A Base Dos Synths - Laboratório #PorTrásDoTimbre - André Lima

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Sintetizadores

A base da
Síntese Sonora
Subtrativa

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Laboratório #PorTrásDoTimbre --------------------------------------------- por André Lima

> Entenda a estrutura básica dos sintetizadores

A primeira coisa que você tem que saber antes de programar um timbre no
sintetizador é que ele pode ser dividido basicamente em 3 partes:

1. OSCILADOR

2. FILTRO

3. AMPLIFICADOR

O OSCILADOR é onde o sinal é gerado, é a fonte sonora, nele é definido o


formato da onda que será a base do nosso timbre. É dele que vem a matéria-
prima, a rocha bruta que vamos lapidar.

O FILTRO é responsável por subtrair uma parte das frequências do sinal que
vem do oscilador. O próprio nome já diz, ele filtra. Algumas frequências
passam (serão ouvidas) e outras não (serão silenciadas).

O AMPLIFICADOR determina o volume (amplitude) do sinal gerado, do som que


vem do oscilador e que é processado no filtro. Aqui é feito o ajuste de ganho
do nosso timbre.

O fluxo do sinal dentro do sintetizador acontece basicamente da seguinte


forma:

OSCILADOR --> FILTRO --> AMPLIFICADOR

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Dando uma olhada em diferentes modelos de sintetizador, podemos identificar


essas principais seções que formam a estrutura básica dos synths. Veja os
exemplos:

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> O OSCILADOR

O OSCILADOR é onde o sinal é gerado, é a fonte sonora, a nossa matéria-


prima. Nele são definidas as características da onda que será a base do som,
como formato de onda e afinação, basicamente. É comum encontrar nos
sintetizadores analógicos as seguintes siglas:

VCO (Voltage Controlled Oscillator - Oscilador Controlado por Voltagem)

As ondas geradas no oscilador podem ter vários formatos diferentes, cada


uma tem seu som característico. Os FORMATOS DE ONDA (as chamadas
Waveforms) mais presentes nos sintetizadores são:

• ONDA TRIANGULAR (Triangle wave) : soa parecida com a onda


senóide, que é a onda pura. Bom para sons de sub grave.

• ONDA DENTE DE SERRA (Sawtooth wave) : onda rica em harmônicos,


ótima para criar timbres mais agressivos.

• ONDA QUADRADA (Square wave) : tem um som característico,


parecido com videogames antigos.

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A onda quadrada tem um parâmetro específico que é a LARGURA DO PULSO


(PW - Pulse Width), ele pode ser alterado de forma que a característica sonora
muda. Este controle só atua quando onda quadrada está selecionada, ele não
funciona nos outros tipos de onda.

PULSE WIDTH (PW)

Uma configuração muito importante do oscilador é o PITCH, é o ajuste de qual


nota vai soar quando o teclado for acionado. Muitas vezes o nome pode
aparecer como RANGE (16' 8' 4'), que é para selecionar em qual oitava aquele
oscilador vai soar. Este controle está relacionado com a afinação (TUNE).

Normalmente, quando há um 2º ou 3º oscilador, há também um controle fino de


afinação (FINE TUNE) em cada um deles, que é um ótimo recurso na hora de
timbrar Pad e Strings, por exemplo. Em alguns synths é possível regular cada
oscilador pra tocar uma nota diferente, e assim, montar um acorde.

Ex: OSC 1 : tônica (T) OSC 2 : quinta (5) à power chord

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> O MIXER

Quando o sintetizador tem mais de um oscilador, ele apresenta um MIXER, um


misturador de som. É no mixer que é feito o equilíbrio dos volumes entre cada
oscilador, juntamente com o sinal do NOISE (ruído) e o sinal de SUB OCTAVE
(oitava abaixo), quando disponível.

• NOISE: ruído gerado no NOISE GENERATOR (gerador de ruído), o ruído


é a soma de todas as frequências juntas, tocadas simultaneamente.

• SUB OCTAVE: normalmente é uma onda quadrada ou triangular que


obedece o pitch do Oscilador 1 e soa sempre uma oitava abaixo. Serve
para engordar o som.

OSC 1 à
OSC 2 à
OSC 3 à MIXER à
NOISE à
SUB à

Cada um dos elementos tem um ajuste de volume independente no mixer.

> O FILTRO

O FILTRO é responsável por subtrair frequências do sinal que vem do MIXER.


O próprio nome já diz, ele filtra algumas frequências. Algumas passam (serão
ouvidas) e outras não passam (serão silenciadas).

A sigla VCF (Voltage Controlled Filter - Filtro Controlado por Voltagem)


normalmente aparece para indicar a sessão do filtro.

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Nos sintetizadores, são encontrados basicamente 3 tipos de filtro:

• LPF (Low Pass Filter - Filtro Passa Baixas): Ele corta as frequências altas
(agudas) e deixa passar só as baixas (graves), também conhecido como
Hi-Cut (corta altas).

• HPF (High Pass Filter - Filtro Passa Altas): Ele corta as frequências
baixas (graves) e deixa passar só as altas (agudas), também conhecido
como Lo-Cut (corta baixas).

• BPF (Band Pass Filter - Filtro Passa Banda): é como se fosse uma
combinação do LPF e do HPF, ele deixa passar somente uma banda
selecionada de frequências, ele corta as baixas e as altas.

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Um dos controles “mágicos” de usar nos synths é o da FREQUÊNCIA DE


CORTE (cutoff frequency). Ele é mágico porque é um dos recursos mais legais
para dar expressão no som. Essa frequência define o ponto onde vai acontecer
o corte do filtro, a partir dali uma certa região de frequências será silenciada.

Num filtro do tipo LPF, por exemplo, todas as frequências acima da CUTOFF
selecionada serão cortadas. Já num filtro HPF, serão cortadas todas as
frequências abaixo dela.

O controle de RESSONÂNCIA (resonance) serve para enfatizar o


comportamento do filtro, deixar ele mais evidente. Vamos perceber melhor que
ela está atuando quando mexemos na frequência de corte (cutoff frequency).
A ressonância do filtro é um ganho de sinal que é aplicado justamente na
CUTOFF.

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> O AMPLIFICADOR

O AMPLIFICADOR é o último lugar por onde o sinal vai passar antes de sair do
synth. Aqui não tô considerando os efeitos como delay ou chorus, ok? Somente
o som criado no sintetizador. Efeitos são outra etapa da elaboração do timbre.

A sigla que normalmente aparece é VCA (Voltage Controlled Amplifier -


Amplificador Controlado por Voltagem).

O amplificador é usado para ajustar o nível do sinal gerado, ou seja, do som


que foi criado nos osciladores, misturado no mixer e processado no filtro. O
amplificador normalmente está associado a um ENVELOPE GENERATOR
(gerador de envoltório) com controles de ADSR, que serve para ajustar
características como ataque ou release do timbre.

DIAGRAMA DE FLUXO DE SINAL DOS SINTETIZADORES

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> Como usar o Envelope ADSR

Usando o Envelope ADSR no Amplificador:

Ao Amplificador (VCA) normalmente está associado um ENVELOPE


GENERATOR (gerador de envoltório) com controles de ADSR. Quando está
atuando no Amplificador, esse envelope vai dizer como a amplitude do nosso
timbre vai se comportar ao longo do tempo enquanto eu estiver com o dedo
pressionando uma tecla.

E o que quer dizer essa sigla ADSR?

A - ATTACK (ataque)

D - DECAY (decaimento)

S - SUSTAIN (sustentação)

R - RELEASE (relaxamento ou liberação)

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O ATTACK (Ataque) é o início do som. Quando pressiono a tecla, ele é o tempo


que a nota vai demorar para sair do silêncio até chegar no seu nível máximo.

O DECAY (Decaimento) é a segunda etapa. É o tempo que a nota vai demorar


para chegar até o patamar de volume de sustentação, o Sustain.

O SUSTAIN (Sustentação) é o nível do sinal que será mantido enquanto eu


estiver com a tecla pressionada. No amplificador, é o nível de volume em que
o som vai permanecer, vai ser sustentado.

Somente quando eu tiro o dedo da tecla é que o RELEASE (Relaxamento)


acontece. Ele é o tempo que a nota vai demorar para morrer depois que a tecla
é liberada.

Imagina que o Envelope é uma pessoa que fica mexendo no knob de volume do
synth. Quando ela recebe um comando inicial (tecla pressionada), ela abre o
volume até o máximo e demora o tempo A (attack) para fazer isso. Depois ela
demora um tempo D (decay) para voltar o knob do volume até um nível S
(sustain), e fica parada lá esperando. Até receber o último comando (tecla
liberada), nesse momento ela fecha o knob do volume até o zero e demora o
tempo R (release) para fazer essa última tarefa.

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Alguns exemplos práticos de como esses ajustes funcionam:

- Quando eu deixo o tempo do attack A zerado, o nível máximo do sinal é


atingido instantaneamente. Timbres de piano tem essa característica. Já
quando eu aumento este tempo, o som passa a chegar um pouco depois.
Instrumentos de cordas como violino têm um ataque mais lento.

- Quanto ao release R, se deixo o tempo zerado, o som vai sumir imediatamente


quando eu tirar o dedo da tecla, como acontece nos órgãos elétricos. Quando
aumento este tempo, a nota demora mais para morrer após a tecla ser
liberada. É o que acontece com um prato de bateria, por exemplo.

Então, é assim que funciona o Envelope ADSR, são ações de abertura e


fechamento de um determinado controle de parâmetro que obedecem:

• 3 etapas de duração de tempo - attack, decay e release;


• 1 ajuste de nível de sinal - sustain;
• 2 comandos - tecla pressionada (inicial) e tecla liberada (final)

Acontecem na seguinte ordem:

tecla A D S tecla
R
pressionada à attack à decay à sustain à liberada à releas
e

Usando o Envelope ADSR no Filtro:

No caso do amplificador é o knob do volume que é controlado, mas o Envelope


ADSR pode ser endereçado para diferentes setores no sintetizador. Outro
lugar muito comum onde ele pode atuar é no Filtro (VCF). Os ajustes de A, D, S
e R vão se comportar da mesma maneira como expliquei antes, só que nesse
caso, o knob a ser “pilotado” será o da Frequência de Corte (cutoff frequency)
do Filtro.

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Então, quando o Envelope envia os comandos para o Filtro (VCF), é como se


tivesse uma pessoa abrindo e fechando o knob do CUTOFF. Essa pessoa vai
responder aos ajustes que forem feitos para A, D, S e R. Vai acontecer da
mesma maneira como eu expliquei anteriormente para o amplificador, só que
com o filtro abrindo e fechando. Na prática, isso me permite dar mais
expressão aos meus timbres, o som deixa de ser estático, duro. Consigo criar,
por exemplo, um efeito de auto-wah num som de lead ou de synth bass.

Bom, fica faltando só mais um tipo de ajuste pra que eu possa dar esse tipo de
acabamento no meu timbre com mais precisão. Na grande maioria das vezes
que uma seção do synth pode ser controlada pelo Envelope ADSR, vai existir
um controle para o ajuste da intensidade com que ele vai atuar num
determinado parâmetro, é a chamada INTENSIDADE DO ENVELOPE (envelope
amount ou envelope depth). Ela serve pra que eu possa ajustar a intensidade
da atuação do Envelope, se ela vai ser suave ou se vai ser forte. Normalmente,
vamos notar a presença de um knob ou fader com nome de ENV AMOUNT na
seção a ser pilotada.

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> 2 Parâmetros Importantes

Polifonia

A maioria dos synths possui um limite no número de notas que podem ser
tocadas ao mesmo tempo, ou seja, quantas “vozes” ele é capaz de reproduzir
simultaneamente. O nome disso é POLIFONIA (polyphony).

Nos primeiros sintetizadores criados só era possível tocar uma nota de cada
vez, são os synths MONOFÔNICOS. Como isso funciona? Quando eu pressiono
duas teclas ao mesmo tempo, só uma nota vai soar. É a limitação dele, ele só
consegue reproduzir uma voz por vez. Synths monofônicos são usados para
fazer melodias, com timbres como lead ou synth bass, por exemplo.

Já nos sintetizadores POLIFÔNICOS é possível formar acordes, tocar várias


notas juntas. Mas mesmo esses synths têm um limite de notas simultâneas, que
vai depender da capacidade de processamento deles. Synths polifônicos são
para fazer a harmonia, como Pad ou Strings, por exemplo.

Portamento

Outro ótimo recurso que ajuda a dar mais fluidez e expressão ao nosso timbre
é o PORTAMENTO (ou GLIDE). Ele funciona como um Glissando. Quando eu
toco uma nota e depois toco outra diferente de forma ligada, a passagem entre
elas acontece de forma contínua, e não um salto. É como se fosse num violino,
instrumento que não tem trastes no seu braço. O ajuste principal do
Portamento é quanto tempo essa transição vai demorar para acontecer.

O Portamento funciona muito bem em timbres monofônicos, como LEAD ou


SYNTH BASS.

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> Mão na Massa: programado um LEAD

Vou agora programar um timbre de LEAD, faça isso você também no seu synth.
O LEAD é um timbre monofônico, ideal para fazer melodias, temas e solos.
Vamos ao passo a passo:

1) A primeira coisa que eu vou fazer é escolher o formato de onda do


Oscilador 1, vou começar com uma onda dente de serra (sawtooth);

2) Vou configurar o meu synth para o modo monofônico;

3) Vou ligar e ajustar o Portamento;

4) Vou fazer os primeiros ajustes no Filtro (VCF), selecionar o tipo de


filtro LPF, fechar um pouco o Cutoff Frequency e adicionar um pouco de
ressonância;

5) Vou fazer pequenos ajustes de atuação Envelope ADSR no


Amplificador (VCA). Vou deixar o Attack rápido, o Decay e Sustain no
máximo e o Release curto, pouca coisa;

6) Agora vou ajustar de atuação Envelope ADSR no Filtro (VCF). Primeiro


fechar todo o CUTOFF e abrir todo o ENVELOPE AMOUNT do filtro, aí
sim vou fazer os ajustes de attack, decay, sustain e release. É importante
nessa fase experimentar bastante, não vai ser na primeira vez que vai
ficar pronto.

7) Por último faça ajustes de equilíbrio entre a abertura do Filtro


(CUTOFF) e a intensidade do Envelope (ENV AMONUT).

Agora experimente variações usando os recursos que ensinei neste PDF, blz?

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> A um passo de tirar “aquele som” de teclado...

Curtiu o Laboratório #PorTrásDoTimbre? Então, ele foi uma semana de


imersão no universo dos teclados em que a gente experimentou timbres,
gravações, histórias, técnicas, conceitos, fundamentos e muito som… Tantos
componentes tão importantes e que fazem toda diferença no resultado final,
que é a música.

Acredito que “tirar som” do instrumento é tão importante quanto as notas e


acordes que tocamos, faz parte da expressão artística do músico. Por isso,
quero te fazer um convite: Se você quiser dar um passo rumo ao seu
aprimoramento e à expansão das suas possibilidades musicais, você pode
fazer isso com o meu acompanhamento por meio do curso #PorTrásDoTimbre.
As inscrições estão abertas por tempo limitado (só até dia 12/08) e um por uma
oferta super especial.

Clique no link para maiores detalhes: www.limandore.com.br/timbre

Grande abraço,

André Lima.

Se quiser falar comigo, me escreva no [email protected]

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