Negritude e Feminismo

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RELIGIÃO E O FEMINISMO: A

INSURGÊNCIA DAS FÉMINISTAS

Simony Cristina Teixeira dos Anjos


Cientista Social, Mestre em Educação
Evangélicas Pela Igualdade de Gênero
Coluna Féministas justificando.com
Negras novas a caminho da Igreja para o
batismo. Jean Baptiste Debret (1768-1848).
CRISTÃOS NO BRASIL
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
QUAL É A RELIGIÃO DO NEGRO?
A CRISTIANIZAÇÃO FORÇADA: RELAÇÕES
DE PODER
Partimos do entendimento do processo violento de
cristianização do Brasil. Segundo Alexandre Brasil Fonseca:

Realidades como a da África do Sul ruíram após


anos de uma vergonhosa estrutura, a qual contou
com toda uma teologia do apartheid. O fazer
teológico encontrou-se contaminado por todo o
preconceito resultante de conceitos como o de
etnocentrismo, produzindo um cristianismo
assassino e preconceituoso. Assassino, porque apesar
de apregoar o amor e a fraternidade foi
responsável por uma série de barbaridades.
Preconceituoso, porque apesar de ter a igualdade
como referencial acabou sendo o motivo para o
sepultamento de uma série de culturas, como
também de relações racistas no decorrer da
história. (In: OLIVEIRA, 2004,16)
EIXOS ANALÍTICOS
 Kimberlé Crenshaw – Interseccionalidade
é o efeito combinado da discriminação racial e da
discriminação de gênero” [...]; o tipo estrutural ocorre
quando o peso combinado das estruturas de raça e das
estruturas de gênero marginaliza as mulheres que
estão na base. (CRENSHAW, 2004, p.12).

 Michel Foucault – A ordem do discurso


a repetição indefinida dos comentários é trabalhada
do interior pelo sonho de uma repetição disfarçada:
em seu horizonte não há talvez nada além daquilo que
já havia em seu ponto de partida, a simples repetição.
O comentário conjura o acaso do discurso fazendo-lhe
sua parte: permite-lhe dizer algo além do texto
mesmo, mas com a condição de que o texto mesmo
seja dito e de certo modo realizado (FOUCAULT,
1996, pp. 25-26).
EIXOS ANALÍTICOS
 Judith Butler – performatividade
Mulheres, lésbicas e gays não podem assumir a posição de sujeito falante
no interior do sistema linguístico da hcterossexualidade compulsória. Falar
nesse sistema é ser privado da possibilidade de fala; assim, simplesmente
falar nesse contexto é uma contradição performativa, a afirmação
linguística de um eu que não pode “existir” no interior da linguagem que o
afirma. (BUTLER, 2003, p. 168)

 Patrícia Hill Collins – imagens de controle


Mulheres afro-americanas concebem tais imagens controladoras não como
mensagens simbólicas desencarnadas, mas como ideias designadas a
conferir significado a nossas vidas cotidianas (Scott 1985). As experiências
de mulheres Negras no trabalho e na família criam condições para que as
contradições entre as experiências do dia-a-dia e as imagens controladoras
da condição de mulher Negra se tornem visíveis. Ver as contradições nas
ideologias faz com que elas se abram para a desmistificação. Assim como
Sojourner Truth desconstruiu o termo mulher ao usar suas próprias
experiências vividas para desafiá-lo, mulheres afro-americanas comuns
fazem a mesma coisa de várias maneiras. (COLLINS, 1990)
MAPEAMENTO NAS REDES SOCIAIS
Movimento Negro Evangélico

O início do Movimento negro evangélico pode


ser considerado em 1841 quando Agostinho
José Pereira começou a pregar pelas ruas do
Recife. Nasceu, assim, a primeira Igreja
Protestante Brasileira, uma Igreja Negra, a
Igreja do Divino Mestre, com seus mais de
300 seguidores, negros e negras, todos livres
e libertos. Agostinho ensinou-os a ler e a
escrever, numa época em que os
proprietários de terras eram analfabetos.
Fonte: Negritude Cristã: https://negritudecrista.fandom.com/wiki/Hist%C3%B3ria_do_MNE
MAPEAMENTO NAS REDES SOCIAIS

Rede de Mulheres Negras Evangélicas

Nasce em 2017 e fez seu primeiro encontro em


2018, intitulado Encontro nacional de mulheres
negras cristãs: resistências, espiritualidade e
incidência pública, no qual foi produzido um
manifesto
MAPEAMENTO NAS REDES SOCIAIS
 Cuxi: coletivo negro evangélico
(https://www.facebook.com/cuxicoletivonegroevangelico/?ref=br_rs|)
 Frente Evangélica pela Legalização do Aborto
(https://www.facebook.com/frenteevangelicapelalegalizacaodoaborto/?ref=br
_rs)
 Rede de Mulheres Negras Evangélicas
(https://www.facebook.com/negrasevangelicas/)
 Movimento Negro Evangélico (https://www.facebook.com/mnebrasil/)
 Aliança de Negros e Negras Evangélicos do Brasil
(http://annebbahia.blogspot.com/p/diretoria-executiva-nacional-
anneb.html)
 Aliança Evangélica Pró-quilombolas no
Brasil(https://www.facebook.com/QuilombolasdoBrasil/)
 Evangélicas pela Igualdade de Gênero
(https://www.facebook.com/mulhereseig/)
 Fórum Permanente de Mulheres Negras Cristãs do Rio de Janeiro - RJ
(https://www.facebook.com/forumpermanentedemulheresnegrascristas/)
 Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito
(https://www.facebook.com/frentedeevangelicos/)
 Coletivo Vozes Marias (https://www.facebook.com/coletivovozesmarias/)
 Projeto Redomas (https://www.facebook.com/projetoredomas/);
MANIFESTO
Nós, mulheres negras cristãs, jovens e adultas oriundas de distintas tradições do
protestantismo brasileiro (metodistas, assembleianas, batistas, anglicanas, pentecostais) de
diferentes regiões brasileiras, reunidas de 10 a 12 de agosto de 2018 no Encontro de Mulheres
Negras Cristãs na cidade do Recife – PE levantamos nossas vozes em favor da vida de todas as
mulheres negras do Brasil. É sob o amor, a esperança e o doce sussurro de Ruah¹ que nos
movemos e somos unidade neste encontro. Nestes tenebrosos tempos de retiradas de direitos e
ameaça feroz a soberania popular e ao Estado Democrático de Direitos que amargamente
desfrutamos na sociedade brasileira, faz-se imediato e urgente que a pluralidade e diversidade
de coletivos de mulheres permaneçam resistentes e fortalecidos em coletividade. Somos nós,
mulheres negras que mais sofremos com as reverberações de uma política pública racista e
misógina. Sofremos com a omissão de direitos e a violência do Estado. Sofremos com a
invisibilidade e a violência simbólica nos espaços de poder das organizações religiosas.
Sofremos com baixos salários e empregos desprotegidos e precarizados. Desta maneira, nós
mulheres cristãs de confissão protestante de diferentes denominações religiosas nos agregamos
para unirmo-nos ao movimento de luta em prol da vida das mulheres.
Reivindicamos:
● que os materiais didáticos de ensino religioso contemplem nos termos da Lei 9394/1996,
reformulada por forma das Leis 10639/2003 e 11645/2008, no que diz respeito ao ensino
sistemático de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena em todas as disciplinas
de todos os cursos oferecidos pelas organizações religiosas dos protestantismos: histórico,
pentecostal e neopentecostal.
● o uso da linguagem inclusiva de gênero em materiais didáticos religiosos e em cerimônias e
celebrações religiosas;
● a utilização de representação de pessoas negras na iconografia/imagens/ materiais/produtos
das/nas igrejas;
● a leitura afrocentrada da bíblia;
Posicionamo-nos em defesa da vida de todas as mulheres. Colocamo-nos a disposição das
igrejas protestantes para um diálogo baseado na verdade e na reconciliação mediante a
realidade do racismo estrutural que nos afeta. Reconhecemos os desafios no entorno do
exercício de uma educação religiosa antirracista e antissexista, contudo, nos mantemos
unidas, firmes e crentes no Evangelho de Jesus Cristo para tal superação.

Encaminhamentos:

● Mudança do nome do encontro para: Encontro de Mulheres Negras Evangélicas;


● Criação da Rede de Mulheres Negras Evangélicas;
● Fica definido que o encontro acontecerá anualmente, ao primeiro final de semana do
mês de agosto.
Em 2019 será no Rio de Janeiro;
● Criação de um grupo no facebook: Rede de Mulheres Negras Evangélicas;
CONCEITUANDO FÉMINISMO

Féminismo é uma expressão que tem sido utilizada


pelos movimentos feministas de mulheres
religiosas. Desse modo, elas têm reivindicado a
possibilidade de atuarem na interseccionalidade
entre Fé e Religião, criando essa identidade de
féministas (fé + feministas).
HIPÓTESE DE PESQUISA

Proponho, nesse caminho investigativo, que essas


mulheres localizadas nessa contradição entre as
imagens de controle e a autodefinição criam um
féminismo negro, um movimento em que fé cristã e
feminismo se amalgamam e se interseccionam com
a reivindicação da negritude.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Brasil, IBGE. Censo demográfico, 2010. Disponível em https://ww2.ibge.gov.br/home/.


Acesso em 25/05/2019.
BUTLER, J. Problemas de Gênero. Feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro,
Civilização Brasileira, 2003.
COLLINS, Patricia Hill. (1990), Pensamento feminista negro: conhecimento,
consciência e a política do empoderamento. Trad. Natália Luchini. Seminário "Teoria
Feminista", Cebrap, 2013. [Em inglês, Black feminist thought: knowledge, consciousness, and
the politics of empowerment. Nova York/Londres, Routledge, 1990.
CRENSHAW, Kimberle. A interseccionalidade da discriminação de raça e gênero. 2002.
Disponível em:http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wp-content/uploads/2012/09/Kimberle-
Crenshaw.pdf. Acesso em 24/5/2019
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016
FOUCAULT, M. Microfísica do poder, Rio de Janeiro, Graal, 4ªed. 1984
______. A ordem do discurso, São Paulo, Edições Loyola, 20ª edição, 2010.
Oliveira, Marco Davi de. A religião mais negra do Brasil, São Paulo, Mundo Cristão, 2004.
SIMMEL, Georg. (2006). Questões fundamentais de sociologia: indivíduo e sociedade.
Tradutor Pedro Caldas. Rio de Janeiro: Zahar.
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Simony dos Anjos

Simony Cristina dos Anjos

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