Bases Neuropsicológicas Da Aprendizagem
Bases Neuropsicológicas Da Aprendizagem
Bases Neuropsicológicas Da Aprendizagem
Sumário
NOSSA HISTÓRIA .............................................................................................................. 3
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 4
2. NEUROPSICOLOGIA E HISTÓRIA................................................................................. 5
8. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 40
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NOSSA HISTÓRIA
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1. INTRODUÇÃO
O indivíduo sofre, durante toda a sua vida, a influência dos agentes externos de
natureza física e social. Esses agentes atuam sobre o seu organismo e sobre o seu
espírito, estimulando suas capacidades e aptidões e promovendo o seu desenvolvimento
físico e mental. O processo para uma aprendizagem eficaz depende de inúmeros fatores,
dentre os quais, os mais prementes são: o talento do professor, o tipo intelectual do aluno,
as oportunidades oferecidas pelo ambiente imediato da escola, perspectivas futuras de
vida do aluno. A escola não pode mais ser considerada como uma simples máquina de
alfabetização. Sua função não se restringe mais, como antigamente, à modesta tarefa de
ensinar, sua tarefa é mais ampla e profunda, ou seja, deve levar o nosso aluno a ser mais
critico, mais compromissado e mais otimista em relação à aprendizagem.
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2. NEUROPSICOLOGIA E HISTÓRIA
Vamos agora para uma fase “animada” da história, lá para a época dos
gladiadores. O pensador mais importante nessa época foi o Galeno (130-200 d.C.), ele
seguia a mesma linha de pensamento que Hipócrates em relação ao encéfalo. Galeno,
porém, teve uma enorme vantagem “acadêmica”, foi médico dos gladiadores, imagine a
“festa” de lesões que não era àquela época! Como era de se esperar, foi uma época
“frutífera” para o início da compreensão de como funciona aquilo que fica dentro do nosso
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crânio. Época memorável, na qual foi possível questionar coisas do tipo: o que será que
acontece com um gladiador, quando uma espada é atravessada na parte lateral esquerda
da “caixola”? Ou ainda: será que aquela pisada de leão, que arrancou uma parte de trás
da cabeça do coitado, tem alguma coisa a ver com a cegueira resultante? Galeno também
adorava dissecar encéfalos de animais e tinha uma predileção pelas ovelhas. Com base
em suas observações ele concluiu que o cérebro deve receber sensações e o cerebelo*
deve comandar os músculos.
Galeno acreditava que as sensações deveriam ser “escritas” no cérebro, uma vez
que por ser mais mole, obviamente, facilitaria a “escrita”. É engraçado ver que por mais
absurdo que tenha sido o raciocínio, ele não ficou tão longe do que futuramente foi se
descobrindo em relação às sensações e controle motor. Numa dessas ocasiões, Galeno
percebeu que o interior do encéfalo é oco e preenchido por um líquido, atualmente
chamamos essas “câmaras” de ventrículos* , então para ele fazia todo sentido que essa
fosse a origem dos movimentos. Galeno propôs que as sensações eram quem
“comandavam” a dinâmica dos “fluídos vitais”. Esses por sua vez, fluíam dos ventrículos
para os nervos e vice e versa. Naquela época ainda se imaginavam que os nervos fossem
“canos ocos”, tais como os vasos sanguíneos.
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Para ele essa teoria é bacana para explicar a relação entre o encéfalo e o
comportamento de outros animais, mas para o ser humano seria incompleta. Uma vez
que as pessoas possuem “inteligência” e para ele, obviamente, isso só pode ser obra
divina que nos dotou de Alma. Eis que surge o famoso modelo dualista! No qual as
capacidades mentais, exclusivamente humanas, existiriam fora do encéfalo, na “mente”,
uma entidade espiritual que recebia sensações e comandava os movimentos,
comunicando-se com a maquinaria do encéfalo por meio da glândula pineal.
Em 1751, surge uma outra figura, Benjamin Franklin (1706-1790), que começa a
trazer muitas novidades em relação aos fenômenos elétricos. Portanto, é de se esperar,
que nosso modelo “Homem Máquina” receba seu devido upgrade. Pouco tempo depois,
Luigi Galvani (1737-1798) e Emil du Bois-Reymond (1818-1896) demonstram que quando
estimulamos eletricamente os nervos os músculos se movimentam. Demonstram também
que o encéfalo gera eletricidade. Passamos então, a pensar em um “novo” modelo
“Homem Máquina”. Dessa vez os nervos seriam, portanto, fios condutores. Em um salto
para a época atual, não só é esperada como tentadora, uma comparação direta entre o
modelo “Homem Máquina” e nossos computadores. Deixo, portanto, a seguinte questão
para reflexão. Historicamente, os modelos “Homem Máquina” sempre se mostraram
equivocados. Será que estamos no caminho certo dessa vez? Será “fértil” ainda insistir
nessa abordagem?
Paul Broca (1824-1880) foi um neurologista francês e foi ele que começou a
estudar a localização de algumas funções encefálicas. Broca teve um paciente com um
caso curioso. Esse paciente compreendia tudo o que era dito a ele, mas não conseguia
falar, mesmo não aparentando qualquer alteração no aparelho fonador. Quando esse
paciente morreu, Broca pode então analisar seu encéfalo e encontrou uma lesão no lado
esquerdo na parte da frente. Com o tempo e a observação recorrente em outros pacientes
com o mesmo tipo de lesão e o mesmo problema na fala, ele conclui que aquela região
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específica deveria ser a responsável pela produção da fala. Esse é o encéfalo preservado
de um paciente que perdeu a capacidade de falar antes de morrer, em 1861. A lesão que
produziu esse déficit está indicada no círculo Em 1874, o neurologista alemão Karl
Wernicke (1848-1905) sacou que lesões numa região diferente do mesmo hemisfério
também prejudicavam a fala normal. Apesar de também ser no hemisfério esquerdo, era
uma região bastante distinta daquela encontrada por Broca, em uma região mais
posterior. O problema na fala observado por Wernicke também era bastante diferente
daquele relatado por Broca. Wernicke percebeu que apesar da fala continuar fluente, não
apresentando alteração na “emissão” das palavras, ela passava a não apresentar muita
lógica e coerência e a compreensão do que era ouvido também ficava prejudicada. Foram
definidas, então, duas regiões distintas que seriam responsáveis pela fala, ambas no lado
esquerdo do cérebro* . Ainda dentro do repertório histórico de lesões, temos o icônico e
famoso caso do Phineas Gage, onde “simplesmente” um bastão de ferro atravessou sua
cabeça! O Dr. John Harlow relatou as consequências desse acidente no artigo intitulado
“Passagem de um bastão de ferro através da cabeça”. Atualmente, as lesões ainda são
potenciais fontes de estudos das neurociências, porém com a evolução tecnológica surgiu
a possibilidade de também estudar o encéfalo saudável, através de técnicas de
imageamento, dentre as quais, a imagem por ressonância magnética funcional (IRMf) é
provavelmente a mais conhecida. Existem, também, técnicas eletrofisiológicas
envolvendo o registro de sinais elétricos gerados pelo cérebro, o eletroencefalograma
(EEG) é o mais famoso e usual deles.
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3. CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E
DESENVOLVIMENTO MENTAL DO INDIVÍDUO
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sistematizar metodologicamente nosso olhar sobre o mundo para podermos agir sobre os
problemas. Isto quer dizer que não pesquisamos por pesquisar e nem refletimos por
refletir. Tanto a reflexão quanto à pesquisa são meios pelos quais podemos agir como
sujeitos transformadores da realidade social. Isto indica que nosso trabalho, como
professores, é o de ensinar a aprender para que o conhecimento construído pela
aprendizagem seja um poderoso instrumento de combate às formas de injustiças que se
reproduzem no interior da sociedade. Piaget (1969), foi quem mais contribuiu para
compreendermos melhor o processo em que se vivencia a construção do conhecimento
no indivíduo.
Apresentamos as idéias básicas de Piaget (l969, p.14) sobre o desenvolvimento
mental e sobre o processo de construção do conhecimento, que são adaptação,
assimilação e acomodação. Piaget diz que o individuo está constantemente interagindo
com o meio ambiente. Dessa interação resulta uma mudança contínua, que chamamos de
adaptação. Com sentido análogo ao da Biologia, emprega a palavra adaptação para
designar o processo que ocasiona uma mudança contínua no indivíduo, decorrente de
sua constante interação com o meio. Esse ciclo adaptativo é constituído por dois
subprocessos: assimilação e acomodação. A assimilação está relacionada à apropriação
de conhecimentos e habilidade. O processo de assimilação é um dos conceitos
fundamentais da teoria da instrução e do ensino. Permite-nos entender que o ato de
aprender é um ato de conhecimento pelo qual assimilamos mentalmente os fatos,
fenômenos e relações do mundo, da natureza e da sociedade, através do estudo das
matérias de ensino. Nesse sentido, podemos dizer que a aprendizagem é uma relação
cognitiva entre o sujeito e os objetos de conhecimento.
A acomodação é que ajuda na reorganização e na modificação dos esquemas
assimilatórios anteriores do indivíduo para ajustá-los a cada nova experiência,
acomodando-as às estruturas mentais já existentes. Portanto, a adaptação é o equilíbrio
entre assimilação e acomodação, e acarreta uma mudança no indivíduo. A inteligência
desempenha uma função adaptativa, pois é através dela que o indivíduo coleta as
informações do meio e as reorganiza, de forma a compreender melhor a realidade em que
vive, nela agi, transformando. Para Piaget (1969, p.38), a inteligência é adaptação na sua
forma mais elevada, isto é, o desenvolvimento mental, em sua organização progressiva, é
uma forma de adaptação sempre mais precisa à realidade. É preciso ter sempre em
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mente que Piaget usa a palavra adaptação no sentido em que é usado pela Biologia, ou
seja, uma modificação que ocorre no indivíduo em decorrência de sua interação com o
meio. Portanto, é no processo de construção do conhecimento e na aquisição de saberes
que devemos fazer com que o aluno da EJA seja motivado a desenvolver sua
aprendizagem e ao mesmo tempo superar as dificuldades que sentem em assimilar o
conhecimento adquirido.
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4. NEUROCIÊNCIA EM CORRELAÇÃO A
APRENDIZAGEM
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viés", diz Claudia Lopes da Silva, psicóloga escolar da Secretaria de Educação de São
Bernardo do Campo e estudiosa de Vygotsky. Sabemos, por exemplo, com base em
evidências neurocientíficas, que há uma correlação entre um ambiente rico e o aumento
das sinapses (conexões entre as células cerebrais). Mas quem define o que é um meio
estimulante para cada tipo de aprendizado? Quais devem ser as intervenções para
intensificar o efeito do meio? Como o aluno irá reagir? "A Neurociência não fornece
estratégias de ensino. Isso é trabalho da Pedagogia, por meio das didáticas", diz Hamilton
Haddad, do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências da USP. Como, então,
o professor pode enriquecer o processo de ensino e aprendizagem usando as
contribuições da Neurociência? Para o educador português António Nóvoa, reitor da
Universidade de Lisboa, responder à questão é o grande desafio do século 21. "A
estrutura educacional de hoje foi criada no fim do século 19. É preciso fazer um esforço
para trazer ao campo pedagógico as inovações e conclusões mais importantes dos
últimos 20 anos na área da ciência e da sociedade", diz. Ao professor, cabe se alimentar
das informações que surgem, buscando fontes seguras, e não acreditar em fórmulas para
a sala de aula criadas sem embasamento científico. "A Neurociência mostra que o
desenvolvimento do cérebro decorre da integração entre o corpo e o meio social. O
educador precisa potencializar essa interação por parte das crianças", afirma Laurinda
Ramalho de Almeida, professora do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação,
da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e especialista em Wallon.
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5. NEUROANATOMIA BÁSICA
O Ser Humano tem seus sistemas totalmente integrados. Ou seja, sua estrutura é
monista. Isto quer dizer que por mais distante que um membro inferior , como a perna,
possa estar da cintura ou da cabeça, interiormente eles estão ligados por redes de
comunicação que podem se denominar, como exemplos, neurônios, plexos e nervos. De
forma a contrariar esta informação atual, antigamente, a filosofia cartesiana emergiu com
a idéia de dualismo.
Esta idéia, basicamente, consistia em diferenciar uma instância específica ao
corpóreo (Res extensa) e uma que versava sobre a mente (Res cogitans). O termo
“penso, logo existo”, ponto chave da resposta aos questionamentos cartesianos, continua
a ter sua validade social, mas com pesquisas posteriores na tentativa de refutar ou não tal
pressuposto, os achados foram interessantes e a validade se tornou, praticamente, social
e histórica . A partir dessa série de experimentos, os resultados, indiscutivelmente,
ilustraram o seguinte: homem é integrado em totalidade. Desde membros superiores até a
matéria pensante, que Descartes separou do resto do corpo, possuem uma relação.
Existem vias que fazem ligações entre o comportamento e o pensamento e vice-versa. A
área motora, que chegou a ser explicada como um boneco que imitaria fidedignamente
uma pessoa caso saísse, de surpresa, no jardim da casa de alguma pessoa, com as
descobertas das décadas recentes mostraram que se somos máquinas,somos as que
possuem uma distância bastante significativa entre as “inanimadas” 68 , sem deixar, por
isso, de respeitar a Biologia das espécies. Neste sentido, o Ser Humano possui o
pensamento e este é diferente do que se pode chamar de pensamento animal ou
pensamento comparado . A discussão sobre se o pensamento é um comportamento
encoberto/privado, uma associação associativa, um fluxo constante de idéias ou,
disposições bioquímicas em determinada região cerebral esta muito em pauta na Filosofia
da Mente e nas ciências cognitivas, principalmente na Lingüística e na Psicologia
Cognitiva, porém aqui não será o ambiente para tal confronto de idéias, apesar de todas
serem bastante plausíveis e estudadas atualmente.
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Sendo assim, já tendo em vista a união que o corpo possui, dois pontos precisam
ficar bastante claros antes de continuar a explicação. O primeiro é que união não diz nem
significa simetria. Existem regiões que funcionam independentes de outras. Uma pessoa
que está correndo, tem, no mínimo, seu sistema cardíaco, respiratório e psicomotor em
atuação simultânea. Porém, estes não são dependentes diretamente uns dos outros.
Segundo, o cerne dessa ligação se dá no Sistema Nervoso (SN) que também atua
interligado em suas funções, mas com diferenciadas estruturas para cada função . Com
efeito, o SN possui algumas divisões. Aqui serão abordadas três divisões que, desde já,
são didáticas. Assim, uma pessoa não é desprovida de ligações mas estas não respeitam
exatamente o que os livros ensinam. Em todo caso, estes são instrumentos necessários
para embasar trabalhos sobre o tema e para melhor delimitar a relação existente entre o
comportamento geral do sujeito . Em uma divisão anatômica, o SN se divide em Central
(SNC) e Periférico (SNP). O SNC apresenta estruturas tais como o encéfalo e a medula
espinhal. O encéfalo contém o cérebro, o cerebelo e o tronco encefálico que, por sua vez,
compõe-se do mesencéfalo, da ponte e do bulbo. O SNP se compõe de nervos, gânglios
e terminações nervosas. Assim sendo, os nervos podem ser espinhais ou cranianos.
A figura abaixo ajuda a entender de forma simplificada essa estrutura que
textualmente pode se apresentar com certa dificuldade ao leitor.
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Seguindo essa divisão inicial, é possível traçar os principais aspectos que se co-
atuam na Neuroanatomia Funcional. Por esta dissertação tanger a área de
Neuropsicologia, será evitado o excesso de detalhes sobre cada um dos assuntos
abordados a seguir. Neste sentido, o SN é interligado por Neurônios, que são células do
SN que emitem ou recebem impulsos. Em relação à atuação, eles podem ser aferentes
ou eferentes, e possuem algumas características básicas que permitem o
desenvolvimento interacional do organismo com seu meio externo. Quanto sua
classificação, eles podem ser:
1) unipolares, quando possuem um axônio saindo do corpo celular;
2) bipolares, quando possuem a saída de dois axônios do corpo celular; e
3) multipolar, quando apesar de várias extensões saírem do corpo celular, apenas
uma delas é o axônio
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levadas para si a partir do fluxo sangüíneo, que deve manter-se intenso para que não se
cesse esta transmissão. Caso falte alguma dessas substâncias por mais de 7 segundos,
por exemplo, o sujeito perde a consciência e caso este tempo se eleve para 5 minutos,
lesões irreversíveis são formadas no tecido encefálico, não passíveis, segundo a literatura
utilizada, de regeneração.
Com estas informações básicas e fundamentais de Neuroanatomia e, por
conseqüente, de Neurologia, é possível ao leitor entrar na complexidade do SN e nas
infinitas correlações que o mesmo possui com o comportamento e com aspectos como
violência, fome, sede, sexo, sono, etc. Todos os dados aqui explicitados possuem relação
direta ou indireta com comportamentos apresentados, porém não se faz possível, com a
tecnologia presente, estudar o significado destes comportamentos a partir da anatomia
encefálica. Isto quer dizer que há, sim, um correlato direto entre a Neuroanatomia com
comportamentos cotidianos. Como exemplo, é possível citar estudos que comprovam que
é no tronco encefálico que ocorre a regulação do ciclo sono x vigília. Para exemplificar de
maneira simples: caso ocorra estimulação elétrica em áreas específicas da formação
reticular do bulbo e da ponte, o sujeito será levado ao estado de sono e para o mesmo
entrar no sono paradoxal, ou REM, é necessário que haja integralidade dos neurônios do
lócus ceruleus, núcleo situado na parte alta da ponte. Assim dizendo, o sonho necessita e
depende da integralidade dos núcleos da região supracitada. Sem esta, é possível dizer
que o sono seria, certamente, sem sonho.
Porém, explicar como ocorre fisiologicamente o processo de dormir, acordar,
comer, etc., não esclarece as interpretações variadas que cada sujeito pode dar na
execução desta conduta. Utilizando o exemplo anterior, o sonhar pode ser explicado
fisiologicamente, já o conteúdo do sonho, não. Esta área, então, passa a ter maior
predominância dos psicólogos e neuropsicólogos, os últimos capacitados a integrar o
conhecimento Neurológico com o Psicológico do sujeito e do comportamento em questão.
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O nosso sistema nervoso é uma rede complexa que permite comunicar- -nos com o
nosso ambiente. Esta rede inclui de componentes sensoriais (por exemplo, detectores de
variações ambientais), componentes motores, tais como os geradores de movimentos, da
contração dos músculos cardíaco e liso e de secreções glandulares e componentes
interativos, que recebem, armazenam e processam as informações sensoriais e, em
seguida, orquestram respostas motoras apropriadas (Costanzo, 1999). Todas as
atividades de um animal dependem de um fluxo constante de informação das células
sensoriais até as efetoras (Hoar, 1978). Em seres humanos, as conexões intermediárias
entre um impulso recebido e uma resposta são grandes, são inúmeras, variáveis e
flexíveis, refletindo a complexidade da estrutura de nosso sistema nervoso. Porém, as
primeiras formas de sistema nervoso que surgiram na Terra, e que atualmente
encontramos em muitos invertebrados, não tinham quase que nenhuma organização e
concentração (Dethier e Stellar, 1988). Possivelmente, a evolução do sistema nervoso
iniciou-se quando os organismos passaram a apresentar várias células, havendo a
necessidade de um sistema organizador para que o conjunto destas funcionasse como
um indivíduo único (Dethier e Stellar, 1970). Para isso, os organismos desenvolveram
diferentes tipos de células, responsáveis por diferentes funções, que se distribuíam em
regiões específicas do organismo, dando origem aos tecidos. O tecido responsável pela
integração de todas estas células num organismo é chamado de tecido nervoso e é
composto por células com características especiais de transmissão de impulso
(responsáveis pela percepção dos estímulos ambientais, condução, análise e resposta),
chamadas neurônios. O neurônio é resultado de um processo evolutivo envolvendo três
linhas de especialização em uma mesma célula: uma região receptora ou de entrada;
uma fibra condutora, ou região transmissora da membrana celular e uma região de
relacionada com a liberação de uma secreção específica, ou substância
neurotransmissora (Hoar, 1978). A possibilidade de um neurônio se comunicar com outro
através de diferentes substâncias químicas (sinapse química) permitiu uma maior
variação dos tipos de impulsos transmitidos (Junqueira e Carneiro, 1999). Sinapses
elétricas, nas quais os neurônios têm contato físico com outro neurônio e o impulso é
passado diretamente, não permitem esta variação.
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uma melhor adaptação às diferentes situações da vida, é considerado nato e entre eles
podemos citar a aprendizagem. Num comportamento flexível, as interações entre a
entrada e a saída de um impulso nervoso são modificadas regularmente mediante cada
nova experiência, num processo dinâmico, permitindo assim a aprendizagem (Hoar,
1978). A aprendizagem leva a mudanças morfológicas no cérebro, desta forma, quanto
maior a capacidade do cérebro em desenvolver essas mudanças, maior será a
capacidade de aprendizagem do organismo. Esta flexibilidade de alteração cerebral a
cada nova informação processada é chamada plasticidade cerebral (Ratey, 2001).
Draganski et al. (2004) observaram que as pessoas demonstraram mudanças estruturais
nas áreas cerebrais associadas ao armazenamento e estímulos visuais complexos,
contradizendo o tradicional ponto de vista de que a plasticidade cortical está mais
associada a mudanças funcionais, não anatômicas, difíceis de serem visualizadas. Muitos
dos comportamentos tidos como fixos podem ser à base de comportamentos mais
complexos. Ades (Zorzetto, 2003) comprovou por meio de experimentos que aranhas são
capazes de aprender e aperfeiçoar seus instintos básicos, como os ligados à caça e à
construção de teias (atividades tidas como inatas e inalteráveis). Quando se estuda
inteligência e aprendizagem, geralmente utilizamos como indicador o comportamento. A
definição mais usual de inteligência (do latim: intus, dentro, leggere, ler) em biologia é a
capacidade de resolução de problemas, sejam estes os mais variáveis possíveis, tal como
a maneira mais rápida, segura e eficiente de obter o melhor alimento, de acasalamento
com o melhor parceiro sexual, melhor abrigo, melhor forma de enganar o predador, a
melhor forma de comunicação quando se vive socialmente etc. (Krebs e Davies, 1996).
No homem, reconhecemos uma capacidade de resolução de problemas mais complexos,
tais como os abstratos, habilidade de desenvolver conceitos, de reunir experiências
anteriores e analisá-las de maneira independente. Este processo muitas vezes é
chamado de raciocínio. Porém, atualmente se têm resultados de comportamentos de
animais que demonstram ser resultados de algum tipo de raciocínio. Os macacos, por
exemplo, conseguem diferenciar em diferentes sequências de letras repetidas, as letras
DDEEDDEE como a que corresponde ao compartimento de alimento. Apesar de este
exemplo estar associado a processos simbólicos, eles ainda estão relacionados à
resposta a estímulos fisiológicos, no caso, o alimento. No ser humano e nos primatas
superiores, o grande desenvolvimento do raciocínio, da capacidade abstrata e de
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animais são muito grandes (Dethier e Stellar, 1988). É importante ressaltar que a
complexidade da aprendizagem evoluiu simultaneamente com o desenvolvimento de
áreas cerebrais relacionadas com a cognição e a associação (ou seja, inteligência) que,
por sua vez, ocorreu simultaneamente com a evolução da linguagem (Sabbatini, 2002).
Um grande número de fatores contribuiu para que a evolução do cérebro no homem entre
eles:
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de atenção evocadas por uma instrução falada. Por fim, dos 12 aos 15 anos aparecem
formas estáveis e precisas da atenção voluntária. Torna-se claro, então, que a atenção se
torna mais efetiva quando o ato que a exige vier acompanhado de fala. Luria mencionou
alguns indicadores fisiológicos que garantem a estabilidade da atenção, pois todo
fenômeno de alerta é acompanhado por um grupo de sintomas que indica um aumento
geral no nível de prontidão ou tono do organismo, como as alterações no batimento
cardíaco, na respiração, constrição de vasos sanguíneos periféricos, o aparecimento de
numerosos pontos corticais sincronicamente funcionais e mudanças no potencial do
eletroencefalograma. O mecanismo do tronco cerebral superior e da formação reticular
ativadora ascendente é responsável pela condição mais elementar de atenção, ou seja, o
estado generalizado de vigília. No córtex límbico e na região frontal se processam formas
mais complexas de atenção, seja voluntária ou involuntária, pois exige a possibilidade de
reconhecimento seletivo de determinado estímulo e a inibição de respostas a estímulos
irrelevantes para determinada situação. Os lobos frontais desempenham um papel
importante no aumento do nível de vigilância de um indivíduo quando ele estiver
realizando uma tarefa. Sendo assim, os lobos frontais participam decisivamente nas
formas superiores de atenção. Luria (1984) referiu-se a outra base neuropsicológica da
aprendizagem, a percepção, definindo-a como um processo mental complexo e ativo que
envolve a procura das informações correspondentes, a distinção dos aspectos essenciais
de um objeto, a comparação desses aspectos uns aos outros, a formulação de hipóteses
apropriadas e a comparação desses com os dados originais. As informações percebidas
são analisadas no sistema nervoso central e compõem um grande número de
componentes ou pistas que são codificadas ou sintetizadas. Essas pistas são inseridas
nos sistemas neurais correspondentes com o auxílio de códigos, como os linguísticos,
conferindo um caráter categórico. Daí, ocorre um processo de comparação do efeito com
a hipótese original. O autor citou que há diferenças na percepção de objetos familiares,
um processo perceptivo contraído, e de objetos novos, um processo completo. O mesmo
modelo pode ser utilizado para objetos simples e complexos. A organização cerebral da
percepção sugere a participação coordenada das zonas cerebrais primárias e
secundárias visual, temporal, parietal e frontal, cada uma desempenhando o seu papel
particular durante o processo perceptivo. Uma lesão ou disfunção em qualquer uma das
zonas ocasionará um distúrbio no complexo sistema perceptivo. Quanto mais complexo o
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objeto percebido, e quanto menos familiar, mais detalhada será a atividade perceptiva.
Tanto a direção quanto o caráter destas buscas perceptivas variam com a natureza da
tarefa perceptiva, como os movimentos oculares registrados durante o exame de um
objeto complexo. É este caráter ativo do processo que é dependente do papel dos lobos
frontais na percepção. A atividade perceptiva não se limita aos processos de percepção
visual, mas inclui necessariamente a formação ativa de imagens visuais correspondentes
a um único significado verbal. A linguagem também desempenha papel fundamental no
processo da percepção humana.
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ativa requer que o indivíduo tenha uma intenção estável e integridade das zonas corticais
dos analisadores correspondentes, que deverão dividir as informações que chegam em
pistas elementares, modalmente específicas (visuais, auditivas, ou táteis), selecionar as
pistas relevantes e, por fim, reuni-las sem empecilhos em estruturas integrais e
dinâmicas.
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sistemas corticais que são responsáveis pela fase sintética das características das
informações, buscando um significado contextual. A literatura refere o uso de mais tempo
para perceber um objeto quando se tem de analisar mais de um atributo do objeto, pelo
fato de se fazer uso de mais canais perceptuais diferentes simultaneamente. Lent (2001)
considerou a aprendizagem como o processo de aquisição das novas informações que
serão retidas na memória, tornando o indivíduo capaz de orientar o comportamento e o
pensamento. Sendo assim, memória seria a capacidade que têm os homens e os animais
de armazenar de forma seletiva as informações que possam ser recuperadas e utilizadas
posteriormente, consciente e inconscientemente. A memória pode ser vista como o
conjunto de processos neurobiológicos e neuropsicológicos que permitem a
aprendizagem. Todos os indivíduos são capazes de aprender, o que significa que todos
têm algum tipo de memória. A memória pode ser classificada quanto à sua natureza e
quanto ao tempo de retenção. Essa classificação é importante, pois verificou-se que os
tipos de memória são operados por mecanismos e regiões cerebrais distintas. Quanto ao
tempo de retenção ou duração de armazenamento das informações, a memória é
classificada em ultrarrápida quando dura frações de segundos a alguns segundos
referindo-se a uma memória sensorial; curta duração ou memória de trabalho quando
dura minutos ou horas e garante o sentido de continuidade do presente, e memória de
longa duração quando dura horas, dias ou anos e garante o registro do passado
autobiográfico e dos conhecimentos do indivíduo, ou seja, o estabelecimento de
engramas duradouros. Quanto à natureza, a memória pode ser classificada em três
grandes grupos: a explícita ou declarativa quando as informações armazenadas podem
ser descritas por meio de palavras; a implícita ou não declarativa quando não pode ser
descrita por meio de palavras, e a operacional quando permite o raciocínio e o
planejamento do comportamento. A memória explícita é subdividida em episódica quando
refere-se ao armazenamento de fatos sequenciados com uma referência temporal e
semântica quando envolve conceitos atemporais para fatos culturais. A implícita é
subdividida em memória de representação perceptual quando representa imagens de um
evento preliminar à compreensão do que ele significa; memória de procedimentos quando
armazena hábitos, habilidades e regras em geral; memória associativa quando associa
dois ou mais estímulos a uma resposta representando um comportamento condicionado,
e memória não associativa quando se refere à atenuação ou habituação do indivíduo por
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7. CONCLUSÃO
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8. REFERÊNCIAS
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