Teorico 4
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Latim e Grego
Material Teórico
História do Latim e sua Importância
Revisão Textual:
Prof. Me. Sandra Regina Moreira
História do Latim e sua Importância
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Descrever a história do latim, suas origens, evolução e a importância
deste idioma para os períodos romanos e a construção de algumas
obras em latim na teologia cristã.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE História do Latim e sua Importância
Boa leitura!
A Origem do Latim
Podemos observar que o latim era uma língua falada em uma localidade chamada
Lácio (Latium), uma comarca da Itália central, local este em que por volta do século
VIII a.C., foi fundada a cidade de Roma. Desta forma, nota-se uma grande relação
do latim e dois outros idiomas falados, na antiguidade, na Península Itálica: o osco,
língua do Sâmnio (Samnium) e da Campânia (Campania), e o umbro, língua da
Úmbria (úmbria).
Cardoso (1989, p. 6) afirma que: “a grande semelhança entre esses três idiomas
fez supor a existência de uma língua única, a qual se convencionou denominar
“itálico” e que teria dado origem a eles”.
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Roma foi fundada no século VIII a.C. e a partir daí temos o desenvolvimento
do latim por séculos e séculos. Portanto, é necessário que se saiba que latim
estudar. O latim clássico refere-se a um pequeno período - de 100 a.C. a
14 d. C. Dessa época temos a produção dos grandes nomes da literatura,
como Cícero e César. O que chamam de latim vulgar é a língua falada, não
menos importante do que a escrita. O importante é que nós entendamos
esse longo caminho da língua do Lácio (berço de Roma) até os nossos dias.
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UNIDADE História do Latim e sua Importância
Portanto, a história antiga é uma amiga fiel das construções entre as escritas no
mundo ancestral, e, principalmente, a construção dos textos narrativos literários e
religiosos. Na apreciação de Marc Bloch, a história: “[...] é busca, portanto, esco-
lha. Seu objeto não é passado” (BLOCH, 2001, p. 24).
A própria noção segundo a qual o passado, enquanto tal, possa ser objeto de
ciência, é absurda. Seu objeto é o ‘homem’, ou melhor, ‘os homens’, e mais preci-
samente homens do tempo.
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Em relação ao nascimento do idioma latim, no século III, criou-se uma língua
escrita que se transformou lentamente. Queiroz (1986, p. 5) afirma que: “da
mesma forma que o português escrito por Camões não é o português de Vieira e
menos ainda o de Machado de Assis, assim também se distinguem certos períodos
na história do latim”. Percebemos, nas entrelinhas da argumentação de Queiroz,
os sujeitos históricos inseridos em sua argumentação, e o segue:
[...] essa possibilidade de agir enquanto sujeitos históricos é adquirida por
meio da construção do conhecimento histórico, pois “ajuda-nos a conhe-
cer quem somos, por que estamos aqui, que possibilidades humanas se
manifestam e, tudo quanto podemos saber sobre a lógica e as formas
de processo social”, uma vez que as três dimensões temporais (passado,
presente e futuro) são interdependentes e servem para orientar a vida e os
feitos do homem no tempo (THOMPSON, 1987 apud FRANÇA, 2009).
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UNIDADE História do Latim e sua Importância
Tabela 1
LATIM – TRONCO INDO-EUROPEU1
1 As línguas do grupo indo-irânico (sânscrito, antigo-persa etc.);
2 O grego;
O grupo ítalo-celta, que compreende, ao lado das línguas da Itália (osco, umbro, latim), os dialetos, célticos
3
(entre os quais o gaulês);
4 O grupo germânico (alemão, inglês, neerlandês ou flamengo, línguas escandinavas);
5 O grupo eslavo (russo, polonês, tcheco, búlgaro, servo-croata), ao qual importa juntar o grupo báltico (lituano).
A Evolução do Latim
Dentro das perspectivas que analisamos anteriormente, podemos salientar que
o latim foi um grande marco divisor no período arcaico, entre os séculos II e III
a.C., quando grandes escritores, como os cômicos Plauto e Terencio, utilizaram o
idioma em seus escritos.
Explor
Saiba mais sobre o Dramaturgo romano Titus Maccius Plautus no link: https://goo.gl/CvdGof
3. Entre o início do século I a.C., e o início do Império, com Cícero, César, Salústio, Cornélio Nepos, etc.
4. A partir do início de nossa era, com Tito Lívio, Sêneca, Quinto Cúrcio, Plínio, o Antigo, Quintiliano, Tácito, Plínio,
o jovem, Suetônio, etc.
5. A partir do século III de nossa era, aproximadamente, com Tertuliano, Santo Agostinho, São Jerônimo, etc.
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Por sua vez, esse denominado idioma se transformou mais velozmente que os
outros, sendo o latim que deu origem às línguas românicas. As questões educacionais
do latim são importantes para compreendermos a formação educacional do idioma
no período antigo e moderno, pois, ao entendermos suas formas de educação e
aprendizagem no mundo antigo, poderemos nos habituar cada vez mais com o
idioma em estudo, mesmo que seja uma breve análise.
O habito da análise, o espírito de observação, a educação do raciocínio
dificilmente podemos, pobres professores, conseguir de um estudante
preocupado tão só com médias, com férias, com bolas, com revistas.
Muita gente há, alheia a assuntos de educação, que se admira com ver o
latim pleiteado no curso secundário, mal sabendo que ensinar não é ditar,
e educar não é ensinar. E ensinar é dar independência de pensamento ao
aluno, fazendo com que de per si progrida: o professor e guia. E educar
é incutir no estudante o espírito de análise, de observação, de raciocínio,
capacitando-o a ir além da simples letra do texto, do simples conteúdo
de um livro, incentivando-o, animando-o. No fazer do estudante de hoje
o cidadão de amanhã está o trabalho educacional do professor. Quando
o aluno compreender quanta atenção exige o latim, quanto lhe prendem
o intelecto e lhe deleitam o espírito as várias formas flexionais latinas, a
diversidade de ordem dos termos, a variedade de construções de um pe-
ríodo, terá de sobejo visto a excelente cooperação, a real e insubstituível
utilidade do latim na formação do seu espírito e a razão de ser o latim
obrigatório nos países civilizados. Ser culto não é conhecer idiomas diver-
sos. Não é o conhecimento do inglês nem do francês que vem comprovar
cultura no indivíduo. Tanto marinheiro, tanto mascate, tanto cigano há a
quem meia dúzia de idiomas são familiares sem que, no entanto, possuam
cultura (ALMEIDA, 2000, p. 11).
Podemos observar uma grande diferença entre a língua dos primeiros documen-
tos escritos e a dos textos dos tabeliões portugueses que, segundo Cardoso (1989,
p. 7) nos descreve: “no século XII de nossa era, ainda se utilizavam do antigo idioma.
Há sensível dessemelhança entre o latim das obras literárias do século I a.C. e as
inscrições cristãs dos primeiros séculos”.
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UNIDADE História do Latim e sua Importância
Roma e todo o seu império não tinham preocupações com sua própria
língua em relação às políticas de imposição aos novos povos dominados
por eles. As tropas romanas não se deslocavam para divulgar a língua
latina. Eles estavam interessados, na maioria das vezes, em conquistar
mais terras para aumentar seu poder econômico e político. O latim vai,
por assim dizer, na bagagem dos conquistadores e colonizadores. Essa
língua que saía de Roma junto com seus soldados, funcionários da admi-
nistração, comerciantes, artesãos era a língua popular, o sermo vulgaris
em oposição ao sermo urbanus, ou seja, o falar das classes eruditas, dos
escritores e oradores, conhecido e utilizado por um número limitado de
habitantes. Como se percebe, já existiam variações dentro do próprio la-
tim e foi esse latim das classes populares que se espalhou pelos domínios
de Roma. Da mesma forma, percebemos essas variações em nossa língua
atual. Tanto você pode dizer “nós vamos”, como “a gente vai”. As duas
formas estão corretas sob o ponto de vista do uso padrão da língua por-
tuguesa. Mas sabemos que a forma “a gente vai” é mais popular, é mais
coloquial do que a forma “nós vamos”.7
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Assim, podemos caracterizar o latim conforme algumas circunstâncias ele sofreu
ao longo da história humana, como havíamos relatado anteriormente. A primeira
característica seria o Latim pré-histórico9 que, na verdade, é o idioma dos primeiros
habitantes de Lácio, anterior ao aparecimento da escrita na história entre os Fení-
cios, como relatamos anteriormente (CARDOSO, 1989, p. 7).
Desenvolvendo as características do Latim, a segunda delas seria o latim proto-
-histórico10, a que aparece nos primeiros documentos do dialeto. Uma outra carac-
terística seria o latim arcaico, idioma este utilizado entre os séculos III e I a.C., este
latim foi utilizado em diversos textos literários como, por exemplo, nas obras de
Névio, Plauto, Ênio e Catão.
Bem como em epitáfios e textos legais, inicialmente pobres, com voca-
bulário reduzido e estruturas morfossintáticas não rigorosamente determi-
nadas, a língua tende, com o passar do tempo, a firmar-se, enriquecer-se
e aperfeiçoar-se, graças, sobretudo, ao desenvolvimento da literatura e à
influência da cultura helênica (CARDOSO, 1989, p. 7).
Além do mais, temos o latim clássico, que vai aparecer a partir do segundo quar-
tel do século I a.C., segundo Cardoso. O autor apresenta-nos que este período do
latim é descrito e escrito em várias obras em prosa e poesia lírica que marcaram a
fase deste dialeto.
O latim vulgar era a língua falada pelo povo, e como qualquer outro idioma,
esteve repleto de transformações e mudanças ao longo do seu desenvolvimento,
fatores estes que estão relacionados a épocas, delimitações geográficas, influências
estrangeiras, níveis culturais dos falantes etc.
E, em último lugar, está o latim pós-clássico, no qual encontraremos obras literárias
compostas entre os séculos I e V de nossa era. Portanto, embora neste período come-
cem a surgir textos de grande importância, o idioma, infelizmente, começa a perder a
perfeição que o havia caracterizado no período anterior (CARDOSO, 1989, p. 8)
Assim, qualquer dialeto que já era falado pelas comunidades invadidas pe-
los romanos era denominado de substrato, quer dizer, a língua de base de
uma população, pois, em nenhum dos territórios conquistados, os roma-
nos teriam encontrado um povo mudo, sem qualquer expressão linguística
de suas comunicações. O latim, por sua vez, aparece como superstrato,
a língua que vem de fora, de cima, falada por um menor número de pes-
soas, mas com grande poder político e econômico, o que leva a superar
paulatinamente os idiomas nativos. Do contato da língua do invasor ro-
mano com cada substrato, vão surgir os romanos ou romances, as novas
línguas filhas do latim, dentre elas, o português. Muitas vezes, observa-se
uma convivência natural e sem atritos entre idiomas, situação em que
perduram contribuições paralelas com elementos que vêm de ambos os
lados. A isso denomina-se de adstrato, persistindo, num mesmo ambien-
te linguístico, características diferenciadas nas quais se percebem origens
distintas como tantas vezes aconteceu no contato do latim com o grego11.
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UNIDADE História do Latim e sua Importância
A Importância do Latim
Temos ciência de que o latim deve a sua importância na antiguidade clássica ao
prestigio do Império Romano. Esta localidade era uma pequena aldeia, segundo
Cardoso, inaugurada por pastores albanos no coração do Lácio, em meados do
século VIII a.C (CARDOSO, 1989, p. 9).
Roma se tornou, sucessivamente, a principal cidade de uma confederação
itálica, a grande metrópole do Mediterrâneo e a capital de um dos maiores
impérios cujos limites se estendiam da distante Lusitânia ao Oriente, dos
areais da Líbia às terras da Britânia e da Germânia, ao Ponto e à Cítia.
No mundo romano, cuja extensão só se definiu na época do imperador
Trajano (séc. II d.C.) e que abrangeria grande parte da Europa, o norte da
África e a parte da Ásia ocidental, o latim era a língua de comunicação.
Nos locais culturalmente menos desenvolvidos, a língua de Roma, divul-
gada por soldados e ensinada nas escolas, foi implantada sem maiores
dificuldades. Nas regiões onde a vida cultural já era intensa e tinha carac-
terísticas próprias bem solidificadas não houve, a rigor, a latinização. O
latim, todavia, mesmo sem ser uma língua “oficial” do Império, foi sempre
uma espécie de língua comum, cujo papel a Igreja se encarregou de acen-
tuar. Desnecessário seria falar da importância do latim durante a Idade
Média e o início dos tempos modernos, quando foi a língua da comuni-
cação universal, da política, da religião, da cultura e da ciência. E hoje?
Poderíamos perguntar, como o fizemos no começo de nossa exposição:
qual o interesse do conhecimento do latim? (CARDOSO, 1989, p. 8-9).
O termo Antiguidade clássica refere-se a um longo período da História da Europa que se es-
Explor
tende aproximadamente do século VIII a.C., com o surgimento da poesia grega de Homero,
à queda do Império Romano do Ocidente no século V d.C., mais precisamente no ano 476.
No eixo condutor desta época, que ao contrário de outras anteriores ou posteriores, estão os
fatores culturais das suas civilizações mais marcantes, a Grécia e a Roma antigas.
Fonte: https://goo.gl/YcVsuT
Dentro desta perspectiva, podemos caracterizar dois aspectos que podem ser
arguidos na resposta da questão acima.
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Não obstante, muitas destas obras podem ser traduzidas, mas como já citamos
anteriormente em nossas primeiras unidades da disciplina, a tradução compromete
muito do que realmente a obra estava querendo transmitir para nós, quando nas
devidas traduções, muitas palavras e conteúdos podem mudar em relação a obra
original, somente os “deuses” que podem nos dizer o que realmente aconteceu nas
obras literárias, líricas e poéticas do mundo antigo, que foram escritas em latim.
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UNIDADE História do Latim e sua Importância
O teatro teve sua origem no século VI a.C., na Grécia, surgindo das festas dionisíacas realiza-
Explor
das em homenagem ao deus Dionísio, deus do vinho, do teatro e da fertilidade. Essas festas,
que eram rituais sagrados, procissões e recitais que duravam dias seguidos, aconteciam uma
vez por ano na primavera, períodos em que se fazia a colheita do vinho naquela região. O
teatro grego que hoje conhecemos surgiu, segundo historiadores, de um acontecimento in-
usitado. Quando um participante desse ritual sagrado resolve vestir uma máscara humana,
ornada com cachos de uvas, sobe em seu tablado em praça pública e diz: “Eu sou Dioní-
sio!”. Todos ficam espantados com a coragem desde ser humano colocar-se no lugar de um
deus, ou melhor, fingir ser um deus, coisa que até então não havia acontecido, pois um deus
era para ser louvado, era um ser intocável. Este homem chamava-se Téspis, considerado o
primeiro ator da história do teatro ocidental. Ele arriscou transformar o sagrado em profano,
a verdade em faz-de-conta, o ritual em teatro, pela primeira vez, diante de outros, mostrou
que poderíamos representar o outro. Este acontecimento é o marco inicial da ação dram-
ática. Disponível em: https://goo.gl/nbRFoJ. Acesso em: 19 mar. 2018.
Por outro lado, há um interesse muito grande pelo latim, sendo ele um idioma
indo-europeu e uma das mais antigas línguas, ao qual podemos ter mais informações
através da documentação escrita, e pela pesquisa historiográfica da história antiga,
obviamente do período da antiguidade clássica registrado por alguns historiadores do
período contemporâneo como por exemplo: Pedro Paulo Abreu Funari12, professor
de História na Universidade Estadual de Campinas. (CARDOSO, 1989, p. 10).
Em nosso século, em que imperam a eletricidade e a velocidade, parece
de fato estranho e até anacrônico, à primeira vista, o estudo do latim.
Qual a utilidade de uma língua morta, que requer atenção, dedicação e
esforço? Em que isso vai ajudar a mudar minha vida, fazendo-me galgar
posições mais elevadas da sociedade? Tudo depende de como se encara
o problema. Com o latim, aprenderemos a compreender melhor o nosso
idioma, que contém mistérios interessantíssimos. O latim serve-nos de
trampolim para mergulhos mais profundos na nossa visão de mundo,
no nosso modo de pensar, na nossa vida. Aquele que entende bem a
mensagem que o latim passa em seus textos se questionará melhor e
verá que antes de nossos valores, havia outros, muito distintos, mas
perfeitamente coerentes, que merecem nossa admiração e respeito.
Longe de ser retrógrado, o estudo do latim associado ao estudo da vida
social em Roma nos faz vislumbrar quanta coisa mudou e quanta coisa
ainda continua surpreendentemente do mesmo jeito que era, muitas vezes
apenas com os nomes trocados. Sim, porque o que se herdou do Império
Romano ao longo desses vinte e sete séculos de uso do latim escrito
não foi pouco. Resumindo, eu responderia à pergunta do título com uma
outra pergunta: por que não estudar o latim?13
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A Formação das Línguas Romanas
Observamos que a formação das línguas românicas são o resultado de formação
territorial da antiga cidade de Roma. Alguns especialistas em história antiga
inserem sua fundação no ano 753 a.C., que, na verdade, houve uma dominação
das cidades vizinhas neste período: primeiro foram conquistadas as terras italianas
continentais, e em segundo lugar, as ilhas do Mar Mediterrâneo14.
Evidentemente, à expansão territorial correspondeu um aumento enorme
de povos dominados não apenas pela força de exércitos formidáveis, mas
também pela maior cultura e melhor organização política. A necessidade
de se manterem obrigou esses povos a se tornarem bilíngues apesar de
serem a maioria em suas terras, acarretando a princípio de uma evolução
por estarem duas línguas, em contato direto. Houve somente duas terras
que foram dominadas, mas não vencidas, porque se submeteram ao go-
verno romano, mas mantiveram as suas tradições por serem altamente
civilizados e conscientes do seu poder intelectual. O maior desses derro-
tados foram os gregos, que terminaram por se tornarem professores dos
seus inimigos, a que legaram uma tradição da arte da ciência que obrigou
os vencedores a estudarem e dominarem a língua grega: poucos eram
os romanos cultos que continuaram monolíngues. Entre esses, a história
conservou o nome de Marcus Porcius Cato (234-149 A.C.,), em nossa
língua, Márcio Pórcio Catão, homem austero e moralista, que firme na
sua romanidade se negou por anos a fio a deixar-se embriagar pelo en-
cantamento grego, mas ao fim da vida capitulou. Além dessa rendição e
mais que ela, ficou conhecido por seus discursos incitando os romanos à
nova guerra contra a cidade de Cartago. Discursava em todas as sessões
do Senado Romano e terminava cada uma das suas orações com a mes-
ma frase: Caeterum censeo Carthaginem esse delendam [De resto eu
opino que Cartago deve ser destruída] (BERLITZ, 1988, p. 12).
Desta forma, sabemos que são chamadas línguas românicas os dialetos oriundos
do latim, e que, na verdade, conservam na íntegra os vestígios no vocabulário,
na sintaxe e sobretudo na morfologia. Nosso léxico português é constituído por
mais ou menos 100.000 vocábulos, dos quais 80% destes são de origem latina.
Segue abaixo uma tabela identificando as línguas românicas.
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UNIDADE História do Latim e sua Importância
Castelhano; Galego
Catalão; Português } Península
Ibérica
LATIM
}
Francês
Italiano Europa
Romeno
Figura 3 – Línguas Românicas15
15. Palavras em Latim. Disponível em: https://goo.gl/A36h52. Acesso em: 19 mar. 2018.
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então, acabaram desenvolvendo dialetos mais ou menos próximos ao latim
vulgar. O desenvolvimento da România posterior, ou România Medieval,
deu-se em parte por causa desses fatores, mas também dependeu dos
contatos linguísticos com os povos falantes de outras línguas que já se
encontravam nos territórios conquistados (falantes das chamadas línguas
de substrato), com os falantes das línguas dos povos que vieram a
conquistar os territórios romanizados (falantes das línguas de superstrato)
e com os povos falantes de línguas como o grego, que conviveram com os
falantes de latim em várias regiões em situação de bilinguismo por muito
tempo (falantes de línguas de adstrato)16.
16. Gonçalves, Rodrigo Tadeu. História da Língua. Florianópolis: UFSC, 2010, p. 21-44.
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UNIDADE História do Latim e sua Importância
Desta forma, as mudanças que o idioma sofreu são facilmente percebidas nos
dias atuais, e essas mudanças foram feitas notavelmente em Portugal, e somente
algumas delas são compartilhadas pelo português brasileiro.
Considerações Finais
Nesta unidade apresentamos a história do latim e importância para os estudos
do idioma nos períodos antigo, moderno e contemporâneo.
17. Em 1572, durante a batalha de Alcácer-Quebir, parte de uma campanha frustrada de conquistar o Marrocos,
Portugal perdeu seu rei, Dom Sebastião, sem deixar herdeiros. Devido aos meandros dos direitos da sucessão de Dom
Sebastião, oito anos depois, o rei Felipe II da Espanha reivindicou a sucessão real portuguesa e fez de Portugal uma
província espanhola de 1580-1640. A independência foi devolvida a Portugal somente com o movimento conhecido
como “Restauração”, sob o domínio da dinastia de Bragança, tendo Dom João IV à frente.
18. Ibid., Cit., GONÇALVES, 2010, p. 79.
19. Pesquisador da história cultural dos Annales na França, no século XX.
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da família indo-europeia, como relatamos anteriormente, apresentando, assim, um
mapa da expansão do latim no Ocidente para que os discentes localizem a tamanha
influência do dialeto e possam perceber a força deste idioma até os dias atuais.
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UNIDADE História do Latim e sua Importância
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
LATIM PARA PRINCIPIANTES, 1-1: ALFABETO; SONS DAS VOGAIS
https://youtu.be/B2oXtxj0vEI
LATIM PARA PRINCIPIANTES, 1-2: DITONGOS; SONS DAS CONSOANTES
https://youtu.be/Rq2W0cf2Qns
LATIM PARA PRINCIPIANTES, 1-3: SÍLABAS; QUANTIDADE DAS VOGAIS
https://youtu.be/yiJSXorSbTU
LATIM PARA PRINCIPIANTES, 1-4: QUANTIDADE DAS SÍLABAS; ACENTUAÇÃO
https://youtu.be/lRerpLp5s7Y
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Referências
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática do Latim. São Paulo: Saraiva, 2000.
ROSÁRIO, Miguel Barbosa do. Latim Básico. São Paulo: Produção própria,
[2010 ou 2011].
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