Teorico
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Terapêuticos Físicos
Mecanismos Neurais da Dor, Eletroterapia e Ultrassom
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Adrielly Camila de Oliveira Rodrigues Vital
Aline Gonçalves
Mecanismos Neurais da Dor,
Eletroterapia e Ultrassom
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Proporcionar entendimento sobre os aspectos referentes à neurofisiologia da dor, tipos,
características e formas de avaliação da dor;
• Proporcionar ao aluno o entendimento sobre os aspectos referentes à eletroterapia
analgésica e ao uso do ultrassom, seus efeitos, indicações e contraindicações.
UNIDADE Mecanismos Neurais da Dor, Eletroterapia e Ultrassom
Nocicepção: conjunto de eventos neurais por meio do qual os estímulos nocivos são de-
tectados, convertidos em impulsos nervosos e transmitidos da periferia para o SNC. No en-
céfalo, particularmente no cérebro, os estímulos associados à lesão real ou potencial são
interpretados como dor.
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Os dois sistemas de modulação nociceptiva mais importantes são mediados por
receptores NMDA (N-Metil-D-Aspartato) e opioides, distribuídos por toda extensão
do sistema nervoso central. Entre os três principais subtipos de receptores opioides,
os receptores μ e δ podem inibir ou potencializar eventos mediados pelos recepto-
res NMDA, enquanto o receptor κ antagoniza a atividade mediada por receptores
NMDA (RIEDEL; NEECK, 2001).
Dor Aguda
É caracterizada por ser uma dor bem localizada pelo paciente, mediada por vias de
condução rápida, principalmente a via tipo A-Delta, pode estar associada a aumento do
tônus muscular, aumento da frequência cardíaca e da frequência respiratória. Esse tipo
de dor tende a durar enquanto o estímulo estiver presente na região, sendo a intensidade
da dor muitas vezes proporcional à intensidade do estímulo. Um exemplo de dor aguda
é quando a pessoa sofre um trauma do hálux contra algum objeto, quanto maior for a
intensidade do trauma, maiores são as chances dessa dor ser de grande intensidade.
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UNIDADE Mecanismos Neurais da Dor, Eletroterapia e Ultrassom
Dor Crônica
É caracterizada por uma “sensação contínua ou recorrente com duração mínima
de 3 meses”. Esse tipo de dor, diferente da dor aguda, não tem a função de promo-
ver um sinal de alerta, mas sim, comumente promove comprometimento funcional,
sofrimento do paciente e uma incapacidade progressiva. Ela pode vir associada, o
que é muito comum, de outras alterações, tais como:
• Depressão;
• Catastrofização;
• Redução da função;
• Redução da qualidade de vida;
• Incapacidade laboral;
• Sensibilização central;
• Cinesiofobia.
A dor crônica ainda pode ter uma classificação de acordo com a sua fisiopatologia em:
• Dor nociceptiva: quando a causa da dor é por algum estímulo nocivo, que per-
manece por muito tempo;
• Dor neuropática: quando a causa da dor é decorrente de alguma alteração neural;
• Dor psicológica: quando são fatores emocionais os principais causadores da
sintomatologia dolorosa do paciente.
• Síndrome da dor mista ou dor mista: quando um ou mais desses fatores estão
presentes no paciente ocasionando a sintomatologia da dor. Essa é sem sombra
de dúvidas o tipo mais frequente de dor crônica, pois diversos pacientes possuem
fatores que se somam e contribuem para o surgimento e manutenção da dor por
tempo prolongado. Isso já nos mostra que a abordagem de tratamento para esse
paciente será mais complexa e necessitará de uma avaliação bem minuciosa.
Muito se pergunta do “por que” as dores crônicas são tão persistentes e perma-
necem por tanto tempo se o nosso corpo sempre tende a buscar a cura. Existem
algumas teorias e explicações fisiológicas para isso:
Outra teoria está por trás de uma maior sensibilização no sistema nervoso central,
o que é denominado como sensibilização central e, também, no aumento do número
e da sensibilidade dos nociceptores.
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Dor Referida
Ocorre quando a dor é estimulada em uma região ou um órgão, porém ela é re-
latada (sentida) pelo paciente em uma região distante. Esses quadros álgicos, se não
forem muito bem avaliados, poderão provocar erros diagnósticos.
Por isso, uma boa avaliação clínica será sempre fundamental para o correto diag-
nóstico do tipo e da causa da dor do paciente.
Dor Discal
• Dor matinal, paciente relata que a dor é pior quando acorda. Isso ocorre devido
à retenção de líquido durante o período noturno e aumento da pressão onde há
uma lesão discal;
• Rigidez que melhora com movimentos;
• Dor que surge durante a manobra de Valsalva (pressão);
• Dor mais intensa em posição bípede, menor sentado e menor deitado (depen-
dendo da localização da lesão);
• Dor normalmente aguda em forma de pontada;
• O paciente tende assumir uma posição antálgica, demonstrando uma alteração
postural em proteção da área lesionada;
• Pode levar a uma dor neural (irradiada), quando há compressão de raiz ou de
canal medular.
Dor Neural
• Paciente relata parestesia e/ou sensação de choque;
• A dor tende obedecer a um trajeto anatômico neural bem definido;
• Piora quando o nervo é colocado em tensão e/ou estiramento;
• Característica de ser fina e filiforme;
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• Quando o nervo tem uma redução da sua complacência, a dor é menos difusa
e mais aguda;
• Dor surge já no início da amplitude de movimento;
• Em casos de lesão (neuropraxia, axonotmese e neurotmese), a sensibilidade à mo-
tricidade pode estar comprometida nos locais correspondentes a esta inervação.
Dor Óssea
• A dor geralmente é local;
• Dor aguda, que piora à palpação, em casos de inflamação;
• Dor difusa e com histórico de traumas repetitivos de impacto, em casos de fraturas
por estresse;
• Dor piora com atividades de impacto ou com cargas;
• Pode causar bloqueio articular em casos de lesões ósseas em regiões intra-articulares.
Dor Muscular
• Dor em forma de queimação e localizada;
• Pode surgir devido a alterações posturais, movimentos repetitivos;
• Dor intensa à palpação;
• Dor piora ao aumento de tensão muscular.
Eletroterapia e Ultrassom
A eletroterapia é definida por Agne (2005) como a aplicação de energia eletro-
magnética ao organismo (de diferentes formas), com o objetivo de produzir reações
biológicas e fisiológicas, que contribuem para melhorar as reações metabólicas e ce-
lulares que compõem o tecido. Por isso a aplicação de tal recurso facilita o processo
de cicatrização tecidual.
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Tecnicamente, trata-se de uma corrente de baixa frequência, pulsada, que apre-
senta uma forma de onda bifásica, simétrica. Essa característica propicia a estimu-
lação de receptores nervosos e apresenta um componente de corrente direta igual a
zero, ou seja, as áreas sob as ondas positivas e negativas são iguais, não produzindo
efeitos polares, sendo denominada como corrente elétrica não polarizada (DAYHAN
SILVEIRA, 2008).
Mecanismos de Ação
A estimulação elétrica transcutânea é uma técnica de analgesia aplicada em uma
variedade de frequências, intensidades e duração de pulso, podendo ser aplicada no
modo burst (frequências alternadas). Acredita-se que a TENS promova analgesia
predominantemente por meio do mecanismo da teoria das comportas, proposta por
Melzack e Wall, que provoca analgesia mediante a ativação seletiva das fibras táteis
de diâmetro largo (A-beta), sem ativar fibras nociceptivas de menor diâmetro (A-delta
e C). A atividade gerada nas fibras A-beta inibe a atividade em curso dos neurônios
nociceptivos no corno dorsal da medula espinal.
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Contraindicações
• Dores cuja causa é desconhecida;
• Marca-passo cardíaco;
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• Deficit de sensibilidade;
• Processo infeccioso;
• Feridas abertas.
Ultrassom Terapêutico
Efeitos Físicos do Ultrassom
Quando emitidas as ondas sonoras pelo aparelho em contato direto com a pele,
há um efeito nas células e tecidos por dois mecanismos físicos: térmico e não térmico.
• Efeitos Térmicos: Quando o ultrassom percorre o tecido, uma porcentagem
dele é absorvida, e isso leva à geração de calor dentro daquele tecido. A quanti-
dade de absorção depende da natureza do tecido, seu grau de vascularização e
a frequência do equipamento. Tecidos com alto conteúdo de proteína absorvem
o ultrassom mais prontamente do que aqueles com conteúdo de gordura mais
alto, e quanto maior a frequência, maior a absorção. Um efeito térmico biolo-
gicamente significativo pode ser obtido se a temperatura do tecido for elevada
para 40 a 45 °C por pelo menos cinco minutos. O aquecimento controlado
pode produzir efeitos desejáveis, que incluem alívio da dor, redução da rigidez
articular e aumento do fluxo sanguíneo (KITCHEN, 2003);
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Fonoforese
A fonoforese é definida como a migração de moléculas de drogas através da pele
sob a influência do ultrassom. Teoricamente, a fonoforese é possível utilizando as for-
ças de correntes acústicas que existem no campo de ultrassom. Para isso é necessária
a aplicação do ultrassom em conjunto com algum medicamento tópico, prescrito pelo
médico do paciente. É provável que a fonoforese dependa não apenas da frequên-
cia, intensidade, ciclo líquido e duração do tratamento do ultrassom (MITRAGOTRI
et al., 2000), mas também da natureza da molécula da droga propriamente dita.
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• Quadros infecciosos;
• Região dos olhos;
• Próximo ao gânglio estrelado;
• Pacientes hemofílicos não protegidos por reposição de fator;
• Áreas sobre proeminências ósseas subcutâneas;
• Placas epifisárias;
• Áreas anestésicas.
Parâmetros de Tratamento
• Frequência de amplitude modulada: A frequência de amplitude modulada
(AMF), ou “frequência de batida”, é tradicionalmente considerada como sendo o
componente efetivo da IC, simulando as correntes de baixa frequência e criando
a estimulação diferencial de nervos e certos tipos de tecidos;
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Contraindicações
• Marca-passo;
• Sinais de TVP;
• Região abdominal em mulheres gestantes;
• Quadros infecciosos;
• Feridas abertas.
Tipos de CDB
• Monofásica: Corrente alternada em 50 Hz, retificada em semionda, em que o
paciente sentirá uma sensação de forte fibrilação (penetrante e resistente). Eletroesti-
mulação muito indicada para o tratamento de dores musculares e efeito circulatório;
• Difásica (DF): Corrente alternada em 100 Hz, retificada em onda completa, em
que o paciente terá uma sensação forte de fibrilação e formigamento que desa-
parece subitamente. Muito indicada para promover analgesia, principalmente
de ordem espasmolítica;
• Curtos períodos (CP): Corrente modulada em períodos de 1 s em DF e 1 s em
MF, gerando uma percepção clara da alternância entre DF e MF. Nesse tipo, o
efeito circulatório se torna mais potente;
• Longos períodos (LP): MF combinada com segunda MF, variando amplitude
(0 (zero) e valor máximo). Nessa corrente não há sensação brusca de alternância.
Indicada para o tratamento de dores de origem espasmolítica e capacidade de
promover um efeito analgésico mais duradouro;
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• Ritmo sincopado (RS): Corrente MF com pausas intercaladas, usada para diag-
nósticos e eletroestimulação.
Indicações
• Disfunções do aparelho locomotor;
• Espasmos musculares;
• Contraturas musculares;
• Redução de edema pós-lesão;
• Neuralgias e neurites periféricas.
Contraindicações
• Marca-passo;
• Pacientes com deficit de sensibilidade;
• Síntese óssea;
• Aplicação sobre feridas abertas ou lesões dermatológicas;
• Sinais de TVP;
• Quadros infecciosos.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Práticas da Reabilitação Musculoesquelética
MAGEE, J.; ZACHAREZEWKI, J. E.; QUILLEN, W. S. Práticas da reabilitação
musculoesquelética. 1. ed. Barueri, SP: Manole, 2013.
Livro importante sobre diversos recursos práticos utilizados na reabilitação dos
pacientes com disfunções musculoequeléticas.
Agentes Físicos na Reabilitação: da Pesquisa à Prática
CAMERON, M. Agentes físicos na reabilitação: da pesquisa à prática. 3. Ed. São
Paulo: Elsevier, 2009.
Livro que aborda sobre dor e sobre a aplicabilidade clínica de diferentes agentes
físicos no traatmento de tal desfecho clínico.
Eletrofisiologia Clínica: Eletroterapia e Teste Eletrofisiológico
ROBINSON, A. J.; SNYDER-MACKLER, L. Eletrofisiologia clínica: eletroterapia
e teste eletrofisiológico. 2. ed. Porto Alegre: ArtMed, 1995.
Livro que retrata aspectos fisiológicos e aplicabilidade clínica da eletroterapia sobre
tais aspectos.
Influência do Resfriamento e do Aquecimento Local na Flexibilidade dos Músculos Isquiotibiais
BRASILEIRO, J. S.; FARIA, A. F.; QUEIROZ, L. L. Influência do resfriamento e do
aquecimento local na flexibilidade dos músculos isquiotibiais. Rev. bras. Fisio., v. 11,
n. 1, p. 57-61, 2007. (on-line)
A Utilização da Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS) no Tratamento da Espasticidade:
Uma Revisão Bibliográfica
SILVEIRA, D. W. da S.; GUSMÃO, C. A. A utilização da estimulação elétrica
nervosa transcutânea (TENS) no tratamento da espasticidade: uma revisão
bibliográfica. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 2008.
Leitura
Influência do resfriamento e do aquecimento local na flexibilidade dos músculos isquiotibiais
BRASILEIRO, J. S.; FARIA, A. F.; QUEIROZ, L. L. Influência do resfriamento e
do aquecimento local na flexibilidade dos músculos isquiotibiais. Rev. bras. fisioter.
2007, vol.11, n.1, pp.57-61.
Artigo sobre os efeitos da redução e do aumento da temperatura na região posterior
da coxa e tal influência na flexibilidade muscular.
https://bit.ly/2CWBtcG
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Referências
BÉLANGER, A. Recursos fisioterapêuticos: evidências que fundamentam a prática
clínica. 2. ed. São Paulo: Manole, 2012. (e-book)
HALL, J. E.; GUYTON, A. C. Guyton & Hall: tratado de fisiologia médica. 13. ed.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
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