Nancy Leigh DeMoss - O Avivamento Do Pais de Gales
Nancy Leigh DeMoss - O Avivamento Do Pais de Gales
Nancy Leigh DeMoss - O Avivamento Do Pais de Gales
O País de Gales é um principado do Reino Unido, menor ainda que o estado brasileiro do Sergipe.
No início do século XX, tinha uma população de pouco mais de um milhão de pessoas. A maioria
trabalhava nas minas de carvão ou em metalúrgicas.
Era uma região cheia de igrejas e capelas. Quase todos freqüentavam uma igreja regularmente.
Havia grandes pregadores que viajavam, anunciando o evangelho. Numa época em que não havia
rádio nem televisão, os cultos eram um acontecimento importante na sociedade. Admiravam-se as
boas pregações que atraíam grandes audiências.
Entretanto, algo estava faltando nessas pregações. A mensagem havia-se perdido no meio da
preocupação com sua forma de transmissão. O culto era bem preparado, as pregações eram
aperfeiçoadas, como uma obra de arte, e havia entoação de hinos no final. Porém, algo estava
errado. Faltava um elemento importante – a paixão pela mensagem. Aos poucos, algumas pessoas
começaram a notar isso.
Uma dessas pessoas era um homem chamado Dean Howell. Em 1903, ele escreveu um artigo
conclamando o povo galês a buscar Deus por algo novo.
“A maior necessidade da nação galesa hoje”, ele escreveu, “é avivamento espiritual; não apenas
transformação social, mas avivamento espiritual, algo que alcance as profundezas do coração.”
“Se fosse a última coisa que eu pudesse dizer a esta nação”, ele concluiu, “eu gostaria de dizer que
precisamos de avivamento”. Três semanas depois, Dean Howell morreu.
De repente, as pessoas começaram a clamar por Deus. Era algo realmente notável. Muitas pessoas
estavam orando por avivamento, reconhecendo que o estado espiritual em que estavam não era o
que deveria ser.
Antes de Deus acender a chama, ele precisava preparar um instrumento para guiar e cuidar do
avivamento. Por isso, no nosso relato, precisamos voltar um pouco no tempo e falar a respeito de
um homem que Deus começou a preparar vários anos antes dos acontecimentos descritos na Parte I.
Quando Deus começa um avivamento, ele não trabalha primeiro com a igreja como um todo. Ele
escolhe uma ou duas pessoas com paixão, com encargo, que geralmente estão “fora do arraial”, num
certo sentido. Estão fora dos programas normais da igreja. Estão carregando um fardo que os outros
não conseguem compreender.
Volte às Escrituras e veja os exemplos. Deus escolhe um simples pastor, longe dos centros de
atividade, e faz dele um rei. Ou toma homens comuns (como Amós, um homem do campo – Am
7.14) e os chama para serem profetas. Deus não escolhe os fortes, os capacitados. Ele procura os
simples, os disponíveis.
Imagine o que Jesus faria se estivesse iniciando o cristianismo agora, no século XXI. Se ele tivesse
de escolher doze homens e dizer: “Estou confiando a estes homens o futuro da Igreja Cristã, a
mensagem do Reino de Deus”, imaginaríamos que procuraria nos melhores seminários, que
escolheria as mentes mais brilhantes, os comunicadores mais dinâmicos.
Mas não foi isso que fez no início da era cristã. Sabe o que ele faria hoje? Iria a uma obra de
construção, a uma fábrica qualquer ou aos trabalhadores rurais e chamaria seus discípulos. Porque
foi isso que fez quando escolheu pescadores e outros homens comuns nos evangelhos.
Um dia, resolvi matar aula e fui para um parque para brincar. Chegando lá, vi meu pai
andando no parque e escondi-me por trás dos arbustos. Quando ele se aproximou, fiquei
assustado por ver que estava chorando (algo que achei que ele jamais faria). Ele estava
dizendo: “Por favor, Deus, dá-me Gales”, e continuou repetindo essa súplica enquanto eu
podia ouvi-lo.
Porém, além de pedir um avivamento para Gales, Seth Joshua estava fazendo uma outra oração a
Deus por algo bastante incomum. Ele estava pedindo para que Deus levantasse um moço das minas
de carvão ou dos campos de lavoura, não de Cambridge ou Oxford (assim como chamara a Eliseu
enquanto lavrava a terra), para despertar o povo de Deus e levá-lo de volta à sua presença. Nem
imaginava que ele mesmo teria um papel neste chamado.
Em 1904, quando Evan Roberts estava estudando na escola preparatória, Seth Joshua foi pregar na
igreja de Joseph Jenkins, em New Quay, onde Florrie Evans havia feito sua confissão e onde havia
agora um grupo de jovens avivados. O ambiente espiritual estava muito favorável, e Deus estava
operando poderosamente em muitas vidas. As reuniões se prolongavam até mais de meia-noite.
Numa das reuniões, depois de meia-noite, Seth tentou encerrar o culto com uma oração. Mas,
durante a oração, o Espírito começou a agir novamente, e o povo não quis ir embora. Isso se repetiu
por diversas vezes. Seth Joshua testemunhou depois que nunca antes vira tamanha manifestação do
poder do Espírito.
Depois disso, Seth foi para Newcastle Emlyn, para a escola preparatória, onde Evan Roberts estava.
Eram todos jovens preparando-se para o ministério, mas o ambiente era frio e indiferente. Nas
primeiras reuniões, Evan não estava presente porque estava doente. No terceiro dia, porém, um
grupo de jovens de New Quay veio. Não houve pregação, somente cânticos, testemunhos e
exortações. O fogo começou a arder, corações se derreteram e muitos começaram a pedir
misericórdia de Deus por suas próprias vidas.
Ao ouvir e ver o que Deus estava fazendo em New Quay, Evan Roberts sentiu que chegara o
momento para a resposta às suas orações. Quando Seth Joshua seguiu para uma outra cidade
próxima, Blaenanerch, para pregar, Evan pediu permissão do diretor da escola para ir para lá com
mais alguns colegas e participar das reuniões.
Era uma quinta-feira, 29 de setembro de 1904. Evan Roberts saiu de Newcastle com um grupo de
dezenove colegas da escola, às seis horas da manhã, para estar na primeira reunião que começaria às
sete. Já pelo caminho, o grupo sentia a forte presença do Espírito ao cantar: “Está vindo, está vindo
o poder do Espírito Santo; eu o recebo, eu o recebo, o poder do Espírito Santo”.
Ao chegarem lá, participaram da primeira reunião. No final da pregação, antes de dar um intervalo
para tomar o café da manhã, Seth Joshua fez uma oração em que usou as palavras: “O Arglwydd,
plyg ni”, palavras em galês que significam: “Senhor, dobra-nos”. Estas palavras atingiram Evan
como se fossem uma flecha no seu íntimo. Ele sentiu uma profunda agonia como uma dor de parto
e testificou mais tarde que o Senhor lhe sussurrou nos ouvidos: “É disso que você precisa”.
Esta palavra em galês, plyg (dobrar), tem um sentido muito mais profundo do que nossa palavra em
português. Significa derreter, moldar, dar forma (como barro nas mãos do oleiro) – além de dobrar
ou quebrantar.
Evan não quis tomar café. Quando voltaram para a reunião às nove horas, ele sabia que precisava
fazer essa mesma oração em público. Enquanto esperava que outros terminassem de orar, ele disse:
Senti uma força ou energia viva entrando no meu peito. Perdi o fôlego, minhas pernas
ficaram trêmulas. Caí de joelhos, suava muito, e as lágrimas jorravam – achei que estava
até sangrando. Era terrível por uns dois minutos. Então clamei: “Dobra-me, dobra-me,
dobra-me! Oh! Oh! Oh!” Senti que era Deus enviando o seu amor para me dobrar e eu
não compreendia o que havia em mim para ser amado. Depois que fui “dobrado”
(quebrantado), uma onda de paz encheu meu interior. Ao mesmo tempo, a congregação
cantava com entusiasmo: “Estou chegando, estou chegando, Senhor, a ti”. O que veio à
minha mente depois disso era o dia do juízo final quando as pessoas serão dobradas
contra sua vontade. Senti meu coração cheio de compaixão pelas pessoas que serão
obrigadas a se dobrarem diante de Deus no dia do juízo. Desse dia em diante, a salvação
das pessoas pesava muito sobre mim.
Essa foi a experiência crítica na vida de Evan Roberts. Ele sempre se lembraria da grande reunião
de Blaenanerch. Como os caminhos de Deus são insondáveis! Seth Joshua pedira Gales a Deus, mas
Deus não lhe deu Gales – ele lhe deu Evan Roberts. E depois deu Gales a Evan Roberts!
Um Novo Homem
Quando Evan levantou-se daquela oração, ele era um homem transformado. Sentiu-se inflamado
com o desejo de ir por toda a extensão de Gales para falar do Salvador.
Ao voltar para Newcastle, para a escola, não conseguiu mais concentrar-se nos estudos. Passou
muito tempo orando e conversando com o colega de quarto sobre o desejo de ver Deus mover-se em
todo o seu país. Começaram a conversar com outros jovens para formar equipes de evangelização.
Certa noite, depois da meia-noite, Evan voltou para o quarto depois de um período de oração. Seu
colega de quarto, Sydney Evans (que depois casou-se com a irmã de Evan Roberts e foi para a Índia
como missionário), viu que seu rosto estava brilhando e perguntou o que havia acontecido.
“Oh, Sydney”, ele respondeu, “acabei de ter uma visão de todo o País de Gales sendo elevado ao
céu. Estamos para ver o maior avivamento que este país já experimentou, e o Espírito Santo está
chegando. Precisamos estar prontos!”
Em seguida, Evan Roberts olhou para ele com um olhar penetrante nos seus olhos, do qual Sydney
nunca mais pôde esquecer, e perguntou-lhe: “Você acredita que Deus possa nos dar CEM MIL
ALMAS?”
É preciso lembrar que, nessa época, Evan Roberts era uma pessoa totalmente desconhecida.
Ninguém tinha ouvido falar dele. Mal começara a se preparar para entrar num seminário (que nunca
chegou a fazer). Mas, a partir desse dia, passou a acreditar firmemente no avivamento e na grande
colheita de cem mil almas que Deus daria. E os relatórios confirmam: nos primeiros seis meses do
avivamento, cem mil pessoas foram alcançadas por Jesus no País de Gales!
Extraído do site www.reviveourhearts.com, do ministério de Nancy Leigh DeMoss, e do texto “When the Fire
Fell” (Quando o Fogo Caiu), de Maurice Smith, www.parousianetwork.org.