BIOSSEGURANÇA

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MANUAL

DE

BIOSSEGURANÇA

Manaus, AM
Agosto – 2023

Maternidade Azilda da Silva Marreiro


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EQUIPE ORGANIZADORA

ELCINEI DE LIMA SAMPAIO


Diretor Geral

LUCAS DE SOUZA LIMA


Gerente Administrativo e Financeiro

MARIA DO P.SOCORRO DE O. MATOS


Coordenador da CCIH

RÔMULO FREIRE DE MORAIS


Coordenador do Núcleo de Segurança do Paciente

CARLEM GONÇALVES CABÚS


Gerente de Enfermagem

DR. SAMIR SALIM JORGE ELGALY


Médico responsável da CCIH

LUCIANA ARAGÃO
Coordenador da UTI

SABRINA MAYUMI MELO TANIGUCHI


Coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica

JARDEL ARAÚJO DA SILVA INÁCIO


Coordenador Farmacêutico

Manaus-AM
Janeiro – 2024
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO
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O Manual de Biossegurança é parte integrante do Sistema de Gestão da


Maternidade Azilda da Silva Marreiro- MASM, como forma de agregar valor à qualidade do
Serviço prestado, obter resultados confiáveis e garantir a segurança dos funcionários,
paciente e meio ambiente. Esse Manual contém as políticas e procedimentos necessários
para assegurar o cumprimento das Normas de Biossegurança em toda abrangência de todos
os setores assistenciais nas demais dependências que se fizerem necessário.
As atividades desenvolvidas nas instituições de saúde empregam substâncias e
produtos de diversas classes. Entre eles estão os considerados perigosos por apresentarem
características como inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade estabelecidas
pela NBR 10.004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT_NBR 10.004), que
oferecem risco potencial aos seres vivos e/ ou ao ambiente. Essas atividades,
consequentemente, geram resíduos também considerados perigosos. Destinar
corretamente esses resíduos é responsabilidade de seus geradores. Para ratificar essa
afirmação a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publica a Resolução da
Diretoria Colegiada (RDC n.33), de 25 de fevereiro de 2003, relativa ao gerenciamento dos
resíduos gerados nos serviços de saúde (RSS), com vistas a preservar a saúde pública e a
qualidade do ambiente, atualizada pela RDC n.306, de 7 de dezembro de 2004. Nessas
resoluções fica definido que:
Para efeito desse Regulamento Técnico, definem-se como geradores de RSS
todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde; laboratório; Agência
transfusional; de produtos para saúde; capela; farmácia hospitalr; UTIN, UCINCA, UCINCO,
administrativos entre outros da Maternidade Azilda da Silva Marreiro.

OBJETIVOS GERAIS

 Difundir os conhecimentos sobre a biossegurança como parte da postura


profissional de uma categoria que, além dos riscos biológicos, estão expostos a
riscos físicos, químicos e ergonômicos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS.

 Fornecer informações que ajudem a prevenir e diminuir a exposição a riscos


ocupacionais no ambiente de trabalho, prevenir acidentes de trabalho e proteger a
saúde dos colaboradores.
 Oferecer subsídios para uma ação integrada entre profissionais de saúde e, em
segurança do trabalho visando reduzir riscos de exposição a material biológico e
aquisição de agravos infecciosos.
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 Garantir o cumprimento das práticas de biossegurança na atuação dos profissionais,


evitando a transmissão de microorganismos e acidentes de trabalho.
 Melhoria da qualidade do trabalho, maior produtividade, menor custo e, sobretudo o
exercício da cidadania.
 Assumir a responsabilidade para com a sua integridade e com a do paciente.

JUSTIFICATIVA

De acordo com os aspectos da Segurança no Ambiente Hospitalar, citados pela


Anvisa, muitos acidentes acarretam vários tipos de prejuízos. Todos os colaboradores da
Maternidade Azilda marreiro deverão estar plenamente conscientes das possibilidades e
riscos no ambiente de trabalho, devendo, portanto, em conjunto com a instituição, examinar
cuidadosamente cada risco e determinar a melhor forma de gerenciá-lo. Todos os níveis de
gerenciamento devem, constantemente, reforçar as regras e regulamentos de segurança,
estar alerta e identificar as práticas e condições inseguras, tomando, imediatamente,
atitudes apropriadas para corrigir irregularidades. Os gerentes e supervisores têm a
responsabilidade de zelar para que ambos, ambiente e funcionário, apresentem-se em
condições adequadas de segurança e devem considerar a prevenção de acidentes como uma
parte normal de suas atividades rotineiras.
A responsabilidade pelas questões de segurança está necessariamente atrelada
aos funcionários. Cada um deles deve seguir as práticas de segurança no trabalho, através
do uso de regras e regulamentos anunciados neste manual.
É preciso estar constantemente alerta para os riscos de acidentes em qualquer
local da Maternidade, comunicando à sua supervisão qualquer eventualidade, à prática ou
condição insegura.

COMPORTAMENTO PROFISSIONAL

Higiene pessoal necessária- Boas práticas em higiene pessoal e técnicas corretas de


limpeza fazem parte dos princípios de qualquer instituição de saúde para se evitar
contaminações e a disseminação de infecções, já que um hospital concentra inúmeros
micro-organismos, bactérias e vírus nocivos à saúde dos pacientes e também dos
trabalhadores. Vale ressaltar a importância do uso adequado dos uniformes e vestuários,
evitando a disseminação de germes no hospital.
Adornos: Por precaução e para atender a NR 32, é proibido o uso de adornos nas áreas de
atendimento assistenciais, seja qual for o tamanho, como por exemplo os, broches, anéis e
piercing. A proibição aplica-se a gravatas, lenços e todo o tipo de "enfeites”;
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Nas Unidades Centro Cirúrgico Obstétrico- CCO, Unidade de Terapia Intensiva Neonatal-
UTIN, Unidade de Cuidados Intermediários Convencionais- UCINCo e Unidade de Cuidados
Intermediários Canguru- UCINCA, fica proibido o uso de qualquer adorno, devido risco de
contaminação e acidentes e é estabelecido ADORNO ZERO.
Cabelos: Os cabelos devem estar presos para trás do pescoço e acima dos ombros, nas áreas
assistenciais e técnicas, de forma que evite contato com materiais e as superfícies
contaminadas. Esta regra também deve ser aplicada para os profissionais que circulam por
estas áreas, como por exemplo: colaboradores de higienização, lavanderia, administrativos
que necessitam levar materiais nas áreas assistenciais, núcleos assietnciais e de controle etc.
Calçados: O uso do calçado fechado é obrigatório nas áreas assistenciais e técnicas. De
preferência que seja de material impermeável e lavável.
Cosméticos/maquiagem: É permitido, desde que seu uso seja feito de forma consciente e
que não contenha um cheiro forte.
Cílios postiços: Fica proibido o uso em áreas assistenciais devido ao risco de contaminação
ao paciente, visto que, durante o tempo de uso há risco de queda dos cílios postiços no local
aplicado.
Unhas: Unhas naturais, limpas e curtas, não ultrapassando a ponta dos dedos e somente o
uso de esmaltes íntegros, sem apliques e sem estar craquelado.
Lentes de contato: O manuseio das lentes de contato é proibido nas áreas assistenciais.

PRECAUÇÕES UNIVERSAIS

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL:

Avental- Proteger as roupas e a pele da contaminação por sangue, fluídos corporais,


manchas e derramamento de materiais infectados que podem ocorrer durante o
atendimento ao paciente e manuseio de material biológico. Os aventais devem ser retirados
ao entrar em refeitórios, e outros locais, pois são áreas não contaminadas e os aventais
podem trazer agentes biológicos para esses locais.
Luvas descartáveis- O uso de luvas no setor se deve à necessidade de proteger profissionais
e pacientes dos riscos de contaminação e transmissão. Luvas descartáveis devem ser
utilizadas em todos os cuidados diretos ou indiretos com pacientes que envolvam
insumos/materiais de origem biológica, pois constituem uma barreira protetora contra
agentes infecciosos. É importante usar as luvas com cuidado para não rasgar e se ajustar
perfeitamente à pele para evitar acidentes.

Luvas cirúrgicas estéreis- Devem ser utilizados para procedimentos invasivos ou que exijam
desinfecção de equipamentos. O uso de luvas requer técnica asséptica.
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Óculos de proteção- Devem ser utilizados quando houver risco de exposição do profissional
a respingos de sangue, secreções corporais e excreções. Os óculos de proteção devem ser de
material rígido e leve, cobrir completamente a área dos olhos. Para profissionais que
utilizam óculos com lentes de grau, são oferecidos óculos de proteção sobrepor, pois
permite a sobreposição e melhor vedação na área ocular.
Máscara cirúrgica descartável- São utilizados em todos os procedimentos que envolvam a
formação de aerossóis ou suspensões de partículas.
Máscara n95- Recomendado para proteção respiratória e para reduzir a exposição
ocupacional a aerossóis contendo agentes biológicos potencialmente patogênicos e/ou
infecciosos.

PREVENÇÃO DE EXPOSIÇÃO ACIDENTAL A SANGUE E OUTROS FLUIDOS CORPORAIS

Tipos de exposição envolvendo material biológico consideradas de risco:

 Exposições percutâneas: lesões provocadas por instrumentos perfurantes ou


cortantes (ex.: agulhas, lâminas de bisturi, vidrarias, etc.);
 Exposições de mucosas: ocorrência de respingos na face envolvendo olho, nariz ou
boca; ou exposição de mucosa genital;
 Exposição de pele não íntegra: contato com locais onde a pele apresenta dermatites
ou feridas abertas;
 Arranhaduras e/ou mordeduras: são consideradas de risco quando envolvem a
presença de sangue.

Principais causas de acidente de trabalho com exposição a material biológico

 Administração de medicação endovenosa; intramuscular; subcutânea; intradérmica;


 Punção venosa/arterial para coleta de sangue;
 Descarte inadequado de material perfurocortante em saco de lixo;
 Descarte inadequado de perfurocortante em bancada, cama, chão e etc;
 Lavanderia;
 Lavagem de material (CME);
 Manipulação de caixa com material perfurocortante;
 Procedimento cirúrgico; ag^ncia transfusional; laboratorial;
 Dextro (controle de glicemia capilar);
 Reencape de agulha

Risco de Infecção por HIV, Hepatite B e Hepatite C


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O risco de infecção pós-exposição ocupacional é variável e depende de diversos fatores


como:

 Tipo de acidente;
 Condições clínicas da paciente fonte e do trabalhador;
 Gravidade da lesão;
 Presença e volume de sangue da paciente fonte;
 Conduta adequada pós-exposição;
 Tempo decorrido entre exposição e início da PEP (Profilaxia pós-exposição) (procurar
e colocar aqui onde há PEP

Medidas de Prevenção de Exposição a Material Biológico

 Adotar cuidados com a biossegurança;


 Uso de EPI (Equipamentos de Proteção Individual): uso de máscaras, luvas, avental,
botas;
 Higienização das mãos.
 Imunização para Hepatite B (3 doses e realização do anti HBS)

O que fazer se ocorrer Acidente de Trabalho com Exposição a Material Biológico


 Acionar um colega mais próximo caso seja necessário ajuda;
 Notificar imediatamente a chefia do setor;
 Lavar pele com água e sabão;
 Solicitar a limpeza do local em caso de respingos e derramamentos com material
infectante ou tóxico;
 Seguir Fluxo de Acidente de Trabalho da instituição.

Atenção! Evitar:
 Manter relações sexuais sem o uso de preservativo;
 Engravidar
 Amamentar;
 Doar sangue, órgãos.

PRECAUÇÃO PADRÃO DE ISOLAMENTO DE PACIENTE


Higienização das mãos
 Realizar a HM seguindo os cinco momentos: antes do contato com o paciente, antes
da realização de procedimento asséptico, após risco de exposição a fluidos corporais,
após contato com o paciente e após o contato com as áreas próximas ao paciente;
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 Realizar com água ou solução alcoólica;


 Retirar adornos
Paramentação
Luvas:
 Utilizar luvas sempre que houver risco de contato com sangue, fluido corporal,
secreção, excreção, pele não íntegra e mucosa, com o objetivo de proteger as mãos
do profissional; Retirar as luvas imediatamente após o uso, antes de tocar em
superfícies ou contato com outro paciente, descartando-as;
 Trocar as luvas entre os pacientes.
 Trocar as luvas entre um procedimento e outro no mesmo paciente;
 Higienizar sempre as mãos antes e imediatamente após a retirada das luvas.
Máscara, óculos, protetor facial
 Utilizar máscara e óculos de proteção sempre que houver risco de respingos de
sangue, fluido corporal, secreção e excreção, com o objetivo de proteger a face do
profissional;
 Colocar máscara cirúrgica e óculos com proteção lateral, para cobrir olhos, nariz e
boca durante os procedimentos com possibilidade de respingo de material biológico;
 A máscara cirúrgica e os óculos devem ser individuais;
 Retirá-los ao término do procedimento e higienizar as mãos;
 Descartar a máscara cirúrgica no máximo a cada 4 horas de uso contínuo;
 Proceder a limpeza dos óculos com água e sabão.
 Não utilizar jaleco ou avental comum como substituto do avental com finalidade de
proteção contra agentes infecciosos.
Avental
 Utilizar avental sempre que houver risco de contato com sangue, fluido corporal,
secreção, excreção;
 Se houver risco de contato com grandes volumes de sangue ou líquidos corporais,
usar avental impermeável;
 Retirar o avental após o procedimento e lavar as mãos;
 Se o avental for descartável, desprezá-lo no lixo;
 Se o avental for de tecido ou impermeável, desprezá-lo no hamper (cesto);
 O avental quando rasgado deverá ser encaminhado para lavanderia para avaliar
condições de reparo.
Artigos e Equipamentos Utilizados durante o cuidado ao paciente
 Utilizar luvas ao removê-los e transportá-los em sacos impermeáveis fechados ou
carrinhos fechados para evitar contaminação ambiental;
 Atenção para o uso inadequado de luvas. Evitar tocar nas superfícies.
Ambiente
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 Realizar rotina de limpeza e desinfecção das superfícies, que incluem leitos, colchões,
grades, mobiliários, equipamentos, e superfícies frequentemente tocada a cada 24
horas e entre um paciente e outro (realizado pela equipe de higienização);
 Piso e parede devem receber limpeza e desinfecção sistemática, com água e sabão e
desinfetante quaternário de amônia (MIRAX)
Roupas
 Manipular as roupas do paciente e as roupas de cama com mínima movimentação;
 Colocar as roupas sujas no hamper;
 Não jogar roupas no chão
Materiais perfuro-cortantes
 Manusear o material com cuidado, não reencapar as agulhas, não as desconectar das
seringas e não as dobrar;
 O descarte de agulhas, seringas e outros materiais contaminados devem ocorrer o
mais próximo possível da área onde são gerados;
 Seguir as orientações para montagem desses recipientes e não ultrapassar o limite
indicado pela linha tracejada, ou seja, 2/3 de sua capacidade.

LABORATÓRIO

As maiores fontes de contaminação são o contato mão-boca, o contato mão-


olho, os cortes e feridas superficiais na pele exposta e a perfuração cutânea. Para prevenir
contaminação acidental por riscos biológicos, devem ser observadas as seguintes
orientações:
 Usar luvas quando as atividades a serem desenvolvidas exigirem contato com fluidos
corpóreos (soro, plasma, urina, ou sangue total);
 Usar protetor facial, como óculos de segurança, principalmente quando houver
possibilidade de espirros de fluidos;
 Usar vestimentas de proteção, como aventais, quando o risco biológico for
reconhecido;
 Lavar as mãos antes de retirar as luvas e antes de sair da área contaminada;
 Minimizar a formação de aerossóis durante as manipulações laboratoriais;
 Evitar o contato das mãos com a face;
 Não comer, beber ou aplicar cosméticos na área do laboratório;
 Não permitir o contato de ferramentas ou qualquer peça de laboratório com a boca;
 Não usar pias de laboratórios para lavar as mãos ou outras atividades de higiene
pessoal;
 Cobrir todos os cortes superficiais e ferimentos antes de iniciar os trabalhos no
laboratório;
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 Seguir o fluxo de acidente com material pérfuro cortante e descartes de materiais


contaminados;
 Usar soluções desinfetantes adequadamente preparadas, sempre que necessário;
 Manter os frascos que contêm material infectante fechados, toda vez que não
estiverem em uso;
 Não levar luvas para áreas externas do laboratório e lavar as mãos quando sair do
laboratório;
 Especial atenção deve ser dada ao uso de centrífugas que, manuseadas
erroneamente, produzem partículas respiráveis e podem ser ejetadas durante o uso
do equipamento, devendo ser operadas de acordo com as instruções do fabricante;
 Para as operações de homogeinização e mistura, dê preferência para os
homegeinizadores de "teflon", pois os de vidro são quebráveis e podem liberar
material infectado repentinamente.

Os profissionais da área devem ter plena consciência da segurança em seu local


de trabalho. Normalmente, por ainda não terem sido infectados, alguns profissionais podem
achar que seu trabalho é inócuo. Entretanto, basta lembrar que acidentes acontecem em
qualquer ambiente e, neste caso específico, as conseqüências podem ser sérias, inclusive
fatais.

QUALIDADE DA ÁGUA
O fornecimento de água não contaminada é essencial para várias operações na
MASM. Além de ser necessária à vida, é utilizada para procedimentos de limpeza,
desinfecção e esterilização, para preparo de banhos, no preparo de alimentos; em
compressores e bombas de vácuo selados à água.
De um modo geral, a qualidade da água é estabelecida pela limpeza da caixa da
água e poço, comitês de saúde como FVS na qual estabelece parâmetros que podem incluir
amostragem e análises periódicas. Devido ao fato da água ser um veículo de contaminação
que atinge rapidamente uma grande quantidade de indivíduos, além dos testes e análises da
água, para verificação de sua qualidade, a Maternidade realiza semestralmente a limpeza da
caixa de água e poço, bem como realiza treinamentos sobre higienização das mãos e boas
práticas na manipulação de alimentos.
AR CONDICIONADO

. Higiene hospitalar

Manuseio, armazenagem e uso de cilindros de gases Devido à larga utilização de


gases no ambiente hospitalar, muitos riscos são associados a esta atividade. A
eliminação e controle destes riscos depende fundamentalmente de medidas simples
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e fáceis de executar. O treinamento é o principal fator proporcionador de segurança,


tanto para o funcionário como para o paciente. O manuseio seguro de cilindros ou
instalações centralizadas de gases medicinais pode ser a diferença entre a vida e a
morte de pacientes. Deste modo, são apresentadas a seguir informações básicas
relativas à utilização (manuseio, movimentação e armazenagem) de gases no
ambiente hospitalar, principalmente os de alta pressão de fornecimento. 4.1.1
Manuseio · Oxigênio e óxido nitroso são poderosos oxidantes. Alimentam fortemente
a reação de combustão, portanto, não se deve permitir o contato de óleos, graxas e
outras substâncias combustíveis com válvulas, reguladores, manômetros e conexões;
· Não manusear cilindros com as mãos ou luvas contaminadas com graxa ou óleo; ·
Não utilizar oxigênio como forma de substituir o ar comprimido em sistemas
pneumáticos. Esta prática, além de ser extremamente perigosa, representa um alto
custo para o hospital, pois utiliza um gás medicinal, para realizar uma função
pneumática. Este tipo de uso se refere á movimentação do fole de aparelhos de
anestesia ou aparelhos de suporte ventilatório. Para se ter uma idéia de custo,
considere um consumo médio de 15 litros por minuto; · Quando pequenos cilindros
são preenchidos com gás proveniente de cilindros maiores (com gás à alta pressão)
ocorre rápida recompressão. Além de perigosa e ilegal, esta recompressão no cilindro
pequeno causa elevação de temperatura, podendo resultar em explosão (97); ·
Cilindros usados para um tipo de gás podem ser carregados acidentalmente com gás
de outro tipo, o que pode ocasionar sérios acidentes. Quando se mistura ciclo-
propano com oxigênio ou óxido nitroso, a mistura resultante é altamente explosiva
(98); · As características dos cilindros não devem ser removidos. Decalques, adesivos,
etiquetas ou marcas não devem ser removidos. Todos trazem informações
fundamentais para diversos profissionais dentro do ambiente hospitalar; · As cores
dos cilindros não devem ser alteradas. As cores padronizadas identificam seu
conteúdo; · Cilindros sem identificação ou com identificação duvidosa devem ser
devolvidos ao fabricante; · Os cilindros devem ser mantidos distantes de chamas,
fagulhas ou outras fontes de calor. Locais quentes aumentam a pressão interna dos
cilindros; · Equipamentos específicos para cada tipo de gás devem se usados; · O
cilindro deve estar sempre acorrentado; · Somente ferramentas e equipamentos
adequados devem ser usados para abrir as válvulas dos cilindros; · A válvula de
abertura é a parte mais susceptível a danos em um cilindro. Só remova o capacete
protetor da válvula quando o cilindro for entrar em uso; · O uso e manuseio de
cilindros somente devem ser feitos por pessoal qualificado. Esta qualificação deve ser
avaliada por pessoal habilitado dentro do próprio ambiente hospitalar; · Quando o
cilindro estiver em uso, a válvula deve estar completamente aberta. A válvula deve
ser vagarosamente aberta (99). A rápida passagem do gás pelo espaço existente
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entre a válvula do cilindro e a conexão ou regulador de pressão provocará uma


recompressão instantânea neste espaço, gerando uma grande quantidade de calor.
Deste modo, partículas de poeira, de graxa ou óleo presentes neste espaço podem
sofrer ignição pelo calor gerado, causando fogo ou explosão (100, 101); · Não faça
adaptações em conexões de cilindros. Elas são padronizadas de modo a evitar
acidentes com fornecimento do gás inadequado ao uso a que se destina; · Os
cilindros, como artigos não-críticos, devem ser limpos antes de serem levados para
centros cirúrgicos; 4.1.2 Armazenagem o Os cilindros devem ser armazenados em
locais secos, limpos e bem ventilados. É recomendado um ambiente à prova de
explosão. O piso deve ser condutivo para gases inflamáveis, evitando acúmulo de
eletricidade estática; o Ventilação forçada deve ser usada para evitar que o gás
proveniente de vazamentos se acumule no ambiente. Os motores para acionamento
destes ventiladores devem possuir características especiais. Os cilindros não devem
ser armazenados em salas de cirurgia, corredores, áreas de tráfego intenso ou em
locais que possam sofrer choques e quedas (102); o Informações como "REMOVA
PARA UM LOCAL DISTANTE DO CALOR EM CASO DE INCÊNDIO" NÃO FUME", "NÃO
USE GRAXA OU ÓLEO", "NÃO ARMAZENAR JUNTO COM MATERIAIS COMBUSTÍVEIS",
devem ser fixadas na área onde os cilindros serão armazenados;

Controle de Infecção Hospitalar

Infecção hospitalar (institucional ou nosocomial): qualquer infecção adquirida após


a internação do paciente e que se manifesta durante sua estadia no hospital ou mesmo
após sua alta, quando puder ser relacionada com a hospitalização. 3. CLASSIFICAÇÃO DOS
ARTIGOS E ÁREAS HOSPITALARES COM RELAÇÃO AO CONTROLE DE INFECÇÃO À enorme
variedade de artigos e áreas hospitalares destinados a diferentes finalidades, está
associada um potencial específico de transmissão de infecção. Pode-se inferir que o risco
potencial de transmissão de infecção está ligado principalmente à utilização, ao grau de
contato ou de exposição do paciente a estes artigos e áreas, bem como ao seu grau de
contaminação. Para facilitar a operacionalização de antimicrobianos, classificam-se esses
artigos e áreas em três categorias: críticas, semicríticas e não-críticas. 3.1 Artigos Refere-se
aos vários materiais utilizados no ambiente hospitalar, dentro e fora da área de pacientes.
3.1.1 Artigos críticos São todos aqueles que penetram nos tecidos subepteliais, no sistema
vascular e em outros órgãos isentos de flora microbiana própria, bem como todos os que
estejam diretamente conectados a eles. Incluem-se neste caso, por exemplo: instrumentos
de corte ou ponta; instrumentos cirúrgicos (pinças, afastadores, catéteres venosos, drenos,
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etc.); soluções injetáveis; roupas utilizadas nos atos cirúrgicos e obstétricos, em unidades
de queimados e berçário de alto risco. Os artigos críticos devem estar totalmente livres de
microrganismos (bactérias, fungos, vírus e esporos) ao serem utilizados. 3.1.2 Artigos
semicríticos São aqueles que entram em contato apenas com a mucosa íntegra, capaz de
impedir a invasão dos tecidos subepteliais. Entre outros, destacamos os equipamentos de
anestesia gasosa e de assistência ventilatória, alguns endoscópios, medicamentos orais e
inaláveis, pratos, talheres e alimentos Os artigos semicríticos também deveriam estar
totalmente livres de quaisquer microrganismos (estéreis) ao serem usados. Todavia, nem
sempre é possível submetêlos a processos capazes de destruir esporos sem danificá-los.
Exige-se contudo, que os mesmos sejam isentos de bactérias, fungos e vírus. Os catéteres
vesicais, traqueais e nasogástricos, embora entrem em contato com a mucosa íntegra,
devem estar isentos de quaisquer microorganismos (estéreis) para uso. Há elevada
incidência de infecções urinárias e respiratórias associadas à cateterização. 3.1.3 Artigos
não-críticos São todos aqueles que entram em contato com a pele íntegra e ainda os que
não entram em contato com o paciente. Por exemplo: mesas de aparelhos de raios-X,
equipamento de hidroterapia, incubadoras sem umidificação, microscópios cirúrgicos,
telefones, mobiliário em geral. Os artigos não-críticos devem estar isentos de agentes
transmissíveis de doenças infecciosa (microorganismos não encontrados na flora normal da
maioria das pessoas). Admite-se, contudo, a presença em pequeno número de
microrganismos encontrados na micro-flora humana. 3.2. Áreas Segundo o mesmo
princípio, os diferentes ambientes que compõem a planta física de um hospital podem ser
classificados em três categorias: críticas, semicríticas e nãocríticas. 3.2.1 Áreas Críticas São
aquelas que oferecem maior risco de infecção, seja pela imunodepressão do paciente que
as ocupa ou devido às particularidades que aí se desenvolvem. Dividem-se as áreas críticas
em dois grupos: a. Áreas de risco aumentado devido à depressão da resistência anti-
infecção do paciente. São exemplos: salas de operação ou parto; salas de recuperação pós-
anestésica; nos isolamentos hospitalares tipo "isolamento protetor modificado", unidade
de diálise; unidade de tratamento intensivo; unidade de queimados; berçário de alto risco.
b. Áreas de risco aumentado dado a possibilidade de transmissão de infecções pelas
atividades alí desenvolvidas. São exemplos: isolamentos hospitalares relativos a doenças
transmissíveis, cujo diagnóstico foi comprovado; laboratório de anatomia patológica e de
análise clínicas; unidade de hemodinâmica; sala de necrópsia; cozinha, lactário e lavanderia
de hospitais de doenças transmissíveis. 3.2.2 Áreas semicríticas São todas as áreas que
apresentam menor risco de infecção, como as ocupadas por pacientes de doenças não-
infecciosas, doenças infecciosas não transmissíveis, central de esterilização de material e
lavanderia de hospitais gerais. 3.2.3 Áreas não-críticas São todas as áreas hospitalares que
teoricamente não apresentam risco de transmissão de infecção. São as áreas não ocupadas
por pacientes ou cujo acesso lhes é vedado, por exemplo: serviço de administração
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hospitalar, manutenção, vestiários e sanitários públicos, depósitos em geral e


almoxarifado. As áreas críticas e semicríticas requerem limpeza e desinfecção (terminal e
concorrente). As áreas não-críticas apenas limpeza.
PROCEDIMENTOS DE LIMPEZA, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO A conscientização
das variações dos riscos de transmissão de infecções, das dificuldades de cada método
perante a natureza dos artigos é importante a fim de que possam ser tomadas as
precauções necessárias para torná-las invariavelmente eficientes. Essa conscientização se
inicia pelo conhecimento dos conceitos de limpeza, desinfecção, esterilização, antissepsia e
assepsia, de modo a torná-los compreensíveis e utilizáveis na prática. Desse modo, os
procedimentos anticrobianos utilizados podem ser classificados em três grupos,
representando níveis diferentes de exigência de descontaminação. 4.1. Limpeza É o
procedimento antimicrobiano de remoção de sujidades e detritos para manter em estado
de asseio os artigos e áreas. A limpeza constitui o núcleo de todas as ações referentes aos
cuidados de higiene com os artigos e áreas hospitalares. É o primeiro passo nos
procedimentos técnicos de desinfecção e esterilização. Os métodos de limpeza devem ser
determinados pelo tipo de superfície, quantidade e o tipo de matéria orgânica presente, e
o propósito da área ou artigo. As operações de limpeza, propriamente ditas, compreende
escovação com água e sabão, fricção, esfregação e passar pano. A varredura e espanação
seca devem ser evitadas, pois estas práticas espalham para o ar e par as superfícies limpas,
poeira, matéria estranha e microorganismos. Nesse ponto, convém ressaltar que
independentemente da grande rotatividade de pessoal que existe nos setores de higiene
hospitalar, programas de treinamento específicos devem ser mantidos (Educação
Continuada) de modo a garantir a eficácia dos procedimentos de limpeza. Esses programas
de treinamento devem ser aplicados aqueles hospitais que contratam serviços de terceiros,
e devem ser melhor monitorados, objetivando um melhor controle de qualidade nos
procedimentos de limpeza. 4.2. Desinfecção É o processo de destruição de agentes
infecciosos em forma vegetativa, potencialmente patogênicos, existentes em superfícies
inertes, mediante a aplicação de meios físicos e químicos. Os meios químicos
compreendem os germicidas (líquidos ou gasosos). Os meios físicos compreendem o calor
em suas formas seca e úmida (vapor). A desinfecção normalmente se aplica a áreas e
artigos semicríticos e não-críticos. Os desinfetantes mais comumente utilizados são:
Procedimentos de manutenção frente ao controle de infecção hospitalar O serviço
de manutenção, como responsável pelo bom funcionamento dos equipamentos e
instalações, é obrigado a circular por todas as áreas do hospital, inclusive nas áreas críticas
e semicríticas. E, como integrante dos setores hospitalares, tem como responsabilidade
adicional, o controle de infecção. Assim sendo, devem seus funcionários: o receber
treinamento em forma de educação continuada, visando compreender os assuntos
referentes ao controle de infecção hospitalar; o comunicar ao chefe do setor no qual irá
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desenvolver atividades e pedir orientações específicas sobre procedimentos de controle de


infecção necessários; o proceder a rigorosa desinfecção dos equipamentos de trabalho,
quando entrar em áreas críticas e semi-críticas; o ao manusear equipamentos com
possibilidade de estarem contaminados, usar luvas protetoras e descartá-las após os
trabalhos; o lavar as mãos antes e após a colocação das luvas; o usar luvas, avental e óculos
toda vez que seu trabalho for realizado com equipamentos que possam gerar gotículas ou
provenientes de partes contaminadas com sangue ou fluídos corpóreos; o cobrir pequenos
ferimentos e lesões, toda vez que for manusear equipamentos ou instalações que
apresentem riscos de transmissão de infecção.

CONTROLE DE VETORES A higiene é fundamental no ambiente hospitalar. Sua


importância não deve se limitar aos conceitos de limpeza, desinfecção e esterilização. Deve
atingir conceitos racionais mais amplos, como o de racionalização do lixo hospitalar e
cuidados especiais. Deve-se garantir que a alimentação no ambiente hospitalar exista
somente em ambientes próprios(S.N.D., copas e lanchonetes). Neste sentido, é de extrema
importância os programas de reciclagem de conhecimentos, educação continuada e
educação em serviço. Estes programas devem atingir funcionários, pacientes e visitantes.
Esta seção é destinada aos profissionais da saúde encarregados do reconhecimento,
avaliação e controle de vetores de doenças no ambiente hospitalar
1 Queimaduras sob a placa neutra (braços, pés e cabeça do paciente) Este tipo de
queimadura surge quando a placa neutra é mal colocada, formando pouca área de contato
com o corpo humano. Deste modo, com a corrente elétrica circulando através de pouca
área de contato, ocorre elevação da temperatura no ponto de contato e queimadura na
pele. Casos de queimaduras de braços, cabeça, pés e outras partes do corpo humano,
acontecem em situações, como, quando o fio que liga a placa neutra ao equipamento
estiver rompido ou com mau contato, o equipamento não funcionará, pois o circuito
deveria estar aberto, impedindo a circulação de corrente elétrica. Entretanto, caso o
paciente esteja em contato com a mesa aterrada, teremos um ponto em comum com a
terra efetuado pelo seu corpo, fazendo com que o circuito elétrico funcione. Desse modo, a
corrente circulará através dos pontos de contato, de área reduzida (alta resistência
elétrica), ocasionando a queimadura do corpo nos locais de contato a mesa.

Cuidados para evitar queimaduras do bisturi elétrico Para evitar as situações acima,
as seguintes instruções devem ser seguidas: · deve ser certificado que o fio da placa neutra
não está rompido; · deve ser certificado que haja bom contato elétrico entre a placa neutra
e o corpo do paciente. Utilizar gel condutor próprio para este fim; · colocar a placa neutra o
mais próximo possível do ponto da intervenção cirúrgica; · utilizar, sempre que possível,
bisturi elétrico de última geração, com todos os dispositivos de proteção incorporados; ·
1
6

em caso de acidente, um profissional habilitado deve ser acionado para o diagnóstico da


situação, de modo a evitar repetição de casos.
Incubadoras para recém-nascidos Incubadoras (de berçário e de transporte)
proporcionam aquecimento para manter a temperatura do corpo de recém-nascidos e
freqüentemente são equipamentos essenciais à vida. Muitos tipos de incubadoras
proporcionam aquecimento através do fornecimento de calor a massas de ar que são
postas a circular dentro do ambiente no qual a criança esta confinada. As incubadoras são
primariamente construídas para uso no ambiente hospitalar. Para isto fazem uso de fontes
de energia proveniente de tomadas elétricas. Entretanto, as incubadoras de transporte,
por serem portáteis, necessitam de fontes de energia provenientes de unidades
autônomas (baterias). A literatura mostra que mortes e acidentes sérios são causados em
recém-nascidos ou neonatais (14). Entre as falhas mais comuns, estão incluídas: o falhas
em termostatos que causam sobreaquecimento e hipertermia; o funcionamento
inadequado ou defeitos de fabricação que produzem entre outros os efeitos danosos do
choque elétrico e incêndio; o erros de operação no manuseio com o equipamento; o
manutenção deficiente nas incubadoras de transporte, produzindo falha no fornecimento
de energia elétrica por baterias ou marcação inadequada do nível de carga das baterias;
Devido à mobilidade, as incubadoras (principalmente as de transporte), freqüentemente
recebem impactos que podem alterar seu funcionamento adequado, bem como suas
condições físicas. Outro acidente também relatado é a degradação do éter, que utilizado
erroneamente em procedimentos de limpeza, (157), transforma-se em formaldeído,
ocasionando a morte do paciente por aspiração de gases tóxicos. De igual importância é
manutenção dos baixos níveis de ruído no interior de incubadoras (158). Por serem
fechadas pela tampa acrílica, os ruídos gerados no ambiente externo e por partes internas
do equipamento, como ventilador e motor, são amplificados fazendo com que o ruído no
interior da câmara exceda os limites aceitáveis. Outro risco existente nas imcubadoras é o
mercúrio utilizado nos termômetros. Sendo altamente tóxico faz com que cuidados
especiais devam ser tomados com relação a eles. Atualmente, por insistência da
comunidade usuária, seu uso vem sendo eliminado (159). O uso de água na incubadora é
feito para a criação de uma atmosfera terapêutica no interior da mesma. Devido ao alto
poder de contaminação que a água possui, seu uso nestes instrumentos deve ser
acompanhado de rigorosos procedimentos de desinfecção e esterilização. A inobservância
desta orientação compromete o sucesso do tratamento e a vida do paciente.

Riscos Ocupacionais-
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7

Riscos Físicos
São todos os riscos que precisam do ar como meio de condução para se propagar,
diferentemente dos biológicos e químicos, que dependem do contato direto do trabalhador.
Neste caso, os Riscos Físicos são por si só os agentes causadores como, por exemplo:
 Ruídos;
 Vibrações;
 Calor;
 Umidade;
 Frio;
 Pressão;
 Radiação.
Riscos Químicos
O Risco Químico é um tipo de risco ambiental (aquele que o trabalhador é exposto no
ambiente de trabalho), tal qual os físicos e biológicos, porém o risco químico trata da
probabilidade da exposição do trabalhador à agentes químicos, que geralmente são danosos
à nossa saúde.
Os agentes químicos que podem ser sólidos, líquidos e gasosos são divididos de acordo com
seus efeitos, sendo que os mais comuns são:
 Agentes asfixiantes;
 Agentes anestésicos;
 Agentes tóxicos;
 Agentes cancerígenos.
Riscos Biológicos
O Risco Biológico se trata da possibilidade de um trabalhador entrar em contato com algum
agente biológico patogênico. A seguir, destacamos os principais danos causados à saúde do
trabalhadores por agentes biológicos, comumente, presentes nos ambientes de trabalho
(hospitais, laboratórios clínicos, fazendas, canteiros de obras, entre outros):
 Bactérias: Podem causar desde uma infecção alimentar a até mesmo doenças graves
como pneumonia, tuberculose e meningite.
 Vírus: Causam nos trabalhadores desde simples resfriados a doenças como, hepatite,
sarampo, caxumba e em casos mais extremos, doenças pandêmicas como HIV, Ebola
e a nova COVID-19.
 Fungos: Os fungos existentes no ambiente de trabalho podem ser causadores de
micoses, candidíase, dentre outros tipos.
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 Protozoários: Os protozoários existentes no ambiente de trabalho podem causar


desde problemas no intestino a doença de chagas.
Riscos Ergonômicos
Os Riscos Ergonômicos são aqueles que surgem quando um trabalhador realiza sua função
e/ou utiliza seus instrumentos em condições inadequadas, situações que podem evoluir para
diversos problemas de saúde, como:
 Lesão por Esforço Repetitivo (LER);
 Estresse;
 Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORTs);
 Surdez (Temporária ou permanente).
Riscos Mecânicos
Os Riscos Mecânicos são os riscos relacionados com a falta de organização, limpeza,
procedimentos operacionais e Segurança e Saúde Ocupacional (SSO) no ambiente de
trabalho e manutenção dos equipamentos, máquinas e/ou ferramentas utilizadas,
geralmente existindo por falta de manutenção, treinamento e/ou por uso inadequado dos
mesmos.
Os riscos mecânicos são provenientes de agentes mecânicos, sendo os principais e mais
comuns:

 Equipamentos inapropriadas ou com problemas;


 Instalações elétricas precárias;
 Risco de queda;
 Risco de incêndio e explosão;
 Animais peçonhentos;
 Armazenamento inadequado.

Seguir as Normas de Segurança

Nos tópicos anteriores, citei normas regulamentadoras que se aplicam ao ambiente


hospitalar (NRs 04, 05, 06 e 09).

A mais importante é a NR-32, que estabelece diretrizes específicas para a segurança do


trabalho em serviços de saúde.
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O texto é bem completo, abordando riscos químicos e biológicos e radiações ionizantes em


detalhes.

O mesmo vale para ações de limpeza e manutenção, além de pontos que reúnem riscos
incomuns, como as lavanderias.
Esses locais devem ser separados em área suja e área limpa, cada qual com suas próprias
medidas de proteção.

Além das NRs e outras normas do Ministério do Trabalho, regras da Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) e recomendações normativas da ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas) e OIT (Organização Internacional do Trabalho) devem ser consideradas.

De modo a comentar as definições legais dos agentes potenciais de danos à saúde


do trabalhador, citamos os ítens que seguem, encontrados na NR-9 da Portaria nº 3214/78:
a)Consideram-se agentes físicos, dentre outros: ruídos, vibrações, temperaturas
anormais, pressões anormais, radiações ionizantes, radiações não-ionizantes, iluminação e
umidade. b)Consideram-se agentes químicos, dentre outros: névoas, neblinas, poeiras,
fumaça, gases e vapores. c)Consideram-se agentes biológicos, dentre outros: bactérias,
fungos, "rickettsia", helmintos, protozoários e vírus.
d)Consideram-se, ainda, como riscos ambientais, para efeito das Normas
Regulamentadoras da Portaria 3.214, os agentes mecânicos e outras condições de
insegurança existentes nos locais de trabalho capazes de provocar lesões à integridade
física do trabalhador.

1. Risco de acidente. É o risco de ocorrência de um evento negativo e indesejado do


qual resulta uma lesão pessoal ou dano material.
2. Risco ergonômico. Considera-se risco ergonômico qualquer fator que possa
interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou
afetando sua saúde.
3. Risco físico. Está relacionado às diversas formas de energia, ultrassom, radiações
não ionizantes (luz Infravermelha, luz Ultravioleta, laser, micro-ondas), a que podem estar
expostos os trabalhadores.
4. Risco químico. Refere-se à exposição a agentes ou substâncias químicas na forma
líquida, gasosa ou como partículas e poeiras minerais e vegetais, presentes nos ambientes
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ou processos de trabalho, que possam penetrar no organismo pela via respiratória, ou


possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão,
como solventes, medicamentos, produtos químicos utilizados para limpeza e desinfecção,
corantes, entre outros.
5. Risco biológico. Está associado ao manuseio ou contato com materiais biológicos
e/ou animais infectados com agentes biológicos que possuam a capacidade de produzir
efeitos nocivos sobre os seres humanos, animais e meio ambiente. Em relação à
biossegurança, os agentes biológicos são classificados de acordo com o risco que eles
apresentam (ver capítulo III, sub-ítem 1.1).

GRUPOS DE RESÍDUOS
2 GRUPOS DE RESÍDUOS
2.1 Resíduo biológico

É a expressão usada para descrever os diferentes tipos de resíduos que incluem


agentes infecciosos. Para fornecer um ambiente de trabalho seguro, todos os agentes
infecciosos devem ser manipulados de acordo com o Nível de Biossegurança (NB) a que
estão relacionados, dependendo de: virulência, patogenicidade, estabilidade, rota da
propagação, comunicabilidade, quantidade e disponibilidade de vacinas ou de tratamento.
O NB aplicável define não somente os procedimentos gerais de manipulação, mas
também o tratamento dos resíduos biológicos. Atualmente, as seguintes categorias de
resíduos são consideradas resíduos biológicos:

2.2 Resíduo medicinal

Envolve todo o resíduo continuamente gerado em diagnóstico, em ratamento ou na


imunização de seres humanos ou de animais, em pesquisa e na produção de testes dos
biológicos.

2.3 Resíduos de laboratórios biológicos ou que trabalhem com substâncias controladas

Aqueles cujas pesquisas envolvem moléculas de DNA recombinante ou outras


atividades reguladas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

2.4 Resíduo químico


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Neste grupo estão incluídos diversos produtos como: substâncias e produtos


químicos rejeitados (vencidos ou em desuso), os resíduos provenientes de aulas práticas ou
projetos de pesquisa. Algumas substâncias químicas e misturas de produtos químicos são
considerados resíduos perigosos pela Agência de Proteção Ambiental norte-americana
(Environmental Protect Agency – EPA).
Mesmo que um resíduo químico não se encontre entre os citados pela EPA, mas
possua uma ou mais das seguintes características: ignitividade, corrosividade, reatividade ou
toxicidade, deve ser considerado resíduo perigoso, segundo a NBR 10.004.

2.5 Resíduo radioativo

Esse grupo é classificado como resíduo de baixo ou de alto nível de radioatividade.


O resíduo de baixo nível é típico daquele encontrado em instituições médicas e de
pesquisa, enquanto o resíduo de alto nível típico é aquele gerado em reatores nucleares.
Devemos considerar resíduos radioativos todo o resíduo com radioatividade detectável que
seja gerado nos procedimentos que envolvem o material radioativo licenciado.

3 COMBINAÇÃO DOS GRUPOS

Pode haver a geração combinada de alguns dos três tipos de resíduos perigosos. Por
exemplo, restos de cadáver que contenha material radioativo, produto químico perigoso ou
talvez um agente infeccioso e que necessite de controle de acordo com as considerações e
as exigências de todos os três tipos de perigos definidos anteriormente.
Portanto, é preciso estar atento ao tipo de resíduo que eventualmente esteja
gerando e procurar a maneira apropriada de agir em cada caso.
REFERÊNCIAS

Resolução Normativa n.01 de 20/6/2006 da Comissão Técnica de Biossegurança (CTNBio),


Brasília, 2006.

Mais detalhes podem ser vistos na seção 3.1 Resíduos biológicos.

Agência norte-americana de Proteção Ambiental (EPA), Hazardaous Waste. Washington, DC.

NBR 10.004 Resíduos sólidos – classificação

Fonseca, JCL. Manual para gerenciamento de resíduos perigosos. Colaboração de Mary Rosa
Rodrigues de Marchi - São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.
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4 DESCARTES DE RESÍDUOS PERIGOSOS DO HRSGOSP

 sensibilizar os funcionários do HRSGOSP e MTMM sobre a importância do


gerenciamento dos resíduos gerados.
 divulgar informações sobre segurança no manuseio de substâncias químicas e sobre
os riscos envolvidos em cada atividade.
 tomar as medidas necessárias para adequação das unidades à Resolução n.306/2004
da Anvisa.
 elaborar uma rotina de procedimentos para segregação, tratamento e destinação de
resíduos perigosos e não-perigosos.
 propor tratamento do resíduo na unidade, se essa for tecnicamente competente.
 não aceitar doações de produtos químicos sem que haja previsão de consumo do
bem doado em, no MÁXIMO, um ano. Além disso, as doações só poderão ser aceitas
se houver um docente que se responsabilize por garantir sua destinação final, caso o
produto não seja consumido no prazo previsto.
 promover cursos de manejo e destinação de resíduos.
 divulgar e orientar os usuários quanto aos procedimentos recomendados para
identificação e manuseio seguro dos resíduos perigosos.
 orientar quanto ao preenchimento do rótulo para os frascos de resíduos.
 garantir que a segregação será feita respeitando as correntes de resíduos, atentando,
especialmente, à incompatibilidade de seus componentes.
 identificar os frascos de resíduos usando o rótulo-padrão. O rótulo deverá ter todos
os campos preenchidos e apenas os resíduos “velhos” e sem identificação poderão
receber a identificação “Desconhecidos”.
 não receber, na unidade de saúde, embalagens danificadas ou que apresentem
qualquer outro problema que possa representar risco à saúde.
 manter os locais de resíduos organizados, limpos e seguros para a saúde.
 garantir que as políticas adotadas para manuseio seguro de perfurocortantes sejam
seguidas.
 manter arquivadas as planilhas que contenham as informações sobre os resíduos
enviados para a unidade de saúde, por um período mínimo de cinco anos, mesmo
depois que os resíduos tenham sido destinados.

5 SEPARAÇÃO DE RESÍDUOS
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3

A separação de resíduos é a etapa mais importante de um programa de


gerenciamento de materiais, pois, se corretamente feita, permite a reutilização, a reciclagem
ou a recuperação de alguns resíduos, bem como o encaminhamento à coleta municipal da
fração considerada comum ou inerte.

5.1 Resíduos biológicos

Os resíduos desse grupo são classificados pela Anvisa como pertencentes ao Grupo
A.1 Dentre os resíduos biológicos, incluem-se também resíduos de outras correntes
(químicos e radioativos) que possam conter contaminantes que apresentem riscos de
infecção.

5..1.1 Separação

Tipo A1
 Culturas e estoques de micro-organismos; resíduos de fabricação de produtos
biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de micro-organismos vivos
ou atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência,
inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética.
 Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou
certeza de contaminação biológica por agentes Classe de Risco 4, micro-organismos
com relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença
emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de
transmissão seja desconhecido.
 Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por
contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas
oriundas de coleta incompleta.
 Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos,
recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo
sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.

Tipo A2
 Não se aplica a este estabelecimento de saúde (Carcaças, peças anatômicas, vísceras
e outros resíduos provenientes de animais submetidos a processos de
experimentação com inoculação de micro-organismos, bem como suas forrações, e
os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microorganismos de
relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou
não a estudo anatomopatológico ou confirmação diagnóstica).
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Tipo A3
 Peças anatômicas humanas; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso
menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional
menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido
requisição por pacientes ou familiares.

Tipo A4
 Quites de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados.
 Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de
equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares.
 Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e
secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de
conter agentes Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e
risco de disseminação, ou micro-organismo causador de doença emergente que se
torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja
desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons.
 Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não
contenham sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.
 Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de
procedimentos cirúrgicos ou de estudos anatomopatológicos ou de confirmação
diagnóstica.
 Bolsas transfusionais vazias ou com residual pós-transfusão.

Tipo A5
 Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e
demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos, com suspeita ou
certeza de contaminação com príons.

5.1.2 Disposição de acondicionamento

Todos os resíduos devem ser acondicionados visando prevenir e proteger sua


liberação nas etapas subsequentes.

a) Os resíduos que serão destinados à incineração (A.1, A.2, A.3 e A.5) deverão ser
acondicionados em sacos brancos leitosos, contendo em uma de suas faces o símbolo
internacional de “SUBSTÂNCIA INFECTANTE”, e tendo todas as demais características
estabelecidas pela NBR 9190 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT – NBR
2
5

9.190). Deverão ser descartados em recipiente adequado ao funcionamento do


equipamento incinerador utilizado, confeccionadas de acordo com as normas vigentes.

b) Os resíduos perfurocortantes (A4) deverão ser descartados em recipientes que atendam


aos padrões estabelecidos pela NBR 13.853 da ABNT e IPT-NEA-55.

1) Tanto as caixas de papelão como os sacos plásticos devem ser preenchidos até dois terços
de sua capacidade volumétrica (as caixas de papelão contêm nas faces externas uma linha
pontilhada indicadora do limite de preenchimento), e os sacos plásticos deverão ser
fechados com o lacre que acompanha a embalagem, com fita adesiva, cordão, ou
simplesmente com um nó. Ao fechar o saco plástico, deve-se retirar o excesso de ar de seu
interior, tendo a pessoa que o manuseia o cuidado de não inalar ou se expor ao fluxo de ar
produzido.

2) Quando o resíduo separado for de alta densidade, ou seja, uma quantidade pequena com
peso muito elevado, deverá ser acondicionada apenas a quantidade suficiente para que a
embalagem não seja rompida durante o manuseio e o transporte. A integridade dos sacos
deve ser mantida até o destino final para evitar que ocorra derramamento de seu conteúdo
nas dependências do estabelecimento de saúde, nas vestimentas dos transportadores, nos
veículos transportadores ou na via pública.

REFERÊNCIAS

NBR 9.190 – Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – Classificação.

NBR 13.853 – Coletores para resíduos de serviços de saúde – perfurantes e cortantes –


Requisitos e métodos de ensaio.

Resolução Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – n.306, de 7/12/2004.

6 MANUSEIO DOS RESÍDUOS

Essa operação consiste em recolher os recipientes contendo os resíduos de serviços


de saúde na fonte geradora, encaminhando-os aos locais de armazenamento interno ou
externo, e deve ser efetuada por pessoal treinado e devidamente paramentado com
equipamentos de proteção individual indicados:
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 Gorro (de cor branca, para proteger os cabelos).


 Óculos (lente panorâmica, incolor e de plástico resistente, com armação em plástico
flexível, proteção lateral e válvulas para ventilação).
 Máscara (para impedir a inalação de partículas e aerossóis, do tipo semifacial).
 Uniforme (calça comprida e camisa manga três quartos, de material resistente e cor
clara).
 Luvas (de material impermeável, resistente, tipo PVC, antiderrapante e de cano
longo).
 Botas (de material impermeável, resistente, tipo PVC, de solado antiderrapante, cor
clara, e de cano três quartos).
 Avental (PVC, impermeável e de comprimento médio, na altura dos joelhos).

6.1 Coleta e transporte dos resíduos internos

A coleta deve ser efetuada diariamente e em intervalos regulares, de forma a atender


à demanda e evitar acúmulo de resíduos nos locais de produção. A transferência dos
resíduos das salas de armazenamento interno para os abrigos externos também deverá ser
diária.

6.2 Armazenamento

Os resíduos gerados que não podem ser tratados no estabelecimento de saúde


devem ser armazenados para serem então enviados para tratamento ou destino final.
Dependendo do porte da unidade de saúde, pode haver necessidade de se ter um abrigo
interno e/ou um externo.

6.3 Armazenamento Interno (se necessário)

Cada unidade geradora de resíduos de um estabelecimento de saúde com área


superior a 80m2 poderá se necessário ter um local interno apropriado para estocagem
intermediária dos resíduos de serviço de saúde, onde esses ficarão armazenados até serem
recolhidos e levados (horários estabelecidos) para os abrigos externos ou lixeiras, onde
aguardarão a coleta pública.
A sala de estocagem intermediária é facultativa nos estabelecimentos de pequeno
porte, onde a geração diária de resíduos costuma ser muito baixa. Nesse caso, os resíduos
gerados podem ser encaminhados diretamente para o local onde será feita a estocagem
2
7

externa. Na falta de um abrigo interno adequado é preferível manter apenas o


armazenamento externo dos resíduos sólidos do que fazê-lo em salas inadequadas.
As salas destinadas ao armazenamento interno (se necessário) deverão ter as
seguintes especificações:
a) Área não inferior a 4m2, distantes das áreas de manipulação de alimentos, medicamentos
e setores de internamento.
b) Espaço suficiente para entrada completa dos transportes (carrinhos) de coleta.
c) Os pisos e as paredes deverão ser revestidos com material liso, lavável, anticorrosivo e
impermeável. O piso deverá ter caimento adequado e ralo ligado ao sistema de tratamento
de esgotos.
d) A ventilação será feita por meio de aberturas teladas, com no mínimo 1/20 da área do
piso e não inferiores a 0,20m2.
e) A sala de estocagem intermediária deverá ser dotada de um lavatório e de uma torneira
com água corrente para facilitar a limpeza após a retirada dos resíduos, ou sempre que se
fizer necessário.
f) Deverá ser instalado um ponto de luz.
g) A quantidade de resíduos estocados na sala deverá ser absolutamente compatível com o
espaço físico dimensionado, observando-se o empilhamento máximo permitido de 1,20m de
altura, para evitar rompimento das embalagens ou desmoronamento do material estocado,
além de facilitar a colocação e a retirada dos recipientes.
h) Na porta da sala de armazenamento interno, será afixado o símbolo de identificação de
resíduos infectantes.

6.4 Armazenamento externo

É o local de guarda temporária dos resíduos de serviços de saúde, à espera da coleta


pública ou destinação específica. Os abrigos externos devem ter as seguintes especificações:

a) Ser construídos em alvenaria, fechados e dotados de aberturas teladas que impeçam o


acesso de vetores e que, ao mesmo tempo, permitam uma boa ventilação.
b) As aberturas de ventilação deverão ser correspondentes a 1/20 da área do piso e não
inferior a 0,20m2. As portas deverão abrir para fora, ser dotadas de fechaduras e mantidas
fechadas a chave, só podendo ser abertas para depositar material ou para retirar os
recipientes de resíduos nos horários de coleta pública ou outro tipo de destinação final. Na
parte inferior da porta deverá existir uma proteção para evitar acesso de vetores.
c) As paredes internas e o piso deverão ser revestidos com material liso, lavável, resistente,
impermeável e não-corrosível.
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d) O piso deverá ser de material antiderrapante, ter caimento adequado e ralo ligado ao
sistema de tratamento de esgotos.
e) Junto ao depósito deverá existir um lavatório e torneira com água corrente para os
procedimentos de higienização do depósito, dos carrinhos de transporte e demais
equipamentos. A higienização deverá ser feita de acordo com a rotina do estabelecimento
ou sempre que se fizer necessária, e o efluente resultante da lavação
deverá ser canalizado para o sistema de tratamento de esgotos.
f) É necessário que exista iluminação suficiente tanto na parte interna quanto na parte
externa do depósito.
g) As dimensões do depósito deverão ser suficientes para abrigar a produção de resíduos
sólidos de dois dias, se a coleta pública for diária, e de três dias se a coleta pública for feita
em dias alternados.
h) Deverá ser previsto no abrigo local específico para armazenamento das caixas contendo
resíduos de serviço de saúde que se destinam à incineração; esses locais devem ser
protegidos da umidade, por meio da construção de estrados ou prateleiras.
i) Somente deverão ter acesso ao depósito funcionários que estiverem ligados diretamente
ao serviço de coleta.
j) A entrada para o depósito de resíduos de serviços de saúde deve conter advertência
contra aproximação de pessoas estranhas e placa com identificação de “Substância
infectante”.
k) No local de construção do depósito deverá ser previsto espaço suficiente para acesso e
manobras do veículo da coleta pública.
l) Para impedir acesso de vetores ao depósito, além das proteções já citadas, há necessidade
de se manter programas de desratização e desinsetização periódicos, abrangendo tanto o
depósito quanto seus arredores.

7 TRANSPORTE
7.1 Transporte interno

O transporte interno dos resíduos de serviços de saúde deverá ser realizado em rota
específica e planejada, de tal forma que evite a circulação em meio a cozinhas, UTI,
berçários, centros cirúrgicos, lavanderias etc., evitando-se coincidência com fluxos de roupa
limpa, medicamentos, alimentos e outros materiais e locais onde ocorra grandes
concentrações de pessoas, salas de espera e outros ambientes fechados.
Não deverão ser transportados manualmente recipientes de capacidade superior a
20 litros ou quilos. Os recipientes de maior capacidade deverão ser transportados em
carrinhos especiais que atendam às especificações da ABNT – NBR 12.810.
2
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Periodicamente, esses carrinhos de transporte deverão passar por lavação e


higienização completa, em local apropriado, de preferência onde estiver localizado o ponto
de água para limpeza do abrigo externo.O efluente deve ser canalizado para o sistema de
tratamento de esgotos do estabelecimento de saúde.

7.2 Transporte externo

O transporte externo é normalmente realizado pela coleta pública municipal ou


empresa especializada contratada para esse tipo de serviço, e deve-se estar atento se estão
sendo tomados os cuidados necessários para um rígido controle sanitário.

7.3 Pré-tratamento e destino final

Em se tratando de resíduos do serviço de saúde, os procedimentos podem ocorrer no


próprio local de geração ou externamente, sendo aplicáveis tanto aos químicos quanto aos
infectantes.
Os métodos mais comuns de pré-tratamento são a autoclavação e a desinfecção
química; já para destinação final, a incineração é largamente empregada.

7.3.1 Autoclavação

Na autoclavação, a descontaminação se dá quando o resíduo é exposto a altas


temperaturas mediante contato com vapor de água, durante um período de tempo
suficiente para destruir todos os agentes patogênicos.
Para esporos bacterianos o processo requer uma temperatura mínima de 121ºC. O
tempo de contato teórico é de 20 minutos a 121ºC ou 5 minutos para temperaturas
superiores a 134ºC.
Porém, estudos realizados vêm demonstrando que a inativação de todos os micro-
organismos vegetativos e da maioria dos esporos bacterianos, para uma quantidade
pequena de resíduos (de 5 a 8 quilos), requer um ciclo de 60 minutos a 121ºC, para que
ocorra a completa penetração do vapor no material a ser autoclavado (cf. Michigan, 1999;
2001).
A eficiência do processo depende do tipo e do tamanho dos recipientes a serem
esterilizados, e ainda de sua distribuição no interior da autoclave.

7.3.2 Desinfecção química


3
0

A desinfecção química é indicada para o tratamento de resíduos líquidos como


sangue, urina e outros fluidos corpóreos. Dentre os agentes desinfetantes mais comuns
estão: aldeídos, compostos a base de cloro, sais de amônio e compostos fenólicos (para
maiores detalhes.
A velocidade e a eficiência dependem do tipo e quantidade de substância
empregada, do tempo e da extensão do contato entre o desinfetante e o resíduo, da matéria
orgânica presente no resíduo, da temperatura, da umidade e do pH (Cf. Michigan,1999).

7.3.3 Incineração

Já incineração é um processo indicado para os resíduos que não podem ser


reciclados, reutilizados ou dispostos em aterros sanitários. Nesse processo de oxidação a
elevadas temperaturas, é possível reduzir significativamente, em volume e em peso, a
matéria orgânica submetida a esse tratamento.
Para que o processo ocorra de maneira eficiente é preciso controlar alguns
parâmetros como: conformação do equipamento, tempo de residência adequado,
temperatura, turbulência, alimentação e oxigenação – para facilitar a oxidação completa.
Recomenda-se que os materiais submetidos à incineração sejam pré-tratados por
processo adequado para minimizar risco de exposição. Os incineradores modernos atuam
com duas câmaras: na primeira, a temperatura deve ser de ao menos 800ºC; na segunda, de
ao menos 1000ºC.
Devem ser destinados à incineração os resíduos biológicos do tipo A1, A2, A3, A4 e
A5, além de curativos, chumaços, espéculos descartáveis, esparadrapo, algodão, gaze,
drenos, equipos, escalpes, bolsas coletoras, material de sutura, luvas, todo e qualquer
material que entrar em contato com pacientes.
É importante ressaltar que cinzas e escórias obtidas com a incineração contêm metais
pesados e, portanto, devem ser caracterizadas segundo NBR - 10.004 e enviadas para aterro
condizente com a classe do material.
Alguns resíduos podem receber mais de uma indicação. As técnicas recomendadas na
Tabela 1 são as normalmente utilizadas; técnicas alternativas podem ser empregadas desde
que forneçam o tratamento adequado e respeitem a legislação.
Quadro 1: Resíduos biológicos e pré-tratamento e destinação final
Resíduo biológico Pré-tratamento e disposição indicados
Após autoclavado, pode ser enviado para
Cultura e estoque de agentes infectantes
incineração
Resíduos líquidos de humanos
• Após autoclavado, pode ser descartado
• Sangue ou outros fluidos corpóreos na rede de esgoto.
3
1

contaminados com sangue

• Após submetido à desinfecção química,


• Demais fluidos corpóreos
pode ser descartado na rede de esgoto.

Resíduo patológico
• Deve ser embalado e armazenado para o
descarte.
• Tecido humano
• Coletado em recipiente adequado por no
Perfurocortante máximo 90 dias ou até que complete três
quartos do volume. Em seguida, enviado
• Contaminado por agente infectante para incineração.

• Se estiver contaminado antes de ser


• Não-contaminado por agente infectante incinerado,
deve ser autoclavado.

REFERÊNCIAS
NBR 9.190 Sacos Plásticos para Acondicionamento de Lixo – Classificação.

NBR 13.853 Coletores para resíduos de serviços de saúde - perfurantes e cortantes –


requisitos e métodos de ensaio.

Informações para resíduos específicos podem ser obtidas consultando-se: Resolução


Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – n.306, de 7/12/2004. Michigan
(1996). Garner & Favero (1986). Mastroeni (2006).

NBR 12.810 Resíduos de serviços de saúde - procedimentos na coleta.


8 RESÍDUOS QUÍMICOS

Esse grupo de resíduos deve ser separado de acordo com as categorias a que
pertençam:

 Resíduos inorgânicos;
 Resíduos orgânicos.

8.1 Resíduos inorgânicos - Separação


Os resíduos devem ser separados segundo as classes a seguir:
3
2

 Soluções aquosas de metais pesados;


 Ácidos e/ou soluções ácidas;
 Bases e/ou soluções básicas;
 Sulfetos;
 Cianetos;
 Mercúrio metálico (recuperação);
 Sais de prata (recuperação);
 Metais pesados.

8.1.2 Acondicionamento

 Cada tipo de resíduo deve ser acondicionado em um frasco devidamente rotulado.


 Podem ser usados frascos de vidro ou polietileno, desde que não haja
incompatibilidade com o resíduo a ser armazenado.
 Não misture substâncias ou produtos incompatíveis.
 Não ponha produtos químicos corrosivos ou reativos em recipientes metálicos.
 Podem ser utilizados frascos de reagentes, desde que o rótulo seja completamente
retirado e o frasco seja lavado com água (deve se proceder à lavagem tríplice com o
menor volume de água possível, e a água de lavagemdos frascos deve ser
considerada resíduo da substância contida no mesmo).

8.1.3 Medidas e cuidados

a) Resíduos inorgânicos ácidos e suas soluções aquosas: diluir com água, neutralizar com
bases diluídas (para pH entre 6 - 8) e descartar na rede coletora de esgoto em água corrente.
b) Resíduos inorgânicos básicos e suas soluções aquosas: diluir com água, neutralizar com
ácidos diluídos (para pH entre 6 - 8) e descartar na na rede coletora de esgoto em água
corrente.
c) Resíduos inorgânicos neutros e suas soluções aquosas: diluir com água e descartar na na
rede coletora de esgoto em água corrente. Concentração máxima permitida até 0,1g ou
0,1mL/3 mL de água e com baixa toxicidade, não deve exceder 100 g ou 100 mL/dia/ponto.
d) Resíduos inorgânicos insolúveis em água:
 Com risco de contaminação ambiental – armazenar em frascos etiquetados para
posterior recolhimento.
3
3

 Sem risco de contaminação ambiental – coletar em saco plástico e descartar como


lixo comum.
e) Soluções contendo metal pesado. Devem ser armazenados em bombonas após terem sido
precipitados na forma de hidróxido por solução de cal ou hidróxido de sódio comercial.
Observando a faixa de pH indicada para precipitação de cada cátion.

8.2 Resíduos orgânicos – Separação

Os resíduos devem ser separados segundo as classes a seguir:


 Solventes orgânicos não-halogenados.
 Solventes orgânicos com mais que 5% de água.
 Solventes orgânicos com menos que 5% de água.
 Soluções de material orgânico biodegradável.
 Soluções aquosas contendo substâncias orgânicas.
 Soluções de corantes;
 Soluções de substâncias carcinogênicas, mutagênicas, teratogênicas ou que
apresente toxicidade conhecida;
 Pesticidas (descrever a classe a que pertencem: organoclorados, organofosforados,
etc);
 Outras.
8.2.1 Acondicionamento

Devem ser seguidas as mesmas orientações descritas no acondicionamento


de resíduos inorgânicos.

8.2.2 Medidas e cuidados

a) Resíduos orgânicos e suas soluções aquosas tóxicas: coletar em frascos devidamente


rotulados e que destaque essas informações.
b) Resíduos orgânicos ácidos e suas soluções aquosas que não apresente toxicidade: diluir
com água, neutralizar com ácidos diluídos e descartar na rede coletora de esgoto em água
corrente.
c) Resíduos orgânicos básicos e suas soluções aquosas que não apresente toxicidade: diluir
com água, neutralizar com ácidos diluídos e descartar na rede coletora de esgoto em água
corrente.
d) Resíduos orgânicos neutros e suas soluções aquosas que não apresentem toxicidade:
diluir com água e descartar na rede coletora de esgoto em água corrente.
e) Resíduos orgânicos sólidos insolúveis em água.
3
4

 Com risco de contaminação ao meio ambiente – armazenar em frascos etiquetados e


para posterior recolhimento.
 Sem risco de contaminação ao meio ambiente – filtrar e descartar em lixo comum.
 Os adsorventes usados em cromatografia (sílica) devem ser coletados em caixa de
papelão revestida com saco plástico ou em um recipiente do polietileno. Não
misturar a sílica com resíduos líquidos, tampouco se pode misturar papel, plástico,
luvas ou recipientes de vidro naquele contendo resíduo de sílica. Se o adsorvente não
contiver metais pesados, solventes orgânicos, pesticidas ou outros produtos
classificados como tóxicos, podem ser dispostos no lixo comum. Caso contenha
alguns desses compostos, indicar a concentração de cada um dos contaminantes no
rótulo do frasco e coletá-lo para a eliminação como um resíduo perigoso.

f) Resíduos de solventes orgânicos


 Solventes halogenados puros ou em mistura – armazenar em frascos etiquetados
para posterior incineração.
 Solventes isentos de halogenados, puros ou em mistura tanto os com mais ou menos
que 5% de água – coletar em frascos etiquetados, para posterior incineração.
 Solventes isentos de toxicidade, puros ou em solução aquosa, utilizados em grande
volume – coletar em frascos etiquetados para posterior incineração.
 Solventes que formam peróxidos (ver Apêndice 8) e suas misturas — armazenar pelo
menor tempo possível.
 Recuperação de solvente. Indicada apenas se a unidade possuir infraestrutura
adequada e profissional preparado para desempenhar tal atividade.

g) Substâncias tóxicas (pesticidas: os frascos de pesticidas solúveis em água poderão ser


submetidos à tríplice lavagem e enviados aos postos de coleta (uso agrícola). Já os resíduos
de laboratório contendo pesticidas devem ser classificados como os demais resíduos
orgânicos.

REFERÊNCIAS

Cf. Chemical Safety Matters (1992).

Cf. Decreto-Lei n.8.468 de 8/8/1993.

Decreto de Lei Nº 8.468 de 08/8/93 – Aprova o regulamento da lei N0 997 de 31 de maio de


1976 que dispõe sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente. Brasília,
1993.
3
5

9 RESÍDUOS RADIOATIVOS

São comumente chamados de rejeitos e podem ser definidos como qualquer material
resultante de atividade humana, que contenha radionuclídeos em quantidade superior aos
limites de isenção especificados na Norma CNEN-NE-6.02 – Licenciamento de Instalações
Radioativas, e para o qual a reutilização é imprópria ou
não prevista.
Todo o rejeito radioativo que também puder ser definido como rejeito perigoso (NBR
10.004) deve ser manuseado como mistura de rejeito, de acordo com as exigências de seus
constituintes radioativos e químicos. Isso inclui etiquetar o recipiente com a expressão
“Rejeito perigoso”.
A maioria dos rejeitos radioativos não se encaixa no critério de mistura de rejeitos;
entretanto, pode ser classificado como inflamável, corrosivo ou tóxico.

Os rejeitos radioativos podem ser classificados como:

9.1 Resíduos radioativos líquidos

Os rejeitos radioativos líquidos geralmente são apresentados como:


 Solvente aquoso.
 Solvente orgânico.

9.2 Resíduos radioativos sólidos

Os rejeitos radioativos sólidos compõem-se geralmente de:


 Rejeito radioativo em geral: frascos, ponteiras para pipeta, microplacas, luvas, papel
toalha, membranas de nitrocelulose, géis radioativos.
 Frasco original do radionuclídeo.
 Rejeito radioativo biológico: animais, sangue etc.

9.3 Resíduos radioativos gasosos

Os rejeitos gasosos constituem-se de radionuclídeos gasosos ou subprodutos de


outros rejeitos.
3
6

9.3.1 Separação

A separação dos rejeitos deve ser feita no mesmo local em que esses forem
produzidos, levando-se em conta as seguintes características:
a) estado físico;
b) tipo de radionuclídeo – seu tempo de meia vida;
c) compactáveis ou não-compactáveis;
d) orgânicos ou inorgânicos;
e) putrescíveis ou patogênicos, se for o caso;
f) outras características perigosas (explosividade, combustibilidade, inflamabilidade,
piroforicidade, corrosividade e toxicidade química).

9.3.2 Acondicionamento

Todos os recipientes contendo rejeitos radioativos devem ser corretamente


rotulados. As informações sobre o radioisótopobdevem estar dispostas no rótulo na parte
frontal do recipiente que o contém e na ficha, que deve ser preenchida e guardada por um
período igual a duas vezes o tempo de decaimento do radioisótopo em questão. As misturas
ou as soluções devem apresentar todos os componentes além de suas concentrações.

9.3.3 Acondicionamento de resíduos radioativos sólidos

Devem ser acondicionados em saco plástico amarelo com espessura entre 0,08-0,2
mm de 20 litros, inseridos em lixeira de acrílico (radionuclídeos de emissão beta) ou de
chumbo (radionuclídeos de emissão gama).

9.3.4 Acondicionamento de resíduos sólidos biológicos

Devem ser embrulhados, um a um, em papel permeável e armazenados


em freezers destinados para o porterior descarte.

9.3.5 Acondicionamento de resíduos líquidos inorgânicos

Devem ser coletados separadamente dos orgânicos, em recipientes plásticos ou


vítreos. Os rejeitos coletados devem possuir as mesmas características químicas, a fim de
não causar reações exotérmicas ou geração de gases. Os recipientes devem ser colocados
dentro de uma bandeja de material inquebrável, com profundidade suficiente para conter a
quantidade do líquido, caso haja derramamento.
3
7

9.3.6 Armazenamento de resíduos sólidos

Os rejeitos radioativos devem ser armazenados em um local reservado a eles para


futura disposição como resíduo convencional ou para encaminhamento a um organismo
especializado.

9.3.7 Armazenamento dos resíduos líquidos

Os recipientes de rejeitos líquidos devem ter uma embalagem secundária, tal como
uma bandeja plástica, para conter escapes ou derrames. Pode ser feito o ajuste do pH dos
rejeitos aquosos entre 5,5 e 9,0. A neutralização de líquidos corrosivos reduz extremamente
custos e riscos durante a eliminação.

REFERÊNCIA

Resolução 09/84 da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN (Norma CNENNE- 6.02).
Rio de Janeiro, 1998.

10 RESÍDUOS RECICLÁVEIS

Os resíduos destinados à reciclagem deverão ser devidamente acondicionados,


segundo o plano de gerenciamento próprio, observando condições higiênico-sanitárias
satisfatórias. A reciclagem é um método de reprocessamento de materiais úteis como vidro,
plásticos, papéis, papelão, metais etc. que não tenham entrado em contato com o paciente.
O processo de reciclagem visa evitar também que resíduos perigosos como o
mercúrio, utilizado tanto em simples luminárias como em atividades profissionais
executadas em clínicas odontológicas, venha a ser descartado juntamente com os resíduos
comuns ou com os resíduos de serviços de saúde, fato que pode colocar em perigo a saúde
pública e a qualidade do meio ambiente. Além disso, a reciclagem reduz consideravelmente
o volume de resíduos a ser tratado.

11 PROTEÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO

1) Notificar o responsável pelo laboratório (ou similar) da ocorrência de todo acidente sem
qualquer risco de represália. Tal medida permitirá a avaliação da gravidade do acidente e se
existem medidas que possam evitar que novos acidentes voltem a acontecer.
3
8

2) Restringir ou limitar o acesso às áreas de trabalho. Evitar que os trabalhadores se


exponham desnecessariamente a risco que não estejam relacionados a suas atividades
cotidianas.

3) Sinalizar, em local visível, as atividades realizadas no local, por exemplo: infectantes,


radioativos, tóxicos, etc.

4) Não comer, beber, fumar, utilizar lentes de contato, e aplicar cosméticos nas áreas de
trabalho. O alimento deve ser armazenado fora da área de trabalho em armários ou em
refrigeradores designados somente para essa finalidade.

12 CUIDADOS COM A HIGIENE PESSOAL E DO LOCAL DE TRABALHO

As mãos são nossa principal ferramenta, já que são elas as executoras das atividades
que praticamos. Assim ao tocarmos nos objetos e/ou nos pacientes entramos em contato
com uma enorme quantidade de microorganismos, os quais são repassados para outras
partes do corpo. Somente a lavagem das mãos com água e sabão poderá removê-los e evitar
a transferência de microorganismos para outras superfícies.
A lavagem rotineira das mãos com água e sabão elimina além da sujidade visível ou
não todos os micro-organismos que se aderem à pele durante o desenvolvimento de nossas
atividades, mesmo estando a mão enluvada.
A lavagem das mãos é a principal medida de bloqueio da transmissão de micro-
organismos e deve seguir a seguinte sequência de esfregação: as pontas dos dedos, o meio
dos dedos e os polegares, enfatizando essas que são as áreas de maior concentração
bacteriana. Deve ser executada nas seguintes situações:

 após tocar em fluidos, secreções e itens contaminados;


 antes da execução de procedimentos no paciente;
 entre contatos com pacientes;
 entre procedimentos num mesmo paciente;
 antes e depois de atos fisiológicos;
 antes do preparo de soros e medicações;
 antes de colocar as luvas e depois de retirá-las;
 antes de iniciar as atividades no laboratório e antes de sair.
3
9

A higienização das mãos também pode ser feita com álcool a 70% na ausência de
água e sabão e se não houver sujitade aparente.

12.1 Medidas de eliminar micro-organismos

Fazer a antissepsia é uma medida para destruir ou inibir o crescimento de micro-


organismos existentes nas superfícies (microbiota transitória) e nas camadas externas
(microbiota residente) da pele ou mucosas, pela aplicação de um germicida classificado
como antisséptico. A descontaminação depende da associação de dois procedimentos: a
degermação e a antissepsia.

12.2 Degermação

É a remoção de detritos, impurezas e bactérias que se encontram na superfície da


pele, sendo utilizados para esse procedimento sabões e detergentes neutros.

12.3 Antissepsia

É a utilização de um antisséptico com ação bactericida ou bacteriostática que irá agir


na flora residente da pele. Existem vários tipos de antissépticos com diferentes princípios
ativos e diferentes veículos de diluição como sabão (sólido ou cremoso) ou solução alcoólica.

12.4 Higienização das áreas de trabalho

A limpeza tem como objetivo remover a sujidade e promover a manutenção e um


ambiente organizado. Nosso ambiente de trabalho pode ser dividido em área física
compreendendo piso, paredes, teto, portas e janelas; o mobiliário, compreendendo
cadeiras, mesas, balcões, macas, bancadas e pias; e ainda, equipamentos eletroeletrônicos e
artigos hospitalares específicos da assistência.

12.5 Limpeza concorrente

É aquela realizada diariamente e logo após exposição à sujidade. Inclui recolhimento


do lixo, limpeza do piso e superfícies do mobiliário, geralmente uma vez por turno, além da
limpeza imediata do local quando exposto ao material biológico.

12.6 Limpeza terminal


4
0

É aquela geral, realizada semanal, quinzenal ou mensalmente conforme a utilização e


a possibilidade de contato e contaminação de cada superfície. Inclui escovação do piso e
aplicação de cera, limpeza de teto, luminárias, paredes, janelas e divisórias.

Quadro 2 – Tipo de limpeza em decorrência das atividades realizadas em cada área


Área Terminal Concorrente
Critica Semanal Duas vezes por turno
Semi-crítica Qinzenal Uma vez por turno
Não crítica Mensal Duas vezes por dia

 Críticas (pacientes graves, procedimentos invasivos e/ou cirúrgicos e odontológicos,


isolamentos);
 semicríticas (enfermarias, consultórios e ambulatórios, sala de espera);
 não-críticas (sem paciente, sala de lanche, almoxarifado, secretaria, indicação da
rotina de limpeza terminal e concorrente de área física).

A limpeza deve respeitar a seguinte sequência:

1) recolhimento do lixo;
2) limpeza a partir do local mais alto para o mais baixo;
3) depois do local mais limpo para o mais sujo ou contaminado;
4) finaliza-se do local mais distante, dirigindo-se para o local de saída de cada ambiente.

12.7 Outras Orientações

1) Em ambiente fechado onde se presta assistência à saúde, utiliza-se a varredura úmida,


feita por meio de rodo e panos úmidos. Não se utiliza varrer ou espanar as superfícies para
não dispersar partículas de poeira. No caso de limpeza de piso, parede e teto, pode-se
utilizar o rodo com o pano para executar a fricção.

2) Para coletar sangue, vômito, urina e outros fluidos, é indicada aplicação de hipoclorito
com concentração entre 1 e 2% (alvejante comum) sobre a secreção, deixando agir por
alguns minutos antes de remover com papel, que deve ser descartado no lixo.

3) Em caso de superfície suja com sangue ressecado, aplicar água oxigenada líquida 10
volumes antes da limpeza. O hipoclorito puro pode também ser usado para remover
4
1

manchas e mofo de superfícies (alvejamento). Atenção: o hipoclorito corrói superfícies


metálicas e desbota tecido.

4) Na limpeza do mobiliário, é de fundamental importância que se recolha e guarde em


locais específicos todos os objetos e materiais que ocupam as superfícies a serem limpas.
Para superfícies metálicas, plásticas, fórmicas e de granito, indicasse a aplicação de álcool
70% após a limpeza para a desinfecção.

12.8 Higienização de materiais para uso em pacientes

Os materiais devem ser descontaminados de acordo com utilização direta ou indireta


no paciente, o que resultará em três grupos que determinarão a forma de processamento a
que serão submetidos: desinfecção, esterilização ou limpeza.

Quadro 3 – Higienização de materiais de uso em pacientes


Tipos de
Categoria Materiais
descontaminação
instrumental cirúrgico, seringas,
A – Artigos críticos agulhas, Esterilização
espéculos ginecológicos etc.
ponteiras de otoscópios, ambús, Desinfecção de alto nível
B – Artigos semicríticos
nebulizadores etc. ou esterilização
termômetro, botões de
equipamentos acionados pelo
Limpeza ou desinfecção
C – Artigos não-críticos profissional, mesas auxiliares para
de baixo nível
procedimentos, comadres, cubas
etc.

12.9 Limpeza e esterilização


12.9.1 Descontaminação

É o conjunto de operações de limpeza e/ou esterilização de superfícies contaminadas


por agentes potencialmente patogênicos, de forma a tornar essas superfícies barreiras
efetivas que minimizem qualquer tipo de contaminação cruzada.
12.9.2 Limpeza

É o procedimento usado para remover materiais estranhos como pó, terra, grande
número de micro-organismos, matéria inorgânica (sais) e orgânica (sangue, vômito, soro,
4
2

detritos alimentícios). Geralmente são realizadas usando água e detergentes. Limpeza é um


pré-requisito indispensável que determina o sucesso da esterilização, pois minimiza e
previne a inativação da atividade dos agentes desinfetantes, garante a permeabilidade e a
difusividade mesmo nos locais de menor penetração. O objetivo principal da limpeza é a
eliminação da matéria orgânica, pois é nela que os micro-organismos se proliferam com mais
intensidade.

12.9.3 Esterilização

Conjunto de operações que objetiva remover todas formas de vida, incluindo esporos
bacterianos, com capacidade de desenvolvimento durante os estágios de conservação e de
utilização do produto. Conservar é manter as características do produto durante a vida útil
de armazenamento (vida de prateleira) à temperatura ambiente, assegurando a esterilidade
adquirida. Esterilidade ou nível de segurança é a incapacidade de desenvolvimento das
formas sobreviventes ao processo de esterilização durante a conservação e utilização de um
produto (Cf. Mastroeni, 2006). Os métodos de esterilização permitem assegurar níveis de
esterilidade compatíveis que possam suprir as necessidades; já o método escolhido depende
da natureza da carga microbiana inicialmente presente no item considerado. Dentre os
procedimentos de esterilização estão:

12.9.4 Desinfecção

Caracteriza-se por representar um conjunto de operações de natureza física e/ou


química com o objetivo de reduzir o número de micro-organismos, porém não assegura a
eliminação total de bactérias na forma de esporos. Segundo o Centro de Prevenção e
Controle de Doenças Norte-Americano (Centers for Diseases Control and Prevention – CDC)
(Cf. Garner & Favero, 1986), os níveis de desinfecção são:

12.9.5 Desinfecção de baixo nível

Os agentes antimicrobianos utilizados apresentam atividade sobre a maioria das


bactérias, vírus e fungos; porém não inativam micro-organismos mais resistentes
(micobactérias e esporos bacterianos).

12.9.6 Desinfecção de nível intermediário


4
3

Os agentes antimicrobianos utilizados são eficientes para destruir as bactérias


vegetativas (incluindo micobactérias da tuberculose), a maioria dos vírus e fungos.
Desinfecção de alto nível: os agentes antimicrobianos utilizados são eficientes para destruir
todos os micro-organismos presentes, exceto os esporos bacterianos.

12.9.7 Desinfecção associada à esterilização

Os agentes utilizados são capazes de destruir ou eliminar todos os tipos de micro-


organismos, incluindo os esporos bacterianos.

12.10 Desinfetantes e esterilizantes químicos


12.10.1 Álcool 70%

• Os álcoois normalmente empregados em desinfecção são etanol e isopropanol à


concentração de 70%.
• São empregados na desinfecção e descontaminação de superfícies de bancadas, de capelas
de fluxo laminar e de equipamentos de grande e médio porte, porém são indicados apenas à
inibição dos estágios de germinação de esporos bacterianos.
• Em estabelecimentos de saúde são aplicados para desinfecção e descontaminação de
superfícies e artigos como ampolas e vidros, termômetros oral e retal, estetoscópio,
laringoscópio, superfícies externas de equipamentos metálicos, macas, mesas de exame etc.
• Vantagem: o etanol (largamente empregado no Brasil) é subproduto da fermentação da
cana-de-açúcar, facilmente encontrado e de baixo custo.
• Desvantagem: danificam materiais plásticos, de acrílico e de borracha.

12.10.2 Formaldeído

• Disponível comercialmente em soluções de 37 - 40%, contendo metanol para retardar a


polimerização (formalina).
• Considerado desinfetante de alto nível, pois apresenta atividade sobre bactérias gram-
positivas e negativas, além de micobactérias, fungos, vírus e esporos bacterianos.
• Indicados para descontaminação de ambientes fechados (cabines de segurança, biotérios,
hospitais etc.). Em área hospitalar é considerado desinfetante de alto nível, pode ser
aplicado como esterilizantes de artigos críticos termossensíveis, e na desinfecção de artigos
semicríticos, sendo também usado na desinfecção de capilares dos sistemas dialisadores.
• Vantagem: considerado desinfetante de alto nível.
4
4

• Desvantagem: além de apresentar atividade esporicida lenta, exigindo longo tempo de


contato, outro fator que limita seu uso são seus vapores irritantes, que possuem odor
desagradável característico, disseminando sua toxicidade. Vale ressaltar que, desde 2004, o
IARC1 o classificou como potencialmente carcinogênico a humanos.

Modo de uso:
a) Para fumigação de ambientes fechados
b) Como formalina (18 mL de formalina+ 35 mL de água) por 24 horas.
c) Como paraformaldeído de 4 g/mL a 10,5 g/mL por 24 horas.
d) Para desinfecção: 4% (v/v) por 30 minutos.
e) Para desinfecção de capilares de sistemas dialisadores: 4%(v/v) por 4 horas.

12.10.3 Compostos liberadores de cloro ativo

• Existe um número razoável de liberadores de cloro ativo disponíveis para alvejamento e


desinfecção em diversas áreas. Os compostos mais utilizados são aqueles inorgânicos, como
os hipocloritos de sódio (NaOCl) e de cálcio (CaOCl2) e os compostos orgânicos como o
dióxido de cloro. São considerados desinfetantes de baixo a alto nível, dependendo da
concentração empregada, do pH da solução e do tempo de exposição.
• Esses compostos são ativos sobre bactérias gram-positivas e negativas, esporos
bacterianos, fungos, vírus lipofílicos e hidrofílicos. A eficácia do cloro decresce com o pH, a
concentração comumente utilizada é de 1000 ppm.
• Sua aplicação é muito variada: em estabelecimentos de saúde para desinfecção de
superfícies e de artigos semicríticos não-metálicos.
Descontaminação de superfície contaminada por material orgânico (sangue, vômito, urina
etc.).
• Vantagem: facilmente encontrado e de baixo custo.
• Desvantagem: provoca irritação da pele, olhos e do aparelho respiratórios; devem ser
utilizados, portanto, com EPI adequados (luvas e respiradores), quando manipulados.

Modo de uso:
a) Desinfecção de superfícies de áreas críticas em hospitais em soluções a 1%.
b) Desinfecção de artigos com resíduos de material orgânico (sangue, vômito, urina etc.) em
soluções a 1%.
c) Desinfecção de material semicrítico para inalação ou oxigenoterapia, anestesia em
soluções a 0,5%.
e) Desinfecção de tanques para a preparação de soluções parentais em concentração de
0,1%.
4
5

f) Desinfecção de talheres e utensílios de alimentação em concentração de 0,025%.


g) Desinfecção de mamadeiras nos lactários (frascos e bicos), em concentração de 0,0125%.

Observações
1) Os compostos liberadores de cloro ativo estão tendo seu uso banido em razão da
formação de compostos organoclorados, mas no Brasil ainda são intensamente utilizados
pelo seu baixo custo.
2) As soluções de hipoclorito de sódio disponíveis para a comercialização se apresentam com
concentrações entre 5 e 12%, enquanto a concentração da conhecida “água sanitária” é de
2%.

12.10.4 Peróxido de hidrogênio

• Empregado com esterilizante e desinfetante de alto nível para artigos termossensíveis.


• Possui amplo espectro de ação e rápida eficácia sobre bactérias gram-positivas e negativas,
bacilos da tuberculose, vírus e fungos. A inativação do micro-organismo é função da
concentração da solução, do tempo de exposição e da temperatura ambiente, tornando-se
instável a temperaturas superiores a 25ºC.
• Vantagem: forte oxidante mais eficiente que os compostos clorados e o permanganato de
potássio.
• Desvantagem: degradado por luz e calor (25ºC), formando água e oxigênio.

Modo de uso
a) Desinfecção de artigos críticos, como endoscópio, solução a 3% durante 6-8 minutos.
b) Desinfecção de alto nível, solução com concentração entre 6-7,5% durante 30-60 minutos.
c) Esterilização, solução com concentração entre 6-7,5% por 6 horas.

12.10.5 Ácido peracético

• Considerado desinfetante de nível intermediário a alto nível, dependendo da concentração


e do pH do meio.
• É um agente biocida mais potente, quando comparado com o peróxido de hidrogênio,
sendo esporicida, bactericida, viruscida e fungicida, mesmo em baixas concentrações.
• Vantagem: os produtos da sua degradação são inócuos (ácido acético e oxigênio),
permanecendo ativo mesmo na presença de peroxidases e de matéria orgânica.
• Desvantagem: Possui odor menos forte que o glutaraldeído, podendo causar irritação aos
olhos e ao aparelho respiratório, sem que a mesma seja logo percebida.
4
6

Modo de uso
a) Biocida em baixas concentrações (0,0001 a 0,2%);
b) Bactericida em concentrações de 100 ppm;
c) Fungicida em concentrações de 200 a 500 ppm.

12.10.6 Ácido peracético + Peróxido de hidrogênio

• Comercialmente é encontrado na composição de 4,5% (v/v) de ácido peracético e 22%


v/v), além de ácido acético 10 mg/L. Apresenta atividade semelhante à de seus
componentes individualmente.
• Considerado desinfetante de alto nível, não podendo ser aplicado em materiais de bronze
e cobre, mas com boa compatibilidade com plásticos.

12.10.7 Glutaraldeído 2%

• Apresenta um amplo espectro de aplicação graças a sua capacidade de desinfetar e


esterilizar materiais termossensíveis, além de atividade sobre as bactérias na forma
vegetativa, as gram-positivas e negativas, incluindo micobactérias, fungos, vírus e esporos
bacterianos, possuindo excelente atividade esporicida quando comparado a outros aldeídos,
como o formaldeído.
• Em razão de sua atividade ser ativada em pH entre 7,5-8,5, faz-se sua ativação com
agentes alcalinizantes como bicarbonato de sódio 0,3 % (m/v), o que garante pH de 8,3.
• Soluções ativadas de glutaraldeído a 2% são consideradas esterilizantes químicos por uma
exposição de 8-10 horas, assegurando a destruição de esporos bacterianos. Recomenda-se
seu uso por um período de 6-10 horas para a esterilização de superfícies e artigos críticos e
semicríticos. Na desinfecção em nível intermediário de
artigos semicríticos o intervalo de exposição considerado seguro para pacientes é de 20-30
minutos.
• Vantagens: excelentes propriedades microbicidas, atividade na presença de proteína e
ação não-destrutiva para borrachas, plásticos ou lentes.
• Desvantagens: sua volatilidade, toxicidade e agregação de matéria orgânica, criando crosta
que impede sua ação uniforme.

Validade das soluções


a) Solução ácida ativada com agentes alcalinizantes: 14 dias.
b) Solução básica ativada com agentes alcalinizantes: 28 dias.
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7

Modo de uso
Em imersão: a solução pronta ou ativada deve ser colocada em recipiente plástico, com
tampa e em quantidade suficiente para total imersão dos artigos, indicando no recipiente o
prazo de validade. Mergulhar completamente o artigo previamente limpo e seco, por um
período de 8 a 10 horas, conforme necessidade. Em artigos tubulares, injetar a solução
internamente com seringa. Após o término da exposição, retirar os artigos com pinça ou luva
estéril, promovendo um enxágue em água esterilizada, até remoção total da viscosidade na
superfície do artigo. Secar com compressas estéreis e acondicionar em invólucro estéril até o
uso.

Observações
1) Pela dificuldade de processamento da técnica asséptica e enxágue abundante com água
estéril, além do tempo prolongado de exposição, esse método de esterilização tem seu uso
restrito. Pelo seu efeito tóxico e pela liberação de vapores, aconselha-se sua substituição
por: ácido peracético. O ácido peracético é resultante da mistura em equilíbrio de ácido
acético, peróxido de hidrogênio e água, sendo decomposto, ao final, em ácido acético e
água, e é seguro do ponto de vista ocupacional. É uma solução de amplo espectro de ação,
sendo viruscida, bactericida, fungicida e esporicida a baixas concentrações.

2) Quando a substituição não puder ser realizada, o processo deve ser realizado em local
ventilado, caso contrário fica indicado o protetor respiratório com carvão ativado. Utilizar
sempre óculos de proteção, máscara cirúrgica e luva estéril.

13 USO ADEQUADO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)

No ambiente de trabalho existem diversos contaminantes, de origem biológica e


química, dos quais precisamos nos proteger. Primeiramente deve-se buscar a eliminação ou
minimização da presença desses para só então adotar-se a utilização de Equipamentos de
Proteção Individual (EPIs).
Ainda assim, os EPIs só deverão ser aceitos quando for comprovada a inviabilidade
técnica da adoção de medidas de proteção coletiva, ou se essas não forem suficientes ou
estiverem em fase de estudo ou planejamento.
É necessário, porém, salientar que tanto os equipamentos de proteção individual
quanto os de proteção coletiva (EPC) devem ser utilizados sempre que o trabalhador estiver
exposto a riscos, e não basta usá-los, é preciso saber como.
4
8

Para tanto, pode-se fazer uso das Instruções Normativas da Secretaria da Segurança e
Saúde do Trabalhador1 e das normas regulamentadoras relacionadas.2 A seguir estão
descritas algumas informações básicas sobre os EPI normalmente utilizados nos laboratórios
da Unesp.

13.1 Luvas

A luva é um EPI de uso obrigatório para todos aqueles que manipulem micro-
organismos patogênicos, animais, material quente ou frio, façam coletas de amostra para
análise, esterilizações, lavagem de material, preparação de reagentes, transporte ou
estocagem de produtos químicos, ou ainda em qualquer outra atividade com risco
conhecido ou suspeito.
A escolha da luva deverá ser determinada por uma avaliação de risco criteriosa,
levando em consideração a natureza do risco, o(s) agente(s) de risco, o tipo de atividade ou
ensaio a ser executado, além de considerar a resistência química específica do material,
assim como da razão de permeabilidade e tempo de rompimento.As recomendações do
fabricante sobre a natureza dos componentes da luva e a ficha de segurança do produto
devem sempre ser utilizadas na escolha do material e podem ser solicitadas no ato da
compra. Diante da grande variedade de composições de luvas disponíveis no mercado, qual
escolher para cada situação?

13.1.1 Cuidados no uso de luvas

 Lavar as mãos antes e depois de calçar as luvas.


 Calçar as luvas com as mãos limpas e secas.
 Sempre colocar as luvas sobre os punhos do avental, nunca deixar as mangas soltas
sobre as luvas.
 Quando a mão apresentar ferimento, protegê-lo antes de calçar as luvas, o ferimento
pode ser agravado pelo uso de luvas.
 Nunca abrir portas e atender telefone usando luvas.
 Não usar luvas fora do ambiente laboral.
 Não reutilizar luvas descartáveis.
4
9

 As luvas reutilizáveis devem ser guardadas em local próprio, limpo, seco e livre de
contaminação.

13.2 Calçados

‘O calçado é o EPI destinado à proteção dos pés contra umidade, respingo, derrames,
materiais perfurocortantes, impacto de objetos diversos, entre outros. Existem situações em
que são exigidos calçados especiais, apropriados ao risco, porém deve ser ressaltado que É
PROIBIDO O USO DE SANDÁLIAS, CHINELOS E TAMANCOS NOS AMBIENTES DE TRABALHO
QUE MANIPULEM SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS OU BIOLÓGICAS QUE POSSAM OFERECER
RISCO. Deve-se favorecer a escolha de calçados cômodos e do tipo antiderrapante. Se o local
tiver muita umidade, como em lavanderias, usar botas de borracha.

13.3 Óculos de proteção

EPI destinado à proteção dos olhos, confere proteção adequada aos respingos de
material infectante, substâncias químicas que possam causar irritação ou algum tipo de
lesão, ou ainda para proteger contra radiações ultravioleta ou infravermelha.
Seu uso deve ser compatível com a necessidade de se usar concomitantemente
outros EPI como máscaras ou respiradores.
Vale lembrar que existem diversos materiais dos quais os óculos podem ser
produzidos; o importante é garantir que não causem distorção da imagem, devendo ser
suficientemente transparentes, a fim de garantir a perfeita visualização.

13.3.1 Óculos de proteção contra vapores e gases

Óculos em forma de concha e que permitam a perfeita vedação; não podem ter
sistemas de ventilação e podem ser feitos de vinil, borracha ou similar.
5
0

13.3.2 Óculos de proteção contra radiação

São fabricados com lentes de cristal de vidro óptico revestido ou de policarbonato.

13.3.3 Óculos de proteção contra produtos químicos

As lentes devem ser resistentes a produtos químicos e a impactos, e sua escolha deve
ser feita em razão do uso. Existem fabricantes que relacionam os tipo de lentes e sua
resistência ante diversos solventes, facilitando a escolha.
5
1

13.3.4 Óculos de proteção contra aerodispersoides

As lentes devem ser inteiriças e constituídas de material resistente a impactos, além


de permitir desinfecção.

13.3.5 Cuidados com os óculos de proteção

 Não devem ser deixados próximos de fontes de calor, nem mesmo nos intervalos
entre atividades.
 Devem ser guardados sempre limpos, longe de produtos químicos ou biológicos.
 Devem ser guardados em local adequado evitando assim que as lentes sejam
riscadas.

13.4 Protetor facial

Deve ser usado para proteger a face e os olhos de possíveis respingos de substância
química ou material infectante que possam causar algum tipo de dano. O protetor facial
deve ser leve, ter boa resistência mecânica, visor de acrílico incolor, transparente e sem
ondulações, deve ser ajustável.
5
2

13.5 Equipamento de proteção respiratória

Em se tratando de exposição ocupacional, a principal via de ingresso de


contaminantes é a inalatória. As precauções universais incluem o uso de barreiras para
reduzir a exposição das membranas mucosas às substâncias químicas ou infectantes. Num
ambiente laboral o trabalhador pode estar exposto a diversas classes de substâncias que
exigem proteção respiratória como: gases, vapores e aerodispersoides (entre eles poeiras,
névoas, fumos).
13.6 Equipamento de proteção respiratória

Existem, basicamente, dois grupos de respiradores:

1) respiradores de adução de ar (recebem o ar de uma fonte externa ao ambiente de


trabalho; exemplo: respiradores de linha de ar comprimido);

2) purificadores de ar (filtram o ar do ambiente com a ajuda de filtros específicos acoplados).

Este último grupo tem seu uso mais disseminado nos laboratórios da Unesp, Alguns
deles:

13.6.1 Respiradores semifaciais

Popularmente chamado de máscara descartável, esses respiradores cobrem o nariz e


a boca. Devem ser trocados sempre que estiverem saturados, contaminados ou deformados.
São autofiltrantes e podem ser destinados à proteção contra a inalação de partículas, gases e
vapores, desde que adequados ao tipo de contaminante e filtro existente.
5
3

13.6.2 Respiradores de peça facial inteira

A purificação ocorre da mesma forma que nos semifaciais, sendo recomendados para
ambientes com altas concentrações de contaminantes; como protegem todo o rosto do
usuário, fica dispensado o uso de óculos de proteção.

13.6.3 Respirador de fuga


5
4

São aparelhos destinados a proteger o usuário durante o escape, contra a inalação de


ar contaminado ou de ar com deficiência de oxigênio, em situações de emergência, com
risco de vida à saúde.
Escolher o respirador apropriado não é uma tarefa muito fácil. Para selecionar o
respirador adequado ao risco que o trabalhador ficará exposto durante sua jornada de
trabalho, vários aspectos precisam ser considerados:
• a natureza da operação ou processo perigoso;
• o tipo de risco respiratório (incluindo as propriedades físicas, deficiência de oxigênio,
efeitos fisiológicos sobre o organismo, concentração do material tóxico, ou nível de
radioatividade, limites de exposição estabelecidos para os materiais tóxicos, concentração
permitida para o aerossol radioativo e a concentração IPVS estabelecida para o material
tóxico);
• a localização da área de risco em relação à área mais próxima que possui ar respirável;
• o tempo durante o qual o respirador deve ser usado;
• as atividades que os trabalhadores desenvolvem na área de risco;
• as características e as limitações dos vários tipos de respiradores;
• o fator de proteção atribuído aos diversos tipos de respiradores. (ver Instrução Normativa
n.01/94) (Cf. Mastroeni, 2006).

Na prática, para situações rotineiras em que as condições do ambiente e da


exposição são conhecidas e controladas, a seleção pode acontecer de forma rápida e
objetiva.

13.6.4 Recomendações para o correto uso de respiradores

 Antes de entrar em uma área contaminada, verificar se os respiradores não estão


danificados.
5
5

 Nunca usar barbas, bigodes e similares se precisar fazer uso de respiradores, pois
afetam a vedação.
 Ajustar corretamente o respirador à face, pois sua eficácia depende do perfeito
ajuste.

13.7 Vestimentas de proteção


13.7.1 Avental

Devem ser utilizadas sempre que forem manipulados agentes danosos que possam
causar doenças ocupacionais. O objetivo do uso da roupa de proteção é evitar o contato do
contaminante com a pele, eliminando ou minimizando a possibilidade de intoxicação, lesões
ou doenças.
As roupas de proteção devem ser constituídas de material próprio ao tipo de risco
que o trabalhador irá se expor. O tamanho não deve inferir nos movimentos. Em
laboratórios, a roupa de proteção indicada é o avental, ou jaleco. Deve ser obrigatório seu
uso por todas as pessoas (docentes, servidores e alunos) durante a manipulação de material
patogênico, animal, estocagem ou outra atividade em que sejam manuseados produtos
químicos, na limpeza, esterilização e desinfecção de material contaminado por agente
infectante.
Devem ser exclusivamente de manga longa, devendo ir até a altura dos joelhos. Sua
confecção deve ser adequada ao seu emprego, podendo ser de algodão, de fibra sintética
não-inflamável ou ainda descartável. Deve possuir sistema de fechamento que permita sua
rápida remoção em caso de emergência, como derrame ou respingo de produtos químicos.

13.7.2 Uso adequado do avental

 Deve estar sempre fechado e nunca devem ser usados com as mangas dobradas.
 Só deve ser usado nas áreas de exposição aos riscos; mesmo em saídas curtas o
usuário deve retirá-lo, recolocando-o em seu retorno.
 Não devem ser usados em bibliotecas, refeitórios, administração etc.
 Não deve ser guardado junto com objetos pessoais.
 Deve ser trocado cada vez que estiver sujo ou contaminado.
 Caso seja levado para casa para ser lavado, esse processo deve ocorrer
separadamente das demais roupas. Em casos de contaminação microbiológica deve-
se primeiramente proceder a sua descontaminação, seguida da lavagem.
5
6

13.8 Toucas ou gorros

Existe ambiente em que se faz necessário o uso de toucas ou gorros, especialmente


em locais onde há poeira ou micro-organismos em suspensão. Deve ser colocada na cabeça
de modo que cubra todo o cabelo, permita o ajuste perfeito, evitando que escorregue pelos
cabelos. Existem toucas de diversos materiais e essas devem ter sua escolha feita em razão
de seu emprego.

Observação: Informações específicas sobre o uso de EPI podem ser obtidas junto aos
fornecedores. Para tanto é necessário informar adequadamente qual será sua aplicação.

14 CLASSIFICAÇÃO DOS MICRO-ORGANISMOS COM BASE NO RISCO BIOLÓGICO


ENVOLVIDO E OS NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA CORRESPONDENTES (BASEADO NO
DECRETO-LEI N.8.974, 5/1/1995)

Os micro-organismos desta classificação foram distribuídos em quatro classes, de um


a quatro, por ordem crescente de risco, segundo os seguintes critérios:

• Patogenicidade do micro-organismo, incluindo a incidência e a gravidade da doença.


Quanto mais grave a potencialidade da doença adquirida, maior o risco.
• Via de transmissão (parental, aérea, ingestão) do micro-organismo, a qual pode não ser
definitivamente estabelecida. A transmissão via aerossol é a forma mais comum de infecção
laboratorial.
• Estabilidade do micro-organismo, que envolve não somente a infectividade dos aerossóis,
mas também a capacidade de sobreviver por mais tempo no ambiente em condições
desfavoráveis.
• Dose infecciosa, que pode variar de uma a milhares de unidades.
• Concentração do número de micro-organismos infecciosos por unidade de volume, sendo
importante na determinação do risco (exemplo: aerossol formado por manipulação de
tecido, sangue, escarro, meio de cultura líquido).
• A disponibilidade de medidas profiláticas eficazes estabelecidas ou a intervenção
terapêutica são outros fatores importantes a serem considerados. A imunização é a forma
mais usada de profilaxia e faz parte do gerenciamento de risco. Disponibilidade de
tratamento eficaz ediante intervenção terapêutica com antibiótico ou antiviral,
particularmente importante nas condições de campo.
• Endemicidade.
• Consequências epidemiológicas.
5
7

• Vigilância médica, a qual faz parte do gerenciamento de risco e assegura que as normas de
segurança surtam os resultados esperados. Nela estão incluídos os exames admissional,
periódico e demissional, além do monitoramento das condições de saúde do trabalhador e a
participação em um gerenciamento pós-exposição.

14.1 Classes de risco


14.1.1 Classe de risco 1

Constituído por micro-organismos não suscetíveis de causar enfermidades no homem


e animais. São considerados de baixo risco individual e para a comunidade. Como exemplo,
representam os agentes não incluídos nas classes 2,3 e 4 do Apêndice 2 do Decreto-Lei
n.8.974/95.
A não-inclusão de um micro-organismo a nenhuma das três classes superiores não o
inclui automaticamente nesta classe, devendo ser submetido a uma avaliação de risco
segundo os critérios estabelecidos e com base em extensa investigação científica.

14.1.2 Classe de risco 2

Integrado por micro-organismos capazes de provocar enfermidades ao homem e aos


animais. Podem constituir risco para os profissionais da saúde, caso sua manipulação não
seja realizada de acordo com as boas práticas de laboratório, nem seguidas as precauções
universais de biossegurança.
Sua propagação na comunidade, entre os seres vivos e o meio ambiente, é
considerada de menor risco. Geralmente para os micro-organismos desta classe existe
profilaxia e/ou tratamento. Considera-se o risco individual baixo e o risco moderado para a
comunidade.

Exemplos: Staphylococcus aureus, Leishmania braziliensis, Paracoccidoides braziliensis,


hepatite A, B, C, D e E.

14.1.3 Classe de risco 3

Composto por micro-organismos capazes de provocar enfermidades graves no


homem e em animais e constituem sério risco para trabalhadores. Geralmente os micro-
organismos desta classe de risco existem tratamento e profilaxia. O risco individual é
elevado, sendo limitado para a comunidade.

Exemplos: Mycobacterium tuberculosis, Hystoplasma capsulatum, Hantavirus.


5
8

14.1.4 Classe de risco 4

Constituída por micro-organismos que produzem enfermidades graves ao homem e


animais, representando grande risco aos trabalhadores, sendo alto o risco de transmissão na
comunidade. Não existem profilaxia nem tratamento eficaz. Apresentam elevado risco
individual e para a comunidade.

Exemplos: vírus de Marburg, vírus Sabiá, vírus Ebola, Mycoplasma agalactie.

Uma lista mais completa dos micro-organismos pertencentes a cada uma das classes citadas
anteriormente pode se vista no Decreto-Lei n.8.974, 5/1/1995.

15 NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA

Além das classes de risco ainda existem os níveis de contenção laboratorial ou níveis
de biossegurança denominados NB-1 NB-2, NB-3 e NB-4, que se apresentam em ordem
crescente de risco e correspondem às classes de risco biológico dos micro-organismos,
permitindo aos trabalhadores desempenhar suas funções em segurança.

15.1 Classificação de Risco de Organismos Geneticamente Modificados (OGM)

Os OGM serão classificados em Grupo I e Grupo II do Decreto-Lei n.8.974/95). A


classificação dos OGM em Grupo I ou Grupo II deverá considerar os riscos associados aos
seguintes componentes:

• a classe de risco e as características do organismo receptor ou parental (hospedeiro);


• o vetor;
• o inserto;
• o OGM resultante.

De acordo com o critério de patogenicidade o organismo receptor ou parental a ser


utilizado no trabalho que originará, o OGM será classificado com base em seu potencial
patogênico para o homem e para os animais de acordo com as Classes de riscos já citadas.
Será considerado como OGM do Grupo I aquele que se enquadrar no critério de não-
patogenicidade, resultando de organismo receptor ou parental não-patogênico (classificado
como classe de risco 1), além da observância dos demais critérios estabelecidos no Decreto-
Lei n.8.974/95.
5
9

Será considerado como OGM do Grupo II qualquer organismo que, dentro do critério
de patogenicidade, for resultante de organismo receptor ou parental classificado como
patogênico (classificados como classe de risco 2, 3, ou 4) para o homem e animais.

15.1.1 Grupo I

Compreende organismos que preencham os seguintes critérios:

a) Organismo receptor ou parental:


• não-patogênico;
• isento de agentes adventícios;
• com amplo histórico documentado de utilização segura, ou com a incorporação de
barreiras biológicas que, sem interferir no crescimento ótimo em reator ou fermentador,
permita uma sobrevivência e multiplicação limitadas, sem efeitos negativos para o meio
ambiente.

b) Vetor/Inserto
• deve ser adequadamente caracterizado quanto a todos os aspectos, destacando-se
aqueles que possam representar riscos ao homem e ao meio ambiente, e desprovido de
sequências nocivas conhecidas;
• às sequências genéticas necessárias para realizar a função projetada;
• não deve incrementar a estabilidade do organismo modificado no meio ambiente;
• deve ser escassamente mobilizável;
• não deve transmitir nenhum marcador de resistência a organismos que, de acordo com os
conhecimentos disponíveis, não o adquira de forma natural.

c) Micro-organismos geneticamente modificados


• não-patogênicos;
• que ofereçam a mesma segurança que o organismo receptor ou parental no reator ou
fermentador, mas com sobrevivência e/ou multiplicação limitadas, sem efeitos negativos
para o meio ambiente.

d) Outros micro-organismos geneticamente modificados que poderiam incluir-se no Grupo I,


desde que reúnam as condições estipuladas no item C anterior.
• micro-organismos construídos inteiramente a partir de um único receptor procariótico
(incluindo plasmídeos e vírus endógenos) oude um único receptor eucariótico (incluindo
cloroplastos, mitocôndriase plasmídeos, mas excluindo os vírus);
6
0

• organismos compostos inteiramente por sequências genéticas de diferentes espécies que


troquem tais sequências mediante processos fisiológicos conhecidos.

15.1.2 Grupo II

Todos aqueles não incluídos no Grupo I.

16 SÍMBOLOS DE SINALIZAÇÃO NO LABORATÓRIO

Símbolo internacional para substâncias infectantes


6
1

Manuseio de substâncias radioativas

Manuseio de substâncias tóxicas

Resíduo biológico:
É a expressão usada para descrever os diferentes tipos de resíduos que incluem
agentes infecciosos. Para fornecer um ambiente de trabalho seguro, todos os agentes
infecciosos devem ser manipulados de acordo com o Nível de Biossegurança (NB) a que
estão relacionados, dependendo de: virulência, patogenicidade, estabilidade, rota da
propagação, comunicabilidade, quantidade e disponibilidade de vacinas ou de tratamento. O
NB aplicável define não somente os procedimentos gerais de manipulação, mas também o
tratamento dos resíduos biológicos. Atualmente, as seguintes categorias de resíduos são
consideradas resíduos biológicos:

2.1.1 Resíduo medicinal: envolve todo o resíduo continuamente gerado em


diagnóstico, em ratamento ou na imunização de seres humanos ou de animais, em pesquisa
e na produção de testes dos biológicos.

2.112 Resíduos de laboratórios biológicos ou que trabalhem com substâncias


controladas: queles cujas pesquisas envolvem moléculas de DNA recombinante ou outras
atividades reguladas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

2.2 Resíduo químico:


6
2

Neste grupo estão incluídos diversos produtos como: substâncias e produtos


químicos rejeitados (vencidos ou em desuso), os resíduos provenientes de aulas práticas ou
projetos de pesquisa. Algumas substâncias químicas e misturas de produtos químicos são
considerados resíduos perigosos pela Agência de Proteção Ambiental norte-americana
(Environmental Protect Agency – EPA).4 Mesmo que um resíduo químico não se encontre
entre os citados pela EPA, mas possua uma ou mais das seguintes características:
ignitividade, corrosividade, reatividade ou toxicidade, deve ser considerado resíduo
perigoso, segundo a NBR 10.004.

2.3 Resíduo radioativo:


Esse grupo é classificado como resíduo de baixo ou de alto nível de radioatividade. O
resíduo de baixo nível é típico daquele encontrado em instituições médicas e de pesquisa
(tais como a Unesp) enquanto o resíduo de alto nível típico é aquele gerado em reatores
nucleares. Devemos considerar resíduos radioativos todo o resíduo com radioatividade
detectável que seja gerado nos procedimentos que envolvem o material radioativo
licenciado.

3 COMBINAÇÃO DOS GRUPOS


Pode haver a geração combinada de alguns dos três tipos de resíduos perigosos. Por
exemplo, restos de cadáver que contenha material radioativo, produto químico perigoso ou
talvez um agente infeccioso e que necessite de controle de acordo com as considerações e
as exigências de todos os três tipos de perigos definidos anteriormente. Portanto, é preciso
estar atento ao tipo de resíduo que eventualmente esteja gerando e procurar a maneira
apropriada de agir em cada caso.

Resolução Normativa n.01 de 20/6/2006 da Comissão Técnica de Biossegurança (CTNBio),


Brasília, 2006.

Mais detalhes podem ser vistos na seção 3.1 Resíduos biológicos.

Agência norte-americana de Proteção Ambiental (EPA), Hazardaous Waste. Washington, DC.

NBR 10.004 Resíduos sólidos – classificação

Fonseca, JCL. Manual para gerenciamento de resíduos perigosos. Colaboração de Mary Rosa
Rodrigues de Marchi - São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.
6
3

4 DESCARTES DE RESÍDUOS PERIGOSOS DO HRSGOSP

 sensibilizar os funcionários do HRSGOSP e MTMM sobre a importância do


gerenciamento dos resíduos gerados.
 divulgar informações sobre segurança no manuseio de substâncias químicas e sobre os
riscos envolvidos em cada atividade.
 tomar as medidas necessárias para adequação das unidades à Resolução n.306/2004 da
Anvisa.
 elaborar uma rotina de procedimentos para segregação, tratamento e destinação de
resíduos perigosos e não-perigosos.
 propor tratamento do resíduo na unidade, se essa for tecnicamente competente.
 não aceitar doações de produtos químicos sem que haja previsão de consumo do bem
doado em, no MÁXIMO, um ano. Além disso, as doações só poderão ser aceitas se
houver um docente que se responsabilize por garantir sua destinação final, caso o
produto não seja consumido no prazo previsto.
 promover cursos de manejo e destinação de resíduos.
 divulgar e orientar os usuários quanto aos procedimentos recomendados para
identificação e manuseio seguro dos resíduos perigosos.
 orientar quanto ao preenchimento do rótulo para os frascos de resíduos.
 garantir que a segregação será feita respeitando as correntes de resíduos, atentando,
especialmente, à incompatibilidade de seus componentes.
 identificar os frascos de resíduos usando o rótulo-padrão. O rótulo deverá ter todos os
campos preenchidos e apenas os resíduos “velhos” e sem identificação poderão receber
a identificação “Desconhecidos”.
 não receber, na unidade de saúde, embalagens danificadas ou que apresentem
qualquer outro problema que possa representar risco à saúde.
 manter os locais de resíduos organizados, limpos e seguros para a saúde.
 garantir que as políticas adotadas para manuseio seguro de perfurocortantes sejam
seguidas.
 manter arquivadas as planilhas que contenham as informações sobre os resíduos
enviados para a unidade de saúde, por um período mínimo de cinco anos, mesmo
depois que os resíduos tenham sido destinados.

5 SEPARAÇÃO DE RESÍDUOS

A separação de resíduos é a etapa mais importante de um programa de


gerenciamento de materiais, pois, se corretamente feita, permite a reutilização, a reciclagem
6
4

ou a recuperação de alguns resíduos, bem como o encaminhamento à coleta municipal da


fração considerada comum ou inerte.

5.1 Resíduos biológicos


Os resíduos desse grupo são classificados pela Anvisa como pertencentes ao Grupo
A.1 Dentre os resíduos biológicos, incluem-se também resíduos de outras correntes
(químicos e radioativos) que possam conter contaminantes que apresentem riscos de
infecção.

5..1.1 Separação:
Tipo A1
 Culturas e estoques de micro-organismos; resíduos de fabricação de produtos
biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de micro-organismos vivos
ou atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência,
inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética.
 Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou
certeza de contaminação biológica por agentes Classe de Risco 4, micro-organismos
com relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença
emergente que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de
transmissão seja desconhecido.
 Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por
contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas
oriundas de coleta incompleta.
 Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos,
recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo
sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.

Tipo A2
 Não se aplica a este estabelecimento de saúde (Carcaças, peças anatômicas, vísceras
e outros resíduos provenientes de animais submetidos a processos de
experimentação com inoculação de micro-organismos, bem como suas forrações, e
os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microorganismos de
relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou
não a estudo anatomopatológico ou confirmação diagnóstica).

Tipo A3
 Peças anatômicas humanas; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso
menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional
6
5

menor que 20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha havido
requisição por pacientes ou familiares.

Tipo A4
 Quites de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados.
 Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de
equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares.
 Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e
secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de
conter agentes Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e
risco de disseminação, ou micro-organismo causador de doença emergente que se
torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja
desconhecido ou com suspeita de contaminação com príons.
 Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, que não
contenham sangue ou líquidos corpóreos na forma livre.
 Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de
procedimentos cirúrgicos ou de estudos anatomopatológicos ou de confirmação
diagnóstica.
 Bolsas transfusionais vazias ou com residual pós-transfusão.

Tipo A5
 Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e
demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos, com suspeita ou
certeza de contaminação com príons.

5.1.2 Disposição de acondicionamento


Todos os resíduos devem ser acondicionados visando prevenir e proteger sua
liberação nas etapas subsequentes.

a) Os resíduos que serão destinados à incineração (A.1, A.2, A.3 e A.5) deverão ser
acondicionados em sacos brancos leitosos, contendo em uma de suas faces o símbolo
internacional de “SUBSTÂNCIA INFECTANTE”, e tendo todas as demais características
estabelecidas pela NBR 9190 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT – NBR
9.190). Deverão ser descartados em recipiente adequado ao funcionamento do
equipamento incinerador utilizado, confeccionadas de acordo com as normas vigentes.

b) Os resíduos perfurocortantes (A4) deverão ser descartados em recipientes que atendam


aos padrões estabelecidos pela NBR 13.853 da ABNT e IPT-NEA-55.
6
6

1) Tanto as caixas de papelão como os sacos plásticos devem ser preenchidos até dois terços
de sua capacidade volumétrica (as caixas de papelão contêm nas faces externas uma linha
pontilhada indicadora do limite de preenchimento), e os sacos plásticos deverão ser
fechados com o lacre que acompanha a embalagem, com fita adesiva, cordão, ou
simplesmente com um nó. Ao fechar o saco plástico, deve-se retirar o excesso de ar de seu
interior, tendo a pessoa que o manuseia o cuidado de não inalar ou se expor ao fluxo de ar
produzido.

2) Quando o resíduo separado for de alta densidade, ou seja, uma quantidade pequena com
peso muito elevado, deverá ser acondicionada apenas a quantidade suficiente para que a
embalagem não seja rompida durante o manuseio e o transporte. A integridade dos sacos
deve ser mantida até o destino final para evitar que ocorra derramamento de seu conteúdo
nas dependências do estabelecimento de saúde, nas vestimentas dos transportadores, nos
veículos transportadores ou na via pública.

NBR 9.190 – Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – Classificação.

NBR 13.853 – Coletores para resíduos de serviços de saúde – perfurantes e cortantes –


Requisitos e métodos de ensaio.

Resolução Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – n.306, de 7/12/2004.

6 MANUSEIO DOS RESÍDUOS


Essa operação consiste em recolher os recipientes contendo os resíduos de serviços
de saúde na fonte geradora, encaminhando-os aos locais de armazenamento interno ou
externo, e deve ser efetuada por pessoal treinado e devidamente paramentado com
equipamentos de proteção individual indicados:

 Gorro (de cor branca, para proteger os cabelos).


 Óculos (lente panorâmica, incolor e de plástico resistente, com armação em plástico
flexível, proteção lateral e válvulas para ventilação).
 Máscara (para impedir a inalação de partículas e aerossóis, do tipo semifacial).
 Uniforme (calça comprida e camisa manga três quartos, de material resistente e cor
clara).
 Luvas (de material impermeável, resistente, tipo PVC, antiderrapante e de cano
longo).
6
7

 Botas (de material impermeável, resistente, tipo PVC, de solado antiderrapante, cor
clara, e de cano três quartos).
 Avental (PVC, impermeável e de comprimento médio, na altura dos joelhos).

6.1 Coleta e transporte dos resíduos internos


A coleta deve ser efetuada diariamente e em intervalos regulares, de forma a atender
à demanda e evitar acúmulo de resíduos nos locais de produção. A transferência dos
resíduos das salas de armazenamento interno para os abrigos externos também deverá ser
diária.

6.2 Armazenamento
Os resíduos gerados que não podem ser tratados no estabelecimento de saúde
devem ser armazenados para serem então enviados para tratamento ou destino final.
Dependendo do porte da unidade de saúde, pode haver necessidade de se ter um abrigo
interno e/ou um externo.

6.3 Armazenamento Interno (se necessário)


Cada unidade geradora de resíduos de um estabelecimento de saúde com área
superior a 80m2 poderá se necessário ter um local interno apropriado para estocagem
intermediária dos resíduos de serviço de saúde, onde esses ficarão armazenados até serem
recolhidos e levados (horários estabelecidos) para os abrigos externos ou lixeiras, onde
aguardarão a coleta pública. A sala de estocagem intermediária é facultativa nos
estabelecimentos de pequeno porte, onde a geração diária de resíduos costuma ser muito
baixa. Nesse caso, os resíduos gerados podem ser encaminhados diretamente para o local
onde será feita a estocagem externa. Na falta de um abrigo interno adequado é preferível
manter apenas o armazenamento externo dos resíduos sólidos do que fazê-lo em salas
inadequadas.
As salas destinadas ao armazenamento interno (se necessário) deverão ter as
seguintes especificações:

a) Área não inferior a 4m2, distantes das áreas de manipulação de alimentos, medicamentos
e setores de internamento.
b) Espaço suficiente para entrada completa dos transportes (carrinhos) de coleta.
c) Os pisos e as paredes deverão ser revestidos com material liso, lavável, anticorrosivo e
impermeável. O piso deverá ter caimento adequado e ralo ligado ao sistema de tratamento
de esgotos.
d) A ventilação será feita por meio de aberturas teladas, com no mínimo 1/20 da área do
piso e não inferiores a 0,20m2.
6
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e) A sala de estocagem intermediária deverá ser dotada de um lavatório e de uma torneira


com água corrente para facilitar a limpeza após a retirada dos resíduos, ou sempre que se
fizer necessário.
f) Deverá ser instalado um ponto de luz.
g) A quantidade de resíduos estocados na sala deverá ser absolutamente compatível com o
espaço físico dimensionado, observando-se o empilhamento máximo permitido de 1,20m de
altura, para evitar rompimento das embalagens ou desmoronamento do material estocado,
além de facilitar a colocação e a retirada dos recipientes.
h) Na porta da sala de armazenamento interno, será afixado o símbolo de identificação de
resíduos infectantes.

6.4 Armazenamento externo


É o local de guarda temporária dos resíduos de serviços de saúde, à espera da coleta
pública ou destinação específica. Os abrigos externos devem ter as seguintes especificações:
a) Ser construídos em alvenaria, fechados e dotados de aberturas teladas que impeçam o
acesso de vetores e que, ao mesmo tempo, permitam uma boa ventilação.
b) As aberturas de ventilação deverão ser correspondentes a 1/20 da área do piso e não
inferior a 0,20m2. As portas deverão abrir para fora, ser dotadas de fechaduras e mantidas
fechadas a chave, só podendo ser abertas para depositar material ou para retirar os
recipientes de resíduos nos horários de coleta pública ou outro tipo de destinação final. Na
parte inferior da porta deverá existir uma proteção para evitar acesso de vetores.
c) As paredes internas e o piso deverão ser revestidos com material liso, lavável, resistente,
impermeável e não-corrosível.
d) O piso deverá ser de material antiderrapante, ter caimento adequado e ralo ligado ao
sistema de tratamento de esgotos.
e) Junto ao depósito deverá existir um lavatório e torneira com água corrente para os
procedimentos de higienização do depósito, dos carrinhos de transporte e demais
equipamentos. A higienização deverá ser feita de acordo com a rotina do estabelecimento
ou sempre que se fizer necessária, e o efluente resultante da lavação
deverá ser canalizado para o sistema de tratamento de esgotos.
f) É necessário que exista iluminação suficiente tanto na parte interna quanto na parte
externa do depósito.
g) As dimensões do depósito deverão ser suficientes para abrigar a produção de resíduos
sólidos de dois dias, se a coleta pública for diária, e de três dias se a coleta pública for feita
em dias alternados.
h) Deverá ser previsto no abrigo local específico para armazenamento das caixas contendo
resíduos de serviço de saúde que se destinam à incineração; esses locais devem ser
protegidos da umidade, por meio da construção de estrados ou prateleiras.
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i) Somente deverão ter acesso ao depósito funcionários que estiverem ligados diretamente
ao serviço de coleta.
j) A entrada para o depósito de resíduos de serviços de saúde deve conter advertência
contra aproximação de pessoas estranhas e placa com identificação de “Substância
infectante”.
k) No local de construção do depósito deverá ser previsto espaço suficiente para acesso e
manobras do veículo da coleta pública.
l) Para impedir acesso de vetores ao depósito, além das proteções já citadas, há necessidade
de se manter programas de desratização e desinsetização periódicos, abrangendo tanto o
depósito quanto seus arredores.

7 TRANSPORTE
7.1 Transporte interno
O transporte interno dos resíduos de serviços de saúde deverá ser realizado em rota
específica e planejada, de tal forma que evite a circulação em meio a cozinhas, UTI,
berçários, centros cirúrgicos, lavanderias etc., evitando-se coincidência com fluxos de roupa
limpa, medicamentos, alimentos e outros materiais e locais onde ocorra grandes
concentrações de pessoas, salas de espera e outros ambientes fechados.
Não deverão ser transportados manualmente recipientes de capacidade superior a
20 litros ou quilos. Os recipientes de maior capacidade deverão ser transportados em
carrinhos especiais que atendam às especificações da ABNT – NBR 12.810. Periodicamente,
esses carrinhos de transporte deverão passar por lavação e higienização completa, em local
apropriado, de preferência onde estiver localizado o ponto de água para limpeza do abrigo
externo. O efluente deve ser canalizado para o sistema de tratamento de esgotos do
estabelecimento de saúde.

7.2 Transporte externo


O transporte externo é normalmente realizado pela coleta pública municipal, mas deve-se
estar atento se estão sendo tomados os cuidados necessários para um rígido controle
sanitário.

7.3 Pré-tratamento e destino final


Em se tratando de resíduos do serviço de saúde, os procedimentos podem ocorrer no
próprio local de geração ou externamente, sendo aplicáveis tanto aos químicos quanto aos
infectantes. Os métodos mais comuns de pré-tratamento são a autoclavação e a desinfecção
química; já para destinação final, a incineração é largamente empregada.
7
0

7.3.1 Autoclavação
Na autoclavação, a descontaminação se dá quando o resíduo é exposto a altas temperaturas
mediante contato com vapor de água, durante um período de tempo suficiente para destruir
todos os agentes patogênicos. Para esporos bacterianos o processo requer uma temperatura
mínima de 121ºC. O tempo de contato teórico é de 20 minutos a 121ºC ou 5 minutos para
temperaturas superiores a 134ºC.
Porém, estudos realizados vêm demonstrando que a inativação de todos os micro-
organismos vegetativos e da maioria dos esporos bacterianos, para uma quantidade
pequena de resíduos (de 5 a 8 quilos), requer um ciclo de 60 minutos a 121ºC, para que
ocorra a completa penetração do vapor no material a ser autoclavado (cf. Michigan, 1999;
2001). A eficiência do processo depende do tipo e do tamanho dos recipientes a serem
esterilizados, e ainda de sua distribuição no interior da autoclave.

7.3.2 Desinfecção química


A desinfecção química é indicada para o tratamento de resíduos líquidos como sangue, urina
e outros fluidos corpóreos. Dentre os agentes desinfetantes mais comuns estão: aldeídos,
compostos a base de cloro, sais de amônio e compostos fenólicos (para maiores detalhes. A
velocidade e a eficiência dependem do tipo e quantidade de substância empregada, do
tempo e da extensão do contato entre o desinfetante e o resíduo, da matéria orgânica
presente no resíduo, da temperatura, da umidade e do pH (Cf. Michigan,1999).

7.3.3 Incineração
Já incineração é um processo indicado para os resíduos que não podem ser reciclados,
reutilizados ou dispostos em aterros sanitários. Nesse processo de oxidação a elevadas
temperaturas, é possível reduzir significativamente, em volume e em peso, a matéria
orgânica submetida a esse tratamento.
Para que o processo ocorra de maneira eficiente é preciso controlar alguns
parâmetros como: conformação do equipamento, tempo de residência adequado,
temperatura, turbulência, alimentação e oxigenação – para facilitar a oxidação completa.
Recomenda-se que os materiais submetidos à incineração sejam pré-tratados por
processo adequado para minimizar risco de exposição. Os incineradores modernos atuam
com duas câmaras: na primeira, a temperatura deve ser de ao menos 800ºC; na segunda, de
ao menos 1000ºC.
Devem ser destinados à incineração os resíduos biológicos do tipo A1, A2, A3, A4 e
A5, além de curativos, chumaços, espéculos descartáveis, esparadrapo, algodão, gaze,
drenos, equipos, escalpes, bolsas coletoras, material de sutura, luvas, todo e qualquer
material que entrar em contato com pacientes. É importante ressaltar que cinzas e escórias
7
1

obtidas com a incineração contêm metais pesados e, portanto, devem ser caracterizadas
segundo NBR - 10.004 e enviadas para aterro condizente com a classe do material.
Alguns resíduos podem receber mais de uma indicação. As técnicas recomendadas na Tabela
1 são as normalmente utilizadas; técnicas alternativas podem ser empregadas desde que
forneçam o tratamento adequado e respeitem a legislação.

Tabela 1: Resíduos biológicos e pré-tratamento e destinação final


Resíduo biológico Pré-tratamento e disposição indicados
Após autoclavado, pode ser enviado para
Cultura e estoque de agentes infectantes
incineração

Resíduos líquidos de humanos

• Após autoclavado, pode ser descartado


• Sangue ou outros fluidos corpóreos
na rede de esgoto.
contaminados com sangue

• Após submetido à desinfecção química,


• Demais fluidos corpóreos
pode ser descartado na rede de esgoto.
Resíduo patológico
• Deve ser embalado e armazenado para o
• Tecido humano descarte.

Perfurocortante • Coletado em recipiente adequado por no


• Contaminado por agente infectante máximo 90 dias ou até que complete três
quartos do volume. Em seguida, enviado
para incineração.

• Não-contaminado por agente infectante • Se estiver contaminado antes de ser


incinerado,
deve ser autoclavado.

NBR 9.190 Sacos Plásticos para Acondicionamento de Lixo – Classificação.

NBR 13.853 Coletores para resíduos de serviços de saúde - perfurantes e cortantes –


requisitos e métodos de ensaio.

Informações para resíduos específicos podem ser obtidas consultando-se: Resolução


7
2

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – n.306, de 7/12/2004. Michigan


(1996). Garner & Favero (1986). Mastroeni (2006).

NBR 12.810 Resíduos de serviços de saúde - procedimentos na coleta.

8 RESÍDUOS QUÍMICOS
Esse grupo de resíduos deve ser separado de acordo com as categorias a que
pertençam:
• Resíduos inorgânicos;
• Resíduos orgânicos.

8.1 Resíduos inorgânicos - Separação


Os resíduos devem ser separados segundo as classes a seguir:

• Soluções aquosas de metais pesados;


• Ácidos e/ou soluções ácidas;
• Bases e/ou soluções básicas;
• Sulfetos;
• Cianetos;
• Mercúrio metálico (recuperação);
• Sais de prata (recuperação);
• Metais pesados.

8.1.2 Acondicionamento
• Cada tipo de resíduo deve ser acondicionado em um frasco devidamente
• rotulado.
• Podem ser usados frascos de vidro ou polietileno, desde que não haja
incompatibilidade com o resíduo a ser armazenado.
• Não misture substâncias ou produtos incompatíveis.
• Não ponha produtos químicos corrosivos ou reativos em recipientes metálicos.
• Podem ser utilizados frascos de reagentes, desde que o rótulo seja completamente
retirado e o frasco seja lavado com água (deve se proceder à lavagem tríplice com o
menor volume de água possível, e a água de lavagem dos frascos deve ser
considerada resíduo da substância contida no mesmo).

8.1.3 Medidas e cuidados


a) Resíduos inorgânicos ácidos e suas soluções aquosas: diluir com água, neutralizar com
bases diluídas (para pH entre 6 - 8) e descartar na rede coletora de esgoto em água corrente.
7
3

b) Resíduos inorgânicos básicos e suas soluções aquosas: diluir com água, neutralizar com
ácidos diluídos (para pH entre 6 - 8) e descartar na na rede coletora de esgoto em água
corrente.
c) Resíduos inorgânicos neutros e suas soluções aquosas: diluir com água e descartar na na
rede coletora de esgoto em água corrente. Concentração máxima permitida até 0,1g ou
0,1mL/3 mL de água e com baixa toxicidade, não deve exceder 100 g ou 100 mL/dia/ponto.
d) Resíduos inorgânicos insolúveis em água:
• Com risco de contaminação ambiental – armazenar em frascos etiquetados para
posterior recolhimento.
• Sem risco de contaminação ambiental – coletar em saco plástico e descartar como
lixo comum.
e) Soluções contendo metal pesado. Devem ser armazenados em bombonas após terem sido
precipitados na forma de hidróxido por solução de cal ou hidróxido de sódio comercial.
Observando a faixa de pH indicada para precipitação de cada cátion.

8.2 Resíduos orgânicos - Separação


Os resíduos devem ser separados segundo as classes a seguir:
• Solventes orgânicos não-halogenados.
• Solventes orgânicos com mais que 5% de água.
• Solventes orgânicos com menos que 5% de água.
• Soluções de material orgânico biodegradável.
• Soluções aquosas contendo substâncias orgânicas.
• Soluções de corantes;
• Soluções de substâncias carcinogênicas, mutagênicas, teratogênicas ou que
apresente toxicidade conhecida;
• Pesticidas (descrever a classe a que pertencem: organoclorados, organofosforados,
etc);
• Outras.

8.2.1 Acondicionamento
Devem ser seguidas as mesmas orientações descritas no acondicionamento
de resíduos inorgânicos.

8.2.2 Medidas e cuidados


a) Resíduos orgânicos e suas soluções aquosas tóxicas: coletar em frascos devidamente
rotulados e que destaque essas informações.
7
4

b) Resíduos orgânicos ácidos e suas soluções aquosas que não apresente toxicidade: diluir
com água, neutralizar com ácidos diluídos e descartar na rede coletora de esgoto em água
corrente.
c) Resíduos orgânicos básicos e suas soluções aquosas que não apresente toxicidade: diluir
com água, neutralizar com ácidos diluídos e descartar na rede coletora de esgoto em água
corrente.
d) Resíduos orgânicos neutros e suas soluções aquosas que não apresentem toxicidade:
diluir com água e descartar na rede coletora de esgoto em água corrente.
e) Resíduos orgânicos sólidos insolúveis em água.
• Com risco de contaminação ao meio ambiente – armazenar em frascos etiquetados e
para posterior recolhimento.
• Sem risco de contaminação ao meio ambiente – filtrar e descartar em lixo comum.
• Os adsorventes usados em cromatografia (sílica) devem ser coletados em caixa de
papelão revestida com saco plástico ou em um recipiente do polietileno. Não
misturar a sílica com resíduos líquidos, tampouco se pode misturar papel, plástico,
luvas ou recipientes de vidro naquele contendo resíduo de sílica. Se o adsorvente não
contiver metais pesados, solventes orgânicos, pesticidas ou outros produtos
classificados como tóxicos, podem ser dispostos no lixo comum. Caso contenha
alguns desses compostos, indicar a concentração de cada um dos contaminantes no
rótulo do frasco e coletá-lo para a eliminação como um resíduo perigoso.
f) Resíduos de solventes orgânicos
• Solventes halogenados puros ou em mistura – armazenar em
frascos etiquetados para posterior incineração.
• Solventes isentos de halogenados, puros ou em mistura tanto os com mais ou menos
que 5% de água – coletar em frascos etiquetados, para posterior incineração.
• Solventes isentos de toxicidade, puros ou em solução aquosa, utilizados em grande
volume – coletar em frascos etiquetados para posterior incineração.
• Solventes que formam peróxidos (ver Apêndice 8) e suas misturas — armazenar pelo
menor tempo possível.
• Recuperação de solvente. Indicada apenas se a unidade possuir infraestrutura
adequada e profissional preparado para desempenhar tal atividade.
g) Substâncias tóxicas (pesticidas: os frascos de pesticidas solúveis em água poderão ser
submetidos à tríplice lavagem e enviados aos postos de coleta (uso agrícola). Já os resíduos
de laboratório contendo pesticidas devem ser classificados como os demais resíduos
orgânicos.

Cf. Chemical Safety Matters (1992).


Cf. Decreto-Lei n.8.468 de 8/8/1993.
7
5

Decreto de Lei Nº 8.468 de 08/8/93 – Aprova o regulamento da lei N0 997 de 31 de maio de


1976 que dispõe sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente. Brasília,
1993.

9 RESÍDUOS RADIOATIVOS
São comumente chamados de rejeitos e podem ser definidos como qualquer material
resultante de atividade humana, que contenha radionuclídeos em quantidade superior aos
limites de isenção especificados na Norma CNEN-NE-6.02 – Licenciamento de Instalações
Radioativas, e para o qual a reutilização é imprópria ou
não prevista.
Todo o rejeito radioativo que também puder ser definido como rejeito perigoso (NBR
10.004) deve ser manuseado como mistura de rejeito, de acordo com as exigências de seus
constituintes radioativos e químicos. Isso inclui etiquetar o recipiente com a expressão
“Rejeito perigoso”. A maioria dos rejeitos radioativos não se encaixa no critério de mistura
de rejeitos; entretanto, pode ser classificado como inflamável, corrosivo ou tóxico.

Os rejeitos radioativos podem ser classificados como:

9.1 Resíduos radioativos líquidos


Os rejeitos radioativos líquidos geralmente são apresentados como:
• Solvente aquoso.
• Solvente orgânico.

Resolução 09/84 da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN (Norma CNENNE- 6.02).
Rio de Janeiro, 1998.

9.2 Resíduos radioativos sólidos


Os rejeitos radioativos sólidos compõem-se geralmente de:
• Rejeito radioativo em geral: frascos, ponteiras para pipeta, microplacas, luvas, papel
toalha, membranas de nitrocelulose, géis radioativos.
• Frasco original do radionuclídeo.
• Rejeito radioativo biológico: animais, sangue etc.

9.3 Resíduos radioativos gasosos


Os rejeitos gasosos constituem-se de radionuclídeos gasosos ou subprodutos de
outros rejeitos.
7
6

9.3.1 Separação
A separação dos rejeitos deve ser feita no mesmo local em que esses forem
produzidos, levando-se em conta as seguintes características:
a) estado físico;
b) tipo de radionuclídeo – seu tempo de meia vida;
c) compactáveis ou não-compactáveis;
d) orgânicos ou inorgânicos;
e) putrescíveis ou patogênicos, se for o caso;
f) outras características perigosas (explosividade, combustibilidade, inflamabilidade,
piroforicidade, corrosividade e toxicidade química).

9.3.2 Acondicionamento
Todos os recipientes contendo rejeitos radioativos devem ser corretamente
rotulados. As informações sobre o radioisótopobdevem estar dispostas no rótulo na parte
frontal do recipiente que o contém e na ficha, que deve ser preenchida e guardada por um
período igual a duas vezes o tempo de decaimento do radioisótopo em questão. As misturas
ou as soluções devem apresentar todos os componentes além de suas concentrações.

9.3.3 Acondicionamento de resíduos radioativos sólidos


Devem ser acondicionados em saco plástico amarelo com espessura entre 0,08-0,2
mm de 20 litros, inseridos em lixeira de acrílico (radionuclídeos de emissão beta) ou de
chumbo (radionuclídeos de emissão gama).

9.3.4 Acondicionamento de resíduos sólidos biológicos


Devem ser embrulhados, um a um, em papel permeável e armazenados
em freezers destinados para o porterior descarte.

9.3.5 Acondicionamento de resíduos líquidos inorgânicos


Devem ser coletados separadamente dos orgânicos, em recipientes plásticos ou
vítreos. Os rejeitos coletados devem possuir as mesmas características químicas, a fim de
não causar reações exotérmicas ou geração de gases. Os recipientes devem ser colocados
dentro de uma bandeja de material inquebrável, com profundidade suficiente para conter a
quantidade do líquido, caso haja derramamento.

9.3.6 Armazenamento de resíduos sólidos


Os rejeitos radioativos devem ser armazenados em um local reservado a eles para
futura disposição como resíduo convencional ou para encaminhamento a um organismo
especializado.
7
7

9.3.7 Armazenamento dos resíduos líquidos


Os recipientes de rejeitos líquidos devem ter uma embalagem secundária, tal como
uma bandeja plástica, para conter escapes ou derrames. Pode ser feito o ajuste do pH dos
rejeitos aquosos entre 5,5 e 9,0. A neutralização de líquidos corrosivos reduz extremamente
custos e riscos durante a eliminação.

10 RESÍDUOS RECICLÁVEIS
Os resíduos destinados à reciclagem deverão ser devidamente acondicionados,
segundo o plano de gerenciamento próprio, observando condições higiênico-sanitárias
satisfatórias. A reciclagem é um método de reprocessamento de materiais úteis como vidro,
plásticos, papéis, papelão, metais etc. que não tenham entrado em contato com o paciente.
O processo de reciclagem visa evitar também que resíduos perigosos como o mercúrio,
utilizado tanto em simples luminárias como em atividades profissionais executadas em
clínicas odontológicas, venha a ser descartado juntamente com os resíduos comuns ou com
os resíduos de serviços de saúde, fato que pode colocar em perigo a saúde pública e a
qualidade do meio ambiente. Além disso, a reciclagem reduz consideravelmente o volume
de resíduos a ser tratado.

11 PROTEÇÃO NO AMBIENTE DE TRABALHO


1) Notificar o responsável pelo laboratório (ou similar) da ocorrência de todo acidente sem
qualquer risco de represália. Tal medida permitirá a avaliação da gravidade do acidente e se
existem medidas que possam evitar que novos acidentes voltem a acontecer.

2) Restringir ou limitar o acesso às áreas de trabalho. Evitar que os trabalhadores se


exponham desnecessariamente a risco que não estejam relacionados a suas atividades
cotidianas.

3) Sinalizar, em local visível, as atividades realizadas no local, por exemplo: infectantes,


radioativos, tóxicos, etc.

4) Não comer, beber, fumar, utilizar lentes de contato, e aplicar cosméticos nas áreas de
trabalho. O alimento deve ser armazenado fora da área de trabalho em armários ou em
refrigeradores designados somente para essa finalidade.

12 CUIDADOS COM A HIGIENE PESSOAL E DO LOCAL DE TRABALHO


As mãos são nossa principal ferramenta, já que são elas as executoras das atividades
que praticamos. Assim ao tocarmos nos objetos e/ou nos pacientes entramos em contato
7
8

com uma enorme quantidade de microorganismos, os quais são repassados para outras
partes do corpo. Somente a lavagem das mãos com água e sabão poderá removê-los e evitar
a transferência de microorganismos para outras superfícies.
A lavagem rotineira das mãos com água e sabão elimina além da sujidade visível ou
não todos os micro-organismos que se aderem à pele durante o desenvolvimento de nossas
atividades, mesmo estando a mão enluvada. A lavagem das mãos é a principal medida de
bloqueio da transmissão de micro-organismos e deve seguir a seguinte sequência de
esfregação: as pontas dos dedos, o meio dos dedos e os polegares, enfatizando essas que
são as áreas de maior concentração bacteriana. Deve ser executada nas seguintes situações:

• após tocar em fluidos, secreções e itens contaminados;


• antes da execução de procedimentos no paciente;
• entre contatos com pacientes;
• entre procedimentos num mesmo paciente;
• antes e depois de atos fisiológicos;
• antes do preparo de soros e medicações;
• antes de colocar as luvas e depois de retirá-las;
• antes de iniciar as atividades no laboratório e antes de sair.

A higienização das mãos também pode ser feita com álcool a 70% na ausência de
água e sabão e se não houver sujitade aparente.

12.1 Medidas de eliminar micro-organismos


Fazer a antissepsia é uma medida para destruir ou inibir o crescimento de micro-
organismos existentes nas superfícies (microbiota transitória) e nas camadas externas
(microbiota residente) da pele ou mucosas, pela aplicação de um germicida classificado
como antisséptico. A descontaminação depende da associação de dois procedimentos: a
degermação e a antissepsia.

12.2 Degermação
É a remoção de detritos, impurezas e bactérias que se encontram na superfície da
pele, sendo utilizados para esse procedimento sabões e detergentes neutros.

12.3 Antissepsia
É a utilização de um antisséptico com ação bactericida ou bacteriostática que irá agir
na flora residente da pele. Existem vários tipos de antissépticos com diferentes princípios
ativos e diferentes veículos de diluição como sabão (sólido ou cremoso) ou solução alcoólica.
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9

12.4 Higienização das áreas de trabalho


A limpeza tem como objetivo remover a sujidade e promover a manutenção e um
ambiente organizado. Nosso ambiente de trabalho pode ser dividido em área física
compreendendo piso, paredes, teto, portas e janelas; o mobiliário, compreendendo
cadeiras, mesas, balcões, macas, bancadas e pias; e ainda, equipamentos eletroeletrônicos e
artigos hospitalares específicos da assistência.

12.5 Limpeza concorrente


É aquela realizada diariamente e logo após exposição à sujidade. Inclui recolhimento
do lixo, limpeza do piso e superfícies do mobiliário, geralmente uma vez por turno, além da
limpeza imediata do local quando exposto ao material biológico.

12.6 Limpeza terminal


É aquela geral, realizada semanal, quinzenal ou mensalmente conforme a utilização e
a possibilidade de contato e contaminação de cada superfície. Inclui escovação do piso e
aplicação de cera, limpeza de teto, luminárias, paredes, janelas e divisórias.

Tabela 2 – Tipo de limpeza em decorrência das atividades realizadas em cada área


Área Terminal Concorrente
Critica Semanal Duas vezes por turno
Semi-crítica Qinzenal Uma vez por turno
Não crítica Mensal Duas vezes por dia

• Críticas (pacientes graves, procedimentos invasivos e/ou cirúrgicos e odontológicos,


isolamentos);
• semicríticas (enfermarias, consultórios e ambulatórios, sala de espera);
• não-críticas (sem paciente, sala de lanche, almoxarifado, secretaria, indicação da
rotina de limpeza terminal e concorrente de área física).

A limpeza deve respeitar a seguinte sequência:


1) recolhimento do lixo;
2) limpeza a partir do local mais alto para o mais baixo;
3) depois do local mais limpo para o mais sujo ou contaminado;
4) finaliza-se do local mais distante, dirigindo-se para o local de saída de cada ambiente.

12.7 Outras Orientações


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0

1) Em ambiente fechado onde se presta assistência à saúde, utiliza-se a varredura úmida,


feita por meio de rodo e panos úmidos. Não se utiliza varrer ou espanar as superfícies para
não dispersar partículas de poeira. No caso de limpeza de piso, parede e teto, pode-se
utilizar o rodo com o pano para executar a fricção.

2) Para coletar sangue, vômito, urina e outros fluidos, é indicada aplicação de hipoclorito
com concentração entre 1 e 2% (alvejante comum) sobre a secreção, deixando agir por
alguns minutos antes de remover com papel, que deve ser descartado no lixo.

3) Em caso de superfície suja com sangue ressecado, aplicar água oxigenada líquida 10
volumes antes da limpeza. O hipoclorito puro pode também ser usado para remover
manchas e mofo de superfícies (alvejamento). Atenção: o hipoclorito corrói superfícies
metálicas e desbota tecido.

4) Na limpeza do mobiliário, é de fundamental importância que se recolha e guarde em


locais específicos todos os objetos e materiais que ocupam as superfícies a serem limpas.
Para superfícies metálicas, plásticas, fórmicas e de granito, indicasse a aplicação de álcool
70% após a limpeza para a desinfecção.

12.8 Higienização de materiais para uso em pacientes


Os materiais devem ser descontaminados de acordo com utilização direta ou indireta
no paciente, o que resultará em três grupos que determinarão a forma de processamento a
que serão submetidos: desinfecção, esterilização ou limpeza.

Tabela 3 – Higienização de materiais de uso em pacientes


Tipos de
Categoria Materiais
descontaminação
instrumental cirúrgico, seringas,
A – Artigos críticos agulhas, Esterilização
espéculos ginecológicos etc.
ponteiras de otoscópios, ambús, Desinfecção de alto nível
B – Artigos semicríticos
nebulizadores etc. ou esterilização
termômetro, botões de
equipamentos acionados pelo
Limpeza ou esinfecção
C – Artigos não-críticos profissional, mesas auxiliares para
de baixo nível
procedimentos, comadres, cubas
etc.
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1

12.9 Limpeza e esterilização


• Descontaminação: é o conjunto de operações de limpeza e/ou esterilização de superfícies
contaminadas por agentes potencialmente patogênicos, de forma a tornar essas
superfícies barreiras efetivas que minimizem qualquer tipo de contaminação cruzada.

• Limpeza: é o procedimento usado para remover materiais estranhos como pó, terra,
grande número de micro-organismos, matéria inorgânica (sais) e orgânica (sangue,
vômito, soro, detritos alimentícios). Geralmente são realizadas usando água e
detergentes. Limpeza é um pré-requisito indispensável que determina o sucesso da
esterilização, pois minimiza e previne a inativação da atividade dos agentes desinfetantes,
garante a permeabilidade e a difusividade mesmo nos locais de menor penetração. O
objetivo principal da limpeza é a eliminação da matéria orgânica, pois é nela que os
micro-organismos se proliferam com mais intensidade.

• Esterilização: Conjunto de operações que objetiva remover todas formas de vida,


incluindo esporos bacterianos, com capacidade de desenvolvimento durante os estágios
de conservação e de utilização do produto. Conservar é manter as características do
produto durante a vida útil de armazenamento (vida de prateleira) à temperatura
ambiente, assegurando a esterilidade adquirida. Esterilidade ou nível de segurança é a
incapacidade de desenvolvimento das formas sobreviventes ao processo de esterilização
durante a conservação e utilização de um produto (Cf. Mastroeni, 2006).

Os métodos de esterilização permitem assegurar níveis de esterilidade compatíveis


que possam suprir as necessidades; já o método escolhido depende da natureza da carga
microbiana inicialmente presente no item considerado. Dentre os procedimentos de
esterilização estão:

• Desinfecção: caracteriza-se por representar um conjunto de operações de natureza física


e/ou química com o objetivo de reduzir o número de micro-organismos, porém não
assegura a eliminação total de bactérias na forma de esporos. Segundo o Centro de
Prevenção e Controle de Doenças Norte-Americano (Centers for Diseases Control and
Prevention – CDC) (Cf. Garner & Favero, 1986), os níveis de desinfecção são:

• Desinfecção de baixo nível: os agentes antimicrobianos utilizados apresentam atividade


sobre a maioria das bactérias, vírus e fungos; porém não inativam micro-organismos mais
resistentes (micobactérias e esporos bacterianos).
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• Desinfecção de nível intermediário: os agentes antimicrobianos utilizados são eficientes


para destruir as bactérias vegetativas (incluindo micobactérias da tuberculose), a maioria
dos vírus e fungos. Desinfecção de alto nível: os agentes antimicrobianos utilizados são
eficientes para destruir todos os micro-organismos presentes, exceto os esporos
bacterianos.

• Desinfecção associada à esterilização: os agentes utilizados são capazes de destruir ou


eliminar todos os tipos de micro-organismos, incluindo os esporos bacterianos.

NBR 10.004 – Resíduos sólidos – Classificação.

RESOLUÇÃO Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – RDC n.33, de 25/2/2003 –


Dispõe sobre o gerenciamento dos resíduos gerados nos serviços de saúde – RSS.

RESOLUÇÃO Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – n.306, de 7/12/2004. Dispõe


sobre o gerenciamento dos resíduos gerados nos serviços de saúde – RSS.

TEIXEIRA, P; VALLE, S. Biossegurança: uma abordagem multidisciplinar. 2nd


ed. rev. and enl. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2010. 442 p. ISBN: 978-85-7541-306-7.

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