TCC FatoresSociaisInterferem

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


CAMPUS DE ABAETETUBA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS

FRANCILENE DE CASTRO PAZ

FATORES SOCIAIS QUE INTERFEREM NO PROCESSO ENSINO


APRENDIZAGEM DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE UMA
ESCOLA EM CONTEXTO PERIFÉRICO NO MUNICÍPIO DE
ABAETETUBA (PA).

Abaetetuba-PA
2022
FRANCILENE DE CASTRO PAZ

FATORES SOCIAIS QUE INTERFEREM NO PROCESSO


ENSINO APRENDIZAGEM DOS ALUNOS DO ENSINO
MÉDIO DE UMA ESCOLA EM CONTEXTO PERIFÉRICO
NO MUNICÍPIO DE ABAETETUBA (PA).

Trabalho de conclusão de curso, apresentado a


Faculdade de Educação e Ciências Sociais,
Universidade Federal do Pará, como parte das
exigências para a obtenção do título de Licenciada em
Pedagogia.

Orientador (a): João Paulo da Conceição Alves

Orientadora: Profa. Dra. Inês Trevisan

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Abaetetuba - PA o
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2022
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD
Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Pará
Gerada automaticamente pelo módulo Ficat, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

P348f Paz, Francilene de Castro.


Fatores sociais que interferem no processo ensino aprendizagem dos
alunos do ensino médio de uma escola em contexto periférico no
município de Abaetetuba (PA). / Francilene de Castro Paz. — 2022.
44 f. : il. color.

Orientador(a): Prof. Dr. João Paulo da Conceição Alves Trabalho de


Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade
Federal do Pará, Campus Universitário de Abaetetuba, Curso de
Pedagogia, Abaetetuba, 2022.

1. Fatores sociais. 2. Prática docente. 3. Qualidade de


ensino. I. Título.

CDD 373.072
FRANCILENE DE CASTRO PAZ

FATORES SOCIAIS QUE INTERFEREM NO PROCESSO ENSINO


APRENDIZAGEM DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DE UMA
ESCOLA EM CONTEXTO PERIFÉRICO NO MUNICÍPIO DE
ABAETETUBA (PA).

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como


requisito parcial para obtenção do Grau de Licenciada
em Pedagogia, Universidade Federal do Pará.

Orientador (a): João Paulo da Conceição Alves

Orientador: Profa. Dra. Inês Trevisan

a
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Data de aprovação: ___/___/___ h
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Nota: _________
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Banca Examinadora: l
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Orientadora d
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Prof . Dr . João Paulo da Conceição Alves e
Doutor em Educação – UFPA C
Universidade Federal do Pará - UFPA u
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_________________________________ o
Membro da Banca Examinadora a
Profa. Dra. Alexandre Cals p
Doutora em Educação– UFPA r
Universidade Federal do Pará -UFPA e
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t
DEDICATÓRIA

Primeiramente a Deus, a meus pais Francisco


e Elenir, em especial ao meu esposo Elcivaldo
e meu filho Gustavo, aos meus irmãos
Franciene, Francival e Fred Castro, por me
acompanharem sempre.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por sempre cuidar de mim, estando ao meu lado me
abençoando, me dando força e sabedoria.

A minha família, em especial aos meus pais Francisco e Elenir por todo o esforço, amor
e por me ajudarem com meu filho para que eu pudesse concluir essa etapa da minha vida.
Obrigado!

Ao meu esposo Elcivaldo por todo o incentivo e apoio nos mais diferentes níveis, ao
meu filho o maior incentivo para essa conquista, sem vocês esse momento não seria possível.

Aos meus irmãos, pelo apoio, pela dedicação, e minha irmã Franciene pelo incentivo a
não desistir e concluir o curso, por amenizar minhas dificuldades durante esta caminhada.

Ao meu orientador, Prof. João Paulo da Conceição Alves, que me orientou de forma
paciente, com muita competência e sabedoria me mostrou o caminho a seguir.

Aos meus colegas de curso, que fizeram parte de todo esse processo, pelo
companheirismo e colaboração nos momentos de angústias, e principalmente de alegrias.

E a todos que aqui não estão citados, mas que contribuíram para minha formação, tanto
pessoal quanto profissional, e proporcionaram a conclusão de mais uma etapa em minha vida.
“Se a educação não for provocativa, não constrói,
não se cria, não se inventa, só se repete”.

Mário Sérgio Cortella


RESUMO
O objetivo dessa pesquisa é identificar quais fatores sociais interferem no ensino aprendizagem
dos alunos do ensino médio de uma escola localizada no município de Abaetetuba Pará. É
comum perceber que o desempenho educacional da maioria dos alunos da rede pública de
ensino não é satisfatória, por este motivo surgiu o interesse em pesquisar as causas que podem
estar interferindo de maneira negativa no ensino aprendizagem desses jovens. Com isso, vale
verificar de que forma os professores organizam suas práticas pedagógicas que venha contribuir
para a aprendizagem desses jovens; se faz necessário também compreender de que maneira os
fatores sociais interferem na qualidade de ensino desses discentes. Quanto a metodologia desta
pesquisa tratou-se de uma pesquisa de campo sob uma abordagem qualitativa. O instrumento
de coleta de dados da pesquisa foi a partir de questionários aplicados à alunos e professores,
cujo nomes serão mantidos no anonimato. A escolha do questionário foi pela questão de
possibilitar aos sujeitos da pesquisa tanto objetividade nas respostas, como um espaço para as
reflexões a partir de suas respostas e assim obter informações mais detalhadas. Quanto aos
resultados a pesquisa mostrou a realidade dos alunos de uma escola pública que trabalham e
continuam os estudos, mas persistem na tentativa de conciliar a vida de trabalhador e estudante,
porém a maior partes desses jovens apontam o fator econômico como o principal ponto de
desequilíbrio, pois é a partir deste que outros três principais fatores sociais são identificados, a
saber: a pobreza pois muitos vivem com renda bem baixa, a fome e a falta de moradia que
acabam impactando negativamente no desempenho escolar desses alunos. Apesar disso, se
evidenciou a prática pedagógica dos professores de forma expressiva, marcada por ações
importantes para a aprendizagem crítica dos educandos, na tentativa de despertar interesse na
busca e garantia de direitos sociais.

Palavras chaves: fatores sociais; prática docente; qualidade de ensino.


ABSTRACT
The objective of this research is to identify which social factors interfere in the teaching and
learning of high school students at a school located in the municipality of Abaetetuba Pará. It
is common to notice that the educational performance of most students in the public school
system is not satisfactory, for this reason, the interest in researching the causes that may be
negatively interfering in the teaching and learning of these young people arose. With this, it is
worth checking how teachers organize their pedagogical practices that will contribute to the
learning of these young people; it is also necessary to understand how social factors interfere
in the quality of teaching of these students. As for the methodology of this research, it was a
field research under a qualitative approach. The research data collection instrument was from
questionnaires applied to students and teachers, whose names will be kept anonymous. The
choice of the questionnaire was due to the question of allowing the research subjects both
objectivity in the answers, as a space for reflections based on their answers and thus obtaining
more detailed information. As for the results, the research showed the reality of students from
a public school who work and continue their studies, but persist in the attempt to reconcile the
life of worker and student, but most of these young people point to the economic factor as the
main point of imbalance. , since it is from this that three other main social factors are identified,
namely: poverty, as many live with very low incomes, hunger and lack of housing, which end
up negatively impacting the school performance of these students. Despite this, the pedagogical
practice of teachers was evident in an expressive way, marked by important actions for the
critical learning of students, in an attempt to arouse interest in the search and guarantee of social
rights.

Keywords: social factors; teaching practice; teaching quality.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................11

2 O ENSINO MÉDIO E AS CONTRADICÕES NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA E


AMAZÔNICA...................................................................................................................15
2.1 Elementos históricos na constituição do Ensino Médio brasileiro e
amazônico.........................................................................................................................16
2.2 Educação pública brasileira e dualismo no ensino médio.......................................18
2.3 Ensino médio na Amazônia e as contradições na educação.....................................21

3. A PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES: QUAL SUA IMPORTÂNCIA


PARA A FORMAÇÃO CRÍTICA DOS ALUNOS...........................................................23
3.1 A importância da prática pedagógica dos professores para uma formação
crítica.................................................................................................................................24
3.2 A prática docente e suas contribuições para um ensino aprendizagem de
qualidade..........................................................................................................................26

4. A QUALIDADE DE EDUCAÇÃO E FATORES SOCIAIS QUE INTERFEREM NA


APRENDIZAGEM DOS ALUNOS..................................................................................27
4.1 Quais os fatores sociais que interferem no ensino aprendizagem dos alunos nas
escolas públicas? ..............................................................................................................28
4.2 Quais os principais fatores sociais que interferem no ensino aprendizagem dos
alunos do ensino médio? ..................................................................................................29
4.3 De que forma os professores organizam suas práticas docentes contribuindo para
o aprendizado educacional do aluno em sala de aula? ..................................................32
4.4 De que maneira os fatores sociais prejudicam a qualidade no ensino
aprendizagem? ................................................................................................................35
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................38
REFERÊNCIAS...............................................................................................................40
APÊNDICE......................................................................................................................44
11

1. INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem como objetivo identificar quais os principais fatores sociais que
interferem no ensino aprendizagem dos alunos do ensino médio de uma escola no município de
Abaetetuba-PA, prejudicando a qualidade de ensino dentro desse ambiente escolar.
Para o andamento desse trabalho na compreensão da pesquisa, levantamos algumas
ações que pudessem nos guiar nas especulações da pesquisa, assim, o trabalho se encaminha
em identificar os principais fatores sociais que interferem no ensino aprendizagem dos alunos
do ensino médio em contexto periférico; Verificar de que forma os professores organizam suas
práticas docentes contribuindo para o aprendizado educacional dos alunos em sala de aula;
Compreender de que maneira os fatores sociais prejudicam a qualidade no ensino aprendizagem
entre professores e alunos. Com esses dados coletados, fica próximo a se chegar as respostas
da pesquisa.
A educação brasileira em seu contexto histórico segue no caminho da dualidade social,
situação esta que oprimi as classes desfavorecidas, quando se direciona o olhar ao passado na
busca de compreender a história da educação nos deparamos com os controles da vida em
sociedade, direitos e deverem retido nas mãos dos senhores de posse.
A ditadura militar por exemplo, foi palco de muitas discussões a respeito do caminho
da educação no Brasil, com reformas voltadas para o ensino superior e ensino médio, as
tentativas de reformulações do ensino tinha como interesse se adequar as exigências do
mercado, com a oferta de formação em massa da população.
As situações que envolvem as políticas educacionais estão sempre em evidências na
busca pelas melhorias na educação, é importante citar as contradições de ensino que envolvem
os governos Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da silva, ao primeiro, elaboraram
uma política de ensino que visava a separação do ensino Médio e o profissional, com intuito de
oferecer um ensino distinto entre as classes sociais. Com isso, a busca do governo Lula, era pela
exclusão do decreto aprovado no mandato anterior, trabalhando na construção de um novo
decreto e na integração do ensino médio propedêutico e profissional, a partir de debates e
pressões dos movimentos sociais e da sociedade civil organizada como um todo, culminando
na aprovação do decreto Nª 5.154/04.
Ver-se nas práticas pedagógicas dos professores um ponto importante na busca pela
emancipação dos sujeitos, na formação para viver de maneira ativa nas decisões sociais, formar
cidadãos conhecedores de seus direitos, pois o trabalho dos professores em sala de aula não
deve ser vista apenas na transmissão de conteúdos e em realizar um ensino aprendizagem mais
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dinâmico, o trabalho docente precisa atingir conhecimentos que contribuam para a formação
crítica das classes trabalhadora, mediante a busca por direitos iguais para efetivar uma educação
justa e democrática.
Uma educação para todos sem que haja distinções, se faz necessário que as políticas
educacionais entendam as necessidades da comunidade mais pobre, no que envolve os fatores
externos e internos ao ambiente escolar, qualificações dos professores, boas condições
estruturais da escola, políticas sociais no que toca o cenário econômico das famílias dos jovens
em contexto escolares, condições de vida melhores. Esses fatores implicam na qualidade de
ensino.
Ao observar o sistema de ensino brasileiro percebe-se as lacunas existentes,
principalmente quando se trata de educação pública, a formação do profissional escolar é
fundamental para que possam trabalhar em conjunto com a gestão, um ambiente escolar com
condições estruturais ideais, e a família estruturada e participativa em sua amplitude na
formação dos filhos, contribuem decisivamente para um ensino aprendizagem significativo. Por
isso, essas questões precisam ser consideradas quando se busca uma qualidade na educação.
Portanto, é impossível termos uma educação de qualidade sem que as questões que
envolvem os ambientes internos e externos a escolas sejam transformadas; é necessário trabalho
ético, justo e democrático no momento das implantações das leis, no acompanhamento e nas
fiscalizações dos repasses destinados à sua efetivação.
Nesse contexto, a aprendizagem dos alunos são afetadas, sendo observada nos
resultados de avaliações escolares, nos exercícios dentro de sala, em exames. Com um ensino
que não mantenha ou reproduza a realidade social em que vivem, culminando em escolas
públicas com um ensino deficitário e inconcluso dos jovens na intenção de inserir-se
precocemente e de forma precarizada no mercado de trabalho, pois, não encontram alternativas
para a sua inserção e formação em nível superior, reproduzindo a “bolha” das ideologias
dominantes sob um recorte de classes.
Por estas condições sociais expostas, entendemos a necessidade de pesquisar a respeito
do seguinte problema: quais os principais fatores sociais que interferem no processo de ensino
aprendizagem dos alunos do ensino médio em contexto periférico afetando negativamente a
qualidade educacional?
A pesquisa se deu por uma observação em uma escola de ensino fundamental para a
disciplina Avaliação Educacional do Cursos de pedagogia 2017, em que foi possível observar
dentro desse ambiente escolar alunos com dificuldade de aprendizagem, naquele momento
pensei como seria o ensino para os jovens e o que poderia influenciar negativamente na sua
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aprendizagem, foi nesse momento que se iniciou as inquietações em pesquisar os principais


fatores sociais que interferem no ensino aprendizagem dos alunos, conhecer as práticas
pedagógicas dos professores para um ensino significativo.
Durante todo processo da escola pública no brasil, vem sofrendo alterações, a leis
garantem um ensino de qualidade, direitos de educação a todos, políticas inclusivas, portanto,
a educação pública brasileira se afasta bastante das ideias de uma educação de qualidade. A
realidade das escolas no Brasil é diferente do que se pretende nas legislações, principalmente
nas escolas periféricas, onde, a vivência familiar é difícil e marginalizada.
Alunos que frequentam essas escolas passam por dificuldades, em ter um ensino de
qualidade e principalmente em permanecer nas escolas, a vida fora dos ambientes escolares
dificultam a aprendizagem, pois, a maioria das famílias desses alunos vivem sem trabalho fixo,
muitas vezes passam fome, alunos se dividindo entre o trabalho e os estudos. Essa é a realidade
de educação de muitos brasileiros e brasileiras.
Nesse sentido, essa pesquisa pretende sinalizar, também, na importância que os
professores têm dentro das escolas. Conhecendo seus alunos e organizando suas aulas levando
em consideração o contexto em que esses jovens se encontram, tentando fazer com que esses
alunos consigam ter um bom desempenho escolar e também desenvolver conhecimentos crítico
de sua realidade para que possam trabalhar na transformação de sua comunidade.
A metodologia aqui trabalhada busca investigar por meio de pesquisa bibliográfica e
qualitativa, estudos que sirvam de fundamentos para um conhecimento mais aprofundado a
respeito do tema da pesquisa, para Gil (2002), pesquisa pode ser definida como um
procedimento racional e sistemático, cujo objetivo é proporcionar respostas a problemas
propostos, que não dispõe de informações suficientes para responde-las. Foram analisados
artigos científicos, livros e sites específicos para ter uma maior compreensão a respeito da
pesquisa em foco.
Para Severino (2007), a pesquisa bibliográfica é aquela que procede das informações
de outros estudos disponíveis como: livros, artigos entre outro, com sequência de estudos
realizados, onde são extraídos dados que foram realizados por outros autores e devidamente
confiáveis, para que o investigador se utilize das informações para o entendimento do objeto de
pesquisa.
Já a abordagem qualitativa na pesquisa, segundo Nascimento (2008) é entendida como
algo que remete a qualidade, a união entre o pesquisador e os sujeitos da pesquisa, ou seja, é
indissociável, o pesquisador faz parte da pesquisa vivendo a realidade da pesquisa. Assim, cabe
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ao investigador se relacionar com o objeto para que consigam de forma harmoniosa desenvolver
sua pesquisa sem que altere ou interfira nas situações encontradas.
Como sujeito da pesquisa se definiu alunos e professores do ensino médio em uma
escola de Abaetetuba-PA, pois são peças fundamentais para se chegar nas respostas desejadas,
além do mais, são os principais afetados com a má qualidade do ensino. A escolha da escola se
deu pela localização que pertence a comunidade, afastada do centro da cidade.
Após a identificação da escola e conhecendo os sujeitos da pesquisa, se definiu como
técnica de coleta de dados a utilização de questionários com perguntas abertas, segundo Gil
(2002), questionários são conjunto de questões que consistem em respostas escritas. Em que os
entrevistados ou pesquisados possam elabora suas respostas. Então, a aplicação se direciona
aos professores e alunos do ensino médio. Cabe aqui destacar que a escola, os professores e
alunos serão preservada suas identidades para evitar quaisquer constrangimento pelas respostas
fornecidas.
O trabalho está organizado em três partes, a primeira aborda o ensino médio e suas
contradições na educação brasileira e Amazônica, em seguida a prática pedagógica dos
professores e sua importância para a formação crítica dos alunos, por fim e não menos
importante, a qualidade de educação e fatores sociais que interferem na aprendizagem dos
alunos.
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2 O ENSINO MÉDIO E AS CONTRADIÇÕES NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA E


AMAZÔNICA

Ao longo da história da humanidade o trabalho e a educação já se relacionavam, para


aprender algum ofício o mestre de ofício ensinava ao mesmo tempo que era exercida a tarefa,
quando surgem as divisões das classes sociais, dá início a busca pelo poder, a educação passa
a ter divisões. É o que apresenta Almeida (2012), quando surge a divisão do homem em classes
a educação também se divide havendo uma educação direcionada as classes dominantes e outra
as classes dominadas.
No mesmo sentido Saviani (2007), destaca que a educação passará a ter duas
modalidades, uma voltada para as classes proprietária centrada na formação intelectual e outra
diferente para os não proprietários visando o processo de seu trabalho. É nessa linha que a
educação brasileira através das políticas educacionais são guiadas, ao ensino restrito e nas
divisões de classes.
As contradições que envolvem as políticas educacionais brasileira se destaca nos
interesses das classes dominantes em obter poder, em que defende um ensino para os filhos dos
trabalhadores, planejando para a sociedade marginalizada a formação mascarada por um ensino
libertador, despertando a esperança de vida melhor na área econômica, porém se esconde a
segregação e omissa dos seus direitos.
As ideologias das classes dominantes estão visíveis na organização da educação no
Brasil, nas imposições do mercado capitalista, fechando os olhos para as reais necessidades da
sociedade brasileira, por políticas de ensino que atenda seus interesses. Para Frigotto, Ciavatta
e Ramos (2012), o poder concentrado nas mãos de poucos e disposto em atender seus próprios
desejos, resultam na miséria, a violência social e a desigualdade de classes.
Nesse sentido, a essa visibilidade que a educação vem tendo ao longo dos séculos
sendo alvo de tantos projetos e leis que estão sempre em busca da reformulação da educação, é
importante destacar os decretos federais dos governos FHC e Lula, nas falas de Almeida
(2012), descreve que a reforma do ensino médio e profissional que aconteceu no mandato de
Fernando Henrique Cardoso no ano de 1990, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei
n. 9.394/96) e o Decreto Federal n. 2.208/97 serviram como base para essa reforma, na
separação do ensino médio do profissionalizante, porém a preocupação não era pela formação
dos trabalhadores, mas em atender as exigências do mercado capitalista.
Mais tarde, já no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 as
expectativas para revogação do decreto era muito grande, pois era um compromisso que o
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governo tinha firmado com a sociedade, por meio de muitas negociações, foi exarado o decreto
n. 5. 154/2004, porém muito se discutiu, mas a essência do antigo Decreto ainda se percebia.
Então, a esses acontecimentos na busca em oferecer uma educação para todos, ao final
de toda essas discursões o que prevaleceu foram os interesses políticos. A educação brasileira
continua seguindo um ensino dual sem perspectivas de mudanças para as classes trabalhadora,
ao contrário da educação direcionada as classes dominantes, permanece um ensino de
privilégios, formando pessoas questionadoras, intelectuais e ativas dentro da sociedade.
Como aborda Frigotto, Cavatta, Ramos (2012), As oportunidades foram sempre
restrita as elites. Nessas concepções se encaminham as propostas educacionais, na finalidade
de favorecer apenas uma classe ou um lado, deixando amostra as desigualdades da sociedade
no país.
Direcionando o olhar para a Amazônia Legal, para que seja ofertado um ensino médio
de qualidade, se faz necessário o investimento nas estruturas educacionais com quantidades de
espaços formativos que consigam atender de maneira satisfatória a formação dos alunos, para
Alves, Valente e Araújo (2019), em relação às análises de dados da pesquisa realizada por esses
autores mostra que, há uma necessidade de implementar mais espaços formativos no horizonte
da formação integrada.
Um ponto importante, e que os mesmos autores fazem um destaque, é em relação à
vida social-econômica enfrentada pela maioria dos alunos da rede pública de ensino, em que
precisam trabalhar para ajudar na renda da família, oferecer as famílias na Amazônia condições
para que possam ter um ambiente de vida digna e poder dar direito aos jovens em frequentar a
escola sem preocupações econômicas. (ALVES, VALENTE E ARAÚJO, 2019). Aqui, se
expressa a fala de milhares de pais que vivem na Amazônia Legal em ter condições econômicas
melhores para assim poder dá aos filhos momentos melhores na vida escolar, sem precisar
trabalhar para contribuir no sustento da família, mas que dedicassem seu tempo nos estudos, na
escola, na vida social como jovens.

2.1. Elementos históricos na constituição do Ensino Médio brasileiro e amazônico


Para compreender o caminho que a educação no Brasil trilhou é importante voltar um
pouco na história da sociedade brasileira. O cenário dualista no Brasil é enraizada na sociedade
por séculos de escravidão e as discriminações das atividades manuais (FRIGOTTO,
CIAVATA, RAMOS, 2012). Neste sentido, na sociedade escravista, a economia brasileira era
baseada no trabalho escravo, trabalho manual, nesse momento já havia uma relação de divisão
na sociedade.
17

Nas palavras de Nascimento (2007), a sociedade brasileira se caracterizava por


divisões em classes, uma pequena parcela da população tinham propriedades e regalias na
sociedade, enquanto que, a maioria da população não exerciam direito algum. No período
colonialista e imperialista já se percebia essa separação de classes, revelava-se autoritárias e
detentora de privilégios aos proprietários.
Nesse momento era possível perceber um forte domínio das elites e a exclusão da
educação brasileira, pois, haviam várias escolas públicas e de qualidade que não eram
prioridade as classes populares, na fala de Souza (2018, p.19) aponta que, “A educação ainda
continuava a ser privilégio de poucos”, e essa realidade da educação brasileira da época perdura
até nos dias atuais. Para Nascimento (2007), a educação durante esse período colonialista e
Imperialista tinham como princípio a formação das elites, para as bases das atividades políticas
e burocráticas.
No entanto, o ensino educacional tinha um viés de favorecimento aos dominantes, pois
a sociedade marginalizada era tida ou vista apenas como instrumentos de trabalho. Então, a
educação brasileira nesse momento era restrita aos que exerciam poder na sociedade.
O Brasil passou por muitas transformações e reformulações no que se refere a história
da sociedade e suas implicações na educação, e um acontecimento foi, segundo Nascimento
(2007), a disputa entre os grupos econômicos, agroexportador predominante na época e os que
defendiam as atividades urbano-industrial, este último, pretendia derrubar a economia atual,
pois defendia um mercado financeiro voltada as indústria, tantos enfrentamentos aconteceram
até que conseguiram vencer e deram início ao capitalismo no Brasil.
Com essas mudanças ocorrida no cenário econômico brasileiro o modo de trabalho
também sofre transformações, o trabalho escravo é substituído por assalariado, os centros
urbanos começam a receber uma grande quantidade de pessoas em busca de trabalho
remunerado, com esse desenvolvimento acontecendo no Brasil e as industrias crescendo,
Tenório (2007), exprimi que devido a essas mudanças houve a necessidade de oferecer
educação que profissionalizasse as classes menos favorecida economicamente.
Passando pela educação no contexto do regime militar, um período de tensão e
autoritarismo no governo atuante, dentro desse regime, houve reformulações na educação
brasileira com vista em atender as exigências do mercado externo, a essas reformas para Souza
(2018), tinham como finalidade a oferta mínima de ensino para o máximo de pessoas possíveis.
Para Nascimento (2007), o ensino aos trabalhadores tinham o objetivo de habilitar mão de obra
para o mercado de trabalho.
18

No processo de escolarizar a massa popular não se atentaram para a qualidade do


ensino, como: qualificação dos professores, aumento das escolas públicas, Souza (2018, p. 28),
expressa que, “a democratização da educação não foi acompanhada pela qualidade” resultando
desse processo é uma formação restrita de conhecimentos fundamentais para a vivencia em
sociedade.
Nesse período, criaram duas leis para a reformulação do ensino, uma para a educação
superior e outra, a lei 5.692/71 para o ensino médio, esse ensino público foi destinado às massas
populares, pensada para dar uma educação básica com nenhuma qualidade, na narrativa de
Frigotto, Ciavatta, Ramos (2012), a lei teve duas intenções, a de atender as exigências por
técnicos de nível médio e barrar a busca pelo ensino superior. Para a classe dominante, Souza
(2018), comenta que foi aprovado a escola particular com ensino limitado apenas a esse público,
observe que, os desfavorecidos da sociedade ficavam com um ensino mínimo e precário, e os
ricos permaneciam com o ensino de qualidade.
No período do governo Fernando Henrique Cardoso, as políticas educacionais com a
aprovação da lei 2.208/97 objetivando a separação de ensino médio e profissionalizante, uma
política pública considerando as imposições do capital. As políticas não se restringiram apenas
a essas concepções, abarcou ações direcionada a qualificação e requalificação profissional,
convencendo a sociedade com discursos de que os próprios trabalhadores eram responsáveis
pelo próprio desemprego FRIGOTTO, CIAVATA, RAMOS (2012).
Para substituir esse decreto, no governo Lula da Silva, houve muitos debates na
reformulação das políticas educacionais ao ensino médio que buscavam substituir o antigo
decreto, foi então que aprovaram o decreto 5. 154/04, Medeiros (2019), cujo a intenção foi a de
reconduzir à educação profissional ao nível médio.

2.2 Educação pública brasileira e dualismo no ensino médio


O ensino médio é a etapa final da educação básica, é obrigatória e gratuita aos jovens
assegurado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), esta modalidade de
ensino tem como finalidade, segundo Lima (2011), de desenvolver os alunos e de assegurar a
formação necessária aos exercícios da cidadania e prover meios para que possam avançar no
trabalho e em seus estudos. Para Medeiros (2019), o ensino médio é considerado um ensino
dualista, pois se apresenta na sociedade, na política e economia com características de divisões
entre as classes sociais.
Neste contexto, o ensino médio é um direito dos jovens para prosseguir em seus
estudos, porém, é um ensino limitado para os filhos dos trabalhadores marcado por uma
19

educação que qualifica o homem para o mercado capitalista, consegue-se compreender o


dualismo na educação quando analisamos o ensino oferecido às classes sociais, nela consegue-
se perceber o limite de ensino para a população marginalizada e o ensino de privilégios as
classes dominantes.
Ao observar o caminho que a educação brasileira trilhou em seu processo histórico, é
possível entender uma educação dualista, para Sander (2011), a modalidade de ensino de nível
médio é onde se manifesta esse dualismo na educação. A verdade é que sempre se desenvolveu
no Brasil um ensino propedêutico direcionada as elites e uma formação para as classes
trabalhadora com a intenção de preparar mão de obra qualificada para exercer funções dentro
das fábricas.
O ensino médio nas escolas públicas é desempenhada em uma perspectiva de formação
básica, isso leva ao entendimento de muitos profissionais da educação em realizar ensino com
a intenção apenas de repassar o conteúdo aos alunos sem qualidade de ensino, dando
continuidade à uma formação sem perspectivas crítica e seguindo os moldes das ideologias
dominante.
Para compreender o dualismo na educação brasileira, Ramos (2011) apresenta, com
visão de muitos pesquisadores da educação, partem da “evidência das diferenças de qualidade”,
diferença essa observada nas estruturas das instituições de ensino, nas qualificações dos
professores, nos currículos de ensino, tudo isso revela uma separação na educação brasileira.
Neste sentido, estruturas das escolas públicas tantos no âmbito municipal quanto
estadual oferecem condições não favoráveis ao ensino, muitas escolas de nível médio em
instituições públicas sofrem a precarização de ensino pelas condições da escola, falta de
merenda escolar, materiais pedagógicos, condições das salas, insegurança, falta de formação
continuada dos professores, entre outros fatores que acabam prejudicando a qualidade da
educação, tudo isso ocasionado pelas políticas públicas e a má administração dos recursos
financeiros destinados às escolas.
Segundo Sander (2011), atravessar esse dualismo estrutural é um desafio muito
grande, pois é algo que está enraizado na sociedade e nas políticas educacionais. Frigotto (2011)
reforça, para romper com a dualidade estrutural é complexo, é preciso que haja mudanças nas
áreas sociais, econômicas e cultural da sociedade.
Com isso, essa modalidade de ensino, para Sander (2011), ao pensamento
constitucional, tem a identidade de escola unitária e politécnica, porém, na concepção do autor,
é um ensino que depende dos interesses do estado para efetivar essa identidade apresentada,
com interesse do governo e de todos que decidem as políticas educacionais é possível ter um
20

ensino de qualidade, pois ao assumirem esse compromisso pode ser que a concepção de uma
educação para todos seja implementada.
Um ensino democrático com direitos garantido a todos são pensado e discutido em
políticas e programas para o ensino, com objetivo em melhorar a qualidade de educação do
ensino médio e da educação profissional com vista, segundo Dourado (2011, p.11), na
“superação do dualismo estrutural” da educação básica que tanto é discutida e apresentada por
muitos estudiosos, porém, por mais que políticas educacionais sejam pensadas para melhorar o
sistema de ensino, principalmente ao ensino médio, sempre esbarram em um ensino dualista.
Para Frigotto (2011), os fatores que interferem no desenvolvimento de uma educação
de qualidade são pensadas fora da escola, do âmbito da economia e das exigências do mercado
capitalista. Para que esse dualismo que caracteriza a educação brasileira, principalmente na
modalidade de ensino médio, seja superada é necessário que as políticas educacionais pensem
em propostas que atenda os interesses e necessidades da comunidade marginalizada, e que não
se detenham apenas em abstrações.
Todos programas, projetos educacionais visam a melhoraria do ensino público no
Brasil, na busca da qualidade de ensino como prevista na LDB, porém não se efetivam, pois
são nos exames e avaliações que se consegue ter a dimensão de que as escolas públicas precisam
de muitos projetos e principalmente interesse políticos para superação do ensino dual, no Enem
se compreende essa educação para poucos, nas falas de Garcia, Caldas, Torres (2021), os
documentos (portarias) do ENEM é contraditório ao discurso do processo de democratização
às vagas públicas de Ensino Superior, pois não é acesso para todos, é somente para os que
obtiverem êxito nas avaliações educacionais.
Também há uma diferença de ensino dentro das escolas públicas, como exemplo o
ensino médio diurno e noturno que se encontra uma limitação no currículo, a princípio, há uma
diferença na carga horária, o ensino médio nas instituições públicas a maioria dos alunos nos
turno noturno são pessoas com idades maiores que 17 anos, trabalhadores, donas de casa, que
já constituíram uma família, o ensino na fala de Ramos (2011) é um ensino, que tem o princípio
educacional para o trabalho, pois sua busca pela volta às salas de aula é exclusivamente pelas
exigências do mercado. No entanto, aos mais jovens a formação se dá para a aprendizagem da
sociedade e suas relações com o meio em que vive, e os estudantes noturno em sua maioria já
tem uma compreensão dessa relação.
21

2.3 Ensino médio na Amazônia e as contradições na educação


A região amazônica é um território que possui riquezas naturais na flora e na fauna. Para
Polares (2018), é tamanha também as diversidades dos povos em que vive nessa região e suas
culturas.
Para Sousa, Polares, Cardoso (2018), por mais que a amazônica seja conhecida por suas
características única, diversas culturas, povos, uma beleza exuberante nas suas diversidades
naturais, essa região também é palco de disputas por territórios, exploração das suas riquezas
naturais, desmatamento de áreas para implantação de estradas e ferrovias, trazendo para o povo
da Amazônia, pobreza, desemprego, prostituição, acentuando o preconceito a esse povo.
A Amazônia brasileira a partir de 1953 passa a ser chamada por Amazônia Legal, para
Alves, Valente, Araújo (2019), por uma articulação com interesses políticos sem influência de
caráter geográficos. Fazem parte da Amazônia Legal os Estados Maranhão e Tocantins, parte
do território desses estados, Mato Grosso, Pará, Amapá, Acre, Rondônia, Roraima, Amazonas.
A educação na Amazônia é precária e de difícil acesso, por ser uma região com muitas
vidas ribeirinhas o acesso à educação é difícil e acaba afastando os alunos das escolas por não
enxergarem uma expectativa de vida no ensino oferecido, na constituição Federal de 1988,
(Brasil, 2016, p.223), encontra-se no capítulo III, Seção I trata da educação, traz em seu artigo
2005 garantia dos direitos a educação para todos, no mais, para que alcance esses direitos, nas
falas de Sousa, Polares, Cardoso (2018), a educação deve ser feita com compromisso e
qualidade, não se fazer a qualquer modo, em parcelas ou fingir que o ensino aprendizagem está
se efetivando, tem que se pensar em uma educação que desenvolva o conhecimento de mundo,
a realidade em que se vive, para que possam participar no processo de uma sociedade.
Conhecendo um pouco a realidade educacional na Amazônia e representando essa
região, será utilizado dados das matrículas no ensino médio do estado do Pará, apresentado pela
Diretoria de estatísticas educacionais (Deed) do Instituto Nacional de estudos e pesquisas
educacionais Anísio Teixeira (Inep) o censo escolar da educação básica equivalente ao ensino
médio.
Abaixo na figura 1, estão apresentados no gráfico o percentual de matrículas no ensino
médio no estado do Pará, segundo as dependências administrativas. Dados de 2016 à 2020.

Figura 1.
22

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos dados do Censo da Educação Básica.

O gráfico apresenta que as instituições de ensino estadual apresentam uma maior


demanda de alunos matriculados cerca de 90% das matrículas, nas redes de ensino privado
próximo aos 8%. É representado também um aumento de 1,1% das matrículas no ensino
estadual entre 2016 e 2020. Nota-se uma queda nas matrículas nas instituições privadas.
O gráfico a seguir vai mostrar o número de matrículas no ensino médio de acordo com
as dependências administrativas e a localização da escola no Pará no ano de 2020.

Figura 2.

Fonte: Elaborado por Deed/Inep com base nos dados do Censo da Educação Básica.

Observa-se que o maior número de matrículas estão localizados na área urbana,


comtemplando todas as redes de ensino, e na área rural as matrículas são oferecidas
exclusivamente pela rede pública de ensino.
Neste sentido, a educação no estado do Pará se destaca também o dualismo de ensino,
em que as escolas privadas se localizam apenas nas áreas urbanas, como o território paraense é
grande em extensão e nas localidades prevalecem as áreas rurais o ensino é precário, por ser de
difícil acesso às escolas públicas chegam a essas pessoas sem o mínimo de qualidade.
Quando analisamos dados do Enem percebemos o descompromisso com a rede pública
de ensino, segundo dados do INEP para o Enem 2020, mostram que a rede pública de ensino
na redação do exame, apresentou-se um número bastante alto de candidatos que tiraram
23

pontuação que vai de 0 à 500 (zero à quinhentos) na redação, conforme vai se aproximando de
1000 (mil) pontos, o número de candidatos diminui drasticamente, esse é o reflexo da educação
na região amazônica, que vive a falta de políticas educacionais específicas para essa população
que convive com o preconceito e excluída do restante do país.

3 A PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES: QUAL SUA IMPORTÂNCIA PARA


A FORMAÇÃO CRÍTICA DOS ALUNOS

A prática pedagógica é o caminho de preparação dos alunos para conhecer e participar


da vida em sociedade de modo que possam contribuir nas decisões e na busca de transformar a
realidade em que vivem (LIBÂNEO, 2013). Dentro dos ambientes escolares o trabalho docente
é importante para desenvolver o pensamento crítico, no entanto, se faz necessário ter a intenção
de instruir para o conhecimento das ações políticas que perpassam a educação, a cultura e o
trabalho que fazem parte da vida cotidiana do indivíduo.
A essa prática, se faz significativa quando é realizada de modo que consiga despertar
nos alunos interesse em aprender, sejam impulsionados a conhecer sua realidade e a partir disso,
consigam compreender seus direitos dentro da sociedade, tornando pessoas ativas nas lutas pela
classe trabalhadora.
É importante destacar, quando se fala em prática pedagógica, se entende a princípio,
apenas o papel que os professores desenvolvem em sala de aula repassar aos alunos somente os
conteúdos existente no currículo escolar, porém, o que se faz importante é uma ação pedagógica
que vá além, que busque a emancipação do sujeito, se apresentando um sujeito histórico-crítico.
Para Alves (2015), a prática dos professores não se limita apenas às técnicas formulada para o
ensino aprendizagem, mas que atenda como um percurso histórico que dispõe de influências
políticas na ação da formação do sujeito. Com isso, é possível entender a importância das
atividades docentes para um ensino- aprendizagem significativo,
As atividades docente tem um papel importante no processo educativo do indivíduo, é
a partir desta que os alunos são preparados para atuarem na vida em sociedade. Para Libâneo
(2013) A ação docente é um feito social e universal sendo fundamental no funcionamento das
sociedades. Nesse contexto, a prática educativa é um processo que desenvolve conhecimentos
e experiências ao indivíduo.
No Brasil a sociedade se apresenta em classes com interesses opostos, sendo possível
perceber esses fatos nas políticas, que tem como objetivo defender as ideologias das classes
24

dominantes. Essas classes se apropriam da força de trabalho dos mais vulneráveis dentro da
sociedade para obtenção de lucros e poder. Nessa relação, gera a desigualdade, a violência, o
ensino reflete esse sistema dualista, como aponta Libâneo (2013) As instituições educacionais,
abrangendo as escolas, igrejas e outras, são meios com vantagens ao repasse das ideologias
dominantes.
Para o mesmo autor, o governo faz com que os trabalhadores aceitem a culpa pelo
seus fracassos, na vida social, escolar, financeiro, e para que essas ideologias não sejam
assumida é preciso que se tenham um conhecimento de mundo, das relações sociais, então, cabe
aos professores nas suas práticas conhecer os interesses que se apresentam na sociedade de
classes e a partir deste conduzir os alunos por meio dos processos educativos nos caminhos das
lutas por direitos e mudanças nas relações existente na sociedade brasileira.
Segundo Libâneo (2013), o campo específico de atuação profissional e política dos
professores é escola, à qual cabem tarefas de assegurar aos alunos um sólido domínio de
conhecimentos e habilidades, o desenvolvimento de suas capacidades intelectuais, de
pensamento independente, crítico e criativo. Neste sentido, a prática dos professores é um
caminho de transformação do indivíduo que se encontra as margens da sociedade.

3.1 A importância da prática pedagógica dos professores para uma formação crítica.
A princípio, deve-se destacar que a prática pedagógica aqui entendida não é aquela
desenvolvida apenas dentro dos ambientes escolares, restrita à professores e alunos, para Alves
(2015), é necessário a compreensão da prática docente como processo histórico, possuindo
influências políticas no caminho pela formação do indivíduo. É importante guiar as práticas dos
professores no sentido da compreensão histórico-crítica, professores precisam desenvolver suas
atividades docente pela formação dos alunos para que possam entender e perceber de maneira
clara a realidade em que vivem.
A prática pedagógica garante a realização do trabalho dos professores. Para Libâneo
(2013) a escola é o campo de atuação dos professores, é lá que ensinam os alunos a terem
domínio de seus conhecimentos e suas habilidades, de conseguir desenvolver suas capacidades
intelectuais, capaz de pensar sem influencias externas, sejam pensadores críticos e criativo.
Nesse sentido, o papel da escola e da prática docente é muito importante para a sociedade, pois
cabem a eles a escolha de qual teoria ou métodos aplicar dentro de sala de aula para formar
alunos capazes de dominar seus conhecimentos e a capacidade de raciocínio da vida social.
Para Araújo, Frigotto (2015), destaca que o ensino no Brasil é marcada por currículos
que promovem uma formação de conformismo. Neste sentido, conformismo imposto pelas
25

ideologias que controla a massa popular a aceitar o que lhe é determinado, então, se ver nas
práticas dos professores um caminho para barrar as ações manipuladoras que ditam as regras
que todos devem seguir. Propor um ensino com visão além dos muros escolares conseguindo
provocar nos alunos entendimento da sua história.
É importante que os professores conheçam cada indivíduo e suas realidades cotidianas,
que ajude-os a superar barreiras e dificuldades sociais. Mostre aos alunos que é possível
mudanças, a sociedade não é acabada e blindada as transformações, é permitido sim, quebrar
esses paradigmas impostas pelas classes dominantes, de que a sociedade marginalizada em que
nasceram serve apenas para reproduzir as funções pré-determinadas.
É necessário lutar, mas para que aconteça as transformações, se faz fundamental
dentro dos ambientes escolares, na relação professor aluno uma ação docente que realize uma
formação crítica. Para Libâneo (2013), as atividades realizadas pelos professores é parte
integrante do caminho pela educação em que os indivíduos são preparados para participar na
vida social.
Silva et al. (2012) ressalta que as ocupações em sala de aula se acarretarão em obras
visíveis, além do mais exercendo relação entre as experiências do dia a dia entre os professores
e alunos. Nesse sentido, quando o professor utiliza suas práticas pedagógicas relacionadas ao
cotidiano dos jovens o aprendizado se tornam satisfatórios, alcançando o envolvimento de toda
a turma impulsionando-os a permanecer na escola.
O cotidiano em que a classe trabalhadora vive é diferente da burguesa, essa
desigualdade é perversa e massacra a camada mais pobre para manter-se no poder, para isso, o
ensino precisa bloquear as intenções das elites, que diminui o filho do trabalhador e manipula
a cumprir com as exigências do mercado, se faz valer o desenvolvimento das atividades
docentes na busca pelos direitos dos menos favorecidos, Libâneo (2013), destaca que a prática
educativa e sociedade não existe sem a outra, apontando que uma só faz sentido em função da
outra.
A prática docente é importante para a transformação do ambiente em que o sujeito se
encontra em seu contexto social, político e cultural, quando bem desenvolvida e pensada de
forma a contribuir para uma formação emancipatória da pessoa, a prática se faz satisfatória,
Libâneo (2013), aborda que o ensino não é um processo que deve ser apenas pensada no
ambiente de sala de aula, vai muito além, requer um ensino que proporcione aos alunos
conhecimentos da sua posição dentro da sociedade e que contribua positivamente para
modificar.
26

Neste sentido, os professores precisam se atentar as ações políticas e conhecer de que


forma contribuem para a aprendizagem e quais são as reais intenções para transformar a
realidade das escolas públicas, para que consigam formular e reformular suas práticas
pedagógicas para uma formação crítica, com um olhar cuidadoso as ideologias dominantes,
realizando ações para uma educação significativa. Neste caminho as práticas docentes se faz
importante e necessárias pela busca da igualdade social.

3.2 A prática docente e suas contribuições para um ensino aprendizagem de qualidade.


A educação é importante para o desenvolvimento intelectual, social e cultural de todos,
garantido por lei a sua inclusão no ambiente escolar, como afirma Silva et al. (2012), a educação
é muito discutida dentro da sociedade é por meio desta e por seu papel importante, que o homem
aprende a viver em sociedade ativamente, torna-se criativo e consegue ser atuante nas relações
sociais, culturais e políticas. Nessa perspectiva, a educação deve ser assegurada, pois busca o
desenvolvimento humano trabalhando para que essas pessoas consigam atuar no meio social.
Para que consigam um ensino de qualidade professores devem buscar formação e que
estejam sempre renovando os conhecimentos, pois o conhecimento se transforma, Barros e
Jorosky (2015), apresenta que a formação dos professores é um ponto importante para que seja
desenvolvida práticas docentes que forme pessoas instruídos na comunidade. Nesse contexto,
os professores para que tenham uma boa realização de seus trabalhos, devem estar sempre em
busca de qualificação e formação profissionais sempre atentos nas mudanças, assim, garantir
aos seus alunos um processo ensino aprendizagem de qualidade.
No entanto, a realização dos trabalhos docente que busque um ensino significativo,
sério, na busca pela formação de cidadãos conhecedores de direitos, atentos aos interesses da
sua comunidade, já é um passo para a qualidade do ensino aprendizagem. A busca de
professores por formações, pelo interesse de ensinar, pelo prazer de educar faz toda diferença
no resultado final da aprendizagem dos alunos.
O trabalho docente ajuda na transformação da realidade do sujeito em seu contexto
social, político e cultural, quando bem desenvolvida contribui para uma formação do sujeito
crítico. Como aborda Libâneo (2013), as atividades dos professores não devem se prender
apenas ao ambiente escolar. Aqui, propõe um ensino com uma visão além dos muros escolares
que consiga provocar nos alunos uma concepção da realidade das classes trabalhadora.
A desenvoltura dos professores dentro de sala de aula contribui para um ambiente
descontraído e ao mesmo tempo instiga a busca dos alunos pelo aprender, uma prática
pedagógica bem planejada segue para a qualidade do ensino e aprendizagem, no entanto, é
27

necessário que o objetivo do trabalho docente seja em direção ao rompimento das ideologias
impostas e rumo a educação de qualidade para todos.
Segundo Barros e Jorosky (2015) expõem que o desenvolvimento das teorias não se
encaminham para a modificação da realidade e muito menos se consegue algum objetivo
positivo. Nessa posição, o autor reforça que para um bom aprendizado dos alunos, devem
relacionar teoria e prática, pois, o estudo somente das teorias não se pode alcançar o
desenvolvimento escolar desejável, dificultando o aprendizado dos alunos.
Para que a qualidade na educação aconteça é necessário entender que há um conjunto
de fatores que limitam essa busca, um ambiente escolar sem condições mínimas para o ensino,
professores que não conseguem acessar ou não se importam pela formação continuada, o
ambiente familiar desestruturado inclusive na falta de garantias básicas de sobrevivência, além
de políticas educacionais restrita aos interesses próprios são alguns fatores que limitam a
concretização de uma educação de qualidade.

4 A QUALIDADE DE EDUCAÇÃO E FATORES SOCIAIS QUE INTERFEREM NA


APRENDIZAGEM DOS ALUNOS

A qualidade de educação não se apresenta por um único conceito e ainda pode sofrer
mudanças com o tempo, para Dourado, Oliveira, Santos (2007), o conceito de qualidade da
educação é entendida como polissêmico e multilateral. Neste contexto, a qualidade de educação
é entendida de várias maneiras no espaço e no tempo, o que pode ser defendida como qualidade
educacional para um grupo social, outros grupos podem ter uma outra concepção, porém, a
sociedade cria noções de qualidade a partir das suas experiências, vivencias e necessidades em
sociedade.
Por mais que as concepções de qualidade educacional se modifique com o tempo, a
inserção desse termo no ambiente escolar transforma a realidade educacional, causando
expectativas de melhorias na vida em comunidade. Um espaço escolar que não tem uma
estrutura adequada para receber seus alunos, o apoio dos pais para com os filhos, renda familiar
precária, professores não reconhecidos, esses e outros motivos acabam por afastar alunos da
sala de aula.
Então, a qualidade educacional envolve todos esses fatores intra e extraescolares,
como aborda Dourado, Oliveira (2009), a qualidade educacional é pensada em um conjunto de
fatores extra e intraescolar, ou seja, as atividades pedagógicas que envolvem os processos de
28

ensino e aprendizagem, os currículos escolares, bem como os fatores ligado ao ambiente


externo a escola como a família, a comunidade todos esses interferem direta ou indiretamente
nos resultados educativo. Para a escola proporcionar uma qualidade de ensino é necessário esses
elementos que dão condições para a realização da qualidade na educação estejam envolvidos
para um ensino-aprendizagem satisfatório.
Outro fator que é significativo no desenvolvimento escolar dos alunos é a questão
econômica, pois, não conseguem ter uma boa alimentação nas horas certos, podem prejudicar
o desempenho escolar. O preconceito também contribuem para uma desestruturação dentro das
escolas afetando o desempenho dos alunos. Neste sentido, a escola, as práticas pedagógicas dos
professores dentro de sala de aula são estratégias que podem contribuir para a qualidade de
ensino-aprendizagem.

4.1 Quais os fatores sociais que interferem no ensino aprendizagem dos alunos nas
escolas públicas?
O termo Qualidade se usa para expressar a satisfação de algo recebido. Quando
direcionamos o olhar para a qualidade da educação se entende que as concepções desenvolvidas
na sociedade não seguem um mesmo padrão, para Dourado, Oliveira, Santos (2007), apontam
que o termo qualidade de educação se transforma no espaço e no tempo, passam a ter outras
necessidades e exigências. Nesse sentido, qualidade educacional é um termo complexo porém
necessário a sua busca para o desenvolvimento do ensino e aprendizagem dentro das escolas
públicas.
Para entender quais fatores sociais podem implicar na qualidade educacional é
necessário ter uma compreensão do que define uma educação de qualidade, para isso, é preciso
observar as ações de fatores externos e internos ligados a escola, aos fatores externos estão a
família e a relação de convívio do aluno, as questões socioeconômicas das famílias. A
desestrutura desses fatores podem surgir uma série de outros como: uso de drogas, violência,
pobreza, prostituição, gravidez na adolescência entre outros. Interferindo diretamente no ensino
de qualidade.
As questões internas se relacionam as estruturas escolares, as políticas educacionais
de governo, formação continuada dos professores, materiais tecnológicos ou quais quer outros
materiais e ações que proporcionam a aprendizagem e que implicam diretamente na ação da
instituição, a limitação ou a negação desses fatores relacionados aos deveres da escola, dos
governos, também contribuem para a insatisfação de qualidade.
29

Com essas definições, fatores sociais e qualidade tem uma relação próxima que
precisam ser tratados com responsabilidade. Só faz sentido dialogar de escola com qualidade
se nos propusermos pensar no conjunto de elementos envolvidos, (DOURADO, OLIVEIRA,
SANTOS, 2007). Nas falas de Maia (2009), salienta que os fatores fora da escola é muito
relevante no resultado de ensino dos alunos, se torna difícil separar as experiências vivida
externamente ao espaço escolar e as vivida dentro da escola.
Os principais fatores que implicam na qualidade da educação está relacionado,
segundo Dourado, Oliveira (2009), no espaço socioeconômico e cultural, famílias com um
acumulo de saberes cultural, condições financeiras estável, frequentam locais para elite. Então,
para esses a qualidade na educação é presente na escola, já aos que não tem acesso a essas
dimensões tem uma qualidade de ensino mínima. Porém, para quebrar essa realidade de
limitação de acesso as escolas de qualidade é necessário que haja ações, planejamentos de
políticas públicas e projetos educacionais que tenham o objetivo de enfrentar questões que
causam o fracasso de ensino aprendizagem.
No que é compreendido na lei de diretrizes de bases da educação nacional (LDB), em
seu artigo 3ª que o ensino deve seguir alguns princípios e no inciso IX deste artigo destaca o
padrão de qualidade em que deve ser guiada a educação, não fazendo distinções de classes
(BRASIL 2018). No entanto, os direitos são reservados para todos os cidadãos, mas na realidade
poucos tem acesso a qualidade de ensino. Para que a qualidade seja alcançado é importante o
compromisso político voltado a educação pública, ética na gestão de governos e escolas,
professores tenham compromissos nas suas atividades de ensino, famílias presente na escola.

4.2 Quais os principais fatores sociais que interferem no ensino aprendizagem dos alunos
do ensino médio?
Nessa seção vamos tentar identificar os principais fatores sociais que interferem
negativamente no ensino aprendizagem dos alunos. Para isso a pesquisa se deu por aplicação
de questionário aos alunos do ensino médio de uma escola localizada no município de
Abaetetuba Pará, por ser uma escola afastada do centro da cidade se entendeu que a pesquisa
apontaria melhor os principais fatores sociais que se busca identificar. A identidade dos alunos
serão mantida em sigilo, pois como se trata de respostas envolvendo terceiros, é necessário
manter oculta a identificação do pesquisado.
O convívio familiar não é uma situação fácil e quase sempre requer muita paciência e
diálogo para evitar conflitos maiores, segundo Hintz (2001), em seu estudo, aponta um dado
histórico, no início do século XX no que diz ao contexto familiar e o número de membros
30

vivendo na mesma casa como: pais, filhos, parentes. Pela metade do século essa configuração
foi ganhando uma outra roupagem, a diminuição de moradores em um mesmo ambiente devido
as questões sociais e econômicas.
Com isso, para conhecer um pouco da característica familiar desses alunos, foi
questionado o número de membros que compõe a família, convivendo na mesma casa. Os
alunos destacam, “Eu tenho 17 anos e na minha casa vivem 7 pessoas, eu, minha mãe, meus 4
irmãos e meu padrasto, me incomoda as vezes, por eu não me dá bem com meu padrasto”, a
primeira fala, aponta que a relação familiar é conflituosa por ser filha apenas da mãe. A segunda
resposta revela uma casa bem numerosa, “Professora, eu tenho 18 anos e eu moro na casa da
minha sogra o total de pessoas é 9”, ao seguinte aluno diz “Tenho 20 anos, mora na minha casa
6 pessoas, eu, minha mãe, minha esposa, meus dois filhos e meu pai”.
O ambiente familiar desses alunos, revelam números bastante expressivos em relação
aos membros da família, a quantidade de indivíduos vivendo na mesma residência é alta. Os
dados da pesquisa seguem em desencontro com o estudo, que aborda a diminuição do número
de pessoas na família. Nessa pesquisa é possível compreender que na região amazônica o
contexto familiar ainda é marcado por famílias numerosas e tudo isso pelo fator econômico,
que limita sua entrada para o mercado de trabalho com melhores salários, por não cumprir as
exigências do mercado atual e a consequência disso são várias pessoas vivendo no mesmo
ambiente.
Atualmente, as questões financeiras da população brasileira está dramática,
principalmente para as pessoas das classes baixas, com o aumento de preço de produtos e
serviços que tem pesado no bolso da maioria dos trabalhadores. Na maioria das vezes, “o acesso
ou retorno a vida escolar ocorre motivado pelas dificuldades enfrentadas no mundo do trabalho,
pelas necessidades de nele se inserir e permanecer” (RAMOS, 2011, p.777). Ou seja, com a
crise e recessão da economia brasileira os produtos e os altos índices inflacionários, o salário
dos trabalhadores já não dá para cobrir as despesas, o salário baixo faz com que as classes
trabalhadora não consigam manter as famílias e muitas vezes não conseguem permanecer no
emprego ou se empregar.
Os resultados desses aumentos de preços no cenário atual brasileiro se encontram nas
falas dos alunos pesquisados quando questionados das dificuldades que a família enfrenta
atualmente. “À dificuldade é muita, as vezes não tenho dinheiro nem pra comprar um pão, quem
dirá o almoço”, revela a situação que sua família enfrentam atualmente, para o próximo aluno
a situação não é diferente, “Hoje é pelo aumento de coisas que nós necessita”, o contexto atual
no Brasil está contribuindo para o aumento de pessoas convivendo com a fome, e mais uma
31

fala reforça as dificuldades vivida, “diria uma dificuldade mesmo, quando falta as coisas não
tem com que comprar, as coisas estão difíceis, aumento das coisas”, outro diz, “Com aumento
do preço das coisas atualmente, eu acho que as questões financeira”.
A esses dados, se compreende que as dificuldades que os alunos passam é em relação
ao desemprego, ou a salários baixos que fica impossível de completar o mês e acabam passando
fome ou reduzindo ao máximo seus gastos para poder esperar o próximo salário. É possível
entender que as questões econômicas impactam profundamente na vida dos alunos.
A boa relação familiar é muito importante para conseguir enfrentar as dificuldades
existente, principalmente quando esbarra na educação. A LDB no seu artigo 2º destaca que a
educação é “dever da família e do estado, [...] tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Para
entender um pouco da relação da família que contribua para o bom desempenho educacional se
questionou se os alunos mantinham um bom convívio familiar, o resultado foi, “Sim, o que
prevalece é o diálogo e eu sei como conversar”, o bom convívio se mantem nas respostas dos
outros alunos, “Sim, me sinto muito acolhida em relação a família”, “Mantenho. É normal tenho
algumas discursões mais conseguimos viver um com o outro”, “Sim, nos damos bem sempre
existiram brigas mas isso se resolve na conversa”.
Com todas essas questões que envolvem a área financeira, os alunos conseguem
superar as dificuldades e o resultado surpreende pelo fato de que a relação familiar não é abalada
pelas situações que passam no dia a dia. Apesar das dificuldades que os alunos enfrentam em
sua vida social, Frigotto, Ciavatta, Ramos (2012, p. 12), os autores destacam que o Brasil passou
por vários golpes institucionais “trata-se da reforma mediante a qual o poder econômico e
político tem mantido a modernização conservadora e uma estrutura social das mais desiguais
do mundo.”
Nesse contexto, a estrutura social que os autores destacam é refletida nos ambientes
escolares, no ensino dualista em que a classe menos favorecida continuam a lutar por melhorias
na sua estrutura social e lutam por condições de vida melhores, a questão que se buscou foi,
qual seria o objetivo do aluno quando concluir o ensino médio e as repostas foram, “Fazer curso
pra enfermagem”, “Fazer vários cursos se Deus quiser”, “Fazer um curso de mecânica”,
“Trabalhar”, “Eu pretendo fazer um curso trabalhar, fazer uma faculdade”.
Esses dados revelam a busca por ingresso no mercado de trabalho de maneira imediata,
pois não tem como objetivo o ingresso em cursos de níveis superiores, pois as dificuldades por
emprego com condições melhores estão cada vez mais difíceis, e a entrada para o mercado de
32

trabalho, com salários fixo é o objetivo principal, e o foco é atendendo as exigências capitalista
concluindo o ensino básico e ingressando na qualificação profissional realizando cursos.
A população dominada estão acostumadas com as ideologias dominantes e aceitam as
justificativas de que as classes trabalhadora são os próprios culpados pelos seus fracassos,
Libâneo (2013), destaca essa afirmação quando considera algumas afirmações, que são
repassadas pela sociedade dominante, uma delas diz que a sociedade é democrática, pois dá
oportunidades sem distinção, então, cabe cada um agarrar essas oportunidades, pois se não
conseguem um bom emprego ou estudos a culpa é do indivíduo.
Com isso, essas questões se confirmam nas falas dos alunos, “Sim, por que vai me
ajudar muito na minha vida financeira e preciso ter foco.”, “Acredito sim, independente de
todas dificuldades tenho certeza que pra Deus nada é impossível, se você correr atrás de seus
sonhos só depende de você”, “Hoje em dia tenho que me esforçar para conseguir o que eu quero,
eu acho que pode sim me proporcionar basta eu querer e acreditar”.
Percebam que a população marginalizada acreditam na culpa pelo seus fracassos,
pensando ser resultante de suas escolhas e para conseguir um bom emprego só depende de seus
esforços, por esse motivo a corrida pelo diploma do ensino médio é grande e o sacrifício de
trabalhar e estudar é forçada pelo mercado, impondo que para o trabalhador ter qualidade de
vida precisa de formação básica, porém, o aceite desse conceito empurram os jovens cada vez
mais a submissão aos ideários capitalistas, onde a busca é pelo diploma e não pelo
conhecimento.
Com a obtenção desses dados para identificar fatores sociais, se entendeu que os
principais fatores que interferem no ensino aprendizagem toca na questão econômica é por meio
desse fator que outros tomam destaque como: a fome, o desemprego e a falta de moradia, que
impactam dentro da escola.

4.3 De que forma os professores organizam suas práticas docentes contribuindo para o
aprendizado educacional dos alunos em sala de aula?
Aqui vamos analisar os dados obtidos através dos questionários aplicados aos
professores do ensino médio da escola pesquisada, as identidades não serão expostas.
Para Libâneo (2013), o objetivo imediato da escola pública é em preparar jovens para
a participação ativa na vida social. Para isso é necessário que a relação professor aluno seja
cordial, que os professores proporcione um ensino que vise o desenvolvimento intelectual dos
alunos, conhecendo a realidade em que estão inseridos, os esforços dos alunos em manter uma
boa relação contribui para um ensino satisfatória, neste contexto, se perguntou, como se dava a
33

relação professor aluno dentro de sala de aula? Nas respostas foi possível entender a articulação
dos professores para manter uma boa relação.
É na fala dos professores que se pode compreender o que se faz necessário fazer ou
desenvolver para manter um bom convívio dentro de sala de aula. O trecho a seguir Expressa o
desafio que os professores encontram para que os alunos se interessem nas dinâmicas das aulas
que pretende desenvolver, “Uma boa relação, procuro sempre incentivá-los a participar das
aulas.”, aqui se percebe que o professor tenta envolver o aluno nas atividades de sala,
procurando a melhor forma de despertar o interesse desses discentes dispersos, para que em
conjunto realizem as atividades elaboradas para contribuir com seu aprendizado.
Já na segunda fala, o professor tenta conhecer o “universo” dos jovens e por meio das
expressões usadas por eles, o docente na tentativa de entender e ser entendido se apropria dessas
expressões, a fala retrata que a relação entre eles é “boa. Tento sempre fazer com que os alunos
se interessem pelas aulas falando a linguagem deles”, perceba que os docentes tentam encontrar
maneiras de envolver os alunos nas aulas, são observadores e estão em buscar de conhecer os
alunos, desta forma tentar propor um ensino aprendizagem que envolva a todos.
A próxima fala traz a reflexão de ambiente sadio, afetuoso na interação professor
alunos evidenciando uma interação como no relato do docente que fala de uma relação
“Amistosa” que está na busca de pensar nos dois lados, O docente é o ponto conciliador dentro
de sala de aula na tentativa de decidir o que interessa para o coletivo, visando qual a melhor
forma de realizar as práticas docentes para que os alunos consigam atingir um aprendizado
satisfatório.
Compreende-se uma boa convivência entre os professores e seus alunos, em que
professores se esforçam para manter o ambiente agradável e respeitoso na tentativa de tornar o
ensino aprendizagem de qualidade, que proporcione aos alunos um pensamento crítico da
sociedade. Um trabalho pedagógico consciente e com foco em proporcionar aos alunos
conhecimentos da realidade em que estão inseridos, conhecimentos de seus direitos enquanto
membro da sociedade, que podem reivindicar ações sociais que não os favorecem, pode se dizer
que a prática de ensino atingiu seu objetivo, o de formar para emancipação do sujeito.
Para Araújo, Frigotto (2015), diz que há diversas maneiras de se pensar os conteúdos
que busque desenvolver a capacidade de autonomia de interpretar diversos contextos sociais.
Existe diferentes meios de se organizar os conteúdos para se chegar no bom desenvolvimento
dos alunos, porém o fundamental é o compromisso de uma extensa formação dos trabalhadores
e articulando aos caminhos éticos e políticos de nova configuração social. Quando perguntado
a organização das práticas pedagógicas que os professores seguem para contribuir à um ensino
34

aprendizagem de qualidade, os docentes destacam a forma como pensam as suas práticas,


“planejando aulas e atividades, procurando demostrar a aplicação dos conteúdos no cotidiano
do aluno, incentivando sempre a participação nas aulas”, aqui o professor faz a relação teoria e
prática direcionando o ensino para a compreensão do meio em que estão inseridos.
A segunda fala não detalha a forma como organiza suas atividades docentes,
simplesmente relata que “Crio meu plano de aula em casa” subtendendo uma insatisfação em
elaborar o trabalho docente para uma transformação social. Na fala a seguir, se ver um
comprometimento do professor na busca de trazer o cotidiano do aluno para dentro da sala de
aula, “Eu sempre tento adaptar o conteúdo com a realidade do aluno, isso facilita o ensino” se
entende que docentes estão sempre em busca da qualidade de ensino e em suas falas retratam
os desafios que enfrentam para conseguir a qualidade de ensino, porém para se alcançar uma
qualidade de ensino é necessário um compromisso maior dos envolvidos.
Na fala dos professores quanto as suas organizações no trabalho pedagógico, busca
atender de acordo com o contexto social que os alunos se encontram, tentando colaborar para
uma formação mais significativa. No entanto, os professores apontam algumas dificuldades que
enfrentam em sala de aula atrapalhando sua didática, que está na “falta de interesse de vários
alunos e a falta de conhecimento básico para a série/ano que se encontra” demonstrando um
caminho que os alunos seguiram marcado por um ensino-aprendizagem sem sentido, sem a
preocupação pela formação do sujeito critico, tendo interesse apenas em avançar e chegar ao
ensino médio e obter o tão desejado diploma, sem a mínima qualidade de conhecimento.
A próxima expressão toca na questão do desinteresse dentro de sala de aula, alunos
dispersos sem condições mínimas de ter um bom rendimento escolar e a causa é comum na
educação pública, “alunos chegam tarde por que trabalham”, essa realidade atrapalha o bom
andamento das aulas que atrapalham o trabalho docente, pois alunos que dividem a vida entre
o trabalho e os estudos é difícil garantir um bom aprendizado. Mas uma vez na fala a seguir
demostra que os alunos passaram por um processo de ensino sem comprometimento pela
formação do aluno, pois aponta “Alunos que não sabem escrever direito, falta de interesse, sem
foco”, o resultado são alunos com conhecimentos básicos comprometidos.
Aqui, revela que, por mais que os professores se dediquem para proporcionar um
ensino que contribua para a formação dos discentes esse objetivo não é desenvolvido de maneira
eficaz, pois a falta de interesse dos alunos nas aulas não permitem a conclusão da atividade
como planejada e assim não é possível alcançar uma qualidade de ensino e essa consequência
se dá por ter alunos tentando conciliar o dia de trabalho cansativo e as aulas que exige mais
dedicação, tornando a vida dos alunos desgastante.
35

4.4 De que maneira os fatores sociais prejudicam a qualidade no ensino aprendizagem?


A configuração dos jovens da atualidade é aquela que depende dos seus trabalhos para
sobreviver e a escola não estar preparada para atender essas exigências, de compreender a
realidade dos jovens e poder se preparar para ajudar no desenvolvimento (MESQUITA, LELIS,
2015). Quando perguntado quem é responsável pelo sustento da família? os alunos relatam, “Eu
mesma sustento, faço alguns bicos” aqui mostra a dura realidade em que os alunos passam na
sua vida social tendo que conviver diariamente com as lutas pelo sustento da família, com a
indecisão se irão conseguir o alimento de cada dia.
No relato a seguir, reforça o cotidiano das famílias marginalizadas, massacradas por
uma sociedade que servem apenas os donos de bens econômicos, deixando os trabalhos árduos
para as classes desfavorecidas “O meu pai, ele acorda três horas da manhã pra carregar rasa de
açaí” perceba o sacrifício que um trabalhador assalariado tendo que acordar cedo para garantir
o mínimo para a família, é comum encontrar mães chefes de família que além dos afazeres
domésticos que precisa desempenhar, os cuidados e educação dos filhos, ainda precisam
conseguir renda para manter a família com o básico e na fala desse aluno destaca essas questões,
“Minha mãe, ela é diarista duas vezes por semana” mostrando a dura realidade que esses alunos
passam na sua vida cotidiana cheia de desafios e lutas para que não falte os insumos necessário.
Adiante, a resposta dos alunos continuam mostrando a mesma realidade “Eu e minha
mãe, ela é cozinheira eu sou rebobinador” evidenciando o cotidiano das classes trabalhadora
sem saber ao certo onde deve concentrar sua atenção, pois não podem viver sem trabalho e
depende da formação escolar para tentar condições de vida melhores, e mostra a face da
incerteza do capitalista em que as oportunidades são restrita para os que se capacitam. Os que
não buscam a qualificação são retido ao ingressos no mundo do trabalho, “Olha agora esses
tempos sou eu” revela a exclusão daqueles que não atendem os interesse do mercado e esses
somam na fila do desemprego.
Os alunos tentam conciliar o tempo entre o trabalho e os estudos, passam a maior parte
do tempo dedicados aos serviços desempenhado em sua jornada de trabalho e acabam chegando
nas aulas esgotados, sem condições de terem uma aprendizagem satisfatória, o desânimo e a
fadiga se apresentam e acabam refletindo no aprendizado desses jovens no ambiente escolar
atrapalhando também as atividades planejada pelos professores, com isso a qualidade de ensino
fica mais distante da realidade dos estudantes das escolas públicas.
A essa mesma linha, o próximo questionamento destaca os obstáculos enfrentados por
um ensino aprendizagem de qualidade, na busca de entender quais dificuldades que os alunos
enfrentam na vida social que podem interferir na educação escolar, e assim eles dizem,
36

“Trabalhar, chego muito morto como eu cheguei hoje” mostrando o quanto difícil é a realidade
de muitos jovens que decidem trabalhar e mesmo assim tentam concluir seus estudos, chegando
nas aulas esgotados.
O próximo relato só destaca as lutas enfrentadas para conseguir manter a família e
estuar “Pra falar a verdade o meu trabalho é a minha maior dificuldade, mas sem ele eu não
consigo ajudar minha família” tendo que dividir seu empenho e dedicação entre o trabalho e a
escola, parece que a justificativa em relação às dificuldades que esses jovens enfrentam toca na
questão do trabalho que precisam dele para não passarem maiores necessidades, mas uma fala
chama atenção quando diz “Meu irmão é dependente químico me causa preocupação e não
sabemos o que fazer” transparece pelo relato a tamanha preocupação que esse discente vivencia
em seu ambiente familiar, tendo que conviver com a angústia de se ter uma pessoas dependente
químico no meio familiar e sem condições financeiras para poder ajudá-lo com tratamentos.
Se encontra também relatos de mulheres mães que precisam deixar seus filhos para
poder estudar, porém o difícil é encontrar pessoas de confiança para tomar conta das crianças
“Achar alguém pra ficar com minha filha pra poder estudar”, pois as dificuldades é ter alguém
que cuide e seja responsável, só assim as mães jovens e estudantes conseguem ter um bom
rendimento escolar.
Para uma qualidade na educação dourado, Oliveira (2009), dizem que é necessário
levar em consideração as questões externas ao ambiente escolar, pois tem uma grande influência
na qualidade da educação. O contexto externo a escola significa muito quando o assunto é a
qualidade de ensino, o que acontece na vida dos alunos fora da escola interfere na relação
professor aluno e no processo educativo.
Nesse sentido foi questionado a esses alunos o que fazem no tempo livre? E as
respostas deixam claro que os alunos não possuem tempo livre, que possam se dedica a projetos
sociais ou outras atividades que contribua para sua formação na vida em sociedade, eles são
pessoas que já carregam responsabilidades, dedicando o tempo aos “Cuido dos meus filhos”
pois se tornaram pais precoce e ao invés de concentrar toda dedicação aos estudos ou lazer,
entraram direto para a vida adulta, cheia de tarefas e compromissos.
As preocupações surgem quando o básico para sobreviver começam a fazer falta, a
busca por trabalho na tentativa de contribuir na renda familiar também os deixam inquietos,
“Eu fora da escola trabalho pra ajudar em casa, porque as coisas hoje em dia tá tudo caro” o
contexto socioeconômico atualmente aperta e os jovens têm o trabalho como a única opção para
enfrentar as dificuldades e melhorar o mínimo a vida em sociedade, há quem consegue conciliar
algumas atividades para o bom funcionamento do corpo “Trabalho, faço academia, treino, ajudo
37

em casa e faço alguns trabalhos da escola” porém com tantos compromissos o desempenho
escolar tende a diminuir.
Compreende-se através das falas dos alunos, que não usufruir de tempo livre, pois
quando estão fora da escola se dedicam ao trabalho e aos cuidados dos filhos, com o tempo
ocupado por outras atividades e compromissos, não conseguem dedicar-se as atividades
escolares e assim o ensino aprendizagem não se faz relevante, prejudicam no desempenho
escolar, na interação dentro da escola.
38

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo histórico das classes trabalhadora sempre foi marcado pelo dualismo, os
ricos sempre decidiram pela atuação que os menos favorecidos deveriam exercer dentro da
sociedade, esse cenário até nos tempos atuais é imposta. A vida em sociedade do trabalhador
assalariado não é tarefa fácil, a pobreza, a fome, a falta de moradia são fatores sociais que
deixam marcas, pelo sofrimento e pela esperança de dias melhores, mas as ideologias impostas
fazem com que lutem por melhorias de vida, movida pelos pensamentos de culpa, pelas ações
das suas escolha, que impregnou na consciência das classes dominadas e é passada de geração
a geração.
O estudo destacou que os principais fatores sociais que interferem no ensino
aprendizagem dos alunos está relacionado ao fator econômico desses discentes, pois em sua
maioria estão inserido no mercado de trabalho formal ou informal, estudar e trabalhar é a única
opção de muitos estudantes, pois entendem que sem estudos não se consegue trabalhos
melhores.
A pesquisa mostrou a realidade dos alunos de uma escola pública que trabalham e
continuam os estudos, passando por tantos desafios, mas persistem na tentativa de conciliar a
vida de trabalhador e estudante, porém a maior partes desses jovens apontam o fator econômico
como o principal ponto de desequilíbrio, pois é a partir desta que outros três principais fatores
sociais são identificados, a pobreza pois muitos vivem com renda bem baixa, a fome, a falta de
moradia que acabam impactando negativamente no desempenho escolar desses alunos.
E a ação pedagógica dos professores evidenciou um ensino expressivo cheio de bons
interesses para a aprendizagem crítica dos educandos, na tentativa de despertar interesse de
batalhar em busca de seus direitos. Compreendeu que há professores dedicados em transformar
a realidade dos alunos, planejando suas práticas pedagógicas que possibilite aos alunos a
compreensão da realidade em que vive, porém ainda existe aqueles que não se importam com
a transformação social e planejam suas atividades pedagógicas sem interesse na formação
crítica.
Mas, o que deixa afortunado é observar que a maior parte dos pesquisados tem gosto
em desenvolver seu trabalho da melhor forma possível tentando sempre articular conteúdo e a
realidade do aluno na busca por uma qualidade na educação, os professores têm suas pretensões
em mudar a realidade da educação pública, porém esbarram nas dificuldades encontradas como
a falta de interesse dos alunos, não querendo participar de maneira ativa das ações pedagógica
dentro de sala de aula.
39

Essa questão foi esclarecida por meio das pesquisas, demostra quais os principais
fatores sociais influenciam na qualidade do ensino aprendizagem de maneira negativa. Ao
desinteresses e distrações que os professores abordaram é motivado pelo dia de trabalho dos
alunos, desempenhando funções desgastante, ao chegar nas escolas não conseguem ter um bom
rendimento, pois o cansaço físico e as preocupações acompanham esses educandos e a maioria
estão mais interessados em obter o diploma de educação básica do que o conhecimento.
Portanto, o estudo conseguiu responder que os principais fatores sociais que
prejudicam a qualidade educacional dos jovens que frequentam a escola pesquisada está no
fator econômico é através desse fator que a fome, pobreza, a falta de moradia ganham destaque,
causam estresse pela preocupação em tentar suprir as necessidades da família e
consequentemente impactam negativamente dentro de sala de aula no ensino aprendizagem de
qualidade.
Porém, se entendeu por meio da pesquisa que há professores dedicados na busca de
desenvolver um ensino satisfatória elaborando práticas pedagógicas que visam a qualidade de
ensino, na tentativa de tornar alunos críticos e com um bom desenvolvimento intelectual,
preparar para a compreensão da realidade e assim lutar pelos direitos de sua comunidade a
prática docente é fundamental para um ensino de qualidade contribuindo positivamente para o
aprendizado dos alunos.
No entanto, os docentes se deparam com o empecilho da falta de empenho dos alunos,
mais a esse impasse foi possível entender de maneira clara, que a falta de interação,
participação, interesse dos alunos está na vivência dos discentes fora do ambiente escolar, no
trabalho, na família, preocupações que é impossível deixar para o lado de fora da escola, que
impactam negativamente o processo de ensino aprendizagem.
40

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44

APÊNDICE - QUESTIONÁRIO PARA OS PROFESSORES

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL


UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ABAETETUBA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE PEDAGOGIA
TCC- Trabalho de conclusão de curso
TURMA: Pedagogia 2017 Abaetetuba

QUESTIONÁRIO PARA OS PROFESSORES

1°. Quanto tempo você trabalha como professor(a) no ensino médio?

2°. Como é a relação entre professor e aluno dentro da sala de aula?

3°. Na sua concepção, que fatores sociais atrapalham o processo de ensino aprendizagem?

4°. Como você professor(a) organiza suas práticas educativas que contribua para um ensino
aprendizagem de qualidade?

5°. Você acredita na influência da família para um ensino de qualidade?

6°. Quais dificuldades você enfrenta dentro de sala de aula que atrapalham seu ensino?

7°. De que maneira o professor pode contribuir para uma formação crítica dos alunos?

8°. Você percebe se há interesse dos alunos pelas aulas?


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APÊNDICE - QUATIONÁRIO PARA OS ALUNOS

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL


UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ABAETETUBA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS (FAECS)
CURSO DE PEDAGOGIA
TCC- Trabalho de conclusão de curso
TURMA: Pedagogia 2017 Abaetetuba

QUESTIONÁRIO PARA OS ALUNOS

1°. Qual a sua idade e quantas pessoas vivem na sua residência?

2°. Quem sustenta a sua família e qual a função que desempenha?

3°. Qual a maior dificuldade de sua família hoje?

4°. Quais dificuldades você enfrenta na sua vida social (fora da escola) que interferem na sua

vida escolar?

5°. Você mantem um bom convívio familiar? Explique.

6°. O que você faz no seu tempo livre, fora da escola?

7°. Qual é o seu objetivo quando concluir o ensino médio?

8°. Você acredita que a realidade em que vive pode lhe proporcionar a realização desse

objetivo? Como?

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