Histórias Restritas: o Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão e A Atribuição de Valor No Inventário Do Patrimônio de São Leopoldo (RS)

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ARTIGO

Histórias restritas: o Sistema Integrado de


Conhecimento e Gestão e a atribuição de valor no
Inventário do Patrimônio de São Leopoldo (RS)
Restricted stories: the Integrated System of Knowledge
and Management and attribution of value in the Heritage
Inventory of São Leopoldo (RS)
Carline Luana Carazzo a, *
Renata Rogowski Pozzo b

RESUMO: A pesquisa é inserida no centro da contradição entre o reconhecimento da importância do


patrimônio e sua preservação e o questionamento sobre sua representatividade. A problematização sobre
o que preservar, por que e de que maneira é abordada a partir do estudo de caso da cidade de São
Leopoldo (RS), que no ano de 2016 elaborou seu Inventário do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural
através da metodologia do Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão do IPHAN. Em uma cidade cujos
processos de atribuição de valor por meio do instrumento do tombamento conduziram para a afirmação
de uma história restrita, aquela da imigração alemã, questiona-se se o instrumento do Inventário e a
metodologia utilizada foram capazes de expandir a ideia de patrimônio no sentido de outras narrativas.
Palavras-chave: Patrimônio Cultural; Inventário; São Leopoldo; Participação Social.

ABSTRACT: The research is inserted in the center of the contradiction between the recognition of the
importance of heritage and its preservation and the questioning about its representativeness. The
problematization of what to preserve, why and how is approached from the case study of the city of São
Leopoldo (RS), which in 2016 prepared its Historical, Artistic and Cultural Heritage Inventory through the
methodology of the System IPHAN Knowledge and Management System. In a city whose value attribution
processes through the heritage instrument led to the affirmation of a restricted history, that of German
immigration, it is questioned whether the inventory instrument and the methodology used were capable
of expanding the idea of heritage in the sense of other narratives.
Keywords: Cultural Heritage; Inventory; Sao Leopoldo; Social Participation.

aPrograma de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Santa Catarina,


Florianópolis, SC, Brasil.
bPrograma de Pós-Graduação em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental,
Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil.
* Correspondência para/Correspondence to:
Carline Luana Carazzo. E-mail: [email protected].
Endereço/Address: R. Eng. Agronômico Andrei Cristian Ferreira, s/n, Trindade, Florianópolis - SC, CEP:
88040-900.
Recebido em/Received: 31/08/2023; Aprovado em/Approved: 27/11/2023.
Artigo publicado em acesso aberto sob licença CC BY 4.0 Internacional

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INTRODUÇÃO

Outubro de 2019. Manifestantes fixam a bandeira Mapuche no topo da estátua do


General Baquedano em manifestação por reformas sociais no país: “o Chile acordou”.
Junho de 2020 retratou a derrubada e a vandalização de diversos monumentos de
personagens associados à escravidão, ao colonialismo e ao racismo no mundo. Na
Inglaterra, a estátua de Edward Colston foi arrancada do seu pedestal. Em Lisboa, a
estátua de Padre António Vieira amanheceu vandalizada. Em Boston, Cristóvão
Colombo foi decapitado.

Cidade do México, 8 de março de 2021. Dias antes da marcha mundial das mulheres ser
realizada na capital mexicana, o governo local cercou os principais patrimônios e
monumentos históricos para protegê-los de uma suposta depredação. Como resposta,
as manifestantes criaram um memorial às vítimas de feminicídio no Palácio Nacional,
registrando cerca de mil e duzentos nomes de mulheres e lembrando que, naquele
país, 11 feminicídios são registrados diariamente (Arellano 2021).

A breve lista de acontecimentos dos últimos anos revela que o patrimônio e os


monumentos (em sua versão histórica ou comemorativa, no formato de espaços
públicos, edificações ou estátuas) estão no centro dos debates contemporâneos sobre
a história, a memória e o esquecimento. Ou seja, ao passo que se reconhece o
patrimônio como a afirmação de um discurso histórico hegemônico, surgem ideias
para a expansão de seus horizontes. Busca-se outras narrativas até então
invisibilizadas ou marginalizadas, mas também se contesta sua representatividade –
contestação, que, em versão mais radical, pode conduzir a sua destruição.

Essa pesquisa é inserida no debate sobre a contradição entre o reconhecimento da


importância do patrimônio e sua preservação e o questionamento sobre sua
representatividade. As intervenções sobre os patrimônios citados acima nos
conduzem a refletir sobre o porquê de tantos outros não estarem nas listas de
preservação, Inventários e tombamentos. De fato, esses dois âmbitos, apesar de
contraditórios, estão relacionados, pois acreditamos que a questão da
representatividade auxilia na compreensão sobre as perdas em relação ao patrimônio
(abandono, destruição, vandalismo).

A problematização sobre o que preservar, por que e de que maneira, será abordada a
partir do estudo de caso da cidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. A cidade
possui cinco bens tombados em nível estadual (Casa da Feitoria ou Casa do Imigrante,
Ponte 25 de Julho, Estação Ferroviária, Castelinho e Escola de Teologia) e, no ano de
2016, a Prefeitura Municipal elaborou o Inventário do Patrimônio Histórico, Artístico e
Cultural. Buscamos apreender os nexos dos processos de atribuição de valor a certos
artefatos históricos, com base na conceituação de Gonçalves (2016, p. 11-12),
desenvolvida a partir da realidade catarinense,

Se os valores não são intrínsecos às coisas, mas, antes, atribuídos a elas, há


que compreender os processos de atribuição de valor àquilo que figura o
patrimônio cultural. Os valores dessas figuras estão associados aos
significados que podem apresentar nas vidas das pessoas: o quanto

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contribuem para seu conhecimento, mobilizam seus afetos, sensibilizam
sua percepção, atendem a demandas identitárias, servem a intenções de
distinção ou até mesmo o quanto são de interesse para a consecução de
determinados projetos políticos.

Patrimônio, originalmente “herança do pai” no direito antigo romano, compreendia


bens com algum valor econômico, que poderiam ser privados e passados de geração
em geração. De lá para cá, o uso do termo sofreu ampliação e deslocamento, podendo
ser utilizado em expressões como “patrimônio arquitetônico”, “patrimônio cultural”,
“patrimônio histórico e artístico”, entre outros (Castriota 2009).

A palavra patrimônio tornou-se polissêmica, entretanto, independentemente dos


diversos significados, uma constante mantém-se: a de representação de um poder
político, fortemente ligado ao Estado. Na modernidade, conforme Choay (2017), foi a
partir da Revolução Francesa que a ideia de patrimônio foi consolidada politicamente
e vinculada à identidade nacional, composta pela concepção dos bens que constituem
o patrimônio cultural de uma civilização. Nesse momento revolucionário (de
destruição e reconstrução), foi criada uma sensibilidade em proteger e impedir os
esquecimentos dessas memórias que simbolizam o passado.

O conceito de patrimônio vem sendo construído ao longo dos anos, acompanhando as


transformações sociais, políticas e econômicas. Após o turbulento período do século
XIX, com a consolidação, no mundo ocidental, da maioria dos Estados nacionais
modernos em seu formato republicano e, ao mesmo tempo, com o avanço dos
processos de industrialização e urbanização na transição do século XIX para o século
XX e as transformações socioespaciais decorrentes, os debates sobre a preservação do
patrimônio edificado foram iniciados em nível internacional, com a Primeira
Conferência Internacional sobre os Monumentos Históricos realizada em Atenas, em
1931 (Fonseca 2005).

No contexto brasileiro, em 1937, pelo Decreto-Lei n.º 25, foi implementado o primeiro
instrumento legal de preservação do patrimônio cultural material – o tombamento.
Desse momento até a década de 1960, foram eleitos e valorizados imóveis, sítios e
objetos por suas qualidades arquitetônicas e artísticas e pela vinculação a fatos
"memoráveis" da história. A partir de meados dos anos 1960, passaram a ser adotadas
novas concepções de patrimônio, que foram paulatinamente desenvolvidas, e
resultaram na atual concepção de patrimônio cultural brasileiro, presente na
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, e definida como o conjunto dos
“bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto,
portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira”. (IPHAN 2014).

Atualmente, a preservação cultural transcende o tombamento, com instrumentos


como incentivos fiscais, normas urbanísticas, Inventários etc. Dentre estes, o
Inventário é um dos mais utilizados, mostrando-se como uma opção para a proteção
do patrimônio cultural sem nos valermos do instrumento de tombamento. O
Inventário não possui uma lei regulamentadora infraconstitucional como ocorre com

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outros dispositivos. Dessa forma, cabe ao município ou estado suprir tal lacuna,
exercendo seus respectivos poderes de legislar.

Como reação à intensificação das perdas de edificações históricas na cidade, o


Inventário Municipal de Bens de Interesse Cultural da cidade de São Leopoldo foi
elaborado entre 2013 e 2016. Uma equipe multidisciplinar entregou no final de 2016 o
Inventário com a lista de imóveis públicos e privados referentes aos diferentes
períodos da evolução urbana e arquitetônica da cidade, desenvolvido com a utilização
da metodologia Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão, elaborada pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SICG/IPHAN). O Inventário
constituía inicialmente uma lista com 492 imóveis, monumentos e praças de caráter
histórico, artístico e cultural e com interesse de preservação. Nas circunstâncias em
que o Inventário foi recebido, os Conselheiros do Conselho Municipal de Patrimônio
Artístico e Cultural de São Leopoldo (COMPAC) e os técnicos da Prefeitura Municipal
de São Leopoldo (PMSL) constataram que, enquanto o documento era elaborado, um
número considerável das edificações havia sido demolido ou descaracterizado por
reformas ilegais sem aprovação da Secretaria competente (COMPAC São Leopoldo
2018).

Nesse contexto, o objetivo central deste escrito é debater o patrimônio material e


imaterial da cidade de São Leopoldo por meio de uma análise das medidas adotadas
para a preservação do patrimônio local, em especial, o Inventário do Patrimônio
Histórico Artístico Cultural de São Leopoldo com o propósito de reconhecer a
possibilidade e os efeitos da inserção ou exclusão da representatividade de outros
territórios, histórias e narrativas nos processos de patrimonialização. Algumas
perguntas são perseguidas ao longo do artigo. Se, na cidade de São Leopoldo, o
discurso histórico oficial direciona para a valorização de um patrimônio relacionado à
imigração alemã, seria o instrumento do Inventário capaz de expandir a ideia de
patrimônio consolidada na cidade? Ainda, como a metodologia do Sistema Integrado
de Conhecimento e Gestão condiciona a abordagem patrimonial no processo de
inventariação?

PATRIMÔNIO EM SÃO LEOPOLDO: HISTÓRIA E VALORES ESTABELECIDOS

A primeira parte do artigo objetiva investigar a tradição da atribuição de valor


patrimonial na cidade de São Leopoldo, inserindo seus cinco bens tombados em nível
estadual na história (Casa da Feitoria ou Casa do Imigrante, Ponte 25 de Julho, Estação
Ferroviária, Castelinho e Escola de Teologia) e captando algumas de suas
características.

São Leopoldo é um município considerado de médio porte, localizado no Estado do Rio


Grande do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre. A cidade carrega o título do
Berço da Imigração Alemã no Brasil por ter abrigado os primeiros imigrantes alemães
no país. Assim, está inserida no chamado Vale Germânico, iniciativa da Associação dos

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Municípios do Vale do Rios dos Sinos (AMVARS) para valorização da cultura e do
turismo (Kerschner, Mattana 2019).

Há quem considere a vinda dos imigrantes alemães em 1824 como o início da história
da cidade. No entanto, existem registros históricos comprovando que a região às
margens do Rio do Sinos foi ocupada há seis mil anos por grupos indígenas de Tradição
Umbu. Atualmente, há um grupo de 120 pessoas, que formam 27 famílias, residente na
reserva indígena Aldeia Por Fi Gâ, no Bairro Feitoria. Segundo o Censo 2010 do IBGE,
São Leopoldo abrigava 292 pessoas indígenas.

Encontra-se, ainda, registros de fazendas nos arredores do atual Bairro do Scharlau,


habitadas por portugueses e negros escravizados, a partir do século XVIII. Em 1789, a
Real Feitoria do Linho Cânhamo, que estava instalada no Rincão de Canguçu, próximo
a Pelotas, é transferida para a região do Faxinal do Courita, hoje conhecido como Bairro
da Feitoria. A Feitoria foi um estabelecimento agrícola do governo português para
produção de cordas navais, e tinha como principal mão-de-obra os negros
escravizados. Em 1822, o Governo Português encerrou suas atividades (Weimer 2004).

Em 25 de julho de 1824, chegaram os primeiros 39 imigrantes alemães – 33 evangélicos


e 6 católicos, enviados por Dom Pedro I para povoamento do local. Os imigrantes
foram direcionados para a Feitoria do Linho Cânhamo, onde aguardaram para receber
sua parte de terra para colonização. Nesse mesmo ano, a antiga Feitoria passa a ser a
primeira Colônia Alemã de São Leopoldo.

Este momento é simbólico para o entendimento do discurso do patrimônio na cidade,


pois, assim como houve a sobreposição de uma atividade e uma etnia no espaço de
uma mesma edificação (a antiga Feitoria), há a preponderância do discurso histórico
que exalta a imigração alemã como gênese da história da cidade a partir da
patrimonialização desse espaço. Essa contradição é presente no fato de essa
edificação ser referida por vezes como Casa da Feitoria, e em outros momentos como
Casa do Imigrante. Trata-se do bem patrimonial mais antigo da cidade, e o segundo a
ser tombado em nível estadual, em 15 de março de 1982. Infelizmente, no dia 5 de
março de 2019, a edificação desmoronou parcialmente.

A conexão da colônia com a capital, Porto Alegre, tornava a região próspera. No ano
de 1846, a colônia passa a ser Vila de São Leopoldo. Com a elevação para Vila, o local
recebe importantes construções e investimentos, como a Igreja Matriz Nossa Senhora
da Conceição nas margens do Rio dos Sinos. Devido à continuidade de seu crescimento
econômico e social, em 1864, a Vila de São Leopoldo é elevada à cidade. Com isso, a
região ganha algumas obras públicas que marcaram a expansão urbana e a ocupação
do território.

Moehlecke (1976) coloca que as transformações urbano-industriais da década de 1860


e 1870, materializadas na forma de infraestruturas para o transporte que representam
a substituição do meio fluvial (via Rio de Sinos) pelo ferroviário, trazem elementos para
compreensão do patrimônio cultural de São Leopoldo. As duas formas originárias
desse momento constituem bens patrimonializados: a Ponte 25 de Julho e a Estação

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Ferroviária. São os artefatos construídos a partir do desenvolvimento urbano-industrial
da cidade, iniciado na década de 1860, que constituem os principais bens
patrimonializados de São Leopoldo e irão representar, portanto, não o colono inserido
no meio rural, mas o imigrante próspero urbano e a constituição de um Estado
moderno.

Por volta de 1900, a cidade já tinha edificações imponentes e relevantes para a região,
como a Intendência Municipal, a Igreja Católica, e o Ginásio Nossa Senhora da
Conceição, situados próximos à ponte e ao rio, criando o núcleo central da cidade.
Essas edificações constam no Inventário do Patrimônio Cultural elaborado pela
Prefeitura, entretanto, não são tombadas.

É notável a consolidação de outra característica do patrimônio cultural que aparece


tanto nos bens tombados quanto nos inventariados: a tendência à patrimonialização
de artefatos urbanos localizados na área central. A essa regra, encontramos exceção
na Casa da Feitoria, localizada no Bairro Feitoria e na Escola de Teologia, localizada no
Bairro Morro do Espelho. A Escola de Teologia foi construída na década de 1930, e
tombada em nível estadual apenas em 2007. Essa edificação, em conjunto com o
Castelinho representam também a face do poder religioso como agente da
patrimonialização, que, junto ao poder político do Estado, são os atores
preponderantes. Acima de tudo, percebemos os processos de patrimonialização
presentes na eleição das edificações tombadas como expressões de um poder
relacionado ao universo patriarcal. A própria figura humana que aparece no
monumento construído no centro da Praça do Imigrante é masculina.

A consolidação de São Leopoldo como uma cidade industrial, ocorrida entre as


décadas de 1940 e 1980, coloca-a como um grande centro de atração de migrantes,
especialmente vindos do interior do Estado. Inclusive, a partir dos anos 2000, recebe
um contingente considerável de haitianos e senegaleses. Esse movimento industrial
transmuta São Leopoldo de uma cidade colonial e com edificações residenciais,
pequenas e históricas para uma sociedade urbana, pluriétnica com prédios em altura
para cumprir a necessidade habitacional dos trabalhadores.

Desembocamos, assim, na clássica contradição moderna entre criação e destruição. A


modernização da passagem do século XIX para o XX criou os artefatos que foram
posteriormente reconhecidos por um pensamento patrimonial relativo à esfera da
modernidade do século XX, cuja nova onda de modernização poderia ocasionar e, em
certa medida, ocasionou a destruição. Talvez esta seja a grande contradição e a
dificuldade inerente aos processos de modernização: a ideia de preservar é produto
espiritual de uma era cuja organização material é destrutiva, transformadora. Se, na
modernidade, tudo que é sólido se desmancha no ar, seria, o patrimônio, capaz de
incorporar essas transformações sem diluir-se?

Ser moderno é encontrar-se em um ambiente que promete aventura,


poder, alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas
em redor — mas ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos, tudo
o que sabemos, tudo o que somos. A experiência ambiental da
modernidade anula todas as fronteiras geográficas e raciais, de classe e

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nacionalidade, de religião e ideologia: nesse sentido, pode-se dizer que a
modernidade une a espécie humana. Porém, é uma unidade paradoxal, uma
unidade de desunidade: ela nos despeja a todos num turbilhão de
permanente desintegração e mudança, de luta e contradição, de
ambigüidade e angústia. (Berman 1986, p. 24).

Por fim, captamos a última das características dos processos de patrimonialização da


cidade de São Leopoldo: a valorização do patrimônio material, portanto das formas
imóveis. Os processos de patrimonialização em São Leopoldo valorizaram
historicamente a modernidade capitalista construída pelo poder econômico, político e
religioso, edificado (material e imóvel) territorialmente na centralidade urbana, e
representado por figuras masculinas.

CONTEXTUALIZANDO INVENTÁRIOS PATRIMONIAIS

Antes de analisar o Inventário patrimonial de São Leopoldo, é importante


compreender o contexto de surgimento deste instrumento. A etimologia da palavra
Inventário remete ao termo latino inventarium, com o sentido de achar, pôr à mostra,
dar a conhecer. O Inventário surgiu em meados século XVIII no contexto da construção
dos Estados nacionais modernos, como modelo de produção de um novo saber por
meio da coleta e sistematização das informações com o objetivo de identificar,
valorizar e proteger os bens patrimoniais materiais e imateriais, públicos e privados
(IPHAN 2014).

De acordo com o IPHAN (2016, p. 7), inventariar é “um modo de pesquisar, coletar e
organizar informações sobre algo que se quer conhecer melhor. Nessa atividade, é
necessário um olhar voltado aos espaços da vida, buscando identificar as referências
culturais que formam o patrimônio do local” (IPHAN 2016, p. 7). Já Motta e Rezende
(2016) reforçam que inventariar os bens significa produzir um conhecimento que
necessariamente parte do estabelecimento de critérios, pontos de vistas e recortes
sobre determinados universos sociais e territoriais, permeando por juízos de valor, já
que se destina à construção de narrativas de grupos sociais ou histórias especificas.

No contexto brasileiro, a primeira manifestação sobre Inventário veio com o Arquiteto


e Museólogo Rodrigo Cantarelli, que se referiu aos Inventários como a primeira ação
dos técnicos da Inspetoria de Monumentos de Pernambuco criada em 1928. Motta e
Rezende (2016) explicam que, no início da atuação institucional no âmbito do
patrimônio, houve um esforço para realização desse tipo de trabalho. Trazem como
exemplos o Inventário de bens imóveis e móveis no estado do Ceará em 1940 e o
Inventário da cidade de Ouro Preto entre 1949 e 1950, dentre outras iniciativas.

Em 1949, o arquiteto Lúcio Costa, à frente da Diretoria do Patrimônio Histórico e


Artístico Nacional (DPHAN), procurou estabelecer o processo de desenvolvimento de
Inventários no seu Plano de Trabalho para a Divisão de Estudos e Tombamento. Assim,
argumentava que a tarefa de inventariar era de tal importância que seria necessária
uma verba anual destinada para esse exercício. Nesse mesmo plano, Lúcio Costa (apud
Motta; Rezende, 2016) definiu que os estudos estariam classificados como “acervo

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histórico-monumental de interesse artístico”, e teriam como embasamento a natureza
técnico-artística e histórico-educativa com a finalidade de justificar o tombamento.

Na década de 1970, a preservação do patrimônio cultural passou a constar na agenda


de desenvolvimento econômico formulada em 1964 no âmbito do projeto de
desenvolvimento nacional do governo militar. Foi então que se estabeleceu a relação
entre valor cultural e valor econômico, tendo em vista o turismo como fator
importante para a valorização do patrimônio regional. Os governos estaduais foram
convocados a empreender tomadas de preservação, por meio do Programa das
Cidades Históricas (PCH) que financiou Inventários regionais (Motta, Rezende 2016).

Também nesse momento, surgiu o Inventário Nacional de Bens Móveis e Integrados


(INBMI) aplicado aos acervos de interiores de arquitetura religiosa tombada no Brasil.
Esse foi considerado um Inventário científico, e, metodologicamente, se desenvolvia
em duas etapas. A primeira, uma produção fotográfica e levantamento de dados
descritivos; a segunda, uma pesquisa referente aos dados históricos e avaliação das
características estéticas.

No final da década de 1970, houve a ampliação do conceito de patrimônio trazida pelo


IPHAN, quando de sua fusão com o Centro Nacional de Referência Cultural (CNRC).
Essa ampliação ocorreu a partir da relação do patrimônio como referência cultural dos
grupos produtores dos bens – saberes e fazeres, levando em conta os contextos
sociais, históricos e ambientais (Morais, Ramassote e Arantes Neto 2015). Ainda que as
iniciativas de Inventário na época continuassem a privilegiar o patrimônio edificado e
os bens imóveis, verificou-se na ocasião a tendência de se abordar de forma integrada
vários tipos de bens – móveis, imóveis, fazeres culturais, modos de morar – e, de forma
incipiente, de incluir-se a consulta ou promover o envolvimento das comunidades na
identificação desses bens, embora sempre prevalecesse o olhar técnico na atribuição
dos valores (Motta, Silva 1998). A Constituição de 1988 reforçou essas práticas de
preservação e valorização dos novos sujeitos, objetos e modos de fazer.

No decorrer dos anos foram elaborados outros Inventários pelo IPHAN. Podemos
destacar o Inventário Nacional de Bens Imóveis em Sítios Urbanos Tombados (INBI-
SU), Inventário de Bens Arquitetônicos (IBA); Inventário de Configuração de Espaços
Urbanos (INCEU); Inventário Nacional de Material de Artilharia (INMA); Cadastro de
Bens Procurados (BCP); Sistema de Gerenciamento do Patrimônio Arqueológico
(SGPA); Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA); Inventário Nacional de
Coleções Arqueológicas (INCA); e o Inventário Nacional de Referências Culturais
(INRC). (Morais, Ramassote e Arantes Neto 2015).

Somente na década de 1990, os Inventários ganharam informatização dos dados,


integração dos métodos e disponibilização e manipulação do conhecimento,
permitindo atualizações e verificações constantes. Nesse contexto, surge o Sistema
Integrado de Conhecimento e Gestão (SICG/IPHAN). O SICG propõe um modelo e uma
metodologia única de identificação de Inventários de bens culturais, possibilitando um
cadastro unificado dos bens patrimoniais em uma base cartográfica georreferenciada,
classificados pelas categorias, temas e territórios.

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A consolidação do sistema ocorreu no I Fórum Nacional de Patrimônio Cultural,
realizado no município de Ouro Preto, em Minas Gerais, no período de 13 a 16 de
dezembro de 2009, com a finalidade de discutir os desafios, as estratégias e as
experiências para o Sistema Nacional do Patrimônio Cultural (SNPC). Nesse momento,
o IPHAN lançou o manual de aplicação do SICG e o conjunto de fichas e orientação para
preenchimento, conforme o Manual do Usuário do Sistema (Morais, Ramassote e
Arantes Neto 2015).

Como metodologia de captação de informação, o SICG é constituído por um conjunto


de fichas reunidas em três módulos que são divididos em Conhecimento, Gestão e
Cadastro. Cada módulo corresponde a uma escala de abordagem diferente do
patrimônio cultural, sendo composto por fichas que auxiliam na captura, na
organização e, posteriormente, na análise dessas informações. Cada ficha possui uma
diretriz ou conceito para ser preenchido. Além disso, na metodologia do IPHAN são
estipuladas cores para cada módulo: o Módulo 1 (M01) ou Módulo do Conhecimento é
verde; o Módulo 2 (M02) ou Módulo Análise e Gestão tem a cor azul; o Módulo 3 (M03)
ou Módulo Cadastro, é vermelho. De acordo com o Manual do Usuário (IPHAN/DEPAN
2011):

O SICG é constituído por um conjunto de informações agrupadas em três


módulos: Conhecimento, Gestão e Cadastro. Cada módulo corresponde a
uma esfera de abordagem do patrimônio cultural e possui um conjunto de
fichas estruturadas para a captura e organização de informações conforme
o objetivo do estudo ou Inventário. Os módulos foram idealizados para
permitir uma abordagem ampla do patrimônio cultural, partindo do geral
para o específico, com recortes temáticos e territoriais e, possibilitando a
utilização de outras metodologias, como o Inventário Nacional de
Referências Culturais – INRC (voltado para a identificação de bens de
natureza imaterial), por exemplo, caso seja necessário para a
complementação dos estudos. [...] O módulo de Conhecimento visa reunir
informações que contextualizem na história e no território, os bens que são
objetos de estudo. Organiza, portanto, as informações provenientes de
universos culturais temáticos ou territoriais. É um módulo básico para se
iniciar um estudo temático ou Inventário de conhecimento em um dado
espaço geográfico. [...] O módulo de Gestão reúne um conjunto de fichas
cujo enfoque são as áreas já protegidas, ou seja, sobre as quais o Iphan ou
os demais órgãos de preservação do patrimônio cultural – nas esferas
estadual e/ou municipal – têm obrigação de fazer a gestão através de
normatização, ações de fiscalização, da construção de planos e
preservação, de reabilitação, entre outros. [...] O módulo de Cadastro reúne
um conjunto de fichas que serão aplicadas para cada bem de interesse ou já
protegido. Possui uma ficha padrão comum a todas as categorias do
patrimônio material, denominada de Cadastro Básico, com informações
indispensáveis sobre o bem cultural, que permitem sua identificação e o
recebimento de um número de identificação, como uma cédula de
identidade.

A metodologia SICG/IPHAN sugere que as fichas sejam elaboradas com base em


pesquisa bibliográfica, documental e eventualmente em entrevistas com historiadores
da cidade, não prevendo consulta pública ou audiência com interferência da
comunidade em geral.

Hoje o sistema está estruturado com base nas fichas (em Word e Excel) que são
encaminhadas ao IPHAN, para serem disponibilizadas na base cartográfica. Nesse

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momento, o Instituto vem trabalhando para o sistema informatizado, ou seja, além do
IPHAN, os estados, os municípios, as instituições de ensino, os museus, os centros
culturais, e outros poderão disponibilizar essas informações. Também, temos o
ambiente do site que possui um visual semelhante às fichas, possibilitando, por
intermédio do Manual do Usuário, a utilização de qualquer pessoa. O sistema
proporciona o cadastro de bens de diversas naturezas em qualquer lugar do país.

Figura 1. Interface do SICG, localização de São Leopoldo.

Fonte: Site SICG.

Silva (2014, p. 107) afiança que o Plano Nacional de Cultura previa a disponibilização
dos dados de todos os Inventários realizados até 2020. No entanto, pouco percebemos
a divulgação e a integração dessa metodologia em pleno ano de 2023. O SICG, quando
consultado, ainda não oferece dados concretos ao usuário, mas incompletos e
abrangendo poucas áreas nacionais.

INVENTÁRIO DE BENS CULTURAIS DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO


HISTÓRICO E CULTURAL DE SÃO LEOPOLDO (RS): AS HISTÓRIAS RESTRITAS

Desde os anos 2000, o poder público de São Leopoldo demonstra preocupação com a
descaracterização e destruição de edificações localizadas na região central da cidade,
considerada como "a região histórica" municipal. Estando apenas cinco edificações do
município tombadas, iniciam-se movimentos para a preservação de um conjunto
histórico mais amplo.

Em 2009, a Prefeitura Municipal, em parceria com a Unisinos, em especial com os


cursos de Arquitetura e Urbanismo, História e Design, desenvolveu o Projeto Revita.
Esse projeto tinha como finalidade a valorização da área histórica central por meio de
um corredor cultural que iniciava no Rio dos Sinos, e finalizava no Museu do Trem.
Foram elaboradas diversas análises, levantamentos, estudos e projetos para a
constituição dessa melhoria na cidade. Em 2011, foi entregue para a Prefeitura
Municipal de São Leopoldo um memorial constituído por um levantamento de 173
imóveis com fichas cadastrais, projeto de lei e Carta de Intenções. Nesse contexto,

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também em 2009, o Escritório Brasil Arquitetura foi contratado para a elaboração de
um projeto arquitetônico que pretendia qualificar parte da área central, a partir de sua
relação com o Rio dos Sinos e da memória histórica.

Ambos os projetos não foram executados, no entanto, os estudos realizados no


âmbito do projeto Revita embasaram a formulação Lei Municipal n.º 7778/2012, que
estabeleceu uma listagem de 135 imóveis de interesse sociocultural para preservação,
conservação e valorização.

Em 2014, um dos imóveis listados, localizado na Rua Independência, n.º 314, no centro
da cidade, no decorrer de processos internos da Prefeitura Municipal de São Leopoldo
foi retirado da Lista da Lei Municipal n.º 7778/2012, recebendo a aprovação municipal
para demolição, sem parâmetros jurídicos, análise do COMPAC ou justificativa
relevante. A sociedade civil, indignada pela ação, procurou os órgãos de proteção
(IPHAN e IPHAE) em parceria com o Ministério Público, conseguindo embargar a
demolição. Como forma de compensação pelas infrações de liberação da demolição
por parte da Prefeitura, foi determinada a construção de um Inventário do patrimônio
histórico, artístico e cultural da cidade.

Em maio de 2014, uma empresa foi contratada através de Inexigibilidade da Licitação


para a elaboração do Inventário. Conforme contrato disposto no site da transparência
da Prefeitura Municipal de São Leopoldo (IL 141/2014), a contratação foi para a
realização de pesquisa histórica, levantamentos arquitetônicos, fotográficos,
iconográficos e cadastrais, análises e demais documentos com base no Sistema
Integrado de Conhecimento e Gestão (SICG), do IPHAN, que subsidiariam o Inventário.

No ano de 2016, foi entregue o Inventário com a metodologia SICG/IPHAN à cidade de


São Leopoldo, sendo elaborado por uma equipe de 7 profissionais, envolvendo
arquitetos e historiadores. Segundo Neutzling (2016) a equipe multidisciplinar
entregou o Inventário com a lista de imóveis públicos e privados referentes aos
diferentes períodos da evolução urbana e arquitetônica da cidade, com 492 imóveis,
monumentos e praças de caráter histórico, artístico e cultural e com interesse de
preservação.

Nas circunstâncias em que o Inventário foi recebido, os Conselheiros COMPAC e os


técnicos da Prefeitura Municipal constataram que, enquanto o Inventário era
elaborado, um número considerável das edificações havia sido demolido ou
descaracterizado por reformas sem aprovação da Secretaria competente. De acordo
com a Secretaria de Cultura e Relações Internacionais de São Leopoldo (SECULT)
foram reavaliadas as fichas do Inventário, filtrando de forma técnica as edificações que
compunham a lista incialmente fornecida pela equipe (usando os parâmetros
arquitetônicos, históricos, fotográficos e urbanos). Foi então criada uma lista com 265
edificações e 7 monumentos ou praças, classificados em três esferas de proteção:
rigorosa, intermediária e leve/flexível. A SECULT alega que muitas das edificações
estavam descaracterizadas, demolidas ou não tinham interesse de preservação, porém
havia algumas edificações sobre as quais havia interesse de preservação que não
estavam na listagem e foram incluídas. Dessa maneira, constitui-se um mapa através

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do Google Earth com as edificações que ficariam na proteção vigente, com uma ficha
de dados básicos para consulta (Figura 2).

Figura 2. Mapas dos imóveis elaborado pela Diretoria do Patrimônio de São Leopoldo

Fonte: Diretoria do Patrimônio de São Leopoldo.

Nesta pesquisa, para avaliação documental do Inventário do Patrimônio Histórico


Artístico Cultural de São Leopoldo foi utilizado o método comparativo, que consiste
em investigar fatos, critérios, aspectos e temas, explicando as suas semelhanças e
diferenças. Esse método, permite a análise de dados concretos e a dedução de
semelhanças e divergências de elementos constantes (Fachin, 2001). Dessa maneira, o
método comparativo serviu para contrapor os itens descritos na metodologia do
SICG/IPHAN com o que foi apresentado nas fichas do documento do Inventário do
Patrimônio Histórico Artístico Cultural de São Leopoldo. Assim, uma síntese das fichas
analisadas pode ser observada no Quadro a seguir:

Quadro 1. Análise comparativa do Inventário do Patrimônio Histórico Artístico Cultural de São


Leopoldo – SICG/IPHAN

Módulos Fichas Diretrizes Realizado

Ficha M101 Contextualização Geral Realizado

Conhecimento Ficha M1012 Contextualização Geral Realizado

Ficha M103 Contextualização Geral Realizado

Ficha M201 Pré-Setorização Realizado

Gestão Ficha M202 Caracterização dos setores Realizado


Averiguação e proposição
Ficha M203 Não Realizado
local

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Módulos Fichas Diretrizes Realizado
Diagnóstico de áreas
Ficha M204 Não Realizado
urbanas - lotes
Diagnóstico de áreas
Ficha M205 Não Realizado
urbanas – quadras
Diagnóstico de
Ficha M206 Não Realizado
conservação
Ficha M207 Relatório Fotográfico Não Realizado

Ficha M300 Planilha Síntese Realizado

Ficha M301 Cadastro Geral Realizado


Bem imóvel – Arquitetura –
Ficha M302 Realizado
Caracterização externa
Bem imóvel – Arquitetura –
Cadastro Ficha M303 Não Realizado
Caracterização interna
Bem imóvel – Conjuntos
Ficha M304 Não Realizado
rurais
Ficha M305 Bem móvel e integrado Não Realizado

Ficha M306 Patrimônio Ferroviário Não Realizado

Ficha M307 Patrimônio Naval Não se aplica


Fonte: Elaborado pelas autoras.

As fichas do Módulo Conhecimento estão bem elaboradas, considerando todas as


etnias, contexto geral e imediato, leis e decretos vigentes. No entanto, essa
abordagem histórica ampla não se espelha na eleição dos bens a serem valorizados, o
que denota uma falta de comunicação entre o Módulo Conhecimento e os demais
módulos. Ressalta-se que não há menção sobre legislação ou levantamento de bens
imateriais. Também identificamos que o levantamento do contexto histórico geral e
específico foi resultado de uma revisão bibliográfica e documental, não havendo
questionários ou entrevistas com pesquisadores ou com a população desse território.

Em relação às informações das edificações, foram usadas como base as fichas do


Módulo Gestão e a Planilha Geral do Módulo Cadastro. Dessa forma, o resultado do
Inventário foi levantar 512 imóveis, entre os quais foram identificadas edificações com
linguagens arquitetônicas tradicionais e exemplares representativas para a arquitetura
local. Essas edificações foram divididas com base na linguagem de cada estilo, sendo
eles: luso-brasileira, neocolonial, teuto-brasileira, ecléticas XIX e XX, protomoderna,
modernista, popular, indefinida, neogótica, neoteuto-brasileira, teuto-brasileira
simplificada e contemporânea.

O critério para classificação foi, portanto, a linguagem arquitetônica, o que provocou


a inclusão de muitas edificações contemporâneas, por apresentarem uma linguagem
que foi considerada digna de valorização. Seguindo uma análise breve dos estilos
arquitetônicos, notamos que, em média, 40% dos prédios analisados na área central
são contemporâneos. Conforme documento do Inventário SLP_M01-02, as edificações

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elencadas como de interesse cultural (512 bens) representam 13,62% do total avaliado
nas áreas de estudo. Entre essas construções, de valor histórico, artístico e cultural,
predominaram as linguagens arquitetônicas protomoderna e teuto-brasileira (56,02%),
com tipologia de entrada de varanda – típica da região de colonização alemã.

Foram reconhecidos edifícios de propriedade pública (3,07%), privada (95,29%) e mista


(0,20%). Dentre as propriedades, encontramos os mais diversos usos, tais como
residencial, comercial, institucional, religiosa e monumentos. Conforme o documento,
na área de estudo há predominantemente o uso residencial. No entanto, há uma
concentração de edificações de uso comercial nas áreas das ruas Independência e
Primeiro de Março, e avenidas João Corrêa, Dom João Becker e Getúlio Vargas. Os usos
mistos e de serviço encontram espaços no tecido urbano, sem formar uma região –
considerando a área de análise. Em relação ao estado de conservação das edificações
encontramos um saldo positivo, pois a maioria, 88%, está em um estado de boa
conservação.

O Inventário apresenta um complemento de atribuições de valores para a classificação


dos graus de proteção. Os valores foram atribuídos devido a seis classes de Instância
Cultural: morfológica, cultural, funcional, técnica, paisagística e legal. As instâncias são
baseadas pela Tabela de Valores Estabelecidos ao Bem, disponibilizadas pelo IPHAE.
Esses valores tornam o patrimônio passível de estar no Inventário. Depois da
classificação dos bens pelas instâncias culturais, as edificações foram divididas pelos
graus de proteção: Conservação Rigorosa, Intermediária e Volumétrica.

A maioria das edificações encontra-se na Área Especial de Interesse Cultural,


deliberada no Plano Diretor (Lei n.º 9.041, de 12 de agosto de 2019), que consiste na
área central da cidade, desconsiderando áreas periféricas e rurais e com um patrimônio
histórico relevante para o contexto local, como podemos observar nos mapas a seguir.

Figura 3. Extensão territorial de São Leopoldo com os bairros – Área Urbana.

Fonte: Elaborado pelas Autoras (2020).

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Figura 4. Mapa de área de estudo do Inventário do Patrimônio Histórico Artístico Cultural de
São Leopoldo/RS com a Área de Interesse Cultural.

Fonte: Elaborado pelas Autoras (2020).

Considerando a análise das fichas conforme diretrizes impostas pelo IPHAN,


constatamos que o Inventário do Patrimônio Histórico Artístico Cultural de São
Leopoldo foi parcial ao território – conforme se viu nos mapeamentos anteriores,
abordando o bairro Centro, e parcialmente os bairros Rio dos Sinos, São José, Fião,
Padre Reus e Morro do Espelho. Mais de 80% dos imóveis estão localizados no Bairro
Centro. Também, há uma única edificação no Bairro da Feitoria, a Casa da Feitoria ou
Casa do Imigrante, desconsiderando, por exemplo, a aldeia Por Fi Gâ que está
localizada nesse último bairro descrito.

Em um contexto geral, percebemos que o Inventário não cumpriu toda a metodologia


proposta pelo IPHAN, dando ênfase a um panorama geral, para edificações do centro
e ao aspecto arquitetônico do patrimônio (e não ao conceito mais amplo de patrimônio
cultural). Quando analisado o documento, não encontramos a justificativa sobre o

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porquê da não elaboração de todas as fichas e o motivo pelo qual foi desenvolvido
somente no território central.

Subentendemos que, pela metodologia apresentada no SICG, após o preenchimento


das fichas em Word e Excel, deveria ser compatibilizado e compartilhado na
plataforma do SICG. No entanto, quando acessamos a plataforma on-line, não
encontramos nenhum bem patrimonial registrado na cidade de São Leopoldo.

Diante disso, visitamos a SECULT de São Leopoldo em novembro de 2020, e


questionamos sobre alguns encaminhamentos e histórico de construção do
Inventário. O diretor de patrimônio da referida Secretaria em resposta argumentou
que, na última troca de gestão de governo, muitos dos registros não foram repassados,
mas que se subentende que a escolha da área central se justifica por ser o local com
mais edificações históricas e com interesse cultural, porém reforçou que há outros
patrimônios na cidade que deveriam estar inventariados.

Nesse sentido, é pertinente trazer a reflexão de Bo (2003), que aborda o patrimônio


como um acúmulo de tempos, afirmando que o conceito foi construído por camadas.
A primeira delas seria a camada religiosa, com a ideia do patrimônio sagrado da fé, por
meio da qual os bens religiosos, até hoje, são reconhecidos. A segunda camada,
monárquica, deslocou o conceito da influência religiosa para contemplar a ordem
cultural, como bibliotecas e arquivos reais. A última, e talvez a mais emblemática, a
camada nacional, quando a noção de preservação do patrimônio ganha ênfase (Bo
2003). Poderíamos acrescentar que os tensionamentos do conceito de patrimônio
propostos pelo pensamento decolonial incluíram uma nova camada nessa história: a
camada popular. Ela vem sendo revelada mediante práticas participativas e do
desenvolvimento do conceito de patrimônio imaterial. Amaral (2015) coloca que a
colonialidade entra em cena, quando a capacidade humana de percepção – intelectual
e emocional – é substituída por um conjunto de valores estéticos e construídos
impostos como únicos.

No Brasil, tensionamentos do conceito de patrimônio e sua associação a uma


“materialidade de exaltação de uma imaginada cultura europeia, branca, masculina e
exclusiva” (Carvalho, Meneguello 2020, p. 24) e a busca por sua pluralização começam
a aparecer na segunda metade do século XX. Desde então, se discutem e buscam
processos de patrimonialização que valorizem identidades compartilhadas e processos
participativos, no esteio dos debates sobre o Direito à Cidade e a participação nos
processos políticos, também inaugurados na década de 1960. Aqui, a questão da
participação é incorporada ao patrimônio na década de 1980, e veio acompanhada do
reconhecimento da esfera imaterial.

Em referência à participação social, não constatamos nenhuma interação com os


habitantes para elaboração do Inventário. No decorrer do processo, em uma ocasião e
na entrega final, ocorreu apresentação da equipe responsável para o COMPAC, quando
foi explicada brevemente a metodologia usada e o resultado inventariado. O COMPAC
foi criado pela Lei n.º 3.811/1992. Desde então tem-se constituído como uma esfera de
participação social no critério patrimônio na cidade. Sua efetividade é variável,
dependendo da gestão de governo, levando-se em conta que tem caráter consultivo.
No decorrer dos anos de 2017 a 2019, o mais próximo que a população chegou do
Inventário – considerando que havia restrição na divulgação devido a vários imóveis

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terem sido demolidos, foi por meio das reuniões do Conselho, que possui integrantes
da sociedade civil. O COMPAC é composto por 14 integrantes (sete da Administração
Municipal e sete da Sociedade Civil).

Posteriormente à entrega, em 2017, o volume do Inventário foi abarcado, discutido e


revisado pelo COMPAC, que compreendeu que algumas edificações já não existiam, e
outras relevantes ao interesse cultural não estavam descritas no material recebido.
Com essa análise prévia, a Secretaria de Gestão e Governo em conjunto com a SECULT
estão em processo de criação e aprovação da legislação efetiva. Enquanto isso, o
Inventário está protegido pelo Decreto n.º 9.296, de 2019. No entanto, sublinha-se que
o Inventário se encontra sob domínio da gestão municipal desde 2016. Somente em
dezembro de 2022, foi aprovada a Lei Municipal nº 9.750 que institui normas de
proteção e estímulo à sua preservação.

Posto isto, concluímos que o Inventário do Patrimônio Histórico Artístico Cultural de


São Leopoldo é uma listagem que servirá de auxílio para a preservação do patrimônio
edificado e central, sem considerar representatividade, participação social,
patrimônios imateriais e até mesmo patrimônios materiais, como objetos,
documentos, fotografias entre outros.

Assim, percebemos que o Inventário se manifesta como uma história restrita a um


território específico, o central, aquele que, mesmo que de forma contraditória e
desigual, abriga os poderes hegemônicos que o patrimônio comumente representa.
Esta exclusão de outros territórios e, por consequência, de outras narrativas pode ter
sido condicionada pelo desenvolvimento do Inventário a partir da metodologia do
SICG, já que esta não privilegia a participação popular ou o patrimônio imaterial.
Entretanto, o próprio Manual do Usuário explica que o SICG é aberto à utilização de
outras metodologias para complementação das informações. Ao mesmo tempo, uma
das fichas prevista pela metodologia no Módulo Cadastro é referente aos conjuntos
rurais. Esta ficha não foi incluída no Inventário entregue à Prefeitura. Assim, o
Inventário, ao considerar como lócus para seu desenvolvimento o território definido
como Área Especial de Interesse Cultural no Plano Diretor Municipal de São Leopoldo,
reproduziu a tendência de atribuição de valor já consolidada nesta cidade pelo
instrumento do tombamento, ou seja: patrimônios materiais centrais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na cidade de São Leopoldo, o patrimônio contribui para dar visibilidade à cultura


teutobrasileira, em detrimento de outras, e para a consolidação de um discurso
hegemônico e único sobre a cidade, como “berço da colonização alemã”. O Inventário
reproduz uma visão de patrimônio tradicional relacionada aos poderes hegemônicos,
e à luz dos debates sobre participação e o Direito à Cidade, esta pesquisa questiona
sua representatividade, e busca compreender o patrimônio cultural da Cidade de São
Leopoldo de forma mais ampla e democrática, que não envolve somente a área central
conforme estipulado no Plano Diretor atual, nem se resume ao patrimônio material,

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mas também o patrimônio rural, periférico, imaterial. Percebemos que, mesmo em
relação à narrativa histórica mais reconhecida em termos de valor patrimonial, aquela
da "Colônia São Leopoldo", ou seja, da imigração alemã, outras histórias sofrem
apagamentos, como a das mulheres imigrantes ou dos trabalhadores rurais.

Assim, ganha força a hipótese de que as perdas materiais do patrimônio na cidade de


São Leopoldo são precedidas por uma perda de significado, tendo em vista que a
noção de patrimônio não incorporou o movimento de transformação cultural
contemporâneo e a necessidade do reconhecimento da representatividade de outras
narrativas (de gênero, raça, e classe) nos processos de atribuição de valor,
permanecendo atrelada ao discurso hegemônico que provém do poder econômico,
político e religioso urbano, central e masculino. Para reconheceremos outros
patrimônios, é preciso reconhecermos outras narrativas históricas (rurais, periféricas,
femininas), a legitimidade de outros agentes na construção da cidade, inclusive em seu
conteúdo imaterial, e outras percepções da cidade contemporânea.

Destacamos que esse enfoque se insere nas discussões sobre grupos minorizados,
cidade e patrimônio e vai ao encontro dos debates sobre participação e
representatividade nos processos políticos, tal qual define Sacchet (2012). Em escala
internacional, percebe-se que os sistemas de atribuição de valor patrimonial também
se transformam ao longo do tempo, e, na contemporaneidade, esse campo vem sendo
constantemente confrontado pelo movimento conhecido como "giro decolonial",
pelo movimento e o pensamento feminista e pela crítica ao racismo epistêmico.

Esses patrimônios descritos no Inventário do Patrimônio Artístico Cultural de São


Leopoldo são resultados de um processo de Inventário formatado pela metodologia
IPHAN/ SICG, que evidencia dados técnicos, pesquisas bibliográficas e documentais
para levantamento dos bens de interesse histórico-cultural. Essa metodologia não
engloba a participação social, formando assim uma listagem de bens com deficiência
em suas relações de pertencimento popular, que não conquistam cuidado ou interesse
de preservação por parte da população.

Disputando a história oficial do imigrante desbravador, cristalizada pelos processos de


patrimonialização, a partir da pesquisa, deparamo-nos com a falta de participação dos
agentes da sociedade. Trabalhar a questão do patrimônio a partir da participação,
permite uma abertura para a diversidade e a ampliação das perspectivas. Acreditamos
ser este o grande desafio da contemporaneidade para o campo patrimonial: incluir a
diversidade, ir além da monumentalidade, olhar para as periferias, valorizar outras
narrativas, enfim, deixar-se tensionar pela perspectiva intercultural.

Igualmente concluímos que os patrimônios são reflexos da existência e apropriação do


espaço público pelas diversidades de seus habitantes. Dessa maneira, quando
ampliamos o olhar para mais que a região central da cidade, do que é disposto no
Inventário de São Leopoldo, podemos abordar, evidenciando a representatividade em
pessoas chave da comunidade, histórias, celebrações e lugares nos bairros, mostrando
uma outra realidade de percepção patrimonial.

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Por fim, concluímos que São Leopoldo possui bens patrimoniais, no entanto necessita
da participação e do reconhecimento social para evidenciar a diversidade das
narrativas históricas a serem contadas, evitando negligenciar uma raça, uma etnia, um
local, um povo ou uma representação cultural, como fatalmente acontece quando
avaliamos os bens somente por dados técnicos.

FINANCIAMENTO

Esse artigo é resultado da pesquisa do mestrado financiada pela Coordenação de


Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Programa de Demanda Social
(DS).

DISPONIBILIDADE DE DADOS

Todo o conjunto de dados que ampara os resultados deste estudo se embasam no


SICG, podendo ser acessados em https://sicg.iphan.gov.br/sicg/ e nos documentos
disponibilizados via protocolo pela Prefeitura de São Leopoldo.

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Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/958387/memorial-para-as-vitimas-de-
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