Me Carlos Z Impel Neto
Me Carlos Z Impel Neto
Me Carlos Z Impel Neto
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Arqueologia do Museu de
Arqueologia e Etnologia da
Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Mestre em
Arqueologia.
À Drª Dirse Kern que em campo compartilhou seu vasto conhecimento, e que
em laboratório auxiliou-me em muito para a construção deste trabalho.
Também sou muito grato pelas análises de Textura do solo, pela gentileza de
ceder seu tempo e equipe para a organização e interpretação dos solos
arqueológicos tratados nesta dissertação.
Ao prof. Dr. Eduardo Goes Neves, pelo incentivo a encarar o desafio de trocar
de tema no meio do mestrado, e pelas conversas durante a elaboração. Muito
obrigado.
Ao prof. Dr. André Soares, da Universidade Federal de Santa Maria, que foi o
responsável pela minha entrada na arqueologia, me aceitando como estagiário
no LEPA/UFSM, mas principalmente pelo incentivo constante que foi
necessário ao iniciar a minha formação.
Ao prof. Dr. Saul Milder, pelos anos de orientação na iniciação científica, pelos
conhecimentos compartilhados, mas sobretudo, pela longas andanças desde
as missões até a fronteira oeste, onde vivi coisas que nenhum CTG pode
contar, encontrando os reais valores da nosso cultura gaucha.
A minha irmã Mariana, que agora longe me faz perceber o quão importante era
a tua presença aqui, teus ensinamentos e discretos gestos me ajudaram a
encarar a ida pra cidade grande e, principalmente, me fez ter um lar mesmo
estando quilômetros de distância dele.
Ao Pai e a Mãe, que por tanto tempo vem me ensinando cada vez mais, o
incentivo de vocês, e sobretudo a confiança, fazem com que eu me sinta livre,
e a liberdade de escolha, a autodeterminação são valores enraizados em mim
que pretendo passar adiante.
Paula, sem teu carinho e dedicação ao longo destes anos este trabalho não
seria só impossível, mas sobretudo, INCOMPREENSÍVEL, esta dissertação
também é dedicado a ti, minha guria.
Resumo
Introdução ........................................................................................................ 14
Capítulo 1 ......................................................................................................... 17
Fase Itapipoca........................................................................................... 37
9
2.4 Contexto do rio Jiparaná ........................................................................ 59
Cerâmica..................................................................................................... 155
Bibliografia...................................................................................................... 188
10
ÍNDICE DE IMAGENS
Imagem 1: Localização do Estado de Rondônia e hachurado a localização da
Carta SC.20-Porto Velho Fonte: Projeto RADAM, vol. 16, 1978............................. 21
Imagem 2 – Unidades geomorfológicas. O ponto indica a localização do sítio
Encontro. Projeto RADAM (1978) Carta SC.20-Porto Velho.................................. 22
Imagem 3 – perfil esquemático com, dados altimetricos. Carta SC.20-Porto
Velho. (ProjetoRADAM, 1978)................................................................................. 24
Imagem 4 – Altitudes no Estado de Rondônia, Fonte: Atlas do Estado de
Rondônia, Editora Trieste (2002)............................................................................ 25
Imagem 5: Geologia do Estado de Rondônia. Fonte: Ministério do Meio
Ambiente, MMA...................................................................................................... 26
Imagem 6 – Solos do Estado de Rondônia, MMA................................................... 27
Imagem 7: Município, estradas e principais rios da região em estudo. Fonte:
Projeto RADAM (1978)............................................................................................ 28
Imagem 8: Vegetação, fonte: MMA......................................................................... 29
Imagem 9 – à esquerda a classificação do clima segundo Koppen,Fonte: Projeto
RADAM (1978), Carta SC.20-Porto Velho, p.259-260............................................. 30
Imagem 10: três cenários propostos para o paleoclirma......................................... 34
Imagem 11: Tradições, Fases e Sítios Arqueológicos no Estado de Rondônia...... 36
Imagem 12 – Localização dos sítios líticos no rio Jamari.(Miller et alli 1992, p.58,
fig. 62)...................................................................................................................... 37
Imagem 13 – Sítio da fase Massangana, Fonte: Miller et alli (1992)..................... 39
IMAGEM 14 – MATERIAL LITICO DO RIO Jamari Miller etalli 1992...................... 40
Imagem 15 – Fases cerâmicas do sudoeste amazônico. Fonte: Miller (1999)...... 42
Imagem 16: Localização dos sítios, por fases arqueológicas, no alto rio Madeira.
(Miller, 1992, p.226)................................................................................................. 45
Imagem 17: localização dos sítios cerâmicos no rio Jamari. Fonte: Miller et al.
(1992), p. 33………………………………………………………………………………. 48
Imagem 18.............................................................................................................. 50
Imagem 19............................................................................................................. 51
Imagem 20: Sítios arqueológicos com TPA, no médio Jiparaná, localizados por
Miller (1987)............................................................................................................. 61
Imagem 21 – sítio no Jiparaná ................................................................................ 65
Imagem 22..................................................................................................... 70
Imagem 23...................................................................................................... 70
Imagem 24....................................................................................................... 70
Imagem 25...................................................................................................... 73
Imagem 26: Perspectiva SE do Sítio Encontro. Foto: Sirlei Hoeltz........................ 75
Imagem 27: pisoteamento do gado e construções que impactaram o
assentamento......................................................................................................... 76
Imagem 28: planimetria do sítio Encontro.............................................................. 78
Imagem 29: a esquerda sondagem S4 E28, S22 E4, S20 W11............................ 80
Imagem 30 densidade cerâmica malha 10x10.................................................. 81
Imagem 31: a esquerda, escavação da malha 30x30m, sondagem S49 E54 e
35S/31W.................................................................................................................. 83
Imagem 32 densidade de material na malha 30x30............................................... 84
Imagem 33: Mathew et al. (1991............................................................................ 87
Imagem 34: Barraclough (1992) apud Orton et alli (2003) .................................... 88
11
Imagem 35 : cores da pasta identificadas .............................................................. 98
Imagem 36: fragmento En-924 em diferentes perspectivas. ................................. 99
Imagem 37: fragmento En-1463.............................................................................. 101
Imagem 38........................................................................................................... 104
Imagem 39...................................................................................................... 105
Imagem 40 : bases planas identificadas............................................................... 108
Imagem 41: fragmento entalhado............................................................................ 108
Imagem 42: fragmentos corrugados........................................................................ 110
Imagem 43: fragmentos roletados .......................................................................... 110
Imagem 44: incisos em bordas reforçadas............................................................. 111
Imagem 45: inciso.................................................................................................... 112
Imagem 46: ungulado e corrugado-ungulado.......................................................... 113
Imagem 47: borda com reforço ungulada, En-676-679........................................... 113
Imagem 48: a esquerda, pintura branca, centro e direita, pintura preta................. 114
Imagem 49: fragmentos com engobo vermelho...................................................... 115
Imagem 50 motivos de pintura identificados.......................................................... 116
Imagem 51: machados resultado da escavação e de coleta de superfície............. 134
Imagem 52: líticos polidos em quartzo.................................................................... 135
imagem 53 TPA-1................................................................................................... 138
imagem 54 TPA-2.................................................................................................... 139
Imagem 55: reprodução parcial do mapa de Schmitz (1991, p.56) ....................... 159
Imagem 56 figua cronolgias e tpa.......................................................................... 185
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 – Fases cerâmicas no rio Jiparaná. (A partir de Miller, 1987a,1987b).. 63
Tabela 2: Quantidade de material........................................................................ 78
Tabela 3: Quantidade de material cerâmico por nível........................................ 78
Tabela 4: Quantidade de fragmentos cerâmicos por nível na sondagem N4
E22....................................................................................................................... 79
Tabela 5: Quantidade de Material escavado na malha........................................ 81
Tabela 6: Quantidade e densidade de material cerâmico por nível na malha
30x30m................................................................................................................. 81
Tabela 7: Resultado da escavação da sondagem S49 E54................................ 82
Tabela 8: dados do gráfico 27 ............................................................................. 125
Tabela 9: Quantidade de cerâmica escavada em relação aos níveis artificiais e
aos horizontes pedológicos da TPA-1................................................................. 139
Tabela 10: Quantidade de cerâmica escavada em relação ao níveis artificiais e
os horizontes pedológicos da TPA-2................................................................ 139
Tabela 11: textura dos solos na área adjacente (valores em porcentagem)...... 140
Tabela 12: Valor do pH........................................................................................ 141
Tabela 13: valores de M.O., P, Na, K, Ca, Mg. ................................................... 142
Tabela 14: resultado dos valores de Al, H+Al, SB, T, V, m.................................. 144
Tabela 15: valores de B, Cu, Fe, Mn, Zn............................................................. 145
Tabela 16: Resultado das datações radiocarbônicas ......................................... 148
Tabela 17: valor dos isótopos estáveis do 13C (δ13C)......................................... 150
12
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1 : Resultado da triagem............................................................................ 91
Gráfico 2: Técnica de manufatura......................................................................... 92
Gráfico 3: Tipo de Antiplástico identificado............................................................ 93
Gráfico 4: Tipos de antiplástico mineral................................................................. 93
Gráfico 5: Freqüência do antiplástico..................................................................... 94
Gráfico 6: Ordenação do antiplástico..................................................................... 95
Gráfico 7: dimensão do antiplástico....................................................................... 95
Gráfico 8: Tipos de queima identificados............................................................... 96
Gráfico 9: Quantidade de fragmentos por cor da pasta identificados................... 97
Gráfico 10: Resultado da quantidade de cerâmica por tipo de cor....................... 97
Gráfico 11: Presença de barbotina........................................................................ 99
Gráfico 12: espessura dos fragmentos................................................................. 101
Gráfico 13: Quantidade de bordas por morfologia................................................. 102
Gráfico 14: Freqüência dos tipos de lábio identificados......................................... 106
Gráfico 15: relação morfologia da borda/tipo de lábio............................................ 106
Gráfico 16: Diâmetro das bordas........................................................................... 107
Gráfico 17: Tipos de decoração plástica................................................................ 109
Gráfico 18: presença de decoração entre bordas reforçadas. ............................. 112
Gráfico 19: Tipos de decoração pintada, ............................................................... 114
Gráfico 20: dimensões do antiplástico.................................................................... 118
Gráfico 21: proporção dos tipos de ordenação do antiplástico nas diferentes 119
cores identificadas..................................................................................................
Gráfico 22: proporção da freqüência do antiplástico entre as diferentes cores..... 120
Gráfico 23: Seriação .............................................................................................. 121
Gráfico 24: tipos de tratamento de superfície entre as diferentes cores. Os 122
dados da tabela acima são porcentagens..............................................................
Gráfico 25: proporção de fragmentos com barbotina entre as cores..................... 123
Gráfico 26 : Distribuição dos tipo de cor de pasta entre as medidas de 124
espessura (em cm) dos fragmentos identificados.................................................
Gráfico 27 : distribuição dos tipos relacionados a morfologia da borda entre as 124
diferentes cores de pasta.......................................................................................
Gráfico 28: tipo de decoração plástica relacionados a cor dos fragmentos.......... 126
Gráfico 29: proporção de tipos com pintura entre as diferentes cores................. 127
Gráfico 30: Datações calibradas no aplicativo Calib 5.1 ...................................... 149
13
INTRODUÇÃO
1
Os locais onde houveram pesquisas no estado foram: o Rio Guaporé, o Pantanal do Guaporé,
o Alto Rio Madeira, e a bacia do rio Jamari. Estes dados estão publicados em Miller (1983,
1987, 1992, 1999), Miller et alli (1992), Miller e Caldarelli (1987) e Miller e Meggers (2003).
14
tendo ao norte o rio Madeira, a leste o rio Roosevelt, e ao sul os limites com a
bacia do rio Paraguai.
2
SCIENTIA (2005)
15
energia que deverão ser realizadas. Na área também está em andamento o
amplo Projeto Continuidades e hiatos da Amazônia, criado e coordenado pelo
Prof. Dr. Eduardo Goes Neves, desde 2006.
16
CAPÍTULO 1
1.1 APRESENTAÇÃO
3
Carta de Curt Nimuendajú para Luiz Bueno Horta Barbosa, então Diretor do
Serviço de Proteção aos Índios do Rio de Janeiro em 22-jan-1921, encontrada
em Nimuendajú (1993)
17
reocupações de locais preferências. Lathrap (1970), também auxiliado em
premissas ecológicas, reconhecia a dicotomia Várzea x Terra Firme, e o
resultado disso seriam diferenças sócio-econômicas entre sociedades de
ecossistemas diferentes.
18
Nos últimos anos, evidências de ocupação tardia estão sendo descobertas no
sudoeste paraense, referentes a indícios ligados ao Holoceno Inicial e Médio
(Silveira, 1994, Kipnis, et alli, 2005, Caldarelli, et al, 2005).
A formação das terras pretas nos sítios da área não está associada, como em
outros casos, ao aumento da densidade e duração dos assentamentos. A
rápida formação dos horizontes de TPA é encontrada principalmente no
intervalo entre 1500 – 850 anos AP. (Neves, 2003 e Petersen et. al. 2005). A
dinâmica de formação e abandono dos assentamentos segundo os autores
19
pode ter sido motivada pelo esgotamento dos recursos, ou por flutuações
climáticas, como aponta Meggers. Contudo os pesquisadores indicam que as
hipóteses levantadas pela pesquisadora tendem a simplificar processos que
podem ter características mais complexas. As evidências levantadas propõem
que o abandono dos assentamentos seria resultado de possíveis conflitos
internos entre grupos, pela disputa de território e não somente a fatores
ambientais.
Estes dados recentes estão dando inicio à interpretação sobre novas regiões
específicas, que paralelamente remontam questões abarcadas pelos principais
e mais discutidos modelos de interpretação do povoamento do território
Amazônico. Pensamos que em ambos levaram-se em consideração os dados
provindos dos grandes rios bacia Amazônica. Pouco se sabia na época sobre
como se deu a ocupação em terra firme, dados sobre as áreas de interflúvio e
sub-bacias de menor porte, como vimos, também não estavam disponíveis.
20
1.2 DESCRICAO DA AREA DE PESQUISA
Naa organização dos dados descritivos, procuramos elencar as áreas onde
houveram pesquisas arqueológicas no Estado de Rondônia 4 , citadas no
próximo capítulo.. Vamos tratar de uma maneira especial o espaço onde está
inserido o sítio arqueológico em estudo.
estudo
1.2.1 Localização
1.2.2 Relevo
o ponto de vista da compartimentação topográfica o Estado de Rondônia
Do
apresenta-se
se muito diversificado.
diversificado Varia de alguns
ns metros acima do nível do mar
até altitudes acima de 1.000 m. O ponto mais alto de Rondônia está localizado
4
Miller (1983, 1987,1992,1999), Miller et alli (1992), Miller e Caldarelli (1987) e Miller e
Meggers (2003)
21
na Serra dos Pacaás Novos, com altitude de 1.126 m, conhecido como pico
Jaru. Ao norte pode ser tida como topograficamente integrada à chamada
Planície Amazônica. Com terras baixas aplainadas, no geral alagadiças é onde
se encontram as menores cotas altimétricas, Para noroeste e nordeste,
respectivamente, manifestam-se as primeiras elevações consideráveis, com as
serras dos Três Irmãos e da Fortaleza e a serrania do Candoblé.
(RADAM,1978)
22
A Depressão Interplanáltica da Amazônia Meridional se estende por toda área
oriental do Estado, ampliando suas dimensões na parte norte. Segundo
RADAM (1978) possui relevo em colinas e interflúvios tabulares, dominando
paisagens de relevo suave ondulado e plano.
23
Imagem 3 – perfil esquemático com, dados altimetricos. Carta SC.20-Porto Velho.
(ProjetoRADAM, 1978)
24
Imagem 4 – Altitudes no Estado de Rondônia, Fonte: Atlas do Estado de
Rondônia, Editora Trieste (2002)
1.2.3 Geologia
25
central da bacia, os tributários Rolim de Moura e Jarú drenam rochas
metamórficas (gnaisses, kinzigitos), enquanto no rio Urupá foi encontrada uma
mistura de rochas de origem vulcânica e sedimentar. Os dois últimos afluentes
mais importantes, Machadinho e Preto, apresentaram rochas sedimentares.
1.2.4 Solos
Para a bacia do rio Jiparaná, nas cabeceiras dos rios Pimenta Bueno e
Comemoração, e em praticamente toda a área das sub-bacias dos rios Preto e
Machadinho, encontram-se os solos mais pobres, ao passo que nas bacias dos
rios Rolim de Moura, Urupá e Jarú localizam-se os solos mais ricos. Nas
regiões centrais do Ji-Paraná e do Pimenta Bueno também são observadas
manchas de solos mais ricos (Ballester et al. 2003).
26
Argilossolo Vermelho-Amarelo +Sítio Encontro
Argilossolo Vermelho
AM Latossolo Vermelho-Amarelo
Latossolo Amarelo
Neossolo Quartzarênico
Neossolo Litólico
MT
Neossolo Flúvico
RO
Neossolo Flúvico
Afloramentos de Rochas
+
Nitossolo Vermelho
Alissolo Crômico
Gleissolo Háplico
N
Cambissolo Háplico
Imagem 6 – Solos do Estado de Rondônia, MMA
27
O Rio Jamari tem sua nascente no sudoeste da Serra dos Pacaás Novos, de
onde corre, no sentido norte, desembocando na margem direita do rio Madeira.
A região faz parte de uma extensa planície com raras e diminutas elevações.
1.2.6 Vegetação
28
Em meio à área florestal também ocorrem núcleos de vegetação de Savana, e
na periferia ocorrem áreas de contato. Possui ainda áreas de vegetação de
influência Fluvial.
AM
Vegetação
1.2.7 Clima
29
Imagem 9 – à esquerda a classificação do clima segundo Koppen, à direita os índices de
precipitação anuais da área, expressado em mm/ano. Fonte: Projeto RADAM (1978), Carta
SC.20-Porto Velho, p.259-260.
1.3 PALEOAMBIENTE
A partir de estudos palinológicos (Absy & Van der Hammen, 1976; Absy, 1985;
Behling e Hooghiemstra, 2000) isotópicos (Desjardins et al., 1996; Pessenda et
al., 1996, Gouveia et al., 1999, Freitas et al., 2001) indicam a ocorrência de
variações paleoclimáticas na Bacia Amazônica e em outras áreas do Brasil e
da América do Sul, durante o Quaternário tardio. Paleoclimas mais secos que o
atual, provavelmente, dominaram algumas áreas da Bacia Amazônica,
favorecendo a substituição da floresta tropical por vegetação do tipo campo,
entre 8.000-4.000 anos A.P., 4.200-3.500 anos A.P., 2.700-2.000 anos A.P.
(Absy et al., 1991, Sifeddine et al., 1994, Gouveia et al., 1997, Pessenda et al.,
1998, Freitas et al., 2001).
30
o surgimento parcial da floresta. O aparecimento dos campos, indicativo de
períodos mais secos, ocorreu provavelmente entre 60.000-40.000 anos AP,
23.000-11.000 anos AP e 7.500-3.500 anos AP (Sifeddine et al., 1994).
Absy (1985) indica que durante parte do Holoceno – entre 5000 e 3000 anos
AP – grandes áreas de savanas existiam na Amazônia, aonde atualmente
existia floresta. Associado a este resfriamento, segundo o autor, ocorreram um
abaixamento do nível dos mares, com consequências na quantidade de água
na Bacia Amazônica. Diagramas de pólen indicam que também não havia
floresta ao final do Pleistoceno (aproximadamente 11.500 anos passados).
Entre 4000 e 2100 anos AP ), sugere que ocorreu grandes variações de
precipitação na região Amazônica, causando o abaixamento (e em alguns
casos secamento) de rios amazônicos, com mudanças significativas na fauna e
flora.
31
persistiram até o Holoceno médio. As florestas começam a se expandir entre
6000 e 3000 anos AP. Em 2000 anos AP a floresta densa úmida se expande
por quase toda área. Burbridge et al.(2004)
5
Mais informações sobre os isótopos estáveis de C12 e C13, no item Estratigrafia e cronologia,
no capitulo 3.
32
Para Adams e Faure (1998) o clima seria mais constante nos últimos 5000
anos. No inicio do holoceno existiam zonas de transição floresta-cerrado-
savana na maioria da Amazônia e a savana ocupava a porção sul. (FIG 10,000
anos) No final do pleisceno 14000 anos ap é provável que a zona de transição
foi ocupada principalmente por savana. Esta seqüência de 10000, entre 14000
a 5000 anos AP é provavelmente um período critico para as primeiras
domesticações de espécies nativas da Amazônia.(Clement, 2001)
33
Imagem 10: três cenários propostos por Adams e Faure (1998), a partir dos dados do ....
para a vegetação nos últimos 14000 anos, acima a esquerda, 14000 anos AP, e a direta 10000
anos AP, abaixo entre 8000-5000 anos AP.
34
CAPÍTULO 2 - ARQUEOLOGIA EM RONDÔNIA
7
Sítio MT-GU-01, Abrigo do Sol, entre 520-560cm, artefatos líticos em paleossolo com datação
entre 10405±100 a.P (SI-3476) e 12300±95 a.P. (SI-3477) (Miller, 1983)
35
Imagem 11: Tradições, Fases e Sítios Arqueológicos no Estado de Rondônia
36
Outros sítios com datas mais recuadas cronologicamente e relacionados ao
holoceno antigo são encontrados no rio Jamari. Este rio tem sua nascente no
sudoeste da Serra dos Pacaás Novos, de onde corre, no sentido norte,
desembocando na margem direita do rio Madeira. A região faz parte de uma
extensa planície com raras elevações.
Imagem 12 – Localização dos sítios líticos no rio Jamari.(Miller et alli 1992, p.58, fig. 62)
Fase Itapipoca
8320±100 – 6970±60 – Miller et alli (1992)
São sítios-acampamento sobre barrancos do rio Jamari. Dois deles com uma
camada cultural fina, de 15cm de espessura, logo acima do granito. Outro mais
espesso, com uma camada de 90cm, entre 510-600cm de profundidade.
37
em calcedônia, quartzo, rochas cristalinas e basalto. Quatro datas em RO-PV-
48 vão de 8320±100 (Beta-27015) – 6970±60 (Beta-27013).
Fase Pacatuba
6090±10 – 5210±70 - Miller et alli (1992)
38
As terras pretas evidenciadas variaram em camadas de 45 a 80cm de
espessura, enterradas entre um e dois metros da superfície atual. Trincheiras
escavadas no sítio RO-PV-48 expuseram horizontes de até 180x90m.
Dezenove datas em seis sítios situam a fase entre 4780±90 e 2640±60
AP.(Miller et alli 1992, 1992)
39
IMAGEM 14 – MATERIAL LITICO DO RIO Jamari Miller etalli 1992
40
No Pantanal do Guaporé Miller (1999) identifica uma Tradição lítica e uma Fase
cerâmica, sem tradição estabelecida.
Tradicao sinimbu
Fase Bacabal
41
Imagem 15 – Fases cerâmicas do sudoeste amazônico. Fonte: Miller (1999)
42
Tradição Sinimbu 8 . Possuindo um numero maior de sítios, em relação à
Tradição Sinimbu, era possivelmente semi-sedentária. Segue afirmando que os
grupos exploraram intensamente e extensamente a proteína de moluscos
gastrópodes lacustres, alguns terrestres. A prática de agricultura, consumo da
tabua e/ou arroz selvagem, são sugeridos pelo vasilhame cerâmico, mós e
9
9
Grande erva, até 3m, da família das tifáceas (Typha domingensis), que vive em águas paradas e
rasas, pois radica-se no fundo lamacento por meio de um rizoma, que é comestível. As folhas
servem para tecer esteiras e cestos.
10
Conhecido também como papiro.
43
aquáticos, tanto nos rios, quanto na várzea (sítio Taperinha, Roosevelt, no
Baixo Amazonas, Sambaquis Perotta no alto Xingu), como na costa atlântica,
(Sambaquis da tradição Mina, Simões, 1981).
44
Imagem 16: Localização dos sítios, por fases arqueológicas, no alto rio Madeira. (Miller,
1992, p.226)
A cerâmica apresenta uma pasta levemente arenosa, com tempero de: cariapé
e carvão, cariapé, cariapé e cauxí e cauxi. A simetria é quase perfeita, a
espessura é fina a mediana e regular, a pasta é compacta porosa e leve, o
tratamento de superfície é bem elaborado e esmerado, desde o alisado ao
polido, brunhido e envernizado (resina de jatobá). (idem)
45
amarelo e creme, combinadas, misturadas e associadas ou não com
decoração plástica. A decoração apresenta motivos em linhas, faixas e campos
curvilíneos, geométricos, zoomórficos e antropomórficos combinados entre si.
Os tipos retocados compreendem o inciso, exciso raspado e acanalado fino,
retocados ou preenchidos com branco, amarelo, laranja e vermelho.
46
Tradição Jamari
Miller (1992 e 1999)
Esta tradição ceramista foi localizada ao longo do médio e baixo rio Jamari. Os
96 sítios lito-cerâmicos ocuparam o baixo Jamari e baixo curso de seus
afluentes, ao longo de aproximadamente 340 km, desde o seu coletor, o rio
Madeira pela margem direita até seu tributário pela margem esquerda, o rio
Massangana.
47
Imagem 17: localização dos sítios cerâmicos no rio Jamari. Fonte: Miller et al. (1992), p. 33.
48
±90 – 2230±
Fase Urucuri 2500± ±50 Miller et alli, 1992
±140 – 420±
Fase Jamari 2130± ±50 Miller et alli, 1992
49
Imagem 18
50
Imagem 19
51
decoração principalmente com engobo vermelho, inciso e pintado, muito
raramente com inciso largo, ponteado, serrungulado, roletado, modelado e
escovado. As superfícies são regularmente alisadas.
Ocorre entre os sítios da Fase Jamari. São sítios-habitação com terra escura,
que não chega a ser considerada TPA, de 0-30cm, tendo forma circular e sub-
circular entre 100 x 100m a 160 x 160m, e 100 x 130m a 260 x 820m.
Localizam-se próximo ao rio Jamari e igarapés e nas cabeceiras de nascentes
perenes.
52
roletado. Ocorreram também pesos de fuso, perfurados e retocados, a partir de
cacos cerâmicos.
Segundo Miller et. al.(1992), vários sítios colocam esta fase como sucessora da
fase Jamari. Três datas colocam o fim da fase Jamari em 420 AP. Uma data de
230±80 (Beta-22752) em RO-PV-52 é compatível com a hipótese que esta fase
seja ligada ao contato com o europeu no inicio da conquista, 1600 A.D.
53
100 x 100m a 160 x 160m, e 100 x 130m a 260 x 820m. Localizam-se próximo
ao rio Jamari em igarapés e nas cabeceiras de nascentes. Em relação a
cerâmica, somente nesta fase é diagnosticada o tipo assador de biju11.
Nem todos os sítios geram este tipo de solo, sua formação estaria ligada a
mudanças nos padrões de assentamentos, como apontado por Neves et al
(2004). Para os autores o entedimento da TPA é fundamental para a melhor
compreensão de temas relacionados a ocupação do território amazônico.
11
Este tipo se refere a bordas diretas com inclinação totalmente horizontal, normalmente mais
espessas em relação aos fragmentos da coleção. (Miller et alli, 1992).
13
como fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg),
54
Em Miller et alli (1992) encontramos o que atualmente pode ser considerado o
surgimento da TPA nos sítios em Rondônia, e o mais antigo registro deste
fenômeno na Amazônia. O pesquisador relaciona a formação da TPA ao
acumulo de restos orgânicos produzidos por povos que da inicio a uma prática
de agricultura incipiente. No sítio RO-PV-48, foram evidenciados restos de
coquinhos carbonizados, recuperados em meio a TPA, datando 4130±160
(Beta-27406).
Para o autor (Miller et alli, 1992, Miller, 1987, 1992 e 1999) a cultura material
regatada nestes sítios auxiliaria também no argumento de uma agricultura
incipiente, já que artefatos líticos encontrados como: pedras-bigorna, pequenos
pilões, pequenas mãos de pilão e pequenos machados, serviriam para a
aquisição e processamento dos alimentos.
55
Neste local Miller (1992, p. 220) alerta sobre a antropocória, ocorre também
entre os sítios-lito cerâmicos:
56
agrícola itinerante, assim como manejo e controle de determinadas espécies14,
também praticada na terra firme, evento que pode proporcionar maior
estabilidade para os grupos, contribuído assim, no processo de formação da
TPA nos sítios.
Entretanto, Miller (1992, 1999) interpreta a formação da TPA – tanto dos sítios
da bacia do Jamari, quanto dos assentamentos do rio Madeira, como resultado
de constante reocupação dos assentamentos:
E, em relação aos sítios do médio rio Madeira, Miller (1999, p.337), sustenta
que:
14
O que observamos atualmente são as palmeiras, mas com certeza o número de espécies
vegetais manipuladas deveria ser bem maior.
57
(...)camadas de terra preta mais escura devem refletir períodos de
maior umidade, permitindo reocupações mais intensivas e
freqüentes, enquanto as camadas mais claras devem evidenciar
menos umidade, com menor índice demográfico ou ocupação menos
prolongada(...)
As propriedades físicas e morfológicas, dentro dos sítios com TPA não são
uniformes, segundo Kern (1988 e 1996), suas variações são explicadas por
diferentes atividades, estando relacionadas à preparação de alimentos, a
agricultura e ao descarte de resíduos orgânicos. Kämpf e Kern (2003), apontam
que esta variabilidade dificulta a inferência a na observação de, por exemplo,
taxa de acumulação, tempo de ocupação e da densidade da população que
habitava o local.
Kämpf et al. (2003) e Kämpf e Kern (2003) mencionam que atualmente está
confirmado, que a Terra Preta se forma a partir de atividades humanas
relacionadas à assentamentos e práticas agrícolas de indígenas pré-
colombianos (Smith, 1980; Eden et al., 1984; Pabst, 1985; Andrade, 1986;
Correa, 1987; Mora et al., 1991; Kern, 1988 e 1996).
58
A maioria das interpretações está baseada a partir da observação de
mudanças na cerâmica arqueológica, em estudos abalizados em seqüências
de seriação cerâmica, sítios – inclusive com terra preta arqueológica – que
ocupam áreas amplas de superfície, e que representariam sucessivas
reocupações durante séculos, em vez de uma única ocupação grande e
permanente.
Na área do baixo Jiparaná os dados são pontuais. Em sua foz com o rio
Madeira foi apontado dois sítios arqueológicos (RO-CA-01 e 02), relacionados
a subtradição Jatuarana. Estão situados próximos a diques marginas do rio
Jiparaná, sobre os interflúvios, em terra firme, delimitados pela terra preta
arqueológica, com espessura entre 55 a 70cm e dimensões de 550 x 210m e
420 x 190m.
15
As fases líticas não possuem tradição determinada. A Fase Vilhena, no município
homônimo, compreende raspadores circulares e laterais, lascas simples e com evidências de
modificação e uso, núcleos e seixos com retirada, em arenito e sílex. Possui três datações:
59
estabelece estes dados, e discute principalmente a presença da Tradição
Tupiguarani no local, representada por sete fases diferentes.
60
Imagem 20: Sítios arqueológicos com TPA, no médio Jiparaná, localizados por Miller (1987)
Nas fases Araça e Ironçaba, são encontrados sítios de menor porte – 45x32m
e 130x100m respectivamente – com camadas arqueológicas de menor
espessura, entre 15-20cm. Sítios maiores são associados as fases Jaru
(170x105m), Quiiba(239x110m), Graúna(180x290m) e Imbirissú (190x150m),
sendo a espessura predominante dos estratos arqueológicos de 40cm.(idem).
Uma das características desta área, é que mesmo havendo uma diferença na
coloração do solo dos sítios em relação ao solo vizinho, não se formou a Terra
Preta Arqueológica em nenhum local.
62
Fase Tradição Localização Características Cronologia Fonte
63
corrugado-ungulado, inciso, borda acanalada,
apliques mamiliformes. Morfologia: Vaslhames
pequenos a médios raramente grandes. Formas de
tigelas a vasos, bordas diretas a extrovertidas e base
arredondada, as vezes perfurada.
Fase Miller
ND Médio rio Jiparaná Antiplástico:Areia,Decoração(3%)Plástica: roletado ND
Graúna (1987b)
Fase Miller
ND Médio rio Jiparaná Antiplástico: Areia, Decoração (1%) Plástica:inciso ND
Imbirussú (1987b)
Fase Antiplástico: Areia, cariapé Decoração (2%) Miller
ND Médio rio Jiparaná ND
Ironçaba Plástica:Acanalado (1987b)
Fase Antiplástico: Areia grossa e fina. Ocorrem Miller
ND Médio rio Jiparaná ND
Quiíba perfurações para alça, decoração ausente (1987b)
64
Antiplástico de rocha alterada e areia grossa.
Fase Presença de engobo vermelho. Morfologia: Miller
ND Médio rio Jiparaná ND
Araçá Vasilhames pequenos, tigelas a vasos globulares. (1987b)
engobo vermelho
65
O alto Jiparaná, desde sua nascente até a cidade de Ji-Paraná, demarca a
uma área de transição da floresta amazônica com a savana. Neste trecho
possuímos dados resultantes de pesquisas arqueológicas requeridas para o
licenciamento ambiental de uma linha de transmissão de energia, de 230 kV,
com uma extensão de 279 km, interligando os municípios de Ji-Paraná e
Vilhena16.
De uma maneira geral, o local pode ser dividido em duas partes: O trecho ao
sul, entre as cidades de Pimenta Bueno a Vilhena, e o norte, entre Pimenta
Bueno e Ji-Paraná.
16
Levantamento arqueológico, Bueno e Machado (2005), Resgate arqueológico:
SCIENTIA(2005), Relatório Parcial: (2008)
66
Imagem 21 MAPA DOS SITIOS
67
Dois sítios em especial, adjacentes a planície de inundandação do rio Jiparaná,
fornecem dados importantes. Os sítios Nova Arizona(RO-JP-02) e Terra
Queimada (RO-JP-03)17, distante 7km na planície do rio Jiparaná, resultaram
uma área com ocorrência arqueológica de 750x350m. Lá, a camada
arqueológica predominante foi de 30cm de espessura.( Imagem 22)
Segundo Scientia (2008) a cerâmica dos sítios são muito semelhantes a dos
sítios arqueológicos relacionados a Tradição Tupiguarani, já identificada por
Miller (1987b) na região. Os potes costumam ter formas simples, com poucas
carenas. A composição da pasta contém pouco ou nenhum acréscimo de
temperos, além dos presentes nas fontes de matéria-prima (quartzo, areia,
hematita, feldspato e mica). As decorações são pouco freqüentes, sendo a
decoração plástica a mais abundante, com oito tipos: inciso roletado, inciso
cruzado, inciso fino, inciso largo, ponteado, roletado, ungulado, corrugado. A
decoração crômica é representada pela: pintura vermelha sobre engobo
branco,pintura branca, pintura vermelha e engobo vermelho. (Imagem 23)
17
Segundo Scientia (2008) os dois assentamentos são considerados atualmente como um só,
dado a proximidade entre os locais, a continuidade de material arqueológico entre os pontos,
além de cerâmicas muito semelhantes.
68
os pesquisadores os dados até o momento permitem associar a fase Jarú
(Miller, 1987b).
69
22,23,24 FIGURA NOVA ARIZONA E TERRA QUEIMADA
70
Miller aponta uma possível origem para a Tradição Tupiguarani na região, ao
relacionar o modelo de origem lingüística com à arqueologia. Pesquisadores
como Rodrigues (1964) e Migliazza (1982) apontam como centro de dispersão
do Tronco Lingüístico Tupi, a região de Ji-Paraná-RO, pois diversidade de
famílias lingüísticas pertencentes ao tronco identificadas na região sugeriria o
fato. E, onde a origem de tronco lingüístico tupi (origem da tradição cerâmica)
seria onde fosse registrada a maior ocorrência de variedade de famílias
lingüísticas (nesse caso, as fases cerâmicas).
Deste ponto, até a ocorrência seguinte são 10km. Denominado sítio Encontro
(RO-MA-05), trabalhos de escavação no local constataram dois pontos de
ocorrência de TPA no assentamento. O estudo deste sítio, que será tratado no
próximo capitulo, pode auxiliar na discussao não só arqueologia da bacia do rio
Jiparaná, mas também na arqueologia do Estado de Rondônia, como será
discutido no capítulo 4.
18
Este sítio está preservado, e o único trabalho realizado foi o de localização, feito pela equipe
de Machado e Bueno. Não havendo impacto pelo empreendimento, não foram realizadas
escavações no local.
71
São encontrados instrumentos líticos polidos dentro do Estado em
praticamente em todas as fases e subtradições.
Nos sítios escavados pela Scientia (12), em dez foram encontrados machados
tanto em superfície como in situ.
72
Imagem 25
73
ocorrência abundante também pode ser resultado de um uso continuo do
artefato por um longo período de tempo.
Ainda vamos aprofundar a questão, mas, de certa forma, podemos pensar que
a especialização num tipo de artefato que pode ter contribuído para o
estabelecimento de quem sabe um tipo de economia combinada com a
agricultura itinerante, possibilitando o estabelecimento de grupos em áreas
nucleares, também nos interfluvios.
74
CAPÍTULO 3 - SÍTIO ENCONTRO (RO-MA-05)
Noel Guarany
3.1 APRESENTAÇÃO
75
o manejo do gado19. O pasto cobre toda a extensão do assentamento onde
originalmente teria uma vegetação do tipo Floresta Ombrófila Densa,
característica destas áreas mais altas do sudoeste, formada basicamente por
palmeiras, trepadeiras e árvores de médio e grande porte (IBGE,1997).
3.2 PROCEDIMENTOS
19
Como mangueiras, cochos de sal, rodeio e um posto.
76
responsável pela parte de solos. As escavações foram realizadas em duas
etapas:
77
Imagem 28: escavação encocpntp e planimetria do sítio. Fonte: Wanderson
Esquerdo, SCIENTIA, 2006 Montagem e adaptacão do autor
78
3.3 Resultados
Das 25 sondagens previstas para esta malha, foram escavadas 24, pois o local
correspondente ao corte-teste N6 E8 não pode ser trabalhado devido à
presença de uma tapera. Grande parte do material arqueológico ficou
concentrado entre 10-30 cm (75,13%), tendo como profundidade máxima os 90
cm de profundidade na sondagem N20 E9. O total de material encontrado
nesta malha foi:
Nível Quantidade %
Cerâmica Lítico 0-10 cm 426 8
20
Tanto malha 10x10m, quanto 30x30m
79
nível cerâmica
0-10 cm 4
10-20 cm 94
20-30 cm 607
30-40 cm 50
40-50 cm 8
50-60 cm 4
Tabela 4: Quantidade de fragmentos cerâmicos por nível na sondagem N4 E22
Imagem 29: a esquerda sondagem S4 E28, no centro S22 E4, e a direita S20 W11
21
8,9% do total da escavação
80
Imagem 30 densidade 10x10[ Imagem 13 quantidade de cerâmica
escavada por sondagem na primeira fase ]
81
3.3.2 Malha 30x30m
Lítico Cerâmica
121 2293
Tabela 5: Quantidade de Material escavado na malha
Nível Quantidade %
0-10 cm 353 15,39
10-20 cm 947 41,3
20-30 cm 712 31,06
30-40 cm 206 8,98
40-50 cm 33 1,44
50-60 cm 34 1,48
60-70 cm 8 0,35
Tabela 6: Quantidade e densidade de material cerâmico por nível na malha 30x30m
82
Lítico Ceramica
0-10 cm 15 104
10-20 cm 25 172
20-30 cm 18 129
30-40 cm 5 105
40-50 cm 3 20
8
50-60 cm 32
60-70 cm 0 8
Tabela 7: Resultado da escavação da sondagem S49 E54
Imagem 31: a esquerda, escavação da malha 30x30m, no centro, sondagem S49 E54, e a
direta, 35S/31W, esta mais afastada nas ocorrências de TPA e com pouca presença de
material arqueológico.
83
Imagem 32 densidade de materlai 30x30
84
3.4 CERÂMICA
22
Relacionados a morfologia do fragmento. Em suma, seria tudo aquilo que é diferente de parede e está
contemplado no item Categoria da ficha de análise
23
A partir das variáveis do item ´marcas’ da ficha de análise
24
Correspondendo a 20,4% do total da coleção.
85
A seguir são analisados os atributos relacionados ao antiplástico.
Primeiramente são identificados seu tipo, que no caso do sítio, como veremos,
era composta por minerais em sua totalidade, ou combinados em alguns casos,
com chamote (cerâmica moída), carvão ou vegetais. É verdade que o
antiplástico mineral pode ser encontrado naturalmente na argila, não sendo
necessariamente inserido propositalmente, e devido a este fato, buscamos
levantar questões um pouco além do tipo de antiplástico. Segundo Orton et alli
(2003) a fabricação de um utensílio cerâmico (preparação da argila, forma,
espessura das paredes, decoração, a relação entre o tempo de secagem do
pote antes da queima e as técnicas de cocção possíveis) e as propriedades
tecnológicas de um pote pronto (Porosidade, resistência física e térmica)
dependem em grande parte do caráter da mistura da argila original com outros
componentes antiplásticos – ou a própria eliminação destes componentes que
podem estar naturalmente na matéria-prima.
O autor ainda sustenta que quase toda a argila requer algum tipo de
preparação antes de ser empregada na fabricação da cerâmica. A preparação
da argila entra em duas categorias. A primeira se relaciona a limpeza, a
extração de materiais não desejados, como raízes por exemplo. Em segundo
lugar pode ser necessária a modificação das propriedades do material. O
objetivo é obter um produto (esperado quais as propriedades sejam previsíveis,
controladas e adequadas) a partir das matérias-primas que variam, para o
processo montagem, secagem e cocção que se deseja empregar. As
propriedades desejadas para o produto final já cozido, como por exemplo as
características térmicas(efetividade e resistência), dureza, porosidade, podem
exigir certas preparações específicas.(idem)
86
de uma referência gráfica que estima uma porcentagem visual de antiplásticos
na pasta. Um gabarito, a partir de Mathew,et. al. (1991) serviu de base para as
variáveis de análise:
Frequencia
1 2 3
A
D
A1: 5%,0,5 a 1mm; A2: 5%, 0,5 a 2mm; A3: 5%,0,5 a 3mm; B1: 10%,0,5 a 1mm;
B2: 10%, 0,5 a 2mm; B3: 10%, 0,5 a 3mm;C1: 20%,0,5 a 1mm; C2: 20%, 0,5 a 2mm;
C3: 20%, 0,5 a 3mm; D1: 30%, 0,5 a 1mm; D2: 30%, 0,5 a 2mm; D3: 30%, 0,5 a 3mm.
Imagem 33: Mathew et al. (1991) A combinação entre letras e números gerou
12 variáveis para o atributo.
87
extremos das tabelas (A1 e C3). Esta diferença, se observável, pretende
contribuir com a caracterização da variabilidade das pastas 25 cerâmicas
utilizadas no sítio. Buscamos observar, por exemplo, se ocorreu a
padronização no uso de determinadas características da argila, pois isto
poderia indicar escolhas culturais.
Ordenação
Com a posse destes dados, aliados ao item Cor, que será exposto no decorrer
do texto, pretende-se realizar inferências quanto a associação entre o uso de
determinados antiplásticos e determinadas argilas. Buscamos identificar a
recorrência, ou não, de tais associações, pois estas seriam questões
importantes relacionadas a possíveis escolhas feitas pelo artesão na produção
dos utensílios cerâmicos. As escolhas podem ser entendidas como decisões
feitas durante a manufatura dos produtos que determinam as propriedades
25
Foi utilizado um conjunto de atributos buscando identificar os diferentes usos da argila para
confecção de artefatos.
88
formais, a partir dos recursos disponíveis acrescidos dos conhecimentos de
seu produtor.
89
Para a determinação da cor foram criadas coleções de comparação com
fragmentos do sítio, contendo exemplos das diferentes tonalidades que cada
cor possui. A escolha dos tipos de Cor foi realizada a partir dos cromas da
tabela de Munsell, e com influência do senso comum da percepção dos
pesquisadores envolvidos na análise. Considerou-se para a comparação das
cores, a face externa dos fragmentos.
26
Para a classificação, entendemos a barbotina como uma mistura fluida de pasta cerâmica,
com a mesma coloração do fragmento, diferente do que foi classificado como engobo, um
banho com uma mistura fluída de pasta cerâmica, com pigmentação, de cor diferente do
fragmento. Rye (1987) comenta sua função impermeabilizante, mas a atribui uma função
decorativa, como uma camada que se superpõe à superfície de uma peça a fim de modificar,
depois da queima, a cor e o aspecto da superfície. Este item foi avaliado em decoração.
90
diretamente na superfície, ou sob camada de engobo, tanto na face interna,
como externa dos cacos.
3.4.2 RESULTADOS
3.4.2.1 Categoria
1500 1243
1000
Categoria
500 320
16 7 8 10 1 1 3
0
91
3.4.2.2. Técnicas de manufatura
Técnica de manufatura
1200
970
1000
800 643
600
400
200
1
0
Não identificado Acordelado Modelado
3.4.2.3 Antiplástico
27
Caco de cerâmica moída.
28
Estes vegetais foram identificados no interior da pasta. Tratam-se de minúsculos vestígios,
parecendo pequenos galhos. Não ocorreu cariapé.
92
Tipo de antiplástico
2000 1565
1500
1000
500 35
7 1 5
0
Não Mineral Chamote Carvão + Vegetal +
Identificado Mineral Mineral
Freqüência do antiplástico
800
598
600
400 268 314
200 130 77 131
5 21 37 15 1 17
0
NI A1 A2 A3 B1 B2 B3 C1 C2 C3 D2 D3
Os tipos mais freqüentes (A3, B2 E B3) somam 73,2%, e têm como com
característica, em comum o caráter heterogêneo da distribuição de antiplástico
na pasta (0,5mm a 2mm e 0,5 a 3mm) e a proporção de 10%. Esta proporção,
como observado no sítio, correspondem como um equilíbrio, entre os valores
de menor e maior quantidade de antiplástico encontrados na pasta. Os tipos
A1, A2, B1, C1, considerados mais finos, com menor teor de antiplástico e com
componentes mais homogêneos, representam 12,9% dos casos. Os tipos que
atingem maior quantidade antiplástico no fragmento foram agrupados, em C2,
C3, D2, D3, e correspondem a 13,9% dos casos.
29
Os tipos resultantes, que podem ser visualizados na página 86, imagem 33, foram:
A1: 5%,0,5 a 1mm; A2: 5%, 0,5 a 2mm; A3: 5%,0,5 a 3mm; B1: 10%, ; B2: 10%, 0,5 a
2mm; B3: 10%, 0,5 a 3mm; C1: 20%,0,5 a 1mm; C2: 20%, 0,5 a 2mm; C3: 20%, 0,5
a 3mm; D1: 30%, 0,5 a 1mm; D2: 30%, 0,5 a 2mm; D3: 30%, 0,5 a 3mm.
94
Ordenação do antiplástico
1000 913
800
600 503
400
147
200 4 45 2
0
MUITO EQUILIBRA BEM MUITO BEM
NI POBRE
POBRE DO ORDENADO ORDENADO
Total 4 913 503 147 45 2
Dimensão do antiplastico
1000 862
800
551
600
400
200 97 93
0
<1mm ≥1<3mm ≥3<5mm >5mm
95
fundamentais para a caracterização das pastas cerâmicas presentes no sitio,
item desenvolvido após a exposição dos resultados.
3.4.2.4 Queima
Queima
46,60%
50,00%
38,50%
40,00%
30,00%
20,00% 14,90%
10,00%
0,00%
Completa-Oxidante Completa-Redutora Incompleta
96
3.4.2.5 Cor da pasta
Cor da pasta
829
441
118 143 51 11 21
Cor da pasta
1200 972
1000
800
600 441
400
118 51
200 11 21
0
97
A pasta de cor marrom foi predominante (61,2%), seguindo da laranja (28,2%),
amarela (%7,4) e vermelha (3,2%). A análise do comportamento da
variabilidade de cada cor, em relação a diferentes atributos, como freqüência e
ordenação do antiplástico, por exemplo, são dados que serão utilizados, visto o
objetivo de caracterizarmos os tipos de pasta encontradas no sítio.
98
Sua ocorrência é popular, foi identificada em 789 fragmentos, representando
48,9% da coleção analisada. Em diversos fragmentos não puderam ser
identificados vestígios da barbotina devido ao grau de erosão do material. A
variação de sua localização, face interna, externa ou ambas, pode ser
relacionada também com o estado de conservação, em grande parte erodido.
Presença de barbotina
0%
20% Ausente
Face Externa
Face interna
16% 51%
Ambas as Faces
NI
13%
99
Segundo Rye (1987) existem diversas técnicas para a aplicação, que acabam
formando características especificas, em relação ao tipo de material utilizado,
método de aplicação, queima e os tratamentos de superfície após a queima.
As três mais recorrentes consistem em: 1) mergulhar o artefato em um tanque
com a suspensão; 2) Jogar o fluido com o auxilio de um artefato atuando como
uma espécie de pincel e; 3) Jogar e espalhar o fluído em pequenas
quantidades. Em todos os casos este tratamento é aplicado antes da secagem
do pote, já que com o utensílio seco, dificilmente a suspensão irá se fixar, além
de também reduzir em grande a parte a trincas na parede durante a secagem.
(idem)
O autor ainda aponta que mergulhar o artefato em uma vasilha com uma
suspensão de argila produz um tratamento de superfície mais homogêneo, com
melhor performance em relação aos outros.(ibidem). Este pode ser o caso
diagnosticado no fragmento En-924, conforme a imagem 36, já que ao secar o
pote depois de mergulhado no fluído, provavelmente um excesso de argila
poderia acumular nas proximidades inferiores do artefato, conforme
observamos.
Outro tratamento de superfície presente, ainda que pouco freqüente, foi o
polimento, sendo identificado na face interna e externa dos fragmentos,
constituindo 1,17% da coleção. Apesar da amostra reduzida de indivíduos
polidos, nota-se, conforme o gráfico , que há uma tendência entre a espessura
do fragmento (entre 0,6 e 0,8cm), e a ocorrência do polimento, sempre na face
interna, ocorrendo em 94,4%.
100
Presença de
polimento/espessura
0,6
FE 1
0 2 4 6 8
3.4.2.7 Morfologia
No sítio a espessura dos cacos variou de 0,3 a 2 cm, com grande parte se
concentrando entre 0,6 e 0,8cm (62%), havendo poucos indivíduos entre 1 e
1,5cm (6%) e raríssimos entre 1,6 e 2cm (0,8%). (Gráfico 12)
Segundo Rice (1987), a espessura dos fragmentos pode estar relacionada aos
diferentes tipos de função que os utensílios cerâmicos possam ter. Potes com
101
paredes mais finas podem conduzir melhor o calor e cozinhar mais
rapidamente, enquanto as vasilhas mais grossas podem ser destinadas ao
armazenamento e ao processamento de alimentos – por terem maior
resistência física e apresentar menos porosidade em relação as mais finas.
3.4.2.8 Bordas
7%
Extrovertida
11%
Direta
45%
Inclinada
externamente
Inclinada
27%
internamente
Introvertida
10%
102
Quanto ao espessamento, o mais encontrado foi o normal, ou direto – quando
a espessura entre o lábio e a quebra do fragmento são iguais – em 87,6% dos
fragmentos. A ocorrência dos tipos expandida, dobrada e contraída foi
raríssima, somando todos os casos 2,6% das bordas analisadas.
103
IMAGEM 38 e TIPOS DE BORDA
104
39 DOS PERFIS DOS
105
3.4.2.9 Tipo de lábio
Tipos de lábio
274
10 9 33
2
Introvertida
Inclinada Internamente Arredondado
Inclinada externamente Plano
Direta Apontado
Extrovertida Biselado
106
3.4.2.10 DIÂMETRO DA BOCA
Em 18,75% das bordas foi possível identificar o diâmetro da boca, que variou
entre 6 e 48cm. Valores entre 14 e 24cm foram predominantes; (Gráfico 20).
0
10 12 14 16 17 18 20 22 24 26 28 30 34 36 40 48 6
30
10,75%
31
26,66%
32
40,35%
107
acordelamento na manufatura mesmo desde a base. Nos demais fragmentos
não foram identificados sua técnica de manufatura.
108
Tipo de decoração plástica
Corrugado-ungula
4% Inciso fino
Entalhado 4%
2%
Corrugado
33%
Roletado
23%
Ungulado
11%
Inciso
23%
109
Imagem 42: fragmentos corrugados. A esquerda En-, acima,da esquerda da
pra direita, En-, abaixo, En-.
Outro caso semelhante foi o modo como o roletado foi utilizado, que ocorre
também somente até o maior ponto de inflexão dos potes. Um traço
interessante diagnosticado associado a esta técnica é a ocorrência de uma
espécie de falha, rompendo os roletes verticalmente, ocupando superfície
considerável, conforme abaixo na imagem 42:
Imagem 43: acima, dois fragmentos com a falha citada, e abaixo, fragmentos
roletados sem a anomalia.
110
Em 25% dos tipos de roletado ocorre esta marca, que, até o momento, é
entendida como decorrência da erosão de determinada espécie de aplique na
borda, por exemplo. A ocorrência de apliques no sítio foi praticamente nula,
salvo um fragmento, de proporção muito reduzida, não correspondendo a falha
diagnosticada nas bordas.
111
Presença de tipos de decoração plástica entre
direta extrovertida bordas com reforços
ref in
ref ex
ref ex
Gráfico 18: presença de decoração entre bordas reforçadas. (Ref in: reforçada
internamente, e Ref ex: reforçada externamente).
112
Imagem 46: a esquerda representante do tipo ungulado e no centro e direita
corrugado-ungulado.
113
Tipo de pintura
Pintura branca Pintura
sobre engobo vermelha
20% 20%
Pintura preta
sobre engobo
10% Pintura branca
20%
Pintura
vermelha sobre
engobo
10% Pintura preta
20%
Pintura vermelha Pintura branca
Pintura preta Pintura vermelha sobre engobo
Pintura preta sobre engobo Pintura branca sobre engobo
114
Imagem 49: fragmentos com engobo vermelho
115
IMAGEM 50 motivos de pintura identificados.
116
3.5 QUALIFICAÇÃO DOS ATRIBUTOS – CARACTERIZANDO A INDÚSTRIA CERÂMICA DO
SÍTIO ENCONTRO
117
No caso do sítio, conforme indicamos, temos quatro tipos estabelecidos:
laranja, marrom, vermelho e amarelo. O valor relativo às cores laranja e
marrom somados tem representatividade de 89,2%, e são neles que
encontramos grande parte da variabilidade33 diagnosticada no sítio. Os tipos
vermelho e amarelo, possuem especificidades, estas, ligadas mais a atributos
tecnológicos (variação de antiplástico), e morfológicos (tipos de borda,
espessura do fragmento)
1-3mm
3-5mm
ou5mm
maior
0 50%
33
Nestas cores encontramos todas variáveis de itens como: categoria, tipo de antiplástico,
espessura de antiplástico, tratamento de superfície, barbotina, decoração plástica, diferentes
tipos de borda.
118
ordenação, com o tipo de ordenação predominante o muito pobre34, seguindo
do pobre 35 , diferentemente da pasta amarela, que novamente demonstra
variação, atestando uma proporção maior de fragmentos equilibrados e bem
ordenados36.(Gráfico 21)
Vemelho
Marrom
Laranja
Amarelo
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
34
laranja 62,52%, marrom 57,92%, vermelho 64,72%.
35
laranja 28,21%, marrom 32,16%, vermelho 27,45%.
36
Na pasta amarela a soma de bem ordenado mais equilibrado é 46,6%,
enquanto que na cor laranja é: 9,25%; marrom 9,9%; vermelho 7,85%.
119
Frequencia do antiplastico/cor da pasta
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
A1 A2 A3 B1 B2 B3 C1 C2 C3 D2 D3
120
Seriação gráfico 23
121
Tratamento de superfície
Tratamento de superficie/cor
Vermelho
Amarelo
Marrom
Laranja
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
A pasta amarela é a que possui maior indicador de tipos alisados e, além disso,
não ocorre o polimento, engobo ou pintura, caracterizando-se como o tipo de
tratamento de superfície mais homogêneo entre as cores.
122
Entre os indivíduos alisados, em muitos, esta associada a barbotina,
principalmente entre a pasta a vermelha (61,6%). Nesta e nas pastas marrom
(50,9%) e laranja (44,9%) a proporção da presença da barbotina fica
semelhante a encontrada considerando todas as cores (48,9%). A pasta
amarela é que apresenta menos fragmentos com este tratamento de superfície,
em 34,5% dos casos. (Grafico 25).
Presença de barbotina/Cor
Vermelho
Ausente
Marrom
AF
Laranja
FE
Amarelo
FI
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Morfologia
123
Cor/espessura do fragmento
Amarelo
Marrom
Vermelho
Laranja
0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,8 2
Gráfico 26 : Distribuição dos tipo de cor de pasta entre as medidas de espessura (em cm) dos
fragmentos identificados.
Direta
Extrovertida
Introvertida
0 50%
37
Apesar de que na pasta vermelha as bordas extrovertidas representam 77,7%, considerou-
se a pasta amarela como mais significativa dado o tamanho da amostra analisada de
indivíduos vermelho.
124
Laranja 44,21% 33,68% 22,1%
Um dos dados que chamam a atenção é que somente entre a pasta amarela
que o tipo introvertida não é o menos representativo. Observamos que entre a
cor as bordas tendem a ser extrovertidas, em sua maioria, ou introvertidas,
restando poucos indivíduos correspondentes a morfologia direta, e sendo esta
uma das principais diferenças das as cores.
Decoração Plástica
125
Tipo de decoração plástica por cor
Entalhado
Roletado
Ungulado
Inciso
Corrugado
Amarelo
Vermelho
Marrom
Laranja
126
branco sobre engobo
preto sobre engobo
marrom
vermelho sobre engobo
laranja
preto
vermelho
branco
vermelho
Tipo de pintura/cor
vermelho
vermelho
branco
laranja
preto
marrom
vermelho sobre
0% 20% 40% 60% 80% 100% engobo
Os tipos mais comuns que ocorrem no sítio são relacionados às cores marrom
e laranja, com cacos que demonstraram tecnologia e morfologia semelhantes,
mas no tratamento de superfície e nas decorações apresentam tendências
desiguais.
38
No anexo 2 , realizamos um teste entre as duas malhas aplicadas no sítio, e as duas
sondagens com mais material arqueológico, relacionando diferentes atributos a fim de
comparar os resultados. É interessante perceber que sob todos os níveis (escalas) analisados
(tanto malhas 10x10 e 30x30m, e sondagens) os tipos mais populares são os mesmos, marrom
e laranja, com freqüência B3 e ordenação muito pobre.
127
C3/muito pobre, representam mais de 60% das ocorrências. Nas duas o tipo
B3/muito pobre é o mais freqüente.39
Sobre a pasta amarela, podemos considerar que esta foi utilizada de uma
maneira diferente que as outras cores. Conforme pudemos relatar, estas
dissimilitudes são encontradas sob diferentes aspectos tecnológicos,
morfológicos e decorativos. A freqüência/ordenação do antiplástico é um
exemplo, resultando como tipos predominantes aqueles que indicam menos
proporção na pasta e mais homogeneidade entre os componentes,
representados por A2/equilibrado (21,3%) e A3/pobre (18%). A espessura
predominante dos fragmentos também é mais fina que as cores anteriores
predominando entre 0,5 e 0,7cm, e as bordas extrovertidas tem a maior
população em relação as demais cores. Interessante é que nesta tonalidade
ocorrem raríssimos tipos decorados, ausência de pintura, engobo e polimento,
e a proporção de barbotina é menor em comparação as outras pastas.
39
Laranja: 32,31%, Marrom 30,1%.
40
Laranja extrovertidas: 33,68% e introvertidas: 22,1%, marrom extrovertidas
45,1% e introvertidas: 7%.
128
Na vermelha acreditamos que sua caracterização foi prejudicada pela baixo
número de indivíduos obtidos na triagem. O Tipo de freqüência/ordenação do
antiplástico mais popular foi a A3/muito pobre(31,37%) e B3/muito pobre
(17,64%). Chama a atenção que neste tipo de cor o antiplástico tende a ser
mais heterogêneo que as demais, ou seja, com componentes variando a
proporção desde tamanhos muito reduzidos, a dimensões consideradas
grandes com mais de 3mm. Os fragmentos também são mais finos,
predominando espessuras de 3mm até 6mm. Dado o número reduzido da
amostra quem sabe, o numero de bordas foi muito reduzido e resultaram por
conseqüência somente tipos diretos e extrovertidos. Mas ao mesmo tempo,
tipos de decoração plástica como o Inciso e ungulado, e pintura, como preta e
vermelha também ocorrem entre esta pequena amostra.
129
de tamanhos variáveis – com diâmetros de boca entre 6cm e 48cm. A
espessura dos potes podem ter variado de acordo com o seu tamanho, o
volume e a sua função (por exemplo, assadores, bordas diretas inclinadas
exteriormente, tendem a ser mais grossos,).
Assim como o polimento, que foi identificado em poucos casos, sempre na face
interna dos fragmentos com espessura mais finas que 0,8cm.
130
Marrom: a mais freqüente, em mais de 60%, possui ampla variabilidade,
comportando todas as variáveis analisada, inclusive decorações
plásticas e pintadas. A ocorrência de polidos é praticamente exclusiva a
esta pasta, onde tipos de borda direta e extrovertidas predominam, com
raríssimas introvertidas.
Laranja: Segunda mais freqüente, parece ser a escolhida para aqueles
fragmentos com decoração plástica, e possuindo mais de 60% dos
fragmentos corrugados. A pintura quando encontrada aqui, era aplicada
somente sobre engobo vermelho.
Amarelo: A mais homogênea no quesito tratamento de superfície.
Diferencia-se pela menor freqüência de antiplastico na pasta, assim
como a presença de componentes mais finos que as demais cores. Não
ocorrem decoração pintada, engobo ou polimento, e a barbotina, esta
presente em 30%, índice baixo se compararmos com outras cores.
Formas mais abertas, principalmente extrovertidas.
Vermelho: Difícil caracterização. Talvez pelo seu uso mais restrito a
potes com menor tamanho, indicado pela espessura dos fragmentos e
pelo diâmetro da boca, nesta pasta encontramos o maior índice de
cacos com algum tipo de decoração.
Como vimos, existiu a preferência de determinadas pastas (com atributos
relacionados a cor,freqüência e tamanho do antiplástico41) para a execução de
determinadas funções, não pode ser realizada, mas a estandardização de
conjuntos de atributos percebidos, podem dar caráter de especialização em
determinados tipos da industria.
41
Exemplo seria o alto índice de indivíduos com um mesmo padrão, por
exemplo: marrom, 30%de antiplástico, ordenação muito pobre, laranja 30% ,
laranja 20% amarelo 10%
131
Existem tipos, que pela recorrência, consideramos típicos da indústria cerâmica
do sitio Encontro. Como é o caso das bordas extrovertidas e das com reforço e
decoração plástica, normalmente incisa ou ungulada.
A definição do termo foi explicada por Brochado (1973, p.9) da seguinte forma:
132
siendo producida y utilizada por algunos de estos grupos, com
diversas variantes, desde el siglo XVI hasta el inicio del siglo
XX. Por este motivo fue adoptada la designación Tupiguarani,
escrita sin guión, para distinguir a la tradición alfarera de la
família linguistica, cuya denominación se escribe separada por
un guión Tupi-guarani.(...)
133
3.6 LÍTICO
134
Imagem 52: líticos polidos em quartzo.
42
As coletas foram realizadas nas seguintes sondagens: N4 E22 - evidência de
terra preta arqueológica S49 E54 - evidência de terra preta arqueológica S74
E71 - sondagem na malha 30x30m com presença de material arqueológico e
AD – área adjacente ao sítio arqueológico.
135
orgânico, P, Ca, Mg, Mn, Zn, etc.). Estas propriedades, por constituírem
assinaturas antrópicas, possibilitam o estabelecimento de critérios para a
identificação e a classificação específica desses solos, independentemente das
classificações pedológicas formais.(idem)
Também foi possível datar o perfil de uma das sondagens com TPA em dois
pontos. Os resultados do C14, mais o isótopo nos auxiliaram a situar o
assentamento, com dados cronológicos e possíveis dois possíveis indicadores
paleoambientais.
43
Vide croqui da pagina 67
136
3.7.1 Registro dos dados estratigráficos
Os três locais apontados onde houve a descrição e coleta de solo para análise
foram denominados de TPA-1, TPA-2 e AD.44
44
TPA-1 corresponde à sondagem N4 E22, TPA-2: sondagem S49 E54 e AD: área adjacente
ao sítio. Vide croqui da pag 67 para conferir a localização destes pontos no sítio arqueológico
137
imagem 53 1 tpa
138
imagem 54 tpa2
139
A camada com evidências arqueológicas predominante, em ambas as
sondagens é areno-argilosa, e esta situada entre 0-30/40cm de profundidade,
com colorações entre 10YR 2/1 e 10YR 4/2. A incidência de fragmentos
cerâmicos em cada nível artificial escavado, e entre os diferentes horizontes
estabelecidos aparentam algumas diferenças em meio aos dois locais, tendo a
TPA-1 uma camada arqueológica predominante de 30cm. Especialmente um
horizonte, A3, entre 20-30cm, há a ocorrência de 80,1% da cerâmica escavada
nesta sondagem.(Tabela 9)
TPA 1
Nível Horizonte Cerâmica
0-10 cm A1-A2 4
10-20 cm A2- A3 94
20-30 cm A3 607
30-40 cm A3 50
40-50 cm A4-AB 8
50-60 cm AB 4
TPA - 2
nível Horizonte Cerâmica
0-10 cm A1 104
10-20 cm A2 172
20-30 cm A2 129
30-40 cm A3 105
40-50 cm A3 20
50-60 cm A3/BA 32
60-70 cm BA/B1 8
140
Na área adjacente ao sítio e no próprio assentamento ocorre a predominância
de solos muito arenosos (entre 60-70%), de 0 a 50/60cm de profundidade.
141
2/1, Black) particularidade deste tipo de solo, indicadas por Kämpf e Kern
(2003). As diferenças físicas e morfológicas entre os dois pontos não são
poucas, assim como a situação estratigráfica da cerâmica, sua freqüência, e a
composição química dos horizontes pedológicos, como veremos a seguir.
Geralmente, as terras pretas são caracterizadas pelo alto valor do pH. (Kern,
1996, Woods, 2003, Kern et. al., 2004). A TPA-1 apresentou o valor mais alto
dentro do sítio. No outro caso, TPA-2, no entanto, os valores ficaram mais
próximos do que foi indicado para a AD, também considerando alto. (Tabela
12). Os dados para dentro do sítio podem ser explicados de significante
presença de cátions com reação básica em água, presente em Ca, Mg, K e Na.
pH
AD TPA-1 TPA-2
KC
nível H2O KCl nível H2O nível H2O KCl
l
A1 0-10cm 5,9 4,6 A1 0-7/8cm 6,3 4,6 A1 0 - 12 cm 5,1 4,5
7/8 –
A2 10-20cm 6 4,5 A2 12/13cm 7 5 A2 12-29cm 5,4 4,6
12/13 –
AB 20-39cm 5,9 4,5 A3 34/37cm 6,2 5,1 A3 29-54cm 5,5 4,7
34/37 -
BA 39-55cm 6,1 4,5 A4 47cm 6,9 5,1 BA 54-68cm 6,2 5,2
B1 55-79cm 6 4,8 AB 47 - 63cm 6,4 5,1 B1 68-85cm 6,1 5,7
79-
B2 100cm+ 6 5,2 BA 63 - 79cm 6,8 5,2 B2 85-130cm 6,2 5,8
79 -
B1 107cm 6,5 5,5 0 - 12 cm
107 –
B2 150+cm 6,9 6 12-29cm
Tabela 12 : Valor do pH
142
Estudos indicam que o acúmulo de resíduos de origem vegetal e animal,
podem causar o aumento nos níveis de fósforo (P), cálcio(Ca), e
magnésio(Mg). Os altos índices de potássio (K) quando encontrados podem ter
relação com atividades de queima, cinzas, além da presença de outros
materiais de origem orgânica como couro,pêlos, etc. que resultariam no
aumento significativo no valor deste elemento.
TPA-1 M.O. P Na K Ca Mg
nível g.kg-1 mg.kg-1 mmolc.kg-1
A1 0-7/8cm 31 86 0,4 4 56 20
A2 7/8 – 12/13cm 27 126 0,3 3,6 50 16
A3 12/13 – 34/37cm 23 61 0,3 2,6 36 11
A4 34/37 - 47cm 12 27 0,3 1,5 13 5
AB 47 - 63cm 10 35 0,2 1,9 14 5
BA 63 - 79cm 10 31 0,3 3,2 17 7
B1 79 - 107cm 10 18 0,4 5,3 17 9
B2 107 – 150+cm 8 2 0,3 7,8 12 6
TPA-2 M.O. P Na K Ca Mg
nível g.kg-1 mg.kg-1 mmolc.kg-1
A1 0 - 12 cm 40 25 0,5 3,2 42 11
A2 12-29cm 24 18 0,3 0,8 20 3
A3 29-54cm 14 4 0,2 0,3 13 1
BA 54-68cm 10 3 0,2 0,4 10 1
B1 68-85cm 10 3 0,2 0,8 20 2
B2 85-130cm 9 2 0,3 1,3 20 3
AD M.O. P Na K Ca Mg
nível g.kg-1 mg.kg-1 mmolc.kg-1
A1 0-10cm 36 8 0,2 1,4 20 4
A2 10-20cm 26 6 0,3 0,7 16 3
AB 20-39cm 16 4 0,2 0,5 18 2
BA 39-55cm 12 3 0,2 0,4 13 2
B1 55-79cm 11 2 0,2 0,4 15 2
B2 79-100cm+ 9 1 0,2 0,5 16 4
Tabela 13: valores de M.O., P, Na, K, Ca, Mg. FS: fora do sítio
143
Os índices de matéria orgânica (M.O) verificados nas duas TPA’s aparentam
um ligeiro aumento em relação ao encontrado fora do sítio. Observamos que a
partir de 20cm de profundidade, fora do assentamento, tem-se um diminuição
dos valores, enquanto que na TPA isto ocorre um pouco mais abaixo, a partir
de 30/37cm.
No outro ponto (TPA-2) as variações em relação a área adjacente não são tão
superiores em P, Ca, enquanto que nos demais elementos (Na, K, Mg) há uma
nítida superioridade no horizonte A, afetado pela ocupação humana.
45
soma de Ca, Mg, K,
46
valor T é a soma de todos os cátions (Ca, Mg, K), e Al e H.
47
valor V/m A porcentagem de cátions básicos (Ca, Mg, K) em relação ao valor
T (todos os cátions, Al e H)
144
TPA-1 Al H+Al SB T V m
-1
nível mmolc.kg %
A1 0-7/8cm 2 40 80,4 120,4 67 2
A2 7/8 – 12/13cm 0 39 69,9 108,9 64 0
A3 12/13 – 34/37cm 0 29 49,9 78,9 63 0
A4 34/37 - 47cm 0 8 19,9 27,8 71 0
AB 47 - 63cm 0 8 21,1 29,1 73 0
BA 63 - 79cm 0 9 27,5 36,5 75 0
B1 79 - 107cm 0 10 31,7 41,7 76 0
B2 107 – 150+cm 0 4 26,1 30,1 87 0
TPA-2 Al H+Al SB T V m
-1
nível mmolc.kg %
A1 0 - 12 cm 3 49 56,7 105,7 54 5
A2 12-29cm 3 35 24,1 59,1 41 11
A3 29-54cm 2 20 14,5 34,5 42 12
BA 54-68cm 0 9 11,6 20,6 56 0
B1 68-85cm 0 7 23 30 77 0
B2 85-130cm 0 9 24,6 33,6 73 0
AD Al H+Al SB T V m
nível mmolc.kg-1 %
A1 0-10cm 3 40 25,9 65,9 39 10
A2 10-20cm 4 27 20 47 43 17
AB 20-39cm 4 18 20,7 38,7 53 16
BA 39-55cm 3 14 15,6 29,6 53 16
B1 55-79cm 2 10 17,6 27,6 64 10
B2 79-100cm+ 0 12 20,9 32,9 64 0
Na análise dos microelementos (B, Cu, Fe, Mn, Zn) o comportamento dos
valores não seguiu, digamos assim, a mesma tendência dos elementos
analisados anteriormente. Apesar de ter diferenças na densidade de vestígios
arqueológicos, e ter elementos que indicam uma maior fertilidade de um dos
dois pontos de TPA estudados, os dados vinculados a análise dos
microelementos apontaram paridade entre os dois pontos com TPA. Kern
(1996) e Kern et. al. (1999, 2004) associam o alto índice de Zn, Mn e Cu com a
presença de vegetais, como a palmeira e a mandioca, que são ricos nestes
elementos, e conhecidos na etno-história pela ampla utilização na construção
145
de casas e na alimentação, sendo prováveis responsáveis, em grande parte,
no enriquecimento dos valores destes elementos no registro arqueológico.
TPA-1 B Cu Fe Mn Zn
-3
nível mg dm
A1 0-7/8cm - 2,2 238 33,2 18,1
A2 7/8 – 12/13cm - 2,8 142 64,8 12,3
12/13 –
A3 0,13 3,5 95 66,8 6,1
34/37cm
A4 34/37 - 47cm - 1,5 52 40,9 1,9
AB 47 - 63cm - 1 52 36,4 1,6
BA 63 - 79cm - 0,5 23 14,8 0,8
B1 79 - 107cm - 0,2 5 1,9 0,3
TPA-2 B Cu Fe Mn Zn
-3
nível mg dm
A1 0 - 12 cm 0,19 1,9 277 119,6 17,5
A2 12-29cm - 1,4 135 101,8 2,2
A3 29-54cm 0,1 1,2 18 24,5 1,4
BA 54-68cm 0,11 0,4 28 19,2 0,4
B1 68-85cm - - 27 12,6 0,3
B2 85-130cm - - 8 2,8 0,2
146
AD B Cu Fe Mn Zn
nível mg dm-3
A1 0-10cm - 0,5 144 53,7 2
A2 10-20cm - 0,3 91 31,8 0,6
AB 20-39cm 0,2 0,3 47 17,6 0,5
BA 39-55cm - 0,1 22 6,4 0,2
B1 55-79cm - - 31 8,8 0,3
B2 79-100cm+ - - 4 1,6 0,2
Tabela 15: valores de B, Cu, Fe, Mn, Zn
147
entre os resultados esteja relacionada à dinâmica ocorrida dentro do
assentamento, já que como apontamos, a importância dada a estes elementos
na formação da TPA, e sua possível relação com vegetais importante como a
mandioca e a palmeira (Kern et. al. 2004). Os altos índices apresentados no
local destacam-se Mn e Fe, que alcançaram superioridade em relação à outra
ocorrência de TPA.
Nesse sentido, entre as diferenças em meio aos dois pontos de Terra Preta
Arqueológica, percebemos que na TPA-1 a concentração cerâmica corrobora
que a camada arqueologia predominante esta enterrada pelo menos 10cm, e
logo, possui um nível inicial (0-10cm) com rara ocorrência de material
arqueológico 48 . Além deste fato, somam-se os indicativos das análises
químicas da camada A2, abaixo de 0-10cm, que em vezes são superiores a
camada superior.
48
Somente quatro fragmentos cerâmicos, todos com menos de dois centímetros de
comprimento.
148
outros vestígios com que o arqueólogo trabalha, mais passíveis ao tempo e a
erosão. A distribuição espacial de elementos fixados no solo, digamos assim,
não sofre tanto com os processos culturais que inferem na formação do registro
arqueológico.
Entretanto, esses não são valores tão elevados como aqueles encontrados em
outras TPA’s da Amazônia, onde teores de P chegam facilmente a 100 mg.kg-1;
Mn 70 mg dm-3 e o Zn 5 mg/dm-3, (Kern, com. pessoal)
Para dois locais da camada A3, na sondagem S49 E54 (TPA-2), foram obtidas
duas datações radiocarbônicas a partir de amostras de carvão retiradas de
níveis cerâmicos contendo TPA. A primeira, entre o nível 40-50cm, estava
situada em uma porção mais profunda da camada A3, que é abundante em
cerâmica O resultado da datação não calibrada foi:
49
O carvão estava presente entre 20-70cm. Novas datações de mais pontos do perfil ainda serão realizadas. Duas
datações por termoluminescência a partir de fragmentos cerâmicos estão sendo processadas.
50
Resultado calibrado (2 sigma) pelo laboratório Beta, En01(40-50cm) 4255±185 En02 4335±185 (60-70cm).
149
Gráfico 30: Datações calibradas no aplicativo Calib 5.1 (intercal04.c14)
150
Os valores dos isótopos de carbono(δ13C) obtidos no resultado da datação
radiocarbônica (14C) na sondagem S49 E54 foram:
Nível δ13C
40-50cm - 24,5 ‰
60-70cm - 28,7 ‰
Tabela 17: valor dos isótopos estáveis do C (δ13C)
13
151
CAPITULO 4
Este trabalho teve como objetivo além de reunir em um só volume grande parte
dos dados arqueológicos disponíveis atualmente para o Estado, mas também
realizar uma discussão inicial sobre alguns temas que se tornam pertinente, na
medida em que são pontos basilares na interpretação dos modelos
mencionados já estabelecidos, e uma reavaliação na luz de informações que
temos somente agora nos levou a questionar, ou melhor, a discutir, a
interpretação atual da área em questão.
152
terra escura leva os pesquisadores (Miller 1999, Meggers e Miller, 2003) a crer
que o registro arqueológico pesquisado é resultado de sucessivas ocupações
em determinados locais preferenciais (como em RO-JP-01: Cachoeira do
Teotônio). Como destacamos, foi à seriação cerâmica e não a descontinuidade
estratigráfica do material, que determinaram a hipótese.
Outra questão, que não vai de certa forma, contra as posições defendidas por
alguns arqueólogos, está relacionada à antiguidade do sitio lito-cerâmico
Encontro. Se por um lado atualmente os dados arqueológicos não suprem uma
carência de dados ainda necessário para a localização da origem das primeiras
expansões dos grupos relacionados à tradição arqueológica Tupiguarani, por
outro, a relação entre os dados arqueológicos e a lingüística já não é novidade
na arqueologia, e foi a partir da relação destes que as principais hipóteses e
discussões estão pautadas (Lathrap, 1970, Brochado, 1984, Noelli, 1992, 1996,
entre outros.) Aliás, sendo as evidências arqueológicas ainda não tão
refinadas, como as reconstituições das origens e dispersões dos Tupi
baseadas em evidências lingüísticas e etnológicas, pretende-se utilizar,
livremente, com caráter especulativo, modelos já estabelecidos, a fim de
realizar uma verificação em relação aos dados arqueológicos que expomos nos
capítulos anteriores.
51
Os detalhes sobre as datações radiocarbonicos podem ser conferidas nas paginas 8-0
153
origem entre os estados de Mato Grosso e Rondônia, citam a TPA encontrada
por Miller et al.(1992) como informação que auxilia na sustentação de sua
hipótese.
52
Miller et al.(1992) Miller (1992,1999)
154
Atualmente existem aplicativos desenvolvidos por laboratório de vários países
que se propõem em realizar a conversão da idade radiocarbônica em anos do
calendário. Escolhemos o programa Calib 5.1b (Reimer, et al. 2004) pois este
contempla as últimas atualizações em relação às curvas de calibragem
(INTERCAL04.14c) e sua interface proporcionou a criação de gráficos e dados
sobre a probabilidade das datações que estão reunidos no anexo 4 .
CERÂMICA
53
Datação calibrada (2 sigma) a partir de Miller (1999)
155
material cerâmica ser considerada singular em relação às fases subseqüentes,
não tendo nenhum traço característico em comum com as cerâmicas que
ocorrem sucessivamente na cronologia arqueológica conhecida no Estado.
54
Predominantemente mineral (areia), com uma variação na ocorrência de mica. O cariapé
aparece em uma pequena porção dos tipos da fase Urupá e são raríssimos na Inimbó
55
Corrugado, roletado, inciso são encontrados nas fases Macunã, Guaximim, Pindaíba e
Urupá, inciso roletado, somente em Macunã e Pindaíba,(Miller, 1987, 1987)
156
pouco significativa, a amostra de cacos pintados do sítio Encontro apresentou
maior variedade ao que é atestado na região.
157
Aripuanã, seria resultado da longa duração da língua no local, ou seja,
provavelmente o centro de expansão da língua Tupi estaria ali.
Entre os dados convergentes que dão suporte aos argumentos defendidos por
Miller, é observado que a localização destes territórios estaria inserida nos
denominados Refúgios do pleistoceno:
158
Guaporé, desde o pleistoceno final. (Riester 1977 50 - 51,
Migliazza, 1982). (...) (idem)
Imagem 55: reprodução parcial do mapa de Schmitz (1991, p.56) indicando a diversificação
das línguas do tronco Tupi, em anos AP, de acordo com Migliazza(1982).
160
ocorrência, mas esta pode ser culturalmente e temporalmente distinta das
demais56·. (Guffroy, 2006)
A ocorrência desta cerâmica corrugada, tão antiga (4300 anos AP) no sudoeste
da Amazônia (Sítio Encontro), além de outras características Tupiguarani que a
cultura material possa ter, apesar da necessidade de um debate para o melhor
estabelecimento desta tradição principalmente a nível regional, pode auxiliar na
problemática da origem expansão dos grupos Tupi.
56
Datações em sítio com cerâmica Valdívia da costa do Peru, recuam a 5000 AP.
161
rio Negro e a boca do rio Madeira, colonizando inclusive os afluentes
deste rios. Estes Tupis antigos também se espalhariam rio abaixo ao
longo das várzeas amazônicas.(...)
57
(...)From the western section of Central Amazonia to the Paraguay-Paraná
watershed, the only route is, as I have already mentioned, up the Madeira-Guaporé
(Iténez), because it is the only place where the várzea areas of both river systems are
actually interconnected without intervening uplands (chapadão)(...)
162
Pesquisas atuais na Amazônia Central colocam uma questão interessante,
apontando que a tradição policroma amazônica nesta região não é tão tardia
quanto consideram os modelos interpretativos, além de não corresponder como
ocupação mais antiga documentada desta tradição na bacia amazônica. Lá a
ocupação desta filiação inicia-se por volta de 1100 anos AP e os vestígios mais
antigos de 2300 AP são relacionados a fase Açutuba, (Heckenberger et ali,
75:1998, Lima, 2006)
163
Parece que até o momento, algumas proposições levantadas pelos modelos
alternativos a Lathrap (1970) e Brochado (1984) podem estar se confirmando.
Mesmo assim, este modelo (o de Brochado) baseado em dados arqueológicos
e lingüísticos, continua sendo amplamente aceito pela arqueologia com relacao
a expansão dos ceramistas da tradição Tupiguarani, mesmo com criticas.
Como a de Scatamacchia (1990), que apesar de não tirar da Amazônia o local
de origem dos Tupi, considera que as datações mais antigas na época para a
policromia cerâmica estariam inseridas em contextos não amazônicos. A idéia
da autora aponta para que as migrações Tupi poderiam ser ainda mais antigas
do que se pensa. Neste mesmo caminho estão os resultados e interpretações
de Schell-Ybert et. al. (2800) ao discutirem datacoes radiocarbonicas para
sitios Tupi no sudoeste brasileiro (RJ) com aproximadamente 3000 anos. Se
observamos, os dados das datações do sitio Encontro, e os demais exemplos
de cerâmica policroma antiga em outros pontos do sudoeste amazônico
apontam também para que as primeiras expansões Tupi tenha saído de algum
ponto da Amazônia, mais especificamente, da borda sudoeste.
58
(como a abundancia de ocorrências de machados polidos entre os sítios, os indicativos da
biologia genética da mandioca)
164
Para Brochado (1973) a mandioca, amplamente encontrada em todo o país,
teve tal dispersão devido à adoção por grupos Tupiguarani, e estes espalharam
a presença do cultivar em diferentes pontos (Brochado, 1973).
165
TPA´s são características por apresentar este horizonte A mais escuro (cor
preta a bruno acinzentado muito escuro - 5YR 2,5/1; 7,5YR 2/0 a 3/1; 10YR 2/0
a 3/2 segundo Munsell) e mais espesso do que nos solos vizinhos. São solos
normalmente bem drenados, profundos, com textura que varia de arenosa a
muito argilosa. (cf. Kern & Kämpf, 1989; Kern, 1996; Kern et. al. 2003)
166
O tamanho dos sítios de TPA pode variar desde menor que um hectare até
maior que 400 hectares, como é o caso de um sítio em Santarém (Smith, 1980,
Roosevelt 2000). Nas áreas de várzea, em terraços paralelos aos rios é que
ocorrem estes sítios mais extensos. Denevan (2001) registra vários sítios em
ambiente de terra firme, menores que os sítios que ocorrem terraços – de 0,3 a
0,5 hectares. Estes assentamentos também são característicos pela menor
espessura da camada arqueológica, podendo representar uma (ou mais) casas
comunais, ou anel de casas menores. Contudo, grandes sítios com TPA foram
descritos no Alto Xingu por Heckenberger (1998). Estes sítios possuem
extensões de 30 a 50 hectares e estão localizados na terra firme.
167
(1992) observa na alternância de camadas de solo de terra preta, ora mais
escuras, ora mais claras, um reflexo de alterações climáticas, e logo, de
populações. Miller (1992, p. 221):
168
do rio Jiparaná a “cerâmica é abundante por todo estrato arqueológico, desde a
superfície”.
169
O problema de datação, assim como a interpretação sobre a ausência de
hiatos de material arqueológicos entre as fases é uma avaliação que pensamos
que poderia ser analisada com mais detalhes.
O argumento defendido por Miller (1992, 1999) pode ter tido como base a
argumentação do discurso de Meggers (1971, 1977, 1990, 1996 e 2001) em
que, de maneira geral, a Amazônia não teria condições de sustentar ocupações
duradouras, estáveis, e que grandes sítios arqueológicos são fruto de
constante reocupação de locais preferenciais.
170
Formativo 59 . Ford (1969) quem estabelece o conceito básico de Período
Formativo para a América. Ao reavaliar o trabalho de Willey e Phillips (1958),
considera que, por tratar-se de um território muito amplo, eventos como
agricultura e introdução cerâmica, por exemplo, ocorreram diferentemente no
tempo no espaço. O conceito estabelecido, de uma maneira mais geral, sem
levar em conta as subdivisões, é que o período Formativo seria:
59
O conceito de Período Formativo é utilizado, mais livremente, dentro arqueologia desde a
década de 40, mas foi realmente estabelecido na década de 50. (Ford, 1969) Willey and
Phillips (1958, p. 144-146) definiram o Período Formativo: (...) Pela presença de agricultura de
milho e/ou mandioca e pela integração socioeconômica bem sucedida desta agricultura a um
modo de vida sedentário em aldeias bem estabelecidas. (...) Produção cerâmica, inscrições
rupestres em onda e uma arquitetura cerimonial especializada são normalmente associadas às
culturas formativas americanas (...) Em seu conceito, os autores realizam uma tripartição do
período em Recente, Médio e Tardio. Estas subdivisões são referentes às transformações de
sociedades, que a partir de um dado momento começam a praticar a agricultura, de forma
experimental, até as que vivem estabelecidas em aldeias, com uma agricultura bem sucedida.
60
(…) the 3,000 years (or less in some regions), during which the elements of ceramics,
ground stone tools, handmade figurines, and manioc and maize agriculture were being diffused
and welded into the socioeconomic life(…) all these people had an Archaic economy and
technology(…) at its end they possessed the essential elements for achieving civilization. (Ford
1969, p. 5)
171
Miller (1999) atribui que seriam necessárias ao menos três etapas para o
estabelecimento do inicio deste período, ligadas basicamente ao inicio da
agricultura, cerâmica e ao sedentarismo, que geraram vestígios arqueológicos
em grande parte concentrados na TPA de fases do Jamari e Madeira.
61
Lembramos da vasta utilização de machados polidos como demonstramos no rio Jiparaná.
Notamos também a ampla ocorrência deste tipo de artefato nas supracitadas fases de Miller,
além de sua associação com sítios denominados oficina-litica (polidores)
172
sociopolíticas tão representativas como a dos cacicados. Exemplos são os
grupos de caçadores-coletores Nukak, da Amazônia colombiana, (Politis,
2001), e no noroeste da Amazônia, os Maku (Silverwood-Cope, 1990).
Novamente, vendo isto sob o prisma de conceito formativo, o que deveria
formar-se não se formou. Em Rondonia temos o exemplo dos grupos
Nambikawaras, que para Miller (1999 p.335-336) tem relação com os sítios da
fase Massangana:
O fato da existência destes grupos que até hoje se mantém a partir da caça e
coleta, como o caso mencionado acima é interpretado pelo autor:
62
As três etapas levantadas por Miller seriam, de uma maneira geral, correspondentes ao que
outros autores remetem como inicial, médio de tardio, ou são etapas que remetem a passagem
do periodo recente e tardio, a partir da bipartição do conceito achado em Meggers e Evans
(1968), por exemplo.
173
sem, contudo, ultrapassar-lo e consolidar-se. Esse evento –
sedentarismo rudimentar restrito – se constituiria no estágio
inicial da terceira etapa do Período Formativo, última
alcançada e não transposta no sudoeste da Amazônia
Brasileira (...). idem, p. 339, grifo nosso.
Novamente, cabe comentar que dado o momento que estamos seria muito
interessante discutir melhor a relação entre as fases cerâmicas, a continuidade
estratigráfica do material e o posicionamento sobre a interpretação do que é
TPA e qual seriam os processos que resultaram tal ocorrência. Quem sabe
também podemos começar a levar em consideração que a interpretação destas
ocupações (principalmente alguns sítios subtradição Jatuarana, a tradição
Jamari, e o sitio Encontro) seja resultado do estabelecimento destes grupos em
assentamentos duradouros e com um sistema econômico aparentemente
semelhante na região. Além disso, também pode ter ocorrido uma dinâmica
entre estes assentamentos mais duradouros e outros mata a dentro, na terra
firme, como em alguns caso atestados no Madeira, onde ocorrem sítios
cerâmica “esparsa e descontinuamente, horizontal e verticalmente, sugerido
reocupações sazonais por pequenos grupos Jatuarana durante as cheias”.
(Miller, 1999, p.335)
174
a dentro e os adjacentes a várzea, como no caso mencionado acima. O
conceito de formativo encobriria uma gama muito variada de tipos de formação
socioeconômica, representadas no registro arqueológico, desde caçadores-
coletores que pescavam e realizavam experimentação da agricultura até
grandes aldeias com produção de excedente. A inclusão de tantos contextos
diferentes tende a igualar uma variabilidade adaptativa e cultural que pode ter
sido ampla, e a minimizar a importância das conquistas de sociedades que não
seguiram uma evolução unilinear. Aliás, nestes estudos, pouco sabemos de
dados ligados a dinâmica dos assentamentos a nível regional, a densidade de
ocupação e a dinâmica intra-sítio. Creio que podemos pensar o conceito a
partir do abandono de premissas teóricas do evolucionismo unilinear, tratando-
o algo fluído, adaptando-se a condições. Deve se pensar um termo que vai ser
utilizado mais como uma referência cronológica, e não como um indicador
evolutivo, podendo assim ter um melhor proveito das informações obtidas a
respeito.
175
Jiparaná e Roosevelt, tem evidências de dois locais com a presença de TPA,
aparentemente elipsoidais e não possuindo grandes dimensões (estima-se não
mais de 20mx15m). As camadas pretas que variaram entre 40-60cm de
espessura, dataram a ocupação do assentamento entre 4425±200 e 4255±185
AP 63 . O fato da inserção deste sítio num ambiente de solos pobres, sua
duração cronológica, corrobora com a hipótese de Kern et al (2003) de que o
tipo de solo talvez não seria o fator responsável pela escolha e formação de
TPA. Os artefatos líticos (três machados polidos por exemplo) podem dar
continuidade ao fato da farta ocorrencia de machados polidos na região.
63
Datação calibrada (2 sigma, intercal.14c)
64
Somente em um sitio, como mencionamos, ocorreu o fato de haver abundancia de palmeiras
tanto dentro como fora do sitio, relatado em Bueno e Machado (2005). Não que não ocorra este
fenômeno no Jipanará, mas o fato é de que lá a cobertura vegetal original foi praticamente toda
degradada, substituída por pastagens e algumas lavouras, e sua identificação se torna ainda
mais difícil.
176
domesticações da palmeira Pupunha. O autor parte do principio de que (idem,
90)
177
onde se insere o sitio Encontro. E sendo pertinente a hipótese, cabe entender
um pouco melhor o fato.
Em suma, são três as questões importantes para a botânica. Por exemplo, que
espécies selvagens a mandioca é descendente, o local de origem, (distribuição
geográfica do progenitor) e a origem da agricultura. Sendo que a mandioca se
propaga pela vegetação, e considerando que o vegetal foi domesticado a partir
de uma espécie selvagem, determinadas espécies cultivadas atualmente
podem preservar a genética de seus ancestrais. Os dados apontam que duas
espécies a M. pruinosa e a M. esculenta ssp. Flabellifolia são os ancestrais
mais antigos da mandioca. Observações de mais de 150 anos, afirmam que
estas espécies compartilham espaço geográfico, ecologia e morfologia e não
entram conflito no ranking taxonômico. Também não se diferenciam em
subespécies. É necessário explicitar que tanto M. pruinosa e a M. esculenta
ssp. Flabellifolia são descendentes de um tronco ancestral em comum já que o
fato implicaria em questões relacionadas à origem da agricultura. (Olsen e
Schaal, 2001)
178
Uma vez que as relações dinâmicas entre o clima, o solo e a vegetação
durante os últimos milênios sejam melhor compreendidas, os dados da biologia
genética da mandioca, inseridos nesta problemática, podem proporcionar maior
suporte para a comprovação da hipótese de que as possíveis evidências
arqueológicas sejam encontradas na área.
Como relatamos, Haffer (1969) propõe para o local dois refúgios pleistocênicos.
Embora existam fortes criticas a este modelo (Colinvaux et al. 2000) outros
dados põem como valida a hipótese de que existiram em determinadas áreas
documentadas ao sudoeste florestas com duração de milênios consecutivos.
(Behling, 2001, Pessenda et al. 1998, Freitas et al. 2001, Burbridge et al.2004).
179
Mas fica ainda como desafio. Nas palavras conclusiva de Meggers e Miller
(2003, p. 348) é proposto para os arqueólogos tentarem entender uma região
tão rica em vestígios sobre o passado pré-colonial amazônico:
180
CONSIDERAÇÕES FINAIS
181
Considerando também os indícios da fase Massanganá, sugerimos que a área
também pode ter um papel importante em relação à origem da agricultura.
182
constatado na tribo Surui, de língua pertencente ao tronco Tupi, família Mondé.
Este povo está locado na Terra Indígena Sete de Setembro, entre Cacoal-RO e
Rondolândia-MT, a poucos quilômetros do sítio Encontro. A organização social
da tribo é divida em duas metades: a da roça e a da floresta. E esta oposição é
constada também nas regras de casamento e na realização de ritos. (Panewa,
2002) A manifestação arqueológica desta ocupação poderia resultar em sítios,
tanto na terra firme(floresta) quanto em áreas adjacentes à várzea(roça).
* * * *
Com exceção do baixo amazonas, nos demais locais, para os milênios que se
sucedem há uma carência de dados arqueológicos. Neves (2003), já aponta
que este caso pode estar relacionado mais com uma falta de visibilidade
arqueológica destes sítios do que a pouco freqüência ou até inexistência de
assentamentos neste período cronológico em determinadas áreas.
183
1987b). Mais dados cronológicos e uma classificação cerâmica ao mesmo
tempo mais detalhada e unificada, mais testes, ainda são necessários para
refinar a presença destas fases no rio Madeira para quem sabe termos uma
melhor compreensão da dinâmica populacional da área. Os dados que temos
para a região Sudoeste da Amazônia, a presença deste tupi de forma ampla,
próximo as bordas da floresta e o cerrado e indícios de ocupação bem antiga
coincidindo com as informações lingüísticas, inserem a região como importante
ponto de discussão para o levantamento de informações sobre as antigas
expansões Tupi.
184
IMAGEM 56 figua cronolgias e tpa
185
linear, também realizou-o de certas forma. Este trabalho tentou interpretar os
dados que estão disponíveis a partir de um olhar amplo, e portanto, não deixa
claro como e porque determinados sistemas de agricultura, padrões de
assentamento, se diferenciaram, se espraiaram e se intensificaram. Ainda
temos muitos dados para acessar, assim como só esta iniciada a retomada da
discussão sobre a importância da arqueologia realizada no sudoeste
Amazônico.
186
iniciarmos uma nova etapa na pesquisa arqueológica nacional, como vem
acontecendo em alguns trabalhos publicados recentemente pela academia.
187
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York; 1963.
197
Anexo 1 – FICHA DE ANÁLISE CERÂMICA
Atributo Variáveis
Número de
Localização do fragmento no sítio.
Proveniência
Não identificado, Borda,Base,Bolota de argila,Roda de fuso,Forma
Categoria conjugada ,Carena, Flange, Cachimbo, Aplique, Placa, Suporte de tampa,
Adorno, Ombro,
Técnica de
Não identificada Acordelada Modelada Acordelada + Modelada
Manufatura
Composição do
Antiplástico Associações entre Quartzo, Hematita, Mica, Feldspato,
Mineral
DIametro do
<1mm, >=1<3mm, >=3<5mm, > 5mm
Antiplástico
Freqüência do
12 variáveis em relação a quantidade de antiplástico presente no fragmento
Antiplástico
Ordenação do
5 variáveis relativas a homogeneidade das dimensões dos antiplásticos.
Antiplástico
198
Tratamento de
Alisamento, FE, FE e AF
Superficie
Barbotina
Presente/Ausente, FI,FE,AF
199
Diâmetro Em centímetros
Espessura do
Em centímetros
Fragmento
Decoração Ausente, Corrugado, Inciso, Ungulado Roletado Digitado Escovado,
Plástica Entalhado (instrumento), Acanalado,
Decoração Ausente ou Associações entre Pintura vermelha, Pintura branca, Pintura
Pintada preta e engobo.
Local da
Não identificado, Lábio, Borda, Gargalo Ombro, Parede, Base, Outros,
Decorção FE
Local da
Não identificado, Lábio, Borda, Gargalo Ombro, Parede, Base, Outros,
Decorção FI
Cor da Pasta Não identificado, laranja, marrom A, vermelho, preto, marrom B,amarelo
200
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
5
Bem ordenado
A1
2
Equilibrado
4
Equilibrado
A2
1
Muito pobre
Muito pobre
A3
Amarelo
3 3
Pobre
1
Pobre
B2
4
Muito pobre
B3
Pobre
Muito pobre
A1
Bem ordenado
Equilibrado
A2
2 2 3 3 2
Muito pobre
5
Pobre
2
Equilibrado
Muito pobre
A3
13
Pobre
11
B1 Pobre
Laranja
Muito pobre
10
B2
5
Pobre
Muito pobre
34
B3
7
Pobre
1
Muito pobre
D2
Pobre
Muito pobre
D3
201
Bem ordenado
Equilibrado
A2
Malha 30X30M
3 4 2 4 2
Muito pobre
Pobre
Bem ordenado
1 1 1
Equilibrado
A3
Muito pobre
Pobre
11 11
Pobre
B1
2
Equilibrado
Marrom
Muito pobre
B2
13
Pobre
10
Equilibrado
Muito pobre
B3
42
ANEXO 2 – Relação entre Cor da pasta/freqüência/ordenação do antiplástico
Pobre
7 7
Muito pobre
D2
1
Pobre
5
Muito pobre
D3
Bem ordenado
A2
Pobre
Muito pobre
A3
Pobre
Muito pobre
B2
Vermelho
1 2 2 1 2 1
Equilibrado
B3
6
Muito pobre
2
Muito pobre
D2
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
0
equilibrado
A1
bem ordenado
Muito pobre
pobre
A2
equilibrado
1415 2
bem ordenado
Muito pobre
pobre
10
A3
equilibrado
16 15 11
bem ordenado
Muito pobre
Amarelo
equilibrado
B1
bem ordenado
Muito pobre
pobre
B2
equilibrado
Muito pobre
pobre
B3
equilibrado
Muito pobre
equilibrado
C3 A1
bem ordenado
Muito pobre
pobre
A2
7 8
equilibrado
1112165511311 3 5
bem ordenado
Muito pobre
28
9
pobre
A3
equilibrado
Muito pobre
pobre
B1
equilibrado
32233
bem ordenado
Muito pobre
Laranja
pobre
B2
2020
3
equilibrado
Muito pobre
104
pobre
B3
41
equilibrado
pobre
C1
541
equilibrado
Muito pobre
C2
pobre
202
911
Muito pobre
25
pobre
Muito pobre
Malha10X10
Muito pobre
equilibrado
C3 D2 D3 A1
bem ordenado
113225
Muito pobre
7
pobre
A2
equilibrado
11
4
bem ordenado
Muito pobre
64
pobre
27
A3
equilibrado
bem ordenado
Muito pobre
pobre
B1
equilibrado
612525
bem ordenado
Muito pobre
61
pobre
B2
87
Marrom
equilibrado
19
Muito pobre
178
pobre
B3
74
equilibrado
Muito pobre
pobre
C1
equilibrado
61141
bem ordenado
Muito pobre
pobre
C2
1519
2
equilibrado
Muito pobre
46
pobre
75
Muito pobre
1
equilibrado
Muito pobre
C3 D3 A2 A3
72
pobre
Muito pobre
B2
15
pobre
Muito pobre
10
Vermelho
pobre
B3
equilibrado
Muito pobre
C3
3111
pobre
0
2
4
6
8
10
12
0
2
4
6
10
8
12
14
16
2
pobre
A2
1
3
Equilibrado Muito pobre
B3
6
Muito Pobre
1
amarelo
Pobre
A3
7
pobre
1
Pobre
A2
3
pobre
Laranja
B2
1
10
Muito Pobre Equilibrado
B3
3
pobre
2
Muito pobre
A3
2
Muito Pobre
2
Pobre
2
pobre
D3 A2
1
Muito Pobre
2
Muito pobre
A3
Laranja
B2
1
pobre
1
Pobre
Muito Pobre 1
B2
Vermelho
4
14
B3
B3
Equilibrado
2
Pobre
1
Muito Pobre
C3
1
Muito pobre
C3
Equilibrado
A2
203
1
6
Muito Pobre
1
Muito pobre
A3
Sondagem N4 E22
Sondagem S49 E54
pobre
A3
3
Pobre
2
pobre
B2
2
10
Muito Pobre
Marrom
Equilibrado
B2
pobre
B3
6
Pobre
2
Equilibrado
14
C3
B3
pobre
2
Pobre
1
Equilibrado
1
A1
Pobre
C1
Bem ordenado
1
Muito Pobre
1
Pobre
A3
3
pobre
Amarelo
3
Muito pobre
C3
pobre
B2
2
1
B3
Vermelho
pobre
Anexo 3 - distribuição vertical dos tipos de decoração plástica e pintada.
Sondagem N4 E22
50-60
Corrugado
20-30 Inciso
Ungulado
Roletado
10-20 cm
30-40
Corrugado
Entalhado
10-20 cm
204
Malha 10x10m
10-20 cm
20-30
Corrugado
30-40
Inciso
40-50 Inciso fino
Roletado
50-60
Ungulado
60-70
Malha 30x30m
10-20 cm
Corrugado
20-30
Entalhado
Inciso
30-40
Inciso fino
Roletado
40-50
205
Presença de decoração plástica
por nível
0-10cm
10-20 cm Corrugado
20-30cm Entalhado
30-40cm Inciso
40-50cm Inciso fino
50-60cm Roletado
60-70cm Ungulado
206
ANEXO 4 - Datações em Rondônia – Calibragem a partir do aplicativo Calib 5.1
(curva intercal.14c)
Beta-27015
207
2
Beta-27013
208
3
Beta-27017
209
4
Beta-27658
210
5
Miller et al 1992
211
6
Beta-27406
212
7
Miller et al (1992)
Fase Massangana
213
Beta-22750
214
9
Beta 32324
215
10
Beta-22757
216
11
Beta-22744
217
12
Beta-22764
218
13
Beta-22751
219
14
Beta-51729
220
15
Beta-22752
221
16
SI-3950
222
17
Beta-33456
223
18
SI-6850
RO-PN-08 Sinimbu
224
19
SI-6847
225
20
SI-6846
226
21
Beta 230196
Encontro
227
22
Beta 230198
Encontro
228
Tradições, Fases e Sítios Arqueológicos no Estado de Rondônia
(depois de Miller, 1983, 1987, 1992a, 1999, Miller et alli, 1992, Bueno, 2005 e Caldarelli, 2005)
7°51’26’’ S 7°51’28’’ S
68°22’15’’ W 58°05’50’’W
Porto Velho
A
ei
ad
ra
oM
Ri
Rio J
Rio Jamari
acipa
S
SS
raná
Ji-Paraná A
Ri
o
Jip A Cacoal
ara
ná Pimenta Bueno
A
Rio A Vilhena
Gu
apo
r é
0 200 km
13°42’47’’ S
13°42’46’’ S
58°05’50’’ W
a
68°22’15’’ W
Jamari Simples (a,c,e,f), Jamari Vermelho (b,d,h) Tigela Tipo Jamari Vermelho
Jamari Escovado (a-c), Jamari Digitado (e,f ),
Jamari Modelado (g-j),
Imagem 19 - Material lítico das fases Jamari e Cupuí, Fonte: Miller et alli,(1992)
51
Múltiplo uso: mó, moedor e afiador, ambas as faces
Mó , Afiador e Mão-de-pilão
Fase Massangana, Machados picoteados (Pré-formas)
Imagem 14: Material lítico das fases Pacatuba e Massangana, Fonte: Miller et alli,(1992)
40
Sítio Arqueológicos na bacia do rio Jiparaná
(Depois de Bueno, 2005 e Caldarelli, 2005)
11° 11°
62° 61°
RO-JP-01
Ji-Paraná
3 RO-JP-02
RO-JP-04
MT
Ig
a
ra
RO-JP-03
p é
Na
ra
ré
RO-JP-05
S
E
R
RO-PM-01 Gruta
R
RO-PM-02 Alvarenga 1
A
Alvarenga
D
2e3
A
P
Carretel
RO-PM-03 1e2
R
RO-PM-04
O
V
RO-PM-05
ID
RO-MA-01
Rio B
Ê
N
RO-MA-02
C
RO-MA-03
ra n c o
IA
RO-MA-04
RO-MA-06
Sítio Encontro
RO-CA-01
ontro
Ig.do Enc
Rio RO-CA-02
Jipa RO-CA-04
raná RO-CA-03
RO-CA-06
Cacoal
3 RO-PB-02
RO-PB-O3
i nh
o
oz
Ri
RO-CA-05
o
RO-PB-01
Ri
Ri
oR
oli
m
de
M ou
RO
ra
ura
Mo
3Rio Come
de
Pimenta Bueno
da
Iga
oli
ra
mora
oR
Ati
rap
ção
Ri
nta
éA
éA
ren
rap
e no
ito
Iga
ta Bu
imen
Rio P
Rio Branco
12° 12°
62° 61°
Sítio Cerâmico
Arte Rupestre
3 Principais cidades
0 N 50 km
Sítio Nova Arizona
186
188
1 86
19
0
1 88
1 88
190
1220±40
Formas reconstituídas
(Beta 230194)
1110±40 AP
(Beta 230196)
Corrugado
Tradagem Positiva
Tradagem Negativa
17
178
1 80
Cotas em Metros Sobre o Nível do Mar
17 4
N
17
8
Figura 23 - A denominada Lixeira, Perfil NE. Figura 24 - Ceramica do sítio Nova Arizona
Figura 22 - Planimetria dos sitios Nova Arizona e Terra Queitamada
70
2 3’
3
3’’
5
6
1
7 8
4 4 4’ 9 9
1
1 - Sitio Lobo (RO-PB-03) machados coletados pelo proprietario do local, 2 -Sitio Bahiano (RO-PB-02), coletado pelo proprietario do local, 3 - Sitio Encontro (RO-MA-05), coleta superficial, 3’ - doacao
do proprientario do local, 3’’, encontrado proximo ao sitio, doacao. 4 - Sitio Terra Queimada (RO-JP-02), sondagem 30R50D, nivel 10-20cm,4’ - sondagem 10R-10D, nivel 20-30cm. 5 - Sitio Torre 73-1
(RO-CA-03), 6 - Sitio Nazare, machados recuperados durante a escavacao, 7 - Sitio Bananal, coleta de superficie, 8 - doacao sem referencia, 9 - sitio Polidor 1(RO-JP-05).
Imagem 25: exemplos de machados polidos encontrados no alto/medio Jiparana, resultados do projeto elaborado por SCIENTIA (2005).
S28 W74
30 0
S52 W56
S10 W49
Sítio Encontro
Malha 10x10m
Malha 30x30m
300
S77 W38
S35 W31 N5 W28
N8 W24
S4 W22
N11 W20
78
S14 W2 N25 E1
Ponto Zero
N14 E2
N28 E5
S127 W3 S22 E4
S8 E6
N6 E8
N20 E9
S85 E4
S16 E12 S2 E14
S42 E11 N12 17E
N1 E18
30
S11 E20
0
N4 E22
S4 E28
S110 E22
0
TPA1
S67 E29
S24 E36
302
S92 E47
S49 E54
30m
TPA2
Figura 28: topografia e planimetria do sítio. Fonte: Wanderson Esquerdo, SCIENTIA, 2006 Montagem e adaptacão do autor
S74 E71
Densidade Cerâmica
Malha 10x10m
N4 E22
Ponto Zero
N 20m
0
Sondagem
N4 E22
S49E54
N
0 20m
Sondagem
84
Inclinadas externamente
18 22 12 14 14 16 24
0,5
0,7
En-36
En-1139
En-1509
En-1382
En-1104
En-1488
En-1503 En-516 Inclinadas externamnete.
Inclinadas internamente
12 14 18
10 14
Inclinação externa
En1407
En-1087
En-984 En-871 En-1348
Introvertidas Diretas
24 18 28 34 18 24
Introvertidas
En-1342
En-1560
En-802 Diametro da boca
(em cm)
num. catalogo
0 5cm
En-1370
26 40 30 24 40 18
48
En-1070 En-518
En-1339 En1538
En-1044 En-256
16 26 16 16
En-487
En-34 En-1515
En-158 En-1613
34 14 18 16 14 36 18 20 24 22 14 24 22 34 17 14 10
En-1355
En-985 En-603 En-638
En-207
En-259 En-923 En-919
En-1545 En-112
En-1253
En-1218 Diametro da boca
(em cm)
En-1532
En-747 Face Face
En-976 Externa interna
En-1378 En-1352
num. catalogo
0 5cm
Imagem 39 105
En-1520
En1105
En-262
0 2cm
En-834
0 2cm
En-236 En-299
0 2cm
116
LARANJA MARROM VERMELHO AMARELO Frequencia
D3 - MUITO POBRE
D2 - MUITO POBRE
1 2 3
C3 - MUITO POBRE
Maior
C3 - POBRE
A
C2 - MUITO POBRE
C2 - POBRE
B3 - MUITO POBRE
B
B3 - POBRE
ANTIPLÁSTICO
B3 - EQUILIBRADO
B2 - MUITO POBRE
C
B2 - POBRE
B2 - EQUILIBRADO
C1 - POBRE D
B1 - MUITO POBRE
DO
A1: 5%,0,5 a 1mm; A2: 5%, 0,5 a 2mm; A3: 5%,0,5 a 3mm; B1: 10%,0,5 a 1mm;
B2: 10%, 0,5 a 2mm; B3: 10%, 0,5 a 3mm;C1: 20%,0,5 a 1mm; C2: 20%, 0,5 a 2mm;
B1 - POBRE C3: 20%, 0,5 a 3mm;D1: 30%, 0,5 a 1mm; D2: 30%, 0,5 a 2mm; D3: 30%, 0,5 a 3mm.
FREQUENCIA
A3 - MUITO POBRE
Ordenação
A3 - POBRE
C1 - EQUILIBRADO
B1 - EQUILIBRADO
MUITO POBRE
B1 - BEM ORDENADO
A3 - EQUILIBRADO
A3 - BEM ORDENADO
A2 - EQUILIBRADO
A2 - BEM ORDENADO
EQUILIBRADO
A1 - MUITO POBRE
A1 - EQUILIBRADO
A1 - BEM ORDENADO
BEM ORDENADO
0 10%
121
TPA-1
A2 A1 (0 - 12 cm) Coloração do solo úmido é 10YR 4/1 úmido, textura arenosa, consistência é solta,
quase macia, muito friável, com o solo úmido, não plástica, não pegajosa, estrutura fraca, se desfaz em
pequenos blocos angulares e subangulares muito pequenos a pequenos, raízes poucas de finas a
médias. Material Arqueológico.
A2 (12-29cm) Coloração do solo é 10YR 4/2 úmido, textura arenosa, Consistência solta, friável. A consistência
do solo quando úmido é não pegajoso e não plástico plásticoA estrutura é fraca, solta, friável e se desfaz
A3 em pequenos blocos subangulares, raízes muitas e finas. Material arqueológico
A3 (29-58cm) Coloração do solo é 10YR 2/1 úmido. Textura arenosa, Consistência macia a ligeiramente dura.
A consistência do solo úmido é não pegajoso e não plástico.A estrutura é fraca, ligeiramente macia, friável e se desfaz em
muito pequenos a pequenos blocos subangulares. Raras raízes muito finas a finas, Material arqueológico.
BA (57-68cm) Ccoloração do solo é 7,5YR 4/2 úmido, a textura é arenosa, com mais argila que os horizontes
BA anteriores. Quando seco a consistência é Ligeiramente dura. A consistência do solo quando úmido é ligeiramente
pegajoso e não plástico.A estrutura moderada, se desfaz em pequenos blocos subangulares pequenos. Presença de
raízes raras e finas. Ocorrência de material arqueológico.
B1 (68-85cm) Ccoloração do solo é 2,5YR 4/8 úmido, a textura do solo é argiloarenosa.Consistência ligeiramente dura.
B1 A consistência do solo quando úmido é pegajoso e plástico A estrutura forte, se desfaz em pequenos blocos subangulares
e angulares, ; Mosqueado vermelho, poucos e pequenos. Raízes raras e finas.Sem Material arqueológico.
B2 (85-130cm) Ccoloração do solo é 2,5YR 5/8 úmido, a textura é argiloarenosa. Consistência Ligeiramente dura a firme.
A consistência quando solo está úmido é pegajoso e plásticoA estrutura forte, se desfaz em pequenos blocos subangulares.
As raízes são raras e finas nesse horizonte. Sem material arqueológico.
B2
0 0.5m
138
TPA-2 Descrição morfológica do Perfil de solo
PERFIL SE Vegetação é pasto, o relevo é suave ondulados, o solo deve ter derivado de rochas básicas, com
características de argissolo vermelho.
A1 (0 7/8cm) a coloração do solo é 10YR 4/1 úmido, a textura é arenosa. A consistência do solo quando
úmido é não pegajoso e não plástico; muito poroso;A estrutura é forte e se desfaz em pequenos a grandes blocos
subangulares. transição clara e irregular; raízes são muitas e finas. Ocorrência de material arqueológico.
A2 (7/8 12/13cm) a coloração do solo é 10YR 4/2 úmido, com textura arenosa. A consistência do solo quando úmido
é não pegajoso e ligeiramente plástico; muito poroso;A estrutura é fraca, solta, friável e se desfaz em pequenos
blocos subangulares e grãos simples. transição clara e irregular; raízes muitas e finas. Ocorrência de material
arqueológico.
A3 (12/13 34/37cm) a coloração do solo é 10YR 2/1 úmido, a textura é arenosa.A consistência do solo
quando úmido é não pegajoso e não plástico; muito poroso A estrutura é fraca, solta, friável e se desfaz em
pequenos a médios blocos subangulares e grãos simples. ; transição clara e irregular; raízes comuns e finas.
Ocorrência de material arqueológico.
A4 (34/37 - 47cm) a coloração do solo é 7,5YR 4/2 úmido. A textura é arenosa. A consistência do solo quando
úmido é não pegajoso e não plástico; muito poroso;A estrutura é forte e se desfaz em pequenos a grandes
blocos subangulares; transição difusa e plana; raízes raras e finas a médias. Ocorrência de material arqueológico.
AB (47 - 63cm) a coloração do solo é 7,5YR 4/2 úmido e 2,5YR 4/8 úmido, a textura é arenosa. A
consistência do solo quando úmido é não pegajoso e não plástico; drenagem imperfeitaA estrutura apresenta
aspecto de maciça. . A transição entre horizontes é difusa e plana, há presença de raras e raízes finas. Ocorrência
de material arqueológico.
BA (63 - 79cm) a coloração do solo é 2,5YR 4/8 úmido e 7,5YR 4/2 úmido, a textura é arenosa. A
consistência do solo quando úmido é ligeiramente pegajoso e ligeiramente plástico; drenagem imperfeita, a
estrutura apresenta aspecto de maciça. A transição entre horizontes é difusa e plana, há presença de raízes raras
e finas.
B1 (79 - 107cm) a coloração do solo é 2,5YR 4/8 úmido, a textura do solo é argiloarenosa. A consistência do
solo quando úmido é pegajoso e muito plástico; mal drenado. A estrutura apresenta aspecto de maciça. A
transição entre horizontes é difusa e plana. As raízes são raras e finas nesse horizonte.
Imagem : Perfil SE, N4E22 B2 (107 150+cm) a coloração do solo é 2,5YR 5/8 úmido, a textura é argiloarenosa. A consistência quando solo está
úmido é pegajoso e plástico; mal drenado. A estrutura apresenta aspecto de maciça. As raízes são raras e finas
nesse horizonte.
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Cronologia e Fases Arqueológicas para o Estado de Rondônia
A partir de Miller, 1983, 1987, 1992, 1999 e Miller et alli, 1992
1000 AP Muralhas
1190±110
Fase Cupuí TPA
1500 AP 1275±105
TRADIÇÃO TUPIGUARANI
?
Sítio Encontro
Fase Bacabal 4255±185-4335±190
4000 AP Fase Massangana 3885±270-4335±240
5485±175-2700±180
4500 AP
RO-PV-48
5000 AP 4610±440
5500 AP
6000 AP
Complexo Pacatuba
6035±150-6965±300
6500 AP
7000 AP
Tradição Sinimbu
7200± 225
7500 AP
8000 AP
Fase Itapipoca
7780±100-9280±210
8500 AP
9000 AP
9500 AP
10000 AP
10500 AP
11000 AP
Complexo Dourado
9975±270-12500±340
11500 AP
12000 AP
12500 AP
13000 AP
185