Sarcaardente

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Sarça ardente
Rosalee M. Appleby
*1966*
“O único poder que seria capaz de arrancar os apóstolos do cenáculo com portas fechadas, e
que de fato o fez, libertando-os para que entregassem ao mundo a sua mensagem, era o
Pentecostes. Não foi suficiente para eles terem visto Jesus em pessoa; Tê-lo ouvido dizer: "Paz
seja convosco"; A presença de Jesus e sua ordem não bastaram, pois uma semana mais tarde,
nós os encontramos de portas trancadas; Suas promessas não foram suficientes, só o Pen-
tecostes realizou o milagre. E isto porque, até o Pentecostes, tudo estava em torno deles pelo
lado de fora, de maneira objetiva. Eram coisas que eles tinham visto ou que lhes foram ditas, ou
se passaram na sua presença. Não Estavam Neles.
No Pentecostes o Evangelho passou a fazer parte integrante de sua vida — o que tinham visto e
ouvido e o que eles eram, unificou-se e, em conseqüência, tornaram-se apóstolos irresistíveis
possuídos de estranha paixão pelo Evangelho.” - Stanley Jones - O Cristo de Todos os Caminhos
"Acrescento aqui uma palavra de testemunho pessoal. Ninguém que está a serviço do próximo
escapa à crítica. Eu tenho lido o meu quinhão. A princípio a crítica me feria acerbamente. Mas
agora, quando surge a crítica, eu me pergunto a mim mesmo: Será Verdade? Se é, eu procuro
aceitar a crítica e tirar dela o máximo proveito. Deste modo, os críticos são "os guardas gratuitos
de minha alma". E a crítica não é verdadeira, ainda posso usá-la. Posso usar o fogo do criticismo
injusto para queimar minha vaidade e fazer-me livre". Stanley Jones

“Quando Pascal morreu. Encontraram costurados num pedaço de pano sobre o seu coração as
palavras: "Certeza! Fogo! Gozo! Paz! Esqueço-me do mundo e tudo o que nele há exceto Deus.
Pai Santo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci! Gozo, gozo, gozo! Lágrimas de gozo!
Jesus, Jesus, eu me afastei dele, renunciei-o e o crucifiquei, mas agora me submeto
absolutamente a Cristo, meu Redentor"! Stanley Jones

ÍNDICE

1. Introdução 10. Cristo levantado como poder


transformador do mundo
2. Dedicatória
11. O Deus eterno te seja por habitação
3. Prefácio
12. Jesus é o mesmo sempre
4. A Sarça que queima outra vez
13. Ele acendeu a minha lâmpada
5. Se Evan Roberts estivesse vivo
14. Amas a Verdade no íntimo
6. Aurora de um avivamento
15. Se soubésseis o que Ele tem para dar-vos
7. Mas os que esperam no Senhor
16. Não conheceste o tempo da tua visitação
8. Um Sermão afamado
17. Oração
9. Não haja silêncio em vós
18. Este livro nas Tuas Mãos
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1. INTRODUÇÃO - São Paulo, 28 de setembro de 1965 - Enéas Tognini


Mais um livro de D. Rosalee M. Appleby. Mais uma colaboração dessa dedicada serva do Senhor
para apressar o dia glorioso do Avivamento no Brasil. Sarça Ardente foi escrito com os joelhos
de um coração que ama esta terra; que ama este povo; que está profundamente apaixonado
pelas almas perdidas; que não cessa de pedir ao Todo-Poderoso que derrame o seu Santo
Espírito sobre esta terra. Esperamos que Sarça Ardente cumpra com fidelidade o seu escopo.
Centenas de orações sobem ao Trono da graça, suplicando aos céus que as mensagens deste
livro sejam bênçãos para o nosso povo, libertação para os cativos, luz para os que não vêm, asas
para os que rastejam na fé, poder para os fracos e vida para os que estão mortos. É a nossa
oração pelo ministério de Sarça Ardente.

Todos os Versos que aparecem neste livro são de autoria de D. Stela Dubois.

Cabe aqui uma palavra de gratidão e amor à memória de Dave Rowland - Roxis - Mississipi - U. S. A.

Também uma palavra de reconhecimento à liberalidade de Ary Velloso Da Silva, que auxiliou a
publicação de Sarça Ardente.

Agora, Senhor Todo-Poderoso, toma Sarça Ardente nas Tuas mãos, para que seja bênção para
milhares e milhares de servos Teus, nestes dias de trevas, de confusão e tristeza, e possa
glorificar o nome santíssimo do Senhor Jesus.

2. DEDICATÓRIA
A Stela Câmara Dubois, cuja amizade, solidificada em Cristo, é uma parte dos meus sonhos com
as suas doces reminiscências; é uma parte das melodias da vida com os seus cânticos de vitória;
por isto, eu Te Agradeço, Senhor, esses trinta e oito anos de mútua colaboração para O Teu
Serviço. Rosalee Appleby

3. PREFÁCIO
A SARÇA ARDENTE
Arde a sarça na areia do deserto e as labaredas sobem! Que é isto, meu Deus?!
O fogo não se apaga e o vento o açoita ferozmente!
Passo a passo vou chegando mais perto para ver, quando uma Voz me fala:
É o meu Poder! É o meu Poder, oh sim, sobre esta vida que se entregou a Mim, crucificando-se
como Eu fui crucificado!
Com reverência e devoção, tiro os sapatos das minhas dúvidas, ajoelho-me e tremo, destruo os
preconceitos e o julgamento humano.
Senhor! Tu falas através das vidas! Oh, quão amoroso e imenso e infinitamente! Bom És Tu!
E me ponho a escutar a Voz de Deus, retumbante e magistral, através da sarça que arde e não
se queima no meio do areal! Vai! Tira o Meu Povo da escravidão do Egito!
A Voz soou mais alto e se multiplicava em melodias:
Vinde! Vinde, ó todos que me podeis ouvir! Sede os Moisés desta hora e correi! Meu povo
clama por Mim e Eu o escuto! Pede-me a liberdade, o livramento, a percepção, enquanto o
Inimigo astuto as suas hostes mobiliza!
Vinde! Vinde, ó vós que tendes ouvidos para ouvir! Sou O Senhor dos Exércitos!
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E a chama não se consome! Curvo-me e escondo o rosto, com a alma incendiada! Deus fala e
repreende e brada: Tira o Meu Povo!
Tira-o das garras da incompreensão e do medo e do servilismo e dos gozos fúteis e das
comodidades! Tira-o das arremetidas do Século Atômico! Tira-o das bombas destruidoras! Tira-
o das feras Falta de amor! Tira-o do Egoísmo, pai do Orgulho e da Presunção!
Oh! Que maravilhosa visão! Que visão extraterrena quando levanto os olhos!
Não é mais uma pequena moita de sarça a arder sobre a montanha. É uma visão tamanha, de
muitas e muitas sarças a gerar centelhas e mais centelhas, cada vez mais crescendo, cada vez
mais aumentando e subindo e se transformando em fogueiras enormes, espalhadas aqui, ali,
além e mais além, por todo o deserto deste mundo! VIDAS!
Vidas humilhadas, quebrantadas, submissas, palhas e nonadas que sacrificaram o Eu, e se
entregaram e se abandonaram às Mãos do Fogo Eterno!
Visão deste Dia de Impactos! Visão deste Momento de Batalha Decisiva para o Despertamento
do Evangelho no Brasil!
Visão de Deus, chamando e conclamando milhares de Moisés, ministros Seus, portas-bandeiras
da Sua Mensagem!
Venha, agora mesmo, todos os Moisés fugitivos que vos escondeis na Midiã dos respeitos
humanos!
Deus vos chama, através das sarças ardentes das outras vidas!
Escutai-Lhe a Voz! Escutai-Lhe a Voz de comando!
Ela Se faz Trovão nas vossas consciências! E ficais surdos e emudeceis.
Mas a Visão não passa! Ela continua terrível, na faina desafiadora, às vezes ameaçadora, dos
Chamamentos de Deus!
E continuará, abrindo olhos, ouvidos e corações, com as Chaves do Minuto e da Eternidade!
STELA DUBOIS
Jaguaquara - Bahia, julho de 1965

4. A SARÇA QUEIMA OUTRA VEZ


Jacó e José passaram. As panelas de carne do Egito se tornaram mais preciosas do que a terra
prometida. A liberdade se empanou. Sofrimento intolerável parecia o destino do povo
escolhida. Até o nome de seu Deus era esquecido por muitos. O líder em quem havia esperança
de livramento, se tinha conformado com a vida medíocre de pastor no deserto de Midiã.
Em tal tempo como esse, apareceu-lhe o anjo do senhor em uma
Chama de fogo!
Séculos inteiros se foram depois, sem um profeta de Deus. A nação de Israel mais uma vez se
achou limitada. Os romanos são os seus dominadores. Eles se submetiam a um jugo
estrangeiro. A religião suprema do povo de Israel parece agora um ritual morto. As Escrituras
foram, invalidadas pela interpretação dos homens. Seus líderes são "condutores cegos". A
Verdade Viva está desconhecida.
Em tal tempo como esse, apareceu-lhe o anjo do senhor em uma
Chama de fogo!
Foi anunciado a Maria o nascimento do Salvador: "Novas de grande alegria". Tempos de
refrigério. Rios no deserto. O Filho de Deus, o Deus-Filho vivendo entre os seres humanos, para
mostrar-lhes o Pai. Depois a Vitória do Calvário, a Apoteose do Pentecostes e os apóstolos indo
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pelas nações, "ensinando-as a guardar todas as coisas" que Jesus ensinara. Cumpria-se a palavra
da profecia divina: "Viverá tudo por onde quer que entrar este ribeiro!"
Acusados de "alvoroçar o mundo", continuaram, prosseguiram firmes, fazendo florir o deserto e
povoar o ermo, com as vidas transformadas, revestidas, cheias de poder.
Essa estrada de experiências ricas chegou ao término. Era o lance comum da História que se
repetia. As verdades espirituais só poderão ser entendidas, se experimentadas. E desde que não
eram experimentadas, cessaram de ser vividas e ensinadas. Enquanto essas verdades foram
fundamentais na vida cristã, o Cristianismo era um Credo. Mas quando as verdades
fundamentais foram negligenciadas, vieram os sacramentos e os ritos para substituí-los. Assim
as formalidades tomaram o lugar da operação de Deus nas almas dos homens.
A escuridão da longa noite da Idade Média estendeu sobre o mundo as suas negras cortinas.
- De 395 - com a queda do Império Romano,
- Até 1453, - com a tomada de Constantinopla pelos turcos, o Evangelho de Cristo ficou entre o
nevoeiro e as sombras da escolástica e das filosofias greco-romanas.
Mas... Em tal tempo como esse, apareceu-lhes o anjo do senhor em
uma Chama de fogo!
Deus, pela Sua infinita misericórdia, acendeu a sarça no meio do deserto e do caus. Apareceram
os reformadores, os reavivalistas, homens de grande coragem, cheios do Espírito Santo, tais
como Savonarola, João Huss, João Knox, Wycliffe, Tyndale, Lutero, Wesley, Edwards, Finney,
Moody, etc.
Em cada uma dessas épocas do Despertamento Espiritual, uma doutrina bíblica foi ressaltada e
erguida como flâmula no meio do Organismo da Verdade, restaurando aquelas verdades que
haviam sofrido mutilações no cânon do ensino do Mestre. Quando a Bíblia traduzida e seus
ensinamentos não se coadunavam com a doutrina humana corrente nos dias de Wiliam Tyndale,
então esse homem foi tido como herege e queimado vivo num poste.
Deus, na Sua sabedoria, trouxe ondas e ondas de reforma nos períodos mais obscuros da
História, usando os Seus próprios meios para o esclarecimento do povo, trazendo um senso
profundo de dissatisfação a muitos corações.
James Burns descreve a situação:
"Um período de obscuridade sobreveio, com um cansaço e uma exaustão invadindo as almas, às
quais os prazeres do mundo não satisfaziam pelo que ficaram num profundo dissabor. Com as
almas enfermas, os homens se voltaram em soluços para Deus; pouco a pouco se acordavam
para a consciência de que, trocando as alegrias celestiais pelas terrenas, eles sofreriam uma
perda irremediável; e que, no destino da visão espiritual, o mundo perderia a fonte do encanto
ou da satisfação íntima. Vagarosamente essa enfermidade cresceu e os corações dos homens
começaram a clamar por Deus, pela segurança espiritual, pelas visões do Evangelho primitivo.
Como se começasse por um débil gemido, essa dor se foi multiplicando e alargando até chegar
a uma necessidade imprescindível ao coração humano; na sua urgência, parecia bater com
violência nos portões do Céu!
"Dentro da própria Igreja, nos tempos da apostasia, houve muitos que "não dobraram os seus
joelhos a Baal", que choravam a perda do poder espiritual da Igreja e não cessavam de orar
fervorosamente pelo seu reavivamento. Por muito tempo esses clamores pareciam não ser
ouvidos por Deus; deduziam eles, por vezes, que o Pai Se havia esquecido de ser
misericordioso! Gradualmente, porém, o número dos que clamavam aumentou e assim orações
mais urgentes e mais confiantes da necessidade suprema de um batismo de poder espiritual se
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tornaram evidentes. Eles se viram a braços com esse desejo intenso de poder espiritual que
mais e mais crescia nos seus corações. O anseio por melhores coisas era uma espécie de dor
profunda. Os homens começaram a reunir-se em oração. Não cessavam de importunar a Deus,
dia e noite, muitas vezes com lágrimas angustiantes, rogando-Lhe a visitação com o poder
divino nas almas dos crentes submissos e o Seu derramamento sobre as cisternas vazias numa
poderosa inundação de vida espiritual. Em muitas e diferentes partes, de todo desconhecidas
uma da outra, esse espírito de intercessão despertava, — e com uma esperança que jamais seria
negada, — um presságio de aurora de melhores dias".
Era um retorno ao Novo Testamento. Uma restauração dos ensinos originais de Jesus, uma
experiência daquilo que os cristãos do Novo Testamento experimentaram e então a fé e o
entendimento espiritual do que o Mestre ensinou:
A sarça ardente de deus era, mais uma vez, acesa!
Burns descreve os preparativos do Reavivamento Inglês, originado pelo Espírito Santo de Deus
que ama e Se compadece do mundo aflito:
"A consciência nacional, por tanto tempo adormecida, começa a despertar pouco a pouco. Os
homens ficam enfermos diante da descrença reinante; uma espécie de constrangimento e de
intranqüilidade vai despontando com uma sede ardente por melhores situações. Na noite do
pecado, em meio às paixões e deboches, os homens haviam se esquecido de Deus, porém,
quando a noite passou e a aurora vinha raiando, eles chegaram a compreender o sentido de sua
miséria, a vergonha de sua má conduta, a consciência em convulsão de quão longe se haviam
extraviado e a uma pungente aversão e desgosto de si mesmos. E ainda mais carência havia.
Para que a esperança e a alegria viessem a uma época exausta e prejudicada pela corrupção, era
imprescindível um Reavivamento.
“Os homens almejavam o sopro de Deus sobre a terra, para varrer dela os miasmas e sanear a
sua atmosfera pesada e envenenada, trazendo o sol glorioso da Presença Divina e o gozo e o
refrigério de uma fé viva. Mais uma vez a natureza humana era esclarecida sobre a dureza do
caminho dos transgressores; era esclarecida, sim, que o pecado não tem o domínio no coração
humano e que, para a alma humana, não há repouso perfeito senão em Deus.
"Gradualmente o anseio por coisas mais excelentes cresceu no coração dos melhores homens e
mulheres da época e o clamor, mais uma vez, subiu a Deus, cheio de súplica ardente por
perdão, por um revestimento do poder, por um despertar vivo rumo à bem-aventurança da vida
espiritual. Esse grito foi ouvido. À hora e o homem chegaram. Para a vida da Inglaterra daquele
século, para dominá-la, inspirá-la, aparece à figura empolgante de João Wesley. No meio do
vale dos ossos secos, os primeiros indícios de vida reavivada começam a aparecer; a dureza da
morte é quebrada e a agitação para que os ossos secos se ajuntem, se ergam, revistam-se, de
vida e excedam a uma grande multidão, principia a ser pressentida".
E eis que a sarça ardia no fogo e a sarça não se consumia.
Façamos presenciado este cenário rico de bênçãos em nosso amado Brasil.
Um século inteiro quase já se foi desde que o Cristianismo evangélico veio até nós. Muitos
grandes homens de Deus plantaram a semente e a regaram nesta linda terra. Entretanto, os
tempos desesperados do mundo de hoje requerem um antídoto maior do que um Cristianismo
sobre níveis humanos. Para esta hora de desespero é mais urgente, mais adequado, apresentar
a intervenção de um Deus onipotente; de um derramamento do céu; do melhor da parte divina
quando o pior da parte satânica está sendo demonstrado.
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Que o Santo Espírito de Deus possa fazer-nos entender "quais as riquezas da Sua herança nos
santos... e qual a sobreexcelente grandeza do Seu poder sobre nós". Possa Ele aprofundar em
nosso coração o AMOR do Santo Paráclito, para compreendermos "com todos os santos qual
seja a largura e o comprimento e a altura e a profundidade e conhecermos o amor de Cristo
que excede a todo o entendimento".
Que o Senhor levante as nossas igrejas para uma visão nova, para uma compreensão nova na
esfera espiritual e um novo poder para viver e servir.
"Será que a Igreja de Deus se contentará com a metáfora em lugar da força; com os vitrais
coloridos e os alampadários em lugar das energias onipotentes do Santo Espírito? Pela graça
maravilhosa, levaremos ao mundo sofredor a cura em vez do paliativo; a fortaleza em vez da
pusilanimidade; e os mensageiros da Redenção completa, ungidos em vez de canonizados? As
energias do Espírito imutável estão em disponibilidade diante da carência desesperada deste
mundo e diante do desejo de cada coração humilde".
Pelo Brasil inteiro a sarça de Deus está queimando. Os apelos do Santo Espírito estão sendo
ouvidos por muitos. Os fios para o céu estão sendo postos em comunicação. Há "um estrondo
de marcha pelas copas das amoreiras". A profundidade vai a busca de outra profundidade, ou,
como nos diz a Palavra: "Um abismo chama outro abismo". Uma fome pela realidade de coisas
espirituais se apodera de muitas almas crentes. Inegavelmente o Senhor Deus está derramando
o Seu bendito Espírito. Há clangôres de trompas e clarins anunciando a HORA!
Que teria acontecido se Moisés tivesse falhado de ver mais longe do que uma sarça
queimando? Senão se houvesse despertado para o Eterno e o Sobrenatural diante das flamas da
sarça do deserto? Talvez tivesse perdido a glória que se irradiou há mais de três mil e
quinhentos anos antes de Cristo.
E se hoje nós falharmos de entender, quem poderá prever a perda para nós próprios, para o
Brasil e quiçá para o mundo?
A sarça de Deus está queimando, vêde-a!
E dentro dela, a Voz divina, ouvi-a!
E a sarça não se consome!

5. SE EVAN ROBERTS ESTIVESSE VIVO


(Lendo a biografia deste servo de Deus, tivemos, eu e uma amiga, a
visão da entrevista que julgamos oportuna aqui descrita).
— Sr. Roberts, dê-nos algumas informações acerca do Avivamento em Gales no princípio deste
século.
— O Espírito de Deus presidiu tudo. Usou a mim, Seu humilde servo, retirando-me de todos os
caminhos seculares, para serví-Lo. Usou também nunca menos de uma centena de pastores,
evangelistas e leigos para a Sua obra. O Fogo de Deus era levado como por um vento forte,
percorrendo todo o país de Gales.
— Cite-nos alguns dos planos usados.
— O primeiro item do programa de Deus foi a Dependência Dele. O Avivamento não dependeu
de planos humanos, nem de sistemas traçados pela mente humana. Enfim, é de notar que Todo
o Plano veio Dele e nos foi revelado pela oração. Nunca, de modo algum, se usou, no Sistema
Divino, glorificar os homens. Deus era o primeiro em tudo. É verdade que o próprio Senhor
usou os instrumentos humanos, chamando-os a Si. Havia dois lados distintos: "A Espada de
Deus" e a "de Gideão". Os vasos de barro eram quebrados, esfacelados, humilhados e feitos de
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novo, pelas Suas Mãos. Ninguém que não se sentisse quebrantado, andando pelo caminho da
Cruz, isto é, da renuncia total, não foi usado por Ele.
— Sr. Evan, havia muitas contribuições, era requisitado muito dinheiro para essa obra?
— Outro item do Sistema Divino era não depender dinheiro, nem de organizações, nem de
propagandas. Ninguém pode controlar o Fogo de Deus. E ainda acrescento: Não havia hinários
previamente preparados, não havia regentes de música contratados, nem comissões, nem
grandes coros, nem famosos pregadores, nem largas ofertas, nem quaisquer ostentações
públicas. Nem mesmo eram anunciadas as reuniões. O movimento foi inteiramente controlado
pelo Espírito de Deus!
— Estamos alegres com as suas informações, mas queríamos saber um pouco mais. O senhor
tinha seus auxiliares imediatos, não era?
— Sim. Dan Roberts, meu irmão; Sydney Evan, meu particular amigo; Sam Jenkins, cantor
humilde a serviço do Senhor, bem como Misses S. A. Jones, Annie M. Rees, Anne Davies e outros
jovens. Nesse Avivamento o Senhor usou largamente jovens e crianças. Nenhum desses compa-
nheiros se dispunha a fazer coisa alguma sem sentir o impulso do Espírito Santo. Às vezes um
deles se levantava para cantar e ao invés de fazê-lo, orava ou dizia palavras de exultação. Eram
assim impulsionados pelo Divino Parácleto.
— Queira perdoar-nos, Sr. Evan Roberts, mas lemos a seu respeito que, de tal modo era sentida
no seu coração a atração do Senhor Jesus, de tal maneira era Ele o centro das suas atrações, que
o senhor se sentia constrangido com adulações, com elogios, com publicidade, enfim. E muitas
vezes o senhor se retirava das reuniões quando sentia que a atração das multidões era a sua
pessoa. Queira reportar-nos a isto.
(Aqui o Sr. Evan ficou sério e não deu resposta... Que poderia ele dizer? Se houvesse de sua
parte uma afirmativa, era como se houvesse uma aceitação... O silêncio era adamantino.)
— Queira perdoar-nos, pois lhe ferimos a delicada sensibilidade. Precisamos, no entanto, no
século em que estamos, de erguer outras flâmulas do Avivamento de Gales. O senhor se
recusava ter entrevistas com editores, escritores ou jornalistas. Recusava-se a ser fotografado. O
senhor tinha a plena consciência de que esse Avivamento era para a Glória do Senhor e não
para a glória de quem quer que seja.
(Novo silêncio. Evan Roberts não respondia.)
Algumas vezes o senhor se sentava no meio do povo sem dizer uma palavra. Apenas orava
silenciosamente com eles. Depois saíam todos, absolutamente convictos da presença do Senhor
no seu meio!
Certa vez o santo de Deus, F. B. Meyer, homem de maturidade cristã e líder de multidões, ao
assistir a uma dessas reuniões, teve a seguinte expressão: "Ele não ia na frente do Divino
Espírito, mas humildemente se conservava ao lado ou atrás, até que, ao assumir a liderança, o
fazia na plena consciência de que era movido pelo Espírito de Deus!" E o Sr. Meyer concluía:
"Que profunda lição para nós!"
(Evan Roberts balbuciou, cabisbaixo, como num sussurro)
— Tudo verdade, para a glória do Senhor, ontem, hoje e eternamente!
— Famosos cristãos, como o cigano Rodney Smith, Campbell Morgan e o General Booth, o
organizador do Exército de Salvação e muitos outros, visitaram o cenário das bênçãos. Na maior
parte das vezes, oravam e saíam dizendo poucas palavras. Ninguém se exibia. Ninguém se
elogiava, nem louvava os outros. O Espírito dominava, verdadeiramente.
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— É certo. Que ele seja louvado para sempre, através das vidas! (Evan Roberts simbolizava a
humildade de Cristo.)
— Esses homens de Deus reconheceram o fato de que o Senhor Se apresentava, não por meio
de grandes pregadores, mas por meio de pregações inspiradas. E como poderiam pregar se,
diante deles, já estava o resultado da pregação de uma vida e esta era a vida de Evan Roberts!
(Aqui vimos lágrimas nos seus olhos.)
— Cuidado, que não haja endeusamento de pessoas humanas, mesmo depois de haverem saído
do cenário da vida terrena. Se tenho algum mérito hoje, este é: Procurei, unicamente,
GLORIFICAR O SENHOR em todos os meus passos!
— Ouça-nos, Sr. Evan Roberts, cremos que o Avivamento de Gales teve as seguintes forças
atuantes:
1. A chamada de jovens e crianças.
2. A música largamente espontânea, em todas as ocasiões.
3. A oração tomando lugar saliente.
4. A agonia de corações buscando as almas perdidas.
5. O testemunho vivo de experiências individuais. Pessoas vinham de longe, da Austrália, da
Nova Zelândia e de todas as adjacências, não tanto para ouvir Evan, ou Dan ou Sydney, mas
para ouvir os dinâmicos testemunhos dos cristãos recém-convertidos!
— Ao ouvi-las citando esses fatos, — diz-nos, sorrindo pela primeira vez, o Sr. Evan Roberts, —
sinto o coração arder como se estivesse ainda no Fogo do Avivamento! Tudo foi certo, como
falam. Somente que palavras são pobres para explicar e definir o que foi realmente o
Avivamento de Gales!
— E houve críticas?
— Oh sim! Quem pode livrar-se delas? Não criticaram tanto Nosso Senhor? "Desce da cruz...
Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo..." Houve críticas e muitas. Diziam que
explorávamos o emocionalismo do povo. Isso porque havia choro, gemidos, exclamações e
mesmo gritos de tortura íntima. Sim, quando milhares de pessoas estão convictas dos seus
pecados e são gloriosamente salvas pela graça de Deus, como podem conter seus
sentimentos?!
— O senhor nos faz lembrar um poema que lemos há alguns dias:
Nas águas de uma fonte que espumam noite e dia sem roteiro,
Uma infantil mãozinha joga uma palhinha seca, de coqueiro.
E se põe a rir, porque a palha, como se estivesse eletrizada,
Saracoteia, turbulenta, agora parecendo, aos raios matinais,
Uma lâmina irisada de ouro e de cristais.
Uma palhinha, apenas, sob o contato da água poderosa,
Que força exerce e que milagre faz!
Um dia, eu provei, — por um segundo apenas,
Se contado no relógio do tempo, — a tua presença real, ó Deus-trino,
Ó Deus-clemente, a encher-me a pobre vida morna e indiferente...
Ninguém me viu, naquela madrugada, a correr e a cantar, na solitária estrada,
Erguendo os braços para o alto, como as árvores erguem seus galhos para o sol.
Ninguém me viu chorar e rir, clamar e exaltar-te o nome e ajoelhado cair:
— estou pronto, senhor! Eles aqui! Faze-me teu instrumento!
Sou o pincel nas tuas mãos! Pinta um quadro de amor!
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— É isto mesmo, — diz corajosamente Evan Roberts, alteando a voz: — Quem se prontifica a ir,
não pode olhar para trás. O caminho para Ele é como o do Calvário. É preciso renunciar a tudo.
É essa palhinha de que falou o poeta, pode ter a figura de sarças ardendo sobre a montanha.
Que era uma sarça? Uma palhinha, um rastolho, nada mais. E Deus usou-a. Deus usou a palha.
Fê-la incandescente. E ela não se consumia. Que os outros falem... Que vociferem... Que até nos
bombardeiem com as suas armas "super-atômicas".
A sarça continuará queimando. Deus continuará falando, através dos Seus servos submissos,
que se Lhe consagram inteiramente.
— Agradecemos-lhe estas palavras de animação, Sr. Evan. O senhor é uma dessas sarças que
não se queimam nunca, porque "Depois de morto ainda fala!" E as "suas obras o seguem",
como sulcos inapagáveis, pela nossa estrada. Mas, voltando ao Avivamento de Gales, houve
coisas extraordinárias, além de milagres de curas físicas, de êxtases, visões e sonhos?
— Houve coisas sagradas demais para serem publicadas e vulgarizadas. Ficaram como tesouro
nos corações.
— Sr. Evan, esta entrevista vai longa. Mas queríamos um conselho, uma sugestão. É possível
termos um Avivamento assim no Brasil?
— Perfeitamente! Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente! Estamos, enquanto o
mundo existir, na dispensação do Espírito. Ele veio, como Cristo prometeu, no dia de
pentecostes. E ficará conosco até a consumação dos séculos. As profecias se cumprirão.
"Derramarei do meu Espírito sobre toda a terra". Isto há de acontecer.
— Mas aqui no Brasil, Sr. Evan, poucos crêem, realmente. O senhor sabe que tem havido
dissensões, divisões, muitos são acerbamente criticados...
— Tudo isto precisa acontecer. Está escrito: "No mundo tereis aflições..." Há, porém, uma
promessa forte: "... e ninguém as arrebatará da minha Mão!" As senhoras crêem nisto? (E o Sr.
Evan parecia repreender-nos... Parecia exclamar, como Cristo, outrora: "Homens de pouca fé...
Por que duvidais?") Os nomes dos fieis, — continuava ele no mesmo tom de voz, — estão
escritos no Livro da Vida! E quem ousa riscá-los de lá? Podem riscar na terra... Mas que importa?
O caminho de amor, o caminho mais excelente, de que falou o apóstolo Paulo, é o que deve ser
palmilhado e nenhum outro. Que não sejam guardados ressentimentos!
— O senhor tem toda a razão. Lemos que o correspondente de um jornal daquele tempo, "The
Liverpool Post", escreveu o seguinte:
"Se me tivessem perguntado há um mês se um Avivamento seria provável em Gales, eu teria
respondido que NÃO! Parecia-me que a alta crítica havia afogado a máquina de um
Despertamento e até que a teologia fosse reformada nada poderia ser feito para destruir a
apatia religiosa reinante".
— Foi isso mesmo, — diz apressadamente o Sr. Roberts — os portões dos céus se abriram, os
diques do rio das Águas Vivas foram arrombados e o Espírito desceu, dominando, destruindo,
incendiando!
— Estamos entusiasmadas, abençoadas mesmo. E agora, recordando a carta de R. A. Torrey a
seu respeito: "Que o Senhor o conserve humilde. É tão fácil alguém orgulhar-se quando o
Espírito usa esse alguém como Seu instrumento de poder! É tão fácil pensar que somos alguma
coisa para nós mesmos e quando isso acontece o Senhor nos põe à parte. Que o irmão se
conserve humilde assim e se encha mais e mais do poder de Deus"! De modo que —
concluímos — é com a lavagem da humildade que o vaso estará pronto para ser usado. Não é
isto, Sr. Evan?
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— Justamente. E essa humildade vem depois da submissão. É fruto do Espírito. Uma criança não
pode pensar que é ela quem ajuda o pai. Temos de esperar Nele, de receber Dele, de nos
firmarmos Nele e de Crer que Ele está em nós!
— Agradecemos-lhe Sr. Evan. A sua memória fala muito alto. Queremos despedir-nos da
agradável entrevista nesta manhã radiante. Pela janela aberta, avistamos os arbustos floridos da
primavera, que falam de transbordamento. Avistamos as nuvens brilhantes que falam de vitória.
Nossas almas estão incendiadas de amor, de ternura, de gratidão. Queremos também que Ele
Se utilize de nós como Seus instrumentos. E cremos num avivamento no Brasil! Sim, Sr. Evan
Roberts, UM AVIVAMENTO COMO O DO PAIS DE GALES!
— É preciso NADA TEMER — são as últimas palavras do servo de Deus — Muitos tentarão ir de
encontro ao grupo que ora "sem cessar". Seria melhor que se pusessem ao lado e aguardassem.
... Fossem os Gamalieis do momento... Tivessem paciência de esperar e ver se a obra "era de
Deus e não dos homens". O apóstolo João viu cavalos brancos na sua visão. Ai daqueles que se
puserem diante da carruagem do Senhor! Ela vai passar! A CARRUAGEM DO SENHOR VAI
PASSAR COM IMPETUOSIDADE! Os que tentarem ir a encontro dela... Serão totalmente
esmagados... Cuidado, adversários, O SENHOR VAI DENTRO DESSA CARRUAGEM! —
Ao despedir-nos — nessa manhã gloriosa da entrevista com o Sr. Evan Roberts — ousamos
falar-lhe:
— Sabemos que seus hinos favoritos eram aqueles que glorificassem o santo Nome e hoje,
quando o incêndio do avivamento no Brasil está prestes a ser ateado, queremos convidá-lo a
cantar conosco um hino de louvor. (E os ecos maviosos da sua voz soaram aos nossos corações
enquanto cantávamos diante do altar do firmamento que refletia o das nossas almas)
Hosanas, aleluias, glórias e louvores
Com harpas, órgãos, violinos, cítaras, pianos!
Cantai-Lhe, altissonantes, corações humanos,
Que vos achais libertos de ilusões e dores...
Celebrai-Lhe o poder, as graças, os favores
E o resplendor da Luz nos perenais arcanos!
"Sua obra há de avivar, no meio, oh sim, dos anos"
Vinde, pois, e adorai-O, lídimos cantores!
Alaúdes e flautas, liras, carrilhões,
Crianças que cantais as santas ovações,
— "Bendito o Rei que vem em nome do Senhor!" —
Achegai-vos à Cruz e ouvi-O em língua estranha!
Só Ele tem a força, que é de Deus, tamanha,
Para expressar na terra a perfeição do amor!

6. A AURORA DE UM AVIVAMENTO
Um homem está sentado à beira do caminho. Nobre ideal lhe agita a alma. Ele quer realizá-lo,
mas lhe parece impossível. Olha as dificuldades e considera os poucos recursos com que pode
contar. Passa um sábio e lhe mostra um lamaçal perto da estrada, dizendo: — "As gotas de água
deste lamaçal estão clamando por um destino melhor. Como é que vai resolver o problema?
Dirás que elas têm de lutar e contender? Não, porque quanto mais combaterem os elementos
em derredor, mais sujas ficarão. Aconselharás que um desinfetante seja aqui jogado para
purificá-las? Não, isto não valeria à pena. Dirás então às gotas que elas precisam esforçar-se
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para levar a lama ao fundo? Também tal processo é inútil. Há um remédio apenas: As gotas do
lamaçal precisam olhar para cima, para o sol brilhante, entregando-se completamente ao poder
dos seus raios. E então, sejam quais forem os obstáculos, o sol resolverá tudo de maneira suave
e silenciosa. Serão levadas nas asas dos raios solares para as nuvens e transformar-se-ão em
gotas de orvalho, puras e imaculadas. — Nos países onde o inverno é forte, todos os insetos
maus definham e morrem. Quando desponta a primavera em todo o seu primor de encanto, o
ar se torna embalsamado e a terra purificada. Tudo vai reverdecer, reflorir e frutificar. A
primavera faz o que faz o domínio do Espírito no coração do crente. Transforma tudo em
bênçãos. Há cânticos de pássaros. Há vôos de borboletas que brincam, saltitantes, sobre as
flores. Dentro dos corações há louvores e sonhos elevados. Há ideais nobres soltando asas para
realizações e alegria imperecível crescendo cada dia.
Há um desejo profundo de despertamento em toda a terra brasileira. Há corações clamando por
um destino melhor. Joelhos se dobram dia e noite, lágrimas são derramadas pelas dificuldades
que se levantam, mas os anelos dos corações crescem cada vez mais. Que fazer? Olhando para
Jesus, corramos! Ai os recursos não são limitados. A Sua Mão não está encolhida. O Seu ouvido
não está surdo aos clamores. Para Ele não há impedimentos. A palavra impossível não está no
dicionário divino. O cumprimento das Suas promessas será tão fácil como a subida das gotas
fracas do lamaçal. É necessário que desviemos os olhos dos recursos humanos. Não é lutando e
combatendo que vamos vencer. Mas pela fé e oração, olhando para cima com toda a confiança
e toda a submissão, é que a vitória virá "para o querido Brasil!
Os homens não podem marcar um prazo para um avivamento, como se faz para uma série de
conferências. Apesar de todo o fervor, desejo, e vontade humana, não podem conseguir o
triunfo. Disse um pregador que os lírios não lutam nem se esforçam para transformar o
ambiente com o seu perfume, mas pela obediência completa ao seu Criador, alimentando-se da
terra e do sol conforme as leis divinas. E assim se voltam de contínuo para a luz, colaborando
com os princípios eternos do seu crescimento. Da mesma maneira temos de cooperar com Deus
na consecução de um avivamento: Submetendo-nos às leis divinas da consagração, tendo uma
vida unida com Ele, como a vara está ligada à videira e espera as ordens como Gabriel,
assistindo diante de Deus.
Videira Verdadeira! Oh, quanta luz nos traz
Do grande Salvador o magistral ensino!
Nós, as varas fiéis, unidas ao Deus-Trino,
Por que temer as lutas, mágoas, vendavais?
Já se disse que é necessário ter o ambiente exterior em harmonia com a condição interior, isto
é, ter prontos ao mesmo tempo à semeadura fora e os corações submissos, dentro. Somente
quando essas condições estiverem devidamente ajustadas, virá então a Plenitude dos Tempos.
Só depois disto poderemos gozar da extraordinária bênção. Disse um servo de Deus que, se um
avivamento viesse antes de estarmos preparados, não saberíamos o que fazer.
"O vento assopra onde quer... e não sabes de onde vem, nem para onde vai". As manifestações
do Santo Espírito desafiam os mais brilhantes planos dos homens. "O que o homem pode fazer,
é ajustar as velas do barco de acordo com o vento", assim se expressou alguém. O preparo
adequado é a submissão à vontade de Deus. Quando a vida estiver pronta a ficar ou a ir,
quando se sentir inspirada a servir seja onde for, ou a esperar pacientemente, ou a correr com
toda a coragem, o Senhor Deus, na hora em que achar oportuna, derramará do Seu poder em
profusão, fará correr as Suas bênçãos inigualáveis sobre os filhos obedientes e esperançosos.
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O PRIMEIRO SEGREDO É A FÉ

O primeiro passo para a vitória é CRER. Nada é impossível ao que crê, diz a Palavra do Senhor.
Temos de reconhecer qual a Sua vontade. Depois Ele o fará, quando estivermos prontos a
receber. Certo escritor se expressou assim: "A característica primordial da fé, é Confiar em Deus,
não só nas dificuldades, mas, sobretudo, nas impossibilidades aos olhos humanos. A fé não se
preocupa com os meios a serem empregados, nem com a falta deles, mas conta com as
Promessas de Deus. A fé se refere à vontade de Deus e só a ela, não a isto nem àquilo, não
consulta carne nem sangue, não se preocupa nem exige saber o como nem o porquê. É
exatamente quando as coisas estão além da sabedoria e da força humanas que há mais lugar
para a fé, para a energia e poder do Espírito Santo."
O escritor de após-guerra, muito apreciado na América, Leslie Queatherhead, conta, num dos
seus livros, a história de uma pobre mulher que dormia, tranqüilamente, enquanto Londres era
bombardeada. Quando lhe perguntaram como podia dormir, apenas disse: "Aquele que me
guarda não Dormirá!" E continuou recitando trechos do belíssimo Salmo 121: "eis que não
tosquenejará nem dormirá o guarda de Israel!"
A fé é um patrimônio inestimável.

O SEGUNDO SEGREDO É A ORAÇÃO

A oração fervorosa, perseverante, é a única maneira de conseguir-se o triunfo. A própria fé pode


ser alcançada e revigorada pela ORAÇÃO! Teodoro Bambem disse: "O reavivamento é uma
bênção que só pode ser atingida mediante a oração. Alguém precisa esperar em Deus. Ele quer
ser procurado. Há necessidade de orações que sintam a sua pobreza espiritual, que vejam a
tremenda carência de poder, que roguem ao Senhor, em multiplicadas súplicas e com os
"gemidos inexprimíveis do Espírito" — nunca expressos em palavras — que venham as Suas
bênçãos como "chuvas temporãs e serôdias".
Nunca se ouviu dizer de avivamento sem orações.
Durante uma série de conferências em Ontário, Nova York, uma senhora crente, mãe de alguns
filhos todos convertidos em tenra idade, vinha orar pelo último deles, já com os seus quinze
anos e com todas as tendências voltadas para o mundo e seus prazeres.
Aquela mãe, de coração pesado, lágrimas nos olhos e já por vários anos com uma prece
fervorosa no coração em favor do filho, entrou na reunião tendo convidado o rapaz que se
sentou a seu lado. Quando o coro começou a cantar, "Crê no Senhor", algo lhe disse ao ouvido:
— É a sua hora — A mãe levantou-se e foi ao quarto contíguo", ajoelhar-se. O rapaz decidiu-se
naquela noite ao lado de Cristo, permanecendo fiel até o fim da vida.
Disse alguém: "A flama da intercessão deve continuar até que o fogo chegue ao céu e volte
inflamado pelo Divino, caindo sobre os que Nele esperam. Orar assim honra a Deus, porque o
avivamento vem somente de Deus. Uma campanha pode ser inaugurada, grandes assembléias
realizadas, a imprensa religiosa reservar suas colunas principais, pregadores e oradores de
poderosa persuasão podem reunir-se de todos os quadrantes da terra, mas o avivamento
quando vier, virá diretamente do céu, como no dia de Pentecostes, em resposta a orações con-
fiantes daqueles que esperam no Senhor. O avivamento é uma experiência especial para os
filhos de Deus, os nascidos de novo."
VEM, SENHOR JESUS!
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Vem aos corações frios e aquece-os! Que eles saibam melhor amar e orar. Vem aos nossos
olhos cegos! Que eles possam enxergar a glória de uma vida unida à Videira Verdadeira. Vem às
mãos fracas e toca-as com a Tua graça! Que elas possam mitigar as ânsias do mundo sangrento,
levantar a humanidade decaída, suavizar as dores de lares assolados. Vem às vidas desanimadas
e reveste-as do poder, do Alto para que haja força que enfrente os problemas atuais e coragem
que combata seus males. Vem colocar brasa viva nos lábios para que eles falem convictamente.
Concede-nos, Pai Nosso, uma visão significativa de estarmos no Reino para tal tempo como
este! Dá-nos fé tamanha que confiadamente olhemos para Ti nos transes mais aflitivos da vida.
Vem à sociedade profana e ensina-a a repartir justiça entre os necessitados, educação a todos e
eqüidade até para o mais humilde. Vem à nossa civilização, purificando-a de tal modo que seus
princípios sejam baseados no amor e na pureza.
Vivifica o Cristianismo que não tem conseguido combater os males do mundo!
Dá-nos do Teu poder! Aviva-nos, Senhor!
Oh! Não O entristeçais, pois Ele veio
Para ser o Consolo, a Força, o Esteio
E o vosso Inspirador!
Sois redimidos? Rejeitais a Graça?
Oh! Depressa correi — que o instante passa —
Em busca do Senhor!

7. MAS OS QUE ESPERAM NO SENHOR


Eu dava um desses passeios inesquecíveis com uma amiga ao volante, percorrendo as estradas
do lindo Estado da Flórida nos Estados Unidos. Jardins refloriam beirando as residências;
extensos laranjais pejados de frutos nos vastos pomares; belezas variadas decorando toda a
paisagem. Finalmente, paramos num lugar histórico que é conservado como relíquia: A Fonte da
Juventude ou a Fonte de Juvêncio. Ponce de Leon, o espanhol idealista, imaginou que ela existia
e que, quem bebesse de suas águas renovaria as forças e se tornaria jovem outra vez. Por esta
causa ele atravessou o mar, correu perigos, enfrentou barreiras e contratempos em busca dessa
fonte maravilhosa. Não sei se — adquirindo uma nova juventude — ele a aproveitaria melhor do
que o fez com a primeira. Sei, porém, que há, em cada coração humano, um desejo de continuar
a viver, de ter uma renovação constante e de conservar a visão e a vitalidade dos anos
primaveris.
Ponce de Leon cometeu um erro muito comum: Depositou confiança em métodos meramente
humanos, em recursos terrestres para obter o seu êxito. Como seria diferente hoje a sua história,
se ele tivesse conhecido as palavras de Jesus: "aquele que beber da água que eu lhe der, nunca
mais terá sede!" As coisas materiais, — por mais belas e atraentes que sejam, — são efêmeras.
Ninguém pode saciar a sede da alma com a água de poços. É um contra-senso. O rio mais
cristalino jamais trouxe satisfação plena à área espiritual da vida humana.
Mas os que esperam... Sim, subirão com asas, renovarão as forças e nunca se fatigarão.
Naquele dia memorável em que se assentou à beira do poço de Jacó, o Mestre disse a mais
tocante verdade que já ecoou aos ouvidos humanos: "nunca mais terá sede, porque a água que
eu lhe der se fará nele uma fonte que salte para a vida eterna!" De certo experimentou
dificuldades em fazer o olhar da mulher se afastar do cântaro ao chão; afastar-se dos precon-
ceitos, das vaidades, das ninharias da vida corriqueira... Apresentou-lhe e nos apresenta hoje a
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Água que, de fato, sacia permanentemente a alma, transbordando-a, tornando-a enchentes que
emanem do íntimo da vida para abençoar os outros.
Renovações com água de poços é ainda hoje tão impossível como no tempo de Jesus. Muitos
infelizmente a buscam. Correr com os cântaros para cisternas rotas continua sendo a fraqueza
da humanidade. E tal esforço deixa sempre na alma uma insatisfação, um vácuo, um tédio, uma
saudade cruciante de algo melhor que venha com sossego, paz e segurança.
A mulher deixou o cântaro. Deixou o fardo, eliminou o peso, teve fé e subiu com asas! Novo
cântico veio à sua boca e ela convenceu os homens de sua terra de que havia encontrado o
Cristo! Vida Nova! Outra Juventude! A Eternidade lhe bateu à porta e ela a abriu. A samaritana, a
mulher do povo, pobre e esquecida, se tornara, daquela hora em diante, de memória
imperecível. A fonte da renovação, o segredo de uma vida revigorada, está na confiança em
Jesus. Com Cristo, "um dia é como mil anos". A esperança de uma mocidade perpétua é possuir
a Jesus no coração; é ter o Eterno dentro da vida.
As águias foram feitas para voar e o seu destino é a altura! São equipadas com asas poderosas e
não podem fazer outra coisa senão subir! As almas foram criadas para Deus e o seu destino é
subir para Ele! Subir! Que é subir? Subir é crer. Por que subir? Porque fomos criados com asas,
as asas do espírito.
Mas os que esperam... Subirão com asas!
Crer, portanto, é o essencial para esta subida. O secundário virá depois como conseqüência
desse primeiro passo.
Todo aquele que é nascido do Espírito, sobe a alturas nunca sonhadas: Handel dizia que,
quando compunha o coro "Aleluia" do seu oratório "O Messias", ouvira cânticos de anjos e não
fez mais do que escrever a música que estava ouvindo! O apóstolo Paulo, nos seus transportes
espirituais, subiu até o terceiro céu onde ouviu e viu coisas inefáveis e não sabia se no corpo ou
fora dele... SUBIR!
A juventude cristã ainda não tomou posse das riquezas imensas da graça de Deus que lhe
pertencem. Não reconheceu a expressão: TUDO É VOSSO. Não se apercebeu do que é ser
HERDEIRO DE DEUS e CO-HERDEIRO COM CRISTO. Às vezes, numa contemplação do pôr-do-
sol, é agradável libertar a imaginação, pensando naquilo que está além do crepúsculo e além do
sol-poente, enfim, além da vida terrestre... A glória maior ainda há de ser revelada, quando a
noite de choro passar e o gozo da manhã prometida vier.
Certa vez um amoroso pai saiu a passear com o filhinho, criança dos seus quatro anos. Era a
hora do pôr-do-sol. O firmamento se inundava de cores e nuanças de coloridos resplandecentes
que se diriam, sem receios, que a prata e o ouro das minas da terra se teriam transformado em
vapor e subido até às nuvens...
— Olha, filhinho, as belezas de Deus!... Ele fez tudo isso... Seja bendito o Seu Nome para
sempre!...
A criança escutava. Seus olhos estavam pousados na paisagem magnífica. De repente, como
quem se inspira e toma uma respiração ofegante, a criança exclamou:
— Se do lado avesso é tão lindo, heim pai?!... Como não é o direito?!...
O pai sorriu e aprovou a imaginação rica da inocência. Sim, do lado direito como não será?!
O céu que nos espera "além da barra", pode começar aqui. Somos convidados a lugares
celestiais em Cristo, enquanto os pés estão pisando a lama da terra. Jesus abre os olhos
daqueles que Nele esperam e lhes concede "olhos que não viram e ouvidos que não ouviram",
.para que sintam, coisas que nunca lhes "subiram ao coração"!
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Ele subiu ao Calvário para que subamos a lugares espaçosos e contemplemos visões mais
amplas. Seu Espírito abre "janelas para o Oriente"; quebra grilhões de cadeias que nos prendem
e leva-nos aos "pastos verdejantes e às águas mui tranqüilas".
Alguém escreveu este magistral pensamento: "Um grande pensador, um santo ou um poeta,
podem pretender a possessão do Santo Espírito. Porém, não menos pode pretendê-la o que é
fiel na sua vocação diária, seja ela qual for."
A irrupção desse Poder Superior pode vir mesmo no curso ordinário da vida. Aprouve ao Senhor
usar nos vasos de barro o conteúdo divino.
O segredo de uma juventude renovada é esperar em Cristo. Ele tem, para cada um de nós, um
cântico mais doce do que todos que temos cantado em nossa vida. Ele nos oferece uma
satisfação diferente de todas que temos sentido nesta existência terrena. Haverá, não nos lábios,
mas no coração, o mais perfeito louvor, porque teremos asas. Asas como as da águia para subir
mais alto. A vida será mais rica de alegria, de paz, de liberdade e de poder. Os dias se renovarão
em sucesso, em idealismo, em visões arrebatadoras.
As fontes todas da personalidade, — com os dons e os privilégios naturais, — serão, de tal
maneira, abençoadas por Ele, que se multiplicarão em bênçãos para os outros, como nunca
sonhamos!
Um jovem chinês, há anos, foi condenado por motivo de suas atividades subversivas. Diante do
pelotão de fuzilamento ele gritou: "Estou morrendo por uma causa; e vocês, para que estão
vivendo?"
Juventude brasileira, vós que viveis neste país privilegiado que, no dizer do poeta e professor
Daltro Santos, "ainda há de ser o cérebro do mundo e o coração da terra", para que estais
vivendo?
Posso escutar — com os ouvidos do coração — vozes respondendo como um coro uníssono:
"Queremos viver para servir!"
Eu vos saúdo e vos respondo: "Se viveis para servir, crede! Só quem crê pode subir”!
A felicidade da Tua Presença!
Quero senti-la, cálida e impetuosa, mais outra vez,
Enquanto estou vivendo a vida humana assaz tumultuosa...
Quero ver-Te, Pai de Amor,
Além do azul das noites enluaradas, além da névoa que reveste o mar!
E o coração queimar nas labaredas do Teu Fogo!
Sobraçando bênçãos, hei de levá-las
Aos esquecidos, aos pequeninos, aos relegados...
Serei o Teu canal submisso por onde as Tuas Águas corram para os outros...
Porque ouvir a Tua Palavra:
"a Mim o fizestes", é ouvir a música do céu!
E hoje,
Neste Século de turbulência,
Quando se crê mais na ciência do que em Deus,
Os Teus exércitos,
As sarças ardentes, outrora palhas secas
Enchem a terra inteira
Com o seu cântico vibrante,
Que nenhuma força poderá deter:
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Hosanas e glórias sejam dadas,


Por milênios sem fim,
A Quem Se fez Cordeiro sendo Rei,
A Quem Se fez humano sendo Deus,
Para salvar e erguer
Os seres condenados
E elevá-los à estatura de irmãos,
Filhos do mesmo Pai,
Filhos bem-aventurados!
Uma vida,
Pelos raios eternos atingida,
Nunca mais será morna e indiferente,
Nunca mais temerá
O que os outros digam ou pensem,
Porque há um poder oculto,
Há uma centelha de mistério
Que ninguém, ninguém há de roubar...
Aquele instante,
Instante de eternidade que desceu para o tempo,
Riscou-me a vida,
Deixando a marca de um raio que fulmina.
Foi a passagem de um minuto, um só,
Que voara sobre as horas
Como o vento pelo espaço
E a cicatriz deixara
Para hoje ser
Patrimônio de riqueza rara
Que não definha e nunca mudará.
A tua presença!
A presença de deus na vida humana!
Quem uma vez a sentiu,
Passa a viver
O significado mesmo da imortalidade:
— venho dele e para ele vou! -
Sentir o eterno!
Sentir o céu!
Sentir o próprio Deus!
Subir!

8. UM SERMÃO AFAMADO
Era uma bela manhã de domingo, em julho de 1741, quando Jonathan Edwards foi chamado a
uma pequena vila em Connecticut, cujo nome era Enfield. Os crentes da vizinhança tinham
passado a noite anterior em oração, implorando um despertamento e uma visitação divina entre
eles. O pregador levantou-se e calmamente anunciou o sermão cujo tema era: "PECADORES
NAS MÃOS DE UM DEUS IRADO", usando como texto Deut. 32:35 que dizia: "Minha é a
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vingança e a recompensa, ao tempo que resvalar o seu pé; porque o dia da sua ruína está
próximo e as coisas que lhes hão de suceder se apressam a chegar."
Antes de explicar a justiça de Deus, ele disse à congregação que os pecadores vivem resvalando
num declive escorregadio pelo qual se destinam à eterna perdição. Disse ainda que eles jaziam
à beira de um abismo onde é impossível alguém se manter de pé sem o auxílio divino. "Sim, por
certo haverá agora neste auditório", exclamou ele, subitamente, "algumas pessoas com as quais
Deus está mais zangado, talvez, do que com aqueles que jazem no inferno! Os ímpios estão
andando sobre um poço cuja tampa envelhecida e esburacada já não suporta o seu peso!"
O sermão ecoava nas almas com exortações abrasadoras, até atingir o clímax com a declaração
final: "Se nós, aqui presentes, soubéssemos de uma pessoa, sequer, que, nesta congregação
fosse vítima de tal miséria, que coisa terrível não seria! No entanto, no lugar de uma, há muitas
pessoas aqui mesmo que, sem dúvida, vão se recordar deste sermão no inferno! Não causaria
surpresa se disséssemos que há muitas pessoas aqui que hão de recordar, um dia, deste sermão
quando não haverá mais esperanças para elas! Ainda não seria de surpreender se declarássemos
que, aqui sentadas, haverá pessoas que passarão, dentro em pouco tempo, para a eternidade,
mesmo gozando de boa saúde e tendo boa aparência. E pode ainda acontecer, que estejam
amanhã na perdição, recordando esta hora!"
Sua mensagem abalou o auditório de modo tremendo. Homens fortes seguravam nos braços
das cadeiras, como se forças invisíveis os tragassem, impelindo-os para baixo. Outros tremiam
nos seus assentos como se fossem perder o equilíbrio. Cerca de quinhentas almas se
entregaram a Cristo naquela manhã. Sobre este afamado sermão alguém escreveu: "A Nova
Inglaterra nunca perdoará a Jonathan Edwards, mas também jamais o esquecerá!"
O Grande Avivamento havia começado e se estendia de cidade a cidade, do interior às
fronteiras, em cada canto e recanto do país, enquanto milhares se convertiam pelo poder do
Espírito. A glória desceu do céu à terra! Deus operou através dos Seus servos e milhares de
almas foram salvas. A obra continuou sacudindo a nação, até que milhares de almas renasceram
para o Reino de Deus. Verdadeiramente o Senhor usava o consagrado Jonathan Edwards que
tornou possível tamanha realidade.
Jesus pode operar hoje no nosso amado Brasil! Ele pode operar no mundo inteiro, porque Ele "é
o mesmo ontem, hoje e eternamente!"
O caminho para a vitória é a oração. Com ela virá a unção do Espírito que é o que é o preparo
especial e adequado para cada crente.
E. M. Bounds tem uma página excelente sobre a unção do Espírito e o ardor meramente
humano. Ele se baseia em I João 2:20: "E vós tendes a unção do Santo e sabeis tudo." Unção, diz
ele, é aquele quê indefinível, indescritível, a que um velho e famoso teólogo escocês assim se
refere: "Há, por vezes, na pregação, alguma coisa que não pode ser atribuída nem ao assunto,
nem à expressão, e que não pode também ser descrita ou discernida quanto à sua procedência,
no entanto, com doce violência penetra no coração e nas afeições, e vem diretamente do
Senhor!"
A este quê nós chamamos "unção". É ela que torna a Palavra de Deus "viva e eficaz e mais
cortante do que qualquer espada de dois gumes, e que penetra até a divisão da alma e do
espírito, das juntas e medulas, e é pronta para discernir as disposições e pensamentos do
coração."
É esta unção que dá às palavras do pregador penetração, gume e poder, e que produz reações
e agitações em muitas congregações mortas.
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A unção permeia e convence as consciências e quebra os corações.


Esta unção divina é o traço que separa e distingue a verdadeira pregação do Evangelho dos
outros métodos de apresentação da verdade, que cria um vasto abismo espiritual entre o
pregador que a tem e aquele que não a possui. Esta bênção ampara e satura a verdade revelada
com toda a energia de Deus.
Unção, portanto, consiste simplesmente em pôr Deus na Sua própria Palavra e no Seu próprio
pregador. Ela inspira o pregador, esclarece o seu intelecto, dá-lhe visão, apreensão e poder, dá
ao pregador poder de coração que é maior do que o poder da cabeça dá-lhe ternura, pureza e
convicção que fluem da fonte mesma dessa bênção. Expansão, liberdade, plenitude de
pensamento, agudeza e simplicidade de exposição são frutos da unção.
Ainda o autor da citada página cintilante diz que a unção e o mero ardor (entusiasmo) humano
por vezes se confundem. Aquele que tem a unção divina será ardoroso em todas as coisas, mas
há muita forma de ardor que não tem a menor tintura de unção! Ardor e unção assemelham-se
em alguns pontos de vista. E assim o ardor pode ser facilmente confundido com a unção. É
preciso ter agudeza espiritual para discernir um do outro.
O ardor, continua ele, pode ser sincero, honesto, candente e perseverante. Atira-se às coisas
com vontade e persegue-as com persistência, apresentando-as com fervor e pondo força nelas.
Mas as forcas que emprega não vão além daquilo que seja meramente humano. O homem está
neste ardor, o homem todo, em tudo o que ele tem de vontade e coração, de cérebro e mesmo
de gênio, de planos, de trabalhos, de discursos. Ele se entrega a algum propósito que lhe haja
dominado o coração, com a firme resolução de vencer. No entanto, é possível que nada de
Deus exista nisto. Se houver muito da parte do homem, pouco ou nada haverá da parte de
Deus.
O autor prossegue, desassombrado: O homem pode apresentar apelos em favor do seu ardente
propósito, que agradam, tocam, movem e empolgam, com a convicção mesma da sua
importância, e em tudo isto este ardor pode prosseguir por caminhos terrenos, impelido por
forças humanas somente, sobre altar feito por mãos humanas, com um fogo aceso por chamas
da terra.
Diz-se de um famoso e hábil pregador cuja manipulação da Escritura era de sua própria fantasia
ou propósito, que ele "se tornou muito eloqüente sobre a sua própria exegese". Assim, homens
há que se tornam excessivamente ardentes com os seus próprios planos e movimentos. O ardor
pode ser simulado e egoísta.
Mas a Unção é aquilo indefinível na pregação que a torna Pregação. É aquilo que distingue e
separa a pregação de todo o discurso meramente humano. A unção é, enfim, o Divino na
pregação!
E esta unção virá ao pregador, não no seu escritório, mas na sua câmara de oração secreta. É a
destilação celestial em resposta à oração. A Unção é a mais doce exaltação do Espírito Santo. Ela
penetra, amolece, filtra, corta e acalma. Leva a Palavra como uma dinamite, um sal, um torrão de
açúcar, torna a palavra um calmante, um excitante, um revelador, um pesquisador, faz do
ouvinte um réu ou um santo, fá-lo chorar como uma criança e viver como um gigante, abre-lhe
o coração e a bolsa suavemente, mas de modo tão forte como a primavera abre as flores! Esta
unção de Deus os gênios não a possuem. Não é encontrada nos centros do saber humano,
nenhuma eloqüência pode conquistá-la. Mãos nenhumas podem conferi-la. É um dom de Deus.
É a Sua marca posta sobre os Seus mensageiros. É a natureza celestial conferida aos verdadeiros
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escolhidos e aos bravos que buscarem esta honraria através das muitas horas de oração,
recolhimento e submissão.
O ardor é bom e impressionante. O gênio é prendado e grandioso. Mas a unção é o
revestimento divino, a energia mais poderosa, capaz de quebrar as algemas do pecado e
conquistar para Deus corações depravados.
A unção do Espírito é dever sagrado,
É o perfeito preparo do soldado
Que um dia se alistou.
Iria à guerra sem o escudo e a lança?
Se aceitei esperar sem a Esperança,
Meu ideal cessou...
Eis o orvalho do céu que às almas desce
E nutre e suaviza e amolece
Inteiro, todo o ser:
A unção de Deus que sara as nossas dores
E como faz a primavera às flores,
Tudo faz renascer!
Filhos do Rei se temos a consciência
Da filiação divina como a essência
De tudo o que é sagrado,
Confessemos as culpas, num momento,
E elevemos o nosso pensamento
Nesta prece firmado:
— Fui réu, Senhor, pregando sem a UNÇÃO!
Se o meu serviço não foi todo vão,
Foi moroso, bem sei.
Arrasto-me, dorido, ao pé da cruz
E achando a paz no Teu perdão, Jesus,
Eu recomeçarei!
— Dá-me esse DOM para o Teu Nome honrar!
Um dia é mil se nele eu me firmar
E os frutos hão de vir
Na abundância das safras mais benditas,
Pois na Palavra amada vêm, prescritas,
Vitórias no porvir!
— Essa RIQUEZA irei buscar à FONTE!
Verei abrir-se em luz meu horizonte
E Cristo aparecer,
Dinamizando a personalidade,
Soltando as cataratas da Verdade
Com todo o Seu poder!

9. NÃO HAJA SILÊNCIO EM VÓS


É muito usado o provérbio popular: "O silêncio é de ouro". Há ocasiões, no entanto, que o
silêncio fala mais alto do que todas as palavras retumbantes dos dicionários.
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Pensemos, por um momento, no silêncio do Filho do homem perante Pilatos. Reflitamos no


silêncio que se apoderou das almas na inauguração do templo de Salomão, quando a "Sua
Glória" enchia o santo lugar! Lembremo-nos, pasmados, daquele sábado silencioso, que
precedeu a madrugada esplendorosa da ressurreição! Enchamos o pensamento com as visões
silenciosas do Apocalipse e imaginemos a sensibilidade da alma do apóstolo do Amor vibrando
de júbilo e de êxtase! Silêncios... O silêncio da flor que cresce... Do orvalho que cai... Das estrelas
que brilham... Dos mundos soltos no espaço... O silêncio das almas que sofrem... O silêncio dos
heróis anônimos...
Há silêncios criminosos e imperdoáveis. Que silêncio triste o de Pedro, ao esquentar as mãos na
lareira dos inimigos... O de Demas, recusando abrir a sua boca em defesa de Paulo. O de Ester,
escondida na área toda conforto e luxo, ouvindo as palavras desafiadoras de Mardoqueu: "Se de
todo te calares, neste tempo, socorro e livramento de outra parte haverá... mas tu e a casa do
teu pai parecereis. E quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?" Diante do
desafio, a jovem rainha responde com firmeza: "irei... E perecendo, pereça!"
Nesta hora, a mais crítica dos séculos, não podemos permanecer silenciosos. São vastas as
oportunidades para a disseminação do Evangelho. Estamos no dia da coragem e da decisão. É a
ocasião de os crentes entrarem na luta com o mesmo entusiasmo de vencer que os discípulos
do primeiro século do Cristianismo.
Alguém disse que é tão impossível ser neutro na questão de um reavivamento, como é
impossível ser-se neutro no assunto da salvação ou da santificação. Finney declarou que temos
de mover os homens com a VERDADE e a Deus com a ORAÇÃO.
"Ó VÓS, OS QUE FAZEIS MENÇÃO DO NOME DO SENHOR, NÃO HAJA SILÊNCIO EM VÓS!"
É nosso dever sagrado suplicar ao DEUS QUE TUDO PODE e, ao mesmo tempo, dar os sinais de
alarma, tocando as trombetas para o despertar dos que dormem. Eis o que se requer de cada
um de nós.
Se Deus providenciou todos os meios necessários à nossa salvação, providenciou também os
recursos suficientes para avivar as vidas e as igrejas. Só nos compete lançar mão desses meios,
apropriando-nos deles conforme a Santa Vontade.
Temos de lavrar o campo. Temos de aplainar o terreno. Temos de remover os pedregais. Não
podemos plantar rosas nas rochas com a esperança de colher botões na primavera. Os lírios
nevados não caem do céu aos ramalhetes, mas saem do esconso da terra arada e cultivada.
Seguindo as leis da natureza, as flores olham para o sol, apropriam-se da chuva e submetem-se
ao tratamento do cuidadoso jardineiro.
Os reavivamentos não caem do céu sem preparo e sem visão. É uma atitude infantil esperar
colher experiências sublimes nos corações de pedra. Que faríamos com essa BÊNÇÃO — o
Derramamento como prometido em Joel — se as vidas não estivessem preparadas, nem os
campos cultivados, lavrados, regados e livres de impedimentos?
"Aplainai, aplainai a estrada, preparai o caminho, tirai os tropeços do caminho do meu povo..."
Quando tudo estiver pronto, a Ceifa, de certo, virá.
O reavivamento é uma grande necessidade para as almas. É a resposta à ansiedade de nossa
identificação com o Senhor. Somente por meio do despertamento vindo do Espírito poderemos
alcançar a culminância da vida espiritual para onde Ele nos chama incessantemente.
O Reavivamento se impõe como o imperativo conseqüente da grande necessidade das igrejas
de Deus, atualmente inclinadas ao formalismo, à ostentação e a tudo quanto venha em favor do
progresso social. Ó Reavivamento se impõe como uma reação ao caos da imperfeição humana
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que só a graça de Deus poderá impedi-lo. O indiferentismo e o comodismo precisam ser


quebrados. O egoísmo crônico só poderá ser removido pela graça divina?
Assim alguém descreveu o resultado de um despertamento na sua vizinhança: "A seriedade se
apoderava de todos os corações; havia uma busca ansiosa e orações fervorosas se espalhavam
entre o povo com a rapidez de um choque elétrico; olhos abertos, ouvidos atentos, consciências
despertadas; corações vibrando com interesse abrasador, por toda a parte. As frivolidades
cessavam. Os divertimentos comuns eram relegados ao esquecimento. Os botequins se
fechavam. Os perversos que se reuniam para zombar dessas coisas sagradas, caiam fulminados,
como os homens de Belsasar "vendo a Mão misteriosa escrevendo na parede". Como atentos e
arrependidos se punham depois, chorando e confessando os seus pecados! A atmosfera da
comunidade ficava impregnada de temor e reverência. A eternidade era sentida. O mundo
pouco significava. A alma tinha todo o valor. O invisível se tornava visível aos olhos do espírito
de cada ser humano. As coisas eternas, outrora brumosas e distantes, tornavam-se reais,
próximas e urgentes. Parecia que os limites entre a terra e os céus fossem removidos. Parecia
que a terra e os mares tivessem passado e todos os homens já estivessem diante do Trono de
Deus!"
Eis a descrição real, — com pobreza de palavras, — do que foi um Despertamento, dos muitos
já sentidos e provados em várias partes do mundo. E eles só têm vindo mediante o domínio do
Santo Espírito nas vidas.
Ernest F. Scott, no seu livro "Creio no Espírito Santo" ("I Believe in the Holy Spirit"), diz: "Nada é
tão essencial à religião como o Espírito, pois a crença Nele é a raiz mesma da qual surgiu a
religião. Muito antes de adorarem a Deus, os homens tinham um reverente temor pelo Espírito.
Criam Nele porque O conheciam como um eco de sua própria experiência (ou natureza)."
O Enviado de Deus para consumar a Redenção da humanidade, disse que é o Espírito quem
"convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo". O mesmo autor do livro citado, diz
ainda que "a missão única do Espírito na terra é fazer com que cumpramos (os Seus servos) a
vontade da Deus e todas as Suas manifestações entre nós devem ser entendidas à luz desse
propósito."
Quando virmos, pois, (e as vemos sempre) manifestações sobrenaturais que não cumpram
fielmente esse desiderato, isto é, que não glorifiquem o Filho, cumprindo assim os desejos do
Pai, não são manifestações do Santo Espírito. E de onde vêm? Lembremo-nos de auscultar,
dentro das nossas preces mais íntimas, os sussurros daqueles "gemidos inexprimíveis" e
saberemos, por certo, de onde vêm os influxos poderosos que estão assombrando o mundo.
Lembremo-nos também que os anjos malignos podem transformar-se em anjos de luz e
enganar a muitos.
Moisés, diante dos mágicos de Faraó, fez com que a vara transformada em serpente tragasse as
varas que eles, por sua vez, também transformaram em serpentes. Os encantadores e os
mágicos do Egito tinham poderes malignos. Mas o poder do "EU SOU QUEM SOU" era
incomparavelmente maior!
Pessoa alguma neste mundo, uma vez atingida pelos raios de fogo do Espírito de Deus, poderá
calar-se! Ainda que lhes falte a palavra, faltam as atitudes, fala o semblante, fala o próprio
silencio da alma cheia de paz.
A escritora Ruth Paxson, a autora do livro "Rios de Águas Vivas", conta a comovente história da
dona de uma pensão onde ela se hospedou por algum tempo. Jovem ainda, trazia sobre a
espinha dorsal uma armação de metal para impedir que o seu corpo se desconjuntasse
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formando um monte não chão. Pesava quarenta quilos e vivia no terceiro andar de um edifício,
onde mal podia descortinar uma nesga de céu azul e uma fita verde de gramado ao longe.
Porém os seus olhos brilhavam como estrelas e bailava no rosto um permanente sorriso de
satisfação, que a aflição e a adversidade não podiam remover. É que no seu coração morava a
Luz do mundo, Jesus Cristo, Aquele que disse: "A Minha Paz vos dou."
Ó sentinelas de Deus, falai!...
Falai com os homens que dormem até que eles despertem!
Dizei ao Senhor — lutando em oração como Jacó — até subir o alvor da manhã, com a mesma
firme resolução do filho de Isaque: "não te deixarei ir até me abençoares"!
Que nesta hora, em tal tempo como este, não haja silêncio em vós!
O Século dos Átomos se afunda numa voraz descrença e se aprofunda
Nas torpes ilusões...
Confunde espuma e estrela, chão e mar.
Esquece a Deus! No lodo põe o lar,
Matando corações...
Há um remédio, um só: É o Evangelho,
O Pão do céu, tão novo quanto velho,
Pois dura a eternidade.
Testemunhas, trocai os pés por asas!
Mudai, do coração, o gelo em brasas
E os gozos em piedade!

10. CRISTO LEVANTADO COMO PODER TRANSFORMADOR DO MUNDO Í


A exaltação de Cristo nas vidas santificas por Ele, é o segredo único e a
única esperança da paz entre os homens!
Desde o princípio dos tempos históricos, até hoje, nenhuma geração viu o que a nossa
contempla neste século! Nenhum período foi tão cheio de vicissitudes, de problemas cruciantes
e de incertezas quanto à maneira de resolvê-los. Desenrolaram-se perante os nossos olhos,
duas grandes guerras mundiais, trazendo como conseqüências um verdadeiro alvoroço nas
idéias políticas, sociais e morais. Enfrentamos um amanhã incerto e inseguro de um mundo
vacilante e enfermo.
Eu concluía o curso na Universidade, quando acabou a primeira guerra mundial. Saí, como a
juventude de então, para contribuir, com a minha humilde parcela, em prol da reconstrução de
um mundo assolado pelos canhões e envenenado pela propaganda do ódio fratricida. Hoje os
nossos filhos enfrentam idêntico problema, pois o mundo continua curvado e vacilante em
busca de uma aurora que tarda em raiar. Será que a mocidade hodierna será mais feliz do que
nós, para evitar nova catástrofe? Experimentará ela um remédio mais eficaz? Estará a juventude
à altura de ver surgir a madrugada de um Novo Dia?
Se essa bendita quadra dependesse do progresso, da educação, das invenções, do
desenvolvimento extraordinário da ciência e do conforto da vida comum, haveria um povo mais
feliz e uma geração predileta na história da humanidade. Isto, no entanto, não tem
acontecido. Com toda a astúcia dos políticos, com todo o esforço dos inventores e com o
enorme adiantamento da civilização, a humanidade viu a sua derrota completa nas guerras que
dizimaram tantas vidas. Civilização sem Cristo não passa de um verniz. Um pouco antes da
primeira guerra mundial ouvi um nobre crente chinês dizer, numa reunião da Sociedade das
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Nações: “Cada medida política de importância nacional ou internacional dos últimos anos,
revela decadência. O caminho é para baixo."
Isto é uma prova que não salvaremos o amanhã com elevada política, nem esmerada educação,
nem aprimorada cultura, nem qualquer outro progresso material. Já foram experimentadas
todas essas coisas. Temos, pois, de recorrer a outras salvaguardas. Por cima de uma civilização
arruinada e fictícia, estão escritas estas comoventes palavras: "E não quereis vir a mim para
terdes vida?" A vida que realmente é vida — a vida abundante — está somente em Jesus. Já
começamos a enfrentar mil problemas para a reconstrução do mundo. Se todas as experiências
falharam, por que não recorrermos agora ao último remédio — JESUS? — A ciência já de-
monstrou a sua força latente e nada fez... Ponhamos à prova a ciência espiritual, a sabedoria do
Alto experimentada nas vidas submissas e veremos a solução de problemas intrincados. Se as
forças da inteligência humana foram fracas, levemos ao terreno experimental um Poder mais
alto e mais seguro. Há uma solução eficaz e permanente para qualquer doença na sociedade, na
família ou no grupo religioso. Se os cristãos, livres de barreiras denominacionais, dobrassem os
joelhos e pedissem ao Senhor um avivamento no país inteiro, desapareceriam os problemas,
fossem eles financeiros ou procedentes de circunstâncias ou do próprio egoísmo. Pequenos
grupos, no passado, tiveram a visão e experimentaram a grande bênção.
Ouvi, certa vez, um nobre pastor dizer ao seu rebanho: "Todos os problemas da nossa igreja são
problemas espirituais. Solucionados estes, todos os demais, quer os de ordem financeira ou de
disciplina, quer os de freqüência ou de saúde física, todos, desaparecerão." Sim, e ele poderia
ter estendido esta verdade até mais longe, e dizer que os problemas da atualidade, sejam eles
políticos ou sociais, poderão ser resolvidos pelos princípios de Cristo. A necessidade suprema de
qualquer país é a de homens consagrados, gerados pelo Espírito Santo, movidos pelo amor,
reforçados pelo poder do Alto... Homens que não se vendem, que não temem os preconceitos,
homens cujos ideais estão integrados e baseados nos ensinos da Palavra de Deus.
Poderia o Evangelho exercer maior influência na sociedade do que está exercendo? Será que há
possibilidade de o Evangelho penetrar mais depressa em todas as camadas sociais? Não
poderíamos, como crentes, demonstrar em nossas vidas um Cristianismo poderoso, atraente,
que revele o que Deus "pode fazer com um povo inteiramente consagrado a Ele?" Pregações
fluentes, de palavras arrebatadoras, não irão convencer um mundo incrédulo. O que convencerá
o mundo "do pecado, da justiça e do juízo", é o poder do Seu Espírito demonstrado nas vidas
que se puserem em Suas mãos!
"O teu povo será mui voluntário no dia do teu poder, nos ornamentos de santidade."
No dia do teu poder! — Clamamos a Deus por um DIA, em que os nossos vizinhos e inimigos
contemplem verdadeiros milagres entre o povo de Deus; em que vidas santificadas e poderosas
proclamem o que a pregação mais eloqüente não pode proclamar; em que o povo escolhido
demonstre uma força sobre-humana; em que o amor, a fraternidade, falem bem alto da
grandeza do Evangelho; em que o Espírito Santo seja sentido, poderosamente, nos cultos; em
que vitórias extraordinárias testemunhem de um Cristianismo vivo e glorioso. Sim, peçamos ao
Pai Santo, um DIA assim!
Nos ornamentos de santidade! Belos edifícios embelezam uma capital; quadros artísticos
enfeitam um museu, mas o adorno do Evangelho são as vidas santificadas. Mil sermões não
falam tão alto sobre o Evangelho, como a vida de um crente consagrado. Santidade de vida e
oração inteligente é o serviço maior de qualquer cristão.
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Clamemos a Deus por uma demonstração do Seu poder através de um povo escolhido e
separado. Peçamos-LHE forças para viver agora, como nunca o fizemos no passado, e que
venha o derramamento do Seu Espírito nesta hora crítica do mundo. Demos uma demonstração
mais perfeita da nossa fé. Mostremos ao mundo o que é o Cristianismo verdadeiro! Alguém já
disse que cada graça ou qualidade nobre na vida do crente, dá-lhe mais poder para proclamar
Cristo aos outros.
"E eu quando for levantado da terra, todos atrairei a mim". Quando eu for levantado nas leis e
nos negócios, transformarei uma sociedade corrupta; quando eu for levantado nas relações
humanas e políticas, trarei paz ao mundo; quando eu for levantado nas Igrejas, haverá vida
abundante e verdadeira espiritualidade; quando ou for levantado nas juntas e nas missões, ha-
verá prosperidade nunca vista.
Cristo levantado nas vidas santas; Cristo levantado nas vozes puras; Cristo levantado nos
sacrifícios vivos, nas ações abnegadas, nas vontades submissas, nas vitórias sobre o pecado, nos
triunfes do serviço! Eis o segredo da vitória! Um povo sedento pela água da vida, sedento por
uma salvação que realmente salva! Uma salvação que salva a alma da perdição; a língua de
palavras perversas; as mãos de ações indignas.
É tempo de os verdadeiros cristãos empregarem todas as forças na reconstrução do mundo sob
os princípios de Cristo, estabelecidos na Sua Palavra. É chegada a hora em que devemos clamar
a Deus por um avivamento espiritual, pelo poder do Seu Espírito sobre as vidas e as igrejas.
Revestidos com a arma da fé e a força divina, teremos o poder necessário para a nova era e nos
tornaremos cooperadores na grandiosa tarefa de moldar o mundo de amanhã sobre bases mais
seguras.
Reservemos alguns minutos, cada dia, para orar em favor do avivamento no Brasil, mormente na
presente conjuntura em que a evangelização é disseminada em grandes campanhas
denominacionais e milhares estão ingressando nas fileiras evangélicas.
Clama a mim e responder-te-ei,
E anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes.
E Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim.
Quando vierem ondas de terror
E escancarar-se o abismo-perdição,
O abismo espiritual que não tem fim,
A Tua Voz há de soar, Bonança:
"Todos Atrairei A Mim!"
Se a Noite, lesta se aproxima, ó Cristo,
E ouvem-se os ais na solidão amarga,
— Ecos dos Teus soluços no Jardim —
A Tua Voz há de cair, Orvalho:
"Todos Atrairei A Mim!"
Despetalada Rosa de Saron
Que ofereces as pétalas de sangue
Para milagres operar assim:
(Estou salvo! Eu creio!)
Faze explodir a Tua Voz, Vitória:
"Todos Atrairei A Mim!"
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11. O DEUS ETERNO TE SEJA POR HABITAÇÃO


Glorioso mistério é o fato de que o Deus-Filho tomou o lugar do homem pecador. Veio a este
mundo como criancinha na sua fragilidade. Viveu nesta terra pisando sobre espinhos e cardos.
Aceitou um lar humilde com todas as suas limitações. Humilhou-Se! Sim, foram trinta e três
anos de humilhações e no fim o escândalo da cruz!
Outro mistério igualmente precioso, exarado nas Santas Escrituras, é aquele que estava oculto
desde a origem dos séculos: Cristo em vós, esperança da glória! Além de qualquer
compreensão, está a verdade grandiosa: o Espírito Santo habitando permanentemente na alma
purificada e redimida, deixando-O constituir-Se a Vida da sua vida. "Viremos para ele e faremos
nele morada". Jesus disse ainda aos discípulos que andavam ao Seu lado nos últimos dias:
"Habitarei convosco e estarei em vós."
Todas as vitórias e bênçãos na vida cristã giram em torno deste fato central: União Com Cristo.
O êxito do crente depende do conhecimento constante desta verdade. Quanta diferença faz no
culto pessoal ou coletivo, a posse desta certeza: o objetivo da adoração está dentro da alma.
Que confiança temes na oração, quando sabemos que, em nós, "o Espírito intercede com ge-
midos inexprimíveis!" Que alento na tribulação, lembrar que o grande Consolador está tão
perto! Que força é despertar diante do fato de que a sabedoria divina está no coração, a
orientá-lo! Que sossego é reconhecermos, em tempo de confusão, o Príncipe da Paz! Que
conforto, nos momentos de dúvida, sentir a presença do Espírito da verdade! É mais fácil andar
quando reconhecemos que a Luz do mundo está conosco. Seu jugo e Seus mandamentos são
suaves sob a doce lembrança de que a força para obedecer está integrada na vida interior.
Empreendimentos impossíveis aos olhos humanos tornam-se realizáveis ante a recordação da
Sua presença. Vivamos cônscios de que o segredo deste universo está no coração e assim nos
capacita a conseguir o impossível, a suprir a força, a visão, o entendimento e tudo mais de que
necessitamos para a Vida Vitoriosa. Portanto, a realidade dessa identificação com Cristo é de
suma importância, pois traz a confiança, a garantia, a afirmação e a esperança.
Pecamos a iluminação do Espírito para que entendamos a maravilhosa herança que possuímos
como filhos de Deus e a significação ampla de sermos UM com Aquele que é Todo-Poderoso.
Esta verdade é terra santa e nesse terreno devemos andar de pés descalços, mansamente. Dir-
se-ia uma presunção de nossa parte, tocarmos em pensamentos tão sublimes. Fazemo-lo, no
entanto, com a maior reverência, usando um pouco daquilo de que nos apropriamos da Sua
imensa provisão.
Que gozo indescritível Moisés deveria ter sentido ante a presença divina durante os dias
passados no monte Sinai. Voltava com o rosto resplandecente. Nunca saberemos o grau de
sensibilidade sentido por Elias à porta da caverna de Horebe, ao ouvir "a voz de suave silêncio".
Sabemos apenas que escondeu o rosto na capa. Aquela noite memorável em que Samuel ouviu
a Voz do Altíssimo, marcou uma época em Israel. A glória que Ezequiel viu junto ao rio Quebar,
inspirou-lhe a vida inteira e tem sido uma bênção, até hoje, para os que lêem a sua história.
Todos estes eventos tiveram a sua manifestação em tempos determinados ou em lugares
especiais. Hoje há algo melhor: a presença perene do Espírito Santo em nós, Por isso temos a
possibilidade de correntes de água viva fluindo constante dentro de nossas vidas, para saciar o
mundo. Quando o Espírito faz habitação na alma regenerada, permanecendo aí e sendo a fonte
dos pensamentos, dos desejos, das palavras e dos atos, Deus, o Pai, vivificará a compreensão
humana e ela reconhecerá as possibilidades e as responsabilidades que esta grande verdade
traz à vida.
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Conhecer a Cristo! Reconhecê-Lo! Participar da Sua vida! Que verdade, que privilégio, que
apropriação e que herança!
Muitas vezes sonho ver o rosto do meu Mestre naquele dia de festa, cercado de inimigos
ferozes, quando, numa voz serena, levantou-Se e exclamou: "Se alguém tem sede, venha a mim
e beba. Quem crer em Mim, como diz a escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto
ele disse com respeito ao espírito que haviam de receber os que nele cressem." Acredito que
nesse momento o Seu rosto brilhava como o sol quando na sua força resplandece. Como as
verdades eternas deveriam ter ecoado naquele ambiente de ódio e confusão!
Rios de água viva para aquele que CRÊ! Maiores obras do que estas para aquele que CRÊ!
Transformação de glória em glória, como patrimônio daquele que CRÊ! Triunfar em Cristo,
crendo! Sim, "que aconteceria se, realmente, acreditássemos?!" Crer nas visões espirituais, é en-
xergar os recursos divinos para viver certos da Sua presença, para ser submissos à Sua vontade!
Oh, que o Teu Divino Espírito, Senhor, nos capacite a confiarmos em Ti!
Gloriosa experiência, ó Cristo amado,
Ter o Consolador ao nosso lado, O Espírito veraz!
Ter a consciência, ó sim, do Seu domínio!
E a certeza sentir que houve extermínio
De tudo o que é falaz!...
Quando veio a tarde e as sombras desceram sobre a terra, os discípulos tomaram o barco em
direção a Cafarnaum e estavam temerosos porque o Mestre não havia chegado para ir junto
com eles. O mar começou a enfurecer-se e o vento soprava assustador.
"E tendo navegado uns vinte e cinco a trinta estádios, viram a Jesus andando sobre o mar e
aproximando-Se do barco, temeram. Porém Ele lhes disse: "Sou eu, não temais." Então eles de
boamente O receberam no barco, que logo chegou à terra para onde iam."
Com a presença de Cristo, veio a calma, o sossego, o bem-estar. Quantos de nós, pela falia de
fé, não podemos enxergar, em meio à cerração o vulto de Jesus andando sobre o mar!
A fé é um ponto de apoio. O ponto de apoio da o equilíbrio E o equilíbrio gera a confiança. A
arca de Noé se apoiou sobre o Monte Arará. Jesus é a nossa Rocha dos Séculos. Sobre Ele nós
nos firmamos e a devastação das águas não nos atingirá.
Um chinês se converteu de sua vida de gravíssimos pecados e veio, um dia, à presença de um
dos parentes que o conhecera outrora.
__ Rapaz, como se deu isto? Que diferença na sua vida, agora!
— É Jesus! — Respondia o rapaz a sorrir, vitorioso. — É a presença de Jesus na minha vida! —
__ Nunca vi uma pessoa mudar tanto, nunca vi isto em toda a minha vida, — dizia o parente,
repetidas vezes. E ficava-a mirar o rapaz.
Há, no sertão brasileiro, o costume de se receber um hóspede com esta saudação: "Meu amigo,
a casa é sua." O que equivale dizer: "Aqui você manda, não tenha cerimônias, esteja à vontade."
Se dissermos ao Senhor Jesus, diante das portas abertas do nosso coração: Senhor, a casa é Tua,
entra e faze nela a Tua morada. Então o Senhor entrará, ceará conosco e ficará sempre.
"Fica conosco", diziam os discípulos de Emaus, depois de gozar da Sua companhia durante a
caminhada. "A noite declina, a escuridão vem. Fica conosco!"
Como é doce a companhia de Jesus na vida humana! Marie Monsen, grande missionária na
China, conta, de maneira emocionante, sobre a presença de Jesus durante os vinte e três dias
que passou num navio corsário: "Pouco antes do raiar do sol, ouvi tiros por todo o navio e, logo
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compreendi o que estava acontecendo. Vieram-me à lembrança as palavras: "... A prova da


vossa fé..."
Lembro-me da alegria que tomou conta de mim, ao pensar nisso!"
Certa vez perguntaram a um humilde pescador que possuía uma fé inabalável no Cristo vivo:
— Como você pode crer que Jesus ressuscitou?
O homem respondeu, nas expressões simples mas sinceras :
— Quando o sol se reflete naquelas nuvens lá distantes, eu sei que o dia está amanhecendo.
Sei que Cristo está vivo, porque O vejo refletido nas faces daqueles que trazem dentro da alma
uma certeza e uma esperança. E porque também O sinto na minha própria vida.
Cristo vive e é o galardoador de todos os que o buscam.
O Dr. Adams, escritor de nomeada, testifica que Jesus Cristo exerce uma presença viva na sua
rotina diária e acrescenta: ele me dá coragem e esperança para todas as horas. Ele me assegura
uma vida eterna além do túmulo e o direito de gozá-la desde agora."
Diz-se que o Dr. Adams não foi somente salvo de alguma coisa mas para alguma coisa. Sim,
amados, nós todos fomos salves da perdição para a glória do Seu Nome!
Oh! A poesia da presença de cristo nas vidas humanas, quem poderá sondá-la, descrevê-la ou
defini-la?
Esta nova alegria que me alcança,
Com a gratidão dentro de mim, vibrando,
Teve a visão de pássaros em bando,
Que nas asas trouxessem a esperança.
A paz que veio, tão serena e mansa
Corno se o próprio céu fosse baixando,
Venceu a noite e o abismo...
E ei-la, cantando, Como sabe cantar uma criança.
Esta alegria que não vê barreiras
E quer subir com as asas mais ligeiras
Para buscar o alento nesse Amor,
Esta alegria interior, profunda,
Que, silenciosa, o coração inunda,
Vem da Tua presença, ó meu Senhor!

12. JESUS É O MESMO SEMPRE


Há tempos li uma ilustração que deu ensejo a esta crônica.
Na verdade foi apenas o sonho de um pastor, mas tão real era a mensagem e tão significativa a
expressão, que tudo em derredor se transformou.
Surgiu do passado, um dia, o discípulo amado, o grande João. Levantou-se perante um vasto
auditório, com o poder convincente de testemunha ocular do Cristianismo do primeiro século.
Começou historiando o momento esplendoroso quando largou as redes de pescar, ali no mar
da Galiléia, para ser, sob a inspiração do Mestre, um pescador de homens.
Narrou que estava junto a Cristo naquela noite quando Nicodemos O visitou e as palavras que
ouviu lhe ficaram gravadas, indelevelmente, no coração. O apóstolo tinha o rosto brilhante, os
olhos cintilavam, bem como a voz, ao falar: "Quem poderia esquecer-se do Seu divino rosto,
quando regressávamos da cidade de Sicar onde Ele convertera a samaritana e nos dizia: "a
minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou!"
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E caminhávamos, continuava João a falar. A estrada era poeirenta, mas às margens floresciam
lírios e rosas, suaves símbolos daquela beleza mais profunda que tínhamos ao lado.
Como nenhum outro homem, ouvíamos falar o Mestre ao atravessar as estradas solitárias de
Jerico, ou assentado num barco à beira-mar, ou mesmo de pé, na encosta de montanha perante
as multidões silenciosas que escutavam cada palavra Sua. Seu poder era comprovado nas
mensagens poderosas, na cura dos cegos, no perdão dos pecados e em comandar as ondas e o
vento.
O apóstolo era admirável, alteando a voz vibrante: "Sentimo-nos inspirados com o Seu desafio:
"Como o Pai me enviou, assim eu vos envio a vós. É-me dado todo o poder nos céus e na terra.
Mas recebereis a virtude do espírito santo que há de vir sobre vós e ser-me-eis testemunhas."
Prosseguindo, o apóstolo João conduz o auditório através daqueles anos maravilhosos de santo
ministério, passa pelo Jardim do Getsêmani, chega à corte do julgamento e, por fim, ao Calvário.
Enfaticamente repete a ordem do Mestre, após a ressurreição, para que esperassem em Je-
rusalém o Poder prometido e, ao descrever o acontecimento glorioso, diz: "Foi depois da
descida do Espírito, sim, que os nossos corações se sentiram isentos da covardia, do medo e do
egoísmo, inundando-se de novas forças, coragem e autoridade. Os discípulos todos foram
revestidos de energia sobrenatural e saíram para abençoar o mundo, espalhando o Evangelho
por todo o Império Romano, sofrendo, mas continuando até à morte, com inteira renúncia e
abnegação!
E com que emoção o discípulo do Amor narra o martírio de Estevão! Seu rosto resplandece. Por
vezes, nos lábios um sorriso. Continua a narrativa sobre a conversão de Saulo e sua visão no
caminho de Damasco, sobre Silas, quando acusado de "alvoroçar o mundo". Enfatiza a devoção
profunda dos verdadeiros seguidores de Cristo, o mútuo amor entre os salves, a atitude
vitoriosa dos cristãos e o espírito invencível daqueles que em nada tinham as suas vidas por
preciosas.
Repentinamente João silencia. Dir-se-iam pensamentos sagrados demais que o arrebatassem.
Uma calmaria intensa paira sobre a congregação. Novas concepções do Cristianismo genuíno e
da missão de Cristo invadem os corações. A religião deixa de ser uma simples rotina. Torna-se
uma realidade avassaladora: a realidade do Cristo vivo operando em cada um dos presentes!
Uma voz destoante quebra a silente harmonia. Vem num tom de sarcasmo, num contraste
brutal com a voz sincera e agradável que se calara.
— Certamente ninguém aceita o que você acaba de falar, senão como vaga reminiscência
histórica... É evidente que tudo quanto disse nenhum efeito tem sobre a existência humana de
hoje. Tenho atravessado ruas, penetrado em cortiços e nenhum sinal encontro como prova de
terem, esses eventos do passado, influenciado a vida humana. Mesmo entre os que se dizem
verdadeiros seguidores, há pouca diferença. É absurdo esse Cristianismo cheio de pretensões,
tendo levado dois mil anos para atingir um quarto da população do mundo. Meditem vocês,
maduramente, na seriedade com que os cristãos se impressionaram com isso, quando em um
ano são requeridos vinte e cinco pregadores para convencerem uma só pessoa! Que caricatura
ridícula deve representar esse Cristianismo sobre a vida individual e coletiva no meio do caos e
da incredulidade do mundo moderno! —
E o ateu continuou falando, com o mesmo tom de escárnio, sobre a impotência dos crentes
para conduzirem a geração atual, a mais culta e a mais desenvolvida de toda a história da
humanidade.
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O auditório estava suspenso, estupefato. Finalmente, uma tímida senhora conseguiu levantar-se
e dizer:
— Querido apóstolo do Senhor, eu creio que o Cristianismo como Cristo o deixou, é a
esperança e a única deste mundo. Apesar da minha fidelidade, confesso que não tenho tido o
poder espiritual que tinham os primitivos cristãos. Quem sabe se o apóstolo poderia descobrir o
que está errado? A falta, eu sei, está em mim e não Nele. Disso tenho certeza.
Ergue-se do banco o pastor dessa crente destemida e diz:
— Meu coração, como nunca, está sendo julgado, dilacerado e perscrutado. Pensei que o
programa que elaborei para a minha Igreja, e que foi tão cuidadosamente executado, fosse o
suficiente. Os membros são generosos, ativos e fieis. Tenho sido ortodoxo nas minhas
pregações e pródigo em servir o meu rebanho. Sinto, porém, que alguma coisa está faltando.
Há pouca evidência de profundo arrependimento e, mais ainda, falta de poder diante das
tentações. Há quase completa ausência do espírito invencível de sacrifício e renúncia,
características dos primitivos cristãos. Como os demais membros da família cristã, eu, como
pastor, também me sinto não estar obtendo vitórias na minha vida e no meu ministério. A Igreja
deve produzir cristãos poderosos e heróicos para enfrentarem as hostes terríveis do pessimismo
e da descrença que invadem o mundo na atualidade. Será, querido apóstolo João, que o irmão
poderia explicar onde está a nossa falha?
Ao despertar do sonho, o pastor percebeu que João não estava mais ali. Diante dos seus olhos,
a Bíblia aberta, no mesmo lugar onde a deixara uma hora antes. Seu olhar recaiu sobre as
palavras: "Mas nós... recebemos o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer
o que nos é dado gratuitamente por Deus."
Prostrado, suplicou ao Autor da Palavra que revelasse ao Seu servo os recursos de uma nova
compreensão e apreensão espiritual de que tanto carecia. Novas possibilidades de obter as
riquezas de Cristo para a sua própria vida e para a da sua Igreja. Tornou-se-lhe, imediatamente,
claro, que os recursos infinitos providenciados para os cristãos do primeiro século, eram ainda
acessíveis aos seguidores do presente.
O pastor reconheceu que Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente. A sua convicção
tornou-se tão forte como a certeza de que, assim como um Calvário histórico não pode trazer
salvação, também um Pentecostes histórico não pode encher a vida de poder. É preciso haver
aceitação, apropriação e experiência conscientes. Antes de esperarmos que "rios de água viva"
dimanem de nós para saciar as multidões sedentas, essa Água da Vida tem de fluir intensa e
penetrante do nosso íntimo. Era como se perguntasse: De onde vêm as enchentes?
Compreendeu que a esperança da Igreja e do mundo, é tornar, o Calvário e o Pentecostes uma
realização viva e experimentada.
Ao finalizar as suas meditações, o pastor se levanta outro homem. Sentia-se transformado,
preparado e com a alma cheia da convicção de que as renovações almejadas não seriam
adquiridas por meras informações, mas por experiências profundas em cada vida. E assim levou
o seu rebanho a entender, desejar, a pedir e a apropriar-se das provisões riquíssimas do Deus
de todo o Amor.
O fermento começou a levedar a massa. Silenciosamente se verificou, dentro de pouco tempo,
uma diferença extraordinária. Nem formas exteriores, nem modos forçados, mas vidas brotando
do íntimo como plantas do interior da terra. Um espírito de amor, de harmonia, de boa vontade
e de sujeição ao Senhor permeava entre os membros da sua Igreja. Crentes saíam para
evangelizar, não por obrigação nem por rivalidade, mas impulsionados por uma força superior
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que operava na alma de cada um o desejo ardente de cuidar dos necessitados, levantar os
caídos e ajudar os que não tinham certeza de sua salvação.
Huberto Rohden conta, no seu livro Pascal, a experiência gloriosa deste servo de Deus: "Naquela
noite de 23 a 24 de novembro de 1654, quando escreveu numa folha de papel, que levou
consigo até à morte, teve uma profunda e inexplicável experiência pessoal com Deus. Foram
estas as palavras: "Desde as dez e meia até cerca da meia-noite... Fogo... Deus de Abraão, Deus
de Isaac, Deus de Jacó... Não o deus dos filósofos e dos sábios... Certeza... Certeza ...
Sentimento... Alegria... Paz... “
“Deum meum ET deum vestrum... Teu Deus será meu Deus!"
Nunca revelou a pessoa alguma o que lhe aconteceu nessa noite luminosa, mas foi à noite da
sua definitiva conversão ao Cristianismo. Nessa noite nasceu o Pascal cristão.
Revela-Te a nós todos, Senhor, na urgência desta hora!
Dá-nos uma visão, a mais significativa, de estarmos no Reino para tal tempo como este. Vem à
nossa civilização mundial, purificando-a, esclarecendo, de tal modo que todos os princípios da
cultura, da instrução e da ciência, sejam baseados no amor e na glorificação do Teu Nome.
Vem aos nossos corações frios e aquece-os para que eles saibam melhor amar e melhor orar.
Vem aos nossos olhos cegos, para que possam enxergar a glória de uma vida ligada à videira
verdadeira. Vem às nossas mãos fracas e toca-as com o Teu poder. Somente assim elas poderão
mitigar as ânsias de um mundo arruinado, poderão levantar a humanidade decaída e suavizar as
dores dos lares desolados.
Vem às vidas desanimadas e reveste-as com a Tua graça para que enfrentem os problemas
atuais e tenham coragem para combater os seus males.
Vem revelar-Te a nós, ó Cristo, sim, com essa realidade que és TU! Vem dizer-nos da verdade
que é o Teu Cristianismo, em Vida, Poder e Luz, com a Tua presença constante nos corações que
Te seguem e constantemente Te buscam. Opera, ilumina, ensina, aquece, porque Tu és o
mesmo, ontem, hoje e eternamente!
Diante do templo imenso
Da Tua criação,
Eu Te adoro, meu Deus.
Porque me deste
A certeza da Tua Presença,
Porque me deste
A segurança do Teu Amor,
Porque me falas
E me atendes
Através da Tua Palavra.
E porque, sobretudo,
E muito mais,
E eternamente mais,
Tu me deste
A salvação da minha alma
Pela fé
Nos merecimentos do Teu Filho,
O Verbo que Se fez carne,
O Pão das almas,
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O Deus eterno,
A Esperança!
Por isto, quando amanhece,
Cada dia,
Eu também amanheço
Dentro de mim mesma,
Numa renovação de paz e de alegria.

13. ELE ACENDEU A MINHA LÂMPADA


A alma acesa com a Luz divina é a maior dádiva, o mais santo privilégio da vida humana. Torna-
se o "espelho fiel" do Sol da Justiça, pode iluminar o caminho de alguns pés cansados e tirar as
sombras dos corações que choram.
Ó Lâmpada do Senhor, levanta-te e resplandece!
Estás no Reino para tal tempo como este!
É tremenda a responsabilidade de uma vida cuja lâmpada foi acesa por Deus. Se ela não quiser
iluminar as trevas em derredor, se não puder dissipar as nuvens ameaçadoras, é capaz de ouvir:
"A ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal!"
Escreveu, certa vez, Philips Brooks: "Não oreis pedindo vidas fáceis. Orai pedindo homens
corajosos. Não peçais oportunidades iguais às forças, mas forças iguais às oportunidades. Então
a realização da vossa tarefa não será um milagre, mas vós mesmos sereis o milagre. E cada dia
admirareis, dentro de vós mesmos, a riqueza que, pela Sua graça, ides adquirindo.
A maioria dos crentes ainda não "tocou a orla" das possibilidades que poderão encontrar EM
CRISTO. Ainda não se apercebeu da extensão, do grau e da sublimidade da redenção POR
CRISTO. Vive nas fronteiras entre a fraqueza (o pecado) e a força (a santidade), sem penetrar no
círculo mais íntimo da comunhão com Ele. O ideal de cada um que entra no Reino de Deus, é
ser um cristão extraordinário, especialmente nos dias que correm, quando os maiores empre-
endimentos são realizados para o desenvolvimento integral do ser humano.
O que há de mais importante neste Século da Ciência, é chegar-se ao conhecimento mais
profundo da verdadeira Vida Cristã. As leis biológicas são as mesmas desde a Criação. Ninguém
pode prescindir delas. As leis espirituais, — da alma buscando o Criador, da alma só se
satisfazendo em comunhão com o Pai, — continuam as mesmas desde o gênesis. Ninguém
pode substituí-las. Viver para o Reino de Deus, é renunciar o mundo. Para seguir a senda espiri-
tual retilínea, é preciso desprezar as coisas materiais, isto é, não pôr o coração nelas. Queremos
a aprovação de Deus? Não nos prendamos aos respeitos humanos. Esqueçamos o EU.
Queremos amar o próximo? Ninguém poderá fazê-lo sem esquecer-se de si mesmo. A
preparação para o além é uma escada longa e ininterrupta.
Os discípulos estavam longe de entender as palavras de Jesus: "Convém que eu vá... porque, se
eu não for, o Consolador não virá a vós." Mais preciosos ainda do que a presença corporal de
Jesus entre os discípulos, é a Nova Relação com Ele na Criação. Sim, o mesmo Salvador que
subiu ao Monte da Transfiguração com Pedro, Tiago e João e com eles andou pelas estradas da
bela Palestina, voltaria a viver neles, dentro de suas vidas, identificado com eles! Aquele que
motivava os Seus ensinos apontando os pássaros, os lírios, a Rosa de Saron, os semeadores do
campo, o fermento, o sal, as dramas, a ovelhinha, haveria de tornar-SE mais próximo dos Seus
discípulos que essas visíveis motivações; haveria de ser o Amigo mais chegado, o PODER mais
eficaz, através Daquele OUTRO (igual a ele) que haveria de enviar.
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Charles Trumbell conta-nos a sua luta para chegar à compreensão da gloriosa verdade: CRISTO
VIVE EM MIM. Diz-nos ele: "Pela Sua longanimidade, paciência, perdão e amor, deu-me,
finalmente, o que eu LHE pedia. Deu-me uma nova e inteira concepção de Cristo, que hoje me
pertence. Em que consistia essa mudança? É difícil dizê-lo em palavras e, entretanto, ela é tão
nova, real e miraculosa na minha vida como tem sido na de tantos outros. Para começar,
compreendi, pela primeira vez, que as muitas expressões no Novo Testamento, — Cristo em vós
e vós em Cristo, — e Ele ser a vida do crente e o crente ser a Sua habitação, eram fatos literais,
atuais e concretos e não meras figuras de retórica. Concluí, pois: Cristo era o meu Salvador,
porém eu O havia abraçado como um Salvador externo. Aquele que operara a obra da grande
redenção, estava de fora, como dantes. Pronto, de certo, a chegar ao meu lado e a estar comigo,
ajudando-me no que eu necessitava, dando-me poder e força e livramento. Agora, porém, eu
conhecia algo melhor. Cheguei a provar, a sentir, que Jesus Cristo estava absolutamente dentro
da minha alma e mais do que isto: Ele constituía a minha própria vida, unindo-me a Si, material,
mental e espiritualmente, tendo eu, ao mesmo tempo, a minha própria identidade. o meu livre-
arbítrio e a plena responsabilidade moral. Não era mais vantajoso possuir a Jesus como a minha
própria vida, do que tê-lO como um Salvador e um Ajudador apenas histórico, ou apenas
externo?
"Sei, portanto, de experiência própria, que a vida triunfante está em Jesus Cristo, — numa
entrega incondicional de nós mesmos, do nosso querer ao seu querer, tornando-se Ele o Senhor
das nossas vidas, tanto quanto o nosso Salvador interno, ocupando o nosso ser, achegando-nos
à sua divina personalidade, sim, enchendo-nos de si mesmo, até à plenitude de Deus.
"E qual o resultado? Tal experiência me deu, apenas, uma concepção de Cristo, intelectual e
nova, ou mais interessante e satisfatória do que dantes? Se fosse somente assim, muito pouco
teria hoje a dizer-vos. Não! Este fato significou uma mudança radical e revolucionadora, dentro
da minha vida e fora dela. "Se alguém está em Cristo, nova criatura é."
"E que mais? Mantive uma comunhão com Deus, inteiramente diferente e infinitamente melhor
do que em qualquer outro tempo, em toda a minha vida. Senti uma vitória incomparável: Era
uma consciência viva sobre certos pecados comuns, velhos hábitos que pretendiam estrangular-
me e fazer-me naufragar, sem que eu desse por isso e agora Cristo me dava uma total
libertação de tudo!
''E, finalmente, os resultados espirituais do serviço ao Senhor, me davam uma participação da
alegria do céu que nunca, nunca pensei fosse possível sentir-se na terra!"
Eis a maravilhosa experiência de um servo de Deus. E muitos outros a têm sentido através dos
acontecimentos espirituais de monta na História do Cristianismo.
Que realidade gloriosa é esta magna realidade: CRISTO VIVE EM MIM! Quem poderia sondar
as maravilhas dessa verdade? Imaginai que, no princípio de um dia, meditásseis assim: "Hoje
Cristo em pessoa, estará comigo. Andará ao meu lado. Ouvirá tudo o que eu disser. Saberá de
tudo quanto penso e auxiliar-me-á em qualquer dificuldade eu empreendimento. Esse dia teria
para vós uma significação nova e surpreendente. Que cuidado teríeis no lidar, no agir, no falar,
no escolher, no meditar. Nenhum momento dissiparíeis em coisas vãs. Teríeis forças para vencer
todas as tarefas do dia. E que de contentamento, de graça, de regozijo, de energias novas.
Subiríeis com asas como as da águia, correríeis e não vos cansaríeis, caminharíeis e não vos
fatigaríeis.
Leon Tolstoi deixou-nos a bela história do sapateiro humilde que uma noite, em sonho, ouviu a
voz de Jesus dizendo: "Amanhã chegarei." Sentiu que Cristo realmente chegaria e com
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ansiedade esperou e vigiou. Escutava cada passada lá fora com uma esperança radiante. O dia
foi gasto no serviço altruísta. Mostrou bondade ao próximo como teria feito se Jesus estivesse
presente. Passou as horas mais felizes na expectativa de ver o Mestre. Ao fim do dia aprendera
que Jesus estivera presente em cada ação praticada, em cada copo de água oferecido, em cada
afabilidade demonstrada, em cada alegria espalhada.
A gloriosa verdade da presença de Cristo em nós, é melhor do que o sonho do sapateiro. É
maior do que a compreensão dos discípulos. Cristo não vem como visitante, de quando em
quando, nem anda ao nosso lado diariamente, mas entra na vida do crente. Como diz a
Escritura: "habita convosco e estará em vós." Já pensastes na significação profunda desse fato?
Viveis diariamente como se Ele constituísse a vossa vida?
É provável que muitos cristãos não tenham chegado à altura dessa verdade. Se vivêsseis, um dia
só que fosse, no fulgor dessa realidade, mudaríeis por completo o curso da vossa vida e vos
sentiríeis dissatisfeitos com as coisas passageiras que tanto vos preocupam. A alma que se
ilumina com o Sol da Justiça está isenta de ansiedade, de rivalidade, de ressentimentos, de
medo, de inveja, de frivolidades, e de tudo quanto é mesquinho ou vão. Há pensamentos
elevados, desejos santos, vontade de servir, submissão pronta ao Senhor, hinos de louvor ao
Seu Nome.
Que não poderá escrever uma pena inteiramente consagrada a Deus? Cônscia dessa verdade,
Cristo vive em mim? Que não conseguirão as mãos humanas tomadas pela Mão divina? Que
despertamento não haverá numa Igreja inteiramente submissa a Ele? O avivamento nunca virá
como algo separado da vida cristã. Começa no íntimo do coração e cresce, movido, dirigido,
alentado e inspirado pelo Santo Espírito de Deus.
Como é difícil, realmente, revestir a vida que uma vez ficou aclimatada e apegada ao pó, com as
vestes alvas, lavadas pelo sangue do Cordeiro! Como é difícil tirar as escamas dos olhos
prejudicados por longos anos de pecado e fazer com que eles vejam as regiões celestes! Como
é difícil deixar cair das mãos as prendas deste mundo para que elas recebam os tesouros
eternos! Como é difícil negar o eu egoísta para vir a possuir o Ser infinito!
Quando sentimos um vislumbre daquela vida que Deus reserva para os filhos que a Ele
inteiramente se consagram, que saudades vêm à nossa alma! Saudades, sim, daquilo para o que
ela foi destinada. Depois de penetrarmos na Terra Prometida, como voltarmos às fronteiras? De
quando, em quando, em sonhos ou em vigílias, nos momentos difíceis ou nos enlevos da
oração, vem a nossos olhos espirituais um pequeno raio daquela visão eterna que o Pai nos
quer dar. Tais réstias de luz deixam o coração, ansioso para viver permanentemente nesse
estado. Podíamos dizer como o salmista: "Minha alma tem sede de ti. Satisfar-me-ei da Tua
semelhança quando acordar."
Está escrito que nem os olhos viram, nem os ouvidos jamais ouviram, nem penetrou no coração
humano, o que Deus preparou para aqueles que O amam.
Há um resplendor de aurora perene diante dos que amam a Deus e vivem em Cristo, dos que se
submetem a ser os Seus instrumentos, manejados diariamente por Ele. E isto não é só para o
futuro nem foi acontecimento do passado. É para a hora presente. É poder ilimitado, é força
inesgotável, são visões da eternidade, é amor excepcional a Deus e à Sua Causa, é paz e
comunhão com Ele, são delícias infinitas que o homem profano nem sonha que existam.
Eis os rastos luminosos de uma vida santa e pura em Cristo. E nem tudo isto é o término das
bênçãos, porque além do último adeus ao "vale de lágrimas", há a promessa: "resplandecerão
como o resplendor do firmamento e os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas sempre
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e eternamente." As Escrituras afirmam que: "aquele que faz a vontade de Deus permanece para
sempre."
Assim como a águia foi criada para as alturas, possuindo, para isso, asas possantes, do mesmo
modo a alma redimida tem asas poderosas para librar-se muito alto. "leva-me para a rocha que
é mais alto do que eu."
Subi mais alto! Eis o convite para o cristão de hoje.
Vivemos numa época em que o mundo precisa de lâmpadas acesas por Deus. De vidas que
tenham a concepção mais elevada das bênçãos espirituais e saiam, como tochas, para dar
testemunho da verdade.
O Senhor Deus vos chama e o mundo vos espera.
A época exige crentes denodados, que tenham tão acurado senso do sacrifício e do
desprendimento, que não meçam barreiras e asperezas, que não temam intempéries e abismos,
mas que, abnegadamente, escutem a chamada e prossigam, "tomando do arado sem olhar para
trás!"
Acende a minha lâmpada, Senhor!
Pôs Óleo em sua Lâmpada.
Tão longo era o trajeto...
Podia escurecer...
Vigilante, pensou:
— Nada venha a faltar-me
Quando à Porta bater.
Preparado, partiu,
Passos largos, avante,
Olhos fitos no Além.
Encontrara, na estrada,
Caminheiros sem Lâmpada
E sem Óleo também...
— Por que tão carregado?...
— Perguntam-lhe, mordazes.
E o prudente responde:
— Vou ao Trabalho Santo
E sem este Preparo
Aonde iria, aonde? —
Cuidado, pregoeiros,
Que, esquecendo a parábola,
Vós lutais, quase em vão...
Sentis que as próprias forças
Sem Lâmpada e sem Óleo
Esfriam o coração?
A Lâmpada é a Palavra,
O Óleo, o Santo Espírito
E Deus acende a Luz.
O Serviço é a Porta
Que deve estar aberta
Para o Senhor Jesus!
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Um dia vai findar


Tanta oportunidade
E ao Mestre que direis?
Armai-vos, pressurosos,
Sem perda de um minuto,
Agora, de uma vez:
— Acende a minha Lâmpada!
Fogo eu tenha na voz
Quando pregar o Amor.
Nunca me falte o Óleo!
É a bênção poderosa
Da Tua Mão, Senhor! —

14. AMAS A VERDADE NO ÍNTIMO


Jesus afirmou ser a Verdade e a Vida. E quando refletimos, — com a iluminação do Alto, —
sobre a significação desses dois vocábulos, ficamos perplexos. Sim, porque Ele, somente Ele, é a
Verdade e a Vida. E nós O aceitamos, identificamo-nos com Ele, revestimo-nos Dele e
enfrentamos a procela e a escuridão, a mentira e a morte.
Fixamos a mente nos Seus ensinos; tentamos obedecer-Lhe em tudo; sentimos no íntimo o
Amor dessa Verdade e no entanto, tudo isso é apenas uma parcela daquele total que é Ele, o
Redentor das nossas almas. Quando um pregador fala com a unção do Seu bendito Espírito,
está apenas tocando a orla do verdadeiro.
É algo realmente sublime, guardarmos dentro das vidas os mandamentos que Ele nos deixou;
porém é ainda mais glorioso tê-los no recesso das almas como a suprema VIDA a transformar, a
alentar, a enriquecer a pobre vida humana... Se todas as ramificações da Verdade que cercam a
existência terrena pudessem receber a seiva da videira verdadeira, naturalmente cada fruto
traria o sabor divino. O salmista cantou: "Eis que amas a verdade no íntimo."
O que houver no interior de qualquer indivíduo, poderá ser expresso em palavras e atos que
demonstrem a qualidade e o valor da procedência; mas a verdade que vier daquela Fonte
profunda, trará em si o selo do Divino, a marca indelével que todos distinguira o como
indestrutível, incomparável. E isto porque "a alma do homem é a lâmpada do Senhor". E essa
lâmpada deverá ser acessa por Ele.
As formas de verdade capazes de sacudir, despertar, transformar e vivificar, vêm de Cristo,
“todas as minhas fontes estão em ti" Esta expressão não é um jogo de palavras; é uma realidade
gloriosa, experimentada e vivida e transbordando em múltiplos cometimentos, avanços e
escaladas, prosperando sempre e, ininterruptamente, para frente!
"Quando vier aquele Espírito de Verdade, Ele vos guiará a toda a verdade!" A Sua essência
dominará a alma no íntimo. Ninguém, em tempo algum, sentiu essa verdade sem haver provado
no âmago a presença Daquele que disse: EU SOU A VERDADE. É muitíssimo importante estudar
na Palavra de Deus a atuação do Santo Espírito, pois essa verdade suprema envolve cada ato,
cada palavra, cada pensamento e cada resolução na vida.
Um ministro consagrado disse: "Muitos crentes ainda não têm uma compreensão nítida dessa
realidade, — a presença do Espírito dominando a vida inteira, — nem, tão pouco, entendem a
extensão do fato, isto é, que o ser completo, com os sentimentos, pensamentos e vontade
possa extirpar, de vez, a confiança nas coisas materiais. Então os dons indispensáveis que a
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atuação do Espírito lhes dará, operarão neles de tal modo que se tornarão os condutores
verdadeiramente equipados da Santa Palavra de Deus que hão de levá-la adiante."
A chamada do Mestre para que renunciemos a própria vida, — não buscando-a, mas perdendo-
a, — é a chamada para a entrega absoluta do EGO com todos os seus poderes. Essa vida
abundante, verdadeira e vitoriosa, enfim, só pode ser adquirida mediante o domínio do Espírito.
Enquanto isso não for entendido, não haverá o desprezo do egoísmo, nem o da confiança na
sabedoria humana, nem a dependência do ser mortal ao Ser imortal, nem o senso da
humildade., nem o hábito de esperar no Espírito. Eis a condição essencial de uma vida
dominada pela verdade.
Lembremo-nos, a cada passo: O que mais entristece o Espírito Santo, é o pecado terrível do
egoísmo, pois é por causa dele que seguimos o que a nossos próprios olhos pareça bom e
sábio, sem consultarmos Aquele que, no dizer de Cristo, é o Ensinador. "E Ele vos ensinará Todas
As Coisas..." A alma precisa estar inteiramente subjugada a Ele. Não pensemos que somente o
fato de admitirmos o Seu ensino; ou, de vez em quando, a Sua direção, seja isso o suficiente
para obtermos o Seu completo domínio. Não! De modo nenhum. É necessário uma entrega
total e real da vida inteira, cem toda a sua força inata, dia após dia, numa sujeição sem limites
da mente, da vontade, numa prontidão integral de esperar a vivificação que venha Dele. Isto
sim. Se quisermos aprender a adorar "em Espírito e em Verdade", procedamos dessa maneira.
O servo que se sente chamado ao serviço do Senhor, tem, de contínuo, essa tentação: O EGO,
buscando realizar tudo a seu bel prazer; sentindo-se independente e realizado; o orgulho
cegando-o; a ambição dominando-o; e o grande Ensinador sendo negligenciado. De raro em
raro é consultado, sem calor, sem entusiasmo, sem aquela alegria transbordante que só os
corações submissos conhecem.
Por isto Jesus disse, claramente: "Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome
cada dia a sua cruz e siga-me." A vida meramente humana com as suas energias naturais e os
seus dons variados, tem de ser sacrificada e submetida ao Santo Paráclito, a fim de que possa
atuar e dirigir; ensinar e transformar outras vidas com a influência que recebe Dele.
Transborda, o incentivo que vence os obstáculos, a energia sobrenatural, um dinamismo
contínuo, maneiras que inspiram a confiança e determinação que ri das dificuldades. Sereis
"corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior".
Oh mocidade, se soubésseis o que o Homem da Galiléia tem para dar-vos! Se soubésseis prever
o que aconteceria na vida de alguém que realmente cresse Nele! Se vísseis as portas que a fé
pode abrir! Se enxergásseis a árvore frondosa, coberta de flores e de frutos que o Senhor tem
para simbolizar a vossa vida! "Se conhecêsseis o que à vossa paz pertence... pediríeis... e Ele vos
daria!"
O Brasil precisa de todos vós, nesta hora, mais do que nunca. O grande livramento que se
observou, há poucos anos, na política interna do país, veio de Deus. As circunstâncias estão
vindo Dele. A nação reclama as vossas forças latentes. Há uma oportunidade de portas
escancaras que precisais ver! As necessidades são urgentes e necessitais do Seu PODER,
submetendo-vos, inteiramente, ao Seu domínio: personalidade, tempo, dinheiro, dons naturais,
nada ficando fora do Altar. Abri os olhos e contemplarei o Homem da Galiléia tão perto... Mais
perto ainda do que naquele dia, sentado à beira da fonte de Jacó, a falar com a mulher do
cântaro. Nele estão os recursos todos de uma vida abundante, de uma vida vitoriosa. A água da
vida que Ele é, dá satisfação a todas as carências, a todas as necessidades. Entregai-vos, pois, a
Ele, submetei-vos ao Seu domínio e vivereis. Apropriai-vos do que Deus tem para vos dar e
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então, cem as almas cheias de gratidão jubilosa, — a jóia mais cara e mais rara que adorna o
caráter cristão, — saireis, como a samaritana redimida, a apregoar: "Vinde! Vede o homem que
me disse tudo!..."
Das multidões dos beneficiados, quantos voltam para dizer: Obrigado, Senhor?
Que os lábios do Divino Mestre não profiram mais, melancolicamente: "Só tu voltaste"?... Mas
que digam, vitoriosamente: "Servos bons e fieis, entrai!...''
A Gratidão é a flor desabrochada
Quando tudo é secura na colina.
É o suave tom da abóbada estrelada
Enquanto a noite às trevas se destina.
A gratidão não pode ser comprada.
A riqueza a seus pés é pequenina.
Qual boa mãe no lar, mestra inspirada,
A lição mais perfeita nos ensina.
Vede, com sangue, escrita numa Cruz!
A Gratidão somente Amor produz,
Por isso põe os céus no coração!
Oh! Que me falte o amparo nos escolhos,
Falte-me o pão e a luz dos próprios olhos,
Porém, nunca me falte a gratidão!

15. NÃO CONHECESTE O TEMPO DA TUA VISITAÇÃO!


A calamidade maior que aconteceu em certa aldeia samaritana, foi o fato de que Jesus desejava
uma pousada e ''não o receberam". O Salvador do mundo ia passando, mas eles não O
reconheceram. Jesus não pediu fogo do céu para consumi-los, — como os discípulos sugeriram,
— mas ''foram para outra aldeia." A esperança de uma vida de felicidade eterna estava ao
alcance deles, mas não quiseram. ''eis que a vossa casa vai ficar deserta".
Jerusalém, a bela capital, o orgulho do povo, o centro escolhido, o clímax de tudo que eles
consideravam precioso, também rejeitou o Filho do homem. Jesus andava pelas ruas e falava
"como nenhum outro homem falou", mas eles não se despertaram. Que dolorosas lágrimas
Jesus derramou sobre aquela cidade, dizendo: "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e
apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos como a galinha
ajunta os seus pintainhos e tu não quiseste!"
E quando iam chegando, vendo a cidade, chorou sobre ela, dizendo: "Ah! Se tu conhecesses
também, só menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos
teus olhos!"
Fariseus e saduceus rejeitaram a Luz deste mundo porque ela "interferiu nas suas teorias e nos
seus dogmas. Ele era a Vida e a Luz, o Poder de Deus, a Revelação das verdades eternas. Não
conheceram o tempo da Sua visitação. Jesus, a Esperança da humanidade, o Cumprimento de
toda a lei, foi rejeitado justamente por aqueles que O deviam ter acolhido!
Ao anjo da Igreja de Laodicéia, — a mesma que estava morna e recebeu a Sua reprovação, — o
Espírito falou: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta,
entrarei." Jesus buscava entrada! O Redentor estava do lado de fora! Ainda hoje Ele busca
entrada... E fica do lado de fora...
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Perguntamos-te, apóstolo do Amor, tu que nos deste a visão de uma porta fechada contra
Cristo o Salvador do mundo: Teria sido essa a última visão de portas fechadas contra Cristo e
Sua orientação? Certamente não. A aldeia samaritana não foi a única a rejeitar o Todo-
Poderoso, a Glória de Israel.
Quando Cristo bateu à porta da Igreja Anglicana no Século XVIII, através de Wesley, o Seu apelo
foi desprezado e o mensageiro recusado. Assim, o acontecimento mais importante para a
Inglaterra foi posto fora da Igreja.
E quantas vezes este fato tem ocorrido! A Igreja apóstata manteve a seguinte atitude: "Rico sou,
estou enriquecido e de nada tenho falta!" E nunca se humilhou para reconhecer: Sou
''desgraçado e miserável e pobre e cego e nu." Por esta causa, quantas cenas tristes se
desenrolaram através dos séculos, impelidas, todas, pelo egoísmo, fruto da rejeição do Mestre e
de Sua humildade.
João Huss e Jeronymo foram queimados por sua fidelidade; Wicliff foi banido. E que dizer
dos discípulos dos primeiros séculos? Estevão foi apedrejado, Mateus foi morto na Etiópia,
Marcos foi arrastado pelas ruas até morrer, Lucas foi enforcado, Pedro e Simeão foram
crucificados, André foi amarrado a uma cruz, Tiago foi degolado, Filipe crucificado e apedrejado,
Bartolomeu foi queimado vivo, Tome foi atravessado por lanças, Tiago, o menor, foi lançado
fora do templo e flagelado até morrer, Judas (não o Iscariotes) foi alvejado com setas até à
morte, Matias foi apedrejado até morrer e Paulo foi degolado. Eis o que nos relata a História
secular.
E que acontece aos servos de Deus deste século? Conformam-se. Não querem ser ousados. São
comodistas, negligentes, descansados, indiferentes... Não podem enxergar os cumprimentos das
últimas profecias, não conheceis o tempo da vossa visitação, igrejas mortas!
Mais uma vez Deus está dizendo, de dentro da Sarça Ardente dos corações de muitos dos Seus
servos de hoje: "tenho visto atentamente a aflição do meu povo"! E o Senhor está ouvindo esse
clamor e está operando em milhares de corações. Há uma nova paixão pelas almas, um novo
interesse pela santificação, a evangelização toma vulto e marcha aceleradamente. Bíblias estão
sendo vendidas em quantidades nunca vistas. Manifestações divinas aparecem aqui e ali, acolá e
mais além. Grupos estão se reunindo em oração, em toda a parte. Há uma fome de coisas
espirituais, da realidade de Cristo, de uma vida vitoriosa em toda a linha.
São tempos de refrigério.
Talvez essa oportunidade não tenha muita duração. É preciso correr. A graça de Deus,
procedendo do Trono como um rio, vai saciando, dessedentando e trazendo vida, sim, vida
abundante. Bem-aventuradas as igrejas que estão sendo, nesta hora, canais abertos para a
passagem dessa onda refrescante ao mundo enfermo. Às águas vivas da visão de Ezequiel
saíram de "debaixo do umbral da casa. E será que toda a criatura vivente que vier por onde quer
que entrarem estes dois ribeiros, viverá."
Como é melhor obter as vitórias espirituais e as contínuas bênçãos do Pai Celestial, canalizadas
através da divina instituição que Cristo deixou, — a Igreja. — Os avivamentos que são forçados
do lado de fora, tem sido por intermédio de cruzadas e sob esforços naturais. Por este motivo,
desenvolvem-se, crescem, definham e passam... Se tivessem sido através da Igreja, sendo o fogo
ateado dentro do coração de cada membro e se estendendo e se alastrando, então sim.
Desse modo haverá segurança, proteção, eficácia e continuidade. Assim aconteceu na Igreja
primitiva, cujo fervor abalou o Império Romano.
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Aos anjos das igrejas de Deus neste vasto Brasil, o cometimento lhes é imposto. Que se
apercebam, da gravidade do momento e do peso da responsabilidade no instante em que lhes
é anunciada a Sua visitação.
"Eis que estou à porta e bato!"
Não ouvis, dentro das vossas consciências, trombetas tocando? Acaso não percebeis chamadas
de clarins?
Há sinais dessa Vinda em toda a terra!
Prestai ouvidos: Há rumor de guerra
Fustigando a ciência...
Há fome e peste, incompreensões e dor
E é blasfemado o Nome do Senhor
Na humana inteligência...
E quando o ouvirdes... A cabeça erguei!
"Do meu espírito eu derramarei!"
Tende perseverança!
Oh, transbordantes corações, voai!
As Boas-Novas, sem cessar, pregai: —
Cristo, Cristo a Esperança!
O Dia da Vitória vem raiando
Com os eternos clarins rumorejando
Pelo radar da fé,
Quando dentro da Luz das luzes todas,
O Noivo Santo celebrar as bodas,
Estaremos de pé!
Ele vos chama do meio da sarça que arde e não se consome. Sob os trovões da Sua Voz Ele vos
concita a sairdes do meio dos arruídos de guerra. Ireis negar? Não tendes pavor do que vos
poderá acontecer se ficardes mudos, medrosos, aniquilados?!
Davi, Daniel, Elias, Samuel, Moisés do Século XX correi!
"Ah, se tu conhecesses o que à tua paz pertence!"

16. ORAÇÃO
"Enchei-vos do Espírito"
Enche-me do teu espírito, senhor.
Enche-me, para que eu seja vazio de outras coisas.
Enche-me para que eu seja unicamente dominado por ele.
Enche-me para que eu seja livremente manobrado por ele.
Enche-me para que eu seja naturalmente dirigido e guiado por ele em todas as coisas e em
todos os caminhos. (At. 8:29;16:6-9)
Enche-me para que eu pregue, com audácia e poder, o teu evangelho que é o "poder de deus".
(Mat. 28:18-20)
Enche-me para que eu tenha, em minhas mensagens, aquela maravilhosa e indefinível unção do
alto que converte, regenera, edifica, abala e transforma.
Enche-me, para que eu tenha a vida em abundância, (João 10:10)
Enche-me, para que, por ele, eu faça as obras que tu fizeste, e outras maiores ainda. (João 14:12)
Enche-me, para que eu dê fruto, muito fruto e fruto permanente. (João 15:2,5,16)
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Enche-me, para que ele não se entristeça mais por minha causa nem seja mais apagado por
causa das minhas atitudes e ações. (Ef. 4:30; I Tes. 5:19)
Enche-me, para que, neste vaso de barro que sou, a excelência do poder seja de deus e não
minha. (II Cor. 4:7)
Enche-me, para que eu o entenda, o reverencie, o louve e o exalte.
Enche-me, para que ele me faça lembrar sempre de tuas palavras. (João 14:26)
Enche-me, para que não haja mais lugar para o eu, para a vontade, para a carne e para as
paixões.
Enche-me, para que eu aprenda a renunciar e a crucificar o que não provém de ti e o que não
tem o teu selo de aprovação.
Enche-me, para que eu seja só teu, ó Senhor!
Enche-me, para que, progredindo, não venha eu a me ensoberbecer, pecando contra ti este
grande pecado.
Enche-me, para que eu não seja volúvel, porém estável, não seja vacilante, porém convicto; nem
desequilibrado, porém sóbrio.
Enche-me, Senhor, para a tua glória, para a conversão de pecadores, para a edificação de tuas
ovelhas, para a satisfação do próprio espírito e para o meu próprio gozo.
Este livro nas tuas mãos...
Colhemos flores no teu jardim,
Flores rubras de amor, no chão caídas...
Com as nossas mãos às tuas mãos unidas,
Um ramalhete foi disposto, assim:
O agreste lírio trouxe alvor às páginas,
A rosa de Saron, a inspiração;
E as violetas da sua humildade deram-lhes cor e forma e coração.
Trouxe a mulher um vaso de alabastro,
Uma prova de amor que pôde dar.
Queremos, com este livro, ó mestre amado,
Por ti também o nosso amor provar.
É a gratidão eterna! É a oferta alçada!
Ê a saudação à entrada triunfal
No teu caminho pelas nossas vidas
Rumo à Jerusalém celestial.
— "Bendito o rei! Hosanas nas alturas!" —
Canta este livro os salmos de louvor!
Faze-o uma fonte para as outras vidas,
E toda a glória para ti, Senhor!

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