Jan 16 Revista Audio Musica e Tecnologia

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Ano XXVI- janeiro/2016 nº292 - R$ 13,00 - www.musitec.com.

br

MARATONA DA
ALEGRIA FM O DIA
Show de hits em alto e bom
som na Praça da Apoteose

I X A G E M SEM
HOME STUDIO M
SEGREDO
S ( PA RTE 9)
RRA
Técnicas de gravação E S S – GUE
LOUD N
de baixo elétrico O S V O L UMES
D

TESTE
NEXT PRO R2 MULTIFLEX GRAVANDO UM
Novo amplificador mostra que SAMBA-ENREDO
a indústria nacional reage à crise Um passo a passo descomplicado

Natiruts reúne gigantes do reggae em espetáculo futurista


A
CEN

Diretor de fotografia de novo clipe de Anitta fala sobre os desafios da produção


Z&

áudio música e tecnologia | 1


LU
2 | áudio música e tecnologia
áudio música e tecnologia | 1
ISSN 1414-2821
edITorIaL
Áudio música & Tecnologia
ano XXVI – Nº 292/janeiro de 2016
Fundador: Sólon do Valle

Direção geral: Lucinda diniz -

Feliz ano novo!


[email protected]
Edição jornalística: marcio Teixeira
consultoria de Pa: carlos Pedruzzi

coLaBoraram NeSTa edIção


E aí, pessoal? Como foram de festas? Muita comida, bebida e alegria
andré Paixão, cristiano moura, enrico de
em família? Muito som também? Quem comandou a música da festa
Paoli, Fábio Henriques, José carlos Pires
de Natal, você ou seu cunhado? A sogra deu um jeito de colocar o
Jr., Lucas c. meneguette, Lucas ramos,
disco da Simone? Sabemos como é... Lá em casa um dos discos que
renato muñoz, rodrigo de castro Lopes e
rolou foi o de Natal do Scott Weiland. Já ouviu? Coisa fina. Ainda é
rodrigo Horse.
difícil pensar que o cara partiu. Artista gigantesco. Se você só conhece
o primeiro disco dos Stone Temple Pilots, faça-se o favor de ir além. A
redação
obra do cara é impressionante.
marcio Teixeira - [email protected]
rodrigo Sabatinelli - [email protected]
Devidamente recuperados das festas que sempre nos colocam mais
[email protected]
gordos e mais felizes, cá estamos todos nós ao redor de mais uma bela
[email protected]
edição da AM&T. Como você já pôde ver na capa, nossa matéria princi-
pal desse mês aborda a Maratona da Alegria, festival da FM O Dia, do
dIreção de arTe e dIagramação
Rio de Janeiro, que reúne grandes nomes da música popular nacional
client By - clientby.com.br
na Praça da Apoteose. Aliás, esse é segundo evento que, atualmente,
Frederico adão e caio césar
mais coloca gente no sambódromo carioca (em primeiro lugar, claro,
está o desfile das escolas de samba). Na matéria, você ficará sabendo assinaturas
tudo sobre o som do evento e dos artistas, e como se trata de um fes- Karla Silva
tival que reúne a nata da música brasileira, ficar sabendo sobre o que [email protected]
fazem e o que usam os técnicos que trabalham nos shows de maior
destaque no país é sempre uma boa, certo? Distribuição: eric Brito

Por falar no palco do samba, na seção Produção Fonográfica você Publicidade


acompanhará a gravação de um samba-enredo e poderá aprender mônica moraes
bastante com toda a didática presente no texto do professor José Car- [email protected]
los Pires Jr., que, ao lado de Lucas.Meneguette, também realizou o
teste do amplificador Next Pro R2 MultiFlex. A análise completa do Impressão: gráfica Stamppa Ltda.
equipamento você também confere nesta AM&T 292. Ainda temos,
na seção Em Casa, Lucas Ramos falando sobre técnicas de gravação Áudio música & Tecnologia
de baixo elétrico, Loudness em destaque na seção Mixagem e muito, é uma publicação mensal da editora
muito mais. música & Tecnologia Ltda,
cgc 86936028/0001-50
No caderno Luz & Cena, a capa vai para o supershow Natiruts Reg- Insc. mun. 01644696
gae Brasil, em que a banda conta a história do reggae no nosso país Insc. est. 84907529
com muita beleza visual, muita arte e tecnologia. Em outra matéria, o Periodicidade mensal
diretor de fotografia do clipe arrasa-quarteirão Bang!, da Anitta, Will
Etchebehere, fala sobre os principais desafios da feitura desse vídeo, aSSINaTUraS
que, no momento em que termino esse editorial, já conta com quase Tel/Fax: (21) 2436-1825
72 milhões de visualizações no YouTube. Pouco, né? (21) 3435-0521
Banco Bradesco
Boa leitura! ag. 1804-0 - c/c: 23011-1

Marcio Teixeira Website: www.musitec.com.br

Não é permitida a reprodução total ou


parcial das matérias publicadas nesta revista.

am&T não se responsabiliza pelas opiniões


de seus colaboradores e nem pelo conteúdo
2 | áudio música e tecnologia dos anúncios veiculados.
áudio música e tecnologia | 3
34 teste
amplificador Next Pro r2 multiFlex
a indústria nacional reagindo à crise
José carlos Pires Junior e Lucas c. meneguette

44 Desafiando a Lógica

38
dicas inspiradoras para produção musical no Logic:
Saia do lugar-comum e alimente sua criatividade a
partir dos recursos de sua plataforma favorita
andré Paixão
Maratona da
alegria FM o Dia 48 Mixagem
Show de hits em alto e bom som mixagem sem segredos (Parte 9):
rodrigo Sabatinelli
Loudness – guerra dos Volumes
Fábio Henriques

54 Produção Fonográfica
gravando um samba-enredo:
14 Em tempo Real
gustavo Lenza Sem mistério, mas cheio de magia
José carlos Pires Junior
marcio Teixeira

18 notícias do Front 58 Fazendo Música no Estúdio


o pensamento musical na mixagem:
Quais as diferenças entre os equipamentos X, Y e z?
Lidando com novos e revolucionários lançamentos a comparação com músicas de referência
rodrigo de castro Lopes
renato muñoz

24 Plug-ins 80 Lugar da Verdade


e quando a sua mix do Pa... é transmitida para o rádio?
Waves cobalt Saphira – Uma nova visão
enrico de Paoli
sobre o controle de harmônicos
cristiano moura

28 Em casa
dicas e técnicas de gravação em um home studio (Parte 10)
seções
Técnicas de gravação de baixo elétrico editorial 2 notícias de mercado 6
Lucas ramos novos produtos 10 índice de anunciantes 79

66 72
clipe
Bang! – diretor de fotografia de novo clipe
de anitta fala sobre os desafios da produção
capa por rodrigo Sabatinelli
confraria do reggae – Natiruts
reúne gigantes do estilo em
espetáculo futurista
por rodrigo Sabatinelli 76
iluminando
ProdUToS .................................. 62 Iluminando com arte, técnica e segurança:
Trabalhando em espaços cênicos e em eventos efêmeros
em Foco .................................... 64 por rodrigo Horse

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nacionais de pró-áudio e showbusiness ainda
têm muito a evoluir

notícias de mercado

D.A.S. DO BRASIL PRESENTE NA EXPOMUSIC 2015


Foi na Expomusic 2015 que a D.A.S. apresentou ao público

Divulgação
seu novo modelo de negócios no Brasil. A companhia, assim
como outras já fizeram, está criando a D.A.S. do Brasil com o
objetivo de que os lançamentos cheguem mais rápido ao país
e com um valor mais acessível. Durante o evento, a nova com-
panhia apresentou a recém-incorporada equipe de vendas e
suporte técnico, vinculado à marca D.A.S. durante quase 20
anos, proveniente do antigo distribuidor para o país, Decomac.
Esta equipe garante a continuidade do serviço D.A.S. para o
grande número de clientes e usuários da marca no Brasil e tem
objetivo de melhorar ainda mais o atendimento pós-venda, os
treinamentos e a assessoria técnica em relação a novos produ-
tos a serem lançados em breve no mercado nacional. Estande da D.A.S. na Expomusic: lotado
durante a apresentação de novos line arrays
No cargo de diretor de vendas da D.A.S. do Brasil está Guil-
lermo Distefano, profissional ligado à trajetoria da empresa no
país há quase 20 anos e que tem a máxima confiança em toda a rede de vendas, clientes e usuários da marca em todo o
país. O departamento comercial é concluído com Victor Da Silva e Marilia Macri, que também são responsáveis por aumentar
ainda mais a presença da D.A.S. no Brasil, oferecendo equipes de vendas de serviços de alta competência, algo que já é uma
característica da marca em todo o mundo.

A parte de consultoria, treinamento técnico e alinhamento e en-


Divulgação

genharia de sistemas fica com Fernando Nanão, técnico oficial


D.A.S. Audio para o Brasil. Ele contará com o apoio direto de
outros engenheiros de sistemas da matriz, em Valência, Espanha.

“É certo que temos muito trabalho a fazer com essa nova propos-
ta colocada pela D.A.S. O desafio é grande, mas estamos prepa-
rados para dar um atendimento e um suporte exclusivo e ainda
melhor que antes. Durante 2016 realizaremos, pelo menos uma
vez por mês, um seminário de apresentação de produtos, bem
como treinamentos de Ease Focus [software utilizado na mon-
tagem dos line arrays] em estados e cidades diferente, a fim de
Coquetel no estande: companhia anunciou criar uma divulgação massiva de nossos produtos e permitir a
seu novo modelo de negócios para o país capacitação de um número maior de usuários e empresas que
ja possuem nossos sistemas, bem como mostrar a nova cara da
D.A.S. do Brasil em parceria com lojistas locais”, destacou Nanão.

Joel Damiano, engenheiro de sistemas D.A.S. Audio também estava presente para acompanhar esta nova etapa da empresa
europeia, e tanto Gonzalo Aguirre, diretor de vendas da companhia para a América Latina, quanto Manuel Peris, CEO da D.A.S.,
salientaram a importância deste passo importante no crescimento da companhia no Brasil. A nova filial terá como objetivo
melhorar ainda mais a agilidade e os serviços para todos os usuários de produtos D.A.S. Audio.

A D.A.S. do Brasil estabeleceu seu escritório na mesma sede que era usado pela Decomac, na Rua dos Andradas, no bairro da
Santa Efigenia, na cidade de São Paulo, mantendo o endereço vinculado à história da D.A.S. no Brasil e de fácil reconhecimento
pela grande massa de usuários da marca no país, já que tem sido usado durante quase duas décadas como ponto de encontro
entre os clientes e usuários de seus produtos.

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notícias de mercado

SemINÁrIo SHUre em São PaULo

www.musical-express.com.br
Nos dias 28 e 29 de novembro passado, o Comfort Hotel Downtown, lo-
calizado no centro de São Paulo, foi palco do Seminário Shure, promo-
vido pela Musical Express, nova distribuidora oficial da marca no país.

O encontro, que serviu para treinar profissionais no que diz respeito a


vendas e posicionamento da fabricante no mercado, além de fornecer
informações sobre a política de preços da distribuidora, também foi uma Participantes do seminário: Jon Lopes
oportunidade para que a Musical Express apresentasse a todos os parti- (à direita, mais à frente) comandou o
cipantes sua equipe de vendas, marketing e suporte. treinamento de produtos

O evento, que contou com a presença de vendedores internos e externos, supervisores, gerentes e representantes, também
recebeu Helio Garbin, gerente de vendas da Shure para a América Latina, e do diretor geral da Shure América Latina, José
Rivas. O comando do treinamento de produtos ficou a cargo de Jon Lopes, especialista em desenvolvimento de mercado.

ProgramaS eSPecIaIS de TreINameNTo No IaTec


Começam no dia 18 de janeiro, na unidade Centro do IATEC, no Rio de Janeiro, cinco novos cursos PET (Programa Especial
de Treinamento), feitos sob medida para quem pretende se aprofundar em diferentes áreas do mundo do áudio. O PET Sis-
temas de Sonorização para Igrejas, com duração de 137 horas, além de introduzir os interessados na prática de sonorização
de eventos em igrejas, incluindo alinhamento de PA, passagem de som e mixagem, fornece uma preparação completa, que
passa pelos fundamentos, equipamentos, sonorização e especialização em consoles digitais. Já os cursos Produção Musical
(com Logic ou Pro Tools) têm 170 horas e fornecem o conhecimento necessário para o trabalho e técnicas de gravação, edição,
mixagem e masterização, permitindo o domínio de softwares específicos.

No PET Áudio para TV e Cinema, também com 170 horas de duração, o aluno aprenderá sobre técnicas de captação de áudio
para transmissões no rádio, TV e para produções cinematográficas, além de técnicas de mixagem e sincronismo, softwares, trilha
sonora, sonorização na pós-produção e sonoplastia. Por fim, o curso
divulgação

Sistemas de Sonorização, que conta com 123 horas de aulas, além de


introduzir os interessados na prática de sonorização de shows e even-
tos, incluindo alinhamento de PA, passagem de som e mixagem, fornece
uma preparação completa, que passa pelos fundamentos, equipamen-
tos, sonorização e especialização em consoles digitais.

Para obter mais informações e realizar inscrições, visite http://iatec.


com.br/cursos/audio. Vale destacar que os cursos Produção Musical
(com Pro Tools), Áudio para TV e Cinema e Sistemas de Sonorização
Cursos PET do IATEC: turmas
também acontecem na unidade Fortaleza, com início agendado para
no Rio e em Fortaleza
o dia 19 de janeiro.

QUaNTa LIVe reaLIza em São PaULo


o eVeNTo VeNUe I S6L IN coNcerT
Lançado em abril durante a NAB, em Las Vegas, o sistema Já nos dias 1 e 2 de dezembro, com Kalunga, técnico de PA
Venue I S6L esteve pela primeira vez no Brasil durante a AES da cantora Ivete Sangalo, Ricardo Mantini e Eduardo Andra-
Brasil 2015, mas ainda era um protótipo, não sendo possível de, especialistas de produto da Avid e profissionais do som
ouvir o som. No entanto, no dia 30 de novembro passado, ao vivo participaram de demonstrações hands on, realizando
em evento promovido pela Quanta Live, finalmente o siste- mais testes e obtendo informações mais detalhadas sobre o
ma chegou a São Paulo pronto para ser usado. Os técnicos sistema S6L, que foi capa da AM&T 287, do último mês de
que estiveram no evento puderam ouvir, mixar e gravar com agosto. Segundo a Quanta Live, em breve o sistema será
o sistema a Banda Tri&D, que tocava ao vivo. apresentado em outras cidades do Brasil.

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noVos ProdUToS

d.a.S. do BraSIL aPreSeNTa NoVo SUB UX-221


Na última Expomusic, o estande da D.A.S. do Brasil foi palco pico em cada falante. A suspensão com excursão de 60 mm,
da apresentação de novos produtos profissionais da linha o conjunto magnético de neodímio e a aranha dupla de sili-
Aero Series 2, já usados em alguns dos maiores festivais do cone com rigidez melhorada proporcionam uma resposta de
mundo. Dentre eles, um dos destaques ficou por conta do graves sobressalentes.
subgrave UX-221A, que inclui dois falantes de 21’’ equipados
divulgação

com bobinas O gabinete, construído em contrachapado de bétula de 21 mm,


de 6’’, con- foi projetado para eliminar ressonâncias, sendo que a estru-
ta com am- tura, em madeira, está coberta com um robusto acabamento
plificação ISO-Flex D.A.S., que permite grande durabilidade. O produto
Powersoft possui, como opcional, a plataforma de transporte PL-221S,
e oferece que conta com rodas com travas e permite o empilhamento e
uma capa- transporte do sistema.
cidade de
potência de www.dasaudio.com
8.000 W de www.facebook.com/dasdobrasil

NoVoS gaBINeTeS marSHaLL em reedIçÕeS eSPecIaIS


Em 2015 foram comemorados os 50 anos de racterísticas tonais, acrescentando mais
lançamento do icônico Marshall Stack e tam- profundidade para overdrives.
divulgação

bém os 25 anos do lançamento do Silver Ju-


bilee 2555. Ambas ocasiões, marcantes para Além deste, a Marshall também lançou
a Marshall, fizeram com que a marca lançasse outros dois gabinetes: o 2551BV e o
algumas reedições especiais em comemora-
2551AV angulado, inspirados no Silver
ção a tais datas.
Jubilee. Os modelos são 4 x 12” em es-
tilo vintage e com corpo em prata, as-
Uma das reedições, o gabinete 1960BX
sim como a primeira versão lançada em
(foto), lançado em comemoração aos 50
1987. Cada caixa conta com quatro alto-
anos do Marshall Stack, é uma caixa para
guitarra com alto-falantes de 12” e 100 -falantes Celestion Vintage de 30” e 280
watts de potência. O modelo conta com gra- watts de potência.
ves controlados, médios e agudos detalhados,
além de produzir um som suave e definido, mesmo em www.marshallamps.com
volumes mais altos. Sua saturação lhe dá excelentes ca- www.proshows.com.br

Sae aUdIo LaNça SÉrIe TXQ de amPLIFIcadoreS


Com os mesmos recursos da série anterior, TX, foi lançada a com um consumo de energia mais baixo. Além disso, o PFC
nova série TXQ, da SAE Audio. Trata-se de uma solução re- melhora a qualidade de áudio, gerando harmônicos mais
comendada para todas as aplicações de sonorização que re- baixos da frequência da rede.
querem uma amplificação de multicanal com uma densidade
média de potência de saída e um som com qualidade e preço www.saeaudio.com
acessível. São três os modelos disponíveis: TX300Q (foto),
com 750 W/2Ω de potência de saída por canal; TX500Q,
divulgação

com 1250 W/2Ω de potência de saída por canal, e TX650Q,


com 1.600 W/2Ω de potência de saída por canal.

Desenvolvido com tecnologia digital classe D, com Power


Factor Correction (PFC), o equipamento também trabalho
com com uma fonte de alimentação Universal AC Mains
R- SMPS (90V – 260V), que permite uma potência maior

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noVos ProdUToS

doIS NoVoS modeLoS da SÉrIe zedI aLLeN & HeaTH


Projetados tanto para atender a músicos que desejam gravar parados e conectores TRS, um canal estéreo e um segundo canal
suas músicas ou seus shows quanto para pequenos eventos estéreo input para reverb ou playback. Os canais mono incluem
de AV, os novos modelos ZEDi combinam um mixer compacto DI circuito de alta impedância para as tomadas jack , permitindo
de 24 bits/96 kHz com uma interface que guitarras possam ser ligadas dire-
4 x 4 USB, que pode ativar gravação tamente no mixer. O ZEDi-10FX inclui
multitrack e playback tanto para Mac um sistema FX in-house projetado
quanto para PC ou conectar-se a um para que possam ser usados todos os
ção

aparelho iOS e usar um kit para co- efeitos, como reverbs, delays, chorus
divulga

nexão a uma câmera. Também são e outros modeladores dos multi-FX,


compatíveis com Cubase LE e com permitindo criar um som de com
o aplicativo Cubasis LE. qualidade de estúdio.

O ZEDi-10 (foto) e ZEDi-10FX têm www.allen-heath.com


quatro canais mono com XLR se- www.audiosystems.com.br

BUgera g20 INFINIUm JÁ No BraSIL


A Bugera acaba de trazer ao Brasil o G20 Infinium, um a tecnologia Infinium Tube Life Multiplier, que aumenta a vida
amplificador de guitarra Classe A com 20 watts de potência útil de tubos de alimentação em até 20 vezes, proporcionando
impulsionado por tubos ECC83 e EL34 que é uma alterna- uma maior confiabilidade ao equipamento.
tiva para quem procura um amp com um pouco mais de
headroom que seu “irmão menor”, o G5 Infinium.
www.music-group.com/brand/bugera/home
www.proshows.com.br
O G20 Infinium tem reverb integrado de alta definição, sele-
tor de impedância (4, 8 e 16 ohms) para combinar com pra-
ticamente qualquer caixa acústica e EQ Morph para variar a

divulgação
timbragem geral do amplificador entre uma sonoridade 100%
britânica e uma 100% americana. Outro recurso também pre-
sente no G5 é a saída XLR que simula uma caixa de 1 x 12”
ou 4 x 12”, conforme a escolha do usuário.

O cabeçote é construído à mão e conta com footswitch para se-


leção de canal e função Loop/Boost com seletor de atenuação
de sinal. Além disso, todos os modelos Infinium contam com

FoNTe comPacTa HarmaN Para mIcroFoNeS


O AKG B23 L é uma fonte de alimentação compacta com Phantom Power de saída de 9V e indicada para a série Micromic da AKG,
que conta com os modelos de microfones condensadores C516, C518 e C519. Desenvolvido para utilização de dois microfones
simultaneamente, possui controle de volume para cada entrada, saída mono e stereo, LED indicador
de bateria fraca e cabo para conexão com transmissor body pack wireless.
divulgação

As duas entradas mini-XLR-F (L e R) podem ser ligadas tanto em modo mono como estéreo. Outra ca-
racterística do B23 L é que ele pode ser usado como um mixer pequeno e portátil para até dois sinais de
áudio em um único aparelho. Dois controles de volume separados permitem que o usuário possa definir
o nível de cada microfone de forma independente, além de compensar diferenças de nível entre duas
fontes de áudio, como voz e instrumento, por exemplo. No painel traseiro do B23 L estão presentes o
compartimento para bateria e um clipe de metal para que possa ser fixado a um cinto, correia de guitarra
e outros acessórios. Duas pilhas AA garantem ao equipamento uma utilização média de 30 horas.

www.harman.com
www.harmandobrasil.com.br
12 | áudio música e tecnologia
áudio música e tecnologia | 13
em TemPo reaL | marcio Teixeira

christiano Santos
GustaVo
LenZa
G
ustavo Lenza, aos 40 anos, lembra que come- a grana é inversamente proporcional ao prazer gerado.
çou a gostar de música em casa, onde seus pais Daí, me liguei que não podia ficar só em estúdio e fui me
estavam sempre ouvindo MPB. “Meu pai toca- aventurar nos PAs também.”
va violão e me ensinou os primeiros acordes. Com sete
anos eu ficava ouvindo as rádios com um gravador de Desde que começou na área, Gustavo atuou como as-
cassete ligado a ele e fazia minhas primeiras mixtapes sistente no estúdio RAC/Teclachordy (“que hoje é a YB”,
ou playlists analógicas”, recorda ela. Desde então, a destaca), depois foi ser assistente no Mosh. Em seguida,
música nunca mais saiu de sua vida. E, apesar de bem atuou por seis anos na YB. “Na YB, eu era o cara do
novo, já estava ligado na parte técnica, preferindo fitas disco, junto com o mestre Cacá Lima. Esse sabe tudo e
TDK e Sony às demais. “Já me ligava nas fitas importa- mais um pouco! Gravei muito para o selo e era o enge-
das, e ia comprar na Santa Efigênica caixas delas.” De- nheiro da casa quando alugavam para outros projetos de
pois, na adolescência, veio a banda montada no colégio, fora. Foi uma grande escola! Por lá passou muita gente
a Banda Toca, na qual pilotou a guitarra por dez anos. boa da ‘cena’ independente paulistana.” Passado esse
“Meu interesse pelo estúdio veio a partir das gravações e período, Lenza vem atuando como freela, sendo que
experiências com minha banda”, explica. desde 2013 ele pode ser encontrado em sua sala de mix,
La Nave, trabalhando junto com o músico Chico Salém e
Seu primeiro estágio foi em 1993, no estúdio Vice-Versa, o engenheiro de masterização Felipe Tichauer.
que depois virou a Trama. “Foram seis meses colados no
engenheiro Nico Bloise, meu padrinho profissional. Depois A lista de artistas com quem Lenza já atuou em estúdio
disso, entrei na faculdade de Administração e só voltei a é bem significativa e já rendeu trabalhos que lhe deram
trabalhar em estúdio em 1996. Mas continuei com a ban- destaque na indústria. Entre o nomes, destaque para
da. No começo, achava que ia descambar para a publici- Arnaldo Antunes, Céu, Curumin, BNegão, Lucas Santta-
dade, mas nunca me adaptei muito com o ritmo e com na, Criolo e Emicida, Zeca Baleiro, Racionais, Instituto,
a vaidade que rola nesse meio”, conta Lenza. “Me sentia Mariana Aydar, Marcelo Camelo, Ná Ozzetti e Zé Miguel
muito mais realizado varando a noite gravando uma base Wisnik. Como técnico de PA, mais figurinhas carimbadas
do que fazendo duzentas versões para agradar o cara da contaram com o talento de Gustavo: Nação Zumbi (e
agência, que estava querendo agradar o cliente... Só que seu sensacional projeto paralelo Los Sebosos Postizos),

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em TemPo reaL

Curumin, Instituto, Criolo, Bixiga 70, Anelis Assumpção ne, um delay analógico... Na estrada você tem que lidar
e Iara Rennó, entre outros. Atualmente, Lenza faz o som com outros fatores, como acústica da casa, qualidade do
ao vivo de Ná Ozzetti, Zé Miguel Wisnik e Céu. equipamento, condições meteorológicas e público, e os
detalhes não interferem tanto no resultado. Mas, mesmo
“Tenho o maior orgulho de trabalhar com a Céu. Mixei assim, tento fazer um PA como se fosse mais um músico
dois discos dela mais o DVD ao vivo e coproduzi Vaga- da banda. Levo sempre meus efeitos comigo e gosto de
rosa junto com Beto Villares, Gui Amabis e ela. Gravei a participar do show.”
sessão com ela e Herbie Hancock no Mega, em São Pau-
lo, e fiz muitas turnês internacionais, tocando em festi- Perguntado sobre o que é necessário para ser um bom
vais como Coachella, Montreal Jazz Festival, Roskilde”, profissional e fazer seu trabalho com excelência, Lenza
lista o multiprofissional, destacando ainda seu trabalho nos passa sua própria receita. “Ouvir música, ouvir os
como produtor em um disco com Arnaldo Antunes, Ed- músicos e outros técnicos e ouvir quem ouve música.
gard Scandurra e Toumani Diabaté, do Mali. “Fomos para Ter calma, paciência, estudar e ter um ouvido treinado.
a África e gravamos por dez dias a participação dele no Também é muito importante saber lidar com as pesso-
disco. Uma experiência única!”, pontua. as, principalmente os artistas, que são mais sensíveis
por natureza. Não é puxar o saco, mas entender o que
Lenza conta que a experiência em estúdio lhe ajudou e eles querem, pois muitas vezes não é exatamente o
ainda ajuda muito quando faz um PA. “É verdade, pois que falam”, explica Gustavo, cujos planos para o futu-
me deu uma referência do que soa bem, as frequências ro mostram seu amor pelo que faz. “Quero continuar
que sujam, como comprimir corretivamente e artistica- trabalhando com música boa e pessoas legais. Produzir,
mente e, principalmente, na hora de alinhar um PA. E mixar, viajar... Ainda não tenho nada muito fechado para
fazer PA também ajuda no estúdio, pois no estúdio a 2016, apenas sondagens e pedidos de orçamento. Mas é
gente fica mais ágil e aprende a se virar com o que tem. sempre assim, né? Em 2015, apesar da crise, trabalhei
No estúdio, qualquer 5 cm na posição do microfone faz bastante! Espero que esse ano seja movimentado como
uma diferença brutal, assim como um pré de microfo- 2015, pelo menos!”

Bate-BoLa
Console: No estúdio, Neve. Na estrada, Soundcraft Vi6 Melhor sistema de som: Os da d&b
(ainda não peguei as Vi3000) e as Midas analógicas.
SPL alto ou baixo? Por que? Depende de onde quando
Microfone: Neumann U47 no estúdio e Shure SM 58 na e por que
estrada
Melhor posicionamento da house mix: No meio da pla-
Equipamento: Roland Space Echo 201 teia, não tão longe nem embaixo de mezanino

Periféricos: Distressor EL8-X, da Empirical Labs Unidade móvel: Audiomobile e Mix2Go

Plug-ins: Slate, Kush UBK, Altiverb, Sound Toys – todos Técnico inspiração: Evaldo Luna no PA e Victor Rice no
da UAD estúdio

Última grande novidade do mercado: Os plug-ins da Produtor inspiração: Beto Villares, Daniel Ganjaman,
Slate Digital Kassin e Mario Caldato Jr.

Melhores casas de shows do Brasil: Circo Voador, pela Sonhos na profissão (1. a realizar 2. já realizado):
vibe, e Citibank Hall, pelo conjunto da obra. Gostava mais 1. Viajar com todo o próprio sistema de som 2. Gravar o
do finado Palace... Herbie Hancock e Tony Allen – mestres supremos!

Melhor es companheiros de estrada: Fernando Narci- Dica para iniciantes: Ame o que você faz e ouça música
zo, Gustavo Potumatti e Renato Coppoli sempre!

16 | áudio música e tecnologia


Notícias do Front | Renato Muñoz

Quais as diferenças entre


os equipamentos X, Y e Z?
Lidando com novos e revolucionários lançamentos
de seus novos produtos:
Renato Muñoz

quantidade de canais de
entrada e saída, quanti-
dade de equalizadores,
taxa de processamento,
capacidade de processa-
mento, peso e por aí vai.

Confesso que apesar de


ser amigo e conhecer
quase todos os profissio-
nais que participam des-
tas demonstrações, são
pouquíssimas as que ver-
dadeiramente me empol-
gam de alguma maneira.
Normalmente, depois de
alguns minutos eu acabo
perdendo o interesse sim-
plesmente porque acho
Como carneirinhos, somos levados de um lado ao outro com muita que todas são exatamen-
informação desnecessária ou propositalmente incompleta te iguais e acabam por
mostrar sempre o óbvio!

L
iteralmente todo dia eu recebo um e-mail, vejo uma
postagem no Facebook ou no Twitter me dizendo Recentemente estava querendo trocar de carro e fui a al-
que a marca tal lançou um novo equipamento que gumas concessionárias. Fiquei impressionado como o ro-
irá revolucionar a maneira com que se trabalha com áu- teiro dos vendedores é exatamente o mesmo, então me
dio, além, é claro, de deixar todos os concorrentes para lembrei das feiras de áudio e da redundância na apresen-
trás, se tornando, sem dúvida nenhuma, a líder no mer- tação dos produtos. Revolvi, então, fazer uma pergunta
cado daquele momento em diante. para os vendedores que nunca tive coragem de fazer para
meus amigos: o que é ruim neste carro?
São novos consoles de mixagem, com quase 300 canais de
entrada e mais 200 de saída, que fazem a mixagem automa- COMO COMPARAR EQUIPAMENTOS?
ticamente, microfones capazes de captar com a maior defini-
ção possível até mesmo dentro da água, sistemas de caixas Antes de qualquer coisa, quero deixar muito claro que,
que se penduram e são alinhadas sozinhas e amplificadores primeiro, não tenho absolutamente nada contra profis-
com tanta potência que poderiam fazer um avião decolar. sionais que trabalham para fabricantes de equipamen-
tos de áudio. Muito pelo contrário. A segunda é que
Nas feiras de áudio ou similares, os amigos que agora sempre participei e continuarei participando de feiras
também trabalham para as empresas fabricantes destes de áudio por achar que elas são fundamentais para o
equipamentos se esforçam para demostrar as virtudes nosso mercado.

18 | áudio música e tecnologia


para fazer estas comparações sem nenhum tipo
de discriminação ou preconceito? Como saber
qual deles será mais compatível com nossas
necessidades?

o Que Queremos e o Que


reaLmente preCisamos?
Sei que o que vou falar pode estar longe da
realidade de muitas das pessoas que estão len-
do este artigo. São poucas as pessoas no nosso
mercado de trabalho que realmente podem esco-
lher todo o equipamento com o qual vão trabalhar.
Sei também que esta realidade está melhorando, e
com a grande quantidade de equipamentos no mercado,
Como comparar dois produtos fica cada vez mais possível se fazer isto.
como estes na hora da compra?
Tendo uma hipotética situação da possibilidade de esco-
lha de todos os equipamento que gostaríamos de utili-
Quando vejo alguns destes equipamentos sendo expostos ou
zar, já passou pela sua cabeça tudo o que você gostaria
demonstrados, algumas perguntas sempre me veem à cabe-
de usar? Faça esta experiência. Pense em tudo o que
ça, e, por algum motivo, elas estão quase sempre fora dos
você gostaria de ter para fazer um show: console, peri-
roteiros de apresentação. É claro que nem todas podem ser
féricos, processadores, caixas, microfones, cabeamen-
feitas pelos representantes, só acho que uma apresentação
to, pedestais... Absolutamente tudo.
que sai do roteiro uma vez ou outra não faz mal a ninguém.

Agora pense no que realmente seria necessário e in-


Como fazer, por exemplo, a comparação entre dois con-
dispensável e o que seriam apenas equipamentos da
soles de mixagem ao vivo que custam, cada
um, mais de 400 mil dólares, possuem algu-

divulgação
mas centenas de canais de entradas e saídas,
além de todos aqueles penduricalhos que já
conhecemos muito bem? A diferença sonora
será tão grande que qualquer pessoa na pla-
teia saberia distinguir um do outro?

Esta comparação, é claro, serve para todos


os outros equipamentos de áudio que pos-
sam ser encontrados dentro de um sistema de
sonorização. Aqui eu poderia dizer que estes
equipamentos deveriam, é claro, estar den-
tro da mesma faixas de preço, só que, como
veremos mais à frente, equipamentos mais
baratos, em algumas situações, não deixam
nada a desejar se comparados aos mais caros.

Como fazemos, então, para comparar e tes-


tar equipamentos tão caros, tão complexos,
com características tão semelhantes em
diferentes faixas de preços e com aplica- Empresas com um bom marketing conseguem criar no mercado
ções tão parecidas? Como teremos isenção uma necessidade que não existia

áudio música e tecnologia | 19


Notícias do Front

moda e que provavelmente não teriam tanta utilização mais em conta, porém, com menor qualidade?
assim. Pode acreditar em mim – eu tenho este tipo de
pensamento em todos os shows que faço: o que eu Isto pode servir de referência para futuras compras.
gostaria de ter e o que seria realmente necessário para É importante lembrar que, em alguns poucos casos,
fazer o trabalho de forma correta. Isso pode ser um preços mais altos não significam necessariamente pro-
bom exercício. dutos melhores, assim como preços mais em conta
não significam produtos de pior qualidade. Além dis-
A Apple, que há muito tempo deixou de ser uma fabrican- so, depois de uma determinada faixa de preço mais
te unicamente de computadores pessoais para se tornar elevadaas diferenças entre produtos são resumidas a
a maior empresa do mundo, vendendo desde telefones, pequenos detalhes.
passando por relógios e até música, tem como principal
estratégia de venda em todos os seus campos de atuação Imaginemos que você é dono de uma empresa de so-
conseguir criar junto ao consumidor um desejo por seus norização ou um gerente de uma empresa responsá-
produtos maior do que uma real necessidade. vel pela indicação da compra de equipamentos. Você
pode escolher entre dois consoles na faixa de 300 mil
Nós, que trabalhamos profissionalmente com estes equi- dólares cada. Qual seria a sua linha de “raciocínio mer-
pamentos todos os dias, temos que ter o discernimento cadológico”? Marca do fabricante, taxa de resolução,
em relação ao que realmente é bom e necessário e ao que quantidade de processamento, quantidade de canais
é apenas um novo lançamento sem muita relevância no de entrada e saída?
mercado. A grande questão é: como podemos fazer esta
diferenciação, já que somos bombardeados diariamente Não seria mais lógico começar por aceitação dos téc-
com estes novos lançamentos? nicos por determinada marca? Confiabilidade da marca
dentro do mercado, assistência técnica e pós-venda da
COMO ESCOLHER marca? Desta forma, os aspectos técnicos foram deixa-
UM BOM EQUIPAMENTO dos de lado para que os aspectos humanos sejam leva-
dos em consideração (não que estejam todos certos).
Pra início de conversa, é fundamental que você tenha um Fazendo isto, você começa a procurar aqueles pequenos
bom conhecimento do que acontece dentro do mercado detalhes que farão diferença.
de equipamentos de áudio. Quais são as marcas melhor
estabelecidas? Quais têm maior credibilidade no merca- Logo você verá que nem sempre as marcas teoricamente
do? Quais têm preços mais elevados? Quais são as empre- com maiores qualidades podem não ser a primeira opção
sas de, digamos, “segunda linha” – aquelas com preços de um grande número de técnicos. Alguns destes técnicos
Divulgação

Divulgação

Depois de um patamar de preços, os produtos ficam bem parecidos. Neste momento os detalhes são mais importantes.

20 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 21
Notícias do Front

Já toquei neste assunto por mais


Reprodução

de uma vez e infelizmente acho


que continuarei falando sobre isso
ainda durante um bom tempo. O
que adianta a empresa de sono-
rização ter um PA que pode ser
processado de diversas formas e
os técnicos que trabalham com
tal sistema mal saberem desta
opção e nem possuírem um com-
putador para fazer tais ajustes?

Este é apenas um exemplo bá-


sico do que tenho visto por aí.
Então fica a pergunta: por que
não comprar um sistema mais
barato e que tenha uma mani-
pulação mais acessível? A minha
resposta é: porque o certo seria
termos profissionais melhor pre-
parados! Não podemos pensar
O planejamento da compra deve ser feito por um especialista pequeno – devemos, sim, me-
no assunto. Só assim o dinheiro será bem aplicado. lhorar a nossa mão de obra para
não termos este problema.

não estão muito preocupados com características técnicas Se estamos falando de lugares mais simples, equipamen-
(por mais estranho que isso possa parecer), mas, sim, tos mais simples também podem ser utilizados. Muitas
preocupados com a praticidade e rapidez no trabalho com vezes a economia que foi feita nos equipamentos pode ser
estes consoles ou outros equipamentos. aplicada no próprio local, em pontos como infraestrutura,
tratamento acústico e, é claro, na compra de outros equi-
VALE A PENA EQUIPAMENTOS pamentos. Nada pior do que chegar com um equipamento
TÃO CAROS? muito caro em um lugar caindo aos pedaços.

A resposta é: depende. Tudo tem a ver com a sua apli- Sempre que falamos na compra de qualquer equipa-
cação e, principalmente, como estes equipamentos se- mento, devemos levar em consideração os aspectos fi-
rão utilizados pelos técnicos responsáveis. Infelizmente, nanceiros e técnicos. É muito importante que um técnico
o que eu mais tenho visto nos últimos anos são equipa- especializado (de confiança, e não megalomaníaco) seja
mentos subutilizados. Equipamentos que valem peque- ouvido. Muitas vezes, soluções técnicas podem evitar o
nas fortunas muitas vezes não têm nem 50% de sua desperdício do dinheiro que o pessoal de compras gosta
capacidade de funcionamento aproveitada. tanto de economizar. •

Renato Muñoz é formado em Comunicação Social e atua como instrutor do IATEC e técnico de gravação e PA. Iniciou sua carreira
em 1990 e desde 2003 trabalha com o Skank. E-mail: [email protected]

22 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 23
Plug-ins | Cristiano Moura

Waves Cobalt
Saphira
Uma nova visão sobre o controle de harmônicos

Q
uando menos se es-
pera, a Waves apa-
rece novamente ofe-
recendo não apenas um novo
plug-in, mas uma nova pro-
posta para manipular áudio
com uma nova linha de pen-
samento.

Cobalt será o nome de um novo


pacote, e o Saphira é o primei-
ro plug-in a ser anunciado. Fi-
zemos o primeiro test drive, e
neste artigo vamos conhecer as
opções dentro deste plug-in.

PROPOSTA
De forma bem simples, pode-
mos resumir o Saphira como
um plug-in de manipulação de Fig. 1 – Fluxo de sinal do Cobalt Saphira
harmônicos do áudio. Existem
outros processadores e preamplificadores que forma independente e é somado no final da cadeia.
nos permitem manipular harmônicos, mas nada
que eu conheça possui o nível de controle e opção
CONHECENDO A INTERFACE
do Waves Cobalt Saphira.

O setor principal do plug-in é dividido em quatro


Por exemplo, temos controles independentes do
faders (fig. 2). Do lado esquerdo (azul) temos os
quanto queremos acrescentar de harmônicos pa-
controles dos harmônicos pares. Do lado direito
res e ímpares. Mais que isso, podemos manipular
(vermelho), os dos harmônicos ímpares.
apenas em uma faixa de frequência, por exemplo,
acrescentando harmônicos ímpares apenas no mé-
dio e no agudo, mas não no grave. Sabendo que o estudo e conhecimento sobre a sé-
rie harmônica (fig. 3) e os efeitos no som depen-
Internamente, há um processo acontecendo em pa- dem muito da formação do usuário, a Waves optou
ralelo, e não em série (fig. 1). O plug-in subdivide o também por uma linguagem menos técnica, utili-
sinal em três fragmentos: sinal original, processador zando os adjetivos como “edge” e “warmth”. É uma
de harmônicos pares e de harmônicos ímpares. Na linguagem mais informal para ajudar os iniciantes.
prática, é importante entender que tudo acontece de No Brasil, normalmente traduzimos “Edge” como

24 | áudio música e tecnologia


Fig. 3 – Série harmônica com destaque para os harmônicos pares

aquele som mais “ardido” ou “pontudo”, enquanto Abaixo, temos os harmonics modes. São sete opções
o termo “warmth” é ligado ao supervalorizado som de como o plug-in vai se comportar na manipulação de
“quente”. Todos já devem ter ouvido alguém falar harmônicos. A barra cinza representa a fundamental,
sobre passar uma mix por um gravador de fita para barras azuis representam os harmônicos pares e barras
“dar uma esquentada” no som. vermelhas os ímpares.

Infelizmente, acaba ficando confuso, num primeiro


Repare que cada um deles tem dois controles, send
momento, ver “H1”, “H3” etc. com cor azul e sendo
e return (nomenclatura mais adequada por conta do
considerados harmônicos pares, e “H2”, “H4” etc.
fluxo de sinal). Mais à frente vamos dar sugestões de
com cor vermelha e sendo considerados ímpares.
como utilizá-los.
Isto acontece porque, na teoria musical, a funda-
mental é contabilizada como “primeiro harmô-
nico”, portanto o “H1”, na verdade, deve ser
contabilizado como segundo harmônico, e assim
por diante. A Waves pisou na bola e misturou a
maneira de “contabilizar”, e isso vai causar con-
fusão pra muita gente. Resumindo, ignorem os
nomes H1, H2, H3 e usem apenas as cores como
referência. Azul para harmônico par e vermelho
para harmônico ímpar.

O setor mais abaixo é o da equalização, que per-


mite que o usuário defina a faixa de frequência
em que harmônicos pares e ímpares serão ma-
nipulados.

SUGESTÕES DE ONDE
E COMO USAR
Verdade seja dita, além de um processador
muito útil, o Waves Cobalt Saphira é um plug-
-in muito educativo, que ajuda a entender e a
estudar a importância e influência da série har-
mônica e os seus efeitos.

Como ponto de partida, recomendo começar


utilizando em um subgrupo de instrumentos ou
Fig. 2 – Controles principais

áudio música e tecnologia | 25


Plug-ins

e a relação entre eles. Repare, por exemplo, no


harmonic mode B (fig. 2) e E (fig. 4). O harmonic
mode E tem mais ênfase em harmônicos pares,
que são naturalmente mais “musicais”.

E por que usamos este termo, “mais musical”?


Repare que nos intervalos dos harmônicos pares
temos oitavas e quintas até o 8º harmônico. São
intervalos extremamente consonantes (fig. 3). Ou
seja, o timbre tem as fundamentais muito bem en-
riquecidas. Agora repare o harmonic mode B (fig.
2). Nestes, temos ênfase nos harmônicos ímpares.

Então faz sentido que a escolha dos harmonic


modes ande junto com a quantidade de send/
return de um dos grupos. Nada contra experie-
mentar, mas vale a observação.

SIMULANDO EFEITOS
COLATERAIS DA FITA
Mais acima comentamos sobre a técnica de pas-
Fig. 4 – Harmonic Mode E: sar uma mixagem por um gravador de fita para
ênfase em harmônicos pares trazer harmônicos, mas existem dois efeitos colate-
rais neste processo. Primeiramente, há uma perda e
mesmo no Master Fader, afetando a mixagem com- reforço em certas faixas de frequências (ou seja, vai
pletamente, pois será mais fácil de ouvir o efeito em alterar o equilíbrio da mix), e, em segundo, se a má-
um material sonoro rico em harmônicos. Subgrupos quina não estiver com a manutenção em dia, pode
de bateria, metais, guitarras são boas opções. haver pequenas alterações na velocidade da fita que
vai afetar diretamente a afinação.
Nos controles de harmônicos, a maneira mais fácil de
pensar é encarando o “send” como o botão que acres- À esquerda temos um setor chamado de “Tape” para
centa ou subtrai harmônicos. Use este controle para trazer esta possibilidade. Não precisa ser usado sem-
achar o timbre que mais te agrada. Como primeira pre. Alias, há de se ter uma boa justificativa para usar.
investida, recomendo subir bastante o fader até ouvir
o sinal distorcer claramente. Depois retorne um pouco Speed é a velocidade da fita, e o ajuste é simples,
e siga em frente para os próximos controles. pois é um “perde e ganha” bem simples e direto.
Com velocidades lentas (menor valor), os graves se-
Já o “Return” pode ser visto como um botão de con- rão acentuados, mas agudos serão cortados. Quanto
trole de saída “geral”. Vai influenciar na mix final, mais rápida, mais linear (flat), e, por consequência,
mas não na quantidade de distorção harmônica que menos efeitos colaterais.
você definiu com o botão “send”.
E vamos ficando por aqui, desejando um feliz ano
Sobre os Harmonics Modes, podemos entender como novo para todos os leitores!
a estrutura de harmônicos e tem relação com a pre-
sença de cada um dos harmônicos da série harmônica Abraços e muito sucesso em 2016! •

Cristiano Moura é produtor musical e instrutor certificado da Avid. Atualmente leciona cursos oficiais em Pro Tools, Waves,
Sibelius e os treinamentos em mixagem na ProClass. Também é professor da UFRJ, onde ministra as disciplinas Edição de
Trilha Sonora, Gravação e Mixagem de Áudio e Elementos da Linguagem Musical. Email: [email protected]

26 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 27
em casa | Lucas Ramos

Dicas e técnicas de gravação


em um home studio (Parte 10)
Técnicas de gravação de baixo elétrico

N
a edição passada terminamos a série sobre ruído no seu sinal elétrico, é recomendável levá-lo
gravação de bateria, e esse mês vamos falar num luthier para fazer a manutenção da parte elé-
sobre gravação de baixo – elétrico e acústi- trica e minimizar ao máximo os ruídos. Não adianta
co. O baixo é um dos instrumentos mais utilizados e insistir – se o instrumento não soar bem por si só, a
importantes na música ocidental, pois é o elo entre gravação não será boa nunca.
a percussão e as partes melódicas e harmônicas de
uma música. Junto com a bateria, o baixo forma a Não é tão comum trocar as cordas de um baixo,
chamada “cozinha”, que é a “espinha dorsal” res- pelo menos não como uma guitarra ou um violão,
ponsável por sustentar a música e definir seu “groo- pois não costumam quebrar ou gastar com tanta
ve”. Por isso, é muito importante saber tirar uma óti- frequência. Mas é importante que as cordas estejam
ma sonoridade na gravação do baixo... Então vamos em bom estado, sem oxidação (ferrugem), e, acima
aprender como! de tudo, soando bem. Se for necessário trocar o
encordoamento do baixo, faça isso sempre um
SONORIDADE, RUÍDOS E ou dois dias antes da gravação, pois cordas novas
ATERRAMENTO tendem a desafinar rápida e constantemente. E se o
baixo estiver desafinado, não adianta nada ter uma
O tipo de baixo mais usado nas últimas décadas é o sonoridade boa, pois a gravação ficará comprometida.
baixo elétrico, pois é um pouco mais fácil de tocar,
devido aos trastes e sua escala reduzida, mas tam- Outro problema na sonoridade pode vir da indu-
bém é menor e mais leve, o que facilita o transpor- ção de ruídos e chiados nos cabo. Como o sinal
te. Além de tudo isso, o preço de um baixo elétrico elétrico de um baixo é de alta impedância (e não-
costuma ser muito mais baixo que o de um acústico, -balanceado!), é muito suscetível à indução de ru-
tornando o instrumento mais acessível. E, por essas ídos eletromagnéticos ou de radiofrequência. Isso
razões, é mais comum se deparar com um baixo elé- significa que é possível captar um chiado vindo
trico em uma gravação do que um baixo acústico. das tomadas e fios elétricos, de equipamentos ou

E, como com todo instru-


mento e toda gravação, o
elemento mais importan-
te para se obter uma gra-
vação de alta qualidade é
um instrumento com uma
sonoridade de alta quali-
dade (sempre em relação
à sonoridade que você está
buscando). Por isso, certi-
fique-se de que o baixo a
ser gravado está em boas
condições, com cordas em
bom estado, e sem muitos
ruídos ou chiados no seu
sistema elétrico. Se o baixo
estiver apresentando muito

Como o sinal de um baixo é muito suscetível à indução de ruídos


eletromagnéticos, nunca mantenha os cabos de áudio posicionados em paralelo
com fios elétricos, e, se for necessário, cruze o cabo de áudio a 90º do fio elétrico
28 | áudio música e tecnologia
até de ondas de rádio (especialmente se o cabo
fora longo). Para minimizar esse problema, utilize
cabos curtos e posicione-os longe de tomadas
e fios elétricos. E nunca mantenha cabos de
áudio posicionados em paralelo com fios elé-
tricos. Se for necessário, cruze o cabo de áudio
a 90º do fio elétrico.

O posicionamento do captador do baixo


em relação ao campo eletromagnético
gerado pelo sistema elétrico da sala
também pode induzir ruídos no sinal. A
quantidade de ruído estará relacionada
ao posicionamento do captador no campo
eletromagnético, por isso, tente mudar o
ângulo ou até a posição do baixo na sala
até encontrar um ponto que gere o mínimo
de ruído possível.

O aterramento do sistema elétrico ao qual o


amplificador de baixo e o pré-amplificador es- Se quando o músico encostar nas cordas o
tiverem ligados também pode gerar ruídos. Se ruído parar, conecte um fio entre alguma parte
houver um “loop de terra” (quando há diferen- do corpo do músico e o aterramento do cabo
ça de potencial entre o aterramento de dois que estiver ligado ao instrumento. Assim o
equipamentos), é provável que haja um ruído músico será “aterrado” no mesmo ponto que o
(“hum”) no sinal, possivelmente comprome- instrumento, e o ruído deverá diminuir.
tendo a integridade da gravação.

Para evitar isso (além de fazer um aterramento CABOS


adequado para sua sala de gravação, é claro!),
conecte o amplificador de baixo na mesma toma- Os cabos são geralmente o elo mais fraco na ca-
da que o pré-amplificador (use uma extensão, se deia de sinal de uma gravação, e no caso de um
for necessário). Também é importante se certificar baixo é a mesma coisa. A maioria das pessoas
de que o cabo do amplificador tem três pinos (in- quer gastar o máximo possível na compra do seu
cluindo o “terra”). E se você estiver utilizando uma instrumento para obter a melhor sonoridade pos-
direct box, é possível utilizar a chave “ground lift”, sível, para depois passá-lo por um cabo que custe
que irá desconectar o aterramento entre o baixo o mínimo possível! Com isso, o instrumento com
e o pré-amplificador e, possivelmente, eliminar o uma ótima sonoridade fica à mercê de um cabo
ruído causado pelo “loop de terra”. Por isso, mui- de baixa qualidade, sendo suscetível a ruídos e
tas vezes pode ser útil o uso de uma direct box perdas de frequências.
simplesmente por essa função.
Por isso, utilize sempre cabos de boa qualidade
Se quando o músico encostar nas cordas o ruído e que estejam em ótimo estado de conservação.
parar, então é porque o corpo dele está agindo Sem oxidação, e com as soldas firmes e sólidas
como uma placa de um capacitor. A solução é sim- nos conectores. Como o sinal é de altíssima im-
ples: conecte um fio entre alguma parte do corpo pedância e não-balanceado, é importante que o
do músico (na pele exposta) e o aterramento do cabo tenha uma blindagem de alta eficiência para
cabo que estiver ligado ao instrumento. Assim o minimizar a quantidade de ruído induzido. Evite
músico será “aterrado” no mesmo ponto que o ins- “dobrar” o cabo e certifique-se de que não há ras-
trumento, e o ruído deverá diminuir. Pode parecer gos ou rachaduras ao longo do cabo, pois pode
estranho, mas funciona! comprometer a blindagem e o isolamento do sinal.

áudio música e tecnologia | 29


em caSa

LinHa ou miCrofone...
ou os dois?
O sinal de um baixo gravado “em linha” muitas ve-
zes é capaz de satisfazer as necessidades sonoras,
pois geralmente contém uma presença razoável do
peso dos graves e também a definição dos médios e
agudos (pelo menos se o baixo for bom!). Por isso,
muitas vezes basta “plugar” o baixo em uma en-
trada de alta impedância do seu pré-amplificador e
sair gravando. A maioria dos pré-
-amplificadores e interfaces de
áudio hoje em dia dispõem de
entradas nessas especificações,
geralmente indicadas pela pala-
vra “Instrument” ou “Hi-Z”. Nes-
se caso, é possível ligar um baixo
diretamente nessas entradas para
gravação. Há, inclusive, alguns
pré-amplificadores no mercado
que são feitos especificamente
para a gravação de baixos.

Também é possível ligar o baixo Amplificadores pequenos, com um único falante, são feitos
direto em um amplificador de mais para estudo ou ensaio, pois não reproduzem toda a
baixo e gravar a saída de linha extensão de frequências necessária. Já os bons amplificadores
do amplificador (sem microfo- incluirão múltiplos falantes com tamanhos diferentes.
ne). Muitos amplificadores de
baixo dispõem de uma saída
de baixa impedância especialmente para a grava-
ção “em linha”. Dessa forma, o
baixo é ligado diretamente no
amplificador, e a saída do am-
plificador é ligada a um pré-
-amplificador de microfone.

Porém, muitas vezes o sinal “em


linha” sozinho não tem todas as carac-
terísticas sonoras desejadas, especial-
mente em relação às frequências muito
baixas. Nesse caso, utiliza-se uma di-
rect box (veja box a seguir), que per-
mite dividir o sinal em dois – um para
ser gravado “em linha” e outro para ser
ligado a um amplificador, que é, então,
microfonado e o sinal dos microfones
também é gravado.

Muitas vezes o sinal “em linha” sozinho não proporciona a Essa opção é a mais recomendada
sonoridade desejada. Nesse caso, utiliza-se uma direct box quando há um bom amplificador de
para dividir o sinal em dois – um para ser gravado “em linha” baixo com um falante grande, capaz
e outro para ser ligado a um amplificador, que é, então,
microfonado e o sinal dos microfones também é gravado.

30 | áudio música e tecnologia


Direct box

Quando estiver gravando “em linha”, é importante que o cabo do


baixo esteja ligado em uma entrada de alta impedância (Hi-Z),
própria para instrumentos elétricos. Porém, se não houver esse
tipo de conexão, somente entradas de linha ou microfone, será
necessário o uso de uma “direct box”, um dispositivo que converte
um sinal não-balanceado e de alta impedância em um sinal ba-
lanceado de baixa impedância. Dessa forma, o baixo é ligado na
direct box e a saída de baixa impedância é ligada a uma entrada
de microfone de um pré-amplificador.

Outra utilidade de uma direct box é que, além de converter, também


divide (split) o sinal, com uma outra saída não-balanceada e de alta
impedância (sinal idêntico ao que sai diretamente o baixo), além da
saída de baixa impedância. Isso permite gravar o sinal da saída de
baixa impedância em linha e ligar a saída de alta impedância em um
amplificador de baixo para ser microfonado, e os sinais dos microfo-
nes também gravados.

Essa é a opção que dará maior flexibilidade, pois você terá o sinal em
linha definido, mas também poderá trabalhar a sonoridade através
do posicionamento e da escolha dos microfones.

de reproduzir as frequências mais baixas, que às vezes faltam ao sinal


de linha. Dessa forma você terá maior flexibilidade para conseguir a
sonoridade desejada na gravação, pois além do sinal “limpo” e defi-
nido da linha, também poderá utilizar a escolha de microfones e seus
posicionamentos para “lapidar” o seu timbre.

Para isso, é fundamental ter um amplificador de alta qualidade, com


uma sonoridade que contenha todas as características que você dese-
ja. Muitos baixistas dispõem de um amplificador “pequeno” (que já é
bem grande!) com um único falante. Esses amplificadores são feitos
mais para estudo ou ensaio, pois não reproduzem toda a extensão de
frequências necessária, e geralmente o baixo soa “abafado” e, muitas
vezes, sem “peso”.

Esse tipo de amplificador pode até ser útil para uma gravação, es-
pecialmente se o falante for grande e tiver bastante grave. Mas,
nesse caso, deve-se sempre gravar também o sinal do baixo “em
linha” (através de uma direct box) para obter a “definição” que ge-
ralmente falta a esse tipo de amplificador.

Já os bons amplificadores de baixo incluirão múltiplos falantes com

áudio música e tecnologia | 31


em casa

tamanhos diferentes para reproduzir toda a exten- frequência nos médios e agudos. Posicione-o três a
são de frequências necessária. Esses amplificado- cinco centímetros de distância, procurando a melhor
res são a melhor opção, pois você terá múltiplos posição em torno do falante. Se estiver gravando
tipos de falantes reproduzindo diferentes faixas um amplificador com mais de uma via, posicione
de frequências, dos graves aos agudos. Porém, esse microfone nos falantes menores.
esses amplificadores são muito difíceis de trans-
portar devido ao seu tamanho e peso, e também 3. Tente sempre procurar a melhor posição para
são bastante caros. Por essas razões esse tipo de cada microfone em torno do falante. No centro
amplificador é menos comum em home studios. do falante haverá mais definição e brilho (agu-
dos), enquanto nas bordas haverá menos agudos
POSICIONAMENTO DOS e, proporcionalmente, mais graves. Experimente
MICROFONES com posições e distâncias diferentes até encontrar
a melhor sonoridade. Nessas horas um assistente
1. Para captar as frequências graves, utilize um mi- é muito útil, pois ele pode ficar ajustando o posi-
crofone dinâmico com cápsula grande e boa respos- cionamento dos microfones enquanto você escuta
ta de frequência nos graves. Posicione-o três a cinco o resultado sonoro.
centímetros de distância, procurando a melhor po-
sição em torno do falante. Se estiver gravando um Por isso, alguma pessoas constroem “robôs” de
amplificador com mais de uma via, posicione esse microfone, que permitem mover um microfone à
microfone nos falantes maiores. distância enquanto você escuta o resultado sono-
ro. Seja com um assistente humano ou robótico, é
2. Para captar os médios e agudos, utilize um micro- bem mais pratico ter uma maneira de reposicionar
fone dinâmico de cápsula pequena e boa resposta de os microfones enquanto você ouve o resultado.

4. Experimente acrescentar um microfone conden-


sador um a dois metros de distância para captar
as reverberações na sala. Essa técnica funciona
melhor em salas grandes e em timbres de baixo
mais “limpos”.

5. Para um som de “metal”, é comum passar o


sinal do baixo por um amplificador de guitar-
ra com distorção, além do sinal “em linha” e o
amplificador de baixo. Os amplificadores de gui-
tarra geram frequências médias mais “ríspidas” e
muitas vezes proporcionam uma sonoridade mais
“agressiva”, apesar de ter menos grave. Para
isso, será necessário dividir o sinal do baixo em
três vias – uma “em linha”, uma no amplifica-
dor de baixo e uma no amplificador de guitar-
ra. Utilize microfones nos amplificadores para
captar as diferentes características sonoras de
cada e some ao sinal “em linha”.

6. Quando estiver utilizando mais de um micro-


Para captar as frequências graves, utilize um fone, ou se estiver gravando o sinal “em linha”
microfone dinâmico com boa resposta de frequência além dos microfones, é sempre fundamental che-
nos graves, a uma distância de três a cinco car a fase entre todos os canais do baixo. Ouça
centímetros do falante. Para captar os médios e primeiro somente o canal do microfone que estiver
agudos, utilize um microfone dinâmico com boa mais afastado do amplificador (usando o “solo”) e
resposta de frequência nos médios e agudos. acrescente o microfone que tenha maior presença

32 | áudio música e tecnologia


Tente sempre procurar a melhor posição para
cada microfone em torno do falante. No centro
do falante haverá mais definição e brilho
(agudos), enquanto nas bordas haverá menos
agudos e, proporcionalmente, mais graves.

de frequências graves. Inverta a fase do segundo canal e


ouça se há um aumento ou redução das frequências graves e
escolha a opção que oferecer maior presença das frequências
baixas. Repita esse processo acrescentando os outros canais
um por um, invertendo a fase de cada e escolhendo a posição
que proporcionar mais grave.

Vamos ficando por aqui nessa edição, mas na próxima vamos


falar de gravação de baixo acústico e instrumentos de corda.
Não percam!

Mês que vem tem mais...


Até lá! •

Lucas ramos é tricolor de coração, engenheiro de áudio, produtor


musical e professor do IaTec. Formado em engenharia de Áudio pela
Sae (School of audio engineering), dispõe de certificações oficiais
como Pro Tools certified operator, apple Logic certified Trainer e
ableton Live certified Trainer. e-mail: [email protected]

áudio música e tecnologia | 33


TeSTe | José carlos Pires Junior e Lucas c. meneguette

ampLifiCador neXt
pro r2 muLtifLeX
a indústria nacional reagindo à crise

C
om a alta do dólar nes-
se último ano, o con-
sumidor que vinha
acostumado a buscar solu-
ções no mercado internacio-
nal de áudio se viu em um
momento de muita aflição e
expectativa. No entanto, tam-
bém é nesses momentos de crise que o

Divulgação
mercado se reformula e passamos a observar melhor
os produtos que estão ao nosso redor.

Uma boa parte da população brasileira ainda deve se O painel frontal, feito em alumínio,
lembrar da dificuldade de se conseguir produtos impor- possui um design de linhas suaves e uma
tados nos anos 1970 e no início dos anos 1980. Devido a bela entrada de ar que, além de incorporada ao design
uma politica de reserva de mercado que não incentivava visual, aumenta muito a eficiência do arrefecimento. Ou-
e que sobretaxava a importação de produtos, o brasilei- tro aspecto importante com relação às entradas de ar é
ro se viu obrigado a aprimorar seus meios de produção e o filtro móvel, que facilita a limpeza periódica e impede
sanar as necessidades internas com o desenvolvimento o acúmulo de poeira e outras partículas provenientes do
da indústria nacional. ambiente de operação. Também no painel frontal temos
acesso rápido a informações essenciais para o momento
Nesse sentido, nós, do curso de Produção Fonográfica da da operação, sinalizados pelos LEDs “Active Protek” e
Fatec-Tatuí, apoiamos o desenvolvimento e o aprimora- “Temp Monitor”, além da graduação de entrega de po-
mento de empresas nacionais relacionadas ao mercado tência. Os níveis de potência são representados por qua-
de áudio e sentimos uma grande satisfação em poder tro LEDs em -24 dB, -12 dB, -6dB e “Full Power”.
contribuir escrevendo sobre o amplificador Next Pro R2
MultiFlex, de dois canais, com potência total de 2000 W. O amplificador possui três botões na parte da frente –
um para ligar ou desligar e dois knobs para controlar
primeiras impressÕes o ganho dos dois canais disponíveis para amplificação.
Atrás encontram-se a alimentação AC, o botão seletor
As primeiras impressões são sempre muito importantes. de modo estéreo ou mono/bridge e as conexões de áu-
Recebemos o produto muito bem embalado e contendo um dio: duas entradas XLR fêmeas e duas saídas XLR macho
guia de configuração rápida, bem localizado na parte supe- para link/out, além de duas saídas de alta potência spe-
rior da embalagem. Nesse guia temos acesso imediato às akON NL4MP, sendo todos conectores da marca Neutrik.
questões essenciais de utilização, como tensão de operação
e formas de conexão do cabeamento. Outra ótima impres- ampLifiCaçÃo CLasse d
são causada pelo amplificador foi com relação ao acaba-
mento, que além de não possuir arestas pontiagudas ou Como é de conhecimento de muitos técnicos de P.A., o peso
cortantes, possui uma pintura eletrostática de alta resistên- dos equipamentos de amplificação pode ser um problema
cia e um conjunto ao mesmo tempo robusto e leve. na hora do transporte e da montagem de shows. Isso é bas-

34 | áudio música e tecnologia


tante aliviado com o uso de amplificadores de potência clas- pfC – poWer faCtor CorreCtion
se D, como é o caso do Next Pro R2, que pesa apenas 5,5
kg (sendo, inclusive, mais leve que a média da categoria).
O Next Pro R2 também possui um diferencial de mercado
Além disso, esse tipo de amplificador consome bem menos
realmente necessário para as condições de uso brasilei-
energia e tem um melhor rendimento, esquentando menos
ras. Não é raro montagens de P.A. serem realizadas em
que amplificadores de classe A/B, por exemplo.
condições de variação abruptas de tensão elétrica, causa-
das por geradores de baixa qualidade ou por rede elétri-
Esse diferencial é conseguido por meio de um concei-
ca precária. Nesse sentido, a função PFC – Power Factor
to um tanto complexo de amplificação. Em amplifica-
Correction preserva o circuito do amplificador e aumenta
dores de classe A e de classe A/B, o sinal de entrada
o range de atuação, permitindo operar de forma eficiente
é multiplicado pela corrente da rede elétrica de modo
entre 100 a 260 volts de alimentação. Depois de ligado, o
linear, o que aumenta a potência do sinal e mantém
amplificador ainda pode operar com queda de tensão até
um nível de distorção mínimo. Porém, gasta-se mui-
65 volts, e, em vez de desligar, tem apenas uma perda
ta energia para isso. Os amplificadores de classe D
de potência aceitável, conservando a qualidade do sinal.
geralmente utilizam um método não-linear chamado
de pulse-width modulation (PWM), que codifica cada
O circuito de proteção ainda possui a função de BAD AC, que
ponto do sinal em pulsos quadrangulares de largura
preserva o equipamento quando ligado acidentalmente em
variável, com frequência de chaveamento bastante
tensões de até 420 volts. Em resumo, em caso de curto em
alta. No amplificador Next Pro R2, no entanto, utiliza-
cabos ou condições danosas aos falantes, o LED Active Pro-
-se um processo um pouco distinto, conhecido por
tek acende e, posteriormente, o sinal de áudio passa a ser
pulse-density modulation (PDM), que representa as
intermitente, com amplitude em rampa, chamando a aten-
amplitudes do sinal a partir do aumento ou da dimi-
ção do operador para o problema. Porém, o aspecto mais
nuição da densidade dos pulsos ao longo do tempo.
interessante do sistema é que ele trabalha de forma ativa,
ponderando a impedância e a potência das caixas, compa-
A Next Pro afirma que o produto utiliza uma taxa de
amostragem variável, que depende da complexida- rada com as dimensões de cabos e conectores e criando

de do sinal – o que permitiria diminuir distorções. critérios flexíveis para a ativação do Active Protek.
Identificamos, por meio de osciloscópio digital, que
essa taxa varia em torno de 338 kHz, amplificando temp monitor
com qualidade frequências do espectro audível. Esses
pulsos quadrados gastam energia proporcionalmen- O amplificador também conta com um circuito de proteção
te à amplitude instantânea do sinal, economizando que monitora a temperatura e o regime de trabalho do am-
em pontos de amplitude baixa. Embora o sinal ge- plificador. Dessa forma, caso o sistema de ventilação tenha
rado nessa amplificação seja quadrado ao ser visto algum problema, seja por obstrução ou aquecimento am-
microscopicamente, as variações de tensão são tão biente, o Temp Monitor é ativado e sinalizado com o LED na
rápidas que, frente à carga indutiva do falante, inte- cor azul, reduzindo a potência disponível progressivamente
gram-se novamente em sinais praticamente contínu- quando acima de 80° C, mas sem interferir na qualidade do
os, filtrando-se a frequência de chaveamento em um sinal. Caso o problema não seja resolvido, o sistema Active
efeito passa-baixas. Protek também é ativado, inicialmente sinalizando com o
Divulgação

Vista traseira do R2 MultiFlex

áudio música e tecnologia | 35


TeSTe

8Ω e 1200 W em 16Ω, em
canal único. Nos modos es-
téreo ou dual/mono, o am-
plificador rende 1000 W por
Divulgação

canal tanto em 2Ω quanto em


4Ω, e 600 W por canal em 8Ω.
O modo estéreo ainda pode ser
usado como bi-amp com saída em
um único speakON de duas vias,
separando baixas e altas. Nesse
modo, o amplificador entrega ain-
da mais potência: 1600 W a 2Ω
ou 1100 W a 4Ω para cada um
dos dois canais.

Esse gerenciamento inteligente


de potência se deve ao recurso
ILM (impedance load matching),
Visão interna do equipamento
que adapta a situação de uso às varia-
ções de impedâncias somadas de caixas, cabos e co-
LED em vermelho e posteriormente provocando intermitên- nectores, bem como às variações térmicas encontra-
cia do sinal para chamar a atenção do operador. das no dia a dia, as quais certamente provocariam
distorções, desarmamento ou perda da potência em
Outro aspecto importante com relação ao sistema de produtos sem essas características. Também compõe
refrigeração é que as placas de circuito integrado e os a tecnologia MultiFlex o recurso APM (AC power ma-
componentes são fixados na parte superior do chassi. tching), que adapta as variações de tensão AC, pro-
Isso melhora o fluxo de ar através do amplificador e curando manter sempre a entrega de potência com o
impede que poeira e resíduos de glicerina se depo- máximo de eficiência.
sitem sobre os componentes, algo que vem se tor-
nando muito comum nos melhores amplificadores do A flexibilidade dos amplificadores que contam com a
mundo, como ocorre na série I-Tech, da Crown. tecnologia MultiFlex permite ainda que sejam usados

teCnoLoGia
muLtifLeX
José Carlos Pires Junior

Como seu grande diferen-


cial de mercado, a Next
Pro aposta num conjunto
de características funcio-
nais flexíveis e exclusivas,
denominadas de tecnologia
MultiFlex. Em resumo, os
amplificadores dotados
dessa tecnologia são capa-
zes de atender a caixas de
diferentes impedâncias en-
quanto mantêm a potência
praticamente intacta. O R2
entrega, no modo mono/
bridge, 2000 W em 4Ω ou Amplificador NextPro R2 ligado ao osciloscópio digital

36 | áudio música e tecnologia


manual mais completo,
José Carlos Pires Junior

além do guia de con-


figuração rápida. Os
detalhes sobre os pa-
râmetros de qualidade
de áudio, por exemplo,
podem ser encontrados
no site da Next Pro,
mas ficariam mais à
mão em livreto junto à
embalagem.

Uma vantagem desse


desenvolvimento na-
cional é que os produ-
tos podem ser criados
Professores Otavio Gaijutis e Lucas Meneguette operando o osciloscópio: taxa
visando atender a ne-
de amostragem do Next Pro R2 MultiFlex varia em torno de 338 kHz
cessidades específicas
do país, como clima e
em situações que vão desde alimentação de vias de condições de utilização. Segundo Gilberto Grossi, um
P.A. até aplicações em monitoração crítica, com o sis- dos sócios da Next Pro, os recursos presentes nos
tema progressivo de refrigeração tornando o equipa- amplificadores Next Pro são exclusivos e não podem
mento muitíssimo silencioso. ser encontrados, na mesma configuração, em produ-
tos importados. Isso porque a tecnologia MultiFlex foi
ConCLusÃo desenvolvida por brasileiros e para brasileiros, que
lidam diariamente com situações adversas de tensão
Dizem que toda crise é também uma oportunidade de de AC ou incompatibilidades de impedância entre cai-
crescimento. Com o dólar beirando os quatro reais,
xas e amplificadores. Assim, a Next Pro parece real-
há que se voltar os olhos aos produtos desenvolvi-
mente se importar com a possibilidade de inovação
dos pela indústria nacional. Mesmo se não houvesse
que facilite a vida do operador, sempre mantendo
crise, no entanto, está na hora de reconhecer que
como foco a entrega máxima de potência e preser-
o Brasil é capaz de produzir excelentes produtos de
vando a qualidade do som.
áudio, e, nesse sentido, o amplificador da Next Pro
se mostra bastante competitivo. Se é possível sugerir
pontos a serem melhor desenvolvidos, consideramos É possível conhecer mais recursos exclusivos dos amplifica-
apenas que o produto poderia ter mais robustez nos dores Next Pro acessando o site www.amplificadoresnext-
botões de controle e deveria ser acompanhado de um pro.com.br. •

José carlos Pires Júnior, músico e produtor fonográfico, é professor das disciplinas de Técnicas de gravação e acústica aplicada ao
Instrumento. e-mail: [email protected].

Lucas c. meneguette, músico e pesquisador, é professor das disciplinas de Software e Hardware e Teoria e Percepção musical no curso de Produção
Fonográfica da Fatec Tatuí. em sua tese de doutorado estuda o design funcional de áudio para jogos digitais. e-mail: [email protected].

FaTec Tatuí - curso gratuito de Produção Fonográfica. Site: http://tinyurl.com/fatec-prodfono

áudio música e tecnologia | 37


caPa | rodrigo Sabatinelli

maratona da
aLeGria fm o dia
show de hits em alto e bom som

E sistema potente para paLCo de


m nossa edição passada, ilustrando a capa de nosso
caderno Luz & Cena tivemos a Maratona da Alegria
proporçÕes GiGantesCas
FM O Dia, evento que, realizado no último dia 15 de
novembro, reuniu, na Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro,
Para atender a mais de dez atrações, que se apresentaram ao
nomes como os de Ivete Sangalo, Sorriso Maroto, Henrique
longo de todo o dia e à noite, a Audio Company disponibilizou
& Juliano, Alexandre Pires e Anitta, entre muitos outros.
um sistema d&b composto por 24 elementos J8 e quatro J12
no Main PA, 32 Q1 nos out fills, oito Q7 no front fill; 14 JSub
Sonorizado pela Audio Company – locadora representa- e 32 S221, da Norton, nos subs, e 16 Q1 nos delays.
da na ocasião por seu sócio proprietário Dennis Rosa –,
o festival, que contou com equipamentos de ponta, como Empurrados por amplificadores D12, também da marca –
um sistema d&b Audiotechnik e consoles Avid, Yamaha, com exceção dos subs auxiliares, que receberam os Lab-
Soundcraft e DiGiCo, levou pagode, samba, funk, serta- -Gruppen FP10000 –, esses elementos atuaram, em boa
nejo, pop e axé music a mais de 35 mil pessoas, que se parte dos shows, na faixa dos 112 dB e mostraram-se de
divertiram na pista e nas arquibancadas do local. grande inteligibilidade, principalmente considerando a varie-
dade de sonoridades dos artistas.
Ao longo de todo o dia, em meio ao grande entra e sai
de artistas no palco, nossa equipe circulou por corredores, “É [um sistema] versátil, robusto, de grande potência,
conversou com organizadores e técnicos e anotou, pela pri- que se sai muito bem em situações como essa, com
meira vez, a cobertura de um evento que não por acaso atrações diversas. Escolhemos tanto ele quanto os demais
chegou a seu quinto ano consecutivo. O resultado, reser- equipamentos fornecidos para o evento pensando na
vamos a vocês nas próximas páginas. necessidade de estar aqui com o que temos de melhor, e o

38 | áudio música e tecnologia


Igor Lima mendes

am&T
resultado foi bastante satisfatório”,
disse Dennis, que a todo tempo
ofereceu suporte aos técnicos.

O proprietário contou, ainda, que


o alinhamento do sistema, feito
com softwares como o Array Calc
V7, próprio da d&b, e o Smaart,
um dos mais utilizados no merca-
do, assegurou a esses técnicos um
padrão sonoro que, segundo ele,
dispensou qualquer tipo de ajuste.

“Entregamos [o line array] pronto


À frente da sonorização do evento, Dennis Rosa botou mais uma
para ser operado, pois recorremos Maratona “na conta” da Audio Company, sua empresa
à precisão dos programas, que
sempre nos dão muita segurança. Quem o muitos profissionais, que, eventualmente, se “esbarram” na
ajustou, fez por questão pessoal, por con- estrada e, nitidamente, comemoraram a oportunidade de,
ceito, mas, pelo que vi, ninguém promo- entre um show e outro, matar a saudade, conversar e trocar
veu nenhum ajuste ‘radical’”, afirmou. informações sobre equipamentos e novas tecnologias.

Ivan Cunha, o Batata, que opera o PA de Alexandre Pi-


“Bate-BoLa”
res, por exemplo, foi assistido pelos amigos Marcio Misk
teCnoLÓGiCo na e Marcio de Paula, técnicos de PA e monitor da cantora
HousemiX Anitta, e Marcos Saboia, técnico de PA do Sorriso Maroto.
Diante de uma Profile, ele disse que o legal de ser usuá-
Por contar em seu line up com tantos ar- rio de um sistema tão específico, como o da Avid, é poder
tistas, o festival promoveu o encontro de transitar por suas diversas superfícies sem encontrar ne-
nhum tipo de dificul-
am&T

am&T

dade operacional.

“Eu, que viajo o Brasil


inteiro com a S3L, que
é a mais compacta da
classe, quando pego
uma dessas [Profile],
mais robusta, quase
não sinto diferença,
pois compreendo cla-
ramente a filosofia da
marca, e, claro, o con-
ceito de cada um de
seus produtos, que são
muito versáteis”, ex-
plicou ele, ao lado dos
companheiros, após
sua apresentação.

Outro usuário das Profi-


le, Carlos Kalunga, que

Line array e subs d&b: equipamentos foram cedidos pela Audio Company

áudio música e tecnologia | 39


Capa

AM&T

AM&T
Ivan Cunha, o Batata, “atacando” O iPhone de Kalunga: aplicativos
no PA de Alexandre Pires rodando durante apresentação
trabalha com Ivete Sangalo, lembrou, pouco antes de iniciar especializar, entender os diferenciais, para fazer bonito em
o show da cantora, que antigamente os técnicos chegavam minha estreia diante de um novo console”, explicou ele, de
a um festival como esse e precisavam se adaptar ao que olho em seu iPhone, no qual rodava os aplicativos Six Audio
lhes era oferecido. Hoje, no entanto, garantiu, tais profissio- Tools e acompanhava o setlist do show.
nais sabem que vão encontrar as mesas de sua preferência,
e isso lhes dá uma segurança muito grande. “Tecnologia é tudo, né? A gente entra numa store virtual, baixa
esses apps e tem, em mãos, por onde for, acesso ao Smaart e
“O uso contínuo do equipamento faz com que o tempo de a um decibelímetro ultrapreciso. Com ele, me mantenho dentro
pré-produção seja, a cada dia, menor, afinal de contas, a dos níveis estipulados, pois, em muitos lugares, principalmente
intimidade gerada facilita nossa vida. Eu, que sou do tipo em áreas residenciais, as organizações dos festivais têm que
que gosta de fuçar tudo, a cada lançamento procuro me respeitar o limite de pressão sonora imposto”, concluiu.

Pronto para mixar o PA d’O Rappa em uma Di-


AM&T

GiCo SD8, Ricardo Vidal engrossou o coro “en-


cabeçado” pelo amigo e disse que os recursos
à disposição de técnicos são realmente muitos.
No entanto, para ele, o que faz a diferença mes-
mo é o profissional e sua bagagem.

“Caras como esses [Kalunga, Batata...], que são


experts na arte de mixar, fazem shows com qual-
quer equipamento. E quando pegam mesas como
as nossas [digitais, modernas], chegam a resulta-
dos incríveis, pois sabem utilizá-las de forma cor-
reta, otimizada”, disse Vidal, enquanto desmonta-
va seu equipamento e aguardava o início do show
de Anitta, que encerrou o festival.

Logo em seguida, Marcio Misk, que opera o PA da


cantora, admitiu que o interessante de encerrar
o evento – de fato, uma maratona – foi assumir a

Técnico de Ivete, Kalunga aguarda o início do show da cantora:


ele recordou que, no passado, técnicos precisavam se adaptar às
mesas disponíveis nos festivais. Hoje, cenário é outro.
40 | áudio música e tecnologia
am&T

am&T
DiGiCo SD8 e Soundcraft Vi6: mesas estiveram presentes na housemix do festival

responsabilidade de fazer um grande show, de colocar todo blico automaticamente corresponderia a esses estímulos.
mundo para dançar mesmo depois de as pessoas curtirem, O que, de fato, ocorreu”.
aproximadamente, mais de dez horas de música.
“artiLHaria pesada” no paLCo
“E, para isso”, disse ele, “não foi preciso ‘inventar’ nada,
somente manter o vigor usual do repertório, explorando Disponíveis para os técnicos de monitor dos artistas que
bem os graves e a pressão sonora do sistema, que o pú- se apresentaram no festival, os monitores de chão M2 e

áudio música e tecnologia | 41


AM&T
Capa

Lázzaro de Jesus, que trabalha com Ivete, che-


gou ao festival “ostentando” sua CL5, da Ya-
maha, mesa com a qual viaja há dois anos.
Com seu típico bom humor, o baiano, que ago-
ra atua como suporte técnico da marca no Bra-
sil, se disse realizado por poder trabalhar com
um equipamento de tal porte e ainda destacou
algumas de suas qualidades.

“A CL5 é uma mesa diferente. Com ela, o téc-


nico pode, por exemplo, customizar bancos a
seu gosto, além de recorrer a um incrível pa-
cote de plug-ins clássicos, que contém itens
dos áureos tempos do áudio, como os Urei
1176, entre muitos outros”, disse.

Enquanto o baiano pilotava os monitores de Ive-


te, o técnico de Anitta, Marcio de Paula, montava
seu sistema compacto de monitoração, fornecido
Da esquerda pra a direita, Marcio de Paula, Marcio Misk
pela Laredo Áudio, e organizava o setup da can-
e Ivan Cunha: amigos dentro e fora da housemix
tora e sua banda, composto por um microfone sem fio Beta
58, da Shure, e body packs EW300, da Sennheiser.
JSub e os sides compostos por elementos Q1 e JSub, todos
da d&b, foram, juntamente a consoles como Soundcraft De acordo com ele, “por ser muito simples e caber numa
Vi6 – usada como mesa master – e Yamaha PM5D RH, mochila, [esse sistema] é ideal para uso em festivais,
as grandes vedetes que figuraram em cima do palco. No pois, além de não ocupar muito espaço, pode ser confi-
entanto, outros equipamentos também fizeram bonito na gurado rapidamente, sem muito sacrifício, num cantinho
mão de profissionais que por lá passaram. qualquer do palco”, encerrou. •
AM&T

AM&T

Os sides e os monitores de chão foram usados nos shows do festival

42 | áudio música e tecnologia


AM&T

AM&T
Na sequência, Lázzaro de Jesus e sua CL5 e os body backs de Ivete e sua banda

Fala, patrão!
AM&T

Os “porquês” do festival por Dennis Rosa, proprietário da Audio Company

AM&T: Dennis, vocês montaram um “PA dobrado” para so-


norizar o evento. Explique, por favor, a opção pelo uso de
quatro torres no sistema.

Dennis Rosa: Geralmente, quando temos um palco com uma gargan-


ta tão larga, ou seja, com mais de 50 metros, optamos por “dobrar” o
sistema. Dessa forma, trabalhamos com maior folga e conseguimos o
objetivo principal, que é cobrir toda a extensão do público.

Na Apoteose, além desse fator [a extensão do palco], ainda tínha-


mos que sonorizar as enormes arquibancadas e a área Vip, portan-
to, a necessidade de atuarmos com maior ataque, investindo na
montagem L/R + L/R, era total.

Na sua opinião, que diferenciais fazem com que o sistema d&b


seja indicado para um festival como esse?

Dennis: Olha, em um evento com quase 12 horas ininterruptas de


música, é preciso trabalhar com um sistema que seja, acima de tudo,
resistente. Como já trabalhamos há tempos com esse line array, como
em festivais importantes, dentre eles, o São João de Ibicui, na Bahia,
entendemos que valia repetir a dose.

Em um festival com tantas mesas, porque as Soundcraft Vi6 fo-


ram escolhidas como masters de PA e monitor?

Dennis Rosa: Essas mesas são, indiscutivelmente, sinônimo de se-


gurança., facilidade operacional e boa sonoridade. Por conta disso,
quando participamos de festivais como esse, as utilizamos no geren-
Em destaque, o setup que ciamento do sistema e em cima do palco.
Marcio utiliza na gig de Anitta

áudio música e tecnologia | 43


deSaFIaNdo a LÓgIca | andré Paixão

diCas
inspiradoras
para produçÃo
musiCaL no LoGiC
saia do lugar-comum e alimente sua criatividade
a partir dos recursos de sua plataforma favorita

O
que torna uma plataforma de produção musical tão em diferentes modos. Experimente as variáveis de Swing,
especial hoje em dia é, entre outros fatores, a ca- como 1/16 Swing A, e mexa nos slides Strengh e Swing
pacidade de estimular nossa criatividade, deixan- para conferir os resultados.
do de lado burocracias digitais – como caixas de diálogos
desnecessárias – que atrapalham o processo mais prazei- traBaLHe Com oBJetos dentro do
roso na minha opinião, que é a concepção de uma música,
arranjo, sequência original, remix, trilha sonora, ou o quer
amBiente midi (midi enVironment)
que signifique um resultado final.
Uma grande sacada do Logic é poder trabalhar dentro de
um ambiente onde é possível conectar módulos virtuais de
Nesse âmbito, cada ambiente possui suas peculiaridades,
maneira criativa. Diferentemente dos efeitos MIDI, esses
e, no fim, não existe melhor ou pior, mas sim aquele que
mais lhe proporciona conforto na hora de produzir. Na co- objetos possibilitam ampliar nossos horizontes no que con-
luna deste mês compartilho com você algumas artimanhas cerne à produção musical.
criativas que aprendi ao adotar o Logic como meu principal
ambiente de produção, mas que podem ser muito bem utili- Experimente tocar uma linha de acordes básicos em qual-
zadas – ou não, dependendo da sua plataforma – em outros quer instrumento harmônico, como um piano elétrico, por
softwares, como Cubase, Nuendo, Reaper, Pro Tools, Sonar exemplo. Crie quatro compassos para começar. Abra o MIDI
e Studio One, entre outros. Environment em Window > Open MIDI Environment e fa-
miliarize-se com a interface que lembra o próprio mixer do
HumaniZe seQuÊnCias midi Logic. Clique no menu New e selecione Arpeggiator.

Uma sequência de batidas em MIDI pode


tornar-se um tédio absoluto em deter-
minadas situações. Entre os fatores res-
ponsáveis, podemos citar a ausência de
dinâmica – muitas vezes causada por
uma taxa de velocity fixa – pelo fato de
a batida estar atrelada roboticamente ao
grid. Felizmente, o Logic oferece diferen-
tes possibilidades para se lidar com essa
questão. Ao lado esquerdo da janela de
Arranjos o Inspector oferece uma quan-
tidade considerável de opções que vão
servir para tornar suas batidas mais hu-
manas ou mesmo diferentes de sua ori-
gem. O mesmo acontece no Piano Roll,
onde é possível quantizar tempo e escala

Figura 1 – É possível humanizar um loop quantizado roboticamente no grid

44 | áudio música e tecnologia


percussivo, nas notas do arpejo.
Experimente 1/128, por exemplo.
Outro objeto bem interessante é o
Delay Line, que também pode ser
aplicado nessa simples linha de
piano elétrico que criei. Mais uma
vez crie um novo objeto – agora,
o Delay Line. Conecte-o ao mesmo
canal de piano elétrico. Repita o
processo descrito acima, arraste-o
para a janela de arranjo e copie a
mesma região para o canal do DL.
Esse módulo proporciona um efei-
to bem bacana, manipulando no-
tas tocadas na sequência através
de diferentes configurações.

Figura 2 – O MIDI Environment coloca à sua disposição objetos que Assim como acontece no Arpeg-
podem controlar uma sequência e torná-la mais interessante giator, os parâmetros podem ser
alterados assim que o canal é
Logo após a seleção já é possível visualizar o ícone do Ar- criado na Janela de Arranjo do Logic. Eles dizem respeito
pejador ao lado direito dos canais, de onde podemos conec- essencialmente às repetições. Então, “Repeats” vai defi-
tar sua saída ao Piano Elétrico simplesmente arrastando o nir a quantidade de repetições; Delay, o tempo que elas
mouse em direção ao canal desejado. Usuários do Reason demoram para acontecer; Transposition, o número de
se sentirão bem familiarizados com esse simples processo semioitavas aplicado às repetições; e, finalmente, Velo-
de cabeamento virtual. Agora podemos arrastar o ícone do city, que é onde definimos o estágio de Velocity aplicado
Arpejador para a Janela de Arranjo, logo abaixo do Piano a cada repetição.
Elétrico. O Logic vai perguntar se desejamos criar um novo
canal para o objeto. Clique em Create. Agora temos um ob- Por exemplo, ao definir Velocity em -10 e Repeat em 4,
jeto (Arpejador) que controla um ins-
trumento (Piano Elétrico). Mas para
ouvir o efeito do arpejador na linha de
piano precisamos copiar ou simples-
mente arrastar a região MIDI para o
canal do objeto, conforme vemos na
figura 4.

Ao lado esquerdo, no Inspector, é


onde toda a diversão ganha força
através de parâmetros típicos pre-
sentes em arpejadores analógicos
como Direction, Resolution, Repeat,
além de outros mais comumente en-
contrados em arpejadores virtuais,
como Crescendo, Snap to, Velocity
etc. Experimente mexer nesses pa-
râmetros até encontrar um resulta-
do que agrade. Um que eu particu-
larmente curto muito é o “Snap to”,
Figura 3 – Mais um módulo presente no MIDI Environment, o Delay
que gera um efeito gateado, quase
Line atua sobre as repetições de nota definidas em uma sequência

áudio música e tecnologia | 45


deSaFIaNdo a LÓgIca

Crie Batidas
e seQuÊnCias
randÔmiCas
Que tal transformar um loop
qualquer da Apple numa incrí-
vel batida criada unicamente por
você? Para esse exemplo, escolhi
o Analog Drum Machine. Impor-
te para um canal de áudio. Se-
lecione a região e clique numa
das divisões do grid com a tecla
“alt” apertada. Dependendo da
sua configuração, o Logic auto-
maticamente vai dividir o loop
em fatias de igual duração. Se,
Figura 4 – Sequências de arpejos podem ser por acaso, o áudio for cortado em
facilmente registradas para novas produções alguma delas, aplique fades. Dis-
tribua cada região fatiada em no-
saberemos que a quarta repetição será quatro vezes mais vos canais de forma cronológica, ou seja, um evento após
baixa ou terá Velocity fixada em -40. A partir daí você pode outro. Confira na figura 1.
experimentar outras possibilidades, como aplicar o Arpeja-
dor em notas percussivas etc. Aplique efeitos em cada um dos oito canais. Do canal 1
a 8, apliquei plug-ins nativos como Bitcrusher, Ringshift,
Vamos supor que você adorou a sequência gerada pelo Platinum Reverb, Auto Filter, Pedals, Evoc e Pitch Shif-
Arpejador e gostaria de salvar
uma pista MIDI a partir desse
resultado. Como registrar isso?
Novamente, vamos criar um
novo objeto, desta vez, o se-
quenciador (Sequencer Input).
Ele vai funcionar como um mi-
nigravador de sequências den-
tro do próprio Logic. Assim va-
mos direcionar uma saida do
Arpejador, ou seja, além de ser
direcionado ao canal do Pia-
no Elétrico, vamos direcioná-lo
a outro objeto, no caso, o se-
quenciador.

Assim como fizemos com os ou-


tros módulos, vamos arrastá-
-lo para a janela de Arranjo, e,
com isso, criar um novo canal. A
partir daí, é só apertar Record e
meter bala. Com essa sequência
salva, fica fácil aplicar outros ins- Figura 5 – Fatie uma batida qualquer, divida-a em
trumentos virtuais e incrementar canais independentes e aplique efeitos em cada
arranjos. um deles. O resultado pode surpreender.

46 | áudio música e tecnologia


Figura 6 – Com sutileza, podemos adicionar uma simples
masterização às mixagens que serão enviadas ao cliente

ter. Você pode assistir ao vídeo dessa brincadeira em http://tinyurl.


com/desafiando22.

inCremente seu CanaL master output

Quando trabalhamos com prazos pré-definidos, o ideal é que se en-


tregue o melhor resultado possível. Como, normalmente, nosso tem-
po não permite o envio da mixagem final a um engenheiro de mas-
terização, podemos incrementar nosso canal de saída estéreo com
recursos sutis que favorecerão nosso trabalho, sempre tomando cui-
dado para não cometer exageros.

Dependendo do volume final da mix, talvez seja necessário inserir um plug-


in de ganho logo no início da cadeia de efeitos. Depois, um equalizador,
que vai atenuar qualquer frequência que esteja incomodando ou, quem
sabe, melhorar o espectro das mais altas. Finalizando, um limiter, sem
muitos exageros. Dependendo da mix, antes do limiter, podemos inserir
um compressor multibanda, ou mesmo um Stereo Imager, a fim de
expandir a imagem estéreo da nossa mixagem. •

andré Paixão é compositor e produtor de trilhas sonoras para teatro, TV, publicidade
e cinema. Toca nas bandas Lafayette e os Tremendões, astromash e Nervoso e os
calmantes. e-mail: [email protected] / Links: www.superstudio.com.br e www.
facebook.com/desafiandoLogic

áudio música e tecnologia | 47


Mixagem | Fábio Henriques

Mixagem
sem segredos (Parte 9)
Loudness – Guerra dos Volumes
U
m assunto constante em
todas as discussões en-
volvendo áudio tem sido a
famosa Loudness War, no caso da
produção comercial de música, e a
padronização dos volumes em bro-
adcasting, do lado da produção de
rádio e TV. Ambas possuem impli-
cações que se estendem principal-
mente ao streaming de internet e
celulares, afetando diretamente o
trabalho do mixador.

Antes de qualquer coisa, preci-


samos definir “loudness”. Literal-
mente, “loud”, em inglês, quer
dizer “alto”, no sentido de algo
que tem a ver com a percepção
humana da intensidade sonora.
Um paralelo seria o conceito de
“volume”, que implica na nossa
percepção da amplitude sonora a
que estamos submetidos. Como o
termo loudness já está consagra-
do no ambiente técnico brasileiro,
e na falta de um termo mais exa-
to, manteremos aqui esta nomenclatura. des de difusão pública da Europa, contando também
com membros associados de outros países, dentre
Para deixar as coisas mais claras a respeito do que eles o Brasil. O seu equivalente nos Estados Unidos
veremos adiante, precisamos conhecer os organis- é a NAB (National Association of Broadcasters).
mos internacionais que normatizam os aspectos de
radioteledifusão. A ITU (International Telecommuni- DEFININDO LOUDNESS
cation Union) é a agência da ONU responsável por
padronizar e regulamentar as radiotelecomunica- Em um documento da EBU, o loudness é definido
ções, através de seu setor ITU-R. O grupo regional como “o nível sonoro que as pessoas ouvem – refe-
da ITU para as américas é o CITEL (Comisión Inte- re-se à intensidade percebida de um trecho de áu-
ramericana de Telecomunicaciones), órgão da OEA. dio (música, fala, efeitos, etc)”. Entre outras coisas,
o loudness depende da intensidade, da frequência,
A European Broadcasting Union (EBU) reúne entida- do conteúdo e da duração do áudio. Ora, a medição

48 | áudio música e tecnologia


do áudio em broadcast é basicamente feita em PPM Por sua vez, no lado do streaming, os fornecedores
(medição de pico), que não necessariamente reflete de serviço de música passaram a usar suas próprias
o jeito como nosso ouvido percebe o loudness. ferramentas de uniformização de loudness, como o
Soundcheck do iTunes e a normalização do Spotify.
Como veremos adiante, a guerra por maiores volu-
mes resultou em medições pobres do áudio, porque No caso dos vídeos, segundo Ian Shepherd, o
a informação fica muito comprimida próximo ao topo YouTube vem usando normalização de volumes
da escala, além de provavelmente provocar fadiga pelo menos desde dezembro de 2014. Em suas
auditiva e menor possibilidade da dinâmica como medições, a partir dos CDs, Uptown Funk (Bruno
expressão artística. Em paralelo, segundo a EBU, é Mars e Mark Ronson) mediu -12 LUFS (explicare-
frequente a reclamação de espectadores a respeito mos adiante que medição é esta); Love Me Like
das variações de volume entre canais, entre dife- You Do (Ellie Goulding) mediu -8 LUFS e Living
rentes programas e principalmente entre segmentos for Love (Madonna) atingiu impressionantes -7
de programa e comerciais (com os comerciais bem LUFS. Porém, medindo na transmissão do You-
mais altos, normalmente). Tube, todas três apresentam aproximadamente o
mesmo valor de -13 LUFS.
Por isso tudo, tornou-se desejável que houves-
se procedimentos normatizados para a medição Como veremos mais adiante, é possível observar
do loudness (um fator basicamente subjetivo) de que como os algoritmos de normalização levam em
forma objetiva. Isso permite que haja, ao mesmo conta janelas de tempo onde ocorrem as variações
tempo, uma uniformização entre diferentes canais de volume, ocorre uma tendência de que áudios
e programas e também uma maior possibilidade do com volumes muito “colados” no pico acabem soan-
uso artístico da dinâmica. do com loudness mais baixo quando normalizados.

áudio música e tecnologia | 49


Mixagem

Segundo Shepherd, isso põe (ou, melhor dizendo, 20 kHz. Muito menos que o necessário.
impõe) um fim à Loudness War.
Ou seja, a gente não tinha onde guardar o áu-
GUERRA DO LOUDNESS – UM dio digitalizado para entregar pra fábrica. Uma
solução seria usar a tecnologia de fitas cassete
POUCO DE HISTÓRIA
de vídeo então existente, como o U-matic, que
aguentavam essa resposta em frequência. Assim,
Vejamos de onde vem e no que consiste a Guer-
existiam conversores como o famoso PCM 1630,
ra do Loudness, que é uma característica típica da
da Sony, que faziam a conversão para digital e en-
produção musical. Tudo começou nos anos 1980. O
viavam para os gravadores profissionais de vídeo.
áudio digital, que havia começado mais ou menos
Como eram equipamentos bem caros ( e parrudos
em 1978, estava começando a se popularizar atra-
– o 1630 media 42 x 20 x 53 cm e pesava 26 kg!),
vés dos lançamentos em CD. Mas havia um pequeno
começou-se a entregar os áudios ainda analógicos
problema. Os meios de produção ainda eram quase
a pessoas que seriam responsáveis por fazer essa
universalmente analógicos e não aguentavam a res-
conversão (a existência de masterizadores vem de
posta em frequência do áudio digital.
muito antes, juntamente com os engenheiros de
corte do vinil), e que mais tarde se transforma-
Explicando: para se fabricar CDs é necessário que riam nos modernos “masterizadores” digitais.
a informação venha codificada em 1s e 0s à ra-
zão de pelo menos 16 bits x 44.100 amostras x A avaliação dos volumes na gravação em fita era
2 canais = 1.411.200 bits por segundo. Na pior basicamente através dos medidores de VU e PPM, e
hipótese, isso implicaria em uma resposta em fre- não se dispunha de um histórico dos valores medi-
quência da onda codificada de mais de 1 MHz (um dos, até porque no mundo analógico a existência de
milhão de hertz). Ora, os gravadores analógicos picos muito rápidos era atenuada pela resposta da
de fita eram o que se dispunha pra gravar coisas, fita. Com o áudio analógico, porém, os picos rápidos
e eles só aguentavam ir até um pouco acima de eram perfeitamente registrados, e podiam ocasionar
saturação digital e distorção.
Fábio Henriques

Os primeiros masterizadores
digitais passaram a contar
com ferramentas visuais de
trabalho que permitiam lo-
calizar os pontos onde ocor-
riam esses picos, e passaram
a atuar só neles, evitando a
saturação. Como é sabido que
em digital quanto mais volu-
me, maior a fidelidade, agora
era possível aumentar o volu-
me do áudio o quanto fosse
possível. Daí, os CDs começa-
ram a sair com mais volume,
e isso agradou artistas, radia-
listas e, por que não admitir,
o público em geral.

Na década de 1990 chega-


No passado, não havia onde guardar o áudio
vam aos estúdios os equi-
digitalizado para entregar pra fábrica. Uma solução
pamentos de DAT – Digital
era usar o U-matic e o PCM 1630, da Sony.

50 | áudio música e tecnologia


Audio Tape e os Adats, que mesmo tempo eles preci-
permitiram antecipar uma sam atender à demanda
etapa na conversão, e ago- constante dos clientes por
ra a mixagem já chega- “mais pressão”.
va em formato digital aos
masterizadores. Ao mesmo Um dos problemas mais
tempo, começaram a se po- evidentes do excesso de
pularizar as DAW, como o loudness é, sem dúvida,
Pro Tools, com ferramentas a distorção. Embora haja
que começaram a permitir exemplos famosos desde
aos mixadores um maior Revolver, dos Beatles, o
poder de atuação nos volu- primeiro a ganhar fama por
mes de seus resultados. soar distorcido (e isso não
tem nada a ver com o som
Essa tendência foi aumen- das guitarra) é (What's The
tando progressivamente Story) Morning Glory?, do
com o desenvolvimento das Oasis (1995). O mais fa-
ferramentas digitais dispo- moso de todos, porém,
níveis, e na década de 2000 tido por muitos como o
já se conseguia chegar a álbum com mais loudness
valores impressionantes de de todos os tempos, é De-
volume final. Como todo ath Magnetic, do Metallica.
mundo concordava que au- Conta a lenda que o com-
mentar o volume dava bons petentíssimo Ted Jensen
resultados, por que manter afirmou, depois das críticas
a dinâmica original? Por que que recebeu, que a mixa-
não usar compressores e gem já havia chegado a ele
limitadores para empurrar totalmente no topo do vo-
um pouco mais de volume lume (“brickwalled”), em-
além do que havia na mixa- bora se questione a vali-
gem? Como tudo na música, dade dessa declaração não
as novidades começam sen- Diferença entre masters de Michael muito ética.
do superutilizadas, e aqui Jackson de 1991, 1995 e 2007
não foi diferente. AUMENTAR O
LOUDNESS É SEMPRE RUIM?
A melhoria das ferramentas de software foi estimu-
lando todo mundo a empurrar mais e mais volume. O fato é que nem sempre o uso de muita com-
Ao mesmo tempo, a audição em ambientes com al- pressão e limitação é negativo. O problema é
tos ruídos de fundo, como em walkmans e rádios apenas a superutilização. As ferramentas como
automotivos, foi estimulando situações com menor os limiters, quando bem usados, fornecem, por
faixa dinâmica e mais volume. um lado, uma garantia de manutenção de um he-
adroom mínimo que evite a saturação dos players
Seguiu-se um processo de realimentação positiva e um aumento geral no volume da mixagem, que
que acabou levando à situação em que os CDs pode garantir maior qualidade e maior satisfação
possuem volumes altíssimos, com variações mui- do ouvinte.
to pequenas de dinâmica. Embora seja pratica-
mente consenso entre os profissionais de áudio Costumo usar como exemplo o caso do álbum Pat
que esta situação pode levar à fadiga auditiva, Metheny Group, de 1978. Como é o caso de todos
distorção e perda de expressividade artística, ao os trabalhos originalmente lançados em LP, na pri-

áudio música e tecnologia | 51


Mixagem

Phase Dance, do Pat Metheny Group

meira versão em CD ele não apresenta praticamente Observando os caminhos da indústria em geral,
nenhum aumento de ganho por parte do masteriza- o que se nota hoje é um aumento na variedade
dor. E uma das vantagens de ter mais de 40 anos é de opções que a tecnologia permite (um exemplo
poder ter tido acesso a estas primeiras versões de são os refrigerantes, que possuem agora vários
CDs, geradas antes da guerra do loudness. Bom, fe- sabores, muitas vezes temporários). Hoje é muito
lizmente essa é a versão que eu tenho, e como acho fácil e rápido se customizar um produto. Dá pra
esse um dos melhores álbuns do estilo de todos os escolher pela internet os adesivos que um carro
tempos, gosto de ouvi-lo no carro. Só que não. vai ter, por exemplo. Ao mesmo tempo, o CD vem
perdendo força progressivamente como mídia
A dinâmica é tão grande e o volume geral tão baixo
única. Assim, o que imagino que vá acontecer é
que perco muito das sutilezas das músicas para o
produzirmos diversas versões de nosso trabalho.
barulho do carro e do trânsito. Então, fiz uma mas-
Se soubermos como os algoritmos se compor-
terização particular com os parâmetros mais carac-
tam, é teoricamente fácil se conseguir hoje, além
terísticos do século 21, e ficou bem mais fácil ouvir
de uma versão CD, outra para radioteledifusão,
em situações de alto ruído ambiente. Ok, isso pode
outra para YouTube, outra para ouvir no fone do
ser até um sacrilégio, mas a opção seria simples-
iPhone correndo na rua. O problema é divulgarem
mente não ouvir, então acho que Pat não vai ficar
esses algoritmos.
chateado comigo.

Felizmente, a caixa de Pandora está aberta o su-


Assim, a questão que circula no ar é: todos concor-
damos que o excesso de loudness prejudica artisti- ficiente para permitir pelo menos o acesso a um
camente, mas como convencer o cliente de que a deles, o de radioteledifusão, que é especificado
música dele vai soar melhor que as outras que têm pela norma ITU-R BS.1770 e implementado a
mais pressão? Uma outra questão que se impõe é partir de recomendações como a EBU R128, ado-
o fato de os algoritmos que os canais de streaming tada no Brasil. Seguindo essas normas, é pos-
estão usando serem diferentes, e daí acabamos não sível, se tudo correr bem, que sua música seja
sabendo se devemos focar em soar melhor no iTu- ouvida em um mesmo loudness que as outras e
nes, no Spotify ou no YouTube, na falta de uma so- que o restante do programa. É isso o que vamos
lução comum para todos. estudar no próximo mês. •

Fábio Henriques é engenheiro eletrônico e de gravação e autor dos Guias de Mixagem 1, 2 e 3, lançados pela editora Música &
Tecnologia. É responsável pelos produtos da gravadora Canção Nova, onde atua como engenheiro de gravação e mixagem e produtor
musical. Visite www.facebook.com/GuiaDeMixagem, um espaço para comentários e discussões a respeito de mixagens, áudio e
música. Comente este artigo em www.facebook.com/GuiaDeMixagem.

52 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 53
Produção Fonográfica | José Carlos Pires Junior

Gravando um
samba-enredo
Sem mistério, mas cheio de magia

H
á mais ou menos dois meses o curso de Pro-

José Carlos
dução Fonográfica da Fatec Tatuí foi procura-
do pelo Marcos Caldeira, diretor do Núcleo
de Educação Musical da Prefeitura de Boituva, que
buscava parceria para a gravação do samba-enredo
de sua cidade, em comemoração aos “25 Anos de
Cultura Fomentada pela Oficina de Artes de Boituva”.

Boituva é uma cidade vizinha de Tatuí, muito conhe-


cida por abrigar um dos maiores centros de para-
quedismo do Brasil, e em virtude da proximidade
geográfica com a Capital da Música, compartilha do
envolvimento com as artes. Os leitores desta coluna
já sabem que o Curso de Produção Fonográfica da
Fatec Tatuí conta com o Núcleo de Pesquisa em Téc-
nicas de Gravação, do qual sou o professor respon-
sável. O principal objetivo deste núcleo é catalogar
o maior número de informações técnicas acerca da
gravação de instrumentos e voz. Surge assim nossa
primeira oportunidade de gravar um samba-enredo Foto 1 – Gravando quatro caixas, presentes em todo o arranjo
e ainda conseguir informações importantíssimas
para a catalogação de mais este processo. série de matérias sobre gravação de voz, publicadas em
edições anteriores, é essencial para o cantor ser preciso
Confesso nunca ter gravado um samba com uma bate- rítmica e melodicamente, assim como cantar claramente
ria completa, mas isso não poderia ser um impedimento. a letra da canção. Deixar detalhes para serem corrigidos
Assim, começamos as reuniões de pré-produção e o pla- depois não faz parte do meu método de trabalho.
nejamento da gravação. Marquei a primeira reunião com
os puxadores do samba, escolhidos pelo próprio Marcos PREPARANDO A GUIA
Caldeira, e iniciamos de maneira descontraída o estudo
do projeto em questão. É importante lembrar que não se Depois do contato inicial, marcamos a gravação do cavaco,
realiza uma gravação sem um planejamento financeiro e que seria a base de todas as camadas seguintes de grava-
logístico completo, e isso implica em agendar e programar ção. Para a captação do cavaco, escolhi uma configuração
o tempo a ser gasto em cada etapa do projeto. econômica: um microfone Neumann KM 184 posicionado
a um palmo de distância da boca do instrumento, em uma
Como de costume, iniciamos o processo com o estudo e sala bem seca e isolada.
análise da letra do samba, intitulado “Em nome da arte”,
de autoria de Felipe Moraes. Nesta etapa inicial é neces- Logo nas primeiras previsões já imaginávamos que o proje-
sário levantar todos os pontos de respiração, com vistas to completo ultrapassaria 30 pistas de gravação. Então, ser
a contribuir para melhorar a dicção dos cantores. Já no econômico implica em evitar erros e problemas para quem
primeiro ensaio, a meta para o cantor precisa ser muito vai mixar. Depois de acertada a monitoração, com um click
clara: fazer o ouvinte entender a letra. Como já dito na de 145 bpm, os puxadores mandaram ver no samba inteiro.

54 | áudio música e tecnologia


José Carlos
Contudo, captávamos somente o cavaco. Foram necessárias
somente duas tomadas para termos nossa guia pronta.

O segundo passo era gravar o violão. Eu sempre gosto de


gravar violões com muitos microfones e incluindo o som
ambiente da sala. Mas, seguindo o princípio de economia
de canais, usei dois microfones para que, posteriormente,
eu escolhesse somente o som de um deles. Quando agen-
dei a gravação do violão, que, por sinal, foi executado pelo
próprio compositor do samba (foto 2), imaginei que seria
um violão de sete cordas. Porém, fiquei surpreso quando
o Felipe apareceu com um violão de oito cordas.
Foto 3 – Os repeniques, ou repiques, foram
Quem conhece um pouco de choro ou samba sabe que o gravados com três músicos, em numa sala
violão supre a necessidade de um contrabaixo e desenvolve, grande e bem aberta, utilizando o KM 184
junto com a harmonia, uma linha melódica que chamamos
de “baixaria”. Assim, as linhas do baixo devem soar muito no meio da música popular por ter gravado com grandes
sonoras e claras, como o walking bass característico do jazz. nomes da MPB e filho do famoso Oswaldinho da Cuíca,
dirigiu e gravou boa parte dos instrumentos da percussão.
Posicionei um Sennheiser MD 421 e um Neumann KM 184 E a partir daqui vem o “pulo do gato” deste texto.
a aproximadamente um palmo da boca do instrumento
para que o músico ficasse confortável para se movimen- Primeiro passo: gravação dos surdos de primeira e se-
tar. Como o objetivo é poluir a mix o menos possível com gunda juntos, mas em salas diferentes. Para as via de
sons de ambiência, usamos microfonações em close mic monitor por fone foram mandadas somente a voz guia e o
na maioria das vezes. Ao ouvir o comportamento dos mi- click, sem o retorno do instrumento gravado no momento.
crofones, posteriormente preferi o som do MD 421, que, Essa forma de monitorar foi solicitada pelo próprio Júlio.
por ser um dinâmico cardioide, deu um colorido muito lim- Os surdos de primeira e segunda tocam em contratempo
po às linhas de baixo da harmonia. um com o outro, sendo o mais grave no tempo 1 e o mais
agudo no tempo 2. Para captar os surdos, utilizamos mi-
CAPTANDO A PERCUSSÃO crofones Shure Beta 52 bem próximos da pele.

Com a guia vocal, cavaco e violão gravados, havia chega- Em seguida, gravamos o surdo de terceira, um instrumen-
do o momento da gravação da bateria. Pensei em gravá- to médio agudo que faz a linha cheia de ornamentos que
-la em naipes grandes ou todos juntos, mas a opinião de corta as linhas dos surdos graves. O surdo de terceira “flo-
pessoas experientes em momentos como esse é extre- reia” bastante, por isso optei pelo microfone Sennheiser
mamente importante. Convidado para escrever todo o e905 em virtude da característica de resposta de frequên-
arranjo da bateria da escola de samba, o percussionista cia mais ampla comparada aos Beta 52.
Júlio Cesar (www.juliocesarmusic.com), muito conhecido
PARTICULARIDADES
DO ARRANJO
José Carlos

Como o arranjo teria a intervenção de um ijexá


bem no meio do samba, gravamos um timbal com
o Neumann KM 184 na sala grande, buscando uma
sonoridade mais reverberante e aguda. O timbal é
tocado com a mão, portanto soa muito forte e tem
um agudo quase ardido. A combinação deste ins-
trumento com a sala grande resulta num som mais
amplo e presente na estereofonia, quase sugerindo
que havia mais de um instrumentista na sala.

Em seguida, na mesma sala foram gravadas


quatro “caixas” (foto 1), que ficaram presen-
tes durante todo o arranjo. As caixas, ainda que
constantes, alternam os ritmos e soam muito

Foto 2 – Felipe Moraes e seu violão de oito cordas: como o objetivo era poluir a mix o
áudio música e tecnologia | 55
menos possível com sons de ambiência, microfonações em close mic tiveram preferência
José Carlos
Produção Fonográfica

presentes no arranjo final. Para elas, Júlio sugeriu que absorvedores de


fizéssemos uma captação de ambiência A/B com dois KM grave, em forma
184 e, posteriormente, esse dois canais foram dobrados de concha, posi-
com 7 ms de atraso para dar a sensação simulada de oito cionados atrás dos
instrumentos. músicos.

Com esses instrumentos gravados, já dava pra ter uma Os microfones uti-
noção de como o samba ficaria. E não estávamos nem na lizados foram os
metade do trabalho. Seguindo um procedimento padrão, dinâmicos da Sen-
decidimos gravar, com microfonação dinâmica, todos os nheiser, modelo
instrumentos que tocariam sozinhos na sala pequena. e905, posiciona-
Para os instrumentos de grupo, optamos pela sala grande dos próximo das
e microfonação capacitiva em plano A/B. Já os repeniques peles, de forma a
(ou repiques) gravamos com três músicos (foto 3), numa termos três canais
sala grande e bem aberta, utilizando o KM 184. Já o re- individuais e com
pique de mão, tocado pelo Júlio, foi gravado numa sala o menor nível de
pequena, utilizando um Sennheiser e905. vazamento possí-
vel, mas permitin- Foto 5 – Como não poderíamos gravar com
Um detalhe importante é que, por regra convencionada, do que o naipe de naipe de oito tamborinistas, gravamos com
o número de canais da monitoração ia sendo aumentado atabaques tocasse uma tamborica, instrumento que parece
a cada novo take, porém o instrumento que estava sendo junto, ainda que uma árvore de tamborins e é tocada por
gravado não entrava na monitoração, ou seja, o músico captado separa- um único músico individualmente
escutava seu instrumento acusticamente. Assim, quando damente. Continuando com o ijexá, gravamos o agogô
foram gravados os últimos instrumentos, já se ouvia a utilizando um microfone KM 184 para realçar o agudo cor-
bateria quase completa. tante do instrumento.

O arranjo contava ainda com uma parte de ijexá inserida UMA ÁRVORE DE TAMBORINS
no meio da batucada. Esse ritmo, muito presente nas ma-
nifestações musicais de origem africana e na música bra- Pra concluir, precisávamos gravar os instrumentos mais
sileira por meio do candomblé, traz o uso dos atabaques marcantes da escola de samba: os tamborins. Porém,
e do agogô de maneira muito marcante. Nesse caso, op- como não poderíamos gravar com naipe de oito instru-
tamos por microfonar os três atabaques de forma diferen- mentistas, gravamos com uma tamborica (foto 5). Para
te (foto 4) do procedimento anterior. Utilizamos quatro quem não conhece a tamborica, ela é um instrumento
que parece uma árvore de tamborins e é tocada por um
único músico, que por meio de alavancas faz percutir as
José Carlos

peças individualmente.

A tamborica facilita muito o processo, pois poupa tempo


e custo de produção. No entanto, a imprecisão natural do
ser humano cria um “caldo” de som difuso, que, de certa
forma, soa mais interessante, na minha opinião.

Por fim, faltava o chocalho, presente no samba o tempo


inteiro. Optamos por gravá-lo com um KM 184. Uma par-
ticularidade desse instrumento é que o músico precisa ter
consistência rítmica e resistência física. É o tipo da coisa que
parece fácil, mas cansa e compromete o trabalho quando
o músico não é bem preparado, como nos explicou o Júlio.

Com toda a bateria da escola de samba captada, faltava


apenas a introdução, que foi composta em forma de um
pagodinho utilizando tantam, pandeiro e tamborim. Júlio
preferiu gravar toda a introdução numa sala pequena. A
Foto 4 – Para o registro dos atabaques utilizados este trecho da composição ainda foi acrescentada uma
os microfones dinâmicos Sennheiser e905, que cuíca, que fez toda a costura do arranjo.
foram posicionados próximo das peles
56 | áudio música e tecnologia
No total, contabilizamos dez horas de gravação da bateria. A beleza do samba
e do arranjo vocês poderão conferir depois do lançamento. A partir de agora
iremos trabalhar a parte vocal, que será colocada por cima disso tudo antes do
material ser mandado para a mixagem.

pesQuisar e difundir
Pra encerrar esta matéria, gostaria de ressaltar que temos buscado atrair
novas e diversas experiências. Isso tudo só acontece com o apoio dos alunos-
-estagiários do Núcleo de Pesquisa em Técnicas de Gravação. E todo esse
processo de discussão, escolha e experimentação, bem como o aprendiza-
do de informações novas, é imprescindível para que possamos, num futuro
breve, termos excelência nos processos de gravação e produção fonográfica,
como já demonstrado no que diz respeito à música.

Há muito tempo o Brasil é referência internacional em musicalidade, porém ain-


da buscamos referências sobre processos técnicos em bibliografias estrangei-
ras. Não estou afirmando que isso seja ruim, mas é fundamental produzirmos
nossa própria bibliografia, afinal, ninguém melhor do que nós para tratar dos
aspectos técnicos da produção fonográfica brasileira. Ressalto ainda a impor-
tância de compartilharmos o conhecimento produzido em artigos de revistas,
blogs, vlogs e também em ambientes científicos, como a AES, por exemplo. Isso
aumenta a discussão sobre o “como fazer” e, principalmente, abre portas para
o “fazer diferente”, sem ficar inventando a roda.

Finalmente, o curso de Produção Fonográfica da Fatec Tatuí agradece ao Marcos


Caldeira pela confiança em nossa equipe, e ao Júlio Cesar, por compartilhar seu
conhecimento com todos nós.

Muito obrigado e até a próxima. •


José Carlos

Foto 6 – Júlio Cesar ensaiando o grupo

José carlos Pires Júnior, músico e produtor fonográfico, é professor das disciplinas de Técnicas de
gravação e acústica aplicada ao Instrumento. e-mail: [email protected].

FaTec Tatuí - curso gratuito de Produção Fonográfica. Site: http://tinyurl.com/fatec-prodfono

áudio música e tecnologia | 57


Fazendo Música no Estúdio | Rodrigo de Castro Lopes

O pensamento
musical na mixagem
A comparação com músicas de referência

Divulgação
A
lém da ordem de abertura dos canais durante zação de frequências, as ferramentas adequadas
a mixagem, discutida aqui no mês passado, para comparar duas gravações seriam o analisador
existem outras decisões que a gente toma de espectro e o medidor de nível RMS. Na masteri-
o tempo todo no estúdio e que alteram o resultado zação de um disco, em que todas as faixas devem
artístico do trabalho – nem sempre para melhor. ter o mesmo nível aparente, teoricamente o trabalho
estaria “correto” se todas as faixas tivessem distri-
Algumas das decisões são tomadas usando como buição parecida da energia em todo o espectro e
referência outra gravação, algum trabalho escolhi- mesma intensidade dB RMS.
do por sua excelência. Mas essa comparação não é
simples. As duas músicas foram gravadas com ins- Vamos observar como isso funcionaria no mundo
trumentos diferentes, tocados por outros músicos, real quando trabalhamos com música em uma situ-
em outra sala e com captação diferente. E, o mais ação bastante encontrada por engenheiros de mas-
importante, com outro arranjo. terização: coletâneas. Dependendo do critério da
produção, coletâneas podem reunir qualquer coisa,
O arranjo pode ser encarado de várias formas. Se com o maior grau possível e imaginável de variações
a gente pensar nele como um mapa para organi- artísticas e técnicas em um só álbum.

58 | áudio música e tecnologia


Como exercício teórico, imaginemos um disco em trombone para ser percebido e entendido como
que uma música de trombone solo é seguida por parte da música. Por onde começar, em um arran-
uma faixa de triângulo solo (apesar de já ter en- jo com muitos instrumentos?
contrado músicas quase tão diferentes quanto isso).
Pela natureza dos instrumentos, é óbvio que é ím- A primeira referência deve ser o elemento mais
possível igualar a energia das diferentes faixas do importante nas duas gravações que se quer com-
espectro harmônico. Daria para igualar a intensida- parar. E o elemento mais importante nas duas é
de RMS, mas com certeza o triângulo ia ficar muito o instrumento ou voz que interpretam a melodia
alto. Muito! E um músico criativo pode escrever uma principal ou elemento condutor da música. Pode
música com dois movimentos, um para trombone e ser interpretada por cantores ou até pelo triân-
o outro para triângulo, não pode? gulo e o trombone mencionados no exemplo. Se
as duas melodias forem percebidas como tendo a
Qual é o critério, então, para comparar duas fai- mesma intensidade, o cérebro vai entender que
xas diferentes? Se pensarmos na organização dos o volume das duas músicas está compatível. Da
elementos musicais, poderíamos dizer que ele- forma como entendo, essa é a referência para
mentos com igual importância no arranjo devem igualar duas gravações diferentes, inicialmente.
ter a mesma intensidade ou tamanho aparente.
No caso do triângulo e do trombone, por exem- Provavelmente, a referência escolhida tem um estilo
plo, um tamanho aparente apropriado certamen- parecido com o da música em que se está trabalhan-
te fará com que o trombone tenha muito mais do. Nesse caso, a ideia é observar se há quantida-
energia sonora do que o triângulo – mas é assim des aproximadas de energia em instrumentos que
que funciona. Por diversos motivos, o triângulo tenham funções similares nos dois arranjos depois de
não precisa ter o mesmo nível de energia que o a intensidade relativa das melodias ter sido ajustada.

áudio música e tecnologia | 59


Fazendo Música no Estúdio

O questionamento levan-
tado é relativo à forma de
ouvir quando estamos tra-
balhando com música. Uma
vez que estamos lidando
com uma narrativa artís-
tica, o critério usado na
tomada de decisões deve
ter como objetivo valorizar
essa narrativa. Me parece
que nada poderia ser mais
importante do que isso. O
que às vezes dificulta é que
instrumentos diferentes po-
dem estar desempenhando
a mesma função, e deve
haver uma hierarquia na
presença dos instrumentos,
dependendo de sua intera- Partindo do fato de que cada peça de equipamento alterará
ção com a melodia em cada o áudio de maneira única, a escolha da ferramenta deverá
momento. Essa categori- ser feita com base no quanto cada uma valoriza o discurso
zação se torna mais eficaz musical, e não na “qualidade técnica”
quando busca valorizar os
elementos mais interessantes para o ouvinte a tipo de formação musical, além da formação técnica.
cada momento – sem prejudicar a melodia.
Com isso, não quero dizer que, necessariamente, é
Quero com isso chamar a atenção para a importân- preciso estudar teoria musical. Há excelentes mú-
cia de adquirir ferramentas para entender o discurso sicos autodidatas ou músicos que tocam música
musical, percebendo os naipes em que os sons estão folclórica, que possuem uma noção muito clara da
organizados e a hierarquia desses sons na música, organização dos sons nas músicas que executam
sempre tendo a narrativa como foco. Pensando des- sem obrigatoriamente saberem analisar a forma ou
sa forma, e partindo do fato de que cada peça de a harmonia, como um músico erudito faria. O enge-
equipamento alterará o áudio de maneira única, a nheiro de mixagem também pode desenvolver um
escolha da ferramenta deverá ser feita com base no entendimento próprio da música baseado em sua
quanto cada uma valoriza o discurso musical, e não experiência e convivência com músicos, sem estu-
na “qualidade técnica”. Em outras palavras, a téc- dar música formalmente. Mas ele deve ter algum
nica deve estar inteiramente a serviço do discurso. esquema de organização musical dos sons.

Pensando dessa maneira, até a escolha de microfo- O trabalho que fará durante a mixagem é essencial-
nes e prés é baseada em conceitos estéticos. Não mente musical, e não técnico, partindo desse ponto
haveria, a priori, um microfone melhor do que outro de vista – pois a técnica é ferramenta, e não meta.
para gravar determinado instrumento, e sim micro- Conhecer a ferramenta sem estudar a meta é como
fones mais apropriados para cada instrumento den- aprender a dirigir um carro e não saber para onde ir. A
tro daquele arranjo, tomando como base a intenção meu ver, a função do conhecimento técnico do enge-
do arranjador. Por isso é fundamental, a meu ver, nheiro de mixagem é trazer ferramentas para auxiliar
que os engenheiros de mixagem busquem algum seu trabalho como maestro dos sons gravados. •

Rodrigo Lopes é engenheiro de áudio graduado na Berklee College of Music e bacharel em Música pela Universidade de Bra-
sília. Indicado ao Grammy 2015 na categoria Engenharia de Áudio e ganhador do Prêmio Profissionais da Música 2015 na cate-
goria Engenheiro de Mixagem, trabalhou na Visom, PolyGram, Herbert Richers e Biscoito Fino. Atualmente leciona matérias de
áudio e de música na Faculdade Souza Lima, em São Paulo. Site: www.rodrigodecastrolopes.com.br

60 | áudio música e tecnologia


CONFRARIA
DO REGGAE
Natiruts reúne
gigantes do estilo
em espetáculo
futurista

BANG! ILUMINANDO
Diretor de fotografia de novo Trabalhando em
clipe de Anitta fala sobre os espaços cênicos e em
desafios da produção eventos efêmeros
áudio música e tecnologia | 61
à produtos
NoVo SKYPaNeL arrI
A Arri apresenta ao mercado o SkyPanel, uma nova suindo metade do comprimento

Divulgação
linha de luminárias LED. O SkyPanel, que é compacto, do S60 e indicado para aplica-
luminoso, utiliza LEDs de luz suave de alta qualidade e ções móveis. Ambos os modelos
representa mais de uma década de pesquisa e desen- estão disponíveis nas versões
volvimento da tecnologia LED pela Arri, possui um de- completamente ajustáveis e de
sign focado na forma, cor, feixe de luz e luminosidade. fósforo remoto. A temperatura de
cor pode ser definida entre 2.800 K
O SkyPanel, inicialmente, é disponibilizado em dois e 10.000 K, com excelente reprodução de cores por
modelos, de diferentes tamanhos. O S60 é um mo- toda a gama.
delo intermediário, com uma abertura de luz de 645
x 300 mm e que acomoda a maioria das aplicações. www.arri.com
O S30 (foto) é a versão menor, mais portátil, pos- www.eurobrastv.com.br

NoVo graVador e SWITcHer PorTÁTIL aPoLLo


Foi anunciado recentemente, pela Convergent Design, o nas conectar os sinais em suas entradas, pois ele mesmo
lançamento de um novo gravador e switcher portá- realizará a sincronização através do timecode. O
til. O Apollo, nome que recebeu, permi- sistema conta com dois slots para discos SSD,
te gravar simultaneamente até quatro sendo que o usuário pode escolher entre a
sinais de vídeo HD, além de também duplicação do tempo de gravação ou a ge-
poder ser utilizado como um switcher ração de uma cópia de segurança. Leve
ao vivo dos quatro canais. Vale ressaltar e compacto (pesa 560 gramas e mede
que perder um sinal não implica no impe- 20 x 15,5 x 2,5 cm), o Apollo conta com
dimento do trabalho com os demais sinais. uma bateria DV, que permite seu funciona-
mento durante várias horas.
Divulgação

O produto possui um monitor OLED de 7,7”, por


meio do qual o usuário pode visualizar o estado da grava- www.convergent-design.com
ção. Para que o equipamento funcione, é necessário ape- www.merlinvideo.com.br

360 graUS Para o mercado cINemaTogrÁFIco


Destinada à indústria cinematográfica, a câmera Nokia A câmera, que pesa cerca de 4 kg, pode ser aco-
Ozo, que chama a atenção pelo seu formato redondo, plada a drones, para imagens aéreas, podendo as
Divulgação

também tem foco em realidade virtual e mesmas serem transmitidas ao vivo, o que é um
é capaz de fazer filmes em 360 graus. diferencial. Oito microfones com captação surround
São, no total, oito os sensores de trabalham no equipamento, captando sons de modo
imagem sincronizados e capazes de a criar um efeito de 360 graus. O produto conta
filmar em 4K a 30 frames por segun- ainda com wi-fi, saída HDMI e pode ser controlado
do. Seu SSD interno oferece 500 GB remotamente via Mac.
de memória, na qual podem ser ar-
mazenados até 45 minutos de gravação. www.nokia.com

arrI ULTra WIde zoom UWz 9.5-18


A Ultra Wide Zoom UWZ 9.5-18/T2.9 é uma lente que a máxima qualida-
zoom grande angular da Arri para o mercado de cine- de de imagem é vital. A
ma profissional. Com um espaçoso círculo de imagem distorção fica em menos
de 34.5 mm, a UWZ incorpora tecnologias que supe- de 1% em 9.5 mm e em
Divulgação

ram os problemas já conhecidos das grandes angula- menos de 0.1% em 18 mm,


res mais antigas. O desenho telecêntrico da lente pro- com as linhas retas se mantendo retas mesmo no limite
duz uma performance óptica comparável à de lentes mínimo do foco. Graças ao revestimento antireflexivo,
prime grande angulares mais caras. brilhos e clarões são extremamente reduzidos.

A UWZ é otimizada para as demandas de aplicações de www.arri.com


efeitos visuais, sendo recomendada para situações em www.eurobrastv.com.br
em fo c o

PET DE ILUMINAÇÃO CÊNICA NO IATEC


No dia 19 de janeiro terá início a turma do PET (Programa Es-

Divulgação
pecial de Treinamento) de Iluminação Técnica no IATEC de For-
taleza. O curso, com 84 horas de duração, apresenta uma visão
geral da iluminação cênica, contando um pouco de sua história,
o desenvolvimento dos equipamentos e das lâmpadas. Aborda
também conceitos como temperatura de cor e índice de repro-
dução de cor, características da luz e a visão humana, além de
temas como eletricidade básica, diferenças entre mesas analó-
gicas e digitais, operação e montagem.

Voltado a profissionais da área em busca uma formação mais


estruturada, iniciantes que já tenham cursado Iluminação Cêni-
ca I e profissionais de outras áreas do espetáculo, o curso tem
foco na iluminação de espetáculos e eventos, sua concepção,
escolha de equipamentos e operação. Além das aulas teóricas,
os alunos farão visitas a teatros e empresas de iluminação, aprenderão sobre instalação, a parte elétrica e a prevenção de aci-
dentes, utilizando o Oficial Avolites, console digital mais utilizado do mercado, além do treinamento em LEDs e moving lights.

No dia 7 de março é a vez da turma da unidade Centro, no Rio de Janeiro, ter início. No endereço http://iatec.com.br/
cursos/iluminacao/programa-especial-de-treinamento-pet-iluminacao-cenica o interessado pode obter mais informa-
ções e realizar sua matrícula.

NOVO ALGORITMO E MAIOR


VELOCIDADE NO NETFLIX
Um Netflix mais veloz e inteligente em 2016 é a promessa de ano novo recentemente feita pelo serviço de streaming. E como
isso seria possível? Por meio de um novo algoritmo que vai racionalizar o processo de codificação dos conteúdos, melhorando
a a velocidade do streaming sem que haja diminuição na qualidade de vídeo e áudio.

O sistema usado atualmente pela empresa para converter e transmitir vídeos apenas monitora a banda do usuário, ajustando o
vídeo com base na velocidade da conexão. De acordo com o Netflix, o novo algoritmo, que vem sendo desenvolvido nos últimos
quatro anos, permitirá uma economia de 20% de banda. Ele, em vez de adequar a qualidade do conteúdo à banda do usuá-
rio, fará com que o serviço codifique seu conteúdo
de diferentes formas, racionalizando o processo de
Divulgação

codificar o vídeo armazenado nos servidores da


empresa antes de exibi-lo.

A empresa informou que, por exemplo, episó-


dios diferentes de uma mesma série serão “tra-
tados” de formas diferentes, com um podendo
ser codificado numa taxa de bits inferior e outro
precisando de mais informação para que o re-
sultado una alta qualidade de imagem e som e
ainda seja mais leve.

64 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 65
Capa Rodrigo Sabatinelli

CONFRARIA
DO REGGAE
natiruts reúne gigantes do estilo em espetáculo futurista

P
restes a comemorar 20 anos de estrada, o Natiruts mente todos os projetos realizados pela LPL. Desde The
– indiscutivelmente um dos maiores expoentes do Voice e Superstar até Rock in Rio, entre muitos outros.
reggae brasileiro – promoveu, no dia 8 de janeiro do Mais uma vez, tive a oportunidade de estar a seu lado,
ano passado, no Wet’n Wild de Salvador, Bahia, um verda- e agora ao lado de Bianca, com quem dividi o trabalho.
deiro encontro de artistas que cultuam o estilo jamaicano. Acho que conseguimos, com um esforço em conjunto,
oferecer uma sofisticação que um show de reggae, em
Desse encontro, no qual a banda contou com a presença comparação aos dos de outros gêneros musicais, infeliz-
de nomes como Gilberto Gil, Edson Gomes, Toni Garrido, mente não têm”, disse o iluminador.
Armandinho, Ivete Sangalo e Sine Calmon, entre muitos
outros, nasceu o DVD Natiruts Reggae Brasil, lançado em Convidados pela ZeroNeutro, agência que administra a
outubro passado. Dirigido por Raoni Carneiro, o trabalho carreira da banda, os artistas plásticos Lobot, Jerry Ba-
teve direção de arte do VJ Fernão Ciampa, do coletivo Em- tista e Tché Ruggi, entre outros que integram o staff
bolex, e direção de fotografia de Serginho Almeida – tam- da Galeria A7MA, foram alguns dos responsáveis pela
bém responsável por assinar as luzes do show –, Césio incrível concepção cênica do espetáculo. Em entrevista
Lima e Bianca Halpern. à Luz & Cena, eles e Serginho contaram detalhes sobre o
projeto que ilustra com personalidade o universo de Bob
“Trabalho com Césio há anos. Estamos juntos em pratica- Marley e seus discípulos.

66 | áudio música e tecnologia


Ivan 13P
LUZ EMOLDURA CONTEÚDO “Consideramos, acima de tudo, a performance de cada
equipamento e o histórico de uso em big shows pelo
No rider de luz criado para o espetáculo, os aparelhos foram mundo. Nesse momento entendemos que os Robe eram
distribuídos da seguinte forma: na primeira linha de trusses es- os mais indicados, principalmente os 2500, que têm uma
tiveram dez Robe Robin LED 600 Wash e oito bruttes SGM, de ótica excelente, um zoom bem definido e uma luminosi-
quatro lâmpadas cada; na segunda, seis Vari*lite VL 4000 Spot dade inquestionável, e os Pointe, que são superartísticos
e quatro Robe Wash 2500; na terceira linha, dez Robe Pointe em cena”, disse o iluminador.
e mais seis Robe Wash 2500; na quarta, mais dez Pointe, seis
VL 4000 e oito estrobos Atomic; na quinta, mais dez Pointe e Mas apesar de contar com movings de potência significa-
oito estrobos e, na sexta e última, mais oito Robe Wash 2500. tiva, Serginho não deixou de lado o bom senso, e quando
criou as cenas do espetáculo, optou por luzes pontuais, que
A escolha desses aparelhos foi feita com base no enorme não “brigassem” com os conteúdos exibidos nos painéis e
painel de LED usado na construção do cenário do show. que “abraçassem” tais imagens.
De acordo com Serginho, como a tela emitiria uma grande
quantidade de luz, fez-se necessário trabalhar com moving De acordo com ele, “as artes eram a grande ‘estrela’, afi-
lights de maior potência, algo que o próprio iluminador faz nal de contas, a banda não convidaria um coletivo [Galeria
questão de explica com detalhes. A7MA] se não fosse para este brilhar. Ela queria, do ponto

áudio música e tecnologia | 67


Capa
Ivan 13P

artistas, fundado há três anos na


Vila Madalena, em São Paulo.

Essas obras foram criadas a par-


tir das músicas do repertório do
show, considerando trechos im-
portantes de suas letras e, mais
do que isso, sensações que es-
sas canções causavam a cada um
dos artistas nos momentos em
que concebiam seus trabalhos.

“Quando pintou a ideia de gra-


var o DVD, escolhemos trabalhar
com um grande painel de LED,
que deveria, na nossa opinião,
exibir conteúdos dinâmicos, con-
temporâneos. Então, convida-
Artes em destaque, luzes contidas: integração de mos o pessoal da Galeria, que
universos foi a tônica do Natiruts Reggae Brasil criou as artes e as enviou para
de vista cênico, apresentar um repertório visual rico, diver- a turma da Embolex. Na mão deles, essas telas foram
sificado e que ilustrasse bem cada música. Portanto, a luz desconstruídas e ganharam movimento, resultando num
não poderia atrapalhar, em hipótese alguma, esse objeti- incrível acervo de imagens, que foi exibido ao vivo”, dis-
vo”, explicou Serginho, que utilizou sistemas grandMA para se Alexandre Carlo, líder do Natiruts.
controlar luz e vídeo.
De posse do material, o VJ e diretor de arte Fernão
“Contei com a parceria do operador de vídeo Leandro Ciampa encarou a missão de criar narrativas que ilus-
Petravita, da LED Solution Design – LSD, empresa do li- trassem as canções, algo que, de fato, ocorreu. “Cria-
ghting designer Mazão Marino, que forneceu os servido- mos histórias distintas, visualmente falando, a partir
res de mídia do espetáculo e foi determinante para seu de elementos pinçados dos temas. E o que sentíamos
sucesso, assim como a Back Light Iluminação Profissio- enquanto ouvíamos cada música também foi impresso
nal, que saiu de Goiânia rumo
a Salvador somente para nos

Ivan 13P
atender”, completou.

ARTES PLÁSTICAS
GANHAM
MOVIMENTO EM
PAINEL DE LED
Os conteúdos exibidos na
enorme tela de LED que com-
punha o cenário do show nas-
ceram de obras de arte assi-
nadas pelos artistas plásticos
Lobot, Cristiano Kana, Alexan-
dre Enokawa, Tché Ruggi, Eni-
vo, Jerry Batista, Leiga e Ri-
cardo AKN, da Galeria A7MA,
um conceituado coletivo de

Moving lights potentes, como os 2500 da Robe, foram usados


para compensar a grande luminosidade do painel de LED

68 | áudio música e tecnologia


Ivan 13P

recorri a um personagem
que sempre utilizo em mi-
nhas obras – um oriental –,
que acabou tomando a for-
ma de um guardião ao lado
de uma outra personagem,
também oriental, também
guardiã”, completou.

E, por fim, Enivo, que criou


as telas de Me Namora, de
Edu Ribeiro, e Jah Jah, Me
Leve, do grupo Ponto de
Equilíbrio, disse ter “se-
guido a linha de trabalhar
com imagens ‘em layers’,
ou seja, em camadas, re-
levos, para gerar profundi-
Luis Mauricio, baixista do Natiruts; Gilberto Gil e Alexandre Carlo, dade à tela”.
líder da banda: projeto reuniu gerações distintas do reggae
nessas imagens”, explicou ele. CHUVA SAGRADA E “SINCADA”

Orgulhosos dos trabalhos feitos para o show, os artistas Tecnologias e artes à parte, um dado curioso marcou a
gravação do DVD. Depois de uma semana de sol inten-
explicaram que, apesar de terem se voltado totalmente
so em Salvador e de céu aberto na noite do show, uma
para o ineditismo, em suas criações eles imprimiram traços
surpresa, ou melhor, um presente foi dado à produção.
particulares, que carregam ao longo dos anos em obras
Quando todos os artistas que participaram do show se
expostas por todo o país.
preparavam para cantar No Woman No Cry, música der-
radeira do espetáculo, o público que lotava o Wet’n Wild
“Para a canção Perdido de Amor, de Edson Gomes, fiz
foi “agraciado” por uma poética chuva. Para Serginho, o
uma tela bem colorida. Meu trabalho, na verdade, tem
momento foi único.
essa característica, e em-
bora tenha pesquisado

Ivan 13P
muito para conceber a
arte, segui minha linha
[artística]. O resultado
surpreendeu até mesmo o
próprio Edson, que adorou
o quadro”, disse Leiga.

“Criar uma tela para sim-


bolizar Desenho de Deus,
de Armandinho, foi uma
responsabilidade enorme.
Até chegar ao resultado
final, desenhei e apaguei
[o desenho] por diversas
vezes”, admitiu Jerry Ba-
tista, que também assinou
a arte de Divide, canção do
grupo Alma Djem. “Nessa,

Leandro Petravita cuidou da operação dos vídeos durante a gravação do DVD

áudio música e tecnologia | 69


Ivan 13P
Capa

“Uma celebração, diria! Imagine só! A


arte que ilustrava essa música tinha, den-
tre outros elementos, lágrimas que fa-
ziam referência à letra. De repente, como
se estivesse sincada com o show, a chuva
cai e surpreende a todos. Nós não con-
seguíamos acreditar. Mas, na verdade, é
simples: o reggae tem essa conexão es-
piritual, e, se pensarmos bem, fazia todo As artes usadas nos LEDs nasceram de telas
sentido cair uma chuva para coroar nosso criadas por artistas plásticos
trabalho”, filosofou, encerrando. •

Ideias e ferramentas
O diretor de arte Fernão Ciampa, do coletivo Embolex, dá detalhes sobre
a arte visual não apenas presente, mas em destaque no show Natiruts Reggae Brasil

L&C: Fernão, que softwares você empregou A ideia é criar uma terceira coisa que surge da
para desconstruir as telas e criar os conteúdo soma das duas coisas. A tal da “música visual”. A
dos LEDs do espetáculo? letra do Bob Marley fala de uma mulher que não
deve continuar chorando e pensamos em gotas de
Fernão Ciampa: O processo incluiu um tratamento mulheres que iriam escorrer no final. Nunca imagi-
de imagens no Photoshop, e nele foram recortadas nei que fosse começar a chover exatamente nesse
para serem animadas no After Effects. Algumas ima- momento... Eu brinco dizendo que Deus também
gens usaram também um software de 3D (Cinema estava sincado no timecode. Sobre a resolução, o
4D), outras utilizaram o Blender. Foram seis anima- material todo foi gerado em full HD.
dores diferentes. Depois tocamos essas imagens no
DVD diretamente de um media server da mesa de Eles foram compostos para serem executados
luz GrandMA. Agora, na turnê, substituímos o media de forma linear ou havia possibilidade de mani-
server por um PC com placa de vídeo de 6 GB rodan- pulação via layers durante as execuções?
do o Resolume Arena 5.
Fernão: No DVD era tudo já editado no timecode de
Como foi feito o “transfer” para o ambiente di- cada música, mas, para a turnê, estamos preparan-
gital? As telas foram escaneadas? do também possibilidades de manipulacão ao vivo.

Fernão: Contratamos um fotógrafo profissional que Quão desafiador foi, para você, ilustrar um es-
tirou fotos em alta das novas telas e algumas que petáculo tão importante quanto esse?
já existiam. Usamos também outras fotos de docu-
mentações das obras da Galeria A7MA e dos próprios Fernão: Sinto que os músicos vão perceber cada
artistas. Aí escaneamos essas fotos. vez mais a importância de criar um evento que vai
além da música. O Natiruts está sendo pioneiro na
Além das telas, que serviram de base para as forma de fazer esse trabalho, pois são extrema-
criações, que elementos vocês inseriram em mente profissionais e acreditam nessas inovações
cada uma das canções? Em No Woman No Cry, e nas parcerias com outros artistas sem medo de
por exemplo, estiveram em destaque as lágri- perderem o protagonismo na hora do show. Alguns
mas e as gotas de chuva. E em que relosução músicos acabam ficando com uma espécie de ci-
esse material foi gerado? úmes do investimento dado aos visuais, como se
isso desvalorizasse a parte musical propriamente
Fernão: Em cada música tentamos contar uma dita. Porém, quando as forças realmente se jun-
historinha não-linear, uma espécie de sonho que, tam, como tem sido o caso da parceria do Embolex
de alguma forma, se conecta à música, com tan- com o Natiruts, o trabalho de todos ganha uma
to letra quanto instrumental se ligando ao visual. potência muito maior.

70 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 71
Cl i pe Rodrigo Sabatinelli

BanG!
Diretor de fotografia de novo clipe de Anitta fala sobre os desafios da produção

Divulgação
S
ensação absoluta do pop nacional, Anitta lan- dução, que, se não bastasse o próprio sucesso, vem
çou, às 18h30 do dia 9 de outubro, seu mais dado origem a um sem número de memes na internet.
novo clipe. Oito horas depois, Bang!, que dá
nome ao terceiro disco da cantora, alcançava a im- Luz & Cena: Will, que câmeras você utilizou
pressionante marca de um milhão de visualizações, para captar as imagens do clipe?
para, no dia seguinte, chegar ao dobro desse nú-
mero. Vinte dias após ser publicado no YouTube, já Will Etchebehere: Bem, todo o material foi cap-
computava mais de 20 milhões de acessos. tado por duas câmeras – uma Epic Dragon, da
RED, e uma Alexa Plus, da Arri Group. Os arquivos
O tiro certo, como é dito na letra da música, foi mais da Epic foram gerados em 6K de resolução, en-
um dado por ela, que, para realizar tal empreitada, quanto que os da Alexa ficaram em 2K. Optamos
contou com a direção de Bruno Ilogti, a direção de arte pelo shutter em 23.976 fps, que foi a base do cli-
de Giovanni Bianco e a direção de fotografia de Will pe, mas acabamos rodando algumas coisas com
Etchebehere. E é com o fotógrafo que conversamos 40 quadros, pois poderíamos, em algum trecho,
para saber um pouco sobre como foi feita essa pro- trabalhar com a imagem um pouco mais ralentada.

72 | áudio música e tecnologia


Divulgação

Divulgação
Will assina a direção de fotografia do clipe Para promover movimentos de câmera, foram
usados, dentre outros, um estabilizador de mão

Além das câmeras, que acessórios foram usa- Mas também fizemos muitas coisas em movimento,
dos, por exemplo, para promover os movimen- que, por sua vez, também receberam pós.
tos de cena?
Fale sobre o conceito visual do clipe e de que ma-
Will: Trabalhamos com dolly, trilho e um estabiliza- neira utilizou a iluminação dentro desse conceito.
dor manual de imagem da Epic, chamado Movi.
Will: O clipe tem como referência os stills de
Como foi feito o plano de filmagem do clipe? editoriais de moda. Portanto, utilizei equipamen-
tos que simbolizassem esse universo, como, por
Will: Fizemos uma grande quantidade de planos exemplo, umas cabeças de luz contínua de 2500k
fixos, em função dos inúmeros efeitos de pós que semelhantes aos haze usados nessas situações.
seriam inseridos, como, por exemplo, as animações Trata-se de um Briezze, que é uma luz bem dura,
dos óculos e dos acessórios de cabelo e roupa de bem marcada, especialmente usada em projetos
Anitta e suas bailarinas. Esses retratos semiestáti- de beleza. Além dela, usei, no teto, como base e
cos que fizemos visavam gerar um acervo que pu- para dar uma sensação de espaço branco infinito,
desse, então, ser usado nessas composições de pós. um refletor fluorescente.

Divulgação

Alexa, da Arri, foi uma das duas câmeras usadas em Bang!

áudio música e tecnologia | 73


Cl i pe

solver as questões do set foi determinan-


Divulgação

te para que a linguagem fluísse e o resul-


tado fosse como o esperado. •

Divulgação
O material do clipe foi capturado em cor,
mas finalizado em preto e branco

O material foi captado em preto e branco,


como se vê no clipe, ou no modo tradicional,
colorido?

Will: Ele foi capturado com cor, mas nós o mo-


nitoramos em preto e branco, sim. O processo é
simples, mas cuidadoso. Basicamente, captura-
mos, seguimos para a correção de cor, mexemos
um pouco, encontramos a intensidade certa do PB,
o grão, o contraste, o brilho e, a partir disso, ex-
portamos de volta para a câmera e visualizamos,
então, o que seria a imagem estabelecida para o
restante do dia.

Como foi trabalhar com Bruno e Giovanni?

Will: Foi realmente especial. Eu não os conhe-


cia, mas acabamos entrando em uma sintonia
muito bacana logo no primeiro contato. Bruno é
um cara muito criativo e o Giovanni é um mestre
em composição e arte, então, além de praze-
roso, estar ao lado deles foi desafiador. Juntos,
conseguimos unir os universos do cinema e da
moda em um mesmo ambiente.

As referências que eles trouxeram para o clipe


eram muito claras, e realizá-lo, apesar das dificul-
dades naturais, foi tranquilo. Para isso, no entan-
to, precisamos entender as limitações [do projeto]
e trabalhar em cima das possibilidades reais. Re- As artes de Giovanni deram o tom pessoal ao trabalho

74 | áudio música e tecnologia


áudio música e tecnologia | 75
Il um inando Rodrigo Horse

Iluminando com arte,


técnica e segurança
Trabalhando em espaços cênicos e em eventos efêmeros

E
vamos para nosso último encontro de 2015. Época de

Rodrigo Horse
renovar os votos e pensar em um futuro melhor para
nossos filhos e para as próximas gerações. Neste pe-
ríodo, por todo Brasil são realizadas diversas festas e even-
tos para comemorar esta época tão esperada. E claro que
nossos trabalhos também são exigidos neste período, pois,
como já disse para vocês, nós, iluminadores cênicos, lighting
designers, temos o poder de transformar qualquer espaço
com a luz. Já dizia o grande arquiteto Oscar Niemeyer: “Uma
boa iluminação levanta uma arquitetura medíocre, e uma
iluminação ruim acaba com o melhor projeto”.

Iluminar praças, feiras, eventos, desfiles e festas come-


morativas não difere muito de nossos projetos atuais.
Pode não ser o ambiente ao qual estamos acostumados,
com um palco italiano, mas o conceito de criar e pen-
sar a luz do ambiente ainda se faz presente e a forma
como criamos e executamos não difere muito do que já
estamos habituados a fazer. Claro que agora devemos
Fig. 1 – Parque Shopping Maceió
levar em consideração que não teremos aqui bamboli-
nas, pernas e coxias para que possamos ocultar nossos ESTUDOS INICIAIS ALIADOS
equipamentos. Então devemos pensar que eles devem
A TÉCNICA E TEORIA
ser incorporados ao projeto de uma forma que nos sirva
como um equipamento que execute as funções predefi-
O profissional de iluminação que trabalha no final de ano,
nidas e também componha a decoração do espaço tanto
na maioria das vezes começa como técnico de luz, muitas
de dia quanto de noite.
vezes por curiosidade ou por indicação de alguém. Quem
continua na área depois executa o serviço por paixão ou
É importante lembrar que, dependendo do espaço, nossa
muitas vezes porque lhe trouxe um retorno financeiro. Sa-
iluminação pode ofuscar a visão das pessoas, como uma
bemos que no Brasil não há uma escola de formação profis-
iluminação inserida em uma praça pública ou um show.
sional que poderá contribuir para o mercado de iluminação
Estamos aqui para contribuir e ajudar no entendimento
do trabalho e não para prejudicar ou alterar a visualidade cênica. Como conversamos anteriormente, formam-se três
de uma praça, por exemplo. tipos de profissionais, sendo que seu aprendizado é quase
sempre prático, no dia a dia, no acompanhamento de mon-
Sendo assim, nossos serviços não ficam restritos somen- tagem, observando o que está acontecendo à sua volta.
te a espetáculos cênicos, sendo também fundamentais em
eventos efêmeros, como estes que vão começar agora, Conheço técnicos que começam nesta área de iluminação,
nesta época do ano. Os três tipos de profissionais que serão como em outras áreas também, como cenotécnicos, sono-
exigidos para executar diversos projetos são os iluminado- plastas, técnicos de som, DJs e por aí vai, que acabam de
res cênicos, criando seus projetos de luz, os técnicos de luz uma certa forma se acomodando e não evoluem, muitas
em diversas montagens, tanto externas quanto internas, e vezes por falta de interesse ou por não terem uma didática
operadores de luz, executando a operação da luz quando o de formação. Ou não buscam outra forma de conhecimen-
iluminador não puder estar presente. to a não ser ver outros trabalhos ou testar novas possibili-

76 | áudio música e tecnologia


dades sem conhecer a parte teórica de seu trabalho. Claro ILUMINANDO E MONTANDO
que o conhecimento adquirido com a prática é de suma
COM SEGURANÇA
importância, mas a formação teórica também nos fornece
muita base de conhecimento para nos ajudar na constru-
Vamos voltar ao nosso assunto, a formação técnica. Como
ção de conceitos que vão nos auxiliar a dialogar com a disse, há várias formas de se iniciar na profissão, e na maioria
cena e com projetos que vamos realizar. das vezes é na prática ou acompanhando algum outro profis-
sional que já está há algum tempo no mercado. Muitas vezes
Debruçar-se sobre um livro buscando os teóricos da nossa começamos em um teatro ou empresa de luz. Esta formação
área de atuação contribui teórica e tecnicamente para co- prática em um local como este enriquece, e muito, sua forma-
nhecer como a iluminação evoluiu e também como, muitas ção, sendo uma bagagem de conhecimento que você carre-
vezes, algo que, à primeira vista, seria muito complicado de gará pelo resto de sua vida. Além deste conhecimento, temos
fazer, pode se tornar fácil sabendo sobre a ciência por trás que procurar sempre exercer nossas funções com segurança
daquilo. Os primeiros estudiosos da iluminação cênica bus- e cuidado, pois nos pequenos detalhes e na desatenção po-
caram os estudos e as formas de aplicar suas ideias através demos nos incorrer em acidentes graves, ainda mais quando
de tentativas e erros ou muitas vezes por necessidade. encontramos montagens e estruturas totalmente erradas ou
malfeitas. Como gosto de falar: o demônio mora nos detalhes.
Quando vamos buscar alguma literatura sobre ilumina-
ção, muitas vezes temos que recorrer a pesquisadores de Quando se está no início da carreira, começando como téc-
língua inglesa, francesa ou alemã. Trabalhos teóricos de- nico de luz ou montador de palco, passamos por situações
senvolvidos na literatura brasileira são muito difíceis de diversas e arriscadas. O proprietário da empresa ou do es-
se encontrar, e, quando achamos, são produções a partir paço onde este profissional presta serviço deve ficar atento
da década de 1970 ou 1980, pois antes disso a nossa pro- às normas de segurança para que seu funcionário execute
fissão não era vista como um elemento que demandava suas funções de forma correta e segura.
um profissional específico, ficando a mesma a cargo do
encenador ou do diretor cênico, ou também porque era Vou contar uma experiência que passei há algum tempo. Che-
uma área nova, que estava surgindo, e, assim, buscando guei em um espaço cultural para montar a luz do espetáculo
um maior conhecimento. do qual eu era iluminador. Acontece que eu já sabia que o es-
paço não possuia técnicos de luz para a montagem. Como era
A profissão de iluminador cênico e suas derivações é muito algo simples, eu mesmo montei os refletores e fiz as devidas
recente em nosso país, se compararmos com outras nações, ligações. Eu estava com pressa, pois tinha outra montagem
como Inglaterra e Alemanha. Quando vamos nos referir ao para acompanhar, então pedi para o rapaz que estava respon-
técnico de luz, então, nem se fala. Antes ele era conside- sável pelo equipamento de luz, som e palco, que, posterior-
rado como eletricista em um espaço onde realizavam-se as mente à minha ida, subisse na escada, colocasse quatro ge-
encenações de vários tipos e formatos. latinas nos refletores e as afinasse para mim. Coisa simples.
Ele, do nada, virou para mim e disse:

“Não posso subir na escada porque não fiz


curso para subi-la.”

Oi?

Ele me falou isso seco e rápido, e em se-


guida voltou para suas atividades, que,
na hora, era acessar uma rede social. Fi-
quei olhando aquela cena e imaginando
mil coisas que eu poderia dizer para ele.
Respirei fundo, e antes que eu falasse
qualquer coisa, resolvi sair da cabine e
eu mesmo colocar as gelatinas. Isso gas-
tou um tempo que acabou atrapalhando
minhas outras atividades no mesmo dia.

Naquele momento de silêncio, que durou


alguns segundos, olhei para ele e vieram
diversos pensamentos à minha mente.

Fig. 2 – Poste de dia Fig. 3 – Poste ao pôr do sol


áudio música e tecnologia | 77
Il um inando
nos incentivarem e formarem profis-
sionais que estejam aptos e capaci-
tados para exercerem suas funções,
e assim atenderem melhor seus es-
paços.

Acredito que vários espaços pas-


sam pela mesma situação, assim
como acontece em empresas de lo-
cação de equipamentos de luz, som
e palco, que muitas vezes buscam
a quantidade e não a qualidade do
serviço que seus funcionários vão
executar. Temos que fazer nossa
parte e buscar nos qualificar melhor,
não somente técnica e teoricamen-
te, para exercer nossa função, mas
também para garantir nossa segu-
rança em executar nossos projetos.
A profissão de técnico de luz é uma
Fig. 4 – Praça mal iluminada das mais arriscadas e perigosas no
mercado de trabalho, ainda mais quando se é novo e se
Primeiro veio a raiva, depois raciocinei com mais calma e
percebi que, de uma certa forma, a culpa não era especi- acha o super-homem, acreditando que pode subir, pular,
ficamente dele, mas sim da instituição que não lhe forne- escorregar e saltar em estruturas de ground ou outra
ceu o treinamento de trabalho em altura, que temos que qualquer que envolve alturas e riscos para sua saúde.
cumprir segundo a norma NR35, que nos fornece requisitos
mínimos e as medidas de proteção para trabalho em altura. Neste período de festas, devemos ficar mais atentos
ao executar as montagens técnicas de luz, ainda mais
Mas a raiva que me veio naquele momento aconteceu em palcos que exigem montagem nas alturas, estrutu-
porque aquele espaço específico já existe há mais de dez ras pesadas e longas montagens, que muitas vezes vão
anos e nunca houve técnicos de luz destinados para o noite adentro, até o dia nascer. Cuidado com seu cor-
mesmo, e muito menos com os devidos cursos de prote-
po. Não somente nossos olhos e mãos, que são nossos
ção para exercer suas funções, como a norma NR35 já ci-
instrumentos de trabalhos, mas nosso corpo como um
tada e a NR10, que presa pela segurança em instalações
todo. Precisamos dele para nos locomover de um lado
e serviços de eletricidade.
para outro. Nossa profissão exige trabalho em conjunto,
com teoria e prática ao mesmo tempo.
em primeiro LuGar, nossa
seGurança Deixo aqui um pensamento do grande filósofo grego Pro-
tágoras: “O homem é a medida de todas as coisas”. Então,
O que quero colocar aqui é que, além de nossos apren-
meu amigo, não se acomode e avance a cada dia em seu
dizados e cursos para formação profissional nesta área,
devemos ficar atentos a outros cuidados também. Não aprendizado profissional e pessoal, pois você pode ser o
basta aprender a colocar um refletor e a afiná-lo se não que quiser. Só depende de você.
temos o mínimo de segurança para executar o traba-
lho. Cabe a nós procurar nos qualificar em normas de Grande abraço a todos! Tenham um Natal e um ano novo
segurança do trabalho, mas também cabe às empresas iluminados. •

rodrigo Horse é graduado em design de Interiores pela Faculdade cambury-go, especialista em docência do
ensino Superior pela Faculdade Brasileira de educação e cultura (FaBec-go). Professor da pós-graduação do
IPog do curso master em Iluminação e arquitetura e pela Faculdade Unicuritiba na pós-graduação arquitetura
de Iluminação. É iluminador efetivo da Universidade Federal de goiás (UFg) e atua como iluminador cênico há 15
anos. contato: [email protected]

78 | áudio música e tecnologia Até o mês que vem, com mais um caderno Luz & Cena!
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áudio música e tecnologia | 79


lugar da verdade | Enrico De Paoli

E quando a sua mix do PA...


é transmitida para o rádio?
P
ois outro dia cheguei num teatro pra mixar Então, quando finalmente vamos ouvir a mix da
um show do cantor Jorge Vercillo e somente rádio, não temos mais o som acústico do local do
ali, momentos antes do show, fiquei sabendo show, que, sem querer, usamos também como
que a minha mix do PA seria transmitida para uma referência durante a mix... Foi quando me ocor-
estação de rádio. Parece simples... mas não é exata- reu experimentar algo que eu ainda não tinha
mente assim, e o motivo você confere a seguir. feito neste caso: usar headphones com cancela-
mento de ruído! Por que não? Fiz a experiência.
Quando mixamos um show, procuramos ouvir Vesti os fones e... voilà! Me senti quase fora dali,
exatamente o que o público vai ouvir, para assim podendo mixar o áudio da rádio de forma pratica-
tomarmos as decisões corretas de forma que que mente desconectada da acústica do local.
nossa mix soe bem ao público. Ou seja, se o teatro
tem um pouco mais de reflexões em frequências Tratei a mix de forma que qualquer mudança que eu
graves, tendemos a tirar estas da mix. Se o local precisasse fazer para o show soar bem na casa fosse
é pequeno e a caixa e pratos da bateria chegam corrigida nos equalizadores do PA, que não afetavam
ao público sem muita necessidade de amplificação, a mix indo pra rádio. Sim, eu poderia ter feitos duas
tendemos a diminuir estes canais na mix. mixes, uma pra rádio, outra para o PA, porém, não só
esta decisão aconteceu de última hora, como o show
E, se enviamos esta mix para a rádio, temos uma tem muitas pilotagens, e eu precisava que estas “au-
verdadeira tragédia: uma mix sem graves, sem cai- tomações” valessem tanto para o PA quanto para a
xa e nem pratos! E acredite em mim: por mais que rádio. Sendo assim, problema resolvido com apenas
você explique ao artista e banda que lá no show uma mix naquela noite.
tudo soava lindo, enquanto eles escutam uma mix
toda capenga, eles nunca acreditarão em você. Fora Mas, ainda assim, vale lembrar uma breve questão:
o óbvio fato de que o público da rádio também me- por mais que os fones com cancelamento de ruído
rece ouvir uma mix perfeita e musical. vedem os ruídos externos a eles, os elementos sub-
graves reproduzidos na mix e no PA são escutados
Numa situação como esta, o ideal seria mixar a não apenas por nossos ouvidos, mas também por
transmissão da rádio de outro local, fora daquele nossos corpos. As frequências subgraves são extre-
ambiente, com monitores de estúdio. Mas a vida mamente grandes, e literalmente nos movimentam
nem sempre é tão perfeita assim, e este não era os corpos, além dos nossos ouvidos. Portanto, é im-
o caso. A segunda melhor opção, então, é um portante levar em consideração que a mix transmi-
par de headphones, mas desta forma ficamos tida não causará as mesmas sensções subgraves, a
com um novo problema: os headphones não ve- menos que ela esteja sendo ouvida num sistema com
dam todo o som ambiente do local, e então não as mesmas características sônicas de reprodução.
conseguimos mixar ouvindo somente os fones,
mas, sim, também o vazamento do PA entrando Pra vocês desejo boas mixes, bons desafios e óti-
nos nossos fones. mas soluções.

Enrico De Paoli é engenheiro de música premiado com Grammys e membro da National Academy of Recording
Arts and Sciences. Algumas de suas mixes e masters podem ser ouvidas em seu site, www.EnricoDePaoli.
com. Neste mesmo site, conheça o Mix Secrets, seus treinamentos personalizados em engenharia de música.

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