informações sobre a Páscoa, a Lei e o
tabernáculo do que qualquer livro das Escrituras. Êxodo lança
as bases para toda a Lei Mosaica.

Estilo Literário.

O primeiro estilo literário que nós encontramos no livro


de Êxodo é de uma saga histórica e cultural.

Aqui Moisés inicia uma saga histórica e/ou heróica, onde


ele nos transparece o estado dos israelitas no Egito e a
necessidade de um milagre. Pois isto serve de pano de fundo
para o agir heróico de Deus libertando a nação.





Porém, no capítulo 20 Moisés muda drasticamente de


estilo, de herói o autor passa a ser jurista e formalista.
Aquele homem que outrora parecia duvidoso e incerto após
diversas experiências com Deus passa a ser o legislador:
dinâmico; ousado; um verdadeiro líder debaixo da unção de
Deus.

Nós também encontramos poesia no livro de Êxodo, do


ponto de vista literário a parte do livro que mais se destaca
é o cântico de Moisés escrito conforme as normas poéticas
daquele tempo (Êxodo 15).

Divisão do Livro.

Capítulos 1 a 12: Opressão.

>>> Faraó decide escravizar o povo de Deus forçando-os a


trabalhar e ainda ordena que todos os meninos israelitas
sejam afogados no rio Nilo. Esse Faraó redefiniu o bem e o
mal de acordo com seus próprios interesses, de tal maneira
que até mesmo o assassinato de crianças inocentes se tornou
algo bom em sua opinião.

>>> Agora Israel grita por socorro contra Faraó e Deus


responde gerando Moisés que milagrosamente foi parar no
palácio do Egito. Então Moisés cresce e torna-se o homem que
Deus usará para acabar com o mal de Faraó.

>>> Na famosa história da sarça ardente Deus aparece


diante de Moisés e pede a ele que vá até Faraó e ordene que





libere os israelitas. Deus ainda menciona que sabe que Faraó


irá resistir e por isso Ele trará o seu julgamento sobre o
Egito em forma de pragas.

Mas mesmo que Deus soubesse que Faraó iria resistir a


Sua vontade, o Senhor ainda lhe deu a chance de fazer a
escolha certa.

>>> Deus assume o comando e usa a maldade de Faraó para


o seu próprio objetivo de redenção. O Senhor leva Faraó para
sua própria destruição enquanto salva o seu povo.

Capítulos 12 a 18: Libertação.

>>> Na noite da páscoa Deus estabelece o Seu juízo sobre

Faraó, assim como ele matou os filhos dos israelitas Deus


mata os primogênitos do Egito com uma praga final.

>>> Mas ao contrário de Faraó, Deus fornece uma forma de


escape, por meio do sangue do cordeiro. Desde então todos os
filhos de Deus se lembram daquela noite (de Páscoa) e
celebram a justiça e a misericórdia de Deus!

>>> Faraó se vê obrigado a finalmente libertar os


israelitas e o povo inicia sua peregrinação sob comando de
Moisés. Porém, após a saída do povo de Deus, Faraó muda de
ideia, reúne o seu exército e persegue os israelitas para uma
batalha final. Aqui os israelitas passam pelas águas do mar
vermelho em segurança, mas Faraó decide continuar a atacar e
assim entra nas águas para sua própria destruição.




>>> Depois que o povo comemora sua libertação, a


história tem uma reviravolta onde os israelitas estão andando
pelo deserto e murmuram contra Deus e contra Moisés. O povo
que acabara de ser redimido começa a criticar Moisés e o
próprio Deus por terem sido salvos e dizem que tem saudade
dos “bons dias no Egito”.

>>> Deus graciosamente fornece comida e água para Israel


no deserto, mas essas histórias são sombrias e começamos a
notar que o coração do povo é tão duro quanto o de Faraó.

Capítulos 19 a 40: Dádiva da Lei.

>>> Moisés é conduzido até o pé do monte Sinai, onde


Deus convida a nação de Israel a entrar numa aliança com Ele.
A presença de Deus aparece no topo do monte Sinai em forma de
nuvens, relâmpagos e trovões.

>>> Logo após, Moisés sobe ao monte como representante


do povo e Deus lhe apresenta os termos básicos dessa aliança:
os famosos 10 mandamentos. Tudo isso visando moldar Israel em
uma nação de justiça e generosidade!

>>> Deus dá mais um passo e diz a Moisés que quer que a


Sua presença esteja no meio do povo por meio da criação de um
tabernáculo. Porque no jardim do éden o homem havia perdido
acesso a presença de Deus, mas através desta aliança a
presença de Deus se torna mais uma vez acessível.





>>> Mas inesperadamente Israel quebra e desrespeita a


aliança!

Enquanto Moisés está no topo da montanha recebendo a


planta para a construção do tabernáculo, lá embaixo os
israelitas estão perdendo a paciência e pedem para Arão que
faça um ídolo no formato de um bezerro de ouro para que eles
possam adorá-lo como o Deus que os salvou da escravidão no
egito. Assim violando os 2 primeiros mandamentos da aliança
com a qual acabara de concordar:

a) “Não terás outros deuses além de mim”;

b) “Não farás para ti nenhum ídolo, n nhuma imagem de


qualquer coisa no céu, na terra, nas águas ou debaixo da
terra”;

Deus sabendo que o povo estava se corrompendo lá


embaixo, compartilha a sua própria ira e dor com Moisés. O
Senhor diz a Moisés que quer destruir o povo, mas Moisés
intercede por toda a criação. Em sua infinita bondade e
misericórdia Deus aceita a intercessão de Moisés e poupa o
povo, ele perdoa a nação inteira.

Resumo do Livro do Êxodo.

Capítulos 1 a 4: O Senhor atende às súplicas de Israel,

erguendo Moisés para livrá-los do cativeiro do Egito.

Capítulos 5 a 12: Moisés e Aarão pedem a Faraó que


liberte os filhos de Israel. Faraó se recusa a fazê-lo, e o







Senhor envia pragas para afligir o Egito. A Festa da Páscoa é


estabelecida em Israel a fim de celebrar a passagem pelas
casas dos israelitas quando Deus feriu os primogênitos dos
egípcios.

Capítulos 13 a 15: Os filhos de Israel partem do Egito.

Faraó e seu exército perseguem Israel. O Senhor abre o Mar


Vermelho para Israel, e o exército do Faraó perece sob as
águas. Israel louva ao Senhor por sua libertação.

Capítulos 16 a 18: Israel murmura devido à falta de


alimento e água no deserto. O Senhor envia maná e codornizes
para o sustento de Israel e ordena a Moisés que faça verter
água da rocha. Israel vence os exércitos de Amaleque. Moisés
estabelece regras para Israel.

Capítulos 19 a 24: No Monte Sinai, o Senhor revela as


condições de Sua Aliança, e Israel faz pacto de obedecer ao
Senhor.

Capítulos 25 a 31: Moisés recebe instruções quanto à


construção do Tabernáculo, à consagração dos sacerdotes e à
realização de sacrifícios. Moisés recebe duas tábuas de pedra
contendo o a Lei do Senhor com Israel.

Capítulos 32 a 34: Israel adora um bezerro de ouro.

Moisés quebra as tábuas de pedra e roga ao Senhor por Israel.


Depois que o povo se arrepende, o Senhor renova o pacto com
Israel e o escreve em duas novas tábuas de pedra.

Capítulos 35 a 40: Homens habilidosos constroem o


Tabernáculo, e a glória do Senhor nele repousa.




Esboço do Livro.

Escravidão no Egito: Capítulos 1-6.


Capítulo 1: Israel oprimido no Egito.
Capítulo 2: O nascimento e a educação de Moisés.
Capítulo 3-4: O chamado e o comissionamento de Moisés.
Capítulo 5-6: Moisés inicia o seu ministério.

As 10 Pragas: Capítulos 7-12.


Capítulo 7.8 a 19: O Primeiro grupo de três pragas.
Capítulo 8.20 a 9.12: O Segundo grupo de três pragas.
Capítulo 9.13 a 10.29: O Terceiro grupo de três pragas.
Capitulo 11 e 12: A décima praga e a Instituição da
Páscoa.

O Êxodo: Capítulos 13-18


Capítulos 13 a 15: A saída de Israel.
Capítulos 16 a 18: A jornada de Elim até o Sinai.

A Entrega da Lei: Capítulos 19-24


Capítulos 19 e 20: A Lei Moral.
Capítulos 21 a 24: A Lei Civil.

O Tabernáculo: Capítulos 25-40


Capítulos 25 a 31: O Plano para o Tabernáculo.
Capítulos 32 a 34: A Aliança quebrada a primeira vez.
Capítulos 35 a 40: O Tabernáculo construído e montado.

Esboço Mais Detalhado e Comentado.

Capítulo 1: Os Descendentes de Jacó e a Escravidão.


























Êxodo 1 é o capítulo da Bíblia que introduz a história
da libertação da nação de Israel da escravidão no Egito. O
estudo bíblico de Êxodo 1 também revela que esse capítulo
liga a história narrada no livro de Gênesis com a história
que é narrada no livro de Êxodo. Em outras palavras, a partir
de seu primeiro capítulo o livro de Êxodo continua a história
que começa em Gênesis.

v.v. 1 a 7: Os descendentes de Jacó no Egito.

v.v. 8 a 14: A ameaça egípcia aos hebreus.

v.v. 15 a 22: A desobediência das parteiras na


preservação dos meninos hebreus.

Os descendentes de Jacó no Egito (v.v. 1-7)

O texto de Êxodo 1 começa falando sobre como os hebreus


foram para o Egito. Nesse ponto o escritor bíblico recorda
dos eventos registrados no livro de Gênesis, conectando as
duas histórias. Ele informa que:

“os filhos de Israel entraram com Jacó no Egito; cada um


entrou com sua família: Rúben, Simeão, Levi e Judá, Issacar,
Zebulom e Benjamim, Dã, Naftali, Gade e Aser” (Ex 1.2-4).

Nessa parte o texto hebraico informa que ao todo setenta


pessoas entraram no Egito; e claro, todas essas pessoas eram
descendentes de Jacó (Ex 1.5). Mas no Novo Testamento, o
livro de Atos informa que foram setenta e cinco pessoas (At
7.14).






Explicação para a aparente contradição:

O que acontece é que o texto de Atos utiliza como


referência o texto da Septuaginta – a tradução grega do
Antigo Testamento – que traz o número de setenta e cinco
pessoas ao adicionar a esse total os descendentes de José.

Inclusive, esse número considera apenas os descendentes


masculinos e adultos. Certamente se fosse contato nesse total
o número de mulheres e crianças, esse grupo provavelmente
passaria de cento e cinquenta pessoas.

O texto também diz que José, o governador do Egito,


morreu, bem como toda a sua geração. Mas os filhos de Israel
prosperaram e se multiplicaram muito no Egito, de modo que os
descendentes de Jacó se tornaram um grupo forte e numeroso
(Ex 1.7). Nesse tempo provavelmente os Israelitas habitavam
na terra de Gósen, no noroeste do Egito.

A Ameaça Egípcia aos Hebreus (v.v. 8-14)

Todavia, os egípcios começaram a enxergar os hebreus


como uma ameaça. A Bíblia diz que se levantou no Egito um
Faraó que não havia conhecido José (Ex 1.8). As tentativas de
identificar a identidade desse Faraó são problemáticas e
complicadas. Alguns estudiosos sugerem que esse Faraó pode
ter sido Amosis I, que governou entre 1570 e 1546 a.C.

Seja como for, esse novo Faraó disse ao povo egípcio que
os filhos de Israel tinham prosperado tanto que eram mais
números e mais fortes que os próprios egípcios (Ex 1.9).
Então o Faraó propôs que providências fossem tomadas para






­

enfraquecer o povo de Israel. Foi assim que os egípcios


começaram a oprimir os israelitas com trabalhos forçados,
fazendo com que eles edificassem as cidades-celeiros de Pitom
e Ramessés (Ex 1.11). Essas duas cidades possuíam localização
estratégica na área do delta do Nilo e eram usadas para
estocar suprimentos militares e agrícolas.

Mas o escritor do livro de Êxodo diz que quanto mais os


filhos de Israel eram afligidos, mais eles se multiplicavam e
se espalhavam (Ex 1.12). Então os egípcios começaram a
tratar os israelitas com ainda mais tirania, fazendo-lhes
amargar uma vida de servidão ocupada na construção e no
trabalho no campo (Ex 1.13,14).

A desobediência das Parteiras na Preservação dos


Meninos Hebreus (v.v. 15-22)

A sequência de Êxodo 1 diz que Faraó ordenou às


parteiras responsáveis por fazer os partos das mulheres
hebreias, que examinassem se as mulheres estavam dando à luz
a meninos ou meninas. Isso porque as meninas podiam viver,
mas os meninos tinham de ser mortos para impedir o
fortalecimento do povo de Israel.

O texto bíblico registra o nome de duas parteiras: Sifrá


e Puá (Ex 1.15). Como a população hebreia era muito grande,
provavelmente essas duas mulheres eram apenas as líderes de
um grupo maior de parteiras.

Mas Êxodo 1 informa que aquelas mulheres temeram a Deus


e não obedeceram o que havia sido ordenado por Faraó. Em




outras palavras, ao invés de colocarem fim à vida dos meninos


hebreus, elas os deixaram viver (Ex 1.17).Essa atitude fez
com que as parteiras fossem questionadas por Faraó. E diante
do rei do Egito elas responderam que as mulheres hebreias não
eram como as mulheres egípcias; mas eram tão vigorosas que
davam à luz antes mesmo de as parteiras chegarem,
impossibilitando que os meninos fossem mortos no momento do
parto (Ex 1.19).

Com isso a Bíblia diz que Deus fez bem às parteiras e


deu famílias a elas; e o povo de Israel aumentou e se tornou
ainda mais forte (Ex 1.20,21). Então percebendo que suprimir
a população israelita através do assassinato dos meninos no
parto não era algo viável, Faraó ordenou que todos os meninos
hebreus que nascessem deveriam ser lançados no rio Nilo (Ex
1.22).

Nesse ponto o primeiro capítulo do livro de Êxodo chega


ao fim preparando o cenário para o nascimento de Moisés no
capítulo 2. Mas tudo estava sob o controle do Senhor, até
mesmo a opressão sofrida pelos filhos de Israel.

Séculos antes Deus havia prometido que Abraão seria o


pai de uma grande nação, mas que sua descendência seria
reduzida à escravidão (Gn 15). Então Êxodo 1 nos mostra que
da forma mais improvável, Deus fortaleceu o povo da aliança
mesmo num tempo de crise, opressão e de amarga servidão em
terra estranha.

Capítulo 2: O Nascimento de Moisés.





Êxodo 2 é o capítulo da Bíblia que registra o nascimento


e a criação de Moisés no Egito. O estudo bíblico de Êxodo 2
ainda revela como Deus preservou Moisés milagrosamente para
servir como libertador do seu povo.

Por isso Êxodo 2 é um capítulo fundamental para a


correta compreensão não apenas do restante do livro de Êxodo,
mas também de todo o Pentateuco e, consequentemente, de toda
a História de Israel no Antigo Testamento.

v.v. 1 a 5: O nascimento de Moisés.

v.v. 6 a 10: A criação de Moisés no Egito.

v.v. 11 a 14: Moisés mata um egípcio.

v.v. 15 a 22: A fuga de Moisés para Midiã.

v.v. 23 a 25: A morte de Faraó e o clamor dos Hebreus.

O Nascimento de Moisés (v.v. 1-5)

Êxodo 2 começa de forma simples registrando um casamento


numa família levita. Mas aquele não era só mais um casamento
hebreu no Egito. O fruto daquela união seria usado por Deus
para mudar a história de Israel para sempre (Ex 2.1).

Após o casamento, a mulher concebeu e deu à luz a um


filho. O menino era muito formoso, e a mulher resolveu
esconde-lo por três meses. Naquele tempo havia uma ordem de
Faraó para que todo menino hebreu fosse lançado no rio para









não fortalecer ainda mais o povo israelita que já era muito


numeroso.

Curiosamente em nenhuma parte de Êxodo 2 os nomes


pessoais das pessoas envolvidas na trama são revelados – com
exceção de Moisés. A mãe, o pai e a irmã do menino permanecem
anônimos. Apenas mais a frente, no capítulo 6, o texto
bíblico revela que os pais eram Anrão e Joquebede, e a irmã
era provavelmente Miriã (Ex 6.20).

Por isso alguns poucos intérpretes sugerem até que


Moisés não fosse filho direto de Anrão e Joquebede, mas
apenas um membro de sua família, ou seja, um descendente
daquele casal – já que é comum em genealogias antigas os
ancestrais serem identificados como “pais”. Mas a melhor
interpretação certamente é aquela que entende que de fato
Anrão e Joquebede eram os pais de Moisés. Inclusive, Anrão
era sobrinho de Joquebede. Mais tarde a Lei Mosaica acabou
proibindo esse tipo de união (Lv 18.12).

O texto bíblico de Êxodo 2 informa que quando a mãe do


menino não conseguiu mais escondê-lo, ela colocou o menino
dentro de um cesto de juncos de papiro trançados calafetado
com betume e o soltou à beira do rio (Ex 2.3). A irmã mais
velha do menino ficou observando de longe o que haveria de
acontecer (Ex 2.4). Então naquele momento a filha de Faraó
foi ao rio se banhar. Ela viu o cesto e pediu que sua criada
o pegasse (Ex 2.5).

A Criação de Moisés no Egito (v.v. 6-10).




O texto de Êxodo 2 diz que a filha de Faraó abriu o


cesto e viu o menino que chorava. Ela entendeu que se tratava
de um menino hebreu, mas mesmo assim teve compaixão dele (Ex
2.6). Da mesma forma que a família de Moisés permanece
anônima em Êxodo 2, o mesmo também ocorre com a filha de
Faraó.

Nenhuma informação é dada sobre a identidade da filha de


Faraó. Alguns estudiosos sugerem que talvez ela fosse a
rainha de Tutmés II, e que governou o Egito em
aproximadamente 1504 e 1483 a.C. De qualquer forma, a
cronologia do tempo do Êxodo é uma das mais complicadas, e
nada pode ser tido nesse sentido com absoluta certeza.

Após a filha de Faraó ter encontrado o cesto,


rapidamente a irmã do menino entrou em cena. Ela perguntou se
a filha de Faraó desejava que ela lhe arrumasse uma ama de
leite entre as hebreias que pudesse criar o menino (Ex 2.7).
A filha de Faraó aprovou a ideia, e a irmã do menino, claro,
chamou sua própria mãe (Ex 2.8). Assim a mãe do menino teve
permissão para criá-lo, e ainda recebeu um salário por isso
(Ex 2.9).

Somente quando o menino já estava grande, sua mãe o


levou à filha de Faraó. A partir dali ele passou a ser
contado como filho da filha de Faraó. O texto também diz que
a princesa o chamou Moisés e disse: “Porque das águas o
tirei” (Ex 2.10).

É interessante notar que o menino recebeu um nome


semita. Alguns intérpretes argumentam que talvez esse nome
não fosse semita, mas um tipo de adaptação do nome egípcio





Mose, que quer dizer “é nascido”. Mas há evidências de que


não era incomum haver nomes semitas na corte egípcia. Então
Moisés, de fato, pode muito bem ser um nome semita.

Moisés Mata um Egípcio (v.v. 11-14).

Moisés foi educado no Egito. O livro de Atos dos


Apóstolos indica que Moisés recebeu uma criação privilegiada
na corte egípcia. Ele cresceu como um jovem nobre e promissor
na família real (At 7.22).

Entretanto, tudo isto mudou quando Moisés, já adulto,


viu um homem egípcio espancando um hebreu. Ele se identificou
com o hebreu que pertencia ao seu povo original, e acabou
matando o egípcio agressor. Ele verificou que não havia
ninguém por perto e enterrou o homem na areia (Ex 2.11,12).
Naquele tempo Moisés tinha quarenta anos de idade (At 7.23).

Porém, no dia seguinte Moisés encontrou dois hebreus


brigando. Então ele questionou um dos homens sobre o porquê
ele estava espancando o seu próximo (Ex 2.13). Mas a resposta
do homem foi uma clara reprovação do juízo de Moisés: “Quem
te pôs por príncipe e juiz sobre nós? Pensas matar-me, como
mataste o egípcio?” (Ex 2.14). É fácil perceber que naquele
momento qualquer liderança da parte de Moisés sobre Israel
seria rejeitada.

A Fuga de Moisés para Midiã (v.v. 15-22)

Então Moisés, que pensou que ninguém havia visto o que


ele tinha feito ao egípcio, percebeu que era questão de tempo
para que todos do Egito soubessem do seu crime. E realmente




foi o que aconteceu. Assim que Faraó soube do ocorrido,


procurou matar a Moisés (Ex 2.15).

Foi nesse contexto que Moisés fugiu para Midiã, na


região da península do Sinai, nas proximidades do Horebe.
Midiã não deve ser vista como uma cidade ou algo do tipo, mas
como uma área onde provavelmente tribos nômades se ajuntavam
no deserto da Arábia. Esse povo descendia de Abraão por parte
de Quetura (Gn 25.1-16).

Já em Midiã Moisés se assentou junto a um poço (Ex


2.15). Então enquanto Moisés estava ali, as filhas de um
sacerdote de Midiã foram ao poço tirar água para dar aos
rebanhos de seu pai (Ex 2.16). Mas os pastores da região
expulsaram as mulheres dali, até que Moisés se levantou e as
defendeu (Ex 2.17).

As mulheres voltaram para casa mais cedo, e isso


despertou o interesse de seu pai (Ex 2.18). Então elas
explicaram a seu pai que um homem egípcio havia defendido
elas perante os pastores, e ainda tinha dado água ao rebanho
(Ex 2.19). Foi assim que Reuel, o pai das moças, pediu que
Moisés fosse trazido à sua casa (Ex 2.20). Também vale saber
que esse mesmo homem é chamado na Bíblia de Jetro (Ex 3.1;
4.18).

Na sequência o texto bíblico informa que Moisés


consentiu em morar na casa de Reuel, e ele deu a Moisés uma
de suas filhas, Zípora, como esposa (Ex 2.21). Naquele tempo
Zípora engravidou de Moisés e deu à luz a um filho, a quem
Moisés chamou Gérson, porque disse: “Sou peregrino em terra




estranha” (Ex 2.22). Isso mostra que até aquele ponto Moisés
ainda enxergava o Egito como o seu lar.

A Morte de Faraó (v.v. 23-25).

A parte final de Êxodo 2 mostra um salto temporal de


muitos anos. Naquele tempo Faraó já havia morrido, mas o povo
de Israel continuava sofrendo muito sob a servidão no Egito
(Ex 2.23). Então o texto bíblico diz que o clamor do povo
subiu ao Senhor, e Deus se lembrou da sua aliança com Abraão,
com Isaque e com Jacó (Ex 2.24). E assim Deus viu os filhos
de Israel e se atentou para a condição deles (Ex 2.25).

Nesse ponto é notável a linguagem usada pelo escritor


bíblico. Ele disse que Deus “ouviu” o clamor de Israel e
“lembrou-se” da sua aliança. Isso não significa que Deus
havia se esquecido da aliança. Na verdade essas expressões
são chamadas na teologia de linguagens antropomórfica e
antropopática.

Isso quer dizer que em vários textos bíblicos


características humanas, físicas e sentimentais, são
atribuídas a Deus para enfatizar o seu relacionamento próximo
do homem, num nível em que possamos entender. Isso fica claro
aqui no texto de Êxodo 2, onde o escritor diz que Deus
“ouviu”, “se lembrou”, “viu” e “se atentou”. A ênfase no
sentido de relacionamento é notável.

Portanto, Deus não havia se esquecido de sua aliança. Na


verdade Ele estava conduzindo a história conforme o seu




propósito soberano. A prova disso foi justamente o nascimento


de Moisés, e sua preservação milagrosa.

O Plano de Deus em Êxodo 2.

Mas o plano de Deus revelado aqui em Êxodo 2, não apenas


se resumia à libertação de Israel do Egito, mas a libertação
do homem do pecado. Os atos de Deus estavam estabelecendo a
nação de Israel, o povo através do qual Cristo haveria de vir
ao mundo.

É por isso que o paralelo entre Moisés e Cristo em Êxodo


2 é impressionante. Assim como Moisés – o grande legislador
de Israel – nasceu num tempo de opressão, quando os meninos
como ele tinham de ser mortos, e mesmo assim ele foi
preservado no Egito; assim também, Jesus Cristo, o fundador
do novo Israel, nasceu sob um decreto de morte contra os
meninos de Belém, e foi preservado de forma providencial
também no Egito (Mt 2.13-23).

Capítulo 3: Deus Fala com Moisés do Meio da Sarça.

O capítulo 3 do livro de Êxodo é um dos capítulos mais


importantes do livro, pois apresenta o chamado de Moisés para
liderar o povo hebreu na libertação da escravidão no Egito.

O capítulo começa com Moisés pastoreando o rebanho de seu


sogro Jetro, quando ele avista uma sarça ardente que não é
consumida pelo fogo. Quando Moisés se aproxima para ver a
sarça, Deus fala com ele e o chama pelo nome. Deus diz a
Moisés que ele o escolheu para liderar o povo hebreu na
libertação da escravidão no Egito. Moisés inicialmente



resiste ao chamado de Deus, argumentando que ele não é um bom


orador e que as pessoas não vão acreditar nele. Mas Deus
insiste que ele é a pessoa escolhida para liderar o povo
hebreu e promete estar com ele em todos os momentos.

O capítulo 3 apresenta vários temas importantes.


>>> A vocação divina: Moisés é escolhido por Deus para
liderar o povo hebreu na libertação da escravidão no Egito.
Este tema da vocação divina é importante porque mostra que
Deus está ativamente envolvido na história do povo hebreu e
escolhe indivíduos específicos para realizar seus planos.
Isso é uma mensagem poderosa para os leitores do livro de
Êxodo e para todas as pessoas que acreditam em Deus, pois
mostra que todos nós temos um propósito e um papel a
desempenhar na vida.

>>> A revelação divina: Deus se revela a Moisés na sarça


ardente, mostrando que ele está presente na natureza e na
vida cotidiana das pessoas. Este tema é importante porque
mostra que Deus não está distante e inacessível, mas está
presente em todos os momentos e em todas as coisas. Isso é
uma mensagem poderosa de conforto e esperança para as pessoas
que enfrentam dificuldades em suas vidas.

>>> A libertação da escravidão: Moisés é escolhido por


Deus para liderar o povo hebreu na libertação da escravidão
no Egito. Este tema é importante porque mostra que Deus é um
Deus de libertação e justiça. Ele não quer que as pessoas
vivam em escravidão e opressão, mas deseja que elas vivam em
liberdade e em paz. Isso é uma mensagem poderosa para as
pessoas que enfrentam opressão e injustiça em suas vidas.

>>> A personalidade de Moisés. Ele inicialmente resiste


ao chamado de Deus, argumentando que ele não é um bom orador
e que as pessoas não vão acreditar nele. Isso mostra que
Moisés não é perfeito, mas é um personagem real e humano. Ele
tem medos e inseguranças como qualquer pessoa. No entanto,
ele também mostra coragem e fé quando aceita finalmente o
chamado de Deus e lidera o povo hebreu na libertação do
Egito.

v.v. 1 a 6: Deus fala com Moisés do meio da sarça


ardente.
v.v. 7 a 10: Deus conhece a aflição do Seu povo.
v.v. 11 a 15: A auto revelação de Deus.
v.v. 16-22: A missão a ser executada.

Deus Fala com Moisés do meio da Sarça (v.v. 1-6)

Êxodo 3 começa com Moisés apascentando o rebanho de seu


sogro no deserto na região do Sinai. Apesar de árida, parece
que aquela região mantinha algum tipo de pastagem que servia
para o sustento dos rebanhos dos povos nômades.

O texto bíblico diz que em certo momento Moisés chegou


ao “monte de Deus, a Horebe” (Ex 3.1). Essa designação
obviamente antecipava o fato de que aquele monte seria o
local onde Deus haveria de se manifestar de forma especial,
como num santuário, na história que estava por vir. Aquele
era o Monte Sinai, também chamado de Monte Horebe na Bíblia.

A Bíblia diz que naquele monte o Anjo do Senhor apareceu


numa chama de fogo, no meio de uma sarça. Então Moisés


percebeu que a sarça ardia em chamas, mas não se consumia (Ex


3.2).

O aconteceu naquele monte foi uma teofania, ou seja, uma


manifestação visível de Deus. Em algumas passagens bíblicas
do Antigo Testamento o Anjo do Senhor é o próprio Senhor se
manifestando a alguém de modo visível e especial. Inclusive,
a sarça que ardia, mas não se consumia, era um testemunho da
autossuficiência infinita de Deus. Naquela sarça, o Deus que
é transcendente se revelou de forma pessoal no meio do fogo
para falar com Moisés. Inclusive, o fogo muitas vezes é usado
no texto bíblico como símbolo da presença santa de Deus.

A sarça ardente chamou a atenção de Moisés, e ele


resolveu se aproximar (Ex 3.3). Então do meio da sarça Deus
chamou Moisés pelo nome, e lhe avisou que ele deveria tirar
as sandálias dos pés, porque aquele lugar era “terra santa”
(Ex 3.5). Isso não quer dizer que aquela terra do Monte Sinai
tinha algo de especial em si mesma ou que era um terreno
místico. A terra havia sido feita santa porque a própria
manifestação da presença de Deus ali santificou aquele local.

Em seguida, Deus se apresentou a apresentou a Moisés


dizendo: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus
de Isaque e o Deus de Jacó” (Ex 3.6). Com isso Deus estava
mostrando que não havia se esquecido de sua aliança com
Abraão e sua descendência.

Moisés, então, escondeu o rosto, porque temeu olhar para


Deus. Nesse ponto Êxodo 3 já antecipa a questão amplamente
desenvolvida no livro de Êxodo de que ninguém pode se
aproximar de Deus de qualquer maneira.




Deus Conhece a Aflição do Seu Povo (v.v. 7-10).

Depois disso o Senhor falou a Moisés que havia visto a


aflição de seu povo no Egito; Ele havia ouvido o clamor dos
israelitas e estava atento ao sofrimento deles (Ex 3.7).
Então havia chegado o momento de Deus livrar o seu povo
escolhido da mão dos egípcios e fazê-lo subir à Terra
Prometida, uma terra produtiva e farta, uma “terra que mana
leite e mel” (Ex 3.8).

Porém, Deus deixou claro que aquela não era uma terra
deserta; ao contrário, era uma terra ocupada por vários
povos: os cananeus, heteus, amorreus, ferezeus, heveus e
jebuseus (Ex 3.8).

Aqui não podemos nos esquecer de que Israel era apenas um


povo escravizado numa terra estranha. Então como os
israelitas seriam capazes de invadir e conquistar a terra de
povos fortemente estabelecidos? Esta questão desaparece
diante do fato de que o próprio Deus havia “descido” para
livrar o seu povo e conduzi-lo à terra de Sua promessa (Ex
3.8).

Então Deus disse a Moisés que haveria de enviá-lo a


Faraó para que ele pudesse tirar os filhos de Israel do
Egito. É interessante notar a particularidade com que Deus
disse a Moisés: “Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para
que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito” (Ex
3.10). Perceba que Deus não diz a Moisés: “para que tires o
seu povo”, mas diz: “para que tires o Meu povo”. Aquele
empreendimento não era de Moisés, era do próprio Deus. Moisés



seria apenas um instrumento guiado pelo verdadeiro


Libertador.

A Auto Revelação de Deus (v.v. 11-15).

A princípio Moisés se sentiu incapaz de participar da


tarefa para a qual estava sendo comissionado. Por isso ele
disse: “Quem sou eu para ir a Faraó e tirar do Egito os
filhos de Israel?” (Ex 3.11). Mas tudo isso não era sobre
Moisés, mas sobre Deus; a importância não estava sobre a
pessoa de Moisés, mas sobre a pessoa d’Aquele que estava
chamando Moisés.

De fato Moisés, em si mesmo, não era capaz de fazer nada


daquilo. Ele era simplesmente um homem foragido, com cerca de
oitenta anos de idade, que havia passado os últimos quarenta
anos em Midiã após ter fugido do Egito. Porém, o que
realmente contava era que Deus estaria com ele. Inclusive,
Deus lhe garantiu que após os israelitas saírem do Egito,
Moisés voltaria novamente àquela mesma montanha com eles para
servir a Deus em adoração (Ex 3.12).

Na sequência, Moisés antecipou uma pergunta que


certamente seria feita pelos israelitas. Ele sabia que quando
chegasse ao Egito dizendo aos israelitas ter sido enviado
pelo Deus de seus pais, os filhos de Israel então desejariam
saber qual era o nome de Deus (Ex 3.13). Na antiguidade o
nome de alguém tinha um significado muito mais profundo do
que em nossa cultura atual. Naquele tempo um nome não apenas
era um designativo de uma pessoa, mas era uma expressão do
seu caráter e personalidade. Então saber o nome pessoal de
Deus significava conhecer o próprio Deus.



Por isso a resposta que Moisés escutou do Senhor revelou


de forma extraordinária o caráter inalcançável, a majestade
inatingível e a eternidade inesgotável d’Aquele que falava
com ele: “EU SOU O QUE SOU […] EU SOU me enviou a vós outros
[…] O SENHOR, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus
de Isaque e o Deus de Jacó, enviou a vós outros; este é o meu
nome eternamente, e assim serei lembrado de geração em
geração” (Ex 3.14,15).

No original hebraico o nome pessoal de Deus aparece como


Javé. É provável que esse nome venha do verbo hebraico para
“ser”, no sentido de “Ele é”, ou então “Ele será”. Sem dúvida
esse nome expressa a eternidade e a soberania do Deus auto
existente que só pode ser definido por Ele mesmo. Ao homem é
impossível determiná-lo, mas graciosamente Deus haveria de se
auto revelar através de seus atos redentores, de modo a ser
lembrado de geração em geração.

A Missão a ser Executada (v.v. 16-22)

Por fim, Moisés recebeu do Senhor a ordem para juntar os


anciãos de Israel e explicar a eles que o Senhor haveria de
tirar os filhos de Israel do Egito para levá-los à Terra
Prometida (Ex 3.16,17). Esses anciãos, que eram os líderes
das famílias que representavam Israel, haveriam de ouvir
Moisés.

Depois eles deveriam se apresentar diante do rei do


Egito e lhe informar que Javé, o Deus dos hebreus, havia lhes
encontrado. Então eles tinham de pedir que Faraó os deixa-se
partir para o deserto durante um período de tempo para que
ali eles pudessem cultuar ao Senhor.




Mas Deus avisou de antemão a Moisés que Faraó não


haveria de liberar os filhos de Israel, por isso Ele os
tiraria dali com “mão forte” (Ex 3.19). Isso significava que
Deus haveria de estender sua poderosa mão para ferir o Egito
através de grandes prodígios. Somente depois disso é que
Faraó deixaria o povo de Israel partir (Ex 3.20). Deus ainda
garantiu a Moisés que os filhos de Israel não sairiam do
Egito de mãos vazias depois de tantos anos de servidão (Ex
3.21,22).

Capítulo 4: Moises recebe poder para fazer prodígios.

Êxodo 4 é o capítulo da Bíblia que registra o retorno de


Moisés ao Egito, após quarenta anos. O estudo bíblico de
Êxodo 4 ainda revela como foi que Deus capacitou
poderosamente Moisés para que ele pudesse realizar sinais
miraculosos.

É importante entender que Êxodo 4 continua a narrativa


de Êxodo 3, com Moisés sendo convocado pelo Senhor a liderar
o povo de Israel em sua saída do Egito. Então Deus se
manifestou a Moisés de forma visível numa sarça ardente. Esse
tipo de fenômeno bíblico é chamado de teofania, que significa
uma manifestação visível da presença do Senhor.

v.v. 1 a 9: Deus capacita Moisés com poderes


miraculosos.

v.v. 10 a 17: A objeção de Moisés.

v.v. 18 a 23: Moisés regressa ao Egito.







v.v. 24 a 26: O problema com a circuncisão.

v.v. 27 a 31: O encontro em Moisés e Arão.

Deus Capacita Moisés com Poderes Miraculosos (v.v. 1-9)

Êxodo 4 começa com uma objeção de Moisés. Mesmo Deus lhe


garantindo que seria com ele e que os israelitas sairiam do
Egito apesar da resistência de Faraó, Moisés ainda estava
relutante. Moisés alegou que ninguém haveria de acreditar que
Deus o havia convocado (Ex 4.1). De fato aquela seria uma
missão difícil, pois o povo israelita teria que ser
convencido de abandonar o Egito, a terra em que eles
habitavam há séculos.

Então o Senhor ordenou que Moisés lançasse na terra o


bordão que ele segurava em sua mão. Ao fazer isso, o simples
bordão milagrosamente se transformou numa serpente (Ex
4.2,3). Deus então ordenou que Moisés pegasse a serpente pela
cauda, e ao fazer isso a serpente virou novamente um bordão.
Esse sinal seria uma prova de que o Deus da aliança com
Abraão, Isaque e Jacó realmente havia aparecido a Moisés (Ex
4.5).

Depois, o Senhor mandou que Moisés colocasse a mão no


peito. Ao fazer isso, sua mão ficou leprosa. Em seguida, Deus
lhe ordenou que repetisse o mesmo movimento, e então a mão de
Moisés ficou completamente curada (Ex 4.6,7). Com isso Deus
estava mostrando sua soberania ao demonstrar seu poder de
ferir e de curar. Este seria o segundo sinal aos israelitas.
Se eles não cressem no primeiro sinal, então eles poderiam
crer na evidência do segundo sinal (Ex 4.8).




Caso os israelitas não cressem diante dos dois primeiros


sinais, então haveria um terceiro sinal no qual Moisés
haveria de derramar um pouco das águas na terra seca, e as
águas se tornariam em sangue sobre a terra (Ex 4.9).

Esse sinal seria uma clara evidência de que mão de Deus


haveria de castigar o Egito. Isso porque o Rio Nilo era a
origem da vida no Egito. Tudo acontecia em torno daquele rio.
Esse sinal, no entanto, mostrava que Deus poderia matar o Rio
Nilo (reverenciado pelos egípcios como um tipo de divindade)
e, consequentemente, o Egito. Moisés não precisou mostrar
esse terceiro sinal aos israelitas; embora ele tenha
aparecido na primeira das dez pragas enviadas ao Egito (Ex
7.20).

A Objeção de Moisés (v.v. 10-17)

Mesmo diante de todos esses sinais, Moisés ainda se


sentia impotente. Ele não acreditava ser capaz de desempenhar
a função para a qual o Senhor lhe havia designando. Por isso
mais uma vez ele levantou uma objeção ao dizer que nunca
havia sido eloquente, e que era “pesado de boca e pesado de
língua” (Ex 4.10).

Mas Deus respondeu a Moisés dizendo que Ele mesmo


haveria de ser sua boca e lhe ensinaria o que falar. Afinal,
Deus é Aquele quem fez a boca do homem. Aquele que fez o
mudo, o surdo, o que vê e também o que não enxerga (Ex
4.11,12). Então obviamente Aquele quem fez a boca do homem
era capaz de fazer com que o homem a usasse adequadamente.
Isso mostra que Deus capacita a quem Ele chama. Os escolhidos
do Senhor devem seus dons ao Senhor.




Deus tinha respondido todas as objeções de Moisés, mas


mesmo assim ele queria escapar de seu chamado. Ele pediu que
Deus enviasse a qualquer outra pessoa em seu lugar (Ex 4.13).
O texto bíblico diz que então Deus ficou irado com Moisés e
lhe disse que haveria de usar seu irmão, Arão, para ser o seu
porta-voz. Definitivamente Moisés não tinha como escapar da
convocação divina (Ex 4.13-16).

Por fim, Deus ordenou que Moisés pegasse o bordão na


mão, porque através dele os sinais seriam realizados no
Egito. A partir dali o bordão de Moisés havia se tornado o
bordão de Deus (Ex 4.17).

Moisés Regressa ao Egito (v.v. 18-23)

Na sequência, Êxodo 4 registra o retorno de Moisés ao


Egito. Primeiro ele foi à casa de seu sogro para avisá-lo que
voltaria ao Egito para visitar seus irmãos. O sogro de Moisés
lhe disse que ele fosse em paz. Deus também falou a Moisés
que seu retorno era seguro, porque todos que queriam matá-lo
no Egito já tinham morrido (E 4.18,19).

Então Moisés tomou sua esposa, Zípora, e seus filhos,


Gérson e Eliézer, e foi com eles à terra do Egito. Mas Moisés
levava em sua mão “o bordão de Deus” (Ex 4.20). O Senhor
ainda falou a Moisés que ao chegar ao Egito, ele deveria
fazer os sinais que foram colocados em suas mãos diante de
Faraó. Mas Deus também o avisou que Ele haveria de endurecer
o coração de Faraó para não deixar o povo de Israel partir
(Ex 4.21). Esse endurecimento era um castigo sobre Faraó e o
Egito. Em outra parte a Bíblia diz que Faraó também endureceu
o próprio coração (Ex 8.15; Rm 9.17,18).




Combinado ao fato de que o próprio Deus prometeu


endurecer o coração de Faraó, isso significa que Deus entrega
o homem à sua própria rebeldia, e inclusive usa isso para
cumprir o seu propósito soberano. Através da resistência de
Faraó a deixar o povo de Israel ir, Deus manifestaria o seu
poder como o grande Libertador de Israel, a quem ele chama de
“meu primogênito” (Ex 4.22). Esse título de Israel como
primogênito de Deus se cumpriu plenamente na pessoa de Jesus
Cristo (Mc 1.11).

Inclusive, nesse ponto Deus também antecipou a ameaça da


décima praga ao ordenar que Moisés avisasse a Faraó que se
ele se recusasse a deixar Israel, o primogênito de Deus,
partir, Ele mataria o primogênito de Faraó (Ex 4.23).

O Problema com a Circuncisão (v.v. 24-26)

Êxodo 4 ainda registra um episódio de difícil


interpretação envolvendo a circuncisão do filho de Moisés (Ex
4.24-26). O texto diz que o Senhor encontrou Moisés e “o quis
matar” (Ex 4.24). Na sequência Zípora, a esposa de Moisés,
aparece circuncidando seu filho e chamando Moisés de “esposo
sanguinário, por causa da circuncisão” (Ex 4.25,26).

O texto hebraico não deixa claro se a ira do Senhor se


levantou contra Moisés – talvez por ele não ter circuncidado
seu filho – ou contra o próprio filho de Moisés que não era
circuncidado. A associação que Zípora fez de Moisés como um
“marido sanguinário” é incerta. Talvez ela não entendesse que
a circuncisão era o sinal necessário da aliança de Deus com a
descendência de Abraão.




O Encontro em Moisés e Arão (v.v. 27-31)

Por fim, Êxodo 4 termina mostrando o encontro de Moisés


com Arão. É importante notar que foi Deus quem mandou que
Arão fosse ao deserto para se encontrar com Moisés. Então
provavelmente esse é um registro anacrônico, ou seja, fora de
ordem cronológica. Isso porque o encontro entre Moisés e Arão
ocorreu no “Monte de Deus”, o que indica que possivelmente
isso aconteceu antes de Moisés deixar a região do Sinai (Ex
4.27).

O papel de Arão como porta-voz de Moisés foi confirmado.


Portanto, os dois irmãos foram ao Egito e se apresentaram
diante dos anciãos dos filhos de Israel. Através de Arão, o
povo escutou as palavras que Deus falou a Moisés e viu os
sinais. Então o povo creu que de fato aquele era um
empreendimento divino e que Deus havia visitado os filhos de
Israel. Nesse ponto a narrativa de Êxodo 4 chega ao fim
mostrando o povo adorando ao Senhor (Ex 4.31).

Capítulo 5: Moisés e Arão falam com Faraó a Primeira


Vez.

Êxodo 5 registra o encontro entre Moisés e Arão com o


Faraó do Egito, conforme toda orientação divina. O estudo
bíblico de Êxodo 5 mostra como foi o início da sequência de
movimentos do drama que culminou no êxodo dos hebreus das
terras egípcias. Isto resulta no aumento de flagelos sobre o
povo hebreu visto que Faraó nao teme a Deus e O desafia
(5.2).


Diante disto, Faraó aumenta as cargas dos hebreus e


diminui a sua porção diária. Ou seja: mais sofrimento, mais
perseguição e mais dor.

v.v. 1 a 5: Moisés e Arão diante de Faraó.


v.v. 6 a 14: Faraó aflige ainda mais os israelitas.
v.v. 15 a 23: O descontentamento dos israelitas.

Moisés e Arão diante de Faraó (v.v. 1-5).

Êxodo 5 começa com Moisés e Arão se apresentando a


Faraó. Diante do rei do Egito, eles transmitiram exatamente o
que o Senhor havia ordenado que eles falassem. Eles pediram
que Faraó liberasse os israelitas para que eles pudessem
fazer uma celebração de adoração no deserto; e deixaram claro
que os israelitas não eram de propriedade de Faraó, mas eram
de propriedade do Senhor. Por isso a primeira coisa que
Moisés e Arão disseram foi: “Assim diz o Senhor, Deus de
Israel: Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no
deserto” (Ex 5.1).

Mas Faraó rapidamente questionou quem era o Senhor. Ele


também alegou que não conhecia esse Deus e que não deixaria
os israelitas irem ao deserto (Ex 5.2). Então Moisés e Arão
começaram argumentar com Faraó dizendo que o Deus dos hebreus
havia os encontrado e que eles precisavam ir brevemente ao
deserto para oferecer sacrifícios ao Senhor de modo que a ira
divina não recaísse sobre eles (Ex 5.3).

Os argumentos de Moisés e Arão eram completamente


lógicos. Os hebreus constituíam uma importante força de
trabalho para Faraó. Caso eles fossem castigados por Deus, os
trabalhos de Faraó também seriam prejudicados. Porém, Faraó



se manteve irredutível. Na verdade Faraó considerou que


Moisés e Arão estavam causando tumulto e distraindo o povo
hebreu de seu trabalho (Ex 5.4,5).

Faraó Aflige Ainda mais os Israelitas (v.v. 6-14).

Faraó não ficou apenas no descontentamento com as


exigências divinas que Moisés e Arão lhe apresentaram. Na
verdade ele tratou de oprimir ainda mais o povo de Israel.
Faraó aumentou a carga de trabalho ao forçar os israelitas a
juntarem eles mesmos a palha para a fabricação de tijolos sem
deixar que a produção de tijolos caísse (Ex 5.6-8). Naquele
tempo os tijolos eram grandes blocos fabricados de uma
mistura de barro molhado e palha.

A justificativa de Faraó para aumentar a carga de


trabalho dos israelitas era a de que eles queriam sacrificar
ao Senhor porque estavam sem serviço, ou seja, estavam
ociosos (Ex 5.8). Mas na verdade, Faraó estava mesmo era
empenhado em aumentar o seu domínio sobre o povo hebreu de
tal forma que os israelitas não fossem tentados a dar ouvidos
ao que dizia Moisés através de Arão. Inclusive, Faraó
considerou a notícia sobre o Deus de Israel e o pedido para
deixar os israelitas irem ao deserto sacrificar, como
“palavras mentirosas” (Ex 5.9).

Então os superintendentes do povo comunicaram aos


israelitas a decisão de Faraó. Isso fez com que os israelitas
se espalhassem por todo o Egito em busca de palha. Mas a
pressão egípcia foi muito grande e os israelitas não
conseguiram dar conta de todo trabalho. Até mesmo os


capatazes israelitas (que eram oficiais que organizavam o


trabalho) foram açoitados (Ex 5.10).

O Descontentamento dos Israelitas (v.v. 15-23).

Obviamente os israelitas não gostaram de toda aquela


situação. Então os capatazes hebreus pediram que Faraó não os
tratasse assim. Inclusive, eles disseram que quem merecia
apanhar eram os próprios superintendentes egípcios que
estavam exigindo um volume de trabalho absurdo que era
impossível de atender (Ex 5.15,16).

Porém, novamente Faraó se mostrou inflexível. Ele


manteve o seu discurso de que os israelitas estavam ociosos,
e por isso estavam arrumando tempo para quererem ir ao
deserto sacrificar ao Senhor. Então mais uma vez Faraó
reafirmou que os israelitas não teriam ajuda no processo de
fabricação dos tijolos, e que a mesma quantidade de antes
seria requerida (Ex 5.17-19).

Os líderes hebreus saíram da presença de Faraó


angustiados, pois sabiam que aquele trabalho era impossível
de ser cumprido. Em seguida eles se encontraram com Moisés e
Arão e se revoltaram contra eles. Os israelitas acusaram
Moisés e Arão de torná-los odiosos diante de Faraó e seus
servos, dando motivos para que eles fossem mortos.

Curiosamente Moisés e Arão estavam cumprindo a ordem do


Senhor, mas os israelitas queriam que Deus os castigasse pelo
que estava acontecendo (Ex 5.21). Essa não foi a única vez
que os israelitas se levantaram contra a liderança de Moisés
instituída pelo Senhor.




­

Então Êxodo 5 termina registrando a oração de Moisés ao


Senhor em que ele questionou o motivo de tudo aquilo estar
acontecendo. Moisés falou ao Senhor sobre a grande aflição
que o povo estava passando. Na verdade ele havia concluído
que desde de sua chegada ao Egito cumprindo a ordem do
Senhor, a opressão sobre os filhos de Israel só tinha
aumentado.

Humanamente falando a situação tinha piorado muito, e


isso explica por que Moisés teve dificuldade de entender a
eficácia de sua missão naquela terra (Ex 5.22,23). Mas tudo
aquilo estava dentro do propósito do Senhor. Deus estava
conduzindo a História nos mínimos detalhes para mostrar não
apenas aos israelitas, mas ao povo do Egito e às nações
vizinhas, quem de fato era o Deus Todo-Poderoso. Aquela
situação terrível era apenas a preparação do cenário para a
manifestação da mão poderosa do Senhor em favor de seu povo
escolhido (Êxodo 6).

Capítulo 6: Deus Promete Livrar os Israelitas.

O capítulo 6 do livro de Êxodo inicia-se com Deus


reafirmando sua promessa de libertação para o povo de Israel
através de Moisés. O Senhor então se apresenta a Moisés como
o Deus Todo-Poderoso, e explica que, embora Ele já tenha
feito promessas semelhantes a Abraão, Isaque e Jacó, Ele
agora está pronto para cumprir essa promessa com Israel.

A partir daí, Deus instrui Moisés a ir novamente falar


com Faraó e pedir-lhe que deixe o povo de Israel partir.
Moisés inicialmente resiste, temendo que sua limitada
eloquência não seja suficiente para persuadir o Faraó. No


entanto, Deus tranquiliza Moisés e o incentiva a prosseguir,


prometendo estar com ele durante todo o processo.

O capítulo 6 de Êxodo é um ponto crucial na narrativa


bíblica, pois estabelece a relação entre Deus e Seu povo
escolhido de forma mais clara e direta. É aqui que Deus se
apresenta a Moisés com Seu nome próprio, Yahweh, em vez de um
nome genérico como "Deus" ou "Senhor". Essa apresentação,
junto com a promessa de libertação e a reiteração de Sua
fidelidade aos patriarcas, demonstra a preocupação de Deus
com a história de Seu povo e a vontade de cumpri-la.
Vários teólogos têm apontado para o fato de que o
capítulo 6 de Êxodo é uma demonstração clara da bondade e
misericórdia de Deus. Mesmo diante da descrença e hesitação
de Moisés, Deus se mostra paciente e amoroso, incentivando e
capacitando Seu servo para a missão que Ele lhe deu. Além
disso, ao reiterar Sua promessa de libertação, Deus também
está demonstrando Seu compromisso em cumprir Sua palavra e
manter Seus pactos.

Alguns estudiosos também apontam que a apresentação de


Deus como Yahweh é significativa, pois esse nome enfatiza o
relacionamento pessoal e íntimo que Deus deseja ter com Seu
povo. Yahweh é frequentemente traduzido como "Eu sou quem
sou", o que sugere que Deus é auto-existente e eterno. No
entanto, o nome também pode ser traduzido como "Eu Sou o que
Serei", enfatizando a presença constante e amorosa de Deus na
vida de Seu povo.

O capítulo 6 de Êxodo também é importante porque marca o


início da história do êxodo propriamente dito. Embora os
capítulos anteriores tenham estabelecido a situação difícil

do povo de Israel no Egito, é aqui que a ação começa a se


desenrolar. A partir deste ponto, Moisés e Arão vão se
aproximar do Faraó várias vezes, apresentando-lhe as
exigências de Deus e testemunhando as consequências das
recusas do rei. Além disso, o capítulo 6 também estabelece a
liderança de Moisés e Arão sobre o povo de Israel, e a
disposição do povo em seguir seus líderes em busca da
liberdade.

v.v. 1 a 7: Deus promete livrar os israelitas do Egito.


v.v. 8 a 13: O desânimo dos israelitas.
v.v. 14-30: Genealogias de Moisés e Arão.

Deus Promete Livrar os Israelitas do Egito (v.v. 1-7)

Êxodo 6 começa como uma continuação direta do registro


de Êxodo 5. Em Êxodo 5 lemos sobre como os israelitas foram
oprimidos pelos egípcios após Moisés e Arão se apresentarem
diante de Faraó para pedir que ele liberasse o povo para ir
adorar no deserto. E a parte final do capítulo traz o relato
da queixa dos israelitas contra Moisés e Arão, pois
consideraram que eles eram culpados pelo aumento do trabalho
forçado (Ex 5.15-21).

Então Moisés, por sua vez, se queixou com o Senhor


questionando o fato de o sofrimento dos israelitas no Egito
só ter aumentado desde que ele havia chegado naquela terra
(Ex 5.23). Mas o problema é que Moisés não havia entendido
ainda o propósito do Senhor. Nesse ponto a narrativa de Êxodo
6 tem inicio mostrando que aquela situação simplesmente
preparava a manifestação da poderosa mão de Deus no
livramento do seu povo (Ex 6.1).


Naquele contexto Deus reafirmou sua aliança inviolável


(Ex 6.2-8). Deus explicou a Moisés que havia se revelado a
Abraão, a Isaque e a Jacó como o Deus Todo-Poderoso, no
hebraico El-Shaddai, mas agora havia se revelado por seu nome
pessoal, Yahweh (Ex 6.3). O Senhor também relembrou que desde
o tempo dos patriarcas Ele havia estabelecido sua aliança de
dar-lhes a terra de Canaã (Ex 6.4).

A aliança de Deus com Abraão, Isaque e Jacó expressava o


seu propósito para com Israel, ou seja, a aliança abraâmica
incluía todo o povo israelita. Deus estava vendo a opressão
sobre os israelitas e estava disposto a agir de acordo com
essa aliança. Nesse ponto o texto bíblico diz que Deus se
lembrou de sua aliança (Ex 6.5). Essa é uma linguagem
antropopática que não significava que Deus havia se lembrado
de algo que estava esquecido, mas que havia chegado o tempo
oportuno de Ele agir conforme a sua promessa. Então, Ele
volta a tratar do assunto.

Então mais uma vez Deus ordenou que Moisés falasse aos
israelitas que Ele haveria de tirá-los de debaixo das cargas
do Egito. Deus livraria os israelitas da servidão e os
resgataria “com braço estendido e com grandes manifestações
de julgamento” (Ex 6.6).

A palavra “resgate” nesse texto traduz um termo hebraico


que indica o restabelecimento dos direitos de uma pessoa
mediante um resgate pago por um parente próximo. Deus já
havia falado de Israel como seu “filho primogênito”; e agora
Ele estava afirmando que resgataria Israel para que ficasse
claro que aquela nação era o seu povo exclusivo (Ex 4.22).




O Desânimo dos Israelitas (v.v. 8-13).

Moises falou aos israelitas o que Deus havia lhe


ordenado. Ele explicou a eles que Deus haveria de tirá-los do
Egito para levá-los à terra que Ele mesmo prometeu dar a
Abraão, a Isaque e a Jacó. Porém, os israelitas não atenderam
a Moisés “por causa da ânsia de espírito e da dura
escravidão” (Ex 6.8). A palavra “ânsia” traduz um termo que
significa literalmente “pequenez”. O povo estava desanimado e
incrédulo!

Contudo, Deus falou a Moisés que ele se apresentasse


novamente diante de Faraó e lhe comunicasse mais uma vez a
exigência divina para que o povo israelita fosse liberado
para sair do Egito (Ex 6.10). Diante da ordem do Senhor,
Moisés também se mostrou desanimado. Ele argumentou que se
nem mesmo os filhos de Israel lhes davam ouvido, que dirá
então Faraó? Além disso, mais uma vez Moisés alegou não saber
falar (Ex 6.11,12).

Porém, Deus manteve a sua ordem a fim de tirar os filhos


de Israel da terra do Egito. O desânimo e a incredulidade do
povo e também de Moisés apontavam para o fato de que o
livramento de Israel do Egito teria de ser realizado
totalmente pelo Senhor. Do começo ao fim, a libertação dos
israelitas seria uma obra inteiramente do Senhor.

As Genealogias de Moisés e Arão (v.v. 14-27).

A segunda parte do capítulo 6 de Êxodo traz as


genealogias de Moisés e Arão (Ex 6.14-27). Essas genealogias
recuam até Rúben, o filho primogênito de Jacó, Simeão e Levi
(Ex 6.14-16). Essa seção é importante porque mostra o




parentesco entre Moisés e Arão e também a legitimidade das


lideranças civil e sacerdotal que eles desempenharam.
Inclusive, vale lembrar que entre os levitas a casa de Arão
foi escolhida para constituir a linhagem sacerdotal de
Israel.

É essa genealogia de Êxodo 6 que informa os nomes dos


pais de Moisés que ficaram ocultos no registro de seu
nascimento em Êxodo 2. Seu pai se chamava Anrão e sua mãe
Joquebede (Ex 6.20).

Alguns comentaristas sugerem que talvez essa seja uma


genealogia apenas representativa ou simbólica que não deve
ser interpretada de forma direta e literal. Em outras
palavras, eles pensam que Anrão e Joquebede, por exemplo, são
apenas nomes de ancestrais de Moisés, e não literalmente os
nomes de seus pais. Mas o fato de a genealogia trazer o
detalhe de que Anrão era sobrinho de Joquebede parece
desacreditar esse tipo de possibilidade. Isso porque uma
genealogia representativa ou simbólica dificilmente
registraria esse tipo de união que, inclusive, mais tarde foi
proibido na Lei (Lv 18.12).

A genealogia de Êxodo 6 também não registra os


descendentes de Moisés. A genealogia, que não é exaustiva, se
concentra em aprofundar a genealogia de Arão para estabelecer
a sucessão sacerdotal.

Por fim, Êxodo 6 termina novamente relembrando a


convocação de Moisés para ser o instrumento que Deus haveria
de usar na libertação de seu povo do Egito. Os versículos
finais de Êxodo 6 servem de introdução para a história




­­

registrada em Êxodo 7 que mostra Moisés falando novamente a


Faraó (Ex 6.28-30).

Capítulo 7: Moises e Arão Voltam a falar a Faraó.

Êxodo 7 é o capítulo da Bíblia que registra o início das


pragas que foram enviadas por Deus ao Egito. O estudo bíblico
de Êxodo 7 mostra como Faraó foi endurecido mesmo diante dos
sinais do poder do Senhor.

É importante saber que Êxodo 7 continua de forma natural


a narrativa dos capítulos anteriores do livro de Êxodo. Em
Êxodo 5 lemos a respeito da primeira vez que Moisés e Arão se
apresentaram diante de Faraó e pediram que ele permitisse que
os israelitas pudessem ir ao deserto cultuar ao Senhor. Mas o
mesmo capítulo revela que Faraó não apenas se recusou a
liberar os israelitas, como também aumentou a carga de
trabalho sobre eles. Isso, obviamente, gerou descontentamento
nos israelitas. Consequentemente, Moisés também desanimou do
seu chamado.

Porém, no capítulo seguinte, Êxodo 6, Deus falou com


Moisés e mais uma vez lhe garantiu que haveria de livrar os
israelitas do Egito de forma milagrosa. Então no final do
capítulo 6 o comissionamento de Moisés é reafirmado pelo
Senhor, que também ordenou que ele falasse novamente a Faraó.
É nesse ponto que a narrativa de Êxodo 7 tem início.

v.v. 1 a 5: Deus fala com Moisés.

v.v. 6 a 13: Moisés fala novamente a Faraó.






v.v. 14 a 21: A primeira praga.

v.v. 22 a 25: O resultado da primeira praga.

Deus fala com Moisés (v.v. 1-5)

O texto de Êxodo 7 começa registrando as palavras do


Senhor a Moisés na terra do Egito. Os primeiros versículos de
Êxodo 7 é basicamente um resumo da missão de Moisés no Egito
e enfatiza que realmente Moisés havia sido escolhido por Deus
para a missão de liderar a saída dos israelitas daquelas
terras. No texto bíblico o Senhor diz: “Vê que te constituí
como Deus sobre Faraó” (Êxodo 7:1). Isso significa que Moisés
estava agindo na qualidade de embaixador de Deus no Egito. As
palavras de Moisés eram as palavras de Deus.

Mas Moisés já havia alegado que não sabia falar. Então,


seu irmão Arão foi escolhido para ser o seu profeta (Ex 7.1).
Portanto, enquanto Moisés era o porta-voz de Deus, Arão era o
porta-voz de Moisés.

O texto bíblico também informa que Deus haveria de


endurecer o coração de Faraó, e então manifestar os seus
sinais e maravilhas na terra do Egito (Ex 7.3). Esses “sinais
e maravilhas” se referiam às pragas que seriam enviadas ao
Egito, bem como aos milagres de preservação dos israelitas
enquanto as pragas estavam sendo derramadas.

Conforme Faraó se recusasse a ouvir a palavra de Deus


através de Moisés e Arão, Deus colocaria a mão sobre o Egito






e faria sair dali os filhos de Israel com grandes


manifestações de juízo (Ex 7.4).

O fato de Deus dizer que endureceria o coração de Faraó


não significava que Deus haveria de colocar o mal no coração
do rei egípcio, mas que ele entregaria Faraó completamente à
própria obstinação e perversidade de seu próprio coração.
Então através da manifestação de Seu poder ao tirar os
israelitas do Egito, os egípcios não poderiam negar o
envolvimento direto do Deus de Israel com a libertação
daquele povo da escravidão (Ex 7.5).

Essa primeira parte de Êxodo 7 deixa muito claro a


verdadeira exigência de Deus em relação à situação de Israel.
Deus não queria que o povo saísse temporariamente do Egito,
mas que o povo saísse definitivamente de lá.

Moisés fala novamente a Faraó (v.v. 6-13).

Moisés e Arão fizeram conforme o Senhor lhes ordenou (Ex


7.6). Naquele tempo Moisés tinha oitenta anos de idade,
enquanto que Arão tinha oitenta e três (Ex 7.7). Além disso,
o Senhor também ordenou que quando Faraó pedisse por
milagres, Moisés deveria mandar que Arão lançasse o seu
bordão diante de Faraó, porque o bordão se transformaria numa
serpente (Ex 7.9).

Moisés e Arão obedeceram às palavras do Senhor e se


apresentaram diante de Faraó. E na presença de Faraó o bordão
de Arão se transformou numa serpente. Mas Faraó mandou que
seus mágicos e adivinhos egípcios fizessem a mesma coisa. Na
religião panteísta dos egípcios, havia muitas pessoas que se




ocupavam de mágicas, feitiçarias e encantamentos. Essas eram


as pessoas consideradas entendidas de religião no Egito.
Inclusive, o encantamento de serpentes era uma prática comum
entre essas pessoas.

O texto bíblico simplesmente diz que os sábios de Faraó


conseguiram também fazer o mesmo através de suas ciências
ocultas (Ex 7.11). Com isso, o texto não explica exatamente
como eles conseguiram fazer isso; se foi através de ilusão de
ótica, de algum truque de manipulação ou por qualquer outro
tipo de artifício. Além do mais, a Bíblia ainda fala da
possibilidade da realização de supostos milagres pela ação de
espíritos malignos (Ap 16.14).

Seja como for, o que é certo é que os bordões daqueles


encantadores se transformaram em serpentes. Mas o texto
bíblico também diz que o bordão de Arão devorou os bordões
dos mágicos de Faraó (Ex 7.12). Aqueles sábios dependiam dos
truques de suas ciências ocultas. Mas Arão dependia
totalmente do poder divino, incomparavelmente superior a
qualquer outra manifestação de poder.

O texto do livro de Êxodo não informa os nomes desses


sábios de Faraó. Mas é bem possível que eles fossem os mesmos
citados pelo apóstolo Paulo cujos nomes eram Janes e Jambres
(2Tm 3.8). Paulo diz que da mesma forma que àqueles
feiticeiros resistiram a Moisés, os falsos mestres também
resistem à verdade de Deus.

A primeira Praga (v.v. 14-21)





Mesmo após o sinal do poder de Deus ao transformar o


bordão de Arão numa serpente, e depois fazer com que aquele
bordão devorasse os bordões dos sábios egípcios, ainda assim
o coração de Faraó se endureceu e ele não ouviu o que Moisés
e Arão lhe falaram (Ex 7.13).

Então o Senhor ordenou que Moisés fosse se encontrar com


Faraó pela manhã, quando ele haveria de sair para ir ao rio
Nilo. Talvez Faraó fosse ao Nilo para se lavar ou para
participar de algum ritual religioso. Moisés deveria espera-
lo na beira do rio. Deus também falou que Moisés tomasse o
bordão que havia se tornado em serpente, e anunciasse a Faraó
que pelo fato de ele não ouvir o apelo de liberar os
israelitas, as águas do rio Nilo seriam feridas, e se
tornariam em sangue, trazendo morte ao rio e escassez de água
aos egípcios (Ex 7.14-18).

Deus também ordenou que Moisés falasse para Arão


estender o seu bordão sobre as águas do Egito para que todas
elas (rios, canais, lagoas e reservatórios) se tornassem em
sangue (Ex 7.19). A Bíblia diz que Moisés e Arão fizeram
conforme a ordem do Senhor. Tudo isso aconteceu bem diante de
Faraó e de seus oficiais. E foi assim que caiu a primeira das
dez pragas sobre o Egito (Ex 7.20).

Algumas pessoas tentam encontrar uma explicação natural


para esse acontecimento. Mas o texto bíblico não permite
qualquer outra interpretação que não seja aquela que coloca
esse fenômeno como um ato de Deus. Inclusive, o texto diz:
“Nisto saberás que eu sou o Senhor: com este bordão que tenho
na mão ferirei as águas do rio, e se tornarão em sangue” (Ex




7.17). É fácil perceber neste versículo que seria o próprio


Deus quem realizaria aquele milagre.

Além disso, qualquer tentativa de dizer que as águas do


rio Nilo ficaram apenas avermelhadas devido à mistura com
argila vermelha, também não se sustenta semanticamente. A
palavra “sangue” traduz um termo hebraico que sempre indica o
sangue como uma substância, e não apenas uma cor vermelha.

O Resultado da Primeira Praga (v.v. 22-25)

A primeira praga que atingiu as águas do Egito,


principalmente o rio Nilo e seus braços, foi um golpe
certeiro na religião e na economia egípcia. Isso porque o rio
Nilo era basicamente a fonte de vida do Egito que se
desenvolveu às suas margens. O Nilo era o grande recurso
econômico do Egito ao tornar possível a agricultura naquela
terra.

Por tudo isso, o Nilo era reverenciado como uma


divindade nas terras egípcias. Então ao tornar o Nilo e as
águas do Egito em sangue, o Senhor revelou sua superioridade
absoluta sobre Faraó e o panteão egípcio.

Mas essa primeira praga não fez com que Faraó


reconsiderasse sua posição. Na verdade, o texto bíblico diz
que os feiticeiros de Faraó também conseguiram repetir aquele
sinal, e isso fez com que o coração de Faraó se endurecesse
(Ex 7.22). Então Faraó simplesmente se virou e foi para sua
casa. Enquanto isso, os egípcios começaram a cavar poços
junto ao rio, para que pudessem conseguir água potável (Ex
7.23,24).




É interessante notar que o fato de os magos egípcios


terem conseguido mostrar a Faraó que também podiam reproduzir
aquele sinal, não significava exatamente uma demonstração de
poder. Isso porque se de fato eles fossem capazes de fazer
alguma coisa realmente poderosa, então eles teriam procurado
reverter àquela maldição, e não simplesmente imitá-la.

Por fim, o texto de Êxodo 7 termina informando que


depois de as águas do Egito terem se tornado sangue,
passaram-se sete dias até que a segunda advertência do Senhor
a Faraó fosse dada e, consequentemente, a segunda praga fosse
derramada no Egito (Ex 7.25).

Capítulo 8: O Segundo Ciclo de Pragas.

Êxodo 8 é o capítulo da Bíblia que registra a segunda, a


terceira e a quarta pragas enviadas por Deus à terra do
Egito. O estudo bíblico de Êxodo 8 mostra como a supremacia
do Senhor foi revelada diante dos egípcios ao evidenciar a
inutilidade de suas supostas divindades.

v.v. 1 a 15: A segunda praga: rãs.

v.v. 16 a 19: A terceira praga: piolhos.

v.v. 20-32: A quarta praga: moscas.

No decorrer do derramamento dessas três pragas, o texto


bíblico mostra o povo egípcio sofrendo, Faraó considerando
negociar a liberação de Israel, mas no final sendo ainda mais
endurecido.







A Segunda Praga: rãs (v.v. 1-15).

Após o derramamento da primeira praga (quando as águas


do Egito se tornaram sangue) Deus enviou a segunda praga. À
luz do texto bíblico, havia se passado pelo menos sete dias
desde a primeira praga (Ex 7.25).

A Bíblia diz que Deus ordenou que Moisés se apresentasse


novamente a Faraó e lhe pedisse que liberasse os israelitas,
caso contrário o território egípcio seria castigado com rãs
que seriam produzidas em abundância no rio. As rãs
infestariam todas as casas egípcias (Ex 8.1-3).

Então Deus mandou que Moisés dissesse para Arão estender


sua mão com o seu bordão sobre as águas do Egito para fazer
subir delas um número tão grande de rãs que a ponto de cobrir
todo o Egito. Arão fez conforme o Senhor havia falado, e as
rãs infestaram o Egito (Ex 8.5,6).

Curiosamente, assim como na primeira praga, os magos


egípcios procuraram imitar a segunda praga, e, de fato, com
suas ciências ocultas, eles conseguiram fazer aparecer rãs
sobre Egito (Ex 8.7). Porém, isso mostrava apenas a tentativa
patética da religião egípcia em tentar medir forças com o
verdadeiro Deus. Se os magos egípcios realmente tivessem
algum poder, eles teriam revertido a praga das rãs, e não
apenas aumentado ainda mais o problema no Egito ao fazer
surgir mais rãs.

A aflição no Egito foi grande e Faraó suplicou por


alívio. Ele pediu que Moisés e Arão rogassem ao Senhor para
que aquela praga chegasse ao fim. Em troca, Faraó prometeu





liberar o povo de Israel para ir sacrificar ao Senhor (Ex


8.8). Moisés combinou com Faraó que no dia seguinte, após
clamarem ao Senhor, o povo do Egito deixaria de ser afligido
pela praga das rãs, e assim os egípcios saberiam que não há
ninguém como o Senhor, Deus de Israel (Ex 8.9-11).

Tudo aconteceu conforme Moisés havia dito a Faraó.


Moisés clamou ao Senhor e houve alívio das rãs no Egito.
Nesse ponto ficou claro que o verdadeiro controle estava nas
mãos de Deus, e não nas falsas divindades representadas pelos
magos egípcios.

Além disso, é interessante saber que no Egito as rãs


representavam Hequete, uma deusa na religião egípcia, assim
como o Rio Nilo também era identificado como uma divindade.
Então quando o Senhor feriu o rio e controlou as rãs, Ele
revelou claramente aos egípcios que não havia ninguém páreo
para Ele. A falsa religião egípcia não poderia livrá-los da
ira do Deus vivo.

Contudo, ao ver que a praga das rãs tinha passado, Faraó


continuou com seu coração endurecido e não cumpriu o que
havia combinado com Moisés (Ex 8.15). Tudo isso, claro,
estava de acordo com o propósito de Deus. O Senhor já havia
avisado a Moisés que Faraó seria duro ao liberar os
israelitas (Ex 4.21).

A Terceira Praga: piolhos (v.v.16-19).

Depois da praga das rãs, Deus enviou ao Egito a praga


dos piolhos. A Bíblia diz que Deus ordenou que Moisés
dissesse a Arão que estendesse o seu bordão e ferisse o pó da




terra, para que o pó se tornasse em piolhos por toda a terra


egípcia (Ex 8.16).

Arão fez conforma a ordem do Senhor, e houve muitos


piolhos no Egito, tanto nos homens quanto nos animais (Ex
8.17). Os magos do Egito mais uma vez tentaram imitar essa
praga, mas dessa fez nem mesmo seus truques foram capazes de
produzir algo parecido. Então eles tiveram que simplesmente
admitir a Faraó que realmente o dedo de Deus estava
controlando aquela situação. Porém, mesmo assim Faraó não se
deixou persuadir (Ex 8.19).

A quarta praga: moscas (v.v. 20-32).

Depois da recusa de Faraó em deixar o povo de Israel ir


ao deserto oferecer sacrifícios ao Senhor, Deus ordenou que
Moisés fosse se encontrar com Faraó pela manhã às margens do
Nilo e lhe dissesse para liberar os israelitas para que eles
pudessem ir ao deserto prestar adoração. Deus também falou
que se Faraó se recusasse, Ele enviaria enxames de moscas
sobre todo o Egito; exceto na terra de Gósen, onde habitavam
os israelitas (Ex 8.20-23).

Então no dia seguinte Deus enviou a quarta praga sobre o


Egito. Como resultado, toda a terra egípcia ficou arruinada
pelos enxames de moscas (Ex 8.24). Diante da aflição daquela
praga, Faraó mandou chamar Moisés e Arão para negociar. Mas
Faraó procurava um acordo menor do que a exigência do Senhor
(Ex 8.25).

Primeiro, Faraó propôs que os israelitas adorassem a


Deus dentro do Egito. Moisés respondeu que isso era




impossível, pois os sacrifícios dos israelitas seriam


abomináveis aos olhos egípcios; isso porque os animais que
seriam sacrificados geralmente eram deificados no Egito (Ex
8.26).

Em seguida, Faraó propôs que os israelitas fossem ao


deserto sacrificar, mas que não fossem muito longe. Deus
havia exigido que o povo de Israel fosse a uma distância de
um caminho de três dias pelo deserto (Ex 8.27). Dissimulado,
Faraó ainda pediu que orassem também por ele (Ex 8.28).

Moisés então combinou com Faraó que iria orar ao Senhor,


e que no dia seguinte os enxames de moscas desapareceriam do
Egito. Inclusive, Moisés pediu que Faraó apenas não mais o
enganasse dizendo que deixaria os israelitas irem ao deserto,
quando na verdade ele não pensava em deixá-los ir (Ex 8.29).

O texto bíblico diz que Moisés saiu da presença de Faraó


e orou ao Senhor. Como resultado, os enxames de moscas
sumiram completamente do Egito (Ex 8.30,31). Mas Êxodo 8
termina mostrando que mais uma vez Faraó endureceu o seu
coração e não deixou o povo de Israel ir adorar o Senhor (Ex
8.32). Portanto, ainda mais outras pragas seriam derramadas,
não para simplesmente convencer a Faraó, mas principalmente
para revelar a soberania e o poder de Deus na terra do Egito.

Capítulo 9: O Terceiro Ciclo de Pragas.

Êxodo 9 fala sobre como o Egito foi castigado por Deus


com o derramamento da quinta, sexta e sétima pragas. O estudo




bíblico de Êxodo 9 mostra que mesmo diante dos sinais da ira


divina, Faraó continuou com seu coração endurecido.

Quando as pragas registradas em Êxodo 9 caíram sobre o


Egito, aquela terra já havia sido castigada pelas quatro
primeiras pragas: as águas que se tornaram sangue, as rãs, os
piolhos e as moscas (Êxodo 7-8). Então nas três pragas
seguintes os egípcios foram castigados com pestes nos
rebanhos, úlceras e chuva de pedras.

O esboço de Êxodo 9 pode ser dividido conforme o derramamento


das três pragas:

v.v. 1 a 7: Quinta praga: peste nos animais.

v.v. 8 a 12: Sexta praga: úlceras.

v.v. 13 a 35: Sétima praga: chuva de pedras.

Quinta Praga: Peste nos Animais (v.v. 1-7)

Depois de o coração de Faraó ter ficado ainda mais


endurecido com as últimas pragas que tinham castigado o
Egito, Deus ordenou que Moisés se apresentasse novamente ao
rei do Egito e lhe dissesse que se caso ele não liberasse o
povo de Israel para ir ao servir ao Senhor no deserto, a mão
do Senhor se levantaria contra os rebanhos egípcios que
estavam no campo (Ex 9.1-3). Então os cavalos, os jumentos,
os camelos, as ovelhas e os demais gados, seriam acometidos
com pestilência gravíssima





Os comentaristas fazem algumas observações cronológicas


nesse ponto. Isso porque o uso de cavalos só foi adotado no
Egito em cerca de 1700 a.C., e isso serve de base para
estipular uma data aproximada para o Êxodo. Já quanto aos
camelos, parece que eles começaram a ser amplamente
utilizados no Egito somente num período muito posterior ao
tempo do Êxodo. No tempo do Êxodo, o uso de camelos era bem
esporádico.

Então, a referência aos camelos em Êxodo 9 pode ter a


ver com as poucas unidades que provavelmente eram criadas no
Egito, ou talvez aos camelos utilizados pelos comerciantes
árabes que passavam pelo Egito.

Seja como for, o que é certo é que os rebanhos egípcios


foram atingidos por pestilência, enquanto que os rebanhos dos
israelitas não foram atingidos. Deus fez a separação entre os
animais dos egípcios e os animais dos filhos de Israel. Isso
mostra muito claramente que a pestilência que atingiu os
rebanhos no Egito não foi fruto do acaso; não foi algo
aleatório. A pestilência foi bem específica e controlada
minuciosamente pela mão de Deus.

Além disso, Deus ainda estipulou o tempo exato em que a


peste castigaria os rebanhos egípcios: “Amanhã fará o Senhor
isto na terra” (Ex 9.5). Então conforme havia falado o
Senhor, no dia seguinte os rebanhos egípcios morreram,
enquanto que dos rebanhos israelitas nenhum animal foi
atingido (Ex 9.6). Inclusive, Faraó mandou investigar se
nenhum animal dos israelitas tinha morrido. Mas mesmo diante
daquela prova, a Bíblia diz que o coração de Faraó se
endureceu (Ex 9.7).




Sexta Praga: Úlceras (v.v. 8-12)

Depois da pestilência que atingiu os animais egípcios na


quinta praga, na sexta praga a doença atingiu também os
próprios egípcios. Deus ordenou que Moisés apanhasse com as
mãos cinza de forno e atirasse para o céu diante de Faraó (Ex
9.8). Isso era uma prova clara de que o evento que se
sucederia era, de fato, sobrenatural.

A cinza que Moisés atirou para o céu se tornou em um pó


fino sobre toda a terra do Egito que resultou em úlceras nos
homens e nos animais (Ex 9.9,10). O texto bíblico é bem
específico ao dizer que até mesmo os magos de Faraó foram
fortemente atingidos pela doença, de modo que tiveram que se
retirar (Ex 9.11).

Aqui vale lembrar que esses mesmos magos, no começo do


juízo de Deus sobre o Egito, tentaram imitar as primeiras
pragas (Êxodo 7). Porém, tão logo tiveram de reconhecer que
aquelas pragas não eram truques mágicos, mas julgamentos
divinos que não podiam ser imitados (Êxodo 8). Então a sexta
praga mostra esses magos completamente derrotados. Por fim,
mesmo depois da sexta praga, Faraó não ouviu o pedido de
liberação dos israelitas (Ex 9.12).

Algo que tem causado dúvida em alguns leitores de Êxodo


9 é o fato de os rebanhos dos egípcios também terem sido
atingidos pela sexta praga. O problema é que, de acordo com o
texto bíblico, a quinta praga causou a morte de “todo o
rebanho dos egípcios” (Ex 9.6).




Obviamente não se trata de uma contradição.


Possivelmente a quinta praga atingiu somente “todo o rebanho
dos egípcios” que estava no campo (Ex 9.3-6), ou seja, os
animais que estavam guardados em estábulos provavelmente não
foram atingidos; o que explica o fato de ainda terem restado
animais que seriam atingidos pelas próximas pragas.

Sétima Praga: Chuva de Pedras (v.v. 13-35).

Depois da sexta praga, Deus ordenou que Moisés fosse


mais uma vez se apresentar diante de Faraó. A Faraó Moisés
devia dizer que ou ele deixava o povo de Israel partir para o
deserto para servir ao Senhor, ou Deus enviaria ao Egito
pragas ainda mais severas que mostrariam a todos que não há
ninguém semelhante a Ele (Ex 9.13,14).

Além do mais, Deus também explicou que seus juízos


através das pragas tinham sido misturados com misericórdia.
Deus poderia ter destruído do Egito completamente, mas em vez
disso Ele derramou seu julgamento de forma progressiva para
mostrar seu poder e para que seu nome fosse proclamado em
toda terra. Ao mesmo tempo, na progressão dos julgamentos, os
egípcios tiveram a oportunidade de aprenderem a temer o
Senhor. Inclusive, de fato alguns egípcios aprenderam essa
lição e deram ouvido ao que foi anunciado pelo Senhor através
de Moisés (Ex 9.21,21).

Diante de Faraó, Moisés falou o que Deus havia ordenado.


Conforme a palavra do Senhor, Moisés ainda avisou a Faraó que
no dia seguinte Deus faria cair sobre o Egito uma grande
chuva de pedras; algo nunca visto antes (Ex 9.18).
Misericordioso, Deus avisou os egípcios para que eles




recolhessem seus animais que estavam no campo, pois se não


fossem guardados, eles seriam mortos pela chuva de pedras.

O texto bíblico diz que alguns dos oficiais de Faraó


temeram a palavra do Senhor e recolheram seus animais; mas
outros não se importaram com o aviso divino e deixaram seus
animais no campo (Ex 9.20,21).

Depois, Deus ordenou que Moisés estendesse sua mão para


o céu, e chuva de pedras haveria de cair sobre toda a terra
do Egito (Ex 9.22). Moisés fez conforme a ordem do Senhor, e
a Bíblia diz que Deus deu trovões e fez cair chuva de pedras,
juntamente com fogo que também desceu do céu sobre a terra. A
palavra “trovões” em Êxodo 9 traduz um termo hebraico que
significa literalmente “vozes”. Aquele não era um fenômeno
natural.

Então houve sobre a terra do Egito chuva de pedras


misturada com fogo que feriu tudo quanto havia no campo, isto
é, homens, animais e vegetação (Ex 9.25). Em todo o Egito,
apenas a terra de Gósen não foi atingida pela chuva de
pedras. A terra de Gósen era o local onde os israelitas
habitavam.

Diante do julgamento da sétima praga, Faraó confessou


que havia pecado. Ele admitiu que o Senhor era justo,
enquanto ele e seu povo eram ímpios (Ex 9.27). Então Faraó
pediu que Moisés orasse ao Senhor para que aquela praga
chegasse ao fim. Faraó também disse que deixaria ir os
israelitas (Ex 9.28).




Moisés falou a Faraó que assim que ele saísse da cidade,


ele estenderia as mãos ao Senhor, e os trovões e a chuva de
pedras haveria de cessar. Isso seria um sinal para que todos
no Egito soubessem que a terra é do Senhor (Ex 9.29). Mas
Moisés também deixou claro a Faraó que sabia que ele era
hipócrita; que suas palavras eram vazias. Faraó não tinha se
arrependido verdadeiramente, e sua confissão havia sido
apenas superficial (Ex 9.30).

De fato, Faraó continuava impenitente e endurecido.


Assim que a sétima praga cessou, o texto bíblico diz que ele
tornou a pecar e endureceu o seu coração. Seus oficiais mais
próximos também seguiram o seu exemplo. Então de coração
endurecido, Faraó não deixou que os israelitas partissem.
Tudo isso, no entanto, ocorreu conforme o Senhor havia falado
a Moisés (Ex 9.35).

Capítulo 10: O Terceiro Ciclo de Pragas.

Êxodo 10 registra a oitava e a nona pragas enviadas por


Deus ao Egito. O estudo bíblico de Êxodo 10 mostra de forma
clara como Deus endureceu Faraó para que ele resistisse à
liberação dos israelitas para que estes fossem ao deserto
adorar ao Senhor.

As duas pragas descritas em Êxodo 10 foram as últimas


antes da praga final que resultou na morte de todos os
primogênitos do Egito.

v.v. 1 a 11: Moisés e Arão diante de um Faraó


endurecido.





v.v. 12 a 20: A oitava praga.

v.v. 21 a 29: A nona praga.

Moisés e Arão Diante de Faraó (v.v. 1-11)

Êxodo 9 termina com a informação de que Faraó tornou a


pecar e endureceu o seu coração a ponto de não deixar os
filhos de Israel partirem do Egito (Ex 9.34,35). Então Êxodo
10 começa informando que Deus endureceu o coração de Faraó e
o coração de seus oficiais (Ex 10.1). Deus não endureceu um
coração piedoso e solícito, mas um coração impenitente e já
naturalmente endurecido. O objetivo desse endurecimento era a
oportunidade para a manifestação dos sinais de Deus no meio
dos egípcios; bem como para que os israelitas pudessem
perpetuar o relato das manifestações divinas no Egito. Nesse
sentido, as pragas do Egito tinham uma finalidade pedagógica
(Ex 10.2).

Deus ordenou que Moisés e Arão se apresentassem perante


Faraó e lhe questionasse até quando ele se recusaria a deixar
o povo de Israel ir ao deserto. Os mensageiros divinos também
avisaram a Faraó que se ele se recusasse a liberar os
israelitas, no dia seguinte Deus enviaria gafanhotos que
cobririam toda a terra do Egito e destruiriam todo o alimento
disponível (Ex 10.3-6). Diante do aviso do Senhor, os
oficiais egípcios aconselharam Faraó a deixar com que os
homens israelitas fossem ao deserto servir a Deus. Os
oficiais julgaram que o Egito já estava arruinado o bastante
para correr o risco de sofrer com mais uma praga (Êxodo
10:7).



Então Moisés e Arão foram levados até Faraó, e o rei do


Egito perguntou a eles quem dos israelitas iria ao deserto
adorar. Moisés respondeu que todos os israelitas iriam, ou
seja, os jovens, os velhos, os homens, as mulheres, e também
todo o seu rebanho. Todo o povo tinha de estar presente para
celebrar ao Senhor. Não havia qualquer espaço para negociar
restrições (Ex 10.8,9). Mas Faraó não aceitou essa posição e
disse que poderia liberar apenas os homens adultos, e em
seguida expulsou Moisés e Arão de sua presença (Ex 10.10,11).

Oitava Praga (v.v. 12-20)

Diante da nova recusa de Faraó, Deus ordenou que Moisés


estendesse sua mão sobre o Egito para que viessem os
gafanhotos sobre toda a terra a fim de devorarem tudo o que
havia restado depois da chuva de pedras (Ex 10.12).

Moisés fez conforme a palavra do Senhor. Então a Bíblia


diz que Deus fez soprar sobre a terra um vento oriental que
trouxe gafanhotos que infestaram o Egito. Os gafanhotos eram
muito numerosos e cobriram a superfície de toda a terra
egípcia e comeram tudo o que havia disponível, de modo que
não sobrou nenhuma folha verde nas árvores, nem na erva do
campo (Ex 10.13-15).

Diante do impacto da oitava praga, o texto bíblico diz


que Faraó se apressou em chamar Moisés e Arão. Isso significa
que o Egito havia chegado a um ponto crítico e a ameaça de
uma grande crise era iminente. Diante deles, Faraó confessou
que havia pecado contra o Senhor, e pediu que uma vez mais
eles orassem ao Senhor para que aquela praga chegasse ao fim
(Ex 10.16,17).



Assim que Moisés saiu da presença de Faraó, ele orou ao


Senhor e um vento forte levou os gafanhotos para longe do
Egito, lançando-os no Mar Vermelho. A Bíblia diz que nenhum
gafanhoto restou em todo o Egito. Porém, mais uma vez o
Senhor endureceu o coração de Faraó, e o governante egípcio
não deixou os israelitas partirem (Ex 10.18-20).

Nona Praga (v.v. 21-29)

Depois da praga dos gafanhotos, Deus ordenou que Moisés


uma vez mais estendesse a mão para o céu, pois densas trevas
haveriam de encobrir o Egito. Moisés obedeceu à ordem do
Senhor e as trevas cobriram o Egito por três dias. As trevas
eram tão intensas que os egípcios ficaram impossibilitados de
fazer qualquer coisa durante aquele período. Mas os filhos de
Israel, por outro lado, tinham luz em suas habitações (Ex
10.21-23).

Obviamente esse cenário revelava que não havia uma


explicação natural para as trevas que cobriram o Egito. Não
se tratava de um eclipse do sol; nem mesmo de uma tempestade
de areia. Aquelas trevas eram sobrenaturais; eram um sinal
que testemunhava a grandeza do Senhor.

Uma das principais divindades cultuadas no Egito era Rá,


o deus-sol. Ele era celebrado toda manhã quando surgia a luz
matinal. Mas naquela ocasião o Egito ficou em trevas durante
três dias. O deus-sol que, segundo eles acreditavam, vencia
continuamente as trevas e o caos, agora estava humilhado
perante o sinal do único e verdadeiro Deus. O panteão egípcio
não podia ser comparado ao Senhor, o Deus de Israel.



Mais uma vez Faraó mandou chamar Moisés e tentou


negociar a saída dos israelitas para o deserto. Ele propôs
que o povo de Israel fosse servir o Senhor, mas sem levar os
seus rebanhos. Mas Moisés lhe avisou que aquela proposta não
podia ser aceita, pois as ofertas apresentadas ao Senhor
seriam tomadas dos rebanhos. Portanto, os israelitas não
podiam deixar seus rebanhos para trás (Êxodo 10:24-26).

No entanto, o registro de Êxodo 10 termina mostrando que


o Senhor novamente endureceu o coração de Faraó, e este não
quis deixar o povo de Israel ir. Faraó expulsou Moisés de sua
presença e o ameaçou dizendo que se voltasse a vê-lo, ele o
mataria (Ex 10.27-29). Quando Deus entrega o homem ao seu
próprio pecado o resultado é desastroso.

O Egito estava prestes o sofrer a severidade da décima e


última praga.

Capítulo 11: Deus Anuncia a Morte dos Primogênitos.

Êxodo 11 é uma continuação do confronto face a face


entre Moisés e o Faraó, que aconteceu no final de Êxodo 10.
Enquanto ainda estava na presença do Faraó, Moisés recebeu
uma revelação sobre a décima e última praga. Ele declarou ao
Faraó que a última praga seria a morte de todos os
primogênitos da terra. O Faraó respondeu a Moisés como tinha
feito antes: Endureceu o coração e ignorou o aviso de Moisés.
Moisés partiu, e nunca mais viu o rosto do Faraó. (Ex
10.28,29). A décima e última praga descrita em Êxodo 11–12
foi uma grande tragédia para os egípcios. A praga final foi
também um dos acontecimentos mais significativos da história



israelita, quando Deus mostrou Seu poder ao livrar Seu povo.


Para todos os que acreditam em Jesus Cristo, esse evento,
conhecido como a Páscoa, é um dos símbolos mais vigorosos de
Cristo encontrados no Velho Testamento e pode fortalecer
nosso testemunho de Sua Expiação. Em sua leitura, procure
como a milagrosa libertação divina dos israelitas do
cativeiro egípcio pode ser comparada à Expiação de Cristo, e
pondere como Jesus Cristo nos liberta do cativeiro espiritual
do pecado. Êxodo 11 é capítulo bíblico que descreve como Deus
anunciou a décima praga sobre o Egito. Além disso, o estudo
bíblico de Êxodo 11 mostra que esse capítulo serve de
introdução para a importante instituição da Páscoa no
capítulo seguinte.

v.v. 1 a 13: O anúncio divino da décima praga sobre o


Egito.

v.v. 4 a 8: A proclamação e descrição da décima praga.

v.v. 9,10: A reação de Faraó.

O Anúncio da Décima Praga (v.v. 1-3).

Êxodo 11 começa com Senhor falando a Moisés que mais uma


praga haveria de cair sobre o Egito. Então após essa praga,
Deus disse que finalmente os egípcios não apenas deixariam os
israelitas partirem, mas basicamente os expulsariam
totalmente (Ex 11.1).

Nesse ponto há algo interessante. Em Êxodo 9, quando


Deus enviou a sétima praga ao Egito, o escritor bíblico
aplicou uma palavra hebraica que significa literalmente





“golpes” (Ex 9.14). Mas em Êxodo 11, o mesmo escritor usa uma
palavra diferente, cujo significado transmite com mais
intensidade o sentido de “doença”. Provavelmente enfatizando
uma ferida mortal que resultaria na morte dos primogênitos de
todo o Egito. Seja como for, esse detalhe parece enfatizar
que essa praga seria o golpe final do juízo de Deus sobre
aquele povo.

Em seguida, Deus ordenou que Moisés dissesse ao povo que


pedisse aos seus vizinhos objetos de prata e de ouro (Ex
11.2). O povo obedeceu essa ordem, e o texto bíblico diz que
o Senhor tornou os egípcios favoráveis aos israelitas, de
modo que o próprio Moisés tinha uma consideração muito grande
no Egito pelo povo e até pelos oficiais de Faraó (Ex 11.3).

Esse episódio é relembrado em outras passagens bíblicas


(Ex 12.35,36; Sl 105.36-38). Mas sempre fica claro que por
causa da intervenção do Senhor, os egípcios doaram
voluntariamente tudo o que os israelitas pediram. Contudo, os
egípcios não foram obrigados a dar o que os israelitas
pediram. Eles deram prata e ouro aos israelitas porque
quiseram dar. Mas ao mesmo tempo, de acordo com o testemunho
bíblico, os egípcios somente fizeram isso porque Deus os
tornou favoráveis aos israelitas.

Talvez isso não faça muito sentido dentro da limitação


dos nossos pensamentos, mas faz todo o sentido nos
insondáveis pensamentos do Senhor. Deus cumpre os seus
propósitos soberanos mesmo através da livre agência de suas
criaturas.

A Proclamação e Descrição da Décima Praga (v.v. 4-8)




Na sequência, o texto de Êxodo 11 traz uma breve


descrição do que haveria de ocorrer no Egito na décima praga.
Moisés foi até diante de Faraó e lhe proclamou a palavra do
Senhor. Moisés avisou a Faraó que o Senhor passaria pelo meio
do Egito por volta da metade da noite (Ex 11.4).

Então todo o primogênito no Egito haveria de morrer.


Isso incluiria tanto o filho primogênito de Faraó, ou seja, o
príncipe herdeiro do trono, como também o filho mais velho de
uma escrava que trabalhava no moinho. Além disso, esse juízo
haveria de atingir até mesmo as primeiras crias dos gados (Ex
11.5).

Moisés ainda alertou que Deus havia falado que o cenário


seria tão catastrófico, que o juízo divino causaria uma
tristeza muito grande no Egito; haveria um clamor como jamais
houve (Ex 11.6). Mas Deus também deixou claro que nada
haveria de ocorrer contra os filhos de Israel ou contra os
seus animais. Isso mostraria a Faraó e a todo o Egito, que
Israel era mesmo o povo escolhido do Senhor (Ex 11.7).

Essa última praga seria irresistível para os egípcios,


tanto que os próprios oficiais de Faraó haveriam de se
inclinar e suplicar que todo o povo de Israel fosse embora do
Egito. E depois de proclamar todas essas coisas, o texto
bíblico diz que Moisés saiu irado da presença de Faraó (Ex
11.8).

A Reação de Faraó (v.v. 9,10).

O texto de Êxodo 11 chega ao fim registrando que Deus


antecipou a Moisés qual seria a reação de Faraó. O Senhor





avisou que Faraó não haveria de ouvir as palavras que Moisés


havia proclamado. Isso, no entanto, tinha um propósito
último: fazer com que as maravilhas de Deus se multiplicassem
na terra do Egito. O compromisso do Senhor é com a glória do
seu próprio Nome. A verdade é que Deus é glorificado em tudo,
seja na manifestação de sua graça, seja na manifestação de
sua justiça.

Por fim, o último versículo de Êxodo 11 mais uma vez


retoma o tema da soberania de Deus e a responsabilidade
humana. O texto diz que Moisés e Arão fez grandes maravilhas
perante Faraó, mas o Senhor endureceu o coração do monarca
egípcio e ele não permitiu que os filhos de Israel saíssem do
Egito.

Ao longo do derramamento das dez pragas no Egito,


algumas vezes o texto bíblico diz que Faraó endureceu o seu
coração; e em outras vezes diz que Deus endureceu o coração
de Faraó. Isso nos ajuda a entender que Faraó não era um
inocente, Ele não foi uma vítima da soberania de Deus. Na
verdade, Deus endureceu um coração que já estava petrificado
pela incredulidade e pela impiedade. Em outras palavras, Deus
apenas o entregou mais e mais à sua própria miséria.

Capítulo 12: A Morte dos Primogênitos do Egito e a


Instituição da Páscoa.

Êxodo 12 é o capítulo da Bíblia que registra a


instituição da celebração da Páscoa entre os israelitas. O
estudo bíblico de Êxodo 12 também revela como foi a saída do



povo de Israel do Egito após a décima praga enviada por Deus


sobre os egípcios.

O esboço de Êxodo 12 pode ser organizado da seguinte


forma:

v.v. 1 a 11: A instituição da Páscoa judaica.

v.v. 12 a 20: O anúncio do juízo.

v.v. 21 a 28: Os israelitas celebram a Páscoa.

v.v. 29 a 36: A décima praga.

v.v. 37 a 51: A saída dos israelitas do Egito.

A Instituição da Páscoa Judaica (v.v. 1-11).

Êxodo 12 começa registrando como foi que o Senhor


instituiu a Páscoa. O texto diz que o Senhor falou a Moisés e
a Arão que aquele mês seria o principal dos meses; o primeiro
mês do ano (Ex 12.1,2).

Em hebraico, esse mês era chamado de Abibe, mas após o


cativeiro babilônico também passou a ser chamado Nisã. Esse
mês marcava o início do calendário religioso em Israel, que
em nosso calendário corresponde ao período entre Março e
Abril.

Deus ordenou que Moisés e Arão falassem a toda


comunidade de Israel que no décimo dia do mês de Abibe, todo








homem israelita deveria separar um cordeiro ou um cabrito


para sua família. Cada família tinha de ter um cordeiro
separado (Ex 12.3). A exceção ficava por conta de uma família
pequena que podia dividir o animal com a família vizinha mais
próxima de sua casa (Ex 12.4).

O animal escolhido tinha de ser um macho de um ano e sem


qualquer defeito (Êx 12.5). Deus também ordenou que o animal
fosse guardado até o décimo quarto dia do mesmo mês, para ser
sacrificado à tarde desse dia; isto é, ao pôr-do-sol, por
toda congregação de Israel (Ex 12.6).

O povo de Israel também foi ordenado a pegar do sangue


do cordeiro sacrificado e passar nos umbrais das portas de
suas casas. Inclusive, os israelitas tinham de comer a carne
do cordeiro penas assada no fogo, e não podiam deixar sobrar
nada para o outro dia. Caso tivesse sobra, então o que
sobrasse tinha de ser queimado (Ex 12.7-10).

A carne do animal assado era para ser consumida com o


acompanhamento de pães asmos e ervas amargas. Essas ervas
tinham o propósito de relembrar o sofrimento amargo da
escravidão experimentada pelos israelitas no Egito (Ex 1.14).

Além disso, os israelitas tinham de participar daquela


refeição com pressa; com os seus cintos no lugar, com suas
sandálias nos pés, e com seus cajados nas mãos (Ex 12.11). E
foi assim que a Páscoa do Senhor foi instituída.

O Anúncio do Juízo (v.v. 12-20).






Em seguida, Deus anunciou o que haveria de acontecer na


noite de Páscoa. O Senhor avisou que passaria pela terra do
Egito para ferir todos os primogênitos daquele lugar, desde
os homens até os animais, para executar juízo sobre os deuses
do Egito e revelar que somente Ele é o Senhor (Ex 12.12).

Porem, o sangue dos cordeiros sacrificados seria um


sinal distintivo das casas habitadas pelo povo de Israel. O
Senhor prometeu passar por cima dos israelitas que estivessem
com suas casas marcadas com sangue do animal sacrificado,
poupando-os da praga de destruição que haveria de atingir o
Egito (Ex 12.13).

É nesse ponto que o significado da palavra hebraica


trazida por “Páscoa” pode ser entendido. Apesar de ser uma
palavra de etimologia incerta, o texto bíblico parece
estabelecer uma conexão entre essa palavra e a ideia de
“passar por cima” ou “pular alem da marca”. No sentido de que
o juízo de Deus “passou por cima” dos israelitas poupando
misericordiosamente o Seu povo escolhido.

O Senhor também deixou claro que aquele dia seria um


memorial para todos os israelitas ao longo das gerações
futuras; de modo que eles tinham de celebrar a Páscoa como um
decreto eterno e uma festa ao Senhor (Ex 12.14).

Deus ainda deixou mais algumas regras específicas sobre a


celebração da Páscoa:

>>> Os israelitas tinham de comer pão sem fermento


durante sete dias. Logo no primeiro dia o fermento tinha de
ser tirado de suas casas. Quem comesse qualquer coisa





fermentada durante esses dias, sofreria a eliminação da


congregação de Israel (Ex 12.15-20). Nesse contexto, o
fermento foi colocado como um símbolo de corrupção.

>>> Haveria santa convocação no primeiro e no último dia


da celebração. Então nenhum trabalho podia ser executado
nesses dias. A única exceção era o trabalho de preparar a
refeição para todos (Ex 12.16).

Os Israelitas Celebram a Páscoa (v.v. 21-28).

Em seguida, Moisés reuniu os líderes de Israel e passou


a eles tudo o que Deus havia ordenado. Moisés lhes falou que
colocassem o sangue do animal sacrificado numa bacia. Então
com o auxílio de feixes de hissopo (uma planta herbácea comum
naquela região), eles tinham de marcar as ombreiras das
portas de suas casas (Ex 12.21-23).

Moisés também ressaltou a importância daquele rito não


apenas no contexto imediato do que estavam vivendo, mas
também como um memorial para as futuras gerações que haveriam
de viver na terra em que o Senhor entregaria aos filhos de
Israel (Ex 12.24,25).

Inclusive, nesse ponto mais uma vez fica claro o


significado daquele cerimonial. O texto bíblico diz que
quando os filhos dos israelitas perguntassem que rito era
aquele, a resposta deveria ser: “É o sacrifício da Páscoa ao
Senhor, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no
Egito, quando feriu os egípcios e livrou as nossas casas” (Ex
12.27).




Até hoje nas famílias judaicas o filho mais jovem


pergunta sobre o ritual na celebração da Páscoa, e o pai
responde relembrando a história do Êxodo. Depois disso, o
povo israelita se inclinou e adorou, e fez tudo conforme o
Senhor havia ordenado a Moisés e a Arão (Ex 12.28).

A Décima Praga (v.v. 29-36).

O texto bíblico de Êxodo 12 registra que à meia-noite o


Senhor matou todos os primogênitos do Egito. Ninguém escapou:
desde o filho mais velho de Faraó, até o filho mais velho de
um prisioneiro que estava no calabouço, todos morreram. Até
mesmo as primeiras crias dos gados foram mortas (Ex 12.29).

A Bíblia ainda diz que no meio da noite os egípcios


despertaram e houve uma lamentação muito grande no Egito. Com
exceção dos israelitas, não havia uma única casa naquele
lugar que não houvesse um morto (Ex 12.30). Então naquela
mesma noite Faraó convocou Moisés e Arão e pediu que os
israelitas saíssem imediatamente do meio dos egípcios (Ex
12.31).

Inclusive, Faraó sabia que os israelitas prestariam


culto ao Senhor, e pediu que eles o abençoassem também (Ex
12.32). É provável que com isso ele quisesse uma benção que
pudesse acabar com a maldição que tinha caído sobre o Egito.

O texto também faz questão de ressaltar que os egípcios


pressionavam os israelitas para que eles saíssem com urgência
da terra do Egito; mostrando que aquele povo tinha
reconhecido sua derrota perante o Deus de Israel. Além disso,
antes de saírem os israelitas despojaram os egípcios que




favoravelmente lhes davam ouro, prata e roupas conforme


pediam (Ex 12.33-36).

Ao ferir todos os primogênitos do Egito, Deus mostrou o


seu grande poder sobre tudo e todos. Nos tempos antigos, os
primogênitos eram os principais herdeiros das famílias. O
filho de Faraó, por exemplo, era o herdeiro do trono do
Egito. Mas Deus revelou que nenhuma expectativa humana se
realiza à parte de sua soberana vontade.

Até mesmo o fato de os primogênitos dos animais terem sido


alvos do juízo divino, foi algo muito significativo. No Egito
muitos animais eram tidos como sagrados, pois simbolizavam os
deuses cultuados ali. Mas quando até mesmo esses animais
morreram, ficou claro aos egípcios que nenhuma de suas
divindades seria capaz de lhes proteger contra o Deus de
Israel.

A Saída dos Israelitas do Egito (v.v. 37-51)

Êxodo 12 informa que os israelitas partiram de Ramessés


para Sucote. Ramessés era uma cidade que guardava as
provisões agrícolas e suprimentos militares na região do
delta do Nilo. Já a localização de Sucote é desconhecida. O
texto também esclarece que os israelitas partiram num grupo
de cerca de seiscentos mil homens, sem contar mulheres e
crianças (Ex 12.37). Esses homens que foram contados eram
aqueles em idade militar.

Os israelitas também foram acompanhados por um “misto de


gente, ovelhas, gado, e muitíssimos animais” (Ex 12.38).
Essas pessoas que se misturaram aos israelitas talvez fossem



escravos de outras etnias, outros grupos semitas, e até mesmo


egípcios que provavelmente tinham constituído família com
israelitas através do casamento. Seja como for, o que é certo
é que os israelitas saíram do Egito após quatrocentos e
trinta anos, cumprindo-se a Palavra do Senhor a Abraão (Ex
12.40,41; Gn 15.13).

Já a parte final de Êxodo 12 traz recomendações


adicionais sobre a celebração da Páscoa. O texto bíblico mais
uma vez reforça o caráter memorial da Páscoa em conexão com a
libertação do povo de Israel do Egito. Também explica que
nenhum estrangeiro podia participar da refeição pascal; a
menos que primeiro ele fosse circuncidado e recebido na
comunidade da aliança (Ex 12.42-49). É provável que essas
recomendações adicionais foram dadas principalmente pelo fato
de muitos estrangeiros terem acompanhado os israelitas para
fora do Egito.

Então Êxodo 12 chega ao fim relatando em seus últimos


dois versículos que os filhos de Israel fizeram tudo o que o
Senhor tinha lhes ordenado através de Moisés e Arão; e
naquele mesmo dia Deus lhes tirou de sua vida de escravidão
no Egito (Ex 12.50,51).

Diante de todo o conteúdo de Êxodo 12, é evidente a sua


conexão remidora com a obra de Cristo. O conceito de
substituição do cordeiro usado na refeição pascal que morreu
em lugar dos primogênitos israelitas naquela noite no Egito,
prefigurava a morte Jesus de Cristo, o Cordeiro de Deus que
foi sacrificado em nosso lugar (Jo 1.29; 1Pe 1.19; Ap 5.6).

Compreendendo Expressões das Escrituras em Êxodo 12.






a ) Mácula (v. 5)
Defeito ou imperfeição

b) Pão ázimo (vv. 8, 15, 17–18, 20)


Pão feito sem fermento

c) Ervas amargosas (v. 8)


Plantas com gosto amargo

d) Cozido em água (v. 9)


Fervido

e) Lombos cingidos (v. 11)


Com a túnica amarrada com cinto

f) Fazer juízo (v. 12)


Julgar

g) Por estatuto (vv. 14, 17)


Como ritual sagrado ou lei permanente

h) Levedado (vv. 15, 19)


Fermentado

i) Hissopo (v. 22)


Uma erva

j) Culto (vv. 25–26)


Cerimônia, ordenança

l) Exércitos (v. 41)













Povo

m) Guardar (v. 42)


Lembrar

n) Estrangeiro (v. 43)


Não israelita

>>> A Páscoa e suas celebrações relacionadas, a Festa


dos Pães Ázimos e a redenção do primogênito, destinavam-se a
servir como um meio de instrução para as futuras gerações de
Israel (os pais ensinaram a seus filhos o significado da
celebração e seu significado.

>>> As celebrações da Páscoa eram um meio de incorporar


ou excluir os gentios na aliança de Deus com Abraão (Ex
12.38, 43-49).

>>> O Cordeiro Pascal era um modelo, um protótipo (um


tipo) do Messias, o "Verdadeiro Cordeiro de Deus" por meio de
quem Deus traria redenção tanto para Israel quanto para os
Gentios.

Capítulo 13: Os Primogênitos São Santificados a Deus.

Êxodo 13 registra a consagração dos primogênitos do povo


de Israel em conexão com a saída dos israelitas do Egito. O
estudo bíblico de Êxodo 13 também fala sobre como Deus guiou
o seu povo escolhido pelo caminho para fora das terras
egípcias mediante sua intervenção poderosa.





O esboço de Êxodo 13:

v.v. 1 a 12: A consagração dos primogênitos.

v.v. 13 a 16: O resgate dos primogênitos.

v.v. 17 a 22: A presença orientadora e protetora de


Deus.

A Consagração dos Primogênitos ( v.v. 1-12).

Êxodo 13 começa com a ordem do Senhor a Moisés para que


todo primogênito de Israel fosse consagrado a Ele, tanto de
homens como de animais, pois todos lhe pertenciam (Ex
13.1,2). O restante da narrativa bíblica a respeito da vida
religiosa de Israel, mostra que assim como as primícias das
colheitas, os primogênitos eram sagrados ao Senhor, pois
apontavam para o fato de que a Deus pertence todas as coisas.

Na sequência, Êxodo 13 registra o discurso de Moisés


diante do povo mais uma vez relembrando a importância do
livramento dado pelo Senhor ao tirar os israelitas do Egito
com mão forte, e explicando a ordenança da Páscoa como um
rito que devia ser observado na sequência da história de
Israel (Ex 13.3-7).

Na celebração da Páscoa, a cada ano, em cada família


israelita, os pais tinham de contar aos seus filhos o
significado profundo daquele ritual que tinha a ver com
libertação do Egito, quando o Senhor passou por cima dos
israelitas ao executar o seu juízo contra os egípcios (Ex
13.8-10; Ex 12.29-36).






Nesse ponto o texto bíblico traz uma recomendação


interessante: “E será como sinal na tua mão e por memorial
entre teus olhos; para que a lei do Senhor esteja na tua
boca; pois com mão forte o Senhor te tirou do Egito” (Ex
13.9).

Curiosamente, mais tarde os judeus interpretaram


literalmente essa ordenança fazendo uso dos filactérios que
traziam partes da Lei dentro de pequenas caixas de couro que
eram amarradas à testa e ao braço esquerdo. Inclusive, no
Novo Testamento o Senhor Jesus Cristo criticou essa prática
como um tipo de exibição externa da religiosidade dos
fariseus (Mt 23.5).

Em seguida, Moisés comunicou ao povo mais detalhes sobre a


consagração dos primogênitos. Todo primogênito macho dos
animais tinha de ser oferecido ao Senhor, com exceção do
primogênito da jumenta que tinha de ser resgatado com
cordeiro (Ex 13.12,13).

O Resgate dos Primogênitos (v.v. 13-16).

Já com relação aos primogênitos homens de Israel, eles


tinham de ser resgatados (Ex 13.13). Isso significava que
enquanto o primogênito de um animal podia ser dado ao Senhor
como oferta de holocausto, os filhos primogênitos dos homens
jamais podiam ser oferecidos dessa forma, ou seja, todo filho
primogênito tinha de ser resgatado. O sacrifício humano de
primogênitos era uma prática pagã que Deus abominava (2Rs
16.3).



O texto bíblico também diz que os pais tinham de


explicar aos seus filhos a consagração dos primogênitos tendo
como contexto a libertação do Egito, especialmente a noite em
que o juízo de Deus foi derramado na décima praga e todos os
primogênitos egípcios foram mortos (Ex 13.14-16).

Nesse sentido, os primogênitos israelitas foram poupados


pelo Senhor por causa do sangue do cordeiro pascal. Isso quer
dizer que os primogênitos de Israel não estavam
intrinsecamente imunes ao juízo de Deus, mas que o juízo
divino não recaiu sobre eles porque os cordeiros que foram
sacrificados na primeira Páscoa serviram por resgate deles.

Tendo isso como pano de fundo, é possível entender


melhor por que a tribo de Levi foi consagrada para o serviço
do Senhor. Embora todo primogênito pertencesse ao Senhor, os
levitas foram escolhidos para substituir o primogênito de
cada família israelita (Nm 8.14-19). Os primogênitos que
excediam o número dos levitas, eram resgatados pela quantia
de cinco ciclos (Nm 3.46-51).

A Presença de Deus (v.v. 17-22).

A última parte de Êxodo 13 relata como o Senhor guiou os


israelitas para fora do Egito. A rota pela terra dos
filisteus era o caminho mais curto, mas Deus não levou os
israelitas por ali para que eles não ficassem assustados com
uma possível guerra e tentassem retornar ao Egito (Ex 13.17).

Então, Deus levou os israelitas pelo caminho mais longo,


fazendo-os rodear pelo caminho do deserto perto do Mar
Vermelho. O texto diz que os israelitas saíram do Egito





arregimentados (Ex 13.18). Isso quer dizer que o povo de


Israel saiu das terras egípcias como um exército, em formação
militar.

Êxodo 13 ainda traz a observação de que na saída do


Egito, os restos mortais de José, filho de Jacó, foram
levados junto com os israelitas. Embora José tivesse sido
governador do Egito, ele jamais perdeu a convicção de que
Deus cumpriria sua Palavra e daria aos filhos de Israel à
terra prometida a Abraão (Ex 13.19).

Por fim, Êxodo 13 termina mostrando que a presença de


Deus foi constante com Israel. O escritor bíblico diz que
durante o dia, o Senhor ia adiante dos israelitas numa coluna
de nuvem; enquanto que durante a noite o Senhor iluminava o
povo numa coluna de fogo (Ex 13.20-22).

Inclusive, a nuvem e o fogo aparecem em várias passagens


bíblicas como símbolos da presença de Deus. Particularmente
em Êxodo 13, esses símbolos mostram que a presença do Senhor
não desamparou Israel. Deus guiou e protegeu o seu povo dia e
noite.

Capítulo 14: A Ruína dos Egípcios Anunciada.

Êxodo 14 é o capítulo da Bíblia que relata o grande


milagre operado por Deus ao fazer o povo de Israel atravessar
o Mar Vermelho. O estudo bíblico de Êxodo 14 revela que o
poder do Senhor abriu as águas do mar e permitiu com que os
israelitas atravessassem em terra seca. Mas esse texto



bíblico também destaca o julgamento de Deus contra os


egípcios.

Esboço de Êxodo 14:

v.v. 1 a 9: A perseguição dos egípcios contra os


israelitas.

v.v. 10 a 14: A murmuração dos israelitas.

v.v. 15 a 25: A travessia do Mar Vermelho.

v.v. 26 a 31: O julgamento contra os egípcios no mar.

A Perseguição dos Egípcios (v.v. 1-9).

Êxodo 14 começa mostrando a ordem do Senhor para que


Israel acampasse entre Migdol e o mar, defronte de Pi-Hairote
(Ex 14.1,2). A localização de Migdol é desconhecida, mas
provavelmente esse lugar era de alguma forma fortificado,
pois esse é o significado usual de seu nome. A localização
exata de Pi-Hairote também é discutida, mas muitos estudiosos
acreditam que esse lugar ficava nas proximidades de Ramessés.

O interessante nisso tudo é que do ponto de vista


humano, sem dúvida essa era uma ordem que não fazia nenhum
sentido. Isso porque ela significava que os israelitas tinham
de retroceder em sua jornada. E é claro que isso também
mostraria aos inimigos de Israel que o povo estava
supostamente perdido e encurralado pelo deserto e pelo mar
(Ex 14.3).





Entretanto, esse era justamente o propósito divino. Em


outras palavras, a ordem do Senhor implicava num convite para
que os egípcios perseguissem os israelitas. Na verdade, havia
chegado o momento de Deus derramar a porção final de seu
julgamento contra Faraó e o Egito. Tudo isso tinha a
finalidade de fazer com que o nome de Deus fosse glorificado
e todos no Egito soubessem que Ele é o Senhor (Ex 14.4).

Então, conforme a ação soberana de Deus, o coração de


Faraó foi endurecido, e o governante do Egito resolveu
perseguir os seus antigos escravos (Ex 14.5). Faraó reuniu o
seu poderoso exército para perseguir os israelitas com seus
carros de guerra. Os carros de batalha egípcios comportavam
até três pessoas (Ex 14.6-8).

O texto bíblico diz que o exército de Faraó perseguiu os


israelitas, e com seus velozes carros de combates e cavalos,
eles alcançaram Israel que estava acampado junto ao mar,
defronte de Baal-Zefom (Ex 14.9).

Esse nome, Baal-Zefom, significa “Baal do Norte”.

A Murmuração dos Israelitas (v.v. 10-14).

Quando os israelitas viram que os egípcios estavam atrás


deles, eles temeram muito e clamaram ao Senhor (Ex 14.10).
Imediatamente, parece que o clamor deu lugar à incredulidade,
e o resultado disso foi a murmuração. Eles começaram a
reclamar com Moisés e a questioná-lo a respeito do porquê ele
os havia tirado do Egito para fazê-los morrer no deserto (Ex
14.11).




Naquele momento, os israelitas julgaram que teria sido


muito melhor terem continuado escravizados no Egito, do que
terem partido naquela jornada aparentemente fracassada. Nesse
ponto, a murmuração de Israel não era apenas contra Moisés,
mas, principalmente, contra Deus. Mesmo depois de tantos
sinais que Deus havia enviado ao Egito, os israelitas
continuavam rebeldes e com dificuldades de confiarem no
Senhor.

Contudo, aquela situação supostamente impossível e


desesperadora era o cenário perfeito para que o poder de Deus
fosse manifestado de forma assombrosa diante de todos eles.
Por isso, o texto bíblico diz que Moisés respondeu aos
israelitas dizendo que eles não temessem, mas ficassem
quietos e contemplassem o livramento do Senhor. Basicamente
os egípcios que eles estavam contemplando com medo, nunca
mais seriam vistos. Isso porque o Senhor haveria de pelejar
por eles (Ex 14.14).

A Travessia do Mar Vermelho (v.v. 15-25).

A sequência de Êxodo 14 indica que Moisés começou a orar


a Deus, e a resposta divina foi para que o povo de Israel
marchasse (Ex 14.15). Mas a questão era: marchar para onde?
Atrás estava o exército de Faraó, e a frente estava o mar.
Humanamente não havia saída!

Mas o Senhor ordenou que Moisés estendesse o seu bordão


sobre o mar para dividir as suas águas, permitindo que os
israelitas passassem pelo meio do mar seco (Ex 14.16). Deus
também avisou a Moisés que faria com que Faraó e o seu
exército entrassem no mar com seus carros e cavalos, e então




algo haveria de acontecer e o Senhor seria glorificado neles


(Ex 14.17,18).

O texto bíblico diz que o Anjo do Senhor, que ia diante


do exército de Israel, se retirou para trás deles. Assim, a
coluna de nuvem que guiava os israelitas se colocou entre os
exércitos egípcios e o povo de Israel, de modo que eles não
puderam se aproximar. Ao mesmo tempo em que a coluna
esclarecia a noite para os israelitas, ela também escurecia o
campo de visão egípcio (Ex 14.19,20). Tudo isso era uma
manifestação da própria Presença de Deus.

Moisés seguiu a ordem divina, e o Senhor fez soprar um


vento oriental que separou as águas do Mar Vermelho. Além
disso, o poder de Deus também foi notório ao manter as águas
divididas até que todo o povo de Israel atravessasse o mar
(Ex 14.21, 22).

De acordo com o texto de Êxodo 14, tão logo os egípcios


entraram no mar atrás dos israelitas. Inclusive, eles
conseguiram chegar até o meio do mar (Ex 14.23). Mas na
vigília da manhã, isto é, entre às duas horas da madrugada e
seis horas da manhã, o Senhor na coluna de fogo e de nuvem
confundiu o exército egípcio e emperrou as rodas de seus
carros para que eles andassem com dificuldade. Nesse ponto,
os egípcios reconheceram que tinham de fugir, porque o Senhor
estava pelejando por Israel (Ex 14.24,25).

O Julgamento Contra os Egípcios no Mar (v.v. 26-31).

Quando os egípcios estavam no meio do mar, o Senhor


ordenou que Moisés estendesse a mão sobre o mar para que as



águas voltassem ao seu lugar e, assim, engolissem os egípcios


com seus carros e cavaleiros (Ex 14.26). Moisés fez conforme
o Senhor lhe falou, e o mar, ao romper da manhã, voltou com
suas águas ao lugar cobrindo os egípcios (Ex 14.27).

A destruição sobre os egípcios foi tão grande que nenhum


deles conseguiu sobreviver (Ex 14.28). Por outro lado, os
israelitas passaram pelo meio do mar a pé enxuto, e as águas
foram mantidas sobre eles como dois muros à direita e à
esquerda (Ex 14.29). E foi assim que Deus livrou Israel da
mão dos egípcios, de modo que os israelitas depois puderam
ver os egípcios mortos da praia do Mar Vermelho (Ex 14.30).

Diante de tudo isso, o texto de Êxodo 14 termina dizendo


que Israel contemplou o grande poder de Deus, e assim temeu
ao Senhor, confiou n’Ele e reconheceu a liderança de Moisés
(Ex 14.31).

Essa confissão de fé, porem, não foi duradoura, pois a


sequência da história bíblica revela que ainda no deserto os
israelitas chegaram a apostatar. Consequentemente, aquela
geração do êxodo recebeu o castigo de Deus e foi impedida de
entrar na Terra Prometida (Nm 14). Esse comportamento
reprovável foi relembrado como uma importante advertência
para as gerações posteriores e até mesmo para a Igreja no
Novo Testamento (Sl 95; 1Co 10.5; Hb 3-4).

Capítulo 15: A Poesia Profética de Moisés.

Êxodo 15 é o capítulo da Bíblia que registra o cântico


de Moisés após o livramento dos israelitas das mãos dos



egípcios. O estudo bíblico de Êxodo 15 ainda revela mais um


milagre operado pelo Senhor ao tornar águas amargas em doces
para saciar a sede do povo de Israel.

Esboço de Êxodo 15:

v.v. 1 a 19: O cântico de Moisés.

v.v. 20,21: Antífona de Miriã e das mulheres israelitas.

v.v. 22 a 27: A transformação das águas amargas em


doces.

A Poesia de Moisés (v.v.1-19).

Êxodo 15 começa relatando que Moisés entoou um cântico


ao Senhor junto aos filhos de Israel (Ex 15.1). E então o que
se tem na sequência é o registro de um poema com
características únicas no Antigo Testamento. O poema cantado
foi composto na primeira pessoa do singular, mostrando que de
fato se tratou de um cântico de Moisés.

Basicamente, esse cântico de Moisés é um cântico de


vitória que expressa louvor a Deus por seus atos salvadores
ao ter tirado os israelitas do Egito com mão forte. Alguns
críticos já tentaram questionar a autoria desse cântico por
parte de Moisés, mas as expressões empregadas no texto do
poema são condizentes com o período mosaico.

Além disso, o restante do testemunho bíblico aponta para


a autenticidade mosaica desse cântico, ao ser relembrado em
outras partes do Antigo Testamento como um tipo de cântico de





todo Israel (Sl 118.14; Is 12.2). Até mesmo no Novo


Testamento o cântico aparece sendo entoado pelos crentes
fieis (Ap 15.3).

Falando do cântico em si, em sua primeira parte o autor


bíblico apresenta Deus como o Guerreiro divino e invencível
que triunfou gloriosamente sobre os inimigos do seu povo
dando livramento aos que são Seus (Ex 15.1-3). O cântico
enfatiza como Deus impôs uma derrota esmagadora aos egípcios
lançando Faraó e o seu exército no mar (Ex 15.4,5).

Em seguida, o cântico relembra que ninguém é páreo para


o poder de Deus. O Senhor é imensuravelmente poderoso, e
executa soberanamente os seus propósitos. Os inimigos do povo
de Deus podem até planejar a vitória, mas no final encontram
apenas ruína. Assim, nenhum dos deuses adorados pelas nações
pode ser comparado ao único e verdadeiro Deus de Israel (Ex
15.6-12).

Já a segunda parte do cântico destaca o poder de Deus em


estabelecer o povo de Israel em sua terra da promessa. Os
atos poderosos de Deus fizeram com que os habitantes da terra
de Canaã estremecessem, deixando claro que o Senhor é quem
reinará para sempre (Ex 15.13-19).

Miriã e as Demais Mulheres israelitas (v.v.20,21).

No contexto da celebração da vitória do Senhor em favor


de Israel, Êxodo 15 relata a adoração das mulheres israelitas
lideradas por Miriã, irmã de Moisés e Arão. O texto bíblico



diz que Miriã tomou um tamborim e todas as mulheres saíram


atrás dela tocando instrumentos e dançando.

Durante a celebração, o texto bíblico diz que Miriã lhes


respondia: “Cantem ao Senhor, porque triunfou gloriosamente e
lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro” (Ex 15.21).

A Transformação das Aguas Amargas em Doces (v.v. 22-27)

A última seção de Êxodo 15 registra a jornada dos


israelitas a partir do Mar Vermelho para o deserto de Sur, a
noroeste da península do Sinai. O texto bíblico diz que o
povo caminhou por três dias pelo deserto, e não encontrou
água (Ex 15.22).

Os israelitas chegaram a Mara, um lugar cujo significado


de seu nome comunica o sentido de “amargo”. E, de fato, as
águas de Mara eram amargas, e por isso os filhos de Israel
não podiam aproveitar delas (Ex 15.23).

Inclusive, foi em Mara que, pela primeira vez, o povo de


Israel murmurou no deserto. Isso indicava que, mesmo com toda
a demonstração do poder de Deus, o povo ainda permanecia
incrédulo. O questionamento dos israelitas contra Moisés era,
na realidade, um questionamento contra o próprio Deus (Ex
15.24).

Diante da insatisfação do povo, Moisés clamou a Deus.


Então, o Senhor mostrou a Moisés uma árvore e ele lançou-a
nas águas. Como resultado, de forma miraculosa, as águas
amargas de Mara tornaram-se doces. Em conexão com esse



episódio, a Bíblia diz que Deus deu aos filhos de Israel


“estatutos e uma ordenação, e ali os provou” (Ex 15.25).

Tudo isso serviu para preparar Israel para os


mandamentos que seriam entregues no Sinai. Deus livrou e
também provou o povo escolhido, de modo que seus propósitos
fossem cumpridos. Nesse sentido, a cura das águas amargas foi
um indicativo de que Deus é Aquele que sara o seu povo (Ex
15.26).

Por fim, a narrativa de Êxodo 15 termina com Israel


chagando a um lugar chamado Elim. A localização exata desse
lugar é incerta, mas fica claro que aquele foi um lugar de
descanso para os israelitas. Ali, eles encontraram conforto e
acamparam juntos das fontes de águas (Ex 15.27).

Capítulo 16: O Povo Reclama Carne e Pão.

Êxodo 16 é o capítulo da Bíblia que registra o milagre


operado pelo poder de Deus ao enviar o maná para alimentar o
povo israelita. O estudo bíblico de Êxodo 16 ainda relata que
naquela ocasião também ocorreu uma teofania no deserto.

Esboço de Êxodo 16:

v.v. 1 a 3: A murmuração dos israelitas.

v.v. 4 a 12: Deus anuncia o envio do maná e das


codornizes.

v.v. 13 a 21: Ocorre o milagre no deserto.






v.v. 22 a 30: O uso do maná no sábado.

v.v. 31 a 36: O significado da provisão do maná.

A Murmuração dos Israelitas (v.v. 1-3).

O texto bíblico de Êxodo 16 começa registrando a chegada


da comunidade israelita no deserto de Sim, na região sudoeste
do Sinai. Aquele era o décimo quinto dia do segundo mês após
a saída do povo do Egito (Ex 16.1).

No Egito, o povo havia visto a poderosa mão de Deus


agindo contra os egípcios como o derramamento das dez pragas.
Após terem partido de lá, o povo também presenciou eventos
extraordinários, como a travessia do Mar Vermelho. Mesmo
assim, a Bíblia diz que toda a comunidade de Israel se juntou
numa murmuração coletiva (Ex 16.2).

Os filhos de Israel reclamaram que Moisés e Arão tinham


tirado eles do Egito, onde eles podiam se alimentar à
vontade, para fazê-los morrer de fome no deserto. Os
israelitas incrédulos, chegaram a concluir que teria sido
melhor que Deus os tivesse matado no Egito (Ex 16.3).

Deus Anuncia a Providência: Maná e Codornizes (v.v. 4-12)

Apesar da ingratidão do povo, Deus mais uma vez


manifestou a sua misericórdia e avisou Moisés que faria
chover pão do céu. Esse evento miraculoso também serviria
como um teste para Israel para provar a fidelidade do povo à
Palavra do Senhor (Ex 16.4).






O Senhor também garantiu que a provisão seria constante,


e o povo iria colher uma porção diária. Porém, no sexto dia,
Deus faria cair uma porção dobrada para que pudessem se
alimentar no dia seguinte (Ex 16.5).

Em seguida, Moisés anunciou ao povo o que Deus haveria


de fazer, e explicou que a murmuração dos israelitas não era
simplesmente contra a liderança dele e de Arão, mas contra o
próprio Deus (Ex 16.6-9). E enquanto Arão, como porta-voz de
Moisés, falava aos filhos de Israel, a Bíblia diz que a
glória do Senhor se manifestou numa nuvem no deserto (Ex
16.10). Em conexão a isso, Deus também anunciou que enquanto
pela manhã o povo comeria pão que cairia do céu, durante a
tarde o povo comeria carne (Ex 16.11,12).

Mesa no Deserto (v.v. 13-21).

Tal como o Senhor falou, à tarde subiram codornizes que


cobriram o arraial de Israel; e pela manhã, quando o orvalho
evaporou, a superfície do deserto ao redor do arraial estava
coberta de uma coisa fina parecida com escamas (Ex 16.13,14).
As codornizes são pequenas aves galiformes migratórias de uma
espécie comumente contada na família da perdiz.

O texto bíblico registra que o povo não sabia exatamente


o que era aquela substância, mas Moisés explicou que aquilo
era o pão que o Senhor lhes estava dando por alimento (Ex
16.15). Moisés também ressaltou a ordenança divina de que o
maná deveria ser colhido segundo o que cada um pudesse comer
naquele dia: a medida de um gômer, cerca de 1,7 litros, de
modo que não era para ser colhida uma quantidade maior com o
objetivo de ser armazenada. Os israelitas, entretanto, mais




uma vez não deram crédito à Palavra do Senhor, e tentaram


guardar uma porção do maná para o dia seguinte. Mas essa
porção adicional estragou, e o povo não conseguiu aproveitá-
la.

O texto de Êxodo 16 ainda relata que o após o povo ter


colhido sua porção diária, o maná se derretia com o calor do
deserto (Ex 16.21). O texto bíblico não se propõe a explicar
exatamente o que era o maná. É dito que “maná” foi o nome
dado àquela substância pelos israelitas. Além dizer que o
maná se derretia com o calor, mais à frente o texto de Êxodo
16 também diz que o maná tinha um aspecto parecido com a
semente de coentro, branco e com sabor como bolos de mel (Ex
16.31); e parece que o povo comia o maná cozido no forno ou
cozido em água (Ex 16.23).

A Provisão Para o Sábado (v.v. 22-30).

No sexto dia, conforme o Senhor também havia falado, o


povo tinha autorização de colher uma porção dobrada para ser
usada no sábado, pois naquele dia de descanso o Senhor não
faria cair o maná do céu (Ex 16.22,23).

Milagrosamente essa porção adicional para o sábado não


estragava; e isso mostrava o controle minucioso de Deus na
condução daqueles eventos (Ex 16.24-26). Mesmo assim, a
Bíblia diz que alguns israelitas insistiram em sair para
procurar pelo maná no sábado, se recusando o obedecer aos
mandamentos do Senhor (Ex 16.27,28).

Esse texto bíblico também indica que a observância do


sábado semanal não foi inaugurada após os Dez Mandamentos



dados por Deus no Sinai, pois o sábado já era guardado antes


disso entre os israelitas. Portanto, os mandamentos dados no
Sinai apenas regulamentaram de forma oficial essa
observância.

O Significado do Maná (v.v. 31-36).

Por fim, Êxodo 16 termina mostrando de um lado a


incredulidade e rebeldia do povo, e do outro lado a graciosa
e misericordiosa provisão de Deus. Os israelitas queriam
comer pão e carne, e em sua infinita bondade, Deus deu ambas
as coisas a eles.

Alguns comentaristas sugerem que talvez o maná fosse uma


sustância produzida por insetos que ficavam em tamargueiras.
Essa substância ficava sólida durante a noite, e só podia ser
colhida de manhã bem cedo. Não é possível saber se essa
sugestão está correta ou não. Mas de qualquer forma, a
intervenção sobrenatural da parte de Deus não pode ser
negada; visto que ainda que o maná em si fosse uma substância
natural, a quantidade diária especificamente controlada, não
podia ser explicada por meios naturais. Além disso, o fato de
que o maná podia ser guardado apenas no sexto dia sem que
aquela substância estragasse, também era algo que dependia da
ação divina.

Outro detalhe que aponta para um feito extraordinário da


parte de Deus, é a informação de que uma porção do maná foi
separada e guardada num vaso para servir de lembrete para as
gerações futuras do poder sustentador do Senhor que cuidou
dos filhos de Israel no deserto após tê-los tirado do Egito
(Ex 16.32-34). Dessa forma, os israelitas foram alimentados

com maná durante quarenta anos, até que chegaram aos limites
da terra de Canaã (Ex 16.35,36).

Mais tarde, o Novo Testamento revela que o maná que caiu


do céu no deserto era um símbolo que apontava para o
verdadeiro maná, Jesus Cristo, o Pão da Vida que desceu do
Céu (Jo 6.26-58).

Capítulo 17: A Jornada Pelo Deserto e a Provisão de


Água.

Êxodo 17 é o capítulo da Bíblia que registra as


maravilhas que Deus realizou em Refidim. O estudo bíblico de
Êxodo 17 relata como Deus fez sair água da rocha para saciar
a sede dos filhos de Israel; bem como a grande vitória que o
Senhor concedeu ao seu povo contra os amalequitas.

Esboço de Êxodo 17:

v.v. 1 a 3: A contenda dos israelitas em Refidim.

v.v. 4 a 7: Deus faz sair água da rocha em Refidim.

v.v. 8 a 16: A vitória contra Amaleque.

A Contenda dos Israelitas em Refidim (v.v. 1-3)

Êxodo 17 começa a partir da saída dos israelitas do


deserto de Sim, onde Deus tinha alimentado o povo com o maná
e com as codornizes (Êxodo 16). Então, de acordo com as





instruções divinas, a congregação de Israel montou


acampamento em Refidim (Ex 17.1). Refidim foi a última parada
dos filhos de Israel antes de eles chegarem ao Sinai.

Porém, o escritor bíblico registra que em Refidim não


havia água para o povo. Então, a Bíblia diz que o povo
contendeu com Moisés, e exigiu que ele lhes desse água para
beber (Ex 17.2). Na verdade, àquela altura os israelitas
estavam revoltados por, supostamente, Moisés tê-los levado a
um lugar onde não havia água.

A contenda do povo não foi uma simples reclamação contra


a liderança de Moisés. O verbo “contender” aplicado nesse
texto nas versões bíblicas em português, traduz um termo
hebraico que frequentemente é aplicado com o objetivo de
comunicar a ideia de um processo judicial. Isso quer dizer
que, basicamente, o povo estava ameaçando formalmente Moisés.
Eles julgavam que Moisés era o culpado pela situação que
estavam vivendo, e por isso devia pagar. Todavia,
acertadamente Moisés questionou os israelitas por que eles
estavam contendendo com ele, e, principalmente, por que
estavam tentando ao Senhor (Ex 17.2). Em outras palavras, ao
ameaçar Moisés, o povo também estava processando o próprio
Deus.

É significativo relembrar nesse ponto que o povo que


estava acusando Moisés e tentando a Deus, era o mesmo que
tinha sido tirado poderosamente do Egito pela mão do Senhor.
Também era o mesmo povo que havia passado com os pés enxutos
pelo meio do Mar Vermelho, enquanto que os exércitos de Faraó
sucumbiram quando às águas do mar foram fechadas logo em
seguida.



Além disso, ainda era o mesmo povo que tinha sigo guiado pelo
deserto por uma coluna de fogo e de nuvem. Também era o mesmo
povo que havia acabado de ser alimentado por codornizes, e
que diariamente recebia o maná. Ainda assim, aquele povo
estava ali em Refidim, murmurando, ameaçando Moisés, e
acusando o Senhor numa clara demonstração de incredulidade.

Deus Faz Sair água da Rocha (v.v. 4-7)

Diante da revolta do povo, o texto bíblico de Êxodo 17


diz que Moisés clamou ao Senhor dizendo: “Que farei a este
povo? Só lhe resta apedrejar-me” (Ex 17.4). Essa fala de
Moisés deixa claro que a ameaça do povo era mesmo real.
Moisés entendia que sua vida estava em perigo, pois segundo o
julgamento popular, ele tinha de ser punido.

Mas ainda nesse contexto judicial, Deus resolveu dar uma


resposta ao povo. Deus ordenou que Moisés passasse adiante do
povo, acompanhado por alguns dos anciãos de Israel e
segurando o bordão que havia sido usado anteriormente para
ferir o rio (Ex 17.5).

Então, Deus falou que estaria ali diante de Moisés sobre


a rocha em Horebe, e Moisés deveria ferir a rocha, porque
dela haveria de sair água para saciar o povo. O texto bíblico
também reforça que tudo isso ocorreu na presença dos anciãos
de Israel (Ex 17.6). Nesse sentido, os anciãos foram
convocados como testemunhas, e o bordão, naquele contexto,
era o símbolo do julgamento divino manifestado contra os
egípcios.



Dessa forma, simbolicamente Deus se identificou com a


rocha e, graciosamente, recebeu sobre si o julgamento
representado pelo ato de Moisés ao ferir a rocha com o bordão
perante os anciãos de Israel. Inclusive, no Novo Testamento
essa rocha ferida por Moisés foi identificada pelo apóstolo
Paulo como um tipo de Cristo, que carregou sobre si o castigo
pelo pecado do seu povo (1Co 10.4).

Essa seção do capítulo 17 do livro de Êxodo é encerrada


com a informação de que aquele lugar em Refidim foi chamado
de Massá e Meribá, que significa literalmente “contenda” e
“testaram”, por causa da contenda dos filhos de Israel, e
porque foi ali que eles tentaram o Senhor duvidando da sua
presença no meio deles (Ex 17.7).

A Vitória Contra Amaleque (v.v. 8-16).

Depois dos eventos envolvendo a rocha, o texto de Êxodo


17 relata que Amaleque veio pelejar contra os israelitas em
Refidim (Ex 17.8). Então, Moisés colocou Josué como um tipo
de comandante do exército israelita no campo de batalha
contra Amaleque. Moisés também falou a Josué que estaria no
alto da colina com o bordão de Deus em suas mãos (Ex 18.9).

Josué escolheu homens israelitas conforme Moisés havia


lhe falado, e saiu para a batalha contra Amaleque. Enquanto
isso, Moisés subiu à colina acompanhado de Arão e Hur (Ex
17.10). Todavia, embora Josué e os guerreiros de Israel
estivessem lutando no campo de batalha, o êxito naquela
peleja dependia do Senhor. Por isso, o texto bíblico diz que
quando Moisés levantava a mão, Israel prevalecia, mas quando
ele abaixava a mão, era Amaleque quem prevalecia (Ex 17.11).




Como as mãos de Moisés eram pesadas, ele se assentou


numa pedra e Arão e Hur sustentaram as mãos de Moisés
erguidas segurando o bordão de Deus até o pôr-do-sol. Dessa
forma, o exército de Israel liderado por Josué derrotou os
amalequitas ao fio da espada (Ex 17.12,13).

Em seguida, Deus ordenou que Moisés fizesse um registro


escrito para memorial do povo, e também declarasse a Josué,
pois Ele, o Senhor, faria com que os amalequitas fossem
esquecidos para sempre (Ex 17.14). Os amalequitas eram um
povo hostil com costumes nômades que descendiam de Esaú (Gn
36.12-16).

Essa promessa de aniquilação contra os amalequitas foi


cumprida séculos depois durante o reinado do rei Ezequias
(1Cr 4.43); e os últimos descentes da família real amalequita
foram destruídos na Pérsia no tempo da rainha Ester.

Por fim, Êxodo 17 termina informando que Moisés edificou


um altar e lhe chamou: “O Senhor é Minha Bandeira”. Em
hebraico YHWH Nissi. Porquanto o Senhor guerrearia contra os
amalequitas de geração em geração (Ex 17.15,16). Ao chamar
“Jeová Nissi”, isto é, “O Senhor é Minha Bandeira”, Moisés
estava declarando que o próprio Deus era o Estandarte do seu
povo escolhido.

Capítulo 18: A Mulher de Moises e os Seus Filhos.

Êxodo 18 é o capítulo bíblico que registra o encontro


entre Moisés e seu sogro, Jetro. O estudo bíblico de Êxodo 18
ainda mostra como Moisés foi aconselhado por Jetro a escolher
auxiliares para ajudá-lo na liderança dos israelitas.




v.v. 1 a 12: O encontro entre Moisés e Jetro.

v.v. 13 a 27: O conselho de Jetro para a escolha dos


auxiliares de Moisés.

O Encontro entre Moisés e Jetro (v.v. 1-12).

Êxodo 18 começa relatando que Jetro, o sogro de Moisés,


ouviu tudo o que o Senhor havia feito a Moisés e a Israel.
Ele soube a respeito de como Deus tirou os filhos de Israel
do Egito (Ex 18.1). Jetro é apresentado no texto bíblico como
um sacerdote de Midiã. Em outra passagem bíblica, ele é
chamado pelo nome Reuel (Ex 2.18). Essa variação de nomes não
se trata de uma contradição bíblica, mas de algo
relativamente comum naquele tempo.

Midiã, o local onde Jetro morava, ficava nas


proximidades do Monte Sinai, e o encontro entre Jetro e
Moisés aconteceu justamente quando o povo israelita chegou
àquela região. O texto bíblico diz que Jetro trouxe ao
acampamento de Israel no Sinai a Zípora, esposa de Moisés,
junto dos dois filhos do líder hebreu, Gerson e Eliézer (Ex
18.2-5). Parece que em algum momento na sequência dos eventos
do êxodo israelita do Egito, Moisés enviou sua família de
volta a Midiã, talvez por proteção.

Em Êxodo 18 fica claro que Moisés recebeu Jetro com


muito respeito (Ex 18.7). Dentro de uma tenda, Moisés relatou
ao seu sogro tudo o que Deus havia feito a Faraó e aos
egípcios para livrar o seu povo escolhido (Ex 18.8).




Jetro, por sua vez, ficou muito feliz com o que ouviu, e
rendeu graças ao Senhor (Ex 18.9,10). Em conexão a isso,
Jetro ainda fez uma declaração de fé no Deus de Israel, ao
dizer: “Agora, sei que o Senhor é maior que todos os deuses,
porque livrou este povo de debaixo da mão dos egípcios,
quando agiram arrogantes contra o povo” (Ex 18.11).

Não é possível saber se essa declaração de Jetro foi a


expressão do início de sua fé no Deus de Israel, ou o
desenvolvimento de uma fé que já havia brotado antes (2Rs
5.15). Seja como for, o fato é que Jetro ofereceu holocausto
e sacrifícios ao Senhor, e Arão e os anciãos de Israel
participaram da comunhão com ele (Ex 18.12).

O Conselho de Jetro (v.v. 13-27).

Êxodo 18 também relata que, no dia seguinte, Moisés se


assentou para julgar as demandas do povo de Israel. Essa
tarefa durou o dia todo (Ex 18.13). Jetro, ao observar isso,
questionou Moisés a respeito do que ele estava fazendo (Ex
18.14). Então, Moisés explicou a Jetro que o povo se reunia
diante dele buscando a orientação do Senhor. Quando havia
alguma questão entre o povo, cabia a Moisés julgar a causa e
a ensinar os estatutos e as leis de Deus (Ex 18.16).

Mas Jetro percebeu que aquele processo não estava bom


(Ex 18.17). Ele disse a Moisés que se continuasse fazendo as
coisas daquela maneira, ele e o povo iria desfalecer. Em
outras palavras, aquela tarefa era pesada demais para uma
pessoa sozinha (Ex 18.18).




Dessa forma, Jetro deu um importante conselho a Moisés


para que ele pudesse continuar a representar o povo diante de
Deus, ensinando as leis divinas aos israelitas e guiando-lhes
pelos caminhos corretos (Ex 18.19,20).

O conselho de Jetro consistia na organização


governamental do povo israelita. Ele falou para Moisés
procurar dentro o povo homens moralmente qualificados e
tementes a Deus, com a finalidade de colocá-los como líderes
de subdivisões do povo. Assim, esses homens poderiam dividir
com Moisés a tarefa de julgar as demandas dos filhos de
Israel. Apenas as questões mais complicadas é que deveriam
chegar a Moisés; e dessa forma a tarefa de Moisés na
liderança de Israel seria mais tranquila (Ex 18.21-23).

O texto bíblico diz que Moisés escutou o conselho de


Jetro e separou homens capazes de todo o Israel para serem
chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta e chefes de
dez (Ex 18.24,25). Esses homens dividiram a carga com Moisés,
e julgaram toda causa simples que surgia no meio do povo (Ex
18.26). E por fim, Jetro se despediu de Moisés e retornou
para sua terra (Ex 18.27).

Capítulo 19: Deus Fala Com Moisés no Monte Sinai.

Êxodo 19 é o capítulo da Bíblia que narra o encontro de


Deus com Moisés no Monte Sinai. O estudo bíblico de Êxodo 19
revela o contexto dos eventos que antecederam o registro dos
Dez Mandamentos do Senhor ao seu povo.

v.v. 1 a 6: Deus fala com Moisés.







v.v. 7 a 15: Moisés transmite a Palavra de Deus ao povo.

v.v. 16 a 25: Deus se revela no monte.

Deus Fala com Moisés (v.v. 1-6).

O texto de Êxodo 19 começa informando que os israelitas


chegaram ao deserto do Sinai vindos de Refidim, no primeiro
dia do terceiro mês após terem saído do Egito (Ex 19.1,2). O
povo de Israel ficou acampado naquela área durante onze meses
(Nm 10.11).

Enquanto Israel estava ali, tão logo Moisés subiu ao


Monte Sinai para se encontrar com Deus e receber a sua
instrução (Ex 19.3). Moisés estava mais uma vez no mesmo
local em que Deus havia se revelado a ele numa sarça de
ardente (Ex 3.1).

O deserto do Sinai ficava no Sudoeste da península do


Sinai, e o local exato onde ficava o monte que serviu como
cenário para as instruções divinas a Moisés tem sido alvo de
muitos debates entre os estudiosos ao longo dos séculos. As
posições mais tradicionais sugerem que o Monte Sinai era a
atual montanha de Gebel Musa ou a montanha de Gebel Serbal.

De acordo com o relato bíblico, Deus ordenou que Moisés


falasse aos filhos de Israel a respeito de como eles tinham
sido poderosamente conduzidos para fora do Egito, e trazidos
junto a Ele (Ex 19.4). Em outras palavras, Deus havia livrado
Israel dos egípcios, e adotado o povo para si (Gn 17.7).




Agora, o Senhor também estava conclamando o povo a ouvir


sua voz e a guardar a sua aliança. Dessa forma, Israel seria
sua propriedade peculiar entre todas as nações, apesar de
toda a terra pertencer ao Senhor. Em outras palavras, Israel
seria o tesouro pessoal de Deus, separado do mundo. Nesse
sentido, Deus ainda prometeu que Israel seria um reino de
sacerdotes e uma nação santa (Ex 18.5,6).

Essa promessa feita a Israel na Antiga Aliança,


encontrou o seu cumprimento pleno na Igreja na Nova Aliança.
Os redimidos por Cristo foram feitos reis e sacerdotes,
geração eleita e povo exclusivo do Senhor (1Pe 2.9,10; Ap
1.6; 5.10; 20.6).

Moisés Transmite a Palavra de Deus ao Povo (v.v. 7-15)

Em seguida, Êxodo 19 registra que Moisés chamou os


anciãos do povo e informou a eles todas as palavras que Deus
lhe comunicou (Ex 19.7). Consequentemente, o povo respondeu
às ordenanças do Senhor se comprometendo a fazer tudo o que o
Senhor tinha lhes falado, e Moisés relatou a resposta do povo
ao Senhor (Ex 19.8).

Então, Deus avisou a Moisés que se revelaria a ele numa


nuvem escura para mostrar ao povo que a aprovação divina
estava sobre ele (Ex 19.9). Deus também ordenou que Moisés
fosse ao povo e o consagrasse. Os israelitas tinham de lavar
as suas vestes e ficarem prontos no terceiro dia, porque o
Senhor haveria de descer sobre o Monte Sinai à vista de todo
o povo (Ex 19.10-11).



Mas Deus instruiu a Moisés para que ele estabelecesse


limites em torno do monte para que ninguém se aproximasse,
pois quem tocasse no monte seria morto. Podia ser uma pessoa
ou até mesmo um animal, quem tocasse no monte seria
apedrejado ou morto a flechadas. Apenas depois que a corneta
soasse um toque longo o povo teria permissão para subir ao
monte (Ex 19.13).

Moisés fez assim como Deus o havia ordenado. O povo foi


purificado, suas vestes foram lavadas, eles se abstiveram de
contatos sexuais, e todos ficaram prontos para o terceiro dia
quando o Senhor haveria de se revelar (Ex 19.14,15). Aquele
foi um momento singular, pois foi a véspera de uma teofania,
ou seja, foi a véspera de uma manifestação especial e visível
de Deus.

Deus Se Revela no Monte (v.v. 16-25).

Êxodo 19 diz que assim como o Senhor havia prometido,


logo no amanhecer do terceiro dia Ele se revelou ao povo.
Houve trovões, relâmpagos, uma densa nuvem cobriu o monte, e
foi ouvido um ressoar muito forte de trombeta, de maneira que
todos que estavam no acampamento tremeram de medo (Ex 19.16).

Rapidamente Moisés levou o povo para fora do acampamento


para se encontrar com Deus, e os israelitas ficaram juntos ao
pé do monte (Ex 19.17). De acordo com o texto bíblico, o
Monte Sinai estava coberto de fumaça como se houvesse uma
fornalha ali, todo o monte tremia violentamente, e o ressoar
da trombeta ficava cada vez mais forte (Ex 19.18,19).



O Senhor desceu ao topo do Monte Sinai para falar com


Moisés. Deus chamou Moisés para o alto do monte, e
obedientemente ele subiu (Ex 19.20). Naquela ocasião, mais
uma vez Deus ordenou que Moisés alertasse aos israelitas para
que ninguém ultrapassasse os limites estabelecidos, mas
muitos deles acabaram morrendo (Ex 19.21).

Nem mesmo aqueles que estavam envolvidos mais


diretamente com o culto ao Senhor naquele tempo, poderiam se
aproximar, sob o risco de serem fulminados. Então, Deus
ordenou que Moisés descesse para avisar o povo, e depois
tornasse subir o monte novamente acompanhado de Arão (Ex
19.22-25).

Muitos críticos do texto bíblico procuram contestar


qualquer evento sobrenatural descrito em Êxodo 19. Para essas
pessoas, esse capítulo bíblico apenas narra a reação de um
povo antigo sem muito conhecimento dos fenômenos da natureza,
diante de algum tipo de erupção vulcânica.

No entanto, todo o contexto dos acontecimentos


registrados em Êxodo 19 mostra que nenhum fenômeno natural é
capaz de explicar aquele evento. Definitivamente, nenhuma
tempestade ou erupção vulcânica pode transmitir leis a um
povo, e muito estabelecer uma aliança capaz de marcar
radicalmente a história de uma nação. Êxodo 19 simplesmente
descreve uma manifestação especial do próprio Deus aos
homens, e isso não depende do que pensam os incrédulos.

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