Exemplo de Projeto de Pesquisa

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UNIVESIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÂO EM LINGUÍSTICA

A VARIAÇÃO MORFÊMICA NA P4 EM VERBOS REGULARES DE 1ª E 2ª


CONJUGAÇÃO NO PRESENTE E PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO:
REFLEXÕES TEÓRICAS DE MORFOLOGIA FLEXIONAL NO PB E NO PE
(PROJETO DE PESQUISA DOUTORADO SANDUÍCHE NO EXTERIOR)

Aluna: Ivelã Pereira

Orientadora: Professora Izete Lehmkuhl Coelho (UFSC)


Co-orientadora: Professora Loremi Loregian-Penkal (UNICENTRO)
Orientadora no exterior: Professora Alina Villalva
Período do Estágio no exterior:
01 de outubro de 2018 a 31 de março de 2019

Florianópolis, 02 de agosto de 2018.


A VARIAÇÃO MORFÊMICA NA P4 EM VERBOS REGULARES DE 1ª E 2ª
CONJUGAÇÃO NO PRESENTE E PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO:
REFLEXÕES TEÓRICAS DE MORFOLOGIA FLEXIONAL NO PB E NO PE
(Projeto de Pesquisa de Doutorado Sanduíche no exterior)

RESUMO
Propõe-se, esta pesquisa, a investigar a variação morfêmica na 1ª pessoa do plural (P4,
“nós”) em verbos regulares de 1ª e 2ª conjugação (CI e CII) em IdPr (Presente do
Indicativo) e IdPt2 (Pretérito Perfeito do Indicativo). No português padrão brasileiro,
conforme Câmara Junior (1970), Monteiro (2002) e Zanotto (1986), haveria uma
neutralização entre as formas verbais (canônicas) de P4 no IdPt2 e IdPr nos verbos
regulares de CI e CII, uma vez que seria Ø (zero) a DMT (desinência modo-temporal)
em ambos os tempos na P4. Entretanto, observa-se certa alternância no PB – em alguns
contextos – no que se refere a essas formas verbais, como, por exemplo, o verbo chegar,
o qual é canonicamente conjugado em P4 como chegamos (nos dois tempos verbais),
mas pode aparecer na sua forma não-canônica cheguemo(s), sendo que o –s final pode
ser pronunciado ou não. De modo semelhante, isso ocorre na 2ª conjugação, como no
caso de lemos, realizado como limo(s). Já em Portugal, de acordo com Câmara Junior
(1970), existiria uma mudança de significado relacionada à nasalidade (cantámos no
IdPt2, e cantamos no IdPr) em relação à CI. Todavia, em Vasconcelos (1970 [1901]), é
relatada a ocorrência de formas verbais não-canônicas em certas regiões de Portugal,
como amemos (para amámos), em CI, além de descimus (para descemos), em CII,
mostrando que a oposição distintiva em tal país europeu não se daria apenas pela
nasalização, mas também pelo alçamento da vogal temática (VT). Sobre isso, é possível
argumentar que se trate de um alçamento vocálico da VT, consistindo em alomorfia
(variação) ou oposição significativa. Por outro lado, percebemos, em estudos
antecedentes (PEREIRA, 2014; PEREIRA, LEHMKUHL-COELHO e LOREGIAN-
PENKAL, 2016), que tais variantes não-canônicas costumam ser usadas com mais
frequência em contexto de IdPt2. Isso poderia reforçar a hipótese de que não se trate de
um alçamento da VT, mas sim que os sujeitos estariam, intuitivamente, inserindo uma
DMT (que resultaria num Ø como VT) para desneutralizar as formas de IdPt2 e IdPr.
Tal modificação resultaria numa reacomodação do sistema com vistas a uma
funcionalidade de desambiguização de tempo, modo e aspecto.

1. INTRODUÇÃO, DELIMITAÇÃO DO OBJETO E JUSTIFICATIVA

As variações linguísticas são inerentes às línguas (LABOV, 2008 [1972]; 1994;


WEINREICH, LABOV, HERZOG, 2006 [1968]), além de serem constituintes da
riqueza cultural e histórica que elas apresentam, e isso acontece também na língua
portuguesa, como já preconizava Vasconcelos no início do século XXI, em “Esquisse
d’une dialectologie portugaise” (1901) – Ensaio de uma dialetologia portuguesa – ao
tratar dos diversos dialetos do português. Tal autor afirma, além disso, que há mais de
um dialeto no Brasil, por conta da sua imensidão geográfica e da variedade racial
encontrada aqui. Para ele, “a fala da Amazônia, por exemplo, tem algumas
peculiaridades assim como a do Pará, onde se diz canúa <canoa>, com a mudança do O
em U, como nos Açores” (VASCONCELOS, 1901, p. 134).1
A variação linguística no português brasileiro ocorre comumente na fala e
também é encontrada em letras de música, como nas de Adoniran Barboza – “Maloca
querida”, por exemplo, nas quais aparece um tipo de variação que é o foco de nosso
estudo, mostrando um traço do falar caipira e da influência dos imigrantes europeus na
língua portuguesa do Brasil. Várias outras canções do compositor trazem esse fenômeno
linguístico, a saber (grifos nossos): “O Arnesto nos convidou pra um samba, ele mora
no Brás/ Nós fumos, não encontremos ninguém/ Nós vortemos com uma baita de uma
reiva/ Da outra vez, nós num vai mais/ Nós não semos tatu!/ No outro dia encontremo
com o Arnesto/ Que pediu desculpas, mas nós não aceitemos” (Samba do Arnesto).
Além desse compositor, é possível encontrar vários outros que se dedicaram a
retratar a cultura e a linguagem do homem do interior brasileiro. Outro exemplo clássico
da música brasileira é a canção “Chico Mineiro”, de Tonico e Tinoco, que traz em sua
letra um exemplar dessa variação linguística: “Fizemo a úrtima viagem/ Foi lá pro
sertão de Goiás/ Fui eu e o Chico Mineiro/ Também foi o capataz/ Viajemo muitos
dia/Pra chegar em Ouro Fino/ Aonde nós passemo a noite/ Numa festa do Divino
(grifos nossos).”
As composições citadas foram escritas no século XX, e, já no século XXI,
apareceram algumas canções caipiras que têm atingido o público jovem. Um desses
exemplos é a música “Semo porque Semo”, de João Carreiro e Capataz, que traz à tona
o fenômeno de variação linguística do qual se ocupará esta pesquisa, mas também
apresenta elementos culturais interessantes, como a identidade caipira2 e, mais que isso,
um orgulho de ser assim chamado. A própria expressão “demoremo, mas cheguemo”
traz em seu bojo a realidade de uma cultura que demorou a ser valorizada na sociedade
– e, diga-se de passagem, continua sendo vítima de preconceito linguístico (cf.
BAGNO, 2006) por alguns falantes de português.
Assim sendo, esta proposta de Doutorado Sanduíche – relacionada às áreas da
Sociolinguística e Morfologia – trata a respeito de um tipo de concordância verbal não
padrão: a variação morfêmica na 1ª pessoa do plural (P4, “nós”) em verbos regulares de

1
“Le parler de la région des Amazones, par exemple, présente quelques particularités, de même que celui
du Pará, où l’on dit canúa <canoa>, avec le changement d’ô en u, comme aux Açores”
(VASCONCELOS, 1901, p. 134, tradução nossa).
2
De modo geral, o termo “caipira”, conforme Bortoni-Ricardo (2011) está relacionado à cultura rústica
do estado de São Paulo, mas hoje em dia é também usado para descrever o “modo rústico e tradicional
dos habitantes do campo, independentemente da região geográfica” (BORTONI-RICARDO, 2011, p. 57).
1ª e 2ª conjugação (CI e CII) em IdPr (Presente do Indicativo) e IdPt2 (Pretérito Perfeito
do Indicativo), com foco no PB (português brasileiro), mas observando as descrições
linguísticas do PE (português europeu) e como essa variedade influencia na variedade
brasileira.
Contextualizando-se o fenômeno em questão, é preciso explicar que, no
português brasileiro padrão, não haveria formas verbais diferentes nos verbos regulares3
de 1ª e 2ª conjugação, na P4 (nós), no que se refere aos tempos de Pretérito Perfeito do
Indicativo (IdPt2) e Presente do Indicativo (IdPr), como se pode observar nos exemplos
a seguir:
(1) Verbos de 1ª Conjugação
1a. Nós plantamos a toda estação. (Presente do Indicativo)
1b. No mês passado, nós plantamos. (Pretérito Perfeito do
Indicativo).

(2) Verbos de 2ª Conjugação


2a. Nós lemos à noite toda quarta-feira. (Presente do Indicativo)
2b. Ontem, nós lemos à noite. (Pretérito Perfeito do Indicativo).

Trata-se, conforme Câmara Jr. (2010 [1970]), de um caso de neutralização


verbal do português brasileiro padrão, sendo que, por ocorrer tanto no plano
morfológico quanto no fonológico, seria necessária (para os sujeitos falantes da língua)
alguma forma de distinguir presente do passado. Por isso, segundo Queriquelli (2016), o
sistema do português brasileiro reagiria com o uso do gerúndio para marcar o presente,
aliado a um advérbio (“Estamos pescando agora”), enquanto, por exemplo, a forma
pescamos estaria especializando-se para expressar o pretérito perfeito, embora venha
geralmente acompanhada de um advérbio temporal, como ontem.
Já em um PB vernacular, principalmente no “dialeto caipira”, como ressalta
Queriquelli (2016), haveria uma distinção entre as formas, realizadas foneticamente
como [pesʹkamʊ], para marcar o presente, e [pesʹkemʊ], para marcar o pretérito
perfeito, ambas com queda de -s final4. Na década de 1970 Amaral (1976 [1920]) já
mencionava essa variação na concordância verbal como uma das peculiaridades do
dialeto caipira: “nas formas do preter. perf. do indic. dos verbos em ar, a tônica muda-

3
No caso do verbo “dar”, por exemplo, há uma distinção entre as formas de IdPr – damos – e IdPt2 –
demos.
4
É interessante observar que essas formas verbais não-canônicas, além da mudança da VT (ou desinência
modo-temporal – DMT –, a depender do ponto de vista), apresentam uma desinência número-pessoal
(DNP) não-padrão na maioria dos dados, isto é, ao invés de aparecer a DNP padrão –mos, aparece –mo, e
esse é motivo pelo qual deixamos o –s entre parênteses em alguns exemplos.
se em e: trabaiêmo = trabalhamos, caminhêmo = caminhamos” (AMARAL, 1976
[1920], p. 29).
Nesse sentido, o grande linguista brasileiro Castilho (1992, p. 250) também
afirmou que haveria “elevação da vogal temática a para e e [de] e para i no pretérito
perfeito do indicativo, para distingui-lo do presente do indicativo: fiquemo (por
ficamos), bebimo (por bebemos)”. Além disso, ao tratar sobre a morfologização dos
sufixos modo-temporais do latim vulgar ao português, tal linguista explica que a
distinção entre os tempos verbais (ocorrida no latim vulgar) é restabelecida no
português popular, “elevando a vogal temática no pretérito de C1 e C2 (cf. amamos ~
amemos, bebedemos ~ bebimos)” (CASTILHO, 2016, p. 152). Seria, então, uma nova
forma verbal ou um restabelecimento da diferenciação entre contextos verbais que, no
surgimento do português, acabaram se neutralizando?5
Em Pereira, Lehmkuhl-Coelho e Loregian-Penkal (2016), obtivemos dados
dessas formas verbais não-padrão6 na região sudeste do Paraná, o que nos levou a
perceber que tal fenômeno linguístico parece ser característico a regiões com
características rurais (como é o caso daquela comunidade de fala da pesquisa citada),
onde há outros fenômenos linguísticos associados a essa variedade (como a epêntese do
–i-, o uso do /R/ retroflexo, entre outros). Observemos um trecho de entrevista
sociolinguística citado em Pereira, Lehmkuhl-Coelho e Loregian-Penkal (2016), com
tais características:
(3) Informante: Tem mais é bol-, é futebol, a gente vai, né, futebol,
né que a gente vai, né, nós tocamo um time dali, da colonha, né.
Tamo, joguemo7 treis jogo, né, perdimo um, empatemo um e ganhemo
otro. [...] Os jogador tanto do interior daqui memo, tanto peguemo de
cidade. [...]
Entrevistadora: Você foi eleito pra ser técnico?
Informante: Aqui da central? É que num tinha ninguém pra tocar o
Varziano, daí nóis peguemo pra tocá. Tava parado o time da colonha,
né? Daí nóis peguemo pa tocá com meu irmão otro.

5
Julgamos importante mostrar que, no latim vulgar (que deu origem a várias outras línguas, dentre elas, o
português), havia uma distinção das formas verbais em relação aos tempos de IdPr e IdPt2.
6
A partir disso, as formas verbais “canônicas” – com a representação C – seriam aquelas pertencentes à
norma padrão (neutralizadas nos dois tempos verbais), ao passo que as formas resultantes de uma
concordância não-padrão são nomeadas de “não-canônicas” – NC.
7
Consideramos como não-canônicas as formas verbais com levantamento vocálico em ambos os
contextos temporais, mas, em pesquisas anteriores (PEREIRA, 2014; e PEREIRA, LEHMKUHL-
COELHO e LOREGIAN-PENKAL, 2016), percebemos que o tempo verbal de IdPt2 parece ser um
condicionante para o uso não canônico. Lembramos também que, em Pereira (2014) – estudo feito em
Florianópolis-SC –, não encontramos dados de variação na 2ª conjugação, mas apenas na 1ª, enquanto em
Pereira, Lehmkuhl-Coelho e Loregian-Penkal (2016), cujo foco era o sudeste do Paraná, foram
encontrados dados não-canônicos em ambas as conjugações (CI e CII).
Entrevistadora: E aí vocês vão pra outras comunidades jogar, como é
que é?
Informante: Nós jogamo, é, nós jogava nas comunidade
[ininteligível] tinha um time rural também, né? Do interior, que
faziam antigamente [...] [Ininteligível] três jogo, perdimo treis ano
passado i... depois que no final que nóis fumo ganhando, que não caiu.
[...] Tem que vendê 40 cartela. Se não vendê, você tem que pagá do
teu borso, né? Esse ano, as comarca, paguemo, né? Deu a metade, eu
di a metade, porque é difícil você vendê, né? [...] Só que ganhemo um
jogo de camisa do meu sobrinho de Curitiba, né? [...] Nós já tava bem
desacorçoado [...] Ano passado, as veiz, nóis começava com deiz,
nove jogador, rapaiz... E é onze que joga, sabe? Nóis começava com
nove, deiz, [...] dava, ih... ma, rapaiz, daí pricisava, desacorçoemo.
[...] Daí ficava ruim, né... Daí nóis fiquemo, não era fácil nóis imo
jogá daqui, tudo...

Por outro lado, no que se refere ao português europeu (PE) padrão, existiria uma
diferença de nasalização da VT (vogal temática) para os contextos de presente
(cantamos), e um traço não nasalizado da VT nos casos de pretérito perfeito
(cantámos), pertinentemente à 1ª conjugação. Já no que tange à 2ª conjugação, haveria
neutralização – em similaridade à norma padrão do PB – também no PE (forma
comemos, por exemplo).
Nesse caso, como a pronúncia para cada contexto seria diferenciada, as formas
verbais de IdPr e IdPt2 também podem ser distintas na sua ortografia, colocando-se
acento na forma verbal que diz respeito ao pretérito perfeito, como mostra Câmara
Junior (2010 [1970], p. 42).

[...B]aseados nessa pronúncia normal (lisboeta), os modernos


fonólogos europeus, como Helmut Lüdte e Jorge Morais Barbosa
(Barbosa 1965, 58s), estabelecem dois fonemas /a/ em português
europeu (/a/ levemente anterior e claro, substituído na pronúncia
normal brasileira pela variante posicional [â], levemente posterior e
abafado diante de consoante nasal da sílaba seguinte) e /â/, justamente,
que aí pode, ou não, aparecer, formando oposição com /a/. O exemplo
clássico é a oposição, na 1ª conjugação verbal, entre –ámos
(terminação do pretérito perfeito: “ontem cantamos”) –amos
(terminação no presente: “cantamos agora e sempre”).

Essa distinção fonética e ortográfica, motivada pelos contextos de temporais, é


registrada também no “Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa” (2008). Para
Bechara (2008, p. 31), é facultativo colocar acento agudo nas formas verbais de
“pretérito perfeito do indicativo, do tipo amámos, louvámos, para as distinguir das
correspondentes formas do presente do indicativo (amamos, louvamos), já que o timbre
da vogal tónica/tônica é aberto naquele caso em certas variantes do português”.
Em relação a esse mesmo aspecto, Huber (1986 [1933]), com base em um
córpus amplo do português arcaico, explica que existe uma forma verbal variada para
cada contexto temporal, isto é, cantamos no presente, e cantámos no pretérito perfeito,
com acento agudo, e isso é tratado como uma distinção normal e sistemática. Ademais,
o linguista brasileiro Castilho (1992, p. 246) trata das diferenças entre o PB e o PP ao
mencionar que: “o PB não opõe timbres fechados da vogal a seguida de nasal: cf. PB
presente e pretérito cantamos; PP presente cantamos / pretérito cantámos”.
Mas um ponto essencial a se considerar é que essa especialização do cantamos
para o presente e do cantámos para o passado parece não ocorrer em todas as regiões de
Portugal8. Essa descrição, na verdade, refere-se à norma padrão do PE, pois, a partir de
uma descrição linguística dos usos reais da língua, já em 1901, Vasconcelos esclarecia
haver variações nas regiões de Portugal:

Presente do Indicativo: Há muitas hesitações. No norte de Trás-os-


Montes, a gente diz, na 1ª conjug. –amos, ex. Ama-mos< 1. amus; em
uma grande parte do país, no Norte, assim como no Sul, nós dizemos
–emos , ex. amemos, – pode ser por influência de temos (e também
havemos), que tem um emprego mais frequente na conjugação
perifrástica. No Minho, nós podemos ouvir –ámos. – Nas outras
conjugações, não há nada a observar. (Em Batalha, eu já ouvi
descimus). [...] Pretérito Perfeito: No Norte e no Centro, a terminação
–emos (-êmos, -émos, -iêmos, de acordo com as leis fonética) é mais
frequente na Iª conjug., por analogia com a Iª pessoa do singular. (-ei)
:<>lat- amus (-auimus).Em Androal, dizemos: -ámos, como na
linguagem literária. Exs.:amemos, amámos. (VASCONCELOS, 1970
[1901], p. 111-112, tradução nossa)9.

Tal descrição dá indícios de que esse uso não-canônico parece ser algo mais
antigo no português europeu, e é provável, então, que ocorra em “ilhas de

8
Em 2014, participei do I International Symposium on Variation in Portuguese, na Universidade do
Minho, em Braga, Portugal, e apresentei um estudo ainda preliminar sobre este fenômeno ao qual me
dedico agora no Doutorado. Após minha apresentação de comunicação oral, alguns professores nativos de
Portugal lá presentes asseveraram que essa distinção de segmento nasal não é, de fato, tão uniforme e
corrente na fala dos portugueses. Segundo esses participantes do evento, há muitas variações conforme as
regiões do país e também no que diz respeito aos contextos de fala e escrita, mostrando que, assim como
no Brasil, o que é exposto na norma padrão não é efetivamente o que ocorre na língua em uso.
9
Présent de l’indicatif: Il y a plusiers hésitations. Au Nord de Trás-os-Montes, on dit, à la 1ª conjug. –
amos, ex. Ama-mos < 1 . amus ; dans une grandepartie du pays, au Nord, aussie bien qu’au Sud, on dit –
emos , ex. amemos, – peut-être sous l’influence de temos (et aussi havemos), qui est d’un emploi si
fréquent dans la conjugaison périphrastique. Dans le Minho, on peut entendre –ámos. – Dans les autres
conjugaisons, il n’y a rien à observer. (À Batalha j’ai entendu descimus). [...] Parfait: Dans Le Nord e
dans le Centre, la terminaison –emos (-êmos, -émos, -iêmos, d’après les lios phonétique) est très fréquente
dans la Iª conjug., par analogie avec la Iª personne du sing. (-ei) : <> lat- amus (-auimus). A l’Androal on
dit : -ámos, comme dans le langue littéraire. Exs. : amemos, amámos. (VASCONCELOS, 1970 [1901], p.
111-112, tradução nossa).
conservadorismo” no Brasil, se, de fato, essas formas forem mais antigas, mas isso é
algo que ainda carece de investigações. Apontando nesta direção, Foeger, Yacovenco e
Scherre (2017, p. 15), ao pesquisarem a concordância verbal na P4 em Santa Leopoldina
– ES (região de característica rural), acabam por obter também dados do fenômeno
linguístico a que nos dedicamos e afirmam que:

Em Vitória/ES não foram registradas ocorrências análogas a


estudemo, aprendimo ou a fumo. É interessante observar que esse é
um traço verificado na variedade popular do português europeu, como
notado por Naro e Scherre (2007). Os autores localizam em terras
lusitanas “a origem de estruturas linguísticas portuguesas não padrão,
que em função de uma confluência de motivações, se ampliaram e se
tornaram visíveis em terras hoje brasileiras” (NARO; SCHERRE,
2007, p. 23), em registros de trabalhos da dialetologia europeia.
Partindo desse fato, podemos pensar na elevação da vogal temática em
verbos de primeira conjugação na 1PP como uma herança do
português popular europeu que ainda se conserva na área rural do
Brasil. [...] Em nossos dados, a elevação só ocorre no pretérito
perfeito. Não encontramos nenhuma ocorrência de presente do
indicativo com terminação –emo. Isso indica que esse parece ser mais
um mecanismo para reforçar que se está falando no pretérito e evitar a
ambiguidade entre os tempos verbais.

Com base, pois, nessas e em outras indagações – sistematizadas na próxima


seção –, é que se constrói a justificativa desta pesquisa, isto é, pela necessidade de
aprofundar as reflexões teóricas e também a coleta de obras portuguesas que tratem do
assunto. O que foi percebido até o momento é que, tanto em Portugal quanto no Brasil,
parece haver o uso de formas não-canônicas na concordância verbal de P4 nos tempos
verbais de IdPt2 e IdPr, em verbos regulares.
Outrossim, o fenômeno a que se dedica nossa Tese de Doutorado carece não
apenas de descrições mais amplas, como também de reflexões teóricas, no âmbito da
Morfologia, para além do estruturalismo. Como se pode observar, nosso referencial
teórico menciona a existência do fenômeno e breves descrições morfológicas, mas não
há ainda um levantamento de dados quantitativo voltado especificamente a isso –
embora tenhamos já feito uma prévia em Pereira (2014) e Pereira, Lehmkuhl-Coelho e
Loregian-Penkal (2016).
Seria necessário, portanto, um aprofundamento teórico em variadas teorias de
Morfologia (Morfologia Lexical, Teoria da Otimidade, Morfologia Distribuída, entre
outras), com vistas a identificar qual delas poderia dar conta de explicar com mais
propriedade se esse uso se trata de uma reacomodação no sistema do português, com
vistas à desambiguização temporal (nossa hipótese), ou se seria um caso de alçamento
vocálico da VT, em alomorfia (variação), sem oposição de significado (podendo ocorrer
as formas NC e C em ambos os contextos temporais).
Nesse sentido, a orientação e os encaminhamentos de Alina Villalva (Professora
Auxiliar no Departamento de Linguística Geral e Românica da Faculdade Letras da
Universidade de Lisboa) nos serão essenciais para o aprimoramento e aprofundamento
da pesquisa, haja vista que a referida pesquisadora atua nos campos de pesquisa em
Morfologia, Lexicologia, Lexicografia, Processamento morfológico e lexical, sendo
membro também do LicOrN (Groupe de Recherche em lexicographie, corpus et
ressources numériques). É provável, também, que ocorram publicações em revistas e
apresentações de trabalho em parceria com a professora Villalva, aumentando-se a rede
de pesquisa entre Brasil e Portugal. Além disso, viver um período em Portugal nos
permitiria fazer um levantamento de obras portuguesas que tratem acerca do fenômeno
linguístico em questão, propiciando-nos reflexões que solidifiquem nossa análise e
embasamento teórico da Tese de Doutorado.
Acreditamos, ainda, que esta pesquisa tem relevância para o desenvolvimento
científico e tecnológico da área de Linguística (com foco em Morfologia e
Sociolinguística) no Brasil, uma vez que se trata de um fenômeno linguístico muito
comum no país, mas ainda pouco descrito pelos pesquisadores da área.

2. QUESTÕES, OBJETIVOS E HIPÓTESES

Questão 1: Como outras teorias (além do estruturalismo), no âmbito da


Morfologia, podem auxiliar na descrição do fenômeno linguístico de variação
morfêmica não-padrão na P4?
Objetivo 1: Aprofundar as discussões teóricas a respeito das formas não-
canônicas de 1ª pessoa do plural, no Presente e Pretérito Perfeito do Indicativo, em
verbos regulares de 1ª e 2 conjugação, no âmbito da Morfologia10.
Hipótese 1: É provável que os estudos em Morfologia tragam explicações de
como ocorre essa reacomodação das formas não-canônicas no sistema verbal do
português, como, por exemplo, que a motivação para tanto seja de desneutralização
temporal.

10
Este objetivo está relacionado ao fato de a Profa. Dra. Alina Villalva, atuar nas áreas de investigação
relativas à morfologia e variação, com larga experiência em estudos de mudança morfológica.
Questão 2: O que relatam as obras portuguesas a respeito desse fenômeno
linguístico?
Objetivo 2: Consultar textos sobre o assunto em obras portuguesas e ocorrências
variáveis de 1ª pessoa do plural (P4, “nós”) em verbos regulares de 1ª e 2ª conjugação
em língua portuguesa nas modalidades oral e escrita.
Hipótese 2: Em similaridade ao que afirma Vasconcelos (1970 [1901]), é
possível que outras obras de descrição da língua portuguesa, em sua variedade europeia,
revelem a existência de formas não-canônicas de P4 nos contextos temporais de IdPr e
IdPt2.

Questão 3: As formas não-canônicas consistem em alçamento vocálico da VT


em sílaba tônica (em similaridade ao que ocorre nas sílabas pré-tônicas e pós-tônicas),
num caso de alomorfia (e alofonia), ou se trata de uma nova DMT para desambiguizar a
neutralização padrão entre os tempos verbais de IdPr e IdPt2?
Objetivo 3: Estabelecer discussões teóricas sobre o tema, envolvendo
Morfologia, Fonética e Fonologia, com base nas orientações e disciplinas oferecidas
pela Professora Doutora Alina Villalva.
Hipótese 3: Acreditamos, até o presente momento – embora muitos linguistas
nos quais nos baseamos utilizem a expressão “alçamento vocálico” para descrever este
fenômeno linguístico – que não se trate de um caso de alteamento e alomorfia, pois isso
não consideraria a oposição distintiva entre os contextos temporais (isto é, dados
preliminares nos mostraram que parece haver uma especialização das formas não-
canônicas para o contexto de pretérito perfeito). Um estudo mais aprofundado nos
permitirá confirmar ou refutar esta hipótese.

Questão 4: Essas formas NC ocorrem no interior do Brasil por que seriam


vestígios de um português europeu mais arcaico – considerando-se que as comunidades
de fala de dialeto rural estão mais afastadas de grandes metrópoles, não interagindo com
outras regiões – “ilhas de conservadorismo” (NARO, SCHERRE, 2007) –, o que
possibilitaria uma conservação de expressões linguísticas mais antigas, oriundas de um
PE arcaico?
Objetivo 4: Investigar se há registros dessas formas não-canônicas no PE
arcaico, a fim de que possamos traçar se, de fato, há uma justificativa de origens
históricas para esse uso no Brasil.
Hipótese 4: Com base em Naro e Scherre (2007) e Foeger, Yacovenco e Scherre
(2017), é provável que tais formas NC sejam comuns a “ilhas de conservadorismo”, que
seriam resultantes da manutenção de um PE mais arcaico, em regiões mais afastadas e
comunidades de fala mais fechadas a interações linguísticas.

3. METODOLOGIA

Nesta seção, trataremos acerca da metodologia que será (e tem sido) usada no
período em que estamos/estivermos no Brasil e também respectiva ao possível período
de sanduíche em Portugal, pois são passos de pesquisa que diferem em seus objetivos,
dentro da elaboração da tese de Doutorado. Trata-se de uma investigação, de modo
geral, que se utiliza do método indutivo, utilizando-se de variados tipos de pesquisa, em
cada fase do processo, tais como: entrevista, pesquisa de campo e pesquisa
bibliográfica. (cf. MARCONI; LAKATOS, 2003).
No que se refere ao processo metodológico executado no Brasil, utilizaremos
metodologia sociolinguística quantitativa de descrição, levando em conta algumas das
obras clássicas da teoria sociolinguística, como Labov (2008 [1972]) e Weinreich,
Labov e Herzog – WLH – (2006 [1968]). Para tanto, estamos em processo de
finalização de 24 entrevistas sociolinguísticas (técnica de entrevista, aos moldes das
pesquisas sociolinguística feitas no Brasil) na cidade de Quedas do Iguaçu – PR, que
farão parte do banco VARLINFE – pertencentes à UNICENTRO, campus Irati – (já
composto pelo mesmo número de entrevistas de cada uma das seguintes cidades: Irati,
Mallet, Prudentópolis, Ivaí, Rebouças, Rio Azul e Cruz Machado). Tal banco de
entrevistas tem como característica traços rurais, uma vez que a região é marcada pelo
trabalho agrícola e por uma população muito ligada ao campo, com um falar peculiar a
um “dialeto caipira”.
Nesse ínterim, a parte de pesquisa de campo já começou a ser feita e será
finalizada após a volta do período no exterior. Consideramos que se trate de uma
pesquisa de campo, de viés quantitativo-descritivo, a partir de estudos de verificação de
hipóteses (algumas elencadas na seção anterior, embora a tese apresente ainda outras),
baseando-nos no que apontam Marconi e Lakatos (2003, p. 187), pois consiste em uma
investigação de pesquisa empírica:

cuja principal finalidade é o delineamento ou análise das


características de fatos ou fenômenos, a avaliação de programas, ou o
isolamento de variáveis principais ou chave. [...] pode utilizar
métodos formais, que se aproximam dos projetos experimentais,
caracterizados pela precisão e controle estatísticos, com a finalidade
de fornecer dados para a verificação de hipóteses. [...] empregam
artifícios quantitativos tendo por objetivo a coleta sistemática de
dados sobre populações, programas, ou amostras de populações e
programas. Utilizam várias técnicas como entrevistas, questionários,
formulários etc. e empregam procedimentos de amostragem.

Em Pereira, Lehmkuhl-Coelho, Loregian-Penkal (2016), já publicamos


resultados preliminares com base em algumas entrevistas do banco VARLINFE, mas a
tese objetiva levantar dados de todas as entrevistas componentes do banco. Para isso,
serão seguidos os passos de levantamento de variáveis linguísticas e extralinguísticas,
categorização de dados, para posterior análise quantitativa, possivelmente com o
programa de linguagem de programação R.
Essa parte de categorização dos dados e análise será feita após período
sanduíche no exterior. Até o momento, temos nos dedicado à elaboração teórica da tese,
bem como o aprofundamento do fenômeno de estudo nos aspectos linguísticos e sociais
que parecem motivar o uso de variantes não-canônicas (além das entrevistas já
mencionadas). Pretende-se, ainda, defender a qualificação da tese antes do período em
Portugal, e o texto a ser defendido contemplará alguns aspectos, como: definição e
descrição da comunidade linguística, além da variedade rural e “dialeto caipira”;
discussões teóricas no âmbito fonético-fonológico, morfológico, sintático e semântico
(delimitação do objeto de estudo); aprofundamento teórico da TVM (Teoria da Variação
e da Mudança); e, por fim, descrição metodológica do passo a passo de pesquisa,
amostra e córpus utilizado.
Já em Portugal, pretende-se solidificar o embasamento e discussão teóricos, a
partir de uma metodologia bibliográfica, de levantamento de obras que tratem sobre o
fenômeno em questão, como também a partir de aprofundamento nas discussões
teóricas de Morfologia, que possam dar conta de responder a nossas indagações, para as
quais ainda não temos muitas respostas. Nesse sentido, conforme Marconi e Lakatos
(2003, p. 183):
A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda
bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde
publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas,
monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de
comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais:
filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato
direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado
assunto, inclusive conferencias seguidas de debates que tenham sido
transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas. [...] a
pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou
escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob
novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras.

Em consideração a isso, portanto, também a partir de uma metodologia


bibliográfica, pretende-se procurar registros de uso das variantes não-canônicas no PE
contemporâneo e arcaico, em obras que tratem sobre o assunto e que estejam presentes
na biblioteca da Universidade de Lisboa, disponibilizadas pelo grupo de estudos do qual
a professora Alina Villalva participa ou até mesmo em bibliotecas públicas que
circundam a localidade de estadia em Lisboa.

3. CRONOGRAMA

a) Busca bibliográfica por referencial especializado na área de Morfologia e


também de descrição linguística em outros aspectos;
b) Participação em disciplinas indicadas pela Professora Alina Villalva que estejam
relacionadas, de alguma forma, ao fenômeno linguístico estudado;
c) Reuniões periódicas de orientação com a Professora Dra. Alina Villalva, para
acompanhamento e direcionamento das atividades;
d) Desenvolvimento da escrita de discussão teórica sobre Morfologia que constitui
uma das seções da Tese de Doutorado em andamento;
e) Participação em eventos acadêmicos sobre Linguística (focalizando-se
Morfologia e Sociolinguística) em Portugal;
f) Coleta de registros do fenômeno linguístico de variação morfêmica na P4 em
verbos regulares de CI e CII, nos tempos verbais de IdPr e IdPt2, em obras
portuguesas.
linguístico em obras portuguesas
Coleta de registros do fenômeno
indicadas pela Professora Alina

teórica sobre Morfologia (seção


Professora Dra. Alina Villalva

Desenvolvimento de discussão

acadêmicos sobre Linguística


Reuniões de orientação com a
Participação em disciplinas

Participação em eventos
Atividades

em Portugal
Busca por referencial

da Tese)
Villalva
especializado
Mês e ano

Outubro /2018 X X X

Novembro X X X X
/2018
Dezembro /2018 X X X X

Janeiro /2019 X X X X

Fevereiro /2019 X X X X

Março/2019 X X X X

5. REFERÊNCIAS

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Vozes, 2010 [1970].
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