A Mulher Adúltera Na Bíblia e Jesus

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A Mulher Adúltera na Bíblia e Jesus | Estudo Bíblico

Sobre a mulher adúltera na Bíblia e Jesus, uma passagem registrada em


João 8:1-11, podemos dizer que era muito difícil a posição da mulher na
cultura judaica do primeiro século. A mulher judia, mesmo que
pertencesse a uma família rica, estava situada em um patamar inferior na
sociedade.
As mulheres e os não circuncidados, não podiam participar do templo.
Estavam fora do contexto religioso mais importante do judaísmo.
Um bom judeu, cuidadoso da lei e dos profetas, deveria começar o dia
recitando três bençãos diárias, que constavam no Talmude da Babilônia,
presentes no Tratado “Menachot”. Abaixo, leia um trecho de uma dessas
citações.
“Bendito sejas Tu, Eterno, nosso Deus, Rei do Universo que não me fizeste
mulher”. Tratado Menachot.
O papel das mulheres no primeiro século

Os estudiosos do Talmude, interpretavam o texto, “Toda a glória da filha


do rei na sua casa” (Salmo 45:14), sob a óptica de que uma mulher de
honra, deveria estar sempre em sua casa, cuidando do lar e de sua função
de ter filhos.
A mulher deveria se dedicar quase que exclusivamente ao marido. Era
consideradacomo incapaz de se ocupar com tarefas sérias ou importantes.
Elas pertenciam a seus maridos e a seus filhos. Assim a mulher passava de
objeto de posse dos pais, para o marido e filhos. Subjugada e
subestimada. Por pouca coisa, uma mulher poderia ser repudiada.

Jesus e a Mulher Adúltera


A mulher adúltera é conduzida até Jesus

“E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em


adultério; E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi
apanhada, no próprio ato, adulterando”. João 8:3-4
Assim, neste fato narrado no livro de João 8, vemos que somente a
mulher adúltera é trazida ao mestre, para ser julgada. Desta forma, os
fariseus começaram a sua hipócrita e machista tentativa de induzir Jesus
ao erro.
A lei exigia que o casal adúltero fosse apresentado. Onde estava o homem
que com ela cometeu tal pecado?

“Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo


adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero
e a adúltera.” Levítico 20:10
Jesus sabia que para aquela geração corrupta, a vida daquela mulher não
tinha valor algum. Ninguém se importava com as condições que a levaram
até aquele pecado.
O que faria com que uma mulher, sabendo que a pena capital de morte
seria aplicada, em caso de ser pega em flagrante adultério e, ainda assim,
cometesse tal ato?
Promessas e abandono

O medo do repúdio e do estigma, assombravam as mulheres do primeiro


século. Era um certificado de péssima esposa. Qual homem, decente, com
posses e considerado casaria com uma repudiada?
O repúdio, para a mulher, mesmo que legalizado, era quase que ser
“jogada no vento”. Assim alguns homens judeus da época, usavam e
consumiam a juventude de suas mulheres.

Quando já não suportavam mais, repudiavam-na por qualquer motivo e


procuravam outra mulher mais nova.

Por isso, mesmo com amargura no olhar e sofrimento no rosto, o medo


fazia com que uma mulher desprezada por seu marido, já sem receber a
devida atenção e carinho, continuasse a suportar o casamento.
Ninguém sabe quais foram as promessas que o homem adúltero fez para
aquela mulher. Muitas vezes palavras doces e bonitas, tudo que não ouvia
em casa, carinho, atenção e cuidado que seu marido já não mais a
dedicava.

O coração falou mais forte, entregou-se ao que parecia uma paixão,


enganou-se num amor que nunca tinha vivido de verdade.

E ali a pecadora estava diante de Jesus. Abandonada, envergonhada,


desiludida, enganada e xingada por todos aqueles homens insensíveis,
próxima da morte. Vítima da vida. Quanta incompreensão.
A Mulher Adúltera. Vai e Não Peques Mais
O amor de Deus perdoa

O grande mestre que tudo discernia, abaixou-se a escrever no solo, dando


tempo para que aqueles homens refletissem suas atitudes. Jesus estava
dando tempo para que eles examinassem suas consciências primeiro.
“Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.” João 8:6
Um cego não pode guiar outro cego. Quantas vezes aqueles homens
tinham desejado a mulher do próximo. Quantos adúlteros não estavam
entre eles?
“Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a
cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” Mateus 5:28
“E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele
que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra
ela.” João 8:7
Que grande ensinamento! Aquela mulher pôde experimentar do grande
amor de Cristo. Em sua íntima compaixão, Deus se importa com cada
detalhe de nossas vidas. Ele sabe as dificuldades que cada um de nós
enfrentamos.
Inclusive na área sentimental.
E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher,
disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te
condenou? João 8:10

E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te


condeno; vai-te, e não peques mais. João 8:11
Esta era a graça de Deus derramada por seu filho Jesus. Perdão sem
cobrar nada por isso. Prova que Deus conhece e entende as dificuldades
humanas.
Todos somos iguais. Todos pecaram, porém alguns insistem em pensar
que são mais santos ou melhores que outros. Jesus nos ensina que
devemos amar a todos. E perdoar.

Se acharmos alguém em dificuldade espiritual, não devemos condená-lo.


Devemos experimentar a força do perdão, com união e simplicidade de
coração. Deus abençoe!
Significado de João 8
(Significado da Bíblia)

João 8
8.1 — As pessoas foram para casa (v. 53), mas Jesus, que não tinha onde
reclinar a cabeça (Lc 9.58), passou a noite no monte das Oliveiras.

8.2 — A locução pela manhã cedo significa literalmente ao amanhecer.

Todo o povo vinha ter com ele. Como a Festa dos Tabernáculos havia se
encerrado no dia anterior (Jo 7.2,37), ainda havia muitos visitantes em
Jerusalém. Atraídos pelo surgimento de um Rabi famoso, formou-se logo
uma multidão. Assentando-se. Os mestres antigamente em Israel
costumavam sentar-se para ensinar. Jesus ficou na posição de um mestre
que tinha autoridade.

8.3 — Trazer uma mulher apanhada em adultério e colocá-la no meio de


todos foi uma maneira rude de interromper Jesus. Mas o que os fariseus
queriam mesmo era confundi-lo (Jo 7-45).

8.4,5 — As tais sejam apedrejadas. O apedrejamento era a pena


específica para alguns casos de adultério (Dt 22.23,24), mas não para
todos. A Lei requeria que ambos os adúlteros fossem apedrejados. Mas
onde estava o homem então/ Eles já tinham violado a Lei por terem
trazido somente a mulher. Por que as autoridades religiosas quiseram
punir somente a mulher, e não também o homem? Tu, pois, que dizes? O
pronome tu está muito claro no texto grego. Os líderes religiosos estavam
preparando uma armadilha para que Jesus dissesse algo que contrariasse
a Lei.

8.6 — Tentando-o. Se Jesus dissesse que ela não deveria ser apedrejada,
estaria opondo-se à Lei judaica. Se dissesse para apedrejá-la, Jesus estaria
opondo-se à lei romana, que não permitia que os judeus aplicassem
execuções (Jo 18.31). Quanto ao que Jesus escrevia com o dedo na terra
só se pode conjecturar. Alguns dizem que Ele escreveu os Dez
Mandamentos registrados em Êxodo 20. Mas se o que Ele escreveu fosse
importante realmente teria isso registrado. Talvez a questão aqui não seja
o que Ele escreveu, mas o fato de Ele ter escrito.

No Antigo Testamento, Deus escreveu a Lei com Seu dedo (Êx 31.8). E bem
provável que, caso Jesus estivesse mesmo escrevendo a Lei, Ele
simbolicamente estava dizendo ser não apenas um mestre da Lei, mas o
próprio Legislador e Juiz. Se fosse um mero rabi, Ele teria dado Seu
veredicto segundo a Lei mosaica. No entanto, como o Promulgador da Lei,
Ele pôde agir com aquela mulher do mesmo modo como Deus agiu com
Israel no deserto: perdoando!

8.7 — Depois de analisar a questão, Jesus respondeu a Seus acusadores.


Mas Ele não aboliu a Lei de Moisés em sua resposta, ao contrário, Ele a
aplicou à vida daqueles que acusavam a mulher.

8.8 — Tornando a inclinar-se, escrevia na terra. Deus escreveu os Dez


Mandamentos duas vezes, e Jesus escreve duas vezes nesse mesmo
episódio Qo 8.6). Além disso, tanto em Êxodo como em João, o dedo só é
mencionado na primeira vez.

8.9,10 — Saíram um a um. Jesus entrou no templo ao amanhecer (Jo 8.2),


e essa cena deve ter acontecido minutos depois. Então, enquanto tudo
isso acontecia, o sol devia estar nascendo. E quando tudo foi revelado pela
luz do sol, a culpa dos fariseus foi exposta pela luz do mundo (v. 12).

8.11 — A advertência não peques mais indica que Jesus havia perdoado a
mulher. Contudo, embora não a tenha condenado, Ele não foi
condescendente com seu pecado. Alguns acham que o Senhor os
perdoará depois que eles fizerem o melhor que puderem. Mas Jesus
perdoou aquela mulher depois de ela ter feito o pior que podia. Jesus nos
ama como somos (Rm5.8), mas nos ama mais ainda para permitir que
continuemos sendo os seres limitados que somos.
Leia esta reflexão sobre o texto de João 8,1-11. Penso que você vai
compreender melhor a perícope.
Esta é uma história muito interessante que só aparece no Evangelho de
João. O texto relata que enquanto Jesus esta ensinando no Templo, os
escribas e fariseus “trazem uma mulher que foi surpreendida em flagrante
delito de adultério” e na Lei está escrito que “tais mulheres devem ser
apedrejadas”. Que pecado ela cometeu para ser trazida diante da
comunidade e ser condenada à morte? Vamos ver o que a Torá (Lei) nos
diz sobre o pecado de adultério:
“Se um homem adulterar com a mulher do seu próximo, será
morto o adúltero e a adúltera”(Lv 20,10).
Observamos que a Torá diz que os dois serão mortos, o adultero e a
adultera. Mas é interessante notar que não diz com que tipo de morte
eles devem morrer.
Voltarmos ao texto, no Evangelho notamos duas coisas: Não existe um
homem, somente a mulher e esta deve ser mostra a pedradas. Chegamos
à conclusão que o pecado dessa mulher não se refere ao que está escrito
em Lv 20,10. Portanto, a pergunta é: de que tipo de adultério se trata? E
onde está escrito que Moisés ordena apedrejar tais mulheres.
Quando lemos o texto imediatamente pensamos que se trata de sexo,
mas na realidade se trata de outro tipo de pecado, vejamos o texto da
Torá no qual está escrito que tipo de transgressão ela cometeu:
“Quando no meio de ti, em alguma das tuas cidades que te dá
o Senhor, teu Deus, se achar algum homem ou mulher que
proceda mal aos olhos do Senhor, teu Deus, transgredindo a
sua aliança, que vá, e sirva a outros deuses, e os adore, ou ao
sol, ou à lua, ou a todo o exército do céu, o que eu não
ordenei; e te seja denunciado, e o ouvires; então, indagarás
bem; e eis que, sendo verdade e certo que se fez tal
abominação em Israel, então, levarás o homem ou a mulher
que fez este malefício às tuas portas e os apedrejarás, até que
morram”.(Dt 17,2-5)
Para compreendermos melhor este texto temos que saber que a Escritura,
para falar do relacionamento entre Deus e Israel, usa a linguagem do
casamento. Deus é o esposo e Israel é a esposa. No momento em que a
comunidade é fiel, Israel é tratada como a virgem de Israel. Há
circunstâncias em que ela é infiel e aí ela é chamada de prostituta, ou
adultera; e há também circunstâncias em que ela faz o papel de viúva,
como se o esposo estivesse morto, então Israel é apresentado na figura da
viúva. Estes quatro aspectos: virgindade, prostituição, adultério e viuvez
caracterizam na Escritura, e no Novo Testamento, o povo de Israel – Israel
é a mulher fiel, ou infiel. Veja-se Ez. 16, Os. 1.
Percebemos então que o pecado da mulheré o de infidelidade à aliança,
não se trata de uma transgressão na área do sexo. Ela foi infiel não a um
homem, mas a Deus. A Aliança, o casamento, como nas Bodas de Kaná, foi
violada.
Houve uma transgressão da Aliança de algum modo e neste caso, segundo
a lei, ela deve ser apedrejada.
Os escribas e fariseus tinham razão, a “Lei ordena apedrejar tais
mulheres”. “Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo.” Este
gesto de Jesus é muito significativo e aparece apenas uma vez na
Escritura.
“Quando Ele terminou de falar com Moisés no monte Sinai,
entregou-lhe as duas tábuas do Testemunho, tábuas de
pedra, escritas pelo dedo de Deus.”(Ex 31,18).
O gesto de Jesus, ‘Inclinando-se, ele escrevia sobre a terra’, evoca o Dom
da Torá no Sinai (Sl. 18,10), e significa, neste contexto, que o autor do
texto está fazendo Jesus estar de acordo com a injunção da Torá e a
afirmação dos Fariseus. Vamos, então, apedrejar a mulher. Mas, há um
problema: para fazermos isso é necessário que sejamos puros, sem
pecado – lembremo-nos que a Mulher representa o povo, isto é, Fariseus
e escribas que estão presentes na historinha – então, como nenhum dos
presentes, exceto Jesus é puro, evidentemente, o autor faz com que todos
se retirem de cena, exceto Jesus – por isso é que o gesto acima é
novamente repetido, mas com novo sentido: agora sua função é falar de
uma nova atitude, uma nova revelação (?), ou um aspecto ainda não
percebido na revelação do Sinai – isto é, o perdão.
As tabuas de Pedra escritas com o dedo de Deus é a Torá, a Aliança entre
Deus e o povo de Israel. Este gesto de Jesus de escrever com o dedo nos
leva a refletir sobre duas realidades; primeiramente que Ele é o próprio
Deus que se abaixa para estar com a humanidade; em segundo lugar quer
recordar quantas vezes na história de Israel houve infidelidades, e quantas
vezes Deus lhe perdoou.
Mas eles persistiam em interrogá-lo, então, ele se ergue e diz: “Quem de
vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra!”. Ele se
inclina novamente e continua a escrever. Com esta frase de Jesus eles
caem em si e percebem que são pecadores. Logo, começam a sair um
após o outro, começando pelos mais velhos.
Poderíamos explorar mais este conceito de infidelidade, no entanto, o
mais importante é reconhecermos nossa condição de criaturas. Todos nós
temos as mesmas dificuldades. Deus na sua infinita bondade nos perdoa
sempre.

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