Jan 16 Revista Audio Musica e Tecnologia
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Jan 16 Revista Audio Musica e Tecnologia
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MARATONA DA
ALEGRIA FM O DIA
Show de hits em alto e bom
som na Praça da Apoteose
I X A G E M SEM
HOME STUDIO M
SEGREDO
S ( PA RTE 9)
RRA
Técnicas de gravação E S S – GUE
LOUD N
de baixo elétrico O S V O L UMES
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TESTE
NEXT PRO R2 MULTIFLEX GRAVANDO UM
Novo amplificador mostra que SAMBA-ENREDO
a indústria nacional reage à crise Um passo a passo descomplicado
44 Desafiando a Lógica
38
dicas inspiradoras para produção musical no Logic:
Saia do lugar-comum e alimente sua criatividade a
partir dos recursos de sua plataforma favorita
andré Paixão
Maratona da
alegria FM o Dia 48 Mixagem
Show de hits em alto e bom som mixagem sem segredos (Parte 9):
rodrigo Sabatinelli
Loudness – guerra dos Volumes
Fábio Henriques
54 Produção Fonográfica
gravando um samba-enredo:
14 Em tempo Real
gustavo Lenza Sem mistério, mas cheio de magia
José carlos Pires Junior
marcio Teixeira
28 Em casa
dicas e técnicas de gravação em um home studio (Parte 10)
seções
Técnicas de gravação de baixo elétrico editorial 2 notícias de mercado 6
Lucas ramos novos produtos 10 índice de anunciantes 79
66 72
clipe
Bang! – diretor de fotografia de novo clipe
de anitta fala sobre os desafios da produção
capa por rodrigo Sabatinelli
confraria do reggae – Natiruts
reúne gigantes do estilo em
espetáculo futurista
por rodrigo Sabatinelli 76
iluminando
ProdUToS .................................. 62 Iluminando com arte, técnica e segurança:
Trabalhando em espaços cênicos e em eventos efêmeros
em Foco .................................... 64 por rodrigo Horse
notícias de mercado
Divulgação
seu novo modelo de negócios no Brasil. A companhia, assim
como outras já fizeram, está criando a D.A.S. do Brasil com o
objetivo de que os lançamentos cheguem mais rápido ao país
e com um valor mais acessível. Durante o evento, a nova com-
panhia apresentou a recém-incorporada equipe de vendas e
suporte técnico, vinculado à marca D.A.S. durante quase 20
anos, proveniente do antigo distribuidor para o país, Decomac.
Esta equipe garante a continuidade do serviço D.A.S. para o
grande número de clientes e usuários da marca no Brasil e tem
objetivo de melhorar ainda mais o atendimento pós-venda, os
treinamentos e a assessoria técnica em relação a novos produ-
tos a serem lançados em breve no mercado nacional. Estande da D.A.S. na Expomusic: lotado
durante a apresentação de novos line arrays
No cargo de diretor de vendas da D.A.S. do Brasil está Guil-
lermo Distefano, profissional ligado à trajetoria da empresa no
país há quase 20 anos e que tem a máxima confiança em toda a rede de vendas, clientes e usuários da marca em todo o
país. O departamento comercial é concluído com Victor Da Silva e Marilia Macri, que também são responsáveis por aumentar
ainda mais a presença da D.A.S. no Brasil, oferecendo equipes de vendas de serviços de alta competência, algo que já é uma
característica da marca em todo o mundo.
“É certo que temos muito trabalho a fazer com essa nova propos-
ta colocada pela D.A.S. O desafio é grande, mas estamos prepa-
rados para dar um atendimento e um suporte exclusivo e ainda
melhor que antes. Durante 2016 realizaremos, pelo menos uma
vez por mês, um seminário de apresentação de produtos, bem
como treinamentos de Ease Focus [software utilizado na mon-
tagem dos line arrays] em estados e cidades diferente, a fim de
Coquetel no estande: companhia anunciou criar uma divulgação massiva de nossos produtos e permitir a
seu novo modelo de negócios para o país capacitação de um número maior de usuários e empresas que
ja possuem nossos sistemas, bem como mostrar a nova cara da
D.A.S. do Brasil em parceria com lojistas locais”, destacou Nanão.
Joel Damiano, engenheiro de sistemas D.A.S. Audio também estava presente para acompanhar esta nova etapa da empresa
europeia, e tanto Gonzalo Aguirre, diretor de vendas da companhia para a América Latina, quanto Manuel Peris, CEO da D.A.S.,
salientaram a importância deste passo importante no crescimento da companhia no Brasil. A nova filial terá como objetivo
melhorar ainda mais a agilidade e os serviços para todos os usuários de produtos D.A.S. Audio.
A D.A.S. do Brasil estabeleceu seu escritório na mesma sede que era usado pela Decomac, na Rua dos Andradas, no bairro da
Santa Efigenia, na cidade de São Paulo, mantendo o endereço vinculado à história da D.A.S. no Brasil e de fácil reconhecimento
pela grande massa de usuários da marca no país, já que tem sido usado durante quase duas décadas como ponto de encontro
entre os clientes e usuários de seus produtos.
www.musical-express.com.br
Nos dias 28 e 29 de novembro passado, o Comfort Hotel Downtown, lo-
calizado no centro de São Paulo, foi palco do Seminário Shure, promo-
vido pela Musical Express, nova distribuidora oficial da marca no país.
O evento, que contou com a presença de vendedores internos e externos, supervisores, gerentes e representantes, também
recebeu Helio Garbin, gerente de vendas da Shure para a América Latina, e do diretor geral da Shure América Latina, José
Rivas. O comando do treinamento de produtos ficou a cargo de Jon Lopes, especialista em desenvolvimento de mercado.
No PET Áudio para TV e Cinema, também com 170 horas de duração, o aluno aprenderá sobre técnicas de captação de áudio
para transmissões no rádio, TV e para produções cinematográficas, além de técnicas de mixagem e sincronismo, softwares, trilha
sonora, sonorização na pós-produção e sonoplastia. Por fim, o curso
divulgação
aparelho iOS e usar um kit para co- efeitos, como reverbs, delays, chorus
divulga
divulgação
timbragem geral do amplificador entre uma sonoridade 100%
britânica e uma 100% americana. Outro recurso também pre-
sente no G5 é a saída XLR que simula uma caixa de 1 x 12”
ou 4 x 12”, conforme a escolha do usuário.
As duas entradas mini-XLR-F (L e R) podem ser ligadas tanto em modo mono como estéreo. Outra ca-
racterística do B23 L é que ele pode ser usado como um mixer pequeno e portátil para até dois sinais de
áudio em um único aparelho. Dois controles de volume separados permitem que o usuário possa definir
o nível de cada microfone de forma independente, além de compensar diferenças de nível entre duas
fontes de áudio, como voz e instrumento, por exemplo. No painel traseiro do B23 L estão presentes o
compartimento para bateria e um clipe de metal para que possa ser fixado a um cinto, correia de guitarra
e outros acessórios. Duas pilhas AA garantem ao equipamento uma utilização média de 30 horas.
www.harman.com
www.harmandobrasil.com.br
12 | áudio música e tecnologia
áudio música e tecnologia | 13
em TemPo reaL | marcio Teixeira
christiano Santos
GustaVo
LenZa
G
ustavo Lenza, aos 40 anos, lembra que come- a grana é inversamente proporcional ao prazer gerado.
çou a gostar de música em casa, onde seus pais Daí, me liguei que não podia ficar só em estúdio e fui me
estavam sempre ouvindo MPB. “Meu pai toca- aventurar nos PAs também.”
va violão e me ensinou os primeiros acordes. Com sete
anos eu ficava ouvindo as rádios com um gravador de Desde que começou na área, Gustavo atuou como as-
cassete ligado a ele e fazia minhas primeiras mixtapes sistente no estúdio RAC/Teclachordy (“que hoje é a YB”,
ou playlists analógicas”, recorda ela. Desde então, a destaca), depois foi ser assistente no Mosh. Em seguida,
música nunca mais saiu de sua vida. E, apesar de bem atuou por seis anos na YB. “Na YB, eu era o cara do
novo, já estava ligado na parte técnica, preferindo fitas disco, junto com o mestre Cacá Lima. Esse sabe tudo e
TDK e Sony às demais. “Já me ligava nas fitas importa- mais um pouco! Gravei muito para o selo e era o enge-
das, e ia comprar na Santa Efigênica caixas delas.” De- nheiro da casa quando alugavam para outros projetos de
pois, na adolescência, veio a banda montada no colégio, fora. Foi uma grande escola! Por lá passou muita gente
a Banda Toca, na qual pilotou a guitarra por dez anos. boa da ‘cena’ independente paulistana.” Passado esse
“Meu interesse pelo estúdio veio a partir das gravações e período, Lenza vem atuando como freela, sendo que
experiências com minha banda”, explica. desde 2013 ele pode ser encontrado em sua sala de mix,
La Nave, trabalhando junto com o músico Chico Salém e
Seu primeiro estágio foi em 1993, no estúdio Vice-Versa, o engenheiro de masterização Felipe Tichauer.
que depois virou a Trama. “Foram seis meses colados no
engenheiro Nico Bloise, meu padrinho profissional. Depois A lista de artistas com quem Lenza já atuou em estúdio
disso, entrei na faculdade de Administração e só voltei a é bem significativa e já rendeu trabalhos que lhe deram
trabalhar em estúdio em 1996. Mas continuei com a ban- destaque na indústria. Entre o nomes, destaque para
da. No começo, achava que ia descambar para a publici- Arnaldo Antunes, Céu, Curumin, BNegão, Lucas Santta-
dade, mas nunca me adaptei muito com o ritmo e com na, Criolo e Emicida, Zeca Baleiro, Racionais, Instituto,
a vaidade que rola nesse meio”, conta Lenza. “Me sentia Mariana Aydar, Marcelo Camelo, Ná Ozzetti e Zé Miguel
muito mais realizado varando a noite gravando uma base Wisnik. Como técnico de PA, mais figurinhas carimbadas
do que fazendo duzentas versões para agradar o cara da contaram com o talento de Gustavo: Nação Zumbi (e
agência, que estava querendo agradar o cliente... Só que seu sensacional projeto paralelo Los Sebosos Postizos),
Curumin, Instituto, Criolo, Bixiga 70, Anelis Assumpção ne, um delay analógico... Na estrada você tem que lidar
e Iara Rennó, entre outros. Atualmente, Lenza faz o som com outros fatores, como acústica da casa, qualidade do
ao vivo de Ná Ozzetti, Zé Miguel Wisnik e Céu. equipamento, condições meteorológicas e público, e os
detalhes não interferem tanto no resultado. Mas, mesmo
“Tenho o maior orgulho de trabalhar com a Céu. Mixei assim, tento fazer um PA como se fosse mais um músico
dois discos dela mais o DVD ao vivo e coproduzi Vaga- da banda. Levo sempre meus efeitos comigo e gosto de
rosa junto com Beto Villares, Gui Amabis e ela. Gravei a participar do show.”
sessão com ela e Herbie Hancock no Mega, em São Pau-
lo, e fiz muitas turnês internacionais, tocando em festi- Perguntado sobre o que é necessário para ser um bom
vais como Coachella, Montreal Jazz Festival, Roskilde”, profissional e fazer seu trabalho com excelência, Lenza
lista o multiprofissional, destacando ainda seu trabalho nos passa sua própria receita. “Ouvir música, ouvir os
como produtor em um disco com Arnaldo Antunes, Ed- músicos e outros técnicos e ouvir quem ouve música.
gard Scandurra e Toumani Diabaté, do Mali. “Fomos para Ter calma, paciência, estudar e ter um ouvido treinado.
a África e gravamos por dez dias a participação dele no Também é muito importante saber lidar com as pesso-
disco. Uma experiência única!”, pontua. as, principalmente os artistas, que são mais sensíveis
por natureza. Não é puxar o saco, mas entender o que
Lenza conta que a experiência em estúdio lhe ajudou e eles querem, pois muitas vezes não é exatamente o
ainda ajuda muito quando faz um PA. “É verdade, pois que falam”, explica Gustavo, cujos planos para o futu-
me deu uma referência do que soa bem, as frequências ro mostram seu amor pelo que faz. “Quero continuar
que sujam, como comprimir corretivamente e artistica- trabalhando com música boa e pessoas legais. Produzir,
mente e, principalmente, na hora de alinhar um PA. E mixar, viajar... Ainda não tenho nada muito fechado para
fazer PA também ajuda no estúdio, pois no estúdio a 2016, apenas sondagens e pedidos de orçamento. Mas é
gente fica mais ágil e aprende a se virar com o que tem. sempre assim, né? Em 2015, apesar da crise, trabalhei
No estúdio, qualquer 5 cm na posição do microfone faz bastante! Espero que esse ano seja movimentado como
uma diferença brutal, assim como um pré de microfo- 2015, pelo menos!”
Bate-BoLa
Console: No estúdio, Neve. Na estrada, Soundcraft Vi6 Melhor sistema de som: Os da d&b
(ainda não peguei as Vi3000) e as Midas analógicas.
SPL alto ou baixo? Por que? Depende de onde quando
Microfone: Neumann U47 no estúdio e Shure SM 58 na e por que
estrada
Melhor posicionamento da house mix: No meio da pla-
Equipamento: Roland Space Echo 201 teia, não tão longe nem embaixo de mezanino
Plug-ins: Slate, Kush UBK, Altiverb, Sound Toys – todos Técnico inspiração: Evaldo Luna no PA e Victor Rice no
da UAD estúdio
Última grande novidade do mercado: Os plug-ins da Produtor inspiração: Beto Villares, Daniel Ganjaman,
Slate Digital Kassin e Mario Caldato Jr.
Melhores casas de shows do Brasil: Circo Voador, pela Sonhos na profissão (1. a realizar 2. já realizado):
vibe, e Citibank Hall, pelo conjunto da obra. Gostava mais 1. Viajar com todo o próprio sistema de som 2. Gravar o
do finado Palace... Herbie Hancock e Tony Allen – mestres supremos!
Melhor es companheiros de estrada: Fernando Narci- Dica para iniciantes: Ame o que você faz e ouça música
zo, Gustavo Potumatti e Renato Coppoli sempre!
quantidade de canais de
entrada e saída, quanti-
dade de equalizadores,
taxa de processamento,
capacidade de processa-
mento, peso e por aí vai.
L
iteralmente todo dia eu recebo um e-mail, vejo uma
postagem no Facebook ou no Twitter me dizendo Recentemente estava querendo trocar de carro e fui a al-
que a marca tal lançou um novo equipamento que gumas concessionárias. Fiquei impressionado como o ro-
irá revolucionar a maneira com que se trabalha com áu- teiro dos vendedores é exatamente o mesmo, então me
dio, além, é claro, de deixar todos os concorrentes para lembrei das feiras de áudio e da redundância na apresen-
trás, se tornando, sem dúvida nenhuma, a líder no mer- tação dos produtos. Revolvi, então, fazer uma pergunta
cado daquele momento em diante. para os vendedores que nunca tive coragem de fazer para
meus amigos: o que é ruim neste carro?
São novos consoles de mixagem, com quase 300 canais de
entrada e mais 200 de saída, que fazem a mixagem automa- COMO COMPARAR EQUIPAMENTOS?
ticamente, microfones capazes de captar com a maior defini-
ção possível até mesmo dentro da água, sistemas de caixas Antes de qualquer coisa, quero deixar muito claro que,
que se penduram e são alinhadas sozinhas e amplificadores primeiro, não tenho absolutamente nada contra profis-
com tanta potência que poderiam fazer um avião decolar. sionais que trabalham para fabricantes de equipamen-
tos de áudio. Muito pelo contrário. A segunda é que
Nas feiras de áudio ou similares, os amigos que agora sempre participei e continuarei participando de feiras
também trabalham para as empresas fabricantes destes de áudio por achar que elas são fundamentais para o
equipamentos se esforçam para demostrar as virtudes nosso mercado.
divulgação
mas centenas de canais de entradas e saídas,
além de todos aqueles penduricalhos que já
conhecemos muito bem? A diferença sonora
será tão grande que qualquer pessoa na pla-
teia saberia distinguir um do outro?
moda e que provavelmente não teriam tanta utilização mais em conta, porém, com menor qualidade?
assim. Pode acreditar em mim – eu tenho este tipo de
pensamento em todos os shows que faço: o que eu Isto pode servir de referência para futuras compras.
gostaria de ter e o que seria realmente necessário para É importante lembrar que, em alguns poucos casos,
fazer o trabalho de forma correta. Isso pode ser um preços mais altos não significam necessariamente pro-
bom exercício. dutos melhores, assim como preços mais em conta
não significam produtos de pior qualidade. Além dis-
A Apple, que há muito tempo deixou de ser uma fabrican- so, depois de uma determinada faixa de preço mais
te unicamente de computadores pessoais para se tornar elevadaas diferenças entre produtos são resumidas a
a maior empresa do mundo, vendendo desde telefones, pequenos detalhes.
passando por relógios e até música, tem como principal
estratégia de venda em todos os seus campos de atuação Imaginemos que você é dono de uma empresa de so-
conseguir criar junto ao consumidor um desejo por seus norização ou um gerente de uma empresa responsá-
produtos maior do que uma real necessidade. vel pela indicação da compra de equipamentos. Você
pode escolher entre dois consoles na faixa de 300 mil
Nós, que trabalhamos profissionalmente com estes equi- dólares cada. Qual seria a sua linha de “raciocínio mer-
pamentos todos os dias, temos que ter o discernimento cadológico”? Marca do fabricante, taxa de resolução,
em relação ao que realmente é bom e necessário e ao que quantidade de processamento, quantidade de canais
é apenas um novo lançamento sem muita relevância no de entrada e saída?
mercado. A grande questão é: como podemos fazer esta
diferenciação, já que somos bombardeados diariamente Não seria mais lógico começar por aceitação dos téc-
com estes novos lançamentos? nicos por determinada marca? Confiabilidade da marca
dentro do mercado, assistência técnica e pós-venda da
COMO ESCOLHER marca? Desta forma, os aspectos técnicos foram deixa-
UM BOM EQUIPAMENTO dos de lado para que os aspectos humanos sejam leva-
dos em consideração (não que estejam todos certos).
Pra início de conversa, é fundamental que você tenha um Fazendo isto, você começa a procurar aqueles pequenos
bom conhecimento do que acontece dentro do mercado detalhes que farão diferença.
de equipamentos de áudio. Quais são as marcas melhor
estabelecidas? Quais têm maior credibilidade no merca- Logo você verá que nem sempre as marcas teoricamente
do? Quais têm preços mais elevados? Quais são as empre- com maiores qualidades podem não ser a primeira opção
sas de, digamos, “segunda linha” – aquelas com preços de um grande número de técnicos. Alguns destes técnicos
Divulgação
Divulgação
Depois de um patamar de preços, os produtos ficam bem parecidos. Neste momento os detalhes são mais importantes.
não estão muito preocupados com características técnicas Se estamos falando de lugares mais simples, equipamen-
(por mais estranho que isso possa parecer), mas, sim, tos mais simples também podem ser utilizados. Muitas
preocupados com a praticidade e rapidez no trabalho com vezes a economia que foi feita nos equipamentos pode ser
estes consoles ou outros equipamentos. aplicada no próprio local, em pontos como infraestrutura,
tratamento acústico e, é claro, na compra de outros equi-
VALE A PENA EQUIPAMENTOS pamentos. Nada pior do que chegar com um equipamento
TÃO CAROS? muito caro em um lugar caindo aos pedaços.
A resposta é: depende. Tudo tem a ver com a sua apli- Sempre que falamos na compra de qualquer equipa-
cação e, principalmente, como estes equipamentos se- mento, devemos levar em consideração os aspectos fi-
rão utilizados pelos técnicos responsáveis. Infelizmente, nanceiros e técnicos. É muito importante que um técnico
o que eu mais tenho visto nos últimos anos são equipa- especializado (de confiança, e não megalomaníaco) seja
mentos subutilizados. Equipamentos que valem peque- ouvido. Muitas vezes, soluções técnicas podem evitar o
nas fortunas muitas vezes não têm nem 50% de sua desperdício do dinheiro que o pessoal de compras gosta
capacidade de funcionamento aproveitada. tanto de economizar. •
Renato Muñoz é formado em Comunicação Social e atua como instrutor do IATEC e técnico de gravação e PA. Iniciou sua carreira
em 1990 e desde 2003 trabalha com o Skank. E-mail: [email protected]
Waves Cobalt
Saphira
Uma nova visão sobre o controle de harmônicos
Q
uando menos se es-
pera, a Waves apa-
rece novamente ofe-
recendo não apenas um novo
plug-in, mas uma nova pro-
posta para manipular áudio
com uma nova linha de pen-
samento.
PROPOSTA
De forma bem simples, pode-
mos resumir o Saphira como
um plug-in de manipulação de Fig. 1 – Fluxo de sinal do Cobalt Saphira
harmônicos do áudio. Existem
outros processadores e preamplificadores que forma independente e é somado no final da cadeia.
nos permitem manipular harmônicos, mas nada
que eu conheça possui o nível de controle e opção
CONHECENDO A INTERFACE
do Waves Cobalt Saphira.
aquele som mais “ardido” ou “pontudo”, enquanto Abaixo, temos os harmonics modes. São sete opções
o termo “warmth” é ligado ao supervalorizado som de como o plug-in vai se comportar na manipulação de
“quente”. Todos já devem ter ouvido alguém falar harmônicos. A barra cinza representa a fundamental,
sobre passar uma mix por um gravador de fita para barras azuis representam os harmônicos pares e barras
“dar uma esquentada” no som. vermelhas os ímpares.
SUGESTÕES DE ONDE
E COMO USAR
Verdade seja dita, além de um processador
muito útil, o Waves Cobalt Saphira é um plug-
-in muito educativo, que ajuda a entender e a
estudar a importância e influência da série har-
mônica e os seus efeitos.
SIMULANDO EFEITOS
COLATERAIS DA FITA
Mais acima comentamos sobre a técnica de pas-
Fig. 4 – Harmonic Mode E: sar uma mixagem por um gravador de fita para
ênfase em harmônicos pares trazer harmônicos, mas existem dois efeitos colate-
rais neste processo. Primeiramente, há uma perda e
mesmo no Master Fader, afetando a mixagem com- reforço em certas faixas de frequências (ou seja, vai
pletamente, pois será mais fácil de ouvir o efeito em alterar o equilíbrio da mix), e, em segundo, se a má-
um material sonoro rico em harmônicos. Subgrupos quina não estiver com a manutenção em dia, pode
de bateria, metais, guitarras são boas opções. haver pequenas alterações na velocidade da fita que
vai afetar diretamente a afinação.
Nos controles de harmônicos, a maneira mais fácil de
pensar é encarando o “send” como o botão que acres- À esquerda temos um setor chamado de “Tape” para
centa ou subtrai harmônicos. Use este controle para trazer esta possibilidade. Não precisa ser usado sem-
achar o timbre que mais te agrada. Como primeira pre. Alias, há de se ter uma boa justificativa para usar.
investida, recomendo subir bastante o fader até ouvir
o sinal distorcer claramente. Depois retorne um pouco Speed é a velocidade da fita, e o ajuste é simples,
e siga em frente para os próximos controles. pois é um “perde e ganha” bem simples e direto.
Com velocidades lentas (menor valor), os graves se-
Já o “Return” pode ser visto como um botão de con- rão acentuados, mas agudos serão cortados. Quanto
trole de saída “geral”. Vai influenciar na mix final, mais rápida, mais linear (flat), e, por consequência,
mas não na quantidade de distorção harmônica que menos efeitos colaterais.
você definiu com o botão “send”.
E vamos ficando por aqui, desejando um feliz ano
Sobre os Harmonics Modes, podemos entender como novo para todos os leitores!
a estrutura de harmônicos e tem relação com a pre-
sença de cada um dos harmônicos da série harmônica Abraços e muito sucesso em 2016! •
Cristiano Moura é produtor musical e instrutor certificado da Avid. Atualmente leciona cursos oficiais em Pro Tools, Waves,
Sibelius e os treinamentos em mixagem na ProClass. Também é professor da UFRJ, onde ministra as disciplinas Edição de
Trilha Sonora, Gravação e Mixagem de Áudio e Elementos da Linguagem Musical. Email: [email protected]
N
a edição passada terminamos a série sobre ruído no seu sinal elétrico, é recomendável levá-lo
gravação de bateria, e esse mês vamos falar num luthier para fazer a manutenção da parte elé-
sobre gravação de baixo – elétrico e acústi- trica e minimizar ao máximo os ruídos. Não adianta
co. O baixo é um dos instrumentos mais utilizados e insistir – se o instrumento não soar bem por si só, a
importantes na música ocidental, pois é o elo entre gravação não será boa nunca.
a percussão e as partes melódicas e harmônicas de
uma música. Junto com a bateria, o baixo forma a Não é tão comum trocar as cordas de um baixo,
chamada “cozinha”, que é a “espinha dorsal” res- pelo menos não como uma guitarra ou um violão,
ponsável por sustentar a música e definir seu “groo- pois não costumam quebrar ou gastar com tanta
ve”. Por isso, é muito importante saber tirar uma óti- frequência. Mas é importante que as cordas estejam
ma sonoridade na gravação do baixo... Então vamos em bom estado, sem oxidação (ferrugem), e, acima
aprender como! de tudo, soando bem. Se for necessário trocar o
encordoamento do baixo, faça isso sempre um
SONORIDADE, RUÍDOS E ou dois dias antes da gravação, pois cordas novas
ATERRAMENTO tendem a desafinar rápida e constantemente. E se o
baixo estiver desafinado, não adianta nada ter uma
O tipo de baixo mais usado nas últimas décadas é o sonoridade boa, pois a gravação ficará comprometida.
baixo elétrico, pois é um pouco mais fácil de tocar,
devido aos trastes e sua escala reduzida, mas tam- Outro problema na sonoridade pode vir da indu-
bém é menor e mais leve, o que facilita o transpor- ção de ruídos e chiados nos cabo. Como o sinal
te. Além de tudo isso, o preço de um baixo elétrico elétrico de um baixo é de alta impedância (e não-
costuma ser muito mais baixo que o de um acústico, -balanceado!), é muito suscetível à indução de ru-
tornando o instrumento mais acessível. E, por essas ídos eletromagnéticos ou de radiofrequência. Isso
razões, é mais comum se deparar com um baixo elé- significa que é possível captar um chiado vindo
trico em uma gravação do que um baixo acústico. das tomadas e fios elétricos, de equipamentos ou
LinHa ou miCrofone...
ou os dois?
O sinal de um baixo gravado “em linha” muitas ve-
zes é capaz de satisfazer as necessidades sonoras,
pois geralmente contém uma presença razoável do
peso dos graves e também a definição dos médios e
agudos (pelo menos se o baixo for bom!). Por isso,
muitas vezes basta “plugar” o baixo em uma en-
trada de alta impedância do seu pré-amplificador e
sair gravando. A maioria dos pré-
-amplificadores e interfaces de
áudio hoje em dia dispõem de
entradas nessas especificações,
geralmente indicadas pela pala-
vra “Instrument” ou “Hi-Z”. Nes-
se caso, é possível ligar um baixo
diretamente nessas entradas para
gravação. Há, inclusive, alguns
pré-amplificadores no mercado
que são feitos especificamente
para a gravação de baixos.
Também é possível ligar o baixo Amplificadores pequenos, com um único falante, são feitos
direto em um amplificador de mais para estudo ou ensaio, pois não reproduzem toda a
baixo e gravar a saída de linha extensão de frequências necessária. Já os bons amplificadores
do amplificador (sem microfo- incluirão múltiplos falantes com tamanhos diferentes.
ne). Muitos amplificadores de
baixo dispõem de uma saída
de baixa impedância especialmente para a grava-
ção “em linha”. Dessa forma, o
baixo é ligado diretamente no
amplificador, e a saída do am-
plificador é ligada a um pré-
-amplificador de microfone.
Muitas vezes o sinal “em linha” sozinho não proporciona a Essa opção é a mais recomendada
sonoridade desejada. Nesse caso, utiliza-se uma direct box quando há um bom amplificador de
para dividir o sinal em dois – um para ser gravado “em linha” baixo com um falante grande, capaz
e outro para ser ligado a um amplificador, que é, então,
microfonado e o sinal dos microfones também é gravado.
Essa é a opção que dará maior flexibilidade, pois você terá o sinal em
linha definido, mas também poderá trabalhar a sonoridade através
do posicionamento e da escolha dos microfones.
Esse tipo de amplificador pode até ser útil para uma gravação, es-
pecialmente se o falante for grande e tiver bastante grave. Mas,
nesse caso, deve-se sempre gravar também o sinal do baixo “em
linha” (através de uma direct box) para obter a “definição” que ge-
ralmente falta a esse tipo de amplificador.
tamanhos diferentes para reproduzir toda a exten- frequência nos médios e agudos. Posicione-o três a
são de frequências necessária. Esses amplificado- cinco centímetros de distância, procurando a melhor
res são a melhor opção, pois você terá múltiplos posição em torno do falante. Se estiver gravando
tipos de falantes reproduzindo diferentes faixas um amplificador com mais de uma via, posicione
de frequências, dos graves aos agudos. Porém, esse microfone nos falantes menores.
esses amplificadores são muito difíceis de trans-
portar devido ao seu tamanho e peso, e também 3. Tente sempre procurar a melhor posição para
são bastante caros. Por essas razões esse tipo de cada microfone em torno do falante. No centro
amplificador é menos comum em home studios. do falante haverá mais definição e brilho (agu-
dos), enquanto nas bordas haverá menos agudos
POSICIONAMENTO DOS e, proporcionalmente, mais graves. Experimente
MICROFONES com posições e distâncias diferentes até encontrar
a melhor sonoridade. Nessas horas um assistente
1. Para captar as frequências graves, utilize um mi- é muito útil, pois ele pode ficar ajustando o posi-
crofone dinâmico com cápsula grande e boa respos- cionamento dos microfones enquanto você escuta
ta de frequência nos graves. Posicione-o três a cinco o resultado sonoro.
centímetros de distância, procurando a melhor po-
sição em torno do falante. Se estiver gravando um Por isso, alguma pessoas constroem “robôs” de
amplificador com mais de uma via, posicione esse microfone, que permitem mover um microfone à
microfone nos falantes maiores. distância enquanto você escuta o resultado sono-
ro. Seja com um assistente humano ou robótico, é
2. Para captar os médios e agudos, utilize um micro- bem mais pratico ter uma maneira de reposicionar
fone dinâmico de cápsula pequena e boa resposta de os microfones enquanto você ouve o resultado.
ampLifiCador neXt
pro r2 muLtifLeX
a indústria nacional reagindo à crise
C
om a alta do dólar nes-
se último ano, o con-
sumidor que vinha
acostumado a buscar solu-
ções no mercado internacio-
nal de áudio se viu em um
momento de muita aflição e
expectativa. No entanto, tam-
bém é nesses momentos de crise que o
Divulgação
mercado se reformula e passamos a observar melhor
os produtos que estão ao nosso redor.
Uma boa parte da população brasileira ainda deve se O painel frontal, feito em alumínio,
lembrar da dificuldade de se conseguir produtos impor- possui um design de linhas suaves e uma
tados nos anos 1970 e no início dos anos 1980. Devido a bela entrada de ar que, além de incorporada ao design
uma politica de reserva de mercado que não incentivava visual, aumenta muito a eficiência do arrefecimento. Ou-
e que sobretaxava a importação de produtos, o brasilei- tro aspecto importante com relação às entradas de ar é
ro se viu obrigado a aprimorar seus meios de produção e o filtro móvel, que facilita a limpeza periódica e impede
sanar as necessidades internas com o desenvolvimento o acúmulo de poeira e outras partículas provenientes do
da indústria nacional. ambiente de operação. Também no painel frontal temos
acesso rápido a informações essenciais para o momento
Nesse sentido, nós, do curso de Produção Fonográfica da da operação, sinalizados pelos LEDs “Active Protek” e
Fatec-Tatuí, apoiamos o desenvolvimento e o aprimora- “Temp Monitor”, além da graduação de entrega de po-
mento de empresas nacionais relacionadas ao mercado tência. Os níveis de potência são representados por qua-
de áudio e sentimos uma grande satisfação em poder tro LEDs em -24 dB, -12 dB, -6dB e “Full Power”.
contribuir escrevendo sobre o amplificador Next Pro R2
MultiFlex, de dois canais, com potência total de 2000 W. O amplificador possui três botões na parte da frente –
um para ligar ou desligar e dois knobs para controlar
primeiras impressÕes o ganho dos dois canais disponíveis para amplificação.
Atrás encontram-se a alimentação AC, o botão seletor
As primeiras impressões são sempre muito importantes. de modo estéreo ou mono/bridge e as conexões de áu-
Recebemos o produto muito bem embalado e contendo um dio: duas entradas XLR fêmeas e duas saídas XLR macho
guia de configuração rápida, bem localizado na parte supe- para link/out, além de duas saídas de alta potência spe-
rior da embalagem. Nesse guia temos acesso imediato às akON NL4MP, sendo todos conectores da marca Neutrik.
questões essenciais de utilização, como tensão de operação
e formas de conexão do cabeamento. Outra ótima impres- ampLifiCaçÃo CLasse d
são causada pelo amplificador foi com relação ao acaba-
mento, que além de não possuir arestas pontiagudas ou Como é de conhecimento de muitos técnicos de P.A., o peso
cortantes, possui uma pintura eletrostática de alta resistên- dos equipamentos de amplificação pode ser um problema
cia e um conjunto ao mesmo tempo robusto e leve. na hora do transporte e da montagem de shows. Isso é bas-
de do sinal – o que permitiria diminuir distorções. critérios flexíveis para a ativação do Active Protek.
Identificamos, por meio de osciloscópio digital, que
essa taxa varia em torno de 338 kHz, amplificando temp monitor
com qualidade frequências do espectro audível. Esses
pulsos quadrados gastam energia proporcionalmen- O amplificador também conta com um circuito de proteção
te à amplitude instantânea do sinal, economizando que monitora a temperatura e o regime de trabalho do am-
em pontos de amplitude baixa. Embora o sinal ge- plificador. Dessa forma, caso o sistema de ventilação tenha
rado nessa amplificação seja quadrado ao ser visto algum problema, seja por obstrução ou aquecimento am-
microscopicamente, as variações de tensão são tão biente, o Temp Monitor é ativado e sinalizado com o LED na
rápidas que, frente à carga indutiva do falante, inte- cor azul, reduzindo a potência disponível progressivamente
gram-se novamente em sinais praticamente contínu- quando acima de 80° C, mas sem interferir na qualidade do
os, filtrando-se a frequência de chaveamento em um sinal. Caso o problema não seja resolvido, o sistema Active
efeito passa-baixas. Protek também é ativado, inicialmente sinalizando com o
Divulgação
8Ω e 1200 W em 16Ω, em
canal único. Nos modos es-
téreo ou dual/mono, o am-
plificador rende 1000 W por
Divulgação
teCnoLoGia
muLtifLeX
José Carlos Pires Junior
José carlos Pires Júnior, músico e produtor fonográfico, é professor das disciplinas de Técnicas de gravação e acústica aplicada ao
Instrumento. e-mail: [email protected].
Lucas c. meneguette, músico e pesquisador, é professor das disciplinas de Software e Hardware e Teoria e Percepção musical no curso de Produção
Fonográfica da Fatec Tatuí. em sua tese de doutorado estuda o design funcional de áudio para jogos digitais. e-mail: [email protected].
maratona da
aLeGria fm o dia
show de hits em alto e bom som
am&T
resultado foi bastante satisfatório”,
disse Dennis, que a todo tempo
ofereceu suporte aos técnicos.
am&T
dade operacional.
Line array e subs d&b: equipamentos foram cedidos pela Audio Company
AM&T
AM&T
Ivan Cunha, o Batata, “atacando” O iPhone de Kalunga: aplicativos
no PA de Alexandre Pires rodando durante apresentação
trabalha com Ivete Sangalo, lembrou, pouco antes de iniciar especializar, entender os diferenciais, para fazer bonito em
o show da cantora, que antigamente os técnicos chegavam minha estreia diante de um novo console”, explicou ele, de
a um festival como esse e precisavam se adaptar ao que olho em seu iPhone, no qual rodava os aplicativos Six Audio
lhes era oferecido. Hoje, no entanto, garantiu, tais profissio- Tools e acompanhava o setlist do show.
nais sabem que vão encontrar as mesas de sua preferência,
e isso lhes dá uma segurança muito grande. “Tecnologia é tudo, né? A gente entra numa store virtual, baixa
esses apps e tem, em mãos, por onde for, acesso ao Smaart e
“O uso contínuo do equipamento faz com que o tempo de a um decibelímetro ultrapreciso. Com ele, me mantenho dentro
pré-produção seja, a cada dia, menor, afinal de contas, a dos níveis estipulados, pois, em muitos lugares, principalmente
intimidade gerada facilita nossa vida. Eu, que sou do tipo em áreas residenciais, as organizações dos festivais têm que
que gosta de fuçar tudo, a cada lançamento procuro me respeitar o limite de pressão sonora imposto”, concluiu.
am&T
DiGiCo SD8 e Soundcraft Vi6: mesas estiveram presentes na housemix do festival
responsabilidade de fazer um grande show, de colocar todo blico automaticamente corresponderia a esses estímulos.
mundo para dançar mesmo depois de as pessoas curtirem, O que, de fato, ocorreu”.
aproximadamente, mais de dez horas de música.
“artiLHaria pesada” no paLCo
“E, para isso”, disse ele, “não foi preciso ‘inventar’ nada,
somente manter o vigor usual do repertório, explorando Disponíveis para os técnicos de monitor dos artistas que
bem os graves e a pressão sonora do sistema, que o pú- se apresentaram no festival, os monitores de chão M2 e
AM&T
AM&T
Na sequência, Lázzaro de Jesus e sua CL5 e os body backs de Ivete e sua banda
Fala, patrão!
AM&T
diCas
inspiradoras
para produçÃo
musiCaL no LoGiC
saia do lugar-comum e alimente sua criatividade
a partir dos recursos de sua plataforma favorita
O
que torna uma plataforma de produção musical tão em diferentes modos. Experimente as variáveis de Swing,
especial hoje em dia é, entre outros fatores, a ca- como 1/16 Swing A, e mexa nos slides Strengh e Swing
pacidade de estimular nossa criatividade, deixan- para conferir os resultados.
do de lado burocracias digitais – como caixas de diálogos
desnecessárias – que atrapalham o processo mais prazei- traBaLHe Com oBJetos dentro do
roso na minha opinião, que é a concepção de uma música,
arranjo, sequência original, remix, trilha sonora, ou o quer
amBiente midi (midi enVironment)
que signifique um resultado final.
Uma grande sacada do Logic é poder trabalhar dentro de
um ambiente onde é possível conectar módulos virtuais de
Nesse âmbito, cada ambiente possui suas peculiaridades,
maneira criativa. Diferentemente dos efeitos MIDI, esses
e, no fim, não existe melhor ou pior, mas sim aquele que
mais lhe proporciona conforto na hora de produzir. Na co- objetos possibilitam ampliar nossos horizontes no que con-
luna deste mês compartilho com você algumas artimanhas cerne à produção musical.
criativas que aprendi ao adotar o Logic como meu principal
ambiente de produção, mas que podem ser muito bem utili- Experimente tocar uma linha de acordes básicos em qual-
zadas – ou não, dependendo da sua plataforma – em outros quer instrumento harmônico, como um piano elétrico, por
softwares, como Cubase, Nuendo, Reaper, Pro Tools, Sonar exemplo. Crie quatro compassos para começar. Abra o MIDI
e Studio One, entre outros. Environment em Window > Open MIDI Environment e fa-
miliarize-se com a interface que lembra o próprio mixer do
HumaniZe seQuÊnCias midi Logic. Clique no menu New e selecione Arpeggiator.
Figura 2 – O MIDI Environment coloca à sua disposição objetos que Assim como acontece no Arpeg-
podem controlar uma sequência e torná-la mais interessante giator, os parâmetros podem ser
alterados assim que o canal é
Logo após a seleção já é possível visualizar o ícone do Ar- criado na Janela de Arranjo do Logic. Eles dizem respeito
pejador ao lado direito dos canais, de onde podemos conec- essencialmente às repetições. Então, “Repeats” vai defi-
tar sua saída ao Piano Elétrico simplesmente arrastando o nir a quantidade de repetições; Delay, o tempo que elas
mouse em direção ao canal desejado. Usuários do Reason demoram para acontecer; Transposition, o número de
se sentirão bem familiarizados com esse simples processo semioitavas aplicado às repetições; e, finalmente, Velo-
de cabeamento virtual. Agora podemos arrastar o ícone do city, que é onde definimos o estágio de Velocity aplicado
Arpejador para a Janela de Arranjo, logo abaixo do Piano a cada repetição.
Elétrico. O Logic vai perguntar se desejamos criar um novo
canal para o objeto. Clique em Create. Agora temos um ob- Por exemplo, ao definir Velocity em -10 e Repeat em 4,
jeto (Arpejador) que controla um ins-
trumento (Piano Elétrico). Mas para
ouvir o efeito do arpejador na linha de
piano precisamos copiar ou simples-
mente arrastar a região MIDI para o
canal do objeto, conforme vemos na
figura 4.
Crie Batidas
e seQuÊnCias
randÔmiCas
Que tal transformar um loop
qualquer da Apple numa incrí-
vel batida criada unicamente por
você? Para esse exemplo, escolhi
o Analog Drum Machine. Impor-
te para um canal de áudio. Se-
lecione a região e clique numa
das divisões do grid com a tecla
“alt” apertada. Dependendo da
sua configuração, o Logic auto-
maticamente vai dividir o loop
em fatias de igual duração. Se,
Figura 4 – Sequências de arpejos podem ser por acaso, o áudio for cortado em
facilmente registradas para novas produções alguma delas, aplique fades. Dis-
tribua cada região fatiada em no-
saberemos que a quarta repetição será quatro vezes mais vos canais de forma cronológica, ou seja, um evento após
baixa ou terá Velocity fixada em -40. A partir daí você pode outro. Confira na figura 1.
experimentar outras possibilidades, como aplicar o Arpeja-
dor em notas percussivas etc. Aplique efeitos em cada um dos oito canais. Do canal 1
a 8, apliquei plug-ins nativos como Bitcrusher, Ringshift,
Vamos supor que você adorou a sequência gerada pelo Platinum Reverb, Auto Filter, Pedals, Evoc e Pitch Shif-
Arpejador e gostaria de salvar
uma pista MIDI a partir desse
resultado. Como registrar isso?
Novamente, vamos criar um
novo objeto, desta vez, o se-
quenciador (Sequencer Input).
Ele vai funcionar como um mi-
nigravador de sequências den-
tro do próprio Logic. Assim va-
mos direcionar uma saida do
Arpejador, ou seja, além de ser
direcionado ao canal do Pia-
no Elétrico, vamos direcioná-lo
a outro objeto, no caso, o se-
quenciador.
andré Paixão é compositor e produtor de trilhas sonoras para teatro, TV, publicidade
e cinema. Toca nas bandas Lafayette e os Tremendões, astromash e Nervoso e os
calmantes. e-mail: [email protected] / Links: www.superstudio.com.br e www.
facebook.com/desafiandoLogic
Mixagem
sem segredos (Parte 9)
Loudness – Guerra dos Volumes
U
m assunto constante em
todas as discussões en-
volvendo áudio tem sido a
famosa Loudness War, no caso da
produção comercial de música, e a
padronização dos volumes em bro-
adcasting, do lado da produção de
rádio e TV. Ambas possuem impli-
cações que se estendem principal-
mente ao streaming de internet e
celulares, afetando diretamente o
trabalho do mixador.
Segundo Shepherd, isso põe (ou, melhor dizendo, 20 kHz. Muito menos que o necessário.
impõe) um fim à Loudness War.
Ou seja, a gente não tinha onde guardar o áu-
GUERRA DO LOUDNESS – UM dio digitalizado para entregar pra fábrica. Uma
solução seria usar a tecnologia de fitas cassete
POUCO DE HISTÓRIA
de vídeo então existente, como o U-matic, que
aguentavam essa resposta em frequência. Assim,
Vejamos de onde vem e no que consiste a Guer-
existiam conversores como o famoso PCM 1630,
ra do Loudness, que é uma característica típica da
da Sony, que faziam a conversão para digital e en-
produção musical. Tudo começou nos anos 1980. O
viavam para os gravadores profissionais de vídeo.
áudio digital, que havia começado mais ou menos
Como eram equipamentos bem caros ( e parrudos
em 1978, estava começando a se popularizar atra-
– o 1630 media 42 x 20 x 53 cm e pesava 26 kg!),
vés dos lançamentos em CD. Mas havia um pequeno
começou-se a entregar os áudios ainda analógicos
problema. Os meios de produção ainda eram quase
a pessoas que seriam responsáveis por fazer essa
universalmente analógicos e não aguentavam a res-
conversão (a existência de masterizadores vem de
posta em frequência do áudio digital.
muito antes, juntamente com os engenheiros de
corte do vinil), e que mais tarde se transforma-
Explicando: para se fabricar CDs é necessário que riam nos modernos “masterizadores” digitais.
a informação venha codificada em 1s e 0s à ra-
zão de pelo menos 16 bits x 44.100 amostras x A avaliação dos volumes na gravação em fita era
2 canais = 1.411.200 bits por segundo. Na pior basicamente através dos medidores de VU e PPM, e
hipótese, isso implicaria em uma resposta em fre- não se dispunha de um histórico dos valores medi-
quência da onda codificada de mais de 1 MHz (um dos, até porque no mundo analógico a existência de
milhão de hertz). Ora, os gravadores analógicos picos muito rápidos era atenuada pela resposta da
de fita eram o que se dispunha pra gravar coisas, fita. Com o áudio analógico, porém, os picos rápidos
e eles só aguentavam ir até um pouco acima de eram perfeitamente registrados, e podiam ocasionar
saturação digital e distorção.
Fábio Henriques
Os primeiros masterizadores
digitais passaram a contar
com ferramentas visuais de
trabalho que permitiam lo-
calizar os pontos onde ocor-
riam esses picos, e passaram
a atuar só neles, evitando a
saturação. Como é sabido que
em digital quanto mais volu-
me, maior a fidelidade, agora
era possível aumentar o volu-
me do áudio o quanto fosse
possível. Daí, os CDs começa-
ram a sair com mais volume,
e isso agradou artistas, radia-
listas e, por que não admitir,
o público em geral.
meira versão em CD ele não apresenta praticamente Observando os caminhos da indústria em geral,
nenhum aumento de ganho por parte do masteriza- o que se nota hoje é um aumento na variedade
dor. E uma das vantagens de ter mais de 40 anos é de opções que a tecnologia permite (um exemplo
poder ter tido acesso a estas primeiras versões de são os refrigerantes, que possuem agora vários
CDs, geradas antes da guerra do loudness. Bom, fe- sabores, muitas vezes temporários). Hoje é muito
lizmente essa é a versão que eu tenho, e como acho fácil e rápido se customizar um produto. Dá pra
esse um dos melhores álbuns do estilo de todos os escolher pela internet os adesivos que um carro
tempos, gosto de ouvi-lo no carro. Só que não. vai ter, por exemplo. Ao mesmo tempo, o CD vem
perdendo força progressivamente como mídia
A dinâmica é tão grande e o volume geral tão baixo
única. Assim, o que imagino que vá acontecer é
que perco muito das sutilezas das músicas para o
produzirmos diversas versões de nosso trabalho.
barulho do carro e do trânsito. Então, fiz uma mas-
Se soubermos como os algoritmos se compor-
terização particular com os parâmetros mais carac-
tam, é teoricamente fácil se conseguir hoje, além
terísticos do século 21, e ficou bem mais fácil ouvir
de uma versão CD, outra para radioteledifusão,
em situações de alto ruído ambiente. Ok, isso pode
outra para YouTube, outra para ouvir no fone do
ser até um sacrilégio, mas a opção seria simples-
iPhone correndo na rua. O problema é divulgarem
mente não ouvir, então acho que Pat não vai ficar
esses algoritmos.
chateado comigo.
Fábio Henriques é engenheiro eletrônico e de gravação e autor dos Guias de Mixagem 1, 2 e 3, lançados pela editora Música &
Tecnologia. É responsável pelos produtos da gravadora Canção Nova, onde atua como engenheiro de gravação e mixagem e produtor
musical. Visite www.facebook.com/GuiaDeMixagem, um espaço para comentários e discussões a respeito de mixagens, áudio e
música. Comente este artigo em www.facebook.com/GuiaDeMixagem.
Gravando um
samba-enredo
Sem mistério, mas cheio de magia
H
á mais ou menos dois meses o curso de Pro-
José Carlos
dução Fonográfica da Fatec Tatuí foi procura-
do pelo Marcos Caldeira, diretor do Núcleo
de Educação Musical da Prefeitura de Boituva, que
buscava parceria para a gravação do samba-enredo
de sua cidade, em comemoração aos “25 Anos de
Cultura Fomentada pela Oficina de Artes de Boituva”.
Com a guia vocal, cavaco e violão gravados, havia chega- Em seguida, gravamos o surdo de terceira, um instrumen-
do o momento da gravação da bateria. Pensei em gravá- to médio agudo que faz a linha cheia de ornamentos que
-la em naipes grandes ou todos juntos, mas a opinião de corta as linhas dos surdos graves. O surdo de terceira “flo-
pessoas experientes em momentos como esse é extre- reia” bastante, por isso optei pelo microfone Sennheiser
mamente importante. Convidado para escrever todo o e905 em virtude da característica de resposta de frequên-
arranjo da bateria da escola de samba, o percussionista cia mais ampla comparada aos Beta 52.
Júlio Cesar (www.juliocesarmusic.com), muito conhecido
PARTICULARIDADES
DO ARRANJO
José Carlos
Foto 2 – Felipe Moraes e seu violão de oito cordas: como o objetivo era poluir a mix o
áudio música e tecnologia | 55
menos possível com sons de ambiência, microfonações em close mic tiveram preferência
José Carlos
Produção Fonográfica
Com esses instrumentos gravados, já dava pra ter uma Os microfones uti-
noção de como o samba ficaria. E não estávamos nem na lizados foram os
metade do trabalho. Seguindo um procedimento padrão, dinâmicos da Sen-
decidimos gravar, com microfonação dinâmica, todos os nheiser, modelo
instrumentos que tocariam sozinhos na sala pequena. e905, posiciona-
Para os instrumentos de grupo, optamos pela sala grande dos próximo das
e microfonação capacitiva em plano A/B. Já os repeniques peles, de forma a
(ou repiques) gravamos com três músicos (foto 3), numa termos três canais
sala grande e bem aberta, utilizando o KM 184. Já o re- individuais e com
pique de mão, tocado pelo Júlio, foi gravado numa sala o menor nível de
pequena, utilizando um Sennheiser e905. vazamento possí-
vel, mas permitin- Foto 5 – Como não poderíamos gravar com
Um detalhe importante é que, por regra convencionada, do que o naipe de naipe de oito tamborinistas, gravamos com
o número de canais da monitoração ia sendo aumentado atabaques tocasse uma tamborica, instrumento que parece
a cada novo take, porém o instrumento que estava sendo junto, ainda que uma árvore de tamborins e é tocada por
gravado não entrava na monitoração, ou seja, o músico captado separa- um único músico individualmente
escutava seu instrumento acusticamente. Assim, quando damente. Continuando com o ijexá, gravamos o agogô
foram gravados os últimos instrumentos, já se ouvia a utilizando um microfone KM 184 para realçar o agudo cor-
bateria quase completa. tante do instrumento.
O arranjo contava ainda com uma parte de ijexá inserida UMA ÁRVORE DE TAMBORINS
no meio da batucada. Esse ritmo, muito presente nas ma-
nifestações musicais de origem africana e na música bra- Pra concluir, precisávamos gravar os instrumentos mais
sileira por meio do candomblé, traz o uso dos atabaques marcantes da escola de samba: os tamborins. Porém,
e do agogô de maneira muito marcante. Nesse caso, op- como não poderíamos gravar com naipe de oito instru-
tamos por microfonar os três atabaques de forma diferen- mentistas, gravamos com uma tamborica (foto 5). Para
te (foto 4) do procedimento anterior. Utilizamos quatro quem não conhece a tamborica, ela é um instrumento
que parece uma árvore de tamborins e é tocada por um
único músico, que por meio de alavancas faz percutir as
José Carlos
peças individualmente.
pesQuisar e difundir
Pra encerrar esta matéria, gostaria de ressaltar que temos buscado atrair
novas e diversas experiências. Isso tudo só acontece com o apoio dos alunos-
-estagiários do Núcleo de Pesquisa em Técnicas de Gravação. E todo esse
processo de discussão, escolha e experimentação, bem como o aprendiza-
do de informações novas, é imprescindível para que possamos, num futuro
breve, termos excelência nos processos de gravação e produção fonográfica,
como já demonstrado no que diz respeito à música.
José carlos Pires Júnior, músico e produtor fonográfico, é professor das disciplinas de Técnicas de
gravação e acústica aplicada ao Instrumento. e-mail: [email protected].
O pensamento
musical na mixagem
A comparação com músicas de referência
Divulgação
A
lém da ordem de abertura dos canais durante zação de frequências, as ferramentas adequadas
a mixagem, discutida aqui no mês passado, para comparar duas gravações seriam o analisador
existem outras decisões que a gente toma de espectro e o medidor de nível RMS. Na masteri-
o tempo todo no estúdio e que alteram o resultado zação de um disco, em que todas as faixas devem
artístico do trabalho – nem sempre para melhor. ter o mesmo nível aparente, teoricamente o trabalho
estaria “correto” se todas as faixas tivessem distri-
Algumas das decisões são tomadas usando como buição parecida da energia em todo o espectro e
referência outra gravação, algum trabalho escolhi- mesma intensidade dB RMS.
do por sua excelência. Mas essa comparação não é
simples. As duas músicas foram gravadas com ins- Vamos observar como isso funcionaria no mundo
trumentos diferentes, tocados por outros músicos, real quando trabalhamos com música em uma situ-
em outra sala e com captação diferente. E, o mais ação bastante encontrada por engenheiros de mas-
importante, com outro arranjo. terização: coletâneas. Dependendo do critério da
produção, coletâneas podem reunir qualquer coisa,
O arranjo pode ser encarado de várias formas. Se com o maior grau possível e imaginável de variações
a gente pensar nele como um mapa para organi- artísticas e técnicas em um só álbum.
O questionamento levan-
tado é relativo à forma de
ouvir quando estamos tra-
balhando com música. Uma
vez que estamos lidando
com uma narrativa artís-
tica, o critério usado na
tomada de decisões deve
ter como objetivo valorizar
essa narrativa. Me parece
que nada poderia ser mais
importante do que isso. O
que às vezes dificulta é que
instrumentos diferentes po-
dem estar desempenhando
a mesma função, e deve
haver uma hierarquia na
presença dos instrumentos,
dependendo de sua intera- Partindo do fato de que cada peça de equipamento alterará
ção com a melodia em cada o áudio de maneira única, a escolha da ferramenta deverá
momento. Essa categori- ser feita com base no quanto cada uma valoriza o discurso
zação se torna mais eficaz musical, e não na “qualidade técnica”
quando busca valorizar os
elementos mais interessantes para o ouvinte a tipo de formação musical, além da formação técnica.
cada momento – sem prejudicar a melodia.
Com isso, não quero dizer que, necessariamente, é
Quero com isso chamar a atenção para a importân- preciso estudar teoria musical. Há excelentes mú-
cia de adquirir ferramentas para entender o discurso sicos autodidatas ou músicos que tocam música
musical, percebendo os naipes em que os sons estão folclórica, que possuem uma noção muito clara da
organizados e a hierarquia desses sons na música, organização dos sons nas músicas que executam
sempre tendo a narrativa como foco. Pensando des- sem obrigatoriamente saberem analisar a forma ou
sa forma, e partindo do fato de que cada peça de a harmonia, como um músico erudito faria. O enge-
equipamento alterará o áudio de maneira única, a nheiro de mixagem também pode desenvolver um
escolha da ferramenta deverá ser feita com base no entendimento próprio da música baseado em sua
quanto cada uma valoriza o discurso musical, e não experiência e convivência com músicos, sem estu-
na “qualidade técnica”. Em outras palavras, a téc- dar música formalmente. Mas ele deve ter algum
nica deve estar inteiramente a serviço do discurso. esquema de organização musical dos sons.
Pensando dessa maneira, até a escolha de microfo- O trabalho que fará durante a mixagem é essencial-
nes e prés é baseada em conceitos estéticos. Não mente musical, e não técnico, partindo desse ponto
haveria, a priori, um microfone melhor do que outro de vista – pois a técnica é ferramenta, e não meta.
para gravar determinado instrumento, e sim micro- Conhecer a ferramenta sem estudar a meta é como
fones mais apropriados para cada instrumento den- aprender a dirigir um carro e não saber para onde ir. A
tro daquele arranjo, tomando como base a intenção meu ver, a função do conhecimento técnico do enge-
do arranjador. Por isso é fundamental, a meu ver, nheiro de mixagem é trazer ferramentas para auxiliar
que os engenheiros de mixagem busquem algum seu trabalho como maestro dos sons gravados. •
Rodrigo Lopes é engenheiro de áudio graduado na Berklee College of Music e bacharel em Música pela Universidade de Bra-
sília. Indicado ao Grammy 2015 na categoria Engenharia de Áudio e ganhador do Prêmio Profissionais da Música 2015 na cate-
goria Engenheiro de Mixagem, trabalhou na Visom, PolyGram, Herbert Richers e Biscoito Fino. Atualmente leciona matérias de
áudio e de música na Faculdade Souza Lima, em São Paulo. Site: www.rodrigodecastrolopes.com.br
BANG! ILUMINANDO
Diretor de fotografia de novo Trabalhando em
clipe de Anitta fala sobre os espaços cênicos e em
desafios da produção eventos efêmeros
áudio música e tecnologia | 61
à produtos
NoVo SKYPaNeL arrI
A Arri apresenta ao mercado o SkyPanel, uma nova suindo metade do comprimento
Divulgação
linha de luminárias LED. O SkyPanel, que é compacto, do S60 e indicado para aplica-
luminoso, utiliza LEDs de luz suave de alta qualidade e ções móveis. Ambos os modelos
representa mais de uma década de pesquisa e desen- estão disponíveis nas versões
volvimento da tecnologia LED pela Arri, possui um de- completamente ajustáveis e de
sign focado na forma, cor, feixe de luz e luminosidade. fósforo remoto. A temperatura de
cor pode ser definida entre 2.800 K
O SkyPanel, inicialmente, é disponibilizado em dois e 10.000 K, com excelente reprodução de cores por
modelos, de diferentes tamanhos. O S60 é um mo- toda a gama.
delo intermediário, com uma abertura de luz de 645
x 300 mm e que acomoda a maioria das aplicações. www.arri.com
O S30 (foto) é a versão menor, mais portátil, pos- www.eurobrastv.com.br
também tem foco em realidade virtual e mesmas serem transmitidas ao vivo, o que é um
é capaz de fazer filmes em 360 graus. diferencial. Oito microfones com captação surround
São, no total, oito os sensores de trabalham no equipamento, captando sons de modo
imagem sincronizados e capazes de a criar um efeito de 360 graus. O produto conta
filmar em 4K a 30 frames por segun- ainda com wi-fi, saída HDMI e pode ser controlado
do. Seu SSD interno oferece 500 GB remotamente via Mac.
de memória, na qual podem ser ar-
mazenados até 45 minutos de gravação. www.nokia.com
Divulgação
pecial de Treinamento) de Iluminação Técnica no IATEC de For-
taleza. O curso, com 84 horas de duração, apresenta uma visão
geral da iluminação cênica, contando um pouco de sua história,
o desenvolvimento dos equipamentos e das lâmpadas. Aborda
também conceitos como temperatura de cor e índice de repro-
dução de cor, características da luz e a visão humana, além de
temas como eletricidade básica, diferenças entre mesas analó-
gicas e digitais, operação e montagem.
No dia 7 de março é a vez da turma da unidade Centro, no Rio de Janeiro, ter início. No endereço http://iatec.com.br/
cursos/iluminacao/programa-especial-de-treinamento-pet-iluminacao-cenica o interessado pode obter mais informa-
ções e realizar sua matrícula.
O sistema usado atualmente pela empresa para converter e transmitir vídeos apenas monitora a banda do usuário, ajustando o
vídeo com base na velocidade da conexão. De acordo com o Netflix, o novo algoritmo, que vem sendo desenvolvido nos últimos
quatro anos, permitirá uma economia de 20% de banda. Ele, em vez de adequar a qualidade do conteúdo à banda do usuá-
rio, fará com que o serviço codifique seu conteúdo
de diferentes formas, racionalizando o processo de
Divulgação
CONFRARIA
DO REGGAE
natiruts reúne gigantes do estilo em espetáculo futurista
P
restes a comemorar 20 anos de estrada, o Natiruts mente todos os projetos realizados pela LPL. Desde The
– indiscutivelmente um dos maiores expoentes do Voice e Superstar até Rock in Rio, entre muitos outros.
reggae brasileiro – promoveu, no dia 8 de janeiro do Mais uma vez, tive a oportunidade de estar a seu lado,
ano passado, no Wet’n Wild de Salvador, Bahia, um verda- e agora ao lado de Bianca, com quem dividi o trabalho.
deiro encontro de artistas que cultuam o estilo jamaicano. Acho que conseguimos, com um esforço em conjunto,
oferecer uma sofisticação que um show de reggae, em
Desse encontro, no qual a banda contou com a presença comparação aos dos de outros gêneros musicais, infeliz-
de nomes como Gilberto Gil, Edson Gomes, Toni Garrido, mente não têm”, disse o iluminador.
Armandinho, Ivete Sangalo e Sine Calmon, entre muitos
outros, nasceu o DVD Natiruts Reggae Brasil, lançado em Convidados pela ZeroNeutro, agência que administra a
outubro passado. Dirigido por Raoni Carneiro, o trabalho carreira da banda, os artistas plásticos Lobot, Jerry Ba-
teve direção de arte do VJ Fernão Ciampa, do coletivo Em- tista e Tché Ruggi, entre outros que integram o staff
bolex, e direção de fotografia de Serginho Almeida – tam- da Galeria A7MA, foram alguns dos responsáveis pela
bém responsável por assinar as luzes do show –, Césio incrível concepção cênica do espetáculo. Em entrevista
Lima e Bianca Halpern. à Luz & Cena, eles e Serginho contaram detalhes sobre o
projeto que ilustra com personalidade o universo de Bob
“Trabalho com Césio há anos. Estamos juntos em pratica- Marley e seus discípulos.
Ivan 13P
atender”, completou.
ARTES PLÁSTICAS
GANHAM
MOVIMENTO EM
PAINEL DE LED
Os conteúdos exibidos na
enorme tela de LED que com-
punha o cenário do show nas-
ceram de obras de arte assi-
nadas pelos artistas plásticos
Lobot, Cristiano Kana, Alexan-
dre Enokawa, Tché Ruggi, Eni-
vo, Jerry Batista, Leiga e Ri-
cardo AKN, da Galeria A7MA,
um conceituado coletivo de
recorri a um personagem
que sempre utilizo em mi-
nhas obras – um oriental –,
que acabou tomando a for-
ma de um guardião ao lado
de uma outra personagem,
também oriental, também
guardiã”, completou.
Orgulhosos dos trabalhos feitos para o show, os artistas Tecnologias e artes à parte, um dado curioso marcou a
gravação do DVD. Depois de uma semana de sol inten-
explicaram que, apesar de terem se voltado totalmente
so em Salvador e de céu aberto na noite do show, uma
para o ineditismo, em suas criações eles imprimiram traços
surpresa, ou melhor, um presente foi dado à produção.
particulares, que carregam ao longo dos anos em obras
Quando todos os artistas que participaram do show se
expostas por todo o país.
preparavam para cantar No Woman No Cry, música der-
radeira do espetáculo, o público que lotava o Wet’n Wild
“Para a canção Perdido de Amor, de Edson Gomes, fiz
foi “agraciado” por uma poética chuva. Para Serginho, o
uma tela bem colorida. Meu trabalho, na verdade, tem
momento foi único.
essa característica, e em-
bora tenha pesquisado
Ivan 13P
muito para conceber a
arte, segui minha linha
[artística]. O resultado
surpreendeu até mesmo o
próprio Edson, que adorou
o quadro”, disse Leiga.
Ideias e ferramentas
O diretor de arte Fernão Ciampa, do coletivo Embolex, dá detalhes sobre
a arte visual não apenas presente, mas em destaque no show Natiruts Reggae Brasil
L&C: Fernão, que softwares você empregou A ideia é criar uma terceira coisa que surge da
para desconstruir as telas e criar os conteúdo soma das duas coisas. A tal da “música visual”. A
dos LEDs do espetáculo? letra do Bob Marley fala de uma mulher que não
deve continuar chorando e pensamos em gotas de
Fernão Ciampa: O processo incluiu um tratamento mulheres que iriam escorrer no final. Nunca imagi-
de imagens no Photoshop, e nele foram recortadas nei que fosse começar a chover exatamente nesse
para serem animadas no After Effects. Algumas ima- momento... Eu brinco dizendo que Deus também
gens usaram também um software de 3D (Cinema estava sincado no timecode. Sobre a resolução, o
4D), outras utilizaram o Blender. Foram seis anima- material todo foi gerado em full HD.
dores diferentes. Depois tocamos essas imagens no
DVD diretamente de um media server da mesa de Eles foram compostos para serem executados
luz GrandMA. Agora, na turnê, substituímos o media de forma linear ou havia possibilidade de mani-
server por um PC com placa de vídeo de 6 GB rodan- pulação via layers durante as execuções?
do o Resolume Arena 5.
Fernão: No DVD era tudo já editado no timecode de
Como foi feito o “transfer” para o ambiente di- cada música, mas, para a turnê, estamos preparan-
gital? As telas foram escaneadas? do também possibilidades de manipulacão ao vivo.
Fernão: Contratamos um fotógrafo profissional que Quão desafiador foi, para você, ilustrar um es-
tirou fotos em alta das novas telas e algumas que petáculo tão importante quanto esse?
já existiam. Usamos também outras fotos de docu-
mentações das obras da Galeria A7MA e dos próprios Fernão: Sinto que os músicos vão perceber cada
artistas. Aí escaneamos essas fotos. vez mais a importância de criar um evento que vai
além da música. O Natiruts está sendo pioneiro na
Além das telas, que serviram de base para as forma de fazer esse trabalho, pois são extrema-
criações, que elementos vocês inseriram em mente profissionais e acreditam nessas inovações
cada uma das canções? Em No Woman No Cry, e nas parcerias com outros artistas sem medo de
por exemplo, estiveram em destaque as lágri- perderem o protagonismo na hora do show. Alguns
mas e as gotas de chuva. E em que relosução músicos acabam ficando com uma espécie de ci-
esse material foi gerado? úmes do investimento dado aos visuais, como se
isso desvalorizasse a parte musical propriamente
Fernão: Em cada música tentamos contar uma dita. Porém, quando as forças realmente se jun-
historinha não-linear, uma espécie de sonho que, tam, como tem sido o caso da parceria do Embolex
de alguma forma, se conecta à música, com tan- com o Natiruts, o trabalho de todos ganha uma
to letra quanto instrumental se ligando ao visual. potência muito maior.
BanG!
Diretor de fotografia de novo clipe de Anitta fala sobre os desafios da produção
Divulgação
S
ensação absoluta do pop nacional, Anitta lan- dução, que, se não bastasse o próprio sucesso, vem
çou, às 18h30 do dia 9 de outubro, seu mais dado origem a um sem número de memes na internet.
novo clipe. Oito horas depois, Bang!, que dá
nome ao terceiro disco da cantora, alcançava a im- Luz & Cena: Will, que câmeras você utilizou
pressionante marca de um milhão de visualizações, para captar as imagens do clipe?
para, no dia seguinte, chegar ao dobro desse nú-
mero. Vinte dias após ser publicado no YouTube, já Will Etchebehere: Bem, todo o material foi cap-
computava mais de 20 milhões de acessos. tado por duas câmeras – uma Epic Dragon, da
RED, e uma Alexa Plus, da Arri Group. Os arquivos
O tiro certo, como é dito na letra da música, foi mais da Epic foram gerados em 6K de resolução, en-
um dado por ela, que, para realizar tal empreitada, quanto que os da Alexa ficaram em 2K. Optamos
contou com a direção de Bruno Ilogti, a direção de arte pelo shutter em 23.976 fps, que foi a base do cli-
de Giovanni Bianco e a direção de fotografia de Will pe, mas acabamos rodando algumas coisas com
Etchebehere. E é com o fotógrafo que conversamos 40 quadros, pois poderíamos, em algum trecho,
para saber um pouco sobre como foi feita essa pro- trabalhar com a imagem um pouco mais ralentada.
Divulgação
Will assina a direção de fotografia do clipe Para promover movimentos de câmera, foram
usados, dentre outros, um estabilizador de mão
Além das câmeras, que acessórios foram usa- Mas também fizemos muitas coisas em movimento,
dos, por exemplo, para promover os movimen- que, por sua vez, também receberam pós.
tos de cena?
Fale sobre o conceito visual do clipe e de que ma-
Will: Trabalhamos com dolly, trilho e um estabiliza- neira utilizou a iluminação dentro desse conceito.
dor manual de imagem da Epic, chamado Movi.
Will: O clipe tem como referência os stills de
Como foi feito o plano de filmagem do clipe? editoriais de moda. Portanto, utilizei equipamen-
tos que simbolizassem esse universo, como, por
Will: Fizemos uma grande quantidade de planos exemplo, umas cabeças de luz contínua de 2500k
fixos, em função dos inúmeros efeitos de pós que semelhantes aos haze usados nessas situações.
seriam inseridos, como, por exemplo, as animações Trata-se de um Briezze, que é uma luz bem dura,
dos óculos e dos acessórios de cabelo e roupa de bem marcada, especialmente usada em projetos
Anitta e suas bailarinas. Esses retratos semiestáti- de beleza. Além dela, usei, no teto, como base e
cos que fizemos visavam gerar um acervo que pu- para dar uma sensação de espaço branco infinito,
desse, então, ser usado nessas composições de pós. um refletor fluorescente.
Divulgação
Divulgação
O material do clipe foi capturado em cor,
mas finalizado em preto e branco
E
vamos para nosso último encontro de 2015. Época de
Rodrigo Horse
renovar os votos e pensar em um futuro melhor para
nossos filhos e para as próximas gerações. Neste pe-
ríodo, por todo Brasil são realizadas diversas festas e even-
tos para comemorar esta época tão esperada. E claro que
nossos trabalhos também são exigidos neste período, pois,
como já disse para vocês, nós, iluminadores cênicos, lighting
designers, temos o poder de transformar qualquer espaço
com a luz. Já dizia o grande arquiteto Oscar Niemeyer: “Uma
boa iluminação levanta uma arquitetura medíocre, e uma
iluminação ruim acaba com o melhor projeto”.
Oi?
rodrigo Horse é graduado em design de Interiores pela Faculdade cambury-go, especialista em docência do
ensino Superior pela Faculdade Brasileira de educação e cultura (FaBec-go). Professor da pós-graduação do
IPog do curso master em Iluminação e arquitetura e pela Faculdade Unicuritiba na pós-graduação arquitetura
de Iluminação. É iluminador efetivo da Universidade Federal de goiás (UFg) e atua como iluminador cênico há 15
anos. contato: [email protected]
78 | áudio música e tecnologia Até o mês que vem, com mais um caderno Luz & Cena!
ÍNDICE DE ANUNCIANTES
Fzaudio 9 www.fzaudio.com.br
gigplace 57 www.gigplace.com.br
Shure 07 www.shurebrasil.com
Enrico De Paoli é engenheiro de música premiado com Grammys e membro da National Academy of Recording
Arts and Sciences. Algumas de suas mixes e masters podem ser ouvidas em seu site, www.EnricoDePaoli.
com. Neste mesmo site, conheça o Mix Secrets, seus treinamentos personalizados em engenharia de música.