Lei Penal Especial - Crimes Hediondos

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CRIMES HEDIONDOS Lei nº 8.

072/90
1 INTRODUÇÃO
A lei de crimes hediondos surgiu de um mandado de criminalização imposto pela Constituição
Federal em seu art. 5º, XLIII, CF. Assim, as condutas com maior gravidade social foram dispostas por
essa lei, em rol taxativo, a fim de conferir uma maior repressão a sua prática, inibindo as condutas
tidas como hediondas pela nossa sociedade, promovendo uma maior paz social.

1.1 Sistemas de Definição da Hediondez


Existem 3 sistemas:

 Sistema Legal (brasileiro);


 Sistema Judicial; e
 Sistema Misto.

1.1.1 Sistema Legal


O legislador é quem define, em um rol taxativo, através de lei quais são os crimes hediondos.
Sofre críticas por retirar do juiz o juízo valorativo, não levando em consideração o caso concreto, mas
apenas o delito em abstrato.

1.1.2 Sistema Judicial


É o juiz quem decide quais são os crimes hediondos, levando em consideração as
particularidades do caso concreto. Também sofre críticas por deixar apenas nas mãos dos juízes, o que
em alguns casos pode ficar sujeito a critérios subjetivos e a crenças pessoais do julgador. Dessa forma
há uma menor segurança jurídica.

1.1.3 Sistema Misto


Nesse sistema o legislador apresenta um rol exemplificativo, permitindo ao juiz a aplicação de
uma interpretação analógica, estendendo as hipóteses de acordo com o caso concreto.

1.2 Antecedentes à Promulgação da Lei de Crimes Hediondos


A CF trouxe um mandado de criminalização dos crimes hediondos, motivo pelo qual em pouco
mais de um ano foi editada a presente lei para a reprimenda desses crimes. Acontece que logo em
seguida houve forte manifestação popular, diante de diversos crimes que vinham acontecendo e que
tiveram grande repercussão e repúdio na sociedade brasileira.
Assim, seguindo os anseios da população a lei foi alterada diversas vezes, incluindo outros
crimes em seu rol taxativo, além de vedar a progressão de regime aos condenados por tais delitos.
Posteriormente, em 2006, o STF reconheceu a inconstitucionalidade desse dispositivo,
considerando-o uma afronta ao princípio da individualidade da pena. No ano que se segui o congresso
aprovou a nova modificação na lei.
2 CRIMES HEDIONDOS DO CÓDIGO PENAL
(GENEPI e PAUR tESTaram o HO L EX do ROBÔ FALSO da Linda XUXA FUdida em 3 Tempos)
GEN – GENocídio
EPI – EPIdemia com o resultado morte
PAUR – Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Restrito ou proibido
EST – ESTupro e estupro de vulneráveis;
HO – Homicídio
L – Latrocínio
EX – Extorsão:

 mediante sequestro;
 qualificada; e
 qualificada pela restrição da vítima, lesão corporal ou morte;
ROBO – Roubo:

 qualificado pela lesão corporal grave ou morte;


 pelo emprego de arma de fogo
 arma restrita ou proibida
FALSO – FALSificação de medicamentos;
L – Lesão corporal funcional gravíssima ou seguida de morte;
XUXA – exploração sexual de menor
FU – Furto qualificado pelo emprego de explosivo ou análogo;
3 T – Terrorismo, e tortura e tráfico(drogas, armas;

2.1 Homicídio Simples praticado em Atividade Típica de Grupo de


Extermínio
Segundo os ensinamentos do professor Cézar Bittencourt, atividade típica de grupo de
extermínio é quela praticada com o fim de eliminar as pessoas pelo simples fato de pertencerem a
determinado grupo, raça ou classe social. (e.g mendigos, prostitutas, militares, judeus, negros)
A principal característica desse tipo de homicídio é a impessoalidade, pois para o agente pouco
importa quem ele esteja matando, desde que pertença a esse determinado seguimento no qual ele
pretende eliminar.
A atividade de grupo de extermínio não pressupõe necessariamente um concurso de pessoas,
podendo ser realizada por um só indivíduo. Também não é necessária a pluralidade de vítimas.

 Caso exista também um grupo, além de crime hediondo, incidirá a causa de de aumento do art.
121, §6º, CP (1/3 a ½)
Na prática se faz quase impossível cometer um homicídio simples em atividade de grupo de
extermínio, sendo que em sua maioria das vezes haverá a incidência de uma das qualificadoras do §2º
do CP. Assim a inclusão dessa modalidade nos crimes hediondos se deu principalmente por questões
de política criminal, como uma norma penal simbólica, de forma a taxar a referida conduta como
hedionda e satisfazer os anseios da população.

2.2 Homicídio Qualificado


PARETO FUgiu num VElho FEAT com TED e um VEIO FEio, FUdido e ARMAdo aos 14 anos.
I – PAga, REcompensa, e TOrpe; motivo
II – FÚtil; motivo
III – VEneno, Fogo, Explosivo, Asfixia, Tortura; meio
IV – Traição, Emboscada, Dissimulação; modo
V – assegurar Vantagem, Execução, Impunidade, e Ocultação de crime; motivo
VI – FEminicídio; motivo
VII – FUncional; pessoa, motivo
VIII – ARMA; meio
IX – menor de 14 anos; pessoa

 O homicídio qualificado privilegiado não é hediondo.

2.3 Lesão Corporal Funcional


Apenas lesões gravíssimas e resultante de morte contra as pessoas referidas no exercício da
função ou em decorrência dela:

 142 e 144;
 Sistema Penal;
 Força Nacional de Seg. Pub.
 Cônjuge, companheiro e parente consanguíneo até 3º grau (tios e sobrinhos);
o Exclui os afins e adotivo;

2.4 Roubo Circunstanciado


Apenas os roubos circunstanciados pela:

 Restrição da liberdade;
 Lesão corporal grave ou morte (por dolo ou culpa);
 Emprego de arma de fogo ou restrita ou proibida.
O roubo qualificado pelo emprego de arma branca, ou rompimento de obstáculo com uso de
explosivo não é hediondo

2.5 Latrocínio
Roubo qualificado pelo resultado morte.
Art. 157, §3º, do CP: Se da violência resulta:
(...)
II - morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.

 É necessário que a morte decorra da violência realizada. Se decorrer de grave ameaça é


concurso de crimes: roubo + homicídio.
 É necessário durante o assalto (fator tempo) e em razão dele (fator nexo).
 Se o indivíduo tem o dolo de matar e após isso resolve subtrair os bens da vítima, responde
por homicídio + furto.
Para caracterizar o latrocínio precisa ser fim de roubar e morte meio.

2.6 Extorsão Qualificada pela Restrição de Liberdade


Sequestro relâmpago
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si
ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma
coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária
para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da
multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º,
respectivamente.

 Para configurar, a restrição da liberdade da vítima deve ser condição determinante para
a obtenção da vantagem.
 Se nessa extorsão tiver resultado lesão corporal grave ou morte a pena é aumentada.
Extorsão simples com resultado morte (158, §2º, CP) não é hediondo (vacilo do legislador)

2.7 Extorsão Mediante Sequestro e na Forma Qualificada


Art. 159 do CP: Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem,
como condição ou preço do resgate:
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
Sequestrar para pedir resgate
Será qualificada nas seguintes condições:

 Durar mais de 24h;


 Vítima <18 e > 60;
 Cometido por quadrilha; e
 Lesão corporal grave ou morte.

2.8 Estupro
Art. 213 do CP: Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou
a praticar ou permitir que
com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos
ou maior de 14 (catorze) anos;
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§2º Se da conduta resulta morte:
Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Tanto em sua forma simples, quanto em suas formas qualificadas são considerados hediondos.
É também entendimento consagrado pela jurisprudência desta Corte o de que os crimes de estupro e de
atentado violento (anteriores à Lei 12.015/2009), mesmo que praticados com violência presumida,
constituem crimes hediondos. (STF. 2ª Turma. HC 114142, julgado em 27/05/2014)

2.9 Estupro de Vulnerável


Art. 217-A do CP: Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze)
anos:
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§1º. Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que,
por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
Considera-se pessoa vulnerável:

 Menor de 14 anos;
 Por enfermidade ou doença mental, não tem o necessário discernimento para a prática de ato.
 Por qualquer causa não possa oferecer resistência.
o e.g. Pessoa em coma; em avançado grau de embriaguez; a quem foi ministrado
sonífero.
Independentemente do emprego de violência ou grave ameaça e ainda que a vítima alegue ter
concordado com a relação sexual.

2.10Epidemia com Resultado Morte


Art. 267 do CP: Causa epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos:
Pena – reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos.
§1º Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.
Epidemia é o surto de doença contagiosa que atinge uma grande quantidade de pessoas por
meio da propagação de germes patogênicos1.
Deve ser na forma DOLOSA.

2.11Falsificação de Medicamentos
Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou
medicinais:
1
Aqueles que causam doenças em seu hospedeiro através de alimentos, pelo ar, por contaminação cruzada, etc.
Pena - reclusão, de 10 a 15 anos, e multa.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender
ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado
ou alterado.
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias-primas,
os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico.
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em relação a
produtos em qualquer das seguintes condições:
I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente;
II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior;
III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização;
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade;
V - de procedência ignorada;
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente.

É inconstitucional a aplicação do preceito secundário do artigo 273 do Código Penal, com a redação
dada pela Lei 9.677/1998 - reclusão de 10 a 15 anos - à hipótese prevista no seu parágrafo 1º-B, inciso
I, que versa sobre a importação de medicamento sem registro no órgão de vigilância sanitária. Para
esta situação específica, fica repristinado o preceito secundário do artigo 273, na redação originária -
reclusão de um a três anos e multa. (STF. RE 979.962, 24/03/2021)

DOLOSA = hediondo

 Culposa não é hediondo.

2.12Favorecimento da Prostituição ou de outra forma de Exploração


Sexual de Criança ou Adolescente ou de Vulnerável
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém
menor de 18 anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento
para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:
Pena - reclusão, de 04 a 10 anos.
§1º - Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
§2º - Incorre nas mesmas penas:
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 e maior de 14 anos
na situação descrita no caput deste artigo:
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no
caput deste artigo.
2.13Furto Qualificado pelo Emprego de Explosivo
Roubo qualificado pelo emprego de explosivos não é hediondo, apenas o furto.

2.14 Induzimento, Instigação ou auxílio ao suicídio ou automutilação


realizados por meio da rede de computadores, de rede social, ou
transmitidos em tempo real
Passou a ser hediondo com a lei nº 14.811/24, portanto, trata-se de uma novatio legis in pejus, que
só alcança os crimes cometidos após o dia 15/01/2024.

2.15Sequestro e cárcere privado cometido contra menor de 18 anos


(art. 148, § 1º, inciso IV, do CP)
A Lei nº 14.811/24 transformou referida figura típica em hedionda a contar da data de 15 de
janeiro de 2.024.

2.16Tráfico de pessoas cometido contra criança ou adolescente (art.


149-A, caput, incisos I a V, e § 1º, inciso II)
A Lei nº 14.811/24 transformou referida figura típica em hedionda a contar da data de 15 de
janeiro de 2.024.
Criança é pessoa até 12 anos e adolescente é pessoa de 12 a 18 anos.

3 CRIMES HEDIONDOS FORA DO CÓDIGO


PENAL
3.1 Genocídio
Art. 1º da Lei 2889/56: Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional,
étnico, racial ou religioso, como tal:
a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a
destruição física total ou parcial;
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo.
Art. 2º da Lei 2889/56: Associarem-se mais de três pessoas para prática dos crimes mencionados no
artigo anterior;
Art. 3º da Lei nº 2889/56: Incitar, direta e publicamente, alguém a cometer qualquer dos crimes de que
trata o art. 1º:

3.2 Condutas Envolvendo Arma de Fogo


3.2.1 Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido (art. 16 do Decreto
nº 10.826/03)
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão, de 03 a 06 anos, e multa.
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso proibido,
a pena é de reclusão, de 04 a 12 anos.
Arma de fogo de uso proibido:

 As armas de fogo classificadas como de uso proibido em acordos ou tratados internacionais


dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária;
 Os brinquedos, as réplicas e os simulacros de armas de fogo que com estas possam se
confundir,
 As armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos inofensivos; e
 As munições:
o Classificadas como de uso proibido em acordos ou tratados internacionais dos quais a
República Federativa do Brasil seja signatária; ou
o Incendiárias ou químicas.

3.2.2 Comércio ilegal de armas de fogo (art. 17 do Decreto nº 10.826/03)


Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, de 06 a 12 anos, e multa.
3.2.3 Tráfico Internacional de armas de fogo, acessório ou munição (art. 18 do
Decreto nº 10.826/03)
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de
arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
Pena - reclusão, de 08 a 16 anos, e multa.

3.3 Organização Criminosa


3.4 Crimes Militares
HOP

4 CRIMES EQUIPARADOS A HEDIONDOS


4.1 Tráfico
4.2 Tortura
4.3 Terrorismo
O terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por
razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos
com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz
pública ou a incolumidade pública.
A lei considera atos de terrorismo:

 Usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos,
venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de causar danos
ou promover destruição em massa;
 Sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-
se de mecanismos cibernéticos, do controle total ou parcial, ainda que de modo temporário, de
meio de comunicação ou de transporte, de portos, aeroportos, estações ferroviárias ou
rodoviárias, hospitais, casas de saúde, escolas, estádios esportivos, instalações públicas ou
locais onde funcionem serviços públicos essenciais, instalações de geração ou transmissão de
energia, instalações militares, instalações de exploração, refino e processamento de petróleo e
gás e instituições bancárias e sua rede de atendimento;
 Atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa.

5 CONSEQUÊNCIAS DOS CRIMES HEDIONDOS


5.1 Insuscetibilidade de Graça, Indulto e Anistia
A Constituição Federal veda a concessão de graça e anistia aos crimes hediondos, o tráfico,
tortura e terrorismo. Posteriormente o legislador ordinário vedou também a concessão do indulto. Em
que pese alguns doutrinadores entendam que essa vedação é inconstitucional, prevalece o
entendimento que o indulto é uma espécie de graça.
O STF entende que a palavra “graça” contida na CF abrange o indulto (HC 90.364, STF).

 O indulto humanirário não está proibido pois é um corolário do princípio da dignidade da


pessoa humana.
o Chama-se indulto humanitário aquele concedido por grave deficiência física, ou em
virtude de debilidade no estado de saúde.

5.2 Insuscetibilidade de Fiança


Após o advento da lei nº 11.464/07 apenas a fiança foi defesa, sendo permitido ao magistrado
diante do caso concreto conceder a liberdade provisória sem fiança.
Mesmo com a proibição da concessão da liberdade provisória para os crimes da lei de drogas, o
entendimento do STF é de que a permissão concedida pela lei 11.464/07, novatio legis in mellius,
atinge essa lei especial também.

5.3 Alteração no Cumprimento da Pena


5.3.1 Regime Inicial
Antes da edição da lei nº 11.464/07, o regime era inicialmente fechado, mas foi considerado
inconstitucional por afrontar o princípio da individualização das penas.

É inconstitucional a fixação ex lege, com base no art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90, do regime inicial
fechado, devendo o julgador, quando da condenação, ater-se aos parâmetros previstos no art. 33, CP
(STF. ARE 1.052.700, 07/03/2018, Repercussão Geral - Tema 972).
Súmula 718, STF - A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena
aplicada.
Súmula 719, STF - A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada
permitir exige motivação idônea.
Art. 33, CP - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de
detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.

5.3.2 Progressão de Regime

40% - Crime hediondo ou equiparado – primário;


50% - Crime hediondo ou equiparado com resultado morte – primário – vedado livramento
condicional;
50% - Comando de Org Crim estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado;
60% - Crime hediondo ou equiparado – reincidente;
70% - Crime hediondo ou equiparado com resultado morte – reincidente – vedado livramento
condicional;
Para a progressão de regime necessita:

 REGRA: Atestado de boa conduta do diretor do estabelecimento criminal;


 EXCEÇÃO: Juiz, fundamentadamente, pode determinar a realização de exame criminológico
pelas peculiaridades do caso.

Súmula 471, STJ - Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da
vigência da Lei no 11.464/07 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei no 7.210/84 (LEP) para a
progressão de regime prisional (1/6).
Súmula Vinculante 26 - Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime
hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2o da Lei
8.072/90, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e
subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de
exame criminológico.
Súmula 439, STJ - Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em
decisão motivada.
5.3.2.1 Mulher gestante ou mãe ou responsável por criança ou pessoas com deficiência
 PODE substituir a prisão preventiva por prisão domiciliar.
 Progressão de regime facilitada – requisitos:
o Crime sem violência ou grave ameaça à pessoa;
o Não ser crime contra o filho ou dependente;
o Cumprido pelo menos 1/8 da pena no regime anterior;
o Primária e bom comportamento (atestado por diretor);
o Não integrar Org Crim.

5.3.3 Apelação em Liberdade


art. 2º, §3º, da Lei nº 8072/90: Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente
se o réu poderá apelar em liberdade.

 Réu processado preso, recorre preso. Salvo se desaparecerem os fundamentos da preventiva.


 Réu processado solto, recorre solto. Salvo se surgirem os fundamentos da preventiva.

5.3.4 Prisão Temporária


Nos crimes hediondos a duração da prisão temporária é maior, podendo ser de 30 dias
prorrogáveis por mais 302.

 Somente será decretada durante o Inquérito.


Alguns doutrinadores, particularmente Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar entendem
que como a temporária é ínsita à fase inquisitorial, finalizado o inquérito antes do prazo de
encerramento da prisão, a liberdade é de rigor, afinal, os próprios fundamentos da temporária estão
ligados ao êxito das investigações.

2
Na prisão temporária comum é de 5, prorrogáveis por mais 5.
5.3.5 Estabelecimentos Penais
Art. 3º, Lei no 8.072/90 - A União manterá estabelecimentos penais de segurança máxima, destinados
ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanência em
presídios estaduais ponha em risco a ordem ou a incolumidade pública.

Presídio Estadual é de competência do Juizo das Execuções Estadual.


Presídio Federal é de competência do Juízo das Execuções da União.
Nada impede que um preso da justiça estadual cumpra pena em estabelecimento federal, caso
seja um indivíduo de alta periculosidade.
Súmula 192 do STJ: Compete ao juízo das execuções penais do Estado a execução das penas
impostas a sentenciados pela justiça federal, militar ou eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos
sujeitos a administração estadual.

5.3.6 Livramento Condicional

 Trata-se de reincidência específica.


Art. 44 da LD estabelece o patamar de 2/3 da pena para o livramento condicional dos
condenados pelos crimes do art. 34, 35, 36 e 37 dessa lei, vedada ao reincidente específico. Esses
crimes não são considerados hediondos.

O que é reincidente específico?


Quando se trata de crimes hediondos a posição que prevalece no STF é de que o reincidente específico
é aquele que cometeu um segundo crime hediondo ou hediondo. Outras correntes doutrinárias são:

 Reincidente específico seria aquele indivíduo que cometeu dois crimes iguais;
 Reincidente específico seria aquele indivíduo que cometeu dois crimes que afrontam o mesmo
bem jurídico;
o A LD disciplina um procedimento especial que diz que para os crimes disciplinados
por esse diploma, reincidente específico é aquele que praticou dois crimes daquela lei.
5.4 Aspectos Importantes
5.4.1 PRD e Sursis
A posição do STF é de que por ausência de vedação expressa, é cabíbel o surcis e a PRD. No
entanto, em relação a lei de drogas, diante de vedação prevista no diploma, e adespeito do tratamento
equiparado conferido pela CF, o STF entende que é vedado o surcis aos crimes do art. 33, caput e §1º,
34, 35, 36 e 37 dessa lei.

5.4.2 Remição e Trabalho


Diante da ausência de vedação, é permitido a remissão pelo trabalho, estudo e pela leitura
(penitenciária federal).
Quanto ao trabalho fora do estabelecimento penal, também se admite, desde que vigiado.

5.4.3 Prisão Domiciliar


Segundo o art. 117, da LEP, será cabível a prisão domiciliar:

 >70anos;
 Doença grave;
 Filho menor ou deficiente físico;
 Gestante;

5.4.4 Efeitos da Condenação


São INELEGÌVEIS os condenados a 3T, R e hediondos, desde a condenação, até 8 anos após o
cumprimento da pena.

5.4.5 Identificação Genética


Condenados aos crimes hediondos da lei 8.072/90 são submetidos ao procedimento de
IDENTIFICAÇÃO DE PERFIL GENÉTICO.

 Equiparados apenas se forem com violência grave a pessoa!!!

5.4.6 Delação Eficaz


Aplicável a extorsão mediante sequestro (art. 159, CP). Se o crime for em concurso e um dos
agentes delatar as autoridades, de forma a proporcionar a libertação da vítima, tem sua pena
diminuída de 1/3 a 2/3.

 Para este tipo de delação não se aplica o art. 13 da Lei nº 9.807/99, pois este requer maiores
requisitos.
5.4.7 Associação Criminosa no âmbito da Lei nº 8.072/90
Art. 288, CP. Associarem-se 03 ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes:
Pena: reclusão, de 01 a 03 anos.

 O art 8ª da lei nº 8.072/90 prevê que, caso a associação criminosa seja realizada para a prática
a algum crime hediondo ou equiparado, terá pena de 3 a 6 anos de reclusão.
 Figura especial da lei nº 11.343/06 prevalece. Pena de 3 a 10 anos de reclusão.
o Associação para o tráfico de drogas não é crime hediondo.

Traição Benéfica ou Delação de Comparsas (art. 8, lei nº 8.072/90)


Em caso de associação criminosa caso um dos participantes delate os demais,
proporcionando o desmantelamento da associação, fará jus a diminuição de pena de 1/3 a 2/3.

5.4.8 Prioridade de Tramitação


Terão prioridade de tramitação em todas as instâncias, com base no art. 394-A do CPP.

6 SÚMULAS
6.1 STF
Súmula Vinculante 26 - Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime
hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº
8.072, de 25-7-1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos
e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de
exame criminológico.
Súmula 522 - Salvo ocorrência de tráfico para o Exterior, quando, então, a competência será da
Justiça Federal, compete à Justiça dos Estados o processo e julgamento dos crimes relativos a
entorpecentes.
Súmula 697 - A proibição de liberdade provisória nos processos por crimes hediondos não veda o
relaxamento da prisão processual por excesso de prazo.
Súmula 698 - Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão no regime
de execução da pena aplicada ao crime de tortura.

6.2 STJ
Súmula 471 - Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da
Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de Execução Penal)
para a progressão de regime prisional.
Súmula 492 - O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à
imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente.
Súmula 512 – CANCELADA
Súmula 528 - Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela via
postal processar e julgar o crime de tráfico internacional.
Súmula 587 - Para a incidência da majorante prevista no art. 40, V, da Lei n. 11.343/2006, é
desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre estados da Federação, sendo suficiente a
demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico interestadual.
Súmula 607 - A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei n. 11.343/2006)
configura-se com a prova da destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a
transposição de fronteiras.

1. C
2. D
3. E
4. B
5. B
6. E
7. B
8. A
9. D
10. D

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