Sebenta Propedêutica Cirúrgica IMPRESSÃO
Sebenta Propedêutica Cirúrgica IMPRESSÃO
Sebenta Propedêutica Cirúrgica IMPRESSÃO
Num semestre de sequelas, chega-nos uma Propedêutica mais feia, mais suja e, acima de tudo,
mais implacável que a sua antecessora – Propedêutica Cirúrgica. Perante este verdadeiro colosso,
trazemos um vislumbre da matéria que, durante o semestre, vagamente ouvimos falar em rumores
e de cuja própria existência chegamos a duvidar até ao inevitável momento em que nos apercebemos
da horrenda verdade, dizendo para nós próprios: “Ora, carambolas, isto de facto sai em exame”
seguido de expletivos que não têm lugar numa sebenta de renome.
Neste espírito, 3 intrépidos rapazes, a troco de seu sangue, suor, lágrimas, pus, bile, muco e demais
secreções nauseabundas, além de muito precioso tempo livre, trazem para o conveniente e cómodo
meio do papel (e pdf para os mais atualizados dos FMUPianos) a coletânea de informação e matéria
reunidos nos powerpoints e vídeos disponibilizados pelos professores no Moodle, bem como alguns
acrescentos provenientes dos seminários e aulas práticas, tudo para comodificar ao máximo o estudo
desta pequena mas incisiva cadeira.
Ressalvamos que, no entender de uma muito sábia (e humilde) professora, estes “nojentos” meios
de aprendizagem são a escumalha de todo o ensino, pelo que não são um substituto da bibliografia
recomendada. Aliás, devem ser prontamente queimados e atirados janela fora, em troca de umas
horas bem passadas em interação presencial, profunda e pessoal com os professores (neste caso
teremos de empatizar com os pixeis de um ecrã mas nada que um aluno aplicado não consiga fazer)
já que sabemos que esta é a única maneira de alguma vez alguém ter sucesso neste planeta e ser
o mais influente na sua área. Em suma, se faltaste a uma aula, desiste já.
Perante tudo isto, basta desejar ao querido leitor um bom estudo, preferivelmente reclinado numa
marquesa desinfetada, com vestimentas e touca azuis e uma boa dose de anestesiante potente
dirigida diretamente para suas vias aéreas, pois é assim o espírito de Propedêutica Cirúrgica.
Os maiores cumprimentos,
“Desgraçados da Ucrânia, não têm sítios onde ter aulas, precisam de ter aulas à distância [...]
Os estudantes agora estudam por sebentas nojentas, não revistas.”
Definição
Dor ≠ Nociceção Não pode ser apenas ser inferida pela atividade dos neurónios sensoriais
A dor é sempre uma experiência subjetiva, influenciada por fatores biológicos, psicológicos e
sociais. Por isso, a experiência da dor do paciente deve ser sempre respeitada e atentar-se às
repercussões que esta poderá ter na sua vida, sendo que nunca devemos acessá-la apenas com
base na sua componente neuronal e fisiológica.
Conceitos importantes
Alodinia Hiperalgesia
Neuroanatomia e neurofisiologia
1
Transdução
Feita pelos nociceptores espalhados pelo corpo, sendo de alto limiar de ativação. São os recetores
que conseguem diferir se um estímulo é nóxico ou não. O estímulo nociceptivo é potenciado por
variadas moléculas presentes na agressão como:
Fatores neurogénicos
Tudo isto, juntamente com a eventual ativação de recetores como recetores mecânicos, leva ao
influxo de cálcio, iniciando a transmissão da resposta nociceptiva.
Fibras Aδ Fibras C
Transmissão
As fibras chegam à medula espinhal pela raiz dorsal, onde ocorre sinapse com o neurónio de 2ª
ordem que cruza para o lado contralateral e sobe até ao cérebro pelo trato espinhotalâmico.
* Ignoramos aqui a forma como é transmitido o impulso nervoso pois não é propriamente o objetivo da cadeira, e porque não queremos despoletar memórias desagradáveis
2
Modulação
A transmissão da dor é modulada por sistemas descendentes com origem no córtex somato-sensorial
(Modulação central) e sistemas medulares, mediada por endorfinas e encefalina (Modulação
periférica). Para um estímulo chegar ao cérebro necessita de vencer uma “barreira” ao impulso,
criada pelos recetores opioides. Estes encontram-se a nível pré e pós-sinaptico.
Perceção
A informação da nociceção, no cérebro é processada por várias regiões do córtex, entre as quais:
Bolbo raquidiano
Hipotálamo e hipófise
Córtex cerebral
Sistema límbico
Perceção da dor
Limiar da dor e reações emocionais
Classificação
Duração Fisiopatologia
Nociceptiva Neuropática
Aguda Crónica
Somática Visceral SNP SNC Raiz do nervo
3
Classificação quanto á Duração
• Unifatorial • Multifatorial
• Útil e protetora • Inútil e destruidora
• Pode ser claramente localizada • Duração ≥ 3-6 meses
• O SN simpático é ativado • Leva a habituação/ depressão
• Multidimensional: Somato-psicossocial
Classificação Fisiológica
Dor somática
Dor bem localizada, qualidade distinta, Dor mais difusa e de localização imprecisa
intensidade proporcional ao estímulo Associada aos nociceptores dos músculos,
fáscias, tendões, ligamentos e articulações
• Extrema ramificação dos nervos viscerais (um nervo inerva várias vísceras)
• Pequeno número de aferentes viscerais
• Elevado número de fibras C nos nervos viscerais, em oposição às fibras Aδ.
• Chegada de aferentes viscerais de uma víscera em múltiplos segmentos medulares
4
Dor visceral propriamente dita Dor visceral referida
Vísceras Localização
Rins Flancos
Dor neuropática
5
Semiologia
Como todas as patologias, a semiologia da dor inicia-se pela anamnese, que se for bem realizada
consegue quase sempre o diagnóstico definitivo do nosso doente. Na anamnsese, é necessário
fazer uma caracterização da dor quanto a:
É também relevante na anamnese abordar aspetos como a História Médica Passada, História
psicológica e psicossocial, História familiar e Medicação habitual.
Após esta avaliação será necessária uma abordagem mais específica da região afetada que é tema
de outras aulas. Destaca-se apenas que de acordo com a patologia são sugeridas ramificações do
exame físico, entre as quais o exame neurológico, o exame somato-sensitivo (temperatura,
pressão, toque, alterações vasomotoras) e o exame do sistema motor.
6
T2 - FISIOPATOLOGIA DA AGRESSÃO CIRÚRGICA
A agressão inicia uma sequência de respostas que representam ao mesmo tempo o resultado da
agressão e os meios pelos quais o organismo sobrevive e cura.
Agressão Anatómica
Febre Leucocitose/leucopenia
↑ Metabolismo
Taquicardia Hiperglicemia
↑ PCR ↑ Glicogénese
Polipneia
Inflamação Disfunção hepática ↑ Oxidação dos ácidos gordos
Anorexia Disfunção renal ↑ Lise proteica
7
Systemic Inflammatory Response Syndrome (SIRS)
Trata-se de uma resposta inflamatória associada a uma lesão traumática, cirúrgica ou infeciosa.
Deve-se a uma panóplia de alterações fisiológicas interligadas em resposta à tal agressão. Pode ser
endócrina, metabólica, hemodinâmica, imunológica, havendo muitas vezes sobreposição das
mesmas.
Critérios de diagnóstico
2 ou mais dos seguintes sinais
Como resposta à lesão direta dos tecidos, os neurónios sensitivos estimulam o sistema nervoso
simpático e hipotálamo, levando à libertação de diversas hormonas que conduzem ao catabolismo
com mobilização de substratos para providenciar energia ao organismo, manter o volume corporal e
a homeostasia cardiovascular.
Resposta Resposta
simpático-adrenal simpático-renal Insulina e glicogénio
8
Eixo hipotálamo-glândula pituitária-supra-renal
↑ ACTH e Cortisol
↑ Hormona ↑ Hormona
(Principal hormona libertada
na agressão cirúrgica) de crescimento anti-diurética
No pós-operatório, um período de baixa atividade metabólica pode ser observado. Contudo, logo
após esta fase há um período de hipermetabolismo intenso e catabólico.
• Pró-inflamatórias
Resposta não específica (mediada por
células: monócitos, neutrófilos, células NK)
• Anti-inflamatórias
Resposta específica (mediada por citocinas:
IL-1, TNF⍺, IL-6). A resposta imune é complexa e multifatorial
9
A resposta imune uma resposta bifásica, sendo marcada por 2 momentos distintos:
Shift Th1-Th2
Resulta do sistema imunológico inato Catabolic state
Immune
Predomina nas primeiras 36 horas homeostasis Persistence inflammation
Progressive immunosuppression
Injury
Importância da IL-6
• A resposta mediada por células pode ser suprimida pelo trauma cirúrgico, estando a cirurgia
marcada por um aumento de macrófagos no tecido lesado que, apesar disto, têm ação
diminuída, o que pode durar até uma semana depois da cirugia.
• Também há leucocitose periférica aumentada.
• A atividade das células NK também é suprimida, algo relevante em cancro.
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ERAS (Enhanced Recovery After Surgery)
Procedimento utilizado para alcançar o equilíbrio numa cirurgia., tendo-se comprovado que reduz a
resistência à insulina e o tempo catabólico. Menos tempo de cirurgia também diminui a mortalidade
e morbilidade.
PRÉ-OPERATÓRIA
INTRA-OPERATÓRIA
PÓS-OPERATÓRIA
11
T3 - PATOLOGIA DA CABEÇA E PESCOÇO
Embriologia da Tiróide
Para a compreensão de algumas das malformações que podem ocorrer ao nível cervical, reveste-se
de grande importância a recordação de alguns conceitos relativos à embriologia destas região.
degenera.
Na 12ª semana, a tiróide atinge a maturidade.
12
Sinais Sintomas
Cisto branquial
Glândula Parotídea
13
Glândula Submandibular
Apesar de ter menores dimensões que a glândula parotídea, é responsável pela maior parte da
produção de saliva “em repouso”, fora do período da alimentação.
• Nervo lingual
• Nervo hipoglosso
• Nervo facial (alguns dos ramos mais caudais)
Glândula Sublingual
Exame físico
• Sinais inflamatórios
14
• Palpação bimanual
Para detetar irregularidades e tumefações. Depois desta palpação,
devem ser reavaliadas as aberturas dos ductos, de modo a denotar
drenagem purulenta resultante da palpação prévia.
• Raio-X
Cerca de 90% dos cálculos salivares são radio-opacos, de tal
modo que a radiografia pode ser muito útil no seu diagnóstico
diferencial
• Sialografia
É a técnica mais especializada e sensível para a deteção de
patologia dos ductos salivares. Envolve a inserção de uma
cânula na abertura dos ductos salivares no sentido de injetar LIMITAÇÕES
contraste para posterior radiografia. Podemos detetar com ela:
Procedimento invasivo
Dificuldade da canulação
§ Defeitos no preenchimento Contraindicada na infeção
§ Atrasos no esvaziamento
§ Extravasamento do produto de contraste
• Sialoendoscopia
Consiste no uso de endoscópios para visualização direta do
lúmen do ducto, permitindo ainda a realização de alguns
procedimentos, como dilatação de zonas de estenose e
remoção de cálculos.
• Imagiologia
Podem ser ainda usados outros
meios de diagnóstico, tais como
Ecografia, TAC e RMN, cujas
vantagens e desvantagens se
encontram sumarizadas na tabela
ao lado.
15
Patologia Inflamatória das Glândulas Salivares
Parotidite Vírica
Parotidite Bacteriana
Síndrome de Sjorgen
§ Xerostomia
§ Xeroftalmia
§ Ulceração da córnea
§ Envolvimento sistémico
Poliartrite, Vasculite, Fibrose Pulmonar
16
Diagnóstico
Sialolitíase
TUMORES BENIGNOS
Adenoma Pleomórfico
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Tumor de Whartin
TUMORES MALIGNOS
Carcinoma mucoepidermoide
18
Lesões secundárias a outras neoplasias
Carcinoma epidermoide da pele
As glândulas salivares podem, por vezes, ser
alvo de metastização de neoplasias com origem É o cancro primário que mais metastiza para
em tecidos diferentes, sendo entre elas a estas glândulas , sobretudo se for localizado
parótida o alvo mais comum, o que se pode na região da cabeça e do pescoço, tendendo
dever á maior abundância de tecido linfático a surgir, nas glândulas salivares, 2 ou 3 anos
após o diagnóstico da lesão primária.
nesta glândula. Ocorrem mais frequentemente
em imuno-deprimidos.
Patologia Benigna
Anatomia da Tiroide
Histologia da Tiroide
19
Regulação da produção de hormonas tiroideias
Hormonas tiroideias
Coração
Metabolismo Cronotropismo e inotropismo positivos
↑Taxa metabólica
↑ Consumo de O2 TGI
↑ Produção de calor ↑Motilidade intestinal
↑ Glicogenólise,
↑ Gliconeogénese
↑ Produção e degradação do colesterol Osso e músculo
↑ Metabolismo proteico e ósseo
A desregulação deste eixo, naturalmente, vai cursar com alterações multissistémicas, que são
agrupáveis em 2 grupos gerais:
Hipertiroidismo Hipotiroidismo
20
Exame físico
§ Consistência
§ Presença de nódulos
§ Número e Dimensões
§ Existência de adenopatias cervicais
Nódulos duros, fixos e irregulares tendem a ser indicativos de alteração patológica da tiroide.
É importante ter presente que nenhum teste isolado é suficiente para avaliar completamente a
função tiroideia, devendo os resultados de cada pesquisa ser integrados num quadro clínico completo
e bem recolhido já que, com vimos, a patologia tiroideia se marca por manifestações numerosas e
variadas.
Doseamento do sangue
Uma das formas prediletas de avaliar a função produtora de hormonas tiroideias e proteínas
relacionadas é o seu doseamento no sangue, podendo ser pesquisadas:
21
T4 livre (12-28 pmol /L) Anticorpos anti-tiroideus
São indispensáveis para o diagnóstico de
Em casos de TSH elevado, mas sem alteração
patologia auto-imune. Podem ser anticorpos:
de T4, podemos estar perante um caso de
hipotiroidismo subclínico.
§ Anti-Tireogobulina (Anti-Tg)
§ Anti-Peroxídase (Anti-TPO)
§ Anti – Recetor de TSH (TRAb’s)
Tireoglobulina
É uma hormona produzida pelo tecido tiroideu
benigno ou maligno que, estando aumentada,
pode ser sinal de hipertiroidismo ou destruição
do tecido tiroideu, permitindo detetar a sua
permanência ou recorrência após remoção
cirúrgica.
Ecografia
§ Número
- § Dimensões – sendo apenas valorizáveis os superiores a 1 cm
§ Consistência - sólida ou cística
§ Forma – suspeitar dos mais longos ou “taller than wide”
§ Calcificação – sinal de possível malignidade
§ Vascularização
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Tomografia Axial Computorizada (TAC)
Doença de Graves
§ Período pós-parto
§ Infeção Vírica ou Bacteriana
§ Excesso de Iodo
Pede-se ao doente que olhe para baixo, sendo É pedido ao paciente que eleve a pálpebra
que em caso de doença de Graves, a pálpebra superior ao olhar em frente, sendo que em doença
não acompanha este movimento e observa-se a de Graves há uma maior exposição da esclera
esclera superiormente. quer superior, quer inferiormente ao globo ocular.
23
• Bócio simétrico
• Dermatopatia (em 1-2% dos pacientes)
Nestes pacientes aparece muitas vezes sob a forma de mixedema na
região pré-tibial.
~
Avaliação da função tiroideia Cintigrafia
Bócio Multinodular
É uma patologia benigna da tiroide mais comum em idosos, estando relacionada com o
funcionamento autónomo de vários nódulos tiroideus, que deixam de ser inibidos pelo feedback
negativo mediado por T3 e T4, estando efetivamente, em permanente produção.
Função tiroideia
Cintigrafia
É mais frequente nos jovens, sendo uma lesão benigna resultante do funcionamento autónomo de
um único nódulo tiroideu. Deve-se a mutações somáticas no recetor TSH nessa região, de tal modo
que esta é hiperativa, na produção hormonal. Tal como no bócio multinodular, não se verificam
manifestações extra-tiroideias
24
Meios Complementares de Diagnóstico
Função tiroideia
Cintigrafia
Tiroidite de Hashimoto
• Anti-Tireoglobulina (Anti-Tg)
• Anti-Peroxidase (Anti-TPO)
• Anti Recetor de TSH (TRAb’s)
Apresenta componente genético, estando associada aos haplótipos HLA-B8, DR3, DR5 e CTLA-4
Exame Físico
Na examinação, verifica-se um tumefação indolor na região cervical anterior, bem como uma tiroide
difusamente aumentada, com consistência firme.
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Meios Complementares de Diagnóstico
Função tiroideia
Nesta patologia o que se verifica é um aumento marcado de TSH, compatível com hipotiroidismo,bem
como níveis muito baixos de T3 e T4
Doseamento de auto-anticorpos
Devem ser realizadas na suspeita de evolução de um linfoma da tiroide, que se torna cada vez mais
frequente nestes pacientes, em casos de tiroide rapidamente aumentada e com nódulos de
caraterísticas suspeitas.
Tiroidite de Riedel
É uma forma rara de tiroidite, de etiologia desconhecida, caraterizada pela progressiva substituição
de tecido tiroideu por tecido fibroso
Pode resultar de um processo auto-imune, Postula-se, por outro lado, que advenha de
já que é mais frequente no sexo feminino um distúrbio fibrótico primário, dada a sua
(mulheres de 30 a 60 anos), suspeitando-se frequente associação com colangite
ser mediada por anticorpos IgG4. esclerosante primária.
Exame Físico
Na examinação, verifica-se um tumefação indolor na região cervical anterior, fixa aos planos
profundos e potencialmente causadora de dispneia, disfagia, estridor e rouquidão.
Função tiroideia
Biópsia Incisional
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Patologia Maligna
É uma patologia muito frequente, afetando cerca de 5% das mulheres, mas a incidência do carcinoma
da tiroide é muito menor, rondando os 40 casos por 1.000.000 habitantes.
Daqui retiramos, portanto, que a maioria dos nódulos não são malignos, surgindo a
necessidade de determinar quais aqueles dignos de análise e tratamento.
História Clínica
A colheita da história clínica deve ser pormenorizada e dirigida, no sentido de caraterizar o nódulo
de tal modo que nos aponta já na direção da malignidade ou não. Deve incluir:
• Tempo de evolução
• Dimensões e Crescimento
• Textura
• Mobilidade
• Fatores de Risco
Radioterapia prévia
História Familiar
´
• Disfagia
• Dispneia
• Rouquidão – sinal bastante típico de malignidade,
já que pode estar relacionado com invasão de
estruturas adjacentes.
História Familiar
27
Suscetibilidade Genética
Existem vários genes associados à transformação maligna dos tumores malignos da tiroide, sendo
que, verificada a sua expressão, podem ser tomadas inferências relativamente á probabilidade de
o tumor ser maligno, bem como sobre as estratégias terapêuticas a tomar. Podem agrupar-se em 2
grupos:
Os genes que mais intervém nestes processo estão dispostos na tabela em baixo.
Carcinoma Papilar
Podem ser encontradas metástases cervicais logo no momento do diagnóstico, algo que é mais
frequente nos doentes mais jovens, podendo ainda haver metastizações mais distantes (como
pulmão, ossos, fígado e cérebro) em 20% dos casos, nos quais este progride primariamente por via
hematogénea.
28
Diagnóstico
Correspondem a 10% dos casos, sendo mais frequentes em mulheres. A metastização ganglionar
cervical é, neste caso, mais rara.
Diagnóstico
29
Carcinoma Medular da Tiroide
Diagnóstico
Biópsia Aspirativa
Dosagem sérica
Imunohistoquímica
Carcinoma Anaplásico
30
Diagnóstico
Biópsia aspirativa
Glândulas Paratiróides
Anatomia
Histologia
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PTH e Metabolismo do cálcio
§ Osso
Aumenta a degradação óssea, levando a uma libertação
de cálcio e fósforo para a corrente sanguínea.
§ Rim
Diminui a excreção de cálcio e aumenta a de fósforo,
aumentando ainda os níveis de vitmanina D, que atua
no tubo digestivo, aumentado a absorção de cálcio.
§ Tubo Digestivo
Aumenta a absorção de cálcio e fósforo
Hiperparatiroidismo
Hiperparatiroidismo Primário
§ Adenoma (80%)
§ Hiperplasia multiglandular (15-20%)
§ Carcinoma (1%)
32
Sintomas de Hiperparatiroidismo
Sintomas Renais
§ Hipertensão Arterial
§ Insuficiência Renal
Devida a nefrocalcinose, que consiste na deposição de
cálcio no parênquima renal ocorrendo em 5% dos casos.
Alterações ósseas Presentes em 15% dos doentes, advindo da maior degradação óssea
33
Sintomas Abdominais Sintomas Neuropsiquiátricos
§ Pancreatite § Psicose
§ Doença ulcerosa péptica § Ansiedade, humor depressivo
§ Litíase biliar § Alterações eletroencefalográficas
Hiperparatiroidismo Secundário
Já vimos que nestes casos, o aumento de PTH em circulação não se deve a um problema na
paratiroide mas sim a um hipocalcemia que está a ser compensada pela maior secreção desta
hormona.
§ Doença renal crónica – ora por hiperfosfatémia, ora por menor ativação da vitamnina D
§ Diminuição da ingestão de cálcio ou vitamina D
Hiperparatiroidismo Terciário
É mais frequente em doentes transplantados renais, ocorrendo um ganho de autonomia por parte
das glândulas paratiroides perante uma situação de hipotiroidismo secundário.
34
Meios complementares de diagnóstico
Bioquímica
Faz-se por medição dos níveis de Cálcio, PTH, fosfato e Vitamina D no sangue.
Carcinoma da Paratiroide
35
Hipoparatiroidismo
É muitas vezes devido a iaterogenia, por erros em cirurgia da tiroide ou paratiroide, tendo
normalmente um caráter transitório, que se resolve aquando resolução da isquemia das paratiroides.
No entanto, não se resolvendo, pode dar hipoparatiroidismo permanente.
Sinais e sintomas
§ Hipocalcemia
Associada a parestesias periorais e nas
extremidades dos membros superiores, bem
como ansiedade e confusão.
§ Sinais de Chvostek
Contração dos músculos da face aquando
percussão do nervo facial no local em que
cruza a mandíbula
§ Sinal de Trosseau
Presença de espamo carpopedal após
interrupção do fluxo sanguíneo a um nível
mais cubital
§ Tetania
36
T4 - PATOLOGIA MAMÁRIA
Antes de passarmos à anamnese e exame físico da mama, convém recordar alguns conceitos base
da sua embriologia, histologia e anatomia.
Embriologia da mama
5ª -6ª SEMANA
saliências ectodérmicas
Anatomia da mama
37
VASCULARIZAÇÃO INERVAÇÃO
DRENAGEM LINFÁTICA
Plexo subareolar
↓
Linfáticos interlobulares
↓
97% 3%
Gânglios da cadeia
Gânglios da artéria mamária
linfáticos axilares interna
38
Divisão dos Gânglios Axilares
§ Nível I
Lateral ao M. pequeno peitoral
§ Nível II
Abaixo do M. pequeno peitoral
§ Nível III
Medial ao M. pequeno peitoral
Fisiologia da mama
A- Puberdade
Estrogénio
Responsável pelo desenvolvimento do sistema
canalicular da glândula mamária
Progesterona
Tem uma ação ora sinérgica com os estrogénios,
promovendo o aparecimento de clusters de
células epiteliais que serão os futuros lóbulos.
B- Ciclo Menstrual
Fase inicial - há formação de cordões sólidos Fases finais – as células tornam-se cilíndricas
pelas células soltas do parênquima mamário e achatadas, tornando-se possível observar o
seguida de um aumento da vascularização e lúmen canalicular.
edema do estroma que provocam o aumento
do volume mamário.
39
C- Gravidez Pós-parto
D- Menopausa
Há uma queda dos níveis de progesterona e de estrogénio, o que resulta numa atrofia e
hipoplasia dos elemntos glandulares da mama, que acabam por ser substituídos quer por tecido
adiposo, quer por fibrose.
40
Anamnese e Exame Físico
Anamnese
Nesta primeira etapa da avaliação do doente, devemos inquirir sobre:
• Histerectomia
• Anexectomia Historia familiar
• Patologia mamária previa
• Patologia mamária, sobretudo maligna
• Outras neoplasias (síndromes genéticos)
Medicação habitual
Idade/ Sexo
• Anti-concepcionais orais
• Anti-psicóticos
Sintomas
Neoplasia precoce
Marca-se por ausência de dor
41
Alterações cutâneas
• Simetria • Simetria
• Nódulos • Alteração da coloração
• Ulceração • Retração e Abaulamento
• Inversão mamilar • Hiperemia
• Corrimento mamilar • Edema cutâneo
• Sintomas associados • Orifícios fistulosos
• Alterações inflamatórias • Feridas e Úlceras
Corrimento mamilar
• Unilateral ou bilateral
• 1 ducto ou múltiplos
• Espontâneo ou provocado
• Transitório ou persistente
• Fluído
û Leitoso (galactorreia)
û Seroso
û Purulento
û Hemático
û Grumoso Adenopatias Palpáveis
1) Inspeção
O exame
42
Nesta inspeção devemos estar atentos a morfologia não só da região da mama, como também da
axila:
MAMA
Alterações da glândula
Número* û Coloração
Localização û Edema cutâneo
Vascularização û Contornos: nódulos, abaulamentos ou retrações
Tamanho
Simetria Características do CAM
Forma
û Tamanho, cor, simetria
û Retração, inversão
û Rash, ulceração, descamação
*Podem surgir mamas acessórias e mamilos acessórios resultantes do não desaparecimento de certas
regiões das “linhas de leite” referidas na embriologia da mama
AXILA
• Adenopatias
• Ulceração
• Tecido mamário ectópico
43
2) Palpação
Palpação da mama
Neste exame, devemos caraterizar a mama quanto a:
û Consistência
û Limites ⚠
û Mobilidade Suspeição de malignidade:
Sobre pele, fáscia peitoral e parede torácica
Nódulos pétreos, limites mal definidos,
com retração cutânea, fixos
Palpação do CAM
Expressão mamilar
Consistência
Nódulos
⚠ Suspeição de malignidade:
Corrimento unilateral, unicanalicular, conteúdo sanguinolento
44
Exames auxiliares de dignóstico
Para avaliar a patologia da mama, temos à disposição uma grande variedade de exames auxiliares,
sendo que, consoante a etapa da patologia em que atuam, podem ser de rastreio, estadiamento e
de diagnóstico.
EXAMES de RASTREIO
São classificadas consoante a classificação BI-RADS (Breast Imaging Reporting and Database
System) cujos critérios e probabilidade de malignidade estão abaixo listados:
Deve repetir o
0 Exame inconclusivo ? exame
De fazer uma
Exame com achados
3 provavelmente benignos
< 2% consulta de
aferição
45
EXAMES de DIAGNÓSTICO
Mamografia
Para além do rastreio, esta também usada para a análise no contexto de sintomas, sendo que
algumas caraterísticas suspeitas que podemos encontrar nestes exames são:
§ Nódulos
§ Microcalcificações
Finas, lineares, pleomórficas
Ecografia Mamária
§ Complemento à mamografia
§ Mulheres jovens
§ Grávidas
§ Mulheres com próteses mamárias
§ Estadiamento axilar
46
Ressonância Magnética Mamária
Indicações: ⚠
Biópsia
EXAMES de ESTADIAMENTO
Servem para avaliar a progressão de uma doença quando esta se encontra já estabelecida. No caso
da patologia, o estadiamento que mais se faz é o do cancro da mama, que compreende:
• Exame clínico
• Mamografia/ ecografia mamária/ RM mamária
• Ecografia axilar
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• Suspeita de metastização
• Axila clinicamente positiva
Estadiamento SISTÉMICO – feitos apenas quando há • Tumores ≥ 5 cm
• Biologia agressiva
§ Ecografia Axilar
§ Raio X tórax
§ TAC ToracoAbdominoPélvico
§ Cintigrafia Óssea
§ Ressonância Magnética Cerebral
§ PET
De seguida temos uma tabela que nos mostra todos os estádios do estadiamento TNM do
cancro da mama, para aqueles mais interessados no tema e sem astigmatismo
• Tamanho do tumor
• Invasão de estruturas adjacentes
• Metastização ganglionar
• Metastização à distância
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Patologia Mamária
Tendo já visto a correta abordagem clínica da mama, debrucemos-nos agora sobre as patologias
que podemos encontrar, bem como os seus principais sinais e sintomas. A patologia da mama pode
ser diversa, sendo que vamos abordar as seguintes classe de doença mamária:
• Anomalias Congénitas
• Doenças inflamatórias e infeciosas da mama
• Patologia Mamária Benigna
• Patologia Mamária Maligna
Anomalias Congénitas
Ginecomastia
• Excesso de estrogénios
• Défice de androgénios
• Causas farmacológicas como o uso de espirolactona
• Doenças sistémicas
49
Doenças infecciosas e inflamatórias
Infeção Bacteriana
Exame Físico
Infeção Bacteriana
Exame Físico
Hidradenite supurativa
É uma condição inflamatória crónica com origem nas glândulas de Montgomery / glândulas sebáceas
da axila, que se localiza tipicamente na região mamilo-areolar ou região axilar
50
Doença de Mondor
Exame Físico
Não proliferativas
Correspodem a 70% das lesões benignas,
apresentando um risco de malignidade de 1,2%
Cistos mamários
Correspondem a 15% dos nódulos mamários estando presentes em 7% das mulheres com 35-50
anos. A classificação e abordagem destes cistos está esquematizada em baixo:
51
Ectasia ductal
Exame Físico
§ Corrimento mamillar
Se esbranquiçado muito caraterístico
§ Retração mamilar
Muito típica quando simétrica
§ Massa palpável
Calcificações
Fibroadenomas
Originam-se da unidade lobular do ducto terminal, sendo formados por elementos epiteliais e
estroma. São influenciados por alterações hormonais como o tecido mamário normal.
52
Adenomas
Tumores constituídos por tecido glandular, sem estroma, podendo ser tubulares ou de lactação
Hamartomas
Tumores constituídos por tecido adiposo, tecido glandular e fibrose, com 2 a 4 com, geralmente
assintomático.
Adenose esclerosante
Cicatriz radial
Papilomas intraductais
Exame Fisico
53
Lesões Proliferativas com Atipia
É uma condição habitualmente identificada em biopsias mamárias por outras causas, caracterizada
por células monomórficas, uniformemente espaçadas, preenchendo o lóbulo envolvido.
54
Fatores de risco histológicos
Cerca de 20 a 30% dos carcinomas da mama têm uma componente familiar, sendo que 5-10% têm
mutação genética identificada. A tabela abaixo enumera alguns dos critérios para aconselhamento
genético:
posisção Gen
55
~
ética
56
História Natural da Doença
57
Neoplasias Epiteliais Não Invasoras
Em 46% dos casos podem surgir tumores síncronos, menos frequentemente bilterais e multicêntricos
que os lobulares.
Surge tipicamente aos 50-60 anos na forma Associados a BRCA1, são tipicamente
de um nódulo único, duro, mal definido tumores moles, hemorrágicos e profundos
58
Mucinoso Carcinoma Medular
Ocorre mais em idosos, sendo definido pela 20% são diagnosticados durante rastreio,
presença de mucina extracelular muito em mulheres peri-menopáusicas
Carcinoma Papilar
• 87% ER positivos
• Baixo potencial de metastização
• Sobrevida a 5 e 10 anos semelhante ao
carcinoma mucinoso
Neoplasia de Paget
Exame Físico
Diagnóstico Diferencial
• Bilateral • Unilateral
• Frequente na amamentação • Ocorre na menopausa
• Prurido • Não pruriginoso
• Vesículas • Sem vesículas
• CAM intacto • CAM pode ser afetado
• Ausência de nódulos • Pode associar-se a nódulos
59
Meios Complementares de Diagnóstico
• Ecografia/ mamografia
• RM mamária
• Biopsia
Tumor Filóide
Exame Físico
Diagnóstico Diferencial
Meios Complementares de
Diagnóstico
§ Ecografia/ mamografia
§ Biopsia
60
Carcinoma inflamatório
Exame Físico
Diagnóstico Diferencial
Deve fazer-se diagnóstico diferencial para excluir patologia infeciosa da mama, que tende a não
apresentar o típico aspeto em casca de laranja.
• Cirurgiões gerais
É uma reunião multidisciplinar na qual é tomada uma • Oncologistas médicos
decisão relativamente à terapêutica a seguir com um • Cirurgiões plásticos
paciente, tendo em conta: • Radioncologistas
• Imagiologistas
• Tumores diagnosticados de novo • Patologistas
• Recidivas tumorais • Especialistas em medicina nuclear
• Dúvidas diagnósticas • Enfermeiras especializadas
• Psicólogos clínicos
û Alunos de Medicina perdidos da vida
61
T5.1- ESÓFAGO
Anatomia
• A membrana esofágica
• O ângulo de His
• A fixação peritoneal
• Clearance de ácido no esófago
62
Mantém a função através de:
Comprimento intra-abdominal
Pressão de repouso do EEI Comprimento total menor de 1 cm, algo potenciado
(maior que 6 mmHg) de mais de 2 cm pela pressão positiva do
abdómen.
Fisiopatologia da DRGE
63
Sinais e Sintomas
SINTOMAS TÍPICOS
SINTOMAS EXTRAESOFÁGICOS
Contacto direto do conteúdo gástrico com Presença de refluxo no esófago distal estimula
áreas brônquicas e laríngeas pelo esófago, reflexo vagal, devido à origem embrionária
causando sintomas pulmonares, laríngeos, comum entre o esófago e a árvore brônquica.
faríngeos e manifestações extra-esofágicas
64
Manifestações Sintomas de
Típicos Atípicos
Extraesofágicas alarme
Complicações frequentes
Estenose esofágica
Fibrose da submucosa e intra-mural com estenose luminal. Ocorre em
7 a 23% de doentes com esofagite não-tratada. É frequente sobretudo
no sexo masculino, em doentes mais idosos e no uso crónico de AINEs
Esofagite erosiva
É mais frequente no sexo masculino, em doentes mais idosos, na obesidade e em hérnias do hiato
As causas de morte relacionadas com DRGE não-oncológica (0.46 por 100 000 pessoas), são
esofagite hemorrágica, perfuração de úlcera esofágica, rutura esofágica, pneumonia de
aspiração.
Diagnósticos Diferenciais
Apesar de ser muito frequente há várias outras patologias com sintomas semelhantes.
• Acalasia • Estenose do piloro
• Espasmo esofágico difuso • Gastrite, úlcera gástrica ou duodenal
• Divertículos esofágicos • Doença coronária
• Cancro do esófago • Litíase vesicular
65
Meios Auxiliares de Diagnóstico
Indiretos Diretos
Métodos DIRETOS
Este é o exame gold-standard, uma vez que confirma o diagnóstico de DRGE pela documentação
de RGE patológico e correlaciona os episódios de refluxo com os sintomas relatados pelo paciente.
Possibilita ainda quantificar, caracterizar e classificar o padrão do RGE.
Preparação Limitações
Manometria prévia para identificar do EEI. Há uma alteração da vida diária e padrão
Descontinuar inibidores da bomba de protões alimentar durante este período. Não existe um
7 dias antes. valor limiar absoluto para doença de DRGE.
Técnica
É um pouco incómodo para o doente, mas acaba por ser bem tolerado.
Introduzem-se dois elétrodos colocados a 10 cm de distância: o mais
distal 5 cm acima do EEI e o outro 5 cm abaixo do EEI por um cateter
por via transnasal com uma sonda pH (que mede pH entre 2 e 7)
66
Impedância intraluminal
Impedância + pHmetria de 24 HORAS
Permite identificar episódios de refluxo não-ácidos,
É o exame com maior acuidade no
cerca de 40% do total dos episódios de refluxo.
diagnóstico de DRGE, com importância
clínica relevante, pois permite detetar,
É um dispositivo semelhante à pHmetria que deteta quantificar e caracterizar o RGE ácido,
mudanças na resistência da corrente elétrica com os pouco ácido e pouco alcalino.
movimentos anterógrados e retrógrados de gases e
líquidos no esófago. Pode ser realizada sob tratamento do
IBP ou após suspensão
Está indicado para:
Métodos INDIRETOS
Permite a avaliação do peristaltismo do corpo esofágico e das pressões de repouso do EES e EEI.
Tem a modalidade standard e alta resolução e permite documentar duas das causas fisiopatológicas
major da DRGE:
Rx contrastado esofagogastroduodenal
Tem sensibilidade baixa para esofagites leves, mas alta para Indicação:
esofagites moderadas a severas. Apesar de detetar alguns
episódios de refluxo, não confirma nem exclui DRGE. Estudo pré-operatório e
pós-operatório se
persistência dos sintomas
67
Endoscopia digestiva alta Indicado para:
• Presença de sintomas de alarme
Permite avaliar a presença e estadiamento da • Refratariedade à terapêutica
esofagite. Além disso, deteta complicações da
DRGE como estenoses pépticas, esófago de Barrett, • Estudo pré-operatório
adenocarcinoma, úlceras, hemorragia e perfurações • Tratamento endoscópico
e exclui outros diagnósticos diferenciais. De estenoses pépticas e hemorragias esofágicas;
• Rastreio de Esófago de Barrett
Tem uma baixa sensibilidade para DRGE é
baixa, mas é muito específica (90-95%). Não tem Em doentes de alto risco epidemiológico (homens
caucasianos, idade >50 anos, obesos com
correlação entre a intensidade dos sintomas de
sintomas de DRGE crónicos).
refluxo e a severidade dos achados endoscópicos.
ACALÁSIA
Akhálasis = Impossibilidade de relaxamento
Doença rara da motilidade esofágica em que a degeneração do plexo neuronal esofágico provoca
um relaxamento incompleto do EEI e contrações ineficazes do corpo esofágico.
Epidemiologia
A acalásia idiopática é uma doença rara que afeta indivíduos de ambos os sexos e em todas as
idades, sendo a mais prevalente na Europa.
Incidência: 1,07 e 2,2 por 100.000 pessoas/ ano Prevalência 10 - 15,7 por100.000
Teorias explicativas
Alguns trabalhos recentes sugerem a
Interações complexas entre causas de
influência de eosinofilia muscular que pode
origem para esta inflamação:
ser encontrada em alguns doentes como
• Imunológicas, outra hipótese promotora. Foi demonstrado
• Víricas, que estes processos inflamatórios diminuem
• Hereditariedade. progressivamente e destroem gradualmente
eliminando o plexo mioentérico esofágico
68
Pode ser secundária a outras doenças:
Sintomas e Sinais
Escala de Eckardt
Avalia a gravidade da doença antes do tratamento, servindo também para avaliar posteriormente
a eficácia do tratamento. Avalia os sintomas cardinais da acalásia como disfagia, dor torácica e
regurgitação, de acordo com as queixas do doente.
69
Diagnósticos Diferenciais
São sinais e sintomas preocupantes, pelo que podemos ver diagnósticos diferenciais graves:
• Neoplasia esofágica • DRGE complicado
• Angina de peito • Pode ir até estenose péptica
• Divertículo epifrénico • Espasmo esofágico difuso
NOTA: Numa acalásia mais frustre pode haver diagnósticos diferenciais menos preocupantes e
diferentes dos anteriores.
Rx contrastado Esofagogastroduodenal
70
Endoscopia digestiva alta
Tem uma ligeira resistência para ultrapassar a junção esófago-gástrica
A mucosa esofágica pode apresentar-se normal na endoscopia digestiva alta, porém esofagite com
mucosa friável, espessada, e mesmo erosões podem ser evidenciadas, principalmente devido à
estase crónica. Nos estádios mais avançados, o corpo esofágico pode estar dilatado, atónico e
frequentemente tortuoso.
DIVERTÍCULOS ESOFÁGICOS
Entidades raras, muitos nem necessitam de terapêutica, mas quando ocorrem devem ser estudados
para informar o doente e vigiá-lo. Podemos classificá-los em divertículos de tração e de pulsão
(também considerados pseudodivertículos), de acordo com o envolvimento das camadas da parede.
Os primeiros envolvem todas as camadas e os segundos apenas parte dela.
Divertículo de Zenker
É um pseudodivertículo, dado que não envolve todas as camadas da parede: não envolve a camada
muscular. Desenvolve-se na hipofaringe, entre o músculo constrictor inferior da faringe e o
cricofaringeo.
Epidemiologia
Etiopatogenia
71
Não existe consenso claro acerca da patofisiologia.
Teorizou-se que:
1) Existe um aumento da pressão no cricofaríngeo, motivada por alterações fibróticas.
2) Como resultado, dá-se um aumento da pressão hipofaríngea
3) O que leva a herniação na zona de fraqueza imediatamente acima do cricofaríngeo.
Daqui resulta um pseudodivertículo que retém partículas alimentares e secreções salivares que
desencadeiam os sintomas habituais da patologia.
Sinais e Sintomas
Halitose Ulceração
Diverticulite
Diagnóstico Diferencial
Em alguns casos, muito raros, pode coexistir com carcinoma epidermoide e mesmo com
carcinoma no saco diverticular. Outros diagnósticos a considerar são:
72
Divertículo Epifrénico
Divertículo de pulsão que, usualmente, se localiza nos 10 cm da distais do esófago. É uma herniação
da mucosa e submucosa através da camada muscular da parede esofágica.
Epidemiologia
Estima-se que a prevalência seja de cerca de 0,015% nos USA, 0,77% no Japão e 2,0% na Europa,
embora a verdadeira prevalência é desconhecida. A incidência estimada é de aproximadamente
1:500.000 por ano.
Esta incidência corresponde a uma razão de 1 divertículo epifrénico para 5 divertículos de Zenker
Etiopatogenia
Não é um problema primário, mas antes um problema secundário a uma condição, subjacente, de
dismotilidade esofágica: foi demonstrada associação com alterações da motilidade em 75 a 90% dos
casos. Entre estas, destacam-se: acalásia, espasmo esofágico difuso, esófago em quebra-nozes
e hipertonia do EEI.
Diagnósticos Diferenciais
73
Exames Complementares de Diagnóstico
CARCINOMA DO ESÓFAGO
Epidemiologia
Fatores de Risco
74
Etiopatogenia
1) Displasia
2) Carcinoma in situ
3) Invasão das paredes da camada esofágica
4) Disseminação para outros órgãos.
Prognóstico
Sinais e Sintomas
Pode ser assintomático nos estadios iniciais. No entanto, pode ser vista através de exames de
rastreio e outros exames não relacionados com o mesmo.
75
Diagnósticos Diferenciais
• DRGE • Acalásia
• Esofagite • Neoplasia do estômago
• Estenose péptica • Tumores mediastínicos
• Tumores benignos do esófago (p.e. tumores broncogénicos)
• Adenopatias mediastínicas
Rx contrastado esofagogastroduodenal
Hoje em dia pouco utilizado, mas também permite o diagnóstico
a) Carcinoma inicial – pouco proeminente, apenas visto por especialistas
b) Carcinoma avançado
Ultrassonografia endoscópica
Permite também perceber a extensão da massa podendo
ver-se a assimetria na parede esofágica, que compromete o
lúmen. Na seta maior vemos uma adenopatia regional com
morfologia arredondada e limites definidos.
Tomografia Computorizada
Permite esclarecer pormenores da extensão e invasão
da massa, confirmando suspeita de invasão da aorta.
76
Tomografia por Emissão de Positrões (PET)
Broncoscopia
Permite saber o envolvimento do sistema respiratório.
PERFURAÇÃO ESOFÁGICA
Epidemiologia
Tem incidência baixa, pode ocorrer em cerca de 3,1/1.000.000 pessoas ao ano, mas falta
informação sobre a mesma. É mais frequente em homens e na sétima década de vida.
Devido ao enfisema
77
A reação inflamatória sistémica é rápida (24-48h)
Sinais indiretos de
Exames Complementares de Diagnóstico
perfuração
• Derrame pleural,
• Pneumomediastino
Rx simples de torax ou toracoabdominal. • Enfisema subcutâneo
• Pneumotórax e
atelectasia
O diagnóstico inicial de perfuração esofágica baseia-se
• Colapso pulmonar.
em radiografia toracoabdominal
Revela fuga de contraste para o mediastino, região cervical ou abdómen. Se o exame for negativo,
mas a suspeita se mantiver deve-se repetir em 4 a 6 horas ou realizar outro tipo de exame.
78
T5.2 - ESTÔMAGO
ÚLCERA PÉPTICA
Epidemiologia
É uma das patologias Esofagogástricas mais frequentes nos Países Desenvolvidos, apresentando
incidência e prevalência semelhantes nos 2 géneros sendo mais elevada nas pessoas com mais
de 40 anos.
Está associada a hábitos tabágicos e alcoólicos, uso inadequado de AINEs para analgesia (podendo
causar hemorragia digestiva alta), aumento da inervação vagal (dado estar associada à produção de
enzimas e do ácido) e com a infecção de H. Piloryi, nomeadamente em Portugal.
Tem um potencial de malignização das úlceras gástricas e raramente das úlceras duodenais
Etiopatogenia
Esta lesão dá-se quando as barreiras da mucosa gástrica são ultrapassadas pelo ácido e protéases
estomacais, o que é potenciado pelos fatores referidos acima.
Pode haver normo e/ou hipocloridria nas úlceras gástricas proximais, por oposição às úlceras
gástricas distais e nas úlceras duodenais que estão associadas a hipercloridria.
Complicações da patologia péptica:
79
Sinais e Sintomas
Hematemeses
Vómitos alimentares
Afrontamento pós-prandial
Melenas
Hemorragia digestiva alta
Azia
Sintomatologia constitucional
Astenia, anorexia e emagrecimento
Hemograma ECG
Bioquímica Rx abdominal de pé
Elevação da PCR; CPK mb+ O níveis das Veriamos uma foice gasosa por
troponinas podem indicar EAM pneumoperitoneu.
80
CARCINOMA DO ESTÔMAGO
Fatores de Risco
Sinais e Sintomas
Nos estádios iniciais pode ser assintomático, sendo identificado em exames de rotina. Quando
aparecem sintomas destacam-se:
Diagnósticos Diferenciais
81
Exames Complementares de Diagnóstico
Ultrassonografia endoscópica
Permite determinar a profundidade de invasão parietal e de
estruturas adjacentes.Observa-se a presença de adenopatias
regionais e ascite locorregional.
Tomografia computorizada
Permite determinar a profundidade de invasão parietal e de estruturas adjacentes, observar a
presença de adenopatias regionais e de metástases a distância.
Estadiamento
Permite saber a dimensão da doença local e sistémica. Atualmente é feita pela classificação TMN.
T (Primary Tumor)
82
M (Distant Metatisis)
Para combinar e
determinar o tratamento e
prognóstico conjugamos
todas estas informações:
Apesar do adenocarcinoma ser, de longe, o mais frequente, vamos abordar outros tumores malignos
que podem envolver o estômago.
São 1-4% das neoplasias primárias malignas de estômago, intestino delgado e cólon. Existe
envolvimento secundário em 10% no diagnóstico e em 60% nos linfomas avançados. Dentro dos
linfomas do TGI, os gástricos são até 75%.
Sinais e Sintomas
No exame objetivo é frequente não se encontrar nada. Porém, dependendo do seu volume,
podemos palpar uma massa ou gânglios linfáticos aumentados.
83
Exames Complementares de Diagnóstico
Podemos utilizar uma tomografia computarizada para ter uma visão geral da massa ou
endoscopia digestiva alta com biópsia.
Tumores neuroendócrinos
Não são exclusivos do estômago, obviamente, podem ser encontrados também no intestino (2/3) 3
no pâncreas (1/3)
Os tumores
neuroendócrinos
gástricos são apenas
2% neoplasias
gástricas
Etiopatogenia
Relembrar
Quando temos gastrite atrófica crónica, há menor produção de ácido pelas células parietais, pelo
que a somatostatina está diminuída. Assim, há sobreestimulação das células G e enterocromafins,
produzindo de histamina e gastrina em grande quantidades.
O aumento trófico destas células leva a hiperplasia, displasia e, assim, a tumor carcinóide.
84
Sinais e Sintomas
Síndrome Carcinóide
Estudo analítico
Caracterizado por anemia, presença de cromogranina A (não específico),
HIAA (Ácido 5-hidroxiindolacético, composto proveniente da serotonina) e
aumento de gastrina.
Ecoendoscopia
Permite observar camadas mais profundas do que uma endoscopia normal
85
Diagnósticos diferenciais
Epidemiologia
40% 60%
Sinais e Sintomas
Anemia Dor
Em termos de exame objetivo é bastante inespecífico. Pode, por vezes haver uma massa
palpável, dor à palpação e até síndromes específicos.
Diagnóstico diferenciais
86
Exames Complementares de Diagnóstico
Estudo analítico
Inespecífico, possivelmente deteta-se anemia
87
T5.3 - PATOLOGIA DO DIAFRAGMA
HÉRNIA DO HIATO
Doença muitas vezes associada a DRGE. Caracteriza-se pela protusão de conteúdo abdominal
através do hiato esofágico, para o mediastino.
CLASSIFICAÇÃO
Epidemiologia
Apenas as podemos estimar, sendo que estimativas clínicas propõem uma incidência de 50 a 60%
acima dos 50 anos, sendo que destas apenas 9% são sintomáticas. Tem uma maior prevalência
em mulheres. Mais frequentes em países desenvolvidos da América do Norte e Europa Ocidental e
raras em África e no Oriente. No Ocidente estima-se uma incidência de 10 a 20% da população.
Podem ainda ser classificadas como congénitas e adquiridas, sendo que estas últimas podem ser
traumáticas ou não traumática
88
Fatores de Risco
Etiopatogenia
1) A deslocação do EEI para posição intratorácica coloca-o sob pressão negativa ao contrário da
positiva do abdómen, favorecendo o refluxo.
2) Perda de tensão muscular nos músculos crurais (do diafragma).
3) Perda do ângulo de His aumenta a possibilidade de refluxo gástrico.
4) Alongamento da membrana frenoesofágica.
A migração do estômago para posição torácica pode desencadear um conjunto de sinais ou sintomas
não relacionados com refluxo:
Sinais e Sintomas
89
Diagnósticos Diferenciais
Por outro lado, no contexto de sintomas extragastrintestinais, típicos ou atípicos, a hérnia hiatal
pode fazer parte do diagnóstico diferencial para outras doenças mais vezes associadas a esses
sintomas.
Rx contrastado esofagogastroduodenal
Permite identificar o tipo de hérnia, a parte do estômago herniada, se é um quadro
oclusivo e a existência de vólvulos.
Hérnias traumáticas
Podem surgir de acidentes viação, quedas, traumatismos com armas de fogo, com armas brancas,
entre outros.
90
Epidemiologia
Mais frequentes após traumatismos fechados - 3 a 5%, aumentando violentamente a pressão intra-
abdominal. No lado direito, o seu diagnóstico pode ser mais retardado devido à interposição do
fígado, que impede a migração rápida para o tórax e na sua forma crónica, ocorrem em 5 a 19% dos
ferimentos toracoabdominais.
Etiopatogenia
Sinais e Sintomas
SINTOMAS SINAIS
Dor abdominal,
91
Diagnósticos Diferenciais
Variam consoante a gravidade dos sintomas e quais são sentidos. Podemos suspeitar de outras
hérnias diafragmáticas e:
Rx torácico
HÉRNIAS CONGÉNITAS
Orifícios de Morgani
Para esternais, na parte anterior do diafragma
Orifícios de Bochdalek
Na parte posterior do diafragma fruto de um deficiente fechar do loca
92
HÉRNIA DE BOCHDALEK
Epidemiologia
Sinais e Sintomas
Em adulto, a maioria são assintomáticas pelo que habitualmente são achados incidentais.
Quando sintomáticas exibem sintomas vagos, como dor torácica, epigástrica ou abdominal e
sintomas gastrointestinais, enfartamento, quadros suboclusivos ou oclusivos quando envolve
conteúdo intestinal.
Diagnósticos diferenciais
Como são achados acidentais, mostramos apenas aqui algumas imagens vistas nestes exames:
Na EDA é extremamente raro ver algo. Parece um divertículo de fundo gástrico nesta imagem.
HÉRNIA DE MORGANI
93
Epidemiologia
Sintomas e Sinais
Maioria são assintomáticas mas quando sintomáticas apresentam: sintomas respiratórios como
dispneia, sintomas gastrointestinais, como náuseas, vómitos, dor epigástrica ou abdominal,
quadros suboclusivos ou oclusivos.
Diagnósticos Diferenciais
Estas imagens são relativas a um caso do HSJ de uma hérnia de Morgagni à direita:
94
T - PATOLOGIA DO INTESTINO DELGADO
Patologia Benigna
• Adenocarcinoma
95
Etiopatogenia
Na origem da doença do intestino delgado podem estar variados quadros, com diferentes origens e
complicações, entre os quais:
História Clínica
Dentro dos quadros previamente descritos, estas vão ser as queixas mais comuns que vamos
encontrar em cada um:
• Vómitos entéricos
• Paragem de emissão de gases/ fezes • Dores abdominais difusas
• Dores abdominais tipo cólica • hemorragia digestiva.
• Distensão abdominal.
• Hematoquézias • Diarreias
• Melenas. • Dores tipo cólica
• Vómitos
• Raramente perdas hemáticas
Quadro de Abdómen agudo
• Dores abdominais
• Sinais de irritação peritoneal – defesa e
contratura
96
Exame Físico Devemos pesquisar:
Para auxiliar no diagnóstico de certas patologias, podemos fazer uso de uma multitude de
alternativas diagnósicas, tais como:
97
Diagnóstico diferencial
98
T6.2 - DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL
A doença de Crohn é uma das doenças inflamatórias intestinais que apresentaremos nesta aula,
sendo caraterizada por inflamação crónica de uma qualquer parte do TGI, com períodos de
remissão intercalados com exacerbações inflamatórias aleatórias e muitas vezes imprevisíveis.
Epidemiologia
• Tem incidência crescente, com cerca de 0.3-12.7 novos casos por 100,000 pessoas / ano
• Tem prevalência de 1 em 200 pessoas nos países ocidentais
• Diagnóstico é frequentemente feito em jovens com menos de 30 anos
99
Classificação
Fisiopatologia
Apesar de a causa exata para a doença de Crohn ser ainda desconhecida, o surgimento desta
patologia parece resultar da interação de multiplos fatores, entre os quais:
100
Resposta Imune Desregulada
História Clínica
A sintomatologia da Doença de Crohn é variada e inconstante, sendo que varia com a gravidade e
localização da doença. Apesar distom os sintomas mais recorrentes são:
• Diarreia
• Dor abdominal
• Fadiga
• Perda ponderal
• Anemia
• Fístulas e Sépsis perianal
• Sintomas de oclusão intestinal
NOTA: Repara que a doença de Crohn, por também atingir o intestino delgado, poder levar a
malabsorção e perda ponderal, ao contrário da colite, que afeta apenas o cólon
101
Diagnóstico
O diagnóstico de doença de Crohn pode ser desafiante, no sentido em que não está associado a um
achado específico e patognomónico desta doença, antes baseando-se na convivência de muitos
sinais e sintomas sugestivos desta patologia.
Estudos endoscópicos
Ileo-colonoscopia
• Erosões aftosas
Estas erosões podem ser superficiais ou profundas,
consoante envolverem ou não a muscular própria
Enterocápsula
Quando a ileo-colonoscopia é negativa, mas ainda há grande suspeita de doença de Crohn, pode usar-
se uma enterocápsula para uma pesquisa mais dirigida de potenciais lesões no intestino delgado.
Apenas deve ser feita após exclusão de estenose, estando contraindicada nestes casos.
102
As diferenças entre
colonoscopia e colite
ulcerativa no que toca aos
achados endoscópicos
estão listadas na tabela
Imagiologia
Cross-sectional imaging
Vantagens Desvantagens
Biópsia
Achados Histológicos
103
Biomarcadores
Séricos
Auto-anticorpos
10-15% dos casos de doença de Crohn 60-70% dos casos de doença de Crohn
60-70% dos de colite ulcerosa. 10-15% dos casos de colite ulcerosa
<5% em casos sem doença <5% dos casos sem doença
Proteína-C Reactiva
Fecais
Calprotectonina fecal
Marcador com elevada sensibilidade e especifidade no diagnóstico de doença de Crohn, sendo o
teste standard para avaliar atividade da doença, apesar de ainda não estar definido valor de cut-off
• Colite Ulcerosa
• Enterite / Colite Infeciosa
• Doença de Behçet
• Linfoma Intestinal
• Tuberculose Intestinal
• Colite Isquémica
104
Colite ulcerosa
É uma doença intestinal inflamatória crónica que pode envolver todo o cólon, começando com
inflamação mucosa no recto e extendendo-se proximalmente de uma forma contínua ( e não
intercalada como a doença de Crohn).
Epidemiologia
• Tem incidência de 1,2 a 20,3 novos casos por 100-000 pessoas / ano
Patofisiologia
A patogénese exata é ainda incompletamente compreendida, mas parece, tal como a doença de
Crohn, resultar de interação de vários fatores – ambientais, genéticos, imunológicos e microbiota.
105
Sintomas Os sintomas mais comuns são:
• Diarreia sanguinolenta
• Dor abdominal
• Urgência defecatória
• Tenesmo
Diagnóstico
• Doença de Crohn
• Enterite / Colite Infeciosa
• Doença de Behçet
• Doença Celíaca
• Colite Isquémica
• Colite Rádica
106
Classificação de Colite Ulcerosa
107
Para terminar, segue-se uma tabela que cobre a generalidade das diferenças
entre doença de Crohn e Colite Ulcerativa
108
T6.3 - DOENÇA ISQUÉMICA INTESTINAL
Ao longo desta aula vamos abordar a patologia isquémica do TGI, sendo que nos vamos focar
particularmente na isquemia mesentérica e colite isquémica, dividindo a aula nas seguintes
componentes:
§ Oclusiva
§ Não oclusiva Colite Isquémica
20% 50%
TROMBOSE ARTERIAL EMBOLISMO ARTERIAL
ISQUEMIA
MESENTÉRICA
AGUDA
TROMBOSE VENOSA ISQUEMIA MESENTÉRICA
NÃO OCLUSIVA (NOMI)
10% 20%
Epidemiologia
Em termos gerais, a isquemia mesentérica aguda tem uma incidência baixa e mortalidade elevada:
109
Os fatores de risco que contribuem para o aparecimento de cada um dos subtipos
de isquemia mesentérica aguda estão tabelados abaixo:
IRRIGAÇÃO ARTERIAL
DRENAGEM VENOSA
Sistema Porta
110
Fisiopatologia
Resposta à isquemia
Uma resposta inicial, dentro das primeiras 12h em que a isquemia é compensada, tende a ser a
hiperperistalsia, acompanhada de dor e esvaziamento instestinal. Esta depois subside e dá lugar a
dor visceral isquémica, que é intensa e difusa ao longo da parede abdominal anterior, á medida
que a hipoperfusão deixa de ser compensada.
Como vimos acima na tabela dos fatores de risco, esta isquemia pode ser o resultado da oculsão de
vasos, quer veias, quer artérias, mas também devido a uma hipoperfusão geral:
111
História Clínica
A alteração caraterística da isquemia intestinal será a dor isquémica, uma dor visceral difusa pela
parede abdominal anterior e desproporcionalmente intensa – sem sinais de irritação peritoneal,
logo, mais grave do que os achados no exame físico sugerem.
SINTOMAS
A sua localização precisa no abdómen pode dar-nos ideia de que ASSOCIADOS
estruturas pode estar afetadas:
• Dor abdominal (95%)
• Naúseas (44%)
• Foregut → dor no epigastro • Vómitos (35%)
• Midgut → dor na região periumbilical • Diarreia (35%)
• Hematoquézias (16%)
• Hindgut → dor na região infraumbilical
• Derivados da Cloaca → dor na região suprapúbica
Testes laboratoriais
Não existe nenhum parâmetro que seja diagnóstico de isquemia mesentérica, no entanto, o aumento
de compostos sugestivos do tal metabolismo anaeróbio que ganha relevância na isquemia, como o
lactato sérico e D-dímeros, acompanhados de sinais intestinais no exame físico, apontam-nos no
sentido desta patologia, estando presente em 88% dos casos.
Imagiologia
112
Terminamos esta parte da aula relativa à isquemia mesentérica aguda com um algoritmo que
delinea o modo de ação para o diagnóstico destes casos:
É uma patologia relativamente rara, devido á vasta rede de circulação colateral que se verifica no
intestino, algo que muitas vezes é suficiente para evitar isquemia prolongada. Pode, no entanto,
ocorrer em contexto de:
Sintomas
Os sintomas tendem a surgir quando a obstrução mesentérica fixa limita o fluxo sanguíneo
requerido pelas necessidades metabólicas, algo que tende a ocorrer no período pós-prandial
quando estas estão aumentadas, resultando na chamada “angina intestinal”
Podem existir outros sintomas, como frequência variável, listados na tabela abaixo:
113
3) Colite Isquémica
Uma outra área que pode estar afetada por isquemia é o cólonsendo que a colite isquémica não deve
ser confundida com a isquemia mesentérica
Classificação
A colite isquémica pode ser dividida em 2 grupos elementares: reversível e irreversível, estando
estes por sua vez subdividos do modo representado pelo esquema abaixo:
114
TIPOS de COLITE ISQUÉMICA
Transiente
Apresenta hemorragia submucosa aquando 45% dos casos
endoscopia, podendo envolver a mucosa
superficial. É tipicamente autolimitada Apresenta dor abdominal e hematoquézias,
afetando toda a extensão da mucosa
115
Tal como o intestino delgado, o cólon é
particularmente resistente a isquemia
Patofisiologia
Normalmente é causada por isquemia não oclusiva local, resultante de um low flow state, em
associação com doença dos pequenos vasos, algo que resulta num compromisso transitório do
fluxo sanguíneo , abaixo das necessidades metabólicas do cólon.
116
NOTA: Pode surgir como complicação pós-operatória, ora em cirurgia aórtica para tratamento de
aneurisma ora em ressecção cólica por carcinoma (como por exemplo a recessão sigmoideia onde
pode ocorrer a laqueação da artéria mesentérica inferior e consequente isquemia).
Apesar de ser mais frequente em idosos, pode surgir em jovens pelas seguintes causas:
• Vasculite (LES)
• Medicações (estrogénios, danazol, vasopressina) COMORBILIDADES
ASSOCIADAS
• Anemia de células falciformes
• Coagulopatias • Doença CV
• DM
• Exercício físico extremo • DRC
• Abuso de cocaína • DPOC
Apresentação Clínica
Esta patologia marca-se pelo início súbito de dor abdominal em cólica, frequentemente no
quadrante inferior esquerdo acompanhada de diarreia sanguinolenta. Por ser bastante difícil prever
o curso clínico desta patologia, há necessidade de fazer uma vigilância clínica apertada destes
doentes.
Diagnóstico
• Colite ulcerosa
• Colite de Crohn
• Colite infecciosa
• Diverticulite
117
T6.4 - PROCTOLOGIA
Esfíncter anal
118
Exame físico da Região Perianal Procedimento
Para a realização do toque retal, essencial para uma avaliação completa da região perianalm temos
2 posições: decúbito lateral esquerdo, ou posição de Sims, e a posição geno-peitoral.
Aquando do toque retal propriamente dito, devem ser averiguadas a tonicidade bem como a presença
de massas ao nível da ampola retal , sejam estas do reto, sejam de estruturas adjacentes, como a
próstata no caso dos homens. O procedimento em rigor encontra-se disposto no diagrama abaixo:
NOTA: Mesmo após a remoção do dedo, devemos avaliar a presença de sangue, pus, muco e fezes.
119
Patologia Hemorroidária
Hemorróidas
Epidemiologia
Outras classificações existem, algumas para quantificar o grau de prolapso das hemorróidas, como
a classificação de Goligher, com 4 graus:
120
Classificação de Goligher
Se trabalhares muito, também tu podes ter uma classifcação de hemorroidas com o teu nome!
Grau 1: Pode haver hemorragia mas não prolapso Grau 2: Prolapso durante esforço defecatório mas
que reduzem espontaneamente
Grau 3: Prolapso durante esforço defecatório com Grau 4: Prolapso irredutível, sempre presente
necessidade de redução manual
Fisiopatologia
121
História Clínica
Inspeção
Toque retal
122
Diagnóstico
DIAGNÓSTICOS
Geralmente o exame físico é suficiente para o diagnóstico, no DIFERENCIAIS
entanto, pode surgir a necessidade de realizar colonoscopia,
• Prolapso retal completO
para esclarecer a causa de hematoquézias, que podem ter • Fissura anal
origem numa hemorragia mais proximal no TGI, ou para excluir • Sépsis perianal
outras causas para os sintomas observados. • Dermatite perianal
• Cancro colorectal
• Doença inflamatória intestinal
NOTA: Isto faz-se também porque, até prova em contrário, • Doença diverticular
a anemia não é secundária a patologia hemorroidária, • Angiodisplasia coloretal
podendo estar na base do sintomas observados e não uma • Condilomas perianais
mera consequênciados mesmos. • Pólipos anais
• Úlcera solitária do reto
Fissuras Anais
Epidemiologia
123
Etiologia
Classificação
A fissura anal pode ser classificada quanto á duração, localização e etiologia, do modo que se
observa no esquema:
DURAÇÃO
§ Aguda
§ Crónica
LOCALIZAÇÃO
§ Típica
§ Atípica
ETIOLOGIA
§ Primária
§ Secundária
Crónica vs Aguda
124
Primária vs Secundária
Surge relacionada com trauma local: Surge por fatores mais variados:
§ Infeções
Ex.: HIV,sífilis
§ Malignidade
Patofisiologia
A hipertonicidade esfincteriana
prejudica a cicatrização da
fissura por diminuir a irrigação
sanguínea da anoderme
traumatizada
A hipertonicidade
esfincteriana é
responsável por alguma
A patofisiologia das dor e espasmo durante a
fissuras anais pode defecação
ser explica pelo
seguinte ciclo:
NOTA: Como vimos, o local mais comum para a ocorrência de uma fissura anal é a comissura
posterior, o que pode ser explicado pelo facto de ter uma orientação elíptica das fibras do esfíncter
externo posteriormente, conduzindo a menor suporte do canal anal e a maior isquemia.
125
História Clínica
Sinais e sintomas
Dor
É o sintoma mais comum de uma fissura anal.Os pacientes queixam-se de dor associada à
defecação e descrevem a dor como aguda ou dilacerante, que pode estar presente apenas durante
a defecação ou pode durar vários minutos a horas após a defecação
Hemorragia
Evidencia-se por sangue no papel higiénico bem como presença de sangue nas fezes.
Exame físico
Toque retal
NOTA: O toque retal tende a ser muito doloroso, pelo que muitas
vezes impossível de realizar em doentes com fissura anal
Diagnóstico DIAGNÓSTICOS
DIFERENCIAIS
Como já vimos, o diagnóstico de fissura anal é feito pelo exame
• Hemorroidas (c/trombose)
físico e história clínica. • Sépsis periana
• Abcesso / fístula
A presença de características atípicas, como fissuras fora da • Pruritus ani
linha media; fissuras indolores; fissuras múltiplas deve fazer • Condiloma
pensar em outros diagnósticos e necessitar de exames • Cancro do canal anal
auxiliares de diagnóstico, como por exemplo: • DSTs
• Doença de Crohn
§ Estudo endoscópico / Exame sob anestesia • Colite ulcerosa
§ Biópsia para citologia / histologia • Tuberculose
• Leucemia
§ Colheita de material cultura / biologia molecular
• HIV
• Sífilis
126
Abcesso Anorretal
Define-se como uma coleção de pus bem delimitada, desenvolvida numa cavidade neoformada e que
é definida pelo espaço anatómico onde se desenvolve.
Epidemiologia
Patofisiologia
Classificação
De acordo com a teoria previamente apresentada, podemos classificar os abcessos de acordo com
o espaço potencial onde se localizam (demonstrados na figura da esquerda)
Podem ser:
127
NOTA:
Para além da etiologia explicável pela teoria criptoglandular (90%), alguns abcessos podem surgir
por outras causas em 10% dos casos, que são apresentadas de seguida no esquema:
Diagnóstico
Tipicamente e tal como temos visto até agora, a história clínica e o exame físico tendem a ser
suficientes para o diagnóstico.
Sintomas
DIAGNÓSTICOS
DIFERENCIAIS
§ Dor aguda - agravada com posição sentado e defecação
§ Tumefação • Fissura anal
§ Febre • Trombose hemorroidária
§ Drenagem espontânea • Malignidade
• DSTs
• Proctite
NOTA: Abcessos altos podem não ter sinais inflamatórios perianais • Espasmo do elev. do ânus
128
Exame Físico Aquando deste procuramos:
• Sinais inflamatórios
• Flutuação
• Drenagem espontânea (ao lado)
Imagiologia
§ Ecografia
§ Tomografia Computorizada
§ Ressonânca Magnética
Segue-se uma tabela com alguns diagnósticos diferenciais para abcesso perianal
129
Fístula Perianal
Epidemiologia
A idade média do diagnóstico é 39 anos e afeta até 30% dos doentes com doença de Crohn.
Patofisiologia
Tal como os abcessos, a causa criptoglandular engloba quase 90% dos casos, sendo que outras
causas incluem:
130
Para além desta classificação que é feita de acordo com a localização da fístula, também podemos
classificar fístulas consoante a sua complexidade, como vemos abaixo:
Regra de Goodsall
A regra de Goodsall permite-nos prever o trajeto da fístula e localização do orifício interno do trajeto
fistuloso com base na localização anterior ou posterior do orifício externo, já que todos estes trajetos
tendem a convergir para a linha média da região perinanal , ora anterior, or posteriormente.
Diagnóstico
É, de novo, baseado na história clínica e exame físico. Quanto á história clínica, procuramos uma
história prévia de abcesso, seja ele espontâneo ou de causa cirúrgica, bem como a presença de
alguns destes sintomas típicos:
131
Podemos ainda fazer uso de meios complementares de diagnóstico tais como:
§ Rectossigmoidoscopia
§ Colonoscopia
§ Fistulografia
§ Eco-endoscopia
§ Ressonância Magnética
Epidemiologia
§ Obesidade
§ Fenda glútea profunda
§ Hipersudorese
§ Posição sentada prolongada
§ Traumatismo local
§ História familiar
Fisiopatologia
132
Histologia
História Clínica
Exame Físico
Diagnóstico
133
T6.5 - APENDICITE AGUDA
A apendicite aguda é a causa mais frequente de abdómen agudo no serviço de urgência, tendo
incidência e prevalência mais elevada no adulto jovem e semelhantes entre os dois sexos.
Localização anatómica
Etiopatogenia
• Flegmonosa
• Supurada e não perfurada
• Supurada e perfurada – c/ peritonite local ou difusa
• Abcesso apendicular
Outros sintomas
Anamnese
• Náuseas
• Vómitos alimentares
O principal sintoma referido será, naturalmente, a dor abdominal -
• Diarreia
inicialmente difusa mas posteriormente pontual, na fossa ilíaca direita,
• Disúria
com intensidade progressivamente maior e sem posição de alívio nem
• Polaquiúria
relacionada com a ingestão de alimentos.
• Diaforese.
134
Progressão da apendicite
• Hipertermia.
• Dor à palpação da fossa ilíaca direita
• Sinais de irritação peritoneal - defesa à palpação.
• Toque retal apresenta dor no fundo de saco de Douglas
§ Ecografia abdominal - para ver espessamento parietal; líquido livre e abcesso apendicular.
135
Diagnósticos diferenciais
Etiologia ginecológica : gravidez ectópica tubar; rotura de folículo ovárico; salpingite aguda;
quisto ovárico.
136
T6.6 - CANCRO COLORRETAL HEREDITÁRIO
CCR polipósico
§ Adenomatoso
CCR Adenomatoso Familiar (FAP)
CCR associado a YH (MAP)
§ Hamartomatoso
Polipose Juvenil (JPS),
Síndrome Peutz Jeugers (PJS)
Síndrome de Cowden (SC)
§ Misto e Serreado
§ Síndrome de Lynch
137
Aconselhamento Genético
Como pudemos verificar, 5 a 10% dos casos de CCR são do tipo familiar, sendo importante a sua
pesquisa e identificação para estabelecer a probabilidade de um determinado indivíduo com esse
tipo de história familiar desenvolver a doença.
História Familiar
§ Localização
Deve ser recolhida a história familiar de pelo § Tipo de tumor
menos 3 gerações quanto à existência de § Tipo e número de pólipos
malignidade e, se presente, relativamente ao § Idade ao diagnóstico
seu fenótipo, já que, como vimos, pode estar § Idade aquando morte
associado a um perfil genético específico. § Grau de parentesco
Devemos saber:
10 ou + pólipos adenomatosos
2 ou + pólipos hamartosos
5 ou + pólipos serreados
• Diagnóstico precoce
• S.Lynch concomitante Antes dos 50 anos
• Familiar 1º / 2º grau com S. de Lynch
• 2 ou + familiares em 1º / 2º grau com S.Lynch Qualquer idade
138
C) História familiar de:
1 ou + familiares em 1º grau com CCR ou neoplasia endometrial < 50 anos + Sínd. de Lynch
Se forem cumpridos os critérios referidos, ou se for detetada uma mutação enquadrável num
síndrome hereditário, parte-se para um estudo de todos os familiares em 1º grau do indivíduo afetado
– o chamado caso índex – para avaliar o seu risco.
Diagnóstico pré-natal
CCR Familiar
Síndrome de Lynch
139
Genética Advém de uma mutação:
§ Em EPCAM
Por sua vez, a presença de Síndrome de Lynch agrava consideravelmente a incidência de outros
cancros, como podemos observar na tabela em baixo:
NOTA: De referir que o risco de cancro varia com a mutação que originou a S. de Lynch
140
Diagnóstico É feito a partir da análise de:
141
Vigilância
Como vimos, síndrome de Lynch traz consigo um risco acrescido para o desenvolvimento de uma
grande número de neoplasias, de tal modo que, após o seu diagnóstico, deve ser feita uma vgilânica
apertada para poderem ser detetados tumores o mais precocemente possível:
Tumores do SNC
Exame neurológico anual a partir dos 25-30 anos
Sendo risco de uma mulher com Síndrome de São preconizadas cirurgias com âmbito
Lynch desenvolver cancro do endométrio 27x curativo na eventualidade do surgimento de
superior à população geral, é altamente adenomas ou carcinomas, nomeadamente a
recomendado para meulheres com mais de 40 colectomia total com anastomose ileoretal
anos que não pretendam ter filhos fazer uma visto que em 40% dos doentes existirão CCR
histerectomia total com anexectomia síncronos ou metácronos em contexto de
bilateral como cirurgia de redução do risco Síndrome de Lynch
destas neoplaisias.
Para além destas, mais nenhuma cirurgia está recomendada para as outras neoplasias do
espetro da Síndrome de Lynch.
142
Apresentação Clínica
Polipose Colorretal
Polipose Intestinal
Dentro da apresentação clínica da PAF també podemos ter polipose do intestino, que pode surgir
sobre a forma de:
Polipose Gástrica
143
Adenomas gástricos
Tipo foveolar
Manifestações Extradigestivas
Benignas Malignas
Síndrome de Gardner
§ Polipose colo-rectal
§ Osteomas (crânio e mandíbula)
§ Alterações dentárias
§ Cistos epidermóides
Síndrome de Turcot
§ Polipose colo-rectal
§ Tumores cerebrais – meduloblastoma
144
Diagnóstico Tipicamente requer:
Vigilância
Deve ser realizada na presença de sintomatologia ou sinais físicos suspeitos; snedo que o exame
de diagnóstico bem como o tratamento ou cirurgia devem ser adequados ao tipo de neoplasia a vigiar
e tratar.
Cancro colorretal
§ Endoscopia digestiva alta com periodicidade anual com Inicio aos 20-30 anos
§ Estudo do delgado com videocápsula e enteroscopia
Cancro Coloretal
Deve ser realizada colectomia total com ou sem protectomia, caso sejam detectados pólipos
adenomatosos e a progressão da doença não permita vigilância uma vigilância endoscópica segura.
Caso sejam detectados pólipos adenomatosos e a progressão da doença não permita vigilância
145
Polipose Adenomatosa Associada a mutação YH (MAP)
VIGILÂNCIA
Polipose Juvenil
§ ≥ 5 pólipos CR Juvenis
Diagnóstico § Peutz Jeugers (PJ) extra-CR
§ Peutz Jeugers + HF
§ Polipose juventil
Manifestações
§ Telangiectasia hemorrágica hereditária
clínicas § Ca gastroduodenal 15-21% | Ca do pâncreas
§ ≥ 3 hamartomas
Diagnóstico § Hamartomas + HF
§ Pigmentação muco-cutânea + HF/ Hamartoma
§ Hamartomas ID (+++), estômago e reto
Manifestações
§ Pigmentação mucocutânea
clínicas § Mama 54% | CCR 40% | Pâncreas 36% | Gástrico 29% | Células de Sertoli
146
Síndrome de Cowden
Critérios major
Cancro da mama, tiróide, endométrio, macrocefalia, doença cerebelosa
Critérios minor
Patologia Tiróide benigna; oligofrenia; hamartomas intestinais; alt.
Diagnóstico fibroquísticas da mama, tiróide e trato génito-urinário; lipomas;
DIAGNÓSTICO:
Macrocefalia/ alt. Cerebelares + 1 critério major
1 critério major + 3 minor
4 critérios minor
Mutação -
§ ≥ 20 adenomas serreados
Diagnóstico
§ ≥ 5 adenomas serreados proximais ao cólon sigmóide ≥ 10 mm
§ Adenomas serreados proximais ao cólon sigmóide + HF em 1º grau
Manifestações
§ Ausência de manifestações extra-intestinais
clínicas
147
T7 - PATOLOGIA NEOPLÁSICA DO FÍGADO
Metástases Hepáticas
As metástases hepáticas são tumores que se disseminaram para o fígado a partir de tumores de outras
partes do organismo, sendo que os que mais frequentemente metastizam são os tumores digestivos
(cancro colorectal, pancreático e tumores neuroendócrinos).
O organotropismo dos diferentes carcinomas para o fígado é influenciado por vários fatores:
• Padrão do fluxo sanguíneo ( ex.: drenagem dos tumores digestivos para a porta)
• Estadio tumoral
• Subtipo Histológico do Tumor
O fígado é um dos locais mais comuns de metastização de cancro – cerca de 25% dos casos. As
metástases hepáticas são 18 a 40x mais comuns que os tumores primários do fígado, sendo o
cancro que mais metastiza para o fígado o adenocarcinoma coloretal.
Classificação
O fígado é o local mais frequente de metástase de CRC. Até 30-50% dos doentes desenvolvem
metástases hepaticas durante o curso da doença e 50% apresentam metástases síncronas.
A cirurgia de resseção hepática é o principal tratamento, com sobrevida aos 5 anos de 20-50%
O fígado é o local mais frequente de metástase de NET sendo que estas metástases têm pior
prognóstico que metastização para outros locais.
148
Metástases hepáticas não-CRC / não-NET
Segundo local de origem mais comum para Cancro do pulmão pequenas células
metástases hepáticas.
Incidência metástases hepáticas: 17%
Taxa de sobrevida : <6 meses
Taxa de sobrevida 1 ano : 19%.
Melanoma
31% dos doente com melanoma cutâneo são Cancro do pulmão não pequenas células
diagnosticados com metastização na
apresentação. Também existe metastização Incidência metástases hepáticas: 4%
hepática de melanomas do tracto uveal. Sobrevida mediana: 4 meses.
Etiopatogenia
A dupla irrigação do fígado, quer pela artéria hepática, quer pela veia porta, permite explicar a origem
das metástases a partir de tumores intra-abdominais quer extra-abdominais.
Para explicar a ocorrência das metástases hepáticas existe a teoria “Seed and Soil” que as como o
resultado de disseminação hematogénea de células de um tumor primário (“seed”) para o fígado, que
tem um suprimento vascular rico e portanto providencia um “solo fértil” (“soil”).
As células tumorais invadem os tecidos que rodeiam o fígado, pelas vénulas, capilares e o
sistema linfático (“intravasion”) até atingirem a circulação sistémica, para a qual as células
tumorais circulantes extravasam em direção ao fígado, podendo morrer, permanecer
dormentes ou proliferar em micrometástases e metástases macroscópicas no fígado.
149
Divide-se em 4 fases:
§ Fase microvascular
As células tumorais entram na circulação sinusoidal ficam lá “presas”. Nesta fase, as células tumorais
encontram células de Kupffer residuais, células NK e células endoteliais dos vasos sinusoidais (LSECs)
do fígado, resultando ora em morte celular, ora em rápido extravasamento de células para o espaço de
Disse.
§ Fase pré-angiogénica
Nesta fase, as células estreladas hepáticas (normalmente quiescentes; HepSCs), são ativadas por
fatores libertados pelas células de Kupffer, tal como o TGF-beta, e depositam proteínas da matriz
extracelular (ECM), como fibronectina e colagénio. A ECM providencia o esqueleto e a estrutura para
migração de células endoteliais e, em combinação com a libertação de VEGF pelas células tumorais ou
células de Kupffer ativadas, é promovida a neo-vascularização e iniciação da fase angiogénica
§ Fase angiogénica
§ Fase de crescimento.
É uma fase durante a qual as metástases hepáticas expandem e estabelecem tumores clinicamente
detetáveis. Existem interações recíprocas que ocorrem entre as células tumorais e as células residentes
teciduais em cada uma destas fases, aliado à recruta de diferentes células, tais como células da medula
óssea (células mieloides, imunes e plaquetas). Aqui, as células tumorais agarram-se aos hepatócitos
que promovem o seu crescimento através da libertação de vários fatores de crescimento.
NOTA: A metastização hepática é um processo dinâmico, logo as diferentes fases descritas sobrepõem-se.
150
Os esquemas que se seguem ilustram os processos acima descitos:
151
Interação Tumor - Microambiente Hepático
Células supressores derivadas da linhagem mieloide (MDSC) e células T reguladores (Treg) contribuem
para um microambiente imunossupressivo através da depleção e supressão de células T CD8+,
respetivamente.
História Clínica
152
Exame Físico
• De forma incidental
• Durante estadiamento de uma neoplasia recém-diagnosticada
• Durante a vigilância e seguimento de um tumor primário previamente conhecido.
Metástases hipovasculares
As metástases hepáticas podem-se Carcinomas do colon, pulmão e gástrico
apresentar-se como lesões multifocais,
massa solitária e massas confluentes. Metástases hipervasculares
Tipicamente, não contêm hepatócitos Cancro renal, melanoma, tumores carcinóides
funcionais ou ductos biliares e de acordo
com os componentes tecidulares do Metástases císticas
tumor primário podem ser: Cistadenocarcinoma mucinoso do pâncreas,
carcinoma do ovário, GIST, leiomiossarcoma e
melanoma.
153
Ecografia Abdominal
Angio-TC
RM Abdominal
PET Scan
Em caso de dúvidas diagnósticas, podemos realizar um PET Scan, que avalia a atividade metabólica do
tumor (FDG para avaliar a maioria dos tumores, 68Ga-DOTATATE-PET na avaliação de tumores
neuroendócrinos), e que permite para além disso excluir a presença de doença extra-hepática para
decisão terapêutica. É mais utilizado no seguimento ou avaliação da resposta ao tratamento que no
diagnóstico inicial.
A biópsia guiada por imagem está indicada quando não é possível identificar o tumor de origem primário
ou quando há duvidas diagnósticas (ex: tumor primário vs metástase hepática).
154
Diagnósticos Diferenciais
• Abcesso intra-hepático
• Quisto hidático
Podem ser quistos hepáticos, abcessos ou hematomas mas focar-nos-emos nos primeiros
Quistos Hepáticos
Quisto Biliar
155
Doença Poliquística
Quisto Hidático
156
Tumores Benignos do Fígado
A hiperplasia nodular focal surge nesta classificação embora não seja uma verdadeira neoplasia, mas
produzindo uma imagem nodular confundida com os restantes tumores benignos do fígado. Podem ser
classificados em:
• Adenoma hepático
• Angioma,
• Hamartroma (linfagioma)
• Adenoma dos canais biliares
• Cistadenoma.
Hemangioma
157
Adenoma Hepático
158
Imagem US Anecogénica
Se for imagem típica de quisto biliar (anecogénica, regular, com menos de 3cm) não se põe em causa
o diagnóstico de quisto biliar típico. Se ocorrer atipia ecográfica, ou seja, com alguns ecos e contorno
pouco regular, podemos estar perante patologia sistémica e/ou perante parasitose (com suspeita para
hidaditose) ou neoplasias mais raras que poderão surgir neste contexto (cistadenoma biliar ou metástase
pseudoquística)
Imagem US hipoecogénica
Terão sempre de ser investigadas, normalmente com TAC ou RMN, sendo que ou temos diagnóstico
seguro de HNF ou adenoma, ou ainda há suspeita de outros, sendo o tecido sujeito a biópsia (pode
estar em causa uma neoplasia maligna).
159
Imagem US hiperecogénica
A mais frequente é a imagem do hemangioma – se foi uma imagem típica com menos de 3cm termina
a investigação. Se a imagem for atípica (maiores dimensões ou outras dúvidas) devemos prosseguir
prosseguir a investigação para RMN ou TAC.
160
Abcessos Hepáticos
Piogénico Agudo
Piogénico Crónico
Amebiano
Representam ainda um problema de saúde pública a nível mundial (600.000 a 1.000.000 de casos no
mundo), sendo apenas suplantado pelo pulmão, mama, colorretal, estômago e próstata.
Não tem uma epidemiologia uniforme no mundo (mais elevado na China, Coreia do sul, Japão e África
subsariana), sendo menos incidente nos países ocidentais. Esta diferente incidência mundial reflete os
fatores etiológicos deste cancro, que iremos estudar mais à frente.
161
Existem hepatocarcinomas, metástases, colangiocarcinomas intra e extrahepáticos, carcinoma da
vesicula biliar, entre outros (mais raros). Apenas vamos falar do hepatocarcinoma e colangiocarcinoma
intrahepático, pois constituem quase a totalidade de cancros malignos primários no fígado.
Metástases
Virtualmente qualquer tumor pode metastizar no fígado (a maioria são tumores GI, maioritariamente
neoplasias colorretais). O aparecimento de uma metástase hepática significa doença sistémica e
portanto uma indicação de sobrevida importante. A sobrevida aos 5 anos, nestes casos, é rara, excepto
quando é devido a um cancro colorectal, tumor neuroendócrino, tumor de Wilms ou carcinoma de células
renais. Assim, quando os tumores primários surgem com metastização hepática, temos uma degradação
importante do prognostico.
Hepatocarcinoma
• Hemocromatose
• Doença de Wilson
• Tirosinemia hereditária
• Doença do armazenamento do glicogénio tipo I.
162
Etiopatogenia
A nível celular sabe-se que os processos que induzem inflamação crónica, com aumento da regeneração
celular, cirrose, infeção crónica e aumento do turnover celular, conduzem à presença de focos com
células atípicas e displásicas, que depois se organizam em nódulos e eventualmente progridem para
hepatocarcinoma. A nível genético ocorre inativação de genes supressores tumorais, ativação de
oncogenes e rearranjos de cromossomas.
Sinais e Sintomas
Clinicamente, é um tumor frequentemente assintomático até se tornar demasiado extenso para ser
curável, sendo que só nessa altura pode produzir sintomas. Dentro desses sintomas temos:
• Dor abdominal
• Ligeiro desconforto (relacionado com hepatomegalia)
• Emagrecimento.
• Ascite
• Hipertensão portal
• Rutura do tumor
• Hemoperitoneu
Rastreio
Como o tumor está associado à produção de sintomas numa fase mais avançada, torna-se importante
o rastreio de hepatocarcinoma, que é feito para encontrar os tumores em fase inicial de desenvolvimento.
163
Outros Métodos Auxiliares de Diagnóstico
Colangiocarcinoma (CCK)
Tumor que surge das células dos canais biliares, que podem ser intra
ou extrahepáticos (justa-hilares e tumores da via biliar distal). À direita
podemos ver o sinal de Courvoisier, que é um sinal que ocorre
apenas no tumor distal extrahepático (só estes é que fazem obstrução
à vesícula biliar).
CCK Intra-Hepático
É pouco frequente (6% do total de colangiocarcinomas), sendo 3x mais frequente no homem do que
na mulher.
O diagnóstico faz-se por exames de imagem, mostrando um tumor sólido e pouco vascularizado,
podendo ser único ou multifocal, localizado nos segmentos posteriores do fígado. Ocorre normalmente
em fígados não cirróticos, havendo habitualmente áreas de dilatação biliar segmentar.
164
Existem 3 tipos de colangiocarcinoma intrahepático segundo a classificação LCSGJ (Liver Cancer Study
Group of Japan):
• Nodular (60-70%)
Com invasão portal precoce, com metástases hepáticas
• Intraductal (8-29%)
Bem diferenciado, melhor prognóstico, menos frequente.
O objetivo desta classificação é identificar conjuntos de doentes com prognostico pior ou melhor.
Cirurgia Hepática
165
Avaliação pré-operatória
Continua a ser utilizada uma classificação clinica analítica, sendo muito utilizada a classificação de
Child-Pugh (e outras como indocyanine green clearance 15, avaliação da HTP, urea-nitrogen synthesis
rate, galactose elimination capacity, bromsulphalein and aminopyrine breath tests).
166
T8.1 - PANCREATITE AGUDA
Doença inflamatória não bacteriana do pâncreas, caracterizada por dor abdominal e elevação de
enzimas pancreáticas, sendo uma das principais causas de internamento.´
Epidemiologia
Etiopatogenia
Pós-CPRE
167
Litíase vesicular
É a causa mais frequente (40-70%) de pancreatite aguda, embora apenas 3 a 7% dos doentes com
litíase vesicular tenham pancreatite.
• Edema regional
• Refluxo de bile
• ↓ Fluxo do fluído pancreático para a ampola.
Há um maior risco maior nos homens, apesar de litíase vesicular ser mais frequente nas mulheres.
Este exame pode ser causa de pancreatite aguda, dado que manipula o esfíncter de Ódin. Assim, é
um fator de risco a considerar e analisar na história clínica.
Álcool Hipertrigliceridemia
Mais uma vez, não se sabem os mecanismos, Triglicerídeos maiores que 1000 mg/dL são
mas pensa-se que aumenta a síntese de um conhecido fator de risco, apesar de
enzimas pelas células acinares pancreáticas, também serem observados valores mais
despoletando a crise, talvez por maior baixos. Está associada a distúrbios genéticos
sensibilidade induzida à colecistocinina. ou adquiridos do metabolismo de lipoproteínas
(obesidade, DM, hipotiroidismo, gravidez e
Este risco é ainda maior se houver medicamentos – estrogénios e tamoxifeno)
tabagismo associado.
Fisiopatologia Complexa
168
Sintomas e Sinais
Dor
MAIS COMUNS
• Defesa epigastro
• Sons intestinais diminuídos
• Icterícia - por obstrução da árvore biliar
• Xantomas - Em indivíduos com dislipidemias
• Febre
• Taquipneia
• Hipoxémia
• Hipotensão
169
MAIS GRAVES
Paniculite
Sintoma mais raro, marcado por nódulos inflamatórios no tecido
subcutâneo
Sinal de Cullen
Equimoses periumbilicais
Hepatomegalias
Em doentes com abuso de álcool são comuns.
Diagnósticos Diferenciais
Estudo analítico
Enzimas Pancreáticas
As enzimas pancreáticas são importantes (e mais
específicas) de dosear: Apenas importantes se estiverem
de 3 a 5 vezes maiores que os valores de referência
170
Raio X abdominal
Ecografia
Pode ser útil para ver cálculos que causam esta condição e ainda
se analisa o pâncreas na imagiologia como aumentado e tumefacto,
apesar de ser difícil chegar a alguma conclusão com apenas isso.
Tomografia computorizada
Complicações
Locais
171
Peripancreáticas
Sistémicas
172
T8.2 - PANCREATITE CRÓNICA, QUISTOS E PSEUDOQUISTOS
Pancreatite crónica é uma síndrome composta inflamação, fibrose e perda de células acinares e
ilhotas. Por isso, ocorrem alterações função pancreática endócrina e exócrina.
Etiopatogenia
Danos Tóxicos
PRSS1, SPINK 1, CFTR, CTRC são genes Este é o maior fator de risco para a
predisponentes cronicidade. 10% dos doentes de pancreatite
aguda evoluem para pancreatite crónica,
Autoimune sendo que quão mais grave esta for mais
suscetível é.
Algumas destas doenças manifestam-se
inicialmente por pancreatite crónica
Idiopático
173
Fisiopatologia
DOR
Estranhamente, apesar de todos estes sintomas, há doentes que não têm estes sintomas
Estudo analítico
Amilase e Lipase
Normalmente são baixos em eventos crónicos, ao contrário da aguda, pelo que não é importante
para o diagnóstico. Isto deve-se, provavelmente, à destruição progressiva de células acinares.
174
Bilirrubina e fosfatase alcalina
Podem estar aumentados por fibrose ou obstrução das vias biliares
Défice de vitaminas
Particularmente da vitamina D, podendo levantar problemas a nível ósseo.
Triglicerídeos aumentados
O mais típico é acima dos 1000mg/dL mas pode ser mais baixo.
IgG4
Encontrados aumentados principalmente em doenças autoimunes.
Raio X abdominal
Ecografia
Tomografia computorizada
Ressonância magnética
Diagnósticos Diferenciais
Como é semelhante à pancreatite aguda, é normal que esta seja considerada inicialmente, mas
retirada pela frequência/recorrências subsequentes. EAM, colangites, perfurações de úlceras
pépticas podem ser observadas, assim como causas que provoquem obstrução do ducto
pancreático (Adenocarcinoma, IPMN e lesões quísticas)
175
Diagnóstico Associação de:
Complicações
Ascite
Pseudoquistos
Sinais e Sintomas
A maioria são assintomáticos, pois são pequenos, mas podem atingir tamanhos enormes causando:
Dor Icterícia
176
Infeção (em 10% dos casos), é reduzida uma vez que normalmente são estéreis. Quando ocorre,
são organismos do TGI que o infetam. Se não for tratada pode evoluir para peritonite e sépsis.
Diagnóstico
É feito quando se encontra uma coleção líquida intra ou peripancreática num doente com história de
pancreatite crónica ou aguda. Vista em ecografia, quando tem volume suficiente e o doente tem
biótipo que nos permita lá chegar mas também numa tomografia computorizada.
Normalmente são encontradas incidentalmente (40-50%), sendo que a sua frequência aumenta com
a idade.São divididas em:
Normalmente, o diagnóstico surge apenas na recessão do quisto que se pensava ser neoplásico.
177
T8.3 - CARCINOMA DO PÂNCREAS
Vamos falar essencialmente de adenocarcinoma ductal do pâncreas, que representa cerca de 85%
das neoplasias pancreáticas. 95% das neoplasias malignas deste têm origem na porção exócrina.
Epidemiologia
É a 7ª causa de morte por cancro a nível mundial, aparecendo normalmente após os 40 anos,
havendo um pico de incidência nas 7ª e 8ª décadas de vida. Afeta maioritariamente o sexo masculino
e apenas entre 15 e 20% são ressecáveis aquando da apresentação, ou seja, têm potencial curativo.
AMBIENTAIS FAMILIARES
Café e álcool
Quistos pancreáticos
Aspirina e AINEs
Doentes com neoplasias mucinosas papilares
Há estudos apontam para causa e proteção intraductais têm maior risco neoplasia
Helicobacter pylori
Tipo sanguíneo ABO
Infeção por VHB e VHC
Fibrose quística
Diabetes mellitus
Pode ser uma consequência em si
Sintomas
DOR DORSAL (49%)
• Astenia (86%)
• Perda de peso (85%) • Surge até com massas pequenas (< 2 cm)
• Com início insidioso, raramente aguda.
• Anorexia (83%)
• Localiza-se no epigástrico
• Dor abdominal (79%)
• Possível irradiação para os lados/costas.
• Icterícia (71%)
• Pode ser intermitente
• Naúseas (59%)
• Agrava com comida ou posição supina e à
noite, aliviando com posição fetal.
178
Sinais Normalmente tem uma clínica progressiva:
Sinal de Courvoisier – Vesícula biliar aumentada associada a icterícia sem dor associada
Localização
Podem metastizar à distância, principalmente para o fígado, peritoneu, pulmão e osso, sendo
alguns sinais sugestivos a ascite - metastização peritoneal e/ou hepática – o nódulo da irmã Maira
José – nódulo periumbilical – e a prateleira de Blumer – um nódulo palpável no fundo de saco ao
toque retal característico de metástases peritoneais
179
Exames Complementares de Diagnóstico
Estudo analítico
Altamente inespecífico, está alterado mas nada aponta diretamente ao diagnóstico. O mais frequente
é: aumento das bilirrubinas e da fosfátase alcalina
Tomografia computorizada
Caracteriza a glândula pancreática e a massa em si, podendo mesmo aparecer em achado acidental.
Diagnósticos Diferenciais
Quando feito pelos sintomas tem uma baixa especificidade, pelo que há outras informações que nos
sugerem a suspeita:
Tabagismo Icterícia
Quando encontrados sinais e sintomas avançados, deve ser feita uma investigação agressiva, devido
à sua gravidade. Usualmente, na avaliação inicial vai-se ver avaliação serológica
(aminotransferases, fosfatase alcalina, bilirrubina e Ca 19.9 – marcador tumoral) e avaliação
abdominal (exame objetivo e um exame de imagem)
180
T8.4 - TUMORES NEUROENDÓCRINOS
As neoplasias neuroendócrinas são tumores raros dos tecidos endócrinos do pâncreas e que
correspondem a 5% das neoplasias do pâncreas
Classificação
São na sua maioria não funcionantes, sendo que os restantes são funcionantes, que diferem
entre si pela hormona que está a ser produzida em excesso (insulina, gastrina, glucagina, peptídeo
intestinal vasoactivo).
Podem ter origem em vários locais do corpo, sendo classificados com a suas características
histológicas. No entanto, ainda se considera uma classificação geral para os diferenciar:
TUMORES FUNCIONAIS
São massas neoplásicas com capacidade de secreção, sendo normalmente bem diferenciados,
variando de acordo com a hormona produzida: formando insulinomas e gastrinomas (os mais
comuns), glucaginoma somatostatinomas e VIPomas. Caso não tenha associado o síndrome
clínico típico da sua produção não é considerado um tumor funcional.
Epidemiologia
São raros (≤ 1/100.000 pessoas) mas tem-se observado um aumento da sua incidência por maior
frequência de achados incidentais. São mais frequentes na 4ª-6ª décadas de vida, apesar de
poderem ocorrer em qualquer idade.
Etiopatogenia
181
Clínica dos tumores funcionais
Depende do péptido ativo , sendo que se aconselha a leitura atenta dos sintomas e localização das
síndromes causadas.
Clínica dos tumores não funcionais O local mais frequente de metastização é o fígado
Podem libertar substâncias, mas não causam um síndrome hormonal detetável, como os anteriores.
Deste modo, os sintomas estão mais associados a uma compressão (efeito de massa), como:
182
Exames Complementares de Diagnóstico
Estudo analítico
Relativamente aos não funcionantes depende muito do local da massa, sendo por isso mais
inespecífico e variável. Nos tumores funcionantes, deve-se atentar aos valores de insulina,
proinsulina, glucagina, gastrina e VIP.
Tomografia computorizada
Ressonância Magnética
Ecoendoscopia
183
T9 - BAÇO
• Ligamento gastro-esplénico
Vascularização
Intervenção no Baço
Na patologia do baço normalmente vê-se apenas como resultado de uma patologia já existente,
ajudando a chegar ao diagnóstico. Porém, há situações em que necessita de intervenção:
184
HIPERESPLENISMO
• Esplenomegalia
• Deficiência de uma ou mais linhas de células sanguíneas
• Celularidade normal ou hiperplástica na medula óssea
• Turnover de células afectadas
Hiperesplenismo ≠ Esplenomegalia
Sinais e Sintomas
Saciedade precoce
Hematemeses
Para avaliar o tamanho do baço deve ser feito no exame objetivo, mas os exames de imagem podem
ajudar a perceber quer a dimensão quer outras características. TAC e ecografia são os mais úteis
nestes casos.
185
ABCESSO ESPLÉNICO
Raio X
Diagnosticado pela observação de um nível hidroaéreo no baço mas é
muito raro e difícil de identificar.
Tumografia Computarizada
Exame de eleição para fazer este diagnóstico e avaliar o seu progresso.
TRAUMATISMO
Diagnosticado e tratado pela especialidade de cirurgia geral. Quando há uma lesão de órgão
abdominal após traumatismo o baço está afetado em 60% das vezes.
186
Sinais e Sintomas
Podemos ter uma história de um doente assintomático com história de traumatismo que o mesmo
nem valoriza. Mas mais geralmente observamos:
ESPLENOSE
187
T10.1 - HÉRNIAS
Esta é a primeira de duas aulas em que serão discutidas as hérnias, sendo que a segunda se
debruçará mais sobre as hérnias mais comuns da parede abdominal.
Hérnia
Hérnias Abdominais
Diafragmáticas
Pélvicas
188
Lombares
São aquelas a que mais vezes nos referimos quando falamos de hérnias
abdominais, sendo as mais comuns. Serão o alvo de estudo mais
pormenorizada na aula seguinte, sobre hérnias abdominais.
• Traumatismo
• Incisão cirúrgica
Nomenclatura
189
Termos relevantes
COMUNS
RARAS (2%)
190
Diagnóstico Para diagnosticar uma hérnia, devemos averiguar as seguintes condições:
Abordadas em geral as carateristicas das hérnias abdominais, debrucemo-nos sobre as hérnias mais raras
191
Hérnia de Spiegel
Hérnia Obturadora
Hérnia Lombar
São raros e de diagnóstico difícil, já que são muitas as patologias com maior
frequência e sintomas semelhantes, como é o caso dos lipomas dorsais.
Hérnia Isquiática
192
Hérnia Perineal
193
T10.2 - HÉRNIAS ABDOMINAIS
Como vimos na aula geral sobre hérnias, podemos dividi-las em dois grandes grupos:
Hérnias Comuns
Inguino-femorais
Femoral (6%)
Quase exclusivas das muheres sendo raras no homem.
Na aula anterior debruçamo-nos principalmente sobre as hérnias raras, sendo que nesta vamos abordar
com mais detalhe as hérnias comuns.
Hérnias Inguino-Femorais
É um grupo genérico que abrange as hérnias inguinais e femorais, já que se localizam em regiões
próximas e porque a sua distinção clínica nem sempre é fácil. A distinção entre os 3 tipos de hérnias
que constituem este grupo faz-se pelas estruturas anatómicas que atravessam / transpõe:
194
Diagnóstico Diferencial
Existem vários diagnósticos que devemos averiguar aquando de uma tumefação na região inguinal:
§ Hérnia inguinal
§ Hérnia femural
§ Adenomegalia
§ Variz de safena
§ Ectopia testicular
§ Aneurisma femural
§ Hidrocelo do cordão
§ Lipoma do cordão
§ Abcesso do psoas
Adenomegalia Hidrocelo do cordão
NOTA: Todas estas estruturas podem demonstrar algum movimento com o reflexo da tosse mas quase
nunca são expansivas, exceto no caso da variz da safena, que pode aumentar de tamanho com a inspiração.
Hérnias Inguinais
Ráfia de Bassini
A cirurgia á hérnia inguinal marca-se por se ter mantido
inalterada por mais de 90 anos, naquilo que é o mais duradouro
procedimento na história da cirurgia. O procedimento chamava-
se Rafia de Bassini e consistia em unir o tendão conjunto (dos
músculos da parede abdominal) ao ligamento inguinal, no
sentido de reforçar a parede posterior do canal inguinal e evitar
a sua transposição
Plastia de Liechtenstein
Apesar da sua longevidade, um dos problemas associados a
esta sutura seria o facto de esta ceder eventualmente com o
tempo em 15 a 20% dos casos. Como tal desenvolveu-se
entretanto a Plastia de Liechtenstein, que consiste na colocação
de uma rede ou mesh para reforçar a parede posterior do canal
inguinal.
195
Epidemiologia
2) Idade Adulta Jovem (20-30 anos) – nesta fase, ás possíveis deficiências congénitas da parede
abdominal, que ainda podem ser persistentes, junta-se potenciais deficiências adquiridas.
3) Idade Avançada (>50 anos) - Neste grupo as deficiências adquiridas, advindas do progressivo
enfraquecimento da parede abdominal, constituem a causa principal das hérnias.
História Clínica
Causa
Sintomas de obstrução
§ História de esforço de carga
§ DPOC § Dor abdominal (cólica)
§ Tabagismo (tosse) § Vómitos
§ Obstipação § Distensão abdominal
§ Paragem gases e fezes
Exame Físico
196
NOTA: apesar disto, a ausência deste 2 sinais não exclui hérnia inguinal, podendo ser esta redutível
e irresponsiva ao impulso da tosse.
Classicamente, a diferença entre os tipos de hérnia inguinal fazia-se clinicamente, por meio
desta técnica. Hoje em dia não chega para o diagnóstico dado o erro a ela associado e
porque não tem impacto no procedimento cirúrgico a realizar, já que é o mesmo.Já entre a
hérnia inguinal e femoral, reveste-se de maior utilidade, sendo que pode indiciar o
paciente para terapêtica mais urgente caso seja uma hérnia femoral. C
Realiza-se colocando o dedo do meio na espinha do púbis, junto do anel inguinal superficial e os 2
restantes no anel inguinal profundo e anel inguinal. De seguida pedia-se ao paciente para tossir e,
dependendo de onde era feita a palpação da hérnia, poderia ser femoral ou inguinal profunda ou
superficial.
197
Manobra da Prega Escrotal
Podem ainda ser detetadas hérnias femorais com esta manobra, inclusive algumas que não
respondem ao impulso da tosse e/ou que sofreram complicação.
NOTA: Para além do facto supracitado de que não tem grande utilidade dada a irrelevância
da distinção entre hérnia direta e indireta para cirurgia, este procedimento acarreta um certo
desconforto para o doente, podendo até ser dolorosa.
Hérnias Femorais
198
Hérnias Umbilicais
Etiopatogenia
Origina-se devido a um qualquer defeito congénito que cause fragilidade da parede abdominal ao
nível do umbigo, como por exemplo a malformação da cicatriz fibrosa.
Apesar de a cicatriz fibrosa umbilical ter sido formada normalmente, a exposição ao longo da vida a
altas pressões intra-abdominais pode levar ao enfraquecimento e perda da consistência da cicatriz
umbilical e possível herniação. Neste caso o ligamento mantém a integridade.
A B C
199
Hérnia Umbilical Congénita
§ Gravidez
§ Ascite (na imagem)
§ Obstipação
Hérnias Paraumbilical
200
Hérnias Incisionais
Outras incisões
2 e 3 (esq.)
A ocorrência destas hérnias tem vindo a diminuir com o aumento da prevalência da cirurgia
laparoscópica, que se realiza através de orifícios e não incisões longitudinais
201